A Chinela Turca

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM
ANÁLISE DO CONTO “A CHINELA TURCA”, DE MACHADO DE ASSIS

Trabalho apresentado como requisito
parcial de avaliação da disciplina de
Tópicos de Leitura e Teoria Literária do
curso de Licenciatura em Letras:
Português/Inglês. Turma: 1º. V.A.
Professores: Diego Gomes do Valle
Marina Xavier
Acadêmica: Helena Pistune
PONTA GROSSA
2023
Chinelos babouche turcos tradicionais à venda no Grand Bazaar em Istambul, Turquia
Personagens:
 Bacharel Duarte
 Major Lopo Alves
 Cecília
Narrador:
Heterodiegético, onisciente.
Tempo:
1850
Espaço:
Rio de Janeiro, RJ (casa do bacharel Duarte) e também no espaço psicológico do
bacharel.
O conto foi publicado pela primeira vez em 1875 e pode ser encontrado na coletânea
Várias Histórias, cuja primeira edição data de 1896. Pertence à fase realista de
Machado de Assis, que é caracterizada por críticas ao moralismo hipócrita da
sociedade carioca de seu tempo, mais ironias e sarcasmos com ainda maior
refinamento, amargura e até uma certa crueldade. No entanto, esse conto foge um
pouco à essa lógica, sendo bastante divertido, porém não menos genial por isso,
uma vez que a maneira que o escritor nos conduz ao longo do enredo nos induz
propositalmente ao erro, causando surpresa no final e prendendo o leitor do início ao
fim de suas sete páginas.
Situação inicial:
O Bacharel Duarte está animado, se arrumando para o baile onde encontrará sua
namorada.
Conflito:
O Major Lopo Alves chega de surpresa, com um drama ultrarromântico banal, com
nada menos do que 180 páginas e sete quadros e quer que o Bacharel ouça a
leitura até o fim. O Bacharel não pode simplesmente despachar o Major ou ser mal
educado com ele, uma vez que ele era amigo de seu pai e parente de Cecília. As
horas vão passando e o baile “está perdido”.
Clímax:
Em um dado momento, o Major se levanta, ofendido, e sai. O Bacharel fica até feliz,
mas com medo do que pode acontecer, corre atrás dele pra saber o motivo de estar
chateado. Nisso aparecem policiais que dão voz de prisão ao Bacharel pelo suposto
roubo de uma chinela turca adornada com diamantes e o levam até o salão de uma
mansão muito suntuosa. Nesse local, é revelado que não houve roubo, foi apenas
um pretexto para leva-lo até ali. A essa altura Duarte achava que era algum serviço
encomendado por algum rival dele, disputando o amor de Cecília. De repente, entra
no salão uma bela moça, loira de olhos azuis como Cecília. Foram dadas três
tarefas ao Duarte: casar-se com a moça, escrever um testamento e tomar um
veneno fabricado na região do Levante (atual Palestina, Jordânia, Síria, Líbano). Ele
não aceitou e o padre que estava também presente o aconselhou a pular a janela.
Segue-se uma fuga espetacular e Duarte consegue chegar a uma casa para se
abrigar.
Conclusão:
Duarte se vê em sua própria casa, em sua poltrona, com o Major lendo a última
frase do último quadro. O Major vai embora. Ao final, descobrimos que tudo o que
ocorreu da primeira saída do Major até o final da fuga foi um sonho. O Bacharel
estava completamente irritado, alheio à leitura, frustrado, e acabou adormecendo. E
o Major, impassível e completamente maravilhado e empolgado com sua própria
obra, nem percebeu isso.
Frase final:
“O melhor drama está no espectador, e não no palco
Considerações sobre o conto:
A princípio, parece ser um conto de apenas uma face, e ao fim se mostra como um
conto de duas faces. A Elipse é o recurso que motiva o suspense até o momento
final da revelação – por exemplo, o tempo do discurso, a partir do início do sonho,
torna-se anulado, e o da história prossegue. A ambiguidade é outro recurso bastante
utilizado, mais ligada ao procedimento artístico do que ao conteúdo em si. De certa
forma, podemos ver o homem sendo objeto do homem, já que o Major simplesmente
chega e mesmo sabendo do compromisso do jovem, ao qual ele também ia, impõe
sua vontade – Duarte ficaria sem graça se simplesmente declinasse da leitura e o
mandasse embora. Apesar de ter sido educado, Duarte estava movido pela repulsa,
e o desejo de sair logo dali associado a essa repulsa foi o que causou seu delírio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
7 DE SETEMBRO. Machado de Assis. Disponível em:
<https://www.slideshare.net/portalc7s/machado-de-assis-12866074>. Acesso em: 14
fev. 2023.
ASSIS, Machado de. Contos. 3ª. São Paulo, 1999.
CANDIDO, Antonio. "Esquema de Machado de Assis". In: _______. Vários escritos.
São Paulo: Duas Cidades, 1977.
Conto: o que é, estrutura, elementos, tipos, exemplos. Disponível em:
<https://escolakids.uol.com.br/portugues/conhecendo-as-caracteristicas-do-
conto.htm>. Acesso em 12 fev 2023.

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