Calculo DEGRAU DE CONSUMO 25% ENERGISA

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Universidade Federal da Paraı́ba

Centro de Ciências Exatas e da Natureza


Programa de Pós–Graduação em Matemática em Rede
Nacional
Mestrado em Matemática

Usando médias como ferramenta


para minimizar perdas de energia
elétrica

Glauco Sérgio Sales da Silva

João Pessoa – PB
Agosto de 2019
Universidade Federal da Paraı́ba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
Programa de Pós–Graduação em Matemática em Rede
Nacional
Mestrado em Matemática

Usando médias como ferramenta


para minimizar perdas de energia
elétrica
por

Glauco Sérgio Sales da Silva

sob a orientação da

Profa. Dra. Miriam da Silva Pereira

João Pessoa – PB
Agosto de 2019
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação

S586u Silva, Glauco Sergio Sales da.


Usando médias como ferramenta para minimizar perdas de
energia elétrica / Glauco Sergio Sales da Silva. - João
Pessoa, 2020.
61 f. : il.

Orientação: Miriam Silva Pereira.


Dissertação (Mestrado) - UFPB/CCEN.

1. Perdas Comerciais. 2. Médias. 3. Degrau de Consumo.


4. Recuperação de Energia. I. Pereira, Miriam Silva.
II. Título.

UFPB/BC
À minha adorável esposa
Zuleide Santos Sales, pelo
amor, carinho, apoio, com-
preensão, e por tudo o que
ela significa para mim.
Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus por me dar forças e perserverância durante toda
a jornada.

Agradeço a Professora Doutora Miriam da Silva Pereira, minha orientadora, por


todo seu empenho, suporte e dedicação, com valiosas contribuições fundamentais para
o desenvolvimento deste trabalho.

Especial agradecimento aos meus gestores Manoel Messias e Luciano Dantas, da


Energisa Paraı́ba, pelo apoio irrestrito de primeira hora.

Ao amigo Mailson Alves, que muito ajudou, contribuindo com esclarecimento de


dúvidas em relação a utilização do LaTex.

A todos os amigos da turma Profmat 2017, pelas importantes contribuições e ami-


zade durante essa etapa importante.

Um agradecimento especial aos meus queridos pais, Benjamim e Rosália, à minha


esposa Zuleide e meus filhos Isaac e Israel, pelo carinho e incentivo em todas as etapas
da minha vida.
Resumo

Neste trabalho, baseado em conceitos de estatı́stica básica apresentamos estratégias


para minimizar as perdas de energia elétrica, usando exemplos extraı́dos da base ca-
dastral do grupo Energisa do Estado da Paraı́ba. Discutimos os resultados obtidos
quando mudamos as médias empregadas na identificação das unidades consumidoras
que praticam o ato ilı́cito do desvio da energia elétrica.

Palavras-chave: Perdas comerciais; Médias; Degrau de consumo; Recuperação de


energia.
Abstract

In this paper, based on basic statistics concepts, we present strategies to minimize


electric energy losses, using examples extracted from the Energisa group of the State
of Paraiba. We discuss the results obtained when we changed the averages used in the
identification of consumer units that practice the illicit act of diversion of electricity.

Keywords: Commercial Losses; Average; Consumption degree; Energy recovery.


Sumário

1 Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa 4


1.1 A energia elétrica e as matrizes energéticas . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 O Grupo Energisa e a ANEEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 As Perdas de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 O Data Warehouse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2 Medidas de Tendência Central e Dispersão 33


2.1 Medidas de Tendência Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2 Relação entre Média, Moda e Mediana . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.3 Medidas de Dispersão ou Variabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.4 Desigualdade das médias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3 Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de con-


sumo 48
3.1 Resultados do aprimoramento da regra degrau de consumo . . . . . . . 51

A Resultados Básicos 59

Referências Bibliográficas 60

viii
Lista de Figuras

1.1 Tales de Mileto (640 a.C.- 550 a.C.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5


1.2 Máquina geradora de cargas elétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Joseph John Thomson (1856-1940) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Fontes de energias renováveis e não renováveis . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5 Matriz Elétrica Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.6 Maior Parque Eólico do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.7 Usina solar de Nova Olinda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.8 Matriz Elétrica Mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.9 Usina Maurı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.10 Áreas de Atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.11 Sistema Elétrico de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.12 Fórmula do Consumo em kW h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.13 Padrão de fornecimento de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.14 Desvio de energia nos bornes do medidor . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.15 Fraude com Neutro Isolado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.16 Ligação Direta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.17 Ligação invertida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.18 Ligação Clandestina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.19 Iluminação pública acesa durante o dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.20 Medidor Danificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.21 Visor Apagado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.22 Estimativa da Energia Recuperada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.23 Percentual de Perda do Sistema Global em 2017 . . . . . . . . . . . . . 29
1.24 Ferramenta de Gestão de Perdas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.25 Perda de Energia no Estado da Paraı́ba . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.1 Altura dos jogadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34


2.2 Quantidade de gols dos artilheiros das Copas do Mundo . . . . . . . . . 38
2.3 Comparação das posições das medidas de tendência central em diferentes
distribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

ix
3.1 Comportamento do histórico de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2 Comportamento do histórico de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.3 Histórico de Consumo do Cliente A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.4 Recuperação de Consumo do Cliente A . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.5 Histórico de Consumo do Cliente B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.6 Recuperação de Consumo do Cliente B . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.7 Quantidade de Inspeções e Irregularidadesl . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.8 Efetividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.9 Direcionamento para Inspeção no Estado da Paraı́ba . . . . . . . . . . 56
3.10 Direcionamento para Inspeção em Soledade/PB . . . . . . . . . . . . . 56
3.11 Indicações sem sucesso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

x
Lista de Tabelas

1.1 Quadro comparativo do uso das fontes no Brasil e no mundo . . . . . . 8


1.2 Efetividade das regras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.1 Histórico de consumo mensal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34


2.2 Histórico de consumo mensal com erro na coleta . . . . . . . . . . . . . 35
2.3 Tabela de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.4 Cotação do ovo extra branco no atacado . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.5 Notas em Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.6 Processos analisados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.7 Histórico de consumo semestral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.1 Resultados das metodologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

1
Introdução

Com os avanços tecnológicos cada vez mais a sociedade depende da eletricidade


e, percebemos o quanto isso é verdade, quando ocorre uma rápida interrupção no
fornecimento de energia, podemos notar que o trânsito fica caótico, elevadores ficam
sem funcionar, algumas indútrias ficam prejudicadas com a produção parada, entre
outros casos.
O matemático e filósofo Tales de Mileto, não imaginava há séculos, como seu expe-
rimento iria influenciar na rotina da sociedade nos dias atuais. Ao esfregar um âmbar
a pele de um carneiro, Tales percebeu que objetos eram atraı́dos. Mais tarde, Otton
Von Gueriker iniciou estudos sistemáticos inventado uma máquina geradora de carga
elétrica.
Outros grandes estudiosos contribuı́ram para o desenvolvimento nesse campo da ele-
tricidade, até o surgimento das fontes de energia que proporciona grandes benefı́cios,
como por exemplo a iluminação de ruas e avenidas, porém para disponibilizar de todos
esses benefı́cios que a energia elétrica nos proporcionam, é necessário possuir um con-
trato com a concessionária de energia, onde o pagamento do consumo de sua utilização
é feita mensalmente. Alguns desses consumidores buscam alternativas de forma ilı́cita
para reduzir seu consumo, através de furtos de energia, conhecido popularmente por
‘gato de energia’, provocando para as empresas de energia elétrica grandes prejuı́zos,
afetando a receita, sendo que essa parcela não contábil são chamadas de perdas não-
técnicas ou perdas comerciais.
Para combater as perdas comerciais, as concessionárias de energia elaboram estudos
para identificação de comportamento de histórico de consumo suspeito, e chamamos
essas análises de regras. Normalmente as regras mais usuais são Suspeita de Fraude,
sendo apontadas pelo leiturista na coleta da leitura; Denúncias realizadas pela soci-
edade através dos canais de comunicação da Empresa; Degrau de consumo, onde é
observado o histórico de consumo da unidade consumidora, onde é observado uma
queda brusca em relação a sua média de consumo, entre outras regras.
Este trabalho tem como objetivo aperfeiçoar a regra Degrau de consumo, utilizando
os conhecimentos matemáticos , especificamente, as Medidas de Tendência Central,

2
melhorando a assertividade das indicações e, consequentemente, recuperar à receita,
reduzindo a perda comercial.
Aferimos os resultados da nova metodologia do cálculo referente ao degrau de con-
sumo, no Grupo Energisa, sendo oferecido toda a estrutura e suporte técnico para
realização das visitas nas unidades consumidoras com indı́cios de fraude. Este traba-
lho está estruturado da seguinte forma:
No Capı́tulo 1, estudamos uma breve abordagem da origem das cargas elétricas até
os dias atuais mostrando as matrizes energéticas; a classificação de fontes de energia em
renováveis e não renováveis. Em seguida, temos uma rápida introdução de como surgiu
um dos maiores conglomelados do setor elétrico do paı́s, o Grupo Energisa, abordando
a sua missão e desafios. Ainda neste Capı́tulo, falamos do conceito de Perda, sua
divisão, passando sobre alguns artigos referente a essa abordagem que encontram no
Código Penal Brasileiro, como também a Resolução Normativa 414/2010.
No Capı́tulo 2 apresentamos a definição e conceitos utilizados em Medidas de
Tendência Central e Dispersão, bem como exemplos que utilizam tais medidas, como
forma de destacar a sua importância para o aperfeiçoamento da regra de degrau de
consumo que será posteriormente discutida.
No Capı́tulo 3, apresentamos uma comparação da regra degrau de consumo com
as metodologias empregadas utilizando média aritmética e mediana. Concluı́mos mos-
trando que este trabalho pode contribuir para ampliação dos processos de recuperação
de receitas das empresas de energia, evitando, dessa forma, onerar os consumidores
regulares e minimizar as perdas de energia elétrica aplicando os conceitos estudados
no Capı́tulo 2.

3
Capı́tulo 1

Breve Histórico da Energia Elétrica


e o Grupo Energisa

Neste Capı́tulo apresentamos algumas informações interessantes sobre energia elétrica


e as matrizes energéticas. Além disso, abordamos alguns aspecto sobre o consumo de
energia e apresentamos o Grupo Energisa que é uma das Empresas responsáveis pelo
abastecimento de energia em nosso paı́s. As principais referências usadas neste Capı́tulo
foram: [1], [9], [12], [14] e [17].

1.1 A energia elétrica e as matrizes energéticas


Atualmente estamos vivenciando um estilo de vida onde os avanços tecnológicos
estão cada vez mais presentes e, consequentemente, dependentes do uso da eletricidade,
deixando a vida mais prática, proporcionando conforto e sofisticação. Contudo, todos
esses benefı́cios do mundo moderno tem um custo muito alto.
Grande parte dos equipamentos eletroeletrônicos para funcionar necessitam de um
fornecimento contı́nuo de energia elétrica, que é um bem de consumo, cujo o custo
é calculado no montante consumido, ou seja, quanto mais se consome, mais se gasta.
Devido a isso, alguns consumidores, partem para caminhos ilı́citos para obter vantagem
indevida na fatura de energia. Porém antes de nos aprofudarmos nessa problemática,
apresentamos um breve histórico do surgimento da energia elétrica.
A origem da energia elétrica foi através de um filósofo, matemático e astrônomo
grego, Tales de Mileto (Figura 1.1) que, ao esfregar um âmbar, que em grego significa
elektron, a um pedaço de pele de carneiro, notou certa alteração. Com esse experimento,
o filósofo observou que pedaços de palhas e de madeira começaram a ser atraı́das pelo
âmbar.

4
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Figura 1.1: Tales de Mileto (640 a.C.- 550 a.C.)

Fonte: guiaEstudo.1 .

Após alguns séculos, estudos sistemáticos foram desenvolvidos impulsionados pelos


fenômeno observado por Tales, culminando com a criação de uma máquina geradora de
cargas elétricas. O responsável por está máquina foi Otto Von Guericke que idealizou
um mecanismo, onde uma esfera de enxofre girava constantemente atritando em terra
seca, conforme ilustramos na Figura 1.2.

Figura 1.2: Máquina geradora de cargas elétricas

Fonte: Projeto Somos Fı́sicos.2 .

Uma das mais importantes invenções no sentido de corpos atritados e de uso prático,
foi desenvolvida por Benjamin Franklin, o pára-raios. Benjamin, afirmou que a ele-
trização de dois corpos atritados era a falta de um dos dois tipos de eletricidade, uma
semelhante ao vidro, chamada de eletricidade vı́trea e a outra, semelhante ao plástico,
chamada de eletricidade resinosa.
Outros estudos relacionados a geração de cargas elétricas foram realizados, com o
intuito de descobrir outras formas de eletricidade, a exemplo disso o estudo de pilhas,
que é um experimento em uma série de discos de cobre e zinco alterados, separados por
pedaços de papelão embebidos por água salgada. Com essa invenção, pela primeira
vez, foi obtida uma fonte de corrente elétrica estável e, com isso, as investigações sobre
a corrente elétrica aumentaram cada vez mais.
Mais tarde, o fı́sico Michael Faraday, em seus estudos, fez uma descoberta de que
a indução de uma corrente em uma bobina, faz com que aconteça uma variação na

5
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

intensidade da corrente elétrica que percorre um circuito fechado, que é a transmissão


da energia através de fio condutor. Ao introduzir um ı́mã nessa bobina, ele observou a
existência de uma corrente, o que provocou uma indução magnética imediata gerando
a aplicação de correntes elétricas.
Apesar das descobertas na área terem iniciado na Grécia Antiga, o grande marco
dos estudos se deu com a descoberta do elétron, que é uma partı́cula que constitui o
átomo e que tem carga negativa, feita no século XIV por Joseph John Thomson (Figura
1.3), fı́sico britânico, reconhecido pela descoberta e identificação do elétron ao realizar
a experiência com os raios catódicos.

Figura 1.3: Joseph John Thomson (1856-1940)

Fonte: Pinterest.3 .

A experiência realizada por Thomson, verificou que os elétrons, além de serem


desviados por um imã, também eram desviados por um campo elétrico que na Fı́sica
é definida sendo o campo de força provocado pela ação de cargas elétricas, ou por
sistemas delas, confirmando assim que, os raios catódicos eram correntes de partı́culas
dotadas de carga elétrica.
Diante de tantos experimentos voltados para a descoberta da energia, as contri-
buições deixadas por cada um dos estudiosos da área, fez com que importantes avanços
acontecessem para que a eletricidade contribuı́sse com a evolução da humanidade, que
passou a realizar feitos incrı́veis, como a lâmpada elétrica, que permitiu a realização
de atividades noturnas, trazendo um grande benefı́cio para a sociedade.
Podemos destacar as principais fontes de energias renováveis que provêm de recursos
inesgotáveis ou que podem ser repostas a curto ou médio prazo, espontaneamente ou
por intervenção humana, que são os casos da energia hidráulica, solar, eólica, utilizadas
no mundo:

• Energia hidráulica: É uma fonte de energia gerada a partir da movimentação de


turbinas impulsionadas por água de rios acumulados em barragens.

• Energia eólica: É um tipo de energia que não ocorre a emissão de poluentes, além

6
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

de não deixar de existir na natureza. É considerada a fonte de energia mais limpa


do planeta. Pode ser obtida em locais diversificados da Terra, desde que sejam
implantadas as instalações adequadas.

• Energia solar: É uma forma de energia sustentável e, que é criada a partir de


luz solar, ou calor do sol, que pode ser captada com painéis solares, também
conhecidos como painéis fotovoltaı́cos.

• Biogás: É uma energia obtida a partir da biomassa contida em dejetos (urbanos,


industriais e agropecuários) e em esgotos, que passa naturalmente do estado
sólido para o gasoso por meio da ação de microorganismos que decompõem a
matéria orgânica em um ambiente anaeróbico, que é um organismo que vive e se
desenvolve exclusivamente em um meio em que há ausência completa ou quase
completa de oxigênio molecular.

Atualmente, a grande preocupação é obter novas fontes de energia que sejam me-
nos agressivas e mais eficientes, tendo em vista que, com o aumento da população é
necessário investimentos nessa área, pensando em melhorar o fornecimento do tipo de
energia mais utilizada no mundo, que é a energia elétrica, tentando sanar alguns danos
que são provocados, com o seu uso excessivo, ao meio ambiente.
Exitem outras fontes de energia que são chamadas de não-renováveis e correspon-
dem a todo recurso natural que não tem capacidade de se renovar ou refazer, ou seja,
que podem acabar, pois os recursos são finitos, e sua utilização agride o meio ambiente.
Podemos citar:

• Petróleo: É a energia que mistura hidrocarbonetos (moléculas que contêm apenas


carbono (C) e hidrogênio (H) em sua composição), de origem fóssil, não-renovável,
tendo em vista que, os recursos na natureza são finitos.

• Carvão mineral: É uma fonte de energia não-renovável e, assim como o petróleo,


é um combustı́vel fóssil, formado a partir de milhares de anos de natureza morta,
restos de animais e gases.

• Energia nuclear ou atômica: É a energia produzida nas usinas termonucleares,


que utilizam o urânio e outros elementos, como combustı́vel. O princı́pio de
funcionamento de uma usina nuclear é a utilização do calor para gerar eletrici-
dade. O urânio é um recurso mineral não-renovável encontrado na natureza, que
também é utilizado na produção de material radioativo para uso na medicina.
Além do uso para fins pacı́ficos, o urânio pode também ser utilizado na produção
de armamentos, como a bomba atômica.

7
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

É importante salientar que, mesmo diante da preocupação com o meio ambiente e


da criação de fontes de energia renovável, é fundamental citar outras fontes de energia
que são utilizadas como forma de abastecimento em alguns locais que não possuem
estruturas naturais e financeiras para utilizarem as energias renováveis.
O conjunto de fontes renováveis e não-renováveis é denominada de Matriz Energética.

Figura 1.4: Fontes de energias renováveis e não renováveis

Fonte: Mundo Educacao4

Como vimos, a Figura 1.4, está destacada os cataventos, placas fotovoltaicas, bar-
ragens e usinas, que representam, respectivamente, a energia eólica, solar, hı́drica,
nuclear e termoelétrica. É importante ressaltar que, o consumo de fontes de energia
não renováveis é maior que o de fontes renóvaveis, como podemos observar na Tabela
abaixo, em que destacamos uma comparação entre as fontes renováveis e não renováveis
utilizadas no Brasil e nas nações industrializadas.

Tabela 1.1: Quadro comparativo do uso das fontes no Brasil e no mundo

Uso de Fonte Renováveis Uso de Fonte Não Renováveis


Mundo - 14,1% Mundo - 85,9%
Brasil - 43,5% Brasil - 56,5%
5
Fonte: Alunos online (2019, p.1).

Dessa forma é possı́vel perceber na Tabela 1.1 que, no Brasil, apesar das fontes
não-renováveis ultrapassar pouco mais de 55%, o paı́s ainda se destaca de forma mais
favorável em recursos renováveis, quando comparado com outras nações industrializa-
das, já que este supera o outro em quase o triplo de utilização desses recursos.
Um dos recursos mais utilizados como forma de obtenção de energia são as usinas
hidrelétricas. No final do século XIX foi construı́da junto às quedas d’água das Cata-
ratas do Niágara, na América do Norte, a primeira hidrelétrica. No mesmo perı́odo,
o Brasil construiu sua primeira hidrelétrica, no municı́pio de Diamantina em Minas
Gerais, utilizando as águas do Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha.

8
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Atualmente, em nosso paı́s, há diversas usinas hidrelétricas, e as que geram mais
energia são, em ordem decrescente de capacidade: Usina Hidrelétrica de Itaipu no
Estado do Paraná, Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Estado do Pará, Usina Hi-
drelétrica de Santo Antônio no Estado do Rondônia, Usina Hidrelétrica São Luı́z do
Tapajós e Usina Hidrelétrica de Tucuruı́, ambas no Estado do Pará. As usinas hi-
drelétricas são responsáveis por um pouco mais de 65% da energia elétrica produzida
no Brasil (Figura 1.5).

Figura 1.5: Matriz Elétrica Brasileira

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética6 (2019, p. 1)

Com relação ao uso de recursos através das barragens que geram energia hı́drica,
devemos citar que a maior usina hidrelétrica está localizada na China, chamada de
Três Gargantas, tendo como funções a prevenção de enchentes, a geração de energia e
facilitação do transporte fluvial.
Apesar de ser um recurso energético renovável, a energia hidráulica apresenta al-
gumas desvantagens, pois o uso dessa fonte energética causa grandes impactos socio-
ambientais, tendo em vista que, a instalação de usinas hidrelétricas modifica o meio
ambiente, altera o ciclo biológico dos rios, bem como a vida das famı́lias que moram
próximas às áreas de instalação. Além disso, há alteração dos solos e impactos na
biodiversidade aquática dos rios que são utilizados para geração de energia.
Devido a falta de planejamento e investimento por parte do governo federal em
geração de energia, o Brasil a partir de 2001 vem enfrentando uma complicada crise
energética. Várias indústrias, comércios e várias demandas sociais sentiram os prejuı́zos
provocados por essa crise. Desde então, o paı́s enfrenta necessidade de repensar e diver-
sificar investimentos para geração fontes energéticas alternativas, objetivando aliviar
os problemas adquiridos com a falta de energia, buscando soluções que gerassem es-
tabilidade no setor elétrico e ao mesmo tempo trouxessem menos impactos ao meio
ambiente.

9
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Em 2002, o governo brasileiro criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas


de Energia Elétrica (Proinfa), cujo objetivo era ampliar as matrizes que geram menos
impactos ambientais, dentre elas a eólica, a solar, a geotérmica e outras. A expansão da
energia eólica no Brasil ocorreu graças a parcerias entre o poder público e a iniciativa
privada por intermédio da realização de leilões e concessões públicas para empresas
interessadas.
Embora a produção de energia a partir dos ventos ainda seja pouco representativa
no território brasileiro, é perceptı́vel a evolução do setor no paı́s ao longo dos últimos
anos. Em 2014, segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil ultrapassou
a Alemanha no que se refere à expansão da energia eólica, atingindo o segundo lugar
mundial, atrás apenas da China, que é o paı́s que mais investe em fontes energéticas
no mundo em razão de sua alta demanda.
No que tange à produção de energia eólica em comparação aos paı́ses da América
Latina e ao Caribe, o Brasil é o que possui maior capacidade de produção de energia
por meio dos ventos. Localizada no Nordeste brasileiro, o Parque eólico Ventos do
Araripe III (Figura 1.6), é o maior parque eólico do Brasil e um dos maiores complexos
eólicos da América Latina.

Figura 1.6: Maior Parque Eólico do Brasil

Fonte: Diário do Nordeste7 (2019, p. 1).

Analisando outra matriz de produção de recursos energéticos no paı́s, a produção e


utilização da energia solar vem aumentando consideravelmente a passos largos. Exis-
tem diversos benefı́cios econômicos e ambientais que estão ajudando a impulsionar o
crescimento desta fonte de energia renovável. Uma usina solar de 100M W p (Watt-
pico é uma medida de potência energética) que gera energia para 20.000 casas e evita a
emissão de 175.000 toneladas por ano de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2 ).
O (CO2 ) é formado por dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono , encontrado
naturalmente na atmosfera, produzido pela respiração dos animais e pela queima de
qualquer matéria orgânica, sendo uns dos principais responsáveis pelo efeito estufa.
Por apresentar um grande potencial de uso de fontes renováveis, o Brasil emite

10
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

menos gases de efeito estufa por habitante do que a maioria das nações no mundo. De
acordo com o Ministério de Minas e Energia do Brasil, o paı́s ainda enfrenta obstáculos
de ordem econômica e operacional para a expansão do uso de fontes renováveis, mesmo
assim, o paı́s detém a maior fazenda de energia solar da América Latina (Figura 1.7)
localizada no Piauı́.

Figura 1.7: Usina solar de Nova Olinda

8
Fonte: Conexão Planeta (2019, p. 1)

Em relação ao cenário mundial, a matriz energética é composta, principalmente,


por fontes que não se renovam, representando cerca de 86% de toda sua produção
energética. O carvão aparece como uma das fontes mais utilizadas, tendo uma par-
ticipação maior quando comparado, por exemplo, com o petróleo ou o gás natural,
mesmo esses, sendo utilizados em grande parte no setor de transportes, conforme po-
demos observar na Figura 1.8.

Figura 1.8: Matriz Elétrica Mundial

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética9

Como podemos observar, há um intenso uso de combustı́veis fósseis, como petróleo,
carvão mineral e gás natural, o que desencadea o aumento de emissão de gases poluentes
à atmosfera, decorrentes da queima desses combustı́veis para produção de energia o

11
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

que tem provocado diversos problemas ao meio ambiente, como o efeito estufa, além
de mudanças nas condições climáticas do planeta, como o aquecimento global.

1.2 O Grupo Energisa e a ANEEL


A história do Grupo Energisa começa na extinta companhia Força e Luz Cataguazes-
Leopoldina, fundada pelos empreendedores José Monteiro Ribeiro Junqueira, Norberto
Custódio Ferreira e João Duarte Ferreira em 26 de fevereiro de 1905. Anos depois, a
empresa inaugura sua primeira hidrelétrica, a Usina Maurı́cio (Figura 1.9), sendo uma
das geradoras pioneiras do paı́s.

Figura 1.9: Usina Maurı́cio

10
Fonte: Grupo Energisa (2019, p. 1)

O Grupo Energisa, um dos principais conglomerados privados do setor elétrico do


paı́s, vem há 114 anos, oferecendo soluções integradas para o mercado de energia elétrica
no Brasil em geração, transmissão, distribuição, soluções e comercialização.
A Energisa Comercializadora é a empresa do Grupo Energisa que atua, desde 2005,
na venda de energia elétrica e serviços no mercado livre, que é o ambiente que possibilita
ao consumidor escolher seu fornecedor de energia visando o melhor pacote de serviços
em relação a preço, volume, prazo e condições de pagamento. Com mais de 10 anos
de experiência, a empresa é especializada em propor soluções integradas que vão desde
a análise de viabilidade, identificando as oportunidades de ganhos na migração para o
mercado livre.
A Energisa Distribuidora se caracteriza como o segmento do setor elétrico dedicado
à entrega de energia elétrica para um usuário final, no qual chamamos de consumidor
que é a pessoa fı́sica ou jurı́dica, de direito público ou privado, legalmente represen-
tada, que solicite o fornecimento, a contratação de energia ou o uso do sistema elétrico
à distribuidora, assumindo as obrigações decorrentes deste atendimento à(s) sua(s)
unidade(s) consumidora(s). Atualmente, a Energisa contém 11 distribuidoras ou con-

12
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

cessionárias de energia no Brasil, que é o agente titular de serviço público federal


delegado pelo poder concedente mediante licitação, através de uma concorrência.
Com aproximadamente 7, 7 milhões de consumidores, o Grupo Energisa é o quinto
maior distribuidor de energia do paı́s, atendendo nesse segmento de atuação aos estados
brasileiros de Minas Gerais, Sergipe, Paraı́ba, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Paraná, Acre e Rondônia, com uma área de
concessão que atinge 2.034 mil Km2 , equivalentes a 24% do território nacional (Fonte:
IBGE, julho de 2016).
Uma das principais missões do Grupo Energisa é transformar energia em con-
forto, em desenvolvimento e em novas possibilidades com sustentabilidade, oferecendo
soluções energéticas inovadoras aos clientes, agregando valor aos acionistas e oportuni-
dade aos seus colaboradores. Sua visão é de ser uma das melhores e mais respeitadas
empresas de energia elétrica no Brasil até 2020. O mapa do território brasileiro, com
os Estados em destaque da cor alaranjada (Figura 1.10), indica a área de atuação do
Grupo.

Figura 1.10: Áreas de Atuação

Fonte: Resultados do 3o trimestre de 2018 11

Diante da demanda social e da utilização necessária da energia elétrica, para evolução


de bens e consumo, o Grupo Energisa tem ampliado a sua participação no cenário
nacional, proporcionando qualidade do fornecimento de energia, intensificando as ma-
nutenções preventivas e fiscalização a procedimentos ilı́citos na rede de distribuição.
O Grupo Energisa e demais concessionárias do Brasil são regulamentadas através
da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que é uma autarquia em regime
especial vinculada ao Ministério de Minas e Energia, por meio da Lei no 9.427/1996 e

13
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

do Decreto no 2.335/1997, iniciando suas atividades no ano de 1997, a autarquia tem


como atribuições:

• Regular a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica;

• Fiscalizar, diretamente ou mediante convênios com órgãos estaduais, as con-


cessões, as permissões e os serviços de energia elétrica;

• Implementar as polı́ticas e diretrizes do governo federal relativas à exploração da


energia elétrica e ao aproveitamento dos potenciais hidráulicos e;

• Estabelecer tarifas;

• Dirimir as divergências, na esfera administrativa, entre os agentes e entre esses


agentes e os consumidores, e Promover as atividades de outorgas de concessão,
permissão e autorização de empreendimentos e serviços de energia elétrica, por
delegação do Governo Federal.

1.3 As Perdas de Energia


Para todas concessionárias de energia, a perda de receita merece uma atenção es-
pecial. Como o objetivo do nosso trabalho é traçar estratégias para minimizar estas
perdas, vamos apresentar alguns conceitos necessários para abordar este problema de
forma detalhada.
O percurso da energia elétrica que para chegar ao consumidor final, depende dos
geradores, de uma eficiente rede elétrica, composta por fios e torres de transmissão e
distribuição, que chamamos de Sistema Elétrico de Potência (SEP). O SEP é divididos
em três grandes blocos: O Gerador que é responsável de transformar a energia primária
(água de reservatório, gás, vapor, energia dos ventos, energia solar) em energia elétrica,
as linhas de transmissão com a função de transportar a energia gerada para rede de dis-
tribuição, e a entrega a energia aos consumidores, são por meio da rede de distribuição,
conforme ilustra a Figura 1.11.

14
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Figura 1.11: Sistema Elétrico de Potência

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética12 (2019, p.1)

A energia entregue a cada consumidor é medida através de equipamentos chamados


de medidores de energia, também conhecidos como “relógios”, cuja função é registrar
o consumo de energia em determinado perı́odo de leitura. Este perı́odo pode variar de
acordo com o planejamento de cada empresa e normalmente em média varia entre 28
a 32 dias.
O consumo mensal é o resultado da utilização de equipamentos eletro-eletrônicos
como televisão, equipamento de som, secador, máquinas de lavar roupas, lâmpadas,
entre outros, durante um perı́odo de tempo. Estes aparelhos transformam a energia
elétrica em outra forma de energia, como por exemplo o chuveiro, que transforma a
energia elétrica em energia térmica. Quanto mais energia for transformada em um
menor intervalo de tempo, maior será a potência do aparelho.
A potência elétrica é uma grandeza que mede a rapidez com que a energia elétrica
é transformada em outra forma de energia, tendo o W att(W ) a unidade de potência,
adotado pelo Sistema Internacional de Medidas.
A utilização de aparelhos elétricos durante um perı́odo de tempo determina a ener-
gia elétrica consumida que é em Watt-hora (W h), ou ainda seus múltiplos como o
Quilowatt-hora (KW h) que equivale a 1000W h, o Megawatt-hora (M W h) que equi-
vale a 1000KW h ou mesmo o Gigawatt-hora (GW h) que equivale a 1000M W h.
Expressamos na Figura 1.12, como podemos determinar o consumo de energia de
qualquer equipamento, durante um perı́odo de tempo.

15
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Figura 1.12: Fórmula do Consumo em kW h

Fonte: Indústria Hoje13 (2019, p.1)

Exemplo 1.1. Vamos determinar o consumo de energia mensal de um Forno de Micro-


Ondas com potência 2.000W atts que foi utilizado diariamente durante 5 minutos. Con-
siderando que a tarifa é de 0, 57R$/kW h, qual o consumo mensal deste equipamento
e quanto isso representa em reais?
O tempo de utilização deste equipamento no mês foi de 30 dias, que equivale a 2,5
horas de utilização por mês, logo o aparelho terá consumo de 5kW h no mês. Para deter-
minar a energia elétrica correspondente em reais, durante esse perı́odo, multiplicamos
o consumo pela tarifa e obtemos R$ 2, 85 (Dois reais e oitenta e cinco centavos).
Normalmente a energia medida pelas distribuidoras nas unidades consumidoras será
sempre inferior à energia recebida dos agentes supridores. Esta diferença é denominada
perda total de energia e é segregada conforme sua origem seja na rede básica ou de
distribuição. As definições a seguir, são baseadas em informações contidas no site da
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Vejamos, a seguir, as definições e os tipos de Perda:
A Perda Global ou Total de energia pode ser definida como a diferença entre a
energia fornecida a uma determinada rede elétrica e a energia entregue regularmente
nessa mesma rede. Esta perda pode ser dividida em perdas técnicas e perda não-
técnica.
A perda técnica surge de forma natural nos sistemas elétricos, devido a ações inter-
nas nos materiais, inerentes aos processos de transporte de energia, e consistem prin-
cipalmente na dissipação de energia nos diversos componentes dos sistemas elétricos,
como condutores, transformadores, medidores e equipamentos. Essa dissipação é a
transformação de energia elétrica em energia térmica, denominada de efeito joule que
ocorre quando um condutor é aquecido ao ser percorrido por uma corrente elétrica,
resultando na transformação de energia elétrica em energia térmica.
A perda não-técnica ou perda comercial corresponde à diferença entre perda total
e a perda técnica. Ela equivale a todas as demais perdas associadas à distribuição
de energia elétrica, ou seja, furtos de energia, erros de medição, erros no processo de
faturamento, unidades consumidoras sem equipamentos de medição, entre outros.
Antes de abordar as irregularidades praticadas para desvio de energia elétrica, va-
mos apresentar a forma padrão de fornecimento de energia elétrica a um cliente.

16
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Os aparelhos e dispositivos que consomem energia elétrica que encontamos em nossa


residência, como televisão, rádio, lâmpadas, entre outros, são denominados carga e, a
estrutura que leva a energia elétrica à unidade consumidora, chamamos de linha. Tanto
os fios da linha como os da carga são composto por um fio que possui tensão elétrica
chamado de fase e um fio neutro que não possui tensão.
A Figura 1.13 ilustra a instalação correta da medição em uma unidade consumidora,
podemos observar que entre o ponto de entrega da energia, ou seja a linha e a carga,
há o medidor de energia elétrica, responsável por medir o consumo de uma unidade
consumidora.
Figura 1.13: Padrão de fornecimento de energia

Fonte: Acervo da Energisa Paraı́ba.(2019).

Um dos principais agentes responsáveis de gerar a perda comercial são as fraudes,


que ocorrem por intervenções praticadas pelos consumidores na rede de distribuição
ou mesmo alteração das caracterı́sticas dos equipamentos de medição. Na Figura 1.14,
temos um caso onde ocorreu essa intervenção para subtrair para si ganhos desleais.
Neste caso houve a divisão da corrente elétrica na chegada dos fios da rede a unidade
consumidora que são os pontos de conexão do medidor, que tecnicamente chamamos
de bornes do medidor e, dessa forma não é registrado o consumo de forma adequada.

Figura 1.14: Desvio de energia nos bornes do medidor

Fonte: Acervo da Energisa Paraı́ba.(2019).

O furto é quando uma unidade consumidora se liga diretamente a rede da distribui-


dora, sem anuência da concessionária. Tanto a fraude como o furto são crimes e estes

17
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

tipos de procedimentos causam enormes prejuı́zos financeiros para as concessionárias,


para União e, até mesmo para a população, pois sobrecargam os transformadores,
acarreta na interrupção no fornecimento de energia, oscilações de tensão, danifica equi-
pamentos e reajustes nas tarifas de energia.
Alguns fraudadores praticam o furto de energia apenas seccionando o fio neutro
e, desta forma, os fabricantes de medidores garantem que o consumo deixa de ser
registrado no medidor. Na Figura 1.15 temos um ilustração como isso ocorre.

Figura 1.15: Fraude com Neutro Isolado

Fonte: Acervo da Energisa Paraı́ba.(2019).

Verifique que na ilustração acima, no lado da carga o neutro passou a ser substituido
por um fio terra, que é um fio ligado a haste (barra de cobre) cravadas na terra.
Outra perda mais onerosa para concessionária são as ligações diretas, pois os fios
que chegam da rede de distribuição não passam pelo medidor e o fornecimento ocorre de
forma direta para instalação da unidade consumidora, nesse caso a energia consumida
não é registrada, fazendo com que as concessionárias tenham perda de 100% para estes
casos.

Figura 1.16: Ligação Direta

Fonte: Radio Pampa.14 (2019).

Existe ocasiões que até o equipamento de medição é retirado do quadro de energia,

18
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

como mostra a Figura1.16.


Existe fraudes onde o consumidor manipula o consumo de energia, através da di-
visão da corrente e ao aproximar a data da leitura essa irregularidade é removida. Este
tipo de fraude é de difı́cil detecção por parte da concessionária, pois não é encontrada
evidências para comprovar o ato ilı́cito. Outra forma de manipulação são as ligações
invertidas, conforme ilustra a Figura 1.17 , onde a fase carga é conectada no lado linha
do medidor e, a fase linha, por sua vez, no lado carga. Deste modo, há perdas no regis-
tro da energia consumida e, em alguns tipos de medidores, também ocorre o registro
reverso, ou seja, dar uma idéia que o cliente está fornecendo energia e não consumindo
energia elétrica.

Figura 1.17: Ligação invertida

Fonte: Acervo da Energisa Paraı́ba.(2019).

Existem fraudes mais elaboradas e sofisticadas, como por exemplo, a fraude de con-
trole remoto exibida no Programa Fantástico no dia 24/junho/2018 na Rede Globo.
Neste caso, a manipulação do consumo de energia elétrica era feita através do acio-
namento de um controle remoto, fazendo com que o medidor desabilite sua função de
registrar a energia consumida, sendo normalizado quando da presença de equipes de
inspeção da concessionária, ou mesmo na coleta de leitura pelo auxiliar comercial.
Outra forma de perdas estão nas ligações clandestinas, que são consumidores não
pertencentes ao banco cadastral da concessionária, ou seja, não existe nenhum contrato
entre o agente e a concessionária, essa prática pode causar incêndios em residências
e instalações, além disso, sobrecarrega os transformadores, provocando oscilações de
energia, danificando equipamentos e podendo causar acidentes fatais. Na Figura 1.18,
podemos observar a falta de padronização e mal dimensionamento de fios, podendo
ocasionar curto-circuito e acidentes.

19
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Figura 1.18: Ligação Clandestina

Fonte: Flickr.15 (2019, p.1).

Um dos fatores para que esse tipo de irregularidade ocorra é atribuı́do ao cresci-
mento desordenado das cidades, especialmente em áreas cuja ocupação vem se dando
de forma irregular, juntamente com a falta de recursos das distribuidoras de energia
para investimentos, aliados à falta de ação do poder público.
Os consumidores autorreligados são clientes que por inadimplência teve seu forne-
cimento de energia suspenso, e por revelia, religou sua unidade na rede elétrica sem
autorização da concessionária.
Os erros nos processos de leitura, faturamento e cadastro são falhas ocorridas no
cadastramento e implantação do consumidor na rota, que definimos como sendo a
seqüência em que o leiturista percorre para realizar as leituras, e essas falhas podem
acarretar perdas de difı́cil identificação. Rotas de leitura bem organizadas e leituristas
capacitados aumentam a produtividade, facilitam a identificação de erros de cadas-
tramento e agilizam a fiscalização em consumidores que se autorreligam, permitindo
atuação imediata sobre eles.
Quanto ao processo de leitura, para o combate às perdas tem sido a maior fonte
de informações sobre os clientes, que já são normalmente visitados mensalmente pelos
leituristas. A capacitação destes, associada a uma forma adequada de sinalização
de anormalidades encontradas em campo permite uma atuação corretiva imediata,
reduzindo perdas e desgastes com os clientes.
Os erros de faturamento da iluminação pública é outro item que contribui com a
perda. Para entender melhor esse processo, vejamos o que diz a Norma Regulatória
414 no Art. 24 (Da Iluminação Pública):

Para fins de faturamento da energia elétrica destinada à ilu-


minação pública ou à iluminação de vias internas de condomı́nios,
o tempo a ser considerado para consumo diário deve ser de 11
(onze) horas e 52 (cinquenta e dois) minutos, ressalvado o caso
de logradouros que necessitem de iluminação permanente, em
que o tempo é de 24 (vinte e quatro) horas por dia do perı́odo
de fornecimento.

20
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Daı́, o consumo fornecido para iluminação pública, para os casos que não existe
medição, é calculado com base em cadastro de pontos de iluminação, com respecti-
vas potências de lâmpadas e equipamentos auxiliares, multiplicado por 360 horas/mês.
Esta forma de faturamento requer que o cadastro seja mantido atualizado, exigindo
vigilância constante sobre as alterações procedidas pelas prefeituras municipais, bem
como quando da energização de obras que alterem a situação anterior da iluminação
pública. Apesar de constar nos contratos de fornecimento firmados com as prefei-
turas, estas normalmente não informam às concessionárias quando da realização de
ampliações de números de pontos ou potência das lâmpadas, intervindo inclusive di-
retamente na sua rede de distribuição. Como conseqüência, o cadastro existente sofre
constante desatualização, requerendo recadastramentos periódicos e provocando per-
das na comercialização da energia. Além disso, defeitos em relés fotoelétricos que são
sensores, no qual ao detectar luminosidade, este emite comando de desligamento do
circuito de iluminação. Quando este sensor apresenta problema causa perda comercial,
pois as lâmpadas acesas 24 horas causam inconformidades entre a energia faturada e a
energia efetivamente consumida, conforme ilustra a Figura 1.19.

Figura 1.19: Iluminação pública acesa durante o dia

Fonte: Blogdoanderson.16 (2019, p.1).

A instalação de medidores em circuitos de iluminação pública pode sinalizar um


caminho para reversão do processo extremamente arcaico, burocrático e dispendioso
que é o de cadastro.
Problemas como medidor danificados e o visor do medidor eletrônico apagado,
também tem contribuı́do com o aumento das perdas, para estes casos as concessionárias
tem um prazo de 90 dias para realizar a substituição do equipamento, nas Figuras 1.20
e 1.21 , temos essa situação, que pode ter sido gerada por terceiros ou mesmo uma
falha de fabricação.
Esses casos citados de perda de energia tem, nos últimos anos, chamando a atenção
e preocupado as concessionárias e de certa forma, eles atingem toda a sociedades, pois

21
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Figura 1.20: Medidor Danificado. Figura 1.21: Visor Apagado.

Fonte: Acervo Energisa Paraı́ba

ela acaba pagando mais caro pela energia fornecida. Levantamento da ANEEL aponta
que o Brasil perdeu em um perı́odo de um ano (entre maio de 2017 e abril de 2018)
31.533 gigawatts-hora (GW h) de energia, que representa algo em torno de R$ 4, 5
bilhões com furtos, desvios ou fraudes, esse valor seria suficiente para abastecer um
estado como Santa Catarina pelo mesmo perı́odo.
Na Paraı́ba, de acordo com a Energisa, o furto de energia em 2017 representou
uma perda de 128, 5 GW h de energia, quantidade suficiente para abastecer, por 11
meses, o municı́pio de Patos, localizado no Sertão da Paraı́ba. Nesse mesmo ano a
Empresa imprimiu um ritmo forte para combater a prática ilegal, sendo flagrado 12, 6
mil unidades consumidoras cometendo a fraude em todo estado.
Uma das materias das ações de combate as perdas em conjunto com a Polı́cia Cı́vil
do Estado da Paraı́ba foi veiculada no G1 Paraı́ba no dia 14/05/2019, pelo jornalista
Artur Lima, intitulada conforme segue:
Operação prende 11 pessoas em flagrante por furto de energia elétrica, no
Sertão da PB[14], vejamos a reportagem:
Nessa operação, 11 pessoas foram presas em flagrante por furto de energia elétrica
no Sertão paraibano.
A operação foi realizada nas cidades de Catolé do Rocha, São Bento e Paulista. A
perda de energia nos três municı́pios soma 14,5 MWh, o que equivale a uma perda de
faturamento de R$ 7 milhões por ano. Esta energia seria suficiente para atender 5,5
mil unidades consumidoras por um ano.
Uma vez constatadas as irregularidades, os responsáveis devem responder criminal-
mente pelo delito, já que o crime de furto de energia é previsto no Código Penal, no
Art. 155 que afirma que:

22
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Como vimos acima, o fraudador poderá responder judicialmente pelo crime prati-
cado, mas também deverá ressacir a concessionária, conforme está previsto na Norma
Regulatória 414 no Art. 129 (Da Caracterização da Irregularidade e da Recuperação
da Receita), que diz:
Na ocorrência de indı́cio de procedimento irregular, a distribuidora deve adotar
as providências necessárias para sua fiel caracterização e apuração do consumo não
faturado ou faturado a menor.

§ 1o A distribuidora deve compor conjunto de evidências para


a caracterização de eventual irregularidade por meio dos seguin-
tes procedimentos:
I - emitir o Termo de Ocorrência e Inspeção - TOI, em for-
mulário próprio, elaborado conforme Anexo V desta Resolução;
II - solicitar perı́cia técnica, a seu critério, ou quando reque-
rida pelo consumidor ou por seu representante legal;
III - elaborar relatório de avaliação técnica, quando consta-
tada a violação do medidor ou demais equipamentos de medição,
exceto quando for solicitada a perı́cia técnica de que trata o in-
ciso II; (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012)
IV - efetuar a avaliação do histórico de consumo e grandezas
elétricas; e
V - implementar, quando julgar necessário, os seguintes pro-
cedimentos:
a) medição fiscalizadora, com registros de fornecimento em
memória de massa de, no mı́nimo, 15 (quinze) dias consecutivos;
e
b) recursos visuais, tais como fotografias e vı́deos.

O prejuı́zo não é apenas da concessionária, pois o Governo do Estado deixa de


arrecadar em ICMS em contas que teriam sido geradas se não houvessem os desvios.
Além disso, todos os consumidores pagam a conta dos que cometem o crime já que
parte do valor não medido é repassado para a tarifa de energia.
Um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas distribuidoras de energia
elétrica são as perdas comerciais provocadas intencionalmente por consumidores ou
por falhas nos medidores. A perda comercial é de 3, 86% do faturamento da Energisa
Paraı́ba, o que equivale a 203 GW h, valor suficiente para abastecer Campina Grande
durante 4 meses.
Este problema tem sido enfrentado através da realização de inspeções técnicas ou
perı́cia técnica, que é a atividade desenvolvida pelo órgão ou entidade por ele delegada

23
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

ou terceiro legalmente habilitado com vistas a examinar e certificar as condições fı́sicas


em que se encontra um determinado sistema ou equipamento de medição que são
realizadas com técnicos capacitados e habilitados.
Contudo, não é possı́vel inspecionar todos os consumidores atendidos pela empresa,
para se ter uma ideia, a Paraı́ba possui cerca de 1, 432 milhões de consumidores, deste
total no ano de 2018 foram realizada 57 mil inspeções, que representa apenas 4% dos
consumidores da empresa. Isto sem levar em consideração, que pode ser necessário re-
alizar várias inspeções em um mesmo consumidor no perı́odo de um ano. Aumentar o
número de equipes de inspeção não é economicamente viável e possivelmente não acar-
retaria melhorias significativas neste quadro, pois numa eventual dobra da quantidade
de equipes, seriam feitas proporcionalmente 114 mil inspeções por ano, o que ainda é
um número pequeno quando comparado ao total de consumidores. O caminho para
combater as perdas estão na seleção dos consumidores que devem ser inspecionados,
baseado nos dados cadastrais e no seu perfil de consumo.
Uma inspeção técnica tem sempre um resultado e um laudo técnico, descrevendo e
mostrando evidências da irregularidade encontrada. Os resultados podem ser agrupa-
dos em quatro categorias:

• Procedimento Irregular - Quando ocorre alguma alteração de fábrica no medidor,


seja por defeito ou intervenção de terceiros.

• Desvio - Quando ocorre manipulação nas instalações elétrica antes do ou mesmo


no medidor, com a finalidade de bular o consumo, não registrando de forma
correta a energia que foi utilizada.

• Situação Normal - Não identificado irregularidades na unidade consumidora.

• Não visitada - Devido a alguma alteração na programação ou fatos externos.

Quando a visita resulta desvio ou procedimento irregular, as concessionárias tem como


proceder para cobrar do infrator a energia que não foi medida. Esse montante é cha-
mado de energia recuperada que corresponde a toda a energia que foi consumida, porém
não foi faturada, durante o perı́odo em que existiu uma irregularidade ou fraude. Nes-
tes casos, a concessionária adota o seguinte procedimento, segundo a orientação da
ANEEL: primeiramente estima-se a data de inı́cio do perı́odo irregular, normalmente
procurando por uma queda de consumo; a partir daı́, observando a energia consumida
anteriormente a esta data, faz-se uma estimativa do nı́vel de consumo normal (regular)
da unidade consumidora; e subtraindo a energia faturada no perı́odo irregular do nı́vel
de consumo normal estimado, para obter a quantidade de energia que foi consumida e
não foi faturada. Abaixo temos um exemplo de recuperação de energia, utilizando os

24
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

passos acima:

Figura 1.22: Estimativa da Energia Recuperada

Fonte: Acervo Energisa Paraı́ba

O gráfico com destaque em vermelho, representa o que seria o consumo regular sem a
fraude, já o gráfico em destaque de azul claro é a energia consumida com a irregulari-
dade e, a diferença entre elas resulta na energia recuperada.
Quando um consumidor é regularizado, há uma expectativa que seu nı́vel de energia
faturada mensal aumente, de forma que corresponda ao nı́vel de energia consumida
antes do inı́cio da irregularidade. Este incremento de energia faturada é denominado
de energia agregada. Normalmente observamos o incremento da energia durante um
perı́odo de 12 meses. É possı́vel pensar na energia agregada como uma forma de
recuperação de receita, visto que, caso o consumo continuasse irregular, a empresa
iria perder a quantidade de energia aproximadamente igual à energia incrementada.
Embora não seja uma energia que a distribuidora efetivamente deixou de faturar, como
é o caso da energia recuperada, ela representa o faturamento que a concessionária
continuaria perdendo caso a unidade consumidora não fosse regularizada.
Para essa recuperação da receita observa-se que a legislação prevê parâmetros fixos
que serão selecionados de acordo com a análise do histórico de consumo da unidade
consumidora de forma a caracterizar a base de cálculo. Após isso, é analisado a iden-
tificação do perı́odo de irregularidade. Esse perı́odo é caracterizado por uma queda de
consumo evidente que demonstra o momento da intervenção de terceiros na medição,
acarretando na diminuição do consumo. Existem ainda, casos em que não há a efetiva
queda no consumo, mas com a irregularidade devidamente comprovada, a legislação

25
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

permite a recuperação do consumo com outro critério de cobrança. Após os passos


citados anteriormente e, comprovando a irregularidade, o Art. 130 da Resolução Nor-
mativa, afirma que:

Comprovado o procedimento irregular, para proceder à re-


cuperação da receita, a distribuidora deve apurar as diferenças
entre os valores efetivamente faturados e aqueles apurados por
meio de um dos critérios descritos nos incisos a seguir, aplicáveis
de forma sucessiva, sem prejuı́zo do disposto nos arts. 131 e 170:
I - utilização do consumo apurado por medição fiscalizadora,
proporcionalizado em 30 dias, desde que utilizada para caracte-
rização da irregularidade.
II - aplicação do fator de correção obtido por meio de aferição
do erro de medição causado pelo emprego de procedimentos irre-
gulares, desde que os selos e lacres, a tampa e a base do medidor
estejam intactos;
III - utilização da média dos 3 (três) maiores valores dis-
ponı́veis de consumo de energia elétrica, proporcionalizados em
30 dias, e de demanda de potências ativas e reativas excedentes,
ocorridos em até 12 (doze) ciclos completos de medição regular,
imediatamente anteriores ao inı́cio da irregularidade; (Redação
dada pela REN ANEEL 670 de 14.07. 2015)
IV - determinação dos consumos de energia elétrica e das
demandas de potências ativas e reativas excedentes, por meio
da carga desviada, quando identificada, ou por meio da carga
instalada, verificada no momento da constatação da irregulari-
dade, aplicando-se para a classe residencial o tempo médio e a
frequência de utilização de cada carga; e, para as demais clas-
ses, os fatores de carga e de demanda, obtidos a partir de outras
unidades consumidoras com atividades similares; ou
V - utilização dos valores máximos de consumo de energia
elétrica, proporcionalizado em 30 (trinta) dias, e das deman-
das de potência ativa e reativa excedentes, dentre os ocorridos
nos 3 (três) ciclos imediatamente posteriores à regularização da
medição.
Parágrafo único. Se o histórico de consumo ou demanda de
potência ativa da unidade consumidora variar, a cada 12 (doze)
ciclos completos de faturamento, em valor igual ou inferior a
40%(quarenta por cento) para a relação entre a soma dos 4
(quatro) menores e a soma dos 4 (quatro) maiores consumos
de energia elétrica ativa, nos 36 (trinta e seis) ciclos completos
de faturamento anteriores à data do inı́cio da irregularidade, a
utilização dos critérios de apuração para recuperação da receita
deve levar em consideração tal condição. (Redação dada pela
REN ANEEL 479, de 03.04.2012)

No Art. 131 trata da cobrança adicional em relação as despesas com a inspeção quando

26
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

comprovada a irregularidade:

Nos casos de recuperação da receita, a distribuidora pode co-


brar, adicionalmente, o custo administrativo incorrido com a re-
alização de inspeção in loco, segundo o grupo tarifário e o tipo
de fornecimento da unidade consumidora, conforme valores es-
tabelecidos em resolução especı́fica. Parágrafo único. Este pro-
cedimento somente se aplica aos casos em que o consumidor for
responsável pela custódia dos equipamentos de medição da dis-
tribuidora, conforme disposto no inciso IV e parágrafo único do
art. 167, ou nos demais casos, quando a responsabilidade for
comprovadamente a ele atribuı́da.

O tempo de recuperação da energia é determinado pelo Art. 132, que diz:

O perı́odo de duração, para fins de recuperação da receita, no


caso da prática comprovada de procedimentos irregulares ou de
deficiência de medição decorrente de aumento de carga à revelia,
deve ser determinado tecnicamente ou pela análise do histórico
dos consumos de energia elétrica e demanda de potência, res-
peitados os limites instituı́dos neste artigo. (Redação dada pela
REN ANEEL 479, de 03.04.2012)
§ 1o Na impossibilidade de a distribuidora identificar o perı́odo
de duração da irregularidade, mediante a utilização dos critérios
citados no caput, o perı́odo de cobrança fica limitado a 6 (seis)
ciclos, imediatamente anteriores à constatação da irregularidade.
§ 2o A retroatividade de aplicação da recuperação da receita
disposta no caput fica restrita à última inspeção nos equipa-
mentos de medição da distribuidora, não considerados o proce-
dimento de leitura regular ou outros serviços comerciais e emer-
genciais.
§ 3o No caso de medição agrupada, não se considera restrição,
para apuração das diferenças não faturadas, a intervenção da
distribuidora realizada em equipamento distinto daquele no qual
se constatou a irregularidade.
§ 4o Comprovado, pela distribuidora ou pelo consumidor, que
o inı́cio da irregularidade ocorreu em perı́odo não atribuı́vel ao
atual titular da unidade consumidora, a este somente devem ser
faturadas as diferenças apuradas no perı́odo sob sua responsa-
bilidade, sem aplicação do disposto no art. 131, exceto quando
ocorrerem, cumulativamente, as situações previstas nos incisos I
e II do § 1o do art. 128. (Redação dada pela REN ANEEL 479,
de 03.04.2012)
§ 5o O prazo máximo de cobrança retroativa é de 36 (trinta
e seis) meses

As ações para identificação das unidades consumidoras que praticam fraude ou de-
feito na medição são facilitadas pelos apontamentos dos leituristas, denúncias ou mesmo

27
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

por análises preliminares por analistas através de informações previlegiadas contidas


no Date Warehouse(apresentamos posteriormente a estrutura deste programa).
Diariamente são realizadas inspeções em unidades com suspeita de fraude, identifi-
cadas por análises do perfil comportamental do consumo, que neste caso se enquadram
em ações corretivas. Já as ações preventivas para obstacular as alterações nos equi-
pamentos de medição, várias são as medidas, tais como: blindagem dos bornes dos
medidores, externalização da medição, ramais anti-furto, entre outros, e dessa forma
restringindo as possibilidades de sucesso nas intervenções dos fraudadores, apoiadas
por campanhas de conscientização, mostrando que o furto proporciona aumento da
tarifa de energia.
A falha de equipamentos por deterioração prejudica a metodologia de cálculo da
perda técnica, isso devido ao tempo de utilização, deixando de ser contabilizado e,
consequentemente, sendo alocadas para as perdas comerciais.
Embora a perda de energia sejam repassadas para os consumidores, através de
ajustes na tarifa de energia, conforme ja foi visto, a ANEEL define limites regulatórios
para que parte do prejuı́zo devido as perdas seja paga pelas concessionárias.
Para termos uma ideia, em 2015 as principais distribuidoras do paı́s obteveram em
suas receitas uma perda comercial em torno de 5% da energia injetada nas redes de
distribuição, o que representa em torno de 15 milhões de megawatts-hora(MWh) por
ano.
Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRA-
DEE), hoje, no Brasil, 16% de toda energia produzida é perdida. Há dez anos esse
percentual era de 12%. Na Figura 1.23 estão relacionadas às perdas globais de algumas
concessionárias brasileiras:

28
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Figura 1.23: Percentual de Perda do Sistema Global em 2017

17
Fonte: Abradee

Para o combate a perda comercial, na Grupo Energisa, os direcionamentos a campo


tem um parceiro estratégico e fundamental na recuperação da receita que é o Centro de
inteligência de Combate as Perdas (CICOP). É nesse ambiente que são planejadas as
ações de combate as Perdas, através de informações precisas, de analises consistentes
e dinâmica.
As indicações de possı́veis alvos de consumidores que estejam praticando o furto
de energia são demandadas pelo CICOP, através de geração de listas, utilizando diver-
sas regras, que são critérios adotados para para relacionar as unidades consumidoras
suspeitas.
A seguir destacamos a efetividade de algumas regras utilizadas pelo CICOP no
perı́odo de 2017 a 2019:

Tabela 1.2: Efetividade das regras

REGRA EFETIVIDADE
Desligados 44%
Suspeita de Fraude 38%
Denúncia 20%
Reincidentes 17%
Degrau de Consumo 8%

Na Tabela acima classificamos como Desligados as unidades consumidoras que, por

29
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

inadimplência, tiveram suspenso o fornecimento de energia há dois ou mais meses não
regularam a situação. Para esta regra, 44% das indicações o cliente se autorreligou
gerando perda para concessionaria, pois nessa situação não é emitida a fatura do con-
sumo.
Quando a unidade apresenta indı́cios de fraude, objetos estranhos na caixa de
medição ou mesmo um consumo incompatı́vel com o porte da unidade consumidora, o
leiturista efetua um apontamento caracterizando que ali existe uma suspeita de fraude.
A regra Denúncia conta com o apoio da Sociedade que através do site da Energisa,
na opção Denuncie Furto de Energia, cadastra de forma segura e confidencial, relatos
de condutas contrárias ao código de ética e à lei. O serviço está disponı́vel 24 horas.
A denúncia também pode ser feita através dos canais de atendimento ao cliente e nas
agência de atendimento presencial.
Os clientes que já fraudaram são monitorados através do consumo de energia. Caso
ocorra, após a regularização, uma queda brusca de consumo, este são direcionados
a inspeção, e 17% dos casos estão repetindo o mesmo ato ilı́cito, daı́ chamamos de
reincidentes.
Observe que entre as principais regras utilizadas, a que tem o pior desempenho é
o degrau de consumo com 8%, isso quer dizer que a cada cem unidades consumidoras
indicadas para inspeção nesta regra, apenas oito são identificadas com alguma irregu-
laridade. Assim, o objetivo deste trabalho é aprimorar a regra de Degrau de Consumo,
que hoje é calculada através de comparação entre médias aritméticas de um determi-
nado perı́odo de meses, comparada com a média semestral atual. A proposta é utilizar
os conhecimentos de medidas de tendência central, que vamos abordar no Capı́tulo 2,
e ao fim do trabalho, verificar qual o ganho desse estudo no aumento da efetividade
e calcular quanto foi evitado de Perda não-técnica, como também o valor em reais do
ICMS arrecadado para o Estado com o fruto deste trabalho.
Para o desenvolvimento deste trabalho a distribuidora local de energia elétrica dis-
ponibilizou a base de dados para inspeções reais com o objetivo do refinamento da
regra Degrau de Consumo e para nossos experimentos utilizamos o Data Warehouse,
que agora vamos detelhar.

1.4 O Data Warehouse


Data Warehouse(DW) é um termo originalmente do inglês, cuja tradução seria“Depósito
de dados”, ou seja, são dados digitais que são usados para armazenar informações
detalhadas relativamente a uma empresa, criando e organizando relatórios através de
históricos que são depois usados pela empresa para ajudar a tomar decisões importantes

30
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

com base nos fatos apresentados. O Data Warehouse serve para recolher informações
de uma empresa para que essa possa controlar melhor um determinado processo, dis-
ponibilizando uma maior flexibilidade nas pesquisas e nas informações que necessitam.
Além de manter um histórico de informações, o Data Warehouse cria padrões, melho-
rando os dados analisados de todos os sistemas, corrigindo os erros e restruturando
os dados sem afetar o sistema de operação, apresentando somente um modelo final e
organizado para análise.

Figura 1.24: Ferramenta de Gestão de Perdas

Fonte: Plataforma analı́tica da MicroStrategy

Graças à análise e cruzamento de informações históricas disponibilizadas de maneira


rápida, precisa e consistente, foi possı́vel à Energisa identificar desvios de maneira
antecipada. Essa ferramenta tem como vantagem a integração de fontes de dados
diversificadas em um só local, onde os dados são limpos de coisas que só interessam ao
mecanismo de operação do banco de dados e da aplicação que o gerencia.
Com auxilio do DW é possı́vel realizar consultas em massa para identificar os consu-
midores que devem ser submetidos à inspeção, como também realizar estudos e análises
igual a Figura 1.25, que nos direcionar a realizar ações de combate a fraude em lugares
estratégicos e que as perdas comerciais estão mais crı́ticas.

31
1. Breve Histórico da Energia Elétrica e o Grupo Energisa

Figura 1.25: Perda de Energia no Estado da Paraı́ba

Fonte: Energisa Paraı́ba. Acesso em:05/06/2019

O mapa da Paraı́ba acima, podemos perceber quatro faixas de cores, onde a ver-
melha representa a localidade de maior ı́ndice de Perda Global, seguida das regiões
alaranjas, depois amareladas e finalmente, as regiões representadas pela cor verde que
o ı́ndice de perda é menor. Ele é um grande indexador de dados, sendo fácil acessar
todos dados de formas bem padronizada, integrada e rápida, agilizando a tomada de
decisão, além da facilidade de acessar dados históricos. Porém a implementação e a
manutenção para manter em conformidade com todos os sistemas existentes, que estão
em constante mutação e novos sistemas, não é simples e é caro, além da dificuldade de
estabelecer e manter regras claras para todas as fases de operação de um DW.
Para validar as análises do DW em campo, a Energisa Paraı́ba conta com 33 equi-
pes de combate a fraude, compostas por dois eletricistas, com investimento inicial por
cada profissional em torno de R$12.500, 00, além de equipamentos e uniformes especiais
anti-chamas, além de ferramentas e veı́culos apropriados e treinamentos. Entre os anos
de 2015 e 2018 foram efetuadas aproximadamente 176.622 inspeções em unidades con-
sumidoras em todo o Estado, resultando em 29.528 autuações de irregularidades. Além
destes investimentos iniciais, as equipes precisaram ser equipadas com comparadores
de energia, sondas, boroscópio (equipamento com câmera para verificar todo o trajeto
dos fios até chegar na medição do cliente, que auxilia na identificação de derivações
dentro da alvenaria) e máquinas fotográficas. Uma visita de uma equipe a uma unidade
consumidora que resulta em normal é em média R$84, 00 (oitenta e quatro reais).

32
Capı́tulo 2

Medidas de Tendência Central e


Dispersão

Abordaremos neste Capı́tulo alguns conceitos de Medidas de Tendência Central


e Dispersão que serão posteriormente usadas para aperfeiçoar a regra de degrau de
consumo. As principais referências usadas neste Capı́tulo foram [8], [10], [11] e [15].

2.1 Medidas de Tendência Central


Em estatı́stica, uma medida de tendência central é um valor central para uma
distribuição de probabilidade, ou ainda chamada de média ou simplesmente centro da
distribuição. As medidas de tendência central mais comuns e trabalhadas no Ensino
Fundamental e Médio, são a média aritmética, a mediana e moda.

Definição 2.1. A Média Aritmética denotada por x (lemos “x barra”), é obtida so-
mando todos os dados e dividindo o resultado pelo número deles, isto é:

x1 + x2 + x3 + ... + xn
x= (2.1)
n

Assim, podemos entender que a média aritmática é um valor intermediário entre os


extremos no conjunto dos números reais.

Exemplo 2.1. Na Figura 2.1 abaixo observamos a altura dos jogadores de um certo
time de futebol.

33
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Figura 2.1: Altura dos jogadores

A média aritmética das alturas desses atletas, é dada por:

1, 60 + 1, 52 + 1, 66 + 1, 68 + 1, 69 + 1, 66 + 1, 64 + 1, 48 + 1, 61 + 1, 66, 1, 62
x =
11
17, 82
= = 1, 62
11

Logo, temos que a altura média dos jogadores desse time é de 1,62 metros.

Exemplo 2.2. Um certo cliente da Energisa Paraı́ba obteve os seguintes consumos de


energia nos últimos 6 meses:

Tabela 2.1: Histórico de consumo mensal

Mês Consumo (KWh)


Janeiro 220
Fevereiro 215
Março 222
Abril 210
Maio 213
Junho 226

O consumo médio de energia desse cliente nesse semestre pode ser calculado como:

220 + 215 + 222 + 210 + 213 + 226 1.306


x= = = 217, 67.
6 6

O consumo médio de energia elétrica nos últimos 6 meses do cliente é de 217,67


KWh.
Com relação a média aritmética, podemos fazer as seguintes observações:

• A médias aritmética de amostras selecionadas de uma mesma população tendem


a variar menos do que outras medidas de centralidade, como a moda e a mediana,
que abordamos um pouco mais adiante.

34
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

• A média aritmética de um conjunto de dados leva em consideração todos os


valores dos dados.

• Uma desvantagem da média aritmética é que apenas um valor extremo, ou seja,


um valor atı́pico pode impactar consideravelmente no resultado. Dessa forma,
dizemos que a média aritmética não é uma medida resistente de centro.

Exemplo 2.3. Com relação ao Exemplo 2.2, por equı́voco do leiturista, no mês de
junho, se o consumo coletado fosse igual a 1.226, então qual seria a nova média?

Tabela 2.2: Histórico de consumo mensal com erro na coleta

Mês Consumo (KWh)


Janeiro 220
Fevereiro 215
Março 222
Abril 210
Maio 213
Junho 1226

O consumo médio de energia nesse semestre pode ser calculado como:

220 + 215 + 222 + 210 + 213 + 1.226 2306


x= = = 384, 34.
6 6

O consumo médio de energia elétrica nos últimos 6 meses do cliente é de 384, 34KW h.
Observamos que apenas um valor atı́pico contribuiu para que a média aritmética
tenha uma elevação de 43, 54%.

Definição 2.2. Considerando as sequências finitas de n de números reais (x1 , x2 , x3 , ..., xn )


e p1 , p2 , p3 , ...pn chamados pesos, com n > 1 e x1 ≤ x2 ≤ x3 ≤ ... ≤ xn . A média pon-
derada é o número real xp , dado por:

x1 p1 + x2 p2 + x3 p3 + ... + xn pn
xp =
p1 + p2 + p3 + ... + pn

Uma forma alternativa para a média ponderada é dada por:


n
P
f i xi
i=1
xp = Pn (2.2)
ni
i=1

35
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Definimos a frequência absoluta (fi ) como o número de vezes em que uma determi-
nada variável assume um valor e a frequência relativa fr como a razão entre a frequência
fi
absoluta fi e o número total de dados n, onde representamos como sendo fr = , com
n
distribuição xi .

Exemplo 2.4. Observe a tabela abaixo:

Tabela 2.3: Tabela de pontuação

Pontuação (xi ) Frequência (fi ) xi f i


4 7 28
5 8 40
6 6 36
8 4 32
10 3 30
TOTAL 28 166

Neste caso, a média ponderada é dada da seguinte forma:

4 × 7 + 5 × 8 + 6 × 6 + 8 × 4 + 10 × 3 166
xp = = = 5, 93 (2.3)
28 28

Definição 2.3. A média geométrica, denotada por G, de uma sequência de números



reais positivos (x1 , x2 , ..., xn ), é definida como G = n x1 x2 · · · xn . Assim,

· ... · G} = Gn
x1 x2 ...xn = |G · G{z (2.4)
n vezes

Exemplo 2.5. Um investimento rende no primeiro ano 5%, no segundo ano 7% e no


terceiro ano 6%. Vamos calcular o rendimento médio deste investimento. Iniciamos
identificando os fatores de crescimento:

• Primeiro ano: rendimento de 5% → fator de crescimento: 1,05

• Segundo ano: rendimento de 7% → fator de crescimento: 1,07

• Terceiro ano: rendimento de 5% → fator de crescimento: 1,06

Assim,
p p
G= 3
1, 05 · 1, 06 · 1, 07 = 3 1, 19091 = 1, 05996.

O rendimento médio será 1, 05996 − 1 = 0, 05996. Portanto, o rendimento médio dessa


aplicação nesse perı́odo, é de aproximadamente 6%.

36
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Definição 2.4. A média quadrática, denotada por Q, r é a média de uma sequência de


x21 + x22 + · · · + x2n
números reais não nulos (x1 , x2 , ..., xn ), tal que Q = .
n
Dessa maneira,

x21 + x22 + · · · + x2n = Q2 + Q2 + · · · + Q2 = nQ2 . (2.5)


| {z }
n vezes

Em sistemas de distribuição de energia, por exemplo, as tensões e correntes são em


geral dadas em termos de sua média quadrática. Obtemos a média quadrática de um
conjunto de valores quando elevamos cada um ao quadrado, somando os resultados,
em seguida dividindo o total pelo número n de valores e finalmente aplicando a raiz
quadrada do resultado.

Exemplo 2.6. Calcule a média quadrática dos seguintes valores de fornecimento de


energia (em volts): 110 e 220.

r r r
1102 + 2202 12.100 + 48.400 60.500
Q= = = = 173, 93V. (2.6)
2 2 2

Definição 2.5. Obtemos a média harmônica dividindo o número n de valores pela


soma dos inversos de todos os valores. Assim, considerando um conjunto de n dados
(x1 , x2 , x3 , ..., xn ), a média harmônica entre esses dados, indicada por H, é dado por:

1 1 1 1 1 1 1
+ + ··· + = + + ··· + =n (2.7)
x1 x2 xn |H H {z H} H
n vezes

A média harmônica costuma ser usada como medida de tendência central para
conjuntos de dados que consistem em taxas de variação, como por exemplo velocidades.

Definição 2.6. A Mediana (Md ) definimos como sendo o valor que ocupa a posição
central do conjunto de dados ordenados de forma crescente ou decrescente, ou seja, é
uma medida de tendência central que tem como caracterı́stica a divisão de um conjunto
ao meio.
Logo, a mediana de um conjunto o separa em duas partes de modo que 50% dos
valores sejam menores que ela e 50% dos valores sejam maiores que ela. Se o conjunto
tiver um número ı́mpar de termos, a mediana é o próprio termo central. Caso o conjunto
tenha um número par de termos, a mediana será a média aritmética dos dois termos
centrais.

37
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Exemplo 2.7. (Enem 2009) - Na tabela 2.4, são apresentados dados da cotação
mensal do ovo extra branco vendido no atacado, em Brası́lia, em reais, por caixa de 30
dúzias de ovos, em alguns meses dos anos 2007 e 2008.

Tabela 2.4: Cotação do ovo extra branco no atacado

Mês Cotação Ano


Outubro R$ 83,00 2007
Novembro R$ 73,10 2007
Dezembro R$ 81,60 2007
Janeiro R$ 82,00 2008
Fevereiro R$ 85,30 2008
Março R$ 84,00 2008
Abril R$ 84,60 2008

De acordo com esses dados, qual o valor da mediana das cotações mensais do ovo
extra branco nesse perı́odo?

Para solução deste problema devemos organizar os valores em ordem crescente:

73,10 81,60 82,00 83,00 84,00 84,60 85,30.

Como a quantidade de elementos é ı́mpar, daı́ podemos observar que o elemento


83,00 é o termo central, logo esse elemento representa a mediana.

Exemplo 2.8. (Enem 2010) - O gráfico apresenta a quantidades de gols marcados


pelos artilheiros das Copas do Mundo desde a Copa de 1930 até a de 2006.

Figura 2.2: Quantidade de gols dos artilheiros das Copas do Mundo

A partir dos dados apresentados, qual a mediana das quantidades de gols marcados
pelos artilheiros das Copas do Mundo?

38
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Primeiramente, devemos colocar os dados em ordem crescente, daı́ temos: 4, 5, 5,


6, 6, 6, 6, 6, 6, 7, 7, 8, 8, 9, 9, 10, 11, 13. Neste caso temos uma quantidade par de
elementos, com isso a mediana será a média aritmética dos dois termos centrais:
6+7
Md = = 6, 5.
2
Com relação a mediana, podemos fazer as seguintes observações:

• A mediana é uma medida resistente, ou seja, ela não se altera por grandes quan-
tidades, quando entre estes, incluı́mos alguns poucos valores extremos.

• A mediana não utiliza todos valores de dados.

Definição 2.7. A Moda, denotada por Mo é obtida colocando todos os dados em


ordem crescente ou decrescente, em seguida verificar a ocorrência de cada elemento do
conjunto de dados, aquele elemento de maior frequência denominamos de Moda.

Notamos que a definição acima coincide com a definição comum de moda, onde
falamos que uma roupa está em moda quando está muito em evidência seu uso.

Exemplo 2.9. A tabela abaixo apresenta as notas em matemática de uma turma de


30 alunos.

Tabela 2.5: Notas em Matemática

Nota Frequência (fi )


3 4
4,5 5
5 2
6,5 3
7 6
8 5
9 4
10 1
Fonte: Mundo Educação.1 (2019).

Na coluna da esquerda temos as notas na disciplina de matemática e na coluna da


direita, quantos alunos obtiveram a respectiva nota. Dessa forma, podemos observar
que a nota que mais aparece nesse conjunto de dados é 7. Portanto, Mo = 7.

Quando o conjunto possui dois dados com a maior frequência, chamamos de bimo-
dal, acima de dois valores chamamos de multimodal. Quando nenhum valor se repete,
afirmamos que não há moda.

39
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Exemplo 2.10. Os dados a seguir, são referentes ao número dos calçados vendidos
em uma loja num determinado dia: 35, 33, 36, 35, 37, 36, 39, 40, 42, 43, 35, 36, 42.

Nesse caso, existem dois números de sapatos que aparecem mais vezes, ou seja, os
números 35 e 36. Logo, temos duas modas como solução. A moda é uma das únicas
medidas de tendência central que não se aplica apenas a números. Por exemplo, se
perguntarmos o nome dos jogadores que disputam o campeonato brasileiro, ainda é
possı́vel medir a moda, basta ver quantos jogadores têm nomes iguais.

2.2 Relação entre Média, Moda e Mediana


Agora que sabemos a diferença entre as medidas de tendência central, vamos ob-
servar como a média aritmética, mediana e moda se comportam relativamente uma em
relação às outras. Para isso, faz necessário entender a assimetria que algumas bases de
dados se apresentam.
Uma distribuição quando apresenta o mesmo valor para a moda, a média aritmética
e a mediana é chamada de simetria, ou seja, essas medidas, teoricamente, coincidem
no ponto central da distribuição.
Quando essa igualdade não ocorre, temos distribuições assimétricas, que é o grau de
desvio ou afastamento da simetria de uma distribuição de frequência, que é um agrupa-
mento de dados em classes, de tal forma que contabilizamos o número de ocorrências em
cada classe e, consequentemente, as distribuições apresentam a “corcunda” do gráfico
mais à direita ou mais à esquerda
Se a freqüência de uma distribuição tem uma curva mais longa à direita da ordenada
máxima que à esquerda, diz-se que é uma distribuição assimétrica à direita (Ver Figura
2.3b), ou que possui assimetria positiva. Se é o inverso que ocorre, diz-se que ela é
assimétrica à esquerda (Ver Figura 2.3c), ou de assimetria negativa.
Para distribuições assimétricas, a média tende a situar-se do mesmo lado da moda
(curva mais longa). Diante desses resultados, podemos observar que distribuição
simétrica é dada pela igualdade entre a média aritmética, mediana e moda, ou seja
x = Md = Mo , distribuição assimétrica positiva é dada por x > Md > Mo e, distri-
buição assimétrica negativa é dada por x < Md < Mo .
A seguir ilustramos aproximadamente as posições dessas três medidas para diferen-
tes distribuições:

40
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Figura 2.3: Comparação das posições das medidas de tendência central em diferentes
distribuições

Fonte: Universidade de São Paulo2 (2019, p.1)

(a) Distribuição perfeitamente simétrica: todas as medidas coincidem.


(b) e (c) Distribuição assimétricas, enviesadas à esquerda e direita, respectivamente,
onde as medidas são diferentes.

Exemplo 2.11. Durante um perı́odo de 50 dias, foram analisados em um setor público,


processos autuados, apresentando uma determinada caracterı́stica especial. A tabela
abaixo apresenta a quantidade destes processos analisados por dia e o número de dias
que isto ocorreu. Quantidade de processos analisados no dia X e número de dias em
que foram analisados X processos:

Tabela 2.6: Processos analisados

Quantidade de processos analisa- Número de dias que foram anali-


dos no dia (X) sados os processos (f i)
0 5
1 8
2 12
3 16
4 5
5 4

Neste caso, sendo x, Md e Mo , respectivamente, a média aritmética, mediana e


moda, vamos determinar cada uma das medidas.
Inicialmente, note que a média aritmética dessa distribuição de dados é dada por,

5 · 0 + 8 · 1 + 12 · 2 + 16 · 3 + 5 · 4 + 4 · 5 0 + 8 + 24 + 48 + 20 + 20
x= = = 2, 4
50 50

41
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

e a mediana,

2+3
Md = = 2, 5.
2

Além disso, note que, a moda da distribuição desses dados é Mo = 3.


Comparando os resultados, segue que, x < Md < Mo e portanto, temos uma
distribuição assimétrica negativa, o que corresponde ao gráfico 2.3c.

Cada uma dessas medidas tem suas vantagens e desvantagens, dependendo do con-
junto de dados e seu propósito. É preciso entender bem estes casos para determinar o
significado de cada medida afim de não utilizá-las de forma equivocada e, consequente-
mente, distorcer os dados estatı́sticos. Para amostras grandes, é recomendado aplicar a
média aritmética, pois teremos uma melhor estimativa do valor verdadeiro de uma me-
dida fı́sica. Porém, para uma amostra reduzida contendo valores atı́picos a utilização
da média aritmética como medida central poderá acarretar problemas. Neste caso, a
mediana é uma medida mais viável e robusta para ser utilizada em contraste com a
moda, pois existem situações onde ela não está definido.

2.3 Medidas de Dispersão ou Variabilidade


A variabilidade que os dados de um conjunto apresentam entre si é chamado de
dispersão. Desta maneira, a única possibilidade de não existir dispersão é quando
todos os dados são iguais. Se os valores dos dados estão próximos, temos uma pequena
dispersão.
As medidas de dispersão mais comuns são amplitude total, desvio médio, variância
e desvio-padrão.

Definição 2.8. A amplitude total de um conjunto de elementos representado por


(x1 , x2 , ..., xn−1 , xn ) é a diferença entre o maior e manor valor, isto é,
Amplitude = (valor máximo dos dados) - (valor mı́nimo dos dados).

Esta medida de dispersão utiliza apenas dados mı́nimo e máximo, sendo sensı́vel a
valores extremos, o que torna essa medida pouco útil.

Exemplo 2.12.
Um certo cliente da Energisa Paraı́ba verificou que o histórico de consumo de energia
nos últimos 6 meses foram os seguintes:
Podemos determinar a amplitude para este perı́odo analisado, observando que os
valores máximo e mı́nimo, são respectivamente, 125 e 80. Desta forma, a amplitude é

42
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Tabela 2.7: Histórico de consumo semestral

Mês Consumo (KWh)


Janeiro 80
Fevereiro 125
Março 101
Abril 110
Maio 93
Junho 116

determinada pela diferença entre eles, ou seja, a amplitude é a diferença entre 125 e
80, isto é 45.

Definição 2.9. O desvio médio absoluto, denotado por DMA, é a distância média dos
dados até a média e calculamos através da diferença entre o valor de uma medida e o
valor médio desse conjunto de dados, onde vamos representar por δi = (xi − x)

O desvio médio de um conjunto de N elementos (x1 , x2 , ..., xN −1 , xN ) é definido da


seguinte forma:

N
P
|xi − x|
i=1
DMA = (2.8)
N

Como o desvio médio absoluto requer a utilização de valores absolutos, logo ele usa uma
operação que não é “algébrica”3 , onde a soma das variações é nula, devido aos sinais
positivos e negativos. Por este motivo é necessário calcular o módulo dos desvios, isso
torna uma solução viável, porém, matematicamente, não teremos como utilizar esse
fato em fórmulas algébricas.

Exemplo 2.13. Consideramos os dados apresentados no Exemplo 3.8.Vamos determi-


nar o desvio médio absoluto. Primeiramente, a média aritmética, é dada:

80 + 125 + 101 + 110 + 93 + 116 625


x= = = 104, 17 (2.9)
6 6

Utilizando a relação (3.6), podemos determinar o desvio médio absoluto,

| 80 − 104, 17 | + | 125 − 104, 17 | + | 101 − 104, 17 |


DM A = +
6
| 110 − 104, 17 | + | 93 − 104, 17 | + | 116 − 104, 17 |
6
24, 17 + 20, 83 + 3, 17 + 5, 83 + 11, 17 + 11, 83 77
= = = 12, 83
6 6
3
As operações algébricas incluem adição, multiplicação, raı́zes e potências, porém os valores abso-
lutos não estão inclusos entre as operações algébricas.

43
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Para calcular o desvio mediano absoluto, substituı́mos a média aritmética pela


mediana na definição anterior. Tanto o desvio médio absoluto como o desvio mediano
absoluto, utilizam a função módulo para evitar cancelamentos mútuos entre valores
positivos e negativos do desvios. Para o estudo dos desvios estatı́sticos, a utilização da
função módulo não é indicada. Logo, é conveniente utilizar outra medida de dispersão,
que utilize o quadrado dos desvios em relação à média.

Definição 2.10. A variância de um conjunto de dados (x1 , x2 , ..., xn−1 , xN ), onde:

N
P N
P
(δi )2 (xi − x)2
i=1 i=1
V ar(x) = = (2.10)
N N

Logo, podemos definir a variância como sendo a soma dos quadrados dos desvios
de cada observação em relação a média e dividida por N .

Exemplo 2.14. Novamente, vamos determinar a variância para Exemplo 3.8, vamos
determinar a variância.

Do exemplo anterior já obtemos que (x) = 104, 17 e utilizando esta informação na
a relação (3.9), temos:

(80 − 104, 17)2 + (125 − 104, 17)2 + (101 − 104, 17)2


V ar(x) = +
6
(110 − 104, 17)2 + (93 − 104, 17)2 + (116 − 104, 17)2
6
(−24, 17)2 + (20, 83)2 + (−3, 17)2 + (5, 83)2 + (−11, 17)2 + (11, 83)2
=
6
77
= = 12, 83
6

Definição 2.11. O desvio-padrão é a média quadrática dos desvios das medidas em


relação a média aritmética, denotada por s.

sP
√ (xi − x)2
s= variância = (2.11)
n−1

Exemplo 2.15. Essa medida de variabilidade é muito utilizada, pois ela mede de
forma eficaz a dispersão dos dados. E para obter essa medida, basta determinar a raiz
quadrada da variância

44
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

Ainda no exemplo 3.8, vamos determinar o desvio-padrão. Conforme exemplo an-


terior, sabemos que a variância é igual a 12,83, assim basta aplicar a raiz quadrada no
resultado da variância, logo:
p
s= 12, 83 = 3, 58 (2.12)

O desvio-padrão resolve o problema dos sinais dos desvios apresentados pelo desvio
médio, pois eleva ao quadrado cada um desses desvios, eliminando o inconveniente dos
sinais negativos.
Propriedades Importantes do desvio-padrão:

• O desvio-padrão é uma medida que possibilita observar o quanto os valores de


dados se afastam da média.

• O desvio-padrão s pode crescer demasiadamente com a inclusão de valores atı́picos,


ou seja, valores muito afastados dos demais.

2.4 Desigualdade das médias


Teorema 2.1. Sejam (x1 , x2 , ..., xn ) números reais positivos em ordem crescente e de-
notemos por H, G, A, Q respectivamente as médias harmônica, geométrica, aritmética
e quadrática desses números, então temos as seguintes desigualdades:

x1 ≤ H ≤ G ≤ A ≤ Q ≤ xn . (2.13)

Além disso, a igualdade em qualquer ponto das desigualdades acima é possı́vel se, e
somente se, x1 = x2 = ··· = xn e, nestas condições, temos necessariamente a igualdade
de todas as médias.

Vamos provar os casos n = 2, n = 3 e n = 4. Observamos que a prova no caso geral


pode ser feita usando argumentos análogos.
Demonstração: Inicialmente, vamos provar que se n = 2, então A ≥ G. De fato,
tomando x e y reais positivos, temos:

 2  2  2
2 x+y x−y x+y
G = xy = − ≤ = A2 ,
2 2 2

com a igualdade sendo válida apenas quando ocorrer x = y. O resultado da desigual-


dade A ≥ G para o caso n = 4 é obtido imediatamente aplicando o caso n = 2 duas

45
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

vezes como podemos observar abaixo. Considerando x,y,z e t reais positivos, temos
que:
 2  2
x+y z+t s
+  
x+y+z+t 2 2 x+y z+t
= ≥
4 2 2 2
q
√ √
≥ xy zt
q

= xyzt

= 4 xyzt

Na primeira desigualdade, a igualdade só ocorre se, e somente se, x + y e z + t. Na


segunda desigualdade, a igualdade ocorre se, x = y = z = t. Juntando as duas
condições, a igualdade A = G só ocorre se, e somente se, x + y = z + t.
Vamos provar agora o caso n = 3 supondo válido o caso n = 4. Consideremos x, y
e z reais positivos, e denotamos por

x+y+z
A= .
3

Segue que,

x+y+z+A x+y+z
=A=
4 3

Logo,

x+y+z x+y+z+A p
= ≥ 4 xyzA
3 4

com a igualdade sendo válida apenas se, e somente se, x = y = z. Elevando ambos
lados da desigualdade a 4a potência temos,
 4
x+y+z
= A4 ≥ xyzA
3

Como A > 0, podemos dividir ambos lados por A, obtendo a desigualdade desejada

x+y+z √
A3 ≥ xyz ⇔ ≥ 3 xyz.
3

1 1
Para provar que G ≥ H, basta calcular as médias aritmética e geométrica entre , e
x y

46
2. Medidas de Tendência Central e Dispersão

1
, e aplicar a desigualdade, A ≥ G
z

1 1 1
+ + r
x y z 1 1 1 1 1
A≥G⇔ ≥ 3 · · ⇔ ≥ ⇔ H ≤ G.
3 x y z H G

Finalmente, para Q ≥ A , considere a expressão, (x − A)2 + (y − A)2 + (z − A)2 ≥ 0 e


vale para quaisquer reais x, y e z, onde a igualdade só ocorre quando x = A, y = A e
z = A. Logo,

(x − A)2 + (y − A)2 + (z − A)2 ≥ 0


x2 + y 2 + z 2 − 2(x + y + z)A + 3A2 ≥ 0

Como (x + y + z) = 3A, concluı́mos que Q ≥ A.

47
Capı́tulo 3

Aplicação das Medidas de


Tendência Central na regra degrau
de consumo

Atualmente, a regra degrau de consumo, utilizada para detectar os clientes com


queda de consumo num determinado perı́odo, é obtida através de comparações de
médias aritméticas de anos anteriores com a média aritmética semestral atual. Porém
este tipo de análise não proporciona um acerto desejado, pois vários fatores podem
contribuir para reduzir o consumo, sem indicar, necessariamente, que se trata de uma
fraude.
Dentre os fatores que influenciam a queda de consumo estão os avanços tecnológicos
que propiciam o uso de equipamentos mais eficientes; a redução no número de morado-
res da residência em análise; viagem em perı́odo de férias, entre outros casos. A única
coisa que a concessionária pode identificar de concreto é que houve um comportamento
de redução de consumo que pode indicar ou não para uma fraude.
Avaliando, historicamente, as fraudes por degrau de consumo da Energisa Paraı́ba,
observamos que 90% dos casos apresentavam uma queda no consumo igual ou superior
a 25%. Com isso, todos os consumidores que apresentam uma queda de consumo
maior ou igual a esse percentual são possı́veis candidatos para inspeção da medição
associada a sua unidade consumidora. Destacamos dois exemplos de clientes com
degrau de consumo. No primeiro caso, quando da inspeção na unidade consumidora,
foi constatada a irregularidade e, embora tenha sido identificado o degrau de consumo,
no momento da visita para averiguação não foi constatada prática ilı́cita.
O código de ética e conduta do Grupo Energisa assegura a confidencialidade acerca
das informações dos clientes. Dessa maneira, para resguardar o sigilo das informações
dos clientes não expomos nomes ou quaisquer outros dados que possibilitem a identi-

48
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

ficação da unidade consumidora.

Exemplo 3.1. Unidade consumidora identificada com degrau de consumo em torno


de 67, 58% e ao ser inspecionada foi constatado irregularidade na medição. O consumo
que era em torno de 1500kW h/mês antes da irregularidade passou para algo em torno
dos 510kW h/mês. Para esta análise, usamos os dados a partir de outubro de 2016 até
o mês de outubro de 2018, conforme apresentamos na Figura 3.1

Figura 3.1: Comportamento do histórico de consumo

Podemos observar que até abril de 2018, o cliente acima estava com um consumo
no mesmo patamar dos meses anteriores, todavia, a partir de junho de 2018 é visı́vel a
queda de consumo. Nos meses onde aconteceram a irregularidade, destacamos por uma
área retangular avermelhada. Agora mostramos como é feito o cálculo para identificar
esses tipos de comportamento. Importante destacar que tudo isso não seria possı́vel se
não tivesse a utilização do DataWarehouse.
Convencionamos, ao gerar análises para identificar unidades consumidoras com de-
grau de consumo as seguintes informações:

1. Calcular a média semestral a contar do mês anterior ao da análise;

2. Calcular a média aritmética dos últimos 12 meses consecutivos, excluindo os


meses do item 1;

3. São expulgados dessa consulta as seguintes situações: Imóveis desligados, deso-


cupados, alteração da titularidade do imóvel, unidades consumidoras visitadas
recentemente, entre outras análises.

49
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

Voltando para o exemplo, vamos agora observar os passos dos cálculos que identifica-
ram esses clientes. Primeiramente, vamos calcular a média aritmética semestral, que
adotamos por xS . Como o perı́odo da análise foi em novembro de 2018, usamos os
consumos de maio a outubro de 2018.

1369 + 588 + 538 + 394 + 115 + 52 3.056


xS = = = 509, 33 (3.1)
6 6

Agora, vamos determinar a média aritmética dos últimos 12 meses,que chamamos de


x12 , logo estamos utilizando os meses compreendidos de maio de 2017 a abril de 2018,
com isso, temos:

1809 + 1530 + 1576 + 1510 + 1350 + 1457 + 1695 + 1625 + 1685 + 1492 + 1617 + 1506
x12 =
12
18.852
= = 1.571
12

Finalmente, para determinar o degrau de consumo, utilizamos a relação a seguir:

x12 − xS 1.571 − 509, 33 1.061, 67


Degrau = = = = 0, 6758 (3.2)
x12 1.571 1.571

Com isso, chegamos a um degrau de 67, 58%. A unidade consumidora foi encaminhada
para inspeção da equipe técnica, que constatou medidor danificado, impossibilitando o
registro correto do consumo de energia. Nesse caso, o medidor foi encaminhado para
laudo técnico, afim de constatar se o defeito é de fábrica ou foi devido a intervenção
de terceiros.

Exemplo 3.2. Unidade consumidora identificada com degrau de consumo em torno de


51, 81% e ao ser inspecionada não foi detectado irregularidades. O consumo que era em
torno de 630kW h/mês no perı́odo de abril de 2017 a março de 2018 passou para algo
em torno dos 300kW h/mês entre os meses de abril a setembro de 2018. Os cálculos
foram desenvolvidos semelhantes ao exemplo anterior. Esse caso embora não tenha
resultado em algum tipo de irregularidade, mas observa-se que os meses subsequentes
à inspeção, o consumo retornou ao patamar antes do degrau. Isso pode nos indicar que
nessa unidade consumidora existia uma manipulação de consumo, ou seja, no momento
da visita das equipes, a irregularidade foi descaracterizada. Abaixo temos o histórico
de consumo dessa análise.

50
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

Figura 3.2: Comportamento do histórico de consumo

Observamos que o degrau de consumo iniciou entre os meses de janeiro e fevereiro de


2018, sendo a unidade inspecionada em outubro do mesmo ano, porém não localizada
irregularidades, porém nos meses após a intervenção o consumo triplicou.

3.1 Resultados do aprimoramento da regra degrau


de consumo
Vamos expor a partir de agora os resultados obtidos com a nova modelagem da
Regra de Degrau de Consumo. Anteriormente, conforme foi visto, para identificar um
cliente com degrau de consumo, bastava comparar médias aritméticas de um perı́odo
recente (6 meses) com anos anteriores. A partir deste estudo, modificamos a metodolo-
gia para detectar os clientes para inspeção. De acordo com o foi abordado em Medidas
de Tendência Central e Dispersão, para amostras grandes temos a média aritmética
como a melhor estimativa do valor verdadeiro e a mediana para amostras reduzidas.

51
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

Como o cálculo do degrau é elaborado através de comparações entre dois grupos de


dados, vamos determinar a média aritmética referente a 36 meses, excluindo dessa
amostra os 6 meses mais recente, pois para esse conjunto adotamos a mediana.
O experimento dessa nova forma de calcular o degrau de consumo na Energisa
Paraı́ba, teve inı́cio em Setembro de 2018, com o seu término em Maio de 2019. Foram
inspecionadas nesse perı́odo 1224 unidades consumidoras, sendo detectada 265 irregula-
ridades, além disso, houve uma recuperação de consumo de 677, 1M W h, esse montante
daria para abastecer 5642 unidades residências durante 1 mês. A recuperação da re-
ceita nesse perı́odo foi mais de R$ 476 M il, sendo repassado ao Estado algo em torno
de R$ 167 M il . Vamos apresentar dois casos bem sucedidos, utilizando no cálculo do
degrau de consumo a média aritmética para um perı́odo longo e, para perı́odo curto
vamos adotar a mediana.

Exemplo 3.3. Unidade consumidora, na qual denotamos de cliente A, foi identifi-


cada com degrau de consumo em torno de 62% e ao ser inspecionada, constatamos
um procedimento irregular no medidor, com ligação invertida, ou seja, a leitura es-
tava retroagindo. O consumo, antes da irregularidade, tinha uma média aritmética
de 4886 kW h/mês no perı́odo de Outubro de 2017 a Setembro de 2018, em seguida,
passou para algo em torno de 2095 kW h/mês entre os meses de Outubro de 2018 a
Março de 2019, conforme podemos observar na Figura 3.3.

Figura 3.3: Histórico de Consumo do Cliente A

Adotando a Mediana Semestral por M dS , vamos determinar o degrau de consumo


expresso pelo cálculo a seguir:

x12 − M dS 4886 − 1864 3022


Degrau = = = = 0, 6185 (3.3)
x12 4886 4886

52
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

Portanto, temos um degrau de consumo igual a 61, 85% e foi possı́vel recuperar
25 M W h, o que correspode a R$ 22 mil, sendo retornado para o Estado em forma de
ICMS, quase R$ 7 mil, conforme podemos observar na Figura 3.4 abaixo:

Figura 3.4: Recuperação de Consumo do Cliente A

Fonte: Energisa Paraı́ba

Na Figura 3.4 , observamos que no item 1, informa a ocorrência ou irregularidade


encontrada no ato da visita; No item 2, corresponde quanto foi recuperado de energia
elétrica não medida e, no item 3, é a representação, em reis, do que foi desviado. O
valor em reais de impostos destinado ao Estado está indicado no item 4 e por fim, o
item 5, que corresponde ao perı́odo no qual o consumo foi medido de forma irregular.

Exemplo 3.4. Unidade consumidora, na qual denotamos de Cliente B, foi identificada


com Degrau de Consumo com 100% e ao ser inspecionada, foi constatado desvio de ener-
gia. Antes da irregularidade, a média aritmética dessa unidade era de 1893 kW h/mês
no perı́odo de Outubro de 2017 a Setembro de 2018, em seguida, o medidor não regis-
trou mais consumo, ficando igual a zero entre os meses de Novembro de 2018 a Março
de 2019, conforme podemos observar na Figura 3.5.

53
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

Figura 3.5: Histórico de Consumo do Cliente B

Vamos determinar o degrau de consumo expresso pelo cálculo a seguir:

x12 − M dS 1893 − 0 1893


Degrau = = = = 1, 00 (3.4)
x12 1893 1893

Portanto, temos um degrau de consumo igual a 100% e foi possı́vel recuperar


18 M W h, o que correspode a R$ 16 mil, sendo retornado para o Estado em forma de
ICMS, quase R$ 5 mil reais, conforme podemos observar na Figura 3.6 abaixo:

Figura 3.6: Recuperação de Consumo do Cliente B

Fonte: Energisa Paraı́ba

Para fazermos uma análise de comparação justa, foi levantado a quantidade de


inspeções, irregularidades e energia recuperada na modelagem antes da alteração, na

54
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

qual comparava média aritmética com média aritmética, no perı́odo de setembro de


2017 a maio de 2018.
No gráfico abaixo, temos a comparação entre as duas metodologias de seleção de
clientes que apresentam degrau de consumo. A barra azul representa é o resultado das
análises que comparavam médias aritméticas para dois perı́odos distintos, já a barra
laranja representa a nova modelagem, ou seja, compara média aritmética e mediana.

Figura 3.7: Quantidade de Inspeções e Irregularidadesl

Acervo Energisa Paraı́ba

Dividindo a quantidade de irregularidades pela quantidade de inspeções, obtemos


a efetividade. Podemos observar que os ajustes propostos nesse trabalho, elevou a
efetividade de 8% para 22% e um aumento de quase 290% de assertividade.

Figura 3.8: Efetividade

Acervo Energisa Paraı́ba

Para as equipes de inspeção ganhar em produtividade, as análises foram direciona-


das para áreas concentradas, de tal sorte que o deslocamento seja mı́nimo. No mapa
da Paraı́ba, conforme Figura 3.9, podemos observar grandes áreas concentradas das

55
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

visitas, onde o ı́cone azul representa as unidades consumidoras que tiveram o resul-
tado normal da inspeção e o ı́cone vermelho representam as unidades consumidoras
que tiveram como resultado da inspeção procedimento irregular ou desvio.

Figura 3.9: Direcionamento para Inspeção no Estado da Paraı́ba

Fonte: Acervo Energisa Paraı́ba.1 (2019)

O melhor resultado obtido na nova modelagem da regra de degrau ocorreu na cidade


de Soledade localizada a 186 quilômetros da capital João Pessoa, e a 54 quilômetros
de Campina Grande, está situada no Cariri paraibano. Das 19 indicações para visita
ténica, tivemos 10 irregularidades confirmadas. Podemos observar esse fato na Figura
3.10. Usando essa metodologia nesta cidade atigimos uma efetividade de 53%.

Figura 3.10: Direcionamento para Inspeção em Soledade/PB

Fonte: Acervo Energisa Paraı́ba.2 (2019)

Vale resaltar que todos os casos bem sucedidos, onde foi constatada a irregularidade
aplicando a metodologia Média Aritmética-Mediana, também se encaixam na metodo-
logia Média Aritmética-Média Aritmética. No entanto, podemos constatar no quadro

56
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

abaixo que essa última não apresenta bom ı́ndice de assertividade:

Tabela 3.1: Resultados das metodologias

Metodologia Inspecionados Indı́cio Fraude Normal


Média Aritmética-Média Aritmética 1145 201 86 858
Média Aritmética-Mediana 1224 470 265 489

O quadro acima compara as duas metodologias de cálculo do degrau de consumo,


utilizando as medidas de tendência central, sendo na primeira linha a forma tradicional,
já utilizada antes deste estudo, que convencionamos a chamar de modelo 1, que compara
média aritmética com média aritmética em um determinado perı́odo, e na segunda
linha, o modelo 2, que é a proposta deste trabalho, que compara média aritmética com
mediana. O perı́odo de observação das inspeções foram iguais para os dois modelos,
conforme já citado anteriormente.
No modelo 1, houve 1145 inspeções, onde 201 casos, embora tenham encontrado
vertı́gios de manipulação, não foi caracterizado o furto, para essas ocorrências chama-
mos de Indı́cios ou manipulação e 86 visitas confirmou a prática ilı́cita de desvio de
energia, todavia, 75% das inspeções foram encerradas com resultado normal.
No modelo 2, tivemos 1224 unidades consumidoras inspecionadas, com 470 delas
com indı́cio de fraude, confirmados 265 casos de desvio de energia e 489 resultando
em normal,que representa 40% do total das unidades visitadas, onde concluı́mos que
o modelo 2 é mais assertivo. A recuperação da receita no modelo 1 foi em torno de
R$162M il, enquanto que o modelo 2 recuperou em trono de R$600M il. Na Figura 3.11,
apresentamos alguns exemplos de unidades visitadas sem apresentar irregularidades,
ou seja, estavam todas normais.
Como vimos no Capitulo 1, o custo de uma inspeção que resulta em normal é de
R$ 84, 00. Com isso, o modelo 1 representou um custo de R$ 72 M il, enquanto o
modelo 2 foi de R$ 41 M il, ou seja, a metodologia Média Aritmética-Média Aritmética
teve uma despesa de R$ 31 M il a mais que a metodologia Média Aritmética-Mediana.

57
3. Aplicação das Medidas de Tendência Central na regra degrau de consumo

Figura 3.11: Indicações sem sucesso

Fonte: Acervo Energisa Paraı́ba.3 (2019)

A tabela Indicações sem sucesso apresenta o histórico de consumo dos clientes que,
por confidencialidade, indicamos por C1 a C9. Essas unidades foram direcionadas
através do modelo 1, que já falamos anteriormente. O degrau de consumo foi maior ou
igual a 25%, que é o critério adotado para ser indicado à inspeção. Para esses mesmos
clientes, pelo critério de cálculo adotando o modelo 2, observamos que nenhum dos
casos seriam encaminhados para inspeção, pois o degrau é inferior a 25%, e com isso,
comprovamos que a mediana é uma medida resistente a valores extremos e sendo ideal
para a detecção da medida central de um perı́odo curto, em contrapartida, temos que
a média aritmética não é uma medida recomendada para o cálculo da média semestral,
pois ao ocorre valores atı́picos, percebemos o impacto consideravelmente no resultado
do degrau de consumo.
Observamos que as teorias encontradas na Matemática, especificamente nos assun-
tos de Medidas de Tendência Central e Dispersão, contribuı́ram para o aperfeiçoamento
da Regra de Degrau de Consumo e, consequentemente, no combate as perdas comer-
ciais. Desta forma, temos uma proposta daqui para frente de analisar os casos não
bem sucedidos, onde a visita resultou em normal, e com isso, compreender melhor
essa situação. Outra linha de estudo, no qual já foi iniciada, porém não houve tempo
hábil para expor, estão relacionadas as indicações de unidades consumidoras através
do desvio padrão em relação a média aritmética.
Finalizando, temos que destacar, as contribuições que este estudo proporcionou
para a minimização das perdas comerciais, utilizando os assuntos de Média, Mediana
e Moda, que são conteúdos abordados nos ensinos Fundamental e Médio, vindo a
contribuir no aprimoramento da regra Degrau de Consumo e na assertividade das
indicações.

58
Apêndice A

Resultados Básicos

Para tornar a leitura .....

Proposição A.1. Seja h uma distribuição temperada no ... Então,


(i) Existe uma única distribuição temperada satisfazendo (??).
(ii) Se
(iii) Se h ≥ 0, com h 6= 0, no sentido das distribuições, ...

Demonstração. Ver [?], Proposição XX

59
Referências Bibliográficas

[1] ANJOS, Talita Alves dos, A História da Eletricidade. Acesso em 26 de julho


de 2019 e disponı́vel em https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/a-historia-
eletricidade.htm

[2] CCEE, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica,Fontes.


Acesso em 26 de julho de 2019 e disponı́vel em https://www.ccee.org.br

[3] ABRADEE, Associação Brasileira de Distribuidores de Energia


Elétrica, Glossário de termos do Setor Elétrico, Publicado em 2018. Acesso
em 01 de junho de 2019 e disponı́vel em http://www.abradee.com.br/setor-
eletrico/glossario-do-setor-eletrico/

[4] ANEEL, Agência Nacional de Energia


Elétrica,REN2014,RESOLUÇÃO NORMATIVA No 418, Publicado em
23 de Novembro de 2010. Acesso em 01 de junho de 2019 e disponı́vel em
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2010418.pdf

[5] EFEITO JOULE, Tudo o que você precisa saber, Definição do efeito
Joule, Publicado em abril de 2008. Acesso em 02 de junho de 2019 e disponı́vel
em https://www.efeitojoule.com/2008/04/efeito-joule.html

[6] Significado de Data Warehouse,O que é Data Warehouse. Acesso em 02


de junho de 2019 e disponı́vel em https://www.meusdicionarios.com.br/data-
warehouse

[7] Anuário Estatı́stico de Energia Elétrica 2017, Anuário Estatı́stico de


Energia Elétrica 2017, Publicado em 2017. Acesso em 20 de junho de 2019 e
disponı́vel em http://epe.gov.br

[8] TRIOLA, Mário F., Introdução à Estatı́stica, Rio de Janeiro: LTC, 12a Ed.,
2017.

[9] PENIN, Carlos Alexandre de Sousa, Combate, Prevenção e Otimização


das Perdas Comerciais de Energia ElétricaAcesso em 20/06/2019 e disponı́vel em

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Referências Bibliográficas

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[10] VIEIRA, Sônia, Estatı́stica Básica, São Paulo: Cengage Learning 1a Ed., 2017.

[11] ROCHA, Sérgio, Estatı́stica Geral e Aplicada para Cursos de Engenharia, São
Paulo: Atlas 2a Ed., 2018.

[12] ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, Perdas de


energia, Publicado em 25 de novembro de 2015. Última atualização em
10 de outubro de 2018. Acesso em 01 de abril de 2019 e disponı́vel em
http:www.aneel.gov.br/metodologia−distribuicao/assetpublisher/e2INtBH4EC4e/
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[13] BRASIL, Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940, Código Penal,


Rio de Janeiro: Diário Oficial da União, 31 dez. 1940.

[14] Lima, Artur, Operação prende 11 pessoas em flagrante por furto de energia
elétrica, no Sertão da Paraı́ba. G1 Paraı́ba, Paraı́ba, 14 de maio de 2019.
Publicado em 14 de maio de 2019. Acesso em 12 de julho de 2019 e disponı́vel em
https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2019/05/14/operacao−prende−pessoas
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[15] TRIOLA, Mário F., Introdução à Estatı́stica, Rio de Janeiro: LTC, 7a Ed.,
1999.

[16] ENERGISAPB, Energisa Paraı́ba, Furto de Energia, Publicado em 11


de Janeiro de 2018. Acesso em 25 de abril de 2019 e disponı́vel em
https://www.energisa.com.br/paginas/noticia.aspx?nid=1798

[17] ARAÚJO, Breno Serrano, Métodos de Inteligência Computacional para


Detecção de Fraudes de Energia Elétrica, Rio de Janeiro, 2017.

[18] Torres, Carlos Magno A., Fı́sica Ciências e Tecnologia, São Paulo: Moderna
2a Ed., 2010.

[19] Filho, Aurélio Gonçalves., Fı́sica, volume único ensino médio., São Paulo:
Scipione 1a Ed., 2008.

[20] Fonte, André Costa., Médias, desigualdades e problemas de otimização., Re-


cife: UFRPE , 2013.

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