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Farmacêutica; Enfermeira pela Universidade Vale do Rio Verde (Unincor), campus Betim.
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Enfermeira pela Universidade Vale do Rio Verde (Unincor), campus Betim. Especialização em Enfermagem
do Trabalho. Especialização em Psicologia da Inteligência Multifocal. Especialização em Saúde Pública com
Ênfase em Estratégia de Saúde da Família. Complementação pedagógica em ciências biológicas. Membro da
Associação Mineira de Hipertensão Pulmonar – AMIHAP.
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Doutor em Engenharia Biomédica. Docente da Universidade Vale do Rio Verde (UninCor).
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPS), a
prevenção e o tratamento de doenças exigem infraestrutura adequada, assim
como educação em saúde apropriada. No entanto o simbolismo acerca dos
fármacos vem contribuindo para o uso irracional de medicamentos e tornou-se um
importante problema de saúde pública, pois o consumo indiscriminado corrobora
para os riscos à saúde dos usuários (OPAS, 2005 apud VIEIRA 2007, p. 216).
As razões pelas quais as pessoas se automedicam são inúmeras. As
propagandas desenfreadas de determinados medicamentos, contrastam com as
tímidas campanhas de conscientização sobre o uso irracional de medicamentos e
seus riscos. Fatorestaiscomo: alto custo do atendimento médico e o desespero e a
angústia causados por sintomas, levam as pessoas a utilizarem medicamentos de
modo irracional (AMADO; CARNIEL; RESTINI; 2010, p 1452-1453).
No Brasil, vários descongestionantes nasais são vendidos livremente por
farmácias e drogarias, não havendo o controle da dispensação e a educação sobre
esses medicamentos à população, o que contribui para o uso indiscriminado.
Dentre os medicamentos tópicos nasais, os derivados dos imidazólicos
demonstram ser mais passível de causar efeito rebote e edema na mucosa nasal,
devido à duração de seu efeito farmacológico, sobre os vasos sanguíneos da
mucosa nasal, que pode durar de 7 a 9 horas e diminuir com o passar do tempo de
uso (LAGUE, ROITHMANN, AUGUSTO; 2013, p.40).
Alguns efeitos adversos do uso de descongestionantes nasais a longo
prazo incluem: arritmias cardíacas, cefaleia, insônia, irritação nasal, agitação,
espirros, taquicardia, tremores e retenção urinária. É contraindicado para pacientes
que apresentam as seguintes situações: hipertensão arterial, diabetes mellitus,
hipotireoidismo e hiperplasia prostática (LAGUE, ROITHMANN, AUGUSTO; 2013,
p.40).
Diante do uso irracional de medicamentos nasais contendo nafazolina e
por trata-se de um problema de saúde pública, o farmacêutico tem como
importante função ajudar a sociedade, promover educação em saúde quanto ao
uso de medicamentos e seus principais efeitos adversos. Portanto, o objetivo
desse estudo foi analisar os riscos à saúde do paciente, decorrentes do uso
indiscriminado de cloridrato de nafazolina, identificar as formas de intervenção e
atitudes a serem tomadas pelos farmacêuticos a fim de minimizar esse problema.
2. METODOLOGIA
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 AUTOMEDICAÇÃO
3.3. NAFAZOLINA
pode ser estimulada através de preços promocionais (ZAFFANO et al., 2007, p. 95-
97; HERBERTS et al., 2007, p. 103-108; RODRIGUES; PILOTO; TIYO, 2016,
p,138-141).
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas,
milhões de pessoas se automedicam; isto é principalmente devido
ao fato de que muitas drogas podem ser compradas sem receita
médica. Em relação aos descongestionantes nasais, uma possível
razão pela qual tantos abusam deles é a rápida eficiência do
medicamento (LENZ et al., 2011, p. 761).
Apesar dos efeitos nocivos à saúde, ainda há poucos estudos sobre o uso
indiscriminado de nafazolina. Dentre os artigos selecionados, apenas cinco
abordam fatores associados às patologias que o uso irracional de
descongestionante nasal tópico pode ocasionar e a importância do farmacêutico,
como formas de prevenir o uso abusivo de nafazolina. Como pode ser verificado no
quadro 2 a seguir:
maior, totalizando 92% (46). Outro ponto que chama atenção no estudo realizado
por Castro, et al., 2016 é que em ambos os sexos entrevistados, mas de 50% deles
relatam ser dependentes do medicamento, ou seja, utilizam de forma crônica
(CASTRO; MELLO; FERNANDES, et al., 2016, p.163-164).
O uso crônico do cloridrato de nafazolina pode provocar a vasodilatação
reativa (efeito rebote) e, como consequência, levar o paciente a necessidade do
aumento da dose, podendo envolvê-lo na perda da sensibilidade dos receptores 2-
adrenérgicos pós-sinápticos e na lesão das mucosas nasais. Devido aos seus
efeitos vasoconstritores, seu uso se restringe apenas a pacientes maiores de 6 anos
de idade (FREITAS, 2014, p. 3).
BUCARETCHi, et al. (2003, p.520) apud FREITAS (2014, p. 7), relataram
outros efeitos adversos em crianças envolvendo derivados imidazólicos. Devido a
ações sobre os receptores alfa-2 adrenérgicos pós-sinápticos, o medicamento irá
causar vasoconstrição local, e eventualmente a vasoconstrição sistêmica, podendo
levar crianças a hipertensão arterial transitória, palidez e sudorese. Eles observaram
também que devido à possibilidade deste grupo de medicamentos estimular
receptores alfa-2 adrenérgicos pré-sinápticos dos centros de controle cardiovascular
do SNC, pode ocorrer a inibição da atividade simpática no cérebro. A consequência
disso é que os imidazólicos podem levar os pacientes, principalmente as crianças
com menos de três anos de idade, à depressão neurológica e respiratória,
bradicardia e hipotensão arterial, todas decorrentes da exposição de doses tóxicas
ou terapêuticas.
No que tange ao efeito rebote, existem algumas teorias que tentam explicar.
A primeira diz que a vasoconstrição prolongada leva a hipóxia da mucosa nasal,
resultando em hiperemia reativa com vasodilatação severa. A segunda teoria afirma
que o uso prolongado do medicamento leva a uma queda da noradrenalina
endógena e após o desaparecimento do efeito do descongestionante, ocorre a
vasodilatação rebote. Outra teoria afirma que o tempo prolongado de uso estimula a
atividade parassimpática, levando a um aumento da permeabilidade vascular e
formação de edema (vasodilatação reversa), alteração da motilidade ciliar,
prejudicando com isso a defesa imunológica do nariz (SCHVARSTSMAN, 1988 apud
HEBERTS et al., 2007, p. 103-108; FREITAS, 2014, p.5; RODRIGUES; PILOTO;
TIYO, 2016, p. 138).
Para FREITAS (2014, p. 6), dez por cento de todos os acidentes vasculares
cerebrais são devido a hemorragias. As principais etiologias são má formação
vascular, hipertensão arterial e exposição a drogas simpaticomiméticas como a
nafazolina.
É válido ressaltar que a presença de excipientes e associações podem
também trazer risco a saúde do paciente. SILVAet al.,(2008, p.399-402), em um
estudo feito para identificar a presença de excipientes com potencial de indução a
reações adversas em medicamentos, mostraram que a presença do conservante
antimicrobiano, cloreto de benzalcônio, em solução nasal de cloridrato de nafazolina
associada ao cloreto de sódio (uso adulto e uso pediátrico), é responsável pela
diminuição significativa da função pulmonar e reações de hipersensibilidade em
pacientes asmáticos, além de poder agravar o quadro de rinite medicamentosa
induzida por descongestionantes nasais.
São muitos os riscos relacionados ao uso indiscriminado de descongestionantes
nasais contendo nafazolina. Assim, a assistência farmacêutica sendo um conjunto
de atividades que podem ser exercidas pelo profissional farmacêutico relacionadas
aos medicamentos, como produção, programação, aquisição e dispensação, o que
fazem com que estes profissionais tenham um papel importante na sociedade, uma
vez que sua capacitação vai além de tão somente um manipulador de fármacos e
medicamentos, mas também o de conhecer as consequências dos medicamentos
no organismo humano (ALMEIDA; MEJIA, 2014, p. 2).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
do Sul. Revista Associação Médica do Rio Grande do Sul, v. 1, n. 57, p.39-43, jan.
2013
MELLO JÚNIOR, J.F. et al. Brazilian Academy of Rhinology position paper on topical
intranasal therapy. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology, [s.l.], v. 79, n. 3, p.391-
400, maio 2013. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.5935/1808-8694.20130067.
SILVA, A.V.A. et al. Presença de excipientes com potencial para indução de reações
adversas em medicamentos comercializados no Brasil. Revista Brasileira de
Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 3, p. 397-405, 2008.