Aulas LARA Direito Civil II
Aulas LARA Direito Civil II
Aulas LARA Direito Civil II
5.1 ERRO
Por que é vício do consentimento? Erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo – são
vícios do consentimento (só a fraude contra credores é vício social).
O sujeito que erra tem uma noção dos fatos que é INCOMPATÍVEL com a realidade.
Ex.: “A” realiza uma compra e venda, mas “B” acredita que foi uma
doação. Compra relógio pensando ser de ouro (mas era foleado a
ouro) – vício subjetivo.
*Obs.: compra relógio de ouro (é de ouro), mas ele não funciona – trata-se de vício
redibitório (vício objetivo) – art. 441, CC. CDC! Dependendo do caso.
CC, art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por
parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
a.3) de direito (desconhecimento da norma)
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único
ou principal do negócio jurídico.
LINDB, art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
CC, art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso
como razão determinante.
CC, art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e
os usos do lugar de sua celebração.
PERGUNTA: Diz o enunciado que como o art. 138 só fala que o erro deve
ser substancial e cognoscível, não se referindo a “escusável”, este requisito
estaria excluído no CC.
VOCÊS CONCORDAM?
50% da doutrina acha que esse enunciado está certo (entendo que o
enunciado está errado!).
Alguns doutrinadores entendem que os requisitos “escusável e
cognoscível” são incompatíveis, não podendo haver exigência simultânea.
Entendimento nosso: caso optem a favor do enunciado 12, diga para
aqueles que entendem que o erro não precisa ser escusável, que estão
desprezando a teoria da responsabilidade (pois ao se declarar algo, tem que
se responsabilizar pela própria palavra). Portanto, o juiz só pode anular
quando o erro for ESCUSÁVEL (erro praticado por uma pessoa que
mesmo tendo agido de forma responsável e séria, teve uma falsa noção da
realidade).
CC, art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa.
Pontes de Miranda diz que: “no dolo, a vítima NÃO ESTÁ enganada, ela FOI
enganada”.
Dolo essencial
O dolo só anula o negócio jurídico quando for ESSENCIAL.
Para o dolo anular o negócio jurídico, deve-se fazer a seguinte pergunta: se a pessoa
soubesse da verdade, ela faria o negócio jurídico do mesmo jeito? Em caso de
negativa, então o dolo foi essencial (substancial), ou seja, o dolo foi a causa do
negócio jurídico.
PERGUNTA: No negócio viciado por DOLO precisa haver prejuízo para a vítima?
NÃO! No dolo a vítima nem precisa ser prejudicada. Basta que ela seja
ENGANADA.
Ex.: imagine uma venda de apartamento por 500 mil, porque quem morou lá foi Ivete
Sangalo (mentira). O comprador efetiva a aquisição crente que Ivete lá morou.
Depois o comprador descobre o engodo, ardil do vendedor.
Agora vamos supor que o valor pago é realmente o valor do imóvel – nesse caso a
vítima não sofreu prejuízo econômico, não obstante tenha sido enganada. Contudo, se
a vítima compra o apartamento pagando 700 mil (e o imóvel vale 500), pode-se
anular o negócio jurídico e pleitear indenização por responsabilidade civil.
LEMBRAR DO CDC – propaganda enganosa não é DOLO pelo CC!
No CDC trabalha-se com conceito de publicidade enganosa - basta que o resultado
obtido (objetivamente) seja uma lesão ao consumidor. Ao passo que no CC (relação
entre dois particulares), será necessária a demonstração do elemento subjetivo do
agente (má-fé, vontade de enganar).
Ex.: compra de carro entre particulares. O vendedor diz que o carro está com peças
originais. Contudo, ao levar ao mecânico, este diz que o carro está totalmente
reformado (negócio anulável – dolo essencial, pois se soubesse das reformas, jamais
compraria o veículo).
Dolo acidental
Ex.: compra de carros entre particulares. Observa que neste veículo há um DVD. O
vendedor diz que é um DVD dinamarquês. Contudo, na verdade é paraguaio.
Dolo acidental é aquele que NÃO diz respeito à causa do negócio (objeto
principal), possibilitando pedir em juízo a restituição daquilo que pagou a mais,
porque houve a falsa percepção da realidade.
CC, art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é
acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro
modo.
CC, art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
VEJAMOS: uma instituição financeira faz seguro de vida. Ela entrega um formulário
ao cliente, e este omite suas doenças preexistentes. Contudo, 6 meses depois de fazer
o seguro, o segurado morre.
CC, art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações
inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou
na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao
prêmio vencido.
MAS...
CUIDADO!
Em uma prova dissertativa ou prova oral, a resposta deve ser mais elaborada.
Entende-se que essa omissão dolosa só gerará os efeitos do art. 766, caso seja uma
OMISSÃO DOLOSA RELEVANTE, ou seja, (i) por mais que tenha omitido
declarações, é dever que decorre da boa-fé objetiva que a seguradora submetesse o
segurado a exames médicos e (ii) muitas vezes o sujeito omite a doença, só que
quando a doença aparece, já decorreu 5, 10 anos (a omissão dolosa deixou de ser
relevante, porque durante um longo período a doença não se manifestou). E muitas
vezes a pessoa omite uma doença, porém vem a falecer em decorrência de outra
causa desconhecida.
Dolo de terceiro
Imagine que “Maria” diz a “Pedro” que João está vendendo armário de mogno.
“Pedro” compra o armário. Contudo, o armário é de pinho.
PERGUNTA: Consegue-se anular esse negócio jurídico?
“Pedro” não comprou o armário de “Maria”, mas de João, ou seja, a relação jurídica
foi com João – isso se chama DOLO DE TERCEIRO.
Neste, quem induz a erro é um terceiro (“MARIA”) que não é parte na relação
jurídica.
CC, art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro,
se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas
as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Caso João não tenha como saber que “Maria” agiu de forma mentirosa, haverá a
conservação do negócio jurídico, podendo “Pedro” pedir indenização contra “Maria”,
mas o negócio jurídico será conservado em homenagem a boa-fé do outro contratante
(João).
5.3 Coação
Emprego de pressão psicológica por meio de ameaça para prática de mal injusto.
Na coação, a declaração de vontade é pressionada pelo medo.
PENSANDO!
DIFERENCIEM ERRO, DOLO E COAÇÃO
No erro e no dolo a pessoa tem a falsa percepção da realidade (no erro a falsa
percepção é espontânea, enquanto que no dolo é provocada por um terceiro).
Na coação a pessoa que pratica o negócio jurídico tem perfeita noção da realidade – a
coação não influencia na inteligência da pessoa, mas na sua LIBERDADE (art. 104,
CC – agente capaz e livre).
CC, art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa,
à sua família, ou aos seus bens.
Requisitos
a) iminente
A coação tem que ser iminente (algo que está por acontecer) – é a chamada vis
compulsiva. Se a coação concerne a fato iminente, ainda há margem de
discricionariedade para o coagido decidir.
Ex.: alguém coloca uma arma na cabeça de outra pessoa exigindo a moto. Isso não é
mais coação moral, mas coação FÍSICA – coação atual.
Coação física não é causa de anulabilidade de negócio jurídico, mas causa de
INEXISTÊNCIA do negócio jurídico (não há consentimento). A vontade do coagido
é instrumento da vontade do coator.
b) considerável
Considerável é a COAÇÃO GRAVE (a gravidade deve ser apurada com base no
caso concreto, através da regra da proporcionalidade).
Ex.: “x” diz a um engenheiro para que faça um projeto de prédio comercial. Caso não
faça, lhe dará um “peteleco” – NÃO há coação;
MAS, se o engenheiro for um idoso, por exemplo, com mais de 100 anos, há coação!
Essa gravidade (coação) pode ser dirigida a um bem patrimonial.
Ex.: se não transferir esse carro para minha propriedade, queimarei sua casa (ameaça
de caráter patrimonial).
Ex.: se não transferir esse carro para minha propriedade, vou destruir o skate do seu
filho – não é coação, pois não guarda razoabilidade (não há gravidade).
O CC/02 tem como uma das diretrizes a ETICIDADE (solidariedade com o
próximo).
Ex.: Se por acaso não transferir quantia “x”, cuidado com a vida do seu amigo.
CC, art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a
condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias
que possam influir na gravidade dela.
CC, art. 151, Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à
família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve
coação (eticidade).
Obs.: pode ser que o coator coincida com a vítima iminente – pode-se anular este
negócio jurídico. Pode ser que o coator seja justamente a pessoa que coincida com a
futura vítima. Ex.: filho no parapeito da janela que diz a mãe que caso ela não faça o
depósito, ele irá se matar.
c) injustiça
A coação deve ser INJUSTA.
Ex.: caso não saia da fazenda ingressarei com ação de interdito proibitório (não há
coação – exercício normal de um direito).
Ex.: compra fusca do patrão com medo de perder o emprego (não há coação – temor
reverencial).
Ex.: se não atingir a meta, irá fazer a dança da boquinha garrafa – assédio moral
(espécie de coação moral) – gera responsabilidade civil: reparação pelo dano moral
(sanção).
COAÇÃO por terceiro: mesma regra do dolo de terceiro art 154 CC/02 se dela
tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a quem aproveite perdas e danos
CC, art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem
que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o
autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao
coacto.
5.4 Lesão
CC, art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.
Objetivo:
CC, art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.
SUBJETIVO:
Necessidade
É sempre uma necessidade ECONÔMICA.
Ex.: para evitar a quebra da empresa, vende as joias de família. O comprador paga
200 mil, sendo o valor real de 1 milhão (o empresário precisa dos 200 mil).
Inexperiência
É aquela pessoa que não tenha a prática daquele negócio jurídico (neófito -
ignorante).
Ex.: professor quer comprar gado em leilão.
Inexperiência não se confunde com negligência.
A quem incumbe a prova da inexperiência e da necessidade? Ao lesado.
Diz o Enunciado 410, CJF - a inexperiência a que se refere o art. 157 não deve
necessariamente significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática de
negócios jurídicos em geral, podendo ocorrer também quando o lesado, ainda que
estipule contratos costumeiramente, não tenha conhecimento específico sobre o
negócio em causa.
Considerações:
(i) antes de CC/02, não havia lesão. Ao realizar um contrato no ano 2000 (CC/16), ao
vender as joias por 200 mil, quando na verdade valia 1 milhão e, provando que estava
com necessidade econômica, mesmo assim não poderia anular o negócio jurídico
(pacta sunt servanda).
(ii) a partir do CC/02, entrou a lesão. Essa lesão é objetiva ou subjetiva? É subjetiva,
porque não se contenta com o aspecto objetivo.
Para que consiga anular o negócio jurídico, além de demonstrar que houve
MANIFESTA DESPROPROÇÃO DAS PRESTAÇÕES, bem como
INFERIORIDADE, é necessária a prova da existência do DOLO DE
APROVEITAMENTO por parte da vítima? Não. Dolo de aproveitamento seria a
intenção do lesante de se aproveitar da inferioridade do lesado.
Diz o Enunciado 150, CJF - a lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige
dolo de aproveitamento.
Há autores que defendem que a lesão só ocorre em contrato comutativo, e não nos
aleatórios
(errado!). Há consenso doutrinário de que pode haver sim lesão em contrato aleatório,
basta que exista uma enorme desproporção entre aquilo que se pagou e o interesse
que se quis resguardar. Ex.: fusca com seguro no valor de 10 mil reais.
QUESTÃO
AOCP - 2011 - Pref. Ibiporã - PR - Advogado
Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.
I. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em
face das circunstâncias do negócio.
II. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a
respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
III. Considera-se coação a ameaça do exercício normal de um direito ou o simples
temor reverencial.
IV. Configura-se lesão quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa.
a) Apenas II e III.
b) Apenas I, II e IV.
c) Apenas I e II..
d) Apenas II e IV.
e) I, II, III e IV.
Ex.: mineiro leva seu filho para praia e este começa a se afogar. Então o pai
pede para o surfista salvá-lo. Contudo, o surfista somente realiza o salvamento
caso o pai dê seu cordão de ouro. O surfista então salva a vida da criança
(negócio anulável).
No estado de perigo a pessoa que deseja obter a vantagem NÃO foi quem criou
o perigo.
Nesse caso, o perigo foi criado por um terceiro ou pelas forças da natureza. Ex.:
traição (mafioso quem criou o perigo – e não o caminhoneiro); afogamento
(mar quem criou o perigo – e não o surfista).
ATENÇÃO!!
Imagine que durante uma viagem fure o pneu do carro num trecho perigoso.
Para consertar, o borracheiro cobra 100 (normalmente é 10). Ao ajuizar ação
anulatória, desconstitui-se o negócio jurídico, devendo a outra parte restituir o
dinheiro (gera uma injustiça, pois realiza trabalho sem contraprestação). Por
isso, no estado de perigo, às vezes o mais justo é CONSERVAR o negócio
jurídico, pedindo ao juiz que se reduza a vantagem. Mas apenas nesses casos
que não poderei devolver o status quo ante do negócio realizado!
Diz o Enunciado 148, CJF - Ao "estado de perigo" (art. 156) aplica-se, por
analogia, o disposto no § 2º do art. 157. CC, art. 157, §2º. Não se decretará a
anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte
favorecida concordar com a redução do proveito.
CASO HOSPITAL!
Vamos supor que “D” ao conhecer “N”, pede empréstimo a “N” de 500 mil.
“N” fez um contrato de mútuo, pois “D” tem dois imóveis comerciais no valor
de 800 mil. Portanto, “D” é solvente. Ficou acordado que a dívida vencerá no
dia 30/12/16.
Contudo, em maio, “D” transfere um dos imóveis a João. Quando chega
30/12/16, “N” ao cobrar “D” constata que este não tem mais patrimônio –
configuração de fraude contra credores.
Atenção: uma pessoa só pode dispor de bens com relação ao patrimônio que a
ela pertence.
Ocorre que, mesmo tendo patrimônio próprio, a pessoa só pode dispor dos seus
bens ATÉ O LIMITE DA INSOLVÊNCIA (que no exemplo é de até 500 mil).
Além do eventus damni, é necessário que “N” tenha que provar que “D” e João
estavam mancomunados no intuito de enganá-lo? Não.
CC, art. 158, §2º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos
podem pleitear a anulação deles.
Vamos supor que “N” alugue apartamento a “D”, por 3 mil mensais. “N” exige
um fiador, e então “D” indica João como seu fiador. O aluguel tem início em
março de 2016. E em abril de 2016, João transfere bens próprios para José. Este
ato caracteriza fraude contra credores, porque quando se exige a qualidade de
credor com anterioridade, esta anterioridade NÃO diz respeito ao débito, mas a
causa do negócio jurídico.
Causa: qual foi a causa da relação entre “N” e “D”? A causa foi o contrato de
locação (março de 2016). Portanto, a causa é anterior ao ato de disposição de
bens (abril).
Diz o Enunciado 151, CJF - o ajuizamento da ação pauliana pelo credor com
garantia real (art.158, § 1º) prescinde de prévio reconhecimento judicial da
insuficiência da garantia.
Quem pode ser sujeito PASSIVO da ação pauliana? Podem ser réus: alienante e
adquirente do bem – há um LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO
UNITÁRIO.
CC, art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra
o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
CUIDADO!
FRAUDE À EXECUÇÃO
Ato de disposição patrimonial praticado no curso de uma lide com
potencialidade de gerar a insolvência do réu, frustrando seus resultados.
Existe um gênero chamado ALIENAÇÃO FRAUDULENTA que comporta
duas espécies: fraude contra credores (FC) e fraude à execução (FE).
Qual das duas espécies é a mais grave, a mais ofensiva ao ordenamento? É a
fraude à execução (ilícito processual) - é ato atentatório à dignidade da justiça.
QUESTÃO
IADES - 2011 - PGE - DF - Analista Jurídico
Os defeitos dos negócios jurídicos se classificam em vícios de consentimento -
que são aqueles em que a vontade não é expressa de maneira absolutamente
livre -, e vícios sociais - em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a
intenção pura e de boa-fé que enuncia. Assinale a alternativa correta sobre o
tema defeitos dos negócios jurídicos.
a) É de cinco anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico
contado, no caso do erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico.
b) Não serão passíveis de anulação os negócios jurídicos, quando as declarações
de vontade emanarem de erro substancial, aqueles que poderiam ser percebido
por pessoa de diligência normal.
c) O vício da coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente temor de dano iminente e considerável à sua pessoa ou à sua
família, não havendo previsão legal para eventuais danos em desfavor de bens
do paciente.
d) Prescreve o Código Civil que o simples temor reverencial se equipara ao
vício de coação, ou seja, terá potência suficiente para anular o negócio jurídico.
e) O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a
responder civilmente até a importância do proveito que teve. No caso de dolo
perpetrado pelo representante convencional, o representado responderá
solidariamente como ele por perdas e danos..
5.7 SIMULAÇÃO
Não há vício na vontade do declarante, que age por livre vontade com o
declaratário para fins espúrios, contra a lei, contra a sociedade
Vício Social que é contra ordenamento
A SIMULAÇÃO pode ser de 2 formas:
ABSOLUTA: firma-se o negócio a partir de uma declaração de vontade
emitida para não gerar efeito! Situação IRREAL, LESIVA ao terceiro,
por meio de ato aparentemente legal e perfeito, mas INEFICAZ.
Ex.: divórcio, com partilha de bens. Marido simula dívida com
amigo e faz dação em pagamento do bem como pagamento. JOGO
DE CENA para prejudicar esposa.
Art 102 – SIMULAÇÃO INOCENTE não gera nulidade negócio válido. Ex:
homem solteiro
Art.: 167: É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se
dissimulou, se válido for na substância e forma.
§1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas
às quais realmente se conferem ou transmitem;
II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
verdadeira;
III – os instrumentos particulares forem antedatados ou pós datados.
Art. 110: A manifestação de vontade subsiste ainda que seu o autor haja
feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento.
VALIDADE exteriorização
Ex.: marketing doação a fundação.
Classificação:
a) Nulidade absoluta e relativa: contraria norma cogente, de ordem pública
ou disposições privadas;
b) Nulidade originária e sucessiva: nascida no ato ou de causa
superveniente;
c) Nulidade total e parcial: quando atinge todo o ato ou contamina apenas
parte do negócio (P. da Conservação)
NULIDADE ABSOLUTA
ARTS. 166 e 167 do CC/02: É NULO o negócio jurídico quando:
a) Celebrado por absolutamente incapaz;
b) Ilícito, impossível ou indeterminável seu objeto;
c) Motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
d) Não revestir forma prescrita em lei;
e) Sem solenidade que lei determina como essencial;
f) Objeto de fraudar lei imperativa;
g) Lei expressar que tal ato é nulo ou proibir-lhe a prática;
h) simulação
EFEITO: retroage até a data da realização do ato – ex tunc status quo ante
perdas e danos (resultado prático equivalente).
NULIDADE RELATIVA
Prescrição
Agora imagine que “Lara” deixe passar 10 anos. O que acontece? Nessa
circunstância, surge um FATO JURÍDICO chamado PRESCRIÇÃO – é um
fato jurídico, porque nasceu pelo decurso do tempo, isto é, o credor ficou inerte,
não exerceu sua pretensão, surgindo a prescrição. Essa prescrição faz surgir ao
devedor uma EXCEÇÃO.
Decadência
Na prescrição, o credor tem direito subjetivo. Violado este direito, nasce uma
pretensão (exigibilidade). Diz-se que ela é horizontal, porque o direito subjetivo
consubstancia-se no direito do credor a uma prestação (dar, fazer e não-fazer)
do devedor. Estabelece-se uma relação de cooperação entre devedor e credor.
PRAZOS
CC, art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja
fixado prazo menor.
CC, art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar
da data da conclusão do ato.
CC, art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Causas interruptivas
Surgem quando o credor, até então inerte, começa a tomar conduta proativa,
demonstrando que ainda está interessado no crédito.
CC, art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma
vez, dar-se-á
ATENÇÃO: ressalva de que “somente poderá ocorrer uma vez PELA MESMA
CAUSA” - surge a diretriz da OPERABILIDADE.
Ex.: o ajuizamento da ação interrompe o prazo da prescrição. Contudo, após da
sequencia à ação, o autor fica inerte. Passados 10 anos, o autor ajuíza
novamente a mesma ação. Nesse caso, o prazo não se interrompe, a fim de
evitar que o credor quebre a boa-fé objetiva que se espera com o devedor
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez,
dar-se-á:
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
CC, art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma
vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
ATENÇÃO!!!
Ex.: direito de denunciar contrato (resilição unilateral) pelos 3 primeiros anos.
Passado 4 anos, o credor deseja denunciar o contrato (decisão unilateral,
imotivada). Isso é possível? Não. Mas mesmo assim, o credor ajuíza ação de
denunciação. Nesse caso, o juiz NÃO pode decretar de ofício a decadência. Isso
porque, nessas circunstâncias opera a chamada DECADÊNCIA
CONVENCIONAL.
CC, art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode
alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a
alegação.
CC, art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência
as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
Ex.: do momento da reclamação até a resposta negativa do fornecedor há a
interrupção do prazo. A partir da resposta, o prazo começa a contar do zero.