Vícios Do Negócio Jurídico - PDF 2

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Direito Civil II

Prof. Dhyego Fernandes


Vícios do NJ
De qual vícios
estamos falando?
De qual vícios
estamos falando?
Vícios que impedem seja
a vontade declarada livre
e de boa-fé, prejudicando,
por conseguinte, a
validade do negócio
jurídico.
Tais vícios atingem a sua
vontade ou geram uma
repercussão social, tornando o
negócio passível de ação
anulatória ou declaratória de
nulidade pelo prejudicado ou
interessado.
O problema acomete a
vontade, repercutindo na
validade do negócio celebrado
(segundo degrau da Escada
Ponteana).
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA

O erro é um engano fático, uma


falsa noção, em relação a uma
pessoa, ao objeto do negócio ou a
um direito, que acomete a vontade
de uma das partes que celebrou o
negócio jurídico.
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA
Art. 138. São anuláveis os
negócios jurídicos, quando as
declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia
ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio.
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA

Ou seja, mesmo percebendo a


pessoa que está agindo sob o vício
do erro, do engano, a anulabilidade
do negócio continua sendo
perfeitamente possível.
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA

O cc adotou o princípio da
confiança, não interessando se o
erro é escusável (justificável) ou
não.
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA

Enunciado n. 12, da JDC: “na


sistemática do art. 138, é
irrelevante ser ou não escusável o
erro, porque o dispositivo adota o
princípio da confiança”.
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA

DEBATE SOBRE A NECESSIDADE


DO ERRO SER ESCUSÁVEL OU
NÃO
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA

BOA-FÉ? ERRO DEVE SER


ESCUSÁVEL OU JUSTIFICÁVEL?
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA

Imagine-se que um jovem estudante recém-chegado do


interior de Mato Grosso do Sul a Campo Grande vá até o
Viaduto da Ceará, no centro da Capital. Lá, na ponta do
viaduto, encontra um vendedor – na verdade, um
ambulante que vende pilhas – com uma placa "Vende-se".
O estudante sul-mato-grossense então paga R$ 5.000,00
pensando que está comprando o viaduto, e a outra parte
nada diz. No caso descrito, o erro é muito grosseiro, ou
seja, não escusável, e, pela sistemática anterior, a venda
não poderia ser anulada.
DO ERRO E DA
IGNORÂNCIA
A pessoa engana-se sozinha,
parcial ou totalmente, sendo
anulável o negócio toda vez que o
erro ou a ignorância for
substancial ou essencial, nos
termos do art. 139 do CC
ERRO
SUBSTANCIAL
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal
da declaração, ou a alguma das qualidades a ele
essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da
pessoa a quem se refira a declaração de vontade,
desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à
aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
negócio jurídico.
ERRO
SUBSTANCIAL

Interessar à natureza do
negócio (error in negotia), ao
objeto principal da declaração
(error in corpore), ou a alguma
das qualidades a ele essenciais
(error in substantia).
ERRO
SUBSTANCIAL

Exemplo: comprar
bijuteria pensando
tratar-se de ouro
(comprar gato por
lebre).
ERRO
SUBSTANCIAL

Disser respeito à identidade ou à


qualidade essencial da pessoa a
quem se refira a declaração de
vontade, desde que tenha
influído nesta de modo relevante
(erro quanto à pessoa ou error
in persona).
ERRO
SUBSTANCIAL
Exemplo: ignorar um vício
comportamental de alguém e
celebrar o casamento com essa
pessoa.
O art. 1.557 do CC traz as
hipóteses que podem motivar a
anulação do casamento por erro.
QUESTINA-SE

JOÃO GALINHA
VASECTOMIZADO?

LANA SAFIRA,
MULHER TRANS?
ERRO DE DIREITO

Constituir erro de direito e não


implicar em recusa à aplicação
da lei, sendo o motivo único ou
causa principal do negócio
jurídico (erro de direito ou error
iuris).
ERRO DE DIREITO

Imagine-se o caso de um locatário de


imóvel comercial que celebra novo contrato
de locação, mais oneroso, pois pensa que
perdeu o prazo para a ação renovatória.
Sendo leigo no assunto, o locatário assim o
faz para proteger o seu ponto empresarial.
Pois bem, cabe a alegação de erro de direito
essencial ou substancial, a motivar a
anulação desse novo contrato.
ERRO ACIDENTAL

Sabe-se que o erro acidental


diz respeito aos elementos
secundários, e não
essenciais do negócio
jurídico.
ERRO ACIDENTAL

O erro acidental não gera a


anulabilidade do negócio,
não atingindo o plano de sua
validade.
ERRO ACIDENTAL

Ao contrário do erro
essencial, no erro acidental o
contrato é celebrado mesmo
sendo conhecido pelos
contratantes.
ERRO ACIDENTAL

O erro acidental está previsto no art.


142 do Código Civil, eis que nos casos de
erro quanto ao objeto (error in corpore)
e de erro quanto à pessoa (error in
persona), não se anulará o negócio
jurídico quando for possível a
identificação dessa coisa ou pessoa
posteriormente.
ERRO ACIDENTAL

Art. 142. O erro de indicação da pessoa


ou da coisa, a que se referir a
declaração de vontade, não viciará o
negócio quando, por seu contexto e
pelas circunstâncias, se puder
identificar a coisa ou pessoa cogitada.
ERRO ACIDENTAL

Exemplo: Tião da cana, compra um


veículo para presentear sua filha Valen.
Na véspera da data festiva descobre o
pai que o aniversário é do seu filho
Enzinho. Tal motivo, em regra, não pode
gerar a anulabilidade do contrato de
compra e venda desse veículo.
ERRO ACIDENTAL

O objetivo da compra era presentear


um dos filhos, não importando àquele
que vendeu o bem qual deles seria
presenteado.
ART. 141 DO CC

Art. 141. A transmissão errônea da


vontade por meios interpostos é
anulável nos mesmos casos em que o é
a declaração direta.
ART. 141 DO CC

O novo Código deu redação mais


precisa ao dispositivo, deixando
expresso que a transmissão errônea da
vontade por meios interpostos é causa
de anulabilidade e não de nulidade.

Aplicado mais aos contratos eletrônicos.


ERRO MATERIAL
RETIFICÁVEL
Sendo certo que o erro de cálculo não
anula o negócio, mas apenas autoriza a
possibilidade de retificação da
declaração de vontade, hipótese de
convalidação prévia. Cabe apenas a
correção do cálculo mal elaborado, o
que está de acordo com o princípio da
conservação dos negócios jurídicos.
ART. 144 DO CC
O erro não prejudica a validade do negócio
jurídico quando a pessoa, a quem a
manifestação de vontade se dirige,
oferecer-se para executá-la na
conformidade da vontade real do
manifestante.
ART. 144 DO CC
Se Dra. Deo pensar que comprou o lote n. 4
na quadra bet quando, na verdade, adquiriu o
lote n. 4 na quadra tigre, ter-se-á um erro
substancial. No entanto, o ato negocial não
será invalidado se Jojo Yopro, a vendedora,
vier a entregar-lhe o lote n. 4 da quadra tigre,
já que, ao final, não houve qualquer prejuízo
a Dra. Deo, pois o negócio foi executado em
conformidade com sua vontade real.
PRAZO - ART. 178,
II, do CC
DECADENCIAL DE 4 (QUATRO) ANOS A
CONTAR DA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO.
DOLO
O dolo pode ser
conceituado como o
artifício ardiloso
empregado para enganar
alguém, com intuito de
benefício próprio.
DOLO

O dolo é a arma do
estelionatário,
DOLO
De acordo com o art. 145
do CC, o negócio
praticado com dolo é
anulável, no caso de ser
este a sua causa.
DOLO
Esse dolo, causa do
negócio jurídico, é
conceituado como dolo
essencial, substancial ou
principal (dolus causam).
DOLO
Em casos tais, uma das partes do
negócio utiliza artifícios maliciosos,
para levar a outra a praticar um
ato que não praticaria
normalmente, visando a obter
vantagem, geralmente com vistas
ao enriquecimento sem causa.
DOLO ACIDENTAL
De acordo com o art. 146 do CC,
haverá dolo acidental quando o
negócio seria praticado pela parte,
embora de outro modo. Preferimos
defini-lo como aquele que não é
causa do ato (dolus incidens). Assim,
quando se tem o dolo acidental, o
negócio seria celebrado de qualquer
forma, presente ou não o artifício
malicioso.
DOLO DE TERCEIRO
Conforme o art. 148 do CC, isso
pode acontecer se a parte a quem
aproveite dele tivesse ou devesse
ter conhecimento.
DOLO DE TERCEIRO
Em caso contrário, ainda que válido
o negócio jurídico, o terceiro
responderá por todas as perdas e
danos da parte a quem ludibriou
DOLO DE TERCEIRO
Simplificando, tendo conhecimento
o contratante ou negociante
beneficiado, haverá dolo essencial.
Não havendo tal conhecimento, o
dolo é acidental, o que logicamente
depende de prova.
DOLO DE TERCEIRO
DOLO DE
REPRESENTANTE
O dolo do representante legal de uma
das partes só obriga o representado a
responder civilmente até a importância
do proveito que teve. Mas se o dolo for
do representante convencional, o
representado responderá
solidariamente com ele por perdas e
danos.
DOLO DE
REPRESENTANTE
Art. 149. O dolo do representante legal
de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente
até a importância do proveito que teve;
se, porém, o dolo for do representante
convencional, o representado
responderá solidariamente com ele por
perdas e danos.
DOLO - QUANTO AO
CONTEÚDO

Dolus bonus (dolo bom)

Dolus malus (dolo mau)


DOLO BOM
Pode ser concebido em dois sentidos.
Inicialmente, é o dolo tolerável, aceito
inclusive nos meios comerciais. São os
exageros feitos pelo comerciante ou
vendedor em relação às qualidades de
um bem que está sendo vendido, mas
que não têm a finalidade de prejudicar
o comprador
DOLO BOM
O negócio em que está presente esta
modalidade de dolo não é passível de
anulação, desde que não venha a
enganar o consumidor, mediante
publicidade enganosa, prática abusiva
vedada pelo art. 37, § 1.º , do Código de
Defesa do Consumidor.
DOLO BOM

Em suma, a lábia do comerciante,


inicialmente, é exemplo de dolus bonus.
DOLO BOM

Entretanto, se o vendedor utilizar


artifícios de má-fé para enganar o
consumidor, o ato poderá ser anulado.
DOLO BOM

Por outro lado, haverá também dolus


bonus no caso de uma conduta que
visa trazer vantagens a outrem, como,
por exemplo, a de oferecer um
remédio a alguém alegando ser um
suco, para curar essa pessoa, caso em
que também não se pode falar em
anulabilidade.
DOLO BOM

Pode-se citar, ainda, como exemplo que


se enquadra nos dois conceitos, o
espelho colocado em uma loja, que
emagrece o comprador. Trata-se de
um artifício tolerável que faz até bem à
pessoa.
DOLO MAU

Este sim consiste em ações astuciosas


ou maliciosas com o objetivo de
enganar alguém e lhe causar prejuízo.
Quando se tem o dolo mau, o negócio
jurídico poderá ser anulado se houver
prejuízo ao induzido e benefício ao
autor do dolo ou a terceiro.
DOLO - QUANTO
CONDUTA DAS
PARTES
Dolo positivo (ou
comissivo)

Dolo negativo (ou omissivo)

Dolo recíproco ou bilateral


DOLO POSITIVO

É o dolo praticado por ação (conduta


positiva). Exemplo: a publicidade
enganosa por ação: alguém faz um
anúncio em revista de grande
circulação pela qual um carro tem
determinado acessório, mas quando o
comprador o adquire percebe que o
acessório não está presente.
DOLO NEGATIVO

É o dolo praticado por omissão


(conduta negativa), situação em que um
dos negociantes ou contratantes é
prejudicado. Também é conhecido por
reticência acidental ou omissão dolosa.
DOLO NEGATIVO

Exemplo ocorre nas vendas de


apartamentos decorados, em que não
se revela ao comprador que os móveis
são feitos sob medida, induzindo-o a
erro (publicidade enganosa por
omissão).
DOLO NEGATIVO

Citem-se, ainda, as vendas de imóveis


na planta, em que não se informa aos
adquirentes que não será possível
instalar aparelhos de ar-condicionado
nas unidades ou fechar a varanda, por
expressa proibição constante da
convenção de condomínio.
DOLO NEGATIVO
O art. 147 do CC traz previsão expressa
quanto à omissão dolosa, caracterizada
por eventual silêncio intencional de
uma das partes, a respeito de fato ou
qualidade que a outra ignorava. Para a
caracterização desse dolo omissivo é
preciso que o prejudicado prove que
não celebraria o negócio se a omissão
não ocorresse.
DOLO BILATERAL
É a situação em que ambas as partes
agem dolosamente, um tentando
prejudicar o outro mediante o
emprego de artifícios ardilosos.
DOLO BILATERAL
Em regra, haverá uma compensação
total dessas condutas 2.5.5.3 movidas
pela má-fé, consagração da regra pela
qual ninguém pode beneficiar-se da
própria torpeza (nemo auditur
propriam turpitudinem allegans),
inclusive se presente de forma
recíproca.
DOLO BILATERAL
Segundo o art. 150 do CC/2002, não
podem as partes alegar os dolos
concorrentes, permanecendo incólume
o negócio jurídico celebrado, não
cabendo também qualquer indenização
a título de perdas e danos.
DOLO BILATERAL
Exemplificando, se duas ou mais pessoas
agirem com dolo, tentando assim se
beneficiar de uma compra e venda, o ato
não poderá ser anulado. De toda sorte, se
os dolos de ambos os negociantes
causarem prejuízos de valores diferentes,
pode ocorrer uma compensação parcial
das condutas, o que gera ao prejudicado
em quantia maior o direito de pleitear
perdas e danos da outra parte.
Se você levantar
do caixão o
velório acaba.

Obrigado!

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