Pessoas, Relações Familiares E Sucessórias: Prof. Gabrielli Amaral de Souza
Pessoas, Relações Familiares E Sucessórias: Prof. Gabrielli Amaral de Souza
Pessoas, Relações Familiares E Sucessórias: Prof. Gabrielli Amaral de Souza
E SUCESSÓRIAS
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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Quando a vontade se manifesta com algum vício, o negócio se torna anulável. O nosso
Código Civil disciplina esses vícios no art. 171,II, quais sejam: erro, dolo, coação, estado de
perigo, lesão e fraude contra terceiros.
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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Tais “defeitos”, exceto a fraude contra terceiros e a simulação, são chamados de vícios
de consentimento, criam uma divergência entre a vontade manifestada e a real intenção de
quem a exteriorizou.
Já a fraude contra credores é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros, por
isso é considerada vício social.
Os defeitos ou vícios no negócio jurídico são as imperfeições que podem surgir,
decorrentes de anomalias na formação da vontade humana ou na sua declaração.
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4. Defeitos do negócio jurídico:
Vícios sociais: em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura e de boa-fé
de que enuncia.
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4. Defeitos do negócio jurídico:
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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
A ação anulatória é utilizada para anular o negócio jurídico que contenha defeitos,
possuindo o prazo decadencial de quatro anos (CC. art. 178, I e II), contado: (i) no caso de
coação, do dia em que ela cessar;"' e (ii) nas hipóteses de erro, dolo, fraude contra credores,
estado de perigo e lesão, da data em que o ato negocial foi celebrado.
Nas demais hipóteses em que a lei dispuser sobre a anulabilidade de determinado ato,
sem estabelecer prazo específico para pleitear-se a anulação, este será de dois anos,
consoante a determinação do art. 179, CC. É a chamada regra subsidiária do prazo de
anulabilidade de atos jurídicos.
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NULIDADE ANULABILIDADE
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CONCEITO DE ERRO
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CONCEITO DE ERRO
Por não ser fácil penetrar no íntimo do agente para saber o que lhe passou
pela cabeça no momento da possível ocorrência do erro, poucas ações
anulatórias são manejadas com base no erro. Torna-se mais fácil de se provar o
dolo, pois pode-se provar a indução do terceiro.
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ESPÉCIES DE ERRO
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ESPÉCIES DE ERRO
Segundo o art. 139, CC, o erro substancial pode assumir diferentes feições:
i) Erro quanto à natureza do negócio (errar in negatia), podendo ser mencionada a
hipótese de alguém que imagina estar realizando compra e venda, quando, na verdade,
encontra-se praticando doação;
ii) Erro quanto ao objeto principal da declaração (errar in corpare), é o que incide sobre
a identidade do objeto, como no caso do comprador que adquire imóvel em uma rua
imaginando se tratar de outra rua homônima, ou do antiquário que adquire um relógio de
bolso na convicção de que pertenceu a D. Pedro II, quando jamais pertenceu ao Imperador;
iii) Erro quanto alguma das qualidades essenciais do objeto principal, diz respeito a
suposição de que o objeto possui determinada qualidade que, posteriormente, se verifica
inexistir, podendo ser lembrado o exemplo da pessoa que compra relógio dourado crendo ser
de ouro, ou candelabros prateados, mas que são de material inferior;
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ESPÉCIES DE ERRO
iv) Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de
vontade (error in persona), pode auferir tanto a identidade quanto as qualidades da pessoa.
Ademais, para que tenha o condão de invalidar deve influenciar de modo relevante na
declaração de vontade. Tem-se como exemplo o testamentário que deixa bem a filho que
julga ser seu, mas que se descobre ser de outro. Porém tal erro pode vir a ser sanado quando
se puder identificar a coisa ou a pessoa (art. 142, CC).
v) Erro de direito é o falso conhecimento, ignorância ou interpretação errônea da norma
jurídica aplicável a situação. Não serve para alegar desconhecimento da lei, serve para
justificar possível conduta não praticável. Ex. pessoa que contrata a importação de uma
mercadoria ignorando lei que proíbe sua importação. A ignorância foi a causa para o ato e
pode ser alegada para anular o contrato, sem com isso se pretender descumprir a lei.
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ESPÉCIES DE ERRO
1.2 - Erro acidental: se refere as circunstancias de menor importância e que não acarretam
efetivo prejuízo, se conhecida a realidade, mesmo assim o negócio teria acontecido. Refere-
se a qualidades secundárias do objeto ou da pessoa.
Erro de cálculo (art. 143, CC): autoriza a retificação da declaração de vontade, não há
nesse caso um vício na manifestação da vontade, mas uma distorção na sua transmissão que
pode ser sanada.
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ESPÉCIES DE ERRO
1.3 - Erro escusável: é o erro justificável, desculpável, que pode ser escusável
dentro do padrão abstrato do “homem médio”, de modo a comparar a conduta
do agente com a da média das pessoas. O STJ decidiu que o erro precisa ser tal
monta que qualquer pessoa de inteligência mediana o cometeria (Resp 744.31
MT, julgado em 19/08/2010.
1.4 – Erro real: é o erro causador de efetivo prejuízo ao interessado, como por
exemplo a compra de um carro 2005, quando na verdade o carro é 2009. tendo
o adquirente sofrido com prejuízo real a partir da compra.
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ESPÉCIES DE ERRO
2 – Falso motivo (art. 140,CC): “o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando
expresso como razão determinante”. Os motivos não possuem relevância para a validade do
negócio jurídico, salvo quando o motivo passe a ser condição essencial. Ex. uma doação feita
a pessoa que salvou sua vida, porém descobre que tal fato não é verdadeiro. A doação só será
passível de anulação se o motivo tiver sido expressamente declarado no instrumento como
razão determinante para o fim.
3 – Transmissão errônea da vontade (art.141,CC): caso o declarante se utilize de interposta
pessoa ou de meio de comunicação para transmissão de vontade e acabe por ocorrer
divergência entre o querido e o que foi transmitido, ocorre o erro passível de anulação.
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ESPÉCIES DE ERRO
4 – Convalescimento do erro (art. 144,CC): se a pessoa a quem a manifestação de vontade se
dirige se propõe a executá-la em conformidade com a vontade real do manifestante o erro
acaba não prejudicando o negócio jurídico.
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CONCEITO DE DOLO
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DIFERENÇA ENTRE DOLO CIVIL E DOLO CRIMINAL
O dolo criminal é a intenção de praticar um ato que se tem conhecimento
de ser contrário a lei. O agente quer ou assume o risco do resultado, agindo
dolosamente (art. 18, I CP). Já o dolo civil é o artifício utilizado para enganar
alguém.
Também se difere do dolo processual dos arts. 79 à 81, CPC, que decorre
da conduta processual reprovável, contrária a boa-fé e que sujeita as partes
praticantes a sanções previstas em lei, tais como: pagamento de perdas e danos,
custas e condenação em honorários advocatícios.
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ESPÉCIES DE DOLO
b) Dolus bonus e dolu malus: o primeiro é o dolo tolerável, que não contém
a gravidade suficiente para viciar a manifestação de vontade. Acaba por não
anular o negócio jurídico porque se espera do agente a diligencia do homem
médio. Ex. vendedor que elogia e superestima mercadoria.
Não obstante o Código de Defesa do Consumidor proíbe a propaganda
enganosa, tolerando o “exagero” até o limite de não induzir em erro o
consumidor.
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ESPÉCIES DE DOLO
b) Dolus bonus e dolu malus: o segundo é revestido de gravidade,
acarretando a anulabilidade do negócio ou a obrigação de fazer cumulada com
perdas e danos, conforme o caso e a intensidade da gravidade que será analisada
pelo juiz no caso concreto.
c) Dolo positivo ou comissivo e dolo negativo ou omissivo: o
procedimento doloso pode revelar-se em ações maliciosas e em
comportamentos omissivos. Ex. art. 180, CC
O art. 147, CC traz a exigência de que a omissão dolosa seja de tamanha
importância que, sem ela, o ato não se teria realizado.
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ESPÉCIES DE DOLO
d) Dolo de terceiro (art.148,CC): ensejará a anulação do negócio se a parte a quem
aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento. Ainda, se o beneficiado pelo dolo de
terceiro não adverte a outra parte, está tacitamente aderindo ao ato astucioso, tornando-se
cúmplice.
Ex. se o comprador é convencido por um terceiro que está adquirindo uma obra de
coleção e o vendedor, escuta a indução, e não alerta o comprador, o negócio torna-se
anulável. Agora se o vendedor não souber do dolo de terceiro, o negócio não se anula, mas o
lesado pode requerer perdas e danos do autor do dolo (art. 148, CC). E se nenhuma das
partes sabia do dolo de terceiro, o negócio não se anula.
Desse modo, incube ao lesado provar que a parte beneficiada pelo dolo de terceiro, dele
teve ou deveria ter conhecimento.
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ESPÉCIES DE DOLO
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ESPÉCIES DE DOLO
f) Dolo bilateral (art. 150, CC): é o dolo em que ambas as partes tem culpa,
cada uma tentando obter vantagem em prejuízo de outrem, não podendo
nenhuma delas invocar o dolo para anular o negócio ou reclamar indenização.
Há uma espécie de compensação entre as partes.
e) Dolo de aproveitamento (art. 157,CC): ocorre quando alguém se
aproveita da situação de necessidade ou da inexperiência do outro contratante
para obter lucro exagerado, manifestamente desproporcional a natureza do
negócio. Pode-se entender que essa espécie de dolo constitui elemento
subjetivo para outro defeito do negócio jurídico que é a lesão.
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CONCEITO DE COAÇÃO
A Coação é toda a ameaça ou pressão psicológica injusta exercida sobre
um indivíduo para forçá-lo, contra sua vontade, a praticar ou realizar um
negócio jurídico.
Tem como característica o emprego da violência psicológica para viciar a
vontade. O temor que a coação inspira torna defeituosa a manifestação do
querer do agente, sendo este o vício de consentimento e não os atos externos
utilizados para desencadear o medo. Nosso direito, ao se referir a esse
defeito, ora o chama de coação (art. 171,II,CC) ora de violência (art.
1.814,III,CC)
A coação é o defeito mais grave que pode afetar o negócio jurídico.
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ESPÉCIES DE COAÇÃO
a) Coação absoluta ou física e coação relativa ou moral: na primeira não
ocorre consentimento ou manifestação de vontade, a vantagem
pretendida pelo coator é obtida por meio de força física. Ex. analfabeto
que é pego a força para colocar sua impressão digital num contrato.
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ESPÉCIES DE COAÇÃO
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REQUISITOS DA COAÇÃO
Nem toda ameaça configura coação, para que ela esteja consubstanciada
devem estar presentes os requisitos do art. 151, CC, quais sejam:
a) Deve ser causa determinante do ato: é necessária uma relação entre a
coação e o ato extorquido, sendo que o negócio foi realizado apenas por haver
grave ameaça ou violência. Incumbe a parte que pretende a anulação do
negócio jurídico o ônus de provar o nexo de causa e efeito entre a violência e
a anuência.
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REQUISITOS DA COAÇÃO
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REQUISITOS DA COAÇÃO
c) Deve ser injusta: a expressão deve ser entendida como contrária ao
direito, ilícita ou abusiva. A parte inicial do art. 153, CC traz: “não se
considera coação a ameaça do exercício normal de um direito”. Como a
ameaça da mulher ao homem para propor ação de investigação de
paternidade, ou do credor de executar crédito vencido do devedor. Tratam-se
de exemplos de atuação do agente de acordo com o seu direito.
Então tem-se que o requisito da injustiça deve ser baseada na conduta de
quem se vale de meios para obter vantagem indevida. Como o agente que
surpreende alguém na prática de um crime e o ameaça a denunciá-lo se não
obter vantagem pecuniária.
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REQUISITOS DA COAÇÃO
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REQUISITOS DA COAÇÃO
e) Deve constituir ameaça de prejuízo à pessoas ou a bens da vítima ou a
pessoas de sua família: a ameaça pode ocorrer de diversas formas, como
sofrimentos físicos, cárcere privado, tortura, danos patrimoniais (incêndio,
depredação, greve).
A “família” trazida no art. 151, CC deve ser entendida como toda a
extensão de laços familiares: noivos, amigos, empregados... Sendo que o
parágrafo único do mesmo diploma legal, inclusive, amplia a abrangência
para pessoas não ligados pelos laços de amizade, cabendo ao juiz a análise do
caso concreto.
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COAÇÃO EXERCIDA POR TERCEIRO
A coação exercida por terceiros vai viciar o negócio jurídico , caso a parte
que se aproveite tivesse ou devesse ter conhecimento, sendo que a
responsabilidade entre os agentes (terceiro e parte que se aproveitou) será
solidária, art. 154, CC. Assim, a coação só vai viciar o negócio permitindo a
sua anulação se houver uma cumplicidade entre a parte que se beneficiou e o
terceiro.
Em tempo, o art.155, CC faz referencia ao princípio da boa-fé validando o
negócio jurídico quando a coação partiu de terceiro e a parte que se
aproveitou não tinha conhecimento.
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CONCEITO DE LESÃO
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A LESÃO NO CÓDIGO CIVIL
O Código Civil de 2002 prevê a lesão como modalidade de defeito do negócio jurídico
caracterizado pelo vício do consentimento:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
§ 1º Aprecia‐se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em
que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou
se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
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A LESÃO NO CÓDIGO CIVIL
O art. 157 do Código Civil objetiva reprimir a exploração
usurária de um contratante por outro, em qualquer contrato bilateral,
a fim de proteger o lesado.
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DIFERENCIANDO A LESÃO DOS DEMAIS VÍCIOS
Lesão x Erro: no erro, o agente manifesta a sua vontade ignorando a realidade
ou tendo dela uma falsa ideia. Se a conhecesse ou dela tivesse ideia verdadeira, não
faria o negócio. Na lesão, tal não ocorre, visto que a parte tem noção da desproporção
de valores. Realiza o negócio, mesmo assim, premido pela necessidade patrimonial.
Lesão x Dolo: quando a outra parte induz em erro o agente, mediante o emprego
de artifício astucioso, configura‐se o dolo. Nos negócios comprometi ‐dos pela lesão,
simplesmente aproveita‐se uma situação especial, como de ne‐cessidade ou
inexperiência, não havendo necessidade de que a contraparte indu ‐za a vítima à
prática do ato.
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DIFERENCIANDO A LESÃO DOS DEMAIS VÍCIOS
Lesão x Coação: na coação, a vítima não age livremente. A vontade é
imposta por alguém mediante grave ameaça de dano atual ou iminente. Na
lesão, ela decide por si, pressionada apenas por circunstâncias especiais,
provenientes da necessidade ou da inexperiência.
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ELEMENTOS DA LESÃO
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ELEMENTOS DA LESÃO
Não obstante, importa salientar que uma pessoa pode ser considerada em
estado de inferioridade para certos negócios, em razão de suas próprias
condições pessoais ou de circunstâncias do momento da celebração, e não ser
considerada como tal para outro.
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ELEMENTOS DA LESÃO
A inexperiência deve ser relacionada ao contrato, consistindo na falta de
conhecimentos técnicos ou habilidades relativos à natureza da transação.
Portanto, inexperiência não significa falta de cultura, pois até pessoa
erudita e inteligente, às vezes, celebra contrato sem perceber bem o seu alcance,
por não ser sua atividade comum.
A lei refere-se à inexperiência contratual ou técnica, que se aferirá tanto em
relação à natureza da transação quanto à pessoa da outra parte.
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EFEITOS DA LESÃO
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o
negócio jurídico:
[...]
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EFEITOS DA LESÃO
[...]
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EFEITOS DA LESÃO
O Código Civil faz, porém, uma ressalva (art. 157, §2º): não se decretará a
anulação do negócio “se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte
favorecida concordar com a redução do proveito”.
“Pode o lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio, deduzindo, desde
logo, pretensão com vistas à revisão judicial do negócio por meio da redução do
proveito do lesionador ou do complemento do preço”.
Assim, o lesionado poderá, desse modo, optar pela anulação ou pela revisão do
contrato, formulando pedido alternativo: a anulação do negócio ou a
redução/complementação do preço.
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EFEITOS DA LESÃO
IMPORTANTE: Mesmo que o autor da ação postule somente a anulação do
contrato, será facultado ao outro contratante ilidir a pretensão de ruptura do
negócio, mediante o referido suplemento, suficiente para afastar a manifesta
desproporção entre as prestações e recompor o patrimônio daquele, salvando a
avença.
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EFEITOS DA LESÃO
A lesão pode estar presente em todo contrato bilateral e oneroso, que
suscita prestações correlatas, sendo a relação entre vantagem e sacrifício
decorrente da própria estrutura do negócio jurídico.
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EFEITOS DA LESÃO
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DIFERENCIANDO A LESÃO DOS DEFEITOS DO NJ
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LESÃO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
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LESÃO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
O art. 39, V, do CDC, por sua vez, considera prática abusiva “exigir do
consumidor vantagem manifestamente excessiva”.
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CONCEITO DE ESTADO DE PERIGO
O estado de perigo pode ser compreendido como a situação de extrema
necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume
obrigação desproporcional e excessiva.
Contudo, para que tal vício esteja presente, é necessário que a outra parte
tenha conhecimento da situação de risco que atinge o primeiro.
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EXEMPLOS DE ESTADO DE PERIGO
• Alguém que tem pessoa de sua família sequestrada, tendo sido fixado o valor do
resgate em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Um terceiro conhecedor do sequestro
oferece para a pessoa justamente os dez mil por uma joia, cujo valor gira em torno
de cinquenta mil reais. A venda é celebrada, movida pelo desespero da pessoa que
quer salvar seu familiar.
• Iminência de dano atual e grave: o perigo de dano deve ser atual, iminente, capaz de
transmitir o receio de que, se não for interceptado e afastado, as consequências temidas
fatalmente advirão. Se não tiver essa característica, inexistirá estado de perigo, pois haverá
tempo para o declarante evitar a sua consumação.
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ELEMENTOS DO ESTADO DE PERIGO
• Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano: a
vontade deve se apresentar distorcida em consequência do perigo de dano,
que não precisa ser concreto. Ou seja, basta que o agente suponha a sua
existência do dano.
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ELEMENTOS DO ESTADO DE PERIGO
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ELEMENTOS DO ESTADO DE PERIGO
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ELEMENTOS DO ESTADO DE PERIGO
• Assunção de obrigação excessivamente onerosa: é imprescindível que as
condições sejam significativamente desproporcionais, capazes de provocar
profundo desequilíbrio contratual entre as partes.
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EFEITOS DO ESTADO DE PERIGO
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o
negócio jurídico:
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EFEITOS DO ESTADO DE PERIGO
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação
do negócio jurídico, contado:
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EFEITOS DO ESTADO DE PERIGO
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EFEITOS DO ESTADO DE PERIGO
Para o autor, a utilização da teoria do diálogo das fontes e, através dela, a aplicação do
Código de Defesa do Consumidor aos casos propicia solução mais satisfatória aos
consumidores.
Isso porque interpretar as exigências exageradas por hospitais como práticas e cláusulas
abusivas do CDC afastaria o debate acerca da necessária verificação de sacrifício patrimonial
extremo do contratante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil Brasileiro: 1 parte geral. 17ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2019.
FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. Cristiano Chaves de
Farias, Nelson Rosenvald. 16ª ed. ver., ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.
TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral – v. 1. 15ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2019.
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil – v.1. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2013.
CHREIBER, Anderson. Manual de direito civil contemporâneo. 2ª edição. São Paulo: Saraiva,
2019.
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