Tochime Miguel Hino
Tochime Miguel Hino
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Resumo
Este artigo tem como objetivo abordar as questões relativas à gestão ambiental dos
cemitérios e o grave problema de contaminação por necrochorume. O questionamento que
deu origem à pesquisa é o fato de que se debate o assunto, porém não se sabe exatamente
qual é a situação real dos cemitérios no Brasil. Como os órgãos ambientais fiscalizam os
cemitérios existentes? Pretende-se verificar os bons exemplos de prevenção e de medidas
mitigadoras. Conhecer quais são as outras alternativas de sepultamentos, além do
tradicional, menos agressivo ao meio ambiente. Muitos cemitérios brasileiros foram
implantados, quando não existiam leis ambientais específicas e, terão que se adaptar as
novas normas. Este artigo foi desenvolvido a partir de revisões bibliográficas, com base em
artigos científicos publicados sobre cemitérios e seus resíduos nocivos ao meio ambiente e a
saúde pública. Para isso, foi feita uma revisão da literatura disponível na internet. Concluiu-
se que existem algumas boas práticas e ações implementadas, por outro lado, ainda existe
muito trabalho a ser efetuado, tendo em vista a falta de seriedade das autoridades e, o
abandono em que se encontram os cemitérios existentes pelo país.
1. Introdução
Este artigo pretende apresentar alguns estudos efetuados por pesquisadores, professores,
gestores e peritos ambientais, técnicos e profissionais de engenharia, geologia, química e
demais áreas, tendo como foco principal o grave problema dos cemitérios horizontais, com
sepultamentos convencionais em túmulos, com a discussão em torno do necrochorume, desde
a sua origem iniciando-se pelas inumações, o estudo do tipo de solo existente, das águas
superficiais e do lençol freático, a localização dos cemitérios e do seu entorno. O artigo
estrutura-se em várias partes, divididas da seguinte forma: inicia-se com esta introdução,
seguida da gestão ambiental dos cemitérios, a questão da contaminação por necrochorume, o
estudo da vulnerabilidade do meio físico de subsuperfície à contaminação, seguida dos riscos
de contaminação da água subterrânea e da água superficial, a situação atual dos cemitérios
brasileiros, o monitoramento e medidas mitigadoras, discussões e resultados, a conclusão do
artigo e finalmente a apresentação das referências bibliográficas. O estudo sobre este tema se
insere na área de conhecimento, práticas de Gestão Ambiental de Resíduos, cujo interesse da
pesquisa se iniciou, pela leitura de várias pesquisas e estudos encontrados, com as discussões
em torno do necrochorume, cuja relevância de estudos é muito grande, devido à contaminação
dos solos e das águas subterrâneas. A seleção dos artigos se justifica pela disponibilidade on
line e pela facilidade dos mecanismos de busca. O recorte temporal que se utilizou para a
pesquisa bibliográfica inicia-se em 1980 e finaliza-se em 2012. As localidades consideradas
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neste artigo são cemitérios de alguns municípios brasileiros, que foram palco de estudos
geológicos, hidrogeológicos, ensaios de campo e de laboratório, monitorados por um tempo
determinado e, desta forma tornaram-se objeto e referência de algumas dissertações, artigos e
trabalhos acadêmicos. Os artigos e demais publicações são assinados pelos autores ou citados
por outros, de modo que serão consideradas as discussões e os resultados obtidos, bem como
responder as questões levantadas neste artigo. Desta forma, este trabalho foi desenvolvido a
partir de revisões bibliográficas, com base em artigos e estudos científicos publicados sobre
cemitérios, tendo como ênfase os males que os mesmos podem ocasionar ao meio ambiente.
Esta pesquisa sugere uma possibilidade de outros estudos de aprofundamento sobre o tema do
necrochorume e, os seus efeitos poluidores e nocivos à saúde da população, bem como da
gestão ambiental dos cemitérios, como empreendimento viável para acesso à população. O
presente artigo tem como objetivo geral: Pesquisar como o problema do necrochorume é
gerenciado em alguns cemitérios brasileiros; como objetivos específicos: entender a ação dos
órgãos ambientais na fiscalização e monitoramento das atividades em alguns municípios.
Conhecer os estudos científicos publicados, os principais problemas ambientais, as medidas
preventivas e mitigadoras, elucidar a questão da contaminação das águas subterrâneas e a
gestão ambiental dos cemitérios como um todo.
A população cresce sem parar e o número de óbitos também. As inumações são feitas em
cemitérios, que podem provocar grandes impactos ambientais na região em que estão
instalados. A Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº335 de 3 de
abril de 2003 e a 402/08, regulamentam e estabelecem critérios mínimos que devem ser
integralmente cumpridos na elaboração dos projetos de sua implantação dos cemitérios, como
forma de garantir a decomposição normal do corpo e proteger as águas subterrâneas da
infiltração do necrochorume e a contaminação do solo.
Silva L., (2011), em sua pesquisa realizada em 600 cemitérios no Brasil, constatou-se que
75% dos casos de problemas de contaminação e de poluição verificados, eram originados por
cemitérios municipais e 25% por cemitérios particulares, com sérios problemas de locação,
aspectos construtivos e da falta de uma gestão ambiental. Verificou-se que os impactos
ambientais são mais freqüentes em cemitérios municipais, os quais em geral, são implantados
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e operados de forma negligente e, sem adoção de medidas mitigadoras por parte dos
municípios. Com o crescimento populacional, os cemitérios hoje estão localizados em regiões
centrais, que sofrem desvalorização imobiliária no seu entorno. O que se constata na realidade
é a total falta de gestão ambiental dos cemitérios. Entre os cemitérios pesquisados encontram-
se os cemitérios municipais de São José do Rio Preto (SP), Catanduva (SP) e de Votuporanga
(SP), onde apontaram irregularidades no processo de sepultamento e a maneira de se lidar
com os resíduos, provenientes da decomposição dos corpos. Segundo a pesquisa, passaram-se
20 anos e a situação permanece a mesma, ninguém cobra o cumprimento das resoluções ou
fiscaliza a situação.
Por outro lado, a CETESB, instituição paulista responsável por fiscalizar os cemitérios
particulares ou municipais, somente entra com pedido de vistoria em um cemitério, se houver
uma denúncia com o caso comprovado de contaminação. Portanto, não há uma ação
sistematizada ou mesmo esporádica; para fiscalizar seria preciso perfurar o solo e isso seria
inviável, visto que seria necessário manter trabalhadores especializados em seu quadro
funcional. O órgão ambiental fiscaliza o processo de implantação dos cemitérios, porém após
esse período não há mais atuações. Fiscaliza-se o processo, mas não há monitoramento do
solo, das águas superficiais e subterrâneas após a implantação, na fase de operação dos
empreendimentos.
Existem alguns cemitérios construídos dentro das leis ambientais, obedecendo-se toda a
legislação vigente, porém ainda a maioria dos casos estudados e referenciados nos trabalhos
encontrados, registra-se muitos casos de total abandono, sem nenhuma preocupação com o
meio ambiente muito menos com a população e as condições do entorno. É fato de que com a
implantação de um cemitério em uma localidade, os impactos ambientais e sanitários tendem
a se manifestar, pois altera significativamente o meio em que se está inserido. Com certeza,
estes locais não voltarão mais a serem os mesmos, salvo a implantação de sérias medidas de
prevenção e de mitigação.
De acordo com Pacheco et. al., (1997), cada corpo decomposto libera até 40 litros de
chorume. O processo de putrefação é composto por duas fases principais: gasosa e a
coliqüativa. Os gases internos, como o metano provoca o dilaceramento do corpo inumado.
Como não há controle, estes gases são lançados ao ar livre, provocando odores que, conforme
a velocidade dos ventos pode abranger grandes regiões. Em seguida, inicia-se a produção e a
liberação de necrochorume, que pode atingir até 12 litros, durante o período de 1 a 4 semanas.
“O segundo período do processo possui duração mais longa, de 2 a 8 anos, ocorrendo
dissolução pútrida” (PACHECO, 1986:25). Desta forma, um determinado local recebendo
esta quantidade de líquido infiltrando no solo e, sem nenhuma medida mitigadora ou de
prevenção desta contaminação, com certeza se terá sérios problemas. A questão resume-se em
não deixar que sejam contaminados o solo, a água e ar. Observam-se pelos estudos dos
cientistas e pesquisadores, várias situações problemáticas encontradas pelo Brasil.
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Segundo estudos de Matos apud Pacheco (2011), os cemitérios podem atuar como fontes
geradoras de impactos ambientais quando sua localização e manejo são inadequados. A
decomposição dos corpos depende das características físicas do solo, onde o cemitério está
implantado. Podem contaminar os solos e mananciais existentes por microorganismos, que
proliferam no processo de decomposição dos corpos. Em virtude do aumento de volume das
águas pluviais, quase sempre o processo de transporte do necrochorume é acelerado,
ocasionando maior contaminação. Assim surge a necessidade de se construir uma drenagem
superficial eficiente de águas pluviais, em toda a área do cemitério, interligando-se com a rede
pública na área externa. Devem-se instalar calhas e tubulações, dispostas adequadamente nas
áreas internas, coletando as águas superficiais de chuva para fora do perímetro dos cemitérios.
Desde o final da década de 1980, a Universidade de São Paulo, realiza estudos sobre a
contaminação nos cemitérios paulistas de Vila Nova Cachoeirinha e Vila Formosa.
Detectaram-se principalmente bactérias heterotróficas, proteolíticas e clostrídios sulfito-
redutores. Também foram encontrados enterovírus e adenovírus nas amostras. Verificou-se
que as principais fontes de contaminação das águas subterrâneas no cemitério são as
sepulturas com menos de um ano, localizadas nas cotas mais baixas, próximas ao nível
freático. Nestes locais é maior a ocorrência de bactérias em geral. Os vírus podem ter a
mobilidade maior que as bactérias. Os vírus foram transportados no mínimo até 3,20 metros
da zona não saturada até atingir o aqüífero.
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Os corpos podem sofrer dependendo das condições ambientais locais, fenômenos como
autólise, putrefação e saponificação. A autólise é iniciada logo após a morte, onde as células
deixam de receber oxigênio e de trocar nutrientes e, passam a ser dissolvidas por enzimas do
próprio corpo. Em seguida vem a putrefação que é a decomposição dos tecidos e órgãos por
bactérias e outros microorganismos. Em locais de solos muito úmidos, ocorre a saponificação,
processo em que a quebra das gorduras corporais libera ácidos graxos, que inibe a ação das
bactérias putrefativas, atrasando a decomposição dos corpos. O fenômeno ocorre em
ambientes quentes e úmidos; é comum nos cemitérios brasileiros, onde há alagamento de
sepulturas por águas superficiais e subterrâneas. Constata-se a sua ocorrência no cemitério
Tapanã em Belém (PA), onde os prazos para as exumações podem chegar a 8 anos, bem além
dos 5 anos, constante na legislação. A saponificação dos corpos pode lotar os cemitérios, cuja
rotatividade de vagas fica bastante prejudicada, devido à demora exatamente na exumação
dos corpos.
Uma das primeiras providências nos cemitérios será a instalação, dos sistemas de poços de
monitoramento que deverão ser instalados, conforme norma vigente da ABNT NBR 15495,
Poços de Monitoramento de Águas Subterrâneas em Aqüíferos Granulares, estrategicamente
localizados a montante e a jusante da área do cemitério, com relação ao sentido de
escoamento freático. Os poços deverão ser monitorados e as águas subterrâneas analisadas
antes do início da operação do cemitério, para o estabelecimento da qualidade “em branco”,
do aqüífero freático, de acordo com os padrões de potabilidade do Ministério da Saúde,
Portaria nº 2914/2011. A figura 2 apresenta um poço de monitoramento de águas
subterrâneas.
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Em cemitérios em que o terreno está repleto de túmulos e onde o sistema de drenagem das
águas pluviais é deficiente, estas podem escoar superficialmente e inundar os túmulos
existentes. As águas pluviais têm destinação na rede pública sob o pavimento das ruas e
canalizadas para os corpos de água mais próximos, contaminando-os com substâncias trazidas
do interior dos cemitérios. Para minimizar este problema a Resolução nº 355 do CONAMA,
estabelece que a área de sepultamento deve-se ter um recuo mínimo de 5 m em relação ao
perímetro do cemitério. Entende-se que esse recuo deve ser ampliado se as características do
solo da área forem desfavoráveis, como permeabilidade reduzida, distância inadequada em
relação ao nível do lençol freático e outras. Constata-se que a resolução CONAMA nº
368/2006, não contempla recuos em construções fora do perímetro dos cemitérios, em relação
a estes. A maioria dos cemitérios estudados está bem aquém do estabelecido pela Resolução,
não obedecendo aos parâmetros preconizados.
Segundo identificou Silva L., (2011), cerca de 70% dos cemitérios públicos brasileiros têm
problemas de ordem ambiental e sanitária. Chegou-se a esta conclusão, após levantamento
onde se reuniu dados de mais de mil cemitérios do país, entre públicos e privados. O
pesquisador, que é professor da Universidade de São Judas, explica que os problemas
começam na superfície, com a proliferação de animais vetores de doenças e, continuam no
subsolo, com a contaminação do lençol freático. Se o necrochorume escapa do túmulo, ele
pode entrar em contato com o lençol freático, criando-se uma mancha de poluição que atinge
quilômetros de distância podendo contaminar poços e mananciais, como ocorre em alguns
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Os aterros sanitários quando saturados são desativados, porém com os cemitérios o tratamento
é outro, depois de algum tempo os ossos são removidos e outro corpo é inumado no mesmo
local. Os cemitérios constituem-se portanto de fonte renovável de contaminação, pois estes
não costumam ser desativados. Um diagnóstico ambiental dos locais de enterro já existentes
e, a observação de critérios geológicos para a implantação de novos cemitérios são algumas
medidas para amenizar a situação das contaminações. A pesquisa desenvolvida por Silva L.,
(2011) resultou no desenvolvimento de substâncias capazes de neutralizar o necrochorume,
reduzindo o nível de contaminação. A grande meta é não permitir que o líquido extravase.
Para tanto, foi criada uma espécie de colchão a ser colocado na sepultura, o qual possui um
líquido que elimina os efeitos dos poluentes. Existe também uma substância que lava o
subsolo retirando o necrochorume. O geólogo destaca ainda a necessidade de uma legislação
mais específica, que oriente a construção de lajes e paredes de contenção e obrigue uso de
substâncias neutralizadoras do necrochorume.
Segundo estudos de Braz et. al., (2000) no cemitério São José em Belém (PA), mais
conhecido como Benguí, em 1995, pessoas da comunidade denunciaram ao Ministério
Público, de que existia contaminação de águas subterrâneas e superficiais, na área periférica
ao cemitério. Após vários ensaios e estudos executados comprovou-se que realmente havia
contaminação e, em 1997 este cemitério foi desativado e lacrado para novos sepultamentos.
Verificou-se também que o cemitério fora implantado em local de antiga extração de minério
classe II, resultando, portanto, em presença de lençol freático bem próximo à superfície. Em
2000 ainda foram encontrados níveis elevados de contaminação, permanecendo o risco de
ocorrência de doenças à população local, que utilizam água captada de poços rasos, nas
proximidades do cemitério. O fato comprova a importância de monitoramento das águas
subterrâneas e superficiais, nas áreas de implantação de cemitérios mesmo após a sua
desativação.
Conforme relata Martins, C., (2004) nenhum dos 8 cemitérios de Cuiabá (MT) possui licença
ambiental de acordo com a Resolução nº 335; apenas 2 cemitérios são efetivamente
monitorados através de poços. A situação dos 25 cemitérios situados em zona rural são as
mais críticas, que estão situados próximos aos mananciais existentes e, que já deveriam estar
interditados há muito tempo. Comparando-se o trabalho de vários pesquisadores, os
problemas existentes nos cemitérios são análogos e de difícil resolução, pois observa-se que
os mesmos estão abandonados há muito tempo e, a intervenção dos especialistas quase
sempre acontece, quando estes locais já estão em colapso e apresentando grave problema para
a população do seu entorno.
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Uma constatação interessante, segundo Lastoria (2002) na cidade São Paulo existe uma
condição hidrogeológica diferente de Campo Grande (MS), porque se localiza em uma bacia
sedimentar em que o embasamento está mais próximo à superfície e, por isso mais
desfavorável, aumentando a preocupação quando se refere aos solos. Nestas situações, a
geologia, o tipo de solo e a topografia são agravantes. O mesmo acontece devido às condições
naturais em Bonito (MS), tornando-a adversa, pois há o relevo cárstico, ou seja, formado por
rochas calcárias o que a torna desfavorável, onde a espessura do solo é muito pequena. Assim,
se as sepulturas são executadas diretamente no solo, sem nenhuma camada de proteção, o
problema pode se agravar. Um fator que é muito preocupante é o nível do lençol freático em
Bonito que, está há apenas 1,86 m de profundidade da superfície do terreno, no período final
da época das chuvas.
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No estado de São Paulo, a USP, investigou a influência dos cemitérios na contaminação dos
aqüíferos livres no Cemitério Vila Formosa (segundo maior do mundo) e Vila Nova
Cachoeirinha, na cidade de São Paulo e o Cemitério de Areia Branca, na cidade litorânea de
Santos. Concluiu-se que há um comprometimento sério, relativo à contaminação do subsolo,
nas cercanias daquelas necrópoles. Observou-se também a presença de radioatividade num
raio de duzentos metros das sepulturas, provenientes da radioterapia ou dos que receberam
marca-passos cardiológicos em vida. Na avaliação da ocorrência e do transporte de
microorganismos no aqüífero freático do Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, no município de
São Paulo, a pesquisa de indicadores demonstrou a presença, de várias bactérias e também
enterovírus e adenovírus, que são vírus potentes que causam doenças graves, como a
meningite e a poliomielite paralítica, sendo que as crianças são as mais susceptíveis às
infecções.
Já Terra et. al., (2008) avaliaram o impacto do necrochorume nas águas subterrâneas do
cemitério de Santa Inês, na cidade de Vila Velha (ES). Das análises físico-químicas realizadas
constatou-se a presença de compostos nitrogenados em índices elevados. No caso da amônia,
que indica poluição recente, refere-se ao primeiro estágio da matéria orgânica. Os riscos
dessas contaminações para a saúde pública implicam em problemas como a
metahemoglobinemia, malformações congênitas e cânceres gastrointestinais. Já para análises
bacteriológicas, há indícios de alto grau de contaminação por microorganismos, visto que
foram encontrados concentrações acima do estabelecido pela legislação brasileira.
Segundo Lussi et. al., (2011), o cemitério municipal de Sinop (MT) encontra-se em uma
região de condutividade hidráulica classificada como de moderadamente rápida a muito
rápida. Este fator é preocupante, pois se constata valores de condutividade hidráulica de até
45,05 cm/h, em desconformidade com a legislação pertinente. Uma proposta de solução seria
a verticalização do cemitério, devido ao lençol freático ser próximo da superfície do terreno,
ou a escolha de uma nova área para o cemitério que se enquadre conforme a legislação.
Verifica-se dessa forma que, conforme constatado por Lastoria (2002) em Sinop (MT)
apresenta o mesmo problema da cidade de Bonito (MS), onde o lençol freático se situa bem
próximo da superfície do terreno do cemitério.
Conforme estudos de Reis et. al., (2012), o não atendimento aos quesitos legais de
licenciamento ambiental de cemitérios é uma realidade em todos os municípios do Norte
Pioneiro do Estado do Paraná, inclusive quanto ao cemitério municipal de Bandeirantes (PR);
segundo estudos, o relevo planialtimétrico deste cemitério sugere que um grande número de
sepultamentos, nos últimos 60 anos, ocorreu em área de alta e extrema vulnerabilidade
ambiental. Pelos estudos realizados em vários municípios do Brasil, constatou-se que na
maioria dos casos estudados, os problemas apontados são bem semelhantes, ou seja, os
cemitérios estão localizados em áreas impróprias, em condições geológicas desfavoráveis e,
os ensaios físico-químicos apresentaram algum grau de contaminação e, portanto fora dos
padrões da legislação vigente.
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Muito se discute sobre a conservação do meio ambiente, dos mares, dos rios, lagos e
nascentes, porém verifica-se que pouco se discute sobre as águas subterrâneas, que são
consumidas no mundo através de poços tubulares, poços rasos e nascentes. Na prática
verifica-se facilmente esta realidade, onde no caso de ocorrência de acidentes em rodovias,
por exemplo, o órgão ambiental local trabalha rapidamente para a contenção de combustíveis
e outros produtos químicos, evitando-se o seu espalhamento e contaminação de córregos e
nascentes próximos. Por que as águas subterrâneas para o consumo humano, não recebem o
mesmo tratamento? O desastre ambiental no caso de contaminação não é o mesmo? Acredita-
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se que se trata de negligência por parte dos municípios e da população em geral, na falta de
cobrança aos órgãos competentes do meio ambiente, para o monitoramento regular e a
fiscalização sistêmica dos poços subterrâneos, situados no entorno dos cemitérios e outros
locais, como aterros sanitários, lixões, etc.
Segundo Silva L., (2010) sem mecanismos e monitoramento de proteção ao lençol freático,
115 cemitérios da região de São José do Rio Preto (SP), ameaçam a água do subsolo. Seria
necessário descontaminar a área, por meio de produtos oxidantes aplicados em perfurações de
até 5 metros e, construir pequenas bacias no fundo das covas, para o necrochorume não
escorrer para a terra. Conforme dados da prefeitura de Votuporanga (SP), o investimento para
se adequar cada túmulo às normas, custa de R$1000,00 a R$2500,00, dependendo do tamanho
do jazigo. Existem 7000 sepulturas construídas antes de 2003 e, pelo ritmo do trabalho
empregado neste cemitério, levaria 58 anos para a sua conclusão, ao custo de mais de 12
milhões de reais. São números assombrosos e totalmente inviáveis, para a execução efetiva
dos trabalhos de adequação naquele município. Os dados descritos são de abril de 2010.
A adequação dos cemitérios à Resolução nº 355, entre outras coisas deve observar a distância
do lençol freático, conforme já citados neste artigo, a instalação de filtros biológicos, através
de microorganismos capazes de tratar o necrochorume e, outras formas de cumprir as
exigências ambientais; a utilização de pastilhas contendo uma imensa quantidade de bactérias
selecionadas, que possuem alta capacidade de digerir matéria orgânica. Essas bactérias vêm
em forma de esporos e são ativadas gradativamente na medida em que entram em contato
com líquido contendo o necrochorume. Estas pastilhas são colocadas dentro da urna funerária,
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na região lombar e, na medida em que o corpo vai liberando o necrochorume, elas são
ativadas e vão digerindo essas substâncias.
4. Discussões e resultados
Uma alternativa encontrada em algumas cidades do Brasil são os cemitérios verticais. São
prédios de dois ou mais pavimentos que oferecem lóculos ou gavetas, para o sepultamento e
que devem dispor de sistema de inativação dos gases do necrochorume e sistema de vedação
para que estes gases não cheguem às áreas comuns de visitantes e funcionários. Os cemitérios
verticais possuem, além de lóculos, crematório, ossário e cinerário. A maioria utiliza o
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A grande vantagem dos cemitérios verticais é o fato de ser uma alternativa para a necessidade
das cidades, em virtude do crescimento populacional, além de ser uma opção ecologicamente
correta, por não poluírem o meio ambiente, o solo e o lençol freático.
Também em cemitérios implantados em parques, o controle pode ser eficiente e
ecologicamente correto, como no caso do cemitério Parque São Pedro de Curitiba (PR), onde
o grande diferencial é uma estrutura composta por poços de monitoramento e uma malha de
drenagem profunda que abrange os seus 120000 m2 de área. Através do sistema, o
necrochorume é drenado para um filtro biológico. A cada seis meses, as águas subterrâneas
são analisadas em atendimento às normas vigentes.
Outro bom exemplo vem do cemitério metropolitano Parque das Allamandas de Londrina
(PR), inaugurado em 2011, onde o jazigo na área mais baixa do cemitério está a 7,50 metros
distantes do lençol freático, cinco vezes maior do que a exigida em lei. Além disso, todo o
terreno é revestido por uma manta com lastro de brita, que serve como filtro natural; contém
ainda seis poços de monitoramento distribuídos nos seus 72000 m2. É o único cemitério
completamente adequado às normas, dos sete existentes na área urbana do município.
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Outra possível solução discutida e aceita por estudiosos poderia ser a cremação. A cremação é
um processo eficaz na destruição de micróbios. Segundo Mariath (1995, p.15) a cremação
apresenta a grande vantagem de destruir os microorganismos patogênicos e seus esporos,
agentes das moléstias infecciosas, concorrendo para o desaparecimento das epidemias.
Um dos inconvenientes pode-se citar que no caso de necessidade de posterior exumação, por
exemplo, num processo de investigação ou identificação, já não é possível. Outra grande
polêmica é a questão religiosa, onde algumas denominações, não aprovam a cremação de
corpos. Um crematório é um forno que reduz cadáveres a cinzas, submetendo os corpos a
temperaturas altíssimas de até 1000 C°. Em alguns países a cremação chega a superar os
enterros, enquanto que no Brasil apenas cerca de 5% dos cadáveres são cremados. Os
pesquisadores concordam que a cremação seria a solução mais adequada, para a preservação
do meio físico. Eles avaliam, no entanto, que a questão cultural é o principal empecilho, para
o uso desta técnica. Pode-se citar como desvantagens da utilização dos crematórios, a queima
de árvores; somente na Índia, 50 milhões de árvores são cortadas anualmente, lançando na
atmosfera 8 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Estima-se que no Reino Unido, 25%
das emissões de mercúrio, são provenientes da queima de obturações dentárias em
crematórios. Entretanto, se os crematórios forem providos de filtros para a coleta de resíduos
de gases exalados, constituem-se em uma boa alternativa para a destinação final de corpos. A
figura 12 apresenta um modelo de forno de cremação de corpos.
O setor funerário tem investido em novas tecnologias para reduzir cada vez mais os impactos
da despedida. Um exemplo é cremação criada pela empresa escocesa Resomation Ltd, que
oferece uma mistura de água em alta temperatura e hidróxido de potássio. O corpo é colocado
em uma cápsula que, em seguida, é preenchida com o líquido alcalino. De duas a três horas
depois, restam apenas os ossos, transformando em pó e entregue à família. A vantagem fica
na ausência de emissões de gases do efeito estufa e do mercúrio emitido pela queima de
próteses dentárias. Também utiliza 80% menos de energia que a cremação regular. A água
restante do processo segue para estações municipais de tratamento e retorna ao ciclo
hidrológico. Até agora, o processo foi aprovado para ser utilizado em alguns estados
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5. Conclusão
Constata-se também que os órgãos ambientais, segundo vários autores pesquisados, atuam na
fase de processo de licenciamento e implantação dos cemitérios, porém não fiscaliza os
empreendimentos em operação. Cita-se o exemplo absurdo do município de Joaçaba (SC),
onde o Ministério Público colocou o órgão estadual de meio ambiente (FATMA) como ré, em
ações movidas contra o município, pela ausência de fiscalização deste órgão. O caso mais
grave ocorre no cemitério frei Edgar, devido o mesmo se localizar muito próximo do rio do
Peixe, naquele município.
Será que os cemitérios não merecem uma política pública específica, uma equipe
multidisciplinar que pudesse levantar, avaliar, diagnosticar, planejar e propor alternativas,
para o enfrentamento destes diversos impactos e para a busca de uma sustentabilidade
ambiental? Na busca incessante de respostas às situações degradantes que se encontram as
necrópoles, foram nulos autores que descrevem uma boa atuação destes órgãos. Pelo
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contrário, a atuação dos órgãos ambientais são omissas em alguns estados, na questão dos
cemitérios.
É notório que as resoluções não são obedecidas em sua totalidade, além do que as medidas
mitigadoras e o controle do necrochorume são tímidas e pontuais, não representando portanto,
nem de longe, o universo dos cemitérios pesquisados. Acredita-se que não existam soluções a
médio e a longo prazos, seja, pela falta de ação e fiscalização dos órgãos ambientais, pelo
elevado custo em projetos e adequações. O cenário vislumbrado pelo trabalho de pesquisa,
mostrou-se bastante sombrio na solução da gestão ambiental dos cemitérios. Nota-se que deve
haver uma intervenção maciça do poder público federal, realizar um verdadeiro mutirão
nacional de estudos e adequações, juntamente com os órgãos estaduais de meio ambiente e
das prefeituras. Deverá disponibilizar recursos técnicos e financeiros, além de investir e
incentivar pesquisas e novas tecnologias, para recuperação de áreas já degradadas e
colapsadas, que são os cemitérios contruídos antes de 2003. A exemplo das verbas destinadas
às áreas da educação e da saúde, o governo federal deverá repassar uma percentagem dos
recursos, para a gestão ambiental dos cemitérios municipais de todo o país.
Surpreendentemente verificou-se que não existe uma norma internacional específica de meio
ambiente que versa sobre cemitérios, pelo baixo interesse das autoridades ambientais dos
países. No Brasil verifica-se que existe maior acompanhamento por contaminação de postos
de combustíveis, indústrias em geral e dos aterros sanitários, em detrimento dos problemas de
contaminação nos cemitérios, mais especificamente de solos e aqüiferos. Entende-se que a
fiscalização dos locais citados também são necessárias, porém espera-se uma atenção maior
na fiscalização dos cemitérios, pelos efeitos altamente nocivos detectados.
Nota-se que, em muitos casos pesquisados não existe monitoramento pelos órgãos municipais
e, as pesquisas de contaminação contratadas muitas vezes não são conclusivas, além de não
sofrerem uma fiscalização sistêmica. Muitos cemitérios estão em completo abandono com
superlotação e a falta de vagas para novos sepultamentos, notadamente em alguns municípios
pesquisados na região norte do país, ao ponto do agendamento para sepultamento ser de até
48 horas em algumas localidades.
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Os questionamentos efetuados para este artigo foram totalmente respondidos, porém como já
citado, este artigo tem a pretensão de nortear e sugerir, futuros estudos de viabilidade
econômica de construção de cemitérios verticais, visando principalmente ao atendimento à
população em geral, comentando e sugerindo parcerias e concessões por parte das prefeituras
à iniciativa privada. Espera-se que se incluam também neste trabalho, estudos socio-
economicos, pesquisando junto as instituições bancárias, meios de financiamentos
disponíveis, para erigir empreendimentos ecologicamente corretos.
A solução para o destino final dos cadáveres não basta ser sanitária e ambientalmente correta,
deve ser também moral, social, religiosa e eticamente aceitável pela população. Caberá
encontrar o equilíbrio entre os interesses econômicos comercial e sustentável, sendo que não
será uma tarefa fácil, visto que o controle das atividades humanas depende de critérios,
valores objetivos e subjetivos e, de mudanças de postura de toda a sociedade.
6. Referências
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necrochorume no cemitério municipal de Sinop – MT, 2011.
http://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/27635/17892 acesso 11/12/2014.
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Santa Inês, Vila Velha - ES, Brasil. XV Congresso brasileiro de águas subterrâneas. Natal,
2008.Disponível: http://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/23731/15802.
Acesso em 10/12/2014.
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