O Filme

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O filme "Entre o muro da escola" explora as relações interpessoais e profissionais que

acontecem na sala de aula de uma escola francesa. Aqui, os professores mais velhos orientam
os professores mais novos (para alunos que se comportam e alunos que não se comportam),
punições e punições e rotinas diárias. Entre outros gêneros, retrata recreios na escola,
conversas paralelas, alunos sentados atrás da sala de aula e separados da sala de aula e o
cotidiano de jovens comuns no papel de professores. Instituições como comissões
disciplinares e turmas (como autoridades que não mantêm relações amigáveis com os
alunos) também são comuns no Brasil. O filme é dividido em duas partes. A primeira parte é
uma contextualização que, além de apresentar seus personagens e personalidades nesse
cenário, nos apresenta a sala de aula e a volta às aulas. E a segunda parte enfoca a situação
de um determinado aluno chamado Suleiman, filho de imigrantes do Mali, mostrando o
desenvolvimento de toda a ação retratada no filme e a resolução da história.

Ac a d êmi c o do c u rs o de Li c enc ia tur a em Peda gogi a – Fel i pe Willi a n Al v es


– Fel i p e.wi ll ya n @ hotma il .com
Vo lt a ndo ao filme, é no tór io q ue os a lunos se pos ic io na m d ura nte o filme co mo
a lunos cr ít icos e a t ivo s le va nta ndo q ues tões sobre s ua me todo lo gia e co nfro
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A Re lação do p ro fesso r co m o a luno é de ce rta for ma s imultâ nea e bas ta nt e co
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(Kho umba)
onde e le a fa z ped ir desc ulpas repetida me nte po r e la se rec usar a ob edecê - lo d
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não se estabe lece ndo a ss im uma co rre lação de re spe ito e nt re a mbos.
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nação ma is huma na ,
frate r na, j us ta e so lidá r ia.

O filme “Entre os muros da escola” retrata a rotina comum de uma escola francesa,
explorando as relações interpessoais e profissionais que ocorrem dentro da sala de aula:
professores mais antigos orientando os mais novos (sobre as normas e os alunos, quem é
ou não é comportado), castigos e punições, rotina, entre outras coisas do gênero.

Não é nada do que nós, educadores, já não estejamos acostumados a ver diariamente.
Aliás, o que espanta é a total similaridade de estrutura, mesmo num país distante e com
uma cultura diferente (apesar de ocidental). Cenas do filme que retratam jovens no
intervalo/recreio escolar, conversas paralelas, alunos que sentam no fundo de classe e se
distraem da aula, além do papel dos professores (como figuras de autoridade, sem
qualquer tipo de relação amistosa com os alunos) e instituições como os conselhos
disciplinares e de classe são comuns, mesmo aqui no Brasil.

Em suma, podemos dizer que o filme é dividido em duas partes: a primeira, que é uma
contextualização, que nos apresenta a sala de aula e a volta às aulas, além de introduzir
os personagens e suas personalidades dentro deste cenário; e a segunda parte, que
mostra o desenvolvimento de todas as ações que foram descritas no filme e o desenrolar
da história, focando na situação de um aluno específico, Souleymane, filho de
imigrantes oriundos de Mali.

Sobre o professor protagonista, é observado que: ele é uma figura autoritária e central
na sala de aula. É a sua voz que sobressai aos alunos. Não vemos qualquer tipo de
liberdade para os alunos. Estes são obrigados a respeitá-lo e a obedecê-lo. Caso
contrário, levam um tipo de advertência (é o que acontece, por exemplo, com uma aluna
que se recusa a ler o texto). Por outro lado, o professor protagonista tem um papel mais
crítico em relação aos seus colegas. É ele que levanta a hipótese (ou a possibilidade)
para outros professores do aluno Souleymane poder retornar ao seu país de origem caso
ele seja expulso. É ele que também questiona o papel do Conselho Disciplinar, já que
todos os alunos que pararam ali foram expulsos. Ao prestar atenção no professor em
questão, observamos que nenhuma situação ocorre de forma isolada. É por sua conta
que Souleymane acaba indo ao conselho de classe (já que ele ofendeu duas alunas, que
por sua vez haviam citado o nome de Souleymane, afirmando que os professores
estavam o perseguindo, fazendo-o ficar chateado).

Sobre o aluno Souleymane, podemos observar que: a escola lida com as situações
diárias de uma forma muito simplista, superficial e imediatista. Na escola, um problema
ou uma situação é um fim em si mesmo, como se cada fenômeno não tivesse algo que o
sustenta ou que o cria. Um exemplo claro é o caso deste aluno. Inicialmente,
Souleymane é um garoto com dificuldades. Esquece o material, ofende os colegas, não
cumpre os deveres e conversa durante a aula. Tem uma péssima reputação com os
professores. Não sabemos o motivo que o faz se comportar assim na escola. No entanto,
os professores e as autoridades escolares, segundo o filme, parecem não tentar entender
o que de fato está por trás disso. Nenhum aluno é mau aluno por ser apenas ruim. Há
diversos fatores que podem fazer com que um aluno bom se torne um aluno mau:
dificuldades financeiras, sociais, intelectuais, condições psicológicas e físicas, falta de
tempo, espaço, motivação, além da adaptação a um novo meio. Além disso, o caso do
aluno Souleymane já era relativamente antigo. Ou seja, jamais foi feito um trabalho para
tentar recuperá-lo ou para sequer tentar compreender a sua situação. Ao final do filme
todos sabiam que se caso ele fosse expulso poderia retornar (contra a sua vontade e o
prejudicando) ao seu país de origem. Não nos é informado qual foi o destino do
personagem, mas somos levados a crer que não foi bom em qualquer um dos casos. Ele
foi expulso da escola, então deve ter sofrido alguma consequência. Além disso, migrar
de escola em razão de uma expulsão é completamente prejudicial – e o afasta da escola
ainda mais. O título do filme tem total relação com esta situação. Afinal, a escola não
termina em seu espaço físico delimitado – ela vai além e se estende para outros aspectos
da vida do estudante.

Por fim, uma frase dita no final do filme é bem impactante e traz uma reflexão
importante. Uma aluna diz ao professor que “não compreende o que fazemos”. Ela não
se refere à escola de forma categórica, mas fica subentendido. Diz que não quer fazer
um curso profissionalizante e pelo seu tom de voz podemos perceber que ela está sem
esperança. O professor, contudo, não a entende.

De fato, o que fazemos na escola é tudo, menos educação. O processo é tão enrijecido
que acaba se tornando apenas transmissão de conteúdo. Talvez, a escola tenha sido
contaminada pela escolarização, num ponto em que é impossível diferenciar uma coisa
da outra. Os alunos sempre enxergam a escola como uma etapa ruim da vida, mas que é
necessária por conta do mercado de trabalho.

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