Direito Penal Vol Único Rogério Sanches
Direito Penal Vol Único Rogério Sanches
Direito Penal Vol Único Rogério Sanches
Direito Penal
volume único
Rogério
Sanches Cunha
Parte Especial
(arts. 121 ao 361)
12ª revista
atualizada
ampliada
edição
2020
Título I – Dos crimes contra a pessoa Art. 122
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe au-
xílio material para que o faça:
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computado-
res, de rede social ou transmitida em tempo real.
67. Sabendo que o resultado culposo (morte) é o mesmo, seja proveniente de acidente de trânsito ou
não, o que justifica a maior severidade na punição do art. 302 do CTB quando comparado com o
art. 121, § 3º, do CP? Será constitucional? Para uns, como o desvalor do resultado é o mesmo, não
se justifica maior punição no CTB, ferindo, assim, o princípio constitucional da proporcionalidade
das penas. Para outros, não sem razão, apesar do desvalor do resultado ser idêntico, o desvalor das
condutas acaba por fundamentar a diferença de tratamento das reprimendas, pois o comportamen-
to negligente no trânsito é, sem dúvida, mais lesivo (ou potencialmente lesivo).
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Art. 122 MANUAL DE DIREITO PENAL – Parte Especial – Rogério Sanches Cunha
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos
ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos
do art. 121 deste Código.
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Diferentemente do delito anterior, não sendo crime doloso contra a vida, será processado e
julgado, na forma simples, perante o JECRIM.
Caso incida alguma das causas de aumento dos §§ 3º, 4º e 5º, fica afastada a transação
penal e a competência do JECRIM. A pena do § 1º continua a admitir a suspensão condi-
cional do processo, incabível nos demais parágrafos.
Admitida transação penal no caput, fica inviabilizado o acordo de não persecução pe-
nal, nos exatos termos do art. 28-A, § 2º, inc. I, do CPP.
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seguida de morte), delito preterdoloso, de competência do juiz singular. Assim, não apenas se
corrige a falta de técnica na imputação legal, mas também se prestigia a proporcionalidade na
pena, especialmente quando o comportamento é comparado com o anterior. Esse raciocínio
norteou o legislador no parágrafo anterior (§6º.). Deveria ter sido seguido também no § 7º.
De acordo com o § 6º, se da automutilação resulta lesão corporal de natureza gra-
víssima, e a conduta é praticada contra alguém nas mesmas condições de incapacidade de
discernimento, responde o agente pelo crime tipificado no § 2º do art. 129 do CP.
Exige-se, ainda, que a conduta do agente seja dirigida a uma ou várias pessoas de-
terminadas, não bastando o mero induzimento genérico, dirigido a pessoas incertas (ex.:
espetáculos, obras literárias endereçadas ao público em geral, discos etc.).
Ainda que o crime seja cometido por meios eletrônicos, como internet e redes sociais,
a conduta transmitida deve atingir pessoas determinadas. Caso se trate, por exemplo, de
uma página dedicada à apologia da automutilação, sem, contudo, se dirigir a alguém para
indução ou instigação concreta, não se perfaz o crime.
O inciso II do § 3º traz causa de aumento de pena para os casos em que a vítima é
menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. Esta majorante
já existia antes da alteração promovida pela Lei 13.968/19, e, atualmente, em virtude das
disposições dos §§ 6º e 7º, que consideram o menor de quatorze anos incapaz de discerni-
mento para entender a natureza da conduta que o esta vitimando, a única conclusão possí-
vel é de que o menor aqui mencionado é o que tem entre quatorze e dezoito anos de idade.
3.3. Conduta
Induzimento, a instigação e o auxílio ao suicídio (art. 122, 1ª parte, CP)
Três são as formas de praticar o crime:
a) induzimento: hipótese em que o agente faz nascer na vítima a ideia e a vontade mór-
bida. Aqui o sujeito passivo nem sequer cogitava eliminar a própria vida, sendo convencido
pela ação do agente;
b) instigação: caso em que o autor reforça a vontade mórbida preexistente na vítima.
Aqui o sujeito passivo já pensava em se suicidar, e este propósito é reforçado pelo agente;
c) auxílio: o agente presta efetiva assistência material, facilitando a execução do suicí-
dio, quer fornecendo, quer colocando à disposição do ofendido os meios necessários para
fazê-lo (ex.: emprestando instrumentos letais).
Nas duas primeiras hipóteses (induzimento e instigação) temos a participação moral;
já na última (auxílio), a participação é material.
Tratando-se de crime de conduta múltipla ou de conteúdo variado (plurinuclear),
mesmo que o agente pratique, no mesmo contexto fático e sucessivamente, mais de uma
ação descrita no tipo penal, responderá por crime único. Assim, por exemplo, aquele que
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induz ao suicídio e fornece a substância letal para que a vítima se mate responde por crime
único, devendo o magistrado considerar a insistência criminosa na gradação da pena.
Adotando fórmula diversa da original, o legislador dividiu o tipo do art. 122 em pará-
grafos de acordo com o resultado advindo da conduta.
O caput pune com reclusão de seis meses a dois anos os atos de induzir, instigar ou
auxiliar materialmente alguém a suicidar-se. Antes a conduta era punida apenas se resul-
tasse em lesão corporal grave ou morte, pois o preceito secundário do tipo penal cominava
as penas conforme ocorresse um desses resultados. Mas, na atual sistemática, não se exige
nenhum resultado lesivo; basta a prática de uma das condutas sobre determinada pessoa.
Ocorrendo lesão, mas leve, continua se subsumindo ao caput, devendo o juiz considerar o
resultado (lesão leve) na fixação da pena-base.
Cominando pena de reclusão de um a três anos, o § 1º dispõe sobre a lesão corporal
grave ou gravíssima resultante da tentativa de suicídio. O que antes era tratado como uma
das formas básicas de punição tem atualmente a natureza de qualificadora.
Por expressa disposição do § 1º, os conceitos de lesão corporal grave e gravíssima de-
vem ser extraídos dos §§ 1º e 2º do art. 129:
a) lesão corporal grave: incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias;
perigo de vida; debilidade permanente de membro, sentido ou função; aceleração de parto.
b) lesão corporal gravíssima: incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade
incurável; perda ou inutilização do membro, sentido ou função; deformidade permanente;
aborto.
O § 2º estabelece pena de reclusão de dois a seis anos para a situação em que o suicídio
se consuma. Trata-se também de uma circunstância qualificadora que antes era considerada
para a formação do tipo básico da participação em suicídio.
Como podemos observar, as penas cominadas para as situações em que ocorre lesão
grave ou morte não se modificaram; apenas passaram a ter natureza diversa. Somente a
situação do caput é uma novidade, pois antes os atos de induzimento, instigação ou auxílio
ao suicídio cuja tentativa não resultasse em nenhuma lesão, ou resultasse em lesão leve, não
eram punidos.
Discute a doutrina se o crime admite as duas formas de conduta: ação ou omissão.
Entende a maioria que a colaboração moral (induzir ou instigar) só pode ser praticada
por ação.
Paulo José da Costa Jr., porém, enxerga instigação na forma omissiva, explicando:
“Somente a instigação poderá ser vislumbrada através de uma
conduta negativa, por parte do sujeito ativo. Figure-se o caso de
alguém que comunique a outrem, que sobre ele dispõe de gran-
de influência, estar propenso a dar cabo de sua vida. O terceiro
não exercita sua persuasiva para dissuadir o companheiro da ideia
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macabra, como lhe impunha fazer. Logo, non fecit quod defetur,
mantendo-se calado e passivo. Sua conduta omissiva poderia em
tese incriminá-lo”73.
Concordamos com a presente lição, desde que o omitente tenha o dever jurídico de
evitar o evento.
A mesma discussão se repete na hipótese da cooperação material (auxílio). Opinam
alguns que a expressão usada no núcleo do tipo (a prestar-lhe auxílio para que o faça) traduz
sempre conduta comissiva (ação), afastando-se o auxílio omissivo (RT 491/285).
José Frederico Marques, comungando desse entendimento, escreve que a prestação
de auxílio é sempre uma conduta comissiva74. Responderia o omitente, conforme o caso,
apenas por omissão de socorro (art. 135 do CP).
Nélson Hungria, por sua vez, ensina que:
“A prestação de auxílio pode ser comissiva ou omissiva. Neste últi-
mo caso, o crime só se apresenta quando haja um dever jurídico de
impedir o suicídio.”75.
Magalhães Noronha, reforçando essa última corrente, aduz:
“Diante da teoria da equivalência dos antecedentes, abraçada pelo nos-
so Código no art. 13, é inadmissível outra opinião: desde que ocor-
ram o dever jurídico de obstar o resultado e o elemento subjetivo, a
omissão é causal, pouco importando que a ela se junte outra causa.”76.
O auxílio, porém, deve ser sempre acessório (cooperação secundária). Deixa de haver
participação em suicídio quando o auxílio intervém diretamente nos atos executórios, caso
em que o agente colaborador responderá por homicídio. Sobre o assunto, alerta Cezar
Roberto Bitencourt:
“O auxílio pode ocorrer desde a fase da preparação até a fase exe-
cutória do crime, ou seja, pode ocorrer antes ou durante o suicídio,
desde que não haja intervenção nos atos executórios, caso contrário
estaremos diante de homicídio, como exemplifica Manzini: o agen-
te puxa a corda de quem se quer enforcar; segura a espada contra a
qual se atira o suicida; provoca a emissão de gás no quarto onde a
vítima está acamada e deseja morrer; ajuda a amarrar uma pedra no
pescoço de quem se joga ao mar.”77.
Ricardo Vergueiro Figueiredo78 coloca uma questão interessante:
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5 Que crime estaria caracterizado no caso daquele que induziu ou instigou o ofen-
dido ao suicídio e no momento culminante do ato acabou interferindo na sua
execução?
Referido autor buscou a resposta nas lições de Fernando Almeida Pedroso, abaixo
transcritas:
“Curial é a impossibilidade do concurso material de delitos entre
a participação em suicídio e homicídio, dado que a morte da ví-
tima compõe um único evento ou resultado. Há, portanto, um só
crime. Resta esclarecer, então, qual dos dois delitos aparentemente
tipificáveis deverá preponderar, como consequência de sua efetiva
participação: o homicídio ou a participação em suicídio. Há que
se recorrer, dessarte, ao concurso aparente de normas penais, de lá
emanando a solução: é homicídio o crime perpetrado. Sim, porque,
pelo princípio da consunção, o crime-meio (participação em suicí-
dio) está compreendido no crime-fim (homicídio), dada a progres-
sividade de uma conduta à outra.”.
Responde por homicídio (e não participação em suicídio) aquele que, depois de auxi-
liar o suicida, vê sua vítima arrependida pedir socorro e impede, dolosamente, a interven-
ção salvadora de terceiro.
O extinto Tribunal de Alçada de São Paulo, ainda com base na Lei 9.437/97 (revoga-
da pela Lei 10.826/03), decidiu que, “havendo suicídio frustrado, o sujeito não responde,
residualmente, pelas infrações de porte ilegal de arma e disparo de arma de fogo em via pú-
blica na forma do art. 10, caput e § 1º, III” (ApCrim 531.105). O fundamento da decisão
é de política criminal, na medida em que visa a não prejudicar ainda mais alguém que já
demonstrou desprezo e repugnância pela própria vida.
O art. 146, § 3º, II, do CP estabelece que não há crime de constrangimento ilegal na
coação para impedir suicídio.
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3.4. Voluntariedade
Induzimento, a instigação e o auxílio ao suicídio (art. 122, 1ª parte, CP)
O crime somente é punido a título de dolo, expressado pela consciente vontade de
instigar, induzir ou favorecer alguém a se suicidar.
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O dolo eventual é perfeitamente possível, como no clássico exemplo do pai que expulsa
de casa a filha desonrada, consciente de que tal arbitrariedade (e falta de compreensão) poderá
incutir na jovem a vontade de se matar, aceitando o risco de produzir o resultado fatal.
Escreve Manzini, lembrado por Noronha, que:
“Não basta ter criado em outro a resolução de matar-se, mas é ne-
cessária também a intenção de conseguir tal efeito, sem o que não
será responsável por participação em suicídio nem por homicídio
doloso, mas eventualmente por outro delito. Para o eminente ju-
rista, o fim de que o sujeito passivo se suicide constitui dolo espe-
cífico. Não ocorre, pois, o crime quando uma donzela seduzida se
suicida; quando alguém, vítima de vultoso estelionato e reduzido
à ruína, se mata etc. Em tais casos, não há vontade no agente do
exício do sujeito passivo”79.
Não há forma culposa para o induzimento, a instigação e o auxílio ao suicídio. A
conduta negligente causadora do suicídio de alguém é fato atípico (não configura sequer
homicídio culposo).
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Para esta corrente, a tentativa era também juridicamente inadmissível, embora possível sob
o aspecto fático. É o que ensinavam Magalhães Noronha81 e Fernando Capez82.
Cezar Roberto Bitencourt fomentava ainda mais a discussão, trazendo um terceiro
entendimento:
“A nosso juízo, ao contrário do que se tem afirmado, o Código
Penal brasileiro não considera o crime de suicídio consumado quan-
do determina a punição diferenciada para a hipótese de sobrevir
somente lesão corporal de natureza grave. Ao contrário, pune a ten-
tativa, uma tentativa diferenciada, uma tentativa qualificada, mas
sempre uma tentativa, na medida em que, além de distinguir o
tratamento dispensado a não consumação da supressão da vida da
vítima, reconhece-lhe uma menor censura, à qual atribui igualmente
uma menor punição, em razão do menor desvalor do resultado: a
punição do crime consumado é uma e a punição do crime tentado
(lesão grave) é outra”83.
A atual estrutura típica do art. 122 sepulta a controvérsia a respeito da consumação
e da existência de condição objetiva de punibilidade, pois, como vimos, a punição não é
mais condicionada à ocorrência de lesão grave ou morte. A figura básica do caput se con-
tenta com os atos de induzimento, instigação ou auxílio, os quais podem ser qualificados se
ocorrer aqueles resultados mais graves. Ocorrendo lesão leve, o juiz, subsumindo a conduta
ao caput, deve considerar o resultado na fixação da pena-base.
Diante disso, também não resta dúvida sobre a possibilidade de tentativa. É perfeita-
mente possível, por exemplo, que alguém seja impedido por um terceiro enquanto tenta
fornecer auxílio material a um suicida. A tentativa também parece evidente na carta inter-
ceptada.
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Art. 122 MANUAL DE DIREITO PENAL – Parte Especial – Rogério Sanches Cunha
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Em resumo:
Participação em suicídio Participação em automutilação
Vítima maior e capaz Vítima maior e capaz
Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve
Art. 122, caput, CP (pena: 6meses a 2 anos), de- Art. 122, caput, CP (pena: 6meses a 2 anos), de-
vendo a natureza da lesão ser considerada na fi- vendo a natureza da lesão ser considerada na fi-
xação da pena-base xação da pena-base
Sofre lesão grave ou gravíssima Sofre lesão grave ou gravíssima
Art. 122, §1º., CP (pena: 1 a 3 anos) Art. 122, §1º., CP (pena: 1 a 3 anos)
Morre Morre (culposa)
Art. 122, §2º., CP (pena: 2 a 6 anos) Art. 122, §2º., CP (pena: 2 a 6 anos)
Vítima é menor (entre 14 e 18 anos) ou tem di- Vítima é menor (entre 14 e 18 anos) ou tem di-
minuída, por qualquer causa, a capacidade de minuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência resistência
Não sofre qualquer lesão ou a lesão é leve Não sofre qualquer lesão ou a lesão é leve
Art. 122, caput, c.c. o §3º. (a pena de 6 meses a Art. 122, caput, c.c. o §3º. (a pena de 6 meses a
2 anos é duplicada) 2 anos é duplicada)
Sofre lesão grave ou gravíssima Sofre lesão grave ou gravíssima
Art. 122, §1º., c.c. o §3º. (a pena de 1 a 3 anos é Art. 122, §1º., c.c. o §3º. (a pena de 1 a 3 anos é
duplicada) duplicada)
Morre Morre (culposa)
Art. 122, §2º., c.c. o §3º. (a pena de 2 a 6 anos é Art. 122, §2º., c.c. o §3º. (a pena de 2 a 6 anos é
duplicada) duplicada)
Vítima menor de 14 (quatorze) anos ou contra Vítima menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, quem, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prá- não tem o necessário discernimento para a prá-
tica do ato, ou que, por qualquer outra causa, tica do ato, ou que, por qualquer outra causa,
não pode oferecer resistência não pode oferecer resistência
Não sofre qualquer lesão, ou sofre lesão leve Não sofre qualquer lesão, ou sofre lesão leve
Art. 122, caput, c.c. o §3º. (a pena de 6 meses a 2 Art. 122, caput, c.c. o §3º. (a pena de 6 meses a 2
anos é duplicada). anos é duplicada).
Art. 122, §1º., c.c. o §3º. (a pena de 1 a 3 anos é Art. 122, §1º., c.c. o §3º. (a pena de 1 a 3 anos é
duplicada). duplicada).
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Art. 122 MANUAL DE DIREITO PENAL – Parte Especial – Rogério Sanches Cunha
Nos termos do art. 122, §6º, aplica-se o tipo e as Nos termos do art. 122, §6º, aplica-se o tipo e as
penas do art. 129, §2º. (2 a 8 anos) penas do art. 129, §2º. (2 a 8 anos)
Nos termos do art. 122, §7º, aplicam-se o tipo e Nos termos do art. 122, §7º, aplicam-se o tipo e
as penas do art. 121 do CP (6 a 20 anos). E não as penas do art. 121 do CP (6 a 20 anos).
poderia ser diferente, pois não existe suicídio
quando o ofendido é incapaz. Obs: entendemos que o tipo e as penas devem
ser do art. 129, §3º., do CP (4 a 12 anos). Não
existe automutilação quando a vítima é incapaz.
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Art. 123 MANUAL DE DIREITO PENAL – Parte Especial – Rogério Sanches Cunha
Nas investigações do episódio ocorrido na Rússia também foi apurado que as pessoas
que decidissem sair do grupo eram constrangidas a permanecer, inclusive por meio de
promessas de mal injusto e grave contra sua família, e algumas delas de fato permanece-
ram e ceifaram a própria vida. Se cometido no Brasil, esse fato atrai a majorante relativa à
diminuição da capacidade de resistência da vítima (o constrangimento ilegal é absorvido).
Note-se, por fim, que o fato de o crime ser cometido pela rede mundial de compu-
tadores não atrai a competência da Justiça Federal. Não se trata da mesma situação que
envolve os crimes de pornografia infantil, que, por tratado, o Brasil se obrigou a reprimir.
O crime envolvendo o Desafio da Baleia Azul não se insere em nenhum dos incisos do art.
109 da Constituição Federal, razão por que a competência é estadual, mesmo que a inves-
tigação seja eventualmente promovida pela Polícia Federal.
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