Projeto Tese Renally Maia
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Por receber muitas pessoas, essas cidades passaram a não conseguir oferecer de
forma satisfatória, condições de vida digna a todos os seus moradores. Problemas
como o desemprego, infraestrutura precária, altos indicies de violência urbana
geraram uma grande desigualdade social, passaram a marcar essas cidades.
Nessa nova ordem global, o espaço tem uma dinâmica diferente, sendo conectado
através da tecnologia que rege a nova hierarquia urbana, que coloca as cidades
globais como sendo peças centrais no comando da organização do território. Dessa
forma, a indústria tende a mover para as cidades de médio porte, visto que elimina
uma série de problemas como o custo do trabalho, o elevado preço da terra, etc.
Essas indústrias passam a ser importantes instrumentos na organização espacial, o
que aumenta a relevância das cidades médias, tornando-as centros regionais de
serviços (SANTOS, 2010).
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DIT- Divisão Internacional de trabalho: é a distribuição da produção econômico-industrial
internacional.
condição de vida. Vemos nesse período o crescimento das grandes capitais
brasileiras, como por exemplo as capitais nordestinas: Fortaleza, Recife e Natal.
Nos anos 1970, em uma tentativa de definir as cidades médias Amorim Filho e
Serra (2001) trazem as cidades médias como “válvulas de desconcentração” já que
mostravam condições de vida e circunstancias atrativas de capital. Nesse período
nascem as primeiras perspectivas teóricas sobre o que seria o conceito de cidade
média, ainda com o foco de “porte médio” tendo como principal elemento de definição
o contingente populacional, sendo essa uma cidade que estaria entre a pequena e
grande (SILVA,2013). Trataremos aqui das cidades médias, os conceitos
apresentados sobre esse assunto e suas peculiaridades. Na região Nordeste, essas
cidades aparecem cada vez mais a partir da década de 1980, principalmente com o
incentivo da SUDENE2, principalmente no interior da região.
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Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
Pretendendo contribuir com os debates existentes sobre o tema, algumas
questões pretendem ser respondidas: Quais critérios colaboram para a definição das
cidades médias? Essa definição consegue abarcar todas as peculiaridades das
cidades brasileiras do nordeste brasileiro classificadas como médias? Pode-se assim
criar uma série de parâmetros que atenderiam boa parte dessas cidades?
2. OBJETIVOS
Por volta dos anos 1970 alguns trabalhos traziam essa tipologia urbana como
sendo o intervalo entre 50.000 e 250.000 habitantes (ANDRADE,
LODDER,1979apud AMORIM Fº, SERRA,2001), limite que foi elevado
posteriormente para 100.000 (SANTOS, 1994 apud AMORIM Fº; SERRA, 2001),
percebendo o “nível de complexidade da divisão de trabalho, ou, a diversificação de
bens e serviços ofertados localmente” tendo em vista que “a cidade média deve dar
suporte a uma quantidade importante de atividades e serviços que exigem para
existir uma poplação não inferior a 100.000 habitantes” (AMORIM Fº, SERRA, 2001,
p. 3,4).
As cidades médias, por sua vez, seriam caracterizadas como as que possuem
um papel na rede urbana regional, servindo como centro sub-regional, e não sendo
apenas centros locais, mas núcleos urbanos que polarizam e influenciam as cidades
menores ao seu redor e articulam essas relações. “ Funcionam, assim, como
anteparos e suportes às metrópoles regionais, não compondo junto com estas uma
unidade funcional continua e/ou contigua” (TRINDADE JR, 2011, p.136).
Questões como essas apontadas por Soares (2005) nos leva a pensar sobre a
definição de uma cidade média, já que “cada cidade é única, original e singular”.
Embora seja um termo bastante utilizado nos últimos anos no meio acadêmico,
percebe-se uma discordância entre os pesquisadores do que seria de fato essa cidade
média e como ela estaria classificada. Não existe um padrão único ao se pensar as
cidades médias, o que se existe é uma série de fatores e estudos que compilam
informações que apontam para uma classificação. Souza et al (2007), construiu um
quadro síntese que apresenta os critérios demográficos utilizados para a definição de
cidade média em vários países do mundo:
Quadro 1: Classificação das cidades médias por país, de acordo com o número de habitantes.
e) Centro local – São a maioria das Cidades do País, totalizando 4.037 centros
urbanos, que exercem influência restrita aos seus próprios limites territoriais,
podendo atrair alguma população moradora de outras Cidades para temas
específicos, mas não sendo destino principal de nenhuma outra Cidade. A
média populacional dos Centros Locais é de apenas 12,5 mil habitantes.
Através da figura, podemos perceber a rede urbana brasileira, com foco na região
Nordeste. É possível evidenciar também as cidades médias (classificadas como
capitais regionais e centros sub-regionais). Vale ressaltar que a maioria delas
localizadas longe do litoral.
Fonte: IBGE,2020.
A quarta parte será dirigida ao estudo dos dados das cidades estudadas, partindo
da hipótese que existe um padrão das centralidades, desenvolvimento
socioeconômico, expansão da malha urbana e relações internas e externa dessas
cidades. Será elaborada uma síntese, através de uma tabela padrão, em que se
poderá comparar os parâmetros e se criar uma possível classificação referente as
centralidades dessas cidades. Dividiremos essa etapa da seguinte forma: 1- Busca de
imagens de satélite pelo Google Earth das cidades escolhidas para essa investigação,
pretendendo dessa forma verificar a mancha urbana de cada cidade, assim como suas
relações com cidades vizinhas; 2- Reunião dos elementos morfológicos da estrutura
urbana das cidades, por meio de diversas plataformas de dados, a exemplo do banco
de dados do IBGE e do Observatório das Metrópoles; 3- Leitura dos aspectos jurídicos
e urbanísticos que regem as cidades estudadas, a exemplo do Plano Diretor. As
normativas urbanísticas prescrevem o modus operandi de produção do espaço e a
regulação do uso do solo. Todas essas etapas contribuirão para a a determinação dos
parâmetros que serão considerados na análise comparativa das cidades escolhidas.
A quinta e ultima parte estará empenhada em trazer uma análise dos resultados
encontrados. Entendendo que uma pesquisa acaba por uma questão de prazo
acadêmica e não por que o assunto se finda, a ideia é que os resultados da pesquisa
possam servir de base para estudos das cidades estudadas em diversas áreas, assim
como sirva de exemplo para futuros estudos de cidades em outras regiões do país.
Pretende-se assim, que as quatro primeiras partes da pesquisa serão coordenadas
entre si, produzidas de forma gradual, buscando dessa forma que cada uma delas
possa ser publicada isoladamente, ainda com a pesquisa em andamento, afim de
contribuir com outras pesquisas no mesmo ramo, além de trazer um maior respaldo
técnico cientifico para o trabalho.
5. CRONOGRAMA
ANO 1
ATIVIDADES / MESES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFIC (1ª
PRODUÇÃO)
ANO 2
ATIVIDADES / MESES
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA/
DEFINIÇÃO DO RECORTE
EMPIRICO (2ª PRODUÇÃO)
ARAÚJO, M.M.S.; MOURA, R.; DIAS, P.C. Cidades Médias: uma categoria em
discussão. In: PEREIRA, R.H.M. & FURTADO, B.A. (Org.). Dinâmica urbano-regional:
rede urbana e suas interfaces. Brasília: Ipea, 2011.
SPOSITO, M. E. B. (et al). O estudo das cidades médias brasileiras: uma proposta
metodológica. In: SPOSITO, M. E. B. (Org.). Cidades médias: espaços em transição.
São Paulo: Expressão Popular, 2007. p. 35-68.