TCC Joao Pedro 30.11.2014

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 82

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Filosofia e Ciências Humana - CFH


Departamento de Geociências – GCN

JOÃO PEDRO TAUSCHECK ZIELINSKI

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DE SUCECSSÕES SEDIMENTARES


EOPERMIANAS DA BORDA SUDESTE DA BACIA DO PARANÁ, ESTADO DE
SANTA CATARINA

FLORIANÓPOLIS

2014
JOÃO PEDRO TAUSCHECK ZIELINSKI

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DE SUCECSSÕES SEDIMENTARES


EOPERMIANAS DA BORDA SUDESTE DA BACIA DO PARANÁ, ESTADO DE
SANTA CATARINA

Trabalho de Conclusão do Curso de Geologia da


Universidade Federal de Santa Catarina.
Apresentado na forma de monografia, junto à
disciplina TCC II, como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Geologia.

Orientador: Prof. Dr. Marivaldo dos Santos


Nascimento

FLORIANÓPOLIS

2014
AGRADECIMENTOS

Antes de agradecer à instituição que propiciou a minha formação, eu devo os meus sinceros
agradecimentos aos meus pais, Maria Inês e João Felício, que nunca deixaram de me apoiar em todas
as etapas da minha vida e, tenho certeza, continuarão apoiando cada nova fase pela qual irei passar.
Ao meu irmão, Bruno, pelo qual tenho muito amor e carinho, e a todos os meus familiares que
sempre estiveram presentes nos momentos felizes e tristes de minha vida. Agradeço também à
Monique, minha companheira, que dividiu (e ainda divide!) comigo muitos momentos felizes não só
durante a graduação, mas também nas festas, viagens, e momentos especiais que estivemos juntos.
Obrigado a todos os colegas da UFSC, especialmente a Pâmela, Taynah, Thailli, Juliana,
Rachid, Esdras, Elias, Toquinho, Digo Mel, Beiço, Bruninho, Toffol, Manu, Erico, Mariah, Rodolfo,
Jonathas, Pedro UFRGS e Fernanda. Estudar com vocês se tornou prazeroso e, acima de tudo,
construtivo. Agradeço também aos colegas de UCM, Manu, Jose Vázquez, Alvaro, Jairo, Guillermo,
Victor Collaguazo, Rayana, Yuri e Vinicius. ¡Les agradezco de verdad!
Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidad Complutense de
Madrid (UCM), duas instituições de ensino que tive o privilégio de conhecer e estudar, mas devo dizer
que os maiores valores que elas carregam estão nas salas de aula, laboratórios e escritórios que elas
abrigam: as pessoas. São esses profissionais que trabalham nessas universidades que merecem os meus
elogios.
Obrigado aos professores e funcionários da UFSC e UCM, especialmente o meu orientador,
Marivaldo dos Santos Nascimento, que acreditou no meu potencial e que sempre me auxiliou nas
atividades acadêmicas. Gostaria também de agradecer as pessoas que conviveram comigo durante um
mês no Marcus G. Langseth, junto com os quais tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre
a aquisição sísmica 3D. Thank you very much guys!
Muito obrigado aos membros da banca pela avaliação desse trabalho, e ao PFRH-PB
240/UFSC pelo auxílio financeiro, fundamental para o desenvolvimento dessa pesquisa.
RESUMO

O registro estratigráfico permiano da Bacia do Paraná é caracterizado por uma notável


variabilidade faciológica lateral e vertical, que podem ser atribuídas ao processo de
fragmentação do Gondwana, aliado às mudanças climáticas. Como resultado, o nível relativo
do mar sofreu uma subida generalizada, embora pulsos regressivos de menor escala fizessem
com que o arcabouço estratigráfico desse período fosse marcado por ciclos regressivos-
transgressivos. A identificação desses ciclos é baseada fundamentalmente no reconhecimento
dos sistemas deposicionais e superfícies estratigráficas chaves que, se relacionados
cronoestratigraficamente, e interpretados sob a ótica da Estratigrafia de Sequências, fornecem
informações acerca da evolução estratigráfica da bacia. Esta evolução está bem caracterizada
tanto nas porções sul-paranaense/norte-catarinense quanto na rio-grandense, mas ainda é
pouco estudada no centro-leste catarinense. Por isso, o presente trabalho teve como objetivo
reconstituir os sistemas deposicionais permianos e interpretar os tratos de sistemas com base
na caracterização de superfícies estratigráficas genéticas, além de propor um arcabouço
estratigráfico para as formações Taciba e Rio Bonito. A partir da confecção dos perfis
litoestratigráficos, elaboração de fotomosaicos, análise das paleocorrentes e observação do
conteúdo fossilífero, foi possível individualizar 11 associações de fácies que representam 3
sistemas deposicionais (fluvial mendrante, fluvial entrelaçado e estuarino dominado por maré
e onda), que encontram-se limitados por superfícies estratigráficas que permitiram interpretar
dois tratos de sistemas: Trato de Sistema de Nível de Mar Baixo (TSMB) - limitado no topo
por um limite de sequência (LS), corresponde à porção flúvio-deltaica do Membro Rio do Sul
(Formação Taciba); e Trato de Sistema Transgressivo (TST) - ocorre na porção superior da
seção estratigráfica e constitui um sistema estuarino, ilha barreira-lagunar, limitado na base
por uma Superfície Transgressiva (ST) com onlap costeiro. Estes tratos de sistemas
representam parte do ciclo regressivo-transgressivo da Supersequência Gondwana I
constituído pelos membros Rio do Sul e Triunfo (Formação Taciba), e Membro Paraguaçu
(Formação Rio Bonito).

Palavras-chave: Sistemas Deposicionais. Tratos de Sistemas. Permiano Inferior. Bacia do


Paraná.
ABSTRACT

The Permian stratigraphic record of the Paraná Basin is characterized by a notably


faciological variability, which can be attributed to changes imposed by the migration and
fragmentation of Gondwana, but also because of the climatic changes during deglaciation. As
a result, the relative sea-level had suffered a generalized ascension, even though small
regressives pulses indicated that this period experimented regressive-transgressive cycles,
which are preserved in the stratigraphic record. The identification of these cycles is primarily
based on the depositional systems and stratigraphic surfaces recognition that, if
chronostratrigraphically associated, and interpreted using the Sequence Stratigraphy concepts,
may provide some information about the stratigraphic evolution of the basin. This evolution is
already studied both in the southern Paraná state/northern Santa Catarina state and Rio Grande
do Sul state, but it is not fully understood in the center east Santa Catarina state. The aim of
this study was to reconstruct the Permian depositional systems and to interpret the system
tracts based on the characterization of sequence stratigraphic surfaces and, additionally, to
propose a stratigraphic framework for the Taciba and Rio Bonito formation. Through the
construction of stratigraphic logs, photomosaics, paleocurrent analysis and the observation of
fossil content, it was possible to individualize eleven distinct facies associations which
represent three depositional systems (fluvial meandering channel system, braided rivers
system and storm-tidal influenced estuarine system), all of these limited by sequence
stratigraphic surfaces that provided the interpretation of two system tracts: Highstand System
Tract (HST) – limited at the top by a Sequence Boundary (SB) surface, which correspond to
the fluvial-deltaic portion of the Rio do Sul Member (Taciba Formation); and a Transgressive
System Tract (TST), which occurs in the upper part of the studied stratigraphic section and
constitutes an estuarine system with a lagoonal barrier-island, and is limited at the base by a
Transgressive Surface (TS) in which it is possible to see a coastal onlap. These system tracts
represent part of the regressive-transgressive cycle of the Gondwana I Supersequence that are
constituted by the Rio do Sul and Triunfo Members (Taciba Formation), and Paraguaçu
Member (Rio Bonito Formation).

Key-words: Depositional Systems. System Tracts. Permian. Paraná Basin.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – (A) mapa geológico simplificado com a localização dos afloramentos estudados
(base GEOBANK/CPRM). (B) Mapa político do Brasil, com destaque para a Bacia
do Paraná e posição das exposições estudadas na sua borda sudeste. ..................... 14
Figura 2 – Mapa geológico simplificado, mostrando a localização da Bacia do Paraná na
América do Sul e a distribuição espacial das supersequências propostas por Milani
(1997). Fonte: Milani, 2004. .................................................................................... 15
Figura 3 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná. Retirado de Milani et al. 2007. ................ 17
Figura 4 – Arcabouço tectônico da Bacia do Paraná, enfatizando as estruturas NE-SW e
destacando um “rifte central” proposto por Marques et al., 1993. .......................... 20
Figura 5– Elementos arquiteturais internos ao canal (modificado de Miall, 1988). ................ 25
Figura 6 - Elementos arquiteturais externos aos canais fluviais (modificado de Miall, 1996). 25
Figura 7 - Fluxograma representativo dos fatores alogênicos principais e a influência que eles
exercem no padrão de empilhamento (modificado de Catuneanu, 2006). ............... 28
Figura 8 – Diferentes escalas (ordens hierárquicas) de análise de sequências estratigráficas e
suas principais causas (modificado de Catuneanu, 2006). ....................................... 28
Figura 9– Diagramas ilustrando o efeito da ação da energia da onda na criação ou destruição
do espaço de acomodação (modificado de Catuneanu, 2006). ................................ 29
Figura 10 – Ilustração esquemática das relações em entre os três fatores principais
responsáveis pela criação do espaço de acomodação (modificado de Jervey, 1998).
.................................................................................................................................. 30
Figura 11 – Nível do mar relativo conforme adotado por Jervey (1998). ................................ 30
Figura 12 – Ilustração do nível de base com extensão ao nível do mar para dentro do
continente (modificado de Catuneanu, 2006). ......................................................... 31
Figura 13 – Ilustração do perfil de equilíbrio fluvial (modificado de Catuneanu, 2006). ........ 32
Figura 14 – (A) Situação inicial, com o nível do mar “estável”; (B) Transgressão da linha de
costa, que exibe um padrão retrogradacional das fácies; e (C) Regressão da linha de
costa, que exibe um padrão progradacional das fácies (modificado de Catuneanu,
2006). ....................................................................................................................... 33
Figura 15 – Regressão normal e forçada de acordo com a mudança do nível de base, gráfico
superior, e taxas de sedimentação e de mudança do nível de base, gráfico inferior
(Modificado de Catuneanu, 2006). .......................................................................... 34
Figura 16 – Diferentes padrões de empilhamento estratal durante a regressão normal (A e B) e
regressão forçada (C) (modificado de Posamentier & Allen, 1999). ....................... 34
Figura 17 – Exemplo ilustrativo das terminações estratais (Catuneanu, 2006)........................ 36
Figura 18 – Ciclo transgressivo-regressivo completo, eventos e superfícies estratigráficas
geradas (modificado de Catuneanu, 2006). .............................................................. 37
Figura 19 – Conjuto de parasequências progradacionais, retrogradacionais e agradacionais
(modificado de Van Wagoner, 1988). ...................................................................... 41
Figura 20 – Imagem ilustrando a diferença dos modelos com três tratos de sistemas (acima) e
com quatro tratos de sistemas (abaixo). ................................................................... 42
Figura 21 – Ilustração do TSNA com suas superficies estratigráficas limítrofes e padrões de
empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006). ............................... 43
Figura 22 - Ilustração do TSMQ com suas superficies estratigráficas limítrofes e padrões de
empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006). ............................... 44
Figura 23 - Ilustração do TSNB com suas superficies estratigráficas limítrofes e padrões de
empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006). ............................... 45
Figura 24 - Ilustração do TST com suas superficies estratigráficas limítrofes e padrões de
empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006). ............................... 47
Figura 25 – Modelos de sequência e seus respectivos limites (modificado Catuneanu, 2002).
.................................................................................................................................. 48
Figura 26 – (A) Perfil litoestratigráfico com as associaçõesde fácies AF1 e AF2; (B) visão
panorâmica do afloramento que exibe nítido aumento ascendente dos pacotes de
arenitos, formando ciclos granodecrescentes ascendentes, com elementos
arquiteturais e superficies limítrofes; (C) detalhe de pelito com textura blocky
(paleosolo); (D) arenito médio a fino exibindo uma intergradação de fácies
separadas por superficies de 2ª ordem; (E) ciclos granodecrescentes ascendentes,
característicos de planícies de inundação, interpretado como sucessivos eventos de
inundação; (F) contato erosivo entre a AF1 e AF3, que pode ser traçado por vários
metros. ...................................................................................................................... 53
Figura 27 – (A) Perfil litoestratigráfico da associação de fácies de planície de inundação; (B)
arenito fino com estratificação cruzada acanalada de pequeno porte; (C) foto de
detalhe na qual é possível observar os elementos CS e FF limitados por uma
superfície de 4ª ordem; e (D) heterolito wavy. ......................................................... 54
Figura 28 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de canais entrelaçados (AF3);
(B) foto de afloramento mostrando os ciclos granodecrescentes ascendentes, os
elementos arquiteturais e as superfícies limítrofes; (C) Elemento de acresção frontal
(DA) camadas arenitos finos com estratificação cruzada tabular (Sp), limitadas por
superfícies de 3ª ordem, e com filmes carbonosos recobrindo as superfícies; (D)
arenito fino com estratificação cruzada assimétrica (Sr) e arenito fino com
estratificação sigmoidal (Ss) - elemento de acresção lateral (LA) ? - com superfícies
de 3ª ordem; (E) foto de detalhe de arenito fino de litofácies Sp; e (F) foto de
afloramento mostrando a superfície erosiva de alto relevo, com crosta laterítica, que
limita a AF3 da AF4. ............................................................................................... 58
Figura 29 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de frente deltaica-prodelta; (B)
superfície erosiva basal sobreposta por conglomerados, arenitos e pelitos, com
granodrescência ascendente; (C) paraconglomerado intraformacional com clastos
de pelito, subangulosos e subarredondados, e matriz arenosa (Gmg); (D) arenito
fino com estratificação cruzada simétricas (So) sobreposto a heterolito linsen (Hl)
com estrutura de carga; (E) arenito fino/pelito com acamamento heterolítico wavy
(Hw) com truncamento erosivo; (F) heterolito linsen (Hl); (G) arenito médio com
estratificação cruzada de baixo ângulo (Sl) na base e arenito médio com climbing-
ripples e recobrimentos argilosos nos foresets no topo; (H) paraconglomerado
intraformacional com clastos de arenito subangulosos (Gmg); (I) heterolito linsen
na base e arenito médio com laminação planar-paralela (Sh) e estrutura de carga no
topo; e (J) arenito médio com estratificação cruzada assimétrica (Sr) com mud
drapes. ...................................................................................................................... 61
Figura 30 - Estratificação cruzada do tipo hummocky-swaley de grande porte (>1m): (A)
fotografia interpretada da estratificação e (B) fotografia da estratificação sem
interpretação. ............................................................................................................ 61
Figura 31 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de preenchimento de baía
central, canal de maré e barra de maré; (B) foto de afloramento das associações
AF5, AF6 e AF7; (C) arenito fino com estratificação cruzada assimétrica
cavalgante (Sr); (D) arenito fino com estratificação cruzada assimétrica (Sr)
intercalado com heterolito linsen (Hl); (E) heterolito linsen (Hl) com gretas de
dessecação; arenito fino com acamamento flaser (Hf) e estrutura de deformação do
tipo slump. ................................................................................................................ 63
Figura 32 – Vista panorâmica dos depósitos de preenchimento de canais estuarinos:
associações de canal de maré (AF6) e de delta de maré (AF7). Notar a disposição
oposta dos estratos cruzados das barras de maré. .................................................... 64
Figura 33 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de face litorânea superior (AF
8), laguna (AF 9) e leque de lavagem (AF 10); e (B) foto panorâmica mostrando a
geometria dos corpos arenosos e pelíticos litorâneos. ............................................. 65
Figura 34 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de face litorânea
inferior/intermediária (AF8), laguna (AF9), leque de lavagem (AF10) e face praial
(AF11); (B) relação lateral e vertical das associações de fácies; (C) vista em
afloramento da AF9 sobreposta pela AF10; (D) heterolito flaser na base e wavy no
topo, como nódulos de pirita; (E) heterolito wavy; (F) arenito médio com
estratificação acanalada; e (G) estratificação de baixo ângulo da face praial (AF11).
.................................................................................................................................. 67
Figura 35 - Perfis estratigráficos, associação de fácies e sistemas deposicionais descritos nos
afloramentos BP-06 e BP-08..................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 36 – (A) Tratos de sistemas, superfícies estratigráficas e limites de sequência propostos
neste trabalho, coluna litoestratigráfica e curva de variação do nível de base; (B)
Curva de variação do nível do mar de acordo com a escola da Exxon e Hallam
(1983); e (C) Mapa geológico e seção estudada. ...... Erro! Indicador não definido.
Figura 37 – Arenito médio com estratificação cruzada de baixo ângulo (Sl) mostrando o onlap
costeiro sobre uma delgada camada de pelito intensamente bioturbada. ........... Erro!
Indicador não definido.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação de fácies para sistemas fluviais de acordo com Miall (1996). ......... 23

Quadro 2 – Ordem hierárquica das superfícies limítrofes, suas características e interpretação


(modificado de Miall, 1985).............................................................................................. 24

Quadro 3 – Sumário das principais características das litofácies identificadas nas sucessões
permianas da borda sudeste da Bacia do Paraná, Santa Catarina, estudadas neste trabalho.
........................................................................................................................................... 51
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

1.1. ABORDAGEM E RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................ 12

1.2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 13

1.3. LOCALIZAÇÃO DOS AFLORAMENTOS ................................................................ 13

2. CONTEXTO GEOLÓGICO ............................................................................................. 15

2.1. A BACIA DO PARANÁ ............................................................................................... 15

2.2. ARCABOUÇO ESTRATIGRÁFICO ........................................................................... 16

2.3. ARCABOUÇO ESTRUTURAL ................................................................................... 19

3. MÉTODOS........................................................................................................................ 21

3.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ...................................................................... 21

3.2. ESTUDO DOS AFLORAMENTOS ............................................................................. 21

3.3. ANÁLISE FACIOLÓGICA E ARQUITETURAL ....................................................... 22

3.4. ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA ................................................................................... 26

4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 27

5. FÁCIES E ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES .......................................................................... 49

6. SISTEMAS DEPOSICIONAIS E TRATOS DE SISTEMAS ........................................... 68

6.1. SISTEMA FLUVIAL MEANDRANTE ....................................................................... 68

6.2. SISTEMA FLUVIAL ENTRELAÇADO ..................................................................... 69

6.3. SISTEMA ESTUARINO – ILHA BARREIRA............................................................ 70

7. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 73

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 74


12

1. INTRODUÇÃO

1.1. ABORDAGEM E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A Estratigrafia de Sequências interpreta o registro sedimentar frente às mudanças do nível


de base e das tendências deposicionais que emergem da relação entre acomodação e
sedimentação (Catuneanu 2006). Este método de análise estratigráfica é uma reformulação da
maneira de interpretar a evolução de sistemas deposicionais, que possibilita uma visão
integrada dos fatores geológicos que governam a evolução das bacias sedimentares. Estes
fatores incluem o clima, a tectônica e a eustasia que, inter-relacionados, determinam o aporte
sedimentar, o espaço de acomodação, a composição das rochas sedimentares e sua história
diagenética.
Sistemas deposicionais são assembleias tridimensionais de fácies e processos relacionados
que representam o produto sedimentar dos ambientes deposicionais, que gradam lateralmente
para sistemas contemporâneos, identificados por associações fácies locais que registram
principais elementos paleo-geomórficos (Catuneano 2006). Os sistemas deposicionais
representam a dinâmica e a variabilidade dos depósitos sedimentares, que são investigadas,
com sucesso, utilizando-se os princípios da Estratigrafia de Sequências.
A Supersequência Gondwana I (Milani et al., 2007; Carbonífero-Eotriássico) é a mais
expressa sucessão sedimentar da Bacia do Paraná e que, no estado de Santa Catarina,
encontra-se excepcionalmente exposta. Nos últimos anos, uma série de trabalhos tem sido
publicados - Holz (1999), Holz (2003), Weinschütz e Castro (2005), Castro, Weinschütz e
Castro (2005), Jásper et al. (2006) – que enfocam o registro sedimentar da Supersequência
Gondwana I, fundamentalmente nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul.
Como consequência, há um arcabouço estratigráfico bem definido tanto para as porções
sul-paranaense/norte-catarinense quanto para a rio-grandense, deixando assim um espaço
geográfico em que não há um detalhamento dos sistemas deposicionais e da estratigrafia.
Mesmo assim, no centro-leste do estado de Santa Catarina, podem-se observar a ocorrência de
megafloramentos contínuos que apresentam uma notável extensão, tanto lateral como vertical,
de rochas permianas com excelentes estruturas que denotam um significado paleoambiental
importante, e que auxiliaria no estabelecimento de um arcabouço estratigráfico mais preciso
para esta parte da bacia, bem como ajudaria a fornecer dados para a caracterização dos
elementos que compõem os sistemas petrolíferos não somente da Bacia do Paraná, mas como
também em outras bacias intracratônicas brasileiras.
13

1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Principais

Este trabalho tem por finalidade: (1) reconstituir os sistemas deposicionais permianos por
meio da análise de afloramentos que ocorrem na borda sudeste da Bacia do Paraná, Estado de
Santa Catarina; (2) interpretar os tratos deposicionais com base na caracterização de
superfícies estratigráficas genéticas; e (3) propor um arcabouço estratigráfico para as unidades
investigadas.

1.2.2. Específicos

Os objetivos específicos têm em vista: (1) interpretar as associações em termos de


ambientes deposicionais; (2) caracterizar os padrões da sucessão de fácies para investigar as
tendências deposicionais relacionadas às mudanças de espaço de acomodação e aporte
sedimentar; (3) discutir os controles relacionados à evolução dos sistemas deposicionais e à
origem de superfícies genéticas; e (4) definir tratos de sistemas com base na Estratigrafia de
Sequências.

1.3. LOCALIZAÇÃO DOS AFLORAMENTOS

Dois afloramentos foram selecionados neste trabalho e estão localizados às margens da


BR-282, próximos à cidade de Alfredo Wagner, Santa Catarina (Figura 1A). Estas duas
exposições permianas encontram-se em contexto geomorfológico privilegiado na borda
sudeste da Bacia do Paraná (Figura 1B), pois apresentam amplas extensões lateral e vertical,
que permitem estudo sedimentológico e estratigráfico de detalhe.
O afloramento BP-06 apresenta aproximadamente 1 km de extensão lateral por 40 m de
altura, e devido à configuração da rodovia, é possível percorrer desde os intervalos
estratigráficos inferiores até os superiores, permitindo o empilhamento dos pacotes rochosos
e, ao mesmo tempo, facilitando a compreensão da arquitetura de fácies, bem como da
geometria dos corpos. Já o BP-08 possui 500 m de comprimento e altura que chega a atingir
30m, com desenho rodoviário semelhante ao anterior.
14

Figura 1 – (A) mapa geológico simplificado com a localização dos afloramentos estudados (base
GEOBANK/CPRM). (B) Mapa político do Brasil, com destaque para a Bacia do Paraná e posição das
exposições estudadas na sua borda sudeste.
15

2. CONTEXTO GEOLÓGICO

2.1. A BACIA DO PARANÁ

A Bacia do Paraná representa a maior bacia intracratônica brasileira, com


aproximadamente 1.500.000km2 totais (Milani et al., 2007), dos quais 70% se encontram em
território nacional. Está localizada no sudeste da América do Sul (Figura 2) e possui uma
geometria em planta elíptica, cujo eixo maior distribui-se no sentido N-S (Pereira et al.,
2012). Seu flanco leste encontra-se modelado pela erosão em função do soerguimento crustal
devido à abertura do Atlântico Sul durante o Mesozóico (Milani et al., 2007), enquanto que a
borda oeste é marcada por uma feição estrutural positiva, de direção norte-sul, que caracteriza
um bulge flexural relacionado à sobrecarga litosférica atribuída à ação do cinturão orogênico
andino (Shiraiwa, 1994). Já seu embasamento é composto por rochas metamórficas e
magmáticas relacionadas ao Ciclo Brasiliano (700-450 Ma, Almeida e Hasui, 1984).

Figura 2 – Mapa geológico simplificado, mostrando a localização da Bacia do Paraná na América do


Sul e a distribuição espacial das supersequências propostas por Milani (1997). Fonte: Milani, 2004.
16

2.2. ARCABOUÇO ESTRATIGRÁFICO

O arcabouço estratigráfico da Bacia do Paraná está marcado por um espesso pacote


sedimentar-magmático de aproximadamente 7.000 m, sendo que seu depocentro coincide
geograficamente com a calha do Rio Paraná (Milani et al. 2007). Todo o seu registro pode ser
dividido em seis unidades de ampla escala ou Supersequências (sensu Vail, Todd e Sangree,
1977), formando pacotes rochosos representados por intervalos temporais de algumas dezenas
de milhões de anos, separados por discondâncias regionais (Milani et al. 1997), conforme
pode ser visto na Figura 3.
A Supersequência Rio Ivaí representa o início da sedimentação na Bacia do Paraná e é
formada por rochas ordovicianas e silurianas, que se encontram balizadas por falhas NE-SW.
Esta superquência é representada pelas formações Alto Garças, Iapó e Vila Maria. O topo
desta supersequência é marcado por uma discordância neo-siluriana regional que representa
exposição subaérea, com profunda erosão regional e consequente formação de expressivo
peneplano (Milani et al., 2007).
A Supersequência Paraná foi depositada durante um novo evento de subsidência
regional ocorrido no Devoniano, representado pelas formações Furnas e Ponta Grossa.
Marcada por uma notável uniformidade faciológica, a porção superior desta supersequência
sofreu intensa erosão, embora breves episódios de sedimentação tenham sido propostos com
base em associações de palinomorfos (Milani et al., 2007). Apesar de a maioria do seu
registro sedimentar estar assentado sobre a Supersequência Rio Ivaí, na porção sul e sudeste
da Bacia, as sucessões devonianas encontram-se diretamente em contato com o embasamento.
A discordância neodevoniana demarca o limite superior dessa supersequência.
A Supersequência Gondwana I corresponde a cerca de 50% do registro estratigráfico da
Bacia do Paraná. Esta unidade só foi formada após um longo período de não deposição
atribuído à ação da Orogenia Herciniana (Zalán, 1991; López-Gamundí e Rossello, 1993).
Porém, alguns autores argumentam que a ocorrência de calotas de gelo sobre o Gondwana em
altas latitudes (Caputo e Crowell, 1985; Caputo et al., 2008) – no Neodevoniano e
Eocarbonífero - explicaria na formação deste hiato. As unidades estratigráficas desta
supersequência são as formações Aquidauana, Lagoa Azul, Campo Mourão, Taciba (Membro
Rio do Sul), Rio Bonito, Palermo, Irati, Serra Alta, Teresina, Rio do Rastro, Pirambóia e
Sanga do Cabral, de idade Carbonífera-Eotriássica, que registram um ciclo transgressivo-
regressivo completo, que está relacionado ao avanço e recuo do oceano Panthalassa sobre o
continente Gondwana.
17

Figura 3 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná. Retirado de Milani et al. 2007.


18

Seu limite superior está marcado pela discordância Eotriássica, que delimita os últimos
pacotes marinhos da Bacia do Paraná.
A Supersequência Gondwana II, de idade Meso a Neotriássica, é de ocorrência bastante
pontual, e está situada apenas nas regiões gaúchas e uruguaias da bacia. Está inserida no
contexto regional pelo fato de apresentar sucessões sedimentares depositadas em bacias do
tipo gráben, materializadas na formação Santa Maria. A erosão eólica predominante no
interior do Gondwana durante o Mesozóico foi responsável pela formação da discordância
Neojurássica, que se instalou anteriormente à deposição da penúltima supersequência, a
Gondwana III (Neojurássico-Eocretáceo). Esta supersequência é representada por duas
formações, mundialmente conhecidas, denominadas de Botucatu e Serra Geral. A primeira é
constituída por arenitos eólicos, já a segunda, por rochas vulcânicas associadas ao
magmatismo relacionado à abertura do Atlântico Sul, que definem o fim dos eventos de
sedimentação extensiva no interior do megacontinente (Milani et al., 2007). A discordância
Eocretácica é responsável por limitar o topo desta supersequência.
Os ajustes isostáticos promovidos pelo espesso pacote vulcânico da Fm. Serra Geral foram
fundamentais para a implementação do último pacote rochoso da Bacia do Paraná, a
Supersequência Bauru (Neocretáceo). Constituídas por diversas formações, é fruto da
deposição de sedimentos clásticos provenientes de rochas paleozóicas e pré-cambrianas
expostas na borda basculada da bacia.
Na área em que o trabalho foi desenvolvido, afloram as seguintes unidades
litoestratigráficas: Formação Taciba (Rio do Sul, segundo França & Potter, 1988), Rio Bonito
e Palermo, todas sendo enquadradas na Supersequência Gondwana I.
A Formação Taciba (Rio do Sul) encontra-se dividida, da base para o topo, em três
membros: Rio Segredo que constitui um corpo arenoso que se adelgaça para leste; Mb.
Chapéu do Sol, que é representado por diamictitos e o Mb. Rio do Sul que é caracterizado por
ritmitos, siltitos e folhelhos (Castro, Weinschutz e Castro, 2005)
A Formação Rio Bonito pertence ao Grupo Guatá e divide-se em três membros: Triunfo,
Paraguaçu e Siderópolis. O membro Triunfo é constituído por arenitos e conglomerados
cinza-claro que contêm estratificações paralelas, cruzadas tabulares e acanaladas. Localmente
ocorrem folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a pretos, carbonosos e camadas de carvão.
O membro Paraguaçu é marcado por sedimentação pelítica (siltitos e folhelhos cinza a
esverdeados) e, secundariamente, arenitos finos com laminação planar-paralela e ondulada,
apresentando bioturbação. O membro Siderópolis é caracterizado como o intervalo superior
da formação, sendo constituído por um espesso pacote de arenitos com intercalações de
19

siltitos, folhelhos carbonosos e carvão. Normalmente apresenta laminação planar-paralela,


climbing-ripples, flaser, wavy, linsen, mud drapes, bioturbação e fluidização, além de
hummocky (Castro et al., 1994 e Krebs, 2002).
A Formação Palermo (Aboarrage & Lopes 1986) é formada pela intercalação de siltitos e
arenitos finos a muito finos com acamamento wavy e linsen, e subordinadamente flaser. Além
disso, são encontrados nessa unidade, estratificações cruzadas do tipo hummocky. Por isso,
Lopes, Lavina e Signorelli (1986) e Lavina & Lopes (1986) interpretaram a Fm. Palermo
como um ambiente marinho transgressivo, de plataforma, sob a influência de ondas e marés,
que sobrepõem o ambiente deltaico-lagunar da Fm. Rio Bonito, com um registro da variação
do recuo linha de costa em sucessivos pulsos.

2.3. ARCABOUÇO ESTRUTURAL

Esta temática tem sido abordada de diferentes maneiras, sempre objetivando estabelecer
um marco tectônico responsável pela subsidência e posterior acomodação das unidades
sedimentares. Fulfaro et al. (1982) atribuem a ocorrência de aulacógenos no embasamento,
com orientação NE-SW, como precursoras da sedimentação cratônica. Por sua vez, Zalán et
al. (1990) consideram a atividade de resfriamento litosférico como fundamental para a
subsidência da bacia, embora não descartem totalmente a possibilidade de estiramento crustal
como agente principal para o início da formação da sinéclise. Soares (1991) argumenta contra
a existência de um rifte precursor, propondo que a origem seria atribuída a um mecanismo de
flexura litosférica com abatimento de blocos, responsáveis por acomodar os sedimentos mais
antigos da bacia.
No entanto, para Milani (1997), a flexura litosférica por sobrecarga tectônica, que se
propagou para dentro do continente a partir da calha de antepaís, desempenhou um papel
fundamental. Segundo este autor, os episódios de subsidência da bacia estão intimamente
ligados com os processos orogênicos, atuantes a época, na borda ocidental do Gondwana,
sendo reconhecidos na história Fanerozóica dessa margem (Ramos et al. 1986). Portanto, a
implementação da bacia se deu ao longo de depressões alongadas, seguindo a direção NE-
SW, segundo uma trama do substrato pré-cambriano, que foi reativado devido aos esforços
compressionais atuantes na borda do continente causados pela Orogenia Oclóyica (Ramos et
al. 1986), ocorrida durante o Neo-Ordoviciano.
Independentemente dos mecanismos propostos para a geração das principais estruturas, é
possível perceber que a estruturação da Bacia do Paraná é relativamente complexa e, grosso
20

modo, é compreendida por lineamentos que podem ser agrupados em três direções principais:
NW-SE, NE-SW e E-W. Os dois primeiros são mais antigos e simbolizam zonas de fraquezas
que recorrentemente se ativaram durante a evolução da bacia. A Figura 4 mostra as principais
estruturas de direção NE-SW.

Figura 4 – Arcabouço tectônico da Bacia do Paraná, enfatizando as estruturas NE-SW e destacando


um “rifte central” proposto por Marques et al., 1993.
21

3. MÉTODOS

Os métodos descritos a seguir se referem aos procedimentos seguidos neste trabalho, a fim
de atingir os objetivos elencados anteriormente, sendo que fazem parte dos estudos realizados
na grande maioria dos trabalhos em que a Estratigrafia de Sequências tenha sido a principal
ferramenta de interpretação do registro geológico, e podem ser encontradas em Catuneanu
(2006).

3.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

O levantamento bibliográfico foi desenvolvido ao longo de todo o trabalho, tendo em vista


a abordagem sobre a) informações já disponíveis sobre a origem e evolução estratigráfica da
Bacia do Paraná, com especial atenção ao registro Permiano da borda leste; b) os sistemas
deposicionais fluviais, deltaicos, estuarinos e marinhos atuais e pretéritos; e c) abordagem
teórica e conceitual sobre Estratigrafia de Sequências.

3.2. ESTUDO DOS AFLORAMENTOS

O estudo de afloramentos foi realizado durante trabalhos de campo realizado em duas


etapas: de 15 a 17 de novembro de 2013; e 29 e 30 de março de 2014. Os atributos descritivos
envolveram litologia, textura, estruturas sedimentares, cor, geometria e relações laterais e
verticais das camadas. Foram tomadas medidas de paleocorrente e registrado o conteúdo
paleontológico. Estes atributos combinam-se para definir uma fácies.
Foram levantados perfis colunares para uma melhor percepção das tendências faciológicas
gerais que permitem identificar mudanças sistemáticas em direção ao topo de uma camada e
seções panorâmicas e de detalhe, as quais foram utilizadas para a confecção dos fotomosaicos
em laboratório. Nesta etapa, observou-se também a ocorrência de estruturas tectônicas pós-
deposicionais e outras perturbações, não geológicas, decorrentes da utilização de explosivos e
máquinas escavadoras para a construção da estrada. Essas estruturas não foram levadas em
conta para a interpretação dos sistemas deposicionais, mas foram consideras fundamentais
para a correta correlação entre os perfis estratigráficos.
22

3.3. ANÁLISE FACIOLÓGICA E ARQUITETURAL

Este método foi utilizado para distinguir características específicas de unidades rochosas
adjacentes. Tais características distintivas podem ser encontradas em Walker (1992), e
referem-se aos atributos que podem ser observados nas rochas sedimentares, tais como:
textura, estrutura, litologia, geometria da camada, paleocorrente e conteúdo fossilífero. São
esses atributos que permitiram caracterizar as diferentes fácies presentes nos afloramentos
BP-06 e BP-08. A caracterização faciológica, pode ser subdividida em duas etapas diferentes,
mas complementares: descrição das fácies e associação de fácies.

3.3.1. Descrição das fácies

Os dados coletados em campo permitem a diferenciação e enquadramento das fácies


seguindo a proposta de Miall (1996), no qual os atributos são interpretados em termos de
processos deposicionais. Portanto, cada fácies representa um evento deposicional individual.
No caso específico deste trabalho, as descrições abrangem a litologia, textura, estrutura,
geometria e espessura da camada, paleocorrente, e, subordinadamente, a presença de nódulos
de pirita, crosta ferruginosa e conteúdo fossilífero. Para a nomenclatura das fácies foram
usados, principalmente, os modelos de fácies disponíveis em Miall (1996). No entanto, foi
necessária a adaptação de outras fácies. A primeira letra, maiúscula, indica o tamanho de grão
dominante (e.g. S=sand) enquanto que, segunda letra, minúscula, refere-se à estrutura ou
textura (e.g. t = trough cross-bedding) (Quadro 1).

3.3.2. Associação de fácies

Este método objetiva o agrupamento de fácies geneticamente relacionadas. Conforme


Collinson (1996), uma associação de fácies pode ser entendida como um grupo de fácies
geneticamente relacionadas umas às outras e que possuem algum significado ambiental. A
partir da descrição das fácies e da análise da inter-relação entre elas, considerando as
superfícies estratigráficas que as colocam em contato, é possível correlacioná-las de maneira
que a associação de fácies represente um sistema deposicional. A análise conjunta da
associação de fácies com suas geometrias internas e externas (tanto bi quanto tridimensional)
podem ser utilizadas para a caracterização de elementos arquiteturais sedimentares,
considerando as superfícies limítrofes que separam os estratos de diferentes escalas temporais
e magnitudes de processos deposicionais (Quadro 2).
23

Miall (1985) utiliza o termo elementos arquiteturais para individualizar diferentes corpos
sedimentares compostos de associações de fácies. Inicialmente, sugeriu oito elementos
arquiteturais básicos em depósitos internos aos canais fluviais, conforme visto na Figura 4.
Além destes elementos internos aos canais, Miall (1996) identificou seis elementos
arquiteturais externos ao canal (Figura 5).

Quadro 1 - Classificação de fácies para sistemas fluviais de acordo com Miall (1996).
24

Quadro 2 – Ordem hierárquica das superfícies limítrofes, suas características e interpretação


(modificado de Miall, 1985).
25

Figura 5 – Elementos arquiteturais internos ao canal (modificado de Miall, 1988).

Figura 6 - Elementos arquiteturais externos aos canais fluviais (modificado de Miall, 1996).
26

3.3.3. Análise de paleocorrentes

Medidas de paleocorrentes em estratos cruzados foram obtidas em diferentes fácies para


análise de padrões de dispersão sedimentar. Os principais estratos cruzados medidos foram
estratificação cruzada tabular, laminação cruzada por corrente (ripples), estratificação
sigmoidal, e cruzada de baixo ângulo. Os dados foram plotados em diagramas de rosetas, com
o auxílio do software livre OpenStereo.

3.4. ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA

O método de análise estratigráfica utilizado neste trabalho refere-se à Estratigrafia de


Sequências. Logo, o posicionamento dos sistemas deposicionais, reconhecidos através da
associação de fácies, seguem uma ordem cronoestratigráfica ordenada, respeitando as
superfícies estratigráficas que limitam os tratos de sistemas. Conforme exposto por Catuneanu
(2006), a interpretação do registro geológico a partir da perspectiva da estratigrafia de
sequências segue uma ordem: i) definição dos sistemas deposicionais, que foram identificados
através da relação entre as distintas associações de fácies interpretadas; ii) reconhecimento
das superfícies estratigráficas, as quais foram definidas levando-se em consideração as
associações de fácies em contato ao longo da superfície, tipo de contato (concordante ou
discordante) e as terminações estratais associadas com cada superfície; e iii) interpretação dos
tratos de sistemas, tomando como base os procedimentos e conceitos estabelecidos em
Catuneanu (2002, 2006), Nichols (2009), Galloway (1989), Vail, Todd e Sangree (1977),
Ribeiro (2001), Fávera (2001) e Hunt e Tucker (1992).
27

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1. ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS

A Estratigrafia de Sequências é ramo da Estratigrafia que se dedica ao entendimento do


arcabouço estratigráfico de bacias sedimentares por meio da análise da resposta sedimentar às
mudanças do nível de base, e das tendências deposicionais que emergem da relação entre o
espaço de acomodação e aporte sedimentar (Catuneanu 2006). Considerada uma revolução na
área da Geologia Sedimentar, a estratigrafia de sequências é uma reformulação da maneira de
interpretar e mapear estratos. É uma ciência multidisciplinar que agrega conhecimentos
sedimentológicos, paleontológicos, paleogeográficos, tectônicos, geofísicos, geoquímicos e
geocronológicos.
A Estratigrafia de Sequências estuda as relações de rochas sedimentares em um arcabouço
cronoestrastigráfico de estratos geneticamente relacionados, limitados por superfícies de
erosão ou não-deposição, ou por suas concordâncias correlatas (Vaill, Todd e Sangree, 1977).
Para Possamentier, Jervey e Vail (1988) e Van Wagoner et al. (1988), trata-se do estudo das
relações entre as rochas dentro de um arcabouço temporal–estratigráfico de estratos
repetitivos, geneticamente relacionados, limitados por superfícies de erosão ou não deposição,
ou suas conformidades correlatas.
Apesar de o termo “sequência” ter sido empregado pela primeira vez por Sloss, Krumbein
e Dapples (1949) para referir-se à sucessão de estratos limitados na base e no topo por
discordâncias subaéreas, que podiam ser rastreadas por grandes distâncias, a Estratigrafia de
Sequência se tornou mundialmente conhecida a partir dos trabalhos de Vaill, Todd e Sangree
(1977). Com o advento da Sismoestratigrafia, foram publicados trabalhos (p.e. Vaill, Todd e
Sangree, 1977), impulsionados pela indústria do petróleo, permitindo refinar o modelo de
sequência deposicional, cujo termo foi consolidado por Sloss (1963). Segundo Mitchum, Vail
e Thompson (1977) “sequência deposicional é uma sucessão relativamente concordante de
estratos geneticamente relacionados, limitados por discordâncias ou suas conformidades
correlativas”.

4.2. FATORES QUE CONTROLAM A SEDIMENTAÇÃO

As tendências deposicionais em uma sequência deposicional são governadas pela relação


entre variações no espaço de acomodação e suprimento sedimentar (Catuneanu 2006). Estes
28

fatores são controlados por mecanismos dependentes de processos bacinais (autogênicos),


restritos em escala de sistemas deposicionais, ou externos à bacia (alogênicos) que podem ser
extrapolados para uma análise mais completa, em uma maior escala. São considerados
controles alogênicos a eustasia, tectônica e o clima (Figura 7; Catuneanu 2006).

Figura 7 - Fluxograma representativo dos fatores alogênicos principais e a influência que eles exercem
no padrão de empilhamento (modificado de Catuneanu, 2006).

Muito embora a eustasia tenha sido definida por Vaill, Todd e Sangree (1977), como o
principal agente controlador da sedimentação e das mudanças do nível do mar, atualmente é
consensual que a tectônica e o clima desempenham papel igualmente importante na
distribuição dos padrões de fácies e dos padrões de empilhamento estratigráfico.
A tectônica e a eustasia controlam a dinâmica da acomodação (espaço disponível para o
acúmulo de sedimentos), determinando a energia do fluxo e o aporte sedimentar (sediment
supply), bem como o padrão de dispersão deposicional (deposicional trend). Portanto, estes
fatores são interdependentes e devem ser averiguados em qualquer escala investigativa do
registro geológico (Figura 8).

Figura 8 – Diferentes escalas (ordens hierárquicas) de análise de sequências estratigráficas e suas


principais causas (modificado de Catuneanu, 2006).
29

O clima é um fator que afeta diretamente a acomodação via eustasia (glacio-eustasia),


assim como o fornecimento sedimentar, por influência do intemperismo, erosão e as formas
de transporte das partículas. Porém o aporte sedimentar pode ser considerado uma função
tanto do clima quanto da tectônica. Em climas húmidos a taxa de fornecimento sedimentar é
aumentada devido ao aumento da eficiência do intemperismo, da erosão e do transporte (alta
descarga fluvial). O aporte sedimentar está intrinsicamente relacionado à geração de
acomodação, que permite o aumento da pilha sedimentar, contribuindo com o aumento da
sobrecarga litostática e da subsidência da bacia.
Apesar de o fornecimento sedimentar estar relacionado principalmente à tectônica e ao
clima, a energia de fluxo (energy flux) exerce um papel fundamental na dinâmica dos
processos de erosão e agradação. Em ambientes marinhos, correntes subaquosas e fluxos
gravitacionais remobilizam sedimentos, provocando o processo de erosão do leito
deposicional no ambiente marinho (Figura 9). A agradação resulta na acumulação de
sedimentos, quando o processo de erosão não é atingido e a acumulação de sedimento
encontra-se em equilíbrio com a energia do ambiente deposicional. Esta teoria pode ser
aplicada a sistemas continentais como eólico e fluvial.

Figura 9 – Diagramas ilustrando o efeito da ação da energia da onda na criação ou destruição do


espaço de acomodação (modificado de Catuneanu, 2006).
30

Acomodação compreende o espaço disponível para acumulação de sedimentos e foi


definido por Jervey (1998). Ele é controlado por três fatores relacionados (Figura 10): (1)
mudança no nível do mar - nível de base em sistemas continentais - medido a partir de um
datum, como o centro da Terra; (2) subsidência ou soerguimento tectônico; e (3) mudanças na
taxa de acumulação de sedimentos: relacionado ao aporte sedimentar e a energia de fluxo.

Figura 10 – Ilustração esquemática das relações em entre os três fatores principais responsáveis pela
criação do espaço de acomodação (modificado de Jervey, 1998).

Segundo Jervey (1998) o controle principal das variações no espaço de acomodação


resulta da combinação entre eustasia e tectônica, que condicionam as mudanças do nível
relativo do mar, que pode ser entendido como a superfície do mar em relação a um datum fixo
próximo ao assoalho oceânico (Figura 11).

Figura 11 – Nível do mar relativo conforme adotado por Jervey (1998).


31

Este conceito foi proposto inicialmente para sistemas marinhos. Para os sistemas
continentais o termo nível de base é mais apropriado, e pode ser entendido de forma
aproximada ao nível do mar (Jervey, 1998; Schumm, 1993), embora, em realidade, esta
superfície esteja abaixo do nível do mar, devido à ação das ondas e correntes marinhas.
Catuneanu (2006) define que o nível de base é geralmente associado a uma superfície de
referência global na qual denudação continental e agradação marinha tendem a ocorrer
(Figura 12).

Figura 12 – Ilustração do nível de base com extensão ao nível do mar para dentro do continente
(modificado de Catuneanu, 2006).

Entre a área-fonte e o ambiente costeiro marinho (Figura 12), a agradação ocorre


quando a deposição excede a erosão e, adicionalmente, a taxa de criação de espaço de
acomodação é quase nula. Para sistemas fluviais continentais, utiliza-se o perfil de equilíbrio
fluvial, que representa uma superfície onde não ocorre agradação, nem denudação e indica
uma tendência de se alcançar um equilíbrio dinâmico (Leopold e Bull, 1979). Quando um rio
que não está em equilíbrio o mesmo apresenta agradação ou degradação dos canais, na
tentativa de atingir o equilíbrio do perfil. Este processo ocorre durante a elevação de áreas-
fonte, alteração do nível de base e/ou mudança entre balanço da energia do fluxo e a carga
sedimentar transportada. Este perfil de equilíbrio pode estar acima ou abaixo da superfície
terrestre, e encontra-se com o nível de base marinho na linha de costa (Catuneanu, 2006)
(Figura 13).
32

Figura 13 – Ilustração do perfil de equilíbrio fluvial (modificado de Catuneanu, 2006).

4.3. TRAJETÓRIAS DE LINHAS DE COSTA

A movimentação da linha de costa está associada com a mudança do nível de base e o


aporte sedimentar, e podem ser definidas por duas trajetórias opostas: a) migração da linha de
costa em direção ao continente (transgressão); e b) migração da linha de costa em direção ao
mar (regressão).

4.3.1. Transgressão

A transgressão é o resultado da movimentação da linha de costa em direção ao continente


em função da elevação do nível do mar (Catuneanu, 2006). No registro geológico, a
transgressão pode ser identificada quando fácies litorâneas ou marinhas sobrepõem-se
gradativamente ou abruptamente a fácies continentais (Mitchum, 1977). Eventos
transgressivos estão ligados ao aumento substancial da taxa de criação de espaço de
acomodação, em relação à taxa do aporte sedimentar. Desta forma, o espaço disponível para a
sedimentação não é totalmente preenchido pela carga sedimentar, resultando num padrão de
empilhamento retrogradacional das fácies (Figura 14B). Nos ambientes não marinhos, a
transgressão é indicada pela presença de estruturas influenciadas por marés em sucessões
fluviais (Catuneanu, 2006).
33

Figura 14 – (A) Situação inicial, com o nível do mar “estável”; (B) Transgressão da linha de costa, que
exibe um padrão retrogradacional das fácies; e (C) Regressão da linha de costa, que exibe um padrão
progradacional das fácies (modificado de Catuneanu, 2006).

4.3.2. Regressão

A regressão refere-se à movimentação da linha de costa em direção ao mar, e é registrada


pela sobreposição de fácies não marinhas sob fácies marinhas (Figura 14C). Indica
raseamento da lâmina d’água, que resulta em um padrão de empilhamento progradacional das
fácies e poder ser de duas formas: normal ou forçada (Catuneanu, 2006; Figura 15).
A regressão normal é originada quando a taxa de aporte sedimentar é maior que a taxa de
subida do nível de base. Todo o espaço de acomodação gerado é preenchido, portanto há
agradação, ao mesmo tempo em que há um by-pass sedimentar, caracterizado pelo transporte
dos sedimentos sem a deposição dos mesmos. O empilhamento das fácies possui dois
componentes: agradacional e progradacional (Posamentier e Allen, 1999; Catuneanu, 2002,
Figura 16). Conforme pode ser visto na Figura 15, diferentemente da regressão forçada (RF),
a regressão normal (RN) está associada à subida do nível de base a uma taxa mais baixa que a
taxa de aporte sedimentar, por isso ocorre regressão normal.
34

Figura 15 – Regressão normal e forçada de acordo com a mudança do nível de base, gráfico superior, e
taxas de sedimentação e de mudança do nível de base, gráfico inferior (Modificado de Catuneanu,
2006).

Figura 16 – Diferentes padrões de empilhamento estratal durante a regressão normal (A e B) e


regressão forçada (C) (modificado de Posamentier & Allen, 1999).

A regressão forçada é originada quando há queda do nível de base (Figura 15) e, neste
caso, a linha de costa regride independentemente do aporte sedimentar (Catuneanu et al.,
2009). O espaço de acomodação diminui e há intensa erosão das sucessões anteriormente
depositadas, associado a uma progradação das fácies não marinhas no sentido offshore da
bacia, sendo caracterizadas por um padrão de empilhamento downstepping (Figura 16C). O
padrão arquitetural dos estratos na região próxima a linha de costa será definida pela
combinação de diversos fatores, entre eles: a taxa de aporte sedimentar, taxa de queda do
35

nível de base e do gradiente do fundo marinho (Ainsworth e Pattison, 1994; Posamantier e


Morris, 2000). Além disso, essa mudança na trajetória da linha de costa pode ser observada na
relação vertical da sucessão de fácies, na qual é possível perceber uma mudança abrupta de
fácies entre arenitos marinhos rasos e depósitos pelíticos de offshore subjacente, que em
situações de progradação normal (regressão normal) evidenciaria um contato gradual. A
incisão fluvial e formação de vales incisos são geralmente associadas à regressão forçada
(Nichols, 2009), embora Catueanu (2006) argumente que nem sempre há ocorrência de
incisão, podendo haver by-pass sedimentar ou até mesmo agradação.

4.4. TERMINAÇÕES ESTRATAIS

As terminações estratais podem ser definidas como a relação geométrica entre os estratos
e as superfícies estratigráficas que os limitam, e são melhores observadas em seções sísmicas
2D ou em megafloramentos (Catuneanu, 2006). Os cinco tipos de terminações estratais são
(Figura 17): downlap – estratos inclinados terminam mergulho abaixo contra uma superfície
horizontal ou inclinada. Pode ser interpretado como o limite basal da unidade estratigráfica;
offlap – padrão que representa o avanço no sentido offshore das terminações mergulho acima
de estratos concordantes. Esta superfície geralmente representa uma regressão forçada, pois os
avanços das terminações mergulho acima indica a queda do nível de base e exposição das
unidades previamente depositadas; onlap – ocorre quando estratos inicialmente horizontais
terminam contra uma superfície inclinada, ou ainda quando estratos com certa inclinação
terminam mergulho acima contra uma superfície de maior inclinação. São terminações
estratais que demarcam o limite lateral de uma unidade estratigráfica; toplap - refere-se à
terminação mergulho acima de estratos inclinados (clinoformas) contra uma superfície
sobrejacente. Representa um hiato não-deposicional e se desenvolve quando o nível de base é
muito baixo, sendo responsável por impedir a deposição mergulho acima de um estrato (by-
pass). Além disso, pode evidenciar pequenas erosões acima do nível de base, ao passo que,
mergulho abaixo, há o desenvolvimento de um padrão progradacional (Ribeiro, 2001); e
truncamento erosivo - terminação mergulho acima de estratos inclinados (clinoformas) contra
uma superfície erosiva sobrejacente. Indica, geralmente, o desenvolvimento de um relevo
erosional e/ou de uma discordância angular.
36

Figura 17 – Exemplo ilustrativo das terminações estratais (Catuneanu, 2006).

4.5. SUPERFÍCIES ESTRATIGRÁFICAS

As superfícies estratigráficas registram mudanças nos regimes deposicionais ao longo do


tempo e espaço e fornecem informações para a interpretação de sucessões sedimentares
(Catuneanu, 2006). Essas mudanças ocorrem em função das variações no nível de base e taxa
de sedimentação. A identificação de superfícies se dá a partir da descrição do tipo de contato
(concordante ou discordante), a natureza das fácies ao longo da superfície, mapeamento dos
padrões deposicionais abaixo e acima da superfície, assembleia de icnofósseis ou fósseis,
minerais diagenéticos e terminações estratais (Catuneanu, 2006).
Na análise de sequências estratigráficas, a definição destas superfícies é relevante na
determinação das fases de desenvolvimento dos sistemas desposicionais dentro de um ciclo
transgressivo e regressivo:

I. Início da regressão forçada: reflexo do início da queda do nível de base na linha


de costa; é marcado pela mudança da fase de sedimentação para uma fase que
representa erosão e/ou by-pass sedimentar nos ambientes fluviais e marinho raso;
II. Final da regressão forçada: reflexo do final da queda do nível de base na linha de
costa; é marcado pela mudança de degradação para agradação nos ambientes
fluviais e marinho raro;
III. Final da regressão: reflexo do início da subida no nível de base na linha de costa;
é marcado pela inversão na trajetória da linha de costa, da regressão para a
transgressão;
IV. Fim da transgressão: reflexo do início da subida no nível de base na linha de
costa; é marcado pela inversão na trajetória da linha de costa, da transgressão para
a regressão.
37

Esses eventos são responsáveis pela formação das superfícies estratigráficas que
delimitação dos tratos de sistemas (Figura 18). Embora existam outras superfícies internas aos
tratos de sistemas, as mais adequadas para estudos litoestratigráficos e aloestratigráficos
(Catuneanu, 2006) são:

Figura 18 – Ciclo transgressivo-regressivo completo, eventos e superfícies estratigráficas geradas


(modificado de Catuneanu, 2006).

Discordância subaérea (subaerial unconformity) – representa uma superfície de


erosão ou não deposição gerada durante um período de queda do nível de base, provocada por
incisão fluvial, degradação eólica, by-pass sedimentar ou pedogênese (Catuneanu, 2006).
Atinge máxima extensão no final da regressão forçada (Helland-Hansen & Martinsen, 1996) e
estende-se bacia adentro como resultado do rebaixamento efetivo do nível de base. Muitas
vezes, podem representar os maiores hiatos no registro sedimentar, sendo os estratos acima ou
abaixo geneticamente não relacionados. Na porção marinha de uma bacia, a discordância
subaérea encontra-se relacionada a uma superfície cronocorrelata, denominada de
concordância correlata. Esta, por sua vez, pode ser confundida com superfícies deposicionais
comuns ou planos de acamamentos, significando que a sedimentação permaneceu contínua
nas partes mais profundas da bacia.
Concordância Correlata (Correlative conformity) – esta superfície é formada dentro
do ambiente marinho no final do estágio de rebaixamento do nível de base. Pode ser
considerada próxima ao paleo-fundo oceânico do final da regressão forçada e é correlata da
terminação em direção ao mar da discordância subaérea. Marca mudanças no padrão
38

deposicional, onde separa depósitos de regressão forçada (TSMQ), abaixo, de depósitos de


regressão normal (TSNB), acima.
Posamentier, Jervey e Vail (1988) utilizaram o termo concordância correlata para
referir-se ao paleofundo oceânico no início de uma regressão forçada. Pode também ser
referenciada como sinônimo de superfície basal de regressão forçada (Catuneanu, 2006). No
entanto, possuem diferenças quanto à preservação. A superfície gerada durante a regressão
forçada tem baixo potencial de preservação, já que é sujeita ao retrabalhamento tanto na
porção rasa quanto profunda da bacia devido ao fenômeno de rebaixamento do nível de base
que atua de maneira decisiva na geração de estruturas de scour na plataforma, instabilização
da borda da plataforma, além de contribuir para o desencadeamento de fluxos de gravidade
que adentram em direção à parte distal da bacia. A superfície gerada no final da regressão
forçada tem alto potencial de preservação já que é sucedida por um período de subida do nível
de base e, portanto, é caracterizado pela prevalência de um padrão agradacional. O termo
concordância correlata é utilizado, também, para se referir-se à superfície gerada no final da
regressão forçada (Hunt & Tucker, 1992).
Superfície basal de regressão forçada (Basal surface of forced regression) – é a
superfície utilizada para delimitar a base de depósitos acumulados no ambiente marinho
durante a regressão forçada, sendo introduzida primeiramente por Hunt & Tucker (1992). É
aproximável ao paleofundo oceânico do início da regressão forçada. Ela separa os depósitos
de regressão normal (TSNA), abaixo, dos depósitos de regressão forçada (TSMQ), acima, e é
“downlapada” pelas clinoformas progradantes mais jovens da regressão forçada e apresenta-
se concordante com os estratos subjacentes, salvo exceções, como no caso em que essa
superfície seja retrabalhada pela ação erosiva das ondas durante a queda do nível de base.
Superfície regressiva de erosão marinha (Regressive surface of marine erosion) – é
a superfície gerada pelo ravinamento regressivo dos depósitos de shoreface, através da ação
das ondas, durante o período de regressão forçada. É uma superfície característica de regiões
costeiras dominadas por onda. Segundo Catuenanu (2006), o processo de ravinamento só
ocorre quando o gradiente do fundo marinho na zona de shoreface é inferior ao gradiente do
perfil de equilíbrio de ondas. Em ambientes onde o gradiente do fundo marinho, abaixo do
nível de ação das ondas de tempo bom, é mais inclinado do que o perfil de equilíbrio de
ondas, não há a ocorrência da superfície de ravinamento.
O ravinamento é mais comum na região de fácies de face litorânea inferior (lower
shoreface) ao passo que em direção à bacia, a erosão dá lugar ao by-pass sedimentar e
eventualmente à deposição ininterrupta na região mais profunda da plataforma. Esta
39

superfície é posicionada entre a fácies plataformais (abaixo) e as fácies de face litorânea


superior (acima), e é considerada uma das mais importantes superfícies da estratigrafia de
sequências, pois demarca um contato erosivo que coloca em contato duas fácies contrastantes.
Além disso, o fato desta superfície continuar se formando e se expandindo bacia adentro
durante a queda do nível de base, faz com que ela seja diácrona.
Superfície de máxima regressão (Maximum regressive surface) – é a superfície que
representa a mudança na trajetória da linha de costa, quando esta passa da fase de regressão
para a subsequente transgressão (Catuneanu, 2006). Esta superfície separa estratos
progradantes, abaixo, de depósitos retrograntes, acima. Ocorre durante a fase de subida do
nível de base na linha costa quando a taxa de subida do nível de base começa a ultrapassar a
taxa de aporte sedimentar (Catuneanu, 2006). Seu caráter concordante pode dar lugar a uma
superfície de ravinamento, geralmente associada ao início de uma transgressão (Loutit et al.,
1988; Galloway, 1989).
Com relação ao seu potencial de preservação, esta superfície tende a apresentar uma
probabilidade maior de preservação nas porções profundas e rasas do ambiente marinho,
aonde a superfície de regressão máxima é “onlapada” pelos estratos agradantes transgressivos,
e mais baixos na região costeira e fluvial, aonde ela é objeto de retrabalhamento pelas ondas
durante a fase de transgressão da linha de costa. Esta superfície pode ser reconhecida em
seções sísmicas pela identificação da clinoforma progradante em regiões de taludes que é
“onlapada” por depósitos transgressivos subsequentes. No ambiente marinho raso, encontra-se
posicionada no topo de depósitos com padrão granocrescente ascendente e, dependendo da
taxa de transgressão, pode ser marcada por um contato arenito-folhelho, caso a transgressão
seja rápida ou haja uma diminuição significativa na taxa de aporte sedimentar.
Nos ambientes continentais, seu reconhecimento é mais difícil, porém normalmente pode
ser encontrada na base de depósitos estuarinos, onde marca a transição de fácies de centro de
bacia para fácies fluvial, ao mesmo tempo que o posicionamento no ambiente fluvial pode ser
interpretado a partir da mudança do sistema fluvial entrelaçado para meandrante (Catuneanu,
2006). A superfície de regressão máxima divide o trato de sistema de nível baixo (TSNB) do
trato de sistema transgressivo (TST).
Superfície transgressiva (Transgressive surface) – esta superfície representa a base do
trato de sistema transgressivo (TST), e delimita o início do período em que a taxa de criação


Uma superfície diácrona representa uma superfície que possui diferentes idades em distintas regiões (Bates e
Jackson, 1987), isto é, ela se forma com o avanço do tempo.
40

do espaço de acomodação é maior que a taxa de aporte sedimentar, sendo formada durante o
estágio de avanço da linha de costa em direção ao continente. A ST também marca a mudança
no padrão de empilhamento das parasequências, progradacional (abaixo) – formado durante o
TSMQ – de retrogradacional (acima) – formado durante o TST -. Dependendo da energia das
ondas e marés, a superfície transgressiva pode ser suficientemente forte para erodir os
depósitos praiais e fluviais anteriormente depositados. Nas regiões costeiras, a superfície
transgressiva por ser formada pelo ravinamento gerado pela maré, mais comumente nas zonas
estuarinas, ou pela ação das ondas na região de face litorânea inferior. Portanto, é importante
ressaltar que as duas superfícies são diácronas, pois se formam conforme o avanço da linha de
costa continente adentro. Segundo Catuneanu (2006), a ocorrência de hardgrounds e
firmgrounds (ondas) e woodgrounds (marés) são evidências desta superfície.
Superfície de inundação máxima (SIM) (Maximum flooding surface) – esta
superfície se forma no final da transgressão e, por isso, separa os estratos inicialmente
agradantes que passam para retrogradantes, do trato de sistema de nível de mar alto (HST).
Esta mudança ocorre durante o aumento do nível de base, geralmente acompanhado por um
aumento do aporte sedimentar, que ultrapassa a taxa de subida do nível de base (Catuneanu,
2006). Em seções sísmicas, é detectada pelo downlap e aspecto progradante dos estratos
acima da mesma. Nos ambientes marinhos e costeiros, a SIM constitui seções condensadas,
que corresponde a sedimentos hemipelágicos a pelágicos, acumulados durante períodos de
aporte sedimentar mínimo. Os hardgrounds também são feições típicas associadas à
superfície de inundação máxima (SIM), pois representam o grau de cimentação do fundo
marinho, muito embora os softgrounds formam-se onde a taxa de sedimentação é alta,
mantando o fundo marinho inconsolidado. A ocorrência de woodgrounds nas regiões costeiras
representam inundações marinhas sobre regiões de planícies costeiras. Na porção continental,
a ocorrência de estruturas que mostram a ação de marés em arenitos fluviais é indicativa da
SIM, além da ocorrência de níveis de carvão. Em sistemas puramente fluviais, a SIM está
relacionada a um aumento abrupto de energia fluvial, estando geralmente associada à
mudança nos estilos fluviais (i.e. passagem de um sistema meandrante para um sistema
entrelaçado), bem como à uma variação no grau de amalgamação dos canais (Catuneanu,
2006).
4.6. PARASEQUÊNCIAS
O termo parasequências foi definido por Van Wagoner et al. (1988) para se referir a
uma sucessão relativamente concordante de estratos geneticamente relacionados limitados por
uma superfície de inundação marinha ou suas superfícies correlatas. Os padrões de
41

empilhamento dos sets de parasequências (parasequence set) são usados conjuntamente com
as superfícies e suas posições dentro de uma sequência para definir os tratos de sistemas.
Parasequência é identificada e separada de outras parasequências, por superfícies de
inundação e definem tendências deposicionais granocrescentes e granodecrescentes. As
superfícies de inundação são identificadas pelas mudanças abruptas de fácies, que pode
representar um aumento na profundidade da lâmina d’água ou diminuição do aporte
sedimentar (Catuneanu et al., 2009).
Os conjuntos de parasequências podem ser: progradacional, retrogradacional e
agradacional (Figura 19) e são essenciais para a interpretação dos tratos de sistemas, e
revelam também importantes informações sobre os controles alogênicos.

Figura 19 – Conjuto de parasequências progradacionais, retrogradacionais e agradacionais (modificado


de Van Wagoner, 1988).
42

4.7. TRATOS DE SISTEMAS (SYSTEM TRACTS)

Trato de Sistemas (TS; Brown e Fisher, 1977) compreende a análise de um conjunto


de sistemas deposicionais geneticamente relacionados que compõem partes fundamentais de
uma sequência deposicional (Catuneanu, 2006). Segundo Galloway (2004) os tratos de
sistemas correspondem a “unidades estratigráficas genéticas que incorporam estratos
depositados em um sistema de dispersão de sedimentos síncrono”. Os TS são interpretados
com base na análise do padrão de empilhamento das fácies com tendências deposicionais
características, cuja posição dentro de uma sequência deposicional é definida com base na
determinação das superfícies limítrofes (Catuneanu, 2006).
Embora no primeiro modelo de sequência deposicional proposto por Vail (1987),
modificado por Posamentier e Vail (1988) e Posamentier, Jervey e Vail (1988), tenham sido
definidos três tratos de sistemas - trato de sistema de nível baixo (TSNB), trato de sistema
transgressivo (TST) e trato de sistema de nível alto (TSNA) -, no modelo de sequência
proposto por Hunt & Tucker (1992) o estágio final do trato de sistema de nível alto (TSNA) é
utilizado para referir-se ao trato de sistema de mar em queda (TSMQ) (Figura 20).

Figura 20 – Imagem ilustrando a diferença dos modelos com três tratos de sistemas (acima) e com
quatro tratos de sistemas (abaixo).
43

TRATO DE SISTEMA DE NÍVEL ALTO (TSNA) - Este trato de sistema se forma durante a
última fase do aumento do nível de base, quando a taxa de subida do nível de base encontra-se
abaixo da taxa de sedimentação, gerando uma regressão normal da linha de costa. Como
consequência, o padrão de empilhamento das parasequências é caracterizado por uma
combinação de processos progradacionais e agradacionais.
O TSNA é limitado na base pela Superfície de Inundação Máxima (SIM) e no topo por
uma combinação de três superfícies: discordância subárea (DS), superfície basal de regressão
forçada e a porção mais antiga da superfície erosiva de erosão marinha (Figura 21). A grosso
modo, este trato de sistema pode ser dividido em dois estágios: i) inicial – marcado por taxas
relativamente altas de aumento do nível de base – que é caracterizado por um forte
componente agradacional; e ii) final – constituído por taxas de subida do nível de base
relativamente mais baixas – que exibe uma componente progradacional mais proeminente
(Catuneanu, 2006).

Figura 21 – Ilustração do TSNA com suas superficies estratigráficas limítrofes e padrões de


empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006).

Com relação aos depósitos fluviais acumulados durante o TSNA, é possível


caracterizá-los de duas maneiras distintas. Uma conforme a energia e tamanho de grão
transportado (competência), e outra pela proporção entre os depósitos de canal e os externos
ao canal (overbank). Ao mesmo tempo em que o tamanho de grão que é transportado pelos
rios diminui com o tempo, resultado do aplainamento do perfil de equilíbrio e diminuição da
energia, aumenta-se a proporção de arenitos que preenchem os canais em detrimento dos finos
de overbank devido à desaceleração do aumento do nível de base. É por este motivo que o
44

perfil vertical de depósitos fluviais do TSNA irá ter uma granodecrescência bem marcada,
muito embora a quantidade de areia tenda a aumentar para o topo (Catuenanu, 2006).
O potencial de preservação dos depósitos gerados durante o TSNA é limitado, pois
este estágio é sucedido pelo TSMQ, que é gerado a partir da queda do nível de base, sendo
muito comum a exposição subaérea dos depósitos de TSNA.

TRATO DE SISTEMA DE ESTÁGIO DE QUEDA (TSMQ) - O TSEQ inclui todos os


estratos acumulados em uma bacia sedimentar durante a regressão forçada da linha de costa. É
constituído principalmente por fácies marinhas rasas e profundas que se acumulam
concomitantemente a formação da superfície de discordância subaérea na porção continental
da bacia. A base do TSMQ é limitada pela superfície basal de regressão forçada e pela porção
mais antiga da superfície regressiva de erosão marinha, enquanto que o topo é marcado pela
união de três superfícies: discordância subaérea, concordância correlata e pela porção mais
nova da superfície regressiva de erosão marinha (Figura 22).

Figura 22 - Ilustração do TSMQ com suas superficies estratigráficas limítrofes e padrões de


empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006).

As regiões não marinhas da bacia podem sofrer processos de incisão fluvial, by-pass
fluvial e pedogênese, por exemplo. No entanto, as incisões fluviais ocorrerão somente quando
o nível de base cair abaixo de quebras topográficas significativas (borda da plataforma,
escarpas de falha, etc), expondo assim segmentos litorâneos que são mais íngremes que o
perfil de equilíbrio fluvial (Schumm, 1993; Ethridge el al., 2001; Posamentier, 2001).
Apesar de representar uma característica comum do estágio de queda do nível de base,
a incisão fluvial pode não ocorrer no case de bacias marinhas rasas, que exibem uma
45

plataforma de baixo declive (Catuneanu, 2006). As feições diagnósticas do TSMQ também


correspondem aos depósitos marinhos rasos com rápida progradação e terminação estratais
em offlap.

TRATO DE SISTEMA DE NÍVEL BAIXO (TSNB) - O trato de sistema de mar baixo se


forma no estágio inicial do aumento do nível de base, quando a taxa de subida do nível é
ultrapassada pela taxa de aporte sedimentar (regressão normal). Com isso, o processo
deposicional e de empilhamento de estratos é marcado por uma baixa taxa de agradação e
progradação.
A base é limitada pela superfície de discordância subaérea e sua concordância
correlata, e o topo pela superfície de regressão máxima (Figura 23). Os depósitos de TSNB
tendem a serem os mais grosseiros granulometricamente, tanto na porção não marinha quanto
na marinha rasa da bacia. Por exemplo, nos estratos continentais, é a parte mais baixa de um
perfil de granodecrescência ascendente, e nos estratos marinhos, a parte mais alta de um perfil
granocrescente ascendente. A porção profunda da bacia, por sua vez, é marcada pela
ocorrência de correntes de turbidez de baixa densidade depositadas no fundo marinho com
declives menos íngremes que no TSMQ (Catuneanu, 2006).

Figura 23 - Ilustração do TSNB com suas superficies estratigráficas limítrofes e padrões de


empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006).

A agradação costeira durante o TSNB desencadeia um decréscimo no gradiente fluvial


nas porções a jusante do rio, o que induz uma redução paulatina na energia fluvial e um
padrão geral caracterizado pela diminuição da granulometria topo acima. O aumento do nível
de base também contribui para a geração dos ciclos de granodescrescência ascendente, já que
46

a criação de mais espaço de acomodação ao longo do tempo faz com que os depósitos de
planície de inundação sejam preservados no registro geológico, além disso, essa mudança
pode ser observada pelo aumento da razão planície de inundação/canal fluvial. Esses
depósitos acumulam-se, tipicamente, sobre uma superfície irregular (paleo-relevo irregular),
que é resultado da regressão forçada da linha de costa durante o TSMQ. Logo, a deposição do
TSNB contribui para a peneplanização das regiões não marinhas da bacia (Catuneanu, 2006).
Há casos, no entanto, que os depósitos de LST não se encontram preservados no
registro sedimentar, devido ou a não deposição ou a posterior erosão pela ação da
transgressão. Neste caso, a superfície da base dos vales incisos é modificada para uma
superfície de erosão transgressiva e, com isso, os vales são totalmente preenchidos por
depósitos do trato de sistema transgressivo (Dalrymple, 1992; Ainsworth & Walker, 1994).
Portanto, o potencial de preservação tende a ser baixo, tanto dos depósitos costeiros quanto
dos fluviais (Catuneanu, 2006).

TRATO DE SISTEMA TRANSGRESSIVO (TST) - Este trato de sistema se forma durante o


estágio de subida do nível de base, mais especificamente quando a taxa de subida ultrapassa a
taxa de sedimentação na linha de costa. Reconhecido pelo padrão de empilhamento
retrogradacional, que resulta em um perfil granodecrescente ascendente tanto nas sucessões
marinhas quanto não marinhas, o TST é limitado na base pela superfície de regressão máxima
(SRM), e no topo pela superfície de inundação máxima (SIM). A Figura 24 mostra os limites
deste trato de sistema.
Os depósitos de TST fluvial e costeiro podem ser espessos duvido à alta taxa de
sedimentação estimulada pela acomodação disponível, isso faz com que os sedimentos fiquem
acumulados nessa porção da bacia, deixando a parte marinha sedenta por sedimentos (Loutit
et al., 1988). Como consequência, as partes mais distais da bacia apresentam seções
condensadas (Galloway, 1989).
47

Figura 24 - Ilustração do TST com suas superfícies estratigráficas limítrofes e padrões de


empilhamento dos estratos (modificado de Catuneanu, 2006).

A borda da plataforma, por sua vez, enfrenta uma situação de falta de aporte
sedimentar e, aliado à rápida subida do nível de base, sofre com a instabilização e, portanto, é
objeto de não deposição e/ou retrabalhamento sedimentar durante a transgressão.
A parte fluvial da bacia geralmente apresenta estruturas de ação de maré (Shanley,
McCabe e Hettinger, 1992; Shanley e McCabe, 1993), e é caracterizado por um perfil vertical
de granodecrescência ascendente. Os canais fluviais são encontrados como corpos isolados
localizados em depósitos que predominam os finos de planície de inundação, e é comum
encontrar depósitos de carvão associados aos estratos sedimentares fluviais do TST.
Os vales incisos, herdados da fase de rebaixamento do nível de base (TSMQ) e que
não foram preenchidos por depósitos de LST, podem ser preenchidos pelos depósitos
estuarinos de TST, principalmente nas regiões à jusante, ou seja, próximos à linha de costa
(Dalrymple, Zaitlin e Boyd, 1994).
No TST, tanto as porções continentais quanto marinhas apresentam um tendência a
“onlapar” sobre a superfície deposicional em direção ao continente. A diferença é que os
depósitos marinhos “onlapam” o paleo-fundo marinho, ao passo que os depósitos próximos à
linha de costa podem estar em onlap sobre a superfície de discordância subaérea, caso o
avanço seja significativo. No caso das regiões costeiras, o trato de sistema transgressivo
podem incluir um padrão backstepping dos depósitos de foreshore, fácies estuarinas
diagnósticas em pequenos rios, e ainda deltas no caso de rios maiores (Catuneanu, 2006).
4.8. SEQUÊNCIAS DEPOSICIONAIS

O conceito de sequências foi sendo constantemente debatido pela comunidade


geocientífica mundial ao longo dos anos. O primeiro conceito de sequências (Sloss, 1949) foi
48

modificado, e outros tipos de sequências foram propostos. Dentre estes “novos” conceitos
elaborados, dois se destacam: modelo de sequência deposicional e o modelo de sequência
genética (Figura 25).

Figura 25 – Modelos de sequência e seus respectivos limites (modificado Catuneanu, 2002).

O modelo de sequência deposicional utiliza a discordância subaérea (DS) e sua


concordância correlata (CC) como limite de sequência. A DS é gerada concomitantemente
com o estágio de queda do nível de base, já a CC é demarcada como o fundo oceânico no
início da regressão forçada ou no final dela. Esse modelo de sequência foi baseado na
Estratigrafia Sísmica, com a qual a delimitação das superfícies estratigráficas em seções
sísmicas não necessita de uma análise faciológica, mas somente uma delimitação das
terminações estratais e arquitetura deposicional. O principal mérito da sequência deposicional
é que os limites de sequência são definidos em relação à curva de variação do nível de base e,
portanto, são independentes das taxas de sedimentação (Catuneanu, 2006).
O modelo de sequência genética utiliza a superfície de inundação máxima (SIM) como
limite de sequências, pois segundo Galloway (1989), as principais mudanças da distribuição
paleogeográfica de sistemas deposicionais e depocentros ocorrem durante os episódios de
máxima transgressão da linha de costa. Este modelo utilizada a análise faciológica e
determinação dos sistemas deposicionais para a delimitação das superfícies estratigráficas e
interpretação dos tratos de sistemas. A principal controvérsia deste modelo, é que a
discordância subaérea ocorre internamente à sequência, fato que contrapõe o princípio de que
uma sequência é uma sucessão de estratos geneticamente relacionados.
49

5. FÁCIES E ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES

Fácies sedimentares são os atributos mais relevantes na reconstituição paleoambiental


porque representam os processos e regimes decorrentes do transporte e deposição das
partículas detríticas que ocorrem nos mais diversos ambientes de sedimentação. Durante
transporte, mudanças nos regimes da energia do fluxo promovem variações no tamanho dos
grãos e no estilo das estruturas produzidas no ambiente de sedimentação, decorrentes das
diferenças entre densidade e formas das partículas.
As litofácies sedimentares apresentadas a seguir foram descritas em dois afloramentos
denominados de BP-06 e BP-08, que ocorrem às margens da rodovia BR-282, na localidade
da cidade de Alfreno Wagner (Fig. 1A). Cada exposição tem ampla continuidade lateral que
pode alcançar mais de 50 m, por cerca de 40 m de altura. Os estratos são geralmente tabulares
e constituídos de arenitos, pelitos e, menos frequentes, conglomerados que exibem uma
grande variedade de fácies que se encontram listadas no Quadro 3.
50

Quadro 3 – Sumário das principais características das litofácies identificadas nas sucessões permianas
da borda.
CÓDIGO DESCRIÇÃO GEOMETRIA PROCESSO IMAGEM
Conglomerado
Camadas Fluxo de
intraformacional
lenticulares; detritos
Gmg matriz-sustentado,
80 cm de pseudoplástico,
maciço,
espessura. fluxo viscoso.
monomítico.

Deposição em
Geometria
Arenito médio, transição de
sigmoidal;
Ss estratificação regime de fluxo
23 cm de
sigmoidal. inferior para
espessura.
superior.

Arenito grosso,
Camadas
estratificação Migração dunas
tabulares;
St cruzada acanalada, 3D; regime de
1,3m a 20m de
sets decimétricos a fluxo inferior.
espessura.
métricos;

Camadas
Arenito fino a grosso,
tabulares e Migração dunas
estratificação cruzada
Sp tabular com sets
amalgamadas; 2D; regime de
80 cm a 4,5m de fluxo inferior.
decimétricos.
espessura.

Camadas
Arenito fino a médio, tabulares a Fluxo oscilatório,
So laminação ondulada lobada; 30 a sem componente
simétrica. 80cm de unidirecional.
espessura.

Arenito fino a grosso, Camadas Regime de fluxo


laminação cruzada tabulares a inferior, migração
Sr cavalgante, lenticulares; 25 de leito ondulado;
recobrimento argiloso cm a 1,5 m de processo de
nos foresets. espessura. suspensão.

Camadas
Arenito fino a grosso, tabulares a Formas planas de
Sh laminação planar- lenticulares; 50 leito (regime de
paralela. cm a 1,4 m de fluxo superior)
espessura.

Dunas atenuadas,
Arenito médio, Camadas
preenchimento de
estratificação cruzada tabulares; 30 a
Sl de baixo ângulo, sets 45 cm de
suaves depressões
(regime de fluxo
centimétricos. espessura.
transicional).
51

Camadas
lenticulares Depósitos de
Arenito fino a grosso, (forma de fluxos
Sm maciço. canal); 45 cm a hiperconcentrados
2m de .
espessura.

Camadas
Arenito fino a médio, tabulares e Fluxo combinado
Shw estratificação cruzada lenticulares; 50 durante eventos
hummocky. a 75 cm de de tempestades.
espessura.

Pelito, laminação Camadas


Deposição por
planar e ondulada; tabulares; 15 cm
Fl nódulos de pirita e a 1,5m de
decantação
externos ao canal.
marcas de folha. espessura.

Camadas
Deposição por
Pelito, maciço, textura tabulares; 25 cm
Fsm blocky. a 3,5m de
decantação
externos ao canal.
espessura.

Camadas
Deposição por
Acamamento tabulares; 15 cm
Hf tração e
heterolítico flaser. a 1,3m de
suspensão.
espessura.

Camadas Deposição por


Acamamento
tabulares; 40 cm
Hl heterolítico lenticular
a 2,2m de
suspensão e
(linsen). tração.
espessura.

Camadas
Acamamento Deposição por
tabulares; 15 a
Hw heterolítico tração e
30 cm de
ondulado (wavy). suspensão.
espessura.

5.1. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE PLANÍCIE DE INUNDAÇÃO (AF1)


Descrição: Essa associação apresenta o maior número de litofácies que compreende Sl, St,
Sp, Sr, Sh, Fl, Fsm, Hw, Hf e Hl. Forma uma sucessão de estratos com ciclos
granodecrescentes ascendentes que variam de 80 cm a 1m (Figura 26A e 27A). A base de
cada ciclo é marcada por superfície erosiva que limita pacotes de arenito fino, às vezes médio,
lenticulares a tabulares, com espessuras variando de 30 a 50 cm. Têm continuidade lateral de
algumas dezenas de metros, com laminação cruzada de baixo ângulo (fácies Sl), estratificação
52

cruzada assimétrica (fácies Sr), cruzada acanalada (fácies St), heterolitos wavy (fácies Hw) e
flaser (fácies Hf). Estes pacotes são sucedidos por arenito fino com laminação cruzada
assimétrica (Sr), com direção WNW, arenito fino com laminação plano-paralela (fácies Sh) no
topo. Estes arenitos são sucedidos por heterolíticos (fácies Hw e Hl) compostos de arenitos
finos e pelitos (fácies Fsm e Fl), tabulares a lenticulares de 20 cm a 1 m de espessura e
extensão lateral de 30m (Figura 26B). Pelito maciço (fácies Fsm) geralmente ocorre no topo
dos ciclos, compondo uma sucessão de 20m. Na base ocorrem pelitos (Figuras 26B e 26C)
maciços, friáveis (blocky) com fraturas preenchidas por óxido de ferro e o topo limitado por
uma superfície erosiva (Figura 26F).
Interpretação: Planícies de inundação constituem regiões de baixa expressão topográfica
e caracterizadas pela abundância de sedimentos de granulação muito fina em relação aos
grossos. Constituem diversos subambientes de sistemas deposicionais cuja dinâmica
sedimentar é controlada especialmente pelo clima (Miall, 1996). As camadas de arenito muito
fino são sucedidas por estratos heterolíticos lateralmente extensos, com arquitetura tabular a
lenticular, que permitem interpretar esta associação como correspondente a depósitos de
planície de inundação. O caráter relativamente plano da superfície deposicional e a
variabilidade considerável de fácies refletem contínuas mudanças no processo de
sedimentação (Scherer, 2008). Este processo é indicado pela presença de superfícies
limítrofes de 2a ordem (Miall, 1996) nas camadas de arenitos médios a finos (litofácies Sl, Sr,
Sh, St, Hw e Hf: Figura 25D). O conjunto de pacotes é limitado por superfícies de 4a ordem
(Figuras 26B e 27C), que limita depósitos de rompimento de diques marginais (crevassa),
compondo o elemento arquitetural CS, desenvolvido por espraiamento sobre a planície de
inundação (Aslan e Blum, 1999). Estes depósitos são formados durante aumento substancial
da carga fluvial confinada ao canal, que geralmente é desencadeado durante evento de
enchentes episódicas. Depósitos de crevassa se acunham lateralmente na forma de lençóis e
são separados dos sedimentos finos da planície de inundação (FF). A planície de inundação
inclui sedimentos acumulados por suspensão (litofácies Fsm, Fl, Hl e Hw) e geralmente são
extensos lateralmente. Os ciclos de granodecrescência ascendentes, conforme podem ser
vistos nas Figuras 25B e 25E representam distintos episódios de inundação (Mial, 1996).
53

Figura 26 – (A) Perfil litoestratigráfico com as associações de fácies AF1 e AF2; (B) visão panorâmica do
afloramento que exibe nítido aumento ascendente dos pacotes de arenitos, formando ciclos
granodecrescentes ascendentes, com elementos arquiteturais e superfícies limítrofes; (C) detalhe de pelito
com textura blocky (paleosolo); (D) arenito médio a fino exibindo uma intergradação de fácies separadas
por superfícies de 2ª ordem; (E) ciclos granodecrescentes ascendentes, característicos de planícies de
inundação, interpretado como sucessivos eventos de inundação; (F) contato erosivo entre a AF1 e AF3,
que pode ser traçado por vários metros.
54

Figura 27 – (A) Perfil litoestratigráfico da associação de fácies de planície de inundação; (B) arenito
fino com estratificação cruzada acanalada de pequeno porte; (C) foto de detalhe na qual é possível
observar os elementos CS e FF limitados por uma superfície de 4ª ordem; e (D) heterolito wavy.

5.2. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE PREENCHIMENTO DE CANAL (AF2)

Descrição: A associação de fácies de preenchimento de canal compreende


especificamente as litofácies Sm e Sr (Figura 28A) que compõem pacotes de arenito com
geometria lenticular, tendo base erosiva côncava e topo plano, às vezes suavemente ondulado
(Figura 30B), com espessuras que variam de 80 cm a 1 m, na porção mais espessa da camada,
e extensão lateral que pode alcançar cerca de 30 m. São arenitos grossos mal selecionados na
base, às vezes com aspecto conglomerático, marcante gradação normal e estratificação
pobremente desenvolvida (litofácies Sm) (Figura 28C). Esta litofácies passa gradativamente
para arenito médio a fino com laminação cruzada assimétrica (litofácies Sr), com foresets
inclinados (Figura 28B) e gradação normal. Estas litofácies encontram-se geralmente
associados lateralmente com pelitos da fácies Fl na base e heterolitos (Hf) no topo (Figura
28D), que representam depósitos de planície de inundação, descritos e interpretados
anteriormente. Em direção ao topo do pacote, e lateralmente, ocorre arenito com laminação
55

cruzada assimétrica (Sr) que sucedem pacotes de arenito da fácies Sm. Esta litofácies é
limitada por superfícies planas que mergulham paralelamente a extensão da camada.
Interpretação: Depósitos de preenchimento de canais são geralmente caracterizados pela
predominância de pacotes de arenito grosso, com gradação normal muito bem desenvolvida.
Os estratos desenvolvem geometria lenticular tendo a base côncava erosiva e topo plano, que
sugere fluxo canalizado. A superfície basal dos depósitos de preenchimento de canal é
definida como uma superfície limítrofe de 5a ordem, pois delimita corpos arenosos de canais
principais, indicando incisão do canal fluvial, colocando em contato os elementos
arquiteturais CH e FF. O elemento CH, por sua vez, apresenta em direção ao topo e
lateralmente uma superfície de 4a ordem que aparece inclinada em direção ao centro do canal,
transversalmente ao sentido de migração das formas de leito, definindo o contato com o
elemento LA que, internamente, apresenta superfícies de 3a ordem que representam a
migração de barras de acresção lateral (barras em pontal) dentro do canal (CH), e podem
ocorrer devido às mudanças no padrão das barras relacionadas à instabilidade do fluxo
associadas a irregularidades do leito do canal fluvial ou à reorganização do fluxo durante
períodos de enxurradas (Scherer, 2008). Os pacotes de arenito maciços, que compreendem o
elemento CH, são formados por fluxos concentrados de densidade (Mulder & Alexander,
2001) e/ou de fluxos arenosos densos (Sandy dense flows) sensu Tinterri et al. (2003).
56

Figura 28 – (A) Perfil litoestratigráfico da associação de fácies de preenchimento de canal (AF2); (B)
foto panorâmica mostrando a geometria das camadas, elementos arquiteturais e superfícies limítrofes;
(C) arenito grosso maciço, elemento CH; (D) foto de detalhe do contato entre os elementos
arquiteturais LA e FF; (E) intergradação de fácies, exibindo inclusive estruturais deformacionais,
característicos do elemento arquitetural CS; (F) heterolito wavy; (G) heterolito flaser; e (H) marcas de
folha preservadas sobre o acamamento de arenito da litofácies Hf.

5.3. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE CANAIS ENTRELAÇADOS (AF3)

Descrição: A associação é constituída pelas litofácies Sm, Sh, St, Sp, Sr, Ss, Sp, Hf, Hw e
Fsm (Figura 29A) que compõem uma sucessão de pacotes de arenitos, com gradação normal,
geometria tabular e lenticular, possuindo extensão lateral de mais de 100 m e espessura de
mais de 10 m. Geralmente, apresentam base e topo erosivos, suavemente ondulados,
formando ciclos granodecrescentes ascendentes (Figura 29B). A porção basal de cada ciclo é
constituída de arenito grosso, com gradação normal (litofácies Sm, St e Sp), as vezes com
57

clastos grosseiros na base (lags residuais), sucedidos por arenito médio a fino, muitas vezes
sem gradação aparente (litofácies Sp, Sr, Ss, Hf e Hw), indicando paleocorrente para WSW, e,
subordinadamente, pela fácies Fsm, que aparece limitando os pacotes de arenitos (Figura
29C). Superfícies erosivas internas e externas aos estratos são comuns, sendo observadas em
toda a sucessão.
Interpretação: Ambiente com canais entrelaçados produzem depósitos arenosos a
conglomeráticos com geometria em lençol e uma história de preenchimento complexa e
diversificada, com restrição de depósitos de planície de inundação (Scherer, 2008). Na
sucessão estudada, os arenitos grossos a finos, com geometria tabular e lenticular, ou em
lençol, definem o elemento arquitetural SB composto de estruturas trativas unidirecionais de
barras com acresção frontal (DA) e lateral (LA) (Figuras 29C, D e E), internamente com
superfícies de 3a ordem. Estas superfícies têm aspecto erosivo, que indicam processo de
reativação associada à mudança na velocidade do fluxo (Scherer, 2008). Esse elemento
arquitetural [SB] é limitado por superfícies de 4a ordem, que o colocam em contato com o
elemento DA, caracterizado pela presença de superfícies de 3a ordem, que truncam estratos
subjacentes (Figura 29D). A ocorrência de filmes ou (intraclastos) carbonosos nestes estratos
ou sobre as superfícies de 3ª ou 4ª ordem sugerem retrabalhamento de depósitos de planície de
inundação. O espessamento vertical e ascendente das camadas de arenito reflete aumento no
espaço de acomodação e no aporte sedimentar, com aumento da dinâmica sedimentar que é
atestada pela abundância de superfícies de 3a ordem. Esta associação de fácies é limitada no
topo por uma superfície erosiva, de alto relevo, que a coloca em contato abrupto com
associação de fácies deltaica (AF4, Figuras 29A e 29F).
58

Figura 27 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de canais entrelaçados (AF3; Membro
Triunfo, Formação Rio Bonito); (B) foto de afloramento mostrando os ciclos granodecrescentes
ascendentes, os elementos arquiteturais e as superfícies limítrofes; (C) Elemento de acresção frontal
(DA) camadas arenitos finos com estratificação cruzada tabular (Sp), limitadas por superfícies de 3ª
ordem, e com filmes carbonosos recobrindo as superfícies; (D) arenito fino com estratificação cruzada
assimétrica (Sr) e arenito fino com estratificação sigmoidal (Ss) - elemento de acresção lateral (LA) ? -
com superfícies de 3ª ordem; (E) foto de detalhe de arenito fino de litofácies Sp; e (F) foto de
afloramento mostrando a superfície erosiva de alto relevo, com crosta laterítica, que limita a AF3 da
AF4.
59

5.4. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DELTA DE CABEÇEIRA (AF4)

Descrição: Esta associação de fácies é constituída pelas litofácies Gmg, Sh, Sr, So, Sp, Sl,
Sm, Hl, Hf, Hw, Fsm e Fl. Forma uma sucessão de 23 m de altura por de 60 m, caracterizada
por pacotes lenticulares e sigmoidais de conglomerados, arenitos e heterolitos, limitada na
base por uma superfície erosiva (Figura 30B).
Ciclos granocrescentes ascendentes exibem padrão de espessamento ascendente. Os
conglomerados intraformacionais são matriz-sustentados, com clastos de pelito em matriz
arenosa (Gmg, Figura 30C), que são sucedidos por arenito grosso a fino lenticulares com
laminação plano-paralela (Sh), cruzada de corrente (ripples) e cruzada cavalgante (climbing
ripples – Sr, Figura 30G), com sentido para SSE ou W. Ocorrem arenitos com estratificação
ondulada simétricas (So), estratificação cruzada tabular com terminação tangencial (Sp) e
estratificação cruzada de baixo ângulo (Sl, Figura 30G).
Arenito maciço (Sm) e heterolitos linsen (Hl, Figura 29F), flaser (Hf), wavy (Hw), pelitos
maciço (Fsm) e laminado (Fl) formam pacotes amalgamados. Arenitos lenticular ou
sigmoidal apresentam superfícies de reativação (Figura 30E), e configuram acamamentos
ondulados do hummocky (λ > 1 m; Figura 31). Os heterolitos geralmente são lenticulares e,
em alguns casos, apresentam estruturas de carga (Figura 30D e 30I). Os conglomerados
intraformacionais aparecem também em direção ao topo da sucessão, e apresentam grandes
clastos de arenitos subangolosos a subarredondados (Figura 30H).
Interpretação: A ocorrência de uma sucessão lateralmente contínua de arenitos e pelitos
amalgamados (litofácies Sh, Sr, So, Sp, Sl, Sm, Hl, Hf, Hw, Fsm e Fl) e paraconglomerados
monomíticos, com abundantes clastos de pelito e arenitos subangulosos a subarredondados, a
presença de estruturas como a estratificação cruzada do tipo hummocky-swaley (HCS),
permitem interpretar essa associação de fácies como depósito deltaicos, influenciados por
tempestades e fluxos hiperpicnais. Arenitos grossos representam sedimentação por fluxo
unidirecional concentrado, provavelmente, proveniente das regiões de desembocaduras dos
rios, que ocorrem durante eventos catastróficos (Mulder & Syvitsky, 1995). Myrow, Fischer e
Goodge (2002) argumentam que a maior parte dos sedimentos que chegam à região distal do
delta durante eventos de alta descarga fluvial e tempestades. Os heterolitos indicam deposição
durante de baixa energia após a passagem de ondas de tempestades ou período de baixa vazão
fluvial. Os conglomerados intraformacionais representam ressedimentação causada por
eventos de tempestades, que gera correntes de alta energia.
60

Figura 3028 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de frente delta de cabeceira; (B)
superfície erosiva basal sobreposta por conglomerados, arenitos e pelitos, com granodrescência
ascendente; (C) paraconglomerado intraformacional com clastos de pelito, subangulosos e
subarredondados, e matriz arenosa (Gmg); (D) arenito fino com estratificação cruzada simétricas (So)
sobreposto a heterolito linsen (Hl) com estrutura de carga; (E) arenito fino/pelito com acamamento
heterolítico wavy (Hw) com truncamento erosivo; (F) heterolito linsen (Hl); (G) arenito médio com
estratificação cruzada de baixo ângulo (Sl) na base e arenito médio com climbing-ripples e
recobrimentos argilosos nos foresets no topo; (H) paraconglomerado intraformacional com clastos de
arenito subangulosos (Gmg); (I) heterolito linsen na base e arenito médio com laminação planar-
paralela (Sh) e estrutura de carga no topo; e (J) arenito médio com estratificação cruzada assimétrica
(Sr) com mud drapes. (Membro Paraguaçu/Formação Rio Bonito).
61

Figura 29 - Estratificação cruzada hummocky-swaley de grande porte (>1m) em depósitos de delta de


cabeceira de estuário influenciado por onda (Membro Paraguaçu/Formação Rio Bonito): (A) fotografia
interpretada da estratificação e (B) fotografia da estratificação sem interpretação.

5.5. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE PREENCHIMENTO DE BAÍA (AF5)

Descrição: Esta associação é constituída pelas litofácies Sr, Hl, Fl e Fsm (Figura 32A),
que compõem uma sucessão de camadas tabulares com aproximadamente 5 m de espessura,
por algumas dezenas de metros de extensão lateral. Formam sucessões cíclicas
granocrescentes ascendentes entre pacotes de arenitos finos (Sr) (Figura 32B), com laminação
cruzada que apresentam recobrimento argiloso nos foresets, e heterolitos (Hl, Figura 32D),
além de pelitos cinza escuro, laminados a maciços (Fl e Fsm), que geralmente predominam
para o topo, com nítido adelgaçamento ascendente das camadas de arenitos.
Interpretação: Depósitos de baía central representam a porção central em um ambiente
estuarino, onde ocorre a convergência da carga fluvial com a carga marinha. Por isso, os
depósitos de baía central desses ambientes são caracterizados por apresentar a porção de
menor energia de um sistema estuarino, consequentemente, apresenta sedimentos mais finos
(Rossetti, 2008). O predomínio das litofácies Fsm, Fl e Hl, indica sedimentação por suspensão
em áreas restrita e protegida, com baixa energia, de um sistema estuarino. Arenitos finos, com
62

laminação cruzadas por corrente (ripples) e cavalgante (climbing ripples), indicam processos
de sedimentação por tração em regime de mais alta energia.

5.6. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE CANAL DE MARÉ (AF6)

Descrição: A associação de fácies de canal de maré é composta pelas litofácies Hw, Hf e


Gmg (Figura 32A), formando camadas lenticulares ou ligeiramente tabulares, que por vezes
truncam as litofácies da associação de preenchimento de baía central, com base côncava
erosiva e topo ondulados ou convexo (Figura 33). É possível identificar ciclos
granodescrescentes ascendentes que, na porção basal, são constituídos pela litofácies Hf e Hw,
ou Gmg, sucedidos por heterolitos da lifotácies Hl. Os conglomerados (Gmg) matriz-
sustentados, geralmente, apresentam intraclastos de pelito e arenito, subarredondados a
subangulosos, de tamanhos variados. Os pacotes heterolíticos apresentam esporádicas
estruturas de deformação sin-sedimentar (Figura 32F). Gretas de dessecação aparecem no
topo das litofácies Hl (Figura 32E).
Interpretação: Esta associação de fácies é interpretada como representativa de ambiente
de canal de maré, onde são identificados depósitos de margem de canal e depósitos de centro
de canal (Figura 32). Os depósitos de margem de canal são representados por arenitos finos
com acamamento flaser (fáceis Hf) e wavy (fáceis Hw) e pacotes espessos de heterolitos
(fácies Hl), lateralmente contínuos. Lateralmente, estes depósitos se interdigitam com arenitos
finos, mais frequentes, a paraconglomerados de preenchimento de centro de canal. Estes
depósitos de conglomerados intraformacionais estão posicionados nas porções mais profundas
dos canais, e representam a sedimentação residual do retrabalhamento do leito deposicional
por correntes de fundo geradas por inundações episódicas provocadas por eventos de
tempestade. Gretas de contração em algumas porções dos depósitos de margem de canal
indicam exposição subaérea, provavelmente, causada por oscilações da maré (ver De Luca;
Basilici; Oliveira, 2010).
63

Figura 30 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de preenchimento de baía central, canal
de maré e barra de maré; (B) foto de afloramento das associações AF5, AF6 e AF7; (C) arenito fino
com estratificação cruzada assimétrica cavalgante (Sr); (D) arenito fino com estratificação cruzada
assimétrica (Sr) intercalado com heterolito linsen (Hl); (E) heterolito linsen (Hl) com gretas de
dessecação; arenito fino com acamamento flaser (Hf) e estrutura de deformação do tipo slump.
(Membro Paraguaçu/Formação Rio Bonito).
64

5.7. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE BARRAS DE MARÉ (AF7)

Descrição: Essa associação de fácies é formada pelas litofácies Sm e Sp (Figura 31A).


Compõem camadas lenticulares, levemente sigmoidais, tendo base e topo côncavos, erosivos,
e aproximadamente 4 m de espessura por cerca de 20 m de extensão lateral. Lateralmente,
estas camadas se interdigitam com conglomerados da associação AF6. Os arenitos (litofácies
Sp) exibem sets opostos (bipolares) e frequentes superfícies de reativação, estando em contato
gradacional com os arenitos da litofácies Sm (Figura 33).
Interpretação: barras de maré constituem depósitos arenosos que se formam durante o
desenvolvimento de maré cheia e maré vazante, e representam as feições mais características
da desembocadura de canais estuarinos, onde o processo deposicional dominante é
condicionando pelas correntes de maré. As barras de maré interpretadas na sucessão estudada
apresentam geometria lenticular alongada, marcadas internamente por estratificações cruzadas
tabulares (litofácies Sp), com orientação do paleofluxo para leste e para oeste, com
recobrimento argiloso nos foresets (mud drapes), indicando processo de decantação
associado.

Figura 31 – Vista panorâmica dos depósitos estuarinos dominados por maré: associações de canal de
maré (AF6) e de barras de maré (AF7). Notar a disposição oposta dos estratos cruzados das barras de
maré. (Membro Paraguaçu/Formação Rio Bonito).

5.8. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES FACE LITORÂNEA INFERIOR/INTERMEDIÁRIA (AF8)

Descrição: A associação AF8 compreende as litofácies Sh, Sl, Shw, Sr, So, Hw e Hf
(Figura 34A) que constituem camadas tabulares e lenticulares, com base e topo planos (ou
levemente convexo), internamente sem gradação aparente. Compõem uma sucessão de
aproximadamente 4,5 m de espessura por 20 m de extensão lateral. Arenitos médios (com
65

litofácies Sh, Sl, Shw, Sr, So e Hf), são bem selecionados e encontram-se sobrepostos por
arenitos finos bem selecionados (com litofácies Shw, Sr, Hf e Hw). A estrutura mais evidente
dessa sucessão de fácies é a estratificação cruzada do tipo hummocky-swaley (Figura 34B) de
grande porte (> 1,5m). Esporadicamente, podem ocorrer finas camadas (< 2 cm) de pelito
maciço que limitam os pacotes.
Interpretação: A associação de litofácies apresenta características de ambiente de fácies
litorânea inferior à média, sujeito a ação das ondas de tempo e de tempestade. Estes depósitos
na região estudada exibem estruturas de fluxo combinado que envolve um componente de
corrente unidirecional e oscilatório (litofácies Sr e litofáceis So) muito bem preservadas,
associadas a estratificação cruzada hummocky e swaley, que são as feições mais importantes
nestes depósitos, que atestam a influência de tempestades nestes depósitos em âmbito marinho
(Snedden & Nummedal 1991, Walker & Plint 1992). Momentos de baixa energia
deposicional são indicados pela litofácies Hw e Hf (Figuras 34 D e 35 E).

Figura 32 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de face litorânea superior (AF 8),
laguna (AF 9) e leque de lavagem (AF 10); e (B) foto panorâmica mostrando a geometria dos corpos
arenosos e pelíticos litorâneos. (Membro Siderópolis/Formação Rio Bonito).

5.9. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE LAGUNA (AF9)

Descrição: Essa associação de fácies é composta pelas litofácies Hl e Sr, que constitui
pacotes lenticulares, com cerca de um metro de espessura e 15 m de extensão lateral,
compondo acamamento heterolítico linsen, ricos em matéria orgânica e nódulos diagenéticos
de pirita (Figura 34A). A base destes depósitos, geralmente, é plana e topo suavemente
66

ondulado, e se encontram intercalados aos depósitos da associação AF8 e, recobertos por


depósitos de leques de lavagem da associação AF10.
Interpretação: Depósitos de laguna costeira se desenvolvem em corpos d’água com
pouca conexão e comunicação restrita com o mar aberto, exceto quando os corpos d´água são
invadidos por inundações durante eventos de tempestade que causam o rompimento de
cordões de cordões arenoso de barreiras. Segundo Nichols (2009), este tipo de ambiente,
normalmente, a lâmina d’água muito rasa, com poucos metros de profundidade, e
relativamente calmo, por isso a predominância de sedimentos finos (litofácies Hl). A presença
de nódulos de pirita diagenética atesta ambiente geoquímico redutor, característicos de
lagunas associadas à ilha barreira (AF8).

5.10. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES DE LEQUE DE LAVAGEM (AF 10)

Descrição: A associação de fácies de leque de lavagem é formada pelas litofácies Sm, Sr e


Hf, que são distribuídas em camadas lenticulares, com 1 (um) metro de espessura e 15 m de
extensão lateral aflorantes, com base suavemente ondulada e topo plano, e são caracterizadas
por apresentarem, internamente, sets inclinados que mergulham em direção aos heterolitos da
AF9 (Figura 35C).
Interpretação: Os leques de lavagem são pequenos lobos deltaicos que avançam e
invadem as lagunas quando a energia das ondas é suficientemente forte para romper a ilha
barreira (normalmente tempestades severas) ou quando a amplitude de maré é anormalmente
elevada (Fisher e Simpson, 1979). A ocorrência camadas arenosas de litofácies Sm, Sr e Hf,
com sets inclinados em direção aos depósitos de laguna, indicam essa “progradação” do leque
de lavagem, sugerindo o afogamento da laguna, ou parte dela.

5.11. ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES PRAIAL (AF11)

Descrição: Essa associação de fácies é constituída pelas litofácies Ss, Sl, Sh e Sp, que
formam camadas tabulares, com aproximadamente 3 m de espessura e algumas dezenas de
metros de extensão lateral, com base suavemente ondulada e topo plano, internamente sem
gradação aparente, que aparecem no topo da sucessão. A aparecimento de mud drapes é
restrita à litofácies Ss (Figuras 35F e 35G), embora finas lâminas de pelitos possam ocorrer
limitando os pacotes.
67

Interpretação: A face praial é normalmente definida como a parte emersa da praia onde
ocorre o espraiamento das ondas devido à diminuição da profundidade, e está situada entre o
nível de baixa-mar e preamar. Camadas tabulares, de arenitos médios bem selecionados, com
laminações sigmoidal, baixo-ângulo e plano-paralela, que possuem sets com baixa inclinação
(Figura 35G) atestam depósitos de face praial. Recobrimento argiloso em estratos cruzados
por correntes (mud drapes) indicam a presença de sedimentos em suspensão na coluna
d´água.

Figura 33 – (A) perfil litoestratigráfico da associação de fácies de face litorânea inferior/intermediária


(AF8), barra de maré (AF7), laguna (AF9), leque de lavagem (AF10) e face praial (AF11); (B) relação
lateral e vertical das associações de fácies; (C) vista em afloramento da AF9 sobreposta pela AF10;
(D) heterolito flaser na base e wavy no topo, como nódulos de pirita; (E) heterolito wavy; (F) arenito
médio com estratificação acanalada; e (G) estratificação de baixo ângulo da face praial (AF11).
68

6. SISTEMAS DEPOSICIONAIS E TRATOS DE SISTEMAS

Sistemas deposicionais são constituídos de conjuntos de tridimensionais de fácies


geneticamente relacionadas que retratam os principais elementos paleogeomórficos de uma
bacia sedimentar (Fisher & McGowen, 1967). Estes sistemas são representados por depósitos
sedimentares acumulados em ambientes deposicionais contemporâneos, que gradam
lateralmente e verticalmente formando associações locais de elementos paleogeomórficos
(Catuneanu 2006), que permitem interpretar a evolução de uma bacia em função das
mudanças no aporte sedimentar e mudanças no espaço de acomodação.
Em base à análise das relações laterais e verticais das associações de fácies definidas
nos afloramentos (BP06; BP08), estudados neste trabalho, foi possível definir quatro sistemas
deposicionais que incluem, da base para o topo: i) sistema deposicional fluvial meandrante; ii)
sistema deposicional fluvial com canais entrelaçados; iii) sistema deposicional estuarino
dominado por maré; e iv) sistema deposicional de ilha barreira (Figura 36).

6.1. SISTEMA FLUVIAL MEANDRANTE

Os estratos da porção inferior da cessão estratigráfica compreendem associações de fácies


de planície de inundação (AF1) e preenchimento de canal (AF2) que compõem uma sucessão
com 25 m de altura, com mais 200 m de extensão lateral. Estes estratos compõem ciclos
granodecrescentes ascendentes que, sempre, iniciam-se com arenitos maciços (litofácies Sm)
com base côncava e irregular, topo plano (Elemento CH), com sets inclinados para centro do
canal (Elemento LA). O Elemento CH encontra-se confinado aos depósitos heterolíticos
(litofácies Sl, Sr, Sh, Fsm e Hl >30m), com níveis de carvão, de planície de inundação fluvial
e, de acordo com os elementos arquiteturais definidos, atestam um sistema fluvial de baixa
energia com canais meandrantes.
Este sistema deposicional se desenvolveu em uma extensa planície deltaica durante
estágios finais de nível mar baixo (TSMB), que corresponde à porção superior da Formação
Taciba (Membro Rio Bonito) separado por um limite de sequência (LS) dos estratos de
sistema fluvial de canais entrelaçados do Membro Triunfo (Formação Rio Bonito; Figura...).
Este sistema fluvial meandrante foi desenvolvido em contexto pré-glacial, uma vez que as
evidências glaciogênicas nestes depósitos tornam-se esporádicas em relação aos extratos
contemporâneos inferiores e intermediários.
69

Figura 346 - Perfis estratigráficos, associação de fácies e sistemas deposicionais descritos nos
afloramentos BP-06 e BP-08.

6.2. SISTEMA FLUVIAL ENTRELAÇADO

Este sistema fluvial ocorre imediatamente sobre o Membro Rio do Sul, limitado na
base pelo LS (Figura 36) e apresenta espessura de aproximadamente 20 m e extensão lateral
maior que 30 m. É formado por arenitos grossos, maciços e estratificados, na forma de
camadas vertical e lateralmente complexas, que sugerem deposição em condições de maior
energia, e baixo potencial para preservação de depósitos de planície de inundação. Superfícies
de 3a e 4 a ordem indicam a diminuição da baixa taxa de criação de espaço de acomodação,
condizente com a os estágios finais de queda no nível relativo do mar. Neste contexto, podem
se desenvolver canais entrelaçados com alta carga de fundo, variabilidade na descarga e
facilidade de erosão dos bancos arenosos Schumm (1963, 1981).
70

Na seção estudada, este sistema deposicional corresponde parte do Membro Triunfo


(porção inferior da Formação Rio Bonito) desenvolvido em contexto de final de nível de mar
baixo (TSMB) e início do trato de sistema transgressivo, estando limitado na base pelo LS e
no topo por uma superfície transgressiva (ST) (Figura 35). As tendências faciológicas e as
relações verticais e laterais entre as litofácies e elementos arquiteturais permitem interpretar
estes estratos correlatos ao Membro Triunfo. Dados de paleocorrentes (Figura 29A) indicam
um sentido de fluxo paralelo à direção de progradação do sistema fluvio-deltaico proposto por
França e Caldas (1983)

6.3. SISTEMA ESTUARINO – ILHA BARREIRA

Estuário corresponde a um corpo de água semi-fechado onde ocorre mistura de processos


fluvais e marinhos (Fairbridge, 1980; Boyd, Dalrymple, Zaitlin, 1992; Dalrymple, Zaitlin e
Boyd, 1992) e se desenvolve especialmente na desembocadura de rios durante eventos de
subida no nível do mar (transgressão). Os estuários podem ser classificados em função da
predominância de processos de ondas ou marés (Dalrymple, Zaitlin e Boyd, 1992) e seus
modelos faciológicos refletem a interação entre natureza e carga sedimentar, morfologia de
fundo e processos hidrodinâmicos (Davis, 1985).
Estuários dominados por maré e onda podem apresentar sistema de ilha barreira associado
à desembocadura dos rios, que resulta em depósitos com associações de fácies de ambientes
de face litorânea (shoreface) e face praial (foreshore), relacionadas a depósitos de baixios de
inframaré e/ou leques de lavagem (washover fan) em sua porção mais interna.
Neste contexto é desenvolvido um sistema deposicional deltaico-lagunar, definido neste
trabalho, e constituído pelas associações: delta de baía (AF4), preenchimento de baía central
(AF5), canal de estuarino (AF6) e barras/delta de maré (AF7), que compõem uma sucessão
de cerca de 15 m de espessura por 250 m de extensão lateral vistas nos dois afloramentos
(Figura 35). Este sistema deposicional apresenta uma considerável variabilidade faciológica,
marcado na base por uma intercalação de arenitos finos (litofácies Sr, podendo apresentar
mud drapes) e heterolito (litofácies Hl) de preenchimento de baía central, sucedidos por
arenitos finos e conglomerados intraformacionais de canal de maré e arenitos finos (litofácies
Sp).
A geometria externa dos corpos é bastante particular (ver Figura 33), exibe camadas
predominantemente lenticulares, com base côncava erosiva e topo convexo, por vezes
erosivo, que indicam intensa ação de eventos de tempestades intercalados com depósitos de
71

“bom tempo”, aonde a sedimentação se processa normalmente. Internamente, os estratos com


sets opostos atestam ação de corrente de maré. Recobrimentos argilosos nos estratos cruzados,
é mais uma evidência deste processo, que inclui alternância de transporte por tração e
suspensão (Nio & Yang 1991, Reinson 1992, Dalrymple, Zaitlin e Boyd, 1992).
Na zona próxima à cabeceira do estuário, encontra-se o delta de cabeceira (AF4), onde a
influência dos processos fluviais é mais evidente, com profundo retrabalhamento dos estratos
recém-depositados por processos de maré. Os depósitos em canais de maré são restritos e,
normalmente, encontram-se associados a barras de maré (inlets).
Este sistema deposicional corresponde ao Membro Paraguaçu, ocorre acima dos depósitos
fluviais entrelaçados do Membro Triunfo, do qual é separado por uma superfície transgressiva
(ST) basal erosiva e de alto relevo (Figura 36). Seus estratos presentam cerca de 10m de
espessura por aproximadamente 200 m de extensão lateral (no afloramento), apresentam
formas lenticulares, abundantes superfícies de truncamento, padrão complexo de
amalgamação (marcado pela intercalação e interdigitação de arenitos e pelitos).
A ocorrência de conglomerados intraformacionais, normalmente ausente nas sucessões
pró-deltaicas, corrobora a existência de eventos altamente energéticos responsáveis pela
remobilização e retrabalhamento de depósitos pelíticos e areníticos. O aumento da quantidade
de superfícies de truncamento e erosão no intervalo superior do sucessão, também indicariam
uma diminuição do nível de base e/ou aporte sedimentar mais elevado (tempestades mais
energéticas, por exemplo). Essas características permitem interpretar este sistema como um
delta dominado por rios, mas influenciado de maneira marcante por eventos de tempestades e
grande descarga fluvial, que seriam responsáveis por trazer a fração arenosa para a região de
prodelta. Essa unidade estratigráfica aparece sucessivamente acima da unidade anteriormente
descrita e complementa o sistema fluvial, podendo ser interpretada como o Membro
Paraguaçu.
Enquanto que na zona de maior influência marinha, as barras de maré alongadas tendem a
formar depósitos marcados por acamamentos heterolíticos e arenitos com estratificação
cruzada (Rossetti, 2008), os sedimentos argilosos estão normalmente relegados às porções
laterais aos estuários, como as planícies de lama e manguezais/pântano (Dalrymple, Zaitlin e
Boyd, 1992). Em direção à cabeceira do estuário, os depósitos assemelham-se a fácies
fluviais, possuindo normalmente a mesma assembleia faciológica fluvial, porém com
estruturas diagnósticas de maré.
Na área estudada, foi possível identificar a ocorrência de depósitos de canais de maré e
barras de maré, que aparecem nos intervalos estratigráficos superiores, indicado comunicação
72

com o ambiente marinho através de canais de maré, que, eventualmente sofreram influência
de tempestades, provocando a deposição de conglomerados intraformacionais.
Essa unidade estratigráfica interpreta é correlata ao Membro Paraguaçu (Formação Rio
Bonito), que cobre o ambiente flúvio-deltaico da Formação Rio do Sul, marcando uma fase de
afogamento generalizado.
O sistema de ilha barreira compreende as associações fácies litorânea superior (AF8),
laguna (AF9), leque de lavagem (AF10) e praial (AF11), tendo aproximadamente 12,5 m de
espessura por 30 m de extensão lateral. A geometria dos pacotes revelam a disposição de
arenitos, pelitos e heterolitos na forma de camadas tabulares, ou lenticulares. A base de toda a
sucessão é suavemente ondulada, evidenciando o contato entre sistema deposicional de ilha
barreia e o sistema fluvial entrelaçado (registrado apenas no afloramento BP-08). Este sistema
de ilha barreira encontra-se associado a depósitos de laguna, leque de lavagem, delta de maré
enchente e maré vazante, face praial (foreshore) e face litorânea (shoreface). O ambiente de
laguna apresenta-se restrito aos ambientes de canais de maré, muito embora em estuários
mistos, a comunicação com o ambiente marinho seja maior. Nas porções da laguna mais
próximas a ilha barreira, no entanto, ocorre a entrada de sedimentos arenosos proveniente da
barreira, representativos de durante eventos de tempestades e/ou fortes ventos (Weise e
White, 1980).
Já na região da barreira voltada ao mar aberto, os processos marinhos são mais notáveis,
sendo semelhantes aos ambientes costeiros e praiais abertos, como os da região de face praial,
face litorânea intermediária/inferior. Na área estudada, é possível observar o aparecimento de
alguns elementos que permitiriam interpretar esses depósitos como de sistemas de ilha
barreira. Conforme pode ser visto na Figura 36, há uma sucessão entre os elementos de face
litorânea superior, laguna central, leque de lavagem (washover fan), e face praial (foreshore),
que geralmente formam ciclos de granodecrescência ascendente, exceto quando há a
“progradação” dos depósitos de washover sobre os depósitos de laguna central.
A bioturbação é relativamente escassa, mas está presente, principalmente nos arenitos
finos associados aos depósitos de leque de lavagem e face praial. Nesta mesma figura, é
possível observar o onlap costeiro sobre os depósitos de shoreface.
O sistema estuarino lagunar-barreira, definido neste trabalho, foi desenvolvido durante o
período de subida do nível de base (Trato de Sistema Transgressivo: TST), estando limitado
na base pela superfície transgressiva (ST) que o coloca em contato com o TSNB (Membro
Triunfo). Os fatores alogênicos que mais influenciam a deposição deste trato de sistema são o
clima e eustasia, marca do final da glaciação no Eo-permiano.
73

7. CONCLUSÕES

A sucessão sedimentar estudada foi caracterizada com base no reconhecimento de 11


associações de fácies (AF1-AF11) que representam três sistemas deposicionais: fluvial
meandrante, fluvial entrelaçado e sistema estuarino dominado por processos de maré e onda.
A distribuição espacial das tendências deposicionais foi interpretada como resposta à
mudança do nível de base e no espaço de acomodação, influenciados pelo clima, tectônica e
eustasia. Esses sistemas deposicionais encontram-se limitados por superfícies estratigráficas
que definem dois tratos de sistemas: Trato de Sistema de Nível de Mar Baixo (TSMB) e Trato
de Sistema Transgressivo (TST).
O TSMB, limitado no topo por um limite de sequência (LS), corresponde à porção flúvio-
deltaica do Membro Rio do Sul (Formação Taciba), que está em contato com a porção inferior
da Formação Rio Bonito, representado por estratos fluviais de trato de sistema de nível de mar
baixo tardio (Membro Triunfo).
O TST ocorre na porção superior da seção estratigráfica e é constituído por um sistema
deposicional estuarino associado a sistemas de ilha barreira-laguna. Encontra-se limitado na
base por uma Superfície Transgressiva (ST) com onlap costeiro.
A sucessão estudada neste trabalho representa parte de um ciclo regressivo-transgressivo
da Supersequência Gondwana I representado pelos membros Rio do Sul, Triunfo (Formação
Taciba) e Paraguaçu (Formação Rio Bonito).
74

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABOARRAGE, A. M.; LOPES, R. da C. Projeto A Borda Leste da Bacia do


Paraná: integração geológica e avaliação econômica. Porto Alegre : DNPM/CPRM, v. 18
(Inédito). 1986.

AINSWORTH, R. B.; PATTISON, S.A. Where have all the lowstands gone? Evidence for
attached lowstand systems tracts in the Western Interior of North America. Geology, V.
22, p. 415-418, 1994.

AINSWORTH, R. B.; WALKER, R.G. Control of estuarine valley-fill deposition by


fluctuations of relative sea-level, Cretaceous Bearpaw-Horseshoe Canyon transition,
Drumheller, Alberta,Canada. In: DALRYMPLE, R.G.; BOYD, R.; ZAITLIN, B.A. (eds.).
Incised-valley systems: Origin and Sedimentary Sequences. Society for Sedimentary
Geology (SEPM). Special Publication, n 51, p. 159-174, 1994.

ALMEIDA, F. F. M.; HASUI, Y. O Pré-Cambriano do Brasil. São Paulo. Ed. Edgard


Blücher, p. 378, 1984.

ASLAN, A.; BLUM, M.D. Contrasting style of Holocene avulsion, Texas Gulf Coastal Plain,
USA. In: Smith N.D. & Rogers J. (eds.) Fluvial Sedimentology VI. Oxford, Blackwell, p.
193-209, 1999.

BATES, R.L.; JACKSON, J.A. Glossary of Geology (Third Edition). American Geological
Institute, Washington, D.C. p. 788, 1987.

BOYD, R.; DALRYMPLE, R.W.; ZAITLIN, B.A. Classification of clastic coastal


depositional environments. Sedimentary Geology, 80: 139-150, 1992.

BROWN, L. F. Jr.; FISHER, W. L. Seismic stratigraphic interpretation of depositional


systems: examples from Brazilian rift and pull apart basins. In: Payton, C. E. (ed.) Seismic
Stratigraphy–Applications to Hydrocarbon Exploration. American Association of
Petroleum Geologists Memoir 26, p. 213–248, 1977.

CAPUTO, M.V.; CROWELL, J.C. Migration of glacial centers across Gondwana during
the Paleozoic Era. Geological Society of America Bulletin, v. 96, p.1020-1036, 1985.

CAPUTO, M.V., MELO, J.H.G., STREEL, M., and ISBELL, J.L. Late Devonian and Early
Carboniferous glacial records of South America. Geological Society of America Special
Papers, v. 441, p. 161-173, 2008.

CASTRO, J.C.; BORTOLUZZI, C.A.; CARUSO Jr., F.; KREBS, A.S. Coluna White:
Estratigrafia da Bacia do Paraná no Sul do Estado de Santa Catarina – Brasil.
Florianópolis: Secretaria de Estado de Tecnologia, Energia e Meio Ambiente. 1 v. (Séries
Textos Básicos de Geologia e Recursos Minerais de Santa Catarina, 4). 1994.

CASTRO, J.C., WEINSCHUTZ, L.C.; CASTRO, M.R. Estratigrafia de sequências das


formações Taciba e Rio Bonito (Membo Triunfo) na região de Mafra/SC, leste da Bacia
do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobrás, v. 13, n.1, p.27-42, 2005.
75

CATUNEANU, O. Sequence stratigraphy of clastic systems: concepts, merits, and


pitfalls. Journal of African Earth Sciences, v. 35, n. 1, p. 1-43, 2002.

CATUNEANU, O. Principles of sequence stratigraphy. (1st ed.) Elsevier, p. 375, 2006.

CATUNEANU, O; ABREU, V; BHATTACHARYA, J.P.; BLUM, M.D.; RALRYMPLE,


R.W. Towards the standardization of sequence stratigraphy. Earth Science Reviews, 92,
1-33, 2009.

CHURCH, K.D.; COE, A. L. Processes controlling relative sea-level change and sediment
supply. In: COE, A. L.; BOSENCE, D.W.J.; CHURCH, K.D.; FLINT, S.S.; HOWELL, J. A.;
WILSON, R. C. L (eds.). The Sedimentary record of sea-level change. Cambridge, UK:
Cambridge University Press and the Open University, 2003.

COE, A. L.; CHURCH, K.D. Sequence Stratigraphy. In: COE, A. L.; BOSENCE, D.W.J.;
CHURCH, K.D.; FLINT, S.S.; HOWELL, J. A.; WILSON, R. C. L (eds.). The Sedimentary
record of sea-level change. Cambridge, UK: Cambridge University Press and the Open
University, 2003.

COLLINSON, J.D. Alluvial sediments.In: Reading, H.G (Ed.). Sedimentary Environments,


Processes, Facies and Stratigraphy. Blackwell Science, Oxford, p. 37-82, 1996.

DALRYMPLE, R.W.; ZAITLIN, B.A.; BOYD, R. Estuarine facies models: Conceptual


basis and stratigraphic implications. Journal of Sedimentary Petrology, 62: 1130-1146,
1992.

DALRYMPLE, R. W.; ZAITLIN, B. A.; BOYD, R. (Eds.). Incised Valley Systems: Origin
and Sedimentary Sequences. SEPM Special Publication 51, p. 391, 1994.

DAVIS, R. A. Coastal Sedimentary Environments. 2nd ed. USA: Halliday Lithograph,


1985.

DE LUCA, P.H.V. Processos de transporte e deposição de material clástico em sistemas


deposicionais costeiro e de plataforma marinha dominados por ondas (Formações
Lagarto e Palmares, Brasil e formação Punta Negra, Argentina). Tese de doutorado,
Programa de Pós-Graduação em Geociência/Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2013.

DE LUCA, P.H.V.; BASILICI, G.; OLIVEIRA, E.P. Um sistema deposicional de planície


de maré aberta, dominado por ondas: a Formação Lagarto, Ordoviciano (?), Domínio
Estância, Sergipe. Revista Brasileira de Geociências. 40(4): 484-505, 2010.

ELLIOT, T. Deltas. In: READING, H.G. (ed.). Sedimentary environments and facies.
Oxford, Blackwell Scientific Publications, p. 113-154, 1986.

ETHRIDGE, F. G., GERMANOSKI, D., SCHUMM, S. A.; WOOD, L. J. The morphologic


and stratigraphic effects of base-level change: a review of experimental studies. Seventh
International Conference on Fluvial Sedimentology, Lincoln, August 6–10, Program and
Abstracts, p. 95, 2001.
76

FAIRBRIDGE, R. W. The estuary: its definition and geodynamic cycle. In: OLAUSSON, E.;
CATO, I. (eds.). Chemistry and Biochemistry of Estuaries. New York, Wiley, p. 1-35,
1980.

FÁVERA, J.C.D. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Rio de Janeiro, EdUERJ, , p.


264, 2001.

FISHER, W.L.; MCGOWEN, J.H. Depositional systems in the Wilcox group of Texas and
their relationship to occurence of oil and gas. Gulf Coast Association Geological Society,
Transactions 17, p. 105-125, 1967.

FISHER, J.J.; SIMPSON, E.J. Washover and tidal sedimentation rates as environmental
factors in development of a transgressive barrier shoreline. In: Barrier Islands from the
Gulf of St. Lawrence to Gulf of Mexico, Leatherman, S.P. (eds.). Academic Press, New
York, NY. p. 127-148, 1979.

FRANÇA, A. B.; CALDAS, A. F. F. D. Diferenciação e evolução dos sistemas deltaicos na


parte superior do Grupo Tubarão, Bacia do Paraná. Revista Brasileira de Geociências,
13: 56-68, 1983.

FRANÇA, A.B.; POTTER, P.E. Estratigrafia, ambiente deposicional e análise de


reservatório do Grupo Itararé (Permocarbonífero), Bacia do Paraná (Parte 1). Boletim
de Geociências da Petrobrás, v. 2, n.2/4, p.147-191, 1988.

FÚLFARO, V.J.; SAAD, A.R.; SANTOS, M.V.; VIANNA, R.B. Compartimentação e


evolução tectônica da Bacia do Paraná. Rev. Bras. Geoc., 12 (4): 593-611, 1982.

HOFFMAN, P.F. Precambrian geology and tectonic history of North America. In: BALLY,
A.W; PALMER, A.R. (eds.) The geology of North America – an overview. Boulder,
Geological Society fo America, v. A, p. 447-512. (Chapt. 16), 1989.

GALLOWAY, W.E. Process framework for describing the morphological and stratigraphic
evolution of deltaic depositional systems. In: BROUSSARD, M.L. (ed.). Deltas. 2nd Ed.
Houston Geol. Soc., Houston, Texas, p. 87-98, 1975.

GALLOWAY, W.E. Genetic stratigraphic sequences in basin analysis 1: Architecture


and genesis of flooding-surface bounded depositional units. American Association of
Petroleum Geologists Bulletin, V. 73, p. 125-142, 1989.

HALLAM, A. The case for sea-level change as a dominant causal factor in mass
extinction of marine invertebrates. Phil. Trans. Royal Soc. B 325: 437-455, 1983.

HOLZ, M. Early Permian sequence stratigraphy and the paleophysiographic evolution


of the Paraná Basin in southernmost Brazil. Journal of African Earth Sciences. V. 29, n. 1,
p. 51-61, 1999.

HOLZ, M. Sequence stratigraphy of a lagoonal estuarine system—an example from the


lower Permian Rio Bonito Formation, Paraná Basin, Brazil. Journal of Sedimentary
Geology. V. 162. n. 3-4, p. 305-331, 2003.
77

HOLZ, M.; FRANÇA, A. B.; SOUZA, P.A.; IANNUZZI, R.; ROHN, R. A stratigraphic
chart of the Late Carboniferous/Permian succession of the eastern border of the Paraná
Basin, Brazil, South America. Journal of South American Earth Sciences. v. 29, n. 2, p. 381-
399, 2010.

HUNT, D.; TUCKER, M. E. Stranded parasequences and the forced regressive


wedge systems tract: deposition during base-level fall. Sedimentary Geology, n 81, p. 1-9,
1992.

JASPER, A.; MENEGAT R.; GUERRA-SOMMER , M.; CAZZULO-KLEPZIG, M.;


SOUZA, P.A. Depositional cyclicity and paleoecological variability in an outcrop of Rio
Bonito formation, Early Permian, Paraná Basin, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of
South American Earth Science, 21: 276-293, 2006.

JERVEY, M.T. Quantitative geological modeling of siliciclastic rock sequences and their
seismic expression. In: WILGUS, C.K.; HASTING, B.S.; KENDALL, C.G.St.C.;
POSAMENTIER, H.W.; ROSS, C.A.; Van Wagoner, J.C. (eds.). Sea-level changes: an
integrated approach. Tulsa, O.K., Society of Economic
Paleontologists and Mineralogists, Special Publication No. 42, p. 47-69, 1988.

KLEIN, G.D. Intracratonic basins. In: BUSBY, C.J.; INGERSOLL, R.V. (eds.). Tectonics of
sedimentary basins. Blackwell Science, Cambridge, p. 459-478, 1995.

KREBS, A.S.J. Contribuição ao conhecimento dos recursos hídricos subterrâneos da


área correspondente à bacia hidrográfica do Rio Araranguá, SC. 1 v. proposta de Tese
(Doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

LAVINA, E.L. & LOPES, R.C. A transgressão marinha do Permiano Inferior e a


evolução paleogeográfica do Supergrupo Tubarão no Estado do Rio Grande do
Sul. Paula Coutiana, Porto Alegre, nº 1, p. 51-103, 1986.

LEIGHTON, M.W.; KOLATA, D.R. Selected interior cratonic basin and their place in the
scheme of global tectonics – a synthesis. In: LEIGHTON, M.W.; KOLATA, D.R.; OLTZ,
D.F.; EIDEL, J.J. (eds.) Interior cratonic basins. Tulsa, AAPG Memoir 51, p. 729-797,
1990.

LEOPOLD, L. B.; BULL, W. B. Base level, aggradation and grade. American


Philosophical Society, Proceedings, Vol. 123, pp. 168–202, 1979.

LOPES, R. C.; LAVINA, E. L.; SIGNORELLI, N. Fácies sedimentares e evolução


paleoambiental do Supergrupo Tubarão na Borda Leste da Bacia do Paraná: uma seção
regional nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 34, Goiânia, 1986. Anais. Goiânia : SBG , v.1, p.206-218,
1986.

LÓPEZ-GAMUNDÍ, O.; ROSSELLO, E.A. Devonian-Carboniferous unconformity in


Argentina and its relation to Eo-Hercynian orogeny in southern South America.
Geologische Rundschau, 82: 136-147, 1993.
78

LOUTIT, T.S.; HARDENBOL, J.; VAIL, P.R.; BAUM, G.R. Condensed sections: the key to
age-dating and correlation of continental margin sequences. In: WILGUS, C.K.; HASTINGS,
B.S.; KENDALL, C.G.St.C.; POSAMENTIER, H.W.; ROSS, C.A.; VAN WAGONER, J.C.
(eds.). Sea Level Changes––An Integrated Approach. V. 42. SEPM Special Publication,
pp. 183–213, 1988.

MARQUES, A.; ZANOTTO, O.A.; FRANÇA, A.B.; ASTOLFI, M.A.M.; PAULA, O.B.
Compartimentação tectônica da Bacia do Paraná. PETROBRAS – Núcleo de Exploração da
Bacia do Paraná, Curitiba, p. 87 (Rel. Int.), 1993.

MEDEIROS, R.A.; THOMAZ, F.A. Facies e ambientes deposicionais da Formação Rio


Bonito. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 27, Aracaju, 1973. Anais. Aracaju: SBG. V.3,
p.3-11, 1973.

MIALL, A.D. Analysis of fluvial depositional systems.Education Course Note Series.


American Association of Petroleum Geologists, 20: 1-75, 1981.

MIALL. A.D. Architectural-element analysis: a new method of facies analysis applied to


fluvial deposits. Earth-Science Reviews, v. 22, p. 261-308, 1985.

MIALL A.D. Alluvial deposits In: Walker R.G & James N.P. (eds) Fácies models: response
to sea level change. St. John's, Geological Association of Canada, p. 119-142, 1992.

MIALL, A. D. The Geology of fluvial deposits: sedimentary facies, basin analysis, and
petroleum geology. Springer Verlag, Berlim, p. 582, 1996.

MIDDLETON, M.F. A model of intracratonic basin formation, entailing deep cristal


metamorphism. Geophysical Journal of the Royal Astronomical Society, 62: 1-14, 1990.

MILANI, E. J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento


com a geodinâmica fanerozóica do Gondwana sul-ocidental.. 2 v. Tese (Doutorado) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997.

MILANI, E.J. Comentários sobre a origem e a evolução tectônica da Bacia do Paraná. In:
MONTESSO-NETO, V., BARTORELLI A., CARNEIRO C.D.R., BRITO-NEVES B.B.
Geologia do Continente Sul-Americano – evolução da obra de Fernando Flávio Marques
de Almeida. Ed. Becca, p.265-279, 2004.

MILANI, E.J.; MELO, J.H.G.; SOUZA, P.A.; FERNANDES, L.A.; FRANÇA, A.B. Bacia do
Paraná. In: MILANI, E.J.; RANGEL, H.D.; BUENO, G.V.; STICA, J.M.; WINTER, W.R.;
CAIXETA, J.M.; PESSOA NETO, O.C. (Eds.). Bacias Sedimentares Brasileiras - Cartas
Estratigráficas. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, 15(2): 265-287, 2007.

MITCHUM, R.M. Jr.; VAIL, P.R.; THOMPSON, S. Seismic stratigraphy and global
changes of sea level: Part 2, The depositional sequence as a basic unit for stratigraphic
analysis: AAPG Memoir 26, p. 53-62, 1977.

MULDER T.; ALEXANDER J. The physical character of subaqueous sedimentary


density flows and their deposits. Sedimentology, 48:269-299, 2001.
79

MULDER, T.; SYVITSKI, J. P. M. Turbidity currents generated at river mouths during


exceptional discharges to the world oceans. Journal of Geology, 103, 285-299, 1995.

MYROW, P.M., FISCHER, W.; GOODGE, J.W. Wave-modified turbidites: combined-


flow shoreline and shelf deposits, Cambrian, Antarctica. Journal of Sedimentary Research,
72, 641-656, 2002.
NICHOLS, G. Sedimentology and Stratigraphy. Blackwell Publishing Company. p.432,
2009.

NIO, S. D.; YANG, C. Diagnostic atributes of clastic tidal deposits: a review. In: Rahmani, R.
A. (ed.) Clastic tidal sedimentology. Calgary, Canadian Society of Petroleum Geologists,
(Memoir 16), 3-28, 1991.

PEREIRA, E.; CARNEIRO, C.R.; BERGAMASCHI, S.; ALMEIDA, F.F.M. Evolução das
sinéclises paleozóicas: Províncias Solimões, Amazonas, Parnaíba e Paraná. In: HASUI, Y.;
CARNEIRO, C.R.; ALMEIDA, F.F.M.; BARTORELLI, A. (eds.) Geologia do Brasil,
Editora Beca, São Paulo. p. 392-421, 2012.

POSAMENTIER, H. W.; VAIL, P. R. Eustatic controls on clastic deposition II–sequence and


systems tract models. In: WILGUS, C.K; HASTINGS, B. S.; KENDALL, C. G. St.C.;
POSAMENTIER, H. W.; ROSS, C. A.; VAN WAGONER, J. C. (eds.). Sea Level Changes–
An Integrated Approach. SEPM Special Publication 42, p. 125–154, 1988.

POSAMENTIER, H.W.; JERVEY, M.T.; VAIL, P.R. Eustatic controls on clastic deposition.
I. Conceptual framework. In: WILGUS, C.K.; HASTINGS, B.S.; KENDALL, C.G.St.C.;
POSAMENTIER, H.W.; ROSS, C.A.; VAN WAGONER, J.C. (Eds.). Sea Level Changes––
An Integrated Approach. V. 42. SEPM Special Publication, p. 110– 124, 1988.

POSAMENTIER, H. W.; ALLEN, G. P. Siliciclastic sequence stratigraphy: concepts and


applications. SEPM Concepts in Sedimentology and Paleontology No. 7, p. 210, 1999.

POSAMENTIER, H.W.; MORIS, W.R. Aspects of the stratal architecture of forced regressive
deposits. In: HUNT, D.; GAWTHORPE, R.L. (eds.) Sedimentary Responses to Forced
Regressions. Geological Society of London, Special Publication 172, p. 19-46, 2000.

POSAMENTIER, H. W. Lowstand alluvial bypass systems: incised vs. unincised.


American Association of Petroleum Geologists Bulletin, Vol. 85, no. 10, p. 1771–1793, 2001.

RAMOS, V. A.; JORDAN, T. E.; ALLMENDINGER, R. W.; MPODOZIS, C.; KAY, J. M.;
CORTÉS, J. M.; PALMA, M. Paleozoic terranes of the central Argentine-Chilean Andes.
Tectonics, Washington, v. 5, n. 6, p. 855-880, 1986.

REINSON, G.E. Transgressive barrier island and estuarine systems. In: WALKER, R.G.;
JAMES, N.P. (eds) Facies models: response to sea level change. Geological Association of
Canada, pp. 1-14, 1992.

RIBEIRO, H.J.P.S. Estratigrafia de Sequências: Fundamentos e Aplicações – São


Leopoldo, RS. Editora da Universidade do Vale do Rio Sinos, 2001. 428p. 2001.
80

ROSSETTI, D. F. Ambientes Estuarinos. In: Pedreira da Silva, A.J.C.L.; Aragão, M.A.N.F.;


Magalhães, A.J.C.(Org.). Ambientes de Sedimentação do Brasil. Rio de Janeiro:
PETROBRAS. p. 102-130, 2008.

SANTOS Jr., A. E. ; ROSSETTI, D.F. Paleoambiente e estratigrafia da Formação


Ipixuna, área do Rio Capim, leste da Sub-bacia de Cametá. Revista Brasileira de
Geociências, 33 (3): 313-324, 2003.

SAWAKUCHI, A. O.; GIANNINI, P. C. F. Complexidade em sistemas deposicionais.


Revista Brasileira de Geociências, 36 (2): 347-358, 2006.

SCHERER, C. M. S. Ambientes Fluviais. In: Pedreira da Silva, A.J.C.L.; Aragão, M.A.N.F.;


Magalhães, A.J.C.(Org.). Ambientes de Sedimentação do Brasil. Rio de Janeiro:
PETROBRAS, p. 102-130, 2008.

SCHNEIDER, R.L.; MÜHLMANN, H.; TOMMASI, E.; MEDEIROS, R. A.; DAEMON, R.


F.; NOGUEIRA, A. A. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 28, Porto Alegre, 1974. Anais. Porto Alegre : SBG , v. 1,
p.41-65, 1974.

SCHUMM, S.A. A tentative classification of alluvial river channels.U.S. Geological Survey


Circular, 447, 1963.

SCHUMM, S.A. Evolution and response of the fluvial system: sedimentological implication.
In: ETHRIDGE, F.G. & FLORES, R. (eds.). Recent and ancient non-marine depositional
environments: models for exploration. Tulsa, SEMP. p. 19-29. (Society of Economic
Paleontologists and Mineralogists, Special Publication 31, 1981.

SCHUMM, S.A. River response to baselevel change: Implications for sequence


stratigraphy. J. Geol., 101, p. 279-294, 1993.

SHANLEY, K. W.; MCCABE, P. J.; HETTINGER, R. D. Significance of tidal influence in


fluvial deposits for interpreting sequence stratigraphy. Sedimentology, Vol. 39, p. 905–
930, 1992.

SHANLEY, K. W.; MCCABE, P. J. Alluvial architecture in a sequence stratigraphic


framework: a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah, U.S.A. In: FLINT, S.;
BRYANT, I. (eds.). Quantitative Modeling of Clastic Hydrocarbon Reservoirs and
Outcrop Analogues. International Association of Sedimentologists Special Publication 15, p.
21–55, 1993.

SHIRAIWA, S. Flexura da litosfera continental sob os Andes centrais e a origem da


Bacia do Pantanal. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, p. 85, 1994.

SLOSS, L.L.; KRUMBEIN, W.C.; DAPPLES, E.C. Integrated facies analysis. In: Longwell,
C.R. (Ed.). 1949. Sedimentary facies in geologic history. Geological Society of America
Memoir, 39:91-124, 1949.

SLOSS, L.L. Sequences in the cratonic interior of North America. Geological Society of
America Bulletin, v. 74, p. 93–114, 1963.
81

SNEDDEN, J. W.; NUMMEDAL, D. Origin an geometry of storm-deposited sand beds in


modern sediments of the Texas continental shelf. In: SWIFT, D.J.; OERTEL, G.F.;
TILMANN, R.W.; THORNE, J.A. (eds.). Shelf Sand and Sandstone Bodies. International
Association of Sedimentologists, Special Publications, 14, p. 283-308, 1991.

SOARES, P.C. Tectônica ‘sinssedimentar’ cíclica na Bacia do Paraná – controles.


Curitiba, DG-UFPR, Tese para concurso a Prof. Titular, p. 131, 1991.

TINTERRI R., DRAGO M., CONSONNI A., DAVIOLI G., MUTTI E. Modelling
subaqueous bipartide sediment gravity flows on the basis of outcrop constraints: first
results. Marine and Pretoleum Geology, 20: 911-933, 2003.

VAIL, P. R.; TODD, R. G.; SANGREE, J. B. Seismic Stratigraphy and Global Changes of
Sea Level: Part 5. Chronostratigraphic Significance of Seismic Reflections: Section 2.
Application of Seismic Reflection Configuration to Stratigraphic Interpretation Memoir 26, p.
99 – 116, 1977.

VAIL, P. R. Seismic stratigraphy interpretation procedure. In: Bally, A. W. (ed.). Atlas of


Seismic Stratigraphy. American Association of Petroleum Geologists. Studies in Geology
27, pp. 1–10, 1987.

VAN WAGONER, J.C., POSAMENTIER, H.W., MITCHUM, R.M., VAIL, P.R., SARG,
J.F., Loutit, T.S., Hardenbol, J. An overview of sequence stratigraphy and key definitions. In:
WILGUS, C.K., HASTINGS, B.S., KENDALL, C.G.St.C., POSAMENTIER, H.W., ROSS,
C.A., VAN WAGONER, J.C. (eds.). Sea Level Changes––An Integrated Approach, vol.
42. SEPM Special Publication, pp. 39–45, 1988.

WALKER, R.G. Facies, facies models and modern stratigraphic concepts. In: WALKER,
R.G.; JAMES, N.P. (eds.). Facies models: Response to Sea Level Change. Geological
Association of Canada, pp. 1-14, 1992.

WALKER, R.G.; PLINT, A.G. Wave and storm dominated shallow marine system. In:
WALKER, R.G.; JAMES, N.P. (eds.) Facies models - response to sea level change.
Geological Association of Canada, p. 219-238, 1992.

WEINSCHÜTZ L.C.; CASTRO J.C. A evolução das formações Mafrasuperior e Rio do


Sul-inferior (Grupo Itararé, Permocarbonífero), em sondagens testemunhadas da região
de Mafra (SC), margem leste da Bacia do Paraná. Geociências, 24 (2): 131-141, 2005.

WEISE, B.R.; White, W.A. Padre Island National Seashore, Guidebook 17. University of
Texas, Bureau of Economic Geology, 1980.

WHEATCROFT, R.A. Oceanic flood sedimentation: a new perspective. Continental Shelf


Research, 20, 2059-2066, 2000.

WHITE, I.C. Relatório final da Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do
Brasil. Rio de Janeiro: DNPM, 1988. Parte I, p.1-300 ; Parte II, p. 301-617. (ed. Fac-similar),
1908.
82

WOODROFFE, J.M.; CHAPPEL, J.M.A; THOM, B.G.; WALLENSKY, E. Depositional


model of a microtidal estuary and floodplain, South Alligator River, Northen Australia.
Sedimentology, 36: 737-756, 1989.

ZALÁN, P.V.; ASTOLFI, M.A.M.; VIEIRA, I.S.; CONCEIÇÃO, J.C.N.; NETO, E.V.S.;
MARQUES, A. The Paraná Basin, Brazil. In: LEIGHTON, KOLATA, OLTZ, EIDEL (eds.)
Interior cratonic basins. Tulsa, American Association of Petroleum Geologists, AAPG
Memoir 51, p. 681-708, 1990.

ZALÁN, P.V.; WOLFF, S.; CONCEIÇÃO, J.C.J.; ASTOLFI, M.A.M.; VIEIRA, I.S.; APPI,
V.T.; ZANOTTO, A.; MARQUES, A. Tectonics and sedimentation of the Paraná Basin. In:
Gondwana Seven Proceedings. São Paulo, Instituto de Geociências – USP, p. 83-117, 1991.

Você também pode gostar