Os Exilados Da Capela - Edgard Armond
Os Exilados Da Capela - Edgard Armond
Os Exilados Da Capela - Edgard Armond
Converted by convertEPub
OS eLivrosS DA CAPELA
ESBOÇO SINTÉTICO DA EVOLUÇÃO ESPIRITUAL NO MUNDO
Edgard Armond
Editora Aliança
mar/2008
ISBN:978-8570080141
Ficha Catalográfica
Armond, Edgard, 1894-1982
Os eLivross da Capela/Edgard Armond edição 1ª 1951 - São Paulo: Editora
Aliança
2001
1. Espiritismo 2. Espiritismo - Filosofia 3. Filosofia e Ciência 4. Filosofia e
Religião 5. Religião e Ciência I. Título
CM - 133.9
Este livro, em extensão pdf, foi obtido na Internet, por download direto, de
sites abertos ao público.
Ajustado e convertido em MOBI e EPUB por:
U.E. Braga - Junho 2022
Orelha 2
Edgard Armond
O comandante Armond, assim conhecido por sua carreira na Força Pública
do Estado de São Paulo, foi um dos grandes militantes espíritas no Brasil do
séc. XX. Nasceu em Guaratinguetá (SP), a 14 de junho de 1894, tendo se
formado na Escola de Farmácia e Odontologia do Estado em 1926.
Por seu prematuro afastamento da ativa, em virtude de sério acidente que
sofreu, pôde dedicar-se em tempo integral à Doutrina Espírita.
Consolidou a organização da Federação Espírita do Estado de São Paulo,
atuando como Secretário Geral nas décadas de 40, 50 e 60, onde contribuiu
com a criação de vários programas de inestimável valor para a Doutrina,
como a Escola de Aprendizes do Evangelho, o Curso de Médiuns e a
Assistência Espiritual padronizada.
Seu nome também se encontra entre os fundadores da USE — União das
Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Foi o inspirador da criação do
movimento da Aliança Espírita Evangélica e do Setor 111 da Fraternidade
dos Discípulos de Jesus.
Até seu desencarne, ocorrido em 1982, escreveu e publicou inúmeras obras
doutrinárias de inestimável valor para o aspecto religioso do espiritismo.
APRESENTAÇÃO DA EDITORA
O Autor
I - A CONSTELAÇÃO DO COCHEIRO
*
Assim, como bem deixa ver o Evangelista, no final de sua
comunicação, com o correr dos tempos as famílias foram
se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando
tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras
de vida em comum, que visavam preferentemente às
necessidades materiais da subsistência e da procriação.
VI - A TERCEIRA RAÇA-MÃE
*
Mas o tempo transcorreu em sua inexorável marcha e o
homem, a poder de sofrimentos indizíveis e penosíssimas
experiências de toda a sorte, conseguiu superar as
dificuldades dessa época tormentosa.
Acentuou-se, em consequência, o progresso da vida
humana no orbe, surgindo as primeiras tribos de
gerações mais aperfeiçoadas, que formaram a
humanidade da Terceira Raça-Mãe, composta de homens
de porte agigantado, cabeça mais bem conformada e
mais ereta, braços mais curtos e pernas mais longas, que
caminhavam com mais aprumo e segurança, em cujos
olhos se vislumbravam mais acentuados lampejos de
entendimento.
Nasceram principalmente na Lemúria e na Ásia e suas
características etnográficas, mormente no que respeita à
cor da pele, cabelos e feições do rosto, variavam muito,
segundo a alimentação, os costumes, e o ambiente físico
das regiões em que habitavam.
Eram nômades; mantinham-se em lutas constantes entre
si e mais que nunca predominavam entre eles a força e a
violência, a lei do mais forte prevalecendo para a solução
de todos os casos, problemas ou divergências que entre
eles surgissem.
Todavia, formavam já sociedades mais estáveis e
numerosas, do ponto de vista tribal, sobre as quais
dominavam, sob o caráter de chefes ou patriarcas,
aqueles que fisicamente houvessem conseguido vencer
todas as resistências e afastar toda a concorrência.
Do ponto de vista espiritual ou religioso essas tribos
eram ainda absolutamente ignorantes e já de alguma
forma fetichistas, pois adoravam, por temor ou
superstição instintiva, fenômenos que não
compreendiam e imagens grotescas representativas
tanto de suas próprias paixões e impulsos nativos, como
de forças maléficas ou benéficas que ao seu redor se
manifestavam perturbadoramente.
Da mesma comunicação de João Evangelista, a que já
nos referimos, transcrevemos aqui mais os seguintes e
evocativos períodos:
Depois do primeiro dia da humanidade, o corpo do
homem aparece menos feio, menos repugnante à
contemplação de minha alma.
Sua fronte começa a debuxar-se na parte superior do
rosto, quando o vento açoita e levanta as ásperas
melenas que a cobrem.
Os seus olhos são mais vivos e transparentes; o seu nariz
é mais afilado e levantado e a sua boca é menos
proeminente.
Seus braços são menos longos e esquálidos, suas carnes
menos secas, suas mãos menos volumosas e com dedos
mais prolongados; os ossos do esqueleto mais
arredondados, mais bem dispostos aos movimentos das
articulações; maior elasticidade existe nos músculos e
mais transparência na pele que cobre todo o corpo.
No seu olhar se reflete o primeiro raio de luz intelectual,
como um primeiro despertar do seu espírito adormecido.
No seu caminhar, já menos lerdo e vacilante, adivinha-se
a ação inicial da vontade, o princípio das manifestações
espontâneas.
Procura a mulher e não mais a abandona; assiste-lhe no
nascimento dos filhos, com quem reparte o calor e o
alimento.
O sentimento começa a despertar-lhe.
E as mitologias?
E as lendas da pré-história?
Não se referem elas a uma Idade de Ouro, que a
humanidade viveu, nos seus primeiros tempos, em plena
felicidade?
E a deuses, semideuses e heróis dessa época, que
realizaram grandes feitos e em seguida desapareceram?
Ora, como sabemos que a vida dos primeiros homens foi
cheia de desconforto, temor e miséria, bem se pode,
então, compreender que essa Idade de Ouro foi vivida
fora da Terra por uma humanidade mais feliz; e que não
passa de uma reminiscência que os eLivross
conservaram da vida espiritual superior que viveram no
paraíso da Capela.
Os deuses, semideuses e heróis dessa época, que
realizaram grandes feitos e em seguida desapareceram,
permanecendo unicamente como uma lenda mitológica,
quem são eles senão os próprios capelinos das primeiras
encarnações que, como já vimos, em relação aos homens
primitivos, rústicos e animalizados, podiam ser realmente
considerados seres sobrenaturais?
E os heróis antigos que se revoltaram contra Zeus (o
deus grego), para se apoderarem do céu, e foram
arrojados ao Tártaro, não serão os mesmos espíritos
refugados da Capela que lá no seu mundo se rebelaram e
que, por isso, foram projetados na Terra?
Os heróis antigos, que se tornavam imortais e
semideuses, não eram sempre filhos de deuses
mitológicos e de mulheres encarnadas? Pois esses
deuses são os capelinos que se ligaram às mulheres da
Terra.
Plutarco escreveu: que os heróis podiam subir,
aperfeiçoando-se, ao grau de demônios (daemon, gênios,
espíritos protetores) e até ao de deuses (espíritos
superiores).
O oráculo de Delfus, na Grécia, a miúdo, anunciava essas
ascensões espirituais dos heróis gregos. Isso não deixa
patente o conhecimento que tinham os antigos sobre as
reencarnações, a evolução dos espíritos e o intercâmbio
entre os mundos?
*
Mas sigamos a narrativa bíblica no ponto em que ela se
refere a essa mistura de raças de orbes diferentes:
Então, disse o Senhor, não contenderá o meu espírito
para sempre com o homem; porque ele é carne; porém,
os seus dias serão cento e vinte anos.
Isso nos leva a compreender que a fusão então
estabelecida, o cruzamento verificado, foi tolerado pelo
Senhor, sem embargo dos fatores de imoralidade que
prevaleciam e isso porque os eLivross, conquanto fossem
espíritos mais evoluídos em relação aos habitantes
terrestres, vindo agora habitar esse mundo primitivo
onde as paixões, como já dissemos, imperavam
livremente, não resistiram à tentação e se submeteram
às condições ambientes; isso, aliás, não admira e era
mesmo natural que acontecesse, não só pelo grande
império que a carne exerce sobre o homem nos mundos
inferiores, como também pelo fato de os eLivross terem
sido expulsos da Capela justamente por serem propensos
ao mal, falíveis na moralidade.
Entretanto, mesmo tolerando, a justiça divina lhes criava
limitações, restrições; as leis para eles inexoravelmente
se cumpririam, fazendo com que colhessem os frutos dos
próprios atos; suas vidas seriam mais curtas; seus corpos
físicos definhariam, como quaisquer outros que abusem
das paixões, e seriam pasto de moléstias dizimadoras.
Veja-se na própria Bíblia que para as primeiras gerações
de homens após Seth (tempo da descida) e até Noé
(dilúvio asiático) considerável é o número de anos
atribuídos à existência humana, enquanto a delimitação
de cento e vinte anos estabelecida para os descendentes
dos homens da corrupção representa uma diminuição
considerável, de quase dois terços.
Isso do ponto de vista físico, porque, quanto à moral, as
consequências foram tremendas e lamentáveis: com o
correr do tempo uma corrupção geral se alastrou e
generalizou-se de tal forma que provocou punições
imediatas.
É quando a narrativa bíblica diz:
E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara
sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos
do seu coração era má continuamente.
E mais adiante:
A terra estava corrompida diante da face do Senhor;
encheu-se a terra de violência, porque toda a carne havia
corrompido o seu caminho sobre a terra.
*
Assim, como aconteceu antes com a Lemúria, o
afundamento da Atlântida trouxe, para a geografia do
globo, novas e importantes modificações na distribuição
das terras e das águas, a saber:
Com o afundamento da Grande Atlântida
a) sobrelevou-se o território da futura América, que
se rematou ao ocidente, no centro e no sul, com a
cordilheira dos Andes;
b) completou-se o contorno desse continente na
parte oriental;
c) permaneceram sobre as águas do oceano que
então se formou, e conserva o mesmo nome do
continente submergido - O Atlântico - algumas
partes altas que hoje formam as ilhas de Cabo
Verde, Açores, Canárias e outras;
d) na Europa levantou-se a cordilheira dos Alpes.
Com o afundamento da Pequena Atlântida
a) produziu-se novo levantamento na África,
completando-se esse continente com a secagem do
lago Tritônio e consequente formação do deserto do
Saara, até hoje existente;
b) foi rompido o istmo de Gibraltar, formando-se o
atual estreito do mesmo nome e o Mar
Mediterrâneo.
Essa narrativa do Troiano e as tradições dos Maias, por
outro lado, concordam com as tradições egípcias,
reveladas a Sólon pelos sacerdotes de Saís, seiscentos
anos antes da nossa era, as quais afirmam que a
Atlântida submergiu 9.500 anos antes da época em que
eles viviam.
Também concordam com a narrativa feita por Platão, em
seus livros Timeu e Crítias, escrita quatro séculos antes
de Cristo, na qual esse renomado discípulo de Sócrates,
filósofo e iniciado grego que gozou na antiguidade de
alto e merecido prestígio, confirma todas estas tradições.
Para o trabalho que estamos fazendo, considerada sua
feição mais que tudo espiritual, basta-nos a tradição.
*
Como consequência disso, e por esperarem um deus,
passaram, então, os homens a admitir que Ele, o Senhor,
não poderia nascer como qualquer outro ser humano,
pelo contato carnal impuro; como não conheciam outro
processo de manifestação na carne, senão a reprodução,
segundo as leis do sexo, por toda parte começou a
formar-se também a convicção de que o Salvador
nasceria de uma virgem que deveria conceber de forma
sobrenatural.
Por isso, na Índia lendária, os avatares divinos nascem de
virgens, como de virgens nasceram Krisna e Buda; no
zodíaco de Rama, a Virgem lá estava no seu quadrante,
amamentando o filho; no Egito, a deusa Ísis, mãe de
Hórus, é virgem; na China, Sching-Mou, a Mãe Santa, é
virgem; virgem foi a mãe de Zoroastro, o iluminado
iniciador da Pérsia; todas as demais tradições, como as
dos druidas e até mesmo das raças nativas da América,
descendentes dos Atlantes, falavam dessa concepção
misteriosa e não habitual.
XX - A TRADIÇÃO MESSIÂNICA
*
E quanto à Grécia lá está Ele - o Messias - simbolizado no
Prometeu de Ésquilo, uma das mais poderosas criações
do intelecto humano.
E d'Ele disse Platão - o iluminado:
– Virtuoso até a morte, Ele passará por injusto e perverso
e, como tal, será flagelado, atormentado, e, por fim,
posto na cruz.
A sibila Europa
Sob um pequeno alpendre, aberto, inabitado
O Rei dos Reis nasce pobremente.
Ele que tem o poder de dispor de todos os bens!
Vejam: sobre o feno, seu corpo descansa.
Os mortos, do Inferno, piedoso tirará.
Depois, triunfante, em glória, subirá aos céus.
A sibila Helespôntica(20)
(20) Que viveu por volta de 560 a.C.
Os povos não sofrerão mais, como no passado.
Verão em abundância as colheitas de Ceres.
Uma santa jovem, sendo mãe e virgem
Conceberá um filho de poder imortal.
Ele será deus da paz, e o mundo, perdido,
Será salvo por Ele.
A sibila Egípcia
O verbo se fez carne, sem poluição
Duma virgem Ele toma seu corpo.
Exprobará o vício; e a alma depravada
Ante Ele cobrirá a face.
Aqueles que ante Ele se arrependerem
Terão socorro e graça na hora do sofrimento.
Amaltéia, sibila Cumana
Deus, para nos resgatar, toma a humana vestidura.
Mais do que a nossa salvação, nada lhe é mais caro.
A paz, à sua vinda, descerá à Terra,
A tranquilidade florirá; e o Universo, sem guerra,
Não será mais de perturbações agitado.
A idade de ouro retomará seu brilho.
Ciméria, sibila de Cumes(21)
(21) Sacerdotisa de Apolo.
Num século surgirá o dia
Em que o Rei dos Reis habitará conosco.
Três Reis do Oriente, guiados pela luz
Dum astro rutilante, que ilumina a jornada,
Virão adorá-Lo e humildes, prosternados,
Lhe oferecerão ouro, incenso e mirra.
Prisca, sibila Eritréia
Vejo o Filho de Deus, vindo do Olimpo
Entre os braços de uma virgem hebreia.
Que lhe oferece o seio puro.
Em sua vida viril, entre penas cruéis,
Sofrerá por aqueles
Que O fizerem nascer, mostrando
Que, como um Pai, se afligiu por eles.
A sibila Líbica(22)
(22) Filha de Nonnullio.
Um rei do povo hebreu será o Redentor
Bom, justo e inocente. Pelo homem pecador
Padecerá muito. Com olhar arrogante
Os escribas O acusarão de se dar
Como Filho de Deus. Ao povo Ele ensinará
Anunciando-lhe a salvação.
Sambeta, sibila Pérsica(23)
(23) Filha de Berosi.
Do Filho do Eterno uma virgem
Será mãe. Seu nascimento trará ao mundo
A vida e a salvação. Com grande modéstia,
Conquanto rei, montado sobre um asno,
Ele fará sua entrada em Solymea(24), onde injuriado,
E condenado pelos maus, sofrerá a morte.
(24) Jerusalém.
Daphné, a sibila Délfica
Depois que alguns anos passarem
O Deus, duma virgem nascido, aos homens aflitos
Fará luzir a esperança da redenção.
Conquanto tudo possa (e quão alto está
O seu trono) Ele sofrerá
A morte para, da morte, resgatar seus povos.
Phito - sibila Samiense
Eis que os santos decretos se cumprem.
Entre os dias mais claros, este é,
Duma bela claridade que tudo ilumina.
As trevas se vão. Deus, seu Filho nos manda
Para abrir nossos olhos. Eia! Vede o imortal
Que de espinhos se cobre e por nós se entrega à morte.
De todas as sibilas celebradas pela tradição ou pela
história, que voveram naqueles recuados tempos, como
instrumentos das revelações do Plano Espiritual, da
Pérsia ao Egito e à Grécia, poucas foram as que deixaram
de referir-se ao advento do Messias esperado.
Eis quais foram:
Lampúsia - a colofoniense, descendente de
Calchas, que combateu com os gregos em Tróia;
Cassandra - filha de Príamo;
A sibila Epirótica - filha de Tresprótia;
Manto - filha de Tirésias, célebre vidente de
Tebas e Beócia, cantada por Homero;
Carmenta - mãe de Evandro;
Elissa - a sibila lésbica, citada por Pausânias -
que se dizia filha da ninfa Lâmia;
Ártemis - filha de Apolo, que viveu em Delfos;
Hierophila - sibila cumana, que se avistou nos
primeiros dias de Roma com Tarquínio Soberbo.
E como poderiam essas mulheres inspiradas fechar os
olhos à luz radiante que descia dos céus?(25)
(25) Estas profecias foram rigorosamente cumpridas, o que demonstra o
sublime encadeamento dos eventos da vida espiritual planetária, como
também prova o quanto eram iluminados pela Verdade os instrumentos
humanos que as proferiram.
E o próprio Mestre, nos inesquecíveis dias da sua
exemplificação evangélica não disse - que não vinha
destruir a lei, mas cumpri-la? E quantas vezes não
advertiu: - que era necessário que assim procedesse,
para que as escrituras se cumprissem!
Portanto, nas tradições que cultuamos, a Verdade se
contém indestrutível e do passado se projeta no futuro
como uma luz forte que ilumina todo o caminho da nossa
marcha evolutiva.
E, por fim, a sibila Aneyra, da Frígia
O Filho Excelso do Pai Poderoso,
Tendo sofrido a morte abate-se, frio, inerte,
Sobre o colo débil de sua mãe.
Vendo-lhe o corpo dessangrado
Ela sofre profundo golpe. Ei-lo! Está morto!
Sem Ele nós morreríamos em nossos próprios pecados.
XXI - E O VERBO SE FEZ CARNE
*
E o grande dia, então, surgiu, quando o César desejando
conhecer a soma de seus inumeráveis súditos,
determinou o censo da população de todo o seu vasto
império.
Então, José, carpinteiro modesto e quase desconhecido,
da pequena vila de Nazaré, na Galileia dos Gentios e
natural de Belém, tomou de sua esposa Míriam - que
estava grávida - e empreendeu a jornada inesquecível.
Por serem pobres e humildes, aceitaram o auxílio de
amigos solícitos e abrigaram-se em um estábulo de
granja. Ali, então, o grande fato da história espiritual do
mundo sucedeu.
Aquele que devia redimir a humanidade de seus males
foi ali exposto, envolto apressadamente em panos pobres
e seus primeiros vagidos foram emitidos em pleno
desconforto, salvo o que lhe vinha da desvelada
assistência dos seus genitores; o mesmo desconforto,
aliás, que O acompanharia em todos os dias de sua vida,
que O levou a dizer mais tarde, já em pleno exercício de
sua missão salvadora: o Filho do Homem não tem onde
repousar a cabeça.
O espírito glorioso e divino deu assim ao mundo, desde o
nascer, um exemplo edificante de humildade e de
desprendimento; o desejado de todos os povos, o
reclamado por todos os corações e anunciado por todos
os profetas, em todas as línguas do mundo, então
conhecido, nasceu, assim, quase ignorado numa casa
humilde para que o Evangelho que ia mais tarde pregar,
de renúncia e de fraternidade, recebesse d'Ele mesmo,
desde os primeiros instantes, tão patético e comovente
testemunho.
E o Senhor disse:
– Em verdade, vos digo que não passará esta geração
sem que todas estas coisas aconteçam. (Mt, 24:34)
Em sua linguagem sugestiva e alegórica referia-se o
Mestre a esta geração terrena, formada por todas as
raças, cuja evolução vem da noite dos tempos, nos
períodos geológicos, alcança os nossos dias e
prosseguirá pelo tempo adiante.
Não passará, quer dizer: não ascenderá na
perfectibilidade, não habitará mundos melhores, não terá
vida mais feliz, antes que redima os erros do pretérito e
seja submetida ao selecionamento que se dará neste fim
de ciclo que se aproxima. Assim, o expurgo destes
nossos tempos - que já está sendo iniciado nos planos
etéreos - promoverá o alijamento de espíritos imperfeitos
para outros mundos e, ao mesmo tempo, a imigração de
espíritos de outros orbes para este.
Os que já estão vindo agora, formando uma geração de
crianças tão diferentes de tudo quanto tínhamos visto
até o presente, são espíritos que vão tomar parte nos
últimos acontecimentos deste período de transição
planetária, que antecederá a renovação em perspectiva;
porém, os que vierem em seguida, serão já os da
humanidade renovada, os futuros homens da intuição,
formadores de nova raça - a sexta - que habitará o
mundo do Terceiro Milênio.
Já estão descendo à Terra os Espíritos Missionários,
auxiliares do Divino Mestre, encarregados de orientar as
massas e ampará-las nos tumultos e nos sofrimentos
coletivos que vão entenebrecer a vida planetária nestes
últimos dias do século.
Lemos no Evangelho e também ouvíamos, de há muito, a
palavra dos Mensageiros do Senhor advertindo que os
tempos se aproximavam e, caridosamente, aconselhando
aos homens que se guardassem do mal, orando e
vigiando, como recomendara o Mestre.
Mas, agora, essas mesmas vozes nos dizem que os
tempos já estão chegados, que o machado já está
posto novamente à raiz das árvores e os fatos que se
desenrolam perante nossos olhos estão de forma
evidente, comprovando as advertências.
Estas, como também sucedeu nos tempos da
Codificação, são uniformes nos seus termos em todos os
lugares e ocasiões, demonstrando, assim, que há uma
ordenação de caráter geral, vinda dos Planos Superiores,
para a coordenação harmoniosa concordante dos
acontecimentos planetários.
Que ninguém, pois, permaneça indiferente a estes
misericordiosos avisos, para que possa, enquanto ainda é
tempo, engrossar as fileiras daqueles que, no próximo
julgamento, serão dignos da graça e da felicidade da
redenção.
O Sol entrará, agora, no signo de Aquário.
Este é um signo de luz e de espiritualidade e governará
um mundo novo onde, como já dissemos, mais altos
atributos morais caracterizarão o homem planetário;
onde não haverá mais lugar para as imperfeições que
ainda hoje nos dominam; onde somente viverão aqueles
que forem dignos do título de Discípulos do Cristo em
Espírito e Verdade.
O novo ciclo - que se chamará o Reino do Evangelho -
será iniciado pelos homens da Sexta Raça e terminado
pelos da Sétima, e em seu transcurso a Terra se
transformará de mundo de expiação em mundo
regenerado.
Em grande maioria, julgamos, os atuais moradores da
Terra não serão dignos de habitar esse mundo melhor,
porque o nível médio da espiritualização planetária é
ainda muito precário; todavia, nem por isso seremos
privados, qualquer que seja a nossa sorte, dos benefícios
da compaixão do Senhor e de Sua ajuda divina; e essa
esperança nos levanta, ainda em tempo, para novas
lutas, novas tentativas, novos esforços redentores.
Cristo, essa luz que não pudemos ainda conquistar,
representa para nossos espíritos retardados, um ideal
humano a atingir, um arquétipo de sublimada expressão
espiritual e seu Evangelho, de beleza ímpar e de
sabedoria incomparável, uma meta a alcançar algum dia.
*
Ouçamos, agora, a ciência do mundo atual.
Segundo revelações conhecidas, vindas do Plano
Espiritual em várias datas, os acontecimentos previstos
para este fim de ciclo evolutivo, diariamente, vão-se
aproximando, e seus primeiros sinais podemos verificar à
simples observação do que se passa no mundo que nos
rodeia, tanto no setor humano, como no da Natureza.
Segundo revelações novas, provindas do mesmo Plano, o
começo crítico desses acontecimentos se dará em 1984;
mas como são revelações que vêm através da
mediunidade, muita gente, inclusive espíritas, não lhes
dão muita atenção.
Mas sucede que agora a própria ciência materialista está
trazendo seu contributo e confirmações, sobretudo na
parte referente às atividades astronômicas e geofísicas.
As últimas publicações prenunciam para 1983 terríveis
acontecimentos revelados por cientistas da Universidade
do Colorado, nos Estados Unidos, e de Sidney, na
Austrália, e dizem que se está encaminhando um
alinhamento de planetas do nosso sistema em um dos
lados do Sol, que isso provocará um aumento
considerável de manchas solares e de labaredas, de
dimensões inusitadas, que impulsionarão o vento solar;
correntes volumosas de radiações e de partículas
atômicas que se projetarão sobre a Terra colidindo com
sua atmosfera, criando auroras, formando tempestades
violentas que perturbarão o ritmo de rotação do planeta,
modificando o ângulo de sua inclinação sobre a órbita,
com as terríveis consequências que estes fenômenos
provocarão.
É evidente que a esta parte astronômica e geofísica se
acrescentarão as ocorrências já previstas, de caráter
espiritual que não se torna necessário aqui repetir.
No fim deste século, o clima em todo o mundo estará
mais quente, o nível dos oceanos estará mais elevado e
os ventos mudarão de direção.
É esta a conclusão a que chegaram os cientistas do
Observatório Geofísico de Leningrado, na Rússia, depois
de estudarem matematicamente as tendências das
mudanças climáticas ocorridas até agora na Terra.
Dizem eles que com o aumento da temperatura da
atmosfera terrestre, no fim do século, as calotas polares
terão retrocedido (diminuído) consideravelmente e
haverá modificações na distribuição das chuvas.
Estes prenúncios científicos destacam justamente os
pontos mais marcantes das previsões espirituais que têm
sido reveladas aos homens encarnados pelo Plano
Espiritual, através de médiuns de confiança, que
asseguram a necessária autenticidade das
comunicações.
FIM
Ao terminar a leitura deste livro, provavelmente você
tenha ficado com algumas dúvidas e perguntas a fazer, o
que é um bom sinal. Sinal de que está em busca de
explicações para a vida. Todas as respostas que você
precisa estão nas Obras Básicas de Allan Kardec.
APÊNDICE
Nota 1
Foi retirado este apêndice por se tratar de um trecho
quase que totalmente gráfico, ficando praticamente
inaproveitável para a leitura textual. Saliento que a
retirada deste trecho não prejudica o entendimento do
livro, pois repete resumidamente o que já foi explicado
no decorrer da obra.
Nota 2
Estão também ausentes, neste trabalho, as figuras
existentes no livro original pois, não as encontrei, em sua
totalidade na Internet. Em razão disto, foram totalmente
suprimidas. Entretanto isto não prejudica o entendimento
do livro.