Ilha Carnage - Lexi C
Ilha Carnage - Lexi C
Ilha Carnage - Lexi C
Lexi C. Foss
Copyright de Carnage Island © Lexi C. Foss, 2022.
Tradução: Andreia Barboza
Copidesque da tradução: Luizyana Poletto.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são
produtos da imaginação do autor ou foram usados de forma fictícia e não
devem ser interpretados como reais. Qualquer semelhança com pessoas, vivas
ou mortas, eventos reais, localidades ou organizações é inteiramente
coincidência.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19/02/1998. Exceto
para o uso de pequenos trechos em resenhas, é proibida a reprodução ou
utilização deste livro, no todo ou em parte, de qualquer forma, sem a permissão
prévia por escrito do detentor dos direitos autorais deste livro.
eBook ISBN: 978-1-68530-093-7
Capa Commum ISBN: 978-1-68530-094-4
Created with Vellum
Contents
Sinopse
Nota da Lexi
Introdução: Tieran
1. Clove
2. Clove
3. Volt
4. Clove
5. Tieran
6. Volt
7. Clove
8. Caius
9. Clove
10. Clove
11. Tieran
12. Clove
13. Clove
14. Caius
15. Clove
16. Caius
17. Caius
18. Tieran
19. Clove
20. Clove
21. Volt
22. Clove
23. Tieran
24. Clove
25. Tieran
26. Volt
27. Caius
28. Tieran
29. Clove
30. Volt
31. Clove
32. Tieran
33. Clove
34. Tieran
35. Caius
36. Volt
37. Clove
38. Tieran
39. Clove
Epílogo: Tieran
Rainha dos Elementos: Livro Um
Rainha dos Vampiros: Livro Um
Sobre a autora
Mais Livros de Lexi C. Foss
À Matt, esse sonho não poderia ser possível sem você.
Obrigada por ser meu companheiro predestinado.
Bem-vinda à Ilha Carnage.
Casa do caos brutal.
Sangue e lágrimas.
E esquemas nefastos.
Uma mestiça.
Rejeitada.
Uma loba sem companheiro.
N ÃO CONSIGO ME TRANSFORMAR .
Tentei por quatro dias, e minha loba não me permite
voltar à forma humana.
Os guardas acham que estou sendo desafiadora. O juiz
de admissão me chamou de selvagem. E a assistente social
responsável pelo meu caso disse que não podia me ajudar
porque eu não queria ser ajudada.
Se isso fosse verdade.
Minha loba se recusa a me deixar me defender em forma
humana. Todo mundo acha que matei minha mãe porque foi
o que o Alfa Bryson disse.
Ele alegou que me tornei selvagem quando descobri
minha verdadeira linhagem.
Ele agiu como se se sentisse mal por mim.
Chamou de “caso triste e desamparado”. E então
começou um discurso sobre como ele não conseguia me
deixar de lado, que não era minha culpa por ter nascido
assim.
No entanto, ele não teve um único problema com o fato
de os lobos de Alfa Crane matarem a minha mãe.
E não se importou em colocar a culpa pelo assassinato
dela na minha conta.
Minha loba está furiosa. Eu estou furiosa.
Mas também estou apavorada.
Eles estão me levando para a Ilha Carnage, lar dos lobos
mais cruéis que existem.
Porque eles acham que matei minha mãe.
Quero chorar. Quero gritar. Quero morder.
Colocaram uma focinheira em mim, meus rosnados
apenas aumentando os rumores do meu estado selvagem.
Minha loba está chateada e quer matar o guarda que
fechou minha boca com força.
Ele continua olhando para a minha loba com um olhar
faminto, seu nariz se contorcendo enquanto ele me cheira.
Eu rosno em resposta, meu animal permitindo o som.
Ele sorri, claramente divertido pela minha demonstração
de desafio.
Sou uma loba morta, penso, suspirando.
O barco desliza pela água, deixando a terra para trás
enquanto nos dirigimos para minha nova casa. De qualquer
maneira, por quanto tempo eu sobreviver.
Algo que sei que meu ex-Alfa está contando.
— Ela não vai conseguir falar — Alfa Bryson disse ao
meu pai antes que os oficiais chegassem na outra noite.
Eu mal estava lúcida, minha cabeça latejando por
Canton ter me nocauteado.
Parte de mim achava que era tudo um sonho.
Mas um olhar para minhas patas me disse que era muito
real.
Perdi a consciência novamente logo depois disso. Então
acordei em uma cela, onde a assistente social leu as
acusações para mim.
Minha mãe está morta.
Minha alcateia me deserdou.
E os Anciões acham que matei minha mãe em um acesso
de raiva.
Pânico e fúria me sufocaram no momento seguinte,
fazendo minha loba reagir com agressividade.
Foi quando os guardas me nocautearam com um
tranquilizante.
Isso aconteceu três vezes nos últimos dias.
Eu realmente não quero passar por isso novamente
enquanto estamos a caminho da ilha mais perigosa do
mundo. Então estou focando na minha respiração e
tentando não surtar.
Mas os gritos de minha mãe continuam a reverberar em
minha mente.
Ela implorou para que parassem.
Eles riram.
Meu próprio pai permitiu que isso acontecesse.
Ele não é meu pai, eu me lembro.
Mas ainda era seu companheiro.
Como ele pôde ser tão cruel?
Por que ela não contou a verdade? uma pequena parte
de mim sussurra. Ela deveria ter contado a ele sobre o
Lobo Carnage e o que ele fez com ela.
Mas então ela teria me perdido.
Meu pai a teria feito abortar a criança.
Eu não existiria.
Por isso ela não contou.
Por causa de seu amor por mim.
E agora ela pagou o preço com sua vida.
Uma lágrima tenta escapar do meu olho, mas minha
loba a recusa. Ela ainda está no comando e apresenta um
ar confiante que me faz encolher por dentro.
É uma bravata que não sinto.
Ela está em modo de sobrevivência, não me permitindo
comandar o show. Se eu pudesse falar durante o
julgamento, poderia negociar para onde os Anciões me
enviaram.
Mas, não.
Minha loba cimentou nosso destino rosnando para o juiz
de admissão.
Tento fechar os olhos, apenas relaxar ao ar livre do
oceano. Infelizmente, o guarda se move para a direita,
mantendo minha loba em alerta máximo.
Pelo menos, não consigo sentir o ar invernal. Meu pelo
me mantém aquecida enquanto seguimos ao longo das
águas até as ilhas na costa do Canadá.
Só a Ilha Wolfe pode ser alcançada por uma ponte para
o continente. Todas as Ilhas Rejeitadas além dela são
acessíveis apenas por balsa ou helicóptero.
Ou, no meu caso, via lancha.
Provavelmente porque esses guardas querem me deixar
na beira da água e escapar antes que os Lobos Carnage
possam sentir sua presença.
Nunca vi um de perto, o Bando Black Mountain nunca
tendo cruzado em nossa aldeia em casa. Os executores da
alcateia garantiam nossa segurança lá.
Mas ninguém está garantindo a minha aqui.
Estou em uma porcaria de uma gaiola.
Uma que suspeito que esses idiotas não vão me deixar
sair.
Tremo com o pensamento. Se minha loba me permitir
me transformar, posso usar os dedos para nos libertar.
Supondo que eu possa até me transformar com um
focinho preso à minha cabeça.
Franzo a testa por dentro, incerta. Esse é o tipo de coisa
que nunca me ensinaram.
O barco começa a desacelerar, o guarda à frente
gritando:
— Preparem-na!
O Sr. Focinho se levanta, com os lábios se curvando de
uma forma que faz minha pele se arrepiar.
— Com todo o prazer.
Minha loba se senta na caixa, olhando para ele. O
completo oposto do que eu quero fazer agora. Ela está
agindo como um cachorro obediente, com as orelhas em pé,
o rabo ligeiramente abanando.
— Sabia que você se aproximaria — ele diz, se
agachando. — Por que você não se transforma para que eu
possa vê-la melhor?
Minha loba inclina a cabeça como se não pudesse
entendê-lo.
É desorientador me sentir tão distante dela e fora de
controle. Imagino que é como ela se sentiu todos esses
anos enquanto eu a reprimi – algo que estou percebendo
agora que não é natural.
Porque vi alguns filhotes correndo pela Ilha Wolfe.
Filhotes fêmeas.
— Não vou deixar você sair até que você se transforme
— ele diz.
Bem, isso não vai acontecer, quero dizer a ele.
Em vez disso, minha loba se deita com um bufo triste.
Eu não tenho ideia do que ela está fazendo, e desisti de
tentar entender. Então eu apenas sigo com isso. Se ela quer
se lamentar, então vamos nos lamentar.
O guarda franze a testa.
— Não posso deixar você sair em forma de lobo,
pequena.
O que significa que ele planeja despejar minha caixa na
ilha. Impressionante.
O barco desacelera até parar, e o guarda contorce os
lábios.
— Ei! Empurre-a e vamos embora! — o guarda da frente
nos chama.
Sr. Focinho suspira e balança a cabeça.
— Tudo bem. — Ele estende a mão e coloca os dedos no
trinco. — Tente me atacar, e eu vou jogar você na água para
se afogar nesta jaula. Seja uma boa loba, e eu vou deixar
você nadar até a praia.
Uau, essas são opções incríveis, penso, revirando os
olhos.
Mas minha loba não se move, apenas continua a
observá-lo.
Ele abre a porta e ela se senta, abanando o rabo
alegremente.
— Bem, então continue — ele diz, apontando para a
margem que agora posso ver a cerca de trinta metros de
distância. Ele não estava brincando sobre nadar.
Minha loba geme um pouco e coloca as patas em seu
focinho.
Ele semicerra os olhos.
— Eu não vou cair nessa.
Ela suspira, deitando-se novamente.
— Que merda, Jack? Empurre-a ao mar já! — o guarda
impaciente exige.
Jack não se move, mantendo seus olhos em mim.
— Tudo bem. Venha aqui e eu vou removê-la. Mas se
você me morder, vai se arrepender.
Minha loba se senta novamente, abanando o rabo como
um animal de estimação obediente.
Eu me pergunto se ele percebe que não estou no
controle, que ela está comandando o show.
Seu sorriso sugere que ele pensa que sou eu.
E deveria ser, já que sou a humana aqui.
Mas me sinto trancada, semelhante a como costumava
empurrá-la para o fundo da minha mente.
Posso sentir, ouvir e ver tudo. Eu podia até sentir o gosto
da comida podre que me deram na minha cela. No entanto,
não pude deixar de comê-la.
Assim como eu não posso parar com esse ridículo
balançar de rabo agora.
— Venha aqui como uma boa menina, e eu vou soltá-la
antes de você pular — Jack fala.
Minha loba se levanta e se espreguiça, obviamente o
entendendo. Embora, eu não ache que são as palavras dele
que ela processa tanto quanto seu tom e movimentos. Há
uma animalidade nela que não avalia frases como um
humano faria.
É por isso que eu deveria ser capaz de controlá-la.
Ele alcança meu rosto e eu tento recuar, mas minha loba
fica absolutamente imóvel, permitindo que ele solte a
focinheira. Ele é cauteloso, puxando-a cuidadosamente da
minha cabeça.
E minha loba ataca sua garganta.
Ele xinga, me jogando ao mar com sua força robusta e
me mandando para a água pelo barco.
— Filha da puta! — ele grita.
— E você é um idiota do cacete — o outro guarda
retruca.
O barco começa a espirrar água quando eles decolam,
as lâminas na parte de trás quase pegando minha cauda
enquanto eles se afastam.
Minha loba afunda sob as ondas, sem saber como nadar.
E a água é fria.
Como gelo.
Estou frenética, tentando assumir o controle, dizer a ela
como remar, ensinar a ela uma maneira de subir. Mas ela
não me deixa livre. Ela não quer me ouvir!
Estamos afundando.
A água está girando ao nosso redor enquanto nos
agarramos às profundezas escuras, tentando descobrir
como flutuar ou alcançar a superfície.
Minha loba está ganindo.
Eu estou gritando.
Então braços musculosos estão ao redor do meu torso e
me puxando para cima.
— Que porra você está fazendo? — um homem questiona
e sua voz me faz estremecer por dentro e por fora.
Bem, não por fora.
Minha loba está rosnando para ele, furiosa com seu
toque.
— Ah, quieta — ele retruca, sua energia Alfa brilhando
em minha pele de uma maneira muito mais potente do que
Alfa Bryson já fez.
Este macho é a personificação do poder.
E instantaneamente acalma minha loba.
Ela se submete com facilidade, permitindo que ele nos
arraste para a praia.
Eu me pergunto, só por um momento, se ela está
fingindo como fez no barco.
Mas, não. Posso sentir a falta de tensão em meu corpo, a
verdadeira vontade de se submeter a alguém que ela
acredita ser um ser mais forte.
Ele não me solta imediatamente, em vez disso me rola
para o meu lado e olha para os meus olhos de loba com um
olhar clínico.
Olho para ele, hipnotizada por suas íris cor de ébano.
Tão escura e sedutora. Pelo menos até ele semicerrar os
olhos em confusão.
— Você não é Alfa — ele me diz.
Minha loba resmunga em resposta, claramente não
aprovando seu tom.
Ou talvez ela realmente o entenda.
Eu nem sei mais.
— Se transforme — ele ordena.
Não posso, porque não sei como. Porque minha loba não
me deixa. Porque, aparentemente, eu enlouqueci e permiti
que meu animal assumisse o controle.
— Ela não pode — outra voz responde, essa com um leve
sotaque e irradiando ainda mais poder do que o Alfa ao
meu lado.
Como isso é possível?
Espere... Olho bruscamente para o recém-chegado,
minha loba finalmente me permitindo assumir o controle
por apenas um segundo. Como você sabe que não posso me
transformar? Ele é o primeiro a sentir isso. O primeiro a
perceber que não consigo controlar minha loba.
Mas qualquer euforia que sinto morre quando ele dá um
passo à frente, sua aura zumbindo com superioridade
elétrica.
Ele é um Alfa.
Bem, assim como o cara ao meu lado.
Os dois são Alfas.
Lobos Alfas Carnage.
Ah, lua...
Engulo em seco, sentindo minhas entranhas se
transformarem em gelo quando de repente me lembro onde
estou.
— Shhh — o macho ao meu lado murmura, se deitando
como se parecesse menos agressivo.
Não funciona.
Ele é muito grande e muito Alfa para parecer menos
intimidador.
— Você está bem — ele murmura com a voz
enganosamente calma.
Com certeza não estou, quero dizer a ele. Estou o
completo oposto de bem. Estou terrível. Estou presa na
minha forma de lobo, acusada de um assassinato que não
cometi, e atualmente sendo encurralado por dois Lobos
Alfas Carnage.
— Bem, ela está um pouco mais molhada do que eu
esperava — uma terceira voz fala, fazendo minhas veias
gelarem. — Não que eu esteja reclamando. Uma mulher
molhada é sempre bem-vinda na minha presença.
Os três são Lobos Alfas Carnage.
Eu claramente irritei uma divindade da lua na minha
vida passada.
Porque meu mundo foi oficialmente virado de cabeça
para baixo nos últimos dias. E agora vou morrer nas mãos
dessas feras selvagens.
Exceto que o que está ao meu lado está acariciando meu
pelo com uma reverência que não entendo. E ele está... ele
está cantarolando?
Por que ele está cantarolando?
Minha loba está completamente relaxada, deitado ao
lado dele como um pedaço de pelo molhado. Ela não se
preocupa por estar cercada por esses Alfas. Na verdade,
ela está... contente.
O que está acontecendo?
— Por que ela não pode se transformar? — o macho ao
meu lado pergunta.
Eu me animo com isso. Sim, por que não posso me
transformar?
— Eu tenho alguns palpites — aquele com o leve sotaque
responde. Ele está agachado ao nosso lado agora, seu
intenso olhar azul absorvendo cada centímetro da minha
forma. Quando ele se inclina para me cheirar, eu enrijeço.
Pelo menos por dentro. No entanto, minha loba apenas se
estica como se quisesse mostrar as pernas para ele.
Então, para meu absoluto horror, ela começa a rolar de
costas e mostra a barriga para ele.
O que há de errado com você? questiono, lívida. Você
estava toda feroz e raivosa, e agora quer se submeter a
esses três machos Alfa?
— Humm, vejo que você assumiu o controle — o alfa de
olhos azuis murmura, se inclinando para acariciar com a
palma da mão ao longo do meu abdômen exposto. — Você
está protegendo sua humana, pequena? Escondendo-a de
algum tipo de trauma?
Considero isso por um momento. É isso que você está
fazendo? pergunto ao meu animal errante. Você está me
permitindo curar antes de me devolver o controle?
— Ou talvez seu companheiro Alfa não tenha lhe dado
permissão para voltar? — ele continua, com a testa franzida
com a sugestão.
Minha mente cambaleia com a possibilidade.
Canton inspirou minha loba a sair. Mas ele nunca me
forçou a me transformar de volta.
É por isso que não consigo me transformar? me
pergunto, sentindo meu coração acelerado. O que isso
significa? Ficarei presa assim até que ele me traga de
volta?
Ah, lua... Canton nunca vai me ajudar. Não depois de
tudo o que aconteceu.
Vou ficar presa para sempre...
— Ela não pode ir à sua festa neste estado, Caius — o
Alfa forte fala em um tom suave, mas suas palavras são
cheias de autoridade.
— Não me diga — o terceiro Alfa fala lentamente, se
aproximando. — Ela será montada por todos os lobos neste
estado.
Minha loba reage a isso, um gemido baixo deixando sua
garganta enquanto ela começa a esconder sua barriga
novamente. O Alfa de olhos azuis permite, dando-lhe
espaço para ela se enrolar em uma bola protetora. Mas ele
continua a passar os dedos pelo meu pelo, assim como o
que está atrás de mim agora. Ele ainda está cantarolando,
o som estranhamente calmante.
— Ela não é Alfa — ele repete, desta vez falando sobre
mim e não para mim. — Uma Beta?
O de olhos azuis traça os dedos ao longo do meu
pescoço e depois até o meu focinho para desenhar uma
linha no meu nariz.
— Ela é pequena — ele diz. — E se submetendo como
Ômega. — Ele se inclina para me cheirar novamente, então
balança a cabeça. — Sua genética mestiça está
confundindo meu lobo.
Caius se junta a ele se agachando diante de mim, seus
olhos comoventes encontrando os meus. Ele me estuda por
um momento, suas íris acinzentadas parecendo girar com
conhecimento.
— Ela não é selvagem.
— Não, de jeito nenhum — o de olhos azuis concorda. —
Apenas está com muito medo.
Caius assente como se estivesse respondendo a algum
tipo de pergunta não dita.
— Vou cancelar a festa de boas-vindas.
— Diga que ela está exausta e precisa de algumas noites
antes de conhecer o bando — o Alfa de olhos azuis orienta,
com o olhar ainda em mim.
— Onde ela vai ficar até então? — Caius pergunta.
— Na nossa toca — o que está atrás de mim fala. —
Onde podemos mantê-la segura.
— E determinar se ela é Beta ou... — O de olhos azuis
para, mas os outros parecem entender o resto de sua
declaração, porque eles resmungam.
Ou o quê? quero perguntar. Ômega?
Isso é impossível.
Minha mãe sempre me chamou de fêmea Alfa. Todos os
meus testes sugeriram o mesmo. Foi o que me tornou
adequada para Canton.
Mas esses homens continuam dizendo que não sou Alfa.
E depois de sentir suas fortes auras, eu entendo muito
bem o porquê. Porque comparada a eles? Sim, com certeza
não sou Alfa.
Mas Ômega?
Eu quase bufo.
Claro que não sou isso também.
O macho de olhos azuis se agacha por um momento,
passando os dedos pelos cabelos loiros espessos.
— Vou com você, Caius — ele afirma. — O cheiro dela já
está no ar. Eles terão perguntas.
Os dois ficam de pé ao mesmo tempo.
Caius sorri, mas não é um tipo de sorriso amigável, mais
desafiador enquanto ele olha para o homem atrás de mim.
— Sugiro que você se mova rapidamente, V.
— Eu sempre o faço, C — o Alfa fala lentamente, seu
peito vibrando nas minhas costas e fazendo minha loba
suspirar em resposta. Ela realmente gosta de seu zumbido
retumbante. É quase como um ronronar. — Você quer
correr comigo, doçura? — ele pergunta baixinho. — Ou
prefere que eu te carregue?
O que está acontecendo agora? me pergunto, um pouco
atordoada por esse tratamento inesperado.
Os três machos estão olhando para a minha loba com
expectativa – o que imaginei quando soube que seria
enviada para a Ilha Carnage, exceto que não é o tipo de
brilho de expectativa que eu me preocupava em ver em
seus olhos selvagens.
Em vez disso, eles parecem inteligentes.
Não carnais.
Carinhosos.
Não selvagens.
Pacientes.
Não exigentes.
Engulo em seco, incerta do que quero fazer. Depende da
minha loba, mas ela não está se movendo. Ela só parece
querer se enrolar no Alfa atrás de mim e se banhar naquele
ronronar retumbante que emana de seu peito.
— Carregar — ele diz então, se movendo para ficar de
pé.
Minha loba se eriça, irritada com a perda de seu calor.
Mas aquele som retumbante do peito dele a acalma em
um estado apaziguador enquanto ela se inclina para se
encostar nas pernas dele.
Ele está usando calças de terno e nada mais.
Sigo meu nariz e encontro sua camisa, jaqueta e sapatos
empilhados ao acaso na praia a apenas alguns metros de
distância. Ele não estava usando isso quando me puxou da
água, o que significa que ele as tirou antes de mergulhar.
— Você cuida disso, V? — o de olhos azuis pergunta, ele
usa calça jeans e está com o peito nu, semelhante ao que
eu cresci vendo na aldeia.
— Sim, pode deixar, T. — Aquele ronronar viciante
sublinha suas palavras, me fazendo estremecer novamente.
O chamado T assente, fazendo com que seu cabelo loiro
caia em seu rosto. Ele empurra os fios errantes para trás
com a mão antes de olhar para Caius.
— Vamos partir alguns corações.
— E talvez algumas mandíbulas — Caius completa.
V olha para mim, com a expressão de repente cansada.
— Sim, acho que isso é certo.
Chapter 5
Tieran
U MA Ô MEGA .
Ela tem que ser uma.
Ela é pequena, tem um cheiro divino e acabou de
começar a fazer a porcaria de ninho no quarto de Tieran
com seus lençóis sujos.
Isso também explicaria a confiança inerente da sua loba
em nós para protegê-la.
Ômegas são atraídas por Alfas, assim como nós somos
atraídos por elas.
E estou absolutamente atraído por essa pequena fera
com seu lindo pelo branco e olhos castanhos inteligentes.
O cheiro dela é como um farol também, praticamente
irradiando me coma por toda a nossa toca.
Eu a levo para a sala de jantar para encontrar a mesa
posta para quatro.
O que obviamente não vai dar certo, já que ela ainda
está em forma de lobo.
Franzo a testa, procurando um lugar melhor para
colocar a comida dela.
Volt já cortou a refeição em pedaços pequenos,
provavelmente antecipando seu estado lupino. Isso também
explica porque ele escolheu esses pratos. São quase como
tigelas, mas planas no fundo com bordas.
Pegando seu prato, olho para o chão ao lado da mesa e
decido que não vai funcionar. Ela não pode comer aos
nossos pés.
Volt e Tieran parecem se sentir da mesma forma, pois os
dois estão procurando um lugar melhor para comer
enquanto a lobinha se inclina contra minhas pernas e me
olha de forma melancólica.
Duvido que ela tenha comido muito, se é que comeu
alguma coisa, desde que foi enviada para a Ilha Wolfe.
— Vamos comer na sala de estar — Tieran sugere,
pegando seu prato e garfo. Ele trocou o jeans molhado por
um par de moletom antes de subir e parece estar bastante
confortável com nossa pequena visitante agora, como
evidenciado pelo sorrisinho que dá a ela. — Podemos nos
acomodar ao redor da mesa de centro.
Volt assente, pegando seu prato também e levando-o
para a sala antes de voltar para pegar o meu.
Tieran volta para pegar nossas bebidas, o que me leva a
perguntar:
— Temos uma caneca grande? — Porque a nossa lobinha
vai precisar de água com esta refeição.
— Vou pegar — Tieran diz, já voltando da sala de estar.
A fêmea ainda está pressionada contra minha perna,
provavelmente porque prometi alimentá-la.
Eu a levo para a sala de estar onde Tieran está
colocando almofadas para servir de cadeiras. Então ele se
senta no chão, o que lhe dá a melhor visão da sala e da
porta, e gesticula para que eu me sente ao lado dele. Volt
se instala na minha frente, e a fêmea se senta ao meu lado.
Coloco sua tigela na mesa. Em seguida, adiciono a
caneca à borda. Ainda é um pouco alto para ela, então
acabo colocando no chão.
Ela bufa um pouco, mas se deita para comer.
Ou tenta.
Ela continua bufando, o nariz batendo na borda do prato
enquanto tenta delicadamente dar uma mordida.
— Não há necessidade de ser educada ou elegante aqui
— digo a ela. — É só escavar e usar a língua.
— Ou deixe sua loba guiá-la — Tieran sugere. — É tudo
uma questão de encontrar o equilíbrio entre você e ela.
Quando vocês começarem a trabalhar verdadeiramente
juntas, se sentirão melhor.
Ela olha para ele, então mergulha o focinho na caneca
de água e espirra.
— Língua, linda — digo novamente. — Use a língua.
— E sua loba — ecoa Tieran, dando uma garfada no filé
de salmão.
Ela continua tentando comer, mas sua agitação é
palpável. Esses são os tipos de habilidades que deveriam
vir naturalmente para um lobo, mas ela nunca foi ensinada
a nenhuma delas – uma percepção que me irrita sem fim.
Mas ela não desiste. Tenta várias maneiras de comer,
incluindo lamber um pouco do salmão.
E depois de mais ou menos dez minutos, ela finalmente
encontra um ritmo que lhe permite desfrutar de sua
refeição.
Poderíamos tê-la espalhado no chão ou alimentado-a
com as mãos, mas essas são habilidades de vida que ela
precisa para sobreviver.
Desta vez, ela bebe a água em vez de enfiar o focinho no
copo.
Volt o enche quando ela termina.
E ela bebe um segundo copo inteiro.
Quando ele começa a se levantar de novo, bufa e
balança a cabeça.
Tieran sorri.
— Muito bem, pequena. Você acha que pode tentar se
transformar agora?
Ela o encara por um momento, seu olhar endurecendo.
Depois de vários minutos, ela bufa e se joga no chão.
Tieran a observa, murmurando pensativo. Então, depois
de um momento, ele assente.
— Vamos tentar novamente amanhã.
Ela suspira em resposta, e seu desânimo machuca meu
coração. A transformação deve vir naturalmente para todos
os lobos. Mas sua alcateia atrapalhou seu crescimento de
forma proposital.
É uma das muitas razões pelas quais odeio o Bando
Nantahala.
E o Santeetlah não é muito melhor.
Eles prosperam na superioridade masculina.
Sim, os machos alfa são superiores aos outros de nossa
espécie. No entanto, isso não significa que devemos
menosprezar aqueles que nasceram mais fracos do que
nós. Devemos protegê-los, não prejudicá-los. O que requer
hierarquia dentro de um bando e obediência devota.
Mas também significa saber quando nutrir, algo que
todos estamos tentando fazer com ela agora.
— Qual é o seu nome? — pergunto, decidindo que uma
distração é necessária para ajudar a afastá-la de seu
fracasso. Como Tieran mencionou anteriormente, é muito
provável que seu ex-companheiro seja a razão pela qual ela
não pode se transformar.
O que significa que um de nós vai ter que forçá-la a
voltar à forma humana.
Mas isso seria demais para esta noite.
Algo que Tieran claramente já percebeu quando disse
que ela poderia tentar novamente amanhã.
A lobinha me espia, piscando seus olhos castanhos
escuros.
Ainda que Tieran tenha recebido um relatório de sua
chegada, não foi informado do nome dela. Apenas os
detalhes sobre a origem da alcateia, o filho do Alfa que a
rejeitou e como ela supostamente matou a mãe.
Estou lutando com essa última parte.
Ela não me parece assassina.
Embora, ela tenha tentado maltratar Jack.
Então talvez ela seja uma fera.
Ela se levanta, com os olhos em mim, e me cutuca no
peito com o focinho.
— Sim, eu gostaria de saber o seu nome — confirmo,
sem saber por que isso me rendeu uma cutucada.
A lobinha balança a cabeça.
— Você não vai nos dizer? — Não tenho certeza se gosto
dessa resposta.
— Talvez ela queira que confirmemos nossos nomes
primeiro? — Volt sugere.
Um pedido justo. Deixamos de lado as apresentações na
praia, por estarmos preocupados com a vida dela e tudo
mais.
Mas ela bufa antes que eu possa me apresentar
adequadamente.
— Bem, isso seria mais fácil se você se transformasse de
volta para a forma humana — digo em tom de conversa.
Ela me cutuca novamente, desta vez com um pouco mais
de força.
Então se deita antes que eu possa reagir e enrola seu
corpo como uma lua crescente.
— Ah, entendo. — Minha irritação com seu desafio
percebido derrete em um instante. — Seu nome é Caius ou
começa com C. Acho que é o último.
Ela se levanta novamente e balança o rabo.
— Começa com C — confirmo.
Ela me dá sua versão de um sorriso de lobo. Em seguida,
deita-se novamente de bruços com as pernas esticadas
atrás e na frente dela.
— Um I? — pergunto.
Ela não se move.
— Um L? — Volt pergunta.
Ela se levanta novamente com outro abanar de rabo.
— C-L. Qual é a próxima? — pergunto.
Ela pisca para mim, batendo o traseiro no chão. Depois
de um instante, ela começa a uivar. Ela imediatamente para
quando todos nós estremecemos. Então ela tenta
novamente, só que mais suave desta vez.
Volt e eu trocamos um olhar.
Mas é Tieran quem sorri e diz:
— Coisinha inteligente.
— Que letra é? — pergunto, completamente perdido.
— Bem, como W soa estranho depois de C-L, acho que
ela está tentando dizer O — ele fala lentamente enquanto
estica os braços sobre a cabeça. Comer em uma almofada
no chão não é exatamente confortável.
A fêmea para de uivar e ofega com alegria mais uma
vez.
— C-L-O. — Não tenho certeza se esse é um nome
completo ou não.
Ela confirma que não está completo quando se levanta
novamente, desta vez batendo em Volt com o focinho.
— Clovolt? — ele brinca, roçando os dedos na pele perto
de sua orelha. — Um nome estranho, doçura.
Ela resmunga, me fazendo rir.
— C-L-O-V.
— Clov — Tieran murmura. — Clover, talvez?
Ela se afasta de Volt para se sentar ao lado de Tieran,
com a cabeça inclinada.
O que deve significar que ele está perto ou disse algo
certo.
— É Clov ou Clover? — pergunto a ela.
Tieran ergue as mãos.
— Esquerda é Clov. Direita é Clover.
Ela coloca a cabeça entre as mãos dele.
— Clov... com E?— pergunto.
A lobinha se anima, ofegante.
— Clove — repito. — Com E.
— Abreviação de Clover? — Tieran pergunta.
Ela lambe a bochecha dele com animação. Então
paralisa ao perceber que basicamente o beijou.
Meus lábios se curvam, curiosos para ver o que ele vai
fazer.
Esse tipo de franqueza fácil não é exatamente normal
para o nosso trio. Mas esta é definitivamente uma situação
única. Não é todo dia que uma Ômega acaba em nosso
covil. Elas são excepcionalmente raras, um diamante entre
nossa espécie, e merecem nossa adoração e devoção.
É por isso que não me surpreendo quando Tieran
simplesmente passa os dedos no pelo dela enquanto diz:
— Clove é um nome lindo. — Ele acrescenta um pequeno
ronronar à declaração, fazendo-a praticamente derreter ao
seu lado. — Sou Alfa Tieran, como imagino que você já
tenha percebido. Esses são Caius e Volt. — Sua voz tem um
tom de admiração, meu melhor amigo está claramente
apaixonado pela garota.
Sim, ela é definitivamente uma Ômega.
Volt salvá-la não foi exatamente surpreendente. Ele teria
ficado apaixonado por ela no momento em que soube que
ela matou a própria mãe. Aquela dança com Jack no barco
só teria cimentado seu desejo.
No entanto, a suavidade inata que todos parecemos
exibir para ela é absolutamente incomum para nós.
Sentados no chão e tentando ensiná-la a comer como um
lobo? Sim, isso não é algo que normalmente faríamos.
É mais provável que Tieran a trancasse em uma gaiola
com sua tigela e dissesse a ela para ficar ali.
Volt teria sugerido deixá-la sair e se defender sozinha –
algo que Tieran teria vetado em princípio porque é sua
responsabilidade proteger todos os membros do bando.
E eu teria levado meu prato para o quarto para ignorar a
todos.
No entanto, aqui estamos, sentados ao redor desta
mesa, cativados por essa linda lobinha quando ainda nem
sabemos como ela se parece em forma humana.
Seu cheiro é uma grande parte do fascínio.
Mas também é a doçura inata à sua aura e a lutadora
que todos podemos ver à espreita em seus olhos.
Esta fêmea vai ser divertida quando voltar ao seu eu
humano.
— Você está cansada, pequena? — Tieran pergunta
quando Clove boceja.
Ela se inclina para ele um pouco mais, buscando o
conforto de seu toque Alfa – outra coisa que apenas uma
Ômega realmente faria.
É possível que este seja o resultado de qualquer trauma
que a levou a matar sua mãe, ou talvez o trauma desse
evento específico.
Mas desconfio que seja muito mais.
Porque o aroma dela é inebriante e uma droga para os
nossos sentidos.
A menos que ela tenha sido enviada aqui como algum
tipo de armadilha glorificada. Afinal, feromônios podem ser
alterados.
E se for esse o caso, ela vai morrer. De forma dolorosa.
— Humm, estou interpretando isso como um sim —
Tieran reflete enquanto ela boceja novamente. — Imagino
que você não quer dormir no quarto de hóspedes?
Ela parece considerar isso, mas o arrepio em seu pelo
nos diz tudo o que precisamos saber: ela não se sentirá
segura lá.
— Deixe-a em seu ninho — digo, tomando as decisões
por ela. Não estou tentando ser cruel ou insistente. Só
quero tornar as coisas mais fáceis para ela. De alguma
forma, sei que ela vai optar pelo quarto de hóspedes e não
vai dar um cochilo.
A expressão de Tieran diz que ele suspeita do mesmo.
É a lutadora sob sua pele, e agora que ela tem o controle
de sua loba, ela vai tentar ser independente. Mas sua loba
sabe o que ela precisa: Alfas capazes de protegê-la dos
predadores do lado de fora.
Além disso, será mais fácil tê-la isolada nos fundos da
toca. Esse cheiro dela é um farol, e alguém pode ser
estúpido o suficiente para tentar segui-lo aqui.
Eu preferiria ser o único a receber adequadamente
qualquer idiota suicida o suficiente para entrar, e não
deixar Clove no andar de cima para se defender. Embora
aquele pulo na garganta de Jack tivesse sido
impressionante, não seria suficiente para derrubar um
Lobo Carnage determinado.
E especialmente não um Lobo Alfa Carnage.
Clove não protesta, preferindo seguir Tieran enquanto
ele a leva para as escadas.
— Acho que você sabe o resto do caminho — ele diz a
ela. — Vou ficar com o quarto de hóspedes esta noite para
que você possa ter seu espaço.
Ela parece fazer uma pausa ao ouvir isso, a fêmea
dentro pensando.
Mas um pequeno empurrão em suas costas com a palma
da mão a faz correr escada abaixo.
Ele espera um instante, provavelmente ouvindo-a fazer o
que lhe foi dito, então volta para a sala de estar para
começar a pegar os pratos.
— Ela tem que ser uma Ômega — digo em tom casual
enquanto ajudo a levar vários pratos vazios para a pia.
— Com certeza — Volt concorda, ajudando também. — T
acabou de ceder seu quarto para ela. Apenas uma Ômega
poderia fazer isso.
Tieran bufa.
— Ela é frágil, e não quero arriscar que sua loba assuma
o controle total novamente.
— Você realmente acha que é por isso que ela não pode
se transformar? — pergunto em voz alta. — Ou é a merda
do alfa que fez isso com ela?
— Saberemos pela manhã. — Ele começa a lavar os
pratos, me dizendo que está ainda mais distraído do que
gostaria de admitir. Porque Tieran só lava a louça quando
está pensando seriamente em alguma coisa.
Volt e eu trocamos um olhar, então limpamos o resto da
sala enquanto Tieran se encarrega das tarefas domésticas
na cozinha.
Quando ele termina, sei que ele tem um plano porque há
um brilho estratégico em seus olhos azuis.
— Vamos testá-la pela manhã, ver se ela está pronta
para retomar o controle total. Se não estiver, daremos a ela
mais um ou dois dias sob nossa proteção para ver se ajuda.
— E se não ajudar? — pergunto.
— Então vou fazer o que precisa ser feito. — Ele não
parece feliz com isso. Eu não o culpo. Comandar uma
transformação machuca o outro lobo, e essa é a última
coisa que qualquer um de nós gostaria de fazer com uma
Ômega.
Mas parte de ser Alfa é saber quando assumir o
comando e forçar as situações para melhorar a outra parte.
E, neste caso, será benéfico para Clove aprender como
voltar.
Ela vai odiá-lo por isso no começo.
No entanto, acabará por perdoá-lo.
Provavelmente no momento em que ele fizer o nó com
ela.
Nenhuma Ômega pode resistir ao pênis de um Alfa.
Talvez esse seja o teste final para ver se esses
feromônios são reais ou não. Se morrer, ela mentiu. Se
sobreviver, ela é nossa.
O pulso de Tieran começa a vibrar, seu relógio o
avisando de uma chamada recebida.
— É o meu pai — ele fala, desligando a água. — Aviso a
vocês o que ele me disser sobre a garota.
Ele desaparece de vista, indo para seu escritório.
Volt e eu compartilhamos mais um olhar – algo que
parece que estamos fazendo com frequência esta noite.
— Quer apostar em qual idiota vai tentar encontrá-la
primeiro? — pergunto a ele, me referindo aos Lobos
Carnage.
— Uma aposta contra você? — Ele bufa. — É melhor que
seja boa.
— O vencedor faz o nó com a Ômega primeiro? —
sugiro. Não precisa se aplicar a Clove, apenas a quem quer
que seja nossa futura Ômega. Acontece que é a presença
dela aqui hoje que me dá a ideia da aposta.
— Acho que ela vai escolher T para isso — Volt
responde, confirmando que ele concorda que Clove não é
apenas uma Ômega, mas nossa Ômega pretendida. —
Afinal, a loba dela escolheu a cama dele.
— Isso é certo. Quis dizer que o vencedor entre nós faz o
nó com ela primeiro, depois de T. Porque somos um círculo
Alfa. Se T acasalar, todos nós acasalamos. E dado o quanto
ela pareceu confortável conosco esta noite, duvido que isso
seja um grande problema para ela. No entanto, mais uma
vez, essa aposta se aplica a quem quer que seja a Ômega
do nosso futuro – que espero muito que seja a doce e
pequena Clove.
Volt considera isso.
— Tudo bem. — Ele faz sua escolha.
Eu faço a minha.
E a aposta está valendo.
Chapter 9
Clove
— P UTA MERDA !
Essa pirralha vai se machucar. Ou coisa pior.
Rosno quando quebro o pescoço de Alfa Kin. Ele vai se
curar. Vai levar um dia, mas ele vai sobreviver e é isso que
importa.
Os Alfas estão sendo movidos pela luxúria no cio.
Em um nível profundo, eu entendo isso.
Mas não me deixa menos chateado.
Seria tão fácil tirar a lâmina de prata do bolso e enfiá-la
no coração de Alfa Kin. Isso o mataria, um ato que uma
parte sombria de mim sente que ele merece. Mas ignoro a
escuridão e me junto a Caius na sala.
Alfa Dirk está inconsciente com um caco de vidro
enfiado no peito.
Volt está parado do lado de fora da porta lidando com
mais dois Alfas bêbados de luxúria.
Caius pula pela janela comigo atrás dele. O vento me diz
em que direção Clove foi.
— Vai! — Caius exige. — Estaremos logo atrás de você.
Não fico para debater as opções ou criar estratégias
melhores para nosso plano. Não há tempo. Em vez disso,
vou atrás da Ômega em fuga.
Ela simplesmente inspirou o caos na ilha.
Seus feromônios – que são absolutamente reais – vão
enlouquecer todos os Alfas. Talvez até os Betas.
Ela é uma Ômega não reclamada entrando no cio.
E está correndo.
Essa é a porra de um pesadelo.
Se alguém quisesse inviabilizar toda a nossa operação
na ilha, esta seria a maneira de fazê-lo.
Uma possibilidade que analisarei depois de pegá-la.
Salto sobre um tronco caído, aterrissando com os pés
descalços na grama. Então eu paro para inalar, procurando
a pequena Ômega com meu nariz.
Rosnados soam à minha direita quando dois lobos vêm
correndo em minha direção.
Volt salta entre nós, ainda em forma humana, e os
derruba com um conjunto de lâminas.
— Tente não matá-los! — grito para ele. Essas facas são
de prata. Posso sentir o calor delas daqui. O que significa
que os lobos não poderão se curar a menos que as lâminas
sejam removidas.
Ele responde com um grunhido, puxando as facas
enquanto passa pelos dois Alfas nocauteados. Então ele
parte em direção à floresta para atacar um terceiro lobo
com as próprias mãos.
Ele vai ficar furioso ou eufórico quando isso estiver
terminado. O cretino psicótico adora o gosto do sangue.
Mas a causa de toda essa insanidade é problemática.
E ainda correndo, penso, sentindo o cheiro dela no
vento.
Saio em direção a ela, meu coração batendo forte no
meu peito.
Se outro lobo a encontrar primeiro...
Corto essa linha de pensamento.
Isso não vai acontecer.
Salto sobre a terra. Meus pés descalços estão
acostumados ao terreno acidentado.
Ela está nua, sozinha e não tem ideia para onde está
indo.
Mas o cheiro dela parece estar... diminuindo.
Franzo a testa, parando novamente para cheirar o ar.
Onde está você, pequena?, eu me pergunto, tentando
procurá-la acima das outras fragrâncias da ilha.
É início do inverno e já tivemos a primeira neve, mas ela
se derreteu recentemente, engrossando os riachos que
levam ao oceano abaixo.
Eles são feitos de água doce até o fundo, o que não
carrega um cheiro forte, mas pode lavar o perfume natural
dos outros.
Ronronando, eu me curvo para tocar um riacho próximo,
com foco na lama abaixo da superfície, procurando por
pegadas.
Clove é pequena por causa de sua herança Ômega,
tornando-a leve.
Mas ela é inteligente.
Porque ela está descendo o riacho na tentativa de
mascarar seu cheiro.
Quase funciona.
Exceto que passei os últimos dois dias inalando aquele
perfume doce e, embora a água possa diluí-lo, ele ainda
está lá, pairando no vento como um beijo.
Vou atrás dela, com meus sentidos em alerta máximo
para possíveis intrusos. Esta é a minha perseguição. Não
deles. Destruirei tudo e todos no meu caminho. Então vou
ensinar a pirralha uma lição de posse que ela não vai se
esquecer tão cedo.
A única razão pela qual vou considerar pegar leve é
porque sei que ela é nova nisso. Ela não tem ideia do que
ela realmente é. Puta merda, eu não sei o que ela é.
Uma Loba Carnage Ômega com certeza.
Mas ela também é uma Loba Nantahala.
O que isso fará com a genética dela? Ela será capaz de
receber o nó de um Alfa da maneira que uma Ômega
deveria? Ou seu ciclo de cio será pura agonia sem o
benefício do prazer?
Estou começando a entender por que ela matou a mãe.
Estou furioso em nome de Clove. Sua herança nunca
deveria ter sido escondida dela.
Embora, eu suspeite fortemente que sua mãe fez isso
para protegê-la.
O que torna toda a situação totalmente fodida.
E sua corrida não está ajudando.
No entanto, meu lobo está bastante satisfeito com a
perseguição. Ele gosta que essa mulher o esteja desafiando.
Ele está com fome de capturá-la, montá-la, reivindicá-la.
Puta merda.
Eu me movo mais rápido, meu animal me empurra com
força.
Minha capacidade de manter o controle é o motivo pelo
qual sou o Alfa da Ilha Carnage, É o que me torna
adequado para liderar. Porque não cedo à luxúria no cio –
uma consequência de uma Ômega não reclamado entrando
no cio. Todos os Alfas disponíveis reagirão à sua
necessidade de acasalar, seu anseio pelo sexo.
Posso sentir seu desejo no vento, sua agressão
animalesca aumentando a cada segundo que passa.
Volt e Caius são os únicos dois em quem confio nesta
ilha para não se perderem na loucura do cio. Eles são lobos
fortes, e é por isso que somos um clã tríade. Não é sobre
intimidade. É sobre poder. Nós nos alimentamos uns dos
outros e fornecemos o equilíbrio necessário.
Como agora.
Posso sentir seu poder ofuscando os outros, seu controle
infalível permitindo que sejam minhas armas enquanto
caço nossa presa.
Lobinha, lobinha, eu ecoo, perseguindo-a rio abaixo.
Estamos quase no oceano, um fato que mais do que
impressionou meu animal interior.
Ela é rápida.
Inteligente.
Valiosa.
Como essa pequena Ômega acabou aqui é a única coisa
que pode me impedir de reivindicá-la no momento em que a
encontrar.
Porque não sei como ela vai reagir.
Ela não é uma puro-sangue.
O que isso fará com nosso potencial vínculo de
acasalamento?
Chego à beira da água, semicerrando o olhar.
— Brincar de esconde-esconde não vai diminuir sua
punição, pequena — murmuro, ciente de que ela está perto.
Minha fera está rosnando de excitação, amando que ela
não apenas nos perseguiu, mas também se escondeu. Ele
quer cheirá-la e puxá-la para baixo dele, então morder sua
garganta. Não com força. Apenas o suficiente para
reivindicar para o mundo ver.
Mas três Alfas se juntam a nós em forma de lobo,
nenhum deles Caius ou Volt. Posso senti-los na colina,
lutando contra os outros.
A ousada pequena Ômega enviou toda a ilha para uma
batalha movida pela luxúria.
Haverá um inferno a pagar quando isso for resolvido, e
não apenas porque terei que punir meus homens, mas
porque eles ficarão furiosos por eu a manter longe deles.
Nosso bando é construído com base na confiança.
Desafiei essa confiança quando não permiti que ela
conhecesse os homens. Era do interesse dela, não deles. É
quase uma sorte que ela tenha corrido, porque posso dizer
que todos tiveram a mesma oportunidade de reivindicá-la.
Assumindo que eu sobreviva a esta batalha.
Porque mais dois lobos entraram na praia, com o foco
em mim como o principal predador nesta ilha.
Sou a principal competição deles quando se trata de
reivindicar esta Ômega.
Portanto, eles querem me rasgar em pedaços.
— Vocês todos vão se arrepender disso quando seus
sentidos voltarem — digo em tom casual enquanto
desabotoo a calça.
Eu poderia vencê-los em forma humana.
Mas serei mais rápido na forma de lobo.
Claro, a transformação vai dar ao meu animal a
vantagem nesta batalha de vontades entre nós. Clove pode
sofrer as consequências.
No entanto, é melhor do que deixar esses cinco lobos a
encontrarem e levá-la. Eles não vão dar a ela a chance de
escolher.
E eu não tenho que fazê-la escolher.
Sua loba me escolheu quando ela selecionou minha
cama.
O resto foi apenas uma prova de paciência e de não
querer machucá-la forçando sua transição.
Se eu soubesse que ela entraria no cio, poderia ter
escolhido um lugar diferente para trazê-la de volta à forma
humana.
Ou poderia ter feito exatamente assim.
Porque é assim que vou conquistá-la.
Ela está por perto.
Ela está assistindo.
Posso sentir seus olhos em mim, sua loba esperando
para ver seu companheiro escolhido em ação.
Ela queria me desafiar por uma razão.
Não só aceito esse desafio, como pretendo vencê-lo
também.
— Vocês não podem dizer que não avisei — digo, as
palavras não apenas para os cinco machos que me cercam,
mas também para a pequena Ômega errante que correu
quando eu disse a ela para não fazer isso. — Vamos jogar.
Chapter 12
Clove
E STOU OFEGANTE .
Molhada.
Congelando.
E totalmente cativada por Tieran, que está tirando seu
jeans casualmente.
Ele os chuta de seus tornozelos, seu corpo já se
transformando em um lobo branco gigante. Ele leva
milissegundos. Sua transformação é como respirar.
Os cinco lobos rosnam em resposta, atacando-o como
um só.
Prendo a respiração, sentindo meu coração bater de
forma caótica em minhas costelas.
Mas o rosnado de Tieran soa acima do resto e seu corpo
se move com uma força que deixa meus joelhos fracos.
Ele sabe que estou aqui. Porque essas palavras foram
para mim, não para os outros lobos.
Você não pode dizer que não avisei.
Ele avisou.
Ele me disse para não correr.
Que ele não ficaria feliz quando me pegasse.
E por alguma razão doentia e distorcida, isso provoca
um arrepio de excitação pela minha espinha.
Tentei tirá-lo do meu caminho me movendo pelo riacho
para distorcer meu cheiro. Até rolei na lama. Mas ele me
encontrou muito mais rápido do que eu jamais poderia ter
previsto.
Um fato que agrada a minha loba. Ela está praticamente
dando cambalhotas dentro de mim, me dizendo para cair
desta árvore e se deitar de bruços no chão para ele nos
tomar. Ela não está nem um pouco preocupada com ele,
mesmo com os sons furiosos vindos da luta abaixo.
Dois dos lobos já estão inconscientes, suas gargantas
arrancadas pelos dentes de Tieran.
É uma visão sangrenta, que devia me deixar enjoada.
No entanto, minhas pernas se apertam com necessidade
desobstruída.
Estou pegando fogo, apesar da pele congelada. Cada
parte de mim queima por ele.
Não, não só por ele.
Eles.
Porque posso ouvir Volt e Caius também, seus uivos
perfurando meus sentidos e chamando minha loba interior.
Ela os conhece. Eu não entendo como, e estou além de
questionar o porquê.
Meus instintos estão me guiando agora, assim como
fizeram desde o momento em que me transformei.
Estou abraçando meu animal e permitindo que suas
necessidades se tornem minhas.
Não há mais repressão. Chega de lutar contra o desejo
de me transformar, correr ou ceder às minhas inclinações
mais selvagens.
Minha alcateia tirou tudo isso de mim.
E eu estou pegando tudo de volta agora.
Eu me agarro ao galho enquanto Tieran ruge. Um dos
lobos segura sua nuca, com os olhos negros enlouquecidos
com uma pitada de selvageria desequilibrada.
Meu coração se aperta.
É outro Alfa.
Não, todos são Alfas.
E estão lutando para me reivindicar.
É uma compreensão inerente do processo que não
compreendo completamente. É a minha loba que
compreende a cena mais do que eu. Ela é quem queria
testar Tieran, Volt e Caius. É ela quem espera que eles
ganhem.
Ver o lobo louco nas costas de Tieran me faz – a mulher
– torcer para que Tieran vença também.
Porque não quero estar perto daquele animal
enlouquecido.
Tieran o ignora e vai direto para seu pescoço,
arrancando-o em uma demonstração de violência que
parece apropriada aqui na Ilha Carnage.
Ele não celebra a vitória ou domina sua matança.
Em vez disso, se concentra nos dois Alfas restantes. Seu
rosnado é repleto de um poder furioso que faz os outros
machos recuarem.
Tieran uiva, e o som quase me faz perder o controle do
galho.
Me sinto compelida a me ajoelhar. Me submeter. A fazer
o que ele deseja, desde que eu ganhe seu favor.
Dói me segurar.
Mas se eu cair...
Não. Lute, me ordeno. Não. Solte.
Meus dedos se esforçam para me segurar e meus
membros tremem com o esforço enquanto ele solta outro
uivo, este ainda mais poderoso do que antes.
Um Alfa liderando seu bando..
Um Alfa dizendo aos outros que basta.
Um Alfa lembrando aos seus lobos quem manda aqui.
O fato de eu querer me curvar diz muito sobre minhas
lealdades inconstantes. Diz que me considero um membro
do mundo dele. E não apenas isso, mas uma parte de mim
já está sob seu comando.
Choramingo enquanto meu aperto começa a escorregar.
Um terceiro uivo corta o ar, e não consigo mais me
manter firme. Meus dedos se recusam a ouvir a razão,
minhas mãos soltam o galho e fazem com que eu caia do
meu poleiro.
De mais de seis metros de altura.
Luas.
O vento corre pelos meus ouvidos enquanto meu corpo
cai do céu para a terra abaixo.
Mas sou pega em um par de braços me esperando.
Eu grito, os braços fortes machucando minha pele com a
força da minha queda. O ar sai dos meus pulmões e um
gemido ecoa dentro de mim que não pode ser ouvido por
causa da falta de oxigênio.
Um ronronar suave ressoa no meu ouvido e minha
cabeça é imediatamente embalada contra um peito
musculoso.
— Você é como um anjinho doce caindo do céu — uma
voz familiar murmura.
Volt.
— Pena que eu tenho que te entregar ao diabo — ele
continua, me colocando no chão com gentileza.
Respiro fundo bruscamente, sentindo meus pulmões
queimando com a perda de ar.
É um erro.
Sou imediatamente inundada por uma mistura de
aromas sedutores.
Pinheiros.
Cinza e cobre.
Hortelã-pimenta e especiarias.
Tudo composto uma mistura de delícias masculinas
selvagens.
Um gemido baixo escapa da minha garganta e minhas
entranhas se apertam com uma necessidade estranha que
parece muito mais intensa do que antes. Isso... dói.
Me enrolo em uma bola enquanto um focinho pressiona
meu pescoço. A pressão me faz paralisar em minha forma
de bruços.
O enorme lobo rosna, fazendo meu animal se animar
com interesse imediato. Tieran. Reconheço sua presença,
sua energia Alfa a fonte da minha queda.
Fico mole sob seu toque, ciente de que ele é o predador
superior nesta ilha.
Parece que todos os outros também cederam. Seu uivo
deixa todos de joelhos.
Ou talvez ele tenha matado todos eles.
Eu realmente não tenho certeza e estou muito focada
em seu focinho para perguntar.
Ele inspira profundamente, o som reverberando no meu
pescoço enquanto ele passa o focinho pela minha garganta.
Engulo em seco, fazendo-o rosnar novamente.
Posso sentir o homem sob a pele, controlando o desejo
que irradia de sua besta.
Sua contenção é viciante. Faz minha loba querer
pressioná-lo. Não sei por que ou o que ela espera realizar,
então ignoro o desejo e permaneço imóvel enquanto ele
leva o nariz para os meus seios.
Meus mamilos gemem por ele, implorando por sua boca,
seus dentes, suas mãos.
Mas tudo o que ele faz é sentir meu cheiro, seu
resmungo baixo me dizendo que ele não aprecia a lama
cobrindo minha pele.
Ele me cutuca de costas, sua boca letal descendo até o
ápice entre minhas coxas.
Minhas pernas se abrem para ele, a pele úmida da água
e lama e o desejo que parece estar saindo de mim. Ouvi
falar sobre o processo de acasalamento, como ele pode
fazer as fêmeas reagirem de maneira devassada e
animalesca. Mas ninguém me avisou sobre essa dor
agonizante ou a abundância de fluidos.
Um gemido escapa dos meus lábios enquanto minhas
entranhas pulsam, me deixando ainda mais úmida no meu
centro aquecido.
O que está acontecendo comigo?, me pergunto.
Tieran resmunga, fazendo meus músculos ficarem
tensos.
Então sua língua desliza em minha intimidade.
Não como lobo, mas como homem.
Ele se transformou sem que eu percebesse, muito
perdida nas sensações que sua presença evoca em mim.
Muito perdida para o que quer que isso é. Perdida demais
para...
Ahhhh...
Sua língua é a divindade encarnada.
Perdi completamente a cabeça.
Ele está me lambendo, a poucos metros das ondas. Está
me lambendo lá. Ele está me saboreando. Ele está me
tomando. Ele está...
Seus dentes roçam meu clitóris, provocando um grito.
— Humm — ele geme, rastejando para cima e sobre o
meu corpo. — Precisa de alguma coisa, pequena? — Seus
olhos azuis estão ardendo com fogo líquido, sua aura
borbulhando com uma mistura complicada de fúria e
excitação. Posso sentir isso consumindo minha pele,
ameaçando me queimar de dentro para fora.— Eu disse
para você não correr — ele sussurra, com os lábios a menos
de um centímetro dos meus.
Minha loba me diz para arquear em sua direção, para
sentir o poder de seu corpo contra o meu.
Eu o faço.
Porque sou impotente aos seus instintos.
Desamparada para o que quer que esteja acontecendo
comigo.
— Acho que você precisa de outro banho. Talvez eu faça
você tomar um sozinha, para prolongar essa agonia até que
esteja pronta para realmente implorar. — Essas palavras
sombrias fazem minha loba gemer em protesto.
Eu envolvo minhas pernas ao redor de sua cintura, o
movimento ousado puramente instintivo, e me aperto
contra ele.
Puta merda, nunca me senti tão excitada antes. Como se
eu estivesse a segundos de explodir. Exceto que não
consigo encontrar o fósforo para terminar de acender meu
fogo.
— Tieran — eu gemo, agarrando seus ombros e
cravando minhas unhas em sua carne.
Ele semicerra os olhos.
— Tentando dominar. — Sua palma encontra minha
garganta, dando-lhe um aperto brutal. — Não é assim que
eu ajo, pequena. Eu sou o Alfa. Eu domino. Você é uma
Ômega. Você se submete.
Começo a balançar a cabeça, pois suas palavras não
fazem sentido. Não sou Ômega, eu quero dizer, mas seu
aperto é muito forte na minha garganta para permitir
palavras.
— Você correu — ele continua. — Você correu e me fez
persegui-la. Eu lutei por você, Clove. Ainda estou com o
sangue deles também. Está na minha língua. Assim como
sua doce boceta. — Sua boca cobre a minha, me fazendo
provar suas palavras, o sabor decadente de cobre e
almíscar deslizando facilmente pela minha garganta.
Eu gemo em resposta, ansiosa por mais.
Ele ri enquanto eu sugo sua língua, minha besta
tomando conta da minha forma humana. Ela está morrendo
de fome e ele é sua salvação.
Sou apenas uma observadora agora, doendo por dentro
enquanto meu corpo implora por um alívio que não
entendo.
Sua excitação é dura entre minhas pernas e muito
quente. Eu gemo, pressionando-o novamente, então sugo
sua língua ainda mais fundo na minha boca.
Eu quero tudo. Eu o quero. Quero... me sentir completa.
— Por favor — sussurro. — Por favor, Tieran. — Eu nem
sei o que estou pedindo. Mas em algum nível básico, eu
quero. Eu o quero dentro de mim. Para me preencher. Para
me agradar.
Afundo minhas unhas ainda mais em sua pele, tirando
sangue enquanto desloco meu corpo para baixo, me
esfregando contra seu comprimento maciço.
Ah, lua.
Vi aquilo quando ele se trocou no outro dia.
Vi de novo quando ele se trocou hoje.
E agora... agora o estou sentindo contra meu corpo
muito menor.
É o suficiente para me deixar quieta, perceber o quanto
essa ideia é terrível.
Minha loba pode querer aquele monstro dentro de mim,
mas nunca vai caber.
E o que é essa protuberância perto da base?
Eu corajosamente alcanço entre nós para tocá-lo, com a
mente fragmentada entre razão e necessidade.
— Por que...? — consigo perguntar, meus dedos roçando
a área perto de sua virilha. Não são as bolas dele. Está no
topo de seu pau. E está pulsando.
— Por que o quê? — Ele estende a mão entre nós para
envolver minha palma em torno de seu pau grosso,
permitindo que eu realmente sinta esse comprimento.
E sim, ele não vai caber dentro de mim.
Ele é muito grande.
Um pensamento que me faz choramingar porque minha
loba está exigindo que eu tente.
— Você está perguntando por que não vou te comer
ainda, Clove? — Seus olhos brilham com crueldade
enquanto ele olha para mim. — Porque não tenho certeza
se quero reivindicar você. Talvez eu deva lançar meu
próprio desafio, o que acha?
Minha loba rosna na minha cabeça, furiosa com suas
palavras.
E para meu horror, um pouco sai pela minha boca.
O que o faz rir e passar o nariz na minha bochecha
enquanto seus lábios encontram meu ouvido.
— Não se preocupe, linda. Meu lobo está tão apaixonado
por você quanto você por ele.
Meu animal imediatamente se acalma.
Mas eu, não.
— Não entendo — finalmente consigo murmurar
enquanto aperto sua base novamente. — Me ajude a
entender. — É um apelo que traz lágrimas aos meus olhos.
Porque tudo isso é estranho. Estou tentando ceder ao meu
animal, fazer o que ela está exigindo que eu faça.
No entanto, sentir sua ereção na palma da minha mão
estranhamente me consolidou na realidade.
Ele é muito maior que Canton.
Deve ser impossível.
É impossível.
Ele não vai caber.
E algo sobre isso me faz querer chorar.
Ou talvez seja o medo de saber que ele vai forçar isso
que faz meus olhos lacrimejarem.
Eu me sinto muito fraca. Muito perdida. Muito... muito
quente.
Eu gemo. Estou enlouquecendo.
— Você está entrando no ciclo estral — Tieran diz, a
palma de sua mão de repente alcança minha bochecha e
seu polegar enxugando a lágrima da minha pele. — É o
ciclo de cio para Ômegas, provavelmente causado por você
finalmente encontrar seu lobo e permitir que seus traços
Carnage apareçam.
Balanço a cabeça.
— Não sou Ômega. — Isso sai como um fragmento, já
que meu cérebro é incapaz de pensar plenamente. Estou
dividida entre entender e exigir que ele me coma.
É um enigma que me faz chorar de novo.
E eu odeio isso.
Odeio me sentir fraca.
— Não sou esse tipo de loba — digo em voz alta. — Não
sou. Sou forte. Sou... sou... — Um espasmo na parte inferior
da minha barriga me faz gritar, a agonia rasgando minhas
veias e provocando novamente um ataque de luxúria e
necessidade.
O mundo começa a se mover ao meu redor.
Minhas coxas estão molhadas e frias.
Meu coração bate alto no peito, ecoando em meus
ouvidos.
Outro grito sai da minha boca, aquela dor interior se
estilhaçando em pulsações de vibrações torturantes.
Estou morrendo, penso. Isso é a morte.
Porque está me matando.
Essas vibrações tornam impossível respirar.
Não posso nem gritar ou implorar por ajuda.
É uma causa perdida.
Porque tudo o que sou agora é dor.
Dor. Dor. Dor.
Até que o nada toma conta.
E então... eu começo a flutuar.
Eu respiro.
Me acomodo.
Me afogo.
Água. Leve. Água. Leve.
Onde estou?
Quem eu sou?
O que é esse novo lugar?
Pisco e o sol brilhante escurece acima da minha cabeça.
Eles me jogaram no oceano? Meu coração se estilhaça
com o pensamento. Estou de volta onde comecei?
Ou foi tudo um sonho? Eu realmente me afoguei? Os
Alfas eram um produto da minha imaginação?
A água espirra na minha boca, e eu acordo ofegante.
Cercada por mármore.
Em uma banheira cheia de aromas masculinos.
Chapter 13
Clove
S ANGUE .
Suor.
Sexo.
Estou nadando em um mar de hortelã-pimenta, cinzas,
cobre e pinho.
Não quero vir à tona.
Nadar. Afogar. Nadar novamente.
Mas há algo que não está certo. A cama está muito
irregular. Está... imperfeita.
E eu realmente não gosto dessa sensação.
Saio da minha nuvem de desejo e bato no caroço na
cama. É macio, mole e está no lugar errado.
Rosnando, eu a movo para o canto. Mas então encontro
outro aglomerado disforme e tenho que movê-lo também.
O que desenterra um terceiro.
E depois um quarto.
No décimo, estou uma bagunça, rosnando, rasgando a
cama e tudo sobre ela.
Claramente, eu preciso arrumar a cama de novo.
Quando estou satisfeita com o colchão e a falta de
aglomerados, começo de novo. Com cuidado.
Eu pego lençóis, camisas, jeans, toalhas e tudo que
posso encontrar, criando a cama perfeita para descansar.
Meus machos estão aqui.
Eu os sinto me observando.
Um deles até me entrega itens, tentando ajudar.
Ronrono quando gosto da oferta e rosno quando não gosto.
Ele é um bom macho.
Ele não me força a pegar nada que eu não queira, em
vez disso, me dá os itens corretos na maioria das vezes.
Vou convidá-lo para nosso novo porto seguro primeiro.
É um pouco estranho na aparência, não
necessariamente plano, mas todas as bordas são perfeitas.
Ando ao redor, orgulhosa de minha criação.
Meus machos parecem gostar também. Eles estão
ronronando. Humm, eu amo esse som. Quero rolar sobre
eles enquanto eles ronronam.
— É um ninho maravilhoso, linda — o prestativo diz.
Eu me arrumo com prazer e o alcanço, querendo
mostrar a ele como entrar corretamente em nossa nova
casa.
Ele não me apressa. Me deixa liderar. E eu aprecio
muito isso.
Então ele faz exatamente o que eu mostro a ele,
tomando cuidado para não desalojar nenhum dos meus
itens perfeitamente colocados.
— Estou me lembrando de quando sua loba fez um tour
pela casa — o mais ríspido diz. Meu gigante assustador. Ele
gosta de facas. Mas só me sangra por prazer. Então eu
gosto dele. — Exceto que ela está em forma humana desta
vez.
Saio do meu porto seguro, indo para ele, e o pego pela
mão.
Ele não é tão cuidadoso quanto o outro. Sua forma
volumosa quase derruba um dos meus cobertores. Mas ele
me ouve quando eu rosno, esperando que eu tire do
caminho para que ele possa terminar de subir em nossa
nova cama.
Aponto para o lugar que eu o quero.
Ele vai para de boa vontade, se deitando nu de costas.
O outro ainda está sentado, me fazendo considerar onde
eu o quero.
Humm, murmuro, deixando-o lá por um momento
enquanto vou encontrar o líder.
Ele está esperando com paciência por mim do lado de
fora, nu, assim como meus outros dois machos.
Estou satisfeita.
Gosto deles nus.
Envolvo a mão ao redor dele, puxando-o para frente.
Então ele rasteja para dentro com facilidade, sem alterar
meu design.
Meus lábios se curvam. Muito bom.
Ele se acomoda ao lado do prestativo.
Não tenho certeza se é onde eu os quero, mas decido
tentar.
Indo para dentro, eu me acomodo ao lado do assustador,
então balanço a cabeça. Não posso tocar os três aqui, e
preciso sentir a todos.
Começo a embaralhá-los, fazendo algumas combinações
até finalmente encontrar a posição ideal.
O assustador nas minhas costas.
O prestativo na minha frente.
O líder entre minhas pernas.
Sim, penso. Perfeito.
E volto a dormir.
Chapter 38
Tieran
Sensuais.
A MAZON
R AINHA DOS V AMPIROS : L IVRO U M
Não devo nada a eles. Mas se eu tiver que passar por suas
provações para encontrar o caminho de casa, que assim
seja. Sobrevivi a uma praga e coisa muito pior no reino Fae
Elemental. Uma energia sinistra? Por favor. Que piada.
Dê o seu melhor.
Estou à espera.
E não ouse me morder.
Ou vou fazer você se arrepender.
Império Mershano
O Jogo do Príncipe: Livro 1
O Jogo do Playboy: Livro 2
A Redenção do Rebelde: Livro 3
Outros Livros
Ilha Carnage
Antologia: Entre Deuses