01-Obsession - Meg Anne - K. Loraine-SALT

SALT- Lascívia - 2022
Obsession
By Meg Anne By K. Loraine
The Mate Games Book 1
Rejeitei meu companheiro predestinado e não me arrependi nem por
um segundo. Até agora.
Enviada para a Universidade Ravenscroft, uma escola de pós-
graduação para a elite sobrenatural, tenho muito o que viver. Como
herdeiro do bando mais poderoso da América, minha vida até
agora foi passada em uma gaiola dourada. Mas não pela razão que
você pode pensar.
Eu estava trancada, não para ser protegida, mas porque nasci
quebrada. Uma decepção para todos eles. Um lobo que não podia
mudar.
Este deveria ser meu novo começo, mas meu passado não me
deixará em paz. Não quando ele está aqui. O shifter lobo arrogante
que arruinou minha vida depois que eu o rejeitei sete anos atrás.
Agora, sou uma pária, seguido pelos rumores que meu

companheiro rejeitado espalhou, odiada pelos meus colegas,
isolado novamente.
De todos, menos deles.
Um príncipe vampiro.
Um padre proibido.
Um semideus poderoso.
Um lobo valentão.
Estou jogando um jogo perigoso, e as regras dizem que não
posso ficar com eles. Então, novamente, as regras são feitas para
serem quebradas.
E quando cada momento gasto com eles me aproxima de
encontrar meu lobo, como posso ficar longe?
Aviso: Este livro não é para os fracos de coração. Ele contém
um perseguidor obsessivo, um lobisomem de boca suja, tatuado e
perfurado, um professor impertinente com um gosto por assistir,
um deus da travessura e muito calor. Se você não gosta de seus
livros picantes, seus homens rabugentos, construídos e mais ruins
do que bons, esta não é a série para você. Mas se você fizer isso...
continue lendo e seja bem-vindo ao The Mate Games.

—Minha primeira obsessão é você.
Minha segunda é fazer sexo com você.
ANÔNIMO
Nota do autor
Obsession contém cenas sexualmente explícitas,
bem como conteúdo adulto e gráfico que não é
adequado para todos os públicos. A discrição do leitor
é aconselhada.

Capítulo Um
THORNE
Era uma pena que Sunday Fallon tivesse que morrer esta noite.
E que seria eu quem a mataria. Mas não havia nada que eu pudesse
fazer agora que peguei seu cheiro. Não depois de dois dias inteiros
dela existindo no meu espaço. Blackthorne Hall era meu domínio, o
lugar que eu governava sem questionamentos porque trazia meu
sobrenome. Até agora, eu tinha passado os últimos três anos no
controle total. Até ela aparecer.
Ela me chamou. Me atraiu para ela com aquele cheiro
irresistível e decadente. Me deixou louco de fome. Desesperado
com a necessidade. Obcecado.
Meu pai me contou histórias de como minha mãe o havia
tentado, como o sangue dela era como nenhum outro. Eu nunca
tinha experimentado isso até agora. Eu a estava caçando. Não
porque eu queria. Eu precisava. Eu preciso provar essa criatura
irresistível. Para saber se ela poderia ter um sabor tão delicioso
quanto o seu cheiro.

Cada um de seus passos rítmicos me provocava enquanto ela
corria pelas trilhas do campus, suas respirações medidas e
batimentos cardíacos elevados fortes em meus ouvidos. Precisou
tudo em mim para não correr para ela e afundar minhas presas em
sua garganta, assim como tinha acontecido todas as noites enquanto
ela seguia sua rotina. Esta noite, eu estava ao alcance de um braço,
pronto para tomá-la, mas isso significaria que estava acabado quase
antes de começar. O monstro em mim queria desenhá-la, saborear a
perseguição, porque uma vez que eu a tivesse, seria isso.
Ela diminuiu o passo, as mãos nos quadris enquanto olhava
para a lua e suspirou. —É isso. Isso é o que você ganha por ser
diferente. Você terminou a faculdade, mas ainda assim acabou
sendo enviada para um internato glorificado para a elite do
sobrenatural mantê-la longe de problemas.
Sua voz era suave e sedosa com a mais leve rouquidão. Música
para meus ouvidos. Se eu a matasse, nunca mais ouviria isso.
Talvez eu a transformasse em vez disso. Fazê-la minha para
sempre. O pensamento tinha mérito. Exceto, é claro, pelo fato de
que ela era a princesa da matilha de lobos Fallon. Algo me disse que
sua família teria problemas com um vampiro Blackthorne

drenando-a e depois fazendo dela uma de nós. Não queríamos
começar uma guerra agora, não é?
Sua ingestão aguda de ar me fez esgueirar-me nas sombras
quando ela olhou por cima do ombro na direção onde eu estava.
—Tem alguém aí?
Eu sorri. Alguém definitivamente estava lá. Um predador. Um
caçador. A criatura que mudaria sua vida irrevogavelmente.
Não esta noite, no entanto. Eu me manteria à beira da euforia
um pouco mais. Era mais divertido assim.
Quando ela virou a esquina, mantive distância, agora
seguindo-a apenas para garantir que minha presa voltasse em
segurança para o seu quarto. Eu não podia arriscar que outra
pessoa a pegasse. Ela era minha. Sabendo disso ou não. Seu cabelo
escuro balançava para frente e para trás no rabo de cavalo alto que
ela usava, as pontas roçando seus ombros e chamando a atenção
para seu pescoço branco e esguio. Eu me perguntei se sua pele
mudaria de porcelana para rosa quando ela corasse e seu sangue
corresse para a superfície. O instinto assumiu, alongando meu pau
e minhas presas. A excitação pulsava através de mim, eclipsada
apenas pela minha fome. Eu a queria com cada célula do meu
corpo.

—Está tudo bem aí, Thorne? —A cadência irlandesa da voz do
padre Caleb Gallagher me parou no meio do passo.
—Padre. — Eu o reconheci com a mais leve inclinação da
minha cabeça.
Sua mandíbula apertou com o título, um lembrete de sua vida
passada como um homem de Deus antes de ser transformado em
um da minha espécie. —Deixe-a em paz, Sr. Blackthorne. Ela não é
para você brincar.
—Meu instinto diz diferente.
—Não pense que seu sobrenome vai isentá-lo das
consequências se você matá-la. A guerra...
Eu acenei minha mão. —Sim, eu sei. As Famílias estão em gelo
fino, uma guerra vai começar, morte, derramamento de sangue, etc.
— Tínhamos compartilhado uma relativa paz entre os chefes de
Famílias de nossos tipos sobrenaturais nos últimos vinte e cinco
anos. Desde que meu pai assumiu o controle do reino de vampiros
Blackthorne e criou uma espécie de tratado com as matilhas de
shifters restantes e clãs de bruxas. A aliança era nada menos que
frágil depois que nossa espécie passou séculos tentando dominar
todas as espécies sobrenaturais existentes.

Suspirei pesadamente na escuridão. —Nenhum sangue foi
derramado.
Ele arqueou uma sobrancelha escura. —Ainda.
—Vou manter distância.
—Faça isso. Você pode ser um príncipe, mas eu ainda estou no
comando aqui.
Eu zombei. —Você é um professor. Você não tem controle
sobre mim.
—Uma ligação para seu pai e você passará uma semana no
poço. Você sabe tão bem quanto eu que ele não hesitará em isolá-lo
se você representar um risco para a estabilidade de nosso mundo,
Noah Blackthorne.
Eu dei de ombros, tentando parecer legal, mas eu tinha
passado dois dias no poço de volta para casa uma vez
simplesmente para saber que tinha medo. Meu pai ainda era
implacável quando precisava ser.
—Mantenha-a longe de mim se você quiser garantir que ela
esteja segura.
—Você está caçando ela.
Engoli em seco passando por uma garganta queimando. Sim,
eu estava. —Eu posso me controlar.

—Talvez ela estivesse mais segura vivendo em meus
aposentos até que você encontre uma nova distração.
Um rosnado baixo escapou antes que eu pudesse me conter. O
pensamento de Sunday passar algum tempo na casa deste homem,
compartilhando seu espaço e seu ar, fez um ciúme irracional se
desenrolar em minhas entranhas. Vampiro ou não, ele ainda era um
padre. Um verdadeiro eunuco, castrado por sua fé e voto de
celibato. Ele não poderia tê-la, mesmo que a quisesse. Ela era minha
para reivindicar.
—Ela está bem aqui. Estamos separados por três andares de
concreto. Eu não vou violá-la até que ela peça.
Ele enfiou as mãos nos bolsos de sua calça escura, uma
expressão cautelosa no rosto. —Boa noite, Thorne. Melhor ficar
atrás de portas fechadas antes que você perca o controle do seu
monstro.
Eu balancei minha cabeça antes de me virar e seguir na direção
que Sunday tinha ido.
Qual dos dormitórios neste corredor era dela? Meu olhar
varreu as portas, sentidos em alerta máximo enquanto eu procurava
por ela, mas tudo que eu cheirava agora era uma mistura de
criaturas, de vampiro a shifter a bruxa. Até que eu o peguei

novamente quando entrei no meu elevador. Doce e rico com uma
escuridão que eu não conseguia nomear. Diferente de qualquer
outra coisa. Sunday Fallon me chamou, implorou que eu a
reivindicasse. Para prová-la. Eu espalmei meu pau dolorido quando
as portas para o andar de cima se abriram, e eu caminhei para
minha suíte.
Eu teria a linda pequena shifter nem que se fosse a última
coisa que eu fizesse. E eu farei.

Capítulo Dois
SUNDAY
Uma semana antes
Meu avô só me convocou para duas coisas. Para me perguntar
se eu já havia mudado, ou para me repreender por ser um fracasso
absoluto de Fallon. O que, para ser justa, era realmente a mesma
coisa. Se a neta do chefe da maior matilha de lobos da América do
Norte não podia se transformar, de que servia?
Então, quando o beta da nossa matilha me encontrou na
biblioteca e disse que o Alfa … não meu avô, o Alfa … queria me
ver, eu sabia que tinha ido e fodido tudo. O problema era que eu
não conseguia de jeito nenhum descobrir o que eu tinha feito dessa
vez. Além do óbvio, claro. E a sensação doentia e oleosa no meu
estômago me disse que eu não ia gostar de descobrir.
Eu subi os degraus até a casa da matilha, parando um pouco
antes de entrar para sacudir meus nervos e colocar minha cara de
'Fallon'. Porque um Fallon nunca demonstra medo. Uma Fallon
nunca ousaria chegar a uma reunião com seu Alfa com o medo
acelerando seu pulso, ligeiramente sem fôlego, membros tremendo.

Uma verdadeira Fallon nunca envergonharia sua família mostrando
qualquer fraqueza.
Empurrando a porta, cruzei a soleira e virei à direita, indo
direto para o escritório do meu avô. Antes de entrar, bati duas
vezes … qualquer coisa menos era rude, e qualquer coisa mais era
irritante.
Ele não se incomodou em erguer os olhos de seu trabalho
antes de dizer.
—Você está atrasada.
Eu cerrei os dentes, sabendo que não deveria tentar me
defender, mesmo que as palavras de protesto já estivessem
tentando rastejar pela minha garganta. Eu tinha sido treinada há
muito tempo que havia apenas uma resposta aceitável. Olhando
diretamente para sua testa, obriguei-me a dizer. —Desculpe por
desperdiçar seu tempo, vovô. Não vai acontecer de novo.
—Duvido muito disso —, disse ele friamente, finalmente
olhando para cima da pilha de papéis em sua mão antes de me dar
uma olhada tingida de desgosto. Jogando os papéis na pasta de
arquivo aberta em sua mesa, ele se inclinou para frente,
acrescentando. —Pelo menos você não será meu problema por
muito mais tempo.

—O... o quê?
—Eu matriculei você na Universidade Ravenscroft. Você vai
embora amanhã.
Sua resposta, embora uma surpresa, não foi indesejada.
Sempre foi uma conclusão precipitada que eu acabaria em
Ravenscroft. O equivalente à escola de pós-graduação para a elite
sobrenatural, Ravenscroft foi onde os futuros líderes das Famílias
aprenderam a navegar nas complexas águas políticas entre as
espécies.
Como estava em uma parte remota do interior da Inglaterra,
haveria milhares de quilômetros entre mim e este lugar. Sem
mencionar entre mim e a série de fracassos sem fim que parecia
chover sobre minha família. Mas o mais importante, eu estaria livre
dele.
Em vez da punição que ele parecia pensar que era, isso era um
presente. Eu sabia melhor do que deixá-lo perceber isso, no entanto.
—Mas vovô…
Meu protesto pareceu enfurecê-lo, seus olhos cor de avelã
transformando o ouro brilhante da fera escondida sob sua pele. Um
grunhido de advertência escorregou em sua voz quando ele me
interrompeu. —Eu não me importo com o que você quer, Sunday.

Ou você faz as malas e fica esperando pelo carro que vai chegar
para levá-la ao aeroporto amanhã, ou eu arrasto você pela nossa
terra chutando e gritando com nada mais do que a roupa do corpo.
A escolha é sua.
—Você não entendeu. Eu só queria saber como me foi
concedida a admissão sem minhas habilidades de shifter.
Ravenscroft não admitia quem não tinha habilidades. Era o
campo de treinamento dos novatos sobrenaturais mais mortais e
poderosos do mundo. Um dos únicos lugares na terra onde shifters,
vampiros e todos os outros tipos sobrenaturais eram forçados a
deixar de lado suas rixas de sangue de séculos e ficarem na boa. Era
onde a diplomacia deveria ser cultivada, alianças potenciais
forjadas e vinganças fortalecidas e nascidas.
Meu avô nunca quis arriscar mostrar qualquer fraqueza para
seus muitos inimigos, sabendo que seus espiões vigiavam de perto
a escola, incluindo as outras matilhas ansiosas para derrotá-lo e
reivindicar seu território para si. Estava ficando cada vez mais
difícil esconder minhas deficiências, no entanto. Aos vinte e três
anos, eu já tinha passado da mudança de idade, e as pessoas
estavam começando a farejar, fazendo perguntas sobre por que
minha loba não tinha se apresentado. Despachar-me deve ser uma

das únicas maneiras dele se proteger dessas perguntas. Tenho
certeza que ele não arriscaria de outra forma.
Justo quando eu tinha certeza de que ele não ia responder
minha pergunta, ele me surpreendeu. —Você pode ser inútil,
Sunday, mas ainda é uma Fallon. Esse nome significa alguma coisa,
então não fique pensando em arrastá-lo pela lama enquanto estiver
lá. Você tem um trabalho, e apenas um trabalho. Achar. Sua. Loba.
Você me entendeu?
—Sim, avô. Eu não vou te decepcionar. A que horas eu saio?
—ESTE LUGAR NÃO PODERIA FICAR MAIS gótico se
tentasse —, eu resmunguei quando meu motorista parou nos
portões de Ravenscroft.
—Senhorita, você gostaria que eu parasse na frente ou a
levasse pela estrada de trás, para uma entrada mais discreta?—O
motorista perguntou, seu sotaque britânico elegante me lembrando
que estávamos, de fato, no meio do campo inglês.

Não que eu pudesse esquecer. Eu estava a caminho da
liberdade. Não havia nada esquecível nisso.
—Na parte de trás, por favor. Já estou aparecendo aqui duas
semanas depois que o ano começou. Não preciso chamar mais
atenção para mim do que o necessário.
—Muito bem, senhorita.
Ele passou pelos altos portões de ferro forjado e seguiu o muro
de pedra coberto de hera que atravessava toda a borda da
propriedade da escola. Embora as paredes fossem altas, o edifício
era mais alto. Pináculos subiam em direção ao céu, lembrando o
estereótipo do castelo de Drácula que Hollywood sempre
representava erroneamente. Será que talvez eles tenham usado este
lugar como inspiração? Estava aqui há mais de um século.
Aninhado no coração da Inglaterra, onde os humanos não eram os
mais sábios em relação às criaturas que vagavam pelos corredores.
Se eles soubessem.
Eu balancei minha cabeça e ri. Se eles soubessem, teria sido
queimado até o chão, salgado e consagrado até que a terra chorasse
o sangue da aliança. E era por isso que as Famílias tinham um
objetivo comum… se dar bem e ficar nas sombras. Até agora tudo
bem . . . exceto por alguns incidentes aqui e ali.

O carro parou do lado de fora de um enorme conjunto de
portas de carruagem onde uma mulher alta, de aparência severa
com pele tão pálida que brilhava estava esperando. Seu cabelo era
longo e loiro e caia até a cintura, onde era marcado com reflexos
dourados. Toda vez que ela se movia, o ouro brilhava na luz. Sua
expressão não era amigável. Ela parecia seriamente incomodada
por eu estar aqui.
Excelente. Parece que já começamos bem.
Sem dizer uma palavra, meu motorista saiu do carro e deu a
volta ao meu lado, segurando a porta aberta para mim enquanto eu
saía. Enquanto ele tirava meus pertences do porta-malas do carro,
me aproximei da passarela à minha esquerda, onde a loura me
encarava. A pressão de seu olhar quase me prendeu no chão. Que
tipo de criatura ela era? Estendi a mão com meus sentidos para
sentir exatamente o que ela era. Não uma humana, não uma
vampira. O tom de escuridão em torno dela enviou um calafrio
através de mim quando a palavra divindade brilhou em minha
mente. O que diabos uma divindade estava fazendo aqui?
—Mademoiselle Fallon, estou feliz que você teve o bom senso
de usar a entrada privada em vez de fazer um espetáculo de si

mesma. — Sua voz aveludada, com sotaque francês, me hipnotizou.
—Sou Antoinette le Blanc, a diretora dos alunos.
Abri a boca para falar, mas ela simplesmente girou nos
calcanhares e se dirigiu para as portas, que se abriram sozinhas.
—Minhas coisas... — eu protestei.
—Já estão em seu quarto.
Olhando por cima do ombro, vi que a pilha de malas e malas
que trouxe comigo tinham sumido, junto com o carro preto
elegante. — Morra de inveja, Dumbledore.
—Não somos uma escola inventada de livros infantis,
Mademoiselle Fallon. A Ravenscroft University é uma instituição
de prestígio onde os futuros líderes de nosso mundo aprendem a
trabalhar juntos. Você não encontrará trolls em nossa masmorra.
Você deve se considerar entre os sortudos por ter um lugar aqui.
Especialmente — … ela me olhou … —considerando que você
ainda não se manifestou. — Ela se inclinou e levou um longo
momento para me avaliar. —Não há um cheiro de loba em você. Há
alguma coisa . . . sombria sobre você, mas não consigo identificar.
Eu me arrepiei. Como ela sabia? Isso significa que todos
sabiam? —Eu tenho uma loba. Ela simplesmente não está pronta
para sair para jogar.

Antoinette sorriu. —Veremos. Agora, venha. Moira estará
esperando por você.
—Moira?
—Sua colega de quarto.
—Estou dividindo um quarto com alguém?
Ela bufou. —Você prefere dormir ao ar livre? Isso pode ser
arranjado.
—Não. Está bem. Eu acabei de . . . Eu nunca tive uma colega
de quarto.
—Este é seu primeiro ano em Ravenscroft. Garanto-lhe que ter
alguém para lhe mostrar as coisas, por assim dizer, será para seu
benefício.
Ela me escoltou por corredores sinuosos, o clique de seus
saltos no chão de pedra ecoando no espaço cavernoso. Era como
estar presa em um labirinto de corredores sem fim até que ela parou
em uma porta alta e a abriu, revelando outro prédio em um pátio.
As pessoas circulavam pelo espaço ao ar livre, algumas lendo,
outras rindo juntas, e uma olhando diretamente para mim.
Meu sangue gelou quando meu olhar se conectou com o
homem que eu nunca mais queria ver na minha vida. Kingston

Farrel. Filho da matilha Farrell Alfa e futuro líder de sua família. E,
de acordo com meu avô, meu companheiro destinado.

Capítulo Três
SUNDAY
Eu estava paralisada na porta, meu peito um emaranhado
confuso de emoções. Embaraço. Vergonha. Raiva. Mesmo o menor
lampejo de luxúria, que eu imediatamente afastei. Tudo porque o
olhar furioso de Kingston estava no meu.
Eu odiava como depois de tudo que ele tinha feito, depois de
todas as coisas que ele disse sobre mim ao longo dos anos, eu ainda
podia achá-lo tão atraente. Quero dizer, parte disso era genética, o
cara era biologicamente predisposto a fazer as mulheres ofegarem
mesmo quando nos conhecemos na adolescência. Mas agora, ele
estava todo crescido. Alta estrutura de um metro e oitenta, pele
bronzeada, fortemente musculoso com toques de . . . aquela tinta
preta estava saindo do botão aberto de sua flanela? O cabelo loiro
dourado desgrenhado praticamente implorava para você passar os
dedos por ele, e sua mandíbula esculpida, coberta por uma sombra
ligeiramente mais escura, prometia que você sentiria seus beijos por
dias depois. Mesmo estreitados de raiva, seus olhos verdes ainda
me faziam querer descobrir seus segredos.

Se sua aparência por si só não fosse suficiente para fazer uma
mulher largar a calcinha, toda aquela energia Alfa de pau grande
faria. Sua aura transmitia o quão selvagem ele estaria protegendo
aqueles que lhe pertenciam. Pena que minhas deficiências me
impediram de cair sob esse guarda-chuva. Não, Kingston Farrell
deixou perfeitamente claro o quão abaixo dele ,ele achava que eu
era. Várias e várias vezes.
Mas não fui eu quem o rejeitou em primeiro lugar?
—Mademoiselle Fallon, se você me fizer parar e esperar por
você novamente, vou deixá-la aqui para descobrir seus arranjos de
vida por conta própria. Eu sei que você foi criada para acreditar que
o mundo gira em torno de sua agenda e caprichos, mas isso não
acontece. Aqui não. Não desperdice meu tempo.
Meu olhar estalou para o rosto de Antoinette e a expressão
apertada e levemente irritada que ela usava desde que eu parei.
—Desculpe, Antoinette.
—Sou Madame Diretora para você. Agora, venha.
Meus pés se apressaram em obedecer sem meu comando
consciente. Nossa. Essa Madame Mal humorada aqui poderia
ensinar uma coisa ou duas ao avô. Eles provavelmente se dariam

bem como uma casa pegando fogo. Eu sorri para mim mesma. Se
eles não se matassem primeiro.
—Alguma coisa engraçada, Mademoiselle Fallon?
—Não.
Ela me lançou um olhar longo e fulminante e então subiu um
lance de escadas que levava a um prédio que parecia ter um lugar
de destaque entre os outros no pátio. Eu só tive um segundo para
ler a placa declarando o Blackthorne Hall antes que ela me
conduzisse pelas portas da frente.
—Você está no terceiro andar. Quarto onze. — Ela tirou algo
do bolso e me entregou. Era uma chave. Pesada, ornamentada e
colorida com a idade. —Eu sugiro que você não perca isso. As
substituições são difíceis de encontrar. — Ela apontou para um
conjunto de escadas sinuosas. —Suba essas e depois o conjunto da
esquerda.
Achei que era melhor não perguntar sobre o elevador, pois,
embora eu visse um, não era oferecido como uma opção. Três
lances de escada não eram tão ruins. —Você não vem comigo?
—Seu atraso esta manhã me atrasou para outra reunião. Mas
acredito que até você consegue contar até três. Basta subir as

escadas e procurar a porta com o onze nela. — Ela saiu antes que eu
pudesse perguntar mais alguma coisa.
A diretora estava um pouco fria. Mas então, eu percebi que a
maioria das divindades provavelmente eram. Eu não imaginava
etiqueta ou uma disposição agradável no topo da lista de coisas
com as quais eles se importavam.
Agradecida por não ter que me preocupar em carregar meus
pertences até o meu quarto, subi as escadas e depois desci um
corredor que me lembrava mais uma pousada de luxo do que um
dormitório. Os tapetes eram macios, os acessórios caros, e eu tinha
certeza de que o papel de parede era original. Não porque estava
desbotado, estava realmente em perfeitas condições, mas eu tinha
quase certeza de que eles não faziam mais isso.
Ainda segurando a chave, eu a deslizei na fechadura
ornamentada do quarto número onze, me perguntando se eles
ainda faziam chaveiros grandes o suficiente para essa porcaria
quando entrei.
Moira, minha nova colega de quarto, olhou para cima assim
que a porta se abriu, sua expressão de surpresa se transformando
em desgosto enquanto ela descia os olhos lentamente e depois

voltava. Perfeito. Eu realmente tinha um jeito de fazer as pessoas se
apaixonarem por mim, não tinha?
Como ela não fez nenhum esforço para esconder o fato de que
estava me avaliando, aproveitei a oportunidade para fazer o
mesmo. Seu cabelo loiro estava arrumado em um tom habilidoso ao
redor de seus ombros, delineador preto espesso voando em seus
olhos cor de ametista, e um tom seriamente quente de fúcsia
habilmente aplicado em seus lábios… que estavam atualmente
torcidos em uma carranca. Ela usava preto da cabeça aos pés, um
forte contraste com sua pele de alabastro que era pontilhada com
um spray de sardas, mas não no estilo rebelde de alguém que passa
pela fase gótica. Suas calças largas e de cintura alta gritavam
dinheiro. Assim como sua blusa de seda transparente e o sutiã de
renda que ela usava por baixo.
Pela aparência das coisas, eu a interrompi pintando as unhas,
uma gota brilhante caindo do pincel e respingando na madeira
envernizada de sua mesa elegante. Como ela não tinha notado,
decidi não contar a ela. Não há necessidade de dar a ela outras
coisas para me odiar. Ela parecia já ter motivos mais do que
suficientes.

—Você deve ser Sunday — disse ela com um bufo resignado.
—Eu sou Moira Belladonna.
Meus olhos se arregalaram com isso. As Belladonnas eram um
clã de bruxas notoriamente assustador.
—Bom, vejo que você já sabe melhor do que foder comigo.
Fique fora do meu caminho, e devemos nos dar bem. Ela voltou sua
atenção para sua manicure, chamando por cima do ombro. —Ali é
sua cama. Eu já enchi o armário, então você vai ter que se contentar
com a cômoda. Você tem sorte que eu estava disposta a deixá-la
compartilhar meu quarto. Ninguém mais queria que a mimada
princesa Fallon atrapalhasse suas vidas.
Princesa mimada? Isso foi risível. Mais como segredinho sujo.
Olhei para a mobília em questão, que tinha roupas saindo de
duas de suas quatro gavetas. A cama não tinha se saído muito
melhor. Enquanto era feito, seus lençóis da mesma qualidade
decadente que o resto do lugar até agora, as roupas descartadas de
Moira estavam espalhadas por toda parte. Eu tinha certeza que isso
era algum tipo de teste, e minha reação provavelmente solidificaria
ou mudaria quaisquer suposições que ela tivesse feito sobre mim.
Mas eu tinha jogado jogos de poder como este a minha vida toda, e
eu não me assustava facilmente.

Sem dizer uma palavra, peguei a primeira das minhas malas e
a joguei na cama, bem em cima de um vestido Armani. Ela bufou,
mas eu a peguei me olhando como se esperasse que eu a desafiasse
ou quebrasse. Eu estava acostumada com pessoas como ela. As
crianças ricas eram as mesmas de família para família. Não
demonstre fraqueza. Essa era a única maneira de estabelecer onde
você pertencia na hierarquia. Eu? Eu poderia ter ficado escondida a
maior parte da minha vida, mas eu pertencia ao topo.
Peguei todas as roupas da minha cama, carregando-as em
meus braços enquanto caminhava pelo quarto em direção a ela. Ela
nem olhou para cima enquanto continuava pintando as unhas dos
pés de um vermelho profundo. Até que deixei cair a pilha de
roupas de grife diretamente em seus pés recém-pintados.
—Você realmente deveria guardar suas roupas. Eles podem
estragar.
Com os olhos fixos em mim, ela sorriu. —Bem jogado, Fallon.
Talvez você não seja tão ruim, afinal.
Ah, lar doce lar.

A EXAUSTÃO PESAVA SOBRE MIM, penetrando em meus
ossos quando entrei pela porta e fui direto para minha cama. A
quarto estava vazio, felizmente. Onde quer que Moira estivesse, eu
esperava que ela ficasse lá.
Meu primeiro dia de aula foi um desastre completo. Qualquer
esperança que eu tivesse sobre Ravenscroft ser meu novo começo
foi direto para o inferno. Parecia que meus colegas estavam
determinados a me odiar. Se eles não estavam olhando, eles
estavam sussurrando, e o amplo espaço que todos me deram me fez
pensar se alguém lhes disse que eu tinha algum tipo de doença
transmissível.
Aposto que foi aquele Alfa de Merda, Kingston. Ele
provavelmente disse a todos o quão profundo era seu desdém por
mim. Quem sabia que tipo de mentiras ele estava espalhando?
Eu quase ansiava pela solidão da propriedade Fallon e pelo
que apelidei de minha 'pequena torre de marfim'. Não era nem
torre nem marfim, mas pelo menos ali estaria cercada de coisas
familiares e poderia evitar ver as pessoas que me odiavam. Talvez a
liberdade não fosse tudo o que diziam ser.

Jogando meu braço sobre meus olhos, lutei contra a onda de
lágrimas que ameaçava subir. Eu não choraria no meu primeiro dia
aqui. Eu era mais forte do que isso, caramba. Mas eu não esperava
sentir tanta solidão tão rapidamente.
A cama afundou, me assustando porque eu pensei que estava
aqui sozinha. Abri meus olhos e encontrei Moira, pelo menos, eu
pensei que era ela. Seu cabelo era de um surpreendente tom violeta
agora, cortado rente à cabeça e exibindo seu lindo rosto.
—Cabelo bonito — eu resmunguei.
—Você é patética.
—É sempre assim que você responde a um elogio, ou eu sou
especial? — Eu grunhi em resposta.
—Não é à toa que você não tem amigos.
—Sério? Quem diabos cagou no seu café? O que eu fiz com
você além de sujar a porra do seu dormitório com a minha mera
presença?
Moira suspirou. —Ouça, você não fez nada. Você existe em
nosso espaço, e isso basta. Especialmente porque Kingston Farrell
não disse nada além de coisas terríveis sobre você desde que
soubemos que você se juntaria a nós.
—Eu odeio aquele idiota.

—Parece que o sentimento é mútuo. —Mas — …ela inclinou a
cabeça para o lado … —você não está emitindo a vibração de vadia
do inferno que ele descreve, então eu acho que preciso descobrir
você por mim mesma.
—Ele só está chateado porque eu o rejeitei. Eu realmente não
fiz nada com ele. Inferno, eu nem vi ou falei com ele desde que eu
tinha dezesseis anos. Você acha que o cara vai amadurecer e
superar depois de sete anos, mas aparentemente isso foi só uma
impressão minha.
Suas sobrancelhas, um violeta combinando com seu cabelo, se
ergueram, e ela me agarrou pela mão, me puxando para cima até
que eu estivesse sentada. —Ah, você o humilhou. Eu sabia que
tinha que ter algo assim. Ele foi do zero a super babaca em um
verão. Garota, você criou um monstro. Eu faço uma reverencia.
—O que?
—Qualquer um que pode esmagar um homem o suficiente
para mudá-lo assim é basicamente uma deusa aos meus olhos.
Então, com esse nota — … ela se levantou e apoiou as mãos nos
quadris … —nós deveríamos ser amigas…
Eu ri. —Simples assim?

—Você quer que eu torne isso mais difícil? Não é como se você
tivesse pessoas batendo na porta com outras ofertas. E
sinceramente, você nunca terá uma oferta melhor do que está aqui,
doçura.
Soltando um suspiro, eu olhei para esta pequena mulher
raivosa e assenti. Ela estava certa. Eu precisava de uma amiga, não
de outra inimiga. —Aceito.

Capítulo Quatro
SUNDAY
As bibliotecas eram todas iguais, não importa onde você
estivesse. Humanos ou sobrenaturais, eles cheiravam a poeira e
papel, couro e tinta. Era uma coisa com a qual eu sempre podia
contar. A biblioteca Satori aqui em Ravenscroft não era diferente.
Eu joguei o livro pesado que eu estava estudando na mesa na
minha frente, um baque alto chamando a atenção do meu caminho
da dispersão de alunos para cima e para baixo nas fileiras de
espaços de trabalho. Eu estava passando cada vez mais tempo aqui
durante a noite porque toda vez que eu estava sozinha no terreno,
eu poderia jurar que senti alguém me observando. Eu não estava
pronta para ser pega sozinha em um canto escuro com outra pessoa
que me desprezava.
—Cuidado, trate mal os livros, e alguma alma penada vai
acordar. — Moira puxou a cadeira ao meu lado e caiu no assento,
de alguma forma ainda parecendo tão graciosa quanto uma
primeira bailarina.

Hoje seu cabelo era fogo e especiarias, com raízes vermelho-
cereja escuras gradualmente clareando para amarelo-fogo nas
pontas. O que tinha sido um corte louro elegante e sem corte em
seus ombros ainda ontem agora caía na parte inferior de suas
costas.
—Boa peruca —, eu disse, sem prestar atenção ao aviso dela.
—Não é uma peruca. Isso é tudo eu, doçura.
Ela puxou a ponta de seu cabelo.
—Como? Achei que a magia não era permitida aqui.
Revirando os olhos, ela murmurou —Novata — antes de se
aproximar. —Na aula, talvez. Mas eles não têm nada a dizer sobre o
que eu faço quando a aula acaba. Além disso, quando eu não estou
no terreno da escola, eu quero me sentir bem.
Meus olhos devem ter se arregalado porque ela riu alto o
suficiente para ganhar um olhar severo da bibliotecária sentada na
mesa.
—Eles simplesmente deixaram você sair?
Outra risada escapou dela, está mais calma. —Eles não me
deixam fazer nada. Mas o que eles não sabem não vai machucá-los.
Se eu não conseguisse escapar deste lugar, eu levaria menos de uma
semana para fugir.

—Eles não percebem que você saiu?
Dando de ombros, ela brincou com a ponta flamejante de seu
cabelo. —Desde que a mensalidade seja paga e eu volte com todos
os meus apêndices, eles não se importam.
—Eu vou com você na próxima vez.
Ela me deu um sorriso brilhante. —Claro que você vai. Você é
minha vadia principal agora.
Assentindo, peguei outro livro, este sobre a história da guerra
entre anjos e demônios. Por mais grosso que fosse, devia pesar
quinze quilos. Pelo menos.
—Então, eu sei que ele odeia você e tudo mais, mas você quer
me explicar o que diabos há entre você e Kingston Farrell agora?
Um alarme ricocheteou através de mim, começando no meu
peito e terminando como um buraco frio na minha barriga. —O que
você quer dizer?
—Quero dizer, aquele homem está olhando para você como se
quisesse te matar... logo depois que ele fode você a um centímetro
de sua vida.
Segui seu olhar até a varanda que se estendia pelo segundo
andar. Com certeza, Kingston se inclinou contra a grade de madeira

polida, os olhos brilhando com calor e ameaça enquanto ele me
prendeu com seu olhar.
—Não é nada. Eu disse a você, apenas um rancor estúpido.
—Não. Você não pode ignorar isso. Você tem chá, e eu estou
pronta para te ajudar a derramar por tudo.
Virei meu olhar de volta para onde ele estava, mas ele se foi. A
energia que ele irradiava ficou para trás, porém, zumbindo em
minhas veias.
—Nossas famílias estão em acordo desde antes de eu nascer.
—Claro que sim. Cada pessoa aqui é o tributo designado de
uma das Famílias. Eu não acho que nenhuma delas realmente se dê
bem.
—Sim, bem, Kingston e eu deveríamos juntar as matilhas
Fallon e Farrell.
—Espere. Essa foi a rejeição que você estava falando? Você é a
companheira dele? De jeito nenhum.
Eu estremeci. —Você poderia manter sua voz baixa? Tenho
certeza que nenhuma de nós quer que o mundo inteiro saiba o que
aconteceu.
—Desculpe. Continue.

—Quando fui apresentada a ele no meu aniversário de
dezesseis anos, eu o rejeitei. Ele me odeia desde então.
Ela soltou um assobio baixo. —Aí. Não é à toa. Acha que ele
ainda tem uma queda por você?
—Não. Ele provavelmente está procurando por um canto
escuro onde ele possa me puxar para que ele possa se livrar de
mim.
—Claro, vamos fingir que é por isso. — De pé, ela se
espreguiçou e revirou os ombros. —Eu com certeza gostaria que
alguém me odiasse o suficiente para me olhar assim. Eu o deixaria
me odiar direto da minha roupa e na cama.
—Oh, eu tenho certeza que há alguém lá fora para você fazer
sexo de ódio quente.
—Dos seus lábios aos ouvidos da deusa. — Ela me soprou um
beijo antes de sair andando com seu cabelo de fogo balançando.
Pegando os três livros que eu tinha retirado da seção de
referência, eu os devolvi ao carrinho do bibliotecário e me dirigi
para as prateleiras de mitologia, que estavam escondidas no fundo
da biblioteca. Os olhos da esfinge de vitral que compunha toda a
parede oeste pareciam me seguir a cada passo que eu dava. O
brilho remanescente dos últimos raios do sol poente fez a arte

parecer viva. O cabelo da minha nuca se arrepiou, e eu me virei
bem a tempo de uma mão grande me agarrar pela garganta
enquanto eu era empurrada com força contra a prateleira.
O olhar de Kingston queimou através de mim, estabelecendo-
se profundamente em meu núcleo. —Que porra você está fazendo
aqui, Sunday? Você está me perseguindo?
Um grunhido de advertência cresceu em meu peito, a única
resposta que minha loba me deu. —Acredite em mim, se eu
soubesse que você estaria aqui, eu teria fugido.
—Não cheira assim para mim. — Ele se inclinou e arrastou o
nariz pelo meu colarinho e pelo meu pescoço. Direto ao ponto onde
ele teria me marcado como dele se eu não o tivesse rejeitado.
—Parece que você ainda me quer, embora tenha jogado fora
sua chance.
—Nos seus sonhos.
—Foi. Toda maldita noite, na verdade. Até que eu percebi o
quão defeituosa você era. Eu deveria te agradecer, sabe? Você me
salvou do constrangimento de ser acasalado com uma desculpa
fraca de uma loba.

Meu peito vibrou, a raiva fervendo por dentro pronta para
escapar. O desejo de deixar minha loba sair fez minha pele coçar,
muito apertada, desesperada pela mudança.
—Olhe para você, tão carente — ele sussurrou. —Aposto que
se eu tocasse sua boceta agora, você ficaria molhada e quente para
mim.
–Vá se foder — eu cuspi.
Uma sobrancelha arqueada. —Essa é a ideia, raio de sol. Você
sabe, nós podemos não ser amigos, mas você ainda seria boa para
uma foda dura e rápida. O que você acha? — Sua palma deixou
minha garganta e deslizou entre meus seios antes de viajar mais
longe, estabelecendo-se logo acima da minha boceta. —Você diria
não desta vez?
Antes que eu pudesse responder e lutar com ele, Kingston se
foi, arremessado pelo corredor e contra a parede, derrubando livros
das prateleiras.
—Isso é o bastante de você, lobo. — A voz do homem alto e
largo ressoou pelo espaço, seu sotaque irlandês quase lírico.
—Preciso lembrá-lo de nossa lição anterior sobre contenção?
—Nem todos nós somos tão controlados quanto você,
Sacerdote — Kingston cuspiu. —E nós também não queremos ser.

Esse cara era um padre? Ele era quente pra caralho. Cabelo
escuro e ondulado, cortado rente nas laterais, mas longo o
suficiente para passar os dedos. Os traços ásperos de suas
sobrancelhas definidas falavam de alguém acostumado a impor
respeito. E então havia o queixo. Afiado, forte, sexy. Que
desperdício. Curiosamente, embora Kingston chamasse o irlandês
de padre, sua tez exibia a palidez característica de um vampiro.
—Senhorita Fallon — disse o padre, —Venha comigo. Você
está atrasada para nossa primeira sessão.
—Sessão?
—Sim. Tenho certeza que se você olhar sua agenda para a
semana, você encontrará meu nome lá todas as noites.
—Gallagher?
Sua mandíbula apertou, aborrecimento piscando em seus
olhos. —Americanos, não conseguem pronunciar nada
corretamente.
Eu me arrepiei. —O que é que foi isso?
—Galagher. Ele disse isso, Galla-ela. Se reviravoltas podiam
ser verbalizadas, ele simplesmente acertou em cheio.
—Oh. Nunca ouvi falar assim.

—Claro que não. Vocês, pequenas criaturas privilegiadas,
vivem a vida em suas torres de marfim, nunca se expandindo além
do que você já conhece.
Deus, ele estava mal-humorado. —Ok, padre Gallagher. Eu
disse certo dessa vez?
—Sim. Meu nome é Padre Caleb Gallagher, e eu vou ajudá-la a
encontrar sua loba.

Capítulo Cinco
SUNDAY
—Devagar. Nem todo mundo aqui é um vampiro — eu falei
enquanto o padre Gallagher caminhava pelo corredor escuro.
Suas longas pernas ocupavam o espaço com o dobro do
comprimento das minhas, mas adicione a isso sua velocidade
sobrenatural, e ele estava no meio do corredor enquanto eu seguia
atrás, esquecida.
—Ande mais rápido e não teremos problemas.
Deus, ele era grosseiro. E ele tinha um cheiro divino. Por que
um padre precisava cheirar tão bem?
Saímos do salão principal e descemos uma escada que levava
às entranhas do prédio. O ar mudou para úmido e pesado, o cheiro
de terra e idade enchendo meu nariz. Chegamos a uma porta
marcada com seu nome, simples e despretensioso, condizente com
um homem de pano.
—Entre e ajoelhe-se no altar, Srta. Fallon.
—Com licença? — Ajoelhar? Ele esperava que eu me
ajoelhasse?

—Você me ouviu. Lá dentro, de joelhos. Temos trabalho a
fazer.
—Ouça, você é gostoso e tudo, mas eu não vou ficar de joelhos
por você. Eu mal te conheço.
E ele era gostoso. Deus, como era gostoso. Alto e largo, mas
não volumoso com músculos exagerados. Sua camisa preta discreta
e calças moldadas ao seu corpo apenas o suficiente para que eu
pudesse assistir facilmente o jogo de seus documentos enquanto ele
caminhava na minha frente. Eu nunca entendi o desejo de quicar
em um homem, mas admito, ele me deixou curiosa.
Subitamente envergonhada pela direção que meus
pensamentos tomaram em relação a um homem que se casou com o
Senhor, limpei minha garganta e me forcei a levantar o olhar.
Padre Gallagher estava olhando para mim. Suas narinas se
dilataram com raiva, e seus intensos olhos cor de safira perfuraram
profundamente os meus. —Então? — Ele disse.
Pisquei, tendo perdido completamente o fio da nossa conversa.
Ele deve ter continuado enquanto eu estava perdida em minhas
reflexões. Sobre o que estávamos falando? Oh, certo. Ele queria me
colocar de joelhos. Francamente, em uma situação diferente, eu
poderia ter considerado isso. Toda aquela intensidade ardente

embrulhada em um pacote delicioso e completamente proibido?
Esse é um altar no qual eu poderia adorar.
–Eu só estava me perguntando onde estava seu colarinho — eu
menti, fazendo meus pés retomarem seus passos apressados
enquanto eu me movia para o que eu assumi ser seu escritório, mas
acabou sendo uma pequena capela.
—Só os padres usam colarinho
Meus passos vacilaram novamente. —Mas eu pensei … ele te
chamou de Sacerdote?
—Isso foi há muito tempo atrás.
Fiz um gesto para as velas bruxuleantes e o crucifixo não
insubstancial pendurado na parede. —Então, o que é tudo isso?
Uma escolha de decoração meio estranha para um vampiro, você
não acha?
Sua mandíbula ficou tensa, e eu poderia dizer que o tempo
para perguntas havia passado. Não que eu achasse que realmente
tinha começado.
—Eu lhe dei uma ordem, Srta. Fallon. Obedeça.
—Eu não tenho o hábito de receber ordens de sanguessugas
sugadores de sangue.
Ops. Coisa errada a dizer.

Seus olhos brilharam perigosamente. —E eu não tenho o
hábito de me repetir. — Ele me agarrou pela nuca e me obrigou a ir
para o azulejo frio. —Sobre. Seus. Joelhos.
Meu corpo obedeceu sem questionar, dobrando-se facilmente
sob a pressão de seu aperto de torno. Eu não tenho certeza do que
isso disse sobre mim que eu pressionei minhas coxas um pouco
mais apertadas juntas, seu manuseio áspero e o tom perigoso de sua
voz provocando um pulsar baixo em minha boceta.
Ele me soltou imediatamente, movendo-se para ficar à
esquerda. —Seu problema, senhorita Fallon, é que você é
indisciplinada.
—Você poderia dizer tudo isso depois de apenas alguns
minutos na minha presença, hein?
Seus olhos se apertaram, mas ele não mordeu a isca.
—Vou ensinar-lhe o domínio sobre si mesma. Depois de
aprender a acalmar sua mente e se concentrar, não deve ser
problema para você convocar sua loba.
—Você acha que a meditação é a resposta para os últimos
vinte e três anos da minha vida? Simples assim? — Eu ri, um
estrondo baixo e mordaz que saltou ao redor da sala. —Deixe-me
poupar muito tempo e frustração, pregador. Já tentei. Já fiz isso.

Eu me mexi de joelhos, com a intenção de me levantar, mas ele
estava lá, sua mão no meu ombro, me segurando no lugar.
—Eu nunca disse que seria fácil, Srta. Fallon. Claramente você
não tem a força mental necessária para tal introspecção. Mas, para
sua sorte, sou bem versado em todas as questões de autocontrole e
autodisciplina. Não tenho dúvidas de que perseveraremos com
tempo e estudo intenso. Seu avô pagou generosamente para
garantir isso.
Seus insultos foram entregues tão suavemente que eu quase
poderia confundi-los com uma conversa casual. Especialmente
porque minha mente queria se concentrar na ideia de como seria a
disciplina nas mãos do padre Gallagher. Mas a menção do meu avô
fez com que esses pensamentos se dispersassem.
Lá estava novamente. O lembrete de por que eu estava aqui.
De que fracasso consumado eu era.
Esse cara … esse padre … pensou que poderia ter sucesso
onde literalmente todos os outros falharam? Ok. Deixe-o tentar.
Qual é o pior que poderia acontecer? Eventualmente, ele admitiria a
derrota, e eu estaria de volta onde comecei. Mas, se por algum
milagre ele estivesse certo e houvesse algum pequeno truque que
ele pudesse me ensinar, eu finalmente conseguiria a única coisa que

eu desejava ferozmente desde que eu tinha idade suficiente para
entender o que eram desejos.
Minha loba. Meu direito de nascença.
Eu me mexi desconfortavelmente. Ajoelhar-se não foi a coisa
mais exigente que tive que fazer, mas o azulejo estava inflexível sob
minhas rótulas, e já havia um pouco de dor na base da minha
coluna.
—Um pouco de dor é bom para o corpo. Mantém a mente
afiada.
Eu levantei uma sobrancelha. —Se você acha que eu vou
deixar você começar a me bater…
—Isso não será necessário.
Por que eu tive a sensação de que ele havia omitido a palavra
ainda? E por que meu protesto soou como uma mentira?
—Então, o que eu devo fazer agora?
—Agora você vai fechar os olhos e...
—Rezar? — Eu brinquei. —Desculpe, padre. Eu não acho que
o grandalhão vai ouvir uma pagã como eu.
—Senhorita Fallon, você vai calar a boca e fazer o que eu
mandar. Eu fui claro? Se isso for um desafio para você, não terei
nenhum problema em resolver.

—Como? Você vai me amordaçar, padre? Eu não sabia que os
padres eram tão excêntricos.
—Silêncio! —Ele gritou, seus movimentos tão rápidos que eu
não percebi que ele colocou a mão sobre a minha boca até que o
cheiro delicioso dele flutuou pelo meu nariz.
Se eu achava que o azulejo era implacável, não tinha nada
como o aço da mão do padre Gallagher fundido sobre minha boca.
Eu não poderia abri-la se quisesse. E eu queria. Mas se iria mordê-lo
ou lambê-lo, eu não tinha certeza. Ambas as ideias eram igualmente
tentadoras.
Ele inclinou meu queixo para trás, então eu estava olhando
para ele. A dominância de sua posição, combinada com o poder mal
contido de seu aperto e o porte vulnerável de minha garganta, tinha
inquietação e algo mais correndo em minhas veias. Algo que eu não
estava pronta para examinar muito de perto.
—Você não vai falar até que eu diga. Pisque se você entendeu.
Mais uma vez, eu obedeci, meu corpo programado para seguir
seus comandos quando entregues naquele tom profundo e
ressonante.
—Bom, senhorita Fallon. Agora, quando eu te soltar, você vai
fechar os olhos e esvaziar sua mente. Pensamentos errantes tentarão

distraí-la. Você vai silenciá-los. Você vai abraçar o desconforto do
seu corpo e descartá-lo. Nos próximos noventa minutos, você se
concentrará apenas no som de sua respiração.
Eu queria bufar. Minha mente não era um lugar tranquilo. Eu
não duraria nove minutos, muito menos noventa. Mas ele não me
deixou até que eu pelo menos fingisse tentar. Então eu pisquei.
—É bom ver que você aprende rápido, Srta. Fallon. Isso é um
bom presságio.
Ele me soltou. Eu não tinha certeza se era minha imaginação
quando senti sua mão deslizar pela frente da minha garganta e
hesitar um pouco mais do que o necessário na minha clavícula
antes de retornar à sua posição na minha frente.
—Agora, feche os olhos. . . — ele disse, sua voz ainda
segurando a ponta do comando, mas mais baixo e mais calmo desta
vez, — e respire.
—EU NÃO POSSO — eu sussurrei.
—Você pode e vai.

O suor escorria pela minha nuca, entre minhas omoplatas, e
deslizou por todo o caminho até chegar ao meu sutiã. Ele poderia
dizer? Ele sabia que eu estava prestes a quebrar? Esta era a terceira
noite consecutiva que eu estava de joelhos, meditando.
Algo sobre a presença do padre Gallagher me deixou
consciente de seu foco em mim, mesmo que meus olhos estivessem
fechados. Eu sabia que ele estava assistindo. Julgando.
Respirações vieram em suspiros curtos quando a intensidade
do meu foco me deixou tremendo. Lutei contra a vontade de
soluçar pelo esforço de manter essa posição. A dor subiu dos meus
joelhos, agulhas me esfaqueando mais e mais com cada leve
contração dos meus músculos. Então seu cheiro me dominou
enquanto sua palma descansava no topo da minha cabeça. —
Silencie sua mente, Respire. Você está tensa e lutando contra seus
próprios pensamentos.
Por instinto, eu abri meus olhos e tranquei os olhares com
profundas piscinas azul-safira. Ele estava perto. Tão perto que eu
poderia tê-lo beijado se quisesse. —Como você sabe o que estou
fazendo? Você não está aqui comigo.
Um estrondo rolou pela sala, vindo de sua garganta, mas ele
não desviou o olhar. —Segure o meu olhar e me deixe entrar.

—Não.
—Você vai fazer o que eu digo, Srta. Fallon. Se você sabe o que
é bom para você.
—Talvez eu não saiba.
—Você é imprudente. Uma criança petulante, exatamente
como seu avô disse que você seria.
A raiva explodiu através de mim, uma bola de fogo escapando
das profundezas do meu peito. —Porra, certo. Petulante. Um
desapontamento. Um desperdício de espaço. Você escolhe o nome
que quiser dar, ele já laçou isso pra mim.
Meu olhar desviou do dele porque eu não podia aguentar mais
um segundo sendo prisioneira de seu foco. Mas ele agarrou meu
rosto com as duas palmas grandes e forçou minha atenção de volta
para ele.
—Solte-me, padre.
—Caleb — ela disse, sua voz áspera. Aquelas sobrancelhas
escuras estavam franzidas, juntas em uma expressão de dor
enquanto confusão e conflito lutavam pelo controle de seu rosto. —
Me chame de Caleb quando minhas mãos estiverem em você.
Engoli em seco, sem saber exatamente o que estava
acontecendo aqui. —Caleb. Me deixe ir.

Ele o fez, suas mãos caindo como se eu o tivesse queimado. —
Agora. Feche os olhos e segure toda essa raiva. Aproveite. Abra-se.
Eu fiz. Eu respirei longa e lentamente, e mesmo que ele não
estivesse me tocando mais, minha pele queimava de onde seus
dedos pressionaram minhas bochechas. Em todo o tempo que
estivemos trabalhando nisso, ele resistiu a me tocar, exceto pela
primeira vez quando ele me forçou no chão e colocou a mão sobre
minha boca. Até hoje à noite. A escuridão que me recebeu quando
meus olhos estavam fechados desapareceu e gradualmente
iluminou para um azul suave antes de desaparecer ainda mais até
se tornar um branco brilhante. Eu suspirei.
—O que você está fazendo comigo, Caleb?
Ele teve que limpar a garganta antes de responder. —Não sou
eu, Srta. Fallon. É você.
—Você pode ver isso?
—Não.
A luz atrás dos meus olhos brilhou tão forte que tive medo de
ficar cega se não desviasse o olhar, mas não consegui. Não havia
como escapar do que estava em minha própria mente. Eu
choraminguei e caí para frente, Caleb me pegando antes que eu
batesse no chão de pedra dura.

Descansando minha testa em seu peito, eu me forcei a
controlar minha respiração e parar os tremores que atormentavam
meu corpo antes de finalmente recuar. —O que você fez comigo?
—Você está se abrindo para a sua loba. — Ele enrijeceu e ficou
de pé mais rápido do que eu podia rastrear. Estendi a mão para ele,
mas ele atravessou a sala como névoa antes que eu pudesse
diminuir a distância entre nós.
—O que?
—Você . . . seus joelhos estão sangrando.
—Isso é o que acontece quando você força uma garota a passar
noventa minutos de joelhos enquanto usa uma saia três noites
seguidas.
Ele apertou a mandíbula e forçou seu olhar para longe do
sangue. E então eu entendi. —Oh. Você quer me provar. É isso
mesmo, padre?
Ele estava murmurando algo baixinho, olhos fechados, uma
linha profunda entre as sobrancelhas, forjada em concentração.
Então ele parou e virou seu foco de volta para mim. —Isso é tudo
por esta noite, Srta. Fallon. Amanhã à noite retomaremos.
—Mas…
—É o bastante! Deixe-me.

Seu grito me assustou. Todo esse tempo, mesmo quando ele
estava com raiva de mim, ele manteve seu tom medido e suave.
Este era um homem no limite.
—Sabe, você pode ser gostoso, mas eu não sou muito fã de ser
abusada e tratada como merda, então acho que terminei com essas
sessões, padre. Tenha uma boa eternidade. Vejo você nunca mais.
Eu passei por ele, alcançando a porta, mas seus dedos
envolveram meu pulso e me puxaram para perto. —Você vai me
ver quando eu disser. Você quer se livrar de mim? Faça o trabalho.
Encontre a sua loba. Então eu vou libertá-la de minhas atenções.
Revirei os olhos e quebrei o domínio que ele tinha sobre mim,
embora eu soubesse que com sua força ele poderia ter quebrado
todos os ossos do meu pulso com um aperto, se ele quisesse. —O
que você vai fazer se eu não aparecer? Me espancar, papai?
Nenhuma reação. O homem era uma estátua esculpida em
pedra. Exceto por aquela leve contração nos dedos da mão
esquerda. Pouco perceptível, mas lá. Abri a porta e saí, mas não
antes que ele sussurrasse. —Não me tente.

NAQUELA NOITE eu caí na minha cama em uma pilha
exausta, meu cobertor macio e travesseiros embalando meu corpo
dolorido como a nuvem mais suave. Eu vagamente ouvi Moira
dizendo adeus enquanto ela escapou para se encontrar com uma
bruxa chamada Casey.
—Não se esqueça de usar proteção, — eu falei sem
entusiasmo.
A risada de Moira a perseguiu para fora da porta enquanto
meus olhos perdiam a batalha para permanecerem abertos.
Normalmente, eu precisava correr pelo menos alguns
quilômetros para me desgastar o suficiente para tentar dormir.
Minha mente estava sempre muito ativa à noite, meu corpo
inquieto. Não essa noite. Mas minha exaustão não era devido a
correr meus membros com tanta força que eles queimavam. Este era
todo o meu ser. Minha alma. Caleb e o que ele me ajudou a
desbloquear. Sempre que eu mencionava minha insônia para meu
avô, ele apenas culpava a ausência da minha loba. Eu nunca pensei
que ele estava certo até agora.
Como se acionado pelo lembrete, sua voz rouca reverberou em
minha mente: —Encontre-a, Sunday, e você dormirá como um
filhotinho.

Legal, vovô. Obrigado por esse bate-papo emocionante e
inspirador. Eu nunca disse essa parte em voz alta, é claro. Isso me
renderia um mundo de mágoa e humilhação. E eu já tinha mais do
que suficiente para seguir em frente. Mas falando sério, todo
mundo simplesmente assumiu que eu não estava tentando?
Que shifter em sã consciência quer ser o único membro da
matilha que não consegue fazer o que nasceu para fazer? Fiquei
sozinha quando o resto deles saiu para correr sob a lua cheia. Fui
obrigada a sentar sozinha e ficar na periferia porque os outros
achavam que meu defeito poderia ser contagioso. Eu era aquela
cuja mãe nem a amava o suficiente para mantê-la em primeiro
lugar.
Sim, não ter minha loba era fodidamente ótimo. Uma
verdadeira dádiva.
Aqui está ela, todo mundo. Sunday sem Loba Fallon. Dê uma
boa olhada na aberração. Tenha pena dela. Pode zombar dela.
Odeie-a por algo completamente fora de seu controle.
Eu choraminguei na cama, as velhas dores e provocações
familiares mais perto da superfície do que estiveram em anos. Era
como se o que tivesse acontecido enquanto eu estava de volta
naquela capela tivesse abalado a fortaleza que eu tentava manter

em torno daquela parte de mim. A garotinha triste que não
entendia o que tinha feito de tão errado para fazer sua mãe ir
embora e mandar seu pai embora.
A voz do meu avô continuou a ecoar em minha mente, mesmo
enquanto eu tentava afastá-la. —Encontre-a, Sunday Encontre-a.
A transição entre a vigília e o sonho foi perfeita. Meus
pensamentos borraram e se fundiram, a sensação da cama
desaparecendo até que eu simplesmente flutuei em um mar de
consciência. Foi-se a dor do meu corpo. A dor em meu coração.
Tudo ficou de repente, felizmente quieto.
Até que não era.
A princípio, não registrei as agitações. Os pequenos estrondos
pareciam trovões, ou talvez um bando de cavalos selvagens
galopando à distância. Mas então eles se aproximaram até serem
impossíveis de ignorar. Eles me puxaram. Exigiu minha atenção.
Obrigou-me a ouvir.
Minha consciência se estreitou, concentrando-se no som até
que não estava mais retumbando, mas uma voz roçando a barreira
da minha mente. Ele desenhou em minha pele como seda crua.
Incomodante e maravilhoso ao mesmo tempo.
—Aí está você.

—Lo-loba? — Imaginei.
—Não, minha filha.
—Mamãe? — A impossibilidade disso deveria ter me
arrancado direto do sonho, mas havia uma verdade, um peso nas
palavras que nunca se igualaram. Mais do que isso, havia uma
familiaridade naquele tom quente e rouco que me chamava em um
nível fundamental. Eu nunca tinha ouvido a voz antes, mas parte
de mim a reconheceu.
—Eu tentei alcançá-la, mas os escudos ao seu redor eram
muito fortes até agora.
—Que escudos?
—Oh, minha filha, há tantas coisas que desejo lhe dizer. Mas
não tenho muito tempo. Saiba que eu tentei te proteger. Para
colocá-la sob os cuidados daqueles que poderiam mantê-la segura.
Mas eles encontraram você. Eles estão vindo para você. Você
precisa desbloquear seu poder, é a única maneira de você
sobreviver. Abrace o que faz você se sentir forte. Entregue-se a isso.
Não deixe que lhe neguem seu direito de primogenitura. Não deixe
que eles a enfraqueçam.
—O que você está falando?

—Eles odeiam você, filha, pelo que você é. Eles vão matá-la se
for dada a chance. Não os deixe fazer isso. Não lute contra a atração
de quem você nasceu para ser.
—Quem? Quem quer me matar?
—Eu preciso ir.
—Não. Não vá. Espere. Eu tenho muitas perguntas.
Os estrondos retornaram, desta vez os rugidos surdos
desaparecendo até que eu estava mais uma vez flutuando naquele
mar de consciência. À deriva. Existindo.
Desaparecendo até que eu não era nada.

Capítulo Seis
Thorne
—Puta merda, — eu murmurei enquanto o aroma de dar água
na boca de Sunday Fallon encheu meu nariz e me dominou mais
uma vez.
Noite após noite ela tinha ido para uma corrida, e noite após
noite eu me mantive para mim mesmo, perseguindo-a das sombras,
certificando-me de que ela não me visse. Evitar seu aviso durante o
dia não foi tão fácil, mas eu consegui. Ela não precisava ter nenhum
motivo para estar em minha órbita. Não se ela quisesse continuar
respirando. Não com a forma como o sangue dela me chamou para
casa.
Mas está noite foi diferente. Sunday não estava fora para uma
corrida à meia-noite. Eu assisti e esperei como todas as noites. Ela
não tinha saído de seu quarto. Como eu tinha perdido isso?
Meu coração deu uma guinada quando eu contornei a esquina
da trilha na floresta e a encontrei em nada além de uma camisola
fina, seu corpo amassado no chão.
Não.

A raiva ferveu dentro de mim.
Não. Isso não poderia ter acontecido. Alguém chegou até ela
antes de mim. Alguém estragou tudo. Corri para ela, desesperado
para sentir o cheiro da criatura que a machucou, que eu mataria
assim que pudesse rastreá-lo. Exceto que ela não estava morta ou
ferida. Ela estava enrolada e dormindo profundamente, seu cabelo
escuro espalhado pelo caminho.
—Que porra você está fazendo aqui? — Sussurrei a pergunta
mesmo quando me ajoelhei ao lado dela, dedos coçando para tocar
a pele que eu sabia que encontraria quente e macia.
Ela gemeu, e seus lábios se curvaram em uma carranca. —Não.
Não vá. Espere. Eu tenho muitas perguntas.
Com o estômago torcendo, eu quase respondi a ela antes de
me atingir. Ela estava sonhando. Ela era uma sonâmbula. Alguém
ia ter que trancar a porta à noite para evitar que nossa princesinha
loba vagasse.
—Você pode ser mais problemas do que vale a pena — eu
resmunguei.
Eu não podia deixá-la aqui, vulnerável, sozinha, com pouca
roupa. Ninguém mais poderia vê-la assim, não se eu tivesse algo a
dizer sobre isso. Eu a peguei em meus braços e tive que lutar contra

o gemido que se formou em meu peito ao sentir sua pele contra a
minha. Meu pau latejou e as presas desceram, prontas para tomá-la
como sempre foram, todas as noites. Mas desta vez? Desta vez ela
estava ao alcance.
—O que você está fazendo? — Ela perguntou, suas pálpebras
se abrindo enquanto eu me dirigia para Blackthorne Hall.
—Shh, pombinha, vou te levar para casa. Deixar você segura.
Seu aceno sonolento foi a única resposta que recebi, mas foi
toda a afirmação que eu precisava. Eu a tive. Ela estava em meus
braços e à minha disposição. O elevador abriu no momento em que
pressionei meu polegar no scanner. Havia vantagens definitivas em
ser a realeza vampira, o chefe de privacidade entre eles. Eu deveria
tê-la levado de volta para seu quarto, onde eu tinha certeza de que
sua colega de apartamento estaria dormindo, sem saber da
aventura noturna de Sunday pela floresta. Em vez disso, eu a levei
direto para o meu, nem mesmo me preocupando em fingir que ia
parar em seu andar. Eu a tinha agora. Ela não podia fugir. Eu a
estava caçando nas últimas duas semanas, e eu fui tão forte.
Abri a porta com um chute, atravessei a sala de estar da minha
suíte e fui direto para o meu quarto. Eu precisava vê-la
esparramada na minha cama, sentir o cheiro dela por todos os meus

lençóis, então quando eu tiver que deixá-la ir, eu posso lembrar que
ela estava aqui. Seu gemido suave quando eu a coloquei no colchão
foi direto para o meu pau novamente, e eu tive que me forçar a não
pressionar meus lábios em sua garganta, morder e beber
profundamente. Deus, mas eu queria marcar sua pele para que
todos soubessem onde ela pertencia. E a quem ela pertencia.
Eu mostrei minhas presas em um rosnado silencioso,
enlouquecido pelo lembrete de que outros já estavam farejando,
cobiçando o que era meu. Eu havia notado cada um dos ofensores,
já planejando retribuir dez vezes cada transgressão. Kingston era o
pior entre eles, seu olhar selvagem muito focado nela sempre que
ela entrava na sala. Sua atenção era inabalável, sua intenção clara.
Ele a queria, minha princesa loba. Mas ele nunca a teria.
Era uma lição que ele precisava aprender, e logo. Mas não esta
noite. Esta noite, Sunday estava aqui. Na minha cama. E não havia
nada que alguém pudesse fazer sobre isso.

Capítulo Sete
SUNDAY
O som do canto dos pássaros me acordou. Eu abri meus olhos
com um gemido. —Moira, você esqueceu de fechar a janela.
Enquanto eu observava meus arredores, minhas palavras
pararam de repente, e eu me arrastei para uma posição ereta.
Este não era o meu quarto. E essa definitivamente não era
minha cama. Era muito grande e muito confortável.
Móveis elegantes e modernos preenchiam o espaço. Uma
espreguiçadeira cinza-estanho estava embaixo da janela, enquanto
as paredes de ambos os lados eram feitas inteiramente de estantes
cheias de livros encadernados em couro.
Eu levantei a mão para minha cabeça dolorida, sentindo como
se tivesse consumido uma caixa inteira de aguardente do meu avô,
mas a última coisa que eu lembrava era desmaiar na cama depois
de voltar da minha sessão com Caleb. Então o que diabos
aconteceu? Como eu vim parar aqui? Eu gemi, tentando juntar as
peças da noite anterior quando o sonho voltou para mim.

—Desbloqueie seu poder. . . Abrace o que faz você se sentir
forte. . . Eles estão vindo para você... Eles vão matá-la se tiverem a
chance.
Minha mente se contorceu enquanto tentava entender as
advertências enigmáticas de minha mãe, mas então um pensamento
repentino e muito mais aterrorizante me agarrou.
E se 'eles' já me encontraram? E se eles ainda estivessem aqui?
Deixei escapar um suspiro suave, meu olhar imediatamente
caiu e o alívio me atravessou quando vi que ainda estava vestindo a
camisola que vesti na noite anterior, e não parecia ter nenhum
ferimento ou ligadura recente. Nada que indicasse que eu tinha
sido prejudicada de alguma forma ou que estava sendo mantida
contra a minha vontade. Então prendi a respiração, desejando não
dar um pio enquanto ouvia com atenção o som de alguém se
movendo. Depois de vários batimentos cardíacos acelerados,
finalmente relaxei, respirando normalmente e permitindo que um
pouco da tensão em meus ombros se dissipasse. Eu estava sozinha,
mas quem sabe por quanto tempo.
OK. Podemos trabalhar com isso. Talvez as coisas não sejam
tão fodidas quanto parecem. E daí se você acordou na cama de um

estranho? Essas coisas acontecem, certo? É tão comum que eles o
nomearam. Então só mexa o seu rabo para fora daqui.
A conversa estimulante terminou, eu chutei minhas pernas
sobre a beirada da cama king-size, com a intenção de fazer
exatamente isso. Um dos lençóis pretos e sedosos estava enrolado
na minha coxa, e eu tive que me desembaraçar antes de estar livre.
O ato trouxe um frescor de bergamota ao meu nariz. Citrus se
misturou com especiarias e trouxe à tona uma imagem de olhos
quentes e âmbar.
Em vez de me assustar, a lembrança deles me acalmou. Me fez
sentir segura, protegida até. Mas isso era um absurdo, certo?
Porque eu definitivamente tinha adormecido na minha própria
cama na noite passada e não conseguia me lembrar de nada entre
àquela hora e agora. O que significava que acabei nesta cama sem o
meu consentimento e quem me trouxe aqui era a coisa mais distante
de um protetor.
Certo. Hora de ir.
Eu me arrastei em direção à porta, o coração acelerado na
garganta enquanto eu meio que esperava que ela se abrisse antes de
alcançá-la. Ou pior, encontrá-lo barrado do lado de fora. Mas não,
estava livre. Eu poderia ter chorado, tão grande foi o meu alívio

quando abri a porta sem problemas, avistando um elevador a
poucos metros de distância. Corri em direção a ela, meu dedo
apertando o botão várias vezes enquanto olhava ao redor da
pequena área de espera.
Estava decorado no mesmo estilo do resto do Blackthorne
Hall, respondendo pelo menos a uma de minhas muitas perguntas.
Eu ainda estava no campus. Ainda no meu dormitório. Apenas em
um andar diferente, parecia.
—Vamos, vamos — eu insisti, batendo meu dedo no botão
novamente, apenas para parar e olhar mais de perto. Não era um
botão no sentido usual. Era algum tipo de scanner. Provavelmente
codificado para quem vive aqui.
Porra.
Eu me virei, procurando algum outro meio de fuga. Mas não
havia um. As únicas duas portas neste andar eram a que me levaria
de volta para o quarto e as que levavam ao elevador que eu não
conseguia acessar.
Porra!
Assim que meu pânico realmente começou a aumentar, houve
uma campainha eletrônica suave e as portas do elevador se

abriram. Meu coração bateu no meu peito quando eles revelaram o
homem dentro.
Alto, pálido, perigoso, com cabelo preto espesso e ondulado e
olhos desarmantes da cor de âmbar derretido. Ele me tirou o fôlego
daquele jeito esse-cara-é-problema-guarda-sua-virtude. Eu não
conseguia tirar meu olhar dele, precisando inspecioná-lo e ter
certeza de que ele era real.
Lábios carnudos? Confere.
Olhar penetrante? Confere.
Mandíbula esculpida? Confere.
Vampiro, capaz de me matar com o movimento de seu pulso?
Confere.
Ele saiu, sem fazer nenhum movimento para andar ao meu
redor, apenas enchendo meu espaço pessoal até que eu fui forçada
a recuar.
—Onde você pensa que está indo? — Sua voz era suave e
arrepiante, como se ele estivesse sussurrando palavras sujas no meu
ouvido quando tudo o que ele fez foi fazer uma pergunta. Culpei o
sotaque britânico.
—Uma pergunta melhor, idiota, quem diabos é você?

—Noah. — Ele estendeu um dedo indicador para apontar para
a porta que eu tinha deixado aberta na minha fuga apressada. — O
homem em cuja cama você dormiu.
—Ah, isso é fofo. Porque eu estava na minha cama quando fui
dormir ontem à noite. O que faz de você um sequestrador psicopata
assustador. Agora, se você me der licença, vou denunciá-lo e depois
tomar banho por cerca de dez anos para tirar o cheiro de você de
mim.
—Por que não voltamos para dentro.
—Absolutamente não. Se você não me deixar entrar naquele
elevador agora, eu vou gritar.
Ele pareceu ler algo em meu rosto porque deu alguns passos
para trás no elevador e gesticulou para que eu me juntasse a ele.
Eu estreitei meus olhos desconfiada, não confiando nele, e
ainda incapaz de negar que ele não parecia estar fazendo nenhum
avanço ameaçador. O conhecimento me deu coragem quando entrei
e apertei o botão marcado com '3'.
—Então, Noah, você tem o hábito de sequestrar mulheres de
suas camas?
—Não. — Ele disse isso de forma tão simples, e apenas essa
palavra me irritou o inferno fora de mim.

—Ah, entendi. Eu fui sua primeira. Parece que você não é um
serial killer muito bom então. Você provavelmente deveria desistir.
Seus lábios se curvaram em um leve sorriso. —Você não
estava.
—Não estava o quê?
—Na sua cama. Encontrei você na floresta e trouxe você de
volta aqui, já que não sabia onde você pertencia.
Suas palavras fizeram meu estômago apertar dolorosamente.
A floresta? O que diabos aconteceu ontem à noite?
—E eu só devo acreditar que você mergulhou como uma
espécie de cavaleiro galante e não colocou um dedo em mim? Okay,
certo. Eu estava na sua cama.
Seus olhos brilharam, e ele deu dois passos à frente, fechando
o espaço entre nós e me apertando até que eu não tive escolha a não
ser me pressionar contra o canto do elevador. Este era o elevador
mais lento do mundo? Eu precisava de espaço, para as portas se
abrirem, para pegar alguma coisa. Se ao menos eu pudesse respirar
e parar de brincar com meu sequestrador.
Nenhuma parte de nós estava se tocando, mas eu podia senti-
lo em todos os lugares, meu corpo traidor respondendo à sua

atração magnética. O ar entre nós estalou com energia quando ele
abaixou a cabeça até que seus lábios pairaram logo acima dos meus.
—Confie em mim, pombinha. Se eu tivesse tocado em você
ontem à noite, você não apenas se lembraria, como estaria me
implorando por mais.
Minha boca ficou seca, e levei um segundo para me recuperar
das imagens inegavelmente sensuais que ele convocou em minha
mente. Eu consegui empurrar as imagens para longe, cruzando
meus braços para forçar algum espaço entre nós… mesmo que o
movimento só nos trouxesse em contato direto enquanto meu braço
roçava seu peito.
—Eu deveria acreditar na sua palavra, não é?
— Posso provar se você quiser.
Minha respiração ficou presa quando ele estendeu a mão e
deslizou os nós dos dedos pela minha bochecha e depois mais
longe, ao longo do lado da minha garganta. Eu finalmente derrubei
sua mão quando ela desceu para minha clavícula… embora eu
tivesse a sensação de que a única razão pela qual sua mão
realmente parou sua perseguição foi porque ele me permitiu pará-
la.
—Eu passo, obrigada.

Ele deu de ombros e deu um passo para trás. —Como quiser.
Então, como não pude evitar, perguntei: —Então você foi um
perfeito cavalheiro?
Ele me lançou um sorriso arrogante. —Eu nunca disse isso.
A campainha do elevador chegando ao meu andar me salvou
antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa. Quando as portas se
abriram, lancei lhe um último olhar fugaz por cima do ombro.
—Bem, obrigada por vir em meu socorro, eu acho, Noah.
Seus olhos brilharam novamente, o lado de sua boca se
erguendo em um sorriso lento e sexy. —O prazer foi meu, Sunday.

Capítulo Oito
SUNDAY
Os raios do sol entravam pela janela no final do corredor,
banhando-me em luz e lançando meu andar de vergonha em total
alívio enquanto eu me esgueirava pelo corredor e alcançava a porta
do meu quarto.
—Oh, meu Deus, aí está você. Estávamos te procurando por
toda parte. — A voz de Moira me pegou desprevenida quando
meus dedos tocaram a maçaneta.
Minha cabeça virou para a direita, onde olhei para o corredor.
Ela se levantou, seu cabelo assimétrico verde ácido quase brilhando
na luz que se derramava pela janela. Um deus gigantesco de um
homem estava ao lado dela. Seus olhos eram emoldurados por
cílios cheios e escuros, as íris azuis, vibrantes e penetrantes mesmo
à distância. Sua pele estava bronzeada pelas horas passadas ao sol,
e seu cabelo loiro sujo estava preso em um coque, com uma barba
espessa e cheia revestindo sua mandíbula esculpida. Ele parecia
pecado e sexo e todas as fantasias que eu já tive sobre ser resgatada
por um belo guerreiro.

—EU . . . tive um pesadelo. Fui dar uma caminhada.
Abri a porta e entrei no meu quarto, onde encontrei nosso
pequeno espaço saqueado. As roupas estavam espalhadas, gavetas
abertas, papéis por toda parte. —O que diabos aconteceu aqui?
Você realmente é uma pateta.
Moira balançou a cabeça, as mãos nos quadris enquanto me
seguia para dentro. —Eu não fiz isso. Você realmente acha que eu
trataria um Chanel vintage assim?
Eu a encarei, o argumento em meus lábios antes que ela
terminasse.
Ela teve a graça de parecer envergonhada. —Exceto por aquele
primeiro dia. Isso não conta.
—E quem é você? — Eu empurrei meu queixo em direção ao
homem viking encostado na porta aberta.
Sorrindo de um jeito que fez seus olhos azul-gelo brilharem,
ele disse. —Alek Nordson. E você é a famosa Sunday Fallon. Você
tem agitado toda a universidade, sabia?
Seu sotaque era difícil de identificar. Parecia britânico, mas
com palavras ocasionalmente cortadas que me lembravam da vez
em que uma matilha de shifters norueguês veio à casa do meu avô
para uma visita.

—Nordson? Escandinavo?
Aquele sorriso se alargou. —Novasgardiana.
Interessante. Muito interessante. Eu tinha ouvido falar deles.
Os deuses nórdicos vieram de Novasgard, mas não partiram. Eles
mantiveram para si mesmos na maior parte. Se Alek estava aqui,
fazendo contatos, aprendendo a ser embaixador, isso significava
que as coisas estavam mudando. O pensamento de deuses nórdicos
se juntando ao nosso mundo, assumindo um papel mais ativo, me
deixou nervosa. Já havia muito pau sobrenatural balançando entre
os vampiros, shifters, bruxas e fae. Não precisávamos adicionar
deuses à mistura.
—Não me diga que você é o Deus do Trovão.
O riso retumbou do fundo de seu peito, fazendo-me sentir
uma tola imediatamente. —Não trovão, não.
—Espere, você é um deus de alguma coisa?
—Suponho que você terá que descobrir isso por conta própria,
não é, Sunny?
Moira jogou um sapato nele, errando por cerca de um
quilômetro e meio. —Deixe-a em paz, Alek. — Ela voltou seu olhar
para mim. —Estou feliz que você não foi sequestrada. Quando

chegamos no nosso quarto e vimos que o lugar foi saqueado, eu
pirei .
—Ah, você está preocupada? Você se importa, afinal, — eu
provoquei.
Ela fingiu não ser afetada, mas não conseguiu esconder seu
sorriso. —Dá azar ser aquela com a colega de quarto assassinada.
Eu estendi minhas mãos. —Não fui assassinada.
—Então, onde você estava?
—No covil de um vampiro assustador.
As sobrancelhas de Alek se ergueram. —Por escolha?
—Aparentemente, ele me encontrou inconsciente na floresta.
— Minha voz estava baixa enquanto eu lutava contra a mortificação
de admitir que estava dormindo na floresta … e não de propósito.
—Oh, você não pode estar falando sério. Sonambulismo não
foi uma das categorias que verifiquei ao selecionar minha colega de
quarto. — Moira se jogou em sua cama coberta de roupas.
—Bem, espertinha não foi um dos que eu verifiquei, então
parece que estamos quites — eu atirei de volta.
—Vocês duas querem que eu as deixe sozinhas para lutar, ou...
— Alek ofereceu.

—Espere — eu disse. — Achei que você gostasse de garotas.
Travei meu olhar em Moira.
Moira assentiu. —Eu gosto.
—Mas você saiu com esse cara a noite toda?
—Sou uma companheira de oportunidades iguais. Você deu
uma boa olhada nele?
Alek cruzou os braços sobre o peito largo e riu quando deixei
meu olhar vagar sobre sua forma. Ele era bonito como o inferno.
Eles cresceram fortes e bonitos em Novasgard.
Moira riu. —Nós não estamos juntos. Alek e eu estamos
treinando. Combate corpo a corpo tarde da noite. Ele é um
guerreiro. Já estou falhando com armas e defesa, e estamos apenas
no primeiro mês do ano letivo.
—A luta vem naturalmente. Está no meu sangue, — Alek
ofereceu, então ele empurrou o batente da porta e caminhou mais
perto de onde eu estava. —Eu poderia ajudá-la, se você precisar.
Engoli em seco e tive que trabalhar para manter minha
frequência cardíaca uniforme. —Estou bem. Obrigada.
—Deixe-me saber se você mudar de ideia. Estou disponível.
—Alek, pare de flertar. Ela é muito doce para você. Ela não
saberia o que fazer com você.

Isso mexeu um pouco com as minhas costas. —Eu não sou tão
doce.
—Eu gostaria de ter a chance de descobrir o quão doce você é
—disse ele.
—Não crie esperanças. Ela já foi reivindicada por Kingston.
Meu peito apertou. —Não, eu não fui. Ninguém fez ou fará
qualquer reivindicação. Não estou aqui para isso.
—Vamos ver —, Alek murmurou antes de ir para a porta. —
Vejo você por aí, Sunny. Estou certo disso.
Moira balançou a cabeça e jogou um braço sobre os olhos. —
Saia daqui, viking. Alguns de nós precisam dormir antes de ir para
a aula.
Alek lambeu os lábios antes de inclinar a cabeça para mim. —
Não seja tímida, pequena lutadora. Se você precisa de um
verdadeiro desafio, sabe onde me encontrar.
Eu não pude evitar. Eu o observei sair, e meu estúpido coração
acelerou quando ele piscou … ele piscou pra caralho … enquanto
fechava a porta atrás dele.
Moira bufou.
—O que?

—Aparentemente, seu milk-shake traz todos os meninos
sobrenaturais para o quintal, Sunday. Mas qual fica com a cereja?
—Nenhum deles. — Mesmo enquanto eu dizia isso,
pensamentos de quatro homens muito diferentes passaram pela
minha mente. Cada imagem mais escandalosa e tentadora que a
anterior. Eu sabia que Moira notou o pequeno arrepio que meu
vislumbre mental causou porque ela bufou novamente.
—Continue dizendo isso a si mesma, Fallon.
PASSAR o dia tinha sido um tipo especial de inferno. Entre
meus joelhos machucados e dores nas costas das minhas sessões
com o padre Gallagher e a dor de cabeça de baixo grau que
persistiu desde que acordei na cama de Noah, eu estava tão cansada
dessa coisa de ser consciente. Eu só queria dormir. O que era
exatamente o que eu estava planejando fazer … assim que eu
terminasse de colocar em dia algumas das leituras que Caleb tinha
me atribuído para a nossa próxima sessão. Eu não tinha nenhum
desejo de acabar em sua lista de merda.

Por mais curiosa que eu estivesse sobre o que representava a
ideia de disciplina do bom padre, outra parte de mim tinha certeza
de que eu não queria descobrir. Não quando seus métodos de
ensino já me deixaram ensanguentada e maltratada.
Eu gemi enquanto folheava o livro, internamente chorando
por quantas páginas deste capítulo restavam.
—É isso — Moira declarou. —Nós vamos sair. Uma das fadas
do meu grupo de estudo está tocando hoje à noite, e esses caras
sabem como dar uma festa.
O livro na minha frente fechou com um estalo alto, e eu pulei,
quase caindo da cadeira de surpresa. —Merda, Moira. Como você
fez isso?
—Ah, querida. Chama-se magia.
Revirei os olhos —Sim, isso eu sei. Mas como? Eu pensei que
este lugar estava protegido ou enfeitiçado ou o que quer que seja.
Assim, shifters mal-humorados não podem simplesmente se
divertir no meio da aula quando um vampiro olha para eles de
lado, e para evitar que uma bruxa irritada ateie fogo no dormitório
de seu ex traidor.
—Primeiro, isso é estranhamente específico, e existem
maneiras não mágicas de iniciar um incêndio se a dita bruxa estiver

tão inclinada. Segundo, eu já disse isso, mas você claramente não
estava ouvindo. Apenas as salas de aula são protegidas. E terceiro,
você não está me dando crédito suficiente. Eu sou uma Belladonna,
lembra?
Minhas bochechas queimaram por ser castigada por ela.
Moira revirou os olhos. —Você está se concentrando nas coisas
erradas aqui, Sunday. Como sua colega de quarto, você se beneficia
da minha grandiosidade. Você deveria tirar vantagem disso, não
fazer perguntas estúpidas. Vamos, levante sua bunda.
—Moira, — eu lamentei sem entusiasmo. Eu já tinha
aprendido que era impossível tirá-la de seu caminho uma vez que
ela decidisse alguma coisa. —Não estou com disposição para
grandes multidões e música alta. Estou com dor de cabeça.
—Para que serve o álcool? Confie em mim. Você precisa disso.
Inferno, eu preciso disso apenas estando perto de você. Agora
levante-se e comece a se despir. Aqui, — ela enfiou a mão no
armário e jogou algo em mim. —Coloque isto.
Segurei o pedaço de tecido que presumi ser um vestido entre o
polegar e o indicador. —Ah, Moira. Minha bunda nunca vai caber
nisso.

Ela era pequena e esbelta com o corpo de uma bailarina. Eu
era. . . não. Com o qual eu estava mais do que bem, na verdade. Eu
amava minhas curvas, mas como ela achava que poderíamos
compartilhar roupas estava além de mim.
—Você pararia com sua putaria e simplesmente colocaria isso?
Eu sei o que estou fazendo.
Dei-lhe outro olhar duvidoso, mas parei com um gemido.
—Essa é a minha garota!
Enquanto ela começava a procurar o que ela ia vestir, tirei
minha camiseta e tirei meu jeans. Eu tinha acabado de começar a
puxar o vestido vermelho sobre minha cabeça quando ouvi o
suspiro de Moira.
—Merda, Sunday. O que diabos você fez com seus joelhos?
Com as mãos ainda desajeitadamente levantadas acima da
minha cabeça, olhei para baixo, provavelmente parecendo algum
tipo de espantalho demente enquanto verificava a que ela estava se
referindo. Os hematomas roxos e pretos em meus joelhos me
fizeram estremecer. Parecia ainda pior do que parecia, o que dizia
muito.
—Devo ter caído quando estava sonâmbula.

Não sei por que menti. Eu só não queria contar das minhas
sessões de joelhos com Caleb. Elas eram particulares de alguma
forma. Como o que aconteceu naquela sala quando ele me ajudou a
acessar minha loba estava apenas entre nós. O que era estúpido. Ele
era meu professor, e eu tinha certeza de que ele teve sessões
semelhantes com outros alunos, mas lá estava.
—Eu pensei que shifters deveriam ter super cura.
Puxei o vestido para baixo, grunhindo um pouco quando o
puxei sobre meus quadris. —Você tem que ser capaz de mudar para
ser uma shifter, lembra?
—Oh. Certo. Eu não sabia que você não tinha acesso a
nenhuma das coisas boas sem a sua loba.
—A loba é uma coisa boa.
Ela deu de ombros. —Eh. Eu preferiria a cura e os sentidos
aprimorados ao cachorro peludo e fedorento mesmo assim.
Eu deveria ter sido insultada, e vindo de qualquer outra
pessoa, eu provavelmente teria sido. Chamar uma shifter de
cachorro nunca terminava bem, mas de Moira, não era um insulto,
apenas... Moira. Mesmo assim, eu provavelmente não deveria ter
confirmado minha completa falta de habilidade sobrenatural. Ela já
sabia sobre a loba, mas ninguém fora da minha matilha sabia sobre

as outras coisas. Eu não pretendia que ela descobrisse, mas quando
ela viu a verdade com seus próprios olhos, eu não consegui
esconder.
—Ei Moira, podemos manter isso entre nós? Eu realmente não
preciso…
—Não diga mais nada. Os meus lábios estão selados.
Eu dei a ela um sorriso aliviado, indo ficar na frente do
espelho de corpo inteiro uma vez que alisei o material do meu
vestido pelas minhas coxas. Moira veio se juntar a mim, seu cabelo
violeta ondulado caindo sobre seu ombro enquanto ela me
estudava.
—Totalmente foda, — ela anunciou. —Mas você vai precisar
adicionar algumas meias se quiser esconder esses hematomas. Ela
se moveu atrás de mim, levantando o comprimento do meu cabelo
cor de chocolate para cima, segurando-o em seu punho em um rabo
de cavalo improvisado. —Ah sim, definitivamente ficou ótimo. Se
os homens não estão imaginando as coisas que eles querem fazer
com o seu pescoço, eles estarão pensando em como será bom puxar
isso enquanto eles estão fodendo você por trás.
—Moira!

—O que? — Ela piscou inocentemente para mim. —Eu sei. É o
que eu estaria pensando.
—Tá mesmo pensando se alguém vai querer me foder por
trás?
Ela me deu um olhar triste e compassivo. —Você, pobre
virgem baunilha. — Moira não me deu a chance de responder a isso
antes de me empurrar em direção a sua cadeira. —Tudo bem, agora
vamos fazer algo sobre sua maquiagem.
Quarenta e cinco minutos depois, eu estava arrumada, pintada
e polida a um centímetro da minha vida. Combinamos uma jaqueta
de couro chique com meu vestido justo, bem como algumas botas
de cano alto. Ela esfregou algo com cheiro de rosa no meu cabelo
que o deixou sedoso e brilhante e deu um brilho sutil. Então ela me
deu outra coisa de seu suprimento infinito de beleza para esfregar
na minha pele, o que fez o mesmo com o meu corpo. Tudo isso
tinha sido completado com mais frascos e tubos de maquiagem do
que eu podia contar. Embora o batom vermelho ousado que ela me
informou de brincadeira se chamasse 'Não Pare' e o delineador
preto alado ao redor dos meus olhos fossem agora os meus
favoritos.

—Uau, — eu respirei quando ela terminou, mal me
reconhecendo.
Moira sorriu para mim. —Eu nem vou dizer que eu avisei.
Ela estava igualmente incrível em sua microssaia de couro
preto e blusa transparente de manga comprida. Ela fez uma
maquiagem parecida com a minha, embora tenha optado por um
lábio preto brilhante em vez de vermelho. E eu ainda não tinha
certeza de como ela planejava dançar, muito menos andar, em suas
botas de salto alto.
—Vamos, agora estamos prontas para uma noite de más
decisões.
Ela pegou minha mão e me puxou em direção à porta. Desta
vez nem fingi um protesto. Para ser honesta, já estava me sentindo
melhor e ansiosa por isso. Eu não conseguia me lembrar da última
vez que saí para festejar com uma amiga. Inferno, eu mal conseguia
me lembrar de ter amigos. Ser a pária da matilha realmente abalou
meu calendário social.
—Foda-se. O que poderia acontecer?

Capítulo Nove
SUNDAY
—Tem certeza de que isso é permitido? — Eu perguntei
enquanto Moira liderava o caminho por um corredor escuro.
—Não tenha medo. Nada vai acontecer com você enquanto
você estiver comigo. — A voz de Alek era uma carícia quando ele
se inclinou atrás de mim.
—Por que ele está aqui de novo? — Eu perguntei, tentando
suprimir o formigamento involuntário que o sopro de sua
respiração enviou correndo pela minha nuca.
—Porque eu sou o músculo. E um inferno de ótimo
passatempo — ele adicionou, o convite para jogar evidente em sua
voz.
—Pare de flertar com ela, Viking. Dê a ela uma chance de se
acostumar com o lugar antes de começar a mijar nela para marcar
seu território. Moira parou em um beco sem saída e se virou para
nos encarar. —Agora prepare-se para se impressionar. — Ela
estendeu as duas mãos como um mágico prestes a fazer um truque.
—Agora quem está flertando? — Alek brincou.

Moira voltou seu foco para a parede em branco antes de
acenar com a palma da mão sobre o tijolo. Um leve brilho verde
começou a emanar das linhas de argamassa, a forma de uma porta
aparecendo à medida que a sombra verdejante se espalhava. Eu
sabia que bruxas existiam, mas nunca passei tempo com elas. Nosso
tipo realmente não... se misturava. Ver Moira em ação foi
surpreendente.
—Apres vous, mes amis, — ela disse em um francês
impecável.
Eu hesitei, apenas por um instante. Atravessar uma porta
verde brilhante para partes desconhecidas não era a melhor ideia.
Não com o aviso do meu sonho ainda pulando na minha cabeça.
Mas Alek pegou minha mão e apertou.
—Juntos então?
Deixando meu olhar viajar para cima, para cima, para cima,
por seu corpo grande, eu permiti que seus olhos penetrantes me
acalmassem. —Ok.
—Ugh, — Moira zombou. —Estou morrendo de vontade de
dançar. Vamos lá, você está agindo praticamente como uma
humana.

Juntos, Alek e eu cruzamos a porta. Minha pele se arrepiou,
alfinetes e agulhas se espalhando por todo o meu corpo enquanto a
magia nos revestia e então se afastava quando passamos pela
barreira. Meus ouvidos estalaram no instante em que cruzamos do
terreno da escola para o exterior de uma boate. O letreiro de néon
vermelho sobre a porta dizia Iniquidade.
—Você tem certeza que isso é uma boate e não um clube de
strip?—Eu perguntei.
Alek riu. —Medo de um pouco de nudez?
—Não, mas eu gosto de saber no que estou me metendo.
Moira passou pelos dois caras parados na porta. —Oi, pessoal.
—Senhorita Belladonna, — um deles disse antes de abrir a
porta para nós.
O baixo retumbante saiu do clube, baixo e alto, chamando a
atenção, como deveria ser. Moira pegou minha mão e me puxou
para fora do aperto de Alek enquanto descíamos um lance de
escadas e entramos em Iniquidade.
A iluminação fraca era apenas brilhante o suficiente para eu
ver o caminho mapeado pelo corredor, e quando chegamos ao final
da passarela, vi outra escada à minha esquerda. Eu movi a cabeça

para baixo, agora ansiosa para me soltar e dançar com Moira, mas a
grande palma de Alek rodeou meu braço.
—Não desse jeito, Sunny. Esse é o verdadeiro antro da
Iniquidade. Você não está pronta para o que está abaixo da
superfície.
Meu estômago se apertou. Que tipo de delícias pecaminosas
estavam escondidas lá embaixo? E eu queria descobrir? Ele me
virou na direção oposta, me puxando para a direita e em um clube
cheio de pessoas.
—Uau, isso é... — Eu comecei, mas minha voz vacilou
enquanto eu observava o espaço enorme, iluminado em verde e
azul com roxo saindo debaixo do bar e da cabine do DJ. A pista de
dança estava cheia de casais se esfregando. Um vampiro no canto
tinha suas presas enterradas no pescoço de uma mulher humana
que parecia estar tendo um orgasmo ou talvez à beira de um.
—Intenso? — Perguntou Moira.
—Sim.
—Eu esqueço como você foi protegida. Não se preocupe.
Ninguém vai te morder esta noite.

—É melhor não. — Alek se inclinou e um arrepio percorreu
minha espinha quando seus lábios roçaram a concha da minha
orelha. —Será a última coisa que eles farão.
Uau. Ele realmente tinha toda a coisa sexy e assassina latente.
E eu gostei. Muito. Definitivamente mais do que deveria. Não que
eu estivesse prestes a admitir, especialmente para ele. Alek não
parecia o tipo de cara que precisava de carinho no ego.
—Eu posso cuidar de mim mesma, — eu protestei.
—Não duvido.
—Deixe ela em paz. Ela é meu encontro está noite. E eu preciso
que ela dance comigo — Moira disse. —Não me faça transformar
você em um sapo.
Alek riu. —Você sabe tão bem quanto eu que não tem esse
poder. Eu, no entanto, faço. — Ele sorriu e estalou os dedos, uma
faísca verde enchendo a sala enquanto Moira se transformava em
um sapo bonitinho. Ela deu um resmungo irritado antes que ele se
instalasse novamente, e ela voltou à sua forma normal.
O uso livre da magia fez meus olhos se arregalaram. Olhei ao
redor, imaginando o que todos os outros pensavam sobre o sapo
aleatório, mas ninguém piscou. Eu acho que era apenas uma noite
de sexta-feira típica, tanto quanto eles estavam preocupados.

Parecia que Moira estava certa, minha vida foi definitivamente
protegida em comparação com a deles.
—Eu vou ter suas bolas para isso. — Uma esfera de fogo
estava em sua palma, e chamas combinando encheram seus olhos.
—Ah, estou com tanto medo. — Ele ergueu as palmas das
mãos e fingiu tremer.
—Você deveria estar.
Eu ri. Eu não pude evitar. —É melhor você dormir com os dois
olhos abertos esta noite.
—Seria preciso mais do que um clã inteiro de Belladonnas para
me perturbar. — Ele me jogou outra de suas piscadelas de derreter
a calcinha e foi embora. —Se você precisar de mim, eu estarei lá —
ele chamou por cima do ombro enquanto se dirigia para uma mesa
de canto onde algumas outras pessoas que eu reconhecia da escola
estavam sentadas.
—Idiota, — Moira chamou para suas costas recuando. Então
ela suspirou e acrescentou. —Mas deusa, ele é bonito.
Ela não estava errada. Eu não conseguia desviar o olhar dele,
meus olhos descendo por suas costas musculosas e travando em
sua bunda. Cara, ele usou o inferno fora daqueles jeans.

Moira gargalhou quando me pegou babando. —Vamos, vamos
esfriar você antes de entrar em combustão.
Moira e eu pegamos bebidas e passeamos juntas pelo grande
espaço, procurando os melhores lugares para dançar, parando para
conversar com alguns de nossos colegas de classe. A música mudou
para uma música que nós duas amávamos, então tomamos nossas
bebidas e fomos para a pista de dança. Nós rimos e nos movemos
ao som da música, as luzes piscando, mudando de cor e fazendo
parecer que nos movemos em câmera lenta enquanto giramos e nos
contorcemos.
Fechei os olhos enquanto a música se transformava novamente
em algo um pouco mais lento e muito mais sujo. Moira tinha
encontrado uma garota para dançar e me abandonou duas músicas
atrás. Eu não me importei. Eu adorava a liberdade de balançar ao
ritmo e me entregar à música.
—Você é indecente. Você sabe disso, pombinha? — O cheiro
de bergamota tomou conta de mim quando Noah deslizou as
palmas das mãos sobre minha cintura e me puxou contra ele por
trás.
Meu coração deu uma guinada, então meu pulso começou a
acelerar, uma reação perigosa para se ter perto de um vampiro. Ele

reconheceu isso também, se a forma como seus dedos cavaram em
meus quadris, me pressionando ainda mais contra ele, era alguma
indicação.
—Eu não disse que você poderia dançar comigo.
Seus lábios deslizaram sobre meu pescoço, arrastando-se até
que ele beliscou minha orelha. —Você ainda não me parou.
—Gosto de dançar.
—Você gosta de mim.
—Não tenha tanta certeza.
—Eu posso sentir isso em seu pulso. Eu posso prová-lo em sua
pele. Você é tão atraída por mim quanto eu por você, lobinha.
Ele me virou para encará-lo, aqueles olhos âmbar travando nos
meus e fazendo meus mamilos endurecerem enquanto a excitação
me agarrava.
—Não se atreva a tentar usar seus poderes de vampiro em
mim. —
—Eu nunca faria isso. Não com você.
—Isso é o que você diz agora, mas como eu sei que não foi
exatamente como eu acabei na sua cama? Você poderia facilmente
ter me enfeitiçado e me feito esquecer a coisa toda.

Sua risada baixa me cobriu como um cobertor macio. Foi
segurança e conforto que senti então, não ameaça. Pode ser a coisa
mais estúpida que eu já fiz, mas naquele momento, eu confiei nele
quando ele repetiu suas palavras anteriores.
—Não com você. Eu vou ter você, pombinha. Um dia em
breve. Mas não até que você implore para que eu a leve.
Uma vibração insistente tomou conta da minha barriga, me
deixando dolorida de necessidade e tão consciente do jeito que ele
estava me segurando. O aperto que ele tinha em volta da minha
cintura era forte o suficiente para que eu não pudesse fugir, mesmo
que eu quisesse, e o comprimento duro de seu pau pressionado
contra minha barriga, persistente e pronto.
—Por que de repente você me quer tanto?
Suas sobrancelhas escuras se ergueram. —De repente? Estou
fugindo do seu cheiro desde o dia em que você chegou.
—Correndo? De mim? —O pensamento de alguém tão forte e
obviamente poderoso como ele tentando escapar de mim me fez
querer rir. Ninguém nunca me considerou uma ameaça.
Certamente não o suficiente para fugir.
Ele trouxe sua cabeça perto da minha, garantindo que eu
estivesse olhando profundamente em seu olhar derretido. —Sim,

pequena loba. Você. Todo o tempo, meus instintos exigiam que eu
caçasse você. Mas eu desisti. Eu não deveria querer você, mas não
posso evitar.
—Por que você não deveria me querer? — Mesmo sob a batida
pesada da música, eu podia ouvir a qualidade sem fôlego da minha
voz. Eu estava muito mais envolvida em sua resposta à pergunta do
que deveria.
Ele riu. —Você prestou atenção na aula? Pactos e tratados são
a espinha dorsal da nossa sociedade. Os Blackthornes e os Fallons
juraram nunca se juntar. O risco de nossa mistura de espécies é
muito grande.
—Você é um Blackthorne? — Fiquei rígida em seus braços. Eu
sabia exatamente do que ele estava falando. As abominações
criadas quando uma shifter e um vampiro se juntavam geralmente
morriam. Não porque um matou o outro, mas porque
normalmente, o vampiro transformava seu companheiro, e o
sangue shifter o rejeitava.
Em vez de me soltar, ele me segurou com mais força, seus
olhos focados como laser na minha garganta. —Eu sou. Meu pai é
Cashel Blackthorne, e eu sou o herdeiro da linhagem Blackthorne.
Me desculpe, eu deveria ter dito a você.

—Então você não deveria passar tempo comigo.
Ele engoliu em seco. —Não. Eu não deveria. Mas isso não vai
me impedir. Eu preciso de você, mesmo que eu nunca prove seu
sangue.
—Agora quer migalhas de atenção de um cadáver, Raio de
sol? Isso é muito patético, mesmo para você. A voz de Kingston
deslizou entre nós, roubando minha atenção de Noah. —Thorne,
que negócio você quer com o que eu não quis? Ela está fora dos
limites, e você sabe disso.
A bolhinha luxuriosa que Noah havia tecido ao nosso redor
estourou. Por um segundo, eu tinha esquecido onde estávamos. Eu
estava tão envolvida com ele, que ninguém mais existia além de nós
dois. E então Kingston teve que estragar tudo. E, como sempre
acontecia quando Kingston estava por perto, a vergonha e a raiva
logo se seguiram.
Em algum lugar entre a transformação de Moira e a dança com
Noah, eu tinha esquecido porque vim para Ravenscroft. Por um
tempo, eu tinha me tornado uma garota normal de 23 anos
flertando com caras gostosos e dançando a noite toda. Mas
Kingston trouxe a realidade de volta para baixo.

Antes que eu pudesse perguntar a Kingston por que ele se
importava, Noah ficou tenso ao meu redor. Parte de mim esperava
que ele atacasse Kingston, mas ele me surpreendeu rindo. Seu
estrondo frio e cruel transmitiu o quão insignificante ele achava que
o shifter era. Foi quando eu realmente vi Noah como o herdeiro de
Blackthorne, e não apenas como o vampiro perigoso, embora
incrivelmente sexy, com quem eu estava dançando
descaradamente.
— O que você não quis? Não foi assim que ouvi. Corrija-me se
estiver errado, pombinha. Mas não foi você que o rejeitou?
Parte do meu constrangimento desapareceu ao ouvir Noah vir
em minha defesa. Eu sorri. —Eu rejeitei.
Noah deslizou o braço em volta do meu ombro e me puxou
para perto, me envolvendo em seu cheiro e sem palavras
reivindicando. —Parece que você é o rejeitado, companheiro.
Talvez seja hora de você aprender a aceitar o fato de que ela nunca
foi, nem nunca será sua.
Kingston rosnou. —Ela me pertence mais do que poderia
pertencer a um sugador de sangue como você.
A parte de trás do meu pescoço arrepiou, me avisando que
estávamos começando a chamar a atenção. Eu podia sentir os olhos

em mim do outro lado da sala e, apesar da briga se desenrolando na
minha frente, estiquei o pescoço e encontrei Alek olhando
atentamente em minha direção. Seus olhos gélidos estavam
estreitados, seus lábios achatados em algo que parecia muito com
raiva, enquanto seu olhar se deslocava para Kingston.
Jesus. Isso estava ficando fora de controle.
—Ouça, Kingston, eu não vou fingir que sei do que se trata
tudo isso, mas você precisa deixar essa obsessão estranha que você
tem comigo. Já se passaram sete anos. A rejeição é uma merda.
Entendo. Você deixou bem claro que pensa que eu sou um pedaço
de merda inútil. Não podemos deixar por isso mesmo?
—Não, SUNDAY. Não podemos 'deixar por isso mesmo'.
—Por que não? Não é como se você me quisesse de qualquer
maneira. Estou com defeito, lembra? Nada além de um
constrangimento. Por que você se importa com quem eu passo meu
tempo desde que não seja você?
—Porque você é minha. — Seus olhos brilharam, insinuando a
besta dentro quando ele se conteve, não terminando sua frase. E
nesse breve espaço de tempo, havia algo além de raiva em seu
olhar. Ele parecia... ferido. Mas isso não fazia nenhum sentido. E
suas próximas palavras provaram o quão fora de base eu estava.

—Ah, eu não me importo. Mas você devia. O que seu avô vai
dizer quando souber disso?
—Souber sobre o quê? Estávamos apenas dançando. Que eu
saiba, isso não é um crime.
—Não, não que você estivesse dançando. Que você está se
prostituindo com algum sanguessuga.
Engoli em seco, sentindo como se ele tivesse me dado um soco
bem no estômago. Noah parecia em torno de uma névoa quando
ele deu um passo à frente, sua voz francamente assustadora quando
ele encarou o shifter.
— Já chega. Você não vai falar com ela dessa maneira. Na
verdade, você não vai falar com ela. Saia, antes que eu faça você
sair. E acredite em mim, filhotinho, você não quer descobrir o que
acontece se eu tiver que fazer.
Kingston riu. —Eu adoraria ver você tentar, Thorne.
Noah sorriu, e foi uma coisa fria e terrível. Nada do vampiro
sexy e brincalhão com quem eu estava dançando podia ser
encontrado em sua expressão ameaçadora. —Se você deseja a
morte, Farrell, estou mais do que feliz em ajudar com isso. Se você
não quiser isso, eu encorajo você a ir embora. Agora. Último aviso.

Kingston olhou entre nós dois, um músculo se contraindo
descontroladamente em sua mandíbula antes de rosnar. —Não sei
por que me incomodei. Você não vale a pena.
—Incomodou-se em fazer o quê? Comprar uma briga? — Eu
estalei.
—Tentei te salvar.
Reagi como se tivesse levado um tapa. —Me salvar? É assim
que me salva? Me chamando de prostituta?
Ele passou a mão pelo cabelo, parecendo frustrado. —Esqueça.
— Não, na verdade, acho que quero que você me explique.
—Esse cara, aquele que você está praticamente transando a
seco como uma cadela no cio? Ele é um monstro, Sunday. Um dos
piores. Ele também é o inimigo. Ou o fato de você não poder mudar
significa que você perdeu toda a lealdade à sua espécie?
Noah agarrou Kingston pela frente de sua camisa e o
empurrou com força. Kingston saiu voando, derrubando uma mesa
e derramando bebidas por toda parte. Os dois seguranças entraram
em ação, mas em vez de ir atrás de Noah, eles foram para Kingston,
levantando-o do chão e escoltando-o até a saída.
—Boa viagem para o lixo ruim — disse Noah, enxugando as
mãos antes de se virar para olhar para mim. Seus olhos vagaram

pelo meu rosto, seus lábios se curvando em uma carranca para o
que quer que ele encontrasse lá. Ele segurou minha bochecha, sua
voz gentil. —Você está bem?
Envolvi meus braços em volta do meu estômago, sentindo frio
apesar do calor do clube lotado. —Fantástica
Sua carranca se aprofundou. —Vamos, vamos pegar algo para
você beber.
No estilo típico de Noah, ele não me deu a chance de
responder antes de passar o braço em volta de mim e me puxar
para perto. Ele me levou na direção que ele queria que eu fosse e
apenas esperava que eu o seguisse. Pela primeira vez, eu não lutei
contra isso. Havia algo reconfortante em deixar outra pessoa
assumir o controle. Mesmo que seja por pouco tempo.
Eu gostaria de poder dizer que a noite melhorou depois disso.
Mas isso não aconteceu.
Nem mesmo perto.

Capítulo Dez
ALEK
—Que diabos está errado comigo? — Esse aperto no meu peito
não iria diminuir, não importa quantos tiros eu tomasse ou quantas
mulheres com quem eu flertei.
—Seu palpite é tão bom quanto o meu — disse Moira,
segurando duas taças de cristal e uma garrafa de hidromel de
aparência cara. —Eu trouxe reforços — ela disse, caindo ao meu
lado.
Eu não tinha um jarro de hidromel adequado desde que saí de
casa, mas uma baforada quando abri a garrafa me disse que ela
tinha colocado as mãos no produto genuíno. Minha boca encheu de
água, desejando o sabor de fumaça e mel.
Pegando um dos copos, joguei um pouco do líquido âmbar
nele e entreguei a ela. Então, segurando a garrafa em meus lábios,
eu brindo —Skål, — antes de derrubá-la e drená-la completamente.
Uma vez que estava vazio, joguei a garrafa no chão ao meu
lado, fazendo com que alguns dos clientes próximos saltassem para
fora do caminho quando o vidro se estilhaçou. —Eu preciso de mais

deste néctar! — Gritei para uma das garçonetes no estilo alto e
desagradável de meus ancestrais. Então eu dei uma piscadela para
garantir, e a loira bonita ficou com um tom doce de vermelho antes
de sair correndo para fazer o que eu pedi.
Moira estava me observando com uma divertida curva de sua
sobrancelha. —Aquilo era mesmo necessário?
Roubando a bebida que ela ainda tinha que provar, eu bebi
isso também. —Sim. Os vikings não brincam quando se trata de
hidromel.
—Claramente — disse ela com uma bufada.
A garçonete foi rápida em voltar com uma garrafa fresca, e eu
me acomodei para aproveitar a atmosfera do clube. Eu não estava
com vontade de dançar, mas estava sempre pronto para uma festa.
A travessura que podia ser feita quando um pouco de álcool era
misturado com corpos quentes e suados e feromônios furiosos era
tentador demais para resistir.
—Então o que você está fazendo aqui, bruxa? Você não tem
alguém para mantê-la ocupada? Eu sei que não tenho o
equipamento certo para seduzi-la.
Ela chutou os pés para cima da mesa baixa em frente ao sofá
de couro enorme em que estávamos sentados. Em vez de

responder, ela disse: —Acho que te acertei. Demorei um pouco, mas
acho que agora sei.
Eu levantei uma sobrancelha, curiosa se ela finalmente tinha
colocado tudo junto. —Prossiga.
—Fenir.
Antes que eu pudesse me conter, uma risada áspera me
escapou. —Você acha que eu sou um maldito cachorro?
—Ela é uma loba.
—Eu não sou nenhum animal.
Ela revirou os olhos. —Isso é discutível.
Abrindo a garrafa fresca de Mannaölgr, servi um copo para
cada um. Eu levantei o meu, olhando para ela incisivamente até que
ela fez o mesmo. Então, juntando-os, gritei. —Skål. — Quando
Moira começou a levar o copo aos lábios sem repetir o brinde,
coloquei minha mão em cima de sua taça, impedindo-a de beber.
—Que diabos?
—Se você vai beber com um viking, querida, tem que fazer
direito.
—Ah, tudo bem — ela gemeu. —Skål.

Eu movi minha mão, sorrindo para ela antes de bater minha
bebida de volta. Continuamos assim até que a garrafa estava quase
vazia.
Demorou muito para me embriagar. Muito. Mas Moira, por
mais feroz que gostasse de fingir ser, era um encontro barato. A
mulher balançou em seu assento, então ficou um pouco verde. —
Ah, deusa. Eu volto já.
Apertando a mão sobre a boca, ela correu para o banheiro, e eu
ri, balançando a cabeça. —Fodidamente leve.
Eu servi outro, e meu olhar percorreu a multidão enquanto eu
levava o líquido celestial aos meus lábios. Meu foco se concentrou
nela. Sunday. A mulher que eu não tinha intenção de cobiçar. Ela
não era minha, nem estava interessada em mim. Mas lá estava de
novo, aquele aperto estranho, aquela curva na minha barriga que
falava de uma atração intensa para mantê-la segura.
Thorne estava em cima dela enquanto eles estavam juntos no
bar, as mãos dele percorrendo o corpo dela, os lábios se movendo
enquanto ele sussurrava em seu ouvido e a fazia corar. Eu não
deveria me importar. Eu não. Mas ela era, por alguma razão, minha
responsabilidade. Se aquele vampiro mostrasse qualquer indício de

presa, eu o derrubaria e arrancaria aqueles dentes de seu crânio eu
mesmo.
O que diabos havia de errado comigo?
Minhas mãos doíam com a força dos punhos que eu estava
fazendo quando Thorne a abandonou em favor de uma conversa
com dois de seus lacaios sugadores de sangue. Os três deixaram a
área principal do bar, provavelmente indo para uma das salas de
reuniões privadas no andar de baixo. O bastardo não se deu ao
trabalho de ficar com ela uma vez que a teve?
Engoli minha bebida e bati o copo na mesa antes de me
levantar e lentamente abrir caminho pela multidão em direção a ela.
Kingston me venceu. Aquele maldito lobo Alfa de merda.
Ele a agarrou pelo cotovelo, empurrando-a para longe do bar
antes de empurrá-la contra uma mesa. Foi agressivo, e a dor que
brilhou em seus olhos quando suas costas bateram no canto da
mesa foi o suficiente para me mandar correndo em direção a eles.
Eu não me importava que ela tivesse um vampiro em algum lugar
ou que ela fosse uma mulher adulta que disse que poderia cuidar
de si mesma. Esse cuzão estava a machucando, e ninguém
machucou o que era meu e sobreviveu.

Eu estava tão consumido pela minha raiva que nem parei para
questionar a afirmação possessiva que eu tinha acabado de apostar.
A única coisa que me impulsionava era a necessidade de tirar
sangue. Um monte de merda de sangue disso.
—Tire suas malditas mãos dela.
Eu o empurrei com força, mas Kingston mal se moveu, seus
olhos de um marrom sem vida e sem brilho. Mas então tudo nele
endureceu. Raiva e ódio ferviam atrás de suas íris, e embora ele
rosnou, não havia um cheiro de lobo nele. Algo não estava certo.
—Eu não terminei com ela — ele disse, sua voz
extraordinariamente fina e tensa.
Ele pulou, derrubando Sunday no chão e caindo em cima dela.
Então ela gritou e o mundo parou. Tudo congelou ao meu redor
enquanto eu me movia com mais velocidade e poder do que eu
jamais conhecera. A garganta de Kingston estava em minhas mãos,
e eu o prendi ao chão, engasgando e ofegando, arranhando meus
dedos.
—Você não vai mantê-la — ele resmungou. —Não importa o
quanto você tente.
—Sim, e nem você.

Ele continuou a se debater sob meu aperto, um sorriso
perverso torcendo seus lábios, apesar do fato de que ele estava
claramente enfraquecendo e eu não tinha intenção de aliviar meu
aperto. O lobo estava completamente desequilibrado, e era meu
trabalho derrubá-lo.
—Eu não a quero. Ela já está praticamente morta. — Então,
com uma mão, ele agarrou o amuleto em volta do pescoço e o
esmagou.
Kingston engasgou, e seus olhos rolaram para trás em sua
cabeça. Ele começou a convulsionar, seu corpo se transformando e
se transformando até que suas feições mudaram para as de uma
pessoa completamente diferente. Em vez do jovem lobo Alfa que eu
pensei que estava lutando, havia um homem com idade suficiente
para ser meu avô sem vida ao meu alcance. Podia sentir seu
coração, olhos abertos e vidrados, e aquele fodido sorriso ainda
esticado em seu rosto.
—Alek? — A voz de Sunday era um sussurro rouco, fraco e
cheio de medo.
Eu me virei para ela, aliviada por ela estar acordada e falando.
—Sunday. Você está bem?
Seu lábio inferior tremeu. —Eu acho que não.

Então meu olhar viajou por seu corpo até a mancha que
florescia rapidamente em seu abdômen e a lâmina quebrada e
irregular saindo dela.

Capítulo Onze
THORNE
Bem, cavalheiros, creio que isso conclui nossos negócios da
noite — anunciei, ansioso para terminar esta conversa e voltar para
Sunday. Se eu não tivesse prometido a meu pai que me encontraria
com seus homens esta noite, eu teria dito a eles para gentilmente
irem se foder quando ousaram interromper minha fervorosa
sedução da deliciosa Sunday Fallon.
Do jeito que estava, minha pele se arrepiou com o pensamento
de deixá-la lá fora sozinha. Desprotegida enquanto tantos outros
homens circulavam como abutres. Eu tinha visto a maneira como
eles olhavam para ela, desejando-a. E enquanto eu seria uma
hipócrita se eu os culpasse por isso, eu com certeza os drenaria se
eles colocassem um dedo nela.
—E o que devemos dizer ao seu pai sobre o lindo passarinho?
— O forte sotaque londrino dele era áspero e ameaçador. Um
resquício de sua vida humana nas ruas de Londres há muito tempo.
Tudo em mim se acalmou. A única parte do meu corpo que se
movia eram meus olhos enquanto deslizavam para o rosto

sorridente de Alrik. —Você não vai dizer a ele uma coisa sangrenta
porque não há nada para contar.
O sorriso de Alrik desapareceu, e ele trocou um olhar nervoso
com Peter. Homem inteligente.
—Acho que me enganei.
—Parece que sim. Agora, se isso é tudo.
Minhas palavras foram interrompidas ao som de uma
comoção lá fora. Embora não fosse inédito na Iniquidade… porque
sempre que as Famílias eram reunidas assim, você estava pedindo
problemas… elas eram raras. Lilith Duval, a súcubo dominatrix que
era dona do clube, garantiu isso. E como uma mulher que não
apenas encorajava seus clientes a cometerem seus pecados
favoritos, mas também lhes dava os meios para fazê-lo, ninguém
queria arriscar acabar em sua lista negra.
—O que é que foi isso? — Eu perguntei, em alerta máximo.
—Parece uma briga, — Peter respondeu com um encolher de
ombros. —Não é problema nosso.
Normalmente, eu estaria inclinado a concordar. Mas esta não
era uma boate comum, e quando os ânimos esquentavam, as
pessoas tinham o hábito de morrer, então meu primeiro

pensamento foi para Sunday. Eu não queria que ela acidentalmente
fosse pega na briga.
Sem outra palavra, empurrei a porta. O som da música foi
superado por alguns gritos de pânico.
Não tive problemas para capturar trechos das conversas em
andamento e, a cada uma, minha ansiedade crescia.
—. . . aquele lobo perdeu seu maldito juízo... duas lutas em
uma noite...
—Você viu o quão rápido ele se moveu?
—. . . a garota não tinha chance. . .
Foi quando senti o cheiro de sangue no ar. Seu sangue. Minhas
presas caíram, e minha boca encheu de água com o desejo de se
alimentar.
Atrás de mim, Alrik e Peter avançaram, sua fome infundindo-
lhes força enquanto tentavam passar por mim e em direção à fonte
do sangue. Meus músculos ficaram tensos enquanto eu lutava
contra minha própria necessidade, e os empurrei de volta.
—Acalmem-se.
Alrik lambeu suas presas enquanto se levantava. —Se ela não
é ninguém para você, o que importa se eu tenha um gostinho?

Ele se reorganizou enquanto fazia seu caminho para a porta
… e para mim …uma segunda vez.
Ele começou a correr então, pensando em passar por mim, mas
eu era muito mais rápido. No momento em que ele deu dois passos,
eu já tinha agarrado sua cabeça em minhas mãos, quebrando seu
pescoço com um estalo satisfatório. Quando ele deslizou para o
chão, eu rosnei, —eu disse. Se. Acalmem.
Os olhos de Peter ficaram selvagens enquanto eu andava em
direção a ele. —Não . . . espere, eu…
—Shh. . . — Eu disse, meus dedos segurando os lados de seu
rosto. —Você só estará morto por um tempo. Não é nada pessoal.
— E então eu bati o dele também.
Ninguém estaria se alimentando da minha pequena loba esta
noite. E embora minhas presas doessem de necessidade, jurei a mim
mesmo que isso me incluía.
Ameaça tratada por enquanto, corri pelo corredor e voltei para
a sala principal, onde a multidão havia se deslocado para ficar ao
redor de um trio de corpos. Um estava morto, então eu o dispensei,
meus olhos focando no Novasgardiano que tinha tomado Sunday
em seus braços e estava gentilmente abaixando-a no chão.

—O que diabos aconteceu? — Eu rosnei, empurrando-o para
fora do caminho para que eu pudesse embalar sua forma trêmula.
—Um caçador, eu acho — disse ele, mal me dando um olhar
enquanto se movia para pressionar as mãos na ferida ao lado dela.
—Caçadores? O que eles querem com ela?
—Não sei.
—Por que ela não está se curando? — Eu perguntei.
—Eu não sei — ele rangeu. —Você pode simplesmente calar a
boca e me deixar cuidar dela?
—Porque você fez um trabalho tão bom em primeiro lugar? Se
era você que estava cuidando dela, acho que vou continuar daqui.
Embora não houvesse nenhum sinal de animal nele, ele
mostrou os dentes, e um estrondo baixo soou em seu peito. —Foi
você quem a deixou sozinha.
O golpe acertou, embora eu tenha feito o meu melhor para
evitar que ele aparecesse. Antes que eu pudesse responder, uma
sombra caiu sobre nós, seguida pelo som suave de uma mulher
limpando a garganta.
—Senhor. Nordson, se você vier comigo.
Olhei para cima apenas o tempo suficiente para confirmar
minha suspeita. Lilith veio para lidar pessoalmente com o

quebrador de regras. O demônio mal alcançaria o peito do
Novasgardiano, mas não havia como confundir a aura de
autoridade saindo dela. Ou a maneira como ela segurava o
comprimento encantado da corrente nas palmas das mãos. Ou ele a
seguiria de bom grado, ou ela forçaria.
Ele sacudiu seus olhos azuis entre nós, sua raiva palpável. —
Está imundície apunhala um de seus patronos, e eu sou aquele que
você procura castigar.
—As regras são as regras, Aleksandre. Ele apenas tentou
homicídio. Você conseguiu. Agora, se você não se importa, os
nativos estão ficando um pouco inquietos. Eu gostaria de deixar
esse assunto infeliz para trás o mais rápido possível. Prometo levar
seus motivos em consideração ao definir os termos de sua punição.
As sobrancelhas de Alek se ergueram com isso. —Minha o
quê?
—Sua punição, querido. Agora venha comigo. Tenho algumas
pessoas que ficarão emocionadas ao saber que você fará parte do
show desta noite.
Alek olhou para mim e depois para baixo para Sunday. As
veias em seu pescoço pulsavam, e ele apertou a mandíbula, mas
parecia decidir obedecer.

—É melhor ela estar viva quando eu voltar, Thorne. Ou haverá
um inferno a pagar.
Eu balancei a cabeça, não me importando muito com o que ele
disse. Minha atenção total voltou para Sunday. Seu pulso estava
fraco, pouco mais do que uma vibração delicada.
—Fique comigo, lobinha.
—Noah? — Ela resmungou, seus olhos se abrindo com um
esforço considerável.
—Preserve sua força.
—Dói — ela admitiu, e parecia que eu tinha sido atravessado
com uma lâmina.
O cheiro dela me dominou. Foi a batalha da minha vida
resistir ao desejo de me inclinar e afundar minhas presas nela. Para
lamber até a última gota.
—Por que você não está se curando? — Eu repeti, embora a
pergunta fosse principalmente para meu benefício. Falar me deu
algo para me concentrar além do quanto eu queria prová-la.
—Não posso — ela sussurrou, sua voz pouco mais grossa. Se
não fosse pelos meus sentidos de vampiro, eu não a teria ouvido.
Meu olhar caiu para a ferida ao seu lado, localizando o brilho
de prata manchada de sangue. O metal deve estar impedindo-a de

acessar seus dons. Com um grunhido baixo, agarrei a borda
irregular entre dois dedos e a puxei.
Mas em vez de sua carne se unir, o sangue escorreu da ferida,
cobrindo meus dedos e enviando uma nova onda de necessidade
me atravessando até que eu estava tremendo com isso. Como o
fraco que eu era, levei a ponta dos dedos à boca e senti o gosto mais
leve.
—Seu idiota! — Kingston rosnou, me empurrando para fora
do caminho. —Afaste-se dela.
—Quem deixou você voltar aqui?
—Eu sou um Farrell, eles não podem me manter fora. Agora,
dê o fora do caminho, você não vê que ela está morrendo?
—Morrendo? Não seja dramático. É... — mas eu fechei minha
boca porque o cachorrinho insolente estava certo. Seu batimento
cardíaco não era mais forte e estável. Era fraco, fibroso, e com cada
bombeamento do órgão, sua pele empalidecia. —Não entendo.
Ele pressionou uma de suas patas carnudas no rosto dela. —
Raio de Sol, eu preciso que você me escute. Você precisa encontrar a
sua loba. Olhe para mim.
Seus olhos tremeram, mas permaneceram fechados.

Kingston infundiu sua voz com o rosnado de sua besta,
assumindo o tom inconfundível de um alfa emitindo um comando.
—Olhe para mim, Sunday. É isso. Boa menina.
—K... Kingston? — Suas sobrancelhas se uniram em uma
mistura de dor e confusão. —O que você está fazendo aqui?
—Não se preocupe com isso agora. Chame sua loba.
—Não posso — ela sussurrou.
Pânico atou suas feições, e ele a sacudiu, fazendo sua cabeça
tombar. —Sim, você pode. Você consegue fazer isso. Ela está lá
esperando que você a liberte. Aqui, deixe-me ajudá-la a atraí-la.
Sunday engoliu em seco, tentando manter os olhos abertos.
—Como?
—Os lobos respondem ao seu companheiro.
—Não... meu companheiro.
Foi uma luta para ela falar sobre a dor, e ainda mais para eu
ficar de pé e assistir. Eu estava a um fio de cabelo de arremessar o
lobo para longe dela, mas se houvesse alguma verdade em suas
palavras, ele poderia ser o único que poderia salvá-la.
A expressão de Kingston fechou por um segundo, mas ele
manteve a voz baixa e mesmo quando perguntou a ela: —Você
confia em mim?

—Não — ela resmungou.
O fantasma de um sorriso esvoaçou sobre sua boca. —Você
pelo menos confia que eu não estou tentando te machucar mais do
que você já está?
—Sim.
Essa única palavra quebrou algo em mim. Ela sabia que ele
poderia ajudá-la onde eu não podia.
—Ok, — ele respirou, seus olhos brilhando âmbar quando ele
começou a mudar parcialmente.
Era impossível entender o que estava acontecendo porque, do
lado de fora, tudo que eu podia ver era Kingston acariciando seus
cabelos e olhando fixamente em seus olhos. Suas respirações se
misturaram e pareciam se alinhar, então quando ele exalou, ela
inalou, puxando-o para dentro.
Enquanto eu observava, o fluxo de sangue diminuiu. Soltei um
suspiro trêmulo, olhando atentamente para a ferida da faca,
desejando que ela se fechasse. Mas isso não aconteceu. O que quer
que Kingston estivesse fazendo, não era suficiente.
As pálpebras de Sunday caíram mais uma vez.
—Não. Fique comigo, Raio de Sol — Kingston implorou.

Eu tive que fazer algo. Ela era minha, e não havia como ela me
deixar. Eu não dei permissão a ela. —Saia do caminho — eu rosnei,
presas já rasgando a pele do meu pulso.
—O que diabos você pensa que está fazendo?
—Salvando a vida dela. — Segurando meu pulso pingando
acima de seus lábios, prendi a respiração enquanto as gotas
vermelhas caíam. —Beba, pequena loba.
Seus olhos eram pouco mais do que vincos enquanto ela
olhava para mim. –Não.
—Você não tem escolha, pombinha.
Sua língua disparou, e meu corpo não pôde deixar de
responder à visão dela me saboreando. A onda de desejo,
inapropriada e inegável, deixou meu pau grosso atrás da minha
braguilha em um instante.
—É isso —, eu sussurrei, pressionando meu pulso contra sua
boca. —Beba. —
Uma mão firme agarrou meu braço e me arrancou de Sunday,
fazendo com que um rosnado áspero escapasse do meu peito em
resposta. Quem diabos teve a coragem de me interromper quando
eu estava no meio de algo tão vital?
—Thorne, pare!

Com os olhos arregalados enquanto o pânico ricocheteava em
mim, eu me afastei, as mãos tremendo. O padre Gallagher pegou
Sunday em seus braços, lançando-me um olhar de reprovação.
—Você percebe que fez algo que não pode voltar atrás? — Seu
olhar me enraizou no local enquanto seu foco se desviava para
minha boca, onde eu ainda sentia o gosto do sangue dela em meus
lábios. —O que em nome de Deus você fez?
Oh, porra, nós trocamos sangue. Não muito, mas o suficiente.
O que eu tinha feito?
Se eu tivesse espaço para sentir mais alguma coisa, poderia ter
ficado surpreso ao ver o bom padre aqui, mas tudo o que consegui
foi uma resposta cautelosa.
—O que eu tinha que fazer.

Capítulo Doze
CALEB
Algo estava errado. A pulsação acelerada em meus ouvidos
enviou pânico através de mim. O que estava acontecendo comigo?
Meu coração não batia desde a noite em que fui morto e
transformado irrevogavelmente. Isso era fome? Era o pulso dela
que eu estava sentindo, ouvindo? Tinha que ser.
O sangue rodou na bacia da pia, o rico carmesim contrastando
fortemente com a porcelana branca. A fome torceu meu intestino,
queimou meu corpo, me fez fechar os olhos e afastar a necessidade
de saborear a essência de Sunday. Eu tinha que ficar limpo. Tire ela
de cima de mim. Se ao menos eu pudesse manter meu juízo sobre
mim e impedir que esse monstro selvagem dentro de mim se
libertasse.
Mesmo com a água limpando, eu sabia que só isso não seria
suficiente para me purificar. Eu precisava de um tipo diferente de
absolvição. Um que limparia minha mente, assim como meu corpo.
Seria a única maneira de lançar o monstro de volta aos recessos
mais escuros da minha mente. Como sempre, os pensamentos de

uma sessão em minha câmara ritual, fazendo uso das ferramentas
que eu mantinha lá, aliviaram um pouco do anseio inquieto. Com a
ajuda deles, eu encontraria meu caminho de volta a um caminho
justo.
Purificação através da dor. Eu tinha sido ensinado que este era
o único caminho, antes de minha vida ser alterada, minha alma
roubada. Sunday gemeu de onde eu a acomodei no meu quarto. O
som despertou um tipo completamente diferente de pecado em
minha cabeça.
Luxúria.
Eu era um glutão de sangue por causa de algo que eu não
escolhi, mas a luxúria que eu sentia por ela era algo que eu não
tinha ninguém para culpar além de mim mesmo. Cerrando os
dentes contra o desejo de estar com ela, eu caminhei até o centro da
sala onde puxei o velho tapete desbotado, revelando um alçapão.
Minhas mãos tremiam quando levantei o trinco e puxei até a escada
de pedra ser revelada. Eu estava tão perto do único tipo de
confissão que eu poderia dar.
Meus passos foram apressados, meu corpo tremendo das
forças opostas que tentavam me ultrapassar. Eu precisava de
liberação. Qualquer lançamento. Mas este era o único que ainda me

era concedido. A única maneira de enjaular meus demônios e
purgar minha alma.
As luzes se acenderam enquanto eu descia a escada a caminho
da pequena antecâmara. A sala era esparsa, sem adornos, exceto
uma simples cruz de madeira e uma série de chicotes pendurados
na parede.
Passando meus dedos sobre os implementos que eu preferia ao
participar da mortificação da carne, selecionei um gato de nove
caudas completo com farpas na base de cada tira de couro.
Destinado a dor, não ao prazer. Feito para tirar sangue e trazer meu
foco para um Deus que me abandonou. Como ele deveria ter.
Mesmo agora, eu ouvia aquele batimento cardíaco alto em
meus ouvidos. Sunday foi meu último teste final? Eu ainda a
queria, embora eu trabalhasse para mantê-la à distância enquanto a
observava. Porra, tudo em mim pulsava com o pensamento dela
deitada ali na minha cama.
Caí de joelhos e rasguei minha camisa fina em pedaços, o
tecido esfarrapado pendurado na minha cintura.
Enquanto ajustava meu aperto no chicote, fechei os olhos e
comecei a murmurar as palavras familiares da oração.

— Deus meus, ex toto corde poenitet me omnium meorum
peccatorum — comecei.
Com cada linha, eu trazia o chicote para marcar minhas costas.
Cada explosão de dor fazia minha mente clarear e fazia a fome
retroceder. Repetidamente, eu disse as palavras, implorando por
perdão até que minha pele estava escorregadia de sangue e eu não
senti nada além de vazio. Não ouvi nada além de minhas próprias
respirações.
Respirando pesadamente, bati na minha carne uma última vez
e pronunciei um trêmulo, —Amém.
O chicote caiu dos meus dedos flácidos, e eu pressionei minhas
mãos trêmulas nas minhas coxas enquanto eu voltava da adrenalina
correndo por mim em resposta à dor. Mente clara, peito solto,
respirei pela primeira vez, sentindo-me no controle de mim mesmo
mais uma vez. Assim que eu estava prestes a me deleitar com o
silêncio do rescaldo da minha sessão, o baque pesado de um
coração batendo ecoou mais uma vez.
Meus olhos se abriram, e eu cambaleei para meus pés.
Não, não!
Deveria ter funcionado. Por que não funcionou?

O que diabos havia de errado comigo? Eu estava tão perdido
que até mesmo minhas formas mais sagradas de arrependimento
eram inúteis contra a tentação?
Não importava. Eu tinha um trabalho a fazer, que era manter
Sunday Fallon viva e longe de problemas. Até agora, eu estava
falhando.
Depois de um banho frio para lavar o sangue nas minhas
costas, as feridas já cicatrizadas graças à minha natureza vampírica,
me vesti e me preparei para enfrentá-la novamente. Para controlar
meus impulsos, minha fome, minha luxúria, e fazer a única coisa
exigida de mim, salvar a alma dela e a minha junto com ela.
Olhei para sua forma adormecida, meu diabo de pau
engrossando atrás da minha calça. Ela era a beleza personificada,
levando-me diretamente à tentação. Exceto que eu seria
precisamente o mal do qual ela precisava ser libertada se eu não
pudesse me impedir de desejá-la.
De pé no canto, minha tensão aliviou quando o pulso que
estava incessantemente latejando em meus ouvidos ficou mais
calmo, estável e de repente parou de parecer tão estranho.

Seu gemido suave me chamou para mais perto, e levou tudo
em mim para não tocá-la quando ela soltou um gemido
choramingado e disse, —Oh, Deus .

Capítulo Treze
SUNDAY
—Oh, Deus — eu murmurei antes de abrir meus olhos.
Sentando-me lentamente, pisquei através da visão nebulosa,
desejando que meu olhar se concentrasse.
Um quarto simples, uma cômoda simples de carvalho, cortinas
escuras cobrindo a janela. Isso estava muito longe do quarto
luxuoso onde Noah me trouxe. A única coisa neste espaço que era
luxuosa por qualquer extensão da imaginação era a cama em que
acordei. Grande e macia. Como descansar em uma nuvem. Exceto
que eu não sabia onde eu estava. Deus, eu tinha que parar de
acordar em lugares estranhos.
—Fique quieta, Srta. Fallon. — A voz de Caleb fez cócegas na
minha espinha, enviando um arrepio indesejado através de mim. —
Você vai rasgar seus pontos. —Pontos?
—O que aconteceu? Onde estou? — A dor no meu lado trouxe
tudo de volta. —Kingston. Kingston tentou me matar. Eu sabia que
ele me odiava, mas não tanto. O pânico fez minha voz ficar tensa e
alta.

—Calma, Sunday. Ele não está aqui. Ele se foi. — Caleb
sentou-se ao lado da cama, mas não me tocou.
—Onde ele está?
—Morto.
—Kingston está morto? — Por que isso fez meu coração doer?
Caleb balançou a cabeça. —Não. Ele tentou salvá-la.
Por que eu senti que precisava de um roteiro para seguir essa
conversa? —Isso não faz nenhum sentido. Foi ele que me
esfaqueou.
—Não foi ele. Foi um caçador.
Eu balancei minha cabeça, tentando me sentar mais alto, para
nivelar o campo de jogo enquanto este padre pairava sobre mim. —
Um caçador? Mas... Eu vi ele. — A memória de Kingston me
empurrando para trás e enfiando a lâmina em meu estômago
inundou minha mente. Junto com outra imagem mais confusa dele
de joelhos ao meu lado. Seu rosto tenso de medo... para mim. Mas
mesmo que não tenha sido ele quem realmente me esfaqueou,
Kingston ainda me odiava. Por que ele se importaria o suficiente
para voltar e ter certeza de que eu estava bem? Afastei as
perguntas, sem condições de classificar todas as emoções

conflitantes que elas despertavam, muito menos tentar respondê-
las.
—Como ele foi capaz de mudar sua aparência? Achei que
caçadores não tivessem habilidades.
—Este teve alguma ajuda. — Ele tirou algo do bolso do paletó
e estendeu a palma da mão para mim. No centro de sua mão havia
um amuleto, o cristal de ametista agora nublado com resíduo de
fumaça escura.
—Bruxas? Por que elas fariam isso?
—Não tenho certeza. Mas elas certamente estavam atrás de
você. Ele colocou o colar de volta no bolso enquanto falava
casualmente. Como se ele não tivesse acabado de jogar uma bomba
no meu colo.
—Eu?
Com um intenso olhar fixo em mim, ele lambeu os lábios, e eu
me forcei a não me contorcer sob seu olhar. Eu mal conseguia
respirar, mas não devido à dor. O padre Caleb Gallagher estava
com fome.
—Você.
—Por que alguém iria me querer? Eu sou uma aberração. Uma
shifter que não pode mudar. Uma piada.

—Todos nós queremos você.
O que ele quis dizer com nós? Eu precisava de algum tempo
para descompactar o que ele acabou de dizer, mas ele estendeu a
mão, o gesto me fazendo recuar por instinto. A dor cortou meu
lado, e eu gritei antes que pudesse me conter.
—Droga, eu disse para ficar quieta. — A palma da mão de
Caleb descansou no meu ombro, me empurrando de costas, me
prendendo lá enquanto ele puxava o lençol e levantava a borda da
camiseta branca que eu estava vestindo.
—Caleb, onde está meu vestido? Você me despiu?
Ele não me olhava nos olhos. —Eu precisei. Você estava
coberta de . . .
—Ele engoliu em seco e respirou fundo. —Sangue. Estava em
todo lugar. Estou surpreso que Thorne parou quando parou.
O homem ao meu lado ficou tenso enquanto se concentrava no
curativo de gaze no meu abdômen. O sangue se infiltrava e toda a
área estava vermelha e inflamada, mesmo além do curativo.
—Está infectado — ele murmurou. —Você deve se curar mais
rápido do que isso. Ele lhe deu seu sangue.
A menção do sangue de Noah provocou uma explosão de
sabor em minha memória. Não como sangue, mas como um

caleidoscópio de sabores do vinho mais decadente que existe.
Tempero e doçura, sal e fumaça, frutas e maçãs, tudo misturado.
Meu gemido descontrolado fez com que Caleb parasse o que estava
fazendo e voltasse seu foco para os meus olhos.
—Não faça esses barulhos ao meu redor. Somos todos
pecadores aqui.
Sua advertência atingiu meus mamilos e me fez agarrar o
lençol para não estender a mão para afastar uma mecha de cabelo
que havia caído sobre sua testa. —Desculpe — eu sussurrei.
Com os dedos gentilmente tirando meu curativo, ele franziu a
testa, a concentração em seu rosto não era um bom presságio para
mim. —O que havia nesta lâmina?
A ferida estava vermelha e raivosa, e o sangue brotou na
superfície apesar das suturas finas e bem feitas. As mãos de Caleb
tremiam enquanto ele usava um pano limpo para enxugar o sangue
da minha pele.
—Você está bem? — Eu perguntei. —Talvez outra pessoa…
—Não! Eu vou cuidar de você. Você é um risco para o resto
deles.

Minha cabeça latejava junto com a dor profunda em meus
músculos. Sinceramente, me senti uma merda. Como eu estava. . .
bem, esfaqueada. —Caleb, algo está errado.
—Claro que está. Você quase foi morta.
—Não. Eu sinto . . . Não tenho certeza. Eu penso . . .
—A sala girou, as bordas da minha visão ficaram escuras antes
que eu desaparecesse na inconsciência.
COMO NA PRIMEIRA vez que ela veio até mim, estrondos
precederam sua chegada.
—Filha.
Minha consciência mudou, solidificou. Em vez de flutuar em
um mar de nada, fiquei em um campo vazio, grama farfalhante e
um céu sem nuvens, tudo o que eu podia ver por quilômetros em
todas as direções. E ela.
Minha mãe.
A semelhança entre nós era impressionante e inconfundível. O
mesmo cabelo chocolate, grandes olhos azul-marinho e lábios

carnudos idênticos. A única diferença verdadeira estava em nossa
altura e constituição. Ela era um pouco mais alta, seus músculos
mais magros e mais definidos. Considerando que eu tinha mais
daquela figura tradicional de ampulheta. Não é de admirar que eu
nunca tenha me encaixado com os Fallons. Onde eles eram todos
cabelos flamejantes e olhos verdes, eu não parecia em nada com
eles. Eu me destaquei como um polegar dolorido. Nunca me vendo
em ninguém. Até agora.
Sua expressão era mais curiosa do que qualquer coisa
remotamente estimulante. Como se ela estivesse estudando e
dissecando uma criatura estrangeira em vez de se reunir com a filha
que ela abandonou. Então, novamente, ela meio que provou que
não tinha muita coisa acontecendo no departamento materno
quando foi embora sem um endereço de encaminhamento ou
mesmo um nome.
Qualquer afeição que eu pudesse ter sentido pela mulher que
me deu à luz murchou e morreu. —Duas vezes em menos de uma
semana. Isso está se tornando um hábito?
Foi bom saber que mesmo estando tecnicamente inconsciente e
sonhando, eu ainda mantinha meu mecanismo de defesa favorito,
minha boca esperta. As pessoas pareciam não perceber que o

machucariam se você aperfeiçoasse a arte do sarcasmo. E embora
ela fosse minha mãe, eu não queria parecer mais vulnerável do que
o absolutamente necessário.
Sua cabeça inclinou para o lado, e sua expressão suavizou.
Ainda não era afetuoso de longe, mas certamente era mais
compreensivo. De muitas maneiras, ela me lembrou um daqueles
estatutos de anjo. Não os querubins fofos com seus cachos doces e
asas fofas. Os outros. Os guerreiros segurando espadas e escudos,
vestidos da cabeça aos pés em armaduras com os olhos brilhando
com a retribuição divina.
Então, em outras palavras, minha mãe era levemente
aterrorizante. E ela conseguiu tudo isso em um vestido marrom
simples e cinto de couro. Isso quase a tornou mais assustadora. Se
ela pudesse ser tão intimidante em um vestido, como ela seria se
estivesse realmente pronta para a batalha?
—Seus pensamentos estão perturbados.
—Ah, sim. Você pode me culpar? Minha mãe continua
aparecendo nos meus sonhos sem ser convidada depois de vinte e
três anos, e acabei de ser esfaqueada por um caçador vestindo a
pele do meu ex como uma fantasia de Halloween. O que você
espera? Uma reunião de família chorosa?

—Eu tentei avisá-la.
—Talvez da próxima vez você possa ir com algo um pouco
mais direto, como Sunday, os caçadores colocaram uma
recompensa em sua cabeça. Não deixe o terreno da escola. Ou, não
sei, me mande nomes e endereços.
Ela apertou os lábios. —Eu já lhe disse o que você tem que
fazer. Você precisa encontrar o que a torna forte e aproveitá-lo. É a
única maneira de desbloquear todo o seu potencial.
—Isso soa como um monte de besteira vaga. Estou tentando
encontrar minha loba há anos. Quer ajudar, Mamãe Querida? Dê-
me algo mais específico para trabalhar.
—Sua loba não é a resposta.
—O que? Você acabou de dizer...
Minha mãe olhou por cima do ombro, estreitando os olhos.
Quando ela voltou seu olhar para mim, suas íris pareciam girar
como galáxias antes que ela piscasse e elas se tornassem gêmeas
minhas mais uma vez. —Há tanta coisa que eu posso revelar.
Mesmo aqui, estamos sendo observadas.
—Observadas? Por quem? Os caçadores?
—E aqueles que desejam ver você falhar. Nada menos do que
sua morte irá apaziguá-los.

Bem, isso soou ameaçador pra caralho.
—Que maravilha. —
—A única maneira de se proteger é encontrar a fonte de seu
poder. Lembre-se, as coisas que o alimentam deixarão uma marca.
Abrace-os, não importa as consequências. Eles são a resposta para o
enigma do seu direito de primogenitura.
—O que?
Ela olhou por cima do ombro novamente e, desta vez, as
galáxias em seus olhos não desapareceram. —Depressa, filha. Não
demorará muito para que eles façam outra tentativa. Você precisa
se preparar. Lembre-se do que eu disse.
—Espere, aguarde! Como eu vou saber...
Mas ela se foi, o som anunciando sua partida uma série de
estrondos incessantes em vez de cavalos a galope. Enquanto eu
flutuava, o campo ondulava para fora como luzes na superfície de
um mar tempestuoso, e eu perdi meu senso de identidade.
Mais uma vez eu estava sozinha, à deriva, com nada mais do
que o eco de suas palavras perseguindo uma à outra no abismo.
Abrace-os.
Eles são a resposta.
Abraçar.

Eles.
—DEIXE-ME VÊ-LA.
A voz de Alek rompeu a neblina do minha . . . visão? Sonho? O
que quer que você chamou.
—Eu já disse a seus amigos. Ela não está bem. Nenhum de
vocês pode vê-la agora. Não até que ela esteja fora de perigo, —
Caleb disse.
—Afaste-se, Sacerdote. Você a teve em seu covil nas últimas
setenta e duas horas. É hora da prova de vida. Como podemos ter
certeza de que você manteve seu controle?
—Estou mantendo-a viva. Eu não cedi. Isso é mais do que
Thorne pode dizer. Se eu não a tivesse tirado dele, ela estaria morta
agora.
A energia no ar irradiava tensão e agressão. Eu tinha certeza
de que se isso acontecesse, haveria relâmpagos e trovões.
A voz de Alek ficou mais fria, mais intensa e ameaçadora. —
Você pode tentar me manter longe. Vampiro ou não, você falhará.

A dor irradiava através de mim, percorrendo toda a extensão
do meu lado, descendo do meu quadril até a coxa, mas me forcei a
ficar de pé. Eu me arrependi dessa escolha instantaneamente. A sala
se inclinou e uma onda de náusea me atingiu com a força de um
tsunami. Algo estava muito errado comigo.
Levantando minha camisa, não pude evitar o pequeno gemido
de choque que escapou ao ver meu ferimento. Gavinhas negras
doentias se estenderam sob minha pele, começando no curativo e
rastejando pelo meu corpo. Um gosto estranho, amargo e metálico,
encheu minha boca. Eu ia morrer aqui. Como eu poderia encontrar
meu poder interior ou qualquer outra coisa se eu estivesse morta?
Eu tropecei para frente, me segurando na parede ao lado da
porta. —Vá por mim. Eu não caí.
—O que é que foi isso? —Caleb perguntou.
Antes que eu pudesse girar a maçaneta, a porta se abriu, e os
dois ficaram ali, expressões sombrias. Soltei uma risadinha histérica
e me joguei para frente, mas Alek me pegou contra ele.
—O que você fez com ela, vampiro?
—Eu cuidei dela. Ela estava se recuperando. Eu não entendo
como ela está pior.

—Ela está morrendo. Você não pode sentir o cheiro nela? A
morte tem uma mão enrolada em torno de sua garganta.
Minha pele se arrepiou quando as palavras de Alek ecoaram
meus próprios medos. —Estou bem. Eu só preciso sair daqui.
Minhas palavras estavam arrastando?
Alek me segurou contra ele, sua grande palma abrangendo a
maior parte das minhas costas. Estava bem. Melhor. Algo sobre
estar com ele, em sua presença, era como um bálsamo curativo.
—Deixe-me ver a ferida, Sunday. Trouxe algo que pode
ajudar.
—Como você pode saber o que vai ajudá-la? — Caleb cuspiu.
—Até o sangue de Blackthorne não a curou totalmente.
—A lâmina.
—Sim?
Meus joelhos dobraram, e Alek me pegou em seus braços
como se eu não pesasse nada. —Obrigado, garotão. Eu costumava
dizer que não gostava de um homem com muitos músculos, mas
você acabou de mudar minha mente.
Um estrondo profundo rolou de seu peito. —Eu vou te segurar
em meus braços quando você quiser.
—Você me faz sentir . . . delicada.

—Você é.
Eu balancei minha cabeça, amando o cheiro dele mesmo
sabendo que tudo isso poderia ser um delírio febril falando. Ele me
colocou no sofá de couro duro perto da lareira e cuidadosamente
levantou a camisa que Caleb me deu. As linhas de preocupação
gravadas em sua testa fizeram meu coração disparar. Então foi tão
ruim quanto eu pensava. Eu não estava alucinando.
—A lâmina foi atada com acônito. Eu analisei depois que você
a levou. Alek falou com Caleb, mas olhou fixamente para mim
enquanto fazia isso.
—Abadia de Lobos? — Eu sussurrei.
Eu tinha visto um lobo morrer de uma ferida como esta. Os
caçadores eram implacáveis, prontos para acabar com todos nós,
mas acônito era difícil de encontrar, e ainda mais difícil de
transformar em uma forma potente e concentrada. Eles realmente
me queriam morta.
—Eu tenho uma cura. Se você permitir.
—Sim, — Caleb disse antes que eu pudesse falar.
—Não estou perguntando, padre Gallagher. — Alek virou um
olhar apertado para mim.
—Eu confio em você.

Ele acenou com a cabeça, mandíbula apertada, antes de
agarrar a camiseta pela bainha e rasgá-la completamente em duas,
expondo meu corpo para ele e Caleb. Eu nunca estive mais grata
por ter escolhido usar calcinha. Mas aquele vestido que eu usei no
clube? Essa era uma situação sem sutiã, então agora, meus seios
estavam bem ali, literalmente na cara dele.
Ele engoliu em seco, mas não olhou para os meus seios. —Eu
tenho que tocar em você.
—Ok.
Sua palma quente pressionou suavemente a minha barriga,
logo abaixo do meu esterno, antes de deslizar até o meu peito, bem
entre meus seios. O outro pairava diretamente sobre a ferida do
meu lado.
—Seu coração está martelando como o de um pássaro
assustado.
—Bem, eu fui envenenada.
Um leve sorriso surgiu em seus lábios. —Vamos ver isso.
Feche seus olhos.
Eu fiz o que ele pediu e imediatamente o senti dentro de mim.
Sua essência fluía de sua palma para fora, correndo por cada célula
e terminação nervosa. A dor em meu corpo cresceu e atingiu um

pico insuportável, a sensação avassaladora me fazendo
choramingar, mas ele sussurrou palavras suaves e reconfortantes
em uma língua que eu não conseguia entender.
— O que você está fazendo com ela? — Caleb perguntou. Sua
voz era áspera e sem fôlego, e quando arrisquei um olhar para ele,
havia uma fome feroz em seus olhos.
—Curando-a.
A dor aumentou novamente, um calor ardente centrado na
minha ferida, fazendo com que as lágrimas vazassem dos meus
olhos antes de se transformarem em calor, depois em prazer. Prazer
que eu não deveria estar sentindo, mas definitivamente estava. Eu
gemi, meus mamilos se apertaram em picos desesperados,
implorando por atenção.
—Alek, oh, meu Deus. O que você está fazendo comigo?
Meus olhos se abriram novamente e travaram com os dele. O
mesmo prazer irradiava dele, incerteza cintilando nas profundezas
de suas íris azul-gelo.
—Eu não sei. Porra, Sunday.
Meu corpo inteiro estava aceso com euforia, desejo e
necessidade desenfreada de que ele me reivindicasse e me fizesse
dele. Era primordial e inegável. Estendendo a mão, eu o agarrei

pela nuca e usei uma força que eu não sabia que possuía para puxar
sua grande estrutura para baixo até que nossos lábios se
encontrassem e aquela necessidade ardente fosse alimentada.
Poder e força fluíram dele para mim, e quando minha boca se
abriu para aceitar o aprofundamento do nosso beijo, enfiei meus
dedos em seu cabelo. Alek estava me dando mais do que suas
habilidades de cura. Ele estava me alimentando com sua força
novasgardiana… e era incrível. Primal, antigo, selvagem. Eu nunca
tinha experimentado nada parecido.
Mesmo que não tivéssemos nos movido, exceto para nos
apertarmos mais um ao outro, meu nariz se encheu com o cheiro de
pinheiro nevado e minha boca com o gosto um tanto incongruente
do mar. Imagens de montanhas cobertas de neve e geleiras azuis
cristalinas correram pela minha mente… o que não fazia sentido, já
que eu nunca tinha visto nenhum dos dois pessoalmente. Mas
atado através de tudo isso estava a sensação absolutamente
deliciosa dele. Alek. Sua essência rolou através de mim, me
enchendo, fundindo-se com a minha, e parecia tão absolutamente
certo.
Pela primeira vez na minha vida, eu sabia como era se sentir
poderosa. Imparável.

E eu queria mais.
Um estalo soou na sala, nos separando e chamando minha
atenção do viking que estava me arrebatando no sofá para o padre
vampiro de pé na pequena mesa a cinco metros de distância. Os
restos da pequena mesa, de qualquer maneira. Os olhos de Caleb
estavam selvagens, as presas estendidas e os punhos cerrados perto
dos escombros que uma vez foi sua mesa. Seu olhar não estava em
Alek, estava completamente focado em mim.
—Sua ferida está curada —, ele mordeu. —Você precisa sair
daqui.
—Caleb…
—Acho melhor se você me chamar de padre Gallagher de
agora em diante, senhorita Fallon.
Sentei-me, os restos esfarrapados da camiseta de Caleb caindo
de mim. Mas Alek estava lá, tirando sua camiseta preta das costas e
me ajudando a colocá-la na minha cabeça sem que eu dissesse uma
palavra. Cheirava como ele, o que enviou excitação através de mim
mais uma vez.
—Vamos, Sunny. Eu acompanho você de volta ao seu
dormitório. Moira ficará feliz em ver que você está segura.

Eu me levantei e peguei sua mão oferecida, virando minha
cabeça para agradecer a Caleb por sua ajuda, mas o padre tinha ido
embora, a porta do quarto ao lado de seu quarto se fechou antes
que eu pudesse dizer uma palavra.

Capítulo Quatorze
SUNDAY
Aparentemente, ser esfaqueada e quase envenenada até a
morte não foi o suficiente para me tirar de mais um dia de aula.
Caleb… corrigindo, padre Gallagher… me conhecia bem o
suficiente para prever que eu poderia tentar usar isso como uma
desculpa porque ele me enviou um e-mail e copiou todos os meus
professores, deixando todos nós sabermos que eu voltaria às aulas
naquela tarde. E que se eu perdesse uma por qualquer motivo que
não fosse a morte literal, eu passaria as próximas duas semanas
pagando por minha insolência.
Um cara realmente maravilhoso, aquele padre, — ex-padre?
Eu ainda estava um pouco confusa com os detalhes, já que ele era
um vampiro e tudo mais. Devia ser muito difícil ser um bom pastor
para seu rebanho quando ele queria comê-los todos. Até onde eu
sabia, seu status de vampiro tornava impossível participar dos
ministérios para os quais ele havia sido ordenado.
Sacerdote ou não, você pensaria que passar três dias dentro e
fora da consciência seminua na cama de um cara lhe renderia

alguma clemência, mas não. Se alguma coisa mudou, foi que ele
parecia ainda mais tenso do que o habitual. O que não era nada
bom para mim, considerando que tínhamos uma sessão marcada
para esta noite.
Eu gemi e fechei meu laptop. Moira olhou com um levantar
preocupado de sua sobrancelha.
—Algo errado, docinho?
Ela estava cuidando de mim desde que Alek me trouxe de
volta vestida apenas com sua camiseta. Eu não vou mentir, foi
muito bom ter alguém me colocando na cama e continuar enchendo
minha água ou me trazendo chá quente. Eu estava totalmente bem
fisicamente, depois que Alek enviou o que parecia ser a força dos
deuses nórdicos em fúria pela minha corrente sanguínea. Mas acho
que deixar Moira cuidar de mim me fez sentir melhor com o que
aconteceu.
Ela estava realmente chateada consigo mesma por ficar tão
bêbada que acabou em um dos quartos privados da Iniquidade
para dormir, me deixando desprotegida. E eu . . . bem, eu
simplesmente não estava acostumada com ninguém cuidando de
mim assim.

Apontei para o meu computador. —O bom padre é sempre tão
idiota assim?
Sua segunda sobrancelha se ergueu para se juntar à primeira.
—De um modo geral, sim. No entanto, você teria que me dizer o
que ele fez para lhe dar uma avaliação mais completa. Eu vou dizer
que ele parece muito mais rabugento perto de você. Então,
novamente, a maioria das pessoas também.
—Sim, sim. Nem precisa me dizer. — Suspirei e esfreguei as
mãos no rosto. —Ele acabou de dizer que eu tenho que voltar para a
aula hoje. Ameaçou-me com punição se eu não obedecesse.
Moira se moveu para ficar atrás de mim, acariciando meu rabo
de cavalo já inclinado. —Parece que devemos te vestir e alimentar,
então. Você tem armas e defesa comigo esta tarde, e os comentários
por aqui é que Sanderson transformou o bosque para treinos e
treinamento de sparring. Bem-vinda à semana infernal, doçura.
Eu gemi, cruzando meus braços na minha mesa e jogando
minha cabeça em cima deles.
Ela parou de enrolar meu cabelo e riu.
—Você está realmente rindo da minha miséria?
—Não. Bem, sim. Acabei de perceber que seu garoto
apaixonado está na aula conosco.

—Garoto apaixonado? — Eu perguntei, espiando por cima do
meu braço. Eu não tinha contado a ela o que aconteceu com Alek na
noite anterior, eu ainda estava tentando descobrir o que diabos
aconteceu lá para mim.
—Eu deveria dizer garotos, plural. Como em todos eles.
Isso me fez endireitar e torcer para olhar para ela. —O que?
Ela começou a contar nos dedos. —Lobo, Viking e Vampiro.
Você vai estar em um sanduíche com toda a trindade sexy.
O pensamento de ter que lidar com um deles, muito menos
com todos eles, fez meu estômago revirar em nós.
—É muito cedo para começar a beber? — Eu perguntei, não
totalmente brincando.
Ela puxou meu rabo de cavalo e, em seguida, roubou meu
elástico para amarrar suas próprias mechas de cor marinho. —
Infelizmente, o refeitório não tem álcool, então sim. Mas se você se
apressar e tomar banho, posso trançar seu cabelo antes de
comermos.
Mesmo que eu gemesse enquanto me levantava, não havia
calor por trás disso. Se eu tivesse que passar o dia lutando com
deuses do sexo sobrenaturais e ouvindo palestras sobre a natureza

tênue da política de nossas Famílias, pelo menos eu teria Moira
para fazer isso.
Tínhamos acabado de terminar nossa refeição… nada de bufê
aqui, Ravenscroft tinha um garçom de verdade e um cardápio
diário para seus alunos… quando Noah entrou.
Meus passos vacilaram, e Moira imediatamente esticou o
pescoço para ver o que me fez parar.
—Olá, Príncipe das Trevas — ela sussurrou baixinho.
—Não o chame assim.
—Você tem um nome melhor para ele? Amante sombrio,
talvez?
Tentei dar-lhe uma cotovelada nas costelas, fazendo-a rir
enquanto evitava meu golpe. Quase me distraiu do fato de que a
presença de Noah fez com que uma energia crepitante atravessasse
a sala.
Eu não o tinha visto desde o esfaqueamento. Lembrei-me de
dançar com ele. Como suas mãos vagaram, e o jeito que ele
continuou tentando roubar beijos, mas propositalmente errava
meus lábios até que eu já estivesse louca com a necessidade de ele
fazer isso. Lembrei-me do gosto de seu sangue quando ele me

forçou a beber, e como depois do primeiro gosto, ele não teve que
me forçar. E depois . . . nada.
Grilos.
Ele me tratou como se fosse um fantasma.
Quer dizer, não estávamos exatamente namorando nem nada.
Mas pensei que talvez estivéssemos começando algo. Ele deixou
bem claro que estava interessado em mim e então sumiu
completamente da face da terra. Concedido, eu estava inconsciente,
e Caleb mencionou como ele disse a todos para ficarem longe.
Ainda assim, pensei que Noah poderia se importar o suficiente para
saber como eu estava, no mínimo.
Nossos olhos se cruzaram pela sala e, por um segundo, pensei
que talvez tivesse entendido tudo errado. Talvez ele estivesse
apenas respeitando as regras de Caleb. Comecei a sorrir, minha
mão levantando em um pequeno aceno.
Então ela entrou, e todas as minhas reflexões ingênuas
explodiram bem na minha cara.
Qualquer indício de emoção que eu pensei ter encontrado em
seus olhos se foi. Escondida atrás de uma máscara de indiferença
entediada quando uma ruiva deslumbrante, sua pele cremosa e
perfeita, deslizou o braço pelo dele. Noah mal lhe deu um olhar,

mas a garota misteriosa deu a ele um olhar de adoração enquanto
ela arrastou a outra mão pelo braço dele, não deixando dúvidas
quanto à afirmação que ela estava fazendo.
—Quem é aquela? — Eu rosnei, não reconhecendo a sensação
de enjoo e torção no meu estômago.
Os olhos de Moira se estreitaram. — Callista Donoghue.
Abelha rainha residente e cadela mimada. Herdeira da fortuna da
família Donoghue, e… como só ela acredita… companheira
predestinada do único príncipe vampiro, Sr. Noah Blackthorne. A
expressão de Moira mudou, e ela me deu uma olhada avaliadora.
—Você pode querer ficar longe dela até que você resolva sua coisa
de loba. Callie pode ser uma verdadeira cadela que dá trabalho. —
Meu cérebro ainda estava preso na parte sobre Noah ter uma
companheira predestinada que ele nunca mencionou. Ele foi
prometido a alguém, e o tempo todo, ele estava correndo comigo,
fazendo o que exatamente? Fazendo da nova garota uma tola?
Brincando com a pequena loba quebrada? O que ele poderia
esperar ganhar começando algo comigo?
Talvez você devesse ser apenas mais um entalhe na cabeceira
da cama dele. Por que tem que ser mais complicado do que isso?

Achando-me a maior idiota do mundo, forcei meus pulmões a
exalar e me livrei da sensação de traição que não tinha o direito de
sentir. Então enfiei meu braço no de Moira e disse com firmeza.
—Vamos, vamos nos atrasar .
ATÉ AGORA, as aulas de armas e defesa não passavam de
palestras chatas sobre política, manutenção da paz e a história do
conflito entre as espécies. Os vampiros podem transformar quase
qualquer criatura em um deles, mas, a menos que sejam humanos
primeiro, suas vítimas raramente sobrevivem. Os shifters podem
mudar à vontade, não apenas com a lua… alerta de spoiler, eu sabia
disso. Os fae não podem mentir, mas são mestres em distorcer a
verdade para atender às suas necessidades. As bruxas usam magia
elementar para aproveitar seu poder e são consideradas as mais
perigosas de todas. Isso não era novidade para mim, mas parecia
ser importante para a professora Sanderson levar o lembrete para
casa, então todos fomos forçados a ouvir. Até hoje.

—Onde está Sanderson? — Eu perguntei enquanto Moira e eu
tomamos nossos assentos habituais na terceira fila do grande
auditório. Perto o suficiente para ser vista e contada, mas longe o
suficiente para evitar os braços agitados da professora durante um
de seus discursos apaixonados.
—Talvez tenha desistido de nós. — A voz de Alek veio de trás,
a sensação de sua respiração na minha nuca enviando uma faísca de
atração através de mim.
Eu não conseguia esquecer aquele beijo que compartilhamos,
mesmo que fosse simplesmente porque estávamos presos no calor
do momento, nossa energia combinada precisando de algo… algum
lugar para ir. Ele arrastou um dedo pela pele nua do meu pescoço e
se inclinou antes de sussurrar. — Por mais que eu goste quando
você usa o cabelo preso, você deveria reconsiderar. Você é uma isca
de vampiro, exibindo essa sua linda garganta.
Meu olhar viajou pela sala, como se puxado por um ímã, antes
de pousar em Noah. O príncipe vampiro estava sentado com um
braço sobre o encosto da cadeira ao lado dele, pernas abertas,
postura casual e sexy. Seu foco não estava em Callie, que estava
sentada ao lado dele, nem no outro vampiro falando com ele. Não.
Noah Blackthorne estava me encarando com adagas nos olhos.

O calor floresceu entre minhas coxas, e eu tive que apertá-las
juntas em um esforço para controlar a excitação que eu não queria
sentir. As narinas do vampiro se dilataram, os olhos ardendo
quando um leve sorriso torceu o canto de sua boca.
—Porra, se eu gostasse de caras, eu estaria tão excitada agora,
— Moira murmurou.
Engoli o nó na garganta e me forcei a desviar o olhar de Noah,
especialmente quando Callie deslizou seu olhar para mim e então
passou a palma da mão pela coxa dele. Eu não sabia o que me
atraiu nele, além de seu magnetismo de vampiro, mas eu tinha um
deus nórdico literal ao meu lado que me fez sorrir e me beijou como
se eu fosse a única coisa que ele precisava. O que acontece comigo
que eu estava atraída por ambos?
Antes que eu pudesse examinar mais, a porta da sala de aula
se abriu, e a professora Sanderson entrou, seus cachos ruivos
selvagens parecendo uma auréola de fogo que se encrespou ao
redor de sua cabeça.
—Oooh, deve ser época de acasalamento aqui. Dá pra sentir o
cheiro dos feromônios a um quilômetro de distância — ela disse em
seu forte sotaque sulista. Ela tinha que ser do Texas ou de um dos
outros estados do sul da América. Não havia como negar suas

raízes com aquele sotaque. —Agora, vamos, pessoal. Estamos nos
preparando para uma briga séria por aqui, e eu preciso de vocês
prontos. Isso significa que vocês precisam estar de pé e indo para os
vestiários para poder se trocarem para um treino corpo a corpo
hoje.
—Com licença, professora? — Callie levantou a mão,
colocando tanto açúcar em sua voz que quase engasguei.
—Senhorita Donoghue?
—O que você quer dizer com se trocarem?
A professora Sanderson a olhou de cima a baixo,
resmungando quando ela viu o sapato Mary Jane de couro
envernizado de Callie e o vestido extremamente curto e justo que
era uma paródia de um uniforme de colegial.
—Você não vai muito longe nisso, garota. Vampira ou não,
seus colegas terão a vantagem. Agora, todos vão se trocar. Seus
armários já estão organizados com tudo que vocês precisam.
Coloquem cada peça que vocês encontrarem no seu armário,
pessoal.
A classe soltou um gemido unânime, mas saímos em fila, indo
para os vestiários. Não havia muita diferença de uma típica escola
humana quando se tratava deste espaço. Filas de bancos, armários

cinza, iluminação ruim, chuveiros. Praticamente tudo padrão. Na
verdade, me deixou com uma sensação de conforto. E isso nivelou
um pouco o campo de jogo.
Callie passou por mim com suas cadelas esperando atrás. Ela
bufou, mas não disse uma palavra para mim.
—Qual é o problema dela? — Eu sussurrei quando Moira
colocou a palma da mão no centro do armário na frente dela. Um
brilho branco emanava de dentro antes de desaparecer.
Ela abriu a porta e tirou uma camisa preta de manga comprida
de alta performance, calças cargo combinando e um par de botas de
combate. —Ela está com ciúmes. Thorne quer você, e ele deveria
querê-la.
—Ele quer me foder. Há uma diferença.
—Oh, ele quer foder você, tudo bem. Esse é o problema, ele
quer foder você.
Corei com a onda de calor que o pensamento enviou em
espiral direto através de mim e balancei a cabeça. Seguindo seu
exemplo, coloquei minha palma na porta de metal na minha frente,
e a mesma coisa aconteceu. Abrindo a porta, encontrei a mesma
roupa que Moira estava vestindo esperando por mim. Nós nos
vestimos rapidamente antes de dobrar nossas roupas originais e

colocá-las dentro dos armários. Antes de fechar o meu, Moira me
parou.
—Não se esqueça do amuleto. Sanderson nos disse para usar
tudo —. Ela apontou para o pingente pendurado dentro da porta.
Um disco simples suspenso de um colar de couro trançado.
Colocando o fecho, eu instantaneamente senti um peso no meu
peito e engasguei com o calor vindo do pingente. —O que é isto?
— Tenho certeza de que tem algo a ver com nossa missão.
Moira enganchou seu braço no meu. —Vamos. De volta à aula.
Vamos ver o que a velha caipira nos reserva hoje.

Capítulo Quinze
KINGSTON
Eu saio do vestiário atrás dos meus colegas de classe, cheios da
mesma energia inquieta com a qual eu vivia desde que meu lobo
sentiu seu cheiro novamente. Sunday. Minha companheira. Aquela
que me rejeitou na frente das nossas matilhas. Tecnicamente, isso
significava que ela não era nada para mim. Mas meu lobo não dava
a mínima para tecnicalidades. No que lhe dizia respeito, Sunday
pertencia a nós. E ela sendo atacada no clube e quase morrendo só
intensificou os instintos protetores do meu lobo.
Foi uma maldita dor na minha bunda se eu estivesse sendo
honesto. Porque eu, o homem, não queria nada com ela. Ela me
humilhou na arena mais pública que existia para shifters. Eu sou o
filho do Alfa, futuro Alfa da matilha Farrell. Apenas uma outra
matilha na América do Norte nos corresponde em tamanho. Os
Fallons.
Uma união entre nossas duas Famílias teria sido uma
verdadeira merda de Romeu e Julieta, reunindo duas matilhas
rivais para criar a maior matilha de lobos vista em séculos. Mas ela

enviou qualquer conversa de paz em chamas com sua total rejeição
de mim. Como se eu fosse indigno aqui. Ela não conseguia nem
encontrar sua maldita loba. Que direito ela tinha de me rejeitar?
Sunday teria sorte de ser minha companheira. As vadias
andam farejando, praticamente me implorando para montar e
reivindicá-las desde que eu tinha idade suficiente para entender o
que isso significava.
Exceto ela.
Assim como sempre quando se tratava de Sunday, todas as
velhas inseguranças e mágoas vieram à tona. E logo atrás delas, a
raiva. Vê-la novamente, depois de todo esse tempo. . . Eu não estava
preparado para o quão fodidamente irritado eu ainda estava.
Era mais fácil fingir quando eu não tinha que olhar… ou
cheirar… ela. Porra, esse cheiro. Isso me assombrou. Pior, foi direto
para o meu pau. Toda. Porra de Tempo.
Apenas a lembrança disso foi o suficiente para me ajustar
quando encontrei um local para esperar do lado de fora do bosque
para Sanderson nos deixar entrar em qualquer jogo que ela havia
planejado para hoje. Normalmente os lobos eram sociais, mas como
regra, não confraternizamos muito fora de nossas matilhas. Como

resultado, acabei me apegando à periferia em classes mistas como
esta.
Meus olhos percorreram os outros alunos ao redor, meu lobo
rosnando quando meu olhar pousou em Thorne e sua pequena
vadia ruiva. Deus, eles se mereciam. Se Sunday e eu éramos a
versão shifter de Romeu e Julieta, eles eram os próprios Ken e
Barbie dos vampiros. Mais rico que Deus e sangue mais azul que o
Atlântico. Mimados. Estragados. Totalmente insuportável. Ele
provavelmente teve que consultar a agenda dela quando queria
agendar um horário para molhar o pau.
Eu ri ao pensar em Thorne batendo enquanto Callie gritava
para ele se apressar e terminar enquanto percorria seus feeds de
mídia social. Pessoalmente, eu não confiaria no meu pau perto da
garota. Tenho certeza que ela poderia fazê-lo murchar e morrer com
um único olhar. Sua voz sozinha fez minha pele arrepiar, e seu
cheiro era tóxico. Como cheirar esmalte e gasolina.
—Ela não espera que nós entremos lá, espera? Quero dizer... o
sol saiu. — A voz aguda de Callie rangeu mesmo de onde eu
estava.
—Você ouve uma palavra que qualquer outra pessoa diz? —
Thorne estalou. —Isso não é real. É uma ilusão.

Callie fez beicinho. —Parece real. É quentinho.
Revirei os olhos para o gemido de Callie, desejando que os
raios artificiais saindo do bosque fossem suficientes para
transformar o sugador de sangue em um pilar de cinzas. Seria uma
baita melhoria.
O nome era enganoso. Não era realmente um bosque, por si
só, mas uma antecâmara mágica que os professores podiam
modificar conforme necessário. Neste momento, Sanderson o
converteu em uma floresta diurna. Mas, assim como o resto do
campus, havia todos os tipos de dispositivos mágicos à prova de
falhas para evitar que qualquer um de seus alunos entrasse em
contato com algo que pudesse machucá-los. Caso em questão, o sol.
A maioria das aulas de vampiros acontecia à noite por esse motivo,
mas havia algumas exceções à regra. E nesses casos, Ravenscroft foi
magicamente equipada para garantir sua segurança.
Além disso, o bosque era um dos poucos lugares no campus
onde as proteções contra falhas … como mudança de marchas …
podiam ser levantadas. Eu duvidava que tal modificação tivesse
sido feita para hoje, era raro em classes de espécies mistas. Mas, não
era inédito durante o treinamento específico da espécie.

Meu lobo soltou um ronco baixo, secretamente esperando uma
chance de ser solto de sua coleira. Ele estava morrendo de vontade
de correr. E se por acaso ele encontrasse um certo príncipe vampiro
no processo, bem. . . qual era o mal em uma pequena mordida?
Sunday e aquela colega de quarto dela Belladonna foram as
últimas a entrar na aula. Meu lobo… e outras partes da minha
anatomia… ficaram atentos ao vê-la. Não era de admirar, com sua
roupa preta justa e a longa trança de zibelina pendurada nas costas,
implorando para ser enrolada em meu punho e...
Para baixo garoto.
Sanderson notou a chegada delas e bateu palmas para chamar
a atenção de todos.
—Tudo bem! Vocês precisam ouvir isso antes de entrar. Veem
aqueles pequenos discos que vocês estão usando? Esses são seus
faróis. Eles são soletrados para ajudá-los a encontrar seus parceiros,
que serão selecionados aleatoriamente quando vocês entrarem. Eu
vou fazer vocês entrarem um de cada vez para que vocês sejam
legais e se espalhem antes que os faróis sejam acionados. Seu
objetivo será caçar seu parceiro e fazer com que ele se submeta sem
tirar sangue.

Meus ouvidos se animaram com isso. Parecia que eles
poderiam deixar as rodinhas hoje, afinal.
—Sem usar os dons de sua espécie, é claro. Isso significa não
morder. Sem deslocamento. Sem lançamento de feitiços. Você terá
que dominar seu oponente usando apenas cérebro e força.
Eu, junto com todos os outros, gemi. Bem, quase todos. O
Novasgardiano sorriu, os braços cruzados sobre o peito, os
músculos salientes obscenamente. Eu quase senti pena do pobre
idiota que se juntou a ele. Eles não tem chance.
—Tudo bem. Quem é o primeiro? Ah, sim, Sr. Blackthorne,
muito bem.
Thorne entrou no bosque sem olhar para trás. Callie durou
cinco segundos antes de trotar atrás dele. O resto de nós fez fila,
alguns mais ansiosos para entrar do que outros. Eu estava em
algum lugar no meio, animado com a oportunidade de fazer algo
físico, mas não necessariamente com pressa. Não pude deixar de
olhar por cima do ombro, sentindo Sunday na fila atrás de mim.
Seu lábio estava preso em seus dentes, e suas bochechas
coraram quando ela percebeu que tinha sido pega olhando. Ela
baixou o olhar, e meus olhos se estreitaram. Agora, o que foi isso

tudo? Seria possível que a pequena loba não estivesse tão
desinteressada quanto ela deixava transparecer?
Antes que eu pudesse considerar mais a questão, um feiticeiro
atrás de mim me deu um pequeno empurrão.
—Sua vez, cara.
Eu projetei meu queixo em reconhecimento antes de correr
para o bosque. Eu podia sentir a magia tomar conta assim que
cruzei o limiar. Ela correu pelas minhas costas como um fio de água
fria, agitando meu lobo com a sensação estranha, mas não o
suficiente para me colocar em alerta máximo. Apenas o suficiente
para que meus sentidos se aguçassem.
Só porque eu não podia mudar não significava que eu não
podia desenhar no meu lobo. Esse era o objetivo de exercícios como
este. Aprimore os pontos fortes de sua espécie, não importa sua
forma. Os vampiros definitivamente estariam usando sua super
velocidade e força. Eu estaria condenado se não fizesse uso de
minhas habilidades superiores de rastreamento. Não havia
nenhuma maneira de meu parceiro me passar a perna.
Com esse pensamento em mente, abri caminho pela floresta
feita por magia, escalando troncos caídos e entrando mais fundo na
densa vegetação. Talvez dez minutos depois que eu entrei, houve

uma corneta baixa, e então uma gavinha de calor fez cócegas em
meu peito onde o pingente descansava. Os últimos alunos estavam
lá dentro.
A caçada começou.
Eu deixei meu lobo assumir o controle, direcionando meus
passos e nos guiando, sempre trabalhando para chegar mais perto
da minha presa. O pingente estava zumbindo com calor agora, não
o suficiente para queimar, mas definitivamente me deixando saber
que eu tinha que estar chegando perto.
O estalo de um galho à minha esquerda chamou minha
atenção. Alguém estava se aproximando, mas quando me virei na
direção deles, meu pingente ficou frio.
Não é meu.
Quando voltei pelo caminho que estava seguindo, meu
pingente ganhou vida novamente. Eu levantei meu nariz para o ar,
inalando profundamente.
Se minha presa estivesse por perto, eu deveria ser capaz de
cheirá-la. E se eu pudesse sentir o cheiro dela, eu também deveria
ser capaz de descobrir de que espécie ela era, o que me ajudaria a
espreitar ela. Uma bruxa, por exemplo, não exigiria sutileza. De
todos nós, elas eram as mais fracas sem seus dons. Um vampiro ou

shifter, no entanto, exigiria que eu ficasse contra o vento para que
eles não pudessem sentir meu cheiro.
Eu soube que era ela no momento em que a brisa trouxe notas
suaves de lilás e mel para mim. Pegando meu ritmo, eu me
concentrei na trilha, focado no meu alvo. Meu lobo uivou quando
seu cheiro explodiu no meu nariz.
A necessidade de possuir minha companheira correu através
de mim, quente e feroz.
Comecei a correr então. Silenciosamente movendo-se pela
floresta como a criatura cuja natureza eu compartilhava.
Eu a encontrei menos de um minuto depois, espiando ao redor
de uma árvore na clareira vazia. Ela estava bem na minha frente, e
eu estava a favor do vento o suficiente para que a pequena shifter
não tivesse a menor ideia. O pingente brilhou em brasa e depois
desapareceu. O aviso de que nosso alvo havia sido localizado.
Sunday ficou tensa, mas eu estava em cima dela antes que ela
pudesse se mover.
Pulando atrás dela, enviei nós dois voando para a pequena
clareira. Eu a agarrei, derrubando-nos no chão coberto de musgo e
folhas, protegendo-a enquanto eu a prendia. Ela se contorceu em

meus braços, inadvertidamente moendo aquela bunda perfeita dela
direto na minha virilha.
Ela engasgou, e a ligeira dificuldade em sua respiração me
disse que ela sabia exatamente o que isso fazia comigo.
—Deixe-me ir — ela rosnou.
Dei espaço suficiente para ela rolar de costas antes de pegar
seus pulsos em minhas mãos e achatar meu corpo sobre o dela. —
Submeta — eu rosnei, minha voz mais loba do que humana.
Ela engoliu. —Para você? Nunca.
Como Alfa, o ato de desafio deveria ter me irritado. Mas vindo
dela, tudo o que fez foi me excitar. Meu pau já estava grosso e
pesado entre nós. Eu não poderia ficar muito mais difícil se eu
tentasse.
Os instintos da minha besta tomaram conta, substituindo os
meus enquanto meu lobo cedeu à necessidade de se aproximar de
sua companheira. Eu me aninhei em seu pescoço, puxando seu
perfume viciante profundamente em meus pulmões até que pensei
que nunca poderia me livrar dele.
Porra, ela se sentiu bem espalhada embaixo de mim assim.
Todas aquelas curvas suaves embalando minha dureza. Meus
quadris balançaram nos dela sem meu pensamento consciente, e

soltei um silvo. Foi bom. Tão fodidamente bom. E nem perto o
suficiente.
—O...o que você está fazendo?
—Pegando o que é meu, — eu rosnei, raspando minha
mandíbula ao longo de seu pescoço, marcando aquela pele macia
com minha nuca.
Ela choramingou, e o som penetrou fundo em mim,
incendiando meu sangue. Eu queria mais.
Eu abaixei minha boca, meus lábios pairando sobre o lugar
onde sua marca de companheiro deveria estar. Meus dentes doíam
com a necessidade de reivindicá-la. Enquanto meus lábios roçavam
sua pele, eu rosnei, minha intenção clara. Se tivesse metade da
chance, eu a teria aqui e agora. Eu não dou a mínima para quem
nos viu. Na verdade, eu queria que eles vissem a prova da minha
afirmação sobre ela.
Em vez de lutar comigo, Sunday arqueou seu corpo no meu,
seu queixo se movendo levemente para o lado. Como se ela
quisesse a mesma coisa que eu. Como se ela o desejasse.
E então sua respiração engatou, e ela gaguejou, —N...Noah?

—Parece que você encontrou algo que me pertence, cachorro.
— A voz de Noah estava calma e não afetada, mas eu senti a raiva
fervendo sob a superfície da pele do sanguessuga.
Revirei meus quadris mais uma vez, sorrindo quando Sunday
gemeu baixinho enquanto meu pau se enterrava nela, exatamente
onde ela precisava de mim. —Não parece que ela é sua.
—Kingston, — ela gritou. —Saia de cima de mim.
—Você não estava dizendo isso apenas um minuto atrás.
Suas pequenas mãos pressionadas contra meu peito, unhas
cavando minha pele através do tecido da minha camisa. —Eu estou
agora.
Um grunhido baixo de advertência escapou do peito do
vampiro, mas eu permaneci focado em minha companheira. Ela
pertencia aqui, submetendo-se a mim. —Solte, Sunday.
—Não.
—Submeta ao seu Alfa. — Olhei em seus olhos, procurando a
conexão que eu sabia que estava lá. O choque enviou gelo em
minhas veias quando a vi. Sua loba. Apenas uma sombra. Uma
promessa. —Então, você não está quebrada, afinal.
—Vá se foder, Kingston.
—Esse é o plano.

Ela piscou e então sorriu docemente, sua expressão ficando
sensual e faminta. Eu a tinha exatamente onde eu queria. Ela veria.
Negar o que estava entre nós não a faria feliz no final. Ela me
queria. Talvez até tanto quanto eu a queria.
Uma dor cegante passou por mim, começando com minhas
bolas já doloridas, quando seu joelho se conectou com minha virilha
desprotegida. Náusea rolou através de mim enquanto a dor
irradiava para fora. Ela me empurrou de cima dela, e tudo que eu
pude fazer foi me enrolar em posição fetal, tossindo e lutando
contra a vontade de vomitar.
—Bem jogado, pombinha. Parece que você não precisava de
um resgate, afinal.
A voz daquele filho da puta do Thorne ralou em todos os
meus nervos. Quando eu não estava focado em simplesmente tentar
respirar normalmente de novo, ele pagaria por nos interromper. Ela
seria minha. Ela queria isso. Eu podia sentir o cheiro de seu desejo
enquanto ela caminhava em seus braços.
Sunday olhou para mim e sorriu. —Agora seja um bom
menino e fique.

Capítulo Dezesseis
SUNDAY
Os galhos mágicos quebraram sob nossos pés enquanto Noah
e eu nos afastávamos de Kingston. Kingston, que tinha visto minha
loba, provou que ela existia, e cuja própria fera chamou a minha
como uma sereia que atraiu marinheiros para as rochas. Eu odiava
o quão excitada eu ainda estava, o quão duro meus mamilos
estavam sob o meu sutiã. Noah não disse nada enquanto
continuamos pelo caminho juntos. Sua mandíbula cerrada e postura
rígida diziam tudo por ele. Ele estava chateado.
—Era apenas uma coisa de lobo, isso é tudo. — Usando cada
grama de força que eu tinha, eu impedi minha voz de vacilar. Não
sei por que senti a necessidade de me explicar. Foi ele quem puxou
o ato de desaparecer. Eu não devia nada a ele.
Ele parou, virou aqueles olhos âmbar para mim e levantou
uma sobrancelha. —Uma coisa de lobo. — Cada palavra saiu clara e
lenta. Como se ele as estivesse experimentando para ver como elas
se encaixavam. —Você gostou dessa coisa de lobo?

Como eu poderia responder a ele com sinceridade e não
admitir algo em voz alta que eu não queria ouvir? —Minha loba
sim.
—E como sua loba se sente sobre vampiros?
Eu respirei fundo, o peso de seu olhar me afetando tanto
quanto a atenção de Kingston, talvez mais. —Eu não sei sobre ela,
mas eu gosto deles. Exceto quando eles me assombram.
—Você não entende. — Ele disse.
Estremecendo quando ele estendeu a mão para mim, eu passei
por ele. —Eu entendo bastante. Você não pode ficar comigo. Sua
família proíbe. Então você mudou para alguém mais adequada,
mas você não pode lidar comigo dando atenção a mais ninguém.
Bem, notícia, garoto com presas, eu beijei Alek e o deixei ver meus
peitos. O que você tem a dizer sobre isso?
Ele estava em cima de mim antes que eu pudesse processar
que ele se moveu. Porra, vampiros eram rápidos. A mão fria de
Noah cercou minha garganta enquanto ele me prendeu em uma
grande árvore e olhou fixamente para minha boca. —Eu deveria
colocá-la sobre meu joelho por sua insolência, lobinha. Mostrar-lhe
exatamente por que seu corpo anseia por meu toque, meu olhar.
Mata-me que eu não possa.

—Será? Porque pelo que sei, você teve sua chance e a
desperdiçou. Pelo menos tive a coragem de rejeitar o companheiro
que minha família escolheu para mim. Tenho certeza de que você e
Callie serão sublimemente felizes juntos.
Ele abaixou a cabeça, respirando com dificuldade enquanto
soltava meu pescoço. Então aqueles lábios perfeitos dele se
arrastaram ao longo da minha garganta até que ele alcançou meu
ouvido. —Mas será em você que estarei pensando se for forçado a
estar dentro dela. Como isso faz você se sentir? Sabendo que vou
fodê-la como uma boa herdeira, mas fantasiar com você enquanto
faço isso?
Eu tremi com a casca áspera de sua voz raspando sobre minha
pele. —Não importa como eu me sinto.
Sua grande palma que estava segurando minha cintura subiu
pela minha barriga até que ele segurou o peso do meu peito. —Ah,
importa sim. Eu quero que você sofra por mim como eu sofro por
você.
Deus, eu fiz. Eu queimei por ele e não pude responder porque,
se o fizesse, mentiria para ele.
—Eu sinto isso nos meus ossos. Você foi feita para mim, — ele
sussurrou.

—Isso é porque você me deu seu sangue?
—Pode ser. Eu não posso ter certeza. Mas tudo o que posso
dizer é que, se você o escolher em vez de mim, será o maior erro
que você já cometeu.
O farol pendurado entre meus seios aqueceu rapidamente,
queimando minha camisa e brilhando em um branco brilhante.
Noah puxou a mão, a pele lá agora vermelha e com raiva enquanto
ele xingava.
Atrás dele estava Callie, um sorriso perverso em seu rosto
perfeito demais, seu próprio farol brilhando para combinar com o
meu. —Ah, que bom, querido. Você encontrou meu próximo
brinquedo.
Endireitando-me, preparei-me para uma luta. Minha loba
estava irritada, acordada, mas ainda não libertada de sua prisão, e
eu estava com tesão como o inferno. Se eu não conseguisse minha
libertação fodendo, eu poderia muito bem conseguir lutando. E
havia algo na ideia de esmagar aquele narizinho arrebitado que
parecia infinitamente atraente. Claro, não causaria danos
permanentes, mas machucaria e a calaria por um tempo.

Noah se colocou na minha frente, protegendo a postura,
embora isso fosse parte de nossa lição. —Mova-se, Noah. Eu tenho
que fazer isso.
—Você não sabe o quão forte ela é. Ela é uma vampira.
Revirei os ombros e suspirei. —E eu sou uma shifter. Eu posso
lidar com ela. Me dê uma chance. Não quero falhar nesta missão.
Embora fosse óbvio em cada movimento que ele fazia que ele
não queria, ele concordou e se afastou. Seu farol tinha um brilho
fraco, um lembrete de que ele tinha seu próprio parceiro para
encontrar e treinar. Um farfalhar no mato atrás de mim me fez virar
em direção ao som, e quando Kingston irrompeu, olhos ferozes e
queimando com raiva determinada, eu me encolhi.
Ele realmente não tentaria me machucar, tentaria? Eu ganhei
nossa partida. Mas Noah rosnou e saltou de onde estava, seu farol
brilhando branco e igual ao de Kingston.
—Noah! — O medo surgiu em minha mente, a preocupação de
que ele se machucasse, que Kingston o rasgaria em pedaços, me
esmagando.
Minha loba se mexeu, andando e empurrando suas restrições,
restrições que nenhum de nós sabia como quebrar. Ela queria

defender seu companheiro. Kingston. Oh, inferno, isso seria
impossível de lidar. Foda-se Kingston por acordá-la.
Sem aviso, algo se chocou contra mim, me deitando e me
deixando sem fôlego enquanto o vento era arrancado dos meus
pulmões. Callie agarrou meu rosto, suas unhas afiadas e mortais.
—Eu posso sentir o cheiro do seu medo. É delicioso. Pelo
menos você é inteligente o suficiente para reconhecer quando é
superada.
Eu não sabia que era possível odiar alguém tão rápido e
completamente. Até agora. —Eu não tenho medo de você. Você não
passa de uma boneca inflável com presas para Noah se distrair, já
que ele não pode ter a mulher que ele realmente quer. Por que você
acha que ele voltou para me encontrar?
Eu chutei, lançando-a no ar com toda a minha força. Ela bateu
em uma árvore com força suficiente para soltar alguns galhos
grandes. Enquanto eles choviam sobre nós, eu fiz o meu melhor
para evitá-los enquanto ela soltava uma risada baixa e ameaçadora.
—Ah, bom. Eu estava com medo que você fosse tornar isso
fácil para mim.
—Você é a única que é fácil por aqui.

—Diz a cadela que está abrindo as pernas para cada lobo,
vampiro e viking que ela pode colocar suas mãozinhas com tesão.
Assumimos posições de combate, ambas tensas e prontas para
atacar enquanto circulamos a clareira sob a cobertura das árvores.
—Então isso é tudo que você tem? Um bom ataque surpresa e
pronto? Não é à toa que Noah está entediado com você. Eu poderia
fazer isso a noite toda.
—Não é de admirar, com toda essa prática que você está
adquirindo. Mas vou te dizer uma coisa, ele pode estar se
divertindo com você agora, mas sou eu quem ele vai levar para casa
para apresentar aos seus pais. Você nunca será nada mais do que
seu pequeno segredo sujo.
Algo em mim estalou quando ela cuspiu as palavras que
ecoavam tão de perto meus próprios medos mais profundos. Minha
mandíbula se apertou, minhas unhas afundando em minhas palmas
enquanto eu fechava minhas mãos em punhos ainda mais
apertados, desejando que fosse a garganta de Callie que eles
estivessem fechando. Eu caminhei para frente, minha energia
crescendo, reunindo-se no meu centro, alimentando minha força
enquanto eu a empurrava para trás. Mechas soltas de cabelo que

escaparam da minha trança giraram em volta do meu rosto, embora
não houvesse vento para movê-las.
Os olhos de Callie se arregalaram, o medo faiscando neles. —
Que diabos você é?
—O caralho do seu pior pesadelo.
Antes que ela pudesse escapar, eu agarrei sua garganta com
uma mão, meu aperto mais forte do que eu pensava que era capaz.
Ela entrou em pânico, seus dedos arranhando os meus,
desesperados para me fazer soltá-la porque, vampira ou não, se eu
arrancasse sua cabeça de seu corpo, ela não seria nada além de uma
pilha de poeira.
—Você se submete? — Eu rosnei, mal reconhecendo minha
própria voz.
Seu rosto estava ficando roxo, manchado de medo e raiva. Mas
eu vi minha vitória em seus olhos.
—S...sim — ela engasgou.
—Diz de novo.
Ela fechou os olhos e liberou cada grama de luta que restava
nela. —Eu me submeto.
Apertei sua garganta um pouco mais forte, o suficiente para
ganhar graciosamente, antes de jogá-la no chão. Callie se conectou

com o chão da floresta com tanta força que o chão sob meus pés
tremeu. Poeira e agulhas de pinheiro se ergueram em uma nuvem,
e quando o ar clareou, ela estava lá, em uma cratera feita por seu
próprio corpo.
O choque foi o suficiente para me tirar de qualquer fuga escura
e irreconhecível em que eu estava perdida.
O aplauso veio primeiro, alto e desagradável o suficiente para
ser ouvido sobre o rugido do meu sangue nas minhas veias.
—Brava, lobinha. Parece que você estava certa. Você não
precisava da minha ajuda, afinal. Noah sorriu. —Você certamente a
colocou exatamente no lugar ao qual ela pertence.
Meu olhar estalou para o lugar onde Noah e Kingston
estavam. Noah mal parecia amarrotado além da mancha de sujeira
em sua bochecha e cabelo despenteado incomum. Kingston estava
em péssimo estado, com folhas grudadas no cabelo e na camisa. Um
hematoma escuro floresceu em sua bochecha. Parte de mim ficou
surpresa ao saber que o Alfa se submeteu ao vampiro. A outra parte
se perguntou se isso tinha mais a ver com uma trégua improvável
enquanto observavam a briga de garotas acontecendo bem ao lado
deles.

Callie estava viva. Eu tinha certeza disso. Ela estava sangrando
pela boca, mas respirando lentamente. Ela permaneceu inconsciente
enquanto a cena em que estávamos imersos derreteu e se tornou
nada mais do que um espaço frio e estéril feito de quatro paredes e
tinta cinza. Todos os outros da classe apareceram, todos
desgrenhados e com muitas contusões esportivas, manchas de suor
e roupas rasgadas.
A professora Sanderson apareceu em uma nuvem de névoa
roxa, seu olhar fixo em mim. —Todo mundo para agora, removam
seus faróis e coloquem aos seus pés de uma vez.
Oh não. O que eu tinha feito para ganhar aquele olhar de
reprovação?
—Sunday Fallon, tome banho, pegue seus pertences e volte
para seu dormitório. Você derramou sangue durante este exercício,
embora tenha sido instruído a não fazê-lo. Seguir as instruções é
primordial para a segurança de todos os alunos quando estamos em
aulas de espécies mistas. Você participará de sessões com o padre
Gallagher no sábado ao pôr do sol. Você entendeu?
Callie se sentou e se espreguiçou, um sorriso açucarado no
rosto enquanto limpava o sangue que escorria do canto dos lábios.
Lábios que eu nunca bati.

—Professora, eu não...
—Não discuta comigo, querida. Você fez o que fez. Agora saia
da minha frente.
Quando joguei meu farol no chão, olhei de volta para os dois
homens que eu estava no meio antes da minha briga com Callie.
Ambos estavam com os braços cruzados sobre o peito, carrancas em
seus rostos. Eu me perguntei se eles sabiam o quanto eles se
pareciam com um par de guardas fiéis.
Callie se levantou e me ofereceu um pequeno aceno. —Vejo
você por aí, Sunday.
Ela me marcou com um alvo que praticamente dizia, cuidado.
Ela pode não ter dito as palavras, mas sua mensagem não poderia
ter sido mais clara.
Isso não acabou, nem de longe.

Capítulo Dezessete
THORNE
Eu fechei meu armário, detestando a necessidade de uma
conveniência tão mortal. Eu tinha um banheiro e vestiário
privativo, vantagens do nome da família, mas em tempos como
esses… quando eu tinha a intenção de 'esbarrar' em uma certa
pombinha bonita… a conveniência superava a indulgência. Assim,
meu uso voluntário do vestiário masculino.
Nossa conversa havia sido interrompida e eu pretendia
terminá-la. Uma missão que seria muito mais fácil de cumprir a
partir daqui. Idealmente, interceptando-a em seu caminho de volta
para seu quarto e localizando uma alcova próxima para puxá-la até
que eu a fizesse gemer meu nome em derrota. Ela pensou que eu a
deixaria ir facilmente? Não há uma maldita chance. Posso ser um
príncipe, mas estava longe de ser um cavalheiro.
Eu posso não ser capaz de afundar meus dentes… ou meu
pau, por falar nisso… nela, mas isso não significa que eu estava
prestes a deixá-la ir buscar prazer nas mãos de qualquer outro

homem, também. Sunday Fallon era minha. E já passou da hora de
ela perceber isso.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo zumbido de
dezenas de conversas sussurradas e uma pontada desconhecida no
meu peito. Trabalhei duro ao longo dos anos para controlar minha
capacidade de ler os pensamentos dos outros, de me inserir em suas
mentes. Aqui na Ravenscroft, fazia parte do acordo do código de
conduta respeitar a privacidade de todos os alunos e funcionários.
Mas isso era diferente. Isso era...
Sunday.
Não sei por que tinha certeza de que ela estava no centro de
tudo o que estava acontecendo, mas eu simplesmente sabia.
Levantando-me, atravessei a sala em alguns passos devoradores de
chão, saindo do vestiário masculino no mesmo momento em que
Callie desocupava o feminino.
Ela estava com seu sorriso de gato que pegou o canário
quando seu olhar me encontrou, parecendo muito mais equilibrada
do que da última vez que a vi.
—O que você fez?
—Quem, eu? — Ela perguntou, pressionando uma mão quase
perfeita e bem cuidada em seu peito. O esmalte estava lascado e

uma de suas unhas estava quebrada por causa de sua luta com
Sunday.
Eu me permiti um pequeno sorriso com a evidência visível de
sua perda retumbante. Donoghues, como Blackthornes, raramente
perdiam alguma coisa. Fazer isso de uma maneira tão pública não
poderia ser uma boa ideia.
—Responda à pergunta, Callista.
Seus olhos se estreitaram e seus lábios se estreitaram. —Não,
acho que não vou.
Eu levantei uma sobrancelha. Nem um pouco acostumado a
tal desafio direto dela. Ela geralmente era toda doçura sorridente e
pronta para se curvar para me agradar. Eu me perguntei se ela
finalmente percebeu que eu não estava planejando tocá-la.
Não havia nada que Callista Donoghue pudesse oferecer que
me interessasse. Nossos pais poderiam ter negociado um contrato
de casamento, mas eu não tinha intenção de levá-lo adiante. Não
antes de Sunday entrar em cena, e certamente não agora. No
entanto, eu usaria o relacionamento quando ele atendesse às
minhas necessidades. O que fez para criar uma barreira entre mim e
a criatura da minha obsessão. Não que funcionasse.

Ver aquele lampejo de possessividade ciumenta nos olhos de
Sunday quando ela viu Callie reclamar de mim foi gravado em
minha memória. Meu pau engrossou apenas com o pensamento de
seu desejo por mim. E a prova disso só alimentou minha própria
necessidade.
Eu andei para frente, segurando o queixo de Callie na minha
mão e puxando sua cabeça para cima. —Sim — eu rosnei. —Você
irá responder agora.
Sua respiração engatou, e suas pupilas queimaram.
Aparentemente, Callie tinha uma queda por dor. Eu poderia
trabalhar com isso.
Sua língua saiu, molhando os lábios. —Você viu o que ela fez
comigo. Eu não podia deixar aquela vadia loba escapar impune.
Ninguém nos insulta assim, Noah...
—Não me chame assim, — eu rosnei, minha voz gelada e
mortalmente séria.
Ela empalideceu. —Mas, Sunday…
—Sim. Ela chamou. Mas você não pode. Nunca. Eu sou Thorne
para você. Isso é tudo que eu sempre serei. Agora . . . o que você fez
com Sunday?

A raiva brilhou em seus olhos escuros, e ela zombou de mim.
—Exatamente o que ela merecia. Olho por olho e tudo mais.
—Você mordeu sua própria bochecha, não foi? Sunday nunca
tirou seu sangue.
Ela respirou fundo. —Como se ela pudesse. Mas expulsá-la da
aula foi apenas o começo.
Pânico zumbiu em minhas veias. Eu estava com uma
sensação... e parecia muito real para ignorar. Eu a empurrei para
longe, querendo respostas. Ainda segurando sua mandíbula, eu a
balancei. –O que você fez?
Callie estremeceu quando meus dedos morderam suas
bochechas. —Veja por si mesmo.
O doce vinho lilás encheu meus sentidos antes que eu a visse.
E então, Sunday emergiu do vestiário feminino, completamente
nua, com as bochechas vermelhas de raiva e constrangimento que
ela estava tentando controlar. Minha respiração ficou presa no meu
peito ao vê-la, curvas exuberantes, mamilos rosados e apertados,
cabelos molhados descendo pelos ombros, as pontas parando logo
antes das pontas de seus seios. A criatura mais perfeita que eu já vi,
e ainda assim, em vez de apreciar sua beleza, eu estava
testemunhando o peso da crueldade de Callie.

—Maldito sangue do inferno, Callie. Você é mais infantil do
que eu pensava, — eu murmurei enquanto tirava minha camisa
sobre minha cabeça.
Cheguei a Sunday em poucos passos largos, entregando-lhe
minha camisa sem dizer uma palavra. A gratidão em seus olhos me
disse que ela estava perto de seu ponto de ruptura, mas ela
manteve a cabeça erguida e se cobriu sem olhar para Callie.
Qualquer um que olhasse para ela de lado recebia um olhar mortal
de mim e, sem hesitação, eles direcionavam seus olhares para outro
lugar. Todos, exceto Kingston. O burro estava no arco que levava ao
pátio entre este prédio e nosso dormitório.
—Ainda bem que fiquei para o show.
Eu queria arrancar seus dentes, mas Sunday entrelaçou nossos
dedos e apertou, uma súplica silenciosa ecoando em minha mente.
Não.
Foi apenas uma única palavra, mas sua voz veio clara e
presente na minha cabeça. Porra. Eu estava com meus escudos
levantados. Eu não conseguia ouvir mais ninguém. O que diabos
estava acontecendo?
—Caia fora e lamba suas feridas, cachorro.
—Talvez eu precise lamber a dela.

Eu endureci com as palavras de Kingston. Se ele sequer a
tocasse, eu arrancaria seus braços de seu corpo e o espancaria até
virar uma polpa sangrenta, com risco de guerra ou não.
—Toque-me, e eu vou morder seu pau —, Sunday rosnou. —
Tente. Atreva-se.
Kingston se inclinou contra o arco, um sorriso satisfeito no
rosto. —Ah, aí está. O fogo que você estava perdendo antes de eu
encontrar sua loba. Mais cedo ou mais tarde, ela aparecerá, e você
não será capaz de resistir a mim. Eu sou seu companheiro, goste ou
não.
Levou tudo em mim para não acabar com sua vida naquele
momento. Mas algo nela mudou. Ela estava lutando com sua loba,
em guerra com a besta dentro dela que, porra, a loba o queria.
—Vamos, pombinha. Vamos levá-la de volta ao seu quarto
antes que nós dois acabemos no escritório do padre Gallagher pelo
resto do ano. Se vamos passar um tempo de joelhos, prefiro fazer
algo muito mais agradável do que seus malditos exercícios
introspectivos.
Ela tremeu de raiva e frustração quando chegamos à sua porta.
—Aquela vadia. Ela roubou minhas roupas e as incendiou nos
chuveiros. O que é isso, o colegial?

—Ela é uma princesa mimada e mimada. Uma pequena
petulante. E você, minha linda lobinha, é uma deusa.
Seu sorriso suave me deixou desesperado por um gosto. —Eu
sou?
—Porra, sim. E se você me deixar entrar em seu quarto, eu vou
te mostrar exatamente como é um discípulo disposto.
Minha voz era um grunhido baixo de necessidade. Ela era
muito tentadora, e eu tinha sido testada uma e outra vez, minha
vontade era tão forte. A conexão entre nós gritava para eu ceder.
Ela prendeu a respiração, aquele leve engate chamando minha
atenção para o buraco na base de sua garganta, depois mais para
baixo, para os mamilos apertados pressionando o tecido da minha
camisa. Minha camisa protegendo e cobrindo sua pele. Meu cheiro
estaria sobre ela, marcando-a como minha para que ninguém mais
se atrevesse a fazer uma reivindicação.
Um lampejo de sua indecisão percorreu meus pensamentos até
que ela mordeu o lábio inferior e assentiu. Eu não conseguia parar.
Agora não. Agarrei sua nuca e me abaixei, abaixando minha cabeça
até meus lábios roçarem os dela. Porra, ela era quente, macia e
deliciosa.

Abrindo a boca com um suspiro suave, ela passou os braços
em volta das minhas costelas, os dedos cavando nas minhas costas,
me empurrando para mais perto.
—Noah, — ela sussurrou.
—Deixe-me entrar, Sunday. Por favor, deixe-me entrar. —
Em seu quarto. Em seu corpo. Em seu coração. Eu queria tudo.
Ela alcançou a maçaneta atrás dela e abriu a porta do quarto,
nós dois caindo dentro em um emaranhado de membros. Éramos
criaturas frenéticas, desesperadas e famintas. Obrigado, porra, sua
companheira de quarto não estava em lugar algum.
—Tranque a porta. — O comando sem fôlego de Sunday
deixou meu pau duro e dolorido.
Eu tranquei, jogando a trava e movendo uma cômoda na
frente da porta para uma boa medida. —Prepare-se, pombinha. Eu
vou fazer você gritar.
Seu pulso saltou com o aviso, e eu podia ouvir a pulsação
frenética ecoando em meus ouvidos. Acenando para mim. Minhas
presas doíam quase tanto quanto meu pau. Eu tinha que tê-la. Eu
estava louco de necessidade.
Eu estava sobre ela em um instante, meus lábios selando sobre
os dela enquanto nossas línguas se entrelaçavam. Levantando-a em

meus braços, eu nos levei de volta até minhas canelas baterem em
sua cama, e então eu a deixei cair.
—Tire isso, — eu exigi, minhas mãos já trabalhando em puxar
meu cinto.
Por mais que eu adorasse vê-la na minha camisa, eu queria
que todas as barreiras entre nós se fossem. Eu queria sentir aquela
pele sedosa e macia pressionada contra minha dureza.
Normalmente, não havia problema em me conter, em traçá-la. Mas
eu estava desejando ela por muito tempo, e eu não poderia me
conter agora se eu quisesse. Não até que ela enchesse a sala com o
som de seu êxtase.
Ela tirou a camisa, tão desesperada pelo meu toque quanto eu
estava para fornecê-lo.
Eu a estudei, aproveitando o tempo para apreciar a perfeição
de seu corpo, agora que a visão que ela pintou era apenas para
meus olhos. Toda aquela pele corada, curvas deliciosas, os picos
tensos de seus seios, implorando por minha boca.
—Por favor, Noah. — Aquele gemido ofegante, o som do meu
nome, um que só ela usava, foi minha ruína.
Tirei minhas calças, meu pau duro e grosso projetando-se para
frente enquanto eu rastejava até ela. O olhar nos olhos de Sunday

enquanto ela olhava para o que eu tinha para oferecer prova de que
ela nunca tinha visto um pau tão grande quanto o meu antes. Ela
engoliu.
—Ah sim, pombinha. Você não vai andar direito por uma
semana quando eu terminar de foder você. — Inclinei-me, roçando
um beijo em sua clavícula, deixando meus quadris se estabelecerem
entre o V de boas-vindas de suas coxas, então beijando mais alto
sobre a coluna perfeita de sua garganta. —Caso não tenha sido
óbvio, lobinha, eu pretendo destruir você.
Seu pulso vibrou contra meus lábios, e eu tive o primeiro eco
de nervos rolando através de mim. Eu me afastei, colocando meu
peso em meu cotovelo para que eu pudesse olhar para ela.
—Está pode ser uma boa hora para mencionar que eu . . . —
Ela lambeu os lábios. —Eu nunca fiz isso antes.
Um gemido rasgou através de mim. Meu pau chorou com o
pensamento de ser seu primeiro. O único que poderia reivindicar o
título. Kingston poderia alegar que ela era sua companheira, mas
isso. . . isso seria meu.
Corri minha mão pelo lado de seu rosto, olhando para aqueles
lindos olhos azuis oceânicos atualmente escuros de desejo.

—Sua confissão deve me fazer querer ser gentil. Mas a
verdade é que isso só torna o monstro em mim muito mais
desesperado por seus gritos. Eu quero arruiná-la completamente
para qualquer outra pessoa.
—Eu quero isso também.
Eu sorri para ela, embora não houvesse nada de gentil ou doce
nisso. —Você não sabe o que está pedindo, pombinha. Mas você
terá. Eu cuidarei disso.
Eu reivindiquei sua boca depois disso, o braço não suportando
meu peso descendo por seu corpo, parando em seu peito para
agarrar e torcer levemente aquele broto tenso.
Ela engasgou debaixo de mim, e eu corri minha mão para
baixo, deslizando entre suas pernas e separando sua boceta
molhada.
Porra, ela já estava encharcada para mim. Eu tinha que saber
qual era o gosto dela.
Eu pressionei com meu dedo médio, que estava descansando
bem em cima de sua boceta inchada. Ela arqueou-se com um
gemido devasso.
—Você já se toca, Sunday?

—Sim — ela admitiu, seus olhos fechados, suas bochechas
coradas de vermelho.
Algo no jeito que ela disse me fez estreitar os olhos e
perguntar. —E no que você pensa ao fazer?
—Recentemente? Você.
Porra, eu amei o som ofegante de sua voz. Eu estava fazendo
isso com ela. Fazendo-a se desfazer lentamente. Pedaço por pedaço.
—Resposta correta.
Deslizei minha mão para baixo, meus dedos mergulhando em
sua doce e deliciosa boceta. Ela era tão malditamente apertada.
Sunday gemeu, seu corpo apertando meus dedos. —Sim,
pombinha. Eu posso sentir o quanto você me quer. Mas eu preciso
de um gosto. Eu preciso que você goze na minha língua.
Deslizei meus dedos e, quando não a toquei imediatamente,
Sunday abriu os olhos. —Noah?
Segurando seu olhar, eu levantei minha mão para minha boca
e a chupei de meus dedos. Agora era eu quem estava gemendo,
minhas presas explodindo livres com a promessa de mais do que
apenas sua excitação na minha língua. Eu poderia me alimentar
dela, aqui e agora. Afundar meus dentes em sua artéria femoral

enquanto eu a fodia com meus dedos. Dar a mim mesmo tudo o
que eu desejava. Seu prazer, seu sangue, e então. . . sua virgindade.
—Noah, seus olhos. . . — ela sussurrou.
Fome. Isso era o que ela tinha visto. Não havia outra
possibilidade. Seu medo cobriu minha pele como óleo, escorregadio
e impossível de sacudir. Ela me temeu no momento em que deveria
estar me implorando para tê-la. Mas eu deixaria meu monstro
vencer. Eu tinha cedido aos meus instintos como um vampiro e
estava prestes a fazer a única coisa que eu não deveria. Tomar o
sangue dela sem seu consentimento. Foder e reivindicá-la sem ter
certeza de que ela estava realmente pronta para o que isso
significaria. Colocar algo em movimento que poderia derrubar o
trêmulo tratado entre a minha espécie e a dela.
No espaço entre um batimento cardíaco e o próximo, eu estava
do outro lado da sala, respirando em ofegos pesados enquanto
vestia minhas roupas e trabalhava para me controlar. —Eu não
posso fazer isso. Eu sinto muito.
Ela se sentou, o cabelo selvagem e ondulado ao redor de seu
rosto, um cobertor puxado sobre seu corpo nu. —Como assim?
—Sinto muito, pombinha. EU . . . Não tenho o controle que
preciso para estar com você assim. Não importa o quanto eu queira.

Seu olhar viajou pelo meu corpo até que descansou no meu
eixo dolorido. —Posso pelo menos ajudá-lo a resolver esse
problema?
Deus, como eu queria que ela o fizesse. Ela não fazia ideia.
Fechando meus olhos e respirando fundo, eu disse: —É melhor que
eu não esteja perto de você agora. Eu vou te foder muito e fazer
algo estúpido como engravidá-la. Então você ficaria presa a mim.
Ela riu. —Shifters e vampiros não procriam.
Eu levantei uma sobrancelha. —Não, é?
Balançando a cabeça, ela mordeu o lábio inferior, e eu tive que
lutar contra um gemido ao ver o rubor em sua pele.
—Diga isso a companheira do meu tio. Ela ajudou mais de
uma shifter a trazer um híbrido para o mundo.
Sua boca caiu aberta. —O que?
Este era um tópico mais seguro. Um que me ajudou a focar na
verdadeira razão pela qual não deveríamos estar juntos. E um que
tinha o benefício adicional de me ajudar a controlar meu desejo
furioso. —Eles costumavam ser chamados de abominações. Às
vezes ainda são. E são caçados por humanos e pelos conselhos de
vampiros e shifters. Ninguém fala sobre eles para mantê-los
seguros.

—Achei que eles não conseguiriam sobreviver. Que o shifter
ou o lado vampiro sempre matavam o outro, e eles acabavam
morrendo no processo.
—Nem sempre.
Eu não deveria ter dito isso a ela. Era um risco. Mas eu
confiava em Sunday Fallon de uma forma que nunca confiei em
mais ninguém.
Essa não era a única razão pela qual não deveríamos estar
juntos, mas eu não queria lembrá-la do fato de que nossa união
provavelmente levaria a consequências que resultariam em guerra.
Ela já era uma pária. Estar comigo assim só pioraria as coisas para
ela.
—Eu tenho que ir. Até que eu saiba como me controlar perto
de você, não podemos fazer isso de novo.
Ela assentiu com a cabeça, a decepção tão pesada em seus
olhos que eu praticamente podia sentir o gosto. Ou talvez fosse o
meu.
—Tchau, Noah. Obrigada por ter me deixado usar sua camisa.
—Isso foi puramente egoísta, lobinha. Não quero que ninguém
te veja nua além de mim. Pelo menos, não quando é contra a sua
vontade. Mas chega de falar de coisas desagradáveis. Tenho uma

coisa que quero que você faça por mim depois que eu for embora.
Algo que fará com que deixá-la agora fique mais suportável.
—Oh?
—Quando você se tocar, quero que seja meu nome em seus
lábios enquanto você estremece sua liberação.
O que eu não disse a ela enquanto fugia antes que seu olhar
coberto de desejo ou o doce 'o' de seus lábios pudessem me atrair
de volta para sua cama … e para todos os tipos de problemas que
eu não podia pagar … foi que eu faria o mesmo por ela.

Capítulo Dezoito
THORNE
Quando cheguei ao meu quarto, meu pau latejava tão
intensamente que era quase doloroso. Eu estava doendo por ela,
minhas bolas tão azuis que eu estava com medo de encontrar a
liberação porque poderia doer tanto quanto fosse bom.
Depois que eu estava seguro atrás da porta grossa e à prova de
som, cedi à onda de emoções confusas girando em meu cérebro. Por
que eu estava tão malditamente atraído por ela? Ela era muito
linda, deslumbrante, mas muitas outras mulheres também eram.
Por todos as coisas certas, Sunday Fallon não deveria ser objeto de
minha afeição. Mas aqui estávamos.
Aqui eu estava.
Nervoso e duro como uma pedra.
Eu estive tão perto de fodê-la, de marcar sua pele impecável
com meus dentes e enchê-la com meu pau. Ela merecia mais do que
a fera selvagem que me tornei quando minha fome assumiu,
especialmente pela primeira vez.

—Droga, Sunday, o que você está fazendo comigo? — Eu gemi
no apartamento vazio enquanto me despi e fiz meu caminho para o
chuveiro.
Uma vez debaixo da água fria, minha ereção furiosa
finalmente aliviou, ainda dura e grossa, mas não mais dolorosa. Até
que uma conexão dela correu pelo meu cérebro, enchendo-o com os
ecos de seus gemidos suaves e respirações ásperas. E então um
sussurro de sua voz chamando meu nome de prazer.
Noah, sim, mais.
Fechei os olhos, deixando a pressa tomar conta de mim. Era
assim que era caçar alguém e senti-la? Eu não achei que seria assim.
Eu cacei antes, brinquei com seus corações sem deixá-los saber
antes de me alimentar deles. Isso era outra coisa. Algo mais.
Prazer percorreu meus sentidos, fazendo meus joelhos ficarem
fracos e meu pau estremecer enquanto se intensificava.
Sim, dentro de mim. Eu preciso de você. Deus, Noah.
Esta era ela? Ela estava. . . tocando-se e chamando por mim?
Fechei os olhos e baixei a guarda, permitindo que ela entrasse
totalmente na minha cabeça. O ataque de seu clímax em construção
dobrou meus joelhos e me fez estender a mão para me segurar na
parede do chuveiro. Eu posso ter estado a meio mastro antes, mas

agora? Eu estava me esforçando e pingando para ela. Eu apertei
meu pau e dei um golpe lento da base à coroa, deixando escapar
um gemido de dor enquanto o fazia.
Dê-me o seu prazer, Sunday. Deixe-me sentir.
Eu senti o alarme correndo por ela, mas ela estava longe
demais para esconder isso. Seu orgasmo a atravessou, e eu senti
cada explosão dourada de prazer enquanto eu gemia e derramava
minha liberação contra a parede de azulejos.
A conexão entre nós se rompeu, uma barricada apareceu e me
selou dela. Eu tinha feito isso, ou ela tinha?
Eu fui capaz de me comunicar com minha família
telepaticamente desde muito jovem. Era algo que a maioria dos
vampiros da minha família podia fazer. Nós conversamos, nos
aborrecemos, e minha irmã regularmente invadia meus
pensamentos quando éramos mais jovens apenas para me torturar.
Fomos treinados para nos proteger de ouvir coisas que não
queríamos saber, um aviso de nosso pai de que a privacidade era
um presente e não deveríamos desperdiçá-la.
Ele me chamou de lado uma noite depois de um de nossos
bailes de máscaras anuais de Blackthorne, onde shifters, bruxas e
vampiros se reuniram para me repreender por minha tentativa

desajeitada de ler os pensamentos de uma bruxa com quem eu
estava brincando. Ela tinha sido fácil de ler, mas nunca foi nos dois
sentidos. Ela não tinha me ouvido, estava tão presente em minha
mente quanto Sunday. Agora, com Sunday, era uma rua de mão
dupla, e isso era. . . preocupante.
—Porra. O que diabos acabou de acontecer?
Depois de limpar e enrolar uma toalha em volta da minha
cintura, eu andei pelo apartamento em busca das calças que eu
tinha descartado na minha pressa para controlar a minha situação.
Algo estava errado comigo. Essa tinha que ser a resposta. Eu nunca
estive tão focado em uma única criatura, tão conflitante sobre se ela
era uma presa ou destinada a me divertir. Mas os sentimentos em
meu peito quando penso em Sunday não se somavam a nenhuma
dessas categorias.
Eu era leal a ela.
Eu me importava com ela.
Eu queria mantê-la protegida, queria sua segurança, seu amor.
Mas ela era uma loba.
Peguei meu celular no bolso e rolei até encontrar o nome do
meu tio Lucas. Discando, andei de um lado para o outro enquanto o
telefone tocava.

—Ah, sobrinho, o que você tem feito que merece uma ligação a
esta hora?
Eu engoli o nó na minha garganta. —Diga-me como você
soube que Briar era sua companheira.

Capítulo Dezenove
SUNDAY
—Vampiro idiota e babaca com seu estúpido rosto perfeito, —
eu resmunguei para mim mesma enquanto eu percorria meu
caminho ao redor do campus deserto.
Era no meio da noite. A luz da lua banhava tudo com um
brilho pálido, os prédios lançando sombras pelos jardins. Noah
Blackthorne pode ter desaparecido sem deixar rastro três dias atrás,
quando ele correu do meu quarto como um morcego do inferno,
mas ele ainda fez coisas sujas comigo em meus sonhos. Noite após
noite, acordei com a memória de seus lábios em mim, deixando-me
inchada, dolorida, desesperada e sem escolha a não ser resolver o
assunto com minhas próprias mãos.
Felizmente, esses sonhos quentes com o Noah aconteceram
depois do meu encontro noturno inicial com minha mãe, que me
contou tudo e nada de novo. Eu estava tensa. Ferida apertada.
Pronta para tirar. Se continuasse assim, morreria de exaustão e
desidratação antes mesmo de ter a chance de viver.
—Algo incomodando você, senhorita Fallon?

A voz de Caleb... não, a voz do padre Gallagher me rodeou de
algum lugar à minha esquerda. —Esgueirando-se nas sombras?
Que apropriado para um vampiro.
—Eu não estou me escondendo. Estou patrulhando. E você
deveria estar na cama, Srta. Fallon, então qual é a sua desculpa? Ele
saiu das árvores e ficou a meio caminho em um raio de luar.
Seu rosto, mesmo parcialmente obscurecido, era robusto e
bonito. Imaginei que ele seria o objeto de desejo de quem quisesse
se não tivesse se dedicado a Deus.
—Eu não sabia que a escola precisava de alguém para
patrulhar. Não há barreiras de proteção espalhadas por todo o
terreno?
Seus lábios se contraíram no mais leve indício de um sorriso.
—Quem você acha que os desencadeou? — Então seu sorriso
desapareceu. —Embora, com o recente ataque de caçadores a um de
nossos alunos, admito que estou cauteloso. Nunca é demais ter
cuidado.
Meu lado deu um pulsar maçante, um lembrete do ataque que
ele mencionou. Aquele de quem ele me salvou. Uma faísca de medo
acendeu em meu peito. —Não consigo dormir. Isso é tudo. Eu
precisava desabafar e controlar meus pensamentos.

Seu olhar afiado, e um lampejo de algo. . . preocupação, talvez,
brilhou em seus olhos. —Você tem praticado o que eu te ensinei?
—Sim, eu me ajoelho todas as noites, pai. — Eu não pude
deixar de cutucá-lo um pouco. Eu adorava ver o conjunto de sua
mandíbula mudar com a minha insolência. Então me processe, eu
tive problemas com o papai.
—Aparentemente não está correto se você for forçada a
recorrer à perambulação noturna e se colocar em risco. Eu me
sentiria muito melhor se você me permitisse acompanhá-la.
Eu tive que lutar contra o desejo de provocá-lo novamente
com outra piada sobre eu estar de joelhos. Em vez disso, suspirei e
assenti. —Se você quiser.
Ele não disse uma palavra, simplesmente andou ao meu lado,
seu cheiro quente de incenso e especiarias enchendo meus sentidos.
Caminhamos juntos em silêncio, contornando o caminho bem
cuidado pela área arborizada da propriedade, depois paramos em
uma clareira que dava para um pequeno lago. A lua brilhava sobre
a água, um céu de estrelas cintilantes nosso dossel, o ar espesso com
o aroma de jasmim florescendo à noite e uma sinfonia de grilos
cantando nossa trilha sonora. Se eu não o conhecesse melhor, eu

diria que esse cenário era quase romântico, e esse nosso pequeno
passeio à meia-noite era um primeiro encontro perfeito.
Mas eu conhecia.
O silêncio constrangedor entre nós foi a coisa mais reveladora
de todas. Finalmente, quando não aguentei mais, perguntei. —
Então você foi contratado para ser o morador residente, ou você
realmente faz alguma coisa aqui? Além de me atormentar?
—Ao contrário do que você possa acreditar, meu mundo não
gira em torno de você, senhorita Fallon. Eu ensino teologia e uma
aula de rituais e relíquias de nível superior, nenhuma das quais
você está pronta para participar.
—Relíquias. Que apropriado.
Ele olhou para mim. Então eu decidi continuar com minhas
provocações suaves.
—Falando em relíquias, como um vampiro se torna um padre?
—Ele não se torna. Um padre sendo transformado em
vampiro, no entanto, é uma história diferente.
Então, ele era um vampiro feito, não nascido como Noah. —
Sou toda ouvidos. Parece uma história que vale a pena ser contada.
Ele me deu um olhar tingido de exasperação, um que eu
estava intimamente familiarizada depois de todas as nossas sessões.

—Ah, tenho certeza que sim. Religião. Política. Um homem de Deus
sendo negado a vida que ele jurou? Praticamente a história se
escreve sozinha, não é? — Ele deu um estremecimento dramático,
me fazendo rir. Quem sabia que o padre tinha senso de humor?
Embora fosse autodepreciativo. —Não há muito a dizer. Uma
vampira me queria e eu recusei. Ela não gostou muito disso. Achei
que ela poderia me influenciar uma vez que eu fosse transformado.
Ela não podia. Fim.
—Ela parece uma verdadeira vadia. O consentimento é muito
mais sexy do que a coerção.
—Ela é.
Algo se contorceu dentro de mim. Ela ainda estava viva. Isso
significava que um dia, Caleb poderia se vingar, porque pelo olhar
assombrado em seus olhos, eu sabia que havia mais nessa história
do que ele estava compartilhando.
—Então você ainda vive a vida como um padre mesmo que
não possa mais ser um? Não é um tipo especial de tortura?
—Tecnicamente, deixei de ser padre no dia em que meu
coração parou de bater e acordei sem alma. Alguns hábitos. . . Ele
suspirou, parecendo desconfortável. —Há consolo nos hábitos.

Ainda mais quando há dor. Talvez seja meu destino ser torturado.
Pois que castigos de Deus não são dons?
—Nós passamos tanto tempo sem você jorrando escrituras
para mim. Vamos manter assim.
Seus lábios se contraíram, e a visão de sua diversão fez meu
estômago vibrar.
— O que você gostaria que eu dissesse para você, então?
Ele estava . . . flertando? Na esteira desse pensamento veio
outro. Um que eu estava desesperado para saber a resposta.
—Você ainda está . . . você sabe . . . celibatário? — Minhas
bochechas queimaram com a pergunta profundamente pessoal que
eu ousei fazer, mas eu tinha que saber.
Ele se virou lentamente para olhar para mim, sua expressão
ilegível, e eu me encontrei perdida em olhos tão azuis que pareciam
pretos na escuridão.
Antes que ele pudesse responder – supondo que ele pretendia
… três lobos surgiram das árvores à nossa esquerda. Reconheci o
cheiro de Kingston instantaneamente, a atração da minha loba ao
seu forte. Ele parou e olhou para nós, olhos brilhando,
intensamente focados em mim, como se me pedisse para deixar
minha forma humana e me juntar a eles enquanto eles corriam.

—Você quer se juntar a eles? — A voz de Caleb era baixa e
medida. Eu não sabia dizer se ele queria que eu dissesse sim ou
não.
Eu balancei minha cabeça, e Kingston deve ter visto isso como
rejeição porque ele soltou um rosnado baixo. —Não. Mesmo se eu
quisesse, ainda não consigo mudar.
—Você fez algum progresso com sua loba?
—Eu tenho feito um pouco. Kingston fez algo quando
formamos duplas durante a aula de Sanderson. Ele destrancou a
gaiola em que minha loba estava, mas ela ainda não consegue sair.
Caleb apertou os lábios, me dando um olhar astuto antes de
voltar sua atenção para Kingston, que ainda estava olhando em
nossa direção. —Talvez vocês dois devessem passar mais tempo
juntos. Parece que estar perto de um lobo dominante é uma boa
prática para você.
Olhei para Kingston e depois de volta para Caleb. Por mais
que eu não quisesse admitir, ele estava certo.
As mãos de Caleb se fecharam em punhos apertados, como se
algo sobre eu estar com Kingston o incomodasse. Mas foi ele quem
sugeriu isso. Os homens eram tão complicados. Kingston bufou um
pouco antes de saltar na direção do resto de sua Matilha, deixando-

me caminhar de volta para o meu dormitório com um ex-padre que
pode ou não ser celibatário. De qualquer forma, o padre Caleb
Gallagher definitivamente dava mais vibrações de pecador do que
de santo toda vez que eu o via.

Capítulo Vinte
SUNDAY
—Milímetros . . . Eu não tenho certeza se prata é sua cor, —
Moira meditou, olhando para meu cabelo como se fosse algum tipo
de projeto de ciências.
—Eu te disse, — eu disse com uma risada.
Ela estreitou os olhos. —Talvez se formos com algo um pouco
menos convencional.
—Menos convencional do que prata? Pode pirar, mas estou
traçando o limite para raspar, ok? Em você, é sexy como o inferno.
Em mim? Não muito.
Moira sorriu, e eu já a conhecia bem o suficiente para saber
que era exatamente o que ela estava planejando. Mas desde que ela
estava ostentando uma série de cortes de duende com vários
desenhos raspados neles nos últimos dias, não houve um grande
salto mental.
—Você não quer parecer foda para o seu encontro com o
padre? Eu poderia te dar um crucifixo? Ou . . . que tal nós
realmente fazê-lo enlouquecer e eu te dar a marca da besta? Eu acho

que você ficaria uma merda com um 666 na parte de trás de sua
cabeça. Pode ser como a sua versão de um carimbo de vagabundo.
Algo para ele olhar enquanto sua cabeça está inclinada em súplica.
E então ele poderia. . . exorcizar seus demônios.
—Oh, meu Deus, Moira. Ele não vai exorcizar nada. — Revirei
os olhos, tentando cobrir minha risada. —Não é um encontro. É
punição. E você deveria estar me ajudando a tirar isso da minha
mente.
—Mas se fizermos do meu jeito, talvez ele não queira sair da
sua mente.
—Pare com isso. — Eu já tinha pensamentos inapropriados o
suficiente sobre ele por conta própria. Eu não precisava que Moira
me desse novas ideias.
—Só estou tentando fazer você se sentir melhor, já que o
Príncipe das Trevas deixou você excitada e na seca novamente.
Excitada talvez. . . mas não na seca. O filho da puta.
Ela me pegou deprimida em nosso quarto e declarou uma
sessão obrigatória de reforma de colega de quarto. O que isso
realmente significava era que Moira queria uma desculpa para me
transformar em sua boneca da vida real para que ela pudesse
brincar com vários estilos de cabelo e maquiagem. Tudo o que eu

tinha que fazer era sentar lá e ficar bonita. Ela sempre me corrigia
depois que terminava de se divertir. O que estava tudo bem pra
mim. Pelo menos me deu algo mais produtivo para fazer do que
pensar na minha próxima sessão ou naquele babaca-derretendo-
calcinha Noah.
Ele tinha me assombrado. Novamente.
Estávamos a dez segundos de distância dele reivindicando
minha boceta, apenas para ele fugir do meu quarto e me deixar sem
escolha a não ser cuidar de mim mesma. Sem mencionar o que
diabos foi quando eu gozei com tanta força que eu poderia jurar
que ouvi seus pensamentos em minha mente. Chegamos tão perto e
então. . . nada.
Deus, eu era tão idiota.
—Você está fazendo isso de novo, — Moira repreendeu.
—Eu não posso evitar.
Eu contei a Moira toda a humilhante tragédia. Da brincadeira
estúpida de Callie até o ato de desaparecimento de Noah.
—O que eu quero saber é por que você está se preocupando
com ele quando você tem aquele bolo de carne nórdico apenas
esperando à margem? Ou, diabos, você poderia ter Kingston aqui
com a dobra do seu dedo mindinho.

Seu comentário deveria ter me feito sorrir, mas só me fez
gemer mais alto. Meus sentimentos por esses caras eram tão
complicados. Eu ia precisar de uma maldita placa de assassinato
para dar sentido a eles.
—Eu pensei que você gostasse de Alek. — ela falou com uma
carranca.
—Eu gosto. Muito. Quero dizer, o cara salvou minha vida, e há
algo em estar perto dele que me faz sentir forte e poderosa. Mas
também tenho esses sentimentos loucos por Noah que não posso
simplesmente desejar. Como se algo acontecesse quando estou com
ele. Eu me sinto segura e no controle. . . como se ele acalmasse o
caos dentro de mim. Eu nunca respondi assim para ninguém,
exceto…
—Exceto? — Ela perguntou quando eu não continuei
imediatamente.
—Kingston. Por mais que me mate admitir isso, minha loba
está mal por aquele babaca Alfa. Ela só apareceu quando estava
perto dele. EU . . . Acho que preciso que ele a encontre.
Essa foi uma lição bastante desconfortável que aprendi
durante nosso confronto na aula no outro dia. Quando seu lobo
rosnou, sinalizando sua intenção de marcar a minha. . . Porra,

apenas a memória disso fez meu sangue esquentar e minha boceta
apertar. Depois de tudo que Kingston disse sobre mim ao longo dos
anos, não havia absolutamente nenhuma razão para eu me sentir
assim. Mas minha loba tinha outras ideias. E agora que ela estava
arranhando qualquer barreira que nos mantinha separadas, não era
tão fácil negá-la.
—Tudo bem, então o que você está me dizendo é que você
precisa de um harém.
Eu ri. —Ok, certo. OK. Porque serei capaz de convencer não
um, mas três machos alfa a deixar seus instintos de lado e me
compartilhar.
Mesmo quando eu disse o número, meu cérebro
automaticamente me corrigiu. Quatro. Havia quatro homens que eu
não conseguia tirar da cabeça. Mas também pode ser cem, pois
provavelmente qualquer um deles, quanto mais todos eles,
concordaria com tal arranjo.
Moira olhou para mim como se eu fosse estúpida. —Por que
eles não iriam? Você é um lanche, caso não tenha percebido. Você
tem toda essa mulher Alfa sexy apenas descobrindo sua coisa de
poder acontecendo. Os homens comem essa merda. Eles podem
bater no peito e alegar ser dominantes, mas no final do dia, eles

querem uma mulher para servir. Você, Sunday, poderia deixar os
homens de joelhos.
Eu tinha certeza que minha boca estava aberta naquele
momento, mas Moira parou e inclinou a cabeça, seus olhos se
estreitando. —Sunday, você já esteve com um homem antes, não é?
Minhas bochechas queimaram. —É meio difícil perder a
virgindade quando você está trancada a maior parte de sua vida. Eu
nunca tive a chance de ser tentada antes. Os únicos homens com
quem tive contato foram os poucos designados para me guardar, e
eles mantiveram distância. Mas agora, quando estou perto de
Kingston, Noah e Alek — … e Caleb, eu sussurrei na minha cabeça
…—parece que algo dentro de mim finalmente acordou.
—Oh, meu Deus, você realmente é uma princesa virgem. Não
é à toa que eles estão farejando assim.
—São só eles. Nenhum dos outros caras no campus sequer
existe para mim. Mas o que diabos acontece comigo que tem que ter
mais de um em minha mente?
Moira sorriu, mais do que um pouco agradada pela minha
admissão. —Bem, haréns não são tão incomuns. Quero dizer, os fae
fazem isso o tempo todo. Você não ouviu falar sobre a Rainha das
Sombras e seus homens? E tenho certeza de que encontrei alguns

grupos poli na Iniquity. Eles gostam de usar as salas privadas
quando estão com vontade de brincar. Talvez você devesse
conversar com um deles da próxima vez. Veja do que se trata toda a
dinâmica. Mas eu vou te dar essa pepita de graça. Faça o que fizer,
você não quer uma cena de grupo para sua primeira vez.
—EU . . . como isso funcionaria?
Moira levantou um ombro em um encolher de ombros. —Esse
é o tipo de coisa que vocês teriam que descobrir por si mesmos. Mas
tenho certeza que admitir seus sentimentos é o primeiro passo. E se
você realmente gosta do Príncipe das Trevas...
—Eu disse para você não chamá-lo assim.
—Então você vai ter que colocar seu charme feminino e dizer a
ele.
Eu inclinei minha cabeça para trás e gemi novamente, o que só
fez Moira rir.
—Você não tem que decidir nada agora. Jogue no campo por
um tempo. Você certamente tem opções suficientes. Apenas saiba
que estar com todos eles é . . . uma de suas escolhas. As únicas
opiniões que importam, Sunday, são as suas e a quem você der seu
coração. Não importa quantos alguéns possam ser. Apenas
certifique-se de que eles são dignos disso primeiro.

—Ah, isso foi realmente doce. Talvez você devesse fazer parte
do meu harém.
Ela sorriu para mim. —Tentador, mas o pensamento de toda
aquela carne de homem batendo ao redor faz minha pele arrepiar.
Eu vou continuar sendo sua melhor amiga.
Moira se moveu, usando suas mãos em vez de sua magia para
brincar com meu cabelo, me fazendo pensar que a conversa havia
acabado. Mas ela me surpreendeu ao perguntar. —O que é aquela
coisa que a senhora em seus sonhos vive dizendo a você? Abraçá-
los? Talvez ela esteja falando sobre os seus garotos. Você disse que
cada um deles faz você se sentir mais forte e no controle. E se eles
forem a chave para desbloquear seu poder?
Uma corrente de eletricidade zumbiu através de mim. O tipo
que fez meu cabelo ficar em pé e meu corpo ficar quente e frio ao
mesmo tempo. Parecia . . . premonição.
—Eu te contei sobre os sonhos porque eles eram estranhos.
Não para que você pudesse entendê-los.
Eu finalmente cedi e contei a Moira sobre meus sonhos
recorrentes na outra manhã depois que ela me ouviu murmurando
para mim mesmo em meu sono. Embora eu não tivesse mais
episódios de sonambulismo, eu estava tendo o mesmo sonho quase

todas as noites desde que minhas sessões com Caleb começaram.
Infelizmente, eu não tinha chegado mais perto de decifrá-lo. Deixe
para minha mãe manter as coisas vagas e confusas.
Mas e se Moira estivesse certa? E se 'meus garotos', como ela
os chamava, fossem a resposta para descobrir quem eu realmente
era? Kingston já tinha acordado minha loba, e tudo o que ele fez foi
irritar e excitar o inferno fora de mim. E por mais brava que eu
estivesse com Noah por mais uma vez desaparecer, não podia
negar a paz que ganhei quando ele estava por perto. E Alek? O
poder pulsava dentro de mim só de pensar nele.
Se eu tivesse todos eles. . .
O pensamento era tanto aterrorizante quanto fascinante, como
a promessa de algo proibido, mas tão doce. Porque se Moira
estivesse certa, talvez, apenas talvez, eu realmente pudesse ter tudo
o que queria.
Eu acho que a verdadeira questão era, será que eu seria
corajosa o suficiente para descobrir?

Capítulo Vinte e Um
SUNDAY
Meus passos eram lentos e medidos enquanto eu percorria o
corredor até o escritório do padre Gallagher. Infelizmente, passos
lentos ou não, não havia como contornar o que esperava por mim
atrás de sua porta fechada. Se nossas sessões juntos fossem alguma
indicação, isso seria um barril de risadas.
Cheguei à porta cedo demais, minha mão pronta para bater
quando sua voz veio de trás de mim, sua respiração fazendo
cócegas nos pelinhos da minha nuca.
—Você está atrasada, Srta. Fallon. Não é uma boa maneira de
começar a nossa noite. O que você tem para dizer para você
mesma?
Vergonha tomou conta do meu rosto enquanto eu pensava
sobre o que exatamente eu estava fazendo enquanto as fantasias de
Noah Blackthorne se desenrolavam em minha mente apenas alguns
minutos antes. Eu precisava de algo bom para ajudar a aliviar a
tensão antes de descer para enfrentar minha punição injustificada.

Já que não era como se eu pudesse ir com a verdade, eu parei.
—Hmm... Eu mordi meu lábio. —Eu me perdi... — No que diz
respeito às mentiras, era além de fraco. Eu estive aqui todas as
noites por quase duas semanas.
Ele agarrou meu pulso e levou os dedos da minha mão direita
ao nariz, inalando profundamente. Aqueles olhos escuros travados
nos meus, intensos e necessitados. —Na sua calcinha?
Ouvir o bom padre falar sobre minha calcinha não deveria
enviar todos os tipos de borboletas perversas girando em torno do
meu estômago, deveria? Eu provavelmente deveria ter ficado um
pouco mais envergonhada que ele pudesse cheirar exatamente o
que eu estava fazendo, mas se ele fosse ser um idiota e mencionar
isso, então eu ia assumir.
—Ciúmes, papai?
—Caleb. Não sou seu padre, nem seu pai. Definitivamente não
seu pai, Srta. Fallon. Estou aqui para mantê-la na linha, e se você se
atrasar porque seus hormônios estão tão fora de controle que você
tem que abusar de si mesma antes de cumprir suas obrigações,
adicionaremos mais tempo à sua punição.
—Maravilha. Exatamente o que eu sempre quis. Mais tempo
de joelhos com você.

Sua mandíbula ficou apertada, e ele se inclinou para perto. Por
um momento eu pensei que ele poderia me beijar, mas ele passou
por mim para pegar a maçaneta. —Como desejar, senhorita Fallon.
Passei por ele, tentando ignorar o cheiro delicioso e defumado
dele que me lembrava o pecado e todas as coisas que poderíamos
fazer em um confessionário. Cara . . . este padre realmente trouxe à
luz meus fetiches desconhecidos.
—Devo assumir a posição, então? — Eu perguntei quando
entrei no espaço.
Ele engoliu em seco, e os punhos cerrados ao seu lado me
disseram tudo o que eu precisava saber. —Por mais que eu goste de
ver você de joelhos diante de mim, temo que tenhamos outros
assuntos para resolver antes de chegarmos lá.
—E os outros pecadores se juntarão a nós esta noite? Ou esse
'assunto' será apenas para meu benefício?
A ligeira contração de seus lábios enviou um zunido de
excitação através de mim. Como eu poderia estar tão
completamente excitada por Noah, consumida por pensamentos do
que quase aconteceu entre nós, e então me virar e me molhar para
Caleb? Não se esqueça do que quase aconteceu com Kingston. . . e o
que aconteceu com Alek. Talvez Moira estivesse certa sobre tudo

isso. Afastei os lembretes. Pensar neles quando eu já estava me
sentindo de alguma forma não ia me ajudar a superar o que quer
que Caleb tinha reservado.
—Sua punição é sua para servir e se beneficiar sozinha
—Mal posso esperar. Então . . . se não vou ficar de joelhos, o
que vou fazer? — Olhei ao redor para ver se eu poderia ter uma
dica do que esperar.
Ele gesticulou para a cadeira simples no centro da sala,
escassamente decorada. —Você pode escolher sua punição esta
noite. Você coloca a segurança de todos em sua classe em risco ao
derramar o sangue de Callie Donoghue. Por mais desafiadora que
ela seja, você quebrou uma regra fundamental. O sangue é um
gatilho para muitos de nós. E alguns são menos controlados do que
outros.
—Mas eu não... — Eu parei, frustração vazando pela minha
voz. Então eu suspirei. —Deixa para lá. Não é como se você fosse
acreditar em mim de qualquer maneira. Ninguém mais acredita.
Quais são minhas escolhas? Polir um crucifixo? Escrever linhas da
Bíblia? Como alguém se arrepende de algo que nunca fez?
Um lampejo de algo como ternura passou por suas feições.
Você pode escolher o tédio ou algo mais. . . direto. — Seu olhar foi

para uma tigela grande em sua mesa. —Está tigela contém
cinquenta e nove contas de vidro misturadas com contas idênticas
de prata pura. Escolha cada conta de prata até que restem apenas as
de vidro. Aguente a dor e nossa sessão terminará mais cedo.
Eu não era conhecida por minha paciência, então ter que fazer
um trabalho tão tedioso parecia uma tortura absoluta. Eu não tinha
medo da prata queimando minha carne, mas qual era o objetivo de
separar contas? O que isso ia me ensinar, além de maneiras mais
criativas de xingar enquanto as coisas estúpidas escorregavam
pelos meus dedos, me fazendo ter que pescá-las uma e outra vez?
—O que há atrás da porta número dois? — Eu perguntei,
olhando para ele.
—Punição corporal.
—Espere, o que? Você vai me bater?
Juro por Deus, sua palma se contraiu.
Por que... por que isso fez o meu interior vibrar? —Desculpe,
acho que acabei de ter um derrame. Você disse que ia me bater?
Como se eu fosse uma garota travessa? Que diabos de universidade
é essa?
—Você foi. E, sim, se você escolher esse castigo, eu vou colocá-
la sobre meu joelho e bater em sua bunda insolente até que você

não possa se sentar sem um lembrete de como era a sensação da
minha palma em sua pele.
Eu tive que desviar o olhar, o intenso calor abrasador de seu
olhar tinha me torcido por dentro. Me fez querer exatamente o que
ele estava oferecendo. Espere. Eu estava realmente considerando
isso? Eu queria sentir a mão do padre Gallagher batendo na minha
bunda?
Sim. Sim eu queria.
O que isso dizia sobre mim?
Foda-se. Acabaria mais rápido do que a contagem de contas, e
enquanto todos veriam os vergões que a prata deixaria em meus
dedos, ninguém saberia se ele deixasse marcas na minha bunda. Ele
provavelmente não achava que eu sequer consideraria isso. Bem, a
piada era sobre ele. Ele queria me bater? Ok.
—Aguardo sua decisão, senhorita Fallon.
—Faça isso. — Eu empurrei meu queixo para cima, infundindo
meu olhar com tanto desafio quanto eu poderia reunir. —Devo me
curvar sobre a mesa, ou . . .
Ele respirou fundo, alto no escritório cavernoso, então com
passos cuidadosamente controlados, foi até a cadeira e afundou.
Por cima do meu joelho.

Eu o encarei por um longo e demorado momento, ainda sem
ter certeza de que isso estava acontecendo. Seu peito subia e descia,
suas narinas ligeiramente dilatadas enquanto ele lutava para
controlar sua própria respiração. Ele ergueu uma sobrancelha
desafiadora. Como se ele estivesse chamando meu blefe.
Mas eu não estava blefando.
Eu me aproximei, minhas mãos se contraindo levemente com
os nervos. De pé na frente dele, me movi para me curvar sobre seu
colo, a humilhação erguendo sua cabeça feia. Eu lutei contra a
emoção porque eu seria amaldiçoada se ele visse o que isso me
custou.
—Bunda nua, Sunday. Essa é a única maneira que isso
funciona. Purificação através da dor. Pele a pele é mais doloroso.
Eu levantei minha cabeça para olhar para ele. —Só podes estar
de brincar comigo! Não há como as pessoas realmente deixarem
você fazer isso.
—Você é a primeira a escolher minha mão ao invés das contas.
Você se importaria de mudar sua decisão? Eu também poderia
pegar um remo, se você quiser?
Estava na ponta da minha língua dizer a ele para ir para o
inferno, mas por alguma razão, era mais importante para mim

provar algo para ele. Ou talvez para mim mesma. Eu escolhi esse
caminho. Era hora de ver isso.
—Apenas continue com isso — eu gritei, tirando minhas meias
de compressão até que elas estivessem ao redor das minhas coxas.
Um estrondo baixo saiu de seu peito, e ele estendeu a mão
para mim, agarrando meu pulso e puxando até que eu estava
deitada em seu colo, meus pés mal tocando o chão, mãos me
apoiando na parte exposta da cadeira. Eu podia sentir cada
músculo rígido em suas coxas. Podia sentir seu cheiro escuro e
mortal. Podia sentir a tensão entre nós se apertar como corda de
piano.
Sua palma grande e fria roçou a parte de trás da minha coxa
antes de acariciar minha bunda. —Prepare-se e, a cada golpe,
assuma seu erro.
Eu não sabia como eu deveria pensar em outra coisa além da
sensação de sua pele pressionando contra a minha. Mas claro. Eu
pensaria nos meus erros. Ou seja, este aqui. Como diabos eu
deveria esconder o que ele estava fazendo com meu corpo se a
evidência estava escorrendo pelas minhas coxas?

E por que eu estava reagindo assim? Ele estava me punindo,
pelo amor de Deus, e aqui estava eu praticamente ofegante em seu
colo, implorando por isso.
Quando o estalo de sua palma contra a minha carne soou, eu
empurrei em seu colo, um suspiro suave explodindo de mim.
Isso machuca. Mais do que eu pensei que seria. Mas também
gostei muito mais do que esperava. Isso deve ser pelo menos parte
da razão pela qual eu não pude evitar o desejo de ser desobediente,
porque apenas um gosto da mão de Caleb em mim e eu estava
viciada. Eu queria mais.
—Você se arrepende?
—Não eu rosnei.
—Que assim seja.
Sua mão me encontrou novamente, desta vez marcando o
outro lado da minha bunda. Eu podia sentir a impressão de sua
palma queimando minha carne, a picada afiada e depois
desaparecendo em um brilho quente. Eu estava formigando em
todos os lugares. Eu nunca estive tão consciente do ar na minha
pele.
Ele não levantou a mão desta vez. Em vez disso, ele circulou o
lugar com o qual se conectou e apertou.

—Deus me dê forças para lidar com você, Sunday Fallon. —
Então sua palma se foi, mas eu senti o ar mudar quando ele acertou
outro golpe na minha bunda já ardendo.
Eu grunhi, o som baixo e necessitado. Mais. Eu precisava de
mais. —Mais forte, papai.
Seu suspiro agudo seguido por um grunhido. —Eu disse para
você não me chamar assim — ecoou até a minha boceta , me
fazendo apertar minhas coxas. Então ele moveu seus quadris, e oh,
meu Deus, isso foi uma ereção?
Quando seu próximo golpe acertou, eu quase fiquei vesga de
dor. Ele estava se segurando, mas ele realmente me deixou ter dessa
vez. A parte de mim que não pôde resistir a incitá-lo sussurrou em
minha mente, Ele está se divertindo com isso. Spoiler, eu também.
—Isso é tudo que você tem?
Eu levantei meus quadris quando ele levantou a mão mais
uma vez, mudando apenas o suficiente para que seu golpe
aterrissasse, não na minha bunda, mas nos lábios encharcados da
minha boceta. Desta vez, eu gritei, mas não de dor. Porra, ele ia me
fazer gozar.
A contração abaixo dos meus seios me disse que eu poderia
não ser a única.

—Mais — eu gemi, implorando agora por algo muito diferente
de sua mão contra minha bunda. Eu queria fricção entre minhas
pernas para enviar o zumbido correndo pelas minhas veias direto
para o meu clitóris, construindo um doce alívio.
—Você gosta disso? Você gosta do que estou fazendo com
você? Suas palavras foram coloridas com desejo áspero, apertado e
baixo.
—Sim. E você também. — Eu me esfreguei contra seu colo,
sentindo-o crescer mais e mais grosso enquanto eu fazia. —Admite.
—Arrependa-se, — ele disse, batendo na minha boceta
novamente, desta vez de propósito, me levando a uma polegada do
precipício.
—Nunca.
Não quando ser má significa que posso sentir você fazendo
isso, pensei.
—Menina teimosa. — Desta vez, seu dedo circulou meu
clitóris latejante, e eu empurrei contra ele, seus próprios quadris
chutando o suficiente para me dizer que ele estava procurando por
mais também.
Eu estava tão perto. Tão fodidamente perto. Só mais um pouco
e eu estaria. . .

—Por favor — eu implorei. —Mais. Faça-me arrepender,
Caleb.
—Sim — ele falou.
—Deus, quem diria que o castigo poderia ser tão divertido? —
Ele estremeceu debaixo de mim, mas seu dedo desapareceu,
seu corpo inteiro se contraindo. —Você é uma causa perdida. Saia
daqui.
Minha pele ficou fria, os arrepios quentes correndo através de
mim fugindo, deixando-me entorpecida e totalmente humilhada.
Eu o empurrei com membros trêmulos, puxando minhas calças
para cima e dando um passo para trás. —Sim, bem, uma causa
perdida reconhece outra, não é, padre? E a propósito, vá se foder!
Ele não se virou para me ver sair. Ele permaneceu estoico e
imóvel como uma estátua, e eu me perguntei se esse tinha sido seu
plano o tempo todo. Tortura na forma de me levar a quase
insanidade.
Se sim, bem jogado.

Capítulo Vinte e Dois
SUNDAY
—Eca, isso é ridículo. — Fechei o velho tomo empoeirado na
minha frente, muito consciente das pessoas ao meu redor e seus
olhares de desaprovação. —O que? — Lancei lhes olhares de
reprovação, irritada por ninguém chegar perto de mim depois do
incidente com Callie.
Tinha sido assim desde que cheguei a Ravenscroft. Os alunos,
— além de Moira, Alek e Noah, — me evitaram e sussurraram nas
minhas costas. Mas desde que eu quase matei Callie com minhas
próprias mãos na aula de Sanderson, foi pior. Agora, em vez de
conversas silenciosas e olhares roubados, era puro medo e evasão.
Eu estava acostumada a esse tipo de tratamento em casa, meu avô
ficando enojado com minha incapacidade de mudar, meu pai me
abandonando em favor de entorpecer seus problemas com álcool,
mas eu realmente esperava que fosse diferente aqui. Ingenuamente,
eu pensei que este seria meu novo começo. Acho que eu estava
errada. Como sempre.

Uma voz baixa sussurrou em meu ouvido, quase me fazendo
saltar da cadeira. —Uma mulher tão bonita como você nunca
deveria usar uma carranca tão trágica.
Virei a cabeça para ver Alek inclinado sobre mim, minha
trança agarrada entre seus dedos grossos. Ele me deu um tapa no
nariz com a ponta dos dedos, me fazendo cócegas e me fazendo rir,
apesar do peso dos meus pensamentos.
—Eles mandam vocês para algum tipo de escola de charme
viking quando crianças? Isso foi sutil.
—Não. Meu irmão e eu somos especiais. Nossos pais e sua
história de amor são um pouco lendários de onde eu venho. Meu
pai garantiu que estivéssemos bem equipados para cumprir os
rumores que ele e minha mãe inspiraram. Ele é um filho da puta
notoriamente rendido. Aprendi com os melhores.
Eu me perguntei por um momento como deve ter sido crescer
com uma família amorosa. Pais que se importavam com o que
aconteceu comigo, com quem eu me tornei sem que isso fosse algo
que os servisse. No meu caso, tudo o que eu tinha de bom era o
legado da minha família. Se eu não pudesse ser quem eles queriam,
eles não me queriam.

—Se algum dia eu conhecer seus pais, vou garantir que eles
saibam que fizeram um bom trabalho.
—Ah, eles adorariam isso. Minha mãe e minha tia estão
obcecadas por meu irmão e eu nos estabelecermos desde que
tínhamos dez anos. Desde que eles tiveram seus felizes para
sempre, eles estão determinados que todos nós precisamos deles. —
Ele revirou os olhos como se fosse um incômodo e depois sorriu. —
Mas não posso dizer que eles não impressionam. Depois de ver a
coisa real, não há como se contentar com nada menos do que isso.
—Então você tem um irmão? Isso significa que há dois de
vocês correndo por aí partindo corações. Por que ele não está aqui?
O sorriso de Alek se tornou travesso, e ele montou no assento
ao meu lado, inclinando-se para perto. —Posso te contar um
pequeno segredo?
Intrigada, fechei a distância entre nós até que nossos rostos
estivessem a uma polegada de distância. —Sempre.
Ele estreitou os olhos de brincadeira e, em seguida, levantou a
mão, o dedo mindinho estendido. —Jure-se ao segredo primeiro,
Sunny. Eu tenho que saber que você pode ser confiável.

Borboletas vibraram na minha barriga com o pensamento de
compartilhar algo com ele. Enrolei meu dedo mindinho no dele e
sussurrei. —Eu juro .
Assim que nossa pele se conectou, Alek recuou como se tivesse
ficado chocado, seus olhos se arregalaram. —Pai de todos acima, eu
não senti tanto poder em alguém desde que saí de casa. Você está
bem? Precisa ser muito forte para manter isso sob controle.
—Você pode sentir isso? Achei que era só eu.
Ele agarrou meu rosto entre as duas grandes palmas e olhou
profundamente em meus olhos como se estivesse procurando por
algo. —Indomável. Isso é o que você é.
—É assim que eu sinto. Eu não sei como controlar isso. Eu
sinto que existem essas ondas estranhas através de mim. Você viu o
que aconteceu com Callie. Eu quase a matei e depois fui punida por
isso. — Eu tive que lutar contra um arrepio com a memória da mão
de Caleb na minha bunda... e entre minhas pernas. Afastando o
pensamento, perguntei. —E se da próxima vez eu não parar?
Seus olhos procuraram os meus, considerando. —E se eu te
ajudar a aprender? Então, da próxima vez, você não terá que se
preocupar.

—Como você poderia entender como é isso? Você é um mago
viking, um semideus.
—Eu tenho sangue berserker correndo em minhas veias. Eles
não são exatamente o grupo mais sensato e, embora eu não tenha
herdado seus dons, herdei seus temperamentos. Eu tive que
aprender desde cedo como controlar minhas emoções, senão elas
iriam destruir meu poder. E, bem, não para me gabar, mas quando
você é tão forte quanto eu... isso é problemático, para dizer o
mínimo.
Eu o estudei, suas feições robustas e bonitas fazendo meu
coração bater mais rápido. Ele era um guerreiro, mesmo sem a
linhagem de berserker. Mais forte do que a maioria, construído para
lutar. Talvez ele pudesse me ajudar. —Eu tenho trabalhado com o
padre Gallagher para encontrar minha loba, me centrar, mas talvez
isso seja outra coisa. Talvez você possa me ensinar como controlar
essa necessidade que tenho de guerra o tempo todo?
—Absolutamente. Tenho certeza de que o padre foi útil com as
coisas mais mentais, mas o que você precisa é físico.
Um arrepio percorreu meu corpo, e levou tudo em mim para
não deixar óbvio como suas palavras me afetaram.

—Quando você aprende a controlar seu corpo, você pode
controlar todas as partes de si mesma. Pense nisso como um
músculo. Você tem que resolver isso, construí-lo, e uma vez que
você aprenda a isolar essa parte de si mesma, você pode chamá-la à
vontade.
—Um músculo. Ok. — Lembrei-me da academia que tínhamos
na propriedade Fallon, treinadores lá trabalhando com os membros
da matilha que eram nossa segurança. Eles forçaram e treinaram
duro para que pudessem responder se houvesse uma ameaça, não
para que pudessem lutar sempre que estivessem com raiva. Foco e
determinação os governavam. Ao controle. Isso era o que eu
precisava. —Então . . . você vai ser como meu treinador. Você vai
me deixar em forma.
Seus lábios se curvaram em um sorriso sexy. —Se é o chicote
que você quer, eu sou seu homem.
Eu tive que tirar meu olhar de sua boca. Eu não tinha certeza
sobre chicotes, mas eu tinha certeza sobre ele. —Ok, vamos fazer
isso. Caleb treina minha mente. Você treina meu corpo.
—Quando você quer começar?
—Iniciar o quê?

Eu o ouvi antes de vê-lo. Kingston. Minha loba se esticou e
empurrou seus limites no momento em que sua voz roçou minha
pele.
Revirando os olhos, me virei na cadeira para encontrá-lo
sentado do meu outro lado, olhando de soslaio. —Treinamento.
—Esse é o meu trabalho. O padre Gallagher montou, lembra?
Você estava lá quando ele sugeriu.
Eu me arrepiei. —Não é isso. Você deveria ajudar com minha
loba, não meu controle. Não lutando.
—É a mesma coisa. Você entenderia isso se pudesse mudar.
Mas como não pode, terá que confiar no especialista.
Especialista? A ousadia desse idiota.
—E quem é esse? — Alek perguntou secamente. —Você?
—Certamente sou mais especialista no assunto de quem ela é.
Quem ela deveria ser.
Alek zombou, seus olhos se transformando em um tom
elétrico de azul. —Vai com calma, garoto —, ele ordenou, bem
quando a cadeira em que Kingston estava sentado desapareceu e
ele caiu com força no chão da biblioteca. Sua boca se abriu para
protestar, mas nenhum som saiu. —E por que você não fica quieto
enquanto está nisso?

A risada me escapou involuntariamente, provocando um olhar
fulminante de Kingston. —Alek, deixe-o falar. É tudo o que ele tem.
—Tem certeza? Ele é muito mais agradável estar por perto
assim.
A comoção chamou a atenção de outros alunos e do
bibliotecário. Logo, seríamos pegos, e Alek provavelmente acabaria
punido por causa de seu abuso de magia. Não havia razão para nós
dois precisarmos estar na casinha de cachorro. —Sim. Ele está certo
de qualquer maneira. Eu preciso trabalhar nas duas coisas ao
mesmo tempo. Controlando minha raiva e minha loba.
Alek olhou para Kingston com uma expressão severa. —Essa
sua boca vai te colocar em apuros um dia. Seja grato por ela estar
aqui para protegê-lo. Não serei tão tolerante na próxima vez que
você me irritar. Então seus olhos brilharam com aquela cor azul
brilhante mais uma vez, e a biblioteca se encheu com o som do
discurso de Kingston.
Profanação, alta e abundante, voou de Kingston, garantindo
uma forte palavra de advertência do bibliotecário. Kingston cerrou
os dentes e cerrou os punhos, seu corpo inteiro tremendo pelo
esforço de se conter.

—Meu Deus, Kingston. Eu pensei que você tinha mais controle
em você do que isso, — eu provoquei. —Talvez você e eu
devêssemos trabalhar com Alek para melhorarmos nisso.
As sobrancelhas de Alek se ergueram em diversão. —Sempre
feliz em ajudar. Eu ficaria feliz em oferecer meus serviços para
vocês dois. Mas devo avisá-lo, Kingston. Eu posso ser um pouco
idiota. Você pode não gostar.
—Foda-se seus serviços. — Kingston voltou seu foco para
mim. —Sunday, espero que você se junte a mim na clareira à beira
do lago esta noite para nossa primeira sessão. Se você não aparecer,
eu vou te pegar, jogar sua bunda por cima do meu ombro e te levar
para a aula. Entendido?
—Que tal isso — Alek demorou. —Nós dois estaremos lá. E se
você tiver um problema com isso, você pode expor suas queixas
com meu punho na sua cara.
Os olhos de Kingston brilharam em um âmbar profundo, um
rosnado feroz crescendo em seu peito. Mas antes que ele pudesse
responder, a bibliotecária se aproximou.
—O que quer que seja... isso, — ela gesticulou entre nós. —
Precisa acabar. Aqui e agora. Eu não ligo para partidas irritantes, e

certamente não na minha biblioteca. Leve-o para fora, ou vocês três
podem visitar a diretora.
Percebendo que a única que poderia acabar com isso era eu,
suspirei. —Desculpe. Estamos indo embora.
Ela olhou para nós por cima de seus óculos de meia-lua mais
uma vez para uma boa medida antes de acrescentar. —Então vão e
parem o barulho. Rápido. — Então ela girou nos calcanhares e foi
embora.
—Esta noite. Vocês dois. Na clareira. Mas para agora? Deixem-
me em paz. Já estou com problemas suficientes do jeito que está.

Capítulo Vinte e Três
ALEK
A tensão rolando com Sunday foi forte o suficiente para fazer
meu sangue ferver enquanto estávamos juntos na clareira.
Definitivamente havia algo acontecendo entre ela e o shifter,
embora não estivesse claro se algum deles sabia exatamente o que
era. Tudo o que eu sabia era que ele a colocou no limite, e isso me
fez querer enfiar os dentes em sua garganta.
—Então . . . isso não é nada estranho, — Sunday disse, olhando
entre nós.
Percebi que Kingston e eu estávamos nos avaliando durante a
maior parte dos últimos minutos, ambos esperando para ver qual
de nós cederia primeiro. Eu não lhe daria a satisfação. Em vez disso,
eu o ensinaria exatamente com quem ele estava lidando. Eles não
chamaram meu pai de Guerreiro de Odin à toa. E eu era cada
centímetro o filho do meu pai.
—Aqui está como isso vai funcionar — eu disse.
—Ah, então você está no comando agora? — Kingston
disparou.

—Sim.
—Coloque seus paus fora. Eu estou no comando aqui. Esta é a
minha sessão de treinamento, e eu sou a bomba-relógio, então lide
com a porra do cuidado.
Sunday ficou entre nós, sua raiva e frustração palpáveis
enquanto falava.
Eu podia sentir o poder crepitando através dela. Uma
tempestade prestes a cair. Lembrando uma técnica que meu irmão e
eu colocamos em prática regularmente, convoquei minha magia e
criei um alvo para Sunday. . . usando Kingston como manequim.
Algo sobre ele assumir a forma da rival de Sunday parecia
apropriado. De babaca a vadia. Apropriado para um lobo.
—Sério isso? — Sunday olhou para a falsa Callie que eu
conjurei, desgosto claro em seu rosto.
—Eu ameaço tanto você que você nem consegue lidar com a
minha aparência? — Eu fiz a imagem conjurada de Callie zombar
em sua voz. Kingston recuou contra a minha magia, claramente não
gostando dos sons vindos de sua boca. Talvez eu tenha ido longe
demais, mas Sunday precisava ser cutucada, e cutucada de
verdade, se quiséssemos aprender alguma coisa sobre seus gatilhos.

—Como exatamente isso deveria ajudá-la com sua loba? —
Kingston perguntou, claramente impressionado com seu novo
corpo. Você acha que ele ficaria grato por eu pelo menos ter dado a
ele o uso de sua própria voz.
—A ideia é testar os limites dela. Sunday quer aprender a
controlar, então precisamos levá-la ao limite. A única maneira de
fazer isso em um cenário seguro é fazê-lo parecer o mais real
possível. Desta forma . . . sua inimiga.
—Por que eu tenho que usar o traje de garota? Você já tem o
coque, só falta ter os peitos.
—Apenas seja grato que eu só fiz você se parecer com ela. Eu
poderia mudar sua voz permanentemente se eu quisesse.
—Olá, estou bem aqui, e posso te dizer agora, não precisamos
transformar Kingston em Callie para eu chutar sua bunda. Basta
dizer a palavra, e eu vou tê-lo no chão em um momento — Sunday
disse.
Meus lábios se contraíram e me movi para ficar atrás dela,
colocando uma mão em cada um de seus ombros. —Você me disse
que se sentiu mais fora de controle durante sua briga com Callie.
Vamos recriar o cenário, e você vai aproveitar e usar sua raiva sem
deixar que ela o ultrapasse.

Respirando longa e lentamente, ela assentiu. —Ok. Deixe-me
para ela.
Kingston rosnou. —Eu não vou esquecer isso, Nordson.
—Bom. Talvez da próxima vez você se lembre com quem está
lidando. Porque se você acha que essa é a extensão máxima do que
eu posso fazer, você claramente precisa se atualizar em sua
mitologia nórdica.
Sunday deu de ombros. —Ou assistir a um filme da Marvel. —
Desta vez fui eu quem rosnou. —O número de liberdades que
eles tomaram com esses malditos filmes. . . não me faça começar,
Sunday. Confie em mim, não é nem remotamente a mesma coisa.
—Ah, o viking malvado tem problemas com Thor e Loki? Dê-
me cinco minutos a sós com Tom Hiddleston e eu...
—Chega — eu resmunguei. — Vamos trabalhar.
—O que eu deveria fazer? Ficar aqui assim? — Kingston
perguntou, enrolando uma mecha de cabelo em seu dedo. Ele olhou
para o corpo curvilíneo que ostentava. —Pensando melhor...
—Ataque.
Sunday estreitou seu foco no duble de Callie e fechou as mãos
em punhos. —Eu não quero matá-lo.

—Você não vai — eu prometi. —Concentre-se em seus
movimentos, não em suas emoções. Quando sua raiva a leva a
reagir, quero que você ignore. Pelo menos por enquanto. O objetivo
deste exercício é subjugar, não prejudicar. Assim como na aula.
Corri meus dedos pelas laterais de seu pescoço, trabalhando os
músculos para centralizá-la. Eu podia sentir seu pulso batendo
como um pássaro engaiolado voando em vão para a liberdade, mas
ela assentiu. —Subjugar, não prejudicar. Entendi.
Kingston pareceu se acomodar em seu papel depois do meu
pequeno discurso. Ele começou a provocá-la com uma impressão
surpreendentemente boa do vampiro. —Sua patética. Você acha
que está remotamente no meu nível? No meu pior dia, você não
está nem perto. Thorne está com pena de você. Tudo o que ele quer
é o seu sangue.
O ar em torno de Sunday crepitava com energia, uma sensação
semelhante à atmosfera pouco antes do relâmpago cair. As pontas
de seu cabelo se levantaram, apenas o suficiente para eu notar, e
com uma palma calmante entre seus ombros, murmurei contra a
concha de sua orelha: — Você pode fazer isso, Kærasta.
Tudo parou no momento em que a palavra saiu dos meus
lábios. Por que eu a estava chamando assim? Não era uma palavra

usada levianamente. Para os homens da minha família, desde a
época do meu avô, era o termo reservado para suas verdadeiras
companheiras. A mulher que chamou a sua alma. Eu não tinha
absolutamente nenhum negócio de usá-lo com Sunday. Eu?
Sua raiva não diminuiu como deveria porque eu perdi meu
maldito foco e tirei minha mão dela. Antes que eu pudesse
consertar o que eu tinha quebrado, ela se lançou, um rosnado
selvagem saindo de seu peito. Eu liberei a magia mantendo
Kingston na forma de Callie para dar a ele uma chance de lutar
para subjugar Sunday.
Kingston, felizmente, pareceu perceber que algo havia
mudado porque ele abandonou todo fingimento, sua linguagem
corporal mudando enquanto se preparava para interceptá-la. Seus
olhos âmbar brilharam quando sua besta se fundiu com sua forma
humana.
—Sunday, ele rosnou, sua voz mais baixa e cheia de
autoridade —pare .
Ele usou o comando de um Alfa, percebi. Mas ele não era o
Alfa de Sunday. E ela não estava obedecendo.
—Não. Eu nunca vou parar de lutar com você. Tudo o que
você quer é me comandar, me controlar. — Sunday o imobilizou,

possuindo uma força que ela não deveria ter. Kingston foi o
próximo na fila para assumir a posição de Alfa principal de sua
matilha. Ele era mais poderoso que a maioria dos lobos, construído
para defender e proteger. Mas a mulher pequena e curvilínea
montou nele e o segurou. —Eu não posso parar.
Bem, isso não saiu como esperado.

Capítulo Vinte e Quatro
SUNDAY
Meu sangue ferveu em minhas veias, incontrolável e quase
doloroso. Minha pele parecia que um fio vivo a havia tocado, uma
corrente elétrica correndo por cada centímetro exposto. Tudo o que
eu sabia era que precisava dominar essa ameaça na minha frente.
Kingston estava aqui para tirar minha liberdade, assim como todos
na minha vida fizeram desde o momento em que nasci. Eu não
cederia a ele.
Um rosnado saiu de algum lugar no fundo do meu peito
enquanto eu agarrei seus ombros e o prendi no chão. A dor
lancinante queimou meus dedos onde eles cavaram em sua pele,
fazendo seus olhos se arregalarem.
—Sunday! — Alek gritou em pânico.
—Pare. Eu tenho o controle — disse Kingston. —Apenas vá.
Você já fez o suficiente.
A palma da mão de Alek pairou sobre meu ombro. Eu podia
sentir sua energia mesmo que ele não me tocasse, mesmo que não
estivesse na minha linha de visão. Deveria ter me enervado que eu

soubesse que ele estava ali sem vê-lo. Mas eu estava muito focada
no aspirante a Alfa ao meu alcance.
—Você ainda é um idiota arrogante, Kingston. Mesmo quando
eu te derroto.
Os olhos de Kingston se estreitaram, aquela mandíbula
poderosa apertando antes que ele fechasse os olhos e respirasse
fundo. Um braço coberto de tatuagem levantou, e eu fiquei tensa,
pronta para rasgá-lo em pedaços se ele tentasse alguma coisa, mas
ele segurou minha bochecha suavemente, me deixando
desconfortável. Então seus olhos se abriram, e aquele olhar
penetrante dele travou em mim, seu lobo falando com a minha. Eu
relaxei apenas uma fração, meus mamilos fazendo o oposto,
respondendo ao chamado da minha loba para tomá-lo como dela.
Sua grande palma deslizou pelo meu corpo, entre meus seios, até
que ele descansou na curva da minha cintura. Quando ele levantou
a outra mão e descansou as duas em meus quadris, não pude deixar
de respirar fundo.
—É isso — ele sussurrou encorajadoramente. —Concentre-se
no meu lobo. Você não quer nos machucar, Raio de Sol.

Ele estava certo. A névoa de raiva e a necessidade de lutar
começaram a escorrer de mim. Mas eu ainda não podia deixá-lo
ganhar.
Kingston deve ter lido na minha linguagem corporal. Um
estremecimento o percorreu, como se tivesse chegado a uma
decisão sobre a qual não tinha certeza. Então, ainda segurando meu
olhar, ele lentamente inclinou o queixo para cima, expondo sua
garganta para mim em submissão.
Meu coração acelerou, frenético e selvagem. Ele se submeteu.
Espere. Ele tinha se submetido? Puta merda.
—Só para você, Sunday. — Suas palavras eram ofegantes,
como se isso tivesse lhe custado tudo.
—O que diabos aconteceu? — Alek perguntou, sua voz baixa e
cautelosa. —Você acabou de deixá-la dominar você? Você é um
Alfa. Eu nunca vi isso acontecer.
Kingston olhou por cima do meu ombro para Alek, um
rosnado subindo pela garganta. —Você pode sair agora. Eu não
tenho que explicar nada para você.
Alek hesitou atrás de mim. Eu ainda podia sentir sua presença
se aproximando.
—Está tudo bem, — eu disse a ele. —Nós ficaremos bem.

O peso das mãos de Kingston em mim, a forma como seus
dedos cravaram em minha carne, combinados com a ereção óbvia
em seu jeans, me fizeram pensar se o que eu tinha acabado de dizer
era verdade. Estaríamos bem? Ou eu faria algo que me
arrependeria?
—Se você tem certeza. . .
—Ele não vai me machucar.
A emoção cintilou nos olhos de Kingston, ali e então se foi. —
Eu nunca machucaria você, Sunday. Você é minha companheira.
Tudo o que eu sempre quis fazer foi protegê-la.
Por que isso tocou tanto dentro de mim? Eu nunca tinha
deixado a ideia dele como meu companheiro tomar conta porque
isso não ia acontecer. Eu era uma mercadoria danificada, e uma vez
que ele percebesse, ele me mandaria embora. Substituída e
desonrada. Mas agora? Cada palavra que ele acabou de dizer soou
com absoluta verdade e honestidade.
Abri a boca para falar, mas nenhuma palavra escapou. Eu
estava muito envolvida em minha confusão.
Alek deve ter percebido que ele estava definitivamente se
intrometendo em algo mais do que a dinâmica do lobo, porque eu
ouvi seus passos enquanto ele se afastava. —Vou checar você mais

tarde — ele falou. Mas parecia mais um aviso para Kingston do que
uma promessa para mim.
—Finalmente sozinhos, — Kingston murmurou, rolando os
quadris um pouco.
Eu tinha vergonha de admitir o quanto minha loba queria
responder, deixá-lo me reivindicar como sua companheira.
—Por mais que eu goste da experiência de você em cima de
mim, talvez você possa fazer algo sobre essas garras? Eu já tenho
muitos piercings no corpo.
Olhando para baixo para onde meus dedos estavam cravados
em seu peito, eu engasguei com a visão de seu sangue escorrendo
através da fina camisa Henley cinza que ele usava. Como diabos eu
tinha feito isso?
Afastei minhas mãos, meu coração disparou quando, em vez
de dedos, vi garras longas e afiadas.
—Que porra é essa?
—Você sabe o que isso significa. Apenas Alfas podem mudar
parcialmente.
Não. Eu não era uma Alfa. Enquanto eu tinha nascido uma
beta, eu tinha sido tratada como pouco mais do que uma

reprodutora e forragem política uma vez que minha loba se recusou
a aparecer. —Mas eu não sabia que estava fazendo isso.
Ele se sentou, eu ainda montada em seu colo, um braço em
volta da minha cintura, me segurando perto.
—Não importa. Sua loba sabia o que estava fazendo. Ela está
tentando sair. Você precisa libertá-la. Ela quer que eu a ajude. . .
para torná-la minha.
Ele se inclinou e correu o nariz ao longo do lado do meu
pescoço, puxando um arrepio através de mim. Aqueles lábios
roçaram minha pele, seguidos pelo movimento de sua língua e uma
bola de metal distintamente redonda que tinha que ser um dos
piercings que ele mencionou.
—Você também quer, Sunday. Apenas ceda. Por que você está
lutando contra isso? Um grunhido baixo escapou dele na última
palavra. —Por que brincar com as emoções do vampiro? Você está
desperdiçando o tempo dele. Você pertence a mim. Você sempre
me pertenceu.
Ele estava nos balançando para frente e para trás, sua mão
agora atada no meu cabelo, dentes roçando meu ombro enquanto
ele moía seu pau duro contra minha virilha. Graças a Deus eu
estava vestindo calças, ou ele saberia o que estava fazendo comigo.

—Diga. Você é. Minha. — Aquele maldito rosnado de novo.
—Não me diga o que fazer.
Meu protesto foi fraco até para meus próprios ouvidos, minha
loba implorando pelo que ela queria.
—Apenas desista. Você sabe que eu vou fazer ser ótimo para
você. Eu cuidarei de você.
Ele beliscou meu pescoço, exatamente onde ele me daria uma
marca de acasalamento se eu deixasse. Quase cheguei no local.
Malditos feromônios. Eles estavam obscurecendo meu julgamento.
—Eu não preciso que você cuide de mim. Eu posso fazer isso
bem sozinha.
Ele lambeu seu caminho do meu pescoço até a minha orelha.
—Pense em quão melhor seria se eu estivesse enterrado dentro de
você. Dando a você meu nó.
Jesus, o que havia de errado comigo? Minhas coxas se
apertaram, e eu tive que cerrar os dentes para parar a onda de
necessidade que passou por mim. Primitivo. Era o que acontecia
entre nós. Diferente de tudo com Noah ou Alek. . . inferno, até
mesmo Caleb. Eu não poderia negar, mesmo que eu quisesse.
Mesmo que eu devesse.

Ele rasgou a camisa do corpo com uma mão, revelando
músculos grossos e tatuagens em espiral. Seu peito era uma obra de
arte, acentuado por piercings de barra em seus mamilos. Deus, ele
era quente, mas eu tinha alguma dúvida disso? Não. Não havia
como negar o quão sexy Kingston Farrell era.
Em seguida, sua grande mão escorregou para baixo e sob o cós
da minha calça de ioga, mergulhando entre as minhas pernas para
onde eu estava escorregadia de desejo. Eu não podia lutar contra
meu gemido ou a forma como meus quadris rolaram para frente,
meu clitóris implorando por atenção.
—Porra, Sunday. Eu sabia. Eu podia cheirar o quanto você
quer isso. Seus dedos deslizaram mais fundo, provocando minha
entrada. —Diga a palavra, e eu vou montar você aqui e agora.
Eu queria isso. Deus, eu queria tanto. Seria tão fácil ceder.
Deixar-me ser dele e finalmente sentir a conexão que todos diziam
estar lá quando um vínculo de companheiro era formado. Eu
choraminguei quando um dedo afundou dentro de mim.
—Porra, você é apertada. Guardando-se para mim? Deus, isso
é tão fodidamente sexy. — Ele se aninhou mais fundo no meu
pescoço, o calor de sua respiração grudando na minha pele.

Quando ele falou novamente, sua voz era um grunhido profundo
que senti direto no meu âmago. —Boa menina.
Sua boca pressionou meu ombro, seguido pela pressão dos
dentes enquanto ele mordia com cuidado. Pânico passou por mim.
Se eu deixasse ele fazer isso, criar laços comigo, me marcar lá, seria
algo do qual eu não poderia voltar. Eu seria dele.
Com todas as minhas forças, eu o empurrei. Caí de bunda no
chão e devo tê-lo pego de surpresa porque ele me olhou em choque.
—Não. Você não pode me marcar.
Seus olhos brilharam com frustração quando me levantei. —
Droga, Sunday. Por que diabos não? Nascemos um para o outro.
Este é o nosso destino.
—Eu fui feita para que ser mais que sua cadela reprodutora, e
isso é tudo para que uma companheira é boa na minha matilha. —
—Quem diabos disse que é isso que eu espero? Não precisa ser
assim.
Apoiei uma mão no meu quadril. —Oh sério? Dando-lhe o
meu nó. — Eu fiz uma impressão dele que trouxe um flash de
diversão para seus olhos. —Você quer me fazer procriar como
qualquer Alfa quer procriar com sua companheira. É quem você é.

Ele empurrou para seus pés. —Claro que eu quero. Essa é a
nossa natureza. Não significa que eu espero que você fique em casa
descalça e grávida. Podemos nos divertir praticando antes de
começar a reproduzir. Imagine-me cuidando de você durante o seu
cio.
Minha loba disse que sim, mas meu coração disse corra. —
Não. Eu não estou aqui para deixar você me reivindicar. Ou me
ajude com minha loba ou me deixe em paz. Não mais de. . . isto.
—Talvez isso …ele gesticulou entre nós … —seja exatamente o
que você precisa. Talvez sua recusa teimosa em ceder seja a única
coisa que está no seu caminho. Já pensou nisso, Raio de Sol?
Eu tive que cerrar os dentes contra a resposta amarga que eu
queria lançar em seu caminho. Em vez disso, eu balancei minha
cabeça. —Pode ser. Mas não é sua chamada a fazer. Eu decido. E
agora, preciso de mais tempo antes de estar pronta para dar esse
passo. Você não vai me dar isso, então terminamos aqui.
Eu não dei a ele a chance de responder. Afastei-me sem olhar
para trás, mas minha loba estava com raiva, rosnando para mim
durante todo o caminho até o dormitório.

Capítulo Vinte e Cinco
SUNDAY
Ele então ficou todo ríspido e possessivo sobre isso, tentando
me marcar. E sendo tudo 'Você sabe que me quer, Sunday.'
Moira olhou para mim através do espelho enquanto terminava
de aplicar seu enorme delineador de asa de morcego. De alguma
forma, aquela mulher fez parecer incrível, mas eu sabia que se
tentasse, pareceria que a Harlequina foi deixada de fora na chuva.
—Espere um minuto, você está dizendo que ele tentou forçar
uma marca de companheiro em você? — Seus olhos brilharam com
faíscas violetas de poder. —Eu vou matá-lo.
Sua ameaça de violência em meu nome me fez sentir
estranhamente mole por dentro. Embora, neste caso, sua raiva não
fosse justificada. —Calma, garota. Eu não disse que ele me forçou.
Ele apenas forçou a questão. Ele parou quando eu disse para ele.
Ela se virou no banco na frente da penteadeira e me avaliou.
Seu cabelo caia em longas ondas platinadas até a cintura hoje. Isso a
fazia parecer uma fada.

—Ooook, eu acho que realmente não entendo o problema
então. Ele estava te ajudando. Ele parou quando você pediu. Você
disse que ele até trouxe mais da sua loba. Por que você está brava?
—Porque eu... — Eu parei. Por que eu estava tão chateada? —
Porque ele... — Um grunhido de frustração escapou. —Porque eu
não quero me sentir assim por ele. — E já estou me sentindo assim
por outra pessoa. Vários alguéns.
—Você acha que ele não é seu companheiro? Que eles estavam
errados quando você foi combinada?
Eu queria dizer sim. Isso certamente facilitaria as coisas. Mas a
verdade era que havia muito claramente algo entre nós. Houve até
na noite em que fomos reunidos por nossas matilhas.
—Não. É apenas. Depois que eu o rejeitei, Kingston se esforçou
para tornar minha vida um inferno. Não estávamos na mesma
matilha, mas isso não importava. Nossa comunidade se uniu a ele, e
ele não fez nada para diminuir a reação deles. Depois daquela noite,
fui completamente hostilizada e nunca mais consegui pisar na terra
da matilha novamente. Até agora. É difícil deixar tudo isso de lado
por causa de algum vínculo cósmico.
Moira enrolou uma mecha de cabelo ao redor de seu dedo,
então a soltou, repetidamente enquanto deixava minhas palavras

afundarem. —Lembre-me por que você o rejeitou? Sempre ouvi
dizer que era quase impossível para os companheiros evitar a
atração.
Memórias daquele dia rodaram pela minha mente, me
enchendo de culpa e vergonha mais uma vez. —Porque para aceitar
o vínculo, você tem que mudar. E eu não podia. Rejeitá-lo era a
única maneira de proteger o legado da minha família. Não que isso
importasse no final. A notícia se espalhou de qualquer maneira,
mas era a única coisa que eu podia fazer para tentar evitar que isso
acontecesse.
—Eu entendo. E o que acontece quando sua loba finalmente
aparecer? Você vai rejeitá-lo novamente?
Não, minha loba protestou com veemência. Ela queria nosso
companheiro. Se ela fosse a única a escolher, não era uma escolha.
—Eu nunca pensei sobre isso, para ser honesta. Quer dizer, eu
não esperava que ele me quisesse depois disso, então o que
importava?
Ela deu de ombros e ficou de pé, suas camadas e mais camadas
de pulseiras enchendo o ar com um tilintar metálico. —Suponho
que se eu soubesse que alguém era meu companheiro, mesmo que
eu os rejeitasse uma vez. . . ou no seu caso, 110 bilhões de vezes, eu

gostaria de estar em boas relações com eles. Porque parece que ele
nunca vai deixar de ser seu.
Abri a boca para argumentar e logo a fechei novamente. Eu
odiava admitir, mas a bruxa tinha razão. —Há tanto sangue ruim
entre nós agora. Podemos realmente fingir que tudo isso nunca
aconteceu?
—Não. Eu nunca disse que você deveria fingir que não
aconteceu. Essa parte da sua história está escrita. Mas o resto ainda
está em branco, e você é responsável por onde ela vai. — Ela piscou.
—Até certo ponto. Há algumas coisas sobre as quais o destino
influenciou. Ele está agindo como um animal ferido. Atacando,
protegendo-se de uma ameaça. Eu não deixaria o que aconteceu
quando ele se machucou impedi-la de dar a ele uma chance de
provar que é digno de você agora. Vocês eram adolescentes então.
Muita coisa pode acontecer para mudar alguém ao longo dos anos.
Eu nunca tinha parado para considerar o motivo de Kingston
ter dito coisas tão horríveis. Presumi, talvez ingenuamente, que
fosse orgulho ferido. Mas era possível que ele estivesse ferido? Algo
mudou em mim com a possibilidade. Eu era a garota mau aqui?
Todo esse tempo, eu pintei Kingston como o vilão, mas talvez fosse
eu.

Porra. E então eu tive que esfregar sal na ferida uma e outra
vez quando tudo o que ele estava fazendo era ouvir os instintos de
seu lobo tentando consertar as coisas com sua companheira.
A culpa começou a me comer. Eu mordi meu lábio inferior,
lançando a Moira um olhar de soslaio. —Eu acho que eu, uh, posso
ter exagerado. Pode ser. Só um pouco.
—Eu estaria inclinada a concordar.
Ai. Ela não poderia adoçar isso, mesmo apenas para poupar
meus sentimentos? Então um pensamento ainda pior tomou conta.
Porcaria.
—Eu vou ter que me desculpar com ele, não é?
—Desculpe, mas sim.
Ela murmurou um suave encantamento baixinho, e uma
pequena cozinha apareceu no canto do nosso quarto. Eu juro que
ela fez o espaço maior de alguma forma. A bancada estava cheia de
recipientes de açúcar, farinha, cacau, manteiga e qualquer outra
coisa que alguém pudesse precisar para assar.
—Hum, eu acabei de entrar em um episódio de Bake Off? O
que está acontecendo?

—Oh, silêncio, doçura. O caminho para o coração de um
homem é através de seu estômago. Especialmente um lobo. Faça-o
lamber a cobertura de seus cupcakes, e ele virá.
—E por cupcakes, você está falando figurativamente, ou . . .
Moira piscou. –Talvez se você tiver sorte, ele vai lamber os
dois. Agora traga essa bunda gostosa aqui e comece a medir.
DUAS HORAS DEPOIS, caminhei pelo corredor do segundo
andar, onde eu sabia que era o quarto dele. Minhas palmas estavam
suadas enquanto eu segurava o prato cheio de cupcakes de
chocolate, completo com um centro de cereja. Ele pode rir na minha
cara ou jogar os cupcakes no lixo, mas pelo menos eu tentei.
Quando cheguei à porta do seu dormitório, me forcei a respirar
fundo e reforçar minha confiança. Eu era uma cadela forte, capaz e
fodona. Eu poderia fazer isso.
A porta se abriu antes que eu pudesse bater pela terceira vez,
revelando um shifter com o qual eu tinha visto Kingston antes. Eu
acreditava que seu nome era Derek. Ele me deu um sorriso

preguiçoso, seus dentes brancos brilhantes e perfeitamente retos.
Aposto que o pai dele era dentista ou algo assim.
—Olá, princesa. O que no mundo traz você aqui? — Ele deu
uma longa cheirada no ar ao meu redor.
—Hmmm, você cheira deliciosa. — Seus olhos escuros
brilharam com malícia.
Já que a última coisa que eu precisava era outro macho ansioso
farejando minhas partes femininas, eu olhei ao redor dele, tentando
espiar por cima de seus ombros largos. —Kingston está aqui? Eu
assei isso para ele.
Ele se inclinou contra o batente da porta, cruzando os braços
insanamente grandes sobre o peito. As tatuagens escuras girando
em torno de seus bíceps e ombro quase se misturavam com sua pele
morena quente. —Ele não está aqui. Ele foi para a clareira para
treinar um pouco... aliviar a tensão. Talvez você devesse entrar, e
podemos fingir que você as preparou para mim. Eu sou muito mais
divertido.
Mesmo que ele pudesse dar a Michael Jordan uma corrida pelo
seu dinheiro no departamento de aparência, não havia sequer um
lampejo de faísca. O que foi um pouco de alívio. Eu tinha minhas
mãos ocupadas o suficiente tentando fazer malabarismos com os

homens que eu já tinha na minha vida. Não precisei adicionar mais
ninguém à lista.
—Isso provavelmente é verdade, mas não estou interessada. —
Dei-lhe um sorriso doce, mas firme. —Você pode apenas ter certeza
de que ele receberá isso?
—Pode deixar, boneca.
Eu ofereci a ele um olhar aguçado. —Não os coma.
Ele me deu um olhar desconfiado. —Por que? O que você fez
com eles? Envenená-los ou algo assim?
—Oportunidade perdida. Se eu estivesse tentando se vingar
dele por alguma coisa, não pense nem por um segundo que eu
hesitaria em fazer Moira enfeitiçá-los com um feitiço de queda de
cabelo.
Ele passou a mão sobre sua cabeça lisa. —Acho que estou
seguro então. Pode valer a pena o risco.
—Pelo menos espere até Kingston conseguir um. Ele deve ter a
primeira mordida. Afinal, eles são cereja. Seu favorito.
—O que ele fez para ganhar a sua cereja? — Ele perguntou
com uma piscadela.
—Ele não ganhou ainda.

Derek soltou um assobio baixo. —Droga, garota. Não é tarde
demais para mudar de ideia e entrar. Eu poderia te ajudar com isso.
Eu gosto das minhas meninas mal-humoradas.
—Obrigado. — Eu lhe entreguei os cupcakes e me virei,
precisando chegar a Kingston para que eu pudesse me desculpar
antes que seu colega de quarto comesse todos os doces que eu tinha
feito.
—Bem, você sabe onde me encontrar — ele gritou atrás de
mim.
Eu levantei minha mão em um aceno evasivo, indo direto para
a clareira. Eu queria que isso acabasse. Pedir desculpas a Kingston
seria tão agradável quanto engolir uma caixa de facas. Pensando
bem, as facas podem doer menos.
Quando cheguei ao caminho que me levaria à clareira que
usamos para nosso treinamento na noite anterior, senti seu cheiro, o
ar pontuado pelos grunhidos pesados de Kingston.
Bingo.
—Pegue isso, Luz do Sol. Pegue e ame. — Sua voz estava
tensa, e foi então que percebi que os grunhidos não eram ele
malhando. De jeito nenhum. A excitação me percorreu com o

pensamento dele cuidando de suas necessidades aqui, pensando
em mim.
Como devo lidar com isso? Devo deixá-lo sozinho até que ele. .
. acabe? Eu ofereço uma mão amiga? Minhas bochechas queimaram
com o pensamento. Eu sabia o que ele estava empacotando. Eu
poderia precisar de ambas as mãos.
Mas quando entrei na clareira, um buraco frio se formou no
meu estômago. Ele estava trabalhando sua tensão, tudo bem. Bolas
no fundo de alguma garota shifter que ele curvou sobre um tronco
caído, seus dedos emaranhados em seu cabelo, a outra mão
segurando sua cintura.
Um suspiro suave escapou dos meus lábios, e os olhos de
Kingston estalaram para os meus. Antes que eu pudesse decidir o
que pensar ou sentir sobre a visão dele batendo nela, seu rosto se
contorceu em pânico e prazer, e ele gozou com um rosnado alto.
—Sunday…
A garota abaixo dele suspirou. —Meu nome é Heather.
Eu me sinto enjoada. Esse idiota não era diferente. Ele ainda
era tão idiota como sempre. —Foda-se, Kingston.
Ele saiu de Heather, dando um passo como se fosse vir atrás
de mim. Seu pau grosso e brilhante e. . .

Jesus, quantas dessas coisas estavam lá? Espere, não. Foco,
Sunday. Este não é o momento.
—Espere, Sunday. Isso não é o que... ok, é, mas…
Forcei meu olhar de volta para seu rosto, a fúria substituindo
todas as outras emoções. —E pensar que eu estava aqui para me
desculpar. Seu filho da puta. Você mal podia esperar para enfiar
seu pau em alguém, em qualquer uma. Não importava se fosse eu
ou Hailey.
—Heather, — a garota disse novamente.
—Cala a boca — eu rosnei. —Saia daqui, Heidi.
Harley se levantou, endireitando sua saia e se esgueirando
sem outra palavra. Mais inteligente do que eu pensava. Kingston
caminhou em minha direção, com o pau balançando, ainda duro,
ainda enorme. A coisa era uma arma de destruição em massa,
projetando-se de seus quadris. Ele precisava guardá-lo antes de
machucar alguém.
—Você é a única que me rejeitou. O que diabos você tem de
ficar chateada comigo? Você não pode ter as duas coisas, Sunday.
Ou eu sou seu, ou não sou. Decida-se.

—Você não estava tentando completar nosso vínculo ontem?
Como você vai disso para atacar uma garota aleatória menos de
vinte e quatro horas depois?
—Você. Me. Deixei. — Ele se aproximava a cada palavra
gritada. —Como eu escolho afogar minhas mágoas não é da sua
conta. Se eu quiser dobrar Hannah sobre uma árvore e pensar em
você enquanto eu a fodo, eu vou.
—Descarado! — Eu automaticamente corrigi, meu estômago
revirando com suas palavras. Mas eu estava com muita raiva para
me concentrar em qualquer outra emoção. Ele era o errado aqui,
não eu. —Nem tente fazer disso minha culpa. Foi o seu pau dentro
dela.
—Poderia estar dentro de você, mas você não quer. Lembra?
Minha loba se reuniu dentro de mim, tão zangada quanto eu
que seu companheiro a traiu. Dedos se transformando em garras,
eu me forcei a controlar a necessidade de atacar. —Você sabe o que?
Espero que você engasgue com seus cupcakes.
Ele piscou, confusão colorindo sua expressão. —O que?
Mas eu já tinha ido embora, correndo antes que ele pudesse
ver as lágrimas ameaçando cair dos meus olhos. Eu odiava isso.
Odiava que ele me fizesse sentir assim. Eu só queria voltar a odiá-

lo, mas não podia. Por isso doeu tanto. Ele me fez achar que se
importava comigo. Ele me disse que cuidaria de mim. Me
protegeria. E então ele se virou e me rejeitou de volta.
Então, qual de nós era o vilão agora?

Capítulo Vinte e Seis
THORNE
MINHA pele se arrepiou com desconforto. Tudo parecia
estranho, como uma música um pouco desafinada, meu mundo
perturbado pela falta de . . . algo. Não. Não é algo.
Alguém.
Meu retorno a Ravenscroft foi recebido com pouco alarde. Não
que eu esperasse algum. Depois de deixar minha bagagem no meu
quarto, imediatamente parti em busca da pessoa que eu queria ver
mais do que tudo. MINHA SUNDAY.
Esta hora da noite, havia apenas um lugar onde ela estaria,
então eu segui seu cheiro profundamente na parte da floresta que
ela preferia usar para suas corridas da meia-noite. O tempo longe
havia entorpecido minha conexão com ela, levantando uma barreira
entre meus pensamentos e os dela. Necessário, mas isso não
significava que eu tinha que gostar.
Quando eu a encontrei, ela estava banhada pelo luar, o vento
soprando mechas de seu cabelo para fora do coque que ela havia
empilhado em cima de sua cabeça. Mesmo com um vínculo

diminuído, eu podia sentir o peso de seus pensamentos e sentir sua
tristeza no ar. Eu queria lamber uma linha em sua nuca antes de
arrastar meus dentes em seu lóbulo da orelha e sussurrar minha
devoção a ela. Para dizer a ela exatamente o que eu tinha feito por
ela.
Ao me aproximar da clareira, de propósito permiti que meus
braços roçassem alguns galhos para que ela percebesse minha
aproximação.
—É você, Caleb?
Minha antecipação azedou, se transformando em ciúme. O
padre? Exatamente o que minha pombinha tem feito enquanto eu
estive fora queimando pontes e garantindo que a questão do nosso
futuro fosse resolvida?
—Eu temo ser a coisa mais distante de um homem de Deus
que você pode encontrar — eu disse, saindo para o luar suave.
—Noah. — A euforia em seus olhos não durou o suficiente
para eu apreciar. Aqueles orbes azuis oceânicos se estreitaram,
piscando com raiva. —Onde diabos você esteve na semana
passada?

O veneno em seu tom me surpreendeu. Então minha loba
encontrou suas garras. —Eu tinha alguns negócios importantes
para cuidar. Inevitável, receio.
—E você não sabe como pegar um telefone? Ou usar uma
caneta? Ou um computador? Ou malditos sinais de fumaça? Talvez
até um morcego transportador. . . Acho que é mais o seu estilo do
que um pombo.
Eu sorri para seu ciúmes indisfarçável. —Sua língua é afiada
quando você está com raiva. — Atravessando a clareira, fechei a
distância entre nós, cedendo à coceira sob minha pele, a
necessidade de tocá-la. —Eu sinto muito. Eu nunca tive a intenção
de chatear você. Eu tive que sair inesperadamente, e contar a
qualquer um para onde eu estava indo estava fora de questão.
—Hmm... e está tudo bem agora? — Sua linguagem corporal e
tom mudaram, suavizando como se meu pedido de desculpas
tivesse tirado um pouco do vento de suas velas. Ela obviamente
estava preparada para uma briga e não esperava por isso.
Mesmo que ela não estivesse mais na ofensiva, ainda havia
alguma raiva residual nas rugas de suas sobrancelhas e linhas entre
seus lábios carnudos. Era óbvio que meu desaparecimento a
machucou, deixando uma marca que exigiria mais do que palavras

para acalmá-la. A percepção me fortaleceu porque significava que
ela se importava, me deixando ainda mais confiante de que eu
poderia reparar qualquer dano que eu tivesse causado
inadvertidamente. Especialmente depois que ela soube a razão pela
qual eu estive fora.
—Será. Mas eu tenho que fazer algo primeiro.
—O que?
Trancando o olhar com ela, eu segurei a parte de trás de sua
cabeça e a puxei para mim antes de juntar nossos lábios. O contato
incendiou meu corpo com a necessidade e a poderosa sensação de
que eu estava em casa. Exatamente onde eu pertencia.
Suas palmas descansaram no meu peito enquanto ela gemia
em minha boca, abrindo para mim, deixando minha língua dançar
com a dela. Eu a beijei como um homem beijaria o amor de sua vida
antes de partir para a guerra, como se ela fosse a única coisa que me
mantinha vivo. Porque depois do que fiz enquanto estive fora, nada
mais seria o mesmo. A vida como eu conhecia acabou, mas a vida
com a Sunday estava apenas começando.
—Noah, — ela sussurrou, se afastando. —O que está
acontecendo? Você é tão intenso.

Eu ri, me sentindo praticamente eufórico agora que ela estava
em meus braços mais uma vez. —Vem com o território. Os
vampiros não são conhecidos por suas personalidades calorosas e
aconchegantes.
Ela empurrou meu peito, mas eu não me mexi. Eu não tinha
intenção de deixá-la ir tão cedo. —Você sabe o que eu quero dizer.
Você está ainda mais intenso do que o normal. O que deixou você
todo irritado?
Seus dedos percorreram meu braço, a mão descansando sobre
a marca de traidor algemando meu bíceps. A queimadura era
profunda e abrasadora quando a prata embutida na minha pele
mudou. Um dia, não seria nada mais do que um aborrecimento,
mas a partir de agora, parecia como um ferro em brasa cavando
meu músculo. Eu assobiei involuntariamente e me afastei.
—O que é que foi isso? — Seus olhos se arregalaram,
preocupação brilhando em seu olhar. —Você está machucado?
A única maneira que eu poderia explicar era mostrar a ela.
Com dedos ágeis, desabotoei minha camisa, deliberadamente
mantendo meus movimentos lentos porque nunca estive tão
nervoso. Tão certo quanto eu estava em minhas ações, eu não tinha
como saber como ela reagiria à notícia.

Meu strip-tease improvisado também teve o efeito colateral
não intencional de distrair Sunday. Seus olhos foram atraídos do
meu rosto para o meu peito enquanto minha camisa se desfazia.
Calor faiscou em sua expressão. A fome também. Meu corpo
respondeu na mesma moeda. Não havia universo em que eu não a
desejasse, especialmente quando ela me olhava assim.
—Bem aqui? Agora? —Então, em vez de apresentar o protesto
que eu esperava seguir, ela perguntou: —E se formos pegos? — A
excitação em sua voz me fez guardar aquela pequena demonstração
de torção para uso posterior. Ela queria ser observada. Eu poderia
fazer isso acontecer para ela. Mas agora não era hora para sexo.
—Não, pombinha. Estou mostrando por que eu fui embora.
A luxúria que aqueceu seu olhar fugiu quando a curiosidade
retornou. —Ficando nu?
Minha camisa caiu no chão, e antes que eu pudesse direcionar
seu olhar para minha marca, ela engasgou.
—Uma tatuagem?
Eu balancei minha cabeça. —Uma marca.
Ela se aproximou, sua mão pairando logo acima da marca
queimada em minha pele. Levou dias para meu tio Lucas gravar a

prata em minha carne. E duas vezes mais para curar o suficiente
para eu usar qualquer coisa por cima.
—Isso dói? — Ela perguntou, olhando da pele vermelha com
raiva e de volta para o meu rosto.
—Sim. Mas é suportável. É a marca de um traidor.
—O que? Por que você teria isso?
—Porque, minha lobinha — eu disse, levantando minha mão
para segurar sua bochecha. —Eu escolhi você.
Suas sobrancelhas se juntaram. —Não entendo.
—Você é minha companheira. Eu sinto isso nos meus ossos.
Depois do que aconteceu no outro dia, quando as barreiras entre
nossas mentes caíram, eu soube disso além de qualquer dúvida. E
no meu mundo, ainda é um crime para a realeza acasalar fora de
nossa própria espécie. Meu pai assassinou meu avô para salvar a
humana que amava, para tomá-la como sua companheira. Sua
marca de traidor é ainda maior que a minha porque o Conselho
considera seu crime mais notório. Mas prefiro ser um traidor do
que desistir de você.
—Mas seu pai é rei. Como isso aconteceu?
Respirei fundo, não querendo reviver o passado. —Foi há
muito tempo antes de eu nascer e uma história para outra noite.

Mas o resultado final é que não vou viver uma vida sem minha
companheira porque o Conselho acha que eles podem ditar minha
vida. Eu me recuso a negar a mim mesmo a única coisa que eu
realmente quis.
Ela mordeu o lábio, parecendo esperançosa e cautelosa. —Ok...
mas ainda não entendo como posso ser a companheira sua e de
Kingston. Como isso é possível?
—Sunday — eu disse com um suspiro, —o que você não
percebe é que não importa. Eu escolhi você. Isso é tudo para mim.
Você pode ter outros companheiros, mas eu sou seu. Aonde quer
que você vá daqui, eu a seguirei. Não vou fugir disso.
Ela sorriu fracamente. —EU . . . Eu não sei o que dizer.
—Diga que posso ser seu.
—EU . . .
Inclinei-me, meus lábios quase tocando os dela. —É verdade,
quer você diga ou não. . . se for mais fácil para você ceder.
—Noah, — ela respirou, fechando a distância entre nossos
lábios e reivindicando os meus em um beijo arrepiante. Ela recuou
apenas uma fração, seus olhos olhando nos meus. —Você é meu.
Sua palma deslizou pelo meu torso até encontrar meu cinto.
Minha respiração ficou presa quando ela deslizou os dedos sobre o

volume óbvio na minha virilha. Eu estava doendo por ela. Eu
sempre estava, mas agora que ela me reivindicou, eu estava
desesperado.
—Então isso significa que precisamos oficializar as coisas na
sua cama? — Ela perguntou.
—Tenho uma ideia melhor.

Capítulo Vinte e Sete
SUNDAY
Os dedos de Noah se apertaram nos meus enquanto nos
aproximávamos das portas da Iniquidade, o baixo ecoando pelas
paredes. Estava chegando a hora das bruxas, o horário nobre para
as criaturas da noite saírem e brincarem. — Iniquidade? Sério?
Achei que íamos precisar de algo mais. . . privado.
—Isso é o mais privado possível. Confie em mim. — Sua voz
suave com aquele sotaque elegante roçou em mim como veludo, e
eu me inclinei contra ele em resposta. —Você só viu o nível da
superfície deste lugar. É um mundo totalmente novo lá embaixo.
—Se você me trouxe para algum tipo de masmorra sexual para
nossa primeira vez juntos, eu poderia gostar muito, e então o que
você vai fazer? E se esta for a única coisa que terá que fazer por
mim?
—Eu lhe darei o que você precisar, pombinha. Onde você
precisar.
O calor se desenrolou dentro de mim, as palavras e sua voz
sombria tecendo o mesmo feitiço sedutor de seus lábios ou mãos

em meu corpo. Eu queria tudo o que ele prometeu e muito mais.
Agora mesmo.
—Você confia em mim?
—Me disseram para nunca confiar em um vampiro.
—Eu não estou pedindo para você confiar em nenhum
vampiro. Estou perguntando se você confia em mim.
Respirando fundo, olhei para os olhos âmbar derretidos e
soube que ele estava dizendo a verdade. Eu confiava nele. —Lidere
o caminho.
Ele me pegou pela mão, levando-a à boca e dando um beijo
entre meus dedos. Antes de se afastar, sua língua acariciou a carne
macia onde meus dedos indicador e médio se encontravam. A ação,
embora perfeitamente inócua, não deixou absolutamente nenhuma
dúvida sobre suas intenções. A carícia disparou direto entre minhas
pernas, e eu engasguei enquanto meu clitóris pulsava com
necessidade. Eu estava em chamas por este homem, e ele mal me
tocou. O que aconteceria quando ele estivesse dentro de mim?
Atravessamos as portas, o ar no clube era pesado com a
energia dos muitos ocupantes poderosos. Bruxas, shifters, até
mesmo alguns fae. Todos eles usavam sua magia livremente aqui.

Era um espaço seguro, exceto por aquela vez em que um caçador
tentou me matar.
—Vamos dançar? — Eu perguntei.
—Não na pista de dança. Eu planejei um tipo diferente de
dança hoje à noite.
Eu tremia de desejo, já tão excitada que minhas coxas estavam
escorregadias, e eu estava me arrependendo de ter colocado um
vestido antes de sairmos da escola.
Tínhamos navegado apenas pela metade da pista de dança
quando fomos interceptados por uma sósia de Bettie Page.
Complete com um vestido de espartilho de couro sexy, meias
arrastão e um chicote.
—Ora, Sr. Blackthorne, que surpresa. — Ela virou seus olhos
azuis na minha direção, suas narinas levemente dilatadas antes de
um largo sorriso esticado nos lábios escarlates. —Ah, Sra. Fallon.
Ouvi tanto sobre você.
—Você ouviu? — Eu perguntei, piscando para afastar uma
onda inesperada de luxúria enquanto seus olhos varriam meu
corpo.
—Sunday, está é Lilith, a dona da Iniquidade.

A neblina de luxúria louca e intensificada não havia se
dissipado, cada palavra de Noah fez minhas coxas apertarem. Ele
deve ter sentido a mudança no meu corpo porque seus olhos
escureceram, e ele soltou um rosnado baixo.
Lilith riu. —Parece que vocês dois estão precisando de um
quarto. Algum pedido especial?
—Quarto? Ou . . . uma sala de sexo?
Ela tinha que ser um demônio. O cheiro de enxofre fez cócegas
no meu nariz enquanto ela olhava para mim, seus olhos brilhando
com diversão. —Ah, querida. Você não tem ideia, não é? Eu criei a
Iniquidade para que os sobrenaturais pudessem ser livres para
explorar seus desejos mais profundos em um espaço seguro e
completamente livre de julgamentos. Aqui, o pecado não é apenas
permitido, é encorajado. — Ela piscou, enviando um raio de luxúria
através de mim. —Se você me permitir...
Ela estendeu os dedos com pontas pretas e passou as mãos
pelos meus ombros e pelos meus braços, enviando formigamento
pela minha pele até que ela finalmente entrelaçou nossos dedos.
—Deixe-me dar-lhe o que você precisa. Afinal, sua primeira
vez deve ser especial.

Meu coração disparou quando o demônio se inclinou e
pressionou seus lábios nos meus, inalando profundamente. Foi
apenas o mais leve toque, e ainda assim a sensação rolou através de
mim, começando na minha boca e correndo pelas minhas veias em
uma corrida quente e reconfortante. Quando ela recuou, eu balancei
em meus pés, um estado de euforia me envolvendo. Isso me
lembrou do relaxamento profundo que senti depois de uma
massagem.
—Ah, o quarto cinza, eu acho. Ele atenderá a todos os desejos
que vocês dois compartilham, e alguns que você ainda não
percebeu que existem.
—Tenho certeza que será perfeito — disse Noah, com um
sorriso secreto brincando em sua boca. —Obrigada, Lilith.
Lilith nem sequer olhou em sua direção, seus olhos
permanecendo fixos nos meus. —O prazer será inteiramente seu,
Sunday.
Ela desapareceu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa em
resposta, seu corpo se dissolvendo em uma névoa vermelha
profunda. Virei-me para Noah, boquiaberta. —Que raio foi aquilo?
Ele sorriu sombriamente. —Essa é a Lilith. Lendária súcubo e
proprietária deste belo estabelecimento.

—Uma súcubo? Essas são criaturas incrivelmente raras. Ela é
brilhante, se escondendo aqui à vista de todos.
—Ela não está escondida. Lilith ganhou Iniquidade de Lúcifer
em uma aposta. Mas essa é uma história dela para contar.
—Súcubos não se alimentam de energia sexual?
— Se alimentam, induzem, criam. . . no entanto, eles se
contentam com qualquer emoção extrema quando estiverem com
fome. O sexo é sua linguagem de amor preferida, por assim dizer.
— Ele se inclinou e acariciou meu pescoço. —É por isso que não há
custo monetário para utilizar os quartos aqui. Uma noite passada
na Iniquidade pode lhe dar energia suficiente para sobreviver um
mês inteiro. É um preço pequeno a pagar.
—Mulher esperta, montando seus negócios dessa maneira.
—Sem argumentos aqui. Mas o suficiente sobre ela. Vamos
nos concentrar em você e em mim.
Ele passou a língua pelo meu pescoço antes de beliscar a carne
macia logo abaixo da minha mandíbula. Minha pele se arrepiou
quando uma nova excitação que não tinha nada a ver com Lilith me
atingiu. —Sim.
—Venha, pombinha, temos um quarto esperando por nós.

Noah me guiou por um corredor escuro, descendo uma escada
até um sub nível inteiro que eu não sabia que existia. Enquanto eu
esperava que um porão fosse mofado e úmido, o que encontrei foi
algo completamente diferente. Paredes acolchoadas em painéis
cobertos de couro amorteciam o som, tornando o espaço
incrivelmente íntimo. Luzes vermelhas iluminavam a área, criando
uma atmosfera acolhedora e convidativa, e sofás de veludo
aninhados nos cantos estavam cobertos com travesseiros
exuberantes e cobertores macios. Os casais que circulavam
pareciam inteiramente focados um no outro, nenhum deles
prestando atenção em nós. Mas era a música suave e sensual que
enchia o ar que dava a este lugar o ambiente que fazia jus ao nome
de Iniquity.
Este era um lugar onde as pessoas faziam coisas obscuras e
sujas sem serem julgadas. Um lugar onde você poderia ceder às
suas fantasias e viver cada cena que você pudesse sonhar. Um lugar
onde você pode ser totalmente você mesmo. Eu já estava mais do
que um pouco apaixonada.
Noah e eu caminhamos juntos, dedos entrelaçados, por um
corredor cheio de portas, todas idênticas e faltando um detalhe
importante.

—Noah, não há maçanetas nas portas. Como vamos entrar?
—Não se preocupe. Nós saberemos qual quarto é para nós.
Apenas continue.
Eu balancei a cabeça, meu coração batendo enquanto
continuávamos avançando. Até que uma porta à minha direita se
abriu, revelando uma sala vazia. —Bingo — eu sussurrei.
Noah me conduziu para dentro, a porta deslizando e fechando
atrás de nós. Uma vez que se fechou, o interior cintilou. Era como
sair de um hotel luxuoso e entrar direto em um castelo do conto de
fadas mais amado. Uma cama grande, três vezes maior que o
normal, ocupava o centro do quarto com um dossel de cortinas
transparentes. Velas cobriam todas as superfícies, piscando
alegremente enquanto ofereciam uma iluminação sutil. Uma lareira
rugiu para a vida enquanto nos aprofundávamos no quarto, as
chamas lançando sombras dançantes no resto do espaço.
Algo suave esvoaçou do teto e pousou no meu braço. Eu fiz
uma careta, olhando para... uma pétala? Eu arranquei a pétala de
rosa vermelha macia aveludada do meu braço e inclinei meu rosto
para cima. Uma chuva suave de pétalas vermelhas caiu do céu,
lentamente cobrindo o chão e perfumando o ar com o cheiro da
rosa.

A única coisa que parecia fora de lugar no cenário romântico
que Lilith nos proporcionava era a janela fosca cortada em uma das
quatro paredes.
—Para que você acha que é isso?
Noah olhou para mim, seus lábios se curvando em um sorriso
sexy e secreto. —Parece que um de nós tem uma queda por
exibição.
O pensamento de ser observada, de alguém testemunhando
esses momentos mais íntimos e privados, enviou uma emoção
arremessada através de mim. Acho que não foi uma grande
surpresa a qual de nós ele estava se referindo. —Acho que sou eu.
—Ou nós dois.
—Alguém está nos observando agora? — Minha boca ficou
seca com a possibilidade.
Noah olhou para a nossa esquerda. —Parece que não há
ninguém lá agora. Mas isso pode mudar a qualquer momento.
Engolindo o nó na minha garganta, reuni toda a minha
coragem e soltei sua mão antes de chegar atrás de mim e abrir o
zíper do meu vestido, grata pela parte baixa das costas e fácil
acesso. Noah respirou fundo e colocou meu cabelo sobre meu
ombro para que ele pudesse me ajudar a tirar minhas roupas.

—Perfeito e suave — ele murmurou atrás de mim enquanto
deslizava uma alça do meu vestido do meu ombro.
Estremeci com pura necessidade quando seus lábios roçaram o
espaço entre meus ombros.
—Feita para mim. — Sua voz era um sussurro, mas parecia
alto no silêncio da sala.
Naquele momento, com nada além do calor das chamas e o
calor de suas mãos descansando em mim, eu sabia que era
absolutamente, cem por cento verdade. —Sim — eu concordei.
—Você vai me deixar ter o que é meu, lobinha?
—Sim —, eu sussurrei, meu coração disparado com o
pensamento do que estava por vir. —Por favor, Noah.
Ele deslizou a outra alça do meu ombro, e meu vestido caiu no
chão em uma poça de tecido, revelando que eu não usava sutiã,
mas algo me disse que ele não se importava. Suas palmas
percorreram minhas costelas até que ele segurou o peso dos meus
seios em suas mãos, e eu gemi com o contato.
Em algum lugar durante este pequeno show, ele tirou a
camisa. Eu estava tão focada no que ele estava fazendo comigo, que
perdi esse detalhe. Parte de mim estava triste por não ter tido a

oportunidade de fazer isso sozinha até que seu peito forte e
musculoso pressionou totalmente contra minhas costas.
Ele passou os braços em volta de mim, me segurando contra
ele até que o calor do fogo não era nada além de uma memória
distante em comparação com a sensação de sua pele pressionada
contra a minha. Nossos corações batiam juntos, uma pulsação
constante.
Ele beijou seu caminho até a parte de trás do meu pescoço, sua
boca roçando minha orelha enquanto perguntava. — Você se
lembra do que eu te disse na outra noite? Sobre como eu pretendia
arruinar você para qualquer outra pessoa?
—Você está pronto para cumprir o aviso?
Ele riu, sua risada baixa e gutural ecoando dentro de mim. —
Acho que a pergunta mais pertinente é, você está?
— Cale a boca e me foda, Noah. Estou pronta há muito tempo.
Suas mãos sussurraram sobre meu corpo, começando pelos
meus seios e descendo pela minha barriga até que seus dedos
alcançaram a renda da minha calcinha. Ele se afastou, meu coração
protestando contra a distância. O único lugar que ele me tocou foi
onde seus dedos enrolaram em torno da minha calcinha.
—Prepare-se, pombinha. Meu controle não é o que deveria ser.

Deslizando de joelhos atrás de mim, ele espalhou beijos sobre
a base da minha coluna enquanto usava os dedos para puxar o
tecido pelas minhas coxas. Ele seguiu o caminho, os dentes
beliscando uma das minhas bochechas de brincadeira enquanto ele
ia.
—Tire essa coisinha boba, então vá para a cama.
Um formigamento percorreu meu corpo com suas palavras. Eu
nunca estive tão ansiosa para obedecer a um comando em minha
vida. Acho que queria o que ele estava oferecendo mais do que ele.
Saindo do pedaço de renda que selecionei com Noah em
mente, foi preciso quase mais contenção do que eu tinha para
ignorar o olhar faminto em seus olhos enquanto eu corria para a
cama. Subindo no colchão grosso, me posicionei de quatro e lancei
um olhar tímido por cima do ombro.
—Assim?
Se o gemido baixo que veio dele era alguma indicação, ele
gostou do que viu. Ele se moveu tão rápido que era um borrão
quando abriu o cinto e rasgou o zíper de suas calças. Então ele ficou
na minha frente, longo, grosso e duro. Pronto para me fazer dele.
Eu pensei que ficaria nervosa, sendo está a minha primeira
vez, mas enquanto eu olhava nos olhos famintos de Noah

Blackthorne, eu sabia que ele era o único. Este era o homem com
quem eu deveria compartilhar este momento.
—Eu não quero você de quatro enquanto estou dentro de você,
Sunday. Não na primeira vez. Eu preciso observar seus olhos
enquanto eu te tomo. Eu preciso de . . . — ele vacilou, sua voz
falhando quando a emoção clara o dominou. —Nunca me senti
assim.
Eu me virei, levantando de joelhos e me aproximando para
que eu pudesse envolver meus braços ao redor dele. Seus olhos
eram selvagens, sua expressão tão intensa que me queimava, me
aquecendo de dentro para fora. —Então me tome, Noah. Sou sua.
Essa declaração pairou no ar entre nós, poderosa, significativa
e exatamente o que meu príncipe vampiro precisava. Ele enfiou os
dedos no meu cabelo e puxou com força até que meu rosto estava
inclinado e ele podia esmagar seus lábios nos meus em um beijo
frenético.
Nós éramos gemidos e grunhidos ásperos quando ele usou sua
mão livre para me apoiar, e nós dois caímos na cama. Eu não sei
como conseguimos nos posicionar do jeito que fizemos sem que
alguém se machucasse, mas antes que eu percebesse, eu estava

debaixo dele, meus joelhos dobrados, pernas abertas, e ele estava lá,
seu pau cutucando minha boceta.
—Última chance, lobinha. Tem certeza de que é isso que você
deseja?
Agarrei seus quadris, minhas unhas cavando em sua pele
firme. —Se você não me foder agora, Noah Blackthorne, eu posso…
—Não ouse terminar essa frase.
Sua dura advertência foi ressaltada pela pressão de sua coroa
mal rompendo minha abertura. Pressão, a deliciosa promessa de
estar cheia, me provocou. Eu sabia que ia doer. Não havia como
não, mas Deus, eu queria isso.
—Noah, — eu gemi, me contorcendo e desesperada para que
ele me tirasse do meu sofrimento.
Seus olhos encontraram os meus, sua mandíbula apertada,
suor salpicando sua testa enquanto seus braços tremiam em ambos
os lados da minha cabeça. —Deus, você tem alguma ideia do que
você faz comigo, pombinha? Eu poderia rasgar você ao meio se
cedesse ao monstro dentro de mim.
—Você acha que é tão forte? Eu não sou uma humana. Não se
esqueça disso. Eu não quebro facilmente.

Ele bufou uma risada que parecia dolorida quando ele
deslizou um pouco mais fundo. —Talvez não, mas gentileza não é
fácil para mim. Eu quero fazer isso ser bom para você.
—Então me toque.
Fechando os olhos, ele respirou trêmulo e alcançou entre nós,
dedos encontrando meu clitóris enquanto ele empurrava
superficialmente em mim, controlado, firme e maravilhoso. Senti-
me abrir enquanto me molhava com cada círculo de seus dedos,
cada movimento de seus quadris. O que poderia ter sido doloroso
se transformou em prazer profundo e agonizante.
—Mais, — eu engasguei. —Noah, por favor. Eu preciso de
mais.
—Porra, Sunday. Pare de implorar assim. Eu vou te dar o que
você quer antes que você esteja pronta se você não parar.
—Eu sei o que estou pedindo. Eu sei o que quero. Eu preciso
de você, Noah. Por favor. Me faça sua.
Com um rosnado feroz, ele bateu forte, o aperto do meu hímen
se rompendo perceptível, mas velado pelo orgasmo que seus dedos
persuadiram de mim ao mesmo tempo. Eu gritei, minhas costas
arqueando, olhos fixos em seus próprios olhos.

—Sim — ele gemeu, seus quadris empurrando enquanto ele
cavalgava onda após onda do meu clímax. —Eu quero o seu prazer.
Eu amo os sons que você faz quando você goza. A maneira como
sua boceta vibra ao redor do meu pau.
As palavras sujas sussurradas em sua voz baixa e gutural
enviaram tremores secundários através de mim. Porra. Quem diria
que os orgasmos poderiam ser muito melhores quando você não
tinha que trabalhar para eles?
Goze novamente para mim, minha companheira. Venha em
cima de mim. Deixe-me sentir. Suas palavras ecoaram na minha
cabeça, aquela conexão que eu pensei que senti depois que ele me
acompanhou até o meu quarto e beijou cada centímetro do meu
corpo brilhando de volta à vida.
Assim como da última vez, eu estava impotente para fazer
qualquer coisa além de obedecer a sua ordem. Meu corpo detonou,
minhas costas levantando do colchão enquanto eu me agarrava a
ele e cavalgava onda após onda implacável de êxtase. Ele o seguiu,
seu pau sacudindo e um gemido profundo e dolorido deixando-o
enquanto ele me segurava perto e estremecia em seu orgasmo.
Abri os olhos, olhando para a janela atrás de nós, meu coração
disparado quando a silhueta distinta de um homem se moveu atrás

do vidro agora iluminado. Estava obscurecido o suficiente para que
eu não conseguisse entender o que ele estava fazendo, mas não
havia dúvidas sobre a palma da mão pressionada contra o vidro ou
o ângulo curvado de sua cabeça.
Eu não sei quando ele apareceu ou quanto tempo ele estava
assistindo, mas saber que ele podia ver tudo, que ele
provavelmente me testemunhou desmoronando por Noah, foi o
suficiente. Um terceiro clímax ainda mais intenso ondulava através
de mim, e meus músculos internos se apertaram em torno de Noah
enquanto eu gritava.
—Merda, Sunday, ele gemeu quando meu corpo o ordenhou,
sua testa caindo no meu ombro.
Ele empurrou seus quadris no ritmo da minha liberação, mas
meu olhar nunca deixou o homem na janela, e eu poderia jurar que
seus olhos estavam presos nos meus, embora eu não pudesse vê-lo.
Meu foco na figura sombria finalmente quebrou quando Noah me
jogou de volta na cama e começou a bater freneticamente em mim
até que eu vi estrelas.
Noah gozou novamente, gritando meu nome, presas
estendidas, olhos escuros e famintos por mais do que sexo. Ele
fechou os olhos e recuperou o controle, saindo de mim e olhando

para seu pau, brilhando com uma mistura de nosso gozo e meu
sangue virgem.
—Você está bem? — Eu perguntei.
—Estou muito mais do que bem. Não sei se uma palavra foi
inventada para expressar o que sinto agora. — Ele se arrastou até a
cama e se acomodou ao meu lado, preguiçosamente arrastando um
dedo ao redor do meu mamilo. —Você está bem? Eu não poderia
parar-me lá no final. Eu posso ter sido muito áspero.
Enrolei meus braços ao redor dele, querendo estar perto e
sentindo a necessidade de beijá-lo. —Não foi muito áspero. Foi
perfeito.
O fio quente entre minhas pernas fez meu coração bater forte.
Porra. Nós não tínhamos usado proteção. Ele gozou dentro de mim
duas vezes. —Noah, não usamos nada.
Sua mão correu pelo lado do meu rosto, seus dedos parando
no lugar onde meu pulso batia no meu pescoço. —Eu já te disse,
companheira. Eu sempre vou te proteger. Não é o seu tempo fértil.
Eu posso sentir o cheiro. Estamos a salvo. — Ele deslizou a outra
mão entre minhas pernas e empurrou seu esperma de volta para
dentro de mim lentamente, seu dedo deslizando, brincando e

enviando pequenas ondas de choque através de mim. —Eu
pertenço dentro de você.
As palavras fizeram algo comigo. Resolveu algo e me fez
brilhar de alegria absoluta. Apertei meu abraço sobre ele,
empurrando-o para baixo até que sua orelha estava em meus lábios.
Mordiscando o lóbulo de sua orelha, sussurrei: — Quando
podemos fazer isso de novo?

Capítulo Vinte e Oito
SUNDAY
—Sunday, acorde! — A voz de Noah me alcançou como uma
tábua de salvação, me tirando da cena horrível em que eu estava
presa.
Eu engasguei para respirar, correndo para uma posição
sentada, minha garganta em carne viva, membros tremendo. —Eu
não pude te salvar.
Ele estendeu a mão para mim, e eu me soltei de seu alcance, o
peito ainda pesado enquanto eu tentava puxar ar em meus
pulmões. Sua expressão nublada, com uma mistura de dor com
confusão com a minha reação instintiva.
—Não me toque, — eu assobiei.
—Sunday. . . o que foi? Eu não vou ser tão duro novamente.
Sinto muito se te machuquei.
—Não. Não é isso, — eu comecei, minha cabeça ainda cheia de
imagens de um mundo em chamas.
Eu ainda podia sentir o calor nas palmas das mãos e sentir o
gosto da fuligem na boca enquanto, uma a uma, as pessoas que eu

tentava salvar pegavam fogo. Laranja e vermelho piscaram na
minha visão quando seus olhares horrorizados se prenderam aos
meus, seus gritos me esmagando quase tanto quanto o cheiro acre
de carne queimada no meu nariz. Tudo porque eles me tocaram. Eu
não era sua graça salvadora. Eu era a morte deles. E durante todo
esse pesadelo, eu ri com uma alegria perversa da destruição que
causei.
—Então me diga o que é. Ou melhor ainda, deixe-me entrar
em sua mente e me mostre.
Eu me encolhi, não querendo reviver o quão terrível o
pesadelo tinha sido. Eu não queria que Noah tivesse a imagem do
monstro que eu me tornei vivendo dentro de sua mente. Como ele
poderia olhar para mim da mesma forma se ele soubesse do que eu
poderia ser capaz?
—Eu nunca poderia temer você.
Ele deve ter lido minha expressão, ou talvez até meus
pensamentos. Embora reconfortante, suas palavras ainda não foram
suficientes para me fazer querer compartilhar os horrores do meu
sonho. Apertei os olhos e soltei um suspiro irregular. —Como você
pode dizer isso quando você não sabe o que eu fiz?

—Foi um sonho, pombinha. Você não fez nada de errado. Se
você soubesse as coisas que eu sonhava em fazer, você correria
gritando pelas colinas. A vingança que eu ansiava contra aqueles
que prejudicaram minha família foi repetida várias vezes em meu
subconsciente. Se pudéssemos ser julgados apenas por nossos
pensamentos, eu teria sido condenado há muito tempo.
—Você já não está? — Eu levantei meus lábios no fantasma de
um sorriso. —Vampiro e tudo?
Ele estendeu a mão novamente, parando um pouco antes de
seus dedos roçarem minha pele. Então ele me deu um sorriso de
desculpas e deixou cair a mão. —Provavelmente. Embora se eu for,
tem mais a ver com meus outros pecados, não ter nascido uma
besta.
Meu pulso desacelerou para um ritmo normal, o pânico
diminuindo, e agora tudo que eu queria era que ele me tocasse
novamente. Eu precisava me sentir normal. Para ser lembrada que
eu não era o monstro que o sonho tinha retratado. Um
estremecimento percorreu-me com a memória de minha mãe em
cima de um cavalo vermelho-sangue no topo de uma colina,
observando com uma expressão estoica enquanto eu destruía
qualquer um que me tocasse.

Noah ficou tenso, seus olhos se fecharam quando ele respirou
fundo e lentamente o soltou. —Isso é tudo?
Eu sabia exatamente o que ele estava perguntando. Ele estava
dentro da minha cabeça. Ele tinha visto, embora eu não quisesse. —
Não.
Seus olhos se abriram, seu olhar quente e livre de julgamento
quando encontrou o meu. —Mostre-me. Deixe-me ver o pior, para
que você saiba que não é nem de longe tão ruim quanto parece. O
sonho só terá poder sobre você se você permitir.
Eu balancei minha cabeça. —Não quero mais pensar nisso.
Faça-me esquecer, Noah. Leve embora.
Ele não hesitou, meu pedido era a única permissão que ele
precisava antes de cruzar a cama e me puxar para ele. Rolando
nossos corpos para que eu estivesse montada em seus quadris, ele
sorriu, seu sorriso sexy e totalmente impenitente. —Por todos os
meios, Sunday. Pegue o que você precisa. Estou mais do que feliz
em fornecer a você uma distração.
Ainda estávamos totalmente nus, e meu corpo, embora se
recuperando do pesadelo, estava mais do que preparado para ele.
Havia algo sobre Noah, sobre estar perto do homem, que me
deixou quente e escorregadia, era de tirar o chapéu. Eu balancei

meus quadris, esfregando minha boceta em seu pau duro enquanto
pressionava a parte inferior de seu estômago.
—Sim — ele gemeu, suas mãos percorrendo minhas pernas
para descansar em meus quadris. —Bem desse jeito. Leve-me para
dentro de você e me monte.
Eu tremi da cabeça aos pés, me abaixando e o entalhando na
minha abertura. Então, como se estivéssemos em câmera lenta,
afundei nele até que ele foi enterrado até o fim.
—Porra, Sunday. Você se encaixa como um maldito sonho.
Tão apertada e deliciosamente quente. Eu poderia viver enterrado
dentro de você. Na verdade, acho que vou.
Eu ri. —Teremos que nos separar em algum momento.
Seus dedos espalmados em meus quadris, mordendo minha
pele e me segurando apertado o suficiente para machucar. —
Nunca. Você está presa comigo. Para sempre. Eu nunca vou deixar
você escolher. Agora fode comigo.
—Não sei o que fazer. E se eu te machucar?
—Você não vai me machucar. Apenas persiga o seu próprio
prazer. Seja egoísta e mova-se de maneiras que sejam boas para
você. Eu prometo que você vai saber o que fazer e fazer isso direito.

Eu plantei minhas palmas em seu peito, cravando unhas
afiadas em sua pele enquanto circulava meus quadris, então os rolei
para frente e para trás, arrastando seu pau sobre o ponto perfeito
dentro de mim. Estrelas pontilhavam minha visão, e minha
respiração ficou presa enquanto eu o montava até a crista do prazer
perfeito. Ele segurou mais apertado, grunhindo e levantando os
quadris no ritmo dos meus movimentos.
—Abra os olhos, Sunday. Não estamos sozinhos.
Sua voz estava tensa com necessidade e luxúria desesperada, o
olhar fixo na janela mais uma vez onde nosso misterioso
observador havia retornado.
Mais uma vez, o estranho tinha uma mão pressionada no
vidro embaçado, e não havia como perder o movimento furioso de
seu outro braço.
—Eu acho que ele quer um show — eu sussurrei, meu coração
acelerando novamente com o pensamento.
—Então vamos dar a ele um, porra — disse Noah com um
sorriso lento, sentando-se e envolvendo seus braços em volta de
mim, me abraçando forte.
Antes que eu pudesse registrar o que estava acontecendo, suas
pernas estavam para o lado da cama, e ele estava nos movendo pelo

quarto. Minhas costas pressionadas contra a parede de pedra fria,
diretamente em frente ao nosso convidado, e novamente, algo
chamou minha atenção para onde seus olhos estariam se eu
pudesse vê-lo melhor. Eu sabia, sem sombra de dúvida, que
estávamos conectados de alguma forma. Ele estava ficando mais do
que excitado com isso. Mas eu não sabia o porquê.
As mãos de Noah estavam pressionadas contra a parede em
cada lado da minha cabeça, seu rosto abaixado para o meu pescoço
enquanto ele arrastava beijos pela minha garganta. —Você está
pronta, pombinha? — Ele sussurrou.
—Por quê? Você já está me criticando mais do que eu pensava
que poderia.
Ele riu, baixo e profundo, o som retumbando através de mim e
enviando arrepios correndo pela minha pele. —Estamos dando um
show, lembra? Vamos garantir que nosso amigo veja bem você. Eu
quero que ele cobice essa linda boceta rosa e gostaria que ele
pudesse prová-la a qualquer momento que quisesse, assim como eu
posso.
Ele se afastou, suas mãos me agarrando sob minhas coxas,
quase alto o suficiente para agarrar minha bunda. Então ele se
afastou, me espalhando e me segurando contra a parede enquanto

caía de joelhos. O ar frio atingiu minha carne hipersensível, me
fazendo gritar e me contorcer. Noah tinha um poder tão forte sobre
mim, porém, eu teria sido menos estável em uma cadeira. Eu
deveria estar preocupada que um estranho tivesse assentos na
primeira fila para um exame detalhado das minhas partes
femininas, mas não tive tempo para pensar nisso antes que Noah
enterrasse o rosto entre minhas coxas e me comesse como um
homem faminto.
—Porra, Noah, — eu chorei enquanto sensações avassaladoras
se espalhavam por mim. Eu o agarrei pela parte de trás da cabeça e
o empurrei para mais perto, precisando que ele me desse mais, para
me ajudar a alcançar a crista. Meu clímax explodiu através de cada
terminação nervosa que eu tinha, me fazendo gozar tão forte que
meus olhos rolaram para trás na minha cabeça.
Noah continuou chupando e mordiscando meu clitóris,
extraindo meu prazer. Então ele olhou para o meu corpo, seus olhos
brilhando com um tipo diferente de fome. Minha respiração ficou
presa no meu peito quando a compreensão surgiu.
—Só não tome muito — eu sussurrei.

Aninhando seu rosto na curva da minha coxa, ele atacou.
Pressão profunda, uma queimadura aguda e uma euforia
indescritível me atingiram de uma só vez.
—Noah. — Seu nome saiu como um gemido quase
ininteligível.
Ele fez um som retumbante baixo em sua garganta, tomando
um último gole antes de se afastar. Ele levou a mão à boca,
espetando o polegar com uma de suas presas e espalhando uma
gota de sangue sobre as feridas para curá-las. Noah me segurou
com uma mão como se eu não pesasse nada, e assim que ele teve
certeza de que eu estava curada, ele me colocou de pé, um sorriso
orgulhoso em seus lábios beijáveis. Lábios ainda revestidos em
minha excitação e manchados com meu sangue.
Corri minha mão pelo cabelo de Noah, meu coração ainda
batendo descontroladamente no meu peito enquanto eu olhava
para cima e de volta para a janela. Eu teria jurado que os olhos do
estranho encontraram os meus apenas um segundo antes que a luz
atrás do vidro se apagasse.
—Você acha que nós o assustamos? — Eu perguntei.
—Nem uma maldita chance. Se ele frequenta a Iniquidade,
isso está longe de ser o pior de seus pecados. Na verdade, aposto

que vamos encontrá-lo novamente na próxima vez que estivermos
aqui.
—Próxima vez?
—Você não me avisou que adquiriria um gosto pelo clube se
sua primeira vez fosse aqui?
Isso trouxe um mundo inteiro de possibilidades. Noah e eu
poderíamos explorar meus desejos mais sombrios aqui. . . seus
desejos mais sombrios. Eu tinha que saber cada detalhe sobre ele e o
que ele queria, o que despertou sua necessidade além de sexo
missionário baunilha. Ele tinha desistido de tanto para estar
comigo. Eu daria a ele tudo o que ele desejava.
A lembrança do que nos trouxe aqui, sua confissão sobre sua
marca de traidor e meu papel nisso, me fez virar a cabeça e dar um
beijo suave logo acima da prata escurecida, me perguntando se
ainda doía. Se tivesse, ele não deixaria transparecer. Antes que eu
pudesse dizer mais alguma coisa, meu estômago soltou um ronco
alto.
Ele riu. —Acho que agora que atendemos a uma de suas
fomes, devemos cuidar da outra. Vamos, pombinha. Vamos nos
vestir e te alimentar.

Capítulo Vinte e Nove
THORNE
Mesmo sendo de madrugada, a festa no andar de cima não
havia diminuído. A iniquidade ou Iniquity foi feita para esta época,
quando dia e noite lutavam pelo domínio, quando as inibições das
pessoas estavam no nível mais baixo. Com a mão de Sunday
firmemente agarrada na minha, eu a conduzi através dos corpos se
esfregando na pista de dança, a sedutora linha de baixo da música
zumbindo no meu peito, implorando para nos juntarmos à
multidão. Mas eu tinha outros planos, que incluíam levá-la para
comer alguma coisa e depois voltar para o meu apartamento para
que eu pudesse levá-la de volta para minha cama.
—Espere — ela chamou, dando um puxão na minha mão. —
Eu acho que é Moira.
Eu me virei, enrolando meu corpo protetoramente ao redor do
dela, os olhos varrendo a multidão, mas não encontrando sua
colega de apartamento. —Onde?

—Ali. Ela está dançando com aquela índia gostosa pra caralho.
Sunday apontou para as duas mulheres praticamente transando na
pista de dança.
Eu mal reconheci Moira. A mulher era pior que um maldito
camaleão com seus penteados em constante mudança. Está noite ela
estava cheia de sex appeal. Cabelo curto, raspado de um lado, uma
camisa branca de botão que eu poderia ter encontrado no meu
próprio armário, aberta na garganta até o esterno, e calças de couro
vermelho que se encaixavam nela como uma segunda pele. Ela era
dominante e mortal e tinha a mulher em seus braços
completamente encantada.
—Parece que ela está prestes a selar o acordo. Talvez seja
melhor não interromper...
Até sua cabeça levantou, e ela nos viu. Por um segundo, houve
um lampejo de preocupação em seu olhar cor de lavanda, mas
desapareceu quando Sunday lhe deu um aceno ansioso. Moira
abaixou a cabeça, sussurrando algo no ouvido da outra mulher
antes de pegar sua mão e levá-la até onde estávamos.
—Ei, pessoal — disse ela. —Eu não sabia que vocês dois
estavam aqui esta noite.

Deus me ajude, mas Sunday corou. Suas bochechas
queimaram, e o pensamento de que memórias estavam passando
por sua mente fez meu pau engrossar.
—Nós . . . precisávamos de algum tempo juntos. Eu estive
longe.
Moira estreitou os olhos. —Eu sei, seu idiota. Todos nós
sabemos. Devíamos chamá-lo de Gasparzinho em vez de Thorne.
Então ela olhou para Sunday, puxando a mulher ao lado dela para
frente. —Sunday aqui é Ash. Ash, minha colega de quarto Sunday,
e, — ela me cortou um olhar irritado, —Noah Blackthorne. Ash é
uma amiga lá de casa.
Não havia como confundir a suavização de seu olhar ou o
fluxo de alegria que percorreu a pequena bruxa quando ela a
apresentou … a menos que eu estivesse lendo errado ... namorada.
—Moira, você deveria ter me dito que tinha uma convidada
vindo. Eu teria feito alguns planos para ficar mais fora do quarto
para que vocês duas pudessem ficar sozinhas —, disse Sunday.
O sorriso aliviado de Ash disse tudo. Ela estava preocupada
com o que Sunday diria sobre seu relacionamento óbvio. —Meus
pais tiveram que voar para Mumbai para visitar minha avó
inesperadamente. Mo não sabia que eu viria.

A expressão no rosto de Moira era tão aliviada, se não
levemente emocional. Tive a sensação de que nenhuma das bruxas
estava acostumada a serem aceitas abertamente. Esta foi
provavelmente uma das poucas, se não a primeira vez, que elas
saíam juntas em público.
—Você não tem precisa fazer isso... Moira começou.
—Pelo que parece, Sunday estará ocupada no meu quarto nos
próximos dias. Vocês terão o lugar para vocês até depois da aula na
segunda-feira, no mínimo.
O desafio acendeu nos olhos de Sunday enquanto ela os
treinava em mim. —Ah, eu vou?
Dei-lhe um sorriso com mais do que uma pequena presa. —Oh
sim. E se você conseguir caminhar até o final, considerarei uma
falha distinta da minha parte e serei forçado a continuar até que eu
repare a situação.
—Alguém definitivamente acabou de ser fodida, — Moira
sussurrou para Ash. Então a bruxinha ofereceu a Sunday um high
five, que minha loba devolveu a contragosto.
—Deixe-a em paz — disse Ash. —Ela ainda é uma inocente.
Você não pode sentir isso? Ela nunca esteve aqui antes. Ela não é
tão mundana quanto nós.

—Ash pode ver e ler auras. As coisas que ela pode pegar sobre
uma pessoa. . . —A voz de Moira estava cheia de orgulho.
—As coisas que eu sei sobre você, você quer dizer. — Um
sorriso provocante surgiu nos lábios de Ash.
—Tem seus usos, — Moira disse com um pouco de ronronar.
A mulher lindamente curvilínea soltou uma risada gutural e
sexy. —Vou usá-los hoje à noite, então.
—Eu odeio acabar com uma festa, mas estávamos prestes a
fazer um lanche. Há um pub ao virar da esquina, aberto a noite
toda e amigável para sobrenaturais. As senhoras gostariam de se
juntar a nós?
Elas trocaram um olhar.
—Eu poderia fazer um lanche. Eu nunca estive em um pub de
verdade, — Ash disse.
—Está combinado então, — eu decidi por elas. —Me sigam.
Não é o mais chique, mas vocês não encontrarão uma torta de carne
melhor deste lado de Londres.
Apertando a mão de Sunday, levei as mulheres para fora do
clube e para o ar fresco da manhã. —Você está quente o suficiente?
— Eu perguntei, olhando para a Sunday.

Ela estremeceu. —Eu realmente não me vesti para uma
caminhada.
Envolvi meu braço em volta de seu ombro e a puxei para
perto. —Melhor ficar comigo então. Eu vou te aquecer.
O céu estava em um tom de azul profundo que avisava que o
nascer do sol estava se aproximando. Este era o momento para os
bêbados tropeçarem até em casa, os amantes caírem na cama e o
mundo começar a se mexer.
—Espere, ele é um vampiro. É quase amanhecer. Você não vai
explodir em chamas ou algo assim? — Ash perguntou.
Eu balancei minha cabeça. —Não. Minha mãe tem o sangue do
sol correndo em suas veias, assim como eu. Posso aproveitar o dia e
a noite.
A tez marrom escura de Ash se desvaneceu quando a
realidade do que isso significava a atingiu. Eu senti isso em sua
energia. —Você? Há mais de você?
—Dois. Eu tenho uma irmã e um irmão mais novos. E sim,
todos nós podemos andar ao sol. Mas Ash, não somos os monstros
sedentos de sangue que meu avô queria que nos tornássemos.

Seu olhar se tornou avaliador. —Você espera que eu acredite
nisso depois do que os Blackthornes fizeram com as bruxas de
Salem?
—Confie em mim — Moira disse com um suspiro fingido, me
lançando um olhar que me dizia que eu devia uma a ela. —Ele é
praticamente manso comparado a seus ancestrais. Mas chega de
sugadores de sangue sujos.
As duas bruxas ficaram um pouco para trás, suas vozes baixas
e risadinhas ofegantes me dizendo que estavam se divertindo tanto
quanto no clube.
Tínhamos andado talvez um quarteirão, Sunday aconchegada
debaixo do meu braço, sua cabeça descansando no meu ombro,
quando Moira mergulhou entre nós.
—Oh! Sunday, eu preciso falar com você sobre algo, — Moira
disse, entrelaçando seu braço com Sunday. Um protesto estava na
ponta da minha língua, mas ela piscou para mim. —Negócio oficial
de companheiras de quarto, você entende. Será apenas um
segundo.
Sunday deu uma risadinha, e isso selou tudo para mim.
Qualquer coisa que a fizesse feliz era impossível de recusar. Eu
deixei isso afundar em um momento, uma sensação desconhecida

de calma se instalando em meu peito. Eu realmente me importava
se ela estava feliz. Até agora, eu nunca me importei com alguém
que não fosse da família. Assim não.
Moira puxou a Sunday de volta, deixando Ash e eu
caminhando lado a lado.
—Você sabe por que Drácula não tem amigos? — Ash
começou depois que andamos cerca de metade do quarteirão
seguinte em silêncio.
—Por favor, não.
Seus lábios se curvaram em um sorriso enquanto ela tentava e
não conseguia segurar o riso. —Porque ele é uma dor no pescoço!
—Jesus . . . e aí está.
Ela me cutucou nas costelas. —Admite. Você achou engraçado.
—Não. Não, eu não achei.
Eu lutei contra uma risada apesar de mim mesmo quando fiz
contato visual com a bruxa, e então tudo parou quando seus olhos
rolaram para trás em sua cabeça e ela caiu no chão. Minha pele
estava em chamas quando uma rede tecida de prata pura caiu sobre
mim de cima. A dor era como nada que eu já senti. Nem mesmo
minha marca de traidor poderia se comparar. Sunday soltou um

grito de pânico, e pelo canto do meu olho, eu vi ela e Moira sendo
puxadas para o beco por duas figuras encapuzadas.
A dor era insuportável, meus músculos travando e me
impedindo de ir atrás dela. Enquanto eu observava, impotente para
fazer qualquer coisa para detê-lo, minha companheira desapareceu
no beco. A única coisa que eu podia fazer era jurar trazê-la de volta
enquanto eu gritava seu nome.
Eles a levaram. Ela se foi e tudo porque eu tinha falhado no
meu único trabalho. Protegê-la a todo custo.

Capítulo Trinta
SUNDAY
Minha respiração veio em suspiros finos enquanto eu tentava
puxar o ar através do grosso capuz preto amarrado sobre minha
cabeça. Pelos sons de Moira lutando ao meu lado e o fluxo
constante de insultos criativos que ela lançou em nossos agressores,
eu poderia dizer que sua cabeça também estava coberta. Mas ela
estava viva, e saber disso me deu esperança. Se estivéssemos juntas,
poderíamos sair dessa.
A van em que fomos empurradas antes que eles nos cegassem
parou bruscamente, e eu me joguei para frente, incapaz de me
segurar já que minhas mãos estavam amarradas atrás das costas. As
algemas de prata queimavam cada vez que esfregavam contra a
pele macia dos meus pulsos. Eu colidi com algo frio e plano, minha
cabeça latejando com o impacto. Merda, eu ia ter uma contusão.
Quem estava dirigindo desligou o motor, e o veículo sacudiu
antes que duas portas se fechassem. Esta pode ser a nossa única
chance de falar sem ser ouvida. Pisquei para afastar a dor e

sussurrei com urgência. — Você consegue ter alguma noção de
onde estamos?
—Não. O que quer que eles coloquem em minhas mãos está
mantendo minha magia contida. Malditos caçadores idiotas.
—Foda-se. Nós vamos ter que esquadrinhar isso, então.
—Você está no esquadrão bruto?
—Eu sou o esquadrão bruto.
—Desde quando?
—Apenas siga minha liderança, ok?
—Como? Não consigo ver porra nenhuma. Como devo seguir
você?
—Moira... — mas não havia tempo para mais nada. O ar frio
correu sobre minha pele quando nossos captores abriram a porta
deslizante.
—Olha o que temos aqui, uma cadela e uma bruxa. — A voz
profunda com sotaque Londrino do homem me cobriu como uma
camada de óleo sujo. —Eu só queria uma, mas você me trouxe
duas.
—Toque-me, e eu o morderei, eu juro, — Moira rosnou.
Eu gemi interiormente. Tanto para seguir minha liderança.

—Oh, eu gosto delas mal-humoradas. Isso vai ser mais
divertido do que eu pensava.
Um farfalhar soou à minha esquerda, como roupas e pele
roçando uma na outra. Houve um grunhido suave seguido pelo
som inconfundível de uma bota encontrando um osso.
—Puta merda — ele rosnou.
—Não, eu sou a bruxa, lembra? — Moira disse, sua voz
gotejando com falsa doçura.
—Leve-as para dentro e tranque a porta. Eu não quero vê-las
até que seja hora de torturar e ter a informação que precisamos
delas. Eu vou curtir isso.
—Você sempre gosta da parte da tortura, chefe. — Uma voz
masculina veio de algum lugar à minha esquerda.
—É verdade, mas isso vai ser mais doce. Eu tenho direitos
sobre a bruxa.
Uma mão agarrou meu braço com força, me puxando sem
cerimônia para fora da van. Eu tropecei enquanto tentava recuperar
o equilíbrio, tropeçando em meus pés quando fui puxada para
frente. Parte de mim estava gritando para lutar, para se libertar,
mas tentar lutar enquanto estava cega, com as mãos amarradas,
dificilmente era o ideal. E havia Moira para pensar. Eu não podia

simplesmente deixá-la aqui. Teríamos que esperar até que a guarda
deles baixasse.
Ainda assim, fiz um show de resistência, tentando me soltar
do homem. A dor explodiu do lado do meu rosto quando sua mão
livre estalou na minha bochecha. Senti o gosto de cobre do sangue
em minha boca, onde meu lábio se partiu.
—Você não quer fazer isso, amor.
—Toque-me novamente, e eu vou arrancar suas bolas pela
boca — eu rosnei.
Ele riu. —E como você vai fazer isso sem as mãos, querida? Se
você acha que eu tenho medo de uma vadia loba que nem consegue
mudar, você tá muito enganada. Já peguei merdas maiores do que
você.
Um punho acertou meu estômago, me dobrando e me fazendo
engasgar quando o ar foi nocauteado. Minha loba arranhou dentro
de sua jaula, desesperada para se libertar e destruí-los, mas mesmo
se eu pudesse mudar, a prata me prendendo impediria que isso
acontecesse.
Forçando-me a acalmar a raiva inútil dentro de mim, coloquei
em prática o que trabalhei com Alek e Kingston. Eu precisava ser
controlada, estratégica e vencer esses filhos da puta em seu próprio

jogo. Deixei meus ombros caírem, fingindo derrota e desejando que
eles acreditassem que eu tinha desistido de lutar. A cada passo que
dávamos, treinava meu foco em manter a contagem, doze passos,
curva à direita, sete passos, curva à esquerda, vinte passos, curva à
direita, e então estávamos dentro de um espaço frio e úmido.
Eu podia ouvir Moira indo tão bem quanto eu. Ao contrário de
mim, no entanto, ela não se incomodou em fingir estar intimidada.
A garota simplesmente não tinha isso nela, o que só me fez amá-la
mais. Ela não iria parar de lutar, e nem eu. Não havia nenhuma
maneira de morrermos aqui esta noite. Eu não permitiria.
Moira continuou a xingar por todo o caminho desde o carro
até que eles estavam nos empurrando para baixo no concreto
gelado e envolvendo uma corrente pesada em volta de nossos
estômagos, nos amarrando a algum tipo de poste. Então eles
arrancaram nossos capuzes. Pisquei rapidamente, meus olhos
tentando se ajustar à luz repentina.
O espaço era estéril, nada além de um buraco no chão no canto
que cheirava a merda e mijo. Uma caixa de concreto. Uma célula. A
porta se fechou e o clique da fechadura ecoou no quarto. No topo
da pesada porta de metal, um pequeno painel se abriu, revelando
um par de olhos verdes brilhantes.

—Isso pode ser fácil para você, ou podemos brincar e fazer
doer. Você decide. Mas de qualquer forma, vamos conseguir o que
queremos de você.
Aquele bastardo Londrino morreria primeiro, decidi. —Oh,
vai doer e muito. Para você, é claro.
A janela se fechou com um barulho sinistro, e o som de sua
risada grave enquanto ele se afastava fez meu estômago revirar.
—Temos que sair daqui. Agora mesmo. — Minha voz tremeu,
traindo a bravata que eu coloquei para tentar intimidar nossos
captores.
Moira sacudiu suas correntes. —Sou toda ouvidos, mas a
menos que você tenha um plano para lidar com isso, estamos
fodidas.
—E se . . . — Eu me contorci, tentando encontrar suas mãos
com as minhas. Demorou um segundo, mas consegui enfiar meus
dedos entre um de seus pulsos e a algema o prendeu.
—Ai!
—Desculpe, eu só preciso de um pouco de espaço. — A prata
na ponta dos meus dedos chiou, coçando e queimando tudo ao
mesmo tempo. Eu sabia que era pior para os vampiros, mas os
metamorfos evitavam o metal precioso pelo mesmo motivo.

—Onde diabos você espera que eu arrume espaço? Não têm
exatamente qualquer espaço sobrando. São algemas e não um
maldito par de leggings.
—Moira — eu rebati, a dor se transformando em impaciência.
—Apenas trabalhe comigo aqui.
Ela bufou, mas eu podia sentir o rolar de seus ombros
enquanto ela tentava deslizar o braço para cima e me fornecer um
ângulo melhor.
—Ok, tente ficar quieta e mova seu pulso livre enquanto eu
abro esta algema.
Eu respirei fundo, me preparando para a dor que eu sabia que
estava vindo. Deixei minha loba vir à superfície rugindo,
imaginando a briga com Callie, o ataque no clube, os bastardos que
nos levaram. Com cada grama de força que pude reunir, afastei a
algema, empurrando através da queimação agonizante até que a
mão de Moira deslizou livre.
—Puta merda, garota. Você tem força de vampiro agora, ou
isso é coisa de lobo?
Respirando em suspiros, eu disse. —Eu não faço nenhuma
porra de ideia.
—Bem, seja o que for, você acha que pode fazer isso de novo?

—Eu certamente espero que sim. Precisamos que você seja
capaz de nos tirar desse buraco de merda.
—Será minha prioridade assim que você me libertar.
Desta vez, foi um pouco mais fácil manobrar nossos corpos
para que eu pudesse enfiar meus dedos entre a mão de Moira e a
segunda algema. Mesmo que a raiva ainda estivesse rugindo
através de mim, a dor fez meus braços e dedos tremerem quando
bolhas apareceram da exposição repetida à prata, tornando difícil
para mim pegar bem o metal.
—Vamos, Sunday. Você consegue fazer isso.
Fechei os olhos, sugando o ar pelo nariz e me forçando a lutar
contra a dor. Isso não era nada. Se esses filhos da puta pusessem as
mãos em nós, seria muito pior. Uma vez que me senti acomodada,
ajustei meu aperto e puxei o metal, um grito baixo crescendo em
minha garganta e crescendo em volume enquanto eu tentava
engoli-lo. Lágrimas escorriam dos cantos dos meus olhos, mas uma
enxurrada de alívio tomou conta de mim quando o metal atingiu o
chão com um tinido suave.
—Você é uma maldita selvagem, Sunday Fallon. Agora, fique
quieta enquanto eu faço minha parte, ok? —O tilintar metálico
ecoou enquanto Moira lidava com a corrente ao redor de nossas

barrigas. Eu não conseguia ver o que ela estava fazendo, só que
funcionou quando a corrente caiu no chão.
—Sem problemas — eu murmurei, meu coração trovejando no
meu peito e manchas dançando em meus olhos. Exigiu muito de
mim, mas eu não conseguia relaxar. Ainda não. Não até que nós
duas estivéssemos livres deste lugar.
Eu não podia ver o que Moira estava fazendo, mas suas mãos
envolveram as algemas em meus pulsos, o metal esfriando
rapidamente até que congelou e ficou quebradiço quando congelou.
—Moira…
—Apenas dê mais um segundo — ela pediu.
Houve um estalo, o som de metal quebrando, e então minhas
algemas caíram no chão em cima das dela.
Moira se moveu para me ajudar a ficar de pé, e reservamos
apenas um segundo para nos abraçar. Nós duas estávamos
tremendo, mas a sensação de seus braços envolvendo meu corpo,
me segurando firme, me firmou. Nós poderíamos fazer isso.
Estávamos fazendo isso.
Eu me afastei, minhas mãos descansando em seus ombros
enquanto eu procurava seus olhos. —Memorizei o caminho que

eles tomaram. Se você puder fazer algo sobre a porta, eu posso nos
tirar daqui.
Moira sorriu. —Eu vou te fazer um melhor. Eu cuido da porta
e do sistema de segurança.
Seus olhos começaram a brilhar enquanto seus lábios
sussurravam as palavras de seu feitiço. Eu sabia que não devia
interrompê-la enquanto ela estava lançando, mas a curiosidade me
puxou. Eu não estava familiarizada o suficiente com feitiçaria para
saber exatamente o que ela estava fazendo, mas enquanto ela
continuava a falar, o ar ficou quente e espesso ao nosso redor. Se
era possível que o ar fosse maleável, era assim que parecia. Como se
Moira tivesse encontrado uma maneira de moldá-lo e dobrá-lo à
sua vontade.
Apenas quando o calor começou a parecer desagradável, ele
evaporou tão rapidamente quanto uma bolha sendo estourada, não
deixando absolutamente nada para sugerir que ele já esteve lá.
—Ok — ela murmurou. Manchas azuis fracas marcavam a
pele pálida sob seus olhos, aludindo ao quanto ela havia exigido
para lançar seu feitiço. —O glamour deve durar até sairmos daqui.
—Glamour?

—Criei um loop temporal, essencialmente. Qualquer um que
venha nos verificar verá nós duas dormindo em nossa cela como
um casal de boas pequenas prisioneiras. Mas devemos nos apressar,
apenas por segurança.
O choque tomou conta de mim. O clã Belladonna era
incrivelmente poderoso, mas ver Moira em ação e ouvir a extensão
do que ela podia fazer. . . Eu estava finalmente começando a
entender o quão poderosos eles realmente eram.
—Claro que você fez. Ok, vamos fazer isso.
Moira pressionou a palma da mão na porta, sussurrando
baixinho enquanto ela magicamente abria a fechadura. Os vergões
vermelhos ao redor de seu pulso eram difíceis de perder. Juntas,
nós duas saímos para o corredor.
Fechando meus olhos, chamei o mapa do labirinto de
corredores em minha mente enquanto agarrei sua mão e a levei de
volta pelo caminho que fomos trazidas para dentro.
Vire à esquerda, vinte passos, vire à direita, sete passos, vire à
esquerda. . .
Estávamos quase lá. Estava muito quieto. Muito fácil. Mais
doze passos.

—Onde vocês duas pensam que vão? — A voz baixa e grave
pertencia a um homem que eu não tinha ouvido antes. Seu sotaque
rude de Londres e o cheiro de cerveja velha e gordura em sua pele
me deixaram no limite. Este era um homem que não se importava
com o que ele tinha que fazer para sobreviver. Ele tinha Moira pelo
braço, seus olhos vidrados e escuros.
—Tire suas mãos dela — eu rosnei.
Sua risada se transformou em uma tosse de fumante, no fundo
do peito, ofegante. O olhar frenético de Moira travou no meu, e eu
podia sentir seu apelo daqui. Faça alguma coisa. Então eu fiz.
Deixei de lado todo o controle pelo qual trabalhei tão duro e deixei
o máximo possível da minha loba jogar. Minha visão ficou
vermelha, dedos mudando para garras afiadas. Ele não me viu
chegando até que suas entranhas estivessem fora de seu corpo.
—Você? — Ele ofegou, liberando Moira em uma débil
tentativa de usar ambas as mãos para segurar suas entranhas no
lugar. Para colocá-las de volta onde elas pertenciam.
—Eu. — Pela enorme quantidade de sangue acumulada no
chão, eu definitivamente atingi uma artéria. Nem mesmo o melhor
cirurgião de Londres seria capaz de recompô-lo a tempo de salvar
sua vida.

—Você tem algo. . . apenas ali, — eu disse, apontando para o
pedaço de intestino que escapou de seu aperto quando ele caiu no
chão em uma pilha se contorcendo.
—Se eu não estivesse tão enojada, eu estaria excitada agora, —
Moira sussurrou. —Você é uma fera.
Dei de ombros, jogando meu cabelo sobre meu ombro. —Ele
teve o que mereceu.
Moira abriu a porta, e nós duas caminhamos para a luz da
manhã. —Deus, garota, você vai precisar de um banho. . . talvez
dois. Acho que você tem sangue no cabelo.
—Valeu a pena — eu disse com um sorriso, pegando sua mão
e dando um aperto. —Obrigada por sua ajuda. Eu não poderia ter
feito isso sem você.
Ela levantou uma sobrancelha. –Eu? Você viu você lá? Você é
uma arma de destruição em massa de uma mulher só. Você matou
aquele cara em dois segundos.
Eu sorri. —Sim, eu fui incrível, não fui?
Para alguém que foi tratada como um inútil desperdício de
espaço a vida toda, ser capaz de derrubá-lo, nos tirar de lá e não
desmoronar me fez sentir que talvez vir para Ravenscroft fosse uma
coisa boa, afinal.

Passos soaram no beco, enviando minha adrenalina mais uma
vez. Empurrei Moira atrás de mim, já preparada para defendê-la
quando dois rostos familiares apareceram na esquina, cambaleando
até parar.
—Noah?
—Sunday? O que diabos aconteceu com você? — Ele correu
para frente, seus olhos escuros com fúria. —Onde diabos eles estão?
Eu vou matá-los.
—Já foi resolvido — eu assegurei a ele.
—Você deveria tê-la visto, Thorne. Ela era como um animal.
Ela o cortou sem vacilar — Moira disse quando Ash a envolveu em
um abraço.
Os olhos de Noah permaneceram selvagens enquanto ele
olhava do meu corpo salpicado de sangue para Moira e de volta. —
Ela fez isso agora?
—Eu fiz — eu confirmei com um aceno de cabeça. —Tenho
planos com meu namorado neste fim de semana. Eu não estava
prestes a perdê-los.
Sem aviso, meus membros começaram a tremer com
intensidade feroz, os dentes batendo quando a adrenalina

finalmente deixou meu sistema. Ah Merda. Eu estava tonta,
enjoada, e não havia chance de ficar de pé por muito mais tempo.
Noah pareceu sentir minha mudança de atitude, preocupação
passou por seu rosto antes de me pegar no berço de seus braços.
—Bem, minha pequena guerreira. Seu namorado também tem
planos para você, e eles começam agora mesmo.

Capítulo Trinta e Um
SUNDAY
A noite estava começando a cair quando uma batida urgente
soou na porta da frente do apartamento do Noah.
—Esperando alguém? — Eu perguntei, desviando o olhar do
pôr do sol que eu realmente não tinha notado, meus pensamentos
muito cheios com os eventos da noite anterior para apreciar os tons
de rosa e laranja. Eu não queria lidar com ninguém ou ser
interrompida. Noah e eu estávamos simplesmente curtindo nosso
tempo juntos. Eu não poderia ter uma noite normal pelo menos
uma vez?
Ele não se afastou muito de mim desde que voltamos para sua
cobertura naquela manhã. Atualmente, ele estava fingindo ler
enquanto eu me aconchegava nele, minha cabeça descansando em
seu ombro enquanto ele usava os dedos de sua mão livre para
desenhar círculos preguiçosos para cima e para baixo no meu braço.
As batidas soaram novamente, desta vez mais ásperas e
raivosas, chacoalhando a porta. A postura de Noah mudou de

relaxada para tensa, e ele resmungou baixinho enquanto fechava o
livro e o colocava na mesinha de canto.
–Padre intrometido do caralho.
Isso chamou minha atenção. O que Caleb está fazendo aqui?
Eu me endireitei, meus olhos seguindo Noah enquanto ele
atravessava a sala em direção à porta.
—O que você quer? — Noah perguntou, inclinando seu corpo
para que ele bloqueasse minha visão de Caleb.
Ou sua visão de mim.
—Eu sei que ela está aí.
—E? É problema seu quem eu recebo em minha própria casa?
—Preciso lembrá-lo que esta não é, de fato, sua casa, mas uma
universidade.
—Meu nome está no prédio, Padre. Acho que isso conta. —
Noah começou a fechar a porta. —Agora, se você não se importa.
Estávamos no meio de alguma coisa.
Caleb empurrou o ombro entre a porta e o batente, parando
Noah antes que ele pudesse fechá-la em seu rosto. Suas próximas
palavras foram ásperas, seu temperamento transparecendo em seu
tom. –Um dos meus alunos foi atacado ontem à noite. Preciso
garantir o bem-estar dela.

—Sunday não é mais sua responsabilidade. Eu assumo e tenho
sob controle.
—Tem mesmo?
—Totalmente.
—Então talvez você possa me explicar como aconteceu que a
mulher que você afirma estar guardando com tanto sucesso foi
sequestrada enquanto estava sob sua proteção?
Oh . . . golpe baixo, Caleb.
As costas de Noah ficaram rígidas, seus dedos ficando brancos
e a madeira gemendo sob sua mão. Uma energia feroz se infiltrou
no ar, crepitando com raiva possessiva, mas eu não sabia dizer a
qual deles pertencia. Os lindos olhos de parar o coração de Caleb
encontraram os meus, preocupação, desprezo e culpa nadando em
suas profundezas.
—Venha comigo. Temos uma sessão marcada, e você não pode
perder esta noite. Preciso que me forneça todos os detalhes do seu
ataque. A diretora precisará saber.
—Eu acho que não. O que ela precisa agora é descansar, não
ser interrogada. Você pode retomar sua sessão na segunda-feira. —
Caleb soltou um rosnado baixo, abrindo caminho para dentro
do apartamento. A força irradiava dele, e o cansaço de Noah era

evidente em seu rosto. Noah não tinha dormido, provavelmente
desde anteontem. Círculos escuros cercaram seus olhos, e algo
sobre nossa conexão me disse que meu instinto estava correto. Ele
precisava de descanso.
—Seu nome pode estar no prédio, mas eu sou o responsável
aqui. Você não. Agora, afaste-se antes que eu o faça, Blackthorne.
Os punhos de Noah se fecharam, a luta passando por suas
feições. —Por favor, vá em frente e tente me afastar, padre. Um
telefonema para meu pai e você será o enviado ao poço para ser
punido.
—Sua mão estaria para fora da janela antes que você
terminasse de discar — Caleb rosnou.
Eu nunca o tinha visto tão agressivo antes. Intenso, sem
dúvida. Bravo? Praticamente todas as vezes que interagimos. Mas
nunca tão dominante. Dos dois vampiros, eu teria dito que era mais
provável que Noah superasse o alfa Caleb, mas agora. . . Eu não
tinha tanta certeza.
Percebendo que sua disputa de pau só iria aumentar a menos
que eu interviesse, eu me levantei e fui para onde eles estavam,
zombando um do outro na porta. Descansando meu braço

levemente nas costas de Noah, murmurei: —Está tudo bem. Eu vou
com ele.
—Sunday …
Eu passei meus lábios sobre sua bochecha, o que fez Noah
amolecer, mas Caleb ficou tenso. —Está tudo bem, de verdade.
Você deveria descansar um pouco, de qualquer maneira. E eu
voltarei assim que terminarmos.
—Eu realmente não posso tolerar — Caleb começou, mas
Noah o cortou.
—A menos que você esteja planejando impor essa regra para
cada estudante aqui residente, eu sugiro que você nem se dê ao
trabalho de terminar sua frase. Sunday ficará comigo no futuro
próximo, e não há nada que você possa fazer sobre isso.
—Você certamente ganhou seu título de príncipe pirralho, não
é? Eu sou um vampiro há mais tempo do que você existe. Antes de
você ser um puxão nas calças do seu pai, eu estava vagando por
esta terra com o poder de arrasar cidades inteiras. Não me teste,
rapaz. Você pode pensar que seu nome protege você, mas não
protege.

Noah deu um passo à frente, suas presas à mostra e seus olhos
brilhando com veneno. Eu empurrei seu peito, me colocando entre
ele e Caleb.
—Isso é o suficiente, vocês dois. Eu já disse que iria com você.
Não há razão para antagonizá-lo ainda mais. — Então olhei de volta
para Noah. —Descanse enquanto eu estiver fora para que você não
fique muito cansado para outras coisas quando eu voltar.
Ele sorriu com isso, enrolando um braço em volta da minha
cintura e me puxando para perto para que ele pudesse dar um beijo
em meus lábios. —Bem, quando você coloca dessa maneira. . . —
Seu olhar deixou o meu e foi para Caleb, um sorriso malicioso nos
lábios tentadores de Noah. —Parece que eu sou o vencedor de
qualquer maneira, Padre.
Suspirei e me afastei de seu alcance, tentando não deixar meu
rosto mostrar a diversão que eu sentia. — Vejo você quando
terminar, Noah. Virando-me para Caleb, eu disse: —Mostre o
caminho, chefe.
Suas narinas se dilataram de aborrecimento, mas ele
simplesmente girou nos calcanhares e caminhou em direção ao
elevador.
—Espere, isso não vai funcionar para você.

Em vez de responder, Caleb pressionou o dedo no painel, o
que fez com que as portas se abrissem.
—Como você pode abri-las e eu não? — Eu resmunguei,
seguindo-o para o pequeno espaço.
—Eu trabalho aqui. São poucos os lugares que não consigo
chegar. Estou surpreso que Noah não tenha permitido seu acesso.
Ele parece apaixonado por você.
–Deve ter escapado da cabeça dele — eu disse, cruzando os
braços. Apesar da minha resposta inócua, o aborrecimento ferveu.
Se eu estava transando com o cara, o mínimo que ele podia fazer
era me deixar usar seu elevador, mas não. . . Eu estava presa na
cidade da escada. Oh bem, pelo menos foi bom para a minha
bunda.
Assim que as portas se fecharam, Caleb se posicionou o mais
longe possível de mim, seu olhar fixo no painel à frente. O vampiro
estava claramente desconfortável, mas isso era devido a estar em
um espaço fechado ou porque eu estava aqui?
—Então esta sessão inclui mais punição? Porque eu realmente
não me vesti para ser acariciada. — Meus mamilos apertaram com a
memória dele me batendo. Nós não nos víamos desde o incidente,

mas eu tinha pensado nisso. . . com carinho . . . muitas vezes desde
então.
Algo mudou nos olhos de Caleb, um músculo se contraindo
em sua mandíbula. Ele olhou para mim, parecendo pesar suas
palavras com cuidado. —Chega de punições.
—Oh? — A decepção me atingiu forte e rápida. Porque eu
gostei do castigo. Tanto quanto um inferno.
—Acho que a última vez provou bem que não posso confiar
em você quando se trata de você, senhorita Fallon. As coisas nunca
deveriam ter progredido a esse ponto. Eu estava lá para ser o
instrumento de seu arrependimento, nada mais. E, no entanto,
cruzei uma linha que nunca deveria ter sido cruzada.
—Porque você é um padre?
—Porque eu sou seu mentor. Mas também por causa dos votos
que fiz, sim. É inapropriado e não vai acontecer novamente.
—Estou disposta a apostar que farei algo para voltar ao seu
escritório um dia desses. Você está dizendo que eu tenho um passe
livre para sair da prisão agora? — Eu levantei uma sobrancelha. —
Ou outra pessoa pode me espancar?
Seus olhos se estreitaram e ele cerrou os punhos, um pequeno
tremor percorrendo seu corpo rígido. —Não. Ninguém mais vai

tocar em você. Você simplesmente cumprirá seu tempo com a
diretora no futuro.
—Ah, sorte minha. Ela é uma alegria.
—Ela é mais poderosa do que quase qualquer pessoa que eu já
conheci. O único ser que a eclipsa no poder é a Dama Branca.
Madame le Blanc viveu muitas vidas, viu e fez muitas coisas. Ela
estar aqui conosco significa que há algo em movimento que todos
teremos que enfrentar.
—Então ela está aqui para nos ajudar?
—Ela está aqui para garantir que tudo o que deve acontecer
aconteça. Se isso ajuda ou prejudica, não tem importância para ela.
—Bem, isso é adequadamente aterrorizante.
Seus lábios se curvaram.
—O que é tão engraçado?
—Eu estava começando a acreditar que nunca viveria para ver
a noite em que você ficaria adequadamente aterrorizada com
qualquer coisa.
O elevador parou, as portas se abriram silenciosamente e
quebraram a privacidade da nossa conversa. Assim, não éramos
duas pessoas compartilhando informações; éramos aluna e
professor, mais uma vez distantes.

—Venha, Srta. Fallon. Você tem uma história para recordar
para mim.

Capítulo Trinta e Dois
ALEK
Eu subi as escadas para o segundo andar das estantes da
biblioteca Satori, minha mente vagando enquanto eu me movia sem
pressa. Eu ainda tinha alguns minutos antes de precisar me instalar.
Estava quieto aqui, a maioria dos alunos optando por permanecer
no andar de baixo, mais perto da área de estudo bem iluminada e
dos materiais de referência mais populares.
Quanto a mim, gostava da calma silenciosa que só a solidão e
os livros podiam proporcionar. As prateleiras apertadas abafaram o
som das conversas sussurradas abaixo enquanto me envolviam no
cheiro quente de couro centenário e a mordida afiada de tinta.
Minha rota era familiar, tendo vindo aqui pelo menos uma vez
por semana desde o início do semestre, e fui capaz de percorrer o
labirinto de pilhas sem me perder no caminho para um pequeno
recanto de leitura logo abaixo de um mosaico da esfinge Satori. Era
ao mesmo tempo familiar e antigo e me lembrava de casa, e é por
isso que o escolhi para essas reuniões semanais.

Olhando para o enorme relógio suspenso no ar, a magia
mantendo-o visível a todos de quase qualquer ponto de vista, notei
que tinha um minuto restante. Apenas tempo suficiente para ter
certeza de que eu estava pronto para ela.
Eu puxei o espelho de bolso do meu, bem. . . meu bolso e sorri,
pensando no dia em que minha tia Quinn me deu. Minha mãe riu
ao ver a bugiganga familiar e depois a soletrou. Ela insistiu que eu a
trouxesse comigo antes de permitir que meu tio Finley abrisse o
portal que me enviava para Ravenscroft.
Assim que o relógio anunciou o início da hora, o pequeno
espelho em minha mão começou a brilhar com uma luz azul
vibrante, e formigamentos subiram pelo meu braço enquanto ele
vibrava. Abri a tampa, o rosto sorridente da minha mãe me
cumprimentando enquanto eu segurava o espelho.
—Bem na hora — eu disse com um sorriso.
—Você está pálido. Está se alimentando?
Eu não pude deixar de revirar os olhos. —Sim, mãe, estou
comendo. Você está linda como sempre.
—Seu pai ficaria tão orgulhoso. Suas falas se espalharam por
você. Mas posso ver através do seu charme, jovem. O que há de
errado?

Um fio frio de desconforto percorreu minha espinha. Minha
mãe estava cercada por muitos videntes para eu ignorar seus
avisos, especialmente se ela estava sentindo algo que eu não podia.
—O que você quer dizer? Por que algo estaria errado?
—Seus olhos estão assombrados por algo.
—Isso é tudo? Talvez eu só precise dormir mais. E como está
Astrid?
—Não tente mudar de assunto perguntando sobre sua
irmãzinha. Ela está bem, cuidando do seu pai, como sempre. Agora
de volta para você. Você tem festejado demais?
—É como perguntar se os vikings bebem hidromel.
Ela suspirou e apoiou o queixo na mão livre. —Talvez eu
estivesse errada em ouvir Cora. Talvez Thor devesse ter tomado
este lugar em Ravenscroft em vez de você. Eu não gosto de ver esse
olhar em seus olhos.
A menção do meu gêmeo tomando meu lugar fez meus pelos
arrepiarem. Tecnicamente, eu tinha roubado o dele, mas isso não
era nem aqui nem ali. —Só porque Thor não descobriu como
remover o bastão que ele enfiou na própria bunda não significa que
ele seja o melhor candidato para esta missão. Eu simplesmente sei
como me divertir enquanto trabalho duro ao mesmo tempo.

—Vou ignorar seu tom e fingir que você não acabou de falar
comigo desse jeito porque se seu pai souber disso, ele vai mandar
Fin mandá-lo para lá agora mesmo para que ele possa te puxar de
volta pela orelha para se desculpar...
Ela não estava errada. Meu pai era um cara do tipo 'aja
primeiro, pergunte depois'. Seu temperamento era notoriamente
curto, como era o caso da maioria dos vikings bravos. E ser criado
por um não era um piquenique. Eu estava exausto só de pensar nas
intermináveis sessões de treinamento a que ele nos submeteu.
Um brilho quente cresceu em meu peito, chamando minha
atenção de onde o rosto de minha mãe olhava para mim através do
espelho e para as prateleiras na periferia.
Sunday.
Meu coração acelerou, errático e selvagem, quando seu foco
pousou no meu, e ela sorriu docemente, levantando uma mão e me
dando um leve aceno.
—O que você está fazendo se escondendo aqui? — Ela
perguntou, entrando no prisma de luz lançado pela janela acima.
Seus olhos se voltaram para o espelho na minha palma, e seus
lábios se contraíram de tanto rir. —Fazendo sua maquiagem?

Sentei-me mais ereto, tentado a fechar o espelho e encerrar a
ligação com minha mãe, mas sabendo que se eu fizesse isso, ela
cumpriria sua promessa de enviar meu pai atrás de mim. —Não.
Apenas um pouco de magia. Eu venho aqui toda semana para fazer
o check-in em casa.
Seus olhos se arregalaram e ela se aproximou. —Você está
falando com alguém agora? — Ela perguntou, inclinando o rosto
para baixo para que seu cheiro de lilás e mel me inundasse. Eu não
podia ter uma ereção agora com minha mãe olhando para nós dois.
—Minha mãe.
Ela virou o rosto, separando nossas bocas a poucos
centímetros. Pela barba de Odin, ela estava tentando me matar.
—Essa é a coisa mais doce que eu acho que já ouvi. Quem
sabia que os grandes e maus Novasgardianos eram os meninos da
mamãe? Então ela se virou para o espelho e deu um aceno alegre
para minha mãe. —Oi, eu sou Sunday. E não tem como você ter
idade suficiente para ser mãe de alguém.
Minha mãe ofereceu-lhe um sorriso doce e de alguma forma
conhecedor. —A magia pode fazer muito pela aparência de uma
garota. É um prazer conhecê-la, Sunday. Eu sou Lina. Meu garoto
está cuidando bem de você?

Meu coração disparou no meu peito, e eu tive que engolir um
gemido. —Mãe …
Sunday descansou a mão no meu ombro. —Ele é um
verdadeiro doce. Ele salvou minha vida, na verdade. Então acho
que devo agradecer por isso. Poderia não estar aqui agora se não
fosse pelo seu filho.
As sobrancelhas perfeitamente arqueadas de minha mãe se
ergueram quase na linha do cabelo. Porra. —Aleksander Alistair. . .
Você nunca se pareceu mais com seu pai do que neste exato
momento. Talvez eu estivesse certa em seguir o conselho de Cora,
afinal.
—Quem é Cora? — Sunday perguntou.
—E esse é todo o tempo que temos. Desculpe, mãe, eu tenho
que ir. Eu te amo. — Fechei o espelho e fechei nossa conexão antes
que qualquer outra conversa embaraçosa pudesse acontecer.
—Eu não queria arruinar seu tempo com a família.
—Você não arruinou. Eu ligo para ela mais tarde.
Meus dedos coçaram para tocá-la, para sentir sua pele sedosa e
suave. E então havia a memória de seus lábios nos meus. O que eu
não daria para beijá-la novamente quando ela não estava à beira da

morte. Ela se endireitou, e eu imediatamente me ressenti da
distância entre nós.
—Então você vem aqui toda semana para conversar com ela?
Eu realmente não te via como o tipo de cara que iria satisfazer sua
mãe dessa maneira. Ela deve realmente sentir sua falta.
—Família é tudo.
Era simples, mas verdadeiro. Mesmo quando nos odiávamos,
nos amávamos. Meus pais lutaram muito para ficar juntos e ensinar
os mesmos valores fundamentais ao resto de nós.
Seus olhos brilharam com a dor lembrada. —Deve ser legal.
Eu quase a alcancei até que Thorne saiu das profundezas das
estantes, os olhos focados em nós. Fazendo sua reivindicação, como
de costume. Punhal sugador de sangue.
—Aí está você, pombinha. Se perdeu?
Ela olhou por cima do ombro para ele, seu sorriso suave e seus
olhos quentes e só para ele. Um punhal no coração teria doído
menos. Foi então que percebi o quão fodido eu estava. Porque eu
queria aquele sorriso para mim, mas ela não era para mim. Ela já
tinha escolhido outra pessoa.
—Não. Acabei de encontrar um viking em um recanto de
leitura e não pude deixar passar a oportunidade de conversar.

—Thorne — eu disse, oferecendo-lhe um breve aceno de
cabeça.
–Alek.
Sunday olhou entre nós e estremeceu dramaticamente. —Brrr,
está frio aqui, ou é apenas mais uma postura de macho alfa que
estou percebendo? — Então ela revirou os olhos. —Foi muito bom
conversar com você, Alek. Vejo você para nossa próxima lição, sim?
—É claro.
—Lição? — Thorne perguntou, uma sobrancelha arqueada.
—Ele está me ensinando como controlar minha . . .
guerreirazinha.
Eu ri. —Essa palavra nem existe.
—Eu usei ela em uma frase, não usei? E você sabia exatamente
o que eu quis dizer. Portanto, é totalmente uma palavra existente.
—Estou corrigindo. Vejo você na próxima vez. Embora eu não
ache que precisaremos que Kingston seja outra pessoa além dele
mesmo para fazer você atacar.
Seu lábio puxou para trás em um rosnado com a menção de
seu nome. —Não. Definitivamente não.
Minha sobrancelha arqueou. O que o idiota fez agora?

Thorne se inclinou e murmurou em seu ouvido, algo tão baixo
que não consegui ouvir, mas pelo jeito que suas bochechas ficaram
rosadas, não era algo que eu queria saber. Ele a empurrou para
longe de mim, uma mão na parte inferior de suas costas daquele
jeito possessivo que os babacas Alfa tinham de andar com suas
mulheres. Eu o odiava por instinto. Mas era por causa de como ele
estava se comportando com ela? Ou porque ele estava com ela e eu
não?
Embolsando o espelho, caí para trás na cadeira e soltei um
gemido pesado. As mulheres nunca foram complicadas. Elas
sempre foram divertidas, e nós gostamos de compartilhar nossas
liberações juntos, gozar, sem amarras. O tempo que passei com
outras mulheres foi casual e divertido e, embora sentisse afeto por
elas, nunca tinha experimentado. . . bem, definitivamente não o que
quer que isso estivesse me torcendo por dentro.
Eu joguei meu braço sobre meu rosto, não pronto para admitir
o que esses sentimentos poderiam significar. Não era como se eu
pudesse agir sobre eles de qualquer maneira. Ela não era minha.
Thorne quase a marcou como sua companheira. E então havia
Kingston, seu verdadeiro companheiro de lobo. Beijo roubado ou
não, eu nem estava no radar dela.

Um zumbido no meu quadril me forçou a soltar meu braço e
pegar meu telefone, me tirando do meu banho. Por que diabos
Moira Belladonna estava me mandando mensagens em vez de
apenas vir me encontrar?
Eu abri sua mensagem, minhas sobrancelhas levantando ainda
mais com cada palavra que eu lia.
Correção. Por que diabos Moira Belladonna estava me
convocando?
Isso deve ser interessante.
CAMINHEI pelo caminho sinuoso através do jardim das
bruxas na parte mais ao sul do terreno. Claro que a bruxa pediria
para se encontrar aqui. Ervas de todos os tipos cresciam em fileiras
bem plantadas, o cheiro de alecrim atingindo meu nariz primeiro,
seguido logo pelo aroma distinto de sálvia. Meus passos eram
pesados no caminho de cascalho, mais alto do que eu gostaria
quando me aproximava de alguém que eu não tinha certeza que
pretendia me repreender ou elogiar por algo que eu tinha feito.

Vozes baixas me alcançaram primeiro, aumentando minha
confusão. Eu pensei que Moira pretendia que nos encontrássemos
sozinhos, mas aparentemente eu entendi errado. Ainda mais
curioso quanto às suas intenções, caminhei um pouco mais rápido,
encontrando-a parada no centro circular do jardim, bancos
estrategicamente colocados nas pontas do pentagrama gravado na
terra com pedra. Ela estava carrancuda para Kingston, impossível
não notar com seu cabelo em um tom vibrante de amarelo
iluminador com raízes verde-neon.
—O que ele está fazendo aqui? — Kingston cuspiu, seus olhos
duros e irritados.
—Eu poderia perguntar o mesmo de você.
—Calem a boca, vocês dois. Você está aqui porque eu lhe pedi
para estar, e isso é tudo que você precisa saber agora. O olhar de
ametista de Moira brilhou com advertência enquanto ela
murmurava. —O que há na berinjela do diabo que faz todos vocês
agirem como um bando de idiotas mimados?
—O diabo é o que agora? — Eu perguntei, incapaz de parar
meu sorriso. —Já ouvi falar da campainha do diabo, mas esta é
nova.

—Seu pau, Nordson. Estou falando dos seus paus. Todo
mundo sabe o que é o emoji de berinjela. Certamente você tem
emojis em Novasgard.
Eu ri. —Oh eu sei. Eu só queria fazer você dizer pau.
—Já que você sabe que eu sou severamente alérgica a pau, isso
significa que você me deve minhas próximas dez rodadas no
Iniquity, seu idiota.
—São dois agora.
Ela olhou para mim, as mãos nos quadris.
Kingston soltou um gemido frustrado. —Vamos com isso,
bruxa. Tenho lugares para estar que não envolvem você ou sua
equipe de desajustados. O que é isso tudo?
—Acalme suas tetas, menino cachorro. Estamos esperando
um. . .
Thorne veio pela clareira na boca do caminho à minha
esquerda, o estado amarrotado de sua camisa e cabelo deixando
poucas dúvidas sobre o que ele estava fazendo antes de receber a
mensagem de Moira. Minha mandíbula apertou, e eu desviei meu
olhar dele, mas não antes de ver o óbvio chupão em sua garganta.
—— Ah, bom, ele está aqui. — Moira bateu palmas. —Sente-
se para que possamos começar.

Thorne olhou primeiro para mim e depois para Kingston antes
de suas sobrancelhas se juntarem. —O que diabos você está
fazendo, Belladonna?
—Precisamos conversar sobre Sunday.
A postura de Thorne endureceu. —Ela está bem. Acabei de
deixá-la e posso garantir que todas as suas necessidades estão
sendo atendidas.
O rosnado baixo que veio de Kingston foi acompanhado
apenas pelo meu próprio rosnado involuntário. Pelos peitos de
Freya, de onde veio isso?
—Eu disse para acalmar suas fodidas tetas, lobo, — Moira
disse, puro veneno em sua voz. —É exatamente por isso que
estamos aqui. Vocês três.
—O que tem nós?—Eu perguntei.
—Tenho certeza de que pelo menos um de vocês vai tentar
negar, mas nem é preciso dizer que todos vocês são atraídos pela
minha colega de quarto.
—Eu não faço parte disso. — Mesmo quando eu disse isso, o
argumento caiu por terra.
Moira revirou os olhos. —Obrigado por provar meu ponto,
Viking. Mas sim, você é. Todos vocês são. E depois do que

aconteceu na outra noite, é bastante óbvio para mim que Sunday
vai precisar de vocês três se ela tiver alguma chance de ficar segura.
O alarme disparou pelo meu peito, deixando-me frio e
nervoso. —Que outra noite? O que você não me contou?
Os olhos de Moira brilharam, a raiva os fazendo brilhar como
joias. —Fomos levadas por caçadores.
—O que? — Kingston rosnou, seu corpo tremendo, olhos
brilhando em âmbar profundo enquanto ele e seu lobo lutavam
pelo controle.
Uma ira diferente de tudo que eu senti antes se desenrolou em
meu peito, algo indomado e selvagem chacoalhando através de
mim. —Onde? Eu exigi.
Moira lutou contra um sorriso. —Calma, tigrão. Sunday e eu
cuidamos disso. Principalmente Sunday, mas você não precisa se
preocupar em fugir e arrancar cabeças de corpos. Eu só quis dizer
que eles vieram atrás dela duas vezes até agora. Claramente, esses
caras estão atrás de algo, e acho que todos nós nos sentiríamos
muito melhor se soubéssemos que ela não se encontraria em uma
situação em que teria que lidar com eles sozinha.
—E então você convocou todos nós aqui e a deixou sozinha?
— A voz de Kingston era um grunhido desumano.

Moira estreitou os olhos para o shifter. —Eu esperava que ela
permanecesse segura enquanto estivesse no campus, mas depois de
hoje, se vocês idiotas seguirem o plano, não precisaremos nos
preocupar com isso novamente.
Thorne cruzou os braços sobre o peito. —Eu posso protegê-la.
—Você pode? Você fez um ótimo trabalho na outra noite.
Coisas de heróis reais lá, amigo. —
Eu me virei para ele. —Você estava lá e deixou ela ser levada?
Que diabos está errado com você?
—Os bastardos usaram prata. Surgiram do nada.
—Então, o que os impede de fazer isso de novo? Claramente
você não pode confiar em sua segurança por conta própria, — eu
rebati, a fúria ainda surgindo em minhas veias.
—Ah, e você acha que pode, é isso?
—Eu com certeza não seria derrotado por uma porra de metal.
Se é isso que você está perguntando.
Kingston deu um passo em minha direção. —É meu trabalho
mantê-la segura. Se ela apenas aceitasse a verdade e me deixasse
reivindicá-la, ela não estaria vagando pelas ruas com um
sanguessuga.

—Prata iria pará-lo com a mesma facilidade — apontei. —Eu
sou o único aqui que não é afetado.
—E você acha que pode ficar com ela vinte e quatro horas por
dia? Aposto que você adoraria isso. Tê-la só para você para que
você pudesse convencê-la a finalmente dar a você a hora do dia. —
As palavras de Kingston acertaram em cheio, e a raiva ferveu no
meu sangue.
—Apenas dê um tempo, vocês três, — Moira disse, estendendo
as mãos. —Nós entendemos. Todos vocês têm paus enormes, do
tamanho de um tronco de árvore. Ninguém se importa. Não
estamos impressionados. Isso é sobre Sunday e seu bem-estar.
Achei que vocês poderiam ser adultos o suficiente para admitir que
ela estaria mais segura se todos nós trabalhássemos juntos. Mas se
eu estivesse errada sobre vocês...
—Chega, häxa. Você fez o seu ponto. — Ela se assustou, seus
olhos se arregalaram quando as palavras que ela estava prestes a
dizer morreram em sua língua com o meu tom áspero.
—Você está propondo que todos nós cuidemos dela? Thorne
perguntou, sua pergunta hesitante. —Ela é minha companheira.
—Minha, Kingston rosnou. —Ela. É. Minha.

Outra onda de raiva possessiva subiu em meu peito, e eu tive
que lutar para não morder a minha também. Minhas mãos se
fecharam em punhos apertados, apertando com tanta força que
meus dedos estalaram.
Moira sorriu para nós. —Realmente é inédito para uma mulher
forte ter múltiplos protetores e/ou companheiros. Os fae têm
trabalhado juntos com sucesso por eras. Tenho certeza que vocês
podem descobrir como fazer isso funcionar.
—Vários companheiros? — Eu perguntei.
—Absolutamente não. — Kingston olhou para mim, a
promessa de dor em seus olhos se eu a tocasse.
Se ele soubesse o quanto dela eu já havia tocado.
Thorne, surpreendentemente, não protestou.
—E você? — Eu pressionei, curioso quanto à sua aparente
aceitação. —Você está bem com isso? Você praticamente já a
marcou como sua.
—Eu percebi que ela foi feita para mim há um tempo atrás. O
vínculo do companheiro é forte, embora não tenhamos completado
o ritual. Mas eu já aceitei que a parte loba dela está ligada a
Kingston. Não está fora do reino da possibilidade para ela ter mais
do que apenas nós dois.

—Não se precipitem. É a escolha de Sunday com quem ela
acaba, — Moira nos lembrou. —Mas se todos vocês se importam
com ela tanto quanto parece, então esta é uma maneira de todos
vocês terem o que querem. A devoção vem em muitas formas. Nem
todos eles têm que envolver sexo, vocês sabem.
—Então você não está propondo fazer parte disso... como você
chama isso, harém? —Eu perguntei.
—Não. Tem muita salsicha na mesa. Estou aqui para apoio
moral platônico. Vocês três são muito para lidar. Algo me diz que
ela vai precisar da minha ajuda.
Eu sorri com isso. Se a reunião de hoje provou alguma coisa, é
que ela estava certa. —Justo. — Fiz contato visual com cada um dos
homens. —Aconteça o que acontecer, a segurança dela é a coisa
mais importante. Acho que todos podemos concordar com isso.
—Concordo — disse Thorne, voltando sua atenção para
Kingston. —Está dentro?
O lobo permaneceu em silêncio, um músculo em sua
mandíbula batendo furiosamente enquanto considerava a pergunta.
—Tudo bem —, ele cuspiu, as palavras parecendo custar-lhe. —Já
que você parece já estar dentro do que é meu, suponho que tenho
que deixar você mantê-la segura.

Eu tive que entregá-la a Thorne, ele conseguiu manter a calma
e não morder a isca. Ele estendeu a palma da mão, esperando que
Kingston cumprisse o acordo. Quando o shifter finalmente aceitou a
oferta, Thorne então se virou para mim. —Viking?
Peguei sua mão na minha, surpresa com a força de seu aperto
enquanto nos cumprimentávamos. —Por Sunday.
—Ah, quem diria!? Milagres acontecem. Posso fazer vocês se
beijarem e fazerem as pazes agora?
—Não abuse da sorte, bruxa.
Ela ergueu as mãos. —Entendi. Esta é uma zona de
cruzamento sem espadas.
Eu ri. —E agora? Nós desenhamos canudos e escolhemos
turnos?
—Se vamos fazer isso, temos que fazer parecer o mais normal
possível para ela. Sunday Fallon não gosta que lhe digam o que
pode ou não fazer. Confie em mim, eu sei. — A voz de Kingston
tinha um tom de arrependimento, o que me surpreendeu.
Precisamos nos colocar no caminho dela e ficar de olho sem que ela
saiba que estamos trabalhando juntos.
–Você realmente acha que ela não vai descobrir? — Thorne
perguntou, sua voz cheia de diversão. —Você não deve conhecê-la

tão bem quanto pensa que conhece. Ela não é boba. Ela vai farejar
você no segundo que você começar a prestar atenção nela.
—Ela pode, mas se contarmos o plano a ela, ela vai recusar.
Desta forma, não lhe damos escolha. Onde quer que ela esteja, um
de nós estará lá.
—Force-a. Claro que essa é a sua tática.
Kingston rosnou duramente: —Pelo menos eu não a abandono
toda vez que fico com medo.
—Oh, pelo amor de Deus, — eu suspirei, pisando entre eles. —
Vamos apenas fazer o nosso melhor para sermos discretos, e
quando chegar a hora de revelar o que está acontecendo, nós
contamos a ela a verdade. Até lá, pode ser bom se vocês dois
ficarem longe um do outro. Você é tão agradável de estar por perto
quanto uma bunda nua contra um cacto.
—Fazemos turnos. Comuniquem-se quando a levarmos a
qualquer lugar. Mais de um de nós deve estar por perto se ela
estiver fora do campus. Isso inclui o clube, Thorne. Ela não pode
ficar sozinha. Nunca. — A postura de Kingston estava tensa, pronta
para lutar.
—E quando você precisar caçar, avise um de nós, — eu disse a
Thorne, notando as olheiras sob seus olhos. Um sinal claro de que o

vampiro não estava se alimentando. —Eu não vou tirá-la de você.
Eu juro.
—Como se você pudesse —, ele falou lentamente.
Eu não respondi a isso. —Você não é bom para ela se estiver
fraco. E não importa o quanto você se posicione, você está fraco. Eu
posso sentir o seu cheiro.
—Tudo o que posso sentir é a boceta dela nele, — Kingston
mordeu.
Moira olhou para ele. —Onde a boceta dela esteve ou não
esteve não é da sua conta, menino cachorro. Pare com a birra
porque ela não quer brincar com o pequeno Kingston.
—Não há nada de pequeno sobre ele, eu lhe asseguro.
Moira revirou os olhos. —Homens — ela suspirou. —Vocês
todos parecem esquecer que as coisas que posso fazer com meu
punho são muito mais impressionantes do que o que vocês podem
fazer com aquele pedaço de carne entre as pernas.
Isso calou a todos nós. Fiquei boquiaberto para ela, tentando
não imaginar o que ela estava descrevendo.
—Thorne, você precisa ir caçar. Não há maneira de contornar
isso. Kingston, você faz o primeiro turno. Você não tem uma sessão
com ela hoje, de qualquer maneira? Perguntou Moira.

Ele deu a ela um aceno apertado. —Eu tenho. Já estou atrasado
para isso.
—Então vá embora. Não há necessidade de dar a ela mais
razões para te odiar. Quando ele se virou, ela chamou. —Mas,
Kingston? Um conselho sábio que você deve aprender. Você não
pode chamá-la de sua companheira e depois se virar e enfiar seu
pau dentro do primeiro buraco disposto que você encontrar e
esperar que ela não fique chateada. Mantenha isso em mente para o
futuro, sim?
—Cuidar dela inclui seu bem-estar emocional, — eu disse a
ele, minha voz dura. —Se você a machucar de alguma forma, lobo,
você responderá a mim.
—E a mim, — Thorne ecoou, solidificando nosso futuro como
equipe. Daqui em diante, Sunday tem pelo menos dois homens
comprometidos a permanecer ao seu lado, não importa o quê.
Kingston viria. . . ou ele seria removido da equação.
A escolha é dele.

Capítulo Trinta e Três
KINGSTON
—Onde diabos ela estava? Andei ao longo da margem do lago,
tentando sentir o cheiro da Sunday. Rezando para que não
houvesse vestígios dela, porque eu não poderia lidar com isso se ela
estivesse lá e fosse embora, ou pior, sendo levada enquanto eu
estava preocupado com a bruxa e sua trama. Tudo o que eu
cheirava era terra e o aroma levemente lamacento de água
estagnada. Nem uma pitada do doce lilás que me chamava mesmo
quando eu estava dormindo. Mesmo que eu tenha tentado como o
inferno mantê-la afastada.
Tinha sido pior desde que eu tinha visto o olhar quebrado em
seus olhos enquanto eu batia em . . . Qual era o nome dela . . .
Hope?
A prova de que a Sunday havia sentido algo, qualquer coisa,
mais do que luxúria e indiferença, tinha me dilacerado. Se eu
achasse que havia alguma chance de ela realmente se importar
comigo, eu nunca teria feito isso. Não importa o quanto minhas
bolas doessem e o quão desesperado eu estava para a liberação, não

havia substituta para a minha companheira. Eu me afundei de bom
grado na primeira garota que disse sim, perseguindo o prazer
entorpecente como uma ferramenta para afastar Sunday.
Mas não funcionou.
A verdade era que eu tinha perdido minha ereção até que
Sunday irrompeu pela clareira e eu travei os olhos com ela. Sem
aviso, aquela necessidade, aquele desejo primitivo de foder e
reivindicá-la e marcá-la veio rugindo à superfície, e eu não poderia
ter parado o orgasmo mesmo que eu quisesse. Mas não era para a
garota debaixo de mim. Era tudo para ela.
Sunday.
Minha companheira.
Cada vez, era para ela. Desde o dia em que pus os olhos nela
pela primeira vez. Ela era dona do meu corpo e da minha alma. Se
ela os queria ou não, era indiferente pra mim.
E eu gostaria de poder odiá-la por isso.
Meu telefone tocou no meu bolso, me arrastando de volta da
memória da minha traição. Porra Moira. Como ela tinha o meu
número?
—Olá, bruxa. Já sente minha falta?

—Ah! Não é provável. Eu estava ligando para informá-lo que
você já está falhando, idiota. Sunday está no nosso quarto quando
ela deveria estar com você.
—Droga. Loba teimosa. Mantenha ela aí. Deixe a porta
destrancada.
Desliguei antes que ela pudesse responder, enfiei o telefone no
bolso e voltei pelo caminho por onde vim. Ela me evitou durante a
última semana, e eu não ia deixar isso acontecer mais. Seu tempo
para fazer beicinho havia acabado.
Eu peguei seu cheiro assim que cheguei à escada, e meu pau se
levantou e notou também. —Para baixo, garoto, eu murmurei,
subindo as escadas de dois em dois. Eu estava em seu andar em um
momento, nem mesmo me incomodando em bater quando fiz a
porta do quarto dela se abrir.
Sunday olhou para mim em estado de choque, sua expressão
mudando de surpresa para raiva em meio segundo. —O que diabos
você pensa que está…
Atravessei a sala e a joguei por cima do ombro. Eu não estava
aqui para ouvir mais nenhuma merda dela. Ela iria de um jeito ou
de outro. Nós chegaríamos ao tipo bom de vir de boa
eventualmente, mas por enquanto, isso teria que servir.

Eu ri enquanto seus punhos minúsculos martelavam nas
minhas costas. Meu braço em volta de suas coxas a segurou
firmemente no lugar, sua loba já se curvando para o Alfa que a
tinha em suas mãos. Era bom tocá-la, mesmo que eu a estivesse
irritando.
E a raiva era uma espécie de preliminares para nós neste
momento. Uma vez que resolvêssemos todas as nossas merdas,
seríamos explosivos. Eu simplesmente sabia.
Meu lobo me empurrou, me implorando para levá-la de volta
ao meu quarto ao invés do lago, me pedindo para ceder ao meu
instinto, que gritava para levá-la e torná-la minha. Mas eu não
podia. Eu não iria tocá-la dessa forma até que ela estivesse me
implorando por isso. Aquela primeira vez na biblioteca, quando
perdi o controle e deixei meu lobo assumir, estava cruzando uma
linha que prometi nunca cruzar novamente. Eu estava no controle,
não minha besta.
—Juro por Deus, Kingston, me coloque no chão neste instante
ou...
—Ou você vai o que, exatamente? — As pessoas estalavam a
cabeça para fora de seus quartos enquanto eu a arrastava pelo
corredor, meu objetivo à vista, as escadas. —Ninguém aqui vai te

ajudar. Eles sabem que você precisa de treinamento. Todos eles
ainda estão com medo de que você os agarre e os mate.
—Isso foi um golpe baixo, seu filho da puta.
—Ah, continue falando sujo. Isso me deixa excitado.
Isso a calou, o que me fez rir. Não deveria ser tão divertido
deixá-la irritada.
—Tenho certeza que uma das mulheres de seu harém estará
disposta e me agradecendo então. Você tem alguém em mente já
para se curvar sobre uma pedra depois que eu sair?
Sua raiva significava que ela ainda se importava. Foi sua
indiferença … e sua dor … que me separaram. Raiva que eu
enfrentaria com prazer o dia todo. Significava que havia uma
chance de meu lobo e eu conseguirmos exatamente o que
queríamos. E qualquer coisa que terminasse comigo afundando as
bolas em Sunday Fallon, valia a pena esperar.
Eu parei, deixando-a cair para que seu corpo deslizou na
frente do meu. Seu choque a manteve imóvel quando peguei seu
olhar, segurando seu queixo entre o polegar e o indicador. —Ouça,
Raio de Sol. Eu só vou dizer isso uma vez. De agora em diante, a
única mulher que estou inclinando sobre qualquer coisa é você. —
—Bem, eu não estou interessada.

—Mentirosa. Eu posso cheirar o quanto você me quer agora.
Mas tudo bem. Nós vamos chegar lá. Assim que libertarmos sua
loba, você não será capaz de resistir ao desejo de se apresentar para
o seu Alfa.
Seus olhos se arregalaram quando sua respiração engatou.
Porra, os sons que ela fazia, mesmo pequenos assim, me atingiam.
—Foda-se, Kingston.
—Paciência. Como eu disse, chegaremos lá. Agora vamos.
Temos trabalho a fazer.
Duas horas depois, estávamos ambos suados, sem fôlego e
mais do que um pouco sujos. Além de arranhar minha camisa e
meu peito com suas garras, Sunday estava mais perto de mudar
completamente. Eu podia sentir sua loba, muito mais perto da
superfície do que nunca, mas ainda havia algo a enjaulando. Até
descobrirmos o que era isso, Sunday não seria capaz de se libertar.
Eu estava duro e dolorido, exausto por usar tanto controle e
lutar contra o instinto natural da minha besta de marcar minha
companheira. Mas meu trabalho estava longe de terminar. Mais do
que isso, a cada momento que passava com Sunday, meu desejo de
protegê-la ficava mais forte. Eu não precisava apenas estar com ela.
Porra, eu a queria .

Foi uma revelação infernal, especialmente depois de tantos
anos me forçando a odiá-la.
Mesmo com a necessidade de reivindicá-la rugindo em minhas
veias, não havia como negar que passar tempo com ela também
acalmava algo selvagem e quebrado dentro de mim. Isto estava
certo.
Ela estava certa.
Estávamos destinados a estar juntos. Eu só precisava fazê-la
ver isso também.
Eu a segui de perto enquanto caminhávamos pelo pátio, cheio
de alunos estudando, conversando e rindo. Eu realmente não tinha
rido em muito tempo. Eu estava muito ocupado tentando afogar
minhas mágoas em bebidas e mulheres que não importavam. Ou, se
eu não estivesse fazendo isso, estava no music hall purgando minha
dor nas teclas de um piano.
Ela estava tão focada em ficar longe de mim, ela claramente
não viu a escada em seu caminho quando ela foi direto para a porta
que levava para dentro. Minha mão se contorceu quando alcancei
ela por instinto para pressionar minha palma na parte inferior de
suas costas e conduzi-la em direção à segurança.

—O que você está fazendo? — Ela retrucou, batendo na minha
mão.
Seu vitríolo instantaneamente azedou meu humor. —Tentando
evitar que você coma merda na frente de todo o campus. Foi mal.
Não vai acontecer de novo.
Olhando de mim para a escada em seu caminho, depois de
volta, sua expressão suavizou. —Oh. Obrigada.
Eu imediatamente estiquei meu pescoço e examinei o céu.
—O que você está procurando?
—Verificando se os porcos começaram a voar aleatoriamente
ou se o mundo está chegando ao fim repentino e ardente. Porque,
até onde eu sei, esses são os únicos dois cenários em que você
voluntariamente me agradeceria por qualquer coisa.
Seus lábios se contraíram em um leve sorriso. —Eu não sou tão
ruim.
—Sim, você é. Mas eu ganhei.
—Ganhou merda nenhuma.
As palavras podem ter sido duras, mas seu tom não foi. Ela
estava me aquecendo. Apontei para os cartazes recentemente
afixados na parede do pátio. —Você viu isso?

Ela olhou para a placa anunciando o próximo Midnight
Masquerade, um baile de máscaras, com uma carranca. —Sério?
Um baile? Não somos um pouco. . . velhos para bailes escolares?
—Isso não é apenas um baile. É nossa primeira incursão em
sutilezas políticas. É um teste.
—O que você quer dizer?
—É a primeira vez que todos os presentes terão acesso total ao
seu poder sem quaisquer limitações. Nós... tiramos nossas coleiras,
por assim dizer. — Dei de ombros. —E se conseguirmos passar sem
matar um ao outro, continuaremos pelo resto do ano.
As sobrancelhas de Sunday se ergueram. —Isso é seguro?
—Não remotamente. Mas a vida em nosso mundo raramente
é. — Eu sorri. —Até agora, apenas um punhado de criaturas
morreram.
—Isso é reconfortante. — O sarcasmo em seu tom era
impossível de perder.
Eu respirei fundo e me preparei para sair em uma borda que
eu não tinha enfrentado desde que ela me rejeitou.
—Sunday, você iria...

—Aí está você, pombinha, — Thorne chamou do outro lado do
pátio, o bastardo parecendo ter saído das páginas da porra da
revista GQ. —Eu estive procurando por você em todos os lugares.
—Eu aposto que você esteve — eu murmurei. O vampiro
claramente se alimentou, seus olhos brilhantes e não mais cercados
por círculos roxos semelhantes a hematomas. Eu odiava que ele
pudesse virar a cabeça dela tão facilmente. Como se eu nem
existisse mais para ela.
Ela foi até ele, aninhada em seu peito com um sorriso aliviado
em seu lindo rosto. Eu queria fazê-la sorrir assim.
Porra.
—Você está parecendo bem, — ela murmurou, dando um beijo
inocente na bochecha dele. Um fodido roçar de lábios fez com que o
ciúme me corroesse por dentro. Qualquer esperança ou pensamento
positivo que eu estava alimentando teve uma morte rápida.
—Eu estou me sentindo bem. Lamento ter que sair para me
alimentar. É a natureza da besta, receio.
—Você não deveria ficar tanto tempo sem se alimentar.
Especialmente não por minha causa.
Sua demonstração de união me fez ter vontade de vomitar. Ou
começar a socar as coisas. Eu precisava dar o fora daqui. Dando

meia-volta, eu pretendia fazer exatamente isso. Meu turno acabou.
O pacote transferido. Tarefa concluída.
—Espere, Kingston. Você estava prestes a me perguntar algo...
Sua voz cortou através de mim. Havia uma ternura nas
palavras que eu não esperava. Como se isso importasse para ela, o
que quer que eu estivesse prestes a perguntar.
—Não. Não se preocupe com isso. Já tenho minha resposta.

Capítulo Trinta e Quatro
SUNDAY
—É assim em Novasgard? Eu perguntei, aborrecimento
colorindo meu tom.
Alek riu de seu lugar dois passos atrás de mim enquanto
caminhávamos pelo corredor em direção ao meu dormitório. —Eu
não tenho ideia do que você quer dizer.
—Grandes vikings maus seguindo suas mulheres? Não lhes
dando espaço para respirar?
Ele riu novamente. —Definitivamente não. Nossas mulheres
carregam machados e sabem como usá-los. Strega, nossa jarl, ou
condessa, esfolaria o homem que tentasse insinuar que ela não
podia cuidar de si mesma. Todas as mulheres o fariam.
Eu parei tão rapidamente que ele colidiu comigo, me
desequilibrando. Ele estendeu a mão para me firmar, mas eu me
endireitei e me soltei de seu aperto, virando-me para encará-lo,
adagas em meu olhar. —Oh, eu entendo.
A diversão em sua expressão desapareceu, me dizendo que ele
imediatamente percebeu seu passo em falso. —Não é isso que eu…

—Não é? Você deve desistir enquanto você está à frente. Vocês
três acham que eu não descobri o que estão fazendo? Deus, é tão
óbvio. Vocês acham que eu não consigo me controlar, que vou
machucar alguém. Vocês não confiam em mim.
Meu peito queimava de vergonha. Eu pensei que estava
fazendo melhor. Ganhando controle. Ainda hoje em nossa sessão,
Alek me disse o quão longe eu tinha chegado. Mas se não era ele
agindo como minha sombra, era Noah, ou pior, Kingston.
—Não, Sunday. Você não entende. Mesmo as mulheres mais
fortes precisam de alguém para cuidar de suas costas. Não é sobre o
seu controle. É sobre a sua segurança.
—Segurança? Estou segura aqui. Eu não tenho certeza de
como você perdeu isso tanto quanto tem ficado atrás do meu rabo
ultimamente, mas eu não deixei o campus desde que os caçadores
pegaram eu e Moira. Estendi a mão para a maçaneta, mas parei,
suspirando. —Eu só preciso de um pouco de espaço para respirar.
Eu não posso acreditar que estou dizendo isso, mas eu estou.
O pedido de desculpas cintilou em seus olhos, mas eu já podia
dizer pela expressão determinada de seu rosto que ele não tinha
intenção de recuar. Suas próximas palavras confirmaram isso.
—Você vai sair de novo hoje à noite?

Com um bufo frustrado, eu me virei, tirando meu olhar dele.
Minha longa trança se conectou com o peito largo do teimoso
viking e, por um breve momento, desejei que seu punho me
pegasse pelo cabelo e me puxasse de volta contra ele. Em vez disso,
entrei no quarto e bati a porta antes que ele pudesse protestar. Ou
me irritar ainda mais tentando alguma manobra estúpida de macho
alfa como me seguir para dentro.
—Um. Oi? — Moira disse de onde ela estava empoleirada na
beirada de sua cama.
—Os homens são estúpidos.
—Verdade. — Ela me deu uma olhada pensativa e fechou seu
livro antes de colocá-lo ao lado dela. —Sei porque penso assim. Mas
o que finalmente a convenceu?
—Eles. Todos eles. Eles não vão me deixar em paz.
—Isso é o que acontece quando você tem uma boceta mágica.
Deixei cair minha jaqueta na minha mesa e tirei minhas roupas
de treino suadas para mudar para algo mais confortável. —Isso
faria sentido se alguém além de Noah tivesse acesso a ela. Mas
vendo como ele está me irritando agora, ele também não está
entendendo. O único homem que não está me irritando hoje em dia
é um padre gostoso. Então, qual é a sua próxima desculpa?

Moira riu. —Bem, isso foi mais informação do que eu pensei
que teria. Vamos voltar para o padre em um minuto. Ela se
levantou e caminhou até o pequeno armário onde guardamos
algumas garrafas de vinho, disse um pequeno feitiço baixinho, e a
rolha se soltou. —Isso exige um pouco de álcool.
—Deus, sim, eu gemi. —Sério, Moira. É como se eu não tivesse
um segundo para mim desde a noite com os caçadores. E eu não
posso acreditar que estou prestes a dizer isso, mas ter três homens
sensuais respirando no meu pescoço quase a cada segundo do dia
não é tão divertido quanto você imagina. É irritante. Eu juro para
você, Kingston me seguiu direto para o banheiro está manhã. Não
foi até que eu o empurrei de volta em sua bunda que ele finalmente
ficou parado. Tipo, que porra é essa? Ele achava que eu precisava
de sua ajuda para fazer xixi? Ou ele está tão desesperado para
entrar nas minhas calças que pensou que entrar comigo o deixaria
mais perto?
Um olhar culpado cintilou em seus olhos.
—Moira. . . Eu conheço esse rosto. Essa é a cara de alguém que
precisa confessar.
—Culpada como acusada — ela admitiu. —Eu posso, uh, ter
algo a ver com os guardas da prisão.

—O que? Por quê? Você estava lá. Eu chutei a bunda dos
caçadores.
Servindo a nós duas um copo de vinho tinto rico, ela apontou
para a minha cama. —Sente-se primeiro.
Estendi a mão para pegar um dos copos. —Que tal você me
dar o vinho primeiro? Parece que vou precisar. — Uma vez que
ambos tomamos nossas bebidas, nos acomodamos na cama, mas ela
não olhou para mim. —Moira, você está me assustando. O que está
acontecendo?
—Você se lembra de como eu lhe contei sobre minha tia
Tabitha?
—Aquele que tem visões, certo?
—Sim, bem. . . surpresa, Tabitha sou eu. Eu sou a única com
visões.
—Então, isso é como pedir uma situação de amiga?
Ela tomou um grande gole de seu vinho e assentiu. —As
pessoas enlouquecem quando percebem que você tem vislumbres
do futuro. Ou eles começam a exigir cada pequeno detalhe, ou não
querem nada com você.
—Então, você teve uma visão? — Engoli a tensão crescendo
em meu estômago. —Sobre mim?

Ela mordeu o lábio e assentiu lentamente. —Nada específico.
Elas não funcionam assim. São apenas imagens e emoções. Eu vi o
suficiente para saber que algo está vindo para você, Sunday. Não
sei o que, quem ou quando, mas sei que esses homens fazem parte
disso. Minha visão deixou uma coisa clara. Você precisa deles.
Então eu pedi a eles para mantê-la segura.
Isso mudou as coisas. Um fragmento frio de medo cortou
fundo, alojando-se em minha barriga. Ela não teria feito isso se não
fosse sério. —Você pediu para eles cuidarem de mim? E até
Kingston concordou?
—Acredite ou não, fazê-los concordar não foi a parte mais
difícil. Eles são todos loucos por você. No segundo em que
perceberam que você estava em perigo, eles estavam exigindo ser o
único a salvá-la. Era a parte de trabalhar em conjunto com a qual
eles lutavam. Mas, no final, todos eles concordaram. — Ela franziu
a testa então, uma sombra passando por seus olhos. —Há uma
quarta figura que sinto ao seu redor. Eu não vi um rosto, então não
tenho certeza de quem deveria ser, mas ele está lá fora.
Eu me contorci sob seu escrutínio. Eu sabia quem ela viu. Em
quem eu tentei … e falhei … não pensar. Ela também era uma
leitora de mentes secreta? Tentei trazer à tona o escudo mental que

Noah estava me ensinando a usar apenas quando necessário. Ela
não precisava saber das minhas fantasias sórdidas sobre Caleb.
Ninguém precisava. Pânico apertou minha garganta, fazendo
minha respiração ficar ofegante.
Moira estendeu a mão, suas sobrancelhas franzidas. —Sinto
muito, Sunday. Se eu tivesse percebido o quanto isso iria aborrecê-
la, eu não teria feito isso. Eu só queria proteger você. — Assim que
sua mão se conectou com a minha, um frisson de energia elétrica
subiu pelo meu braço, e um calafrio percorreu minha espinha. O
mundo ao meu redor ficou cinza, e minha cabeça girou.
—Moira, o que…
Eu a encarei, minha visão clareando quando ela entrou em
foco. Seus olhos estavam nublados, um branco esfumaçado pálido.
Estranho e enervante.
—Moira! Moira, você está bem?
Seus membros tremiam, os olhos rolando para trás em sua
cabeça. Puta merda, ela estava tendo uma convulsão? O que eu fiz?
Como eu poderia ajudá-la? Sua mão soltou a minha, e ela ficou
imóvel.
Tão rápido quanto veio sobre ela, o ataque ou feitiço ou o que
quer que tenha sido se foi. Piscando rapidamente, ela balançou a

cabeça, seu cabelo mudando de um índigo vibrante para um verde
esmeralda profundo. Quando seus olhos voltaram para os meus,
um medo genuíno brilhou em suas profundezas.
—Moira, o que foi isso?
—Eu vi . . . — Ela lambeu os lábios, sua voz rouca. —Foi uma
visão, as coisas que eu vi. — Ela balançou a cabeça, recusando-se a
elaborar o que quer que tenha colocado aquele olhar assombrado
em seus olhos. —Você tem uma escolha a fazer. Eles estão com você
por uma razão. Se você escolher errado, as consequências serão
terríveis. — O tremor em suas palavras me assustou. —É pior do
que eu pensava.
—Que consequências?
—Morte, Pestilência, Fome. . . e Guerra.
—Como o apocalipse?
Engolindo em seco, ela travou olhares comigo. —Eu penso que
sim.
Jesus. Se isso não fosse suficiente para tirar o fôlego. . . Eu
sentei lá, suas palavras pesadas em minha mente. . . e meu coração.
Eu sabia que a ideia de tê-los todos era boa demais para ser
verdade.

—Você está dizendo que se eu não escolher corretamente, vou
começar o fim do mundo?
Moira assentiu.
Soltei uma gargalhada histérica. —Então . . . sem pressão
então.

Capítulo Trinta e Cinco
SUNDAY
O professor Moriarty continuou falando, e foi uma luta manter
meus olhos abertos. O homem tinha um tom monótono que poderia
fazer um romance erótico soar positivamente chato. Adicione a isso
a história de uma rixa de sangue de séculos, e ele me perdeu no
segundo em que sua boca se abriu.
A única coisa positiva sobre a aula de história foi ficar entre
Noah e Alek. Fiquei impressionada com a forma como seus aromas
pareciam se complementar. Mesmo que eu tenha feito uma
resolução para parar de pensar em ninguém além de Noah dessa
maneira. Uma coisa era dizer isso a mim mesma e outra
inteiramente diferente era colocar meu corpo a bordo.
Aparentemente, terminar meus vinte anos de seca em algum
ano estranho me transformou em uma cadela sedenta. Noah cuidou
muito bem de mim, muitas vezes me mantendo acordada durante
vários orgasmos até altas horas da manhã. E, no entanto, aqui
estava eu, imaginando como seria se Alek e eu fizéssemos o mesmo.
Ou melhor ainda, nós três.

Pare. Com isto.
Eu me mexi inquieta no meu assento, ajustando meu torso
para que eu me posicionasse mais na direção de Noah do que de
Alek. Olhos quentes da cor de mel derretido encontraram os meus,
as sobrancelhas de Noah franzindo enquanto ele tentava me ler. Eu
tinha meus pensamentos bloqueados na esperança de poder me
concentrar, e mesmo que ele estivesse me ensinando a fazer isso, eu
poderia dizer que ele não gostou desse bloqueio.
Dedos longos percorreram meu pulso e subiram na parte de
baixo do meu antebraço em padrões aparentemente irracionais. Eu
amei a sensação de sua pele na minha, a clareza que seu toque me
trouxe, a sensação de pura conexão. Nós deveríamos estar juntos.
Eu estava fazendo a escolha certa. Era Noah.
O braço de Alek roçou minhas costas, interrompendo minha
tentativa de me comportar. Quase como se ele pudesse me sentir
tentando mantê-lo em sua própria caixinha e se recusasse a jogar
junto. Eu me endireitei, sutilmente me afastando apenas para sua
coxa pressionar contra a minha. Tão frustrada quanto eu queria
estar, eu secretamente amava que ele estivesse mantendo nós dois
conectados.

Reprimindo um sorriso, olhei para minhas anotações, piscando
algumas vezes enquanto as palavras no meu caderno se
reorganizavam, minha impressão distintamente borbulhante se
transformando em um rabisco muito mais masculino.
A persistência de Alek de repente fez muito mais sentido.
Ele tinha acabado de me passar um bilhete. Ou o equivalente
de Novasgard.
Meu coração gaguejou, e minhas entranhas viraram gelatina
enquanto eu examinava as palavras e as duas caixinhas no fundo.
VOCÊ VAI AO BAILE COMIGO? MARQUE SUA RESPOSTA.
Em vez de me fornecer duas opções, ambas as caixas diziam
SIM! em maiúsculas e sublinhado com entusiasmo.
Eu não pude evitar. Eu ri. Era ridículo. E fodidamente
adorável. E exatamente o que eu precisava.
—Senhorita Fallon? Algo engraçado sobre o genocídio dos
duendes do início de 1800? Professor Moriarty estalou em sua voz
de sapo. Combinava com seu rosto de sapo.
—Não, senhor, — eu disse, corando furiosamente.
O olhar de Noah caiu para o meu caderno, e ele gemeu
baixinho. —Ah, porra, cara. Quantos anos você tem? Não estamos
na maldita escola primária.

Alek sorriu para ele por cima da minha cabeça. —O suficiente
para reconhecer que algumas coisas são sempre clássicas. Não são,
Sunny?
—Classicamente estúpido — Noah murmurou.
—Foi doce, — eu corrigi automaticamente, fazendo as
sobrancelhas de Noah voarem para cima.
—Eu vejo. Acho que seria uma perda do meu tempo pedir a
você para ir ao baile comigo então?
Ah, porra.
O que começou como um gesto insanamente doce acabou de
se transformar em minha sessão de tortura pessoal. Como diabos eu
deveria escolher entre eles? Quem disse que ter homens crescidos
brigando por eles era sexy nunca viveu a experiência. Prefiro
engolir um saco de pregos do que ter que tomar essa decisão.
Meu cérebro sabia o que eu precisava fazer, principalmente
graças ao aviso aterrorizante de Moira, mas meu coração tinha uma
opinião totalmente diferente sobre a situação.
—Tecnicamente, eu perguntei a ela primeiro, — Alek apontou,
envolvendo um de seus grandes braços em volta dos meus ombros
e me puxando para perto.

A fúria saiu de Noah em ondas, e ele não tinha parado de tocar
meu braço desde antes disso começar. Ele abriu a boca para falar,
mas nenhum som escapou. Isso só tornou sua raiva mais palpável
quando ele tentou novamente e não conseguiu responder.
—Isso será o suficiente de você, Sr. Blackthorne. Na verdade,
acredito que seria melhor para todas as partes se vocês três
permanecessem em silêncio e gostassem da minha palestra, já que
parecem tão desesperados para participar. O sorriso perverso do
professor Moriarty contrastava com o tom seco de sua voz. —Vocês
três podem ter suas vozes de volta assim que a aula acabar.
Risadas ondularam pela classe, uma se destacando sobre todas
as outras. Meu olhar pousou em Kingston, sentado na fileira de
trás, as pernas abertas como a realeza para a qual ele foi nomeado,
um sorriso de comedor de merda em seus lábios.
O dedo grosso de Alek bateu no meu caderno, chamando
minha atenção de volta para sua mensagem. Eu bufei, apesar da
minha mortificação por ser tão publicamente chamada pelo nosso
professor. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Noah pegou
minha caneta e rabiscou as duas caixas.
Bufando, rasguei o papel do livro e o esfarelei antes de enfiá-lo
na minha bolsa. Então cruzei os braços sobre o peito e olhei para a

frente para o nosso sapo professor, desesperada para olhar para
qualquer um, menos para os dois homens que queriam algo de
mim.
Eu tinha dois convites de dois homens bonitos que eu queria,
mas nunca tinha ficado tão claro para mim que eu tinha que fazer
uma escolha. A ansiedade enrolou na minha barriga, formando um
poço frio que roía incessantemente.
O que nos manteria seguros e o que acabaria com o mundo?
Como eu poderia saber quem era a escolha certa?
NÃO CONSEGUI sair da sala rápido o suficiente quando o
professor Moriarty dispensou a aula. Eu queria minha voz de volta.
Mas, mais do que isso, eu queria que a pressão de seus olhares e
suas expectativas se afastassem de mim. Como eu poderia escolher
um deles em detrimento do outro?
Mesmo que eu soubesse que precisava.
—Sunday, espere— Noah chamou, seguindo atrás de mim.

Eu sabia que ele poderia estar na minha frente, bloqueando
meu caminho antes que eu pudesse piscar se ele quisesse. Ainda
assim, ele perseguiu, sua respiração quente na parte de trás do meu
pescoço. Eu estava muito frustrada para conversar com ele ou Alek.
Eu precisava respirar, ter algum espaço para pensar.
—Deixe-me em paz, Noah.
—Nunca vai acontecer, pombinha. Você é minha, lembra?
—Minha — disse Alek. —Ela pertence a nós dois...
Eu me virei, meu cabelo voando. —Com licença? Pertence?
Os olhos de Alek se arregalaram, as íris azuis geladas
queimando minha alma. —EU . . . Não sei de onde veio isso.
Eu estreitei meus olhos, mas não senti nada além de
honestidade crua saindo do Novasgardiano. Só para esclarecer,
porém, dei um passo à frente, cutucando-o no peito. —Bom, porque
eu sou a única que decide com quem estou em um relacionamento
comprometido, e da última vez que verifiquei, Noah é o único que
se encaixa nessa conta.
Noah sorriu, passando o braço em volta dos meus ombros.
Então está resolvido. Você vai assistir ao baile ao meu lado.
Eu dei um tapa no braço dele. —Não, não é, porque eu não
vou.

—O que? Você não pode simplesmente não ir. Isso faz parte
do nosso…
—Eu posso fazer o que diabos eu quiser, Noah Blackthorne.
Como eles vão saber se estou fingindo estar doente? Alerta de
spoiler, eles não vão.
—O padre Gallagher vai saber, — Alek se intrometeu. —Eu
não gosto do jeito que ele te observa. Ele é possessivo.
Eu bufei. —Diz o homem que acabou de rosnar minha como
um homem das cavernas.
Ele corou. O grande e forte homem viking corou . —Hmm. . .
—Se você não for, eu também não irei. — Noah deslizou a
palma da mão sobre as minhas costas, enviando um arrepio na
minha espinha. —Eu prefiro passar a noite na cama, de qualquer
maneira.
Abri e fechei a boca. Era uma oferta tentadora, mas ele estava
perdendo o ponto. Só porque eu tinha sentimentos por ele não
significava que de repente eu queria que outra pessoa tomasse
decisões sobre minha vida ou com quem eu poderia ou não passar
tempo. Essa decisão era minha e, como não me sentia à vontade
para tomá-la, decidi que não escolheria nenhum deles. Eu
escolheria a mim mesma em vez disso.

—Não. Se eu não for, é porque quero ficar sozinha.
—Não é possível, Kærasta . — A maneira como Alek disse essa
palavra fez algo no meu peito aquecer. Como se algo tivesse
despertado em mim.
—Por que não?
—Você sabe o porquê.
Soltei uma respiração pesada, um pouco da luta me deixando.
Estúpida Moira e suas visões estúpidas. —Ok, então Moira pode
ficar comigo e tomar conta. Pau não é necessário.
Alek se inclinou, invadindo meu espaço. —Talvez não, mas
nisso, não serei influenciado. Sua segurança é minha prioridade,
quer você goste ou não. Então, ou você vai ao baile com um de nós,
ou fica em casa com um de nós. É a única maneira de mantê-la
segura até que a ameaça seja neutralizada.
—Eu deveria ter ficado trancada na minha torre em casa. Isto é
ridículo. Por que alguém quer me matar, afinal? Eu sou uma shifter
defeituosa. Mercadoria estragada.
Noah enrijeceu ao meu lado, mas Alek o derrotou em protesto.
Enrolando a mão em volta do meu rosto, olhos quentes com uma
emoção que eu estava com muito medo de nomear, ele balançou a
cabeça. —Não, Sunday. Você é perfeita. Eu senti o poder fluindo

através de você. Isso me consome. Você é um monte de coisas.
Exótica. Única. Indomável. Mas danificada não é uma delas.
Lá foi ele, sendo um bastardo descarado novamente. Era por
isso que eu não conseguia ficar brava com ele. Ele fez merda assim.
—Eu não quero escolher.
—Então não escolha. Leve nós dois, — Alek sugeriu.
—Ambos? — Eu bufei. —E o que Madame Rabugenta e mal-
humorada vai dizer quando me vir entrando espremida entre vocês
dois?
–Você realmente acha que uma divindade vai se importar com
quantos homens você tem ao seu lado? Você já leu mitologia? Os
deuses têm novos amantes com a mesma frequência com que
trocam de roupa. Ela nem piscaria se você chegasse com nós dois.
Isso me deu uma pausa. Aqui estava novamente. Mais uma
prova de que o poliamor não era apenas aceito em nossa sociedade;
em alguns casos, foi encorajado.
—Vocês dois realmente querem ir comigo?
—Você sabe que não há outra escolha para mim, lobinha —
disse Noah, com os olhos ardentes.
—Nem para mim, — Alek admitiu, sua voz terna.

Batidas lentas encheram o ar e, como uma cobra deslizando de
seu esconderijo, Kingston apareceu das sombras. —Muito bem,
Raio de Sol. Você conseguiu que ambos lhe entregassem suas bolas.
Ele se aproximou e inalou. —Você deve realmente ter uma boceta
mágica. Eu não sabia que o Viking tinha provado também.
A raiva enrolou na minha barriga, chamando minha loba para
a superfície. —Não seja uma vadia porque eles têm o que você quer.
—Quem disse que eu ainda quero você? Eu não gosto de
restos de outras.
—O jeito que você sempre parece me faz pensar em como você
iria puxar minhas tranças como um estúpido valentão de escola.
Um brilho perverso brilhou em seus olhos. —Só vou puxar seu
cabelo quando estiver dentro de você, fodendo você com tanta força
que você vai esquecer tudo sobre esses dois.
Eu nem ia apontar que ele estava se contradizendo. —Nos seus
sonhos.
—Tem certeza que não quer dizer no seu?
Um raio de excitação me atingiu, fundindo-se com minha raiva
e enviando minha loba uivando com necessidade. Eu odiava que eu
o quisesse, mas não havia como ignorar a reação do meu corpo à

sua promessa. Mesmo que eu não tivesse a intenção de agir sobre
isso.
Noah entrou na minha frente, os ombros tensos. —A diferença
entre nós e você, cachorro, é que estamos dando a ela o que ela
quer. Eu prefiro compartilhá-la e ter um lugar em seu coração do
que passar minha vida do lado de fora olhando para dentro. Você é
muito egoísta para fazer isso, o que significa que você nunca será
dela.
Kingston fez uma careta, mas eu peguei a dica de dor que as
palavras de Noah causaram antes que ele rapidamente cobrisse a
emoção com mais postura. —Fique com ela. Cansei de lutar por
uma companheira que não me quer.
Culpa e algo que tinha muito gosto de tristeza me rasgou. Por
mais infantil que ele pudesse ser, eu nunca quis machucar
Kingston. Tudo o que ele fez desde o dia da nossa cerimônia de
acasalamento foi resultado direto da minha rejeição. Isso não
perdoou seu comportamento horrível, mas o colocou sob uma nova
luz.
Kingston saiu furioso, deixando-me dividida entre querer
socá-lo, abraçá-lo e fodê-lo ao mesmo tempo. Eu odiei isso.

Meus ombros caíram, e eu me afastei do caminho que ele havia
tomado. Eu precisava soltá-lo, mas não podia. Isso machuca.
Mesmo que eu tivesse dois homens fortes, protetores e lindos ao
meu lado, a raiva de Kingston me machucou fisicamente. Minha
loba lamentou cada segundo que ele estava longe de nós.
Quase em uníssono, Alek e Noah pegaram minhas mãos,
infundindo-me com sua força e me confortando com seu apoio
silencioso.
—Estamos aqui com você. Sempre estaremos, Sunny. E um
dia, ele vai perceber o que fez. — A voz profunda de Alek acalmou
a dor no meu peito, preenchendo a ferida que as palavras
insensíveis de Kingston tinham esculpido em meu coração.
—E ele vai se arrepender de não ter escolhido você em vez de
si mesmo — acrescentou Noah.
Eu esperava que fosse verdade. Deus sabia que uma parte de
mim se arrependeu do momento em que o rejeitei. E essa parte
crescia um pouco mais e ficava maior a cada dia.

NAQUELA NOITE EU ESTAVA INQUIETA, indecisão e
preocupação estava guerreando pelo faturamento superior em
minha mente. Apesar das garantias de Alek e Noah, não pude
deixar de sentir que escolher alguém devastaria aqueles que deixei
para trás. O pensamento de ferir qualquer um deles estava me
matando por dentro. Eu precisava de alguém com quem conversar,
alguém que não fosse apenas me dizer para deixar o mundo
queimar, mantê-los todos e montá-los até a linha de chegada, como
Moira.
Um calafrio se infiltrou em meus ossos enquanto eu andava
pelos terrenos em busca da única pessoa para quem eu queria
desnudar minha alma esta noite. A chuva me atingiu em gotas
geladas, congelando minha pele e causando arrepios em todos os
lugares que tocava. Normalmente eu gostava da chuva, mas não
agora. Isso só aumentou a melancolia em meu coração.
Eu hesitei apenas por um momento enquanto estava do lado
de fora da igreja abandonada que Caleb havia reivindicado como
sua sala de aula. Ficava na beira da propriedade, com um cemitério
assustador. Estremeci quando meu foco pousou na figura espectral
flutuando logo acima de uma das lápides. Ele estava vestido com o

que pareciam ser roupas de casamento, agora esfarrapadas e
comidas por traças. O homem esquelético tirou sua cartola mofada.
—Oh inferno não, — eu murmurei, abrindo a porta enquanto
eu entrava direto na igreja. Um padre vampiro mal-humorado era
muito melhor do que o Esqueleto lá fora. Melhor o diabo que você
conhece, e tudo isso.
—Senhorita Fallon? — Caleb disse assim que fechei as
enormes portas atrás de mim. O eco da madeira se fechando encheu
o espaço cavernoso.
—Você sabia que há um fantasma lá fora?
—Você quer dizer Friedrich?
—Você o nomeou? É como adotar um panda que revira o lixo.
Você está apenas encorajando-o a ficar por aqui.
—O nome dele é Friedrich, e ele está no mesmo lugar nos
últimos cem anos, esperando que sua esposa se junte a ele.
Infelizmente, quando eles foram mortos na noite de núpcias, ela se
transformou em vampira e nunca veio encontrá-lo.
A pena substituiu meu medo, e me vi deprimida por causa
dele. —Bem, droga, agora me sinto mal por abandoná-lo.

Algo suave brilhou em seus olhos. —Não se preocupe, ele está
fazendo o que sente que deve. Todos somos governados por
instinto e desejo, mesmo que não queiramos.
—Tem muita experiência com isso, não é, padre?
—Vale uma vida inteira. Agora, diga-me o que a traz aqui no
meio da noite, senhorita Fallon.
Olhei ao redor do santuário. Bancos ainda preenchiam o
espaço, mas em vez de um púlpito, uma grande mesa de carvalho
assomava no final do corredor. —É aqui que você ensina? Uma
igreja? Isso não é um pouco óbvio para um padre?
—Eu ensino teologia.
Ele disse isso simplesmente como se estivesse me dizendo que
estava chovendo lá fora. Mesmo assim, não pude deixar de me
perguntar se ele simplesmente preferia estar cercado pelas
armadilhas da vida que pretendia levar. Ou se a lembrança do que
ele perdeu era mais uma maneira de atormentar a si mesmo.
—Justo. — Eu arrastei a ponta do meu dedo indicador sobre a
parte de trás de um dos bancos. —Acho que isso dá um ar de . . .
autenticidade.
—Eu tento.

Eu nunca tinha estado em uma igreja católica antes, mas não
havia como confundir a estrutura de madeira ornamentada situada
no lado direito do santuário. —Um confessionário? Sério?
—Você ficaria surpresa como a confissão é libertadora.
A maneira como ele disse isso me deu uma pausa. —Você
ainda confessa?
—Não tenho confessor com quem falar, mas sou penitente à
minha maneira. Só posso rezar para que Deus me ouça, por mais
condenado que eu seja. — Ele caminhou pelo corredor, não me
pedindo para ir com ele, mas eu o segui de qualquer maneira. —O
que está pesando tanto em seu coração? Eu posso sentir o fardo que
você está carregando esta noite.
Ele me deu a abertura que eu precisava, mas agora que a hora
chegou, eu me encontrei de repente tímida. Como eu poderia olhar
para ele ao admitir as coisas que me mantinham acordada?
—Você ainda pode ouvir minha confissão?
Ele parou, virando-se tão rapidamente que tive que dar vários
passos para trás para recuperar o equilíbrio. —Você busca o
Sacramento da Reconciliação?
—Eu não sou católica nem nada, mas se é tudo o que você
imagina, por que não?

—Não posso oferecer absolvição. Você entende isso?
—Eu não me importo. Eu só preciso falar com alguém sem que
eles me julguem.
Todo o seu semblante se suavizou e, pela primeira vez, uma
verdadeira ternura brilhou em seus olhos cor de safira. —Eu posso
te dar isso.
Sua admissão me mostrou uma bondade que ele não havia
revelado para mim antes. Em vez de fogo e enxofre, havia apenas
entendimento. Pela primeira vez, ele não era apenas meu mentor ou
punidor, ele estava se oferecendo para ser meu amigo. Era . . . tudo
o que eu não tinha percebido que eu estava esperando quando eu
cegamente fiz meu caminho através da tempestade para encontrá-
lo.
Pegando minha mão, ele me levou até a estrutura e abriu a
cortina roxa para que eu pudesse entrar. Eu fiz uma careta, olhando
entre o pequeno banco de madeira.
—Eu deveria ficar de joelhos por você de novo?
—É sua escolha, mas acho que ajuda com minha mentalidade
quando me ajoelho. O desconforto traz consigo o foco.
—Joelhos então — eu disse com um suspiro pesado.

Ele soltou o tecido, e o espaço ficou escuro. Agradeci à minha
estrela da sorte por não ser claustrofóbica, porque não havia muito
espaço neste confessionário antigo. Cheirava a polimento de
madeira e idade, mas o cheiro rapidamente mudou para incenso e
especiarias, cheiro de Caleb assim que ele tomou seu lugar do outro
lado da tela de treliça. Para algo que deveria ser anônimo, isso não
fez um bom trabalho em esconder a identidade de ninguém. Talvez
fosse porque eu sabia que era ele.
De qualquer forma, foi inesperadamente íntimo, me fazendo
pensar nos outros lugares onde você sussurra seus segredos no
escuro.
Caindo de joelhos, eu me posicionei, minha pele molhada
grudando no genuflexório de couro e fazendo um som engraçado
de sucção enquanto eu ficava confortável. Caleb não riu, mas eu
teria jurado que seus lábios se ergueram com diversão do outro
lado do confessionário.
Apertando minhas mãos, respirei fundo e perguntei. —Ok,
como eu começo?
—Normalmente, o penitente começa dizendo. 'Abençoa-me,
pai, pois pequei, já faz muito tempo desde minha última confissão'.

E então eles expõem os pecados que suas almas coletaram desde o
alívio anterior.
Engoli. —Ok. — Então repeti suas palavras, acrescentando que
fazia vinte e três anos desde minha última confissão.
—Eu não posso te abençoar, Sunday. Mas eu posso ouvir.
Descarregue-se para mim. Diga-me por que você parece tão triste.
Aqui estávamos. A parte em que eu deveria admitir todas as
coisas feias e horríveis sobre mim mesma. Em vez de estar com
medo, eu estava ansiosa. Eu queria purgar esse veneno do meu
coração. Eu me surpreendi começando bem mais atrás do que eu
pretendia.
—Eu machuquei todos que já amei, e tenho medo de arruinar
tudo agora. Primeiro foi meu pai, que escolheu a garrafa em vez de
lidar comigo. Depois meu avô, quando eu não pude ser o que ele
precisava que eu fosse. Depois Kingston, quando não pude aceitá-
lo. E assim por diante, e assim por diante. Temo que estou
destinada a ficar sozinha. Como posso estar com alguém quando
não lhes trago nada além de mágoa?
—Por que você acha que tudo isso é culpa sua, pequena?

—Quero dizer . . . não é? Eu sou a denominadora comum aqui.
Todos eles foram feridos por minha causa. Simplesmente por causa
da minha existência.
—Perdoe-me por dizer isso, mas isso é muito egoísta de sua
parte.
—Perdão? Isso não é muito sacerdotal de sua parte.
—Ah, mas você esquece. Eu não sou um padre. Estou
simplesmente fazendo o papel para você. E embora eu não possa
absolvê-la, posso lhe oferecer a verdade. Mesmo que doa. — Ele
respirou fundo, então o soltou lentamente. —Sunday, as decisões
que os outros tomam não são coisas pelas quais você pode ser
responsável. Você não colocou a garrafa nas mãos de seu pai, nem
estabeleceu expectativas para que seu avô fosse outra coisa além do
que você deveria ser. Quanto ao Sr. Farrell, tenho certeza de que se
você não pode aceitá-lo, foi por uma boa razão. Seu destino o levará
para onde você pertence. Confie e tenha fé.
—Você acredita que o destino me trouxe aqui? Por você?
—Eu sei disso.
Sua convicção me surpreendeu. —Oh.
—Você tem dúvida?

Refleti sobre meu tempo em Ravenscroft e como me sentia
mais eu mesma do que nunca em casa. —Não . . . Eu acho que não.
—Então confie que você está aqui com um propósito, e todos
colocados em seu caminho farão parte do plano.
—Mas e se o plano me levar ao desastre?
—Eu não tenho essa resposta para você.
Soltei um suspiro pesado.
—Há mais em sua mente. Diga-me.
—Eu tenho que escolher, e eu não quero — eu sussurrei.
—Escolher o quê?
—Um companheiro.
—Kingston é seu companheiro. Que escolha existe?
Meu intestino se apertou. O pensamento de ser de Kingston
enviou um arrepio através de mim conectado com minha loba, mas
o resto de mim gritou pela perda de Noah, Alek e. . . o único
homem que eu nunca poderia ter. —Você realmente quer que eu o
escolha?
—Não. Mas eu não tenho nada a dizer sobre o assunto.
— Eu falei. —Nem eu.
—As escolhas nunca são fáceis. Eu tive que tomar muitas
decisões difíceis ao longo dos anos.

—Oh sim? Como o quê?
—Está é sua confissão, senhorita Fallon. Não é minha.
—Por favor, diga. Você não é um padre, lembra? Você está
apenas representando.
Sua risada suave iluminou algo em meu peito. —Tudo bem, se
isso vai ajudar. A escolha mais difícil que tive que fazer foi a de me
entregar a Deus. Significava deixar uma família que eu amava,
assim como uma moça que eu cuidava e poderia ter casado se não
fosse por minha vocação. Deixou uma ferida da qual nunca me
recuperei totalmente. Nem mesmo depois de fazer meus votos.
Ciúme irracional me atravessou. A mulher estava morta há
muito tempo, e aqui estava eu, pronto para arrancar seus olhos. —
Há quanto tempo você é um vampiro, Caleb?
—14 de março de 1941. O dia em que assumi o cargo de pároco
da minha própria paróquia .
—Quantos anos você tinha?
—Trinta e oito.
Sua voz estava pesada com a lembrança, me dizendo que
havia muito mais na história do que ele estava deixando
transparecer, mas meu cérebro filho da puta estava preso na
percepção de que Caleb poderia ter passado trinta e oito anos como

um homem humano sem nunca tocar uma mulher. Por que eu
gostei tanto dessa ideia?
—Caleb. . . você sempre foi. . . casto?
—Você está me perguntando se eu ainda sou virgem?
—Sim? — Eu não podia acreditar que tive a audácia de
perguntar a ele algo tão profundamente pessoal. Eu culpei a
escuridão do estande. Isso me fez muito mais ousada do que eu
seria se estivéssemos cara a cara.
—Eu nunca me deitei com uma mulher, Srta. Fallon. Não que
seja da sua conta.
—Você já esteve . . . tentado?
Ele limpou a garganta. —Eu acredito que você coletou o
suficiente de meus segredos, Srta. Fallon. A menos que haja mais
alguma coisa que você gostaria de tirar do peito, acho que essa
confissão acabou.
—Parece bom para mim. Não existe algum tipo de punição
que você deveria me atribuir agora?
—A dor nos joelhos deve ser suficiente. E se não for suficiente,
podemos resolver isso em sua próxima sessão. Use uma saia.
Sua sombra mudou por trás da treliça, e eu soube no instante
em que ele se foi, levando o cheiro picante de incenso com ele.

Sentei-me sobre os calcanhares, meu coração muito mais leve
do que quando procurei meu confessor. Eu não estava mais perto
de encontrar respostas para as perguntas que me perseguiam, mas
minha mente estava quieta. Meu coração tranquilo. A confissão
com Caleb tinha sido exatamente o que eu precisava. Eu me sentia
mais perto dele agora. Como se tivéssemos compartilhado algo
muito mais sagrado do que algumas verdades sobre nós mesmos.
Talvez pudéssemos realmente sermos... amigos.
Levantando-me, saí da cabine e fiz meu caminho para fora da
igreja, sabendo que, embora esta fosse minha primeira confissão,
certamente não seria a última.
Até a próxima vez . . . meu padre sombrio e distorcido.

Capítulo Trinta e Seis
THORNE
Eu empurrei as portas do escritório da diretora com tanta força
que quebraram as dobradiças. Eu não podia acreditar no que tinha
acabado de ser dito. A fúria ferveu sob minha pele, mal contida.
Tudo tinha ido para o inferno com uma conversa.
—Thorne, espere! — Callie chamou, me seguindo e latindo a
mil por hora como um maldito Chihuahua raivoso. —Isto é uma
coisa boa! É a coisa certa. Você vai ver.
—Callie, faça um favor a si mesma e cale a boca antes que eu á
cale.
Ela fez beicinho, batendo os cílios para mim como se fosse
reunir qualquer grama de simpatia. Tudo o que me fez querer fazer
foi empurrá-la no lago e ver se eles dobravam como nadadeiras.
Thorne, você sabe como são essas coisas. O Conselho de Vampiros
faz decretos para nos manter seguros. É assim que as coisas devem
ser. Você e eu. Juntos. Quer dizer, eu até tenho o nome da sua tia.
Fui feita para ser um Blackthorne.

—Mantenha minha tia fora disso. Você e eu não somos nada,
Callista. Você não entende o que fez, chamando a atenção para as
coisas dessa maneira.
—Eu não chamei a atenção para nada, exceto que não tivemos
a chance de passar a quantidade apropriada de tempo juntos
porque você está sempre fugindo. Vamos nos casar, Noah…
—Não vamos. Isso, eu gritei, mostrando minhas presas e
cheirando seu medo resultante. Bom. Talvez a tola tivesse algum
bom senso, afinal.
—Ela não é boa o suficiente para você. Seja o que for, ela tem
algum tipo de feitiço lançado em você. Você não vê? É ela e aquela
amiga bruxa dela. Elas estão tentando estragar tudo.
Ela estendeu a mão, tentando correr os dedos pelo meu cabelo,
pressionando seu corpo contra o meu.
Antes que eu pudesse detê-la e empurrá-la para longe, seu
olhar fixou-se em algo atrás de mim. —Opa — ela sussurrou.
—Que diabos está acontecendo aqui? — A voz de Sunday,
cheia de mágoa, me atingiu como um balde de gelo escorrendo
pelas minhas costas.

Callie zombou. —Se você queria brincar, Noah, você deveria
ter me pedido para encontrá-lo em algum lugar mais privado. Eu
sei que você está animado, mas realmente. . .
—Oh, vá embora — eu murmurei, jogando a mão dela para
longe e girando em direção a minha companheira. —Você sabe que
isso não é o que parece.
A dor ainda cintilou em seu olhar, as ações de Kingston muito
frescas para ela descartar imediatamente o que tinha visto. —O que
é isso então? — Ela lançou um olhar lívido para Callie. —O que essa
boneca Barbie da loja do dólar significa sobre você estar animado
com ela?
—Oh, pobre cordeirinha, ela não sabe? — Callie assumiu um
ar de pura inocência. —O Conselho decretou que espécies
semelhantes devem ser emparelhadas para o baile. Isso significa
que, infelizmente para você, nosso Noah não pode se rebaixar para
enfrentar um desastre como você.
Raiva descontrolada cresceu em meu peito, explodindo antes
que eu pudesse detê-la. —Não se atreva a falar da minha
companheira dessa maneira, sua parasita patética.

A pele pálida de Callie perdeu todas as cores antes que duas
manchas vermelhas raivosas manchassem suas bochechas. —Sua o
quê?
—Você. Ouviu. — Dei um passo à frente com cada palavra, e
ela deu passos cuidadosos para longe. Então eu rasguei a manga da
minha camisa no ombro, expondo minha marca voluntária de
traidor.
Callie ergueu a mão trêmula, gesticulando na direção de
Sunday. —Isto? Isto é o que você escolhe quando você poderia ter
me tido? Esta nascida baixa, mestiça, que não passa de uma shifter
rejeitada? Sua própria família nem a quer. Ela não é boa para nada.
Quatro cortes vermelhos se abriram em sua bochecha, sangue
escorrendo pela pele de porcelana, curando quase
instantaneamente.
Sunday estava ao meu lado, seus dedos se transformaram em
garras afiadas, olhos brilhando selvagens. —Eu não machuquei
você da última vez, e você me culpou de qualquer maneira.
Considere isto o retorno.
—Sua putinha!
Sunday rosnou, um profundo e violento estrondo baixo em
sua garganta. —Dê-me uma razão, Callie. Porra, eu te desafio.

—O suficiente! — A diretora apareceu em uma nuvem de
névoa negra entre elas e, pela primeira vez, fiquei aliviado ao ver a
mulher poderosa e aterrorizante. —Mademoiselle Fallon, venha
comigo.
Callie sorriu, cruzando os braços sobre o peito, mas a diretora
le Blanc lançou lhe um olhar desdenhoso. —Você claramente
também não é inocente nisso, Mademoiselle Donoghue. Falaremos
sobre suas escolhas em breve.
Eu odiava o quão impotente eu estava nisso. A diretora le
Blanc poderia reduzir qualquer um de nós a cinzas se quisesse. Ela
era o ser mais forte neste plano de existência. Ela tinha sido morta
mais vezes do que a história sequer sabia, mas ela sempre voltava,
ilesa, mais sábia do que antes.
Ela se virou para seu escritório, sem checar se Sunday a estava
seguindo, e ainda assim, quando dei meu primeiro passo, ela gritou
por cima do ombro: —Isso é tudo, Sr. Blackthorne. Sua
companheira estará segura comigo e retornará para você em breve.
Tudo o que eu podia fazer era ver a Sunday ir embora. Cada
passo me matava. Mas eu tinha que confiar na palavra de le Blanc.
E uma vez que eu tivesse a Sunday em meus braços novamente, eu

faria as pazes com ela. Ideias ganharam vida em minha mente,
meus lábios se curvando em antecipação.
Sim.
Eu faria disso uma noite que ela nunca esqueceria. Então,
quando tivermos que ir ao baile com outras pessoas, ela não
duvidaria do meu amor por ela nem por um segundo.

Capítulo Trinta e Sete
SUNDAY
O escritório da diretora estava claro e arejado quando entrei. A
leve brisa que corria pelo espaço me pegou desprevenida. De onde
vinha? Não havia janelas, e a porta já estava fechada atrás de mim.
Onde eu esperava um piso de pedra, encontrei terra coberta de
musgo e paredes cobertas de trepadeiras floridas. O cheiro de
jasmim e chuva era ao mesmo tempo calmante e estranho. Isso
parecia algo saído de um conto de fadas. Um forte contraste com o
design gótico do resto da universidade, que era mais adequado
para um romance clássico de terror.
A diretora deu a volta na pedra de topo achatado que servia
como sua mesa e sentou-se atrás dela. Ela gesticulou para os dois
pequenos montes de chão coberto de musgo na minha frente. —Por
favor, sente-se.
—No chão? — Eu perguntei, confusão girando através de mim
enquanto eu avaliava o espaço e procurava por uma cadeira.
—Você tem algum problema com meu escritório,
Mademoiselle Fallon?

—Não, — eu disse, caindo no mesmo modo de
autopreservação que eu usaria quando chamada ao escritório do
meu avô em casa. Então eu me joguei em cima de um dos montes
tão graciosamente quanto pude, o que não era muito considerando
o quão baixo eles estavam no chão.
Eu tive que admitir, este assento era mais confortável do que
eu esperava. Eu saltei um pouco, deixando-me assentar.
—Você terminou? — Seu olhar era afiado e sem graça.
—Sim? — Eu não tinha certeza do que havia nessa mulher,
mas ela me apavorava.
—Você sabe por que eu chamei você aqui, eu presumo?
Suspirei, a raiva girando dentro de mim, embora estivesse
muito mais abafada agora que o objeto da dita raiva não estava
sorrindo para mim enquanto passava suas mãos imundas por todo
o meu homem. —Callie.
—Isso é apenas uma pequena parte da razão. A garota é
insuportável, eu sei, mas você tem que se controlar perto dela. Ela
está cutucando você de propósito, e você não pode morder a isca. O
padre Gallagher disse que você tem trabalhado com Alek Nordson
e Kingston Farrell para domar seu temperamento. Como vai isso?

—Bem, desta vez eu realmente pretendia tirar sangue
enquanto da última vez não tirei. Então eu acho que isso mostra um
progresso significativo. — Suspirei. —Além disso, ela ainda está
viva. Isso é uma vitória.
Desta vez, diversão brilhou em seus olhos. —Sim. Eu diria que
quando um vínculo de companheiro é ameaçado, geralmente
termina em morte ou ferimentos graves, então ela tem muita sorte
que alguns arranhões foram tudo o que ela suportou.
Eu não tinha percebido até que ela deu um nome para isso,
mas foi exatamente assim que eu me senti. Ameaçada. Bem, não eu
especificamente, mas Noah. Vendo Callie olhar para ele com fome
descarada, tocando e acariciando o que era meu. Eu não conseguia
parar a neblina vermelha que nublou meu olhar ou minhas garras
quando elas se soltaram. Ela realmente teve sorte que eu não a
matei. Minha loba certamente queria muito mais em pagamento por
sua transgressão.
—Senhorita Fallon, controle-se. — Madame Rabugenta olhou
para minhas mãos, que se transformaram em garras apenas com a
lembrança de Callie tocando Noah.

—Desculpe — eu disse, concentrando-me muito para escondê-
las. —Isso ainda é muito novo para mim. Eu nunca me senti assim
antes.
—É compreensível. Os vínculos do companheiro podem ser
complicados de navegar no início.
—Mas nós não somos acasalados. Pelo menos, eu não acho que
estamos, — eu disse, minhas sobrancelhas franzidas. —Quero dizer,
Noah disse que eu era sua companheira, mas não houve troca de
sangue ou mordida ou qualquer coisa. Isso não é um requisito?
—Tenho certeza que você vai chegar lá. O processo de
acasalamento dos vampiros difere muito do dos lobos. Seu vínculo
vem crescendo desde o primeiro momento em que ele te viu. A
pobre alma pensou que ele estava apenas caçando você.
—Como você sabe disso?
Ela sorriu. —Eu sei tudo.
Engolindo em seco, pensei em tudo que Caleb falou e que
tinha feito comigo em seu escritório. —Tudo?
—A maioria das coisas.
De alguma forma, isso não me fez sentir melhor. Não
querendo me debruçar sobre isso, caso ela pudesse perceber a
direção dos meus pensamentos, mudei de assunto. —Ok, nossa

conversa sobre Callie está fora do caminho. Por que mais estou em
apuros?
Ela arqueou uma sobrancelha. —Por que você acha que está
em apuros?
Eu estremeci. Eu poderia dar a ela uma lista de uma milha de
comprimento. —Porque eu estou em seu escritório. Isso significa
problemas.
—Embora a disciplina seja certamente a razão mais comum
pela qual os alunos se encontram aqui, sua situação é mais singular
do que a maioria. Não costumo atrapalhar uma mulher e seu
harém, mas, infelizmente, a situação está fora do meu controle.
Duas vezes agora, você feriu outro aluno. Nosso baile de máscaras é
a oportunidade para nossos alunos se misturarem e provarem a si
mesmos. Se eu não intervir, temo que seja um teste que você irá
falhar, Mademoiselle Fallon. E então . . . — Ela apertou as mãos, a
pausa quase me matando. —Você irá com o Sr. Farrell. —
—Kingston? Não. Eu posso ir com Alek. Ele já me perguntou.
Seus olhos brilharam em um verde ácido misterioso, em
seguida, voltaram para quase preto. —Você vai fazer o que eu
mandar, ou você vai passar a festa inteira no poço, incapaz de ser
alcançada por nenhum de seus homens.

—O poço? Isso é algum tipo de piada ou apelido ou algo
assim? — Eu perguntei, mesmo enquanto o medo se acumulava no
meu estômago. Fosse o que fosse, não soava bem.
—Não, querida. O poço é exatamente o que parece. Antes de
ser uma universidade, era o lar da realeza vampira Blackthorne.
Séculos atrás, antes de deixarem a Inglaterra, os Blackthornes
governavam grande parte desta terra. Seu método favorito de
punição para vampiros rebeldes era através do isolamento. No
poço.
Eu estremeci. Um poço de verdade. Eu só podia imaginar
como seria, e nunca quis descobrir. —Você usa isso?
—Só quando absolutamente necessário. Não tivemos que
colocar um aluno no poço em cinquenta anos. A ameaça é suficiente
para mantê-los em linha reta.
Eu podia ver por quê. Jesus. Outro arrepio percorreu minha
espinha. —Tem mesmo que ser Kingston? Eu entendo por que não
posso ir com Noah, mas você já sabe que Alek me ajuda a me
acalmar, então por que Kingston?
—A menos que haja outro lobo com o qual você prefira estar
emparelhada, você comparecerá com o Sr. Farrell. Isso foi
transmitido tanto pelo Conselho Vampiro quanto pelo Conselho

Superior. Todos os alunos devem comparecer emparelhados com
suas próprias espécies. O teste foi projetado para que você trabalhe
em conjunto para coexistir em um ambiente onde você pode baixar
a guarda. Onde a dança e a bebida soltam os lábios e as inibições
diminuem. É aí que os erros são cometidos e as guerras começam.
Estar com um dos seus irá fortalecê-la em alguns aspectos e
enfraquecê-la em outros.
Fechei minhas mãos em punhos. —Então Alek vai sozinho?
Isso não o coloca em desvantagem?
Seus lábios se curvaram em um sorriso cruel. —Duvido que o
Novasgardiano gostaria que você sugerisse que ele não pode se
defender. Eles são um povo tocado por Deus, você sabe. Mais do
que capaz de afastar qualquer ameaça que encontrasse neste
campus. Mas, já que você está tão preocupada com a segurança
dele, deve apaziguá-la saber que ele estará presente acompanhado
com a valquíria Kara.
Tudo o que eu conseguia imaginar era uma mulher guerreira
gritando com couraças douradas. E então me lembrei dela. Alta,
loira, feroz e aterrorizante. Kara combina bem com Alek. Ciúme
disparou através do meu coração. O que ele pensaria de estar com

ela? Será que ele perceberia que ela era uma combinação melhor?
Mais como ele em todos os sentidos?
Afastei esse pensamento e me concentrei no fato de que teria
que passar a noite no poço ou com um homem que me odiava. O
poço soava melhor a cada minuto.
Mas não, eu nunca recuei antes. Eu não deixaria o que com
certeza seria uma noite desconfortável e constrangedora me
impedir de provar que eu tinha aprendido a me controlar. Este era
um teste que eu queria passar.
Não para eles, mas para mim.
E se eu tivesse que passar a noite ignorando um lobo irritado,
bem, isso não era novidade. Além disso, poderíamos ter que ficar
juntos para o show, mas não havia nada que me impedisse de
encontrar um canto escuro com Noah.
—Ok. Farei isso, mas se Kingston acabar castrado até o final da
noite, não diga que não avisei.
A diversão cintilou em seus olhos mais uma vez. —É justo,
Mademoiselle Fallon. Ele provavelmente terá merecido se você
tiver que recorrer a isso.
—Alguma ideia de onde posso conseguir um vestido?

Capítulo Trinta e Oito
SUNDAY
Eu estava do lado de fora da Iniquidade, as palmas das mãos
suadas e os nervos se contorcendo na barriga. Uma das minhas
sombras sempre presentes pairava nas proximidades. Eu podia
sentir quem estava me observando, mas eles nunca cruzaram
minha linha de visão.
O vestido preto curto e furtivo que eu estava usando estava
tão fora da minha zona de conforto, eu tive que lutar contra a
vontade de puxar a bainha a cada momento que passava. Mas como
eu poderia negar isso a Noah?
Ele deixou um pacote na minha cama enquanto eu estava com
a diretora. O vestido e a lingerie ridiculamente sexy dentro falavam
muito sobre o que ele havia planejado para esta noite. Assim como
a nota que simplesmente dizia, INIQUIDADE. NOSSO QUARTO.
PÔR DO SOL.
Sem perguntas, sem pedidos educados. Apenas instruções.
Normalmente, era o ato de me despir que fazia meu corpo
tremer de necessidade, mas quando coloquei os itens que Noah

selecionou especificamente para mim, descobri que o oposto era
verdade. Com cada roçar de seda entre minhas coxas ou arranhão
de renda sobre meus mamilos, minha excitação crescia. Nesse
ritmo, ele não teria que fazer mais do que torcer o dedo para me
mandar cair sobre a borda.
O rufar sensual do baixo chegou aos meus ouvidos enquanto
eu passava pela soleira e seguia pelo corredor escuro, meu caminho
era uma linha reta até a escada que levava ao quarto que eu
precisava.
Excitação e antecipação zumbiam em minhas veias. Daríamos
outro passo em direção a um vínculo de companheiro esta noite?
Isso era algo que eu queria? Se eu aceitasse isso dele, isso não
significaria que eu tinha escolhido? As perguntas rolaram pelo meu
cérebro, afastando a excitação que eu estava sentindo e
substituindo-a por ansiedade.
—Doce Sunday, você está absolutamente deliciosa esta noite.
A voz sensual de Lilith interrompeu meus pensamentos, e eu
pisquei, sem perceber que estava a segundos de correr direto para
ela.

—Você também, — eu disse, não tendo que forçar meu sorriso
enquanto eu olhava seu vestido de couro vermelho e o chicote
enrolado em seu braço.
Os olhos da súcubo se estreitaram enquanto ela corria seu
olhar sobre mim. —Tudo bem, querida? Estou sentindo algum
medo, e não do tipo divertido. Algo que eu possa fazer para ajudar
a tornar sua visita mais confortável? Quer que eu ligue para
Thorne? Ele ainda não está aqui, mas eu sei que ele está a caminho.
Ele reservou seu quarto para você e deixou instruções muito
específicas. — Ela piscou. —Se isso ajudar a deixá-la à vontade,
você terá uma noite infernal.
Minha energia nervosa se transformou em luxúria sob o poder
de seu olhar e qualquer energia sexual que ela estava adiando. Eu
tinha que admitir, eu precisava disso. Ela me arrastou para fora da
minha própria cabeça sem nenhum esforço, e eu apreciei isso nela
agora.
Respirando fundo, eu balancei minha cabeça. —Não. Estou
bem. Vou esperar por ele no quarto.
Ela deslizou os dedos pelo meu braço, a luxúria que ela
exalava lavando sobre mim. —Faça isso. E lembre-se, aquele quarto

é tanto para você quanto para ele. Use-o como você precisa. Não há
nada que diga que você tem que esperar por um parceiro.
Assim que a sugestão deixou seus lábios vermelhos, eu sabia
que a aceitaria. Talvez se eu pudesse aliviar um pouco dessa tensão,
eu me sentiria mais no controle quando Noah chegasse.
Desviei o corredor que me levaria ao quarto cinza. Assim
como da última vez, a porta se abriu quando me aproximei,
convidando-me a entrar. Ao contrário da última vez, havia uma
pequena mesa ao lado da porta, uma pequena garrafa cheia de um
líquido prateado iridescente colocado em seu centro. Uma etiqueta
dizendo 'Beba-me' era a única pista quanto ao seu propósito.
—Quem sou eu? Alice? — Eu murmurei, dedos brincando na
etiqueta.
No entanto, minha curiosidade levou a melhor sobre mim.
Noah tinha preparado isso para mim. Ele queria que eu saísse da
minha cabeça e relaxasse depois da notícia de nossos encontros
forçados no baile de máscaras. Peguei o frasco e abri a tampa,
cheirando o líquido dentro dela. Cheirava doce e rico, como algum
tipo de néctar.
—Quando no País das Maravilhas — eu murmurei,
levantando e drenando o conteúdo.

Desejo imediato e incontrolável se acumulou entre minhas
coxas. Ah Merda. Talvez eu devesse ter esperado.
Dei um passo hesitante para frente, mas o roçar tentador do
material sobre minha pele era quase demais. Eu parei, estendendo a
mão e agarrando a mesa enquanto deixei escapar um gemido
ofegante. Eu apertei meus olhos fechados, tentando controlar meu
coração acelerado e a onda de calor sensual pulsando em minhas
veias. O que diabos eu tinha acabado de fazer comigo mesma?
Abrindo os olhos, pisquei algumas vezes para clarear minha
visão embaçada. Meu coração deu uma guinada quando a cena ao
meu redor se tornou não o lindo quarto que eu esperava, mas o
escritório de Caleb. Era escassamente decorado, frio e vazio,
embora estranhamente disposto como o quarto da Iniquidade. Seu
altar ainda estava lá, embora em vez de pedra fria e madeira, fosse
feito como uma cama, completa com travesseiros de cetim grosso e
coberto com um lençol preto de seda. Onde a janela fosca
geralmente ficava na sala cinza, havia agora uma tela larga, uma
reminiscência do que você poderia encontrar em um confessionário
separando o penitente do padre. Juro que a sombra de um homem
se moveu atrás daquela tela, e um arrepio sujo me percorreu.

Eu não deveria estar aqui. Eu deveria estar com Noah. Ele era
o vampiro que eu estava esperando. Mas algo se formou dentro do
meu peito, uma atração magnética em direção à tela. Como se eu
estivesse sendo convocada.
—Sente-se, senhorita Fallon. — Porra, essa voz. Eu conhecia
aquela voz. O sotaque irlandês de Caleb ondulou em meus
sentidos, levantando os cabelos finos da minha nuca em
antecipação.
—Caleb? — Eu sussurrei.
—Em uma maneira de falar.
A vaga admissão foi suficiente para deixar a última das
minhas inibições desaparecer. Se não fosse realmente Caleb, se isso
fosse apenas uma fantasia, então estava tudo bem. Por que não
devo ceder ao desejo mais profundo do meu subconsciente? Qual
era o mal em uma pequena encenação impertinente com a minha
imaginação?
—Onde você me quer?
—Em frente ao confessionário. Mostre-me seus pecados.
—Mostrar a você? Achei que deveria contar a você.

—Seu corpo falará por você. Revela tudo o que você tem
vergonha de dizer em voz alta. Agora faça o que você disse, Srta.
Fallon.
Minhas pernas tremiam quando me aproximei da janela, meu
olhar nunca deixando a silhueta do homem que assombrava
minhas fantasias sem permissão. Eu não deveria querê-lo, mas
claramente, meu subconsciente era uma cadela com tesão. E eu
secretamente a amava por isso. Mesmo enquanto eu tentava me
negar, não pude deixar de tremer de antecipação. Eu finalmente iria
experimentar o que eu estava sonhando.
Mudei a cadeira do centro da sala para a direita na frente da
janela. Então me sentei, joelhos juntos, tornozelos cruzados. Ele
pode ser minha imaginação, mas ele ainda tinha que trabalhar para
isso.
—Abra as pernas.
—Sim senhor. — Minha voz estava tensa e fina, necessidade
enrolada na minha barriga enquanto eu obedecia.
Ele se mexeu, sua sombra se movendo apenas o suficiente para
eu notar, então ele rosnou. —Abra mais.
Um gemido satisfeito veio dele enquanto eu fazia o que ele
instruiu.

—Boa menina.
Olhei fixamente para ele, desejando poder ver através da tela
tecida e grata por não poder, tudo ao mesmo tempo. Se eu visse
aqueles olhos acesos com fogo para mim, talvez não sobrevivesse.
—Levante sua saia. Mostre-me o seu mundo.
Minhas mãos estavam desajeitadas com o desejo enquanto eles
agrupavam o material em minhas coxas e lentamente o puxavam
para cima. Meu coração batia tão alto em meus ouvidos, eu não
tinha certeza se era minha imaginação ou se a figura da sombra
realmente soltou uma maldição sussurrada.
—Rosa e perfeita, exatamente como me lembro. — Ele respirou
fundo como se estivesse tentando obter o meu cheiro. —Você está
molhada?
—S... sim.
—Mostre-me.
Engoli o aperto na minha garganta. —Você não pode ver?
—Toque-se. Deslize os dedos pela sua boceta perfeita e deixe-
me vê-los brilhar.
Eu tive que morder meu lábio enquanto deslizava minha mão
entre minhas coxas. Não havia como parar meu gemido enquanto
meus dedos passavam pelo meu clitóris inchado e desciam em

direção ao lugar já pingando de desejo. Juro por Deus, ouvi um
gemido de dentro de sua cabine.
—Mostre-os para mim, como você está excitada. Mostre-me o
que posso fazer com você sem nem mesmo tocar em você.
Minha mão tremia visivelmente quando levantei os dois dedos
molhados com a prova do que ele tinha feito comigo.
—Chupe-os para limpar.
Eu recuei. —Sentir o gosto de mim mesma?
—Para mim. Prove-se e diga-me qual é o seu gosto.
Eu quase não fiz isso, mas a urgência em seu tom e a porra que
eu bebi tinham minhas inibições quase inexistentes neste momento.
Deslizando meus dedos entre meus lábios, eu chupei minha
excitação deles.
—Diga-me qual é o gosto, Sunday.
—É... doce. Como mel. Como o elixir que bebi antes.
Sua risada quente derramou sobre mim como uma carícia. –É
claro que você tem gosto de mel.
—O que você quer que eu faça agora? — Eu perguntei, minha
voz traindo minha necessidade.
—Fique de pé. Tire suas roupas e me mostre o que é meu.
—Eu não sou sua.

—Você é agora.
O homem das sombras tinha razão. Eu estava tão longe que
faria qualquer coisa que ele me pedisse agora. Incluindo a roupa
sexy prata e lingerie preta que Noah selecionou para mim. Eu tentei
fazer um show disso, desacelerando meus movimentos enquanto
eu arrastava as alças do meu vestido pelos meus braços e, em
seguida, deslizava para fora do resto, deixando o tecido esquecido
aos meus pés.
—Perfeito. Meu Deus, você deve ter sido enviada pelo próprio
Lúcifer para me tentar.
—Não. A menos que meu avô não esteja me dizendo alguma
coisa.
Essa porra de risada de novo. Eu sabia que isso não era real
simplesmente porque Caleb nunca riu assim. Ele era mal-humorado
e intenso. Quente como o pecado e feito para foder. Mas nunca nem
perto de alegre ou livre.
—Tire o sutiã, mas deixe as ligas. Eu amo o jeito que eles
enquadram sua boceta.
Alcançando atrás de mim, soltei a fileira de fechos que
começava no meio das minhas costas e ia até minha cintura. O

bustiê caiu livre, meus mamilos se apertaram instantaneamente no
frio do quarto.
—Pai, me perdoe, — ele resmungou, a sombra de seu braço
movendo-se lentamente, apenas ritmicamente o suficiente para que
eu tivesse a imagem do que ele estava fazendo clara como o dia.
Isso foi mais quente do que Hades, sabendo que ele estava se
tocando enquanto me observava. —Suba na cama.
Eu teria jurado que podia sentir seus olhos em mim enquanto
fazia meu caminho para o altar modificado. Ele foi levantado o
suficiente para que eu tivesse que subir, expondo-me quando fiquei
de joelhos em sua superfície plana.
—Foda-se sim — ele rosnou. —Se eu pudesse afundar dentro
de você agora mesmo.
Apenas o pensamento foi o suficiente para desencadear
pequenas vibrações dentro de mim. Eu pressionei minhas coxas
juntas, mas o atrito foi um substituto lamentável para o que eu
realmente queria. —O que está impedindo você?
Seu gemido em resposta me fez chegar entre as minhas pernas
e esfregar círculos apertados no meu clitóris dolorido.
—Pare. Não se mexa até que eu diga.

Foi a coisa mais difícil que já fiz, mas de alguma forma
consegui obedecer. Eu estava ofegante, meus seios pesados e tão
desesperados por seu toque quanto o resto de mim enquanto
respirava através da onda de luxúria.
—Há uma venda no travesseiro. Coloque-o e, aconteça o que
acontecer, não o remova. Você me entende?
—Sim, Caleb.
Arrastei-me para frente na cama improvisada, localizando o
comprimento vermelho de cetim e puxando-o para mim enquanto
me mexia para sentar no meu quadril. Uma ponta do tecido
mergulhou entre minhas pernas, passando por cima da minha
boceta dolorida e me fazendo gemer.
Sua voz era áspera e grossa quando ele me deu seu próximo
comando rosnado. —Amarre-a e deite-se de costas com as pernas
abertas.
Puxei a venda para cima, mordendo com força o interior da
minha bochecha quando o tecido voltou a subir. O toque suave
como um sussurro era o pior tipo de provocação porque não era o
suficiente. Eu me permiti um último olhar para a figura sombreada
atrás da tela, seu braço ainda se movendo em movimentos lentos e

medidos, e com aquela imagem em mente, eu a amarrei sobre meus
olhos e me deitei.
Assim que minha visão foi tirada de mim, fiquei
instantaneamente mais consciente de todos os outros sentidos. Mas,
mais do que tudo, eu estava ciente de quão perto do limite eu já
estava. Uma respiração bem direcionada no meu clitóris
provavelmente faria isso. Inferno, o raspar da nuca de Caleb sobre
meus seios faria o trabalho. Cada terminação nervosa do meu corpo
gritava para ele sair daquela caixa esquecida e vir me foder. Era
minha fantasia, afinal. Por que eu tinha que ser um bloqueador de
galos?
—Toque-se, Sunday. Traga-me para adorar no altar que não
posso ter.
Este comando eu obedeci sem questionar, minha mão
deslizando ansiosamente entre minhas pernas abertas. Rolei meu
dedo sobre meu clitóris, minha respiração engatando, quadris
chutando quando a sensação explodiu em minha boceta. Eu já
estava tão no limite, eu tinha certeza que estaria gozando forte e
rápido se continuasse assim.
—Não se atreva a gozar sem minha permissão.

Deve ter sido a venda, mas sua voz soou mais próxima. Como
se estivesse bem ao lado da minha orelha. Foram esses passos? O
alarme disparou através de mim, e me movi para me sentar. Mas
então seu cheiro, incenso e especiarias, tomou conta de mim, me
dando tudo que eu desejava e deixando de lado minha
preocupação. Foi então que me lembrei que o quarto foi projetado
para me dar o que eu quero. . . o que eu preciso.
—Não se preocupe. Este será o nosso pequeno segredo. O que
acontece dentro dessas paredes é só nosso. Ninguém jamais saberá.
—Caleb — eu gemi, me entregando totalmente à fantasia. —Eu
preciso que você me toque.
Seu gemido foi torturado, como se ele fosse um homem à beira
de perder o controle.
—Por favor — eu implorei.
—Não tenho mais forças para negar você Sunday. Deus me
ajude, mas não consigo me conter. Agora não.
Eu fiquei tensa com a necessidade expectante. Esperando a
sensação de sua mão na minha pele nua. Quando o toque veio, não
foi entre minhas coxas ou sobre meu peito como eu esperava. Não,
foi o mais leve roçar de seus dedos na parte interna do meu joelho.

Inocente... exceto que era absolutamente proibido. O que o tornou
tão fodidamente perfeito.
—Faça-se gozar — ele rangeu. Os sons de um cinto se abrindo
e seu zíper baixando eram inconfundíveis na sala silenciosa.
Eu o imaginei deslizando a palma da mão sobre seu pau longo
e rígido. A sensação dele contra a minha pele quando ele me
espancou era uma memória que eu nunca esqueceria.
—Sunday, ele repreendeu. —Você não está ouvindo.
—Eu quero que você goze também.
—Ah, foda-se. Você deve ser parte succubus. Essa é a única
explicação para eu te querer tanto.
—O que você precisa dizer a si mesmo, Padre. Contanto que
eu consiga ouvir como soa quando você atira sua porra em cima de
mim, não me importo.
—Sunday. Você vai ser a porra da minha morte.
Nossas respirações se misturaram, as ofegantes ásperas
alimentando o ritmo furioso dos meus dedos sobre o meu clitóris.
Ele agarrou meu joelho com mais força, não me tocando além
daquele pequeno ponto, mas eu estava queimando por esse
homem.

A tensão em seus dedos entrelaçados com sua respiração tensa
me disse que ele estava perto. Eu também. —Caleb, — eu gemi. —
Por favor.
—Eu não posso parar.
—Quem te pediu? Venha para mim, Caleb.
Ele grunhiu, seus dedos cavando em minha pele enquanto ele
engasgava e as cordas de sua liberação se derramavam em minha
mão e na parte inferior da barriga. —Santo inferno, Sunday. O que
você fez comigo?
Eu sorri e continuei perseguindo meu próprio clímax, usando
seu orgasmo como minha lubrificação. A sensação de seu gasto
escorregadio tocando meu clitóris me enviou ao limite, e eu gritei,
arqueando as costas, prazer intenso se espalhando por mim em
uma explosão de sensações. Meus malditos dedos dos pés se
curvaram.
Desci, ofegante, coração acelerado, meus dedos ainda
esfregando seu esperma na minha pele. Mas eu poderia dizer que
as coisas mudaram no momento em que eu gozei. O cheiro dele não
pairava mais no ar.
Abri os olhos, a venda sumiu, a sala voltou ao normal. Eu
deitei nua na cama, as coxas molhadas do meu próprio orgasmo,

mas nenhuma evidência de Caleb existia. Nem mesmo a liberação
que ele derramou em mim. Exceto pelos hematomas na minha coxa
em forma de dedos. Eu devo ter estado tão profundamente em
meus desejos que estava segurando meu próprio joelho na
esperança de fazê-lo parecer real.
Nossa, que fantasia. Este quarto era mais do que eu imaginava.
Meu olhar foi para a janela onde meu homem das sombras
costumava ficar. Eu meio que esperava ver a tela do confessionário
no lugar da vidraça fosca. O espaço estava vazio. Nada mais do que
vidro escuro.
O som da porta se abrindo me fez virar a cabeça para o lado. O
olhar aquecido de Noah percorreu meu corpo, seus lábios se
erguendo com diversão. —Você começou sem mim, eu vejo.
Corei, esperando que se ele tivesse uma ideia do que minha
fantasia tinha sido, ele não ficaria com ciúmes. —Ele disse beba-me.
Eu bebi.
—Tudo isso?
—Sim.
—Bem, eu pretendia que compartilhássemos sua fantasia, mas
suponho que, desde que você esteja pronta para mais, posso ajustar
a programação.

—Há uma programação? — Eu disse isso com um sotaque
britânico só para provocá-lo.
—Há. Eu planejei compensar tudo que Callie causou provando
a você, que não importa com quem eu for ao baile, meu coração é
seu.
—Bem, nós temos a noite toda, não temos?
—Sim, nós absolutamente temos. — Então seus olhos cor de
âmbar escureceram com promessa, e seus dedos começaram a
trabalhar nos botões de sua camisa. —Acho que isso significa que
estou bem a tempo para o segundo round.

Capítulo Trinta e Nove
SUNDAY
—EU não acho que vamos encontrar um, — eu digo, olhando
para o meu corpo, que estava atualmente envolto em um vestido de
lantejoulas justo que pesava pelo menos sete quilos.
—Você parece uma bola de discoteca, — Moira concordou.
—Uma bola de discoteca sangrenta — eu resmunguei, olhando
para os arranhões que as lantejoulas deixaram sob meus braços.
—Este não é o único.
—Eu tentei em todos eles. O que eu deveria fazer? Aparecer
nua? Diga que eu sou Lady Godiva?
—Pode ser? Você poderia fazer com que Kingston deixasse
você montá-lo no salão de baile.
Eu bufei com a imagem mental. —Agora, isso seria uma
entrada e tanto. Callie engasgaria com a língua.
—Acho que Thorne ficaria furioso e mataria todos os caras que
olhassem para você.
Calor subiu pelas minhas bochechas quando me lembrei da
última vez que Noah me viu nua em público. —Pode ser. Ou ele me

embrulharia em sua jaqueta e me levaria para algum armário onde
ele poderia me foder sem sentido. Sabe, pensando bem, essa ideia
realmente tem algum mérito.
—Não. Eu sinto muito. Não posso participar de algo que
acabará prendendo Thorne em uma cela por assassinato. Tire essa
coisa horrível. Eu não posso acreditar que minha mãe o enviou aqui
em primeiro lugar.
Olhei ao redor do nosso quarto para o número de vestidos de
cores do arco-íris descartados, variando de vestidos de baile de
glacê direto da fantasia de princesa fada de uma garotinha até
números sensuais mais apropriados para quartos privados no
Iniquity.
—Espere. Eu tenho uma ideia. Não acredito que não pensei
nisso antes. — Moira abriu o zíper do vestido pesado e horrível. —
Merda, — ela murmurou.
—Merda? Isso não é uma coisa boa de se ouvir. — Tentei olhar
para trás para ver o que ela estava xingando, mas mal conseguia me
mexer.
—O zíper está preso.

—NÃO. Não vou usar este dispositivo de tortura estúpido
nem mais um minuto. Tire isso de mim.
Ela amaldiçoou novamente, sua mão batendo nas minhas
costas quando ela perdeu o apoio no pequeno pedaço de metal. —
Ah, foda-se.
O vestido aqueceu contra minha pele quando Moira fez algo
com o tecido. Pânico lancetou meu peito. No espelho alto, eu assisti
com horror as chamas engolirem todo o vestido, comigo ainda
usando.
—Estou em chamas! Merda, Moira! Por que estou pegando
fogo?
—Ah, acalme-se. Você está bem.
—Não! Eu não estou bem. Estou pegando fogo, e da última
vez que verifiquei, ainda estava inflamável. Para uma bruxa, você é
muito arrogante em colocar fogo em pessoas inocentes.
Comecei a bater freneticamente nas chamas, mas elas não me
queimaram. Em vez disso, quando elas desapareceram, o vestido
por baixo se transformou em um tecido preto transparente que
cobria um corpete justo nos ombros. As mangas desciam pelos
meus braços, parando em um ponto em meus pulsos, mantidas no
lugar por um pequeno fio enrolado em meus dedos médios. Isso me

lembrou o vestido de baile rosa e azul da Bela Adormecida. . . mas
uma versão gótica sexy. A saia cheia tinha uma fenda indecente,
que parava no meu quadril. Amei cada centímetro do vestido.
Especialmente o fato de que o tecido por baixo do tecido preto era
vermelho-sangue e me fez pensar em Noah.
Moira me pegou olhando para meu reflexo com admiração.
Ela sorriu para mim por cima do ombro, sua expressão repleta de
satisfação presunçosa. —Bibbity bobbity boo, vadia.
Eu não pude deixar de rir. —Diga-me que vamos ficar com
essa cor, por favor. Eu não fico bem de rosa.
Ela deu um suspiro de horror simulado. —Querida, o
vermelho é a sua cor de assinatura. — Suas palavras assumiram um
sotaque sulista exagerado na última.
Moira me avaliou, seu olhar astuto focando em meu rosto. —
Feche seus olhos. Eu ainda não terminei.
—Bem, você já me incendiou. Qual é o pior que poderia
acontecer?
Ela revirou os olhos, mas eu fiz o que ela pediu. Um calor se
espalhou pela minha pele, formigando por toda parte, mas não de
um jeito ruim.
—Ok, abra.

Quando me olhei no espelho, a beleza absoluta me encarou. Eu
ainda parecia eu mesma, apenas. . . uma versão mais sensual. Meu
cabelo caiu sobre um ombro em ondas brilhantes, e um penteado
feito com rosetas de joias vermelhas mantinha um lado longe do
meu rosto. Mas a coisa que parou minha respiração no meu peito
foi a gargantilha em volta do meu pescoço. A corrente era uma rede
de espinhos retorcidos incrustados de ônix que chegavam a um
ponto na cavidade da minha garganta onde os espinhos se
transformavam em uma rosa de cabeça para baixo feita
inteiramente de diamantes vermelhos.
—Moira — eu respirei, minha mão pairando acima da linda
flor. —Isso é demais.
–Está certo. Dessa forma, Thorne saberá que você está
pensando nele, mesmo que não possa estar com ele.
— Achei que você não gostasse dele.
—O Príncipe Negro tem seus usos. E ele não tem me irritado
ultimamente. Além disso, você gosta dele, e eu adoro você então…
—Ela levantou um ombro cremoso em um encolher de
ombros. —Eu vou tolerá-lo para seu benefício. Para esse fim, eu
realmente tenho outra coisa para você. — Ela estendeu a mão onde
um frasco azul descansava em sua palma.

—De onde diabos veio isso?
—Mágica, querida.
Revirei os olhos. —É claro. Eu deveria saber. — Peguei o frasco
de sua mão. —O que é isso?
—Só uma coisinha para ajudar seu vampiro a resistir ao desejo
de bater em todos que olham para sua companheira. Confie em
mim. Isso tornará a noite muito mais fácil para vocês dois se
mascararem seu cheiro.
—O que eu faço com isso? Beber?
—Se você quer um caso sério de fuga, com certeza. — Ela
pegou a garrafa de mim e abriu, tirando um conta-gotas cheio de
líquido. A mordida de rosas recém-esmagadas fez cócegas no meu
nariz. —Uma ou duas gotas devem fazer o truque. Coloque-os atrás
das orelhas, no decote, entre as coxas, talvez. Onde você quiser, mas
é importante ajudá-la aqui. Um vampiro com uma companheira
não reivindicada é perigoso, especialmente quando há outros
vampiros não companheiros no mesmo espaço. Vamos tentar o
nosso melhor para mantê-lo longe de problemas.
Eu já estava passando o óleo de rosas antes que ela terminasse
de falar. Qualquer coisa que ajudasse Noah estava tudo bem
comigo. Mas se isso era um problema, por que foi a primeira vez

que alguém mencionou isso para mim? Parecia algo que eu deveria
estar usando regularmente.
Moira deve ter percebido minha pergunta porque ela
acrescentou: —Eu não tinha percebido o quão sérias as coisas
ficaram entre vocês dois, ou eu teria feito de você um lote
concentrado mais cedo. Como era, o feitiço leva pelo menos duas
semanas para amadurecer. Este foi o mais rápido que pude fornecer
a você depois que fiquei sem meu suprimento.
— Noah espera que eu use isso?
—Duvido. Eu sei que sua mãe teve que se banhar em óleo de
rosa antes que eles selassem seu vínculo porque o cheiro dela era
tão tentador para o resto dos vampiros em Blackthorne Manor, mas
isso foi há muito tempo. É muito provável que ele nunca tenha sido
informado de como gerenciar algo assim.
Terminei de me proteger de Noah, coloquei o pequeno frasco
atrás de mim na minha mesa. — Como você sabe tudo isso sobre a
família dele?
—Quem você acha que forneceu o óleo a Cashel Blackthorne?
Meu clã, é claro.
—Vocês Belladonnas estão sempre bem no meio das coisas,
não estão?

Ela me deu um tapa no nariz. —E não se esqueça disso.
—Então, você fez de mim a mãe-bruxa deste lindo vestido, me
fez a versão mais linda de mim mesma que eu já vi. E a minha
máscara?
— Muita calma, Cinderela. Moira deu um passo à frente,
afixando algo preto e brilhante sobre meus olhos.
Quando ela se mexeu, finalmente consegui ver a intrincada
máscara de renda que espelhava o desenho da minha gargantilha.
Dezenas de espinhos retorcidos descansavam contra minha pele,
não me cutucando. Era lindo e apenas deste lado perigoso. Eu amei.
—Uau. Isso é uma arma?
—Querida, tudo é uma arma se você usar direito. Basta
perguntar ao Alek.
Meu peito vibrou com a menção do viking travesso. Eu me
perguntei qual seria a máscara dele. —E você? Com quem você vai?
Ash voltou para casa depois de sua visita de fim de semana, e
eu não tinha visto Moira com mais ninguém desde então. —Emília.
Ela e Ash são amigas, então não há preocupações de
constrangimento indesejado. Ela vai ser Eva, e eu sou a cobra dela.
Quando ela disse isso, a fumaça verde rodou ao redor dela,
substituindo suas calças de ioga e camisa drapeada por um vestido

da mesma cor que abraçava o corpo. Uma cobra prateada com olhos
vermelhos cravejados de joias em volta do pescoço, agindo como o
fecho que mantinha o material pegajoso unido. Mas enquanto eu
observava, a cauda se contorceu e mergulhou no tecido, movendo-
se languidamente por suas curvas. Era hipnótico. Mortal.
Absolutamente pecaminoso.
Em uma palavra, foi perfeito.
—Merda — eu sussurrei. —Você faz uma cobra sexy.
Moira sorriu. —Eu sei. Cuidado agora, seu harém está cheio.
Mas se você quiser um pedaço da minha maçã, estou disposta a
compartilhar.
Foda-se se eu corei. Eu abaixei meu rosto. —Pare de usar seu
vodu sexy em mim, sua tentadora.
Moira piscou. —Como quiser.
—Eu também te amo.
O relógio na mesa de Moira soou meia-noite, e seu sorriso
assumiu um tom perverso. —Oh, olhe, a hora das bruxas está
chegando. Hora de ir se divertir. — Ela piscou, puxando sua
máscara. —O que você diz, Sunday? Pronta para criar algum
inferno?
—Tão pronta como nunca estarei.

Moira suspirou. —Tudo bem, isso foi um pouco anticlimático,
mas eu vou aceitar. — Ela entrelaçou o braço no meu. —Vamos,
gatinha. Vamos quebrar algumas ereções.
—Eu não acho que é isso que você deveria fazer com eles.—
—Então você não está fazendo isso direito. Até eu sei disso.
Fiz uma pausa, olhando para ela. —Moira. . . um dia desses
você vai me contar seus segredos.
Ela piscou os cílios para mim. —Querida, você nunca
sobreviveria a isso.
—Me teste.
—Talvez quando você for mais velha, — ela disse, sua
expressão inexpressiva enquanto ela acariciava minha mão.
Eu ri tanto que me preocupei em estragar minha maquiagem
porque eu começaria a chorar. —Não sei. Eu já tenho mais pau do
que posso lidar. De quanta experiência eu realmente preciso?
Ela abriu a porta, e toda a leveza foi sugada do quarto no
momento em que vi quem esperava do lado de fora. Lá estava ele.
O maior idiota de todos, e não do tipo divertido.
Kingston estava lá, seu corpo grande coberto por um smoking
fodidamente quente, sua máscara cobrindo seus olhos e puxando

minha atenção para seus lábios carnudos, cabelo penteado para
trás, maçãs do rosto à mostra. Maldito seja, eu já estava molhada.
Eu o odeio.
Quase tanto quanto eu o queria.
E foda-se se essa não fosse a parte mais irritante de todas.

Capítulo Quarenta
KINGSTON
Puxa, Sunday foi a criatura mais impressionante que eu já vi.
Ela não apenas me tirou o fôlego, ela parou a porra do meu coração.
Tudo em mim implorava para tê-la em meus braços, contra meu
peito, segura e segura. Não apenas meu lobo.
Eu.
Quando essa mudança aconteceu? Eu estava tão determinado
a manter meu ódio depois de sua rejeição, mas de alguma forma
essa mulher tinha quebrado a barreira que eu tinha colocado para
me proteger. Em vez de mantê-la fora, ela conseguiu se infiltrar
mais fundo, provando que eu nunca estaria livre dela ou do que ela
fez comigo.
Porra.
—Bem, você parece. . . diferente ... —disse Sunday, com um
leve sorriso em seus lábios carmesim perfeitos. Mas a luz que estava
em seus olhos quando Moira abriu a porta diminuiu no momento
em que Sunday me viu.

Mesmo que ela e Moira parecessem divertidas, eu podia sentir
a mudança em seus humores. Como quando você sai para passear e
percebe que acabou de pisar em uma pilha de cocô de cachorro. E
eu era a merda proverbial nesta equação.
Me matou perceber que eu era o responsável pela mudança.
Não que eu pudesse realmente culpar qualquer um deles. Eu tinha
sido um completo idiota. Por que Sunday ficaria feliz em me ver?
Eu não tinha dado a ela uma razão para querer estar perto de mim.
Eu confiei completamente na conexão do meu lobo com o dela
enquanto Noah Blackthorne mergulhou e enfeitiçou suas calças
literalmente.
—Você é . . . foda-se, Sunday, você é tão bonita.
Ela respirou fundo de surpresa. —Por que você está dizendo
coisas boas para mim?
—Porque uma mulher como você, com essa aparência, você
merece ouvir a verdade. E não importa o quão fodidas as coisas
estejam entre nós, eu nunca menti para você. Não vai começar
agora.
Moira passou por mim, seu corpo minúsculo esbarrando no
meu. —Não tente ficar fofo, cachorro. Você não foi nada além de

um idiota para ela, e ela não iria com você se pudesse evitar.
Lembre-se disso.
Eu poderia ser o único com as garras, mas as palavras da
bruxa me estriparam, me esfolando.
—Verdadeiro. E mesmo que eu provavelmente não mereça,
não vou perder a oportunidade de acertar as coisas.
Algo brilhou nos olhos de Sunday enquanto eu falava. Claro,
eu estava respondendo a Moira, mas meu olhar nunca deixou
minha companheira. Isso foi para seu benefício. Uma promessa que
eu não iria quebrar.
Ela engoliu e ajustou a máscara antes de cortar o contato visual
comigo. —Nós devemos ir.
Moira suspirou, sua expressão se abrandou enquanto voltava
sua atenção para sua colega de quarto. —Você vai ficar bem? Eu
preciso passar e pegar Emília. Prometi que entraríamos juntas, mas
se você precisar de um árbitro, posso pedir para ela nos encontrar
lá.
Eu mal podia esperar para a bruxinha sair do meu pelo.
—Não, não faça isso — disse Sunday, seus olhos se estreitando
um pouco quando ela olhou para mim. Embora não com suspeita.

—Acho que vamos conseguir nos comportar bem por pelo menos
algum tempo.
Oh, eu seria legal com ela … e travesso se ela me deixasse. —
Eu posso me comportar. Por enquanto.
Moira pressionou a mão no peito. —Misericórdia, milagres
existem. — Então ela revirou os olhos e entrou direto no meu
espaço, enfiando uma de suas unhas em forma de garra no meu
peito. —Você fode tudo hoje à noite, cachorro, e eu vou arrancar
seu pau e dar de comida aos peixes, entendeu?
A bruxa não estava brincando. Eu não tinha dúvidas de que
ela pretendia fazer exatamente isso. Não fiz nenhum esforço para
esconder meus movimentos enquanto colocava uma mão
protetoramente sobre meu pau. —Não, obrigado. Eu gosto de
Jacob exatamente onde ele está.
A confusão cintilou nos olhos da bruxa. —Você . . . nomeou
seu pau depois do lobisomem em Crepúsculo? Já ouvi falar de
adoração a heróis, mas parece que você foi longe demais, amigo.
Eu olhei para trás para Sunday e o rubor de conhecimento
florescendo em suas bochechas. —Não. Sunday sabe por quê.
Eu não pude evitar. Eu pisquei.

Os lábios de Sunday estavam pressionados em uma linha
apertada. Claramente ela não iria compartilhar com a classe.
—Escada de Jacob — eu disse, olhando fixamente para Moira
enquanto ela olhava para minha virilha. —Eu poderia ter ido com
Albert, mas . . . Jacob tem um bom toque para isso.
Entendimento começou a aparecer. —Oh. Eca . . . Eu poderia
ter passado a minha vida inteira sem saber disso. E Sunday, acho
que precisamos conversar sobre por que exatamente você sabe. Mas
nessa nota, eu vou sair. — Ela deu um beijo casto na bochecha de
Sunday. —Vejo vocês lá.
—Finalmente sozinha, eu disse enquanto ela desaparecia pelo
corredor.
Estendi a mão para Sunday, meus dedos coçando para tocá-la,
para diminuir a distância entre nós. Mas ela se afastou de mim, a
desconfiança em seus olhos era algo que eu merecia.
—Esses saltos parecem perigosos para andar. Apenas tentando
evitar que você caia de bunda na frente do mundo inteiro. — Tentei
o que esperava ser um sorriso encantador, mas parecia mais uma
careta. Se eu fosse reparar o dano que fiz, precisava começar
pequeno. Para provar a mim mesmo.

Eu não podia ver por trás de sua máscara, mas eu tinha certeza
que ela levantou uma sobrancelha para isso. —Você está tentando
insinuar que eu não sei andar com isso?
—Não. Isso não é …
—Eu já estava fodendo com tudo. —Eu só quero mantê-la
segura, Sunday. Isso é tudo que eu sempre quis. Mas você não vai
me deixar.
Ela abriu e fechou a boca, parecendo surpresa com a minha
honestidade. Finalmente, ela soltou um suspiro, franzindo os lábios
por um momento enquanto me estudava. —Olhe. Goste ou não,
estamos presos um ao outro esta noite. Estou disposta a fazer uma
trégua se você estiver.
—Quem disse que eu não gosto?
—Oh, eu não sei, tudo o que você já fez?
Fechei os olhos, a culpa me inundou com as palavras dela. —
Olha, Sunday. Não posso fingir que fui nada mais do que um
completo idiota quando se trata de você. Mas você também não foi
totalmente inocente nisso. Estou fodidamente apaixonado por você
desde o dia em que te vi pela primeira vez. Estava fora do meu
controle, um raio maldito direto para a minha alma, e você rasgou a
porra do meu coração em oito segundos. Eu estava pronto para te

dar tudo só porque você existia, mas você me rejeitou antes que eu
tivesse uma chance. O que diabos você esperava que eu fizesse? A
única pessoa que eu sempre quis não me queria. Eu não sabia o que
fazer com tudo isso. Eu ainda não sei, — eu acrescentei sem jeito,
totalmente surpreso com a minha confissão. Eu nunca tinha
admitido, nem mesmo para mim mesmo, o que meus sentimentos
por ela significavam. Fazer isso agora, por completo acidente, me
jogou para uma porra de um loop.
—Você não está apaixonado por mim. Acho que você nem
sabe o que é o amor.
Cru pela minha admissão, meu coração se desnudou para ela,
aquelas palavras queimaram quando ela as empurrou de volta no
meu rosto.
Novamente.
Não pude evitar, rosnei, apertando-a contra a parede. —Não
se atreva a me dizer o que sinto por você. — Agarrei seu pulso,
segurando-o contra o meu coração. —Você sente isso? Ele bate por
você. Desde que te vi e percebi que era minha. Mesmo quando eu
desejava que isso não acontecesse. Não consigo tirar você da minha
mente, não importa o que eu tente. Você está sob minha pele, em

minhas malditas veias, e eu não sei se você é um veneno me
matando lentamente ou a cura para tudo.
A verdade me custou. Tornou minha voz gutural e áspera de
dor por sua contínua rejeição a mim e ao meu coração. Ela era
minha companheira. Destinada para mim pela própria deusa da
lua. Então, por que eu não era o suficiente para ela?
Por que ela não podia simplesmente me deixar amá-la?
Suas respirações vinham em ofegos agudos, olhos fixos nos
meus, fogo ardendo atrás deles. Eu só precisava de um gosto
daqueles lábios. Apenas um toque de sua boca na minha para
mostrar a ela o que ela estava perdendo. Porque não tinha como eu
sentir essa dor sozinho.
Abaixando a cabeça, fechei a distância entre nós, minha testa
pressionada na dela, lábios a um fôlego. —Se você não quer isso,
me diga agora. Estou colocando meu coração aos seus pés.
Sua respiração estava irregular, seu peito subindo e descendo.
Lutei contra um gemido de frustração, todo o meu ser desesperado
para nos tirar de nossa miséria e beijá-la. Sua língua saiu para
molhar os lábios, e se eu fosse um homem mais fraco, teria sido o
momento em que perdi o controle. Mas então a dúvida cintilou em
seus olhos.

Não.
Não.
Não!
Eu estive tão perto.
—Não, Kingston. Assim não. Não posso.
Um rosnado feroz escapou do meu peito. —Você pode.
—Você não entende.
—Você tem razão. Eu não entendo. Como você pode negar o
que sua loba quer tanto?
—É minha loba, não eu.
Eu segurei seu rosto suavemente, embora minha necessidade
fosse tão grande que eu estava tremendo. —Você é sua loba,
Sunday.
—Se isso fosse verdade, eu seria capaz de mudar.
Algo se quebrou em mim, e eu me forcei a recuar, embora tudo
em mim se rebelasse contra a distância. —Então eu acho que nós
vamos ter que te levar até lá. Porque quando você estiver sem
desculpas Sunday, eu ainda estarei aqui. Eu não estou indo a lugar
nenhum. De novo não. Você não pode simplesmente me dispensar.
Eu sou seu companheiro. Não importa o tempo. E eu vou
reivindicar você.

Peguei sua mão e a puxei atrás de mim para fora do quarto,
me forçando a não olhar para ela porque tudo doía. Saber que eu
falhei como companheiro, que ela queria outra pessoa, que ele a
teve, queimou em minhas entranhas. Mas eu não ia mais ficar
sentado pensando nisso. Era hora de eu me tornar homem e fazê-la
ver o quão errada ela estava em não me escolher.
Porque de uma forma ou de outra, Sunday Fallon
absolutamente me escolheria.

Capítulo Quarenta e Um
SUNDAY
O zumbido de vozes me cercava enquanto eu estava no salão
de baile, o braço de Kingston em volta da minha cintura, seu cheiro
rasgando minhas paredes pedaço por pedaço. Era quase impossível
focar na sala e nas pessoas e em tudo que deveríamos estar fazendo
quando as palavras que ele disse ainda passavam pela minha
mente, uma por uma, se encaixando em meu coração. Eu o havia
quebrado. Ele não me odiava, ele me amava, e eu nos arruinei
porque estava com medo.
Negar seu beijo tinha sido fisicamente doloroso. Tudo em mim
estava desesperado para fechar a distância entre nossas bocas e
pegar o que nós dois queríamos. Tudo exceto o aviso de Moira. Essa
visão estúpida me assombrou. O medo de escolher errado me
deixou com medo de escolher. Mas então, eu já tinha escolhido
Noah. . . eu não tinha?
—Você quer dançar? —Kingston perguntou, seu estrondo
profundo misturado com uma vulnerabilidade que eu não estava
acostumada a cortar minha turbulência interna.

Eu pisquei para ele, olhando nos olhos que queimaram os
meus. Em sua máscara de lobo, ele parecia perigoso e sexy como o
pecado, mas foi essa ligeira hesitação em sua pergunta que
realmente me pegou. —EU . . . Eu não sei como.
Este não era um caso humano do ensino médio. Entrar no
salão de baile de Ravenscroft foi como voltar no tempo. Em vez de
um DJ, havia um quarteto de cordas, suas belas melodias sombrias
um acompanhamento perfeito para os casais rodopiando pela pista
de dança. Eles teceram padrões intrincados um ao redor do outro
enquanto participavam de danças que você esperaria ver em um
filme de época, não no meio de um baile escolar moderno. Por mais
elaborado que seja o baile ou antiquado o estabelecimento.
Os olhos de Kingston endureceram, e suas narinas dilataram
quando ele me deu um aceno apertado. Não foi difícil ver que ele
tomou minha resposta como mais uma rejeição. Avistando um dos
garçons, acenou para ele e pegou duas taças de champanhe de sua
bandeja, entregando uma para mim sem dizer uma palavra.
Ficamos em um silêncio constrangedor, sua confissão correndo
pela minha mente. Eu me senti horrível e confusa, e mesmo
sabendo que tinha que provar a mim mesma para os poderes ao

passar por esse teste ridículo, eu realmente só queria ir para casa e
rastejar para a cama.
—Eu poderia... — Kingston começou, mas Alek apareceu do
nada e pegou a bebida da minha mão, passando para Kingston com
uma piscadela arrogante.
—Segure isso, sim?
Ele me puxou para a pista de dança, seus olhos brilhando com
malícia.
—O que em nome de Deus você está vestido? — Eu perguntei,
rindo e me forçando a não olhar para trás para o que eu tinha
certeza que era um lobisomem furioso.
Olhei para a forma de Alek, meu olhar percorrendo o traje de
couro justo em tons de verde, preto e dourado. Foi a máscara com
chifres que me fez sorrir. Não cobria nada de seu rosto, parando
logo acima de suas sobrancelhas.
—Eu pensei que você odiasse os filmes da Marvel?
Ele sorriu. —Não quando tenho um propósito glorioso para
servir.
—E qual é?
Inclinando-se para perto, ele sussurrou: —Você.

O calor penetrou em minhas bochechas e se acumulou na
minha barriga. Tentando jogar fora minha reação, eu dei um tapa
de leve no braço dele. —Ok, Loki. Boa sorte com isso.
—Eu não preciso de sorte. Confie em mim.
Ele me girou e então me puxou de volta, meu vestido girando
em torno de mim em uma queda graciosa de tecido. Me senti uma
princesa naquele momento. Para um homem tão grande, Alek se
moveu com agilidade, ignorando completamente os passos
coreografados da dança enquanto ele me puxava contra seu corpo e
balançamos ao som da música.
—Eu deveria voltar para o meu encontro — murmurei, não
querendo causar nenhum problema entre ele e Kingston. Nós
deveríamos manter nossas cabeças frias esta noite, e Kingston já
estava tenso.
Seu foco passou por cima do meu ombro. —Um pouco de
distância pode ser exatamente o que vocês dois precisam. — Então
aqueles olhos azuis pegaram e seguraram os meus. —Sabe, as
coisas seriam mais fáceis para vocês dois se parassem de lutar tanto.
—O que você quer dizer? — Eu era toda inocência e
ingenuidade.

Ele sorriu. —Você teria que ser uma tola para sentir falta do
jeito que vocês dois se olham. Ele é seu tanto quanto nós.
—Nenhum de vocês é meu. Na verdade, não. Eu tenho que
escolher e se eu escolher errado. . . — Eu parei, não querendo entrar
nos detalhes sujos da visão de Moira.
Alek franziu a testa, claramente não gostando que eu me
censurasse. —Eu não acho que você entende, Kærasta . Somos seus,
quer você nos reivindique ou não. Não há escolha a ser feita,
simplesmente aceitação. As coisas serão muito mais agradáveis,
para não dizer prazerosas, quando você ceder.
Soltei uma risada incrédula. —Você age como se Kingston
fosse rolar e aceitar o conceito de me compartilhar com qualquer
um. Isso não vai acontecer.
Ele me deu um olhar tingido de sinceridade. —Você ficaria
surpresa com o que um homem estaria disposto a sacrificar pela
mulher que faz sua alma gritar 'Minha'.
—Isso é algo com o qual você tem experiência pessoal?
Seus lábios se curvaram em um sorriso sensual. Ele se inclinou
para perto, sua boca roçando a concha do meu ouvido enquanto ele
sussurrava: —Talvez.

—Ele me odeia mesmo dizendo que me ama, Alek. Eu não sei
o que fazer.
—Se você está pedindo conselho, eu não tenho nenhum. Mas
eu vou dizer isso. Eu sei que ainda não encontrei meu caminho em
seu coração, e tudo bem porque você ainda me permite em sua
órbita. Você é o sol desse homem e, no entanto, recusa-lhe todo o
seu calor. Brilhe para ele, Sunny. Veja o que acontece quando você
dá esperança a um moribundo como você me dá esperança.
Fechei os olhos contra a onda esmagadora de retidão que não
podia negar quando ele estava tão perto de mim. Abrindo minha
boca para responder, parei com o cheiro de bergamota e a atração
do meu coração em direção a Noah. Eu nem tinha visto o homem,
mas sabia que ele estava lá. Abri meus olhos, e com certeza, Noah
estava ao nosso lado, olhar suave e expectante ao mesmo tempo.
—Se importa se eu interromper, Viking? — Sua voz suave
fluiu sobre mim, me cobrindo de pura felicidade.
Alek correu sua palma quente pela minha espinha, dando um
aperto atrevido na minha bunda antes de me soltar. —De jeito
nenhum. Ela é tanto sua quanto minha, afinal.
Eu esperava que Noah negasse, mas tudo o que ele fez foi
revirar os olhos e me oferecer a mão. —Vamos, querida?

—Temos permissão?
Ele me varreu em seus braços. —Quem diabos se importa?
Meu olhar viajou pela sala até que pousou em Callie, vestida
com um vestido tão baixo que eu podia ver seu umbigo. Sua
máscara era de penas brancas, alta o suficiente para parecer mais
uma cegonha do que uma mulher. Eu ri. —Seu pássaro.
—Eu só tenho um pássaro, uma pombinha. E ela está em meus
braços agora.
Callie me encarou com adagas, seu lábio se curvou em um
sorriso de escárnio enquanto ela pisava no chão e se dirigia direto
para Kingston. Noah me puxou em uma valsa suave, me
conduzindo sem esforço como se isso fosse uma segunda natureza
para ele.
—Você parece absolutamente comestível agora — ele
sussurrou, sua bochecha pressionada contra a minha. —Você tem
alguma ideia das coisas que eu quero fazer com você, vendo meus
espinhos colarem em sua linda garganta?
—Seus?
—Sim. Essas são as joias Blackthorne que você está usando.

Meu estômago revirou. Moira, sua atrevida! Atrevida! Eu me
perguntei se ela sabia exatamente quem eu deveria escolher e, em
vez de me dizer, ela estava tentando me mostrar todo esse tempo.
—Como é possível que você ainda seja tão bonito mesmo
quando está usando uma máscara? — Ele estava vestido com um
smoking perfeitamente feito sob medida, seu cabelo escuro
penteado para trás, uma máscara de couro branco simples na
metade de seu rosto. —Você parece o fantasma da ópera, na
verdade.
Ele me girou e depois me puxou para que nossos corpos se
moldassem juntos. —Talvez eu esteja aqui para atraí-la para a
escuridão onde pretendo mantê-la cativa e fazer coisas
indescritíveis com você.
E agora eu estava tão excitada que não conseguia enxergar
direito. —Se você está tentando me fazer fugir com você, está
funcionando.
—Bem então. Eu nunca sou de perder uma oportunidade
perfeita. Que tal você e eu nos esgueirarmos para o jardim para que
eu possa violá-la adequadamente.
—Mas, e se formos pegos? Eu estarei arruinada, — eu
provoquei.

—Então acho que vou ter que me casar com você e fazer de
você uma mulher honesta — disse ele, totalmente sério.
Minha respiração ficou presa na garganta. —Noah.
Ele baixou a cabeça novamente, sua voz suave e esfumaçada
tentação enquanto sussurrava em meu ouvido: — Estou pronto se
você estiver, Sunday. Encontre-me no jardim.
Então ele me soltou e foi embora, olhando para trás uma vez
ao sair do salão de baile. Meu coração trovejou em meus ouvidos,
possibilidade, desejo, medo e necessidade, tudo misturado dentro
de mim. Eu pressionei a mão no meu peito, querendo respirar e não
perseguir Noah ali mesmo.
Examinei a pista de dança, o ciúme disparando através do
brilho feliz em que Alek e Noah me envolveram. Kingston estava
dançando. . . com a porra da Callie Donoghue.
Eu sabia exatamente o que ele estava fazendo. E porquê. A
única vez que ele parecia chamar minha atenção era quando ele
fazia algo para me deixar com ciúmes. Bem, não funcionaria. Não
dessa vez. Se ele quisesse as mãos daquela cadela de plástico sobre
ele, ele seria bem-vindo a ela. Eu não estava jogando esse jogo com
ele. Não mais. Um de nós precisava quebrar o ciclo.

Encontrei seu olhar e dei-lhe um aceno lento de cabeça,
deixando-o saber que eu via através dele. Eu sabia que me fazia
uma hipócrita ficar com raiva dele quando estava com Noah,
flertando com Alek e fantasiando sobre Caleb, mas aqui estávamos
nós. Então fui direto até eles e disse: —Aproveite sua noite,
Kingston .
Então girei nos calcanhares e segui Noah. Eu estava atrasada
para um arrebatamento.

Capítulo Quarenta e Dois
SUNDAY
EU juro que ainda sentia o olhar ardente de Kingston em mim
mesmo depois de entrar no corredor fora de sua linha de visão. Seu
foco era um peso que eu não podia negar. Isso me puxou e exigiu
minha atenção. Mas isso não era sobre ele agora. Noah estava
esperando por mim, e Moira estava me apontando em sua direção
todo esse tempo. Eu só não tinha visto.
Meus passos apressados ecoaram no corredor cavernoso, mais
rápido e eu estaria correndo a todo vapor. Agora que meu coração e
minha mente estavam alinhados, eu não queria esperar. Tudo o que
eu queria era chegar a Noah para que eu pudesse dizer a ele que
estava pronta para sua marca.
Algo que parecia muito com uma mão fria envolvendo meu
pulso, me puxando para a sala escura à esquerda. Um peito duro
pressionado contra minhas costas, respiração quente fazendo
cócegas no meu pescoço.
—O que aconteceu com o jardim?
—Eu perguntei com uma risada ofegante.

Estremeci quando seus lábios percorreram meu ombro até a
pele macia da minha garganta. —Que jardim, aquele enorme?
Antes que eu tivesse tempo de processar o som de sua voz ou
o conhecimento de quem ele era, ele me virou e me jogou contra a
parede, seus lábios esmagando os meus com força contundente. Eu
gemi por instinto, e ele aproveitou a oportunidade para deslizar sua
língua em minha boca, seu gosto e a intensidade de seu beijo
afastando tudo.
Tudo o que existia agora era eu, ele, e este momento roubado
no escuro. Eu não podia ver mais do que sombras, mas eu sabia
exatamente quem estava me tocando. O homem que eu nunca
pensei que se permitiria ter o que queria com tanta clareza.
Caleb se afastou, sua respiração difícil quando ele colocou a
cabeça e correu suas presas ao longo do lado do meu pescoço. —Eu
conhecia a fome antes, mas nunca assim. Vou provar o seu mel.
—Caleb? O que você está fazendo? — Mesmo quando as
palavras deixaram meus lábios, eu sabia que não me importava
com a resposta. Ele estava me dando tudo o que eu queria. Era
minha fantasia, mas cem vezes melhor porque era real.
Sua palma desceu pelo meu corpo, encontrando a fenda alta
do meu vestido com facilidade. —Santos sejam louvados. Você está

nua para mim. Fique quieta e, quando não puder, morda isso. —
Ele me entregou um pedaço de tecido bem passado que cheirava a
ele. —Eu vou fazer você gritar.
Seus dedos deslizaram entre minhas coxas, e ele gemeu contra
mim quando encontrou meu corpo liso e pronto para ele.
—Por favor — eu gemi.
Em vez de afundar em mim, Caleb me agarrou rudemente
pela cintura e me colocou com força em uma superfície lisa e fria
que eu só poderia assumir que era uma mesa. Então ele caiu de
joelhos, suas mãos agarrando minhas coxas e empurrando-as.
Deus, eu ia arruinar este vestido. Eu estava tão molhada.
–Caleb — eu sussurrei.
—Silêncio, pequenina. Deixe-me mostrar-lhe como é quando
você me permite adorá-la.
—Deus, sim.
Ele me golpeou entre as pernas, seus dedos pousando
diretamente no meu clitóris e enviando um raio de necessidade
zunindo através de mim. —Blasfemador. — Não havia como
confundir a diversão que envolvia a palavra.
—Novamente.
—Paciência, senhorita Fallon.

Seus lábios queimaram minha coxa enquanto ele beijou seu
caminho sob minha saia até que dois dedos grossos afundaram
dentro da minha boceta, e sua boca encontrou meu clitóris latejante.
Agarrei as bordas da mesa enquanto fiquei tensa e lutei contra a
vontade de gritar. Deus, o orgasmo já estava aqui. Eu ia morrer se
ele não me deixasse vir desta vez. Quando era real.
As coisas que o homem podia fazer com sua língua. Quem
diria que um ex-padre seria tão habilidoso?
—Você sabe . . . você é muito bom nisso, — eu gemi, uma das
minhas mãos afundando em seu cabelo e pressionando seu rosto
mais perto, meus quadris balançando desesperadamente contra sua
boca.
Ele agarrou minha coxa e puxou a cabeça para trás. —Você
quer encontrar a libertação ou quer conversar?
—Foda-me, pai.
—Eu faria se eu pudesse. Minha boca terá que ser suficiente.
Agora feche a sua.
Eu queria perguntar por que, mas ele já estava em mim, sua
língua e dedos me deixando em um frenesi que fez meu corpo
inteiro tremer. Ele curvou os dedos em um movimento de aceno, e
então ele me enviou direto para a borda quando ele correu suas

presas em ambos os lados do meu clitóris, pressionando com força
o suficiente para ver estrelas, mas não o suficiente para tirar sangue.
Eu estava tão perto que praticamente podia ver as bordas
douradas do meu orgasmo se unindo em uma bela explosão. E
então tudo veio através de mim quando ele agarrou meu clitóris e
cantarolou. A vibração, combinada com o movimento de seus
dedos, era demais e insuficiente ao mesmo tempo. Mal tive tempo
de levar seu lenço à boca para abafar meu grito de libertação.
Caleb puxou os dedos livres, mas ele ainda não tinha
terminado. Ele lambeu minha excitação, me lambendo com a língua
e terminando com uma volta lânguida direto na minha costura.
Então ele deu um beijo final, quase casto, bem no meu clitóris antes
de se levantar e sussurrar: —Amém.
Meu corpo estava tremendo com tremores secundários de
prazer. Eu queria senti-lo contra mim. Eu queria saboreá-lo e
agradá-lo da mesma forma que ele fez por mim, mas quando eu o
alcancei, ele deu um passo para trás. As únicas coisas visíveis na
escuridão eram sua boca e os dois dedos que ele levou aos lábios.
Ele os chupou, um gemido baixo e retumbante vindo dele. —
Sim. Querida. Isso é exatamente o que você tem gosto. Mel. Você
estava certa.

O que ele quis dizer com isso? O alarme disparou através de
mim quando me lembrei de viver minha fantasia solo no Iniquity .
Como ele poderia saber que eu disse isso?
Antes que eu pudesse perguntar, ele me deixou sozinha no
quarto, tremendo, desesperada e morrendo por dentro, porque
agora que ele havia cruzado essa linha, eu não tinha certeza de
como daria meu coração apenas a Noah.
Como eu poderia quando foi rasgado em quatro pedaços
muito diferentes?

Capítulo Quarenta e Três
SUNDAY
Meus joelhos ainda estavam trêmulos quando eu finalmente
reuni coragem para deixar o pequeno recanto que Caleb tinha me
puxado. Eu tinha certeza que cheirava a sexo e. . . ele.
—Aí está você.
A voz de Noah tomou conta de mim, trazendo mais confusão e
minha nova companheira constante, a culpa.
—Se perdeu, não é? —Ele perguntou com um sorriso irônico.
—Eu fiquei distraída. Eu sinto muito. — Eu não podia mentir
para ele, mas como eu ia admitir que tinha acabado de ser fodida
com a língua por um padre enquanto eu deveria encontrá-lo no
jardim?
Seu olhar se voltou avaliando. —É assim mesmo? E aqui eu
pensei que era a distração.
—Eu tenho algumas distrações na minha vida neste momento.
Eu sou uma bagunça.
—Uma bela bagunça — disse ele, aproximando-se e passando
seus lábios sobre os meus antes de rosnar, —Minha bagunça.

—Sim. Sou sua. Eu sou complicada pra caralho.
Ele colocou uma mecha perdida do meu cabelo de volta no
lugar. —Eu não mudaria nada em você. Eu sabia no que estava me
metendo quando escolhi você, Sunday. E ainda aqui estou eu. Sem
estipulações. Sem condições. Apenas seu.
—Mesmo que eu possa ser de outra pessoa. . . ou vários outros
alguéns?
Seu olhar era forte e firme, inabalável. —Mesmo assim.
—Noah, eu tenho uma coisa que preciso te dizer... — Uma
forte explosão vindo da direção do salão de baile me fez bater no
peito de Noah, interrompendo minha confissão. —Que raio foi isso?
Ele olhou para mim, sua expressão cautelosa e tensa. —Não
tenho certeza. Talvez você devesse ficar aqui enquanto eu verifico.
—De jeito nenhum. Você não vai lá sem mim.
—Certo, — ele concordou, soltando uma respiração pesada.
Ele pegou minha mão na dele, segurando com força enquanto me
levava de volta para o salão de baile.
Fumaça jorrava das janelas, mas estudantes e instrutores
circulavam ao redor. Ninguém parecia estar fazendo nada, embora
a folia tivesse parado.

—Você acha que isso faz parte do teste? — Uma garota
duende perguntou.
Assim que a pergunta saiu de seus lábios, fiz uma pausa.
Parecia exatamente o tipo de movimento sorrateiro e dissimulado
que eu esperava dos professores de Ravenscroft. Um pouco da
minha ansiedade se esvaiu quando me juntei aos outros. O ar
zumbia com a tensão enquanto esperávamos coletivamente que
algo, qualquer coisa acontecesse.
Um grito de gelar o sangue ecoou do corredor, e Callie
irrompeu pelas portas e caiu dramaticamente nos braços de Noah.
Ela estava ensanguentada e machucada, o vestido rasgado, o cabelo
despenteado, as penas de sua máscara esfarrapada manchada de
sangue.
—Ajude-me! Por favor, eles estão vindo.
Noah agarrou seus braços, empurrando-a para longe o
suficiente para que ele pudesse olhar em seu rosto. —Quem está
vindo? Quem fez isto com você?
—Demônios. Eles atravessaram as alas.
—Demônios? — Eu repeti, horror correndo através de mim.
Não houve um ataque de demônio desde que o clã Siren
impediu Lúcifer de abrir os portões do inferno. Além de um

punhado, como Lilith, que esculpiu pequenos nichos para si no
plano mortal, eles permaneceram em seu lado do submundo desde
então.
—Fique atrás de mim,
—Caleb disse enquanto fechava as portas e pegava um dos
candelabros altos que decoravam a entrada. Eu me perguntei se ele
ainda podia sentir meu gosto em sua língua. Se Noah pudesse me
cheirar em cima dele.
Eu balancei minha cabeça para limpar meus pensamentos,
observando enquanto ele quebrava a base do candelabro tão
facilmente quanto eu poderia quebrar um galho. Então ele deslizou
o metal grosso pelas maçanetas das portas, barricando as portas.
Velas de cera preta caíram no chão, suas chamas ainda acesas.
Sanderson e várias outras bruxas deram um passo à frente e
rapidamente apagaram as chamas antes que tivéssemos outra
emergência em nossas mãos.
—Vamos, pessoal, preparem as proteções, — Sanderson
chamou, as mãos já estendidas enquanto ela tecia seu feitiço.
Bruxas e feiticeiros moveram-se para o centro da sala, e todos
deram as mãos enquanto entoavam o canto de Sanderson. Vi a
cabeça verde-veneno de Moira e suspirei de alívio.

—Não se preocupe — disse Noah, apertando minha mão. —Os
demônios não serão capazes de passar pelas proteções. Estaremos
seguros aqui.
Callie soluçou aos pés de Noah onde ela havia caído. Que ele a
estava ignorando me fez feliz de uma forma que provou o quão
mesquinha ela era.
Uma palma grande e quente deslizou ao redor da minha
cintura antes de me puxar para longe de Noah e Caleb. Kingston
olhou para mim, sua mandíbula apertada, olhos duros com
inquietação. —Você precisa sair daqui. Isso não parece certo.
—Este é o lugar mais seguro para ela— Caleb contradisse.
—O que diabos você sabe, padre?
Ele arqueou uma sobrancelha, sua expressão de pura
condescendência. —Sobre demônios? Mais do que a maioria,
asseguro-lhe.
—Alguma coisa está errada. Você não pode sentir isso?
Kingston perguntou, não me soltando.
—Concordo. Não há um cheiro de enxofre no ar. Um pouco da
ansiedade no meu peito diminuiu com o som do estrondo profundo
de Alek. Ele atravessou a sala, parecendo a porra de um deus
quando se juntou ao nosso pequeno grupo de lutadores.

—Você está certo — disse Noah. Ele rosnou baixo em seu peito
e treinou seu foco em Callie. —Demônios? Você está certa?
Ela piscou os cílios postiços rapidamente. — Noah, você não
acha que eu mentiria para você, acha?
Ele pegou o rosto dela entre as mãos, apertando com força
enquanto a levantava na ponta dos pés, rosnando: — Você vai me
mostrar o que sabe. Sua voz pulsava com poder, então não havia
como confundir a ordem com nada além da compulsão que era.
Os olhos de corça de Callie ficaram nebulosos quando ela
obedeceu.
Noah assobiou, empurrando-a para trás. —Caçadores. Sua
putinha.
Não houve tempo para reagir ao aviso de Noah. Vidro se
estilhaçou, cacos chovendo de cima quando algo foi jogado para
baixo do enorme buraco onde a bela cúpula havia estado.
Olhos selvagens, Callie puxou algo de baixo de sua saia. A
prata brilhou perigosamente quando ela se lançou para frente,
apunhalando Noah direto no coração. —Isso tudo poderia ter sido
evitado se você tivesse feito o que lhe foi dito.
Gritei o nome de Noah assim que outra pessoa gritou:
—Protejam-se!

Antes que eu pudesse chegar até Noah, tanto Kingston quanto
Alek me jogaram no chão quando uma explosão abalou a sala.
Meus ouvidos zumbiram, e o terror tomou conta de mim em uma
onda fria. Eu não podia perdê-los, nenhum deles. Mas tanto
Kingston quanto Alek saíram de cima de mim, me ajudando a ficar
de pé, tomando posições de proteção.
—Você está bem? — Perguntou Kingston.
Fiz uma rápida verificação mental. Além de me sentir um
pouco sensível onde meus joelhos e palmas das mãos colidiram
com o chão, eu me senti bem. Abalada, mas bem. —Sim. O que
aconteceu?
—Os covardes jogaram uma bomba no círculo das bruxas.
Meu intestino se apertou. —Moira?
Alek lançou um olhar cauteloso na direção do círculo
enegrecido de figuras caídas. —Não sei.
Noah soltou um gemido cheio de dor. —Sunday — ele
engasgou.
Minha cabeça disparou para o lado bem a tempo de vê-lo cair
de joelhos, sangue escorrendo pelo peito. —Noah! — Corri para ele,
mas não antes que ele batesse no chão bem ao lado do corpo sem
cabeça de Callie.

Caleb se ajoelhou ao meu lado, seus olhos travando com os
meus. —Ele foi atravessado por uma adaga de prata. Ele precisa do
seu sangue se tiver alguma chance.
Eu balancei a cabeça, rasgando a manga do meu braço e
segurando meu pulso nos lábios de Noah. Sua pele estava cinzenta
e sem brilho, olhos fechados, e ele não estava respirando. Ele era
um vampiro. Ele ficaria bem. Ele tinha que ficar.
—Aqui, deixe-me. — Caleb cuidadosamente pegou meu braço
e deu um beijo carinhoso no meu pulso antes de morder minha
pele. Seu gemido de prazer enviou um raio de medo através de
mim que ele não iria parar agora que ele começou.
—Deixe-a ir — Kingston rosnou, sua voz mais besta do que de
homem.
Caleb rasgou sua boca, lábios manchados de vermelho com
meu sangue, pupilas dilatadas com uma fome que não tinha nada a
ver com o que aconteceu entre nós mais cedo. Respirei
estremecendo e coloquei meu braço sangrando contra a boca fria de
Noah.
—Por favor, Noah. Você tem que ficar comigo. — Lágrimas
entupiram minha garganta e fizeram minhas palavras tremerem.

Alek caiu de joelhos ao meu lado, enrolando um braço em
volta da minha cintura e me segurando firme. Infundindo-me com
sua força.
Kingston andava de um lado para o outro, a fúria fazendo-o
tremer com a necessidade de mudar. Eu senti isso, minha própria
loba desejando liberdade. Ele olhou para mim, os olhos em chamas.
—Eu vou matar todos eles para você. Vou queimá-los até o chão.
Meu coração gaguejou, sua promessa de vingança fazendo
mais por mim do que todas as suas declarações anteriores.
Sem me dar a chance de responder, Kingston ficou na minha
frente, encarando a multidão e dando uma sacudida afiada de seu
queixo antes de se transformar em seu lobo.
Caleb caminhou suavemente até a porta que havia trancado e
arrancou a barra das maçanetas, abrindo as portas altas e
preparando a saída para os lobos. Soltando um uivo aterrorizante,
Kingston decolou. Um por um, o resto dos shifters seguiram o
exemplo, seus gritos se juntando aos dele.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto os lábios de
Noah não se moviam. Olhei para Alek, implorando silenciosamente
por ajuda. —Você pode fazer alguma coisa?
—Como o quê? Eu não . . .

—Ajudem-no. Cure-o como você fez comigo.
—Não é assim que meu poder funciona.
—Como você sabe?
—Eu não . . . sinto por ele o que eu sinto por você, Sunny.
Fechei os olhos com força, oprimida demais pelo medo para
processar qualquer outra coisa. Lágrimas espirram do meu rosto e
no rosto muito quieto de Noah, fazendo-o parecer uma espécie de
anjo chorão.
Enquanto eu usava minha mão livre para enxugar as lágrimas,
eu senti isso. O primeiro puxão de seus lábios contra minha pele. Se
não fosse pelo braço de Alek em volta de mim, eu teria caído, tão
grande foi o meu alívio.
—Noah? — Eu sussurrei.
Uma de suas mãos disparou para o meu braço, segurando com
força e me segurando em sua boca. Sua testa franziu, os olhos ainda
fechados, e ele gemeu quando suas presas morderam minha pele e
aquele puxão suave se tornou um profundo e desesperado puxão.
Eu não esperava a dor. A última vez que ele bebeu de mim
tinha sido quase orgástico, mas desta vez queimou, sentindo como
se ele estivesse rasgando a pele e a veia e me rasgando.

—Noah, — eu protestei, tentando me soltar. —Noah, você está
me machucando.
Alek ficou tenso, preparando-se para uma luta. Eu podia sentir
isso na maneira como ele se movia. Mas os olhos de Noah se
abriram, aquelas íris âmbar clareando quando ele me reconheceu e
voltou a si.
Ele me soltou como se eu o tivesse golpeado, sentando-se e
passando a mão sobre o lugar onde ele foi esfaqueado. A pele era
lisa e imaculada, nenhum vestígio da ferida mortal permaneceu.
—Você me salvou, Sunday. — Sua voz estava cheia de
admiração, como se ele não pudesse acreditar que eu faria uma
coisa dessas.
—Claro que sim — eu disse com uma risada aguada. —Eu te
amo pra caralho. Ainda não estou pronta para te perder. Estamos
apenas chegando às coisas boas.
Ele segurou meu rosto e olhou fixamente em meus olhos. —Eu
também te amo pra caralho.
Seus dedos macios percorreram meu pescoço e a manga
arruinada do meu vestido antes de virar meu braço enquanto
examinava minha ferida. —Deixe-me cuidar de você agora —, ele
sussurrou.

Ele levantou o polegar para a boca, espetando-o com uma
presa afiada e reverentemente limpando-o no meu pulso. O calor se
espalhou pela carne rasgada quando começou a se unir, levando
consigo toda a dor persistente.
—Você matou Callie?— Eu perguntei, meu foco indo para o
cadáver decapitado da vampira aos nossos pés.
—Ela tinha que morrer. Ninguém tenta prejudicar minha
companheira e vive para contar a história.
—Não era a mim que ela estava atrás. Você é o único que tinha
o buraco no peito.
—Não se engane, pombinha. Você era o verdadeiro alvo dela.
Eu vi isso na mente dela.
O pensamento me deixou sóbria. —Eu sabia que ela me
odiava. O sentimento era inteiramente mútuo. Mas o suficiente para
isso? Esta noite poderia ter terminado muito pior. Tantas pessoas
inocentes poderiam ter morrido. E por quê? Ciúme mesquinho? —
—Ciúmes, desejo de poder, status, faça a sua escolha. Estes são
fortes motivadores. — Alek estendeu a mão para me ajudar a ficar
de pé. —Mas ataques mal executados incitados por essas coisas
nunca são bem-sucedidos.

Eu balancei minha cabeça, ainda atordoada com a revelação de
que o caos desta noite foi minha culpa.
Um uivo triunfante veio de fora. Um que eu não tive
dificuldade em interpretar depois de anos vivendo em terras de
bando durante caçadas bem-sucedidas. Os lobos foram vitoriosos.
Latidos e latidos se transformaram em profundas vozes masculinas
aplaudindo e parabenizando um ao outro por chutar o traseiro dos
caçadores enquanto os shifters se aproximavam. Eu não me permiti
desviar o olhar quando Kingston apareceu na porta, nu, orgulhoso,
manchado de sujeira e sangue.
Seu olhar pegou e segurou o meu do outro lado da sala, nem
um único sinal de vergonha ou constrangimento enquanto seu
corpo respondia a mim. Várias mulheres assobiaram e sussurraram
com a visão impressionante do meu companheiro. Meu outro
companheiro.
—Eles se foram, mortos ou assustados, mas com certeza foram
— disse ele. —Está tudo bem agora. Ninguém vai te machucar.
Tinha acabado. Callie se foi, e todas as suas tentativas
intrometidas de se livrar de mim terminaram. Eu poderia
finalmente começar de novo. Livre da ameaça de seu ciúme.

Noah se moveu para ficar ao meu lado, pegando uma das
minhas mãos na dele. Alek estava do outro lado, sua palma
descansando na parte inferior das minhas costas. Virei minha
cabeça ligeiramente, pegando o olhar ardente de Caleb, sabendo
que estava em mim desde que ele provou meu sangue. E então
voltei meu foco de volta para Kingston. Orgulhoso. Régio. O
próprio chefe Alfa, Kingston.
Os meus companheiros. Todos eles.
Algo clicou em mim quando finalmente me permiti admitir.
Eu precisava desses homens. Todos os quatro. Eu era mais forte,
mais rápido, mais no controle mental e emocional quando estava
com eles. Eles me completaram. Eu não poderia escolher entre eles.
Eu precisava de cada um deles.
—Sunday! — Moira surgiu da multidão, seu vestido rasgado,
lábios partidos, mas graças a Deus ela estava viva.
Ela bateu em mim, me desalojando da conexão que eu tinha
feito com meus homens. —Você está bem — eu sussurrei,
abraçando-a apertado.
—Eu não estaria se Sanderson não tivesse se jogado na bomba.
Ela salvou todo mundo.
Meu intestino se apertou. —E ela . . . ela sobreviveu?

Assentindo, ela suspirou. —Ela usou um feitiço de escudo. Sua
recuperação vai levar muito tempo, mas ela vai conseguir.
Alívio em cascata passou através de mim. Eu não sabia quanto
mais disso eu poderia aguentar.
As mãos de Moira cravaram em minha carne, seu corpo
espasmou uma vez.
Merda.
—Moira?
Ela não respondeu imediatamente, mas quando o fez, água
gelada correu pelas minhas veias porque a voz que saiu não era
dela.
Era da minha mãe.
—O herdeiro Blackthorne é o único caminho.

Capítulo Quarenta e Quatro
THORNE
Três dias após o ataque a Ravenscroft, eu finalmente estava
totalmente curado, por dentro e por fora. A lâmina de prata tinha
feito mais danos do que o sangue de Sunday poderia curar, o que
exigiu que eu caçasse e me alimentasse até que eu voltasse ao meu
antigo eu. Mas esta noite era nossa. Eu tinha a Sunday só para mim
e planejava aproveitar ao máximo.
Reservei nosso quarto no Iniquity, precisando ficar
completamente sozinhos, seguros e ininterruptos para o que ela
queria. Meu coração disparou com o pensamento do passo que
estávamos prestes a dar juntos. Um que não podia ser desfeito.
Sunday se aproximou atrás de mim enquanto nos
aproximávamos da porta do clube, passando as mãos pelo meu
peito e arrastando-as para baixo em direção ao meu pau já duro.
Eu ri, agarrando seu pulso e parando sua exploração. —Por
que a pressa? Temos a noite toda, pombinha.
—Estou pronta. Eu quero fazer isso agora. Chega de esperar.

Eu cheirei sua excitação, mas algo estava por baixo da
superfície. Havia uma corrente de apreensão que me preocupou,
especialmente devido à sua súbita urgência. Ela estava forçando
isso, e embora eu devesse ter aceitado, eu sabia que nunca me
perdoaria se ela se arrependesse de sua decisão.
Puxando seu pulso, eu a puxei para ficar na minha frente,
meus olhos examinando seu rosto em busca de respostas. —Por
que?
—Porque eu te amo e quero ser sua. Isso não é motivo
suficiente?
—É uma razão perfeita, mas não acho que essa seja toda a
verdade. Não minta para mim. Não sobre isso.
Ela mordeu o lábio inferior exuberante. Eu segurei sua
bochecha, usando meu polegar para libertar a carne macia de seus
dentes.
—Pare de tentar me distrair.
—Ah, você gosta quando eu uso meus dentes?
—Os teus dentes. A tua língua. Suas mãos. Todo o seu corpo.
—Mesmo. — Sua voz estava ofegante e cheia de desejo, mas
seus pensamentos ainda zumbiam com energia ansiosa, e eu odiava
não poder juntá-los através do bloco que ela havia levantado.

Definitivamente precisávamos sentar e conversar antes que as
coisas avançassem. Eu não poderia em sã consciência permitir que
isso acontecesse sem conhecer sua mente. Mas esse tipo de conversa
exigia privacidade, e a calçada do lado de fora de um clube de sexo
sobrenatural dificilmente qualificava, especialmente com um certo
lobo nos seguindo.
Entrelacei meus dedos nos dela e a levei para o clube, focado
em nosso destino. Eu a queria debaixo de mim, mas também
precisava esclarecer as coisas antes de qualquer outra coisa. O clube
estava quieto a esta hora da noite antes de todas as criaturas da
noite saírem para jogar. Não demorou muito para chegarmos ao
nosso quarto especial, a porta se abrindo assim que chegamos,
revelando o espaço romântico que aprendemos a amar.
Sunday estava em mim no instante em que entramos, sua boca
esmagando contra a minha enquanto seus dedos trabalhavam nos
botões da minha camisa. O desejo queimou em mim, quente e
rápido. Foi apenas minha preocupação com ela que me impediu de
ceder à necessidade que ela acendeu.
—Espere — eu respirei, me afastando.

—Noah, não pare com isso. — Ela puxou o cabelo para longe
do pescoço e mostrou a garganta para mim. —Me faça sua. Temos
que fazer isso. Você tem que me dar sua marca de acasalamento.
Minhas presas estendidas na oferta perfeita em exibição para
mim. Porra, eu a queria tanto. Tudo em mim doía para dirigir
dentro de sua boceta lisa enquanto minhas presas estavam
embutidas em sua veia e eu a reivindicava totalmente.
—Você já é minha — eu gritei. —A marca de acasalamento não
torna isso mais verdadeiro. Sunday, querida, me diga por que você
realmente quer isso. Porque agora? Não há pressa. Porque uma vez
que fazemos isso, não há como voltar atrás. Não pode ser desfeito.
Um vínculo de companheiro não pode ser quebrado sem perder
metade de sua alma.
Lágrimas encheram seus olhos, e meu coração se partiu. —Eu
tenho que. Por favor. Eu tenho que fazer isso.
—Por que?
Pegando sua mão, eu a levei até a cama, e quando ela se
sentou, eu me juntei a ela.
—Você quase morreu. — Sua voz era pequena e trêmula.

Sua dor me rasgou. Eu peguei seu rosto em minhas mãos,
beijando as lágrimas que haviam escorregado. —Eu quase. Mas
você me salvou, e atualmente estou muito vivo.
—É minha culpa.
—Não — eu rosnei com veemência. —Foi culpa daquela
cadela estúpida. Nunca sua.
—Você não entende. Meus sonhos, as visões de Moira. . . isso
aconteceu porque eu era muito egoísta para escolher entre você. Fiz
a escolha errada ao não escolher nada.
Minhas sobrancelhas franziram, sua explicação sincera, mas
não fazendo sentido. Eu me lembrei vividamente do terror que eles
induziram, mas não entendi o que eles tinham a ver com isso. —
Quem te disse que você tem que escolher? Sunday, já passamos por
isso. Não espero isso de você.
—Ela disse que se eu escolher errado, as consequências serão
terríveis. Eu vi você quase morrer. Não fica mais terrível do que
isso, Noah. Não posso perder nenhum de vocês. Então isso significa
que eu tenho que deixar todos irem e escolher. Ainda que . . . — ela
parou, seu corpo inteiro tremendo. Limpando a garganta, ela
continuou, —Moira teve uma visão depois do ataque. Ela me disse

que era você o tempo todo. Eu deveria ter escolhido você. Você é a
única maneira de manter todos seguros.
Em vez de me tranquilizar, suas palavras tiveram o efeito
oposto, deixando-me frio e vazio. Sentei-me para trás, minhas mãos
caindo no meu colo.
—Noah?
—Eu não quero que você se relacione comigo por algum senso
equivocado de obrigação. Não é sobre isso que deveria ser. Eu
nunca coagi uma mulher na minha vida, e eu não pretendo começar
agora.
Sua expressão caiu quando a compreensão amanheceu.
—Noah, me desculpe. Não foi isso que eu quis dizer. Estou
explicando tudo errado. — Ela estendeu a mão para mim, pegando
minha mão na dela e beijando meus dedos. —Eu amo você. Tanto.
E eu quero me relacionar com você. Fiquei confusa por um minuto.
Eu pensei que poderia ter todos vocês, mas a resposta esteve bem
aqui na minha frente o tempo todo. É você, Noah. Você é a pessoa
com quem eu deveria estar. Eu escolho você.
—Eu estou . . . foda-se, Sunday, eu preciso de um minuto. Eu
me levantei e andei, passando minhas mãos pelo meu cabelo

enquanto eu tentava chegar a um acordo com a montanha-russa
selvagem de emoções que ela tinha me levado.
Sunday se levantou e veio até mim, descansando as mãos
hesitante em meus ombros. —Noah, o que posso fazer para que
você acredite em mim?
Eu balancei minha cabeça, sem saber como responder a ela.
Esperei por uma batida, respirando fundo, quando veio a mim. —
Abaixe seus escudos, — eu disse a ela. —Deixe-me entrar, então eu
sei que isso é o que seu coração realmente deseja.
O medo brilhou e então se foi tão rápido quanto tinha vindo.
—Noah, há algo que eu preciso te contar primeiro.
—Eu sei sobre o padre Gallagher.
—Você . . . Você sabe?
—Eu senti o cheiro dele em cima de você. — Eu sabia que
tinha o direito de estar com ciúmes, sua conexão com ele era a única
que ela escondia de mim, mas eu também entendia exatamente por
que ela não podia me dizer. Havia muito em jogo para os dois se
fosse divulgado.
—Eu sinto muito, eu não queria esconder isso de você...
Eu a parei com um beijo. —Sunday, não importa. Não para
mim. Mas eu não posso fazer isso com você se você vai me manter

fora. Eu quero tudo. Isso significa que não há escudos, barreiras,
nada entre nós. Você pode fazer isso?
Alívio inundou sua expressão, seus ombros caídos, chamando
a atenção exatamente como ela estava tensa. —Eu prometo. Sem
escudos.
—Mesmo quando você está com raiva de mim. Quando eu te
levar por uma parede.
Ela assentiu.
Corri meu nariz ao longo do dela, mordiscando seu lábio
inferior. —Mesmo quando você está fantasiando sobre eles.
—Eu não deveria parar de fantasiar sobre ninguém além do
meu companheiro?
—Você não poderia se quisesse, pombinha. E duvido que seja
isso que você quer. Contanto que você me permita fazer parte do
que lhe traz prazer, compartilhar essa jornada com você, você pode
fantasiar sobre foder a própria rainha. Eu não dou a mínima para o
que te faz gozar, contanto que uma dessas pessoas seja eu.
—Eu te amo, Noah. Não sei o que fiz para ter a sorte de
encontrar você, mas estou muito feliz por ter feito isso.
Ela largou seu escudo então, e a onda de seu amor tomou
conta de mim, seus pensamentos roçando e se misturando com os

meus. Foda-se. Era tão bom senti-la, toda ela, novamente. Eu
ansiava mais. Eu precisava estar dentro dela.
O instinto me guiou quando eu a peguei em meus braços. Este
era o momento em que eu daria a ela meu vínculo, a marcaria como
minha. Sem escudos entre nós, nossos pensamentos fundidos,
sensação compartilhada, amor nos conectando e nos tornando mais
fortes juntos.
Eu a coloquei de pé ao lado da cama, e lentamente nos
despimos, nada nublando este momento agora que conversamos
sobre tudo que me impedia.
—Como vamos fazer isso? —Ela perguntou, seu olhar nunca
deixando meus olhos quando ela deslizou a mão pelo meu peito até
chegar ao meu pau saliente.
Eu sorri. —Bem, amor, nós fazemos da mesma forma que
fizemos antes. Parece que me lembro que você acha que sou
bastante habilidoso nessa arena.
Suas bochechas ficaram rosadas. —Eu sei que. Quero dizer... o
vínculo. A marca de acasalamento. Você acabou de me morder?
—Não. Primeiro, encherei seu corpo, e enquanto estivermos
unidos, tomarei um pouco do seu sangue, depois lhe darei o meu.

Nosso vínculo deve ser estabelecido pelo meu coração batendo em
conjunto com o seu.
—Deve?
Agora foi a minha vez de corar quando o constrangimento
aqueceu meu pescoço. —Eu nunca fiz isso antes.
Seus olhos ficaram derretidos. —Você quer dizer que eu posso
pegar sua cereja assim como você pegou a minha? Essa é a porra
mais gostosa que eu já ouvi.
—Você é a coisa mais gostosa que eu já vi, então acho que
estamos quites. Agora, deite-se na cama e deixe-me fazer você
minha em todos os sentidos.
Ela obedeceu ansiosamente, seu corpo vermelho de desejo
enquanto ela se movia na cama e torcia o dedo, me chamando. Eu
me arrastei até ela, deixando um rastro de beijos e pequenas
mordidas de amor até que eu explorei cada centímetro de sua
forma perfeita. Ela estava sem fôlego e se contorcendo no momento
em que meus lábios encontraram sua garganta.
Um pequeno suspiro a deixou, e eu parei quando meu pau
cutucou sua boceta. Seguindo seu olhar, olhei por cima do ombro e
ri quando vi que o voyeur se juntou a nós.

—Eu acho que ele gostou da nossa última apresentação e está
de volta para repetir, — eu disse com uma risada, voltando minha
atenção para ela.
—Você se importa? —Ela perguntou. —Isso deveria ser entre
nós.
—Se isso te excita tanto, não tenho nenhum problema em
mostrar a ele como é quando eu reivindico minha companheira.
—Então faça isso, Noah. Reivindique-me.
Eu empurrei fundo, a sensação já esmagadora por causa da
ligação entre nossas mentes. Senti tudo, o estiramento, a
queimadura, o prazer absoluto dela, além do meu. —Oh, Deus,
Sunday — eu gemi.
—É tão intenso. Eu não posso acreditar que não temos feito
isso assim todo esse tempo.
Eu olhei fixamente para a mulher que eu amava, observando
seus olhos vidrados enquanto a necessidade a levava mais perto do
clímax já. Eu estava fazendo isso com ela. Eu estava dando a ela
tudo que eu tinha. Eu nunca pararia.
—Você está pronta?

— Pronta pra caralho — ela gemeu, passando as unhas pelas
minhas costas e puxando meus quadris mais profundos contra os
dela.
—Devagar, pombinha. Eu preciso que isso dure. — Eu
balancei nela, então puxei até a ponta antes de afundar totalmente
nela mais uma vez. Então, pairando sobre ela, sustentado pelos
cotovelos, abaixei meus lábios em sua garganta e me permiti tomá-
la. Eu me alimentei profundamente, suas paredes vibrando ao meu
redor quando ela gozou, minha própria liberação avançando,
desesperada para receber permissão para chegar ao topo. O som
das batidas do seu coração encheu minha mente, me
surpreendendo, mas eu estava tão longe do prazer, que o ignorei
enquanto seu batimento cardíaco trovejava em meus ouvidos. Com
a intenção apenas de senti-la e protelar minha liberação. Eu não
podia vir ainda. Nós não terminamos.
Arrancando minha boca de seu pescoço, alcancei a mesa de
cabeceira onde o quarto tinha fornecido exatamente o que eu
precisava para terminar este processo. Uma pequena lâmina
brilhava à luz das velas. Agarrei o metal frio e cortei meu peito,
logo acima do meu coração, o sangue imediatamente brotando na
superfície. A faca caiu no chão quando eu a trouxe para uma

posição sentada, a mudança trazendo-a para o meu colo e me
empurrando ainda mais fundo dentro da sua boceta perfeita.
—Beba de mim, Sunday. Seja minha.
Ela lambeu os lábios, seus olhos brilhando com a fome que
ecoou através do nosso vínculo. Eu temia que ela não gostasse
dessa parte, mas não deveria ter me preocupado. Minha pequena
loba tinha um gosto por sangue. Ela arrastou a língua pelo meu
torso, seguindo o caminho do sangue que havia derramado e me
deixando louco de desejo.
—Porra, Sunday. Leve-me.
Meus quadris subiram nos dela enquanto ela se agarrava à
pequena ferida, um gemido de apreciação vibrando em sua
garganta. Seus pensamentos me alcançaram, sua voz tão clara em
minha mente como se ela tivesse sussurrado em meu ouvido.
Noah, você tem um gosto tão bom. Como um vinho feito de
fumaça e bagas e especiarias. Todas as minhas coisas favoritas.
E então a palavra que me levou ao limite.
Minha.
Eu rugi seu nome, minhas mãos agarrando seu cabelo e
segurando-a no lugar enquanto meu corpo estremecia com a
intensidade da minha liberação. Eu me derramei nela, deixando

cada gota da minha semente dentro dela, onde ela pertencia. Eu
senti isso no instante em que o vínculo se encaixou. Meu coração
inchou e se ligou ao dela, nossas almas unidas para sempre, e eu
sabia que nada jamais seria o mesmo agora.
Até este momento, eu vivia apenas para mim. E agora, eu
existia apenas para ela.
Descemos juntos, respirando pesadamente e, o mais
importante, corações batendo juntos. Nós deitamos ainda juntos na
cama, lençóis manchados com nosso sangue, o ar perfumado com
sexo e cheio de mais contentamento do que qualquer um de nós já
conheceu.
—Eu senti isso — disse ela.—O vínculo.
— Eu também. Você é minha para sempre, Sunday Fallon. Eu
nunca vou deixar você ir.

Capítulo Quarenta e Cinco
CALEB
Zunindo com antecipação, me agarrei às sombras enquanto me
forçava a descer calmamente as escadas para o nível inferior da
Inquity. Lilith estava esperando por mim, seu sorriso habitual no
lugar quando eu a alcancei.
—Pai.
—Criação de Demônios.
—Tecnicamente, eu sou puro demônio.
Soltei uma leve risada com o oxímoro, tirei algumas notas do
bolso da minha calça e entreguei o dinheiro para ela. —Obrigado
por me avisar.
—Sempre é um prazer fazer negócios com você. Se você quiser
aceitar minha outra proposta, a oferta está aberta.
Lancei lhe um olhar desdenhoso. —Nunca vai acontecer.
—Uma garota pode sonhar. — Ela passou seu olhar sobre
minha forma. —Um padre gostoso à minha disposição, pronto para
me contaminar. . . — Um pequeno arrepio a percorreu, e ela
respirou fundo. —Súcubos também têm fantasias.

—Nenhuma que me interesse.
—Não — ela murmurou pensativa. —Você prefere assistir.
Minha mandíbula apertou, e qualquer humor que eu senti em
nossa interação desapareceu. Eu a dispensei com um aceno e
caminhei pelo corredor em direção ao quarto que se tornou meu
próprio antro particular de pecado. Eu teria que passar algum
tempo de qualidade com meu chicote depois disso, implorando
perdão pela fraqueza que não consegui vencer. Mas eu me resignei
ao fato de que não importa quais votos eu fizesse, eu também era
um homem, e Deus nos fez pecadores. Era o único consolo ao qual
eu podia me agarrar.
A porta do meu quarto se abriu lentamente, a escuridão dentro
absoluta. Minha mão encontrou o interruptor sem esforço. Eu tinha
feito isso muitas vezes até agora para operar pela memória. Eu
deveria ter ficado envergonhado, em vez disso, eu estava duro
como uma pedra. Ela já estava lá e em exibição, só para mim.
Bem, não só para mim. Mas meus olhos eram apenas para ela.
Era mais fácil fingir que era eu quem a tocava e responsável por
aqueles gemidos ofegantes que saíam de seus lábios. Mesmo agora,
o cheiro de sua boceta acendeu em minha mente, o gosto de mel
doce e creme, a memória de que eu poderia ter fodido com ela

profundamente e duro na mesa naquela sala de estudo durante o
baile fresco em minha mente.
—Foda-se, eu sou um depravado — eu murmurei mesmo
enquanto tomava meu assento e desafivelava meu cinto.
Sua voz filtrada pelos alto-falantes, doce e perfeita, um anjo
enviado por Deus para me testar. Eu era um fracasso.
—Então faça isso, Noah. Reivindique-me.
Minha mão estalou, desligando o alto-falante. Eu não
precisava ouvir o quanto ela o amava. Se eu não tivesse que ouvir
as palavras, eu poderia acreditar que elas eram para mim enquanto
eu lia seus lábios. Seus gemidos, o olhar em seu rosto quando ela
encontrou prazer. Eu poderia fingir que ela estava em meus braços,
pegando meu pau, marcando suas unhas ao longo das minhas
costas. Não dele.
Quando eu estava aqui, eu poderia fingir que ela era minha. E
eu fiz. Eu assisti o fruto proibido ser colhido naquela primeira vez,
e todas as vezes que eles estavam aqui depois. Só quando ela entrou
sozinha eu finalmente cedi e me juntei a ela em sua fantasia
sórdida. Porque era sobre mim.
Como eu poderia resistir ao anjo dos meus desejos mais
sombrios quando ela chamou meu nome? Eu era apenas um

homem. Eu era fraco. Quebrado. Desumano. Mas caramba, naquele
momento, eu era dela.
Um suspiro suave dela, e eu joguei minha determinação pela
janela. Eu perdi minha alma quando fui transformado em vampiro.
Por que eu estava segurando meus votos? Eu já estava
amaldiçoado. Perdido. Abandonado pelo próprio Deus que eu
procurei servir. Por que eu deveria me negar a única coisa que eu
queria em décadas?
Então eu deixei o pecado da luxúria me levar prisioneiro.
Como se estivesse observando um rito sagrado, eu até a ungi com
minha semente. Marquei-a como minha. Assisti enquanto ela
esfregava a prova disso em sua pele, marcando-se com o meu
cheiro.
Rastros de carmesim riscaram o pescoço de Sunday enquanto
Noah bebia dela. Minhas presas encheram minha boca quando um
novo tipo de fome se juntou ao primeiro.
Porra, mas eu queria prová-la novamente. Seu sangue era tão
delicioso quanto sua doce boceta. Um gemido rasgou do meu peito,
e eu cedi, cuspindo na palma da minha mão antes de cercar meu
pau e acariciar da cabeça à base, segurando forte o suficiente para
doer. Meus quadris chutaram para cima involuntariamente

enquanto eu procurava por mais fricção, movendo-se no tempo
com as estocadas que ela estava tomando.
Sensação construída na base da minha coluna, mas eu
precisava de mais. Eu precisava estar mais perto dela. Ficando de
pé, eu plantei uma mão contra a superfície fria do vidro, minha
outra mão trabalhando furiosamente. Eu já estava tão perto,
desesperado para superar o orgasmo junto com ela. Preparando-me
para me afogar na onda de vergonha e culpa depois, mas pronto
para aceitar isso como penitência por desejá-la.
Minhas coxas ficaram tensas, bolas apertadas e pesadas
enquanto a onda de prazer crescia, pronta para a represa se romper.
—Sim, Sunday, tome a porra do meu pau — murmurei enquanto
pré-sêmem pingava da cabeça. —É tudo para você, minha doce
menina.
Como se pudesse me ouvir, Sunday jogou a cabeça para trás,
abrindo a boca em um grito. Um último deslizamento do meu
punho, e eu estava lá com ela, grunhindo seu nome como se ela
fosse minha salvação e minha maldição.
Porque ela era.
Eu abaixei minha cabeça como se estivesse em oração
enquanto eu cavalgava os últimos pulsos do meu orgasmo, a

parede de vidro pintada com cordas grossas da minha liberação.
Deus me salvou. Eu era fraco por ela. Meu estômago revirou
quando eu trouxe meu olhar de volta para ela, para onde
Blackthorne a levantou em seu colo e prendeu sua boca em seu
peito.
Não. Ela não podia se relacionar com ele. Se ela o fizesse, eu
perderia o pouco dela que eu tinha.
Aconchegando-me, tentei ignorar a visão dela se alimentando
dele, mas como qualquer masoquista seria, fui atraído pelas coisas
que me machucavam. E ver a Sunday se entregar a outra pessoa era
o tipo mais requintado de agonia. Talvez testemunhar esse
momento entre eles fosse minha penitência. Nenhuma chicotada
chegou perto de me despedaçar do jeito que perdê-la fez.
Eu senti isso no momento em que aconteceu. Seu vínculo
estalou no lugar, me bloqueando, unindo-os por toda a eternidade.
Foi feito. Eu a perdi antes que eu pudesse aceitar que eu queria
levá-la.
A dor lancinante floresceu em meu peito, a queimadura
semelhante a uma marca de um ferro em brasa. Soltei um grito
áspero e rasguei minha camisa, me perguntando se este era o
momento em que Deus me mandava para o inferno. Ele estava

observando todo esse tempo? Esperando que eu ganhasse meu
lugar no tormento?
Mas a dor diminuiu e a clareza voltou, uma inquietação
familiar se enrolando em minhas entranhas enquanto minha mente
tropeçava em uma lembrança fraca de vinte e três anos atrás. Na
mesma noite em que Sunday Fallon foi trazida este mundo.
Meus dedos traçaram a queimadura de décadas sobre meu
coração. O pequeno círculo com a largura da ponta do meu dedo
estava lá todo esse tempo. Significando que o primeiro selo se abriu
quando ela nasceu. Um círculo maior, elevado e raivoso,
circundava o primeiro. O pavor me atravessou enquanto eu traçava
a cicatriz nova, ainda crua, que apareceu no momento em que Noah
Blackthorne se uniu a Sunday.
O segundo selo do Apocalipse foi quebrado e eu falhei em
minha tarefa de detê-lo.
Uma vibração insistente no meu quadril puxou meu foco para
fora. Eu sabia exatamente quem estaria ligando. O único que tinha
esse número. Com as mãos trêmulas, apaguei a luz e atendi meu
telefone.
—Sim?
—O que diabos você fez? O segundo selo foi quebrado.

—Ela acabou de se relacionar com Blackthorne. Ele deve ter
sido um dos selos.
—Bem, Sacerdote. . . o que você vai fazer sobre isso?
Apertando minha mandíbula, respirei fundo. —Não se
preocupe — eu disse, lançando meu olhar para a sala onde duas
figuras nuas enroladas uma na outra. —Eu vou cuidar dele.
Continua...

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SALT- Lascívia - 2022

Rejeitei meu companheiro predestinado e não me arrependi nem por

um segundo. Até agora.

Enviada para a Universidade Ravenscroft, uma escola de pós-

graduação para a elite sobrenatural, tenho muito o que viver. Como

herdeiro do bando mais poderoso da América, minha vida até

você pode pensar.

Eu estava trancada, não para ser protegida, mas porque nasci

Agora, sou uma pária, seguido pelos rumores que meu

SALT- Lascívia - 2022

De todos, menos deles.

Estou jogando um jogo perigoso, e as regras dizem que não

E quando cada momento gasto com eles me aproxima de

encontrar meu lobo, como posso ficar longe?

Aviso: Este livro não é para os fracos de coração. Ele contém

um perseguidor obsessivo, um lobisomem de boca suja, tatuado e

perfurado, um professor impertinente com um gosto por assistir,

um deus da travessura e muito calor. Se você não gosta de seus

livros picantes, seus homens rabugentos, construídos e mais ruins

continue lendo e seja bem-vindo ao The Mate Games.

SALT- Lascívia - 2022

Minha segunda é fazer sexo com você.

Obsession contém cenas sexualmente explícitas,

bem como conteúdo adulto e gráfico que não é

adequado para todos os públicos. A discrição do leitor

SALT- Lascívia - 2022

dela existindo no meu espaço. Blackthorne Hall era meu domínio, o

lugar que eu governava sem questionamentos porque trazia meu

sobrenome. Até agora, eu tinha passado os últimos três anos no

controle total. Até ela aparecer.

Ela me chamou. Me atraiu para ela com aquele cheiro

irresistível e decadente. Me deixou louco de fome. Desesperado

com a necessidade. Obcecado.

Meu pai me contou histórias de como minha mãe o havia

tentado, como o sangue dela era como nenhum outro. Eu nunca

tinha experimentado isso até agora. Eu a estava caçando. Não

porque eu queria. Eu precisava. Eu preciso provar essa criatura

irresistível. Para saber se ela poderia ter um sabor tão delicioso

quanto o seu cheiro.

SALT- Lascívia - 2022

corria pelas trilhas do campus, suas respirações medidas e

batimentos cardíacos elevados fortes em meus ouvidos. Precisou

sua garganta, assim como tinha acontecido todas as noites enquanto

ela seguia sua rotina. Esta noite, eu estava ao alcance de um braço,

antes de começar. O monstro em mim queria desenhá-la, saborear a

perseguição, porque uma vez que eu a tivesse, seria isso.

Ela diminuiu o passo, as mãos nos quadris enquanto olhava

diferente. Você terminou a faculdade, mas ainda assim acabou

sendo enviada para um internato glorificado para a elite do

sobrenatural mantê-la longe de problemas.

para meus ouvidos. Se eu a matasse, nunca mais ouviria isso.

Talvez eu a transformasse em vez disso. Fazê-la minha para

sempre. O pensamento tinha mérito. Exceto, é claro, pelo fato de

sua família teria problemas com um vampiro Blackthorne

SALT- Lascívia - 2022

começar uma guerra agora, não é?

Sua ingestão aguda de ar me fez esgueirar-me nas sombras

quando ela olhou por cima do ombro na direção onde eu estava.

—Tem alguém aí?

Eu sorri. Alguém definitivamente estava lá. Um predador. Um