Tema 1 Farmacia Clinica e Atencao Farmaceutica Parte 2
Tema 1 Farmacia Clinica e Atencao Farmaceutica Parte 2
Tema 1 Farmacia Clinica e Atencao Farmaceutica Parte 2
Introdução
O exercício profissional do farmacêutico passa, atualmente, pela
concepção clínica de sua atividade, sua integração e colaboração com o restante
da equipe de saúde e cuidado direto com o paciente. A variabilidade enorme de
patologias unida à ampla disponibilidade terapêutica oferece múltiplas
possibilidades de abordagem e resolução de problemas relacionados à
terapêutica (ANDRDADE, 2015).
Para a otimização da terapia medicamentosa, tornam-se muito
importantes a análise da prescrição médica, a anamnese farmacológica, a
monitorização terapêutica, a participação no plano terapêutico, o incentivo na
prescrição de medicamentos padronizados e o desenvolvimento de mecanismos
de notificação de reações adversas, além da avaliação contínua da atenção
farmacêutica prestada aos pacientes (FERRACINI, 2005).
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forma, eles resistiram à influência da indústria e dos médicos sobre o uso dos
medicamentos e garantiram à farmácia uma voz na decisão terapêutica (HIGBY,
2002).
Começaram, então, a surgir questionamentos sobre a função social da
farmácia. Esses e outros questionamentos levaram Brodie e Benson a afirmar,
na década de 1960, que os farmacêuticos deveriam ser responsáveis pelo
controle do uso de medicamentos. Surgiu o movimento que resultou num modelo
de prática farmacêutica, aplicado especialmente em hospitais, denominado
farmácia clínica (HIGBY, 2002).
Em 1960, surgiu o primeiro conceito de farmácia clínica, esta seria a
prestação de serviços do farmacêutico ao paciente, ou seja, tratar do paciente
tendo como base principal a terapia farmacológica, seus efeitos adversos e suas
interações indesejáveis (SILVA, 2005). As atividades são voltadas para
maximizar os efeitos da terapêutica e minimizar os riscos e os custos do
tratamento ao paciente (ALMEIDA, 2005).
A partir de então, o conceito de farmácia clínica tem evoluído até incluir
todas as atividades relacionadas ao uso racional e ao seguro do medicamento
(ANGONESI; SEVALHO, 2010). O farmacêutico clínico trabalha promovendo a
saúde, prevenindo e monitorando os eventos adversos, intervindo e contribuindo
na prescrição de medicamentos para a obtenção de resultados clínicos positivos,
otimizando a qualidade de vida dos pacientes, sem perder de vista a questão
econômica relacionada à terapia (ALMEIDA, 2005).
A farmácia clínica propôs a introdução da prestação de serviços
farmacêuticos voltados diretamente ao paciente. Houve uma conscientização de
que os serviços farmacêuticos não resumiriam somente a orientar os pacientes
e, sim, que a intervenção farmacoterapêutica melhoraria a qualidade de vida do
paciente (SILVA, 2005).
A Associação Americana dos Farmacêuticos Hospitalares define farmácia
clínica como:
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Ciência da Saúde, cuja responsabilidade é assegurar, mediante a
aplicação de conhecimentos e funções relacionados com o cuidado aos
pacientes, que o uso de medicamentos seja seguro e apropriado e que
necessita de uma educação especializada e/ou um treinamento
estruturado. (OMS, 1994).
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Esses resultados são:
1) a cura da doença;
2) a redução ou eliminação dos sintomas;
3) a interrupção ou retardamento do processo patológico; 4) a
prevenção de uma doença ou dos sintomas.
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biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde.
(OPAS, 2002).
A prática da atenção farmacêutica envolve macrocomponentes, como a
educação em saúde, a orientação farmacêutica, a dispensação, o atendimento
farmacêutico e o seguimento farmacoterapêutico, além do registro sistemático
das atividades, da mensuração e da avaliação dos resultados (OPAS, 2002)
A atenção farmacêutica mais proativa rejeita a terapêutica de sistemas,
busca a qualidade de vida e demanda que o farmacêutico seja um generalista.
Trata-se de pacto social pelo atendimento e necessita ter base filosófica
sedimentada. O exercício profissional do farmacêutico, hoje, busca a concepção
clínica de sua atividade, além da integração e da colaboração com os membros
da equipe de saúde, cuidando diretamente do paciente (PERETTA, CICCIA
2000).
Na atenção farmacêutica, o profissional se encarrega de reduzir a
morbidade e a mortalidade relacionadas com os medicamentos (ANGONESI;
SEVALHO, 2010). Para isso, é necessário que o profissional utilize em seu
exercício um enfoque centrado no paciente. Isso significa que o paciente deve
ser considerado como pessoa em seu conjunto, com algumas necessidades de
assistência gerais e outras específicas relacionadas com a medicação que
constituem a principal preocupação do profissional (CIPOLLE; STRAND;
MORLEY, 2000).
A atenção farmacêutica baseia-se, principalmente, no acompanhamento
farmacoterapêutico dos pacientes, buscando a obtenção de resultados
terapêuticos desejados por meio da resolução dos problemas
farmacoterapêuticos, procurando-se definir uma atividade clínica para o
farmacêutico, tendo o paciente como ponto de partida para a solução dos seus
problemas com os medicamentos (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2000).
Ela é considerada uma ferramenta da farmácia clínica, uma especialidade
da área da saúde relacionada à atividade e ao serviço do farmacêutico clínico
para desenvolver e promover o uso racional de medicamentos. Tal ferramenta
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facilita a interação do farmacêutico com o usuário do sistema de saúde,
proporciona um melhor acompanhamento dos pacientes, por meio do manejo da
farmacoterapia, prevenção e elucidação dos problemas identificados durante
esse seguimento (PEREIRA; FREITAS, 2008).
Os modelos de atenção farmacêutica mais utilizados por pesquisadores e
farmacêuticos no mundo são o espanhol (Método Dáder) e o americano (Modelo
de Minnesota). Entretanto, existem diferenças entre eles, principalmente na
classificação dos problemas farmacoterapêuticos (PEREIRA; FREITAS, 2008).
Para Andrade (2015), o farmacêutico deve ser capaz de orientar o
paciente, a fim de minimizar os efeitos secundários das terapias utilizadas, bem
como determinar os medicamentos que podem interferir na eficácia do
tratamento. Para tanto, deve-se definir um plano de atenção farmacêutica que
contemple os seguintes aspectos:
na anamnese;
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Desenvolver um plano sistemático de monitorização terapêutica;
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comportamentos, dos compromissos, das inquietudes, dos valores éticos, das
funções, dos conhecimentos, das responsabilidades e das destrezas do
farmacêutico na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de alcançar
resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida do paciente
(OPAS, 1995).
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) publicou no dia 29 de agosto de
2013 a Resolução n. 585, que regulamenta as atribuições clínicas do
farmacêutico (BRASIL, 2013). A formação clínica do profissional farmacêutico
torna-se decisiva para o futuro da prática de atenção farmacêutica, pois ao
adquirir os conhecimentos de farmácia clínica, o farmacêutico estará apto para
realizar acompanhamento farmacoterapêutico completo e de qualidade,
avaliando os resultados clínico- laboratoriais dos pacientes e interferindo
diretamente na farmacoterapia.
Vale ressaltar que, além do conhecimento de farmácia clínica, a atenção
farmacêutica exige do profissional certa preocupação com as variáveis
qualitativas do processo, principalmente aquelas referentes à qualidade de vida
e satisfação do usuário (PEREIRA; FREITAS, 2008).
Apesar da ampliação e da difusão dos conceitos de atenção farmacêutica,
deve-se ressaltar que esse movimento não substitui a farmácia clínica. A atenção
farmacêutica pode ser descrita como uma prática, ou seja, ferramenta que facilita
a interação do farmacêutico com o usuário do sistema de saúde, facilitando um
melhor acompanhamento dos pacientes, controlando a farmacoterapia,
prevenindo, identificando e solucionando problemas que possam surgir durante
esse processo. Enquanto a farmácia clínica é definida pela Sociedade Europeia
de Farmácia Clínica como: “uma especialidade da área da saúde, que descreve
a atividade e o serviço do farmacêutico clínico para desenvolver e promover o
uso racional e apropriado dos medicamentos e seus derivados” (OMS, 1994).
Saiba mais sobre os termos relacionados à atenção farmacêutica,
assistindo ao próximo vídeo da professora. (Vídeo 3 disponível no AVA)
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Referências
ALMEIDA, S. M. Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica. In: FERRACINI,
F.T; BORGES FILHO, W.M. Prática Farmacêutica no Ambiente Hospitalar: do
planejamento à realização. São Paulo: Atheneu, 2005.
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FERRACINI, F. T. Intervenção Farmacêutica. In: FERRACINI, F.T; BORGES
FILHO, W.M.B. Prática Farmacêutica no Ambiente Hospitalar: do Planejamento
à Realização. São Paulo: Atheneu, 2005.
_____. The role of the pharmacist in the health care system. Geneva: OMS,
1994. 24p. (Report of a WHO Meeting).
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informe de la reunión de la OMS, Tokio, Japão, 31 ago al 3 sep 1993. Buenas
Prácticas de Farmácia: Normas de Calidad de los Servicios Farmacéuticos. La
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