Avaliação Estrutura de Concreto
Avaliação Estrutura de Concreto
Avaliação Estrutura de Concreto
Resumo
Esta pesquisa foi desenvolvida a partir do estudo de caso da recuperação estrutural de um edifício de
múltiplos pavimentos, estruturado em concreto armado, construído na cidade de Recife há cerca de 40 anos.
A edificação é constituída por um pavimento semienterrado (garagem), laje de esplanada (térreo), 16
pavimentos-tipo e cobertura aporticada em concreto armado. Na investigação visual foram observadas
fissuras com sintomas típicos de oxidação das armaduras em alguns pilares e vigas do prédio. Foram
realizados ensiaos para avaliação da profundidade de carbonatação espalhados pela estrutura, bem como
extraídos testemunhos de concreto análise da sua capacidade mecânica da estrutura. Os resultados de
resistência à compressão dos testemunho extraídos apontaram valores superiores (36,8MPa e 27,8MPa) aos
níveis de resistência exigidos na época de execução do prédio (estimado entre 12MPa a 18MPa), mesmo
considerando uma redução em função da evolução dessa propriedade ao longo dos anos (40 anos). Tal
aspecto indica que as expressões para estimativa da evolução da resistência do concreto com o tempo
contempladas nas normas brasileiras se mostraram precisas. Os ensaios de avanço da frente de carbonatação
indicaram que poucos elementos de concreto experimentaram cabonatação integral dos seus cobrimentos,
o que realça a qualidade do concreto utilizado na construção, e é consistente com os valores de resistencia
à compressão dos testemunhos investigados. Os resultados obtidos indicaram que a estratégia de realização
conjunta de ensaios mecânicos em testemunhos extraídos, associado à determinação da profundidade de
carbonatação, constituiu-se eficiente para apropriação qualitativa do comportamento do caso estudado.
Palavras-chave: Reabilitação
Investigação
Recuperação
1
Mestrado em Engenharia Civil, Professor do Instituto Federal de Pernambuco - IFPE - Brasil
2
Doutor em Engenharia Civil, Professor da UNICAP/PE - Brasil
3
Doutor em Engenharia Civil, Professor da UNICAP/PE - Brasil
4
Engenheiro Civil
EVALUACIÓN DEL ESTADO DE CONSERVACIÓN DE
ESTRUCTURA DE HORMIGÓN - ESTUDIO DEL CASO
Resumen
Esta investigación fue desarrollada a partir del estudio del caso de la recuperación estructural de un edificio
de múltiples pisos, estructurado en hormigón armado, construido en la ciudad de Recife hace unos 40 años.
La edificación está constituida por un subsuelo (garaje), losa de explanada (planta baja), 16 pisos y cubierta
aporticada en hormigón armado. En la investigación visual se observaron fisuras con síntomas típicos de
oxidación de las armaduras en algunos pilares y vigas del edificio. Se realizaron ensayos para evaluar la
profundidad de carbonatación repartidas por la estructura, así como testigos de hormigón extraídos para un
análisis de la capacidad mecánica de la estructura. Los resultados de resistencia a la compresión de los
testigos extraídos apuntaron a valores superiores (36,8MPa y 27,8MPa) a los niveles de resistencia exigidos
en la época de ejecución del edificio (estimado entre 12MPa a 18MPa), aun considerando una reducción en
función de la evolución de esa propiedad a lo largo de los años (40 años). Tal aspecto indica que las
expresiones para estimación de la evolución de la resistencia del hormigón en el tiempo contemplado en
las normas brasileñas se mostraron precisas. Los ensayos de avance del frente de carbonatación indicaron
que pocos elementos de hormigón experimentaron cabonatación integral en sus cubiertas, lo que realza la
calidad del hormigón utilizado en la construcción, y es consistente con los valores de resistencia a la
compresión de las muestras investigadas. Los resultados obtenidos indicaron que la estrategia de realización
conjunta de ensayos mecánicos en testigos extraídos, asociado a la determinación de la profundidad de
carbonatación, es suficiente para la caracterización cualitativa del comportamiento del caso estudiado.
4
Mestrado em Engenharia Civil, Professor do Instituto Federal de Pernambuco - IFPE - Brasil
5
Doutor em Engenharia Civil, Professor da UNICAP/PE - Brasil
6
Doutor em Engenharia Civil, Professor da UNICAP/PE - Brasil
4
Engenheiro Civil
1 Introdução
A avaliação do estado de conservação do patrimônio construído das cidades tem
merecido atenção especial, tanto do meio científico quanto da comunidade de construção
civil em geral. Em grande parte, este interesse crescente ou tem uma ligação direta com as
recentes normas de desempenho editadas no Brasil no ano de 2013, que introduziram
demandas específicas a serem atendidas pelas novas edificações, ou está relacionado com
exigências mais rigorosas de conservação de órgãos responsáveis pela preservações de
edificações históricas.
Segundo Fonseca et al. (2016), o desempenho de uma edificação, com relação a
qualidade, depende do sucesso de cada uma das cinco etapas construtivas: (a) planejamento,
(b) projeto, (c) escolha dos materiais, (d) execução e (e) uso. A condução diligente de cada
uma destas etapas pode concorrer para a redução de manifestações patológicas em idades
precoces das edificações possibilitando, destarte, um incremento na durabilidade das
construções que tem efeitos diretos na satisfação dos usuários e na qualidade do ambiente
construído das cidades.
As manifestações patológicas em edificações novas e antigas podem ter variadas origens
que vão desde um ineficaz processo de planejamento, detalhamento, especificação e
construção propriamente dita até aspectos relativos à manutenção periódica do
empreendimento e podem afetar qualquer parte da construção, da fundação até a sua coberta.
Quando as manifestações patológicas se manifestam em lugares que podem ser
inspecionados visualmente, como um descolamento de placas cerâmicas em uma fachada,
elas são facilmente identificadas e, em algumas situações, as intervenções corretivas podem
ser realizadas de maneira rápida e precisa. No entanto, quando as patologias são ocultas, tais
como processos físico-químicos, carbonatação ou ação de reações álcalis agregado, sua
solução costuma ser mais demorada com envolvimento de recurso financeiros mais
significativos.
Os problemas em elementos de concreto armado são acentuados a depender das suas
condições de exposição, notadamente quanto à salinidade e carbonatação, muito comuns em
cidades litorâneas e grandes metrópoles, respectivamente. Tal cenário se torna ainda mais
crítico quando essas peças estão posicionadas em áreas de fachada, sem revestimento
(aparentes), durante prolongado período de tempo.
Neste contexto, o presente trabalho avaliou o estado de conservação do concreto de uma
edificação residencial com 18 pavimentos localizado na cidade do Recife - Pernambuco - e
analisou alternativas para a recuperação das manifestações patológicas observadas.
2 Localização da edificação
A edificação em estudo se localiza no nordeste do Brasil na Cidade do Recife no estado
estado de Pernambuco. Se situa no centro da cidade a uma distância de aproximadamente 3
km do mar. A região possui uma média umidade relativa do ar de 74% com temperatura
média de 24 ºC e índice pluviométrico anual de 564 mm. A Figura 1 a seguir ilustra a fachada
leste da edificação.
Figura 1: Aspecto geral da fachada leste (Autores (2017))
3 Metodologia de Inspeção
Para esse estudo foi utilizada uma metodologia específica, conforme Figura 2, com o objetivo
de detectar as principais manifestações patologias, assim como suas causas e consequências. Os
trabalhos de campo se iniciaram com uma inspeção preliminar, que consistiu, basicamente, em
uma análise visual dos elementos estruturais da superestrutura por meio da investigação das áreas
comuns dos pavimentos-tipo, inclusive garagem.
Foi realizado então o levantamento do histórico de construção da estrutura, fornecido pelos
condôminos. Posteriormente, houve a identificação das manifestações patológicas, com
realização de inspeção visual, questionamentos junto aos moradores e usuários, ensaios amostrais
para a determinação de resistência à compressão em testemunhos de concreto extraídos do local,
e profundidade de carbonatação. Por fim, chegou-se ao levantamento dos danos e ao diagnóstico.
Figura 2: Metodologia de inspeção (Autores (2017))
Os testemunhos foram extraídos conforme a ABNT NBR 7680/2007, por meio de uma sonda
rotativa, composta de uma coroa diamantada e resfriada por água. Toda a preparação e extração
foram efetuadas por operadores experientes, não havendo quebra de testemunhos. Foram retirados
2 testemunhos com dimensões 74,5 mm X 140,2 mm e 74,6 mm x 129,5 mm (diâmetro x
comprimento). O local onde foram extraídos os testemunhos foi recomposto com graute.
Após a extração os testemunhos suas faces foram regularizadas por meio de corte com uma
serra metálica diamantada e em seguida foi feita a adequada retifica. Após estas preparações os
testemunhos foram levados para se realizar o ensaio à compressão. Como a relação
altura/diâmetro dos testemunhos foi de 1,88 e 1,74 foi necessária a aplicação de fatores
ponderadores da resistência de 0,991 e 0,979 para os testemunhos 1 e 2 respectivamente.
a) b) c)
Por essa razão a NBR 6118-2014 e a NBR 12.655-2015 estabelecem valores máximos para a
relação água/cimento, limites mínimos para a espessura de cobrimento e consumo cimento por
m3 de concreto, em função das condições de agressividade do meio no qual a edificação vai ser
construída. Essas demandas normativas são usualmente referidas como requisitos de qualidade
do projeto, e visam exatamente dotar as estruturas de concreto de uma proteção mínima contra a
ação de agentes agressivos, notadamente os efeitos da carbonatação e do ataque por sulfatos e
cloretos.
A edificação em estudo, entretanto, foi projetada e construída baseada em normativas que não
indicavam a necessidade de considerações especiais, em projeto e em construção, para o
enfrentamento das ações do meio ambiente sobre as estruturas de concreto e os materiais
utilizados, notadamente o cimento, tinham outro padrão de fabricação (cimentos menos finos),
aspecto que justifica o atual estado de conservação em que o mesmo se encontra.
Ao longo da estrutura foram observados diversos pontos de oxidação da armadura, seja em
pilares, vigas ou lajes, inclusive nas áreas internas mais protegidas, mesmo que em menor
intensidade. Importante destacar que, em geral, os agentes agressivos, em especial a névoa salina,
utilizam a água como veículo para penetrar no concreto, de modo que é natural que os elementos
estruturais localizados nas periferias apresentem maiores níveis de degradação, quando
comparados com as peças situadas nas regiões mais internas, e mesmo na área da garagem.
Durante a vistoria não foram verificados problemas evidentes de oxidação das armaduras dos
elementos estruturais na área da garagem, exceção feita às vigas situadas sob as juntas, onde a
infiltração da água da chuva pela laje do térreo acaba proporcionando um ambiente mais propício
à ocorrência desse tipo de problema.
Importante destacar, contudo, que há indícios da realização de atividades pontuais de
recuperação em algumas peças estruturais da garagem, de modo que é provável que esses
elementos também já tenham apresentados problemas de oxidação similares àqueles verificados
no pavimento térreo.
4 Conclusões
Esta pesquisa foi desenvolvida a partir do estudo de caso da recuperação estrutural de um
edifício de múltiplos pavimentos, estruturado em concreto armado, construído na cidade de Recife
há cerca de 40 anos. A edificação é constituída por um pavimento semienterrado (garagem), laje
de esplanada (térreo), 16 pavimentos-tipo e cobertura aporticada em concreto armado. Foram
extraídos testemunhos com dimensões de 74,5 mm x 140,2 mm e de 74,6 mm x 129,5 mm
(diâmetro x comprimento) através de sonda rotativa com coroa diamantada para se avaliar os reais
valores da resistência à compressão do concreto na estrutura e o nível de despassivação das
armaduras em função do processo de carbonatação dos cobrimentos dos elementos de concreto.
Foi demonstrado que as expressões para estimativa da evoulção da resistência do concreto
com o tempo contempladas nas normas brasileiras são suficeintemente precisas.
Os ensaios de avanço da frente de carbonatação indicaram que poucos elementos de concreto
experimentaram cabonatação integral dos seus cobrimento, aspecto que realça a qualidade do
concreto utilizado na construção e é consistente com os valores de resistência à compressão dos
testemunhos investigados.
Os resultados obtidos indicam que a estratégia de realização conjunta de realizar ensaios
mecânicos em testemunhos extraídos e avaliar a profundidade de carbonatação em peças de
concreto se constitui em meios eficientes de apropriação qualitativa do desempenho de
edificações de concreto armado.
5 Bibliografia
(1) MARQUES, V. S. Recuperação de estruturas submetidas à corrosão de
armaduras
: definição das variáveis que interferem no custo. 2015. 104 f. Trabalho de Conclusão de
curso (Graduação em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Escola de Engenharia. Porto Alegre.
(2) FONSECA, J.; SILVA, D.; OLIVEIRA, A.; SILVA, G.; SANTOS, N. Fatores
cardeais
que comprometem a durabilidade das construções . In: I Seminário de Patologia e
Recuperação, 2016, Recife. SIMPAR 2016. Recife, 2016.
(3) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR- 6118: Projeto
de
Estruturas de Concreto: procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
(4) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR- 7680: Concreto
—
Extração, preparo, ensaio e análise de testemunhos de estruturas de concreto. Rio
de Janeiro, 2007.