Intercom VazioExistencial Artigo
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Interdisciplinares da Comunicação
Giovana Godoi1
Ana Clara Colemonts2
RESUMO
O trabalho propõe debater o vazio existencial social e a sua relação com o excesso de
informação midiática. Pondera de que forma o imediatismo têm provocado embotamento e
transformado o indivíduo. Reflete sobre a falta de contemplação da realidade, através de uma
vivência por detrás das telas e suas influências. Inspira-se no conceito de modernidade líquida
e o relaciona, através de dados de consumo, com os sintomas do vazio existencial.
ABSTRACT
This work proposes to debate the existencial emptiness and it’s relationship with the excess of
media information. It ponders how immediacy has been causing dullness, transforming the
individual. It reflects on the lack of contemplation of reality, through an experience behind the
screens and their influences. It’s inspired by the concept of liquid modernity and relates it,
through consumption data, to the symptoms of existential emptiness.
INTRODUÇÃO
O ser humano está sempre em busca de algo que dê sentido à sua existência.
Essa incessante procura, por muitas vezes, ocasiona angústia e ansiedade,
podendo derivar o vazio existencial, o qual se exprime a partir de outros
estados, como tédio, conformismo, submissão e obsessão (SOUZA;
CUNHA, 2017, p. 2).
maioria das pessoas está tão acostumada com a aceleração diária (especialmente urbana) e tão
envolvida com a constante emissão de mensagens, luzes, imagens, idealizações de produtos e
sensações, que há pouca entrega pessoal e integral às vivências “reais”, não as
experimentando integralmente de acordo com o tempo que levam, mas as fragmentando de
acordo com as informações fluidas recebidas ou emitidas através dos smartphones e anúncios.
world is yours” (em português: “o mundo é seu”). Seu característico desejo crescente de
romper limites e de estar “no topo” o leva à ruína; à ruína de suas relações humanas, além do
desmoronamento do império luxuoso e particular que construiu através do tráfico.
Abordando uma outra perspectiva, baseada na pós-modernidade tecnológica, futurista
e informacional, podemos trazer também de exemplo à reflexão, a série televisiva britânica
Black Mirror, que, em episódios específicos, hiperboliza os sintomas discutidos neste
capítulo.
Por este caminho, a má interpretação do vazio poderia atrapalhar o sentido de viver,
transformando-o em um não viver, seja qual for a sua circunstância.
privilégio e uma conquista, torna-se uma necessidade. Manter-se em alta velocidade, antes
uma aventura estimulante, vira uma tarefa cansativa”. A disruptividade e fragmentação
experienciada no contexto discutido exige que os indivíduos estejam constantemente
atualizados. Douglas e Isherwood afirmam que o consumo se destaca por sua capacidade de
atribuir sentidos, sendo “um processo ritual cuja função primária é dar sentido ao fluxo
incompleto dos acontecimentos” (2004, p. 112). Em uma realidade que transita por rápidas
mudanças, o consumo oferece condições para criar novas e contínuas sínteses do mundo.
Segundo os autores, esses fatores justificam o impulso por trás da demanda.
As reações geradas pela exposição com esses bens proporcionam conforto, pois
desejar algo intensamente ajuda a atribuir significados a sua própria existência, sendo uma
resposta “à insegurança ontológica ou à angústia existencial” (BARBOSA; CAMPBELL,
2007, p. 57). Tal processo funciona como uma forma de legitimar a realidade. Os aspectos
difusos e mutáveis da modernidade líquida provocam uma sensação de inconstância diante do
mundo, motivando a necessidade de permanecer conectado. Nesse sentido, a busca pelo
consumo informacional pode ser analisada como um processo compensatório, dentro do qual
a sociedade passa por transformações cada vez mais rápidas. Essa agilidade exige que o
indivíduo crie novas formas de lidar com suas questões existenciais, significando a sua
vivência em aspectos transitórios da realidade.
O ambiente virtual oferece um canal para que os usuários desfrutem de infinitas
possibilidades de conteúdo e experiências sensoriais, servindo como uma ferramenta para
preencher lacunas emocionais neglicenciadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Lívia; CAMPBELL, Colin. Cultura, consumo e identidade. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2007.
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2-em-ranking-de-paises-que-passam-mais-tempo-em-redes-sociais.html. Acesso em: 07 set. 2020.
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Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2004.
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KAST, Verena. A alma precisa de tempo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016, 160 p.
MIGUEZ, Eloisa Marques. Educação em Viktor Frankl: entre o vazio existencial e o sentido da
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MALLMANN, Andréia Denise. Mídia fluida: por uma renovação conceitual. Sessões do
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https://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A1166. Acesso em: 15 mai. 2018.