Diplomacia Nuclear

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UNIVERSIDADE JOAQUIM CHISSANO

Curso: Relações Internacionais e Diplomacia

Disciplina: Práticas Diplomáticas


2̊ Ano Laboral - Turma A

Tema: Diplomacia Nuclear

Discentes:
Ana José Rendição
Cintya Horácio Canda
Custodia da Piedade Nuvunga
Sheynilla Célia Benjamim Manganhela
Shirley de Taires Monteiro Barreto Mandofa
Wesla Franco Nhone

Docentes: Dr.Embaixador Fernando Conselho


Dr. Dionísio Missomal

Maputo, Setembro de 2023


ĺndice
Resumo Informativo....................................................................................................................................4
Introdução...................................................................................................................................................5
Desenvolvimento.........................................................................................................................................6
Introdução a diplomacia nuclear: conceito e evolução histórica...............................................................6
O papel da diplomacia nuclear no controle de armamentos.......................................................................7
Estudo de Caso: A crise dos Misseis de Cuba em 1962 e a diplomacia nuclear..........................................8
Perspectivas futuras da Diplomacia Nuclear (desafios e oportunidades)...................................................8
Conclusão..................................................................................................................................................10
Referências Bibliográficas..........................................................................................................................11
Resumo Informativo
A diplomacia nuclear é uma abordagem diplomática específica que lida com questões
relacionadas a armas nucleares e seu controle.
A diplomacia nuclear como um campo específico de estudo e prática surgiu durante a era da
Guerra Fria, que abrangeu aproximadamente o período de meados do século XX, após a Segunda
Guerra Mundial, até o início dos anos 1990, quando a União Soviética se desintegrou. Durante a
Guerra Fria, as superpotências dos Estados Unidos e da União Soviética competiram
intensamente em uma corrida armamentista nuclear, acumulando arsenais massivos de armas
nucleares.
Nesse contexto, a diplomacia nuclear se tornou essencial para controlar e gerenciar a proliferação
dessas armas, bem como para reduzir o risco de guerra nuclear entre as superpotências. Isso
resultou em tratados de controle de armas, como o Tratado de Não Proliferação de Armas
Nucleares (TNP) de 1968 e o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START) nos anos
1990.

Palavras-chave: diplomacia nuclear, controle de armamentos, negociação de acordos de controle


de armas, prevenção da proliferação nuclear, redução de tensões e conflitos, promoção da
transparência, confiança mútua, abolição nuclear, crise dos mísseis de Cuba, interesses de
segurança, interesses políticos, bem-estar econômico.
Introdução
O presente trabalho visa explanar a diplomacia nuclear na sua totalidade desde a sua origem,
funções, legitimidade e suas bases ideológicas. Sobretudo a maneira como esta é levada acabo no
decorrer das interações e na promoção dos seus interesses políticos, energéticos, económicos,
idênticos e de segurança. A diplomacia nuclear é de maneira geral a interação entre atores
internacionais estatais e não estatais com objectivo da obtenção da energia nuclear para a
materialização de interesses materiais e imateriais.
Seu principal objectivo é de garantir a não proliferação da energia nuclear, desta forma
considerando a Diplomacia Nuclear como uma forma de materialização de política externa dos
Estados com intuito de evitar destruição em massa bem como desastres nucleares podem ser
perpetrados se não houver o uso eficaz da diplomacia nuclear que tem a sua base de
funcionamento na diplomacia multilateral com a criação de instituições que regulam a
proliferação a energia nuclear, bem como, a obtenção da mesma.
O Objectivo Geral : Apresentar uma visão abrangente da diplomacia nuclear.
Os Objectivos Específicos : Definir o conceito de diplomacia nuclear e apresentar sua evolução
histórica;
Explorar o papel da diplomacia nuclear no controle de armamentos;
Descrever caso histórico de crise nuclear dos Mísseis de Cuba em 1962 e apresentar como a
diplomacia foi utilizada para resolver tal situação;
Discutir as perspectivas futuras da diplomacia nuclear.
Desenvolvimento

Introdução a diplomacia nuclear: conceito e evolução histórica


Diplomacia Nuclear pode ser definida como a interação entre actores internacionais (sejam eles
Estados, organizações internacionais, indivíduos e organizações não estatais transnacionais)
sobre questões, actores e interesses relacionados à energia nuclear (sejam eles materiais ou não
materiais) para alcançar objetivos.
Bases da Diplomacia Nuclear
A diplomacia nuclear é usada para salvaguardar os interesses nacionais dos estados que podem
se classificar em:
 Sobrevivência física
 Autonomia;
 Bem-estar económico
 Autoestima colectiva.
A evolução histórica da diplomacia nuclear é marcada por eventos-chave e mudanças
significativas nas relações internacionais ao longo do tempo:
1.Pós-Segunda Guerra Mundial (1940s): A era da diplomacia nuclear começou após o
lançamento das bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945. Os Estados Unidos se
tornaram a primeira potência nuclear, e isso levou ao início da Guerra Fria com a União
Soviética. As tensões resultaram em corridas armamentistas nucleares.

2. Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (1968): Este tratado foi um marco
importante. Ele buscava conter a disseminação de armas nucleares e promover o desarmamento.
Os estados signatários comprometeram-se a não desenvolver armas nucleares se não fossem
detentores na época da assinatura.

3.Tratados de Controle de Armas (1970s-1980s): Durante a Guerra Fria, as superpotências (EUA


e URSS) assinaram tratados de controle de armas, como o Tratado SALT e o Tratado START,
para limitar o crescimento de seus arsenais nucleares.

4.Fim da Guerra Fria (1990s):Com o colapso da União Soviética, houve uma diminuição
significativa nas tensões nucleares. Isso levou a acordos de desarmamento mais ambiciosos,
como o START II.
5. Pós-Guerra Fria (2000s em diante):A diplomacia nuclear continuou a evoluir, focando na
redução de armas nucleares e na prevenção da proliferação. No entanto, desafios como a
proliferação para estados não signatários do TNP e a modernização de arsenais mantiveram a
diplomacia nuclear na vanguarda das relações internacionais.
A diplomacia nuclear continua sendo um elemento crítico nas relações internacionais,
adaptando-se às mudanças geopolíticas e tecnológicas para promover a segurança global e a
prevenção de conflitos nucleares.

O papel da diplomacia nuclear no controle de armamentos


A Diplomacia nuclear desempenha um papel fundamental no controle de armamentos, visando
promover a segurança global e evitar a proliferação descontrolada de armas nucleares.
Através de:
-Negociação de Acordos de Controle de Armas: Através da diplomacia nuclear, os estados
detentores de armas nucleares podem negociar acordos para limitar a quantidade e os tipos de
armas nucleares que possuem. Exemplos incluem tratados como o START (Tratado de Redução
de Armas Estratégicas) entre os EUA e a Rússia.
-Prevenção da Proliferação Nuclear: Diplomacia nuclear também envolve esforços para impedir
que mais países adquiram armas nucleares. O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares é
um exemplo proeminente que busca impedir a disseminação dessas armas.
- Redução de Tensões e Conflitos: Através do diálogo diplomático, os países podem reduzir as
tensões e minimizar o risco de conflitos nucleares acidentais. Canais de comunicação direta entre
nações detentoras de armas nucleares desempenham um papel vital nesse aspecto.
- Promoção da Transparência e Confiança Mútua: Diplomacia nuclear frequentemente inclui
medidas de transparência, como inspeções e intercâmbio de informações, para verificar o
cumprimento dos acordos e construir confiança entre as nações.
-Abolição Nuclear: Para alguns, a diplomacia nuclear também impulsiona a busca pela abolição
total das armas nucleares, embora esse objetivo seja complexo e de longo prazo.

Estudo de Caso: A crise dos Misseis de Cuba em 1962 e a diplomacia nuclear


A crise dos mísseis de Cuba de 1962 foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, quando
os Estados Unidos descobriram a presença de mísseis nucleares soviéticos em Cuba. Essa crise
colocou o mundo à beira de uma guerra nuclear e exigiu uma diplomacia nuclear eficiente para
evitar um desastre.
De acordo com o historiador Graham Allison, em seu livro "Essence of Decision: Explaining the
Cuban Missile Crisis" (1971), a diplomacia nuclear desempenhou um papel crucial na resolução
da crise. Allison argumenta que a crise foi resolvida através de negociações diretas entre os
líderes dos Estados Unidos e da União Soviética, John F. Kennedy e Nikita Khrushchev. Eles
conseguiram chegar a um acordo conhecido como "Acordo Kennedy-Khrushchev", no qual os
EUA se comprometeram a não invadir Cuba e a União Soviética concordou em remover os
mísseis nucleares da ilha.
Uma das principais estratégias diplomáticas utilizadas foi o estabelecimento de uma linha direta
de comunicação entre Kennedy e o líder soviético Nikita Khrushchev. Essa linha direta permitiu
que os dois líderes se comunicassem de forma rápida e eficaz, evitando atrasos e mal-entendidos
que poderiam levar a uma escalada do conflito.
Além disso, os Estados Unidos adotaram uma abordagem de negociação em várias frentes.
Kennedy e sua equipe buscaram resolver a crise através de negociações secretas com os
soviéticos, explorando diferentes opções de compromisso. Em uma carta enviada a Khrushchev,
Kennedy escreveu: "Deixe-nos, portanto, não negociar em termos de vitória ou derrota, mas em
termos de encontrar uma paz justa e honrosa que seja aceitável para ambas as partes".
A resolução pacífica da crise dos mísseis de Cuba foi considerada um marco na história da
diplomacia nuclear. Demonstrou a importância do diálogo direto e da negociação em situações
de crise nuclear, evitando assim um confronto direto entre as duas superpotências e potenciais
consequências devastadoras.
Essa crise demonstrou a importância da diplomacia núcleo em situações de crise nuclear, onde o
diálogo direto entre os líderes das nações envolvidas pode evitar conflitos de proporções
catastróficas. Através da negociação e do compromisso, foi possível encontrar uma solução
pacífica para a crise dos mísseis de Cuba.

Perspectivas futuras da Diplomacia Nuclear (desafios e oportunidades)

Interesses de segurança

Interpretada de forma ampla, a diplomacia nuclear é utilizada para satisfazer vários interesses. A
sobrevivência, que pode ser alargada a considerações de segurança, é o incentivo mais óbvio
para uma comunidade nacional e, mais especificamente, para um Estado se envolver na
diplomacia nuclear. Este critério pode levar uma potência média a tomar diversas decisões.

Os Estados são, de facto, obrigados a proteger o seu território e a sua população da utilização ou
da ameaça de utilização de armas nucleares. Aos olhos da maioria, este risco diminui se menos
Estados possuírem estas armas, se as suas posturas nucleares forem tão limitadas quanto possível
e incluírem garantias de segurança, se a implantação dos seus arsenais for circunscrita e se o seu
desenvolvimento qualitativo e quantitativo for verificado, e se intervenientes não estatais forem
impedidos de aceder a material nuclear ou radiológico que possa potencialmente ser utilizado
num ataque terrorista.

Interesses políticos

A diplomacia nuclear tem sido utilizada para garantir a autonomia de um país e, assim, promover
os seus interesses políticos. Quanto à segurança, os interesses políticos podem ser vistos pelos
líderes como um incentivo para desenvolver um arsenal nuclear ou, pelo contrário, para se
absterem dele. As potências médias sem armas nucleares também melhoram a sua posição
política e, portanto, preservar a sua autonomia de política externa formando uma coligação

Bem-estar económico

As considerações económicas desempenham geralmente um papel importante para convencer


uma potência média a empenhar-se na diplomacia nuclear. Os Estados e os intervenientes
económicos que contam ou desejam desenvolver a energia nuclear nos seus países têm
naturalmente um forte incentivo para tentar influenciar as normas internacionais que regem a
forma como podem aceder, desenvolver e vender materiais e tecnologias. Para servir
os interesses económicos, deve-se a agir diplomaticamente para alterar as regras comerciais
nacionais, regionais ou internacionais que têm impacto na transferência de tecnologia, nos
controlos de exportação e nas práticas industriais. A aplicação das normas de não-proliferação
está frequentemente associada à adopção de sanções.
Conclusão
Em conclusão, podemos perceber que diplomacia nuclear desempenha um papel vital no controle
de armamentos e na promoção da segurança global. Através da negociação de acordos de
controle de armas, prevenção da proliferação nuclear, redução de tensões e conflitos, promoção
da transparência e, para alguns, busca pela abolição nuclear, a diplomacia nuclear busca garantir
que as armas nucleares sejam gerenciadas de forma responsável e que os riscos de conflitos
nucleares sejam minimizados.
O estudo de caso da crise dos mísseis de Cuba em 1962 ilustra vividamente como a diplomacia
nuclear pode desempenhar um papel crítico na resolução de crises nucleares e na prevenção de
uma escalada desastrosa.
No futuro, a diplomacia nuclear enfrentará desafios complexos, mas também oportunidades para
promover a segurança global, proteger interesses de segurança, políticos e econômicos e garantir
um mundo mais seguro e pacífico para todos. A cooperação internacional e o compromisso
contínuo com a diplomacia nuclear continuarão sendo fundamentais para alcançar esses
objetivos.
Referências Bibliográficas
Allison, G. (1971). Essence of Decision: Explaining the Cuban Missile Crisis. Little, Brown and
Company.
Bunn, M., Roth, N. & Tobey, W.H., 2019. Revitalizing Nuclear Security in an Era
of Encertainty., Belfer Center Harvard Kennedy School [Online] Available at:
https://www.belfercenter.org/publication/revitalizing-nuclear-security-era-uncertainty
[Acedido em 08 de setembro de 2023].

Center for Nuclear Non-Proliferation and Disarmament, Australia National University, 2014. 4.
Peaceful Uses of Nuclear Energy, Camberra: s.n.
Nuclear Suppliers Group, 2019. [online] https://www.nuclearsuppliersgroup.org/en/ [acedido em
08 de setembro de 2023].

WROBEL, Paulo. “A Diplomacia Nuclear Brasileira: A Não-Proliferação Nuclear e o Tratado


de Tlatelolco.” Contexto Internacional, Rio de Janeiro, Vol.15, no. 1, jan/jun 1993. Pg.27-56

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