Lesões Elementares

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Lesões Elementares

Introdução
Iniciaremos agora nossa jornada no estudo das lesões elementares, tão úteis e
essenciais na clínica de geral (para o exame físico) e na dermato!

Denominam-se lesões elementares as alterações no tegumento cutâneo. Elas


podem ser determinadas por processos inflamatórios, degenerativos,
circulatórios, neoplásicos, por distúrbios do metabolismo ou por defeitos de
formação. Da combinação de lesões elementares surgem os sinais
morfológicos que caracterizam síndromes e afecções. Na tabela 1 estão as
classificações das lesões elementares, nas quais basearemos os tópicos
seguintes.

Tabela 1 – Lesões elementares: panorama geral

Classificação das lesões


elementares
1. Alterações de cor

2. Elevações edematosas

3. Formações sólidas

4. Coleções líquidas

5. Alterações de espessura

6. Perdas e reparações

Para a avaliação das lesões elementares durante o exame físico, utilizamos as


técnicas de inspeção e palpação. Podemos usar também lupa e um vidro plano
como facilitadores.

1. Alterações de cor

Também chamadas de manchas ou máculas, são alterações na cor da pele sem


relevo ou depressão (tegumentares planas). Para ter certeza de que são planas,
devemos usar além da inspeção, a palpação, deslizando a polpa digital sobre a
superfície da lesão. Essas lesões são classificadas em 4 tipos:
Tabela 2 – Classificação das alterações de cor

Tipos de alterações de cor


 Hipocrômicas ou acrômicas
1. Pigmentares  Hipercrômicas
 Pigmentação externa

 Telangiectasias
2. Vasculares (desaparecem à
 Manchas eritematosas
digitopressão)
(hiperêmicas)

 Petéquias (<1cm)
3. Hemorrágicas (não desaparecem à
 Víbices (lineares)
digitopressão)
 Equimoses (>1cm)

4. Deposição pigmentar Por hemossiderina, bilirrubina, pigmento


carotênico, pigmentos metálicos.

Outro tipo de classificação para essas lesões é mais simplificada e as divide


em dois grupos: vasculho-sanguíneas e pigmentares.

Vásculo-sanguíneas

Ocorrem por vasodilatação, contrição, ou pelo extravasamento de hemácias.

 Eritema: mancha vermelha por vasodilatação, que desaparece com


dígito ou vitropressão (figura 1).

Figura 1 - Eritema
 Púrpura: mancha vermelha causada por extravasamento de hemácias,
que não desaparece com dígito e vitropressão. Muda de coloração de
acordo com o tempo por alteração da hemoglobina, variando do
arroxeado ao verde-amarelado.
o É chamada petéquia quando possui até 1cm (figura 2) e
de equimose quando possui mais de 1cm (figura 3).

Figura 2 - Petéquias

Figura 3 – Equimose

Também chamadas de discromias, resultam da diminuição ou do aumento de


melanina ou depósitos de outros pigmentos e substâncias na derme (figura 4).

 Leucodermia: mancha branca por diminuição ou ausência de


melanina.
 Hipocromia: redução da pigmentação pela melanina.
 Acromia: ausência completa de pigmentação.
 Hipercromia: cor variável por aumento de melanina ou outros
pigmentos como sais biliares e carotenoides.
Figura 4 - Manchas pigmentares

2. Elevações edematosas

Tratam-se de elevações circunscritas causadas por edema na derme ou


hipoderme.

1.
1. Urtica

Elevação efêmera, irregular, de tamanho e cor variáveis do branco-róseo ao


vermelho, pruriginosa, resultante de extravasamento de plasma, formando um
edema dérmico (figura 5).

Figura 5 – Urtica
2. Angioedema

O angioedema ou edema de Quincke labial (figura 6) representa uma área


de edema circunscrito, que pode ocorrer no subcutâneo, causando tumefação.
É de localização nos lábios (macro-queilia), mais comum no superior.
Geralmente tem aparecimento súbito, não é depressível à palpação, indolor,
sendo de causa alérgica. Pode vir acompanhado de urticária e macroglossia.

Figura 6 – Angioedema

3. Formações sólidas

As formações sólidas são resultado de processo inflamatório ou neoplásico,


atingindo isolada ou conjuntamente epiderme, derme e hipoderme. As
principais classes estão na tabela 3.

Tabela 3 – Principais variações das formações sólidas

Classificação
Pápula
Placa
Nódulo
Nodosidade ou tumor
Goma
Vegetação
Verrucosidade
Tubérculos

1. Pápula
Lesão sólida, circunscrita, elevada e menor que 1cm. Podem ser isoladas ou
agrupadas. Inúmeras dermatoses poder causar esse tipo de lesão, como:
leishmaniose, picada de inseto, blastomicose, verruga, acne, erupções
medicamentosas, hanseníase, entre outros.

Figura 7 - Pápula

Placa

Lesão elevada, de superfície geralmente plana, maior que 1cm, podendo


apresentar superfície descamativa, crostosa ou queratinizada. Pode ser
formada pela confluência de pápulas.

Figura 8 – Placa

Nódulo

Lesão sólida, circunscrita, saliente ou não, de 1 a 3cm de tamanho, localizada


na hipoderme.
Figura 9 – Nódulo

Nodosidade ou tumor

Lesão sólida, circunscrita e maior que 3cm. O termo tumor é usado


preferencialmente nas neoplasias.

Figura 10 - Nodosidade ou tumor

Goma

Nódulo ou nodosidade que se liquefaz na porção central, podendo ulcerar e


eliminar material necrótico.
Figura 11 - Goma

Vegetação

Lesão sólida e pedunculada, com aspecto de couve-flor e superfície friável,


consistência mole, agrupada em menores ou maiores quantidades. Pode
ocorrer na tuberculose, leishmaniose, sífilis, condiloma acuminado,
granuloma venéreo, neoplasias, entre outros.

Figura 12 - Vegetação

Verrucosidade

Lesão sólida, elevada, de superfície dura e inelástica, formada por


hiperqueratose. Ocorrem por exemplo nas verrugas vulgares e na
cromomicose.
Figura 13 - Verrucosidade

Tubérculo

Tipo de elevação sólida observada na sífilis, tuberculose, hanseníase,


esporotricose, sarcoidose e em tumores. São lesões circunscritas, maiores que
1cm, na derme, podendo ser moles ou rígidas. A coloração da pele pode ser
normal, eritematosa, acastanhada ou amarelada, quase sempre evoluindo com
a cicatrização.

Figura 14 - Tubérculos na hanseníase


Coleções líquidas

São lesões de conteúdo líquido, podendo conter em seu interior serosidade,


sangue ou pus.

Vesícula

É a elevação circunscrita menor que 1cm, com conteúdo claro (seroso) que
pode se tornar turvo (purulento) ou avermelhado (hemorrágico). Faz-se
semelhante à pápula, mas a vesícula é uma coleção líquida, enquanto a pápula
é sólida. É frequentemente presente nos casos de varicela, herpes-zóster,
queimaduras, pênfigo foliáceo, entre outros.

Figura 15 - Vesícula

Bolha ou flictena

Difere-se da vesícula apenas pelo tamanho, que é maior que 1cm. Está
presente nas queimaduras, algumas piodermites e em alergias
medicamentosas.

Figura 16 - Bolha/flictena
Pústula

É a elevação de até 1cm, com conteúdo purulento. Pode ser encontrada na


varicela-zóster, piodermites e acne pustulosa.

Figura 17 – Pústula

Abscesso

Esta lesão possui tamanho variável e é formada por coleção purulenta da pele
ou tecidos subjacentes. Sinais flogísticos podem estar presentes: edema, dor,
rubor, calor. Neste caso, são chamados abscessos quentes. Quando ausentes os
sinais de inflamação, são abscessos frios. Estão presentes em casos de
furunculose, hidradenite, blastomicose, abscesso tuberculoso, entre outros.

Figura 18 - Abscesso

Hematoma

Trata-se de lesão formada por derrame de sangue na pele ou tecidos


subjacentes, diferindo-se da equimose por haver alteração de espessura. O
hematoma pode infectar e surgirem de sinais flogísticos, fazendo com que o
conteúdo hemorrágico pode torne-se purulento.
Figura 19 – Hematoma

Alterações de espessura

Queratose

É o espessamento da pele por aumento da camada córnea, tornando-se áspera,


dura, inelástica e com a superfície amarelada. Pode ser mais facilmente
encontrada nos calos das mãos (Queratose palmar) e dos pés (Queratose
plantar). Além disso, pode ser vista na ictiose.

Figura 20 - Queratose

Liquenificação

Lesão caracterizada pelo espessamento da pele com acentuação dos sulcos e


da cor própria, apresentando aspecto quadriculado em rede. Comumente a
pele torna-se castanho-escura e pode ser vista em eczemas liquenificados ou
em áreas de repetidas coçaduras.

Figura 21 – Liquenificação
Edema

Trata-se do aumento de espessura, depressível, com a cor da própria pele ou


róseo-avermelhada. Acontece pelo extravasamento de plasma no espaço
intersticial.

Figura 22 - Edema

Esclerose

É a alteração da espessura com aumento da consistência da pele, tornando-a


lardácea ou coriácea. A pele pode estar espessada ou adelgaçada, havendo
hiper ou hipocromia associadas. Resulta de fibrose do colágeno. Seu exemplo
mais característico é a esclerodermia.

Figura 23 - Esclerose
Atrofia

Lesão por diminuição da espessura da pele. Ocorre redução de número e


volume dos constituintes teciduais, fazendo-a adquirir aspecto fino, liso,
translúcido e pregueado. É comum na senilidade, situação em que é
fisiológica. No entanto, pode acontecer em estrias atróficas e radiodermites.
Chama-se estria a atrofia linear da pele, comum em mulheres grávidas, obesos
e na ascite: situações de distensão excessiva da pele no local.

Figura 24 - Atrofia

Perdas e reparações teciduais

Lesões oriundas da eliminação ou destruição patológicas e de reparações em


tecidos subcutâneos.

Escama

É a massa furfurácea (aspecto de farelo), micácea ou foliácea (em tiras) que se


desprende da superfície cutânea por alteração de queratinização. Os exemplos
mais comuns são: caspa, ptiríase versicolor, psoríase e queimaduras na pele
por raios solares.

Figura 25 - Escama
Exulceração ou erosão

Lesão caracterizada pela perda superficial somente de epiderme. Chama-


se escoriação quando são lesões traumáticas e lineares. Após sua regeneração
não deixam cicatrizes.

Figura 26 - Exulceração

Ulceração

perda circunscrita de epiderme e derme, podendo atingir hipoderme e tecidos


subjacentes.

Figura 27 – Úlcera

Fissura ou rágade

É a perda linear da epiderme e da derme, no contorno de orifícios naturais ou


em áreas de pregas e dobras.

Figura 28 – Fissura
Crosta

Lesão formada pela concreção de cor amarela, esverdeada ou vermelha


escura, que se forma em área de perda tecidual. Resulta do dessecamento da
serosidade, pus ou sangue misturado a restos epiteliais. Pode ser vista na fase
final da cicatrização, no impetigo, no pênfigo foliáceo e nos eczemas.

Figura 29 - Crosta

Cicatriz

É a lesão de aspecto variável que pode ser saliente ou deprimida, móvel ou


aderente. Não possui poros ou anexos cutâneos. Resulta da reparação de
processo destrutivo da pele, associado à atrofia, fibrose e discromia.

Figura 30 – Cicatriz
Resumo

São muitas lesões pra se aprender, não é mesmo? Então para facilitar o seu
estudo, elaboramos um quadro pra você ter uma visão geral das principais
lesões e assim entende-las, para arrasar no exame físico da pele!

RESUMO DAS LESÕES ELEMENTARES


Eritema
Vásculo- Telangiectasia
sanguíneas Púrpura
1. Alterações de cor Petéquia
Leucodermia
Hipocromia
Pigmentares
Acromia
Hipercromia
2. Elevações edematosas Urtica
Angioedema
Pápula
Placa
Nódulo
3. Formações sólidas Nodosidade ou tumor
Goma
Vegetação
Verrucosidade
Tubérculo
Vesícula
Bolha ou flictena
Pústula
Abscesso

4. Coleções líquidas Hematoma

Queratose
Liquenificação
Edema
5. Alterações de espessura Esclerose
Atrofia
Escama
Exulceração/Erosão
Ulceração
Fissura
Crosta

Cicatriz

Referências

1. BAZOTTI, Aline; CAMPOS, Luis Carlos Elejalde de. Lesões elementares em


dermatologia. Acta méd.(Porto Alegre), v. 28, p. 393-399, 2007.
2. PORTO, C. C. Semiologia Médica. 7 edição. 2014.
3. DE SOUZA SITTART, José Alexandre; PIRES, Mario Cezar. Dermatologia na
prática médica. Editora Roca, 2007.
4. http://www.medicinanet.com.br/conteudos/biblioteca/
2513/3_forma_cutanea_difusa.htm (figura 14)

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