O documento descreve as diferentes fases da economia brasileira após a implementação do Plano Real em 1994, incluindo períodos de expansão, recessão e retomada do crescimento. O Plano Real gerou dependência de capitais especulativos e levou a uma política de 'stop and go' com taxas de crescimento medíocres.
O documento descreve as diferentes fases da economia brasileira após a implementação do Plano Real em 1994, incluindo períodos de expansão, recessão e retomada do crescimento. O Plano Real gerou dependência de capitais especulativos e levou a uma política de 'stop and go' com taxas de crescimento medíocres.
O documento descreve as diferentes fases da economia brasileira após a implementação do Plano Real em 1994, incluindo períodos de expansão, recessão e retomada do crescimento. O Plano Real gerou dependência de capitais especulativos e levou a uma política de 'stop and go' com taxas de crescimento medíocres.
O documento descreve as diferentes fases da economia brasileira após a implementação do Plano Real em 1994, incluindo períodos de expansão, recessão e retomada do crescimento. O Plano Real gerou dependência de capitais especulativos e levou a uma política de 'stop and go' com taxas de crescimento medíocres.
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Economia Brasileira Contemporânea II
Águida Cristina Santos Almeida
Capítulo 4 – As sucessivas conjunturas O Plano Real gerou uma forte dependência aos capitais especulativos internacionais de curto prazo. Assim crises cambiais em outras economias (México, Ásia, Rússia) produziam fuga instantânea de capitais especulativos. Para conter potenciais fugas de capitais e manter a âncora cambial, era necessário executar um rápido ajuste na política econômica, elevando a taxa de juros, o endividamento externo. E ainda praticar uma política fiscal contracionista, para comprimir a demanda agregada e com isso reduzir as importações, minimizando o déficit da balança comercial. Isso culminou na prática de uma política de stop and go, que passou a impor taxas de crescimento medíocres para o país. A partir do surgimento da nova moeda (em julho de 1994) até o primeiro semestre de 1999, pode-se detectar de forma aproximada quatro fases nas flutuações do nível de atividade da economia brasileira: 1ª) Expansiva (julho/1994 a março/1995). 2ª) Recessivo-estagnacionista (abril/1995 a mar/1996). 3ª) Retomada do crescimento (abril/1996 a julho/1997). 4ª)Recessivo-estagnacionista (2º semestre de 1997 até o período considerado na análise, que foi junho de 1999). Na verdade essa fase recessivo estagnacionista se estendeu até o final do mandato de FHC. O divisor de águas entre cada uma dessas fases foi sempre a mudança de rumo da política da política econômica, no sentido: De elevar ou reduzir as taxas de juros. De cortar ou preservar os gastos públicos. De dificultar ou facilitar compras a prazo, estimulando ou desestimulando o consumo, a produção e a geração de empregos. O pós Real e a euforia do consumo (jul./94 a mar./95) Com a adoção da nova moeda Real em julho de 1994, a inflação passou de 46,60%, em junho, para 3,34%, e agosto (pelo IGP-DI) (Ver Tabela 7, na p. 120). Nos dois últimos trimestres de 1994 e primeiro trimestre de 1995, houve aceleração do ritmo de crescimento das atividades produtivas: nesse período cresceu o consumo, a produção, e o emprego. A estabilidade aumentou o poder de compra principalmente das camadas mais pobres da população, que eram incapazes de se proteger da inflação. Além disso, três outros fatores contribuíram para a expansão do nível de atividade econômico nessa fase.... Além disso, três outros fatores contribuíram para a expansão do nível de atividade econômico nessa fase: A ampliação das compras a prazo, ampliando o número de prestações, apesar das aviltantes taxas de juros cobradas. A baixa remuneração nominal das aplicações financeiras, que implicava em retirada de recursos para o consumo (ilusão do pequeno poupador de reparar a taxa nominal de juros e não a taxa real). A não desindexação imediata dos salários (que foi planejada, mas não executada de imediato). Contudo, essa fase expansiva foi precocemente abortada em março de 1995. Em síntese, o que derrubou a inflação e manteve a estabilidade monetária no primeiro ano de existência do Real: Abertura comercial (com a queda abrupta das alíquotas do imposto de importação, feita ainda no governo Collor), o câmbio nominal relativamente estável e o Real sobrevalorizado frente ao dólar (PRINCIPAL CAUSA DA ESTABILIDADE). Controle dos preços do serviços públicos. Comportamento dos preços agrícolas, que caíram em razão de supersafra (para alguns), do congelamento dos preços mínimos e das importações. Não obstante, ainda em dezembro de 1994, a contrapartida da estratégia adotada começou a ser sentida. Com a eclosão da crise cambial mexicana e a derrubada das cotações do dólar em todos os mercados internacionais, o Brasil começou a sofrer uma perda rápida de reservas, dada a saída de capitais especulativos, que temiam ocorrer no Brasil o que estava ocorrendo no México. O governo brasileiro negava qualquer similaridade do que acontecia no Brasil com as situações vividas por México e Argentina, mas em março de 1995 foi obrigado a adotar medidas de política econômica restritivas, a fim de conter a saída de capitais. A crise do México e a desaceleração da economia: abr/1995 a mar/1996 A crise cambial do México, em dezembro de 1994, deixou claro aos países periféricos, a impossibilidade de sustentação do crescimento econômico num contexto de ampla aberturas comercial e financeira, utilizando-se de uma política de combate à inflação apoiada na sobrevalorização de suas moedas frente ao dólar. No caso do Brasil, por exemplo, dependia-se de capitais especulativos atraídos por aviltantes taxas de juros e da existência de reservas cambiais, que por sua vez eram instáveis, pois dependiam dos capitais especulativos, dado que no lado das transações reais, o déficit na balança comercial e nas transações correntes era crescente. De julho de 1994 a março de 1995 as reservas internacionais caíram de US$ 43 bilhões para US$ 31,9 bilhões (queda de 25,8%). Em março de 1995 o governo toma medidas para desacelerar a economia, reduzir as importações (atenuando a deterioração do balanço de pagamentos) e inverter o fluxo de capitais especulativos. A estabilização levou à fragilidade na rentabilidade dos bancos e em função disso o governo criou um programa financeiro de socorro aos bancos. O PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional) e uma MP que abria a possibilidade de o BC intervir nas instituições financeiras com o intuito de saneá-las. Como resultado da política recessiva, o desemprego subiu, e caíram: a produção industrial, as vendas, a utilização da capacidade instalada, e ainda mais a inflação. A recessão perdurou por dois trimestres. O Brasil registrou a maior taxa real de juros do mundo e a terceira do mundo em juro nominal. A situação fiscal deficitária (apesar do ajuste fiscal), denotou já naquele período que o ajuste fiscal não demonstrava ser o elemento fundamental na estratégia de estabilização adotada. A sustentação da âncora cambial, se dava sob o argumento de que era necessário desindexar completamente os salários, para assim poder promover desvalorização do real. Contudo, mesmo após a desindexação dos salários (em junho de 1995), o real continuou a se valorizar frente ao dólar e a âncora cambial continuou a ser o elemento central da política de estabilização. No último trimestre experimentou-se uma leve melhora da atividade econômica (mas em razão do efeito sazonal) e também em razão da queda na taxa de juros. Eleições municipais: abr/1996 a jun/1997 – retomada da economia Governo buscou ampliar sua base de apoio, para dar prosseguimento às reformas e a manutenção do plano. Em razão disso, o governou reduziu o juro e promoveu a facilitação das vendas a prazo. Mas a recuperação praticamente não ocorreu, em razão: Âncora salarial. Aumento do endividamento. Cautela maior dos bancos para emprestar. Reaquecimento veio aparecer de modo mais claro, a partir do segundo semestre de 1996. Governo sustenta discurso que tinha chegado a hora da retomada do crescimento, do início de um novo ciclo de desenvolvimento auto sustentado, apoiado na definitiva estabilização dos preços. Para os observadores mais críticos esse desejo estava longe de se concretizar, pois: Os elementos fundamentais do Plano, que seguravam a inflação em níveis muitos baixos, continuavam colocando o país numa armadilha que contrapunha, DE UM LADO, inflação reduzida, com estagnação econômica ou crescimento medíocre e elevados níveis de desemprego. E DE OUTRO LADO, crescimento mais elevado, mas com risco de uma crise cambial. Qualquer retomada mais dinâmica da atividade econômica, implicava em rápida deterioração da balança comercial. Novo período recessivo-estagnacionista: jul/1997 a dez/1998 Nova inflexão da atividade econômica ocorre em julho de 1997. Cabe destacar que o emprego acompanhou na mesma direção as oscilações da atividades econômica. O governo aplica um novo pacote de medidas de política econômica contracionista, fiscal e monetária (o pacote 51), em resposta à crise dos países asiáticos. Durante todo o ano de 1998 se elevaram: o desemprego, as dívidas interna e externa, o déficit público. No segundo semestre de 1998, eclode a crise da Rússia. Em dezembro de 1998 o Brasil recorre ao FMI. O Brasil recorreu ao FMI, pelos motivos semelhantes aos anos 1980, ou seja: risco de estrangulamento externo e ameaça de uma crise cambial, com todas as consequências daí advindas, inclusive a eventual decretação de uma moratória. A ida ao FMI representou uma antecipação, a fim de evitar o colapso. O valor acordado foi de US$ 41,5 bilhões vindos de múltiplas fontes (FMI, BID, BIRD, G7). Com a assinatura do acordo o Governo se comprometeu formalmente nos contratos de empréstimo a não impor “controles às saídas de capital”, abdicando de criar mecanismos para interromper a queda de reservas, enquanto estivesse vigorando os contratos. As metas de desempenho econômico (por exemplo, nível mínimo de reservas, ajuste fiscal) foram as garantias oferecidas pelo Governo brasileiro e se não fossem cumpridas, os contratos seriam suspensos. Referência: