Código de Ética Do Psicomotricista
Código de Ética Do Psicomotricista
Código de Ética Do Psicomotricista
INTRODUÇÃO
Os princípios éticos que orientam nossa atuação fundamentam, também, nossa imagem profissional. O presente Código de Ética reúne as
diretrizes que devem ser observadas em nossa práxis psicomotora para atingirmos padrões éticos cada vez mais elevados no exercício de
nossas atividades. Reflete nossa identidade cultural e os compromissos que assumimos no mercado em que atuamos.
Este Código de Ética é um instrumento norteador das práticas psicomotoras, sendo pertencente e aplicável a todos os sócios desta
Associação, estando de acordo com a Lei n° 13.794, de 3 de janeiro de 2019, que regulamenta a profissão.
Art. 1º A Psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo o estudo do homem por meio do seu corpo em movimento, referenciado
em seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo.
Está relacionada ao processo de maturação, no qual o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Psicomotricidade,
portanto, é um termo empregado para uma concepção da corporeidade do sujeito em movimento, organizado e integrado, a partir da
modulação tônico-emocional e da imagem do corpo. Estas são constituídas nas experiências vividas e suas ações são resultantes da
individualidade, das inter-relações e da construção de laços sociais com seus pares e o meio.
Art. 2º Conforme o Estatuto da Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP), podem ser intitulados Psicomotricistas e, nesta
qualidade, exercer profissionalmente essa atividade em todo território nacional, os seguintes profissionais:
I - sócios titulares pela ABP;
II - graduados em Psicomotricidade com base no currículo elaborado pela Comissão Acadêmica da ABP;
III - profissionais especialistas em Psicomotricidade, com currículo mínimo proposto pela ABP (formação teórica / formação pessoal
psicomotora / prática supervisionada), atendendo à exigência de no mínimo 360 horas, concluído até a data limite de 3 de janeiro de
2023, vinculado à área de saúde e educação, conforme o Ministério da Educação - MEC e de acordo com os parâmetros da lei de
regulamentação da profissão.
Parágrafo único. A ABP acata a decisão do MEC no que se refere à exigência de realização das disciplinas na proporção máxima de 40%
na modalidade EAD, entretanto, apenas reconhecerá o curso caso as disciplinas relacionadas à formação pessoal sejam presenciais.
Art. 3º Os Psicomotricistas devem ter como objetivo básico promover o desenvolvimento e bem-estar das pessoas sob seu atendimento
profissional, devendo utilizar todos os recursos técnicos, terapêuticos e educacionais disponíveis, de acordo com a especificidade de sua
formação. Devem integrar-se às equipes multiprofissionais, com abordagens inter e transdisciplinares, respeitando a integridade
profissional e assumindo posicionamento crítico.
Art. 4º O Psicomotricista deve exercer a Psicomotricidade com exata compreensão de sua responsabilidade, atendendo a nível educativo e
clínico, sem distinção de ordem política, nacionalidade, gênero, cor ou credo.
Art. 10. Define-se, como cliente, a pessoa, entidade ou organização a quem o Psicomotricista preste serviços profissionais e em benefício
do qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
Art. 11. São deveres gerais do Psicomotricista:
I - atuar segundo a ética profissional e garantir o sigilo das intervenções psicomotoras;
II - informar à instituição em que atua, nos campos da atenção primária, da educação e da clínica, sobre o projeto a ser desenvolvido,
estabelecer diálogos com a equipe de profissionais e apresentar os resultados obtidos após as intervenções;
III - respeitar os princípios teórico-práticos da psicomotricidade, visando à eficácia do atendimento;
IV - comunicar irregularidades ao órgão competente.
Art. 12. São deveres do Psicomotricista no atendimento à atenção primária:
I - esclarecer os familiares e as instituições/profissionais responsáveis pelo atendimento primário sobre os marcos maturacionais e de
desenvolvimento neuropsicomotor, para identificar atrasos ou desvios nesses processos;
II - realizar intervenções psicomotoras com o objetivo de prevenir as defasagens no desenvolvimento desde o período neonatal e primeira
infância;
III - intervir precocemente nos diferentes transtornos e deficiências, minimizando os efeitos do sintomas.
IV - realizar trabalhos interdisciplinares com profissionais que atuam na saúde primária.
Art. 13. São deveres do Psicomotricista no atendimento educacional:
I - trabalhar em parceria com as equipes da instituição e grupos da comunidade.
II - esclarecer sobre a importância da educação psicomotora, os objetivos do trabalho e o acompanhamento do desenvolvimento das
crianças e resultados alcançados.
III - observar e avaliar o perfil psicomotor do grupo com o objetivo de planejar a intervenção psicomotora.
IV - colaborar e participar no processo de inclusão escolar de crianças que apresentam algum transtorno ou deficiência.
Art. 14. São deveres do Psicomotricista no atendimento clínico:
I - informar ao cliente e/ou a seu representante legal sobre o processo e os resultados obtidos na avaliação de psicomotricidade, assim
como os objetivos do tratamento previsto, sua orientação e esclarecimento sobre tempo mínimo de duração, assiduidade e
comprometimento, a fim de que o cliente possa decidir pela aceitação ou não do tratamento indicado;
II - esclarecer o cliente sobre as possíveis implicações de uma interrupção do tratamento sem alta terapêutica, ficando o psicomotricista
isento de qualquer responsabilidade;
III - tomar conhecimento sobre diagnósticos anteriores ao assumir compromisso terapêutico com o cliente;
IV - encaminhar o cliente, quando se fizer necessário, aos especialistas adequados;
V - garantir a privacidade do atendimento realizado, impedindo a presença de elementos alheios na sala de atendimento, exceto se
houver autorização prévia documentada.
Art. 15. Ao Psicomotricista, em sua relação com o cliente, é vedado:
I - prolongar desnecessariamente o tratamento ou a prestação de serviço;
II - garantir resultados de qualquer procedimento terapêutico ou intervenção institucional, por meio de métodos infalíveis sensacionalistas
ou de conteúdo inverídico;
III - emitir parecer, laudo ou relatório que não corresponda à veracidade dos fatos;
IV - usar, para fins meramente promocionais e/ou comerciais, pessoas ou instituições a quem prestar serviços profissionais;
V - usar pessoas ou instituições para fins de ensino ou pesquisa sem seu consentimento livre, esclarecido, expresso e documentado, ou
de seu representante legal;
VI - dar diagnóstico clínico de qualquer patologia que não seja da área da Psicomotricidade, assim como promover qualquer intervenção
fora da área da Psicomotricidade.
Art. 16. O Psicomotricista deve ter uma atitude de consideração, apreço, profissionalismo e solidariedade com outros profissionais,
refletindo a harmonia da classe.
Art. 17. O Psicomotricista, quando solicitado, deverá colaborar com outros profissionais e apresentar-lhes seus serviços, salvo
impossibilidade por motivo relevante.
Art. 18. O Psicomotricista não deve ser conivente com ato ilícito praticado por outro profissional.
Art. 19. O Psicomotricista atenderá o cliente que esteja sendo assistido por outro profissional somente nas seguintes situações:
I - por sua solicitação;
II - se for procurado, espontaneamente, pelo cliente, dando ciência ao profissional e atuando em comum acordo.
Art. 20. Ao Psicomotricista é vedado:
I - emitir julgamento depreciativo sobre o exercício da profissão;
II - explorar o trabalho de outro profissional em benefício próprio;
III - avaliar os serviços prestados por outro profissional, sem prévia autorização, com o intuito de determinar sua eficácia;
IV - descumprir o Código de Ética.
CAPÍTULO VI - DAS RESPONSABILIDADES E RELAÇÕES COM AS INSTITUIÇÕES EMPREGATÍCIAS E OUTRAS
Art. 21. O Psicomotricista, funcionário de uma organização, deve sujeitar-se aos padrões gerais da instituição, salvo quando o
regulamento ou os costumes ali vigentes contrariem sua consciência profissional e os princípios e normas deste Código.
Art. 22. O Psicomotricista poderá formular, junto às autoridades competentes, críticas aos serviços públicos ou privados, com o fim de
preservar o bom atendimento da psicomotricidade e o bem-estar do cliente.
Art. 23. O Psicomotricista no cargo de direção ou chefia deverá preservar normas básicas à eficácia do exercício da Psicomotricidade,
respeitando os interesses da classe.
Art. 24. O Psicomotricista procurará desenvolver boas relações com os componentes de outras áreas, observando para esse fim:
I - trabalhar respeitando os estritos limites das suas atividades;
II - reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização profissional, encaminhando-os a profissionais habilitados e
qualificados para o atendimento.
Art. 25. O Psicomotricista, nas suas relações com outros profissionais, deverá valorizar e manter a qualidade de seu próprio trabalho.
Art. 26. O Psicomotricista deverá estabelecer e manter relacionamento harmonioso com profissionais de outras áreas:
I - informando a respeito da especificidade da prática psicomotora;
II - emitindo um parecer sobre a evolução no atendimento psicomotor de seus clientes, a fim de contribuir para a ação terapêutica da
outra profissão.
Art. 27. O Psicomotricista procurará filiar-se às associações que tenham como finalidade a difusão, o aprimoramento e a garantia ética da
Psicomotricidade como ciência e que defendam os interesses da classe.
Art. 28. O Psicomotricista deverá apoiar as iniciativas e os movimentos em defesa dos interesses morais e materiais da classe, por meio
dos seus órgãos representativos.
Art. 29. O Psicomotricista está obrigado a guardar segredo sobre conteúdos de ordem institucional e/ou pessoal dos clientes, aos quais
tenha tido acesso no exercício de sua atividade.
Parágrafo único. Não constitui quebra de sigilo o compartilhamento de informações com outros profissionais envolvidos no caso, o
encaminhamento para o conselho tutelar quando o menor se encontrar em risco e vulnerabilidade social e o cumprimento de
determinação do Poder Judiciário.
Art. 30. O Psicomotricista não poderá utilizar fotografias, nomes, iniciais de nomes, endereços ou qualquer outro elemento que identifique
o cliente em anúncios, devendo adotar o mesmo critério nos relatos ou publicações em sociedades científicas e jornais, salvo com
autorização livre e esclarecida, devidamente documentada.
Art. 31. A remuneração dos psicomotricistas deverá ser estabelecida pelo conselho profissional, logo que este seja formado. Enquanto
isso, os sócios titulares se pautarão pelos honorários de profissionais de nível superior das áreas de educação e saúde.
Art. 32. As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos encaminhados pelos Capítulos Regionais da Associação Brasileira de
Psicomotricidade (ABP) serão apreciados pelo Colégio Nacional e pela Comissão de Ética.
Art. 33. Compete à ABP firmar jurisprudência nos casos omissos e incorporá-los neste Código.
Art. 34. O presente Código de Ética, elaborado pela ABP, entrará em vigor na data de sua substituição, no Registro de Pessoas Jurídicas
e/ou de sua publicação no Diário Oficial da União.
Art. 35. É dever de todo Psicomotricista cumprir e fazer cumprir este Código.