Psicologiado Desenvolvimento 2022

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Psicologia Nova 2022

Professor Alyson Barros


Psicologia do Desenvolvimento

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO........................................................... 2
A DIFÍCIL DELIMITAÇÃO DO CAMPO ............................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DO CAMPO ...................................................................................3
MÉTODOS DE ESTUDO DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO ......................................3
FASES TRADICIONAIS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO .................................................3
CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO..............................................................................3
PIAGET ....................................................................................................................6
VYGOTSKY ............................................................................................................. 12
WALLON ................................................................................................................ 15
COMPARAÇÃO ENTRE PIAGET, VYGOTSKY E WALLON.................................................. 18
ERIKSON ................................................................................................................ 19
A TEORIA DE DESENVOLVIMENTO MORAL DE KOHLBERG..............................................24

27
URIE BRONFENBRENNER ..........................................................................................24

3:
:3
BOWLBY ................................................................................................................29

15
CUIDADOS MATERNOS E SAÚDE MENTAL – JOHN BOWLBY .......................................... 31

2
02
SPITZ .................................................................................................................... 37

/2
08
O ESTÁGIO NÃO OBJETAL........................................................................................ 37

3/
A FASE DO PRECURSOR DO OBJETO ........................................................................ 38
-0
SOBRE O SORRISO................................................................................................. 39
om

SOBRE A ANSIEDADE .............................................................................................. 39


l.c
ai

SOBRE O “NÃO” .................................................................................................... 39


gm

PATOLOGIA DAS RELAÇÕES OBJETAIS ...................................................................... 39


@
ra

SIGMUND FREUD.................................................................................................... 40
ai
m

As fases do desenvolvimento psicossexual....................................................42


li.

M. KLEIN .............................................................................................................. 45
ril
-g

D. WINNICOTT....................................................................................................... 48
1
-0

A INFÂNCIA PARA WINNICOTT .................................................................................. 51


78

A ADOLESCÊNCIA PARA WINNICOTT ......................................................................... 54


.5
20

A CRIANÇA E O ADOLESCENTE EM SEU DESENVOLVIMENTO NORMAL E PSICOPATOLÓGICO.


.8

........................................................................................................................... 56
92
-2

SÍNDROME NORMAL DA ADOLESCÊNCIA ................................................... 56


li

FREUD ........................................................................................................... 62
ril
G

PRIMEIRA TÓPICA: MODELO TOPOLÓGICO DA MENTE (ACESSO À CONSCIÊNCIA) ....... 64


ra

SEGUNDA TÓPICA: MODELO ESTRUTURAL DA PERSONALIDADE (INSTÂNCIAS DA


ai
M

PERSONALIDADE)................................................................................................... 64
AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL FREUDIANAS.................................... 66
PULSÃO ................................................................................................................. 67
INSTINTOS ............................................................................................................ 68
SOBRE O NARCISISMO ........................................................................................... 69
MECANISMOS DE DEFESA ....................................................................................... 69
ROGERS ........................................................................................................ 70
SKINNER E WATSON. .................................................................................... 75
A ABORDAGEM S=R ................................................................................................ 75
QUESTÕES SOBRE DESENVOLVIMENTO....................................................... 81
QUESTÕES COMENTADAS E GABARITADAS ............................................. 108
SIMULADO ...................................................................................................165

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Psicologia do Desenvolvimento

GABARITO E COMENTÁRIOS.......................................................................170

Psicologia do desenvolvimento.

A principal meta da educação é criar homens que sejam


capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir
o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam
criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da

27
educação é formar mentes que estejam em condições de

3:
:3
criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.

15
Jean Piaget

2
02
/2
08
Essa é a área da psicologia que estuda... O desenvolvimento. Temos sempre um roteiro

3/
básico para estudarmos essa disciplina: a definição de desenvolvimento e as teorias de

-0
desenvolvimento de acordo com as grandes correntes do pensamento psicológico. De posse desse
om
conhecimento você conseguirá aprofundar mais no conteúdo.
l.c

A psicologia do desenvolvimento é uma área que:


ai
gm

1. estuda a interação dos processos físicos e psicológicos e as etapas de crescimento, a partir da


@

concepção até ao final da vida de um sujeito.


ra

2. traz uma compreensão sobre as transformações psicológicas que ocorrem no decorrer do tempo
ai

3. cria modelos para explicar mudanças que ocorrem na vida do sujeito e de que modo podem ser
m
li.

compreendidas e descritas essas mudanças.


ril
-g

4. busca definir cientificamente padrões de mudanças progressivas psicológicas que ocorrem nos
seres humanos com a idade. Para isso, examina as mudanças através de uma ampla variedade de
1
-0

tópicos, incluindo habilidades motoras, habilidades em solução de problemas, entendimento


78

conceitual, aquisição de linguagem, entendimento da moral e formação da identidade


.5
20
.8
92

A difícil delimitação do campo


-2
li
ril
G

Em um texto clássico sobre a psicologia do desenvolvimento humano, Biaggio (1978)


ra
ai

discute a difícil tarefa de conceituá-lo. A controvérsia emana sem dúvida do vasto campo de estudo
M

que envolve esta disciplina.


O desenvolvimento humano envolve o estudo de variáveis afetivas, cognitivas, sociais e
biológicas em todo ciclo da vida. Desta forma faz interface com diversas áreas do conhecimento
como: a biologia, antropologia, sociologia, educação, medicina entre outras.
Tradicionalmente o estudo do desenvolvimento humano focou o estudo da criança e do
adolescente, ainda hoje muitos dos manuais de psicologia do desenvolvimento abordam apenas
esta etapa da vida dos indivíduos (Bee, 1984; Cole & Cole, 2004).
Fonte: MOTA, Márcia Elia da. Psicologia do desenvolvimento: uma perspectiva histórica. Temas
psicol. [online]. 2005, vol.13, n.2 [citado 2014-09-06], pp. 105-111 . Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2005000200003&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1413-389X.

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Características do Campo
Área próxima da psicologia da aprendizagem
Temos vários autores
Articulação com diversos saberes
Campo teórico e empírico
Tende a ser mais estudado individualmente que socialmente ou a partir de grandes grupos.

Métodos de estudo da psicologia do desenvolvimento


Investigações normativas: levantamento de hipóteses e testagem.

27
Experimentação

3:
:3
Estudos longitudinais: acompanham os mesmos indivíduos com o passar do tempo

15
Modelos transversais: estudam simultaneamente diferentes grupos etários

2
Instrospecção

02
Observação

/2
08
Clínica/Laboratórios

3/
Entrevistas

-0
Estudos Transculturais, Transgeracionais e multimetodológicos.
om
l.c

Fases tradicionais do desenvolvimento humano


ai
gm

1. Período pré-natal
@

2. Período do recém-nascido
ra
ai

3. Primeira infância
m

4. Segunda infância
li.
ril

5. Meninice
-g

6. Adolescência
1
-0

7. Maturidade ou vida adulta


78

8. Senilidade ou velhice
.5
20
.8

Conceito de Desenvolvimento
92
-2
li

Qual o primeiro problema que encontramos no estudo do desenvolvimento humano? Sem


ril
G

dúvida é a sua definição e seu campo de atuação. Para encurtar um século de história, podemos dizer
ra

que atualmente a psicologia do desenvolvimento se dedica ao estudo do desenvolvimento humano


ai

em todos os seus aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social - desde o nascimento


M

até a idade adulta, isto é, a idade em que todos estes aspectos atingem o seu mais completo grau de
maturidade e estabilidade.
Apenas a título de curiosidade, identifico na história da psicologia três grandes fases sobre
como o desenvolvimento era estudado. São fases que se distinguem tanto pelo seu método de
estudo quanto pelo escopo estudado. A primeira fase ocorreu entre as décadas de 1920 e 1930 e foi
caracterizada pelo seu método descritivo. Era uma fase preocupada com a observação e o registro
das ocorrências em situação natural ou provocada, utilizando conteúdos concretos. A segunda fase
ocorreu entre as décadas de 1940 e 1950 e foi marcada pela metodologia correlacional. Ou seja, além
da descrição dos fenômenos, buscava-se entender estatisticamente a relação entre as variáveis
associadas ao desenvolvimento. Um exemplo eram os estudos de crianças autistas e mães-geladeira.
Confesso que eles não levaram esse método estatístico ao pé da letra (rs). A terceira fase começou a
se estabelecer a partir de 1960 e perdura até hoje. Ela é caracterizada pelo método experimental,
onde os sujeitos são estudados em condições provocadas, sendo necessária à percepção de
variáveis envolvidas na questão. Essa evolução entre as abordagens não mostra uma superação

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entre os métodos, mas a agregação de novas tendências metodológicas. Desse modo, usamos
atualmente tanto a descrição quanto os estudos correlacionais e o experimentalismo na positivação
de hipóteses acerca do desenvolvimento.
É preciso diferenciarmos sempre:
Variáveis internas: ligadas à maturação orgânica do indivíduo, as bases genéticas
do desenvolvimento. Recentemente, os processos inatos que promovem o
desenvolvimento humano voltam a ser discutidos por teóricos do desenvolvimento
humano.
Variáveis externas: ligadas à influência do ambiente no desenvolvimento. As
abordagens sistêmicas de investigação do desenvolvimento humano há muito
chamam atenção para a importância de se entender as diversas interações que
ocorrem nos múltiplos contextos em que o desenvolvimento se dá. Incluindo-se
nesta discussão uma análise do momento histórico em que o indivíduo se

27
desenvolve.

3:
O conceito de desenvolvimento tem dois aspectos mais gerais: o aspecto das estruturas

:3
mentais e o crescimento orgânico. As estruturas psíquicas possuem uma construção contínua e se

15
caracterizam pelo aparecimento gradativo na relação com o ambiente. Como exemplo de estruturas

2
02
mentais, temos o surgimento do Eu, o aspecto moral, a consciência do outro, o pensamento, o afeto,

/2
a vinculação, a motivação, a linguagem etc. Apesar das enormes diferenças entre os autores sobre o

08
3/
exato surgimento e as condições mínimas para esse desenvolvimento, todos concordam que a

-0
natureza humana possui condições biológicas para o desenvolvimento mental. O crescimento
om
orgânico, por outro lado, é orientado para as estruturas biológicas que se desenvolvem
l.c

naturalmente sem a dependência do ambiente social para o seu surgimento. Isso não quer dizer que
ai

o desenvolvimento orgânico não necessite do ambiente para sua modulação.


gm

Destaco, no entanto, que entre o desenvolvimento das estruturas mentais e o


@

desenvolvimento orgânico existem centenas de processos interligados que demonstram a


ra
ai

dependência da relação ambiente e genética.


m

Mas, quais os fatores que influenciam no desenvolvimento humano? Felizmente ainda são
li.
ril

aqueles que você estudou na faculdade: hereditariedade, crescimento orgânico (é o crescimento


-g

físico), maturação e a relação com o ambiente social.


1
-0

Mas Alyson, esses conceitos não estão repetidos ou se cruzam? É verdade, em muitos casos
78

esses verbetes são usados indistintamente, mas precisamos definir precisamente para o correto
.5

domínio dessa matéria. Para não ficarmos com o meio de campo enrolado, vou colocar aqui algumas
20
.8

distinções conceituais que se cruzam com frequência. Chamaremos de Fatores que influenciam o
92

desenvolvimento humano:
-2

Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não


li

desenvolver-se. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em


ril
G

que se encontra.
ra

Crescimento orgânico: é o desenvolvimento físico ligado à maturação.


ai
M

Maturação: é o desenvolvimento puro da programação genética tem relação com


mudanças naturais e espontâneas.
Maturação neurofisiológica: é o que torna possível determinado padrão de
comportamento.
Meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de
comportamento do indivíduo.

Mas Alyson, eu confundo tudo. Confundo as escolas, confundo meu nome, confundo tudo!
Calma, a natureza não dá saltos. Eu quero que você guarde agora somente um pouco de informação,
depois vamos fazer uma distinção mais adequada. Temos 3 escolas gerais na psicologia do
desenvolvimento.

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O apriorismo, semelhante ao que ocorre nas correntes que defendem a


hereditariedade, as estruturas mentais existem sozinhas e são biologicamente
inerentes ao indivíduo.
No empirismo, as estruturas mentais ocorrem na relação de aprendizagem do
organismo com o ambiente.
No maturacionismo, ocorre um meio termo onde o sujeito se desenvolve a partir
da interação entre os dispositivos biológicos, em fases determinadas, e estímulos
sociais.
Sim, Piaget era maturacionista-interacionista. Vygotsky era interacionista. Skinner
empirista.
Mas, em geral, como ocorre o desenvolvimento? O desenvolvimento ocorre de duas
formas, uma na expressão natural da hereditariedade e outra nos aprendizados humanos
provenientes da relação entre o ambiente interno e externo do organismo. O ambiente interno é

27
entendido como o espaço físico, fisiológico, psicológico e afetivo enquanto que o ambiente externo

3:
é toda a realidade objetiva na qual a pessoa está inserida. Nessa relação entre o interno e o externo

:3
estão o corpo do sujeito e o seu papel social.

15
Para melhor entendermos isso, devemos diferenciar os seguintes aspectos do

2
02
desenvolvimento humano:

/2
Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação

08
3/
neurofisiológica. Ex.: A criança que leva a chupeta à boca.

-0
Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. Ex.: A criança de
om
2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está em baixo
l.c

de um móvel.
ai

Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas


gm

experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto. Ex.: A vergonha que sentimos
@

em algumas situações.
ra
ai

Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que
m

envolvem outras pessoas. Ex.: Quando em um grupo há uma criança que


li.
ril

permanece sozinha.
-g
1
-0

As mudanças proporcionadas por essa relação entre interno e externo podem tanto
78

qualitativas quanto quantitativas. As mudanças qualitativas ocorrem quando surgem novos


.5

fenômenos na vida do indivíduo e são marcados por mudanças biológicas e/ou psicológicas. Como
20
.8

exemplos dessas mudanças qualitativas, temos a aquisição da linguagem, a entrada na puberdade,


92

a entrada na escola, etc. As mudanças quantitativas, por sua vez, são aquelas que refletem apenas
-2

mudanças em um número ou quantidade de atributo estudado, como, por exemplo, aumento de


li

peso, de estatura, de n.º de palavras no vocabulário etc.


ril
G

Antes de adentrarmos nas teorias que nos cabem é preciso considerar alguns axiomas
ra

majoritários atuais: as pessoas se desenvolvem em ritmos diferentes, o desenvolvimento é


ai
M

relativamente ordenado e o desenvolvimento acontece de forma gradual. É assim que o


desenvolvimento humano é visto atualmente.
Como o domínio desse conhecimento não é suficiente para entendermos o
desenvolvimento humanos, devemos aprofundar nas melhores teorias que buscam explicar tal
fenômeno. Uma teoria é um conjunto de afirmações inter-relacionadas, destinadas a explicar o
desenvolvimento. As teorias dão significado aos dados, às informações obtidas, geralmente, através
de pesquisa.
Antes de entrarmos nos autores, tem dois conceitos que também quero que aprenda:
Períodos críticos: estão ligados a maturação e alterações biológicas do indivíduo,
onde determinados comportamentos são estabelecidos, ocorrendo uma melhor
inteiração da hereditariedade com o meio ambiente potencializando a
aprendizagem.

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Períodos delicados: o período delicado, sensível ou ótimo diz respeito à aquisição


de aspectos psicológicos, desenvolvimento de comportamentos em pleno
potencial.
Separei alguns autores que têm relevância para o nosso concurso.

Piaget
Nasceu em 1896 na Suíça e, reza a lenda, publicou seu primeiro artigo sobre um pardal
albino aos 11 anos de idade! Felizmente esse artigo não cairá em seu concurso. Entre suas principais
obras destacam-se os livros "Biologia e Conhecimento" e "A Formação do Símbolo na Criança".
Alguns pontos de sua biografia são “curiosos” e merecem destaque:
- Estudou Biologia e Filosofia. Recebeu seu doutorado em Biologia em 1918, aos 22 anos
de idade.

27
- Trabalhou como psicólogo experimental, em Zurich. Assistiu às aulas de Jung e trabalhou

3:
:3
como psiquiatra em uma clínica.

15
- Na França foi convidado a trabalhar no laboratório de Alfred Binet (o dos testes de

2
02
inteligência infantis). Jean Piaget notou que crianças francesas da mesma faixa etária cometiam

/2
erros semelhantes nesses testes e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente.

08
Seu conhecimento de Biologia levou-o a enxergar o desenvolvimento cognitivo de uma criança como

3/
-0
sendo uma evolução gradativa.
- As teorias de Jean Piaget foram, em grande parte, baseadas em estudos e observações
om
de seus filhos que ele realizou ao lado de sua esposa.
l.c
ai

- Ao longo de sua vida, escreveu mais de 75 livros e centenas de trabalhos científicos.


gm

- Faleceu em Genebra, em setembro de 1980 (com 84 anos).


@

O conceito fundamental de Piaget é o de epigênese (ou epistemologia genética). Ou seja:


ra

o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e
ai
m

interação do organismo com o meio ambiente - físico e social - que o rodeia. Essa visão é uma síntese
li.

do empirismo e do racionalismo.
ril
-g
1

Dica de Concurso: Piaget põe de lado as ideias de que o conhecimento nasce com o indivíduo ou é
-0
78

dado pelo meio social. Ele afirma que o sujeito constrói o conhecimento na interação com o meio
.5

físico e social, e essa construção vai depender tanto das condições do indivíduo como das condições
20

do meio.
.8
92
-2

E quais as suas principais contribuições para a psicologia e para a pedagogia? Ele


li

desenvolveu um modelo que se baseia na ideia de que a criança, no seu desenvolvimento, constrói
ril
G

estruturas cognitivas sofisticadas - que vão dos poucos e primitivos reflexos do recém-nascido até às
ra

mais complexas atividades mentais do jovem adulto. Para ele, a estrutura cognitiva é um "mapa"
ai

mental interno, um "esquema" ou uma "rede" de conceitos construídos pelo indivíduo para
M

compreender e responder às experiências que decorrem dentro do seu meio envolvente.


Piaget usou o termo construtivismo como uma capacidade que o sujeito tem de
apreender e interpretar o mundo, através das suas estruturas cognitivas. Observe que, para o
construtivismo piagetiano, o sujeito não nasce com essas estruturas cognitivas (ele não é inatista),
mas as forma graças a sua experiência com o meio. Assim, o processo de conhecimento é o processo
de construção de estruturas. Para o construtivismo, a presença ativa do sujeito diante do conteúdo
é essencial. Esse termo foi cunhado por Piaget que pressupôs que era necessário agir sobre o objeto
para transformá-lo. Portanto, não basta somente ter contato com o conhecimento para adquiri-lo.
Para Piaget, conhecer é agir e transformar os objetos. Aprender não é a adição simples de conteúdos
na mente humana e nem o registro de dados do exterior.
“O comportamento humano não é inato, nem resultado de condicionamento.
Sujeito e objeto interagem em um processo que resulta na construção e reconstrução de
estruturas cognitivas.”

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O primeiro livro que li de Piaget foi “Epistemologia Genética” anos antes de entrar na
faculdade. Achei interessante como um homem que dedicou parte de sua vida ao estudo de
moluscos, conseguiu produzir tantos experimentos e teorias acerca da aprendizagem e do
desenvolvimento humano. É certo que não entendi metade dos conteúdos que li, mas restou a
admiração. Ainda tenho o livro comigo e é dele que trago a maior parte das transcrições. Piaget
estudou o modo como o pensamento se desenvolve e criou a teoria conhecida como Epistemologia
Genética (ou teoria psicogenética), que pode ser considerado uma oposição ao apriorismo e ao
empirismo. O apriorismo é uma escola de pensamento que parte do pressuposto que os
conhecimentos existem por si e são inerentes ao indivíduo. Para o empirismo o conhecimento
ocorre na relação do organismo com o ambiente.
Um dos métodos mais conhecidos de Piaget figurava a observação naturalista que
consistia em observar naturalmente as pessoas no seu meio para tentar reproduzir os fenômenos de
aquisição do conhecimento em seu laboratório. Ele desenhou uma teoria maturacionista, ou seja, o

27
homem amadurece na relação definida de suas predisposições genéticas com o ambiente. Desse

3:
modo, existem estruturas existentes no sujeito, como as estruturas cognitivas, que irão determinar

:3
a sua capacidade de produzir conhecimentos sobre a realidade. Ele, a despeito de todos os teóricos

15
que veremos, foi o mais profícuo experimentalista do campo relacional da

2
02
aprendizagem/desenvolvimento. No entanto, mesmo com a notável produtividade, seus estudos

/2
não foram feitos para aplicação em sala de aula. Mesmo assim, suas teorias inspiraram as obras

08
3/
importantes na área da aprendizagem e educação (Paulo Freire, Yves de la Taille, Emilia Ferreiro e

-0
Ana Teberosky, etc.). om
Durante algumas aulas percebi que alguns alunos defendiam com afinco a ideia errônea
l.c

de que Vygotsky era o pai do construtivismo. Isso é um erro, o termo foi criado, no contexto da
ai

aquisição do conhecimento, por Piaget. Sua abordagem é construtivista principalmente porque nos
gm

ajuda a pensar o processo de aprendizagem a partir da perspectiva da criança ou daquele que


@

aprende. Não podemos confundir com o “método construtivista” malgrado em moda das escolas
ra
ai

atuais (tecnicamente todo método é construtivista). Outro ponto que gera bastante confusão para
m

leigos é que atribuem a Piaget uma teoria inatista. Piaget não é inatista, é maturacionista-
li.
ril

interacionista, construtivista, pesquisador de moluscos, etc. Tudo, menos inatista. Não confunda.
-g

O seu estudo é principalmente centrado em compreender como o aprendiz passa de um


1
-0

estado de menor conhecimento a outro de maior conhecimento, o que está intimamente


78

relacionado com o desenvolvimento pessoal do indivíduo. Para explicar o processo de


.5

desenvolvimento intelectual Piaget dividiu-o em uma sequência fixa de estágios/períodos. Com


20
.8

relação à idade cronológica descrita nos estágios de Piaget, podemos esperar desvios (algumas
92

crianças atingem determinados estágios antes ou depois do que outra). Modos de pensamento
-2

característicos de estágios anteriores estão presentes nos estágios seguintes e a criança pode ainda
li

voltar a ter formas anteriores de pensamentos. Não existe uma divisão rígida e algumas crianças
ril
G

podem não atingir determinado estágio de desenvolvimento, característica de crianças portadoras


ra

de deficiência.
ai
M

Existem, antes de entrarmos nas fases de desenvolvimento, alguns pressupostos da teoria


piagetiana que necessitam de destaque. O primeiro é que a inteligência pode ser entendida como o
pensamento racional. Além disso, o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento
da inteligência. Porém, após o surgimento da linguagem, o pensamento racional sofre alterações
(começa a trabalhar com representações, por exemplo).
Vale aqui uma advertência - o Estágio das Operações Formais é dividido em duas fases: a
fase das Operações Concretas e a fase das Operações Abstratas. Pronto para estudas as fases de
desenvolvimento epigenético de Piaget? Vamos a eles:

Estágio Idade
Estágio sensório-motor de 0 a aproximadamente 2 anos
Estágio objetivo-simbólico (pré-operatório) aproximadamente de 2 a 6 ou 7 anos
Estágio operacional-concreto aproximadamente de 7 a 11 ou 12 anos
Estágio operacional-abstrato de 11 ou 12 anos a 14 ou 15 anos

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Atenção: Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que, de melhor o indivíduo
consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou
períodos, nessa sequência, porém o início e o término de cada uma delas dependem das
características biológicas do indivíduo e de fatores educacionais, sociais. Portanto, a divisão nessas
faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida.

a) Estágio sensório-motor (o recém-nascido e o lactente - 0 a 2 anos)


O conceito principal dessa fase é o de sistema sensório-motor. O bebê vive uma fase onde não
consegue diferenciar o ambiente de si mesmo. A criança desenvolve um conjunto de "esquemas de
ação" sobre o objeto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da realidade. É uma fase
de coordenação sensório-motora da ação, baseada na evolução da percepção e da motricidade (a
motricidade é a base para o desenvolvimento da manipulação de objetos). Aqui existe o pensamento

27
egocêntrico (egocentrismo inconsciente e integral). O bebê recebe sensações do interior do próprio

3:
organismo e do ambiente externo imediato e possui padrões inatos, como sugar e agarrar.

:3
No tocante ao desenvolvimento dessa fase, vão ocorrendo mudanças nas funções sensório-

15
motoras, como por exemplo: a visão passa de uma reação reflexa à luz para focalizar objetos

2
02
específicos e depois segui-los quando em movimento.

/2
Distinguem-se três estágios entre o nascimento e o fim deste período:

08
3/
• O dos reflexos

-0
• O da organização das percepções e hábitos (sugar o polegar, seguir ruídos
om
com a cabeça, etc.)
l.c

• E o da inteligência sensório-motora
ai

Piaget situa nesta fase a origem do pensamento inteligente, uma inteligência prática que
gm

busca resultados favoráveis. Nesta etapa desenvolve o conceito de permanência do objeto e de


@

constância do objeto. Ocorre a construção de esquemas sensório-motores orientados por uma


ra
ai

inteligência prática e a criança é capaz de fazer imitações, construindo representações mentais cada
m

vez mais complexas. Essa fase estende-se até o aparecimento da linguagem (não existe linguagem
li.
ril

nessa fase). Destaca-se que para Piaget, os quatro processos que caracterizam a revolução
-g

intelectual do período sensório-motor são: o esquema prático do objeto, a evolução do espaço


1
-0

prático, a causalidade e a objetivação das séries temporais. Em outras palavras:


78

a) Construção de categorias de objetos


.5

b) Construção do espaço prático


20
.8

c) Construção da causalidade
92

d) Construção do tempo
-2

É importante destacar, ainda, que a criança não nasce, segundo Piaget, dotada de
li
ril

linguagem e noção de tempo/espaço. Esses conceitos só vão aparecer, e ainda assim de maneira
G

incipiente, ao final do estágio sensório motor.


ra
ai
M

Dica para Concurso: Segundo Piaget, a ausência da permanência do objeto é uma das
características de que a criança ainda se encontra no estágio sensório-motor (primeiro estágio de
desenvolvimento cognitivo).

Dica para Concurso: o que marca a passagem da fase sensório motora para a fase pré-
operatória é o aparecimento da função simbólica (linguagem). Assim, para Piaget, a inteligência é
anterior ao surgimento da linguagem (a inteligência já existe no período sensório motor).

b) Estágio objetivo-simbólico ou período pré-operatório ou período pré-operacional


(primeira infância - 2 a 7 anos)
A criança inicia a construção da relação causa e efeito, bem como das simbolizações. É a
chamada idade dos porquês e do faz-de-conta. Nessa fase, a linguagem desenvolve-se minimamente
e não adquire, ainda, um conceito de conservação, mas irá acarretar modificações nos aspectos
intelectual, afetivo e social da criança. O pensamento ainda é ilógico e egocêntrico, além de existir o

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pensamento mágico e o jogo simbólico. Fundamentalmente é uma fase de preparação e organização


das operações concretas. Aqui surge a função simbólica e ocorre o início da interiorização dos
esquemas de ação na representação (na linguagem, no jogo simbólico, na imitação). A interpretação
simbólica é usada como referencial para explicar o mundo real, a sua própria atividade, seu eu e
suas leis morais. No final do período passa a procurar a razão causal e finalista de tudo (fase dos
“porquês"). A criança já antecipa o que vai fazer.
Segundo Piaget, a partir dos quatro anos o raciocínio dominante é a intuição, nesse momento
o estágio passa a ser chamado de estágio do pensamento intuitivo (a criança pensa e dá explicações
na base de intuições e da percepção e não da lógica). A linguagem começa a operar como veículo de
pensamento.

c) Estágio operacional-concreto ou período das operações concretas (infância


propriamente dita - 7 a 11 ou 12 anos)

27
É o primeiro dos estágios formais, a criança começa a construir conceitos, através de

3:
estruturas lógicas, consolida os princípios da conservação da quantidade e da reversibilidade.

:3
Realiza as primeiras operações lógicas e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de

15
lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstrações. Além disso, começa

2
02
a considerar pontos de vista diferentes.

/2
O nível de pensamento da criança já permite que ela estabeleça corretamente as relações

08
3/
de causa e efeito e de meio e fim, sequencie ideias ou eventos, trabalhe com ideias sob dois pontos

-0
de vista simultaneamente e forme o conceito de número (no início do período, sua noção de número
om
está vinculada a uma correspondência com o objeto concreto).
l.c

Porém, a criança ainda não consegue trabalhar com proposições, ou seja, com enunciados
ai

verbais. Dessa maneira, os procedimentos cognitivos não envolvem a possibilidade de lógica


gm

independente da ação. As ações empreendidas pela criança são no sentido de organizar o que está
@

imediatamente presente, encontrando-se, pois, presa à realidade concreta


ra
ai
m

d) Estágio operacional-abstrato ou período das operações abstratas ou operatório formal


li.
ril

(de 11 ou 12 anos a 14 ou 15 anos):


-g

É o segundo estágio operacional, essa fase já representa um amadurecimento do pensamento


1
-0

do indivíduo, ele parte da simples intuição e do pensamento concreto para uma capacidade mais
78

apurada de prospectar o futuro, planejar o presente e analisar combinações de variáveis em cenários


.5

possíveis (cria hipóteses e organiza pensamentos abstratos). Ele distingue o real e o possível. A
20
.8

estratégia cognitiva utilizada tem caráter hipotético-dedutivo, não depende mais de dados
92

concretos, mas de enunciados ou proposições que contenham esses dados. A criança adquire a
-2

capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta (padrão moral).
li

Esquematicamente temos:
ril
G
ra
ai
M

9
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Sensório Motor Pré-operatório Operacional

•Aprendizagem •Desenvolvimento •Desenvolvimento


acerca dos das habilidades das Habilidades
Objetos Físicos verbais e sistemáticas e
•do nascimento compreensão lógicas do
aos 2 anos dos fenômenos pensamento
externos •Operações
•2 - 6 anos Concretas (7 -
11 anos) ;
Operações

27
Abstratas (11-

3:
:3
15 anos)

15
2
02
/2
08
3/
-0
Dica para Concurso: Se no período pré-operatório a criança ainda não adquiriu a capacidade mental
da reversibilidade, irá adquirir nos períodos das operações concretas ou formais.
om
l.c
ai

Como você já sabe, para Piaget, o desenvolvimento humano obedece a certos estágios
gm

hierárquicos, que decorrem do nascimento até se consolidarem por volta dos 16 anos. A ordem
@

destes estádios é invariável e inevitável a todos os indivíduos. A passagem de um estágio para outro
ra

é de maneira contínua, os estágios não se caracterizam por momentos estanques. Cada estágio
ai
m

apresenta uma estrutura mental dotada de esquemas, que poderiam ser descritos como
li.
ril

subestruturas, dinamicamente organizadas. Esses esquemas são responsáveis pela assimilação do


-g

ambiente em forma de conhecimento. A aprendizagem, nesse contexto, pode tanto ser um rearranjo
1

de esquemas como a aquisição de novos. É importante destacar que, para a concepção piagetiana,
-0
78

a aprendizagem só ocorre mediante a consolidação das estruturas de pensamento (após a


.5

consolidação do esquema), da mesma forma a passagem de um estágio a outro estaria dependente


20

da consolidação e superação do anterior.


.8
92

Piaget é essencialmente epistemológico e utiliza a psicologia experimental como


-2

instrumento para compreender o processo de transição dos estados de conhecimento. Sua teoria é
li

universalista e individualista. O enfoque construtivista explica o sujeito construindo seu mundo de


ril
G

significados transformando sua relação com o real. Sujeito e objeto interagem numa busca
ra

de equilibração entre a assimilação e a acomodação. Essa equilibração está presente em todos os


ai

estágios do desenvolvimento intelectual. A assimilação é a “aplicação” da experiência passada ao


M

presente e a acomodação é o “ajustamento” dessa experiência para o presente. Além disso, Piaget
acredita, ainda, que o desenvolvimento intelectual ocorre por meio de dois atributos inatos aos quais
chama de Organização e Adaptação. A adaptação é o processo pelo qual a inteligência se relaciona
externamente com o ambiente, enquanto que a organização é o processo pelo qual a inteligência
como um todo se relaciona internamente com suas partes. A adaptação é o equilíbrio
entre assimilação e acomodação, que equivale ao equilíbrio da interação entre sujeito e objeto.

Conceitos-chave de Piaget
Organização À medida que aumenta a maturação da criança, elas organizam
padrões físicos ou esquemas mentais em sistemas mais complexos.
Adaptação Capacidade de adaptar as suas estruturas mentais ou comportamento
para se adaptar às exigências do meio.
Assimilação Capacidade de moldar novas informações para encaixar (integrar) nos
esquemas existentes.

10
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Psicologia do Desenvolvimento

Acomodação Mudança nos esquemas existentes pela alteração de antigas formas de


pensar ou agir.
Equilibração Tendência para manter as estruturas cognitivas em equilíbrio.

Um conceito importante, e factível de comparação com os outros autores, é o de


afetividade. Para Piaget, a afetividade é o agente motivador da atividade cognitiva. A afetividade e a
razão constituem dimensões complementares: “a afetividade seria a energia, o que move a ação,
enquanto a razão seria o que possibilitaria ao sujeito identificar desejos, sentimentos variados, e
obter êxito nas ações”.
Outro conceito muito importante e muito criticado na teoria de Piaget é o
de egocentrismo. Sua compreensão foi tomada pelo sua conotação social (egoísta), mas, segundo
o próprio autor, “o egocentrismo não é, pois, em sua origem, nem um fenômeno de consciência, nem
um fenômeno de comportamento social, mas uma espécie de ilusão sistemática, inconsciente e de

27
perspectiva”. “O egocentrismo constitui uma espécie de centralização do pensamento, uma inocência

3:
do espírito no sentido de uma ausência de toda relatividade intelectual e de todo sistema racional de

:3
15
referência”. Por fim, para Piaget, o desenvolvimento cognitivo não é a mera soma de itens, mas exige
uma reformulação de pontos de vista prévios, num processo contínuo de correção. Portanto, sair

2
02
do egocentrismo quer dizer descentralizar e o termo egocentrismo designa a inabilidade inicial para

/2
08
descentralizar.

3/
Piaget também enfatiza em seu estudo, o entendimento da moral à luz da inteligência. A

-0
própria moral humana pressupõe o desenvolvimento anterior da inteligência, pois as relações entre
om
moral e inteligência têm a mesma lógica atribuída às relações entre inteligência e linguagem. Quer
l.c

dizer, a inteligência é uma condição necessária, porém não suficiente ao desenvolvimento da moral.
ai

Nesse sentido, a moralidade implica pensar o racional, em 3 dimensões:


gm

a) regras: que são formulações verbais concretas, explícitas (como os 10 Mandamentos,


@

por exemplo);
ra
ai

b) princípios: que representam o espírito das regras (amai-vos uns aos outros, por
m

exemplo);
li.
ril

c) valores: que dão respostas aos deveres e aos sentidos da vida, permitindo entender de
-g

onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas.


1
-0

Piaget argumenta que o desenvolvimento da moral abrange 3 fases:


78

(a) anomia (crianças até 5 anos), em que a moral não se coloca, ou seja, as regras são
.5
20

seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado pelas relações bem x mal e sim pelo sentido
.8

de hábito, de dever;
92

(b) heteronomia (crianças até 9, 10 anos de idade), em que a moral é ditada pela
-2

autoridade (pais, professores, etc.). Ou seja, as regras não correspondem a um acordo mútuo
li
ril

firmado entre os jogadores, mas sim como algo imposto pela tradição e, portanto, imutável. A
G

criança segue esse modelo pelo receio da punição;


ra

(c) autonomia, corresponde ao último estágio do desenvolvimento da moral, em que há a


ai
M

legitimação das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade, quer seja o respeito a regras é
entendido como decorrente de acordos mútuos entre os jogadores, sendo que cada um deles
consegue conceber a si próprio como possível 'legislador' em regime de cooperação entre todos os
membros do grupo.
Obviamente que existem críticas à teoria de Piaget, especialmente metodológicas, como:
a ênfase de preocupação metodológica nas pesquisas; a complexidade das tarefas empregadas em
suas pesquisas; a natureza subjetiva das entrevistas clínicas; a dificuldade em explicar mudanças
qualitativas e as influências culturais (prevalecendo a cultura de Piaget, claro); a dificuldade em
considerar o nível social e educacional no desempenho de suas tarefas; e, por fim a afirmação de que
o pensamento formal é universal (sabemos hoje em dia que não é).
Uma crítica que é feita (de modo ingênuo, em minha opinião) à teoria de Piaget é a sua
ausência de caráter social no desenvolvimento humano. Porém, destaco que Piaget concebe o
homem como um ser essencialmente social e não poderia ser pensado fora do contexto da
sociedade, o homem jamais existiria fora da sociedade. Sua teoria é importante por considerar que

11
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Psicologia do Desenvolvimento

sujeitos dependem de suas fases de desenvolvimento (prontidão para a aprendizagem) e necessitam


de contato direto com os objetos (aprendizagem por objetos) para aprenderem algo. Sem sociedade
não existe sujeito.

Vygotsky
Dando prosseguimento à crítica e a defesa à teoria de Piaget, não é desse tipo de “cunho
social” que Vygotsky e outros autores, advindos das teorias marxistas e do materialismo histórico, se
referiam quando falavam em fator social no desenvolvimento. Para Vygotsky, em especial, o
conhecimento depende da experiência social e o desenvolvimento não pode ser separado desse

27
contexto. Assim, a cultura afeta a forma como pensamos e o que pensamos e cada cultura tem o seu

3:
:3
próprio impacto.

15
Para este russo, o papel do agente externo é primordial, pois sem a intervenção do outro

2
02
não há desenvolvimento. Através da mediação (presença do outro), o sujeito internaliza conceitos

/2
externos, num processo de formação das funções psíquicas superiores. Aprendizagem e

08
desenvolvimento estão inter-relacionados, e a aprendizagem antecede o desenvolvimento, ou

3/
-0
melhor, o objetivo da aprendizagem é prever o desenvolvimento potencial, e interferir na zona de
desenvolvimento proximal, promovendo o desenvolvimento do sujeito. A trajetória do
om
desenvolvimento humano é de “fora para dentro”, por meio da internalização de processos
l.c
ai

interpsicológicos que se tornam intrapsicológicos. É importante salientar ainda que Vygotsky leva
gm

sempre em consideração a sociedade específica em que vive o sujeito, bem como sua cultura e a
@

utilização de signos.
ra

Segundo Vigotsky, ocorrem duas mudanças qualitativas no uso dos signos: o processo de
ai
m

internalização e a utilização de sistemas simbólicos. A internalização é relacionada ao recurso da


li.

repetição onde a criança apropria-se da fala do outro, tornando-a sua. Os sistemas simbólicos
ril
-g

organizam os signos em estruturas, estas são complexas e articuladas. Essas duas mudanças são
1

essenciais e evidenciam o quanto são importantes as relações sociais entre os sujeitos na construção
-0
78

de processos psicológicos e no desenvolvimento dos processos mentais superiores. Os signos


.5

internalizados são compartilhados pelo grupo social, permitindo o aprimoramento da interação


20

social e a comunicação entre os sujeitos. As funções psicológicas superiores aparecem, no


.8
92

desenvolvimento da criança, duas vezes: primeiro, no nível social e, depois, no nível. Sendo assim, o
-2

desenvolvimento caminha do nível social para o individual.


li

Os significados das palavras fornecem a mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo,


ril
G

ou seja, é no significado da palavra que a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal. Para
ra

ele, o pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela fala egocêntrica,
ai

atingindo a fala interior que é pensamento reflexivo.


M

Os estudos de Vygotsky postulam uma dialética das interações com o outro e com o meio,
como desencadeador do desenvolvimento. Para Vygotsky e seus colaboradores, o desenvolvimento
é impulsionado pela linguagem. Eles acreditam que a estrutura dos estágios descrita por Piaget seja
correta, porém diferem na concepção de sua dinâmica evolutiva. Enquanto Piaget defende que a
estruturação do organismo precede o desenvolvimento, para Vygotsky é o próprio processo de
aprender que gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais superiores.
Para Vigotsky, a relação entre pensamento e linguagem é estreita. A linguagem (verbal,
gestual e escrita) é nosso instrumento de relação com os outros e, por isso, é importantíssima na
nossa constituição como sujeitos. Além disso, é através da linguagem que aprendemos a pensar.
Para Vigotsky, a aquisição da linguagem passa por três fases: a linguagem social, que seria
esta que tem por função denominar e comunicar, e seria a primeira linguagem que surge. Depois
teríamos a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento.
Linguagem social é aquela que é encontrada na vida em sociedade. A linguagem interior
é, por sua vez, a linguagem que o sujeito usa consigo mesmo em sua mente. E a linguagem

12
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Psicologia do Desenvolvimento

egocêntrica? A linguagem egocêntrica emerge quando a criança transfere formas sociais e


cooperativas de comportamento para a esfera das funções psíquicas interiores e pessoais. É um
intermediador entre a esfera social e a esfera individual (um pressuposto socializante).
No início do desenvolvimento, a fala do outro dirige a ação e a atenção da criança. Esta vai
usando a fala de forma a afetar a ação do outro. Durante esse processo, ao mesmo tempo em que a
criança passa a entender a fala do outro e a usar essa fala para regulação do outro, ela começa a falar
para si mesma. Essa fala egocêntrica assume a função auto-reguladora e, assim, a criança torna-se
capaz de atuar sobre suas próprias ações por meio da fala. Para Vigotsky, o surgimento da fala
egocêntrica indica a trajetória da criança: o pensamento vai dos processos socializados para os
processos internos.
A linguagem egocêntrica maraca a progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o
processamento de perguntas e respostas dentro de nós mesmos – o que estaria bem próximo ao
pensamento, representa a transição da função comunicativa para a função intelectual. Nesta

27
transição, surge a chamada fala egocêntrica. Trata-se da fala que a criança emite para si mesmo, em

3:
voz baixa, enquanto está concentrado em alguma atividade. Esta fala, além de acompanhar a

:3
atividade infantil, é um instrumento para pensar em sentido estrito, isto é, planejar uma resolução

15
para a tarefa durante a atividade na qual a criança está entretida. A fala egocêntrica constitui uma

2
02
linguagem para a pessoa mesma, e não uma linguagem social, com funções de comunicação e

/2
interação. Esse “falar sozinho” é essencial porque ajuda a organizar melhor as ideias e planejar

08
3/
melhor as ações. É como se a criança precisasse falar para resolver um problema que, nós adultos,

-0
resolveríamos apenas no plano do pensamento / raciocínio. Neste momento, a criança faz a maior
om
descoberta de sua vida: todas as coisas têm um nome.
l.c
ai

Dica de Concurso: Qual o Papel da Fala Egocêntrica?


gm

Resposta: internalizar conceitos.


@
ra
ai

A fala interior, ou discurso interior, é a forma de linguagem interna, que é dirigida ao sujeito
m

e não a um interlocutor externo. Esta fala interior, se desenvolve mediante um lento acúmulo de
li.
ril

mudanças estruturais, fazendo com que as estruturas de fala que a criança já domina, tornem-se
-g

estruturas básicas de seu próprio pensamento. A fala interior não tem a finalidade de comunicação
1
-0

com outros, portanto, constitui-se como uma espécie de “dialeto pessoal”, sendo fragmentada,
78

abreviada.
.5

Por volta dos dois anos de idade, o desenvolvimento do pensamento e da linguagem – que
20
.8

até então eram estudados em separado – se fundem, criando uma nova forma de comportamento.
92

Este momento crucial, quando a linguagem começa a servir o intelecto e os pensamentos começam
-2

a oralizar-se – a fase da fala egocêntrica – é marcado pela curiosidade da criança pelas palavras, por
li

perguntas acerca de todas as coisas novas (“o que é isso?”) e pelo enriquecimento do vocabulário.
ril
G

O declínio da vocalização egocêntrica é sinal de que a criança progressivamente abstrai o


ra

som, adquirindo capacidade de “pensar as palavras”, sem precisar dizê-las. Aí estamos entrando na
ai
M

fase do discurso interior. Se, durante a fase da fala egocêntrica houver alguma deficiência de
elementos e processos de interação social, qualquer fator que aumente o isolamento da criança,
iremos perceber que seu discurso egocêntrico aumentará subitamente. Isso é importante para o
cotidiano dos educadores, em que eles podem detectar possíveis deficiências no processo de
socialização da criança.
Vygotsky não buscava a elaboração de uma teoria do desenvolvimento infantil, mas a
compreensão dos processos de transformação do desenvolvimento humano (a forma como o
processo de pensar se desenvolve). Ele abordou esse processo de desenvolvimento a partir de
quatro perspectivas: a perspectiva filogenética (desenvolvimento da espécie humana),
sociogenética (história dos grupos sociais), ontogenética (desenvolvimento do indivíduo) e
microgenética (desenvolvimento de aspectos específicos do repertório psicológico dos sujeitos). O
que você precisa saber é que a base de seu trabalho é o materialismo histórico, assim: “o ser
humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social. A cultura torna-se parte da

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natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo,
molda o funcionamento psicológico do homem”.
Apesar de ser um forte defensor da influência do ambiente no processo de
desenvolvimento humano, admitiu que existem alguns “displays” que possuímos já ao nascer, como
enxergar tridimensionalmente. Porém, as funções psicológicas superiores (consciência, intenção,
planejamento, ações voluntárias) dependem da aprendizagem, pois pertencem somente à espécie
humana.
Para Vigotsky, a linguagem e pensamento surgem separados e vão se encontrando no
decorrer do percurso. Observe que o pensamento e a linguagem associam-se devido à necessidade
de intercâmbio durante a realização do trabalho. Porém, antes dessa associação, a criança tem a
capacidade de resolver problemas práticos (inteligência prática), de fazer uso de determinados
instrumentos para alcançar determinados objetivos. Vygotsky chama isto de fase pré-verbal do
desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem.

27
Por volta dos 2 anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual, generalizante, com

3:
função simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre mediado por significados fornecidos pela

:3
linguagem. Esse impulso é dado pela inserção da criança no meio cultural, ou seja, na interação com

15
adultos mais capazes da cultura que já dispõe da linguagem estruturada. Vygotsky destaca a

2
02
importância da cultura; para ele, o grupo cultural fornece ao indivíduo um ambiente estruturado

/2
onde os elementos são carregados de significado cultural.

08
3/
Um ponto central da teoria Vigotskyana é o conceito de desenvolvimento por zonas: a

-0
aprendizagem acontece no intervalo entre o conhecimento real e o conhecimento potencial. Para
om
Vigotsky, o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de
l.c

nossas vidas. O nível de desenvolvimento real (ZDR) é caracterizado como o nível de


ai

desenvolvimento que já está completo (é um nível já alcançado). Seguindo essa premissa, existe a
gm

zona de desenvolvimento potencial ou proximal (ZDP) que é o próximo passo possível para a
@

expansão da área real. Exemplos: você está estudando essa aula com muito afinco e já possui um
ra
ai

conhecimento sobre aprendizagem (ZDR) e daqui a pouco, com uma condução apropriada, você irá
m

familiarizar-se com a teoria de Wallon (essa nova aquisição faz parte da sua ZDP caso não tenha
li.
ril

aprendido ainda os conceitos que trabalharemos). O conhecimento potencial, ao ser alcançado,


-g

passa a ser o conhecimento real e a ZDP redefinida a partir do que seria o novo potencial.
1
-0

Segundo Vigotsky:
78

“A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real,


.5

que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de


20
.8

desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um


92

adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (...) A zona de desenvolvimento proximal
-2

define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão presentes em estado
li

embrionário” (Vigotsky, 1989, p. 97).


ril
G

Vygotsky acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da


ra

brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais experiente.


ai
M

O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma social e
uma pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão
sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de
pensamento mais elevada. O conceito de mediação demonstra exatamente a maneira como o ser
humano tem acesso ao conhecimento por meio do outro. É através de adultos e crianças mais velhas
e dos recortes operados pelos sistemas simbólicos de uma determinada cultura que a criança
internaliza o conhecimento.
Além da mediação, o concursando deve saber identificar o conceito de internalização.
Esse conceito representa a transformação de um processo interpessoal (externo) em um processo
intrapessoal (interior). Assim, uma atividade externa é reconstruída internamente.
“Chamamos de internalização a reconstrução interna de uma operação
externa. (...) Entretanto elas (funções) somente adquirem o caráter de processos internos como
resultado de um desenvolvimento prolongado. (...) A internalização de formas culturais de
comportamento envolve a reconstrução da atividade psicológica tendo como base as operações com

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signos. (...) A internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas


constitui o aspecto característico da psicologia humana; é a base do salto qualitativo da psicologia
animal para a psicologia humana. Até agora, conhece-se apenas um esboço desse processo”.
Tomei a liberdade de fazer um quadro para comparação das ideias de Piaget e Vygotsky
com todas as compilações que encontrei na literatura sobre o assunto de desenvolvimento versus
aprendizagem. Abaixo da tabela é possível ver outros quadros comparativos, dessa vez com outros
autores. Na véspera da prova, caso você tenha entendido bem a matéria, use-o para ativar a memória
de curto prazo.

Teorias de Aprendizagem
Piaget Vigotsky
Fatores internos versus Só passaria a haver O desenvolvimento humano
fatores externos no desenvolvimento humano depende do ambiente social onde

27
desenvolvimento quando houvesse maturidade o ser convive (teoria interacionista

3:
biológica no ser (teoria de desenvolvimento)

:3
15
maturacionista de
desenvolvimento).

2
02
Papel da aprendizagem A aprendizagem é função do A aprendizagem e

/2
08
desenvolvimento, assim, desenvolvimento se influenciam

3/
quanto mais desenvolvido, mais reciprocamente. Há um ciclo

-0
o homem aprende (a
om estreito entre esses dois fatores.
aprendizagem subordina-se ao
l.c

desenvolvimento).
ai

Relação entre linguagem O pensamento aparece antes da A linguagem e pensamento são


gm

e pensamento linguagem. A linguagem seria interdependentes. Aparecem


@
ra

somente expressão do juntos se complementando


ai

pensamento. O pensamento
m
li.

não depende da linguagem


ril

Papel da linguagem no A linguagem só ocorre depois A linguagem modifica as funções


-g

desenvolvimento que a criança alcançou um mentais superiores da criança: ela


1
-0

determinado nível de dá forma definida ao pensamento


78

habilidades mentais, isto é, a cognitivo, isto é, ajuda a


.5
20

evolução do pensamento inteligência.


.8

cognitivo ocasiona a linguagem.


92
-2

Wallon
li
ril
G
ra

Se colocássemos Piaget em uma mesa de Bar para conversar com Vigotsky, seria Wallon
ai
M

que faria o papel do “deixa disso” para os dois. Apesar de apresentar conceitos próprios, sua teoria
é, em muitos sentidos, um meio termo entre os dois primeiros autores. Wallon, reconhece que o fator
orgânico é a primeira condição para o desenvolvimento do pensamento; ressalta, porém, a
importância das influências do meio. O homem, para Wallon, seria o resultado de influências sociais
e fisiológicas, de modo que o estudo do psiquismo não pode desconsiderar nem um nem outro
aspecto do desenvolvimento humano. As potencialidades psicológicas dependem especialmente do
contexto sociocultural. O desenvolvimento do sistema nervoso, então, não seria suficiente para o
pleno desenvolvimento das habilidades cognitivas.
O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto
de seus comportamentos, suas condições de existência. A construção do eu na teoria de Wallon
depende essencialmente do outro. Seja para ser referência, seja para ser negado. Curiosamente,
para Wallon, o desenvolvimento pressupõe “opor-se ao mundo”. Ele chega a essa conclusão ao
postular que o desenvolvimento é um processo pelo qual o indivíduo emerge de um estado de

15
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completa imersão social em que não distingue-se do meio para um estado em que pode distinguir
seus próprios motivos dos motivos oriundos do ambiente.
Mas, qual a ideia central desse autor? Fácil: a afetividade. A criança é essencialmente
emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. Para Wallon, a afetividade,
dentro deste contexto, tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade
e este, por sua vez, se constitui sob a alternância dos domínios funcionais. A afetividade é o termo
utilizado para referir-se a um domínio funcional abrangente que pode ser identificada através de
diferentes manifestações, como as manifestações orgânicas (são as primeiras a surgirem no
desenvolvimento humano) e as emoções, os sentimentos e as paixões.
O desenvolvimento adequado da afetividade depende da interação de dois fatores: o
orgânico e o social. Para Wallon, entre esses dois fatores existe uma relação estreita onde a condição
precária em um pode ser compensada pela outra área. Sobre esse posicionamento de interpelação,
por exemplo, podemos confirmar que a perspectiva de que a constituição biológica da criança ao

27
nascer não selará seu destino.

3:
:3
Dica de Concurso: Segundo Wallon:

15
Emoções: fenômenos psico-fisiológicos oriundos do sistema nervoso central caracterizados

2
02
pela reação postural de exteriorização da afetividade.

/2
Afetividade: conjunto de processos psíquicos exteriorizados através das emoções.

08
3/
-0
Em outras palavras, enquanto emoções seriam processos internos, a afetividade seria o
om
estado psicológico que viabiliza a comunicação das emoções. Wallon nos ensina que a afetividade
l.c

intervém nas estruturas cognitivas, sendo fonte de conhecimento e de operações cognitivas


ai

originais. A sua teoria das emoções mostra como elas são fonte e causa de progresso no
gm

desenvolvimento da pessoa. Toda a educação determina, de uma maneira ou de outra, o


@

desenvolvimento da personalidade do aluno. Todavia, nem todo aprendizado dirige ativamente o


ra
ai

desenvolvimento para fins específicos. O aprendizado que separa as palavras dos seus significados
m

é um fracasso.
li.
ril

O desenvolvimento ocorreria, por uma sucessão de estágios, à maneira da teoria de


-g

Piaget, mas através de um processo assistemático e contínuo, em que a criança oscila entre a
1
-0

afetividade e a inteligência. O desenvolvimento é movido por conflitos, dialeticamente, de maneira


78

análoga à combinação de acomodação, assimilação e equilibração na teoria piagetiana. Ao contrário


.5

de Piaget, Wallon acreditava que o processo não é tão bem delimitado, mas constante, podendo
20
.8

haver, inclusive, regressão (observe que as aquisições de um estágio são irreversíveis, mas o
92

indivíduo pode retornar a atividades anteriores ao estágio). Ele deixa claro que é natural que, no
-2

desenvolvimento, ocorram rupturas, retrocessos e reviravoltas. Os conflitos, mesmo os que resultem


li

em retorno a estágios anteriores, são fenômenos internos, dinâmicos e geradores de evolução.


ril
G

Wallon considera as emoções como a primeira ferramenta de interação com o meio que
ra

uma criança possuirá. Por exemplo, um bebê não tem condições de satisfazer suas necessidades
ai
M

sozinho, tampouco possui competência sobre a linguagem para comunicar do que precisa. Por isto,
bebês choram: é a única maneira que a criança tem de comunicar que está necessitando de algo. Por
outro lado, quando o bebê chora, espera-se que alguém vá ajudá-lo e satisfazer, talvez, sua
necessidade. Wallon considera este o primeiro passo do estabelecimento gradual, pela criança, de
relações entre seus atos e seu meio.
Ainda sobre a afetividade, e adentrando na pedagogia em si, é interessante a seguinte
referência:

A afetividade que inicialmente é determinada basicamente pelo fator orgânico passa a ser
fortemente influenciada pela ação do meio social. Tanto que Wallon defende uma evolução
progressiva da afetividade, cujas manifestações vão se distanciando da base orgânica, tornando-se
cada vez mais relacionadas ao social.
Enquanto as primitivas manifestações de tonalidade afetiva são reações generalizadas,
mal diferenciadas, as emoções, por sua vez, constituem-se em reações instantâneas e efêmeras que

16
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se diferenciam em alegria, tristeza, cólera e medo. Já o sentimento e a paixão são manifestações


afetivas em que a representação torna-se reguladora ou estimuladora da atividade psíquica. Ambos
são estados subjetivos mais duradouros e têm sua origem nas relações com o outro, mas ambos não
se confundem entre si.
A afetividade, com esse sentido abrangente, está sempre relacionada aos estados de bem-
estar e mal-estar do indivíduo. Assim, podemos afirmar a existência de manifestações afetivas
anteriores ao aparecimento das emoções. As primeiras expressões de sofrimento e de prazer que a
criança experimenta com a fome ou a saciedade são, do nosso ponto de vista, manifestações com
tonalidades afetivas primitivas. Estas manifestações, ainda em estágio primitivo, têm por
fundamento o tônus, o qual mantém uma relação estreita com a afetividade durante o processo de
desenvolvimento humano, pois o tônus é a base de onde sucedem as reações afetivas.
Quando os motivos que provocam os estados de bem-estar e mal-estar estão
primordialmente ligados às sensibilidades interoceptivas, proprioceptivas e exteroceptivas, temos

27
uma etapa em que a afetividade é de base orgânica – a chamada afetividade orgânica. Quando os

3:
motivos que provocam os estados de bem-estar e mal-estar já não são limitados às sensibilidades

:3
íntero, próprio e extero, mas já envolvem a chamada sensibilidade ao outro, a afetividade passa para

15
um outro patamar, já que de base fortemente social – a chamada afetividade moral, na terminologia

2
02
usada por Wallon em 1941. Assim, a afetividade evolui para uma ordem moral e seus motivos são

/2
originados das relações indivíduo-outrem, sejam relações pessoais ou sociais.

08
3/
...

-0
A pedagogia walloniana defende uma educação que não exclui em nenhuma hipótese as
om
crianças com dificuldades escolares ou com comportamentos inadequados. Para Wallon, as crianças
l.c

com comportamentos inadequados (desatenção, agitação, indisciplina) não podem conviver num
ai

ambiente repressivo e coercitivo; elas precisam de um ambiente favorável às suas características, de


gm

modo a poder conviver com a coletividade. Lidar com esses comportamentos inadequados tem
@

como grande saída o domínio da afetividade, pois eles, geralmente, são decorrentes de uma vida
ra
ai

afetiva desequilibrada. Para reverter o sentido das reações inadequadas, por exemplo, a fanfarrice
m

na escola, é preciso provocar atos louváveis, mostrando ao indivíduo do que ele é capaz. Essa
li.
ril

possibilidade de reverter um sentimento negativo, despertando um positivo, está baseada no


-g

princípio walloniano de que todo sentimento contém o seu contrário, ou seja, é ambivalente.
1
-0

Fonte: Ana Rita Silva Almeida. A afetividade no desenvolvimento da criança - contribuições


78

de Henri Wallon. Inter-Ação: Rev. Fac. Educ. UFG, 33 (2): 343-357, jul./dez. 2008
.5
20
.8

Apesar da ênfase na afetividade no desenvolvimento infantil, Wallon também trabalha o a


92

importância do papel da escola. Ele defende que a escola seja oficialmente responsável pela
-2

personalidade infantil, devendo se interessar por tudo o que concerne à criança, seja do ponto de
li
ril

vista biopsicológico, seja das condições materiais e sociais de sua existência, para então poder
G

promover um ambiente apropriado ao desabrochar de suas habilidades. Desse modo, este autor
ra

considera que o professor precisa ter conhecimento dos problemas sociais de sua época, assumindo
ai
M

uma postura ativa e consciente diante deles. Somente conhecendo os valores morais de seu tempo
e as relações sociais vigentes, poderá orientar seus alunos diante da realidade de seu país.
Wallon afirma que os estágios se sucedem de maneira que momentos
predominantemente afetivos sejam sucedidos por momentos predominantemente cognitivos.
Usualmente, períodos predominantemente afetivos ocorrem em períodos focados na construção do
eu, enquanto estágios com predominância cognitiva estão mais direcionados à construção do real e
compreensão do mundo físico. Este ciclo não é encerrado, mas perdura pela vida toda, uma vez que
a emoção sobrepõe-se à razão quando o indivíduo se depara com o desconhecido. Deste modo,
afetividade e cognição não são estanques e se revezam na dominância dos estágios.
As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas
em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos. Durante esse período, de completa
indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos
outros, que darão às suas ações e movimentos formato e expressão.

17
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Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se


como sujeitos com significado, através da ação e interpretação do meio entre humanos, construindo
suas próprias emoções, que é seu primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes processos
comunicativos-expressivos acontecem em trocas sociais como a imitação. Imitando, a criança
desdobra, lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela participação do outro ela se
diferenciará dos outros) formando sua subjetividade. Pela imitação, a criança expressa seus desejos
de participar e se diferenciar dos outros constituindo-se em sujeito próprio.
Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, porém, ele não é adepto
da ideia de que a criança cresce de maneira linear. O desenvolvimento humano tem momentos de
crise, isto é, uma criança ou um adulto não são capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se
desenvolve com seus conflitos internos e, para ele, cada estágio estabelece uma forma específica de
interação com o outro, é um desenvolvimento conflituoso.
No início do desenvolvimento existe uma preponderância do biológico e após o social

27
adquire maior força. Assim como Vigotsky, Wallon acredita que o social é imprescindível. A cultura e

3:
a linguagem fornecem ao pensamento os elementos para evoluir, sofisticar. A parte cognitiva social

:3
é muito flexível, não existindo linearidade no desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por isso,

15
sofre crises, rupturas, conflitos, retrocessos, como um movimento que tende ao crescimento.

2
02
No primeiro ano de vida, a criança interage com o meio regida pela afetividade, isto é, o

/2
estágio impulsivo-emocional, definido pela simbiose afetiva da criança em seu meio social. A criança

08
3/
começa a negociar, com seu mundo sócio-afetivo, os significados próprios, via expressões tônicas.

-0
As emoções intermediam sua relação com o mundo. om
Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a 3 anos), predominam as atividades de
l.c

investigação, exploração e conhecimento do mundo social e físico. No estágio sensório-motor,


ai

permanece a subordinação a um sincretismo subjetivo (a lógica da criança ainda não está presente).
gm

Neste estágio predominam as relações cognitivas da criança com o meio. Wallon identifica o
@

sincretismo como sendo a principal característica do pensamento infantil. Os fenômenos típicos do


ra
ai

pensamento sincrético são: fabulação, contradição, tautologia e elisão.


m

Na gênese da representação, que emerge da imitação motora-gestual ou motricidade


li.
ril

emocional, as ações da criança não mais precisarão ter origem na ação do outro, ela vai “desprender-
-g

se” do outro, podendo voltar-se para a imitação de cenas e acontecimentos, tornando-se habilitada
1
-0

à representação da realidade. Este salto qualitativo da passagem do ato imitativo concreto e a


78

representação é chamado de simulacro. No simulacro, que é a imitação em ato, forma-se uma ponte
.5

entre formas concretas de significar e representar e níveis semióticos de representação. Essa é a


20
.8

forma pela qual a criança se desloca da inteligência prática ou das situações para a inteligência
92

verbal ou representativa.
-2

Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico, aparece a imitação inteligente, a qual


li

constrói os significados diferenciados que a criança dá para a própria ação. Nessa fase, a criança está
ril
G

voltada novamente para si própria. Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num
ra

mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com
ai
M

que as ideias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa central é o processo de
formação da personalidade. Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial trazendo avanços na
inteligência. No estágio da adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais,
predominando a afetividade. É nesse estágio que se intensifica a realização das diferenciações
necessárias à redução do sincretismo do pensamento. Esta redução do sincretismo e o
estabelecimento da função categorial dependem do meio cultural no qual está inserida a criança.

Comparação entre Piaget, Vygotsky e Wallon

PIAGET VYGOTSKY WALLON


Fundamento filosófico Estruturalismo Materialismo Materialismo

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dialético dialético
ZDR e ZDP Afetividade
Equilibração
Mediação simbólica Dialética emoção-
Principais conceitos Adaptação
internalização cognição
Assimilação
Campo funcional
Desenvolvimento Mediatizado através do Alternância das fases
cognitivo é Individual e social. afetivas e cognitivas.
Desenvolvimento cognitivo
espontâneo; Privilegia Processo de apropriação Pontuado por conflitos.
maturação biológica dinâmica e dialética Privilegia o social
Aprendizagem Desenvolvimento e Desenvolvimento e
Desenvolvimento
subordina-se ao aprendizagem são aprendizagem são
Aprendizagem
desenvolvimento recíprocos recíprocos
Pensamento organiza a Linguagem organiza o Linguagem organiza o

27
Linguagem/pensamento
linguagem pensamento Pensamento

3:
:3
Psicogênese da Inteligência como habilidade Atividade intelectual é

15
inteligência para aprender e resolver antagônica às emoções.

2
02
Inteligência tem base biológica. problemas. A partir do social Depende do coletivo.

/2
Explicada em termos de

08
re-equilibração

3/
-0
Escolarização tem Escolarização tem forte Desenvolvimento
om
impacto reduzido no impacto no intelectual não é meta
Escolarização
desenvolvimento desenvolvimento intelectual máxima e exclusiva da
l.c
ai

intelectual educação
gm

Desenvolvimento tem Não aceita visão universal do Desenvolvimento


@

sequencia fixa e desenvolvimento. intelectual é meio para o


ra

universal dos estágios. Interacionismo sócio- desenvolvimento da


ai
m

Outros pontos Construção a partir da histórico. pessoa. Psicogênese da


li.
ril

interação sujeito- Construção cooperativa. pessoa. Criança é


-g

objeto. Criança é pré- Interação sujeito- "geneticamente social".


1

social até a fala meio/sujeito


-0
78
.5
20
.8
92
-2

Erikson
li
ril
G
ra

Erikson foi um renomado psiquiatra responsável pelo desenvolvimento da Teoria do


ai

Desenvolvimento Psicossocial. Suas contribuições para o estudo da personalidade humana estão


M

intimamente relacionadas com sua teoria de desenvolvimento em estágios. O desenvolvimento


humano é determinado por interações sociais, mas sob uma rotina de estágios definida por questões
inatas. Para este autor, existem influencias sociais, culturais e históricas sobre a personalidade.
Existe o que chamamos de Princípio Epigenético (desenvolvimento depende de forças genéticas,
mas o social e o ambiental influenciam).
Sobre isso:
Observamos que, pelo princípio epigenético, as virtudes e qualidades têm uma relação de integração
entre as diversas etapas da vida, isto é, cada uma delas está intimamente ligada com as outras, de
uma forma hierárquica e seqüencial, fortalecendo-se umas às outras de maneira que a pessoa sinta
que cada potencialidade sustenta, fortalece e qualificam as outras de forma integrada.
Fonte: BORDIGNON, Nelso Antonio. O desenvolvimento psicossocial do jovem adulto em Erik
Erikson. Rev. Lasallista Investig., Caldas , v. 4, n. 2, p. 7-16, July 2007 . Available from
<http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1794-
44492007000200002&lng=en&nrm=iso>. access on 16 May 2021.

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Assim, a personalidade é um conceito de índole dinâmica entre fatores considerados


biológicos (como o temperamento e o caráter) e contextos sociais. Um ponto importante, e curioso,
é que sua teoria é considerada psicodinâmica. O Ego é entendido como um ente independente da
personalidade e, esta última, se desenvolve pela busca da identidade do ego positiva.
Esse autor apresenta como princípio epigenético a perspectiva de que cada estágio
contribui para a formação total da personalidade. Esses estágios não possuem um tempo exato,
porém possuem uma sequencia linear constante em todos os humanos. O núcleo de cada estágio é
uma crise básica, que existe não só durante aquele estágio específico, nesse será mais proeminente,
mas também nos posteriores.
Para Erikson, existem duas maneiras de lidar com as crises:
a) Modo adaptativo - desfecho positivo da crise onde o sujeito está preparado para seguir
para a próxima fase.

27
b) Modo inadaptativo - inadequado.

3:
:3
Essas crises anteriores mal resolvidas são as raízes dos problemas neuróticos. Todos os

15
aspectos da personalidade podem ser explicados em termos de dessas crises (ou momentos

2
02
críticos). É importante entender que as crises se constituem por confrontos com o ambiente,

/2
envolvendo uma mudança de perspectiva, ou seja, exigindo a reconcentração da energia instintiva

08
3/
de acordo com as necessidades de cada estágio do ciclo vital, quando o nosso ambiente requer

-0
determinadas adaptações. É com a resolução dos conflitos próprios de cada fase que se torna
om
possível a progressão normal do desenvolvimento.
l.c

Apesar de Erikson ser considerado um psicanalista, não é difícil encontrar diferenças entre
ai

as suas concepções e as concepções freudianas. Freud e Anna Freud, por exemplo, conceberam um
gm

conceito de ego defensivo (escravo do ID) enquanto Erikson concebeu um ego que se desenvolve em
@

direção ao mundo social e que busca ativamente por adaptação. Esse ego possui quatro aspectos da
ra
ai

realidade ao qual a identidade deveria de estar ligada: a factualidade, um senso de realidade ou


m

universalidade, a realidade e a sorte ou acaso.


li.
ril

Erikson atribuiu ao ego valores tais como confiança, esperança, autonomia, vontade,
-g

habilidade, competência, identidade, fidelidade, intimidade, amor, produtividade, consideração e


1
-0

integridade. Esses conceitos são incoerentes com a teoria psicanalítica de Freud, que identificava o
78

ego como um servidor submisso de três senhores ao mesmo tempo: ao id, ao superego e ao mundo
.5

exterior. Para Erikson, o homem tem a capacidade para atingir forças básicas, solucionar cada
20
.8

conflito de maneira positiva e dirigir conscientemente seu crescimento, apresentando assim uma
92

imagem otimista da natureza humana.


-2

O que diferença básica é que Freud descreveu apenas os primeiros anos de vida dos
li

humanos, enquanto Erikson dedicou-se a toda a ontologia do ser. Ele gerou uma concepção mais
ril
G

englobante do desenvolvimento, essencialmente porque, o desenvolvimento engloba todo o ciclo


ra

de vida. Além disso, para Erikson, o meio social, os grupos e os aprendizados tem papel
ai
M

preponderante sobre a sexualidade na determinação da personalidade humana.


Erikson dividiu o desenvolvimento da personalidade em oito estágios psicossociais, sendo
os quatro primeiros semelhantes às fases oral, anal, fálica e de latência propostas por Freud. As
outras fases são inovações.
Estágios e modos psicossociais Idades aproximadas
I – Período de bebê Nascimento - 18 meses
II – Infância Inicial 18 meses - 3 anos
III – Idade de brincar 3 - 5 anos
IV – Idade Escolar (Latência) 6 - 11 anos até puberdade
V – Adolescência 12 - 18 anos
VI - Idade jovem adulta 18 - 35 anos
VII – Adulto 35 - 55 anos
VIII - Maturidade e velhice 55 + anos

20
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Porém, suas fases são mais conhecidas pelas formas positivas e negativas de agir em cada
etapa que pelo nome atribuído por Erikson:
Estágios e modos psicossociais Formas Positivas x Formas negativas de reagir
(Estágios para Erikson)
I – Período de bebê Confiança versus desconfiança
II – Infância Inicial Autonomia versus dúvida, vergonha
III – Idade de brincar Iniciativa versus culpa
IV – Idade Escolar (Latência) Diligência versus inferioridade
V – Adolescência Coesão da identidade versus confusão de papéis
VI - Idade jovem adulta Intimidade versus isolamento
VII – Adulto Generatividade versus estagnação
VIII - Maturidade e velhice Integridade versus desespero

27
Veja uma comparação entre as fases freudianas e as de Erikson:

3:
:3
IDADE Fases

15
ERIKSON (psicossocial) FREUD (psicossexual)

2
02
0 à 18 meses Confiança vs. Desconfiança. Oral

/2
08
18 meses aos 3 anos Autonomia vs. Vergonha Anal

3/
-0
3 aos 6 anos Iniciativa vs. Culpa om Fálica
6 anos até à puberdade Diligência vs. Inferioridade Latência
l.c

12 à 18 Identidade vs confusões de papéis Genital


ai
gm

18 à 30 Intimidade vs isolamento Genital


@

30 à 60 Generatividade vs auto-absorção Genital


ra

Para Erikson, a formação da personalidade (identidade) inicia-se nos primeiros quatro


ai
m

estágios, no quinto é negociada e nos outros é expressa com maior consistência. Vamos nos dedicar
li.

ao estudo pormenorizado de cada uma das fases de desenvolvimento descritas por Erikson.
ril
-g
1

1ª Idade: Confiança Básica Versus Desconfiança Básica


-0
78

Aspecto Positivo: Relação bebê-mãe. Bebê aceita que mãe pode ausentar-se e na certeza
.5

que ela voltará.


20

Aspecto Negativo: desconfiança básica


.8
92

Nessa fase a criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em
-2

relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não lhe der amor e
li

não responde às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios, sentimentos de
ril
G

desconfiança que poderão vir a refletir-se nas relações futuras. Se a relação é de segurança, a criança
ra

recebe amor e as suas necessidades são satisfeitas, a criança vai ter melhor capacidade de adaptação
ai

às situações futuras, às pessoas e aos papéis socialmente requeridos, ganhando assim confiança.
M

2ª Idade: Autonomia Versus Vergonha e Dúvida


Aspecto Positivo: Autonomia
Aspecto Negativo: Dúvida
Essa fase é caracterizada por uma contradição entre a vontade própria (os impulsos) e
as normas e regras sociais que a criança tem que começar a integrar. A criança aprende na sua
interação com a realidade que existem privilégios, obrigações e limitações. Há, por parte da criança,
uma necessidade de autocontrole e de aceitação do controle por parte das outras pessoas,
desenvolvendo-se um senso de autonomia. O versus negativo deste estágio é a vergonha e a dúvida
quando perde o senso de autocontrole, os pais contribuem neste processo ao usarem a vergonha na
repressão da teimosia. A atitude dos pais aqui é importante, eles devem dosear de forma equilibrada
a assistência às crianças, o que vai contribuir para elas terem força de vontade de fazer melhor.
Este estágio ocorre na época da maturação muscular e com a concomitante capacidade de
segurar ou soltar.

21
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3ª Idade: Iniciativa Versus Culpa


Aspecto Positivo: Iniciativa
Aspecto Negativo: Culpa
Esta terceira idade, também apelidada por idade de brincar, é assinalada pela ritualização
dramática e marca a possibilidade de tomar iniciativas sem que se adquire o sentimento de culpa: a
criança experimenta diferentes papéis nas brincadeiras em grupo, imita os adultos, têm consciência
de ser “outro” que não “os outros”, de individualidade. Deve-se estimular a criança no sentido de
que pode ser aquilo que imagina ser, sem sentir culpa. Nesta fase a criança encontra-se nitidamente
mais avançada e mais organizada tanto a nível físico como mental. É a capacidade de planejar as
suas tarefas e metas a atingir que a define como autônoma e por consequência a introduz nesta
etapa. No entanto este estágio define-se também como perigoso, pois a criança busca
exaustivamente e de uma forma entusiasta atingir as suas metas que implicam fantasias genitais e o

27
uso de meios agressivos a manipulativos para alcançar a essas metas.

3:
Neste estágio a criança experimenta maior mobilidade e curiosidade intelectual,

:3
significativo desenvolvimento da linguagem de imaginação, e um sentido crescente de domínio e

15
responsabilidade.

2
02
/2
08
3/
4ª Idade: Diligência Versus Inferioridade

-0
Aspecto Positivo: Diligência om
Aspecto Negativo: Inferioridade
l.c

Nesta fase ela sente-se pronta para conhecer e utilizar os instrumentos e máquinas e
ai

métodos para desempenhar o trabalho adulto, trabalho esse que implica responsabilidades como ir
gm

à escola, fazer as tarefas de casa, aprender habilidades, de modo a evitar sentimentos de


@

inferioridade. Nesta fase a criança necessita controlar a sua imaginação exuberante e dedicar a sua
ra
ai

atenção à educação formal. Ela não só desenvolve um senso de aplicação como aprende as
m

recompensas da perseverança e da diligência. O prazer de brincar, o interesse pelos seus brinquedos


li.
ril

são gradualmente desviados para interesses por algo mais produtivo utilizando outro tipo de
-g

instrumentos para os seus trabalhos que não são os seus brinquedos. Também neste estágio existe
1
-0

um perigo eminente que se caracteriza pelo sentimento de inferioridade aquando da sua


78

incapacidade de dominância das tarefas que lhe são propostas pelos pais ou professor. Ao longo
.5

deste estágio da diligência desponta a virtude de competência, isto porque os estágios anteriores
20
.8

proporcionaram uma visão, embora que não muito nítida, mas futura em relação a algumas tarefas.
92

Para Erikson, um dos principais fatores determinantes da autoestima é a visão das crianças acerca
-2

das suas capacidades para o trabalho produtivo.


li

A criança começa a ter uma vida fora da família. Este período corresponde à fase de latência
ril
G

de Freud
ra
ai
M

5ª Idade: Identidade Versus Confusão/Difusão


Aspecto Positivo: Identidade
Aspecto Negativo: Confusão de Identidade
Neste estágio os indivíduos percebem novas potencialidades cognitivas, exploram e
ensaiam estatutos e papéis sociais, devido à sociedade fornecer este espaço de experimentação ao
adolescente. Aqui ocorre a moratória psicossocial. Essa moratória, conceito fundamental dessa
fase, reflete um período de pausa necessária a muitos jovens, de procura de alternativas e de
experimentação de papéis, que vai permitir um trabalho de significação interna. Assim, essa é uma
fase onde ocorrem experiências para testar padrões. Sendo assim o adolescente antecipa o
seu futuro, explora alternativas, experimenta, dá um tempo. As necessidades pessoais, as exigências
socioculturais e institucionais caracterizam a moratória. A chave para a resolução da crise de
identidade que pode fazer com que o adolescente se sinta isolado, vazio, ansioso e indeciso, reside
assim, na interação com pessoas significativas, que são escolhidas e são parte integrante da
construção da sua identidade adulta. Os outros têm um importante papel na definição da

22
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identidade: o jovem vê refletido no seu grupo de amigos parte da sua identidade e preocupa-se muito
com a opinião dos mesmos. Por vezes, procura amigos com “maneiras de estar” divergentes daquela
em que cresceu, de forma a poder pôr em causa os valores dos pais, testando possibilidades para
construir a sua própria “maneira”. O grupo permite um jogo de identificações e a partilha de segredos
e experiências essenciais para o desenvolvimento da personalidade.
Segundo Erikson, o adolescente que adquire a sua identidade é aquele que se torna fiel a
uma coerente interação com a sociedade, a uma ideologia ou profissão, que é também uma tarefa
deste estágio. A fidelidade permite ao indivíduo a devoção a uma causa – compromisso com certos
valores. Também permite confiar em si próprio e nas outras pessoas, como tal, a interação social é
fundamental. A formação de identidade envolve a criação de um sentido de unicidade: a unidade da
personalidade é sentida por si e reconhecida pelos outros, como tendo uma certa consistência ao
longo do tempo. Ressalta-se, ainda, que um grande número de adolescentes tem uma evolução
incompleta por terem entrado excessivamente rápido na vida adulta, sem um amadurecimento

27
interior, que só poderia ter sido facultado por uma boa vivência neste estágio e nos seus diferentes

3:
aspectos.

:3
15
6ª Idade: Intimidade Versus Isolamento

2
02
Aspecto Positivo: Intimidade

/2
Aspecto Negativo: Isolamento

08
3/
Questão Chave: Devo buscar alguém para viver?

-0
Essa idade ocorre dos 18/20 aos 30, e na qual o jovem almeja estabelecer relações de
om
intimidade com os outros e adquirir a capacidade necessária para o amor íntimo. Para Erikson, nesse
l.c

estágio o indivíduo pode desfrutar de uma genitalidade sexual verdadeira, mutuamente com o alvo
ai

do seu amor. É então a idade de jovem adulto que, com uma identidade assumida, possibilita o
gm

estabelecer de relações de intimidade com os outros, em que o amor é a virtude dominante do


@

universo. A força do ego depende do parceiro com que está preparado para compartilhar situações
ra
ai

tão peculiares como a criação de um filho, a título exemplificativo. Os indivíduos encaram a tarefa
m

desenvolvimental de construir relações com os outros numa comunicação profunda expressa no


li.
ril

amor e nas relações de amizade. A vertente negativa traduz-se no isolamento de quem não consegue
-g

partilhar afetos com intimidade nas relações privilegiadas. O perigo do estágio da intimidade é o
1
-0

isolamento, a evitação dos relacionamentos, quando a pessoa não está disposta a comprometer-se
78

com a intimidade. Ainda na ótica destes autores um senso temporário de isolamento é uma
.5

vantagem para a realização de escolhas, todavia, isso pode culminar em graves problemas de
20
.8

personalidade.
92

Este estágio geralmente ocorre no início deidade adulta. É a época de adquirir um senso de
-2

independência dos pais e da escola, de estabelecer amizades e relacionamentos íntimos.


li

7ª Idade: Generatividade Versus Estagnação


ril
G

Aspecto Positivo: Generatividade


ra

Aspecto Negativo: Estagnação


ai
M

Questão Chave: Serei bem sucedido na minha vida afetiva e profissional?


É uma idade caracterizada pela necessidade em orientar a geração seguinte, em investir na
sociedade em que se está inserido. É uma fase de afirmação pessoal no mundo do trabalho e da
família. A generatividade denota a possibilidade de se ser criativo e produtivo em diversas áreas da
vida. Bem mais do que educar e criar os filhos representa uma preocupação com o contentamento
das gerações seguintes, uma descentração e expansão do Ego empenhado em converter o mundo
num lugar melhor para viver. A vertente negativa leva o indivíduo à estagnação nos compromissos
sociais, à falta de relações exteriores, à preocupação exclusiva com o seu bem estar, posse de bens
materiais e egoísmo. Usualmente dá-se desde os 30 aos 60 anos, não havendo porem uma idade
comum a todas as pessoas.

8ª Idade: Integridade Versus Desespero


Aspecto Positivo: Integridade
Aspecto Negativo: Desespero

23
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Questão Chave: minha vida teve sentido ou falhei?


Nessa fase, que costuma ocorrer após os 60 anos, o individuo atinge o ápice do seu
desenvolvimento psicossocial e propicia uma compreensão e o julgamento do passado vivido. É uma
fase de análise retrospectiva do que foi feito, avalia-se sucessos e fracassos. Quando se conclui que
a vida possuiu um balanço positivo, (integridade), o indivíduo está pronto para aceitar a sua idade e
suas consequências. Quando o indivíduo julga que a sua vida foi mal sucedida (desespero), sentem
que é demasiado tarde para se reconciliarem consigo mesmo e corrigir os erros anteriores.

Lembro a você que somente quando resolvemos o conflito da fase em que estamos é que
temos forças para passar para outro estágio. Mesmo assim, se não resolvermos adequadamente na
etapa certa, podemos resolver, segundo Erikson, em uma etapa ulterior (posterior). Há esperança
para Erikson, pois pode-se buscar a força básica ou virtude, resolver de forma positiva a crise e fazer
tudo de forma consciente - diferentemente do que Freud acreditava.

27
Além disso, os que alcançam um forte sentido de identidade conseguem enfrentar

3:
problemas da vida adulta, já os que não conseguem passam a ter crise de identidade.

:3
Resumidamente podemos alinhar as fases eriksonianas às forças básicas e patologias

15
centrais desse modo:

2
02
Formas Positivas x Formas negativas Forças Básicas Patologia central

/2
de reagir (Estágios para Erikson)

08
3/
Confiança versus desconfiança Esperança Retraimento

-0
Autonomia versus dúvida, vergonha Vontade om Compulsão
Iniciativa versus culpa Objetivo Inibição
l.c

Diligência versus inferioridade Competência Inércia


ai

Coesão da identidade versus confusão Fidelidade Repúdio


gm

de papéis
@
ra

Intimidade versus isolamento Amor Exclusividade


ai

Generatividade versus estagnação Cuidado Rejeição


m
li.

Integridade versus desespero Sabedoria Desdém


ril
-g
1
-0
78

A teoria de Desenvolvimento Moral de Kohlberg


.5
20
.8
92

Essa teoria é simples e curta (e cheia de críticas). Lawrence Kohlberg, baseado em Piaget,
-2

desenvolveu um trabalho sobre os Três Estágios do Raciocínio Moral. Para esse autor, existe uma
li
ril

sequência detalhada de estágios do Desenvolvimento Moral:


G

I. Nível do Raciocínio Moral Pré-convencional, em que o julgamento moral é baseado


ra

apenas nas próprias necessidades e percepções da pessoa;


ai
M

II. Nível do Raciocínio Moral Convencional, em que o indivíduo considera as expectativas


da sociedade e da lei; o julgamento se baseia na aprovação dos outros, nas expectativas familiares,
nos valores tradicionais;
III. Nível do Raciocínio Moral Pós-convencional, no qual os julgamentos são baseados em
princípios pessoais mais abstratos, como a orientação do “contrato social” e do princípio ético
universal.

Urie Bronfenbrenner
Urie Bronfenbrenner nasceu em 29 de abril de 1917, em Moscou, no começo da ascensão
comunista. Possui uma teoria pautada na abordagem do Curso de Vida, que também é um modelo
de terapia familiar. Para ele o desenvolvimento é contextual e sistêmico. Para esse autor, a Psicologia

24
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Psicologia do Desenvolvimento

do Desenvolvimento deve estudar: a Pessoa, o Processo, o Contexto e o Tempo. Ele também


entende que o desenvolvimento ocorre pela interação entre fatores biológicos em conjunto com
fatores ambientais multideterminados. Tudo é influenciado e influencia algo. Crianças, por exemplo,
influenciam os próprios ambientes onde se encontram quando iniciam uma atividade nova.
A abordagem Bioecológica, ou abordagem do Curso de Vida é uma proposta de psicologia
do desenvolvimento, da personalidade e abordagem terapêutica familiar.
EM RESUMO, essa teoria parte do modelo Pessoa, Processos, Contexto e Tempo – PPCT
para o entendimento da realidade do sujeito. Sua abordagem é considerada uma abordagem
ecológica por estudar sempre o desenvolvimento a contextualizado nos 4 sistemas.
A dimensão da Pessoa considera as disposições, recursos bioecológicos e demandas
sociais. A dimensão do Processo representa a ligação entre os diferentes sistemas e papéis vividos.
O Contexto representa os meios pelos quais os processos de desenvolvimento ocorrem e é dividido
em microssistema, mesossistema, macrossistema e exossistema. A dimensão do Tempo reflete os

27
eventos históricos que podem alterar o curso do desenvolvimento humano e inclui o cronossistema,

3:
o microtempo, o mesotempo e o macrotempo.

:3
15
TOME NOTA:

2
02
Pessoa: refere-se ao fenômeno de constâncias e mudanças na vida do ser humano em

/2
08
desenvolvimento, no decorrer de sua existência. Leva em conta características do indivíduo,

3/
convicções, nível de atividade, temperamento, além de suas metas e motivações. Nenhuma

-0
característica da pessoa pode existir ou exercer influência sobre o desenvolvimento isoladamente.
om
Aqui existem três tipos de características da pessoa que influenciam e moldam o
l.c

curso do desenvolvimento humano.


ai

a) disposições que podem colocar os processos proximais em movimento


gm

e continuam sustentando a sua operação.


@

b) recursos bioecológicos de habilidade, experiência e conhecimento para


ra
ai

que os processos proximais sejam efetivos em determinada fase de


m

desenvolvimento.
li.
ril

c) demandas, que convidam ou desencorajam reações do contexto social


-g

que pode nutrir ou romper a operação de processos proximais.


1
-0

Processo: ligações entre os diferentes sistemas. É pelos papéis e atividades diárias da


78

pessoa em desenvolvimento. O desenvolvimento saudável pressupõe participação ativa no convívio


.5
20

desses sistemas. Os processos proximais são como máquinas ou motor do desenvolvimento.


.8

Contexto: meio ambiente global em que o indivíduo está inserido e onde se desenrolam os
92

processos desenvolvimentais. Variam desde os mais imediatos até os mais distais. Esses ambientes
-2

são denominados micro, meso, exo e macrossistemas.


li
ril

Tempo: eventos históricos podem alterar o curso de desenvolvimento humano, em


G

qualquer direção, não só para indivíduos, mas para segmentos grandes da população. Estuda-se
ra

tanto pequenos episódios da vida familiar, como a entrada da criança na escola, o nascimento de
ai
M

um irmão ou a mudança de trabalho dos pais, quanto o período histórico em que a criança vive (ex.
Século XX ou XXI).

Bronfenbrenner entendeu que o desenvolvimento infantil ocorre através de uma série de


sistemas complexos e interativos. Ele divide o meio ambiente em quatro níveis: o microssitema, o
mesossistema, o exossistema e o macrossistema.

TOME NOTA! Ambientes (sistemas) da teoria bioecológica:


Microssistema: conexões entre pessoas de maneira direta (face a face). Tem
características físicas e materiais específicas.
Mesossistema: é formado por todos os microssistemas nos quais a pessoa em
desenvolvimento participa. Esse nível é formado e alterado sempre que esta entra ou sai
de um contexto.

25
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Psicologia do Desenvolvimento

Exossistema: contextos que talvez a pessoa em desenvolvimento nunca tenha tido


contato direto, mas que influenciam o que acontece no seu ambiente imediato.
Macrossistema: padrões globais de ideologia, história e organização das instituições
sociais comuns a uma determinada parte da sociedade ou a esta em sua totalidade. O
Macrossistema permeia os outros níveis.

Transição ecológica: passeio por diferentes microssistemas. A transição ecológica, que é uma
socialização, promove seu desenvolvimento. Quanto mais ela se sentir apoiada nessa transição entre
sistemas, melhor é o seu desenvolvimento.

Em qualquer momento da vida, o microssistema compreende as pessoas e objetos que


fazem parte do ambiente mais imediato de um indivíduo. A ligação entre os microssistemas (família,

27
escola, etc...) cria o mesossistema. O exossistema compreende sistemas sociais que talvez uma

3:
pessoa não experimente em primeira mão, mas que, mesmo assim, influenciam o seu

:3
desenvolvimento. (trabalho da mãe, por exemplo).

15
O mais amplo contexto ambiental é o macrossistema, as subculturas em que o

2
02
microssistema, o mesossistema e o exossistema estão inseridos.

/2
Em uma perspectiva de microssistema, é possível detectar os papéis exercidos pelos

08
3/
membros da família, assim como responsabilidades e direitos do grupo, e não dos indivíduos, pois

-0
o foco geral impede a visão singular de cada indivíduo. As interações familiares compreendem as
om
relações firmadas entre os membros de toda a família e as relações da família com outros grupos
l.c

sociais/instituições. A condição e a qualidade dos vínculos familiares são aspectos muito


ai

significativos no que tange à ocorrência da violência.


gm

Em uma perspectiva ecológica, é fundamental que sejam avaliados os diferentes níveis do


@

sistema familiar. São eles: mesossistema, microssistema, macrossistema e exossistema.


ra
ai

Por fim, a assimetria relacional demonstra as diferentes distribuições de poder e de papéis


m

dentro de uma família e pode ser um dos fatores mantenedores da violência familiar, especialmente
li.
ril

da violência conjugal.
-g

Ainda sobre esse assunto, é interessante destacar:


1
-0

A Terapia Familiar: Uma Abordagem Bioecológica


78

Existem diversas formas de se contar a história da terapia de família, aqui esta será
.5
20

apresentada como contexto do desenvolvimento humano. O modelo bioecológico propõe que o


.8

desenvolvimento humano seja estudado através da interação de quatro núcleos inter-relacionados:


92

o processo, a pessoa, o contexto e o tempo (Bronfenbrenner & Morris, 1998). Reforça a importância
-2

da interação da pessoa com o ambiente, apresentando-a como um processo recíproco, mútuo e de


li
ril

interação. O desenvolvimento ocorre na percepção e na ação da pessoa. Tem-se acesso ao processo


G

de desenvolvimento acompanhando as mudanças em função da exposição e interação de uma


ra

pessoa com o meio ambiente. O que é percebido, desejado, temido, pensado ou adquirido como
ai
M

conhecimento determina o desenvolvimento psicológico do ser humano (Bronfenbrenner,


1979/1996).
Este modelo trabalha com a noção de ambiente ecológico: uma série de estruturas
encaixadas, uma dentro de outra, que permite avaliar os eventos que influenciam no
desenvolvimento humano com maior ou menor potência. São eles: microssistema, mesossistema,
exossistema e macrossistema.
O microssistema refere-se às conexões entre pessoas de maneira direta. Consiste em inter-
relações face-a-face, no ambiente imediato da pessoa em desenvolvimento e tem características
físicas e materiais específicas. O mesossistema é formado por todos os microssistemas nos quais a
pessoa em desenvolvimento participa. Esse nível é formado e alterado sempre que esta entra ou sai
de um contexto. O exossistema diz respeito a contextos que talvez a pessoa em desenvolvimento
nunca tenha tido contato direto, mas que influenciam o que acontece no seu ambiente imediato. Por
fim, o macrossistema diz respeito aos padrões globais de ideologia, história e organização das
instituições sociais comuns a uma determinada parte da sociedade ou a esta em sua totalidade.

26
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Psicologia do Desenvolvimento

Envolve as consistências que existem ou poderiam existir, permeando os níveis anteriormente


descritos, vinculados a qualquer sistema de crenças (Bronfenbrenner & Morris, 1998).
Ao se analisar esses quatro níveis ecológicos, é possível concluir que o desenvolvimento
do(a) terapeuta, como uma pessoa em seu contexto, ocorre em cada atendimento clínico
(microssistema) e nas interações que tem com as diversas famílias em atendimento (mesossistema).
Ocorre, também, nas trocas que estabelece com seus colegas de profissão (exossistema) e ao
compreender o referencial teórico disponível para embasamento de seu trabalho pessoal
(macrossistema).
Existe ainda a proposição de diferentes níveis de interações dos diversos elementos dos
ambientes. As interações que mais influenciam o desenvolvimento são denominadas “processos
proximais”.
O processo proximal gera habilidades e motivação necessárias para o conhecimento e o
crescimento pessoal. Permite que a pessoa se engaje em novos processos, compondo uma cadeia

27
de atividades, sejam com outros significativos ou em processos de interação com símbolos ou

3:
objetos (no caso da terapia de família, com as teorias e as famílias que buscam atendimento). Através

:3
de interações recíprocas e progressivamente mais complexas, o ser humano torna-se cada vez mais

15
agente de seu próprio desenvolvimento. Porém, é preciso ressaltar que ele nunca é totalmente

2
02
responsável por esse desenvolvimento o qual é influenciado fortemente por outros aspectos do

/2
contexto no qual ele se insere.

08
3/
De acordo com Bronfenbrenner (1979/1996), “os aspectos do meio-ambiente mais

-0
importantes na formação do curso de crescimento psicológico são, de forma esmagadora, aqueles
om
que têm significado para a pessoa numa dada situação” (p.19). No microssistema ocorrem interações
l.c

relevantes no desenvolvimento pessoal. As mais importantes para o desenvolvimento humano são


ai

denominadas processos proximais (Bronfenbrenner & Morris, 1998). A participação da pessoa em


gm

vários ambientes (mesossistema) proporciona um campo maior de oportunidades para o


@

envolvimento em novos papéis. Isso favorece o desenvolvimento, principalmente quando os papéis


ra
ai

a serem desempenhados nos diferentes ambientes encorajam a confiança mútua, a orientação


m

positiva e o equilíbrio de poder nas relações.


li.
ril

Através dos processos de interação pessoa-ambiente, os profissionais que buscam a


-g

formação como terapeutas de família desenvolvem potencialidades que alteram sua forma de
1
-0

compreender e agir. Através do estudo de teorias e escolas, constroem ferramentas para lidar com a
78

diversidade das famílias que vêm à terapia. Precisam, portanto, experimentar papéis e explorar
.5

recursos pessoais que, articulados com conhecimentos teóricos, servirão de base para suas
20
.8

intervenções clínicas. Contudo, é importante estar atento ao fato de que todas as intervenções foram
92

construídas dentro de um determinado contexto, através das experiências vividas pelos terapeutas
-2

e da forma como eles se apropriaram dos conhecimentos com que foram tendo contato.
li

Ao deparar-se com a noção de cadeias de interação, Bronfenbrenner (1986) postulou


ril
G

também a noção de cronossistema. Esse sistema indica o reconhecimento da mudança constante e


ra

da impossibilidade de desenvolvimento sem o estabelecimento de processos interacionais ao longo


ai
M

do tempo. O tempo, justamente, exerce um papel no desenvolvimento a partir de transformações e


continuidades características do ciclo vital. Há o microtempo (continuidade e descontinuidade
observadas dentro de pequenos períodos), o mesotempo (intervalos maiores de tempo cujos efeitos
cumulativos destes processos podem produzir resultados significativos no desenvolvimento) e o
macrotempo (eventos em mudança dentro da sociedade através de gerações). Ainda em relação ao
tempo, situam-se transições biológicas e sociais designadas como normativas (a ida da criança para
a escola, namoro, casamento, puberdade) e não normativas (mudanças súbitas, não previstas, como
morte precoce, separação).
Fazendo uma transposição do cronossistema para o contexto clínico, surge a seguinte
configuração: cada processo terapêutico é o desenvolvimento percebido no microtempo, uma vez
que mudanças podem ser percebidas de uma sessão para outra, principalmente na dinâmica
familiar. A análise do mesotempo pode ser realizada através das diferenças percebidas no
profissional ao longo dos anos em que atua como terapeuta familiar. Com os anos, novas teorias e
experiências clínicas vão propiciando mudanças na atuação profissional que não são

27
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Psicologia do Desenvolvimento

necessariamente percebidas no microtempo, mas que afetam as interações particulares que


acontecem em cada processo terapêutico. Já o macrotempo é percebido ao estudarem-se as
evoluções das teorias que embasam as práticas dos terapeutas familiares.
Fonte: Prati, Laíssa Eschiletti. Práticas dos Terapeutas Familiares Brasileiros: a Perspectiva da
Abordagem Bioecológica do Desenvolvimento Humano. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Instituto de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. 2009.

O sujeito nunca é totalmente responsável pelo próprio desenvolvimento, pois é


fortemente influenciado por outros aspectos do contexto no qual ele se insere. A teoria do curso de
vida, assim, postula a articulação de conceitos do desenvolvimento, ultrapassando modelos mais
tradicionais, lineares, unidimensionais, unidirecionais e unifuncionais de crescimento e maturação
biológica do indivíduo.

27
Os modelos tradicionais de psicologia do desenvolvimento que seguem o modelo clínico

3:
estudam o desenvolvimento através da diádica (relação paciente/terapeuta) e as propostas

:3
15
científicas de psicologia do desenvolvimento adotam estudos laboratoriais e psicodiagnósticos.

2
02
Mas, Bronfenbrenner vai utilizar qual método finalmente? Todos, mas principalmente os

/2
08
estudos de coorte. O termo coorte é utilizado para designar um grupo de indivíduos que têm em

3/
comum um conjunto de características e que são observados durante um período de tempo com o

-0
intuito de analisar a sua evolução. Para fins de concurso, Bronfenbrenner privilegia estudos
om
longitudinais.
l.c

O modelo do curso de vida é multimetodológico e privilegia aspectos saudáveis do


ai

desenvolvimento. Existe a preferencia por estudos realizados em ambientes naturais e a análise da


gm

participação da pessoa focalizada no maior número possível de ambientes e em contato com


@

diferentes pessoas - díades, tríades, etc


ra
ai

Segundo Senna, Bronfenbrenner em seu modelo há:


m
li.

- orientação teórica que propõe a identificação dos estágios de vida (infância, adolescência, fase
ril

adulta e velhice), nos seus aspectos temporais, contextuais e processuais, como uma das formas de
-g

compreender as mudanças que ocorrem no desenvolvimento humano.


1
-0

- as mudanças históricas, geográficas e ambientais nos padrões de vida modelam o conteúdo, a


78

forma e o processo do desenvolvimento do indivíduo, na história e no mundo social, em diversos


.5
20

níveis: macro (da sociedade e da ordem social), das estruturas intermediárias (comunidades e
.8

vizinhança) e do mundo proximal (escola e família).


92

- cada trajetória não está restrita a histórias individuais, mas envolvida na dinâmica de caminhos
-2

múltiplos e inter-relacionados, formando uma matriz de relações sociais ao longo do tempo.


li
ril

- cada geração pode tomar decisões e promover eventos no curso de vida das outras, havendo uma
G

interdependência entre vidas, e também, entre níveis, como por exemplo, entre trabalho e família,
ra
ai

casamento e parentalidade, trabalho e lazer.


M

Fonte: SENNA, Sylvia Regina Carmo Magalhães and DESSEN, Maria Auxiliadora. Contribuições das
teorias do desenvolvimento humano para a concepção contemporânea da adolescência. Psic.: Teor.
e Pesq. [online]. 2012, vol.28, n.1 [cited 2014-09-06], pp. 101-108 . Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722012000100013&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0102-3772. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
37722012000100013.

28
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

Bowlby
Bowlby ficou conhecido pela sua Teoria do Apego aplicada ao processo de
desenvolvimento humano. Mas antes de entrarmos nessa teoria, vamos fofocar um pouco conhecer
um pouco de sua vida. Nasceu em 1907 e faleceu em 1990 (ô povo para viver muito!). Era psicólogo,
psicanalista e psiquiatra. Assim como Winnicott, tinha problemas de vinculação emocional com a
própria mãe, também trabalhou em um grande organismo internacional e atendeu crianças
evacuadas (será um padrão?).
O cuidado inadequado na primeira infância e o desconforto e a ansiedade de crianças
pequenas relativos à separação dos pais são o foco central da obra de Bowlby que estudou os efeitos
do cuidado materno sobre as crianças, em seus primeiros anos de vida e as consequências do
rompimento na interação com a figura materna, na primeira infância.
O interesse e as pesquisas de John Bowlby, psiquiatra e psicanalista inglês, sobre os

27
3:
efeitos da privação da figura materna para a saúde mental em crianças, começaram a partir de sua

:3
experiência como assessor da Organização Mundial de Saúde na área de saúde mental. Bowlby,

15
juntamente com James Robertson (1948), estudou os efeitos da privação materna em crianças com

2
02
idades entre 2 e 4 anos. Estas crianças foram observadas antes, durante e depois da separação de

/2
suas mães (Bowlby, 1990).

08
Bowlby iniciou o desenvolvimento de sua teoria do apego, a partir de bases psicanalíticas

3/
-0
e etológicas. Porém ao contrário da teoria da psicanálise, tentou estabelecer prospectivamente os
om
efeitos da privação da figura materna em idades sensíveis para o desenvolvimento, conceito extraído
da etologia (Bowlby, 1990).
l.c
ai

A conduta humana pôde ser melhor entendida a partir da aplicação das Teorias Etológicas,
gm

que traduziram os conceitos evolucionistas biológicos em termos de conduta.


@

Quando John Bowlby estudou o vínculo entre mãe e filho, concluiu que essa ligação era
ra

parte de um sistema de comportamento que servia à proteção da espécie, já que os bebês humanos
ai
m

são indefesos e incapazes de sobreviver sozinhos por um longo período de tempo. Deste modo, o
li.
ril

apego dos bebês às suas mães ou cuidadores é o que possibilitaria a sobrevivência da espécie
-g

(Bowlby, 1990; Hoffman et al, 1996).


1
-0

Fonte: Gandra e Farias (sd).


78
.5

O apego, em sua teoria, é o vínculo afetivo desenvolvido pelo indivíduo em relação a um


20

parceiro que, pela sua significância, deseja-se que esteja próximo e que não pode ser substituído por
.8
92

nenhum outro. A presença dessa pessoa por quem se tem apego gera segurança e podemos dizer
-2

que “o outro” é visto como a base segura a partir da qual o indivíduo pode explorar o mundo e
li

experimentar outras relações.


ril
G

Essa capacidade de “apegar-se” é inata , assim como dezenas de outros dispositivos inatos
ra

(como o imprinting, o ato de sugar, de seguir uma luz com os olhos, etc.). A partir da primeira
ai
M

relação estabelece-se no indivíduo um modo de funcionamento, o chamado Modelo Funcional


Interno. A criança que tem em sua experiência um modelo seguro de apego vai desenvolver
expectativas positivas em relação ao mundo, acreditando na possibilidade de satisfação de suas
necessidades. Outra com um modelo menos seguro, poderá desenvolver em relação ao mundo
expectativas menos positivas.
Bowlby recolheu relatos e fez observações da interação mãe – bebê. Os dados que
recolheu indicavam para uma direção diferente daquela que a psicanálise e a teoria cognitiva da
época apontavam: Naquele tempo, era largamente aceito que a razão pela qual a criança
desenvolve um forte laço com sua mãe é o fato de que esta a alimenta. Dois tipos de impulsos são
postulados, primário e secundário. O alimento é tido como primário; a relação pessoal, referida
como dependência, como secundário. Essa teoria não me parecia se adaptar aos fatos (Bowlby,
1990)
Bowlby descartou a ideia de um impulso primário que associava a alimentação à razão
pela qual a criança desenvolve um forte laço com sua mãe. Substituiu essa visão pela hipótese de

29
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Psicologia do Desenvolvimento

que o que une o bebê à mãe é o sentimento de segurança. O sentimento de segurança teria a função
biológica de proteção. Nascia ai a base da Teoria do Apego.
Um suporte de força para esse passo veio logo depois com a descoberta de Harlow de que,
em outra espécie primata – macaco Rhesus – os jovens mostram preferência marcante por uma mãe-
boneca macia, apesar de ela não os alimentar, ao invés de uma mãe-boneca dura (de arame) que os
alimenta.

27
3:
:3
15
2
02
/2
08
3/
-0
om
l.c
ai

Fonte: http://www.institutodafelicidade.org.br/?pg=hug-port
gm
@

Dentro de sua teoria Bowlby enfatiza sete características da função do apego (leis):
ra
ai

1. Especificidade – O comportamento de apego é dirigido para um ou alguns indivíduos


m
li.

específicos, geralmente em ordem clara de preferência.


ril

2. Duração – O apego persiste, geralmente, por grande parte do ciclo vital.


-g

3. Envolvimento emocional – Muitas das emoções mais intensas surgem durante a


1
-0

formação, manutenção, rompimento e renovação de relações de apego.


78

4. Ontogenia – O comportamento de apego desenvolve-se durante os primeiros nove


.5
20

meses de idade de vida dos bebês humanos. Quanto mais experiências de interação social um bebê
.8

tiver com uma pessoa, maior são as probabilidades de que ele se apegue a essa pessoa. Por essa
92

razão, torna-se a principal figura de apego de um bebê aquela pessoa que lhe dispensar a
-2

maior parte dos cuidados maternos. O comportamento de apego mantém-se ativado até
li
ril

o final do terceiro ano de vida; no desenvolvimento saudável, torna-se, daí por diante, cada vez
G

menos ativado.
ra
ai

5. Aprendizagem – Recompensas e punições desempenham apenas um papel


M

secundário. De fato, o apego pode desenvolver-se apesar de repetidas punições por uma figura de
apego.
6. Organização – O comportamento de apego é organizado segundo linhas bastante
simples. Mediado por sistemas comportamentais cada vez mais complexos, os quais são
organizados ciberneticamente. Esses sistemas são ativados por certas condições e terminados por
outras. Entre as condições ativadoras estão o estranhamento, a fome, o cansaço e qualquer coisa
assustadora. As condições terminais incluem a visão ou som da figura materna e a interação com ela.
Quando o comportamento de apego é fortemente despertado, o término poderá requerer o contato
físico ou o agarramento à figura materna e (ou) ser acariciado por ela.
7. Função biológica – O comportamento de apego ocorre nos jovens de quase todas as
espécies de mamíferos e, em certas espécies, persiste durante toda a vida adulta. A manutenção da
proximidade com um adulto preferido por um animal imaturo é a regra geral, o que sugere que tal
comportamento possui valor de sobrevivência. Assim, a função do comportamento de apego é a
proteção, principalmente contra predadores.

30
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Psicologia do Desenvolvimento

Fonte: http://www.pet.vet.br/puc/oapego.pdf

E, por fim:
Os Modelos de Funcionamento Interno de uma criança, tendem a se repetir durante toda
sua vida, com comportamentos que indicam maior ou menor segurança em si própria e no ambiente.
Nos pré-escolares, crianças entre 3 e 4 anos, esses comportamentos só se manifestam em situações
estressantes, quando a busca por uma base segura pode ser visivelmente percebida. É comum
observarmos uma criança dessa idade brincando, tranquilamente, longe de sua mãe, porém quando
se machuca e chora corre para a mãe em busca de conforto e segurança.
...
Na adolescência, os comportamentos de apego de uma criança a seus pais, sofre uma
grande mudança, tornando-se ainda menos visíveis. Ao mesmo tempo, o vínculo com outros adultos
e pessoas da mesma idade adquire maior importância.

27
Alguns adolescentes desligam-se inteiramente de seus pais, outros permanecem

3:
intensamente apegados e, entre os dois extremos situam-se aqueles que mantém o apego a seus

:3
15
pais sendo capazes também de estabelecer fortes vínculos afetivos com outras pessoas.
...

2
02
No caso dos adolescentes, a maioria dos autores consultados parece concordar com a tese

/2
08
de que um padrão de apego seguro na infância, parece favorecer os processos de escolhas próprias

3/
desta fase, como a escolha profissional, do grupo de amigos e aquelas relacionadas a

-0
comportamentos pró sociais. Por outro lado atos de pequena delinquência, e o experimentar drogas
om
estão ligados a um padrão de apego inseguro.
l.c

Fonte: Gandra e Farias (SD)


ai
gm
@
ra

Cuidados Maternos e Saúde Mental – John Bowlby


ai
m
li.
ril

Bowlby, e quase todos os teóricos que vieram depois dele e de Winnicott, acredita ser
-g

essencial à saúde mental que o bebê e a criança pequena tenham a vivência de uma relação calorosa,
1
-0

íntima e contínua com a mãe. Nessa relação, ambos devem encontrar satisfação e prazer. É esta
78

relação complexa, rica e compensadora com a mãe, nos primeiros anos, enriquecida de inúmeras
.5

maneiras pelas relações com o pai com os irmãos e irmãs, que os psiquiatras infantis e muitos outros
20

julgam atualmente, estar na base do desenvolvimento da personalidade e saúde mental. Bowlby é


.8
92

um pouco menos restritivo que Winnicott nesse sentido e acredita que essa relação pode ser com a
-2

mãe ou com a mãe substituta permanente – uma pessoa que desempenha, regular e
li

constantemente, o papel de mãe para o bebê ou a criança. Não cabe aqui a mãe temporária! Fique
ril
G

atento. Além disso, ele acreditava que na definição da personalidade, fatores biológicos interagiam
ra

com fatores ambientais e neonatais.


ai
M

Vamos a base do livro. Chama-se de “privação da mãe” a situação na qual uma criança
não encontra este tipo de relação. O problema é que essa expressão é demasiadamente ampla e
abrange um grande número de situações diferentes. Assim, uma criança sofre privação quando,
vivendo em sua casa, a mãe (ou mãe substituta permanente) é incapaz de proporcionar-lhe os
cuidados amorosos de que as crianças pequenas precisam. Esta privação será relativamente suave
se a criança passar a ser cuidada por alguém em quem ela já aprendeu a confiar e a quem ela já
conhece, mas pode ser acentuada se a mãe substituta em questão, embora amorosa, for uma
estranha.
Contudo, estas situações ainda dão à criança alguma satisfação e representam, portanto,
exemplos de “privação quase parcial”. Opõem-se à “privação total”, ainda bastante comum nas
instituições, nas creches residenciais e nos hospitais, onde frequentemente uma criança não dispõe
de uma determinada pessoa que cuide dela de forma pessoal e com quem ela possa sentir-se segura.
Os casos descritos no livro refletem a privação total e não privações parciais. São casos de
crianças que foram privadas de carícias, brincadeiras, da intimidade da amamentação, dos rituais de
banho.

31
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Naturalmente, além da privação existem outras formas de relação são pouco-saudáveis


que podem existir no seio familiar. As mais comuns são: (a) uma atitude inconscientemente
rejeitadora, subjacente a uma atitude amorosa; (b) necessidade excessiva, por parte da mãe, de
manifestação e confirmação de amor; e (c) prazer inconsciente da mãe com um comportamento da
criança, ao mesmo tempo em que julga condená-lo.
Os efeitos perniciosos da privação variam de acordo com seu grau. A privação parcial traz
consigo a angústia, uma exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vingança e, em
consequência, culpa e depressão. Uma criança pequena, ainda imatura de mente e corpo, não pode
lidar bem com todas estas emoções e impulsos. A forma pela qual ela reage a estas perturbações em
sua vida interior poderá resultar em distúrbios nervosos e numa personalidade instável. A privação
total tem efeitos de alcance ainda maior sobre o desenvolvimento da personalidade, e pode mutilar
totalmente a capacidade de estabelecer relações com outras pessoas.
A relação da criança com a mãe é, indubitavelmente, a relação mais importante nos

27
primeiros anos. O amor e o prazer que a mãe tem com ele representam seu alimento espiritual. É a

3:
mãe que alimenta e limpa a criança, quem mantém aquecida e quem a conforta. É a ela que a criança

:3
recorre quando se sente aflita. Aos olhos da criança pequena, o pai desempenha um papel

15
secundário e seu valor cresce apenas à medida que a criança se torna mais capaz de arranjar-se

2
02
sozinha.

/2
Para Bowlby, o pai tem “apenas” um valor econômico e emocional para a mãe. O pai aqui

08
3/
tem um papel suplementar no cuidado da criança, assim como os avós, irmãos, tios, etc. Esse papel

-0
é importante como figura substituta da mãe e que será fundamental para a separação da mãe
om
quando essa separação for prevista.
l.c

Bowlby acredita que durante os três primeiros anos de vida, a mãe deve dar cuidados
ai

contínuos aos bebês. Só a partir dessa idade a mãe poderá, sem perigo, tirar férias um pouco mais
gm

longas.
@

Mas, como estudar danos produzidos pela privação?


ra
ai

(a) Estudos, através da observação direta, da saúde mental e do desenvolvimento em


m

crianças de instituições, hospitais e lares substitutos, chamados de estudos diretos.


li.
ril

(b) Estudos que investigam a história pregressa de adolescentes ou adultos que


-g

desenvolveram problemas psicológicos, chamados aqui de estudos retrospectivos.


1
-0

(c) Estudos que acompanham grupos de crianças que sofreram privação em seus
78

primeiros anos de vida, com o objetivo de determinar ser estado de saúde mental; a estes chamamos
.5

de estudos de acompanhamento.
20
.8

Bowlby é um cientista bastante rigoroso e, mesmo com a sua teoria, admite que existam
92

lacunas pouco claras. Uma delas é a falta de conhecimento do por que algumas crianças, diante da
-2

privação parcial, ficam prejudicadas e outras não. Ou o porquê algumas reagem de forma menos
li

grave à privação total em relação a outras. Mesmo assim, assume que um caminho para isso é
ril
G

entender três variáveis relacionadas ao fenômeno da privação: a idade em que a criança perde os
ra

cuidados maternos, o tempo que ela ficou privada destes cuidados e o grau em que eles lhe faltaram.
ai
M

Outro ponto que ele retoma ao final do livro é a definição do termo “privação” nas
pesquisas realizadas. Esse termo abarca um conjunto de situações diferentes que não devem ser
entendidos da mesma forma, mas que, infelizmente, foram assim tratados nas pesquisas realizadas
até então. O termo pode referir-se a:
(a) Insuficiência da interação implícita na noção de privação;
(b) Relações distorcidas, sem referência a quantidade de interação presente.
(c) Descontinuidade das relações provocada pela separação.
Ele lista uma enorme variedade de reações de crianças privadas de suas mães e também
lista inúmeras provas de mudanças, ditas “espetaculares”, no estado da criança após recuperar a
mãe. Um dos autores citados no livro diz:
“É surpreendente a rapidez com que começam a desaparecer os sintomas de
hospitalismo, quando um bebê angustiado é colocado em um bom lar. O bebê
imediatamente fica mais animado e ativo; se apresentava febre no hospital, esta

32
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desaparece num período de vinte e quatro a setenta e duas horas; o peso aumenta e a cor
melhora.”
Um ponto importante do livro, repetido inúmeras vezes, é a idade da privação. Quando a
separação ocorre excessivamente cedo, também ocorrem distúrbios do desenvolvimento, porém,
de forma menos trágica que com bebês mais velhos. Parece que as crianças que mais sofrem são as
que tiveram uma relação mais íntima e satisfatória com suas mães.
É preciso salientar que estas consequências tão adversas podem ser parcialmente
evitadas durante o primeiro ano de vida da criança, se lhe é proporcionada uma mãe substituta.
Atente para o detalhe que “parte” dos problemas é solucionado.
Sobre os casos de separação acompanhados, Anna Freud diz:
“ao lidar com novos casos desse tipo, tentamos elaborar um processo de
“separação por etapas lentas” de forma que suas consequências fossem minimizadas para
a criança. Embora isso se tenha mostrado benéfico com crianças de três ou quatro anos

27
para cima, descobrimos que muito pouco pode ser feito para evitar a regressão (isto é, o

3:
retorno a comportamentos mais infantis) quando se trata de crianças entre um ano e meio

:3
e dois anos e meio. As crianças dessa idade podem suportar mudanças e separações

15
repentinas por um dia, sem nenhum efeito visível. Mas, sempre que o período é maior, elas

2
02
tendem a perder seus vínculos emocionais e retornar a comportamentos instintivos mais

/2
infantis e regressivos”.

08
3/
Bolwby fala: existem, de fato, fortes razões para acreditar-se que a separação prolongada

-0
de uma criança de sua mãe (ou mãe substituta) nos primeiros cinco anos de vida ocupa o primeiro
om
lugar entre as causas de desenvolvimento de uma personalidade delinquente.
l.c

O cerne de seu trabalho é a privação emocional, como você percebeu. Porém, um termo
ai

bastante trabalhado no livro não está explicitado: o hospitalismo. Deixo que a superinteressante faça
gm

esse trabalho para mim:


@

Trata-se de um conjunto de perturbações físicas e psíquicas que as crianças podem sofrer


ra
ai

em consequência de um internamento prolongado em instituições como hospitais ou asilos, onde


m

estão privadas do afeto materno. Foi descrito, em 1946, pelo psiquiatra René Spitz, o qual estudou o
li.
ril

desenvolvimento psico-afetivo de cem crianças que viviam num orfanato perto de Nova Iorque,
-g

durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de serem bem tratados, os meninos entravam num
1
-0

estado de letargia e estupor que podia conduzi-los à morte. Curiosamente, voltavam ao seu estado
78

normal quando viam as mães. Por isso, atualmente, os médicos têm muito em conta o contato das
.5
20

crianças com os seus mais próximos. Na foto, recém-nascidos no hospital de Nazareth (Israel).
.8
92
-2
li
ril
G
ra
ai
M

Fonte: http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1557:o-
que-e-o-hospitalismo&catid=3:artigos&Itemid=77

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Consequências do Hospitalismo: capacidades adquiridas são perdidas Ocorre a regressão


na forma de pensar e de se comportar. Assim como a dificuldade para crescer novamente. A rejeição
de Bolwby é tamanha ao hospitalismo que ele acredita que crianças se desenvolvem melhor em
maus lares que em boas instituições. Acredita que mesmo com os maus pais existe uma forte ligação.
Aliás, a ligação das crianças com pais que, pelos padrões usuais, são ruins, constitui uma eterna fonte
de surpresa para aqueles que procuram ajudar tais crianças. Mesmo quando os pais substitutos são
bons, elas sentem que suas raízes estão naqueles lares onde talvez tenham sido negligenciadas e
maltratadas, mostrando-se muito ressentidas diante de críticas aos seus pais. As tentativas de se
“salvar” uma criança de um ambiente ruim, oferecendo-lhe novos padrões, frequentemente são
inúteis, pois, bem ou mal, é a seus pais que ela dá valor e é com eles que ela se identifica.
De modo geral, qual a consequência da privação, provocada pelo hospitalismo ou por
problemas familiares? São inúmeras, mas creio que vale a pena marcar com marcador de texto isso:

27
criança que sofrem privações emocionais têm déficits de inteligência, de raciocínio abstrato e de

3:
linguagem. Além de terem dificuldade de dar e receber afeto. Não contemplamos aqui as feridas

:3
emocionais, psíquicas ou físicas, mas temos um correlato com o desenvolvimento.

15
Existem inúmeras provas que a privação pode ter efeitos negativos sobre o

2
02
desenvolvimento das crianças (a) durante o período da separação; (b) no período imediatamente

/2
após a recuperação dos cuidados maternos; e (c) permanentemente, pelo menos numa pequena

08
3/
proporção dos casos.

-0
As provas sugerem que três tipos de experiências ligeiramente diferentes podem produzir
om
uma personalidade “incapaz de afeição” e delinquente em algumas crianças:
l.c

(a) Falta de qualquer oportunidade para estabelecer ligação com uma figura materna
ai

nos primeiros três anos de vida.


gm

(b) Privação por um período limitado – mínimo de três e provavelmente mais de seis
@

meses – nos três ou quatro anos.


ra
ai

(c) Mudanças de uma figura materna para outra durante o mesmo período.
m

Um ponto importante no livro é o fato de Bowlby considerar, assim como Winnicott, que o
li.
ril

tratamento adequado para a privação não é a psicanálise ou a psiquiatria, mas colocar a criança
-g

morando por muito tempo com um adulto que tenha um insight do problema, que seja competente
1
-0

para lidar com ele e que tenha tempo ilimitado para dedicar-se à criança.
78

Sobre o desenvolvimento, Bowlby fala que à medida que nossa personalidade se


.5

desenvolve, ficamos cada vez menos à mercê do meio e das formas pelas quais ele nos pode afetar,
20
.8

tornando-nos cada vez mais aptos a escolher e criar nosso ambiente e a planejar, às vezes com
92

grande antecedência, para conseguir o que queremos. Isto significa, entre outras coisas, que temos
-2

de aprender a pensar abstratamente, a exercitar nossa imaginação e levar em consideração outras


li

coisas que não apenas nossas sensações e desejos imediatos. Só depois de ter atingido este estágio
ril
G

é que o indivíduo se torna capaz de controlar o desejo momentâneo em benefício de suas


ra

necessidades fundamentais a longo prazo.


ai
M

Quando pensamos nas perturbações a que se acham sujeitas a personalidade e a


consciência, é imprescindível que se considerem as fases de desenvolvimento da capacidade da
criança para estabelecer um relacionamento humano. Elas são muitas e, naturalmente, misturam-
se umas às outras. Em linhas gerais, as mais importantes são as seguintes:
(a) A fase na qual o bebê está a caminho de estabelecer uma relação com uma pessoa
que identifica claramente – sua mãe; isto normalmente se dá aos cinco ou seis meses.
(b) A fase na qual ele necessita da presença constante da mãe; vai geralmente até o seu
terceiro aniversário.
(c) A fase na qual a criança começa a ser capaz de manter a relação com a mãe, mesmo
quando ela está ausente; Aos quatro e aos cinco anos esta relação poderá ser mantida,
mas apenas se as circunstâncias forem favoráveis e por poucos dias ou semanas de
cada vez; depois dos sete ou oito anos a relação pode ser mantida, embora não sem
tensões, por períodos de um ano ou mais.

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Lembro a você que a privação pode ser causada tanto pelo hospitalismo quanto por
conjunturas familiares. Sobre este último ponto, Bowlby listou as causas do fracasso do grupo
familiar natural em cuidar de uma criança:

As causas podem ser agrupadas em três categorias, de acordo com a situação do grupo
familiar natural:
(1) Grupo familiar natural não estabelecido:
Ilegitimidade
(2) Grupo familiar intacto, mas sem funcionar eficazmente:
Condições econômicas que levam ao desemprego do arrimo de família,
resultando em situação de miséria.
Doença crônica ou incapacidade de um dos pais.
Instabilidade ou desequilíbrio mental de um dos pais.

27
(3) Grupo familiar natural dissolvido e, portanto, não funcionando:

3:
Calamidade Social: guerra, fome.

:3
15
Morte de um dos pais.
Enfermidade de um dos pais, com necessidade de hospitalização.

2
02
Prisão de um dos pais.

/2
08
Abandono por um ou ambos os pais.

3/
Separação ou divórcio.

-0
Pai trabalhando em outra localidade. om
Mãe trabalhando em horário integral.
l.c
ai

Fonte: Bowlby, 2006.


gm
@
ra

Curiosamente, na descrição da prevenção do fracasso familiar, Bowlby sugere que o


ai

governo deva agir de duas maneiras:


m
li.

(a) Auxílio econômico


ril

(b) Auxílio médico-social


-g

Além disso, é citada no livro uma interessante classificação de fases de Robertson que
1
-0

descreve as reações das crianças quando da separação da mãe. É uma ótima classificação para cair
78

em prova. São três as fases:


.5
20

(a) Protesto: caracterizada pelo choro e por uma tristeza aguda, ante a perda da mãe,
.8

e pelos esforços para recuperá-la através dos limitados recursos à disposição da criança;
92

(b) Desespero: caracterizado por uma desesperança crescente. Retraimento e um


-2

decréscimo nos esforços para recuperar a mãe, pela qual a criança agora está em luto.
li
ril

(c) Desligamento: caracterizado por um comportamento de “instalar-se” no


G

ambiente da separação, aceitando os cuidados de quaisquer figuras substitutas disponíveis, mas


ra
ai

com uma redução acentuada nas atitudes afetivas para com a mãe quando de seu retorno.
M

O Ministério da Saúde Britânica, ao fazer um levantamento do que aprendeu com a


evacuação de crianças por causa dos perigos de bombardeios na Segunda Guerra Mundial, chegou a
seguinte conclusão:
Um ponto que a experiência com os esquemas de evacuação ressaltou é a importância da
família no desenvolvimento de uma criança e a impossibilidade de substituir, adequada e totalmente,
os cuidados administrados pelos próprios pais. Isto levou a uma maior consciência da importância de
se melhorar as condições familiares, a fim de manter as famílias unidas ao invés de remover as crianças
de lares insatisfatórios.
Por fim, o livro finda, após minuciosa análise de inúmeros estudos, com as seguintes
conclusões:
(a) Em condições normais, a recuperação de uma curta experiência de privação e/ou
separação é razoavelmente rápida e, no que diz respeito ao comportamento manifesto, completa.
Robertson, por exemplo, relata que, se a criança ainda não tiver atingido a fase de desligamento
como reação à separação, e sobretudo se ainda estiver protestando, reagirá à volta dos pais com um

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comportamento indicativo de angústia de separação – tornando-se mais agarrada à mãe, seguindo-


a por toda parte e ficando muito ansiosa quando distante dela, mesmo por poucos momentos. Este
padrão de reações pode ocorrer imediatamente após o encontro com os pais ou após um breve
intervalo no qual a criança demonstra estranheza e distância ou rejeição da mãe . Contudo, desde
que a separação tenha sido curta, este aumento de ansiedade tende a desaparecer em poucas
semanas. Existem provas, entretanto, de que a criança continua muito vulnerável a ameaças de
separação futuras. A presença desse dano oculto significa, portanto, que a recuperação não é tão
completa quanto parece.
(b) Quando há um alívio nas condições de privação, mesmo que tenha persistido por
muitos meses durante os primeiros anos, o resultado poderá ser uma melhora rápida e dramática,
tanto no comportamento manifesto quanto no funcionamento intelectual geral. Contudo, se tal
alívio não acontecer antes que a criança atinja os onze ou doze meses, o atraso na vocalização
poderá permanecer. Além disso, não se pode descartar a possibilidade de efeitos persistentes sobre

27
outros aspectos do funcionamento intelectual e da personalidade antes de estudá-los mais

3:
detalhadamente.

:3
(c) Uma privação prolongada e extrema, iniciada muito cedo no primeiro ano de vida

15
e chegando até os três anos, geralmente tem efeitos muito negativos sobre o funcionamento

2
02
intelectual e sobre a personalidade, e também muito resistentes a uma recuperação.

/2
(d) Uma privação prolongada e extrema, iniciada no segundo ano de vida, resulta em

08
3/
sérios danos à personalidade, também resistente à recuperação. Nesta idade, no entanto, os efeitos

-0
sobre a inteligência geral parecem quase totalmente reversíveis. As observações de Robertson
om
sugerem que, numa separação com privação, se a criança fica muito tempo na fase de desligamento,
l.c

após voltar a se reunir ela não ficará agarrada aos pais nem recuperará o grau normal de ligação com
ai

eles. Numa pequena amostra de crianças, que foram acompanhadas por cerca de quinze anos,
gm

observou-se que tendia a persistir um certa dificuldade em estabelecer e manter vínculos afetivos
@

íntimos e mutuamente satisfatórios.


ra
ai

(e) A idade de uma criança no início e ao final de uma experiência de privação é,


m

indubitavelmente, um fato importante que influencia na recuperação, mas ainda não se conhecem
li.
ril

bastante os seus efeitos para que se possam estabelecer limites precisos para um “período crítico”
-g

do desenvolvimento de um processo. Contudo, existem provas de que o período que vai dos sete
1
-0

meses de idade até, talvez dez ou onze meses é aquele no qual o bebê é especialmente vulnerável ao
78

rompimento de vínculos recém-formados. Spitz descobriu que os efeitos de uma separação com
.5

privação, iniciada nesse período e estendendo-se por cinco ou seis meses ou mais, tendem a ser
20
.8

difíceis de apagar, mesmo quando avaliados grosseiramente por meio do QI; ao mesmo tempo que
92

outros estudos mostram a reversão de seus efeitos – mesmo após longos períodos – quando a
-2

privação se inicia mais cedo, no primeiro ano de vida, ou, então, só depois do primeiro aniversário.
li

Parece que o período de sete a onze meses é uma época particularmente delicada do
ril
G

desenvolvimento humano; assim, os processos mais vulneráveis são, provavelmente, a vocalização,


ra

a linguagem e a capacidade para estabelecer vínculos pessoais.


ai
M

(f) Se a privação for suspensa durante o primeiro ano de vida, quanto mais nova a
criança (portanto menos prolongada a privação), mais normal será seu desenvolvimento posterior.
Após o primeiro ano, os efeitos de privação (com uma determinada duração) terão uma possibilidade
de reversão tanto mais rápida e completa quanto mais velha a criança ao ser iniciada a privação.
(g) Certos tipos de danos parecem ter reversibilidade menos completa e menos rápida
que outros; entre eles, incluem-se os da linguagem, abstração e capacidade para estabelecer
vínculos pessoais fortes e duradouros.
(h) Esforços terapêuticos intensos, especialmente quando a criança ainda é bem
pequena, podem reduzir bastante alguns dos efeitos mais graves, ou seja, os menos reversíveis após
a suspensão da privação.
(i) Experiências subsequentes de insuficiência, distorção ou descontinuidade na
interação pessoal podem manter ou aumentar os danos que, de outra forma, poderiam ser
recuperadas quase que totalmente.

36
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Spitz
René Spitz foi um psicanalista austríaco-alemão que legou importantes conceitos à
compreensão de desenvolvimento humano e das patologias objetais. Boa parte de sua teoria está
no livro descrito em nossa bibliografia (O Primeiro Ano de Vida). Ele, com seus métodos de estudos
científicos (estudos quantitativos, fotografias, testes, entrevistas, filmagens, etc.) fez uma descrição
cuidadosa e minuciosa das inter-relações emocionais entre mãe e filho e o desenvolvimento das
relações objetais. Além disso, apesar de ter traçado um caminho próprio dentro da psicanálise, ele

27
usa os conceitos freudianos de topologia psíquica e a teoria da libido.

3:
:3
15
No livro em questão é possível ver que ele divide o desenvolvimento humano em fases:

2
02
1. O estágio pré-objetal (não objetal)

/2
2. O estágio precursor do objeto

08
3. O estágio do próprio objeto libidinal

3/
-0
Obviamente, como todo bom psicanalista de seu tempo, que essas fases estão circunscritas
om
aos primeiros anos de vida. Aqui é importante ressaltar que essa divisão foi feita em função do que
ele concebeu como etapas da gênese da relação objetal e da comunicação humana. Além disso, logo
l.c
ai

fica claro que, através de seus estudos, descartou o conceito de uma relação objetal com a mãe,
gm

desde o nascimento, o que é defendido por algumas escolas psicanalíticas. Para ele, as relações
@

objetais existem, mas são aprendidas através da interação de maturação e de desenvolvimento junto
ra

à mãe.
ai
m

Vejamos uma consolidação de cada uma dessas fases.


li.
ril
-g
1
-0
78

O estágio Não Objetal


.5
20

Este estágio coincide mais ou menos com o estágio do narcisismo primário freudiano (fase
.8
92

em que o sujeito toma o próprio corpo como sendo ao mesmo tempo fonte e objeto). É um estágio
-2

de não-diferenciação onde o recém-nascido não consegue distinguir uma coisa da outra; uma coisa
li

externa de seu próprio corpo e não experimenta o meio que o cerca como sendo separado dele
ril
G

mesmo. Portanto, ele também não percebe o seio materno, que satisfaz suas necessidades e lhe
ra

fornece alimento, como parte de si mesmo – se é que ele percebe o seio materno. Aqui o psíquico e
ai

o somático não estão separados e as noções de interior e exterior não existem.


M

Além do mais, o recém nascido em si também não é diferenciado e organizado, mesmo em


aspectos fundamentais como a relação entre centros neurais distinto, de um lado, e seus órgãos
efetores musculares, de outro; apenas pouquíssimas áreas privilegiadas parecem estar separadas
em unidades funcionais. Não há separação entre pulsão e objeto e não há atividade psíquica e
mental, os afetos são indiferenciados e caóticos.
Sobre esta fase, Spitz fala que o sistema sensorial do recém-nascido ainda não está
totalmente funcional. Assim, para Spitz, somente quando este estímulo se tornar uma experiência
significativa é que novos estímulos podem se agregar a eles e podem constituir aprendizados. Uma
diversidade de condições tornam o recém nascido capaz de desempenhar essa extraordinária
façanha.
O primeiro fator é a barreira do estímulo que protege a criança da maioria dos estímulos aos
quais estamos comumente expostos. Esta proteção consiste em várias partes. Primeiro, as estações
receptoras, ao nascer, ainda não estão em atividade., Segundo, o bebê passa a maior parte do dia
dormindo ou dormitando. Finalmente, o processo mental de entrada de estímulos desenvolve-se

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gradualmente, durante muitos meses, em relação direta com a capacidade de maturação da criança
para a ação voluntária. Um segundo fator está implícito no anterior: isto é, como resultado dessa
filtragem, o processo de dotar os estímulos com significado é também extremamente gradual. Spitz
prossegue listando fatores que estão agrupados, a meu ver, no último fator: “sem dúvida, o fator
mais importante para tornar a criança capaz de construir gradualmente uma imagem coerente de
seu mundo advém da reciprocidade entre mãe e filho”.
E o que fazer quando essa barreira de proteção natural aos estímulos falha? Segundo Spitz,
ocorre o que ele denominou de “Princípio de Nirvana”: quando os estímulos ultrapassam certo
limiar, o bebê reage a esta excitação negativa, da forma do desprazer, por um processo de descarga
(choro) para encontrar a quietude.
A criança, ao nascer, não possui ego, apenas núcleos de ego que, se tudo ocorrer bem, se
organizam e se integraram durante os dois primeiros anos de vida. Para que isso aconteça se faz
necessário que as relações objetais sejam estáveis, ou seja, um bom vinculo mãe-filho, através do

27
qual essa mãe tentará ao máximo suprir todas as necessidades do bebê, que inicialmente é

3:
totalmente dependente dela; não somente as necessidades físicas (o amamentar) e as de higiene

:3
(limpá-lo e dar banho), mas também as psíquicas e emocionais, já presentes nesses cuidados físicos.

15
É nessa fase, ainda, que ocorre a evolução no nível de processamento das informações. O

2
02
processamento apenas pelos sentidos começa a ser entendido pelas instâncias nervosas superiores

/2
(fato possível pela relação com sua mãe). Ocorre, assim, o que ele chamou de evolução da Recepção

08
3/
Cenestésica (faculdade de captar no sentido visceral do termo) para a Percepção Diacrítica (início

-0
da interpretação consciente). Didaticamente posso separar esses conceitos da seguinte forma:
om
Organização Cenestésica Organização Diacrítica
l.c

sensação centrada no sistema nervoso percepção localizada circunscrita, intensa,


ai

autônomo de onde veem as manifestações desenvolvendo-se mais tarde pela integração


gm

emocionais. de órgãos periféricos (córtex) que levam aos


@

processos cognitivos (pensamento consciente).


ra
ai

Destaco que esse começo de integração dos núcleos do ego ocorre pela relação da Cavidade
m

Oral (boca) com a Mãe. Nas palavras de Spitz: “A criança sente o mamilo na sua boca e vê a face de
li.
ril

sua mãe”. Estas duas percepções permitem a passagem progressiva da "orientação pelo toque para
-g

o sentido da orientação pela percepção à distância". É assim que começa a constância objetal e a
1
-0

formação do objeto.
78
.5
20
.8

A Fase do Precursor do Objeto


92
-2
li

Fase caracterizada pela mãe como ego externo da criança e a paulatina organização do ego
ril
G

da criança. A maturação física é inata, a não ser que a criança possua alguma deficiência física ou
ra

mental, ela alcançará facilmente a maturação adequada. Aqui existem três princípios organizativos
ai
M

(organizadores psíquicos) da estrutura mental humana: o sorriso (como resposta aprendida), a


ansiedade despertada pela presença de um estranho e a comunicação semântica (o “não). A
interação com esses organizadores levam à reações organização do ego no bebê.
Vamos pensar esses três organizadores em termos de meses de idade da criança.
a) Sorriso à aparece próximo aos 3 meses de idade e ainda faz parte de um estágio pré-
objetal
b) Ansiedade à aparece próximo aos 8 meses (a criança sente a ausência da mãe e chora
com a presença de um estranho). Já é um estágio objetal propriamente dito.
c) Meneio negativo da cabeça à surge aproximadamente aos 15 meses de idade.
Estas três reações se utilizam de uma maturação física adequada, um vinculo mãe-filho
satisfatório e um ambiente propicio. Caso um desses aspectos falhe, pode ocasionar uma
consequência para o desenvolvimento mental e emocional da criança. O ambiente externo,
inicialmente, para o bebê, é a mãe e o vinculo também é totalmente proporcionado por ela. Ou seja,
seu papel é de suma importância para um desenvolvimento satisfatório de seu filho. Se ela falhar,
terá serias consequências para a criança.

38
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Vejamos algumas considerações:

Sobre o Sorriso
Segundo Spitz: “aos três meses ocorre um importante passo de integração, que reúne os
diversos núcleos do ego numa estrutura de maior complexidade, formando o ego rudimentar”. Esse
passo de integração rumo ao ego rudimentar é a organização resultante do sorriso.
A aparição da resposta do sorriso é a base para todas as relações humanas desenvolvidas
depois. Sobre esse princípio organizador, espera-se que 98% das crianças entre 2 e 6 meses de idade
sejam capazes de sorrir. O sorriso, apesar de ser uma reação natural, principalmente à face humana,
é um sinal e não uma percepção do objeto libidinal em si. Sendo assim, ainda não podemos falar de
objeto, mas de pré-objetos (por isso estamos na fase precursora do objeto).
O que acontece aqui é que o bebê aprende a usar a sua reação de sorriso como uma reação
ao meio. Apesar desta reação ser inata, ele aprende que ela possui efeitos no meio em que vive. Isso

27
ocorre pela integração entre o princípio de realidade e a capacidade apropriada de reconhecer o

3:
:3
rosto humano.

15
2
02
Sobre a Ansiedade

/2
08
A primeira ansiedade ocorre como reação ao parto, as outras ansiedades decorrem da

3/
relação com o meio. A aparição da ansiedade dá-se pela recusa de contato da criança, de maior ou

-0
menor intensidade, frente a um desconhecido. É uma ansiedade de perda de objeto (a mãe). Esse
om
enfrentamento leva à criança a integrar ainda mais suas estruturas psíquicas em favor de uma
l.c

representação mais adaptativa da realidade. Isso ocasiona mudanças como o direcionamento


ai
gm

voluntário de comportamentos para a obtenção de prazer. Aqui ocorre um ganho qualitativo em


@

setores como o biológico (percepção, área motora e afetiva), a melhora da capacidade de discriminar
ra

coisas inanimadas, o desenvolvimento de emoções (ciúme, cólera, possessão, afeição, alegria, etc.)
ai

e a formação de certos mecanismos de defesa (principalmente a identificação).


m
li.
ril
-g

Sobre o “Não”
1
-0

Aqui a criança aprende o significado do “não”. Esta é uma interdição que ocorre e leva ao
78

amadurecimento psíquico – esse é o terceiro e último organizador. Segundo Spitz, a criança entende
.5

progressivamente o significado do “não”. A criança luta pela autonomia e consegue sair do alcance
20
.8

da mãe. Por isso, a forma e o conteúdo da comunicação mudam significativamente nessa fase –
92

quando a mãe fala a palavra "não", balança a cabeça, enquanto impede a criança de fazer o que
-2

estava pretendendo. Isso ajuda a criança a integrar semanticamente o seu mundo com a linguagem.
li
ril

O meneio negativo de cabeça e a palavra "não" constituem os primeiros símbolos


G

semânticos a aparecer no código de comunicação semântica da criança. Representam um conceito;


ra

o conceito de negação, de recusa, no sentido estrito do termo. Não é apenas um sinal, mas também
ai
M

um signo da atitude da criança, consciente ou inconsciente. Em suma, ele associa a linguagem à


conteúdos práticos diários da mãe e do ambiente.

Patologia das Relações Objetais


Aqui nos atemos a 2 capítulos de Spitz. Ele descreve as modalidades de interação materno-
infantil potencialmente patogênicas para o bebê, que merecem destaque. Ele agrupa as patologias
precoces em duas categorias: as relações inadequadas (ou de comprometimento da qualidade),
que podem causar os distúrbios psicotóxicos, e as relações insuficientes (de comprometimento na
quantidade), que podem causar as doenças de carência afetiva do bebê.
As primeiras gerariam o que ele denominou distúrbios psicotóxicos. É importante que as
patologias aqui estudadas são decorrentes do comportamento da mãe. Simplificando os seis tipos
de comportamentos psicotóxicos e as suas consequências, teríamos:
Relações Inadequadas
Comportamento da Mãe Consequência

39
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rejeição primaria manifesta não consegue se alimentar direito ao seio


superpermissividade ansiosa primaria cólica dos três meses
hostilidade disfarçada em ansiedade eczema infantil
oscilação entre mimo e hostilidade distúrbio de motilidade - o balanço do bebê
oscilação cíclica de humor da mãe manipulação fecal e coprofagia
hostilidade consciente compensada criança hipertimica
As patologias da segunda categoria gerariam as doenças de carência afetiva do bebê. Estas
doenças aparecem pela ausência da mãe e de cuidados maternos sem um substituto. Essa ausência
materna pode ocorrer tanto pela ausência parcial quanto total da mãe. Segundo Spitz, o dano
sofrido pela criança privada de sua mãe será proporcional à duração da privação. É válido destacar,
como um subtipo da segunda categoria, que a privação afetiva parcial gera uma criança com
depressão analítica. Essa depressão é comum em crianças que passaram por um período de privação
que não excedeu cinco meses de duração. A privação afetiva total, por sua vez, gera a síndrome do

27
hospitalismo, que é comum em criança que excederam cinco meses de privação. Nesse caso,

3:
apresentarão sintomas de progressiva deterioração emocional e cognitiva, que parecem ser pelo

:3
15
menos em parte, irreversíveis. Assim, temos:

2
Relações Insuficientes

02
Comportamento da mãe Consequência

/2
08
Privação emocional parcial depressão anaclítica

3/
Privação emocional completa marasmo ou hospitalismo

-0
om
Recapitulando o conceito de hospitalismo:
l.c

O hospitalismo é o conjunto de perturbações que o bebê pode sofrer devido a carências


ai
gm

maternas. Na ausência da mãe, as reações da separação, podem provocar uma depressão, devido à
@

falta da figura materna.


ra

Quando crianças de idades muito precoces são sujeitas a uma privação de contato com os
ai
m

seus entes mais próximos, seja em situação de um abandono materno ou a uma temporada passada
li.

num hospital, vão sofrer de problemas tanto físicos como psicológicos que podem afetar o seu
ril
-g

desenvolvimento normal, tais como, o atraso no desenvolvimento corporal, insónias, queda de peso,
1

alteração do seu estado geral, incapacidade de adaptação ao meio, fragilidade e menor imunidade
-0
78

a doenças infecciosas.
.5

Nos casos de total carência afetiva, ligada à falta de qualquer vínculo maternal, os distúrbios
20

podem levar à morte.


.8
92

Fonte: http://psicob.blogspot.com.br/2008/06/hospitalismo.html
-2
li
ril
G
ra
ai
M

Sigmund Freud
Passar pelo curso de psicologia e não estudar Freud é como fazer um curso de direito sem
conhecer as constituições federais anteriores à atual. Sua fluência verbal, repassada aos nossos
tempos através de suas obras, era tamanha que chegou a ser indicado ao Nobel de Literatura e foi
vencedor do Prêmio Goethe (aos 74 anos de idade). Apesar das inúmeras críticas atuais ao seu
método e à sua aplicabilidade, Freud é o autor que maior impacto teve no estudo da personalidade
até então. Esse chairman da psicanálise desenvolveu o método da livre associação para estudar os
fenômenos de suas tópicas. A livre associação é um método onde os pacientes são convidados a
relatarem continuamente qualquer coisa que lhes ocorrer à mente, sem levar em consideração quão
sem importância ou possivelmente embaraçadora esta situação possa parecer.

40
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Psicologia do Desenvolvimento

Esse método seria o mais adequado para o contexto clínico para acessar conteúdos
conscientes e inconscientes. Na esfera do inconsciente, seu conteúdo não pode ser acessado de
forma objetiva através de uma ordinária introspecção. Mas pode ser acessado, segundo Freud,
somente através da livre associação, da análise dos sonhos e da análise dos atos falhos. Freud
descreveu em sua obra, posteriormente, a análise de chistes como sendo também uma forma de
evidenciar conteúdos inconscientes. Assim:
Métodos de Acesso ao inconsciente:
a) Livre associação
b) Análise sonhos
c) Análise dos Atos falhos
d) Análise dos chistes
Os chistes são “gracejos” pelos quais sentimos prazer. São situações aparentemente tolas
que geram prazer, como as brincadeiras e piadas. A palavra tem origem no alemão e significa

27
literalmente “gracejo”, e para Freud o chiste é uma espécie de válvula de escape de nosso

3:
inconsciente, que o utiliza para dizer, em tom de brincadeira, aquilo que verdadeiramente pensa.

:3
15
Freud acreditava que utilizar o humor e a ironia no dia-a-dia deixava o cotidiano mais leve e a

2
realidade mais tolerável. E é isto que o chiste possibilita quando conecta arbitrariamente, através de

02
uma associação verbal, duas ideias contrárias ou sem sentido aparente.

/2
08
Apesar de parte do mundo inconsciente não ser acessível de forma alguma, um conceito é

3/
básico na teoria freudiana de personalidade: o passado é determinante para o presente. Esse

-0
conceito é chamado de Determinismo Psíquico e parte do pressuposto que existe uma continuidade
om
nos eventos mentais e que esses são historicamente desenvolvidos. Assim, para compreender
l.c

sintomas e patologias, se faz necessário um sistemático esmiuçamento da vida psíquica do sujeito


ai

para entender as causas passadas dos problemas e a dinâmica psíquica atual.


gm

Freud descreveu sua teoria ao longo de 24 obras. Essas obras apresentam a evolução do
@
ra

pensamento freudiano e a ampliação dos conceitos. O caso mais exemplar é a descrição da Pulsão
ai

de morte na obra “Além do Princípio do Prazer”.


m
li.

A motivação é vista, para esse autor, como uma busca hedonista de dar vazão a energia
ril

psíquica acumulada. Essa energia psíquica é limitada e, via de regra, não consegue suprir
-g

simultaneamente as necessidades humanas de forma satisfatória. Essa energia provém das pulsões,
1
-0

a sexual e a agressiva, e motivam para a constante busca de prazer. As pulsões, às vezes chamadas
78

incorretamente de instintos, opõem-se ao ideal de sociedade e, por isso, devem ser doutrinadas para
.5
20

uma expressão adequada. Porém, se essa energia psíquica não encontra vazão, um estado de tensão
.8

interna começa a se desenvolver. Isso pode cadenciar desde fixações até patologias mais sérias.
92

Lembro uma vez, em um breve curso de psicanálise, que uma professora me falou: Alyson,
-2

você precisa de anos de estudos de psicanálise, anos submissão à análise e anos sendo analista para
li
ril

entender a personalidade humana de acordo com Freud. Felizmente nosso objetivo aqui é passar no
G

concurso e não, necessariamente, entender a magnitude das ideias psicanalíticas. Compreender a


ra
ai

teoria de personalidade de Freud pressupõe o conhecimento de sua Primeira e Segunda Tópicas, as


M

fases de desenvolvimento psicossexual e a organização dos mecanismos de defesa.


A base topológica de Freud é a raiz para a explicação da personalidade humana. Em grego,
“topos” quer dizer “lugar”, assim o modelo tópico designa um “modelo de lugares”, sendo que Freud
descreveu a dois deles: a “Primeira Tópica” conhecida como Topográfica e a “Segunda Tópica”,
como Estrutural.

PRIMEIRA TÓPICA: modelo topológico da mente


Essa tópica refere-se ao nível de consciência (acesso) aos processos intrapsíquicos e a
qualidade dos conteúdos de cada um. Freud definiu três níveis de consciência: consciente, pré-
consciente e inconsciente.
O consciente engloba todos os fenômenos que em determinado momento podem ser
percebidos de maneira conscientes pelo indivíduo. O pré-consciente refere-se aos fenômenos que
não estão conscientes em determinado momento, mas pode tornar-se se o indivíduo desejar se
ocupar com eles (o pré-consciente é um filtro de intermédio entre o consciente e o inconsciente). O

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inconsciente, que diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente sob
circunstâncias muito especiais podem tornar-se. Assim, para Freud, apenas uma pequena parte de
nossos pensamentos e emoções são perceptíveis o tempo todo, alguns estão no nível pré-consciente
e a maioria dos nossos fenômenos intrapsíquicos é inconsciente. Essa função, de deposito de
pensamentos, emoções e desejos, é necessária, pois esses conteúdos causariam medo e ansiedade
ao indivíduo caso fossem conscientes.
É necessária uma atenção especial ao conceito freudiano de inconsciente. Essa parte do
aparelho psíquico humano é caracterizada por não ter nenhuma formatação lógica ou pensamento
racional (processo primário) e desenvolve-se como sendo um depósito para ideias sociais
inaceitáveis, memórias traumáticas e emoções dolorosas colocadas fora da mente pelo mecanismo
da repressão psicológica. O inconsciente é alógico (aberto a contradições), atemporal e aespacial
(conteúdos de épocas ou espaços diferentes podem se conectar). Essa instância é governada pelo
principio do prazer (a busca do prazer e evitação estímulos aversivos).

27
3:
SEGUNDA TÓPICA: modelo estrutural da personalidade

:3
Nessa segunda tópica, desenvolvida décadas depois da primeira, Freud diferencia

15
instâncias da personalidade em três estruturas: o ID, o EGO e o SUPEREGO. O Id é todo inconsciente,

2
02
o Ego e o Super-ego são parcialmente inconscientes.

/2
a) Id: O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas pulsões -

08
3/
instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer,

-0
ou seja busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo, e somente segundo ele. Não faz
om
planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não
l.c

conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o
ai

mesmo efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou
gm

moral, sendo exigente, impulsivo, cego irracional, anti-social, egoísta e dirigido ao prazer. O id é
@

completamente inconsciente. De acordo com Freud, a energia psíquica é de natureza inconsciente e


ra
ai

está armazenada no id. Essa energia é de natureza sexual (libido) e não tem objeto. De acordo com a
m

teoria psicanalítica, o id é a parte mais antiga do aparelho psíquico. Do ponto de vista topológico, o
li.
ril

id é o reservatório de toda energia psíquica. Ele ignora a realidade, os princípios lógicos e racionais
-g

tais como o tempo e a causalidade entre eventos. Dessa forma, diz-se que o id trabalha através do
1
-0

princípio primário.
78

b) Ego: O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus


.5

impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o chamado princípio da
20
.8

realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento


92

humano: a satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-
-2

las com um máximo de prazer e um mínimo de conseqüências negativas. A principal função do ego
li

é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, posteriormente,


ril
G

entre esses e as exigências do superego.


ra

c) Superego: É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade.


ai
M

O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer
impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral
(mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras.
O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos
pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante
primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos;
outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada; certo ou errado, sem meio-termo).
O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem ser procurado, e a
consciência, que determina o mal a ser evitado.

As fases do desenvolvimento psicossexual


A transição de uma fase para outra é biologicamente determinada, de tal forma que uma
nova fase pode iniciar sem que os processos da fase anterior tenha se completado. As fases se
seguem umas às outras em uma ordem fixa e, apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior,

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os processos desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo
durante toda a vida da pessoa.
I - A fase oral (0-1)
A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento até
aproximadamente um ano de vida. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da satisfação
(ou frustação) de pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação
da fome. Assim, para a criança sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao
prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser confrontada com frustrações a criança é obrigada a
desenvolver mecanismos para lidar com tais frustrações. Esses mecanismos são a base da futura
personalidade da pessoa. A fixação nessa fase causa a depressão
O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho.
II - A fase anal (1-3)
A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano

27
de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão intestinal. Nessa

3:
fase a criança tem de aprender a controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar com

:3
a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. Como na fase oral, também

15
os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da personalidade. A fixação

2
02
nessa fase ocasiona a neurose obsessivo-compulsiva (anancástica)

/2
III - A fase fálica (3-5) Complexo de Édipo

08
3/
A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo Freud pela

-0
importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pênis; nessa fase prazer e
om
desprazer estão, assim, centrados na região genital. As dificuldades dessa fase estão ligadas ao
l.c

direcionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas


ai

resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com
gm

o genitor de mesmo sexo.


@

O complexo de Édipo representa um importante passo na formação do superego e na


ra
ai

socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende a seguir os valores dos pais. Essa solução
m

de compromisso permite que tanto o ego (através da diminuição do medo) e o id (por o menino
li.
ril

poder possuir a mãe indiretamente através do pai, com o qual ele se identifica) sejam parcialmente
-g

satisfeitos.
1
-0

O conflito vivenciado pelas meninas é parecido, mas menos intenso. A menina deseja o
78

próprio pai, em parte devido à inveja que sente por não ter um pênis (al. Penisneid); ela sente-se
.5

castrada e dá a culpa à própria mãe. Por outro lado, a mãe representa uma ameaça menos séria, uma
20
.8

vez que uma castração não é possível. Devido a essa situação diferente, a identificação da menina
92

com a própria mãe é menos forte do que a do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma
-2

consciência menos desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela pesquisa empírica. Freud
li

usou o termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores posteriores limitaram o uso da
ril
G

expressão aos meninos, reservando para as meninas o termo "complexo de Electra".


ra

Para os meninos é a castração que os faz superar o complexo de Édipo, quando é


ai
M

instaurada a lei da proibição gerando a interdição paterna. Para as meninas é justamente a castração
que faz iniciar Complexo de Édipo.
A resolução do Complexo: a ansiedade de castração nos meninos fará com que eles
abandonem seus desejos incestuosos pela mãe e superem o complexo identificando-se ao pai. As
meninas também passam a identificar-se com a mãe e assumem uma identidade feminina. Passa a
buscar nos homens similaridades do pai.
IV - O período de latência (5 – puberdade)
Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que se
estende até a puberdade. Nessa fase as fantasias e impulsos sexuais são reprimidos, tornando-se
secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de valores e normas sociais se tornam a
atividade principal da criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego.
V- A fase genital (puberdade)
A última fase do desenvolvimento psicossexual é a fase genital, que se dá durante a
adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e acompanhando as

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mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se dirigem a uma pessoa do sexo
oposto. Como se depreende da explanação anterior, a escolha do parceiro não se dá independente
dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases anteriores.
Além disso, apesar de continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos
típicos das fases anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a
uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta.
Em resumo:
Estágio Idade Zona Erógena Conflito Consequências
Estágio Oral 0 – 18 meses Boca Desmame Dependência,
agressividade verbal,
gosto pela discussão e
tendência exagerada
pela satisfação oral

27
Estágio Anal 18 meses – 3 Ânus Aprendizagem do Tendência para a

3:
anos controle da crueldade, violência e

:3
15
defecção rebeldia

2
Estágio Fálico 3 – 6 anos Órgãos Complexo de Personalidade bipolar

02
genitais Édipo e Electra e falta de maturidade

/2
08
no plano afetivo

3/
Estágio de 6 – 11 anos Centra-se no Não existe Não há fixação alguma

-0
Latência mundo físico e nenhum conflito
om
não no seu
l.c

corpo
ai

Estágio Após a Órgãos Preocupação com Capacidade de amar e


gm

Genital puberdade genitais o bem estar sexual cuidar e


@
ra

da pessoa amada ultrapassagem da


ai

sexualidade auto-
m
li.

erótica
ril
-g

Caráter
1
-0

A fixação nas fases de desenvolvimento freudianas identifica o tipo de caráter que a pessoa
78

possui (caráter oral, anal, fálico ou genital). O caráter oral é caracterizado pelo otimismo, a
.5
20

passividade e a dependência. Para Freud, os transtornos alimentares poderiam se dar às dificuldades


.8

na fase oral. O caráter anal é caracterizado por três traços que são: ordem, parcimônia (econômico)
92

e teimosia. O caráter fálico, por sua vez, gera dificuldades na formação do superego (regras sociais),
-2

na identidade do papel sexual e até mesmo na sexualidade, envolvendo inibição sexual,


li
ril

promiscuidade sexual e homossexualismo. Não há fixação alguma na fase da latência. E, por fim, o
G

caráter genital é descrito como o ideal freudiano do desenvolvimento pleno, que se desenvolve na
ra
ai

ausência de fixações ou depois da sua resolução por meio de uma psicanálise. Contudo, o indivíduo
M

livre de conflitos pré-edípicos significativos, aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se


com a satisfação do companheiro sexual, evitando assim a manifestação de um narcisismo egoísta.
Assim sua energia psíquica sublimada fica disponível para o trabalho, que é prazeroso5.

Os mecanismos de Defesa
O ego muitas vezes não consegue lidar com as demandas do Id e com as cobranças do
superego. Assim, surgem os Mecanismos de Defesa, que são defesa bem sucedida contra a
ansiedade, pois ele diminui a tensão. Destaca-se que os mecanismos de defesa contra a ansiedade
podem ser encontrados em indivíduos saudáveis, porém quando estão fortemente associados e
trazem dificuldades sociais caracterizam-se enquanto neuroses.
A seguir apresento os mecanismos de defesa mais comuns:
• Repressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações
demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e recalcando-
os para o inconsciente; o que é desagradável é, assim, esquecido;

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• Formação Reativa: consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos


opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados.
• Projeção consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não
pode admitir como suas.
• Regressão consiste em retornar a comportamentos imaturos, característicos de
fase de desenvolvimento que a pessoa já passou.
• Fixação é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar.
Uma parte da libido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite
que a criança passe completamente para o próximo estádio. A fixação está relacionada com a
regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado estádio do
desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação nesse estádio.
• Sublimação é a satisfação de um impulso inaceitável através de um
comportamento socialmente aceito. Expressão de impulso recalcado de forma criativa e produtiva.

27
• Identificação é o processo pelo qual um indivíduo assimila um aspecto, uma

3:
característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o agressor.

:3
15
• Deslocamento é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis,
não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são direcionados a terceiros.

2
02
• Negação é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o Ego.

/2
08
• Racionalização é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para

3/
pensamentos e ações inaceitáveis.

-0
• Isolamento: Uma ideia ou ato sofre o rompimento de suas conexões com outras
om
idéias e pensamentos.
l.c

Para finalizar essa descrição dos mecanismos de defesa, faço uma didática diferenciação
ai

entre recalque e repressão.


gm

Recalcamento/Recalque Repressão
@
ra

“Operação pela qual o sujeito procura “Operação psíquica que tende a


ai

repelir ou manter no inconsciente representações fazer desaparecer da consciência um


m
li.

(pensamentos, imagens, recordações) ligadas a conteúdo desagradável ou inoportuno:


ril

uma pulsão. ideia, afeto, etc. Os conteúdos tornam-se


-g

pré-conscientes”. É um mecanismo
1
-0

consciente, que atua como censura. A moral


78

do sujeito está ligada a este mecanismo.


.5
20
.8
92

M. Klein
-2
li
ril
G

A teoria de Melanie Klein é de difícil simplificação, porém, não é Lacan. Brincadeiras a


ra

parte, nós temos a tarefa de entender a lógica de raciocínio desta teórica e seus principais conceitos
ai
M

acerca da personalidade humana. Para isso, temos de partir da sua teoria de desenvolvimento, pois,
como pressuposto fundamental de quase todos os psicanalistas, existe um determinismo psíquico
inerente à condição humana.
Melanie Klein foi uma famosa psicanalista e ganhou notoriedade na sua teorização sobre
a infância, foi uma das pioneiras em análise infantil junto com Anne Freud. É importante salientar
que muitos de seus estudos eram críticas a vertente da herdeira de Freud. Klein, por exemplo, excluiu
os pais do tratamento porque acreditava que o problema fundamental das crianças era
intrapsíquico.
Ela desenvolveu uma teoria sobre a relação mãe-filho que ficou conhecida como teoria
das relações objetais e a riqueza de sua teoria está, na opinião de muitos estudiosos da linha, na
demonstração da função do superego no desenvolvimento psíquico, na sua descrição das defesas
primitivas características do transtorno de personalidade limítrofe e psicose e no seu uso do
brinquedo com crianças como um meio para a interpretação. Pra Klein, objetos são estruturas
mentais que se desenvolvem através da experiência do sujeito com o mundo externo. Esses objetos

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são representações e é a partir destas que o eu se desenvolve. A representação psíquica dos objetos
introjetados pela criança é enviesada pelas fantasias. A criação de uma relação objetal ocorre
quando o impulso instintivo liga um afeto (incorporado ao ego) a um objeto externo, dando-lhe
sentido de vida ou de morte. Melanie Klein distingue dois momentos no primeiro ano de vida do
bebê: posição esquizo-paranoide (até os 6 meses) e posição depressiva (de 6 meses até 1 ano de
idade). Essas duas posições estão dentro da fase oral freudiana.
O conceito de posições é muito importante na escola kleiniana, pois o psiquismo funciona
a partir delas, e todos os demais desenvolvimentos são invariavelmente baseados em seu
funcionamento. Nesse sentido, o desenvolvimento em fases, proposto por Freud (fase oral, fase
anal e fase genital), é aqui substituído por um elemento mais dinâmico que estático, pois as três
fases estão presentes no bebê desde os três primeiros meses de vida. Klein não nega essa divisão,
muito pelo contrário, mas dá a elas uma dinâmica até então ainda não vista em psicanálise.

27
Para Klein, o psiquismo tem um funcionamento dinâmico entre as posições

3:
esquizoparanóide e depressiva, que se inicia como o nascimento e termina com a morte. Todos os

:3
15
problemas emocionais, como neuroses, esquizofrenias e depressão são analisados a partir dessas
duas posições. Por isso, em uma análise kleiniana, não basta trabalhar os conteúdos reprimidos, é

2
02
preciso “equacionar” as ansiedades depressivas e persecutórias. É necessário que o paciente

/2
08
perceba que o mundo não funciona em preto e branco, e que é possível amar e odiar o mesmo objeto,

3/
sem medo de destruí-lo. Em outras palavras, não adianta trabalhar o sintoma (neurose) se não

-0
trabalhar os processos que levaram seus surgimentos (ansiedades persecutória e depressiva).
om
Vamos aprofundar um pouco mais o estudo das posições kleinianas. O conceito de
l.c

“posição” remete a uma configuração específica de relações objetais, ansiedades e defesas,


ai

presentes ao longo de toda a vida, e não somente durante uma fase ou período do desenvolvimento.
gm

A experiência do nascimento a primeira fonte externa de ansiedade, pois durante a


@

gestação o bebê experimenta um sentimento de unidade e segurança que é perturbado pelo


ra
ai

nascimento. Observe que o ego está presente na teoria kleiniana desde o nascimento. Ele já sente
m

ansiedade, cria mecanismos de defesa e forma relações de objeto primitivas, na fantasia e na


li.
ril

realidade. Porém, esse ego é amplamente desorganizado e, quando confrontado com a ansiedade,
-g

tende a clivar-se (dividir-se) para defender-se desta ansiedade.


1
-0

O seio da mãe é o primeiro objeto internalizado pelo bebê (Objeto Primal). É importante
78

destacar que esse primeiro objeto possui, inicialmente, uma posição ambivalente para a criança,
.5

sendo considerado ou “seio bom”, quando amamenta, ou “seio mau”, quando não alimenta a
20
.8

criança na hora em que a mesma deseja. Aqui, os bebês sentem, logo quando nascem, dois
92

sentimentos básicos: amor e ódio. É fácil, portanto, perceber que a criança ama o “seio bom” e odeia
-2

o “seio mau”. O problema é que na fantasia da criança, o “seio mau”, esse objeto interno, vai se vingar
li
ril

dela pelo ódio e destrutividade direcionados a ele. Esse medo de vingança é chamado de ansiedade
G

persecutória ou paranóide. O conjunto de ansiedade persecutória e suas respectivas defesas são


ra

chamados por Klein de “posição esquizoparanóide”. Por conta dessa visão fragmentada, o bebê
ai
M

não reconhece “pessoas”, mas apenas partes delas. Aqui existe a ansiedade que se expressa pelo
temor de que os objetos maus entrarem no ego e dominem tanto o objeto ideal quanto o self.
Os mecanismos de introjeção da representação do seio materno e a clivagem do objeto
devem ser entendidos à luz do conceito de pulsão de morte e pulsão de vida freudianos.
Concomitante ao nascimento, já se inicia o embate permanente entre o instinto de vida e o de morte,
representando uma pressão sobre o ego no sentido deste se organizar para responder ao paradoxo:
ou se organiza para satisfazer suas próprias necessidades (pulsão de vida) ou para negar suas
próprias necessidades (pulsão de morte). A pulsão de morte se expressa por meio de ataques
invejosos (inveja primária) e sádico-destrutivos contra o seio materno. Essas pulsões provocam
internamente a “angústia de aniquilamento” ou “ansiedade de morte”. É neste contexto que o ego
rudimentar do recém-nascido assume a posição de defesa contra a angústia através de mecanismos
primitivos, como a negação onipotente, a dissociação, a identificação projetiva, a introjeção e a
idealização.

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O contato com o seio mau produz ansiedade, advinda da pulsão de morte. O ego deflete
essa ansiedade em parte, pela projeção, e, em parte, pela conversão desta em agressividade. O ego
se divide e projeta a parte que contém a pulsão de morte no objeto externo original, o seio materno,
que passa a ser sentido como mau e ameaçador para o ego. Assim, o temor de aniquilamento
transforma-se em sentimento de perseguição – ansiedade persecutória ou paranóide. Destaco,
novamente, que nesse período o bebê se relaciona de forma parcial com o objeto. O mesmo processo
ocorre com a libido, que, em parte, é projetada no objeto externo original, o seio, a fim de criar um
objeto capaz de satisfazer o esforço egóico pela preservação da vida, e, em parte, permanece, sendo
usada para estabelecer uma relação libidinal com este objeto ideal. Com objetivo de superar a essa
ansiedade persecutória, o bebê desenvolve um processo esquizóide de forma que o objeto mau é
internalizado como sendo diferente do objeto bom. Essa cisão do objeto resulta também em uma
clivagem do eu do bebê (eu bom e eu mau).
Na passagem da posição esquizoparanóide para a posição depressiva ocorre uma síntese

27
entre a imagem do objeto do seio materno com a representação da mãe. Com a superação da

3:
posição esquizoparanóide, o bebê passa a reconhecer a mãe como um objeto total (bom e mau).

:3
Essa é a característica da posição depressiva. Ele percebe que o mesmo objeto que odeia (seio mau)

15
é o mesmo que ama (seio bom) e ambos os registros fazem parte de uma mesma pessoa. Tal processo

2
02
de síntese desencadeia mudanças no desenvolvimento: surgem a ansiedade depressiva e a culpa, a

/2
agressão é mitigada pela libido, o que diminui a ansiedade persecutória, o temor pelo destino dos

08
3/
objetos, externo e interno, ameaçados leva a uma identificação mais forte com ele; o ego, portanto,

-0
se esforça para fazer reparações e, além disto, inibe os impulsos agressivos sentidos como perigosos
om
para o objeto amado. Agora o bebê teme perder o seio bom, pois teme que seus ataques de ódio e
l.c

voracidade o tenham danificado ou morto. Esse temor da perda do objeto bom é chamado por Klein
ai

de “ansiedade depressiva”. O conjunto de ansiedade depressiva e suas respectivas defesas são


gm

chamados por Klein de “posição depressiva”.


@

A posição depressiva tem início com o reconhecimento da mãe como uma pessoa ou
ra
ai

objeto total e caracteriza-se pela relação com objetos totais e pelo predomínio da integração,
m

ambivalência, ansiedade depressiva e culpa. O principal temor é o de que seus próprios impulsos
li.
ril

agressivos tenham destruído, ou destruam o objeto que ele ama e do qual depende. Como
-g

decorrência desta experiência depressiva, o temor de ter perdido o objeto bom pela sua própria
1
-0

agressividade, surge a culpa, mobilizando o desejo de reparar seu objeto destruído.


78

Observe a tabela abaixo:


.5

Fase Freudiana Posição para M Klein Objeto (Klein)


20
.8

Oral Posição Esquizo-paranóide – conjunto de ansiedade Seio


92

persecutória. Ocorre a clivagem do objeto em “seio bom”


-2

e “seio mau”.
li
ril

Oral Posição Depressiva – conjunto de ansiedade depressiva. Mãe


G

Ocorre a clivagem do objeto em “mãe boa” e “mãe má”.


ra
ai
M

A teoria de Melanie Klein parte de alguns pressupostos comuns à teoria Freudiana, como,
por exemplo:
a) a agressão e a libido são os dois instintos básicos.
b) o instinto agressivo é uma extensão do instinto de morte
c) a libido uma extensão do instinto de vida.
Como divergências a Teoria Freudiana podemos destacar:
a) Klein divergiu de Freud na suposição de que o ego existe ao nascimento. Ela
acreditava que o instinto de morte é traduzido após o nascimento em sadismo oral, o qual, projetado
para fora, dá lugar às fantasias de um seio mau, destrutivo, devorador. Tanto agressão como libido
são expressas desde o nascimento em diante por fantasias inconscientes.
b) Klein diferenciou inveja, ganância e ciúme como manifestações do instinto
agressivo.
Melanie Klein enfatizou o papel do superego, que assim como na teoria freudiana, ele
coloca valor sobre o comportamento e ele pune ou proíbe o comportamento que ele considera ser

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errado ou mau. O superego tem qualidades persecutórias (derivadas de introjetos persecutórios) e


exigentes (derivadas dos aspectos exigentes dos pais bons idealizados). Diferente do ego, que existe
desde o nascimento, Klein sustentou o superego começa a desenvolver-se durante a posição
depressiva, pois a pressão de superego excessiva causa regressão para a posição esquizoparanóide.
O superego desenvolve-se a partir de maus objetos experimentados como persecutórios. Enquanto
o ego assimila os objetos com os quais ele pode identificar-se positivamente, o superego assimila os
aspectos proibitivos exigentes destes objetos.
Decorrente dessa teoria de desenvolvimento de Melanie Klein, nós temos a conclusão
basilar para a teoria de personalidade para esta autora: dos mecanismos de projeção e introjeção,
que possibilitam a defesa (contra a ansiedade) advém o desenvolvimento de nossos mecanismos de
projeção e introjeção nas outras fases da vida. Assim, não são apenas projetados os estados
perturbadores, mas também partes do próprio self, da própria personalidade humana. Assim,
podemos viver parte de nossas vidas projetados (em fantasia) no mundo interno de outra pessoa, ou

27
podemos ter parte de nossas vidas vividas em identificação com aspectos da vida de outrem. Esse

3:
mecanismo é denominado por Klein de introjeção projetiva, um de seus mais importantes legados

:3
conceituais. Assim, o que é projetado para fora, isto é, para dentro de um objeto, não só é perdido

15
como também confere nova identidade a esse objeto. Da razão entre objetos introjetados bons e

2
02
maus resultará o equilíbrio e a ansiedade do indivíduo. Objetos bons neutralizam os objetos internos

/2
maus, mas mesmo sob circunstâncias ideais predominantemente bons objetos de superego são

08
3/
contaminados pelos objetos maus.

-0
Os últimos pontos convenientes a serem destacados é que embora Klein concordasse que
om
fatores ambientais podem desempenhar um papel em estimular a agressão excessiva, ela enfatizou
l.c

como a causa de distúrbio emocional a força inata da agressão, aliada à formação de ansiedade
ai

excessiva do ego e baixa tolerância de ansiedade. Por fim, à título de recapitulação, para Melanie
gm

Klein, existe uma diferença entre a ansiedade: paranóide e a ansiedade depressiva. Nesta, existe o
@

medo da perda do amor enquanto que naquela existe a ameaça à integridade do ego.
ra
ai
m
li.
ril

D. Winnicott
-g
1
-0
78
.5

Sabemos que a teoria freudiana tradicional possui pontos essenciais:


20
.8
92

a) aceitação da sexualidade, inclusive a infantil, como fenômeno humano normal;


-2

b) importância do passado infantil na vida em geral;


li

c) conciliação da integração, normalidade de uma pessoa com a idéia de múltiplas


ril
G

personalidades, crenças, etc. (teorias do recalque, do inconsciente, do conflito).


ra

Para Freud, justamente, vivemos em permanente conflito entre nossas pulsões (sexual/de
ai
M

morte) e algo que nos impede de fazer o que gostaríamos: de um lado, o sexo, de outro, a lei, o pai
(assujeitado, ou o Nome-do-Pai, como colocou Lacan). Por conseguinte, o sujeito é desamparado,
sentindo-se muitas vezes joguete de certas forças, tanto internas quanto externas. Vive-se uma
cultura plena de interdições, sendo fácil sentir-nos reféns de valores que nos são estranhos: nosso
destino é a insatisfação, o mal-estar, sendo impossível encontrar uma saída. Winnicott vai se insurgir
contra isso. Para ele, posso aceitar perfeitamente a clínica de Freud sem me subordinar a todos os
seus pressupostos. Ele propõe uma clínica um pouco mais otimista que a existente na psicanálise
ortodoxa sem, no entanto, rebelar-se contra seus pressupostos básicos. Ele enfatiza a experiência
cultural, e, também, abre perspectivas para uma vida em que não só haja ausência de sintomas, mas
em que a criatividade possa ser compreendida como sinônimo de saúde.

Outro conceito muito presente na obra de Winnicott é o "brincar". Através dessa atividade
pode-se observar o grupo interagindo e consequentemente os mecanismos presentes no universo
psíquico da família, que são expressos através de uma atividade relacional.

48
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Para Winnicott, a mãe deve ter três aspectos (passíveis de análise): holding (nutrição física
e psicológica), handling e apresentação de objetos. Do mesmo modo, o terapeuta deve administrar
esses três aspectos para uma efetiva análise. Esses três quesitos servem para a satisfação das
necessidades ligadas ao desenvolvimento psíquico.
a) Apresentação do objeto: começa com a primeira refeição do bebê e é a qualidade
da mãe demonstrar-se como passível de ser substituída, e apresentar novos modos da criança agir
no ambiente, por conta do seu próprio esforço e criatividade.
b) Holding: Através dos cuidados cotidianos, com seqüências repetitivas, a mãe
segura o bebê não somente física, mas psiquicamente, dando apoio ao eu do bebê em seu
desenvolvimento. Refere-se à relação da dupla mãe-bebê no desenvolvimento de uma
personalidade e determina as interações sociais e patogenias que o sujeito desenvolverá
futuramente. A sustentação compreende, em especial, o fato físico de sustentar a criança nos braços,
e que constitui uma forma de amar. A mãe funciona como um ego auxiliar. Winnicott propõe que,

27
durante os últimos meses de gestação e primeiras semanas posteriores ao parto, produz-se na mãe

3:
um estado psicológico especial, ao qual chamou de “preocupação materna primaria”. A mãe adquire

:3
graças a esta sensibilização, uma capacidade particular para se identificar com as necessidades do

15
bebê.

2
02
c) Handling: é a manipulação do bebê enquanto ele é cuidado, necessária ao seu

/2
bem-estar físico, e assim aos poucos ele se experimenta como vivendo dentro de um corpo, unindo-

08
3/
o à sua vida psíquica. Faz referência à manipulação do bebê pelas mãos cuidadosas da mãe, e

-0
contato físico da dupla, que construirá as noções corporais ainda frágeis do bebê
om
A fase inicial da vida, que compreende o nascimento aos seis meses, caracteriza-se pela
l.c

condição de dependência absoluta do bebê em relação ao meio, aos cuidados maternos. Mas ainda
ai

que dependa inteiramente do que lhe é oferecido pela mãe, é importante considerar o
gm

desconhecimento do bebê em relação ao seu estado de dependência, já que em sua mente ele e o
@

meio são uma coisa só. Idealmente, é pela perfeita adaptação às necessidades do bebê que a mãe
ra
ai

permite o livre desenrolar dos processos de maturação.


m

O ser humano, para Winnicott, nasce como um conjunto desorganizado de pulsões,


li.
ril

instintos, capacidades perceptivas e motoras que conforme progride o desenvolvimento vão se


-g

integrando, até alcançar uma imagem unificada de si e do mundo externo. Quando a mãe não
1
-0

fornece a proteção necessária ao frágil ego do recém-nascido; a criança perceberá esta falha
78

ambiental como uma ameaça à sua continuidade existencial, a qual, por sua vez, provocará nela a
.5

vivência subjetiva de que todas as suas percepções e atividades motoras são apenas uma resposta
20
.8

diante do perigo a que se vê exposta. Pouco a pouco, procura substituir a proteção que lhe falta por
92

uma “fabricada” por ela. O sujeito vai se envolvendo em uma casca, às custas da qual cresce e se
-2

desenvolve o self. O individuo vai se desenvolvendo como uma extensão da casca, como uma
li

extensão do meio atacante.


ril
G

Winnicott diz que a “mãe boa” é a que responde a onipotência do lactante e, de certo
ra

modo, dá-lhe sentido. O self verdadeiro começa a adquirir vida, através da força que a mãe, ao
ai
M

cumprir as expressões da onipotência infantil, dá ao ego débil da criança. A mãe que “não é
suficientemente boa” é incapaz de cumprir a onipotência da criança, pelo que repentinamente deixa
de responder ao gesto da mesma, em seu lugar coloca o seu próprio gesto, cujo sentido depende da
submissão ou acatamento do mesmo por parte da criança. Esta submissão constitui a primeira fase
do self falso e é própria da incapacidade materna para interpretar as necessidades da criança.
Nos casos mais próximos da saúde, o self falso age como uma defesa do verdadeiro, a
quem protege sem substituir. Nos casos mais graves, o self falso substitui o real e o indivíduo.
Winnicott diz que na saúde o self falso se encontra representado por toda a organização da atitude
social cortês e bem educada. Produziu-se um aumento da capacidade do individuo para renunciar a
onipotência e ao processo primário, em geral, ganhando assim um lugar na sociedade que jamais se
pode conseguir manter mediante unicamente o self verdadeiro. O falso self, especialmente quando
se encontra no extremo mais patológico da escala, é acompanhado geralmente por uma sensação
subjetiva de vazio, futilidade e irrealidade.

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Psicologia do Desenvolvimento

Em proporções variadas, todos os seres humanos apresentam dois aspectos do self: um


verdadeiro e um falso. O self verdadeiro, resultante da aceitação dos gestos espontâneos do bebê
pela mãe, corresponde à pessoa que se constitui a partir do emprego de suas tendências inatas. Por
outro lado, quando as falhas do ambiente ameaçam a continuidade existencial do bebê, ele deforma
o seu verdadeiro self submetendo-se às exigências ambientais, o que leva à construção de um falso
self. Neste caso, o falso self é o traço principal da reação do bebê às falhas de adaptação da mãe. A
criança se submete às pressões de uma mãe que lhe impõe uma maneira inadequada de exprimir
suas tendências inatas e que, consequentemente, obriga-o a adotar um modo de ser falso e artificial
(coloca o seu próprio gesto).
Desse modo, a mãe incapaz de se identificar com as necessidades do bebê é denominada
mãe insuficientemente boa, que pode ser representada por uma mãe real ou uma situação, por
exemplo, quando os cuidados são exercidos por diversas pessoas. A criança se depara então com
uma mãe dividida em partes, e experiência os cuidados em sua complexidade, e não pela

27
simplicidade que seria desejável.

3:
Na segunda fase do desenvolvimento da criança, que se estende do sexto mês aos dois

:3
anos, ela se encontra num estado de dependência relativa em relação ao meio. Neste momento, a

15
criança se conscientiza de sua sujeição, e consequentemente tolera melhor as falhas de adaptação

2
02
da mãe, e dessa forma se torna capaz de tirar proveito delas para se desenvolver. A criança já é capaz

/2
de se situar no tempo e no espaço, o que permite reconhecer as pessoas e objetos como parte da

08
3/
realidade externa e perceber a mãe como separada dela, como também realizar uma união entre sua

-0
vida psíquica e seu corpo. Por parte da mãe, passa a haver uma identificação com o filho menos
om
intensa, reintroduzindo então “falhas de adaptação” moderadas.
l.c
ai

Mãe Suficientemente boa à proporciona o desenvolvimento do verdadeiro self


gm

Mãe insuficientemente boa à proporciona o desenvolvimento do falso self


@
ra
ai

Por conseguinte, após a desilusão por perceber que a fantasia não corresponde à
m

realidade, a criança desenvolve atividades que permitem uma sustentação, um apoio frente à
li.
ril

angústia, como levar à boca algum objeto externo (travesseiro, pano, etc.), segurar, se acariciar ou
-g

chupar um pedaço de tecido, balbucios, etc. Tais atividades foram denominadas fenômenos
1
-0

transicionais, e estes objetos utilizados foram chamados de objetos transicionais.


78

O termo ―transicional indica que essa atitude da criança ocupa um lugar intermediário
.5

entre as realidades externa e interna, numa tentativa de amortecer o choque provocado pela
20
.8

conscientização da tensão entre ambos os aspectos de sua vida. Este espaço existente entre o
92

mundo interior e mundo externo é chamado de espaço transicional, que persiste ao longo de toda a
-2

vida, sendo ocupado por atividades lúdicas e criativas diversificadas através das quais o ser humano
li

busca aliviar a permanente tensão. Antes de tudo, o surgimento dessa dimensão transicional no
ril
G

desenvolvimento da criança é sinal de que a mãe da primeira fase foi suficientemente boa.
ra

E, por fim, cito as características do atendimento segundo Polity (1998)


ai
M

“Do terapeuta suficientemente bom não se espera outras qualidades, que não aquelas que
a atitude sensível de um ser humano comum possa reunir. Entre elas a capacidade de "ouvir o outro,
voz que enuncia, do fundo e de dentro da precariedade de seu existir, os seus desejos e as suas
necessidades". Mas, tal lugar, só e possível a partir de um lugar onde também o terapeuta possa
reconhecer, de fato, o quão frágil e precária é a sua própria existência, e que neste aspecto
fundamental, a distância entre ele e seus pacientes é praticamente inexistente.”

Fonte: http://www.winnicott.com.br/texto_detalhe.asp?txi_ID=43

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Psicologia do Desenvolvimento

A Infância para Winnicott


Winnicott tem uma classificação própria dos períodos de desenvolvimento humano -
distinto de Freud e de Klein, mas ainda correlacionada. É possível descrever didaticamente as fases
de desenvolvimento infantil a partir do grau de dependência e do grau de desenvolvimento psíquico
do bebê. Sobre o grau de dependência:
(a) Fase da Dependência Absoluta (0 – 6 meses)
A fase inicial da vida, que compreende o nascimento aos seis meses, caracteriza-se pela
condição de dependência absoluta do bebê em relação ao meio, aos cuidados maternos. Mas ainda
que dependa inteiramente do que lhe é oferecido pela mãe, é importante considerar o
desconhecimento do bebê em relação ao seu estado de dependência, já que em sua mente ele e o
meio são uma coisa só. Idealmente, é pela perfeita adaptação às necessidades do bebê que a mãe
permite o livre desenrolar dos processos de maturação.

27
(b) Fase da Dependência Relativa (dos 6 meses aos 2 anos).

3:
:3
O bebê começa a reconhecer objetos fora da relação mãe-bebé. Ele começa ainda

15
considera a mãe como um objeto unificado com o ambiente, mas começa a perceber que seu self é

2
02
diferente do ambiente. Aqui cabe a discussão entre a mãe suficiente boa e a que não é

/2
suficientemente boa (que faremos posteriormente).

08
(c) Fase de independência relativa

3/
-0
Vai dos dois anos até o final da vida. Aqui a criança busca a construção da identidade e a
formação de regras sociais
om
Sobre estas fases é digno de nota:
l.c
ai

Inicialmente o bebê se encontra num estágio de dependência absoluta, que vai passando
gm

para uma dependência relativa, seguindo seu rumo a uma independência relativa.
@

No estágio de dependência absoluta, o bebê não tem consciência desta dependência e


ra

não distingue o eu do não-eu. Nesta fase a mãe-ambiente propicia os cuidados necessários para a
ai
m

construção do self aliada com a capacidade de incorporar um meio ambiente interno cuidador,
li.
ril

tornando cada vez mais possível a integração.


-g

Gradualmente a dependência vai diminuindo e o bebê pode então separar os objetos,


1

fazendo a separação entre eu e não-eu, passando a perceber o que é ambiente e o que é self.
-0
78

Entramos agora no estágio da dependência relativa, aonde o bebê vai tomando consciência dessa
.5

dependência, afastando-se deste ambiente e fazendo-se notar por este.


20

A construção da confiança no ambiente, assim como o aparecimento da compreensão


.8
92

intelectual propiciam a criança a alcançar o estágio de independência relativa, já que segundo


-2

Winnicott, nunca seremos completamente independentes do ambiente.


li

Fonte: http://www.psicologianocotidiano.com.br/articulistas/articulista26.php
ril
G
ra

É interessante salientar que Winnicott também descreve fases de desenvolvimento


ai
M

psíquico/emocional em três fases correlatas às exibidas anteriormente – o foco, desta vez, é a


integração psíquica e como mundo.
(a) Integração e personalização
O bebê nasce em um estado de não integração (psiquicamente desorganizado e imaturo).
Os núcleos do ego estão dispersos e, para o bebê, constituem uma unidade com o meio ambiente.
Assim, podemos dizer que o bebê acredita que o espaço exterior é uma continuidade do ambiente
psíquico. Busca-se a integração dos núcleos do ego – que ocorre fundamentalmente com o holding
- e a diferenciação do próprio organismo em relação ao ambiente. A esse processo de identificação
da distinção existente entre o próprio self e o ambiente, Winnicott deu o nome de “personalização”.
Veremos mais adiante o papel do holding. As necessidades do ego são entendidas aqui como os
cuidados físicos e os psíquicos. Essa personalização serve para que a criança faça a distinção entre o
self e o não self (o eu e o não-eu). Mesmo que o self perceba o mundo distinto de si como sendo
ameaçador, Winnicott fala que essas ameaças são neutralizadas, dentro do desenvolvimento sadio,
pela existência do cuidado amoroso por parte da mãe.
(b) Adaptação à realidade

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Nessa fase, a criança tem um ego relativamente integrado e a consciência que seu corpo
forma uma unidade psicológica e somática distinta do ambiente e da mãe. É digno de destaque
mencionar que essa unidade psicológica habita a unidade corporal. Ela agora passa a buscar a
adaptação da realidade em que vive através da introjeção de conceitos e mudanças em suas
fantasias. Nessa fase, que se estende do sexto mês aos dois anos, ela se encontra num estado de
dependência relativa ao meio e se conscientiza de sua dependência. Aqui ele tolera melhor as falhas
de adaptação da mãe, e dessa forma se torna capaz de tirar proveito delas para se desenvolver. Ela
também já é capaz de se situar no tempo e no espaço, o que permite reconhecer as pessoas e objetos
como parte da realidade externa e perceber a mãe como separada dela, como também realizar uma
união entre sua vida psíquica e seu corpo. Por parte da mãe, passa a haver uma identificação com o
filho menos intensa, reintroduzindo então “falhas de adaptação” moderadas. Essa adaptação é
importante para que ele lide com a agressividade e com a integração das diferentes imagens que tem
de sua mãe e do mundo.

27
(c) Crueldade primitiva (fase de pré-inquietude)

3:
Para Winnicott, a agressividade é um atributo normal da natureza humana, e a criança

:3
pequena tem uma cota inata de agressividade – expressa em determinadas condutas hetero e

15
autodestrutivas. Aqui, a visão da mãe má e da mãe boa (parecido com a concepção kleiniana) se

2
02
fundem e é mais fácil entender o papel da própria agressão sobre a mãe. O bebê adquire a noção de

/2
que suas próprias pulsões não são tão danosas e pode, pouco a pouco, aceitar a responsabilidade

08
3/
que possui sobre elas.

-0
om
l.c

Como você já deve ter percebido, Winnicott retira do Pai a importância dada por
ai

Freud/Lacan/Klein e outros. Essa triangulação (bebê, pai e mãe) não existe aqui com tanta ênfase.
gm

Posteriormente, no livro Deprivation and Deliquency, ele descreve que a relação do pai com a criança
@

está no mesmo nível suplementar que a relação dos avós, tios e irmãos com a criança. Que fique bem
ra
ai

claro: o que importa é a criança e a mãe. Outro problema que surge é que ele, apesar de ter
m

identificado fases do desenvolvimento, pouco faz referência a elas de forma explícita. Em verdade,
li.
ril

até é jocoso ao afirmar que não tem problema algum nas fases variarem em meses. Sua ênfase maior
-g

acaba sendo o desenvolvimento visto através da relação mãe-bebê. Destaco que o desenvolvimento
1
-0

de crianças e adolescentes é um processo biológico e natural. Apenas condições externas podem nos
78

tirar desse roteiro comum.


.5

A mãe, algumas semanas antes do nascimento da criança, desenvolve uma preocupação


20
.8

materna primária. Ela adquire graças a esta sensibilização, uma capacidade particular para se
92

identificar com as necessidades do bebê. Dessa preocupação decorre a abnegação de si e o


-2

desempenho do papel de uma mãe suficientemente boa (sinônimo de mãe dedicada). Com o passar
li
ril

do tempo essa preocupação se dissipa e, após o período de amamentação e relativa estabilidade do


G

ambiente da mãe e da criança, começa a ocorrer uma jornada para a dependência relativa.
ra

Segundo Winnicott:
ai
M

Um grande estresse é depositado na capacidade da mãe em identificar as necessidades do


bebê. Esse processo é chamado de “preocupações maternais primárias”. O papel do pai durante essa
fase é de ajudar a mãe e a criança a viverem essa intensa experiência em conjunto.
...
Dos 4 aos 9 meses de idade, o pai vai ocupar o seu lugar próprio – é a fase onde a criança
começa a discernir o pai da mãe.
Dos 9 meses aos 2 anos, parte do papel do pai é de separar a mãe do bebê em função da
necessidade da criança assumir sua posição na relação familiar. As necessidades edípicas aparecem.
Pais suficientemente bons reconhecem as necessidades do bebê e esse espaço criado irá propiciar
um desenvolvimento saudável da criança. Uma relação saudável irá aumentar enormemente as
probabilidades de que a criança, em uma idade adulta, seja capaz de sair de casa e de se cuidar
adequadamente.
Fonte: Winnicott, 2012

52
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Como você sabe, nascemos desorganizados (desintegrados), e o holding terá papel


fundamental na organização dos núcleos do ego (responsáveis pelas pulsões, instintos, capacidades
perceptivas e motoras). Para Winnicott é justamente o holding da mãe que determinará a passagem,
ou não, do estado de não-integração para a integração. Assim, é o vínculo entre a mãe e o bebê que
assentará as bases para o desenvolvimento saudável das capacidades inatas do indivíduo. A
integração ocorre quando alcançamos uma imagem unificada de si e do mundo externo.
Winnicott diz que a mãe “suficientemente boa” é a que responde a onipotência do
lactante e, de certo modo, dá-lhe sentido. É a mãe que segue o cuidado primário e que é capaz de
identificar as necessidades do bebê. A mãe que “não é suficientemente boa” é incapaz de cumprir
a onipotência da criança. É ela que priva a criança de contato emocional e dos cuidados básicos. Por
conta disso o bebê começa a desenvolver um falso self para, na fantasia que criou, reduzir a
ansiedade.
A mãe que não consegue lidar com as necessidades do recém nascido, mãe não

27
suficientemente boa, não sobrevive na mente da criança. Ao contrário, a mãe suficientemente boa

3:
sobrevive. A esse fenômeno de permanência na mente da criança chamamos de “sobrevivência do

:3
objeto”. Caso esse objeto não sobreviva na mente da criança, a mesma terá de desenvolver um falso

15
self referido anteriormente.

2
02
/2
Atenção: O falso self é o traço principal da reação do bebê às falhas de adaptação da mãe.

08
3/
A criança se submete às pressões de uma mãe que lhe impõe uma maneira inadequada de exprimir

-0
suas tendências inatas e que, consequentemente, obriga-o a adotar um modo de ser falso e artificial
om
(coloca o seu próprio gesto). Esse ego-auxiliar fabricado pelo bebê vai fazer com que o self da criança
l.c

se desenvolva dentro de uma casca de proteção ao mundo.


ai
gm
@

Mãe Suficientemente boa à proporciona o desenvolvimento do verdadeiro self


ra
ai

Mãe insuficientemente boa àproporciona o desenvolvimento do falso self


m
li.
ril

É digno de nota ressaltar que nos casos menos graves, o self falso age como uma defesa
-g

do verdadeiro self, a quem protege sem substituir. Nos casos mais graves, o self falso substitui o real
1
-0

e o indivíduo. O falso self, especialmente quando se encontra no extremo mais patológico da escala,
78

é acompanhado geralmente por uma sensação subjetiva de vazio, futilidade e irrealidade. Saliento
.5

também que em proporções variadas, todos os seres humanos apresentam os dois tipos de self!
20
.8

Mas Alyson, o falso self só existe em função da mãe que não é suficientemente boa? Não!
92

Como veremos adiante, o falso self pode ser criado, também, em função da ausência da mãe e de um
-2

ambiente que não seja capaz de sustentar os cuidados necessários ao desenvolvimento saudável.
li
ril

Winnicott descreve que a criança ao se deparar com as falhas de suas fantasias (por não
G

corresponderem a realidade), desenvolve atividades que permitem uma sustentação diante das
ra

angústias da vida. Essas atividades são chamadas de fenômenos transicionais e são expressas por
ai
M

objetos transicionais. Enquanto que para a criança um objeto transicional pode ser, por exemplo,
um travesseiro, pano ou uma chupeta, para um adolescente pode ser um grupo de convívio, uma
música ou até o computador. Essa dimensão transicional surge no segundo semestre de vida.
O objeto transicional é algo que não está definitivamente nem dentro nem fora da criança,
está entre essas duas instâncias e servirá para que o sujeito possa reduzir suas tensões e aumentar a
confiança em si. Além disso, esses objetos servem para demarcar os limites mentais da relação entre
o ambiente externo e o interno. Ao contrario do seio, que não está disponível constantemente, o
objeto transicional é conservado pela criança, e é ela mesma quem decide a distância entre ela e tal
objeto, pois a ilusão é sua. E Winnicott dá uma orientação: como os fenômenos transacionais
“representam” a mãe é essencial que ela seja vivenciado como um objeto bom.

Destaco que o surgimento dessa dimensão transicional no desenvolvimento da criança é


sinal de que a mãe da primeira fase foi suficientemente boa. Além disso, Winnicott aponta algumas
características que são comuns aos objetos transicionais:

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(a) criança afirma uma série de direitos sobre o objeto;


(b) o objeto é afetuosamente ninado e excitadamente amado e mutilado;
(c) deve sobreviver ao ódio, ao amor, e à agressão.
É curioso notar, por fim, que Winnicott considera que a atividade mental da criança é capaz
de proezas incríveis. Uma delas é de transformar, apenas em seu mundo psíquico mesmo, contextos
normais e até nefastos em lembranças e referências perfeitas. Ela converte o relativo fracasso da
adaptação em um sucesso adaptativo. E isso é relatado em nossa bibliografia em dois momentos,
quando o bebê libera a mãe de ser quase perfeita e a integra a visão de mãe e quando as crianças,
privadas de lares pouco sadios, lembram com glória de suas casas.

É valido destacar que neste processo de saúde/doença e de integração/desintegração,


muitos indivíduos são de tal maneira enfermos que não atingirão a adolescência, ou se chegam a ela
o fazem de uma maneira muito distorcida.

27
3:
:3
15
A adolescência para Winnicott

2
02
/2
08
3/
A adolescência é um fator psicossocial que varia de cultura para cultura e que, segundo o

-0
om
próprio Winnicott, só é curada com o decurso do tempo. Ela é caracterizada por mudanças puberais,
l.c
ai
gm

desenvolvimento total da capacidade sexual e manifestações secundárias ligadas a uma história


@
ra

pessoal passada - e isso inclui um padrão pessoal de organização de defesas contra a ansiedade de
ai
m
li.

vários tipos.
ril
-g
1

De onde surgem os problemas da adolescência? Para o autor em questão é o próprio


-0
78

ambiente em que o adolescente vive que propicia muitas das dificuldades. Curiosamente, este autor
.5

afirma que a cura para a adolescência pertence à natural passagem do tempo e aos processos
20

gradativos do amadurecimento. Esses dois fatores juntos (passagem do tempo e amadurecimento),


.8
92

resultam no final, no surgimento de uma pessoa adulta. Novamente vemos o mesmo princípio de
-2

integração psicológica como processo necessário para o amadurecimento.


li

Winnicott foi profícuo na produção teórica acerca dos limites do adolescente diante do
ril
G

mundo. O jovem que sabe respeitar esses limites é aquele que vivenciou adequadamente a relação
ra

amorosa com os pais e que, necessariamente, recebeu um “não” quando precisou e um “sim”
ai

quando foi necessário. Essa limitação para alguns aspectos da vida e direcionamento para outros
M

leva o adolescente a não desafiar ingenuamente o mundo através da sexualidade, das drogas, da
velocidade e da agressividade.
É interessante entender as antíteses que ocorrem na adolescência. Essas podem ocorrer
isoladamente ou concomitantemente:
a) Quadros de independência desafiadora e dependência regressiva.
b) Necessidade de liberdade ao mesmo tempo em que se sente abandonado com a
falta de controle familiar.
c) O jovem se sente onipotente e ao mesmo tempo inexperiente para resolver os
próprios problemas.
d) A família fala muito, mas comunica pouco.
O adolescente normal apresenta características que são observadas em diversos tipos de
pessoas enfermas (porém, em grau menor). A necessidade de desafiar, por exemplo, é característica
da tendência antissocial. A ambivalência entre sentir-se real e não sentir-se nada é característica da
depressão psicótica com despersonalização. A necessidade de evitar situações falsas é própria do

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psicótico (este não aceita a fórmula da transação). Outro ponto interessante da teoria de Winnicott
sobre a adolescência é o fenômeno da não aceitação de soluções falsas. Os jovens adotam uma feroz
moralidade diante do mundo que os cerca. Isso não significa que sejam congruentes ou morais, mas
tendem mais a se opor ao evidenciarem situações injustas do que adultos.
É possível esperar nessa fase o que Winnicott chamou de “depressão típica do
adolescente”. Sobre isso, fala: “a sociedade precisa incluir isto como um fato permanente e tolerá-
lo, reagir ativamente a eles até mesmo chegar a enfrentá-lo, mas não a curá-lo. A questão é: nossa
sociedade é saudável o suficiente para fazer isto?”. Aqui a depressão deve ser compreendida como
um estado de ânimo e depende daquilo que ocorreu entre a mãe e o bebê, particularmente no
período do desmame – fase em que o bebê diferencia o Eu e Não-Eu. Devemos diferenciar esse tipo
de depressão da Depressão Psicótica. A depressão psicótica surge em função de um desmame
precoce. Esse desmame precoce impede que o bebê complete o seu self (fragmentado junto com a
perda do seio materno) e pode ter várias causas: depressão materna, traumas, etc.

27
Suas ideias sobre a dinâmica do grupo de adolescentes abordam também as questões

3:
relacionadas à depressão e ao suicídio. Dando continuidade ao tema anterior ele comenta:

:3
15
A tentativa de suicídio de um dos membros é muito importante para todos os outros. Ou
acontece que um do grupo não consegue levantar-se; ele está paralisado pela depressão, e tem uma

2
02
eletrola e toca músicas dolentes; tranca-se no quarto e ninguém pode chegar perto. Os outros todos

/2
08
sabem que isto está acontecendo e de vez em quando ele sai para uma festa ou para qualquer outra

3/
coisa, e isto pode continuar toda noite ou por dois ou três dias. Tais acontecimentos pertencem ao

-0
grupo inteiro, e o grupo é inconstante e os indivíduos trocam de grupos; mas, às vezes, os indivíduos
om
membros de grupo usam os extremistas para ajudá-los a sentirem-se reais, em sua luta para
l.c

ultrapassar este período de depressão.


ai

Fonte: Winnicott (2006)


gm
@
ra

Só existe uma real cura para a adolescência: a maturação. A passagem do tempo resultará,
ai

naturalmente, no surgimento de um adulto. O adolescente é essencialmente um ser isolado. É do


m
li.

isolamento que ele se lança para caminhos que podem resultar em relacionamentos. Esses
ril

relacionamentos levam a socialização. O adolescente repete o isolamento da infância que também


-g

ocorre na infância. Esse, por sua vez, só é rompido quando consegue estabelecer uma relação com
1
-0

objetos que estão fora de sua capacidade de controle. A criança percebe que existem objetos
78

externos ao imaginário próprio. O adolescente repete esse caminho. É do isolamento e da


.5
20

necessidade de pertencer a algo que resulta a socialização.


.8

Inicialmente os adolescentes testam subjetivamente os objetos sociais. Depois, tendem a


92

se agrupar com outras pessoas que compartilhem de suas ideais, ideias e preocupações. Os jovens
-2

repudiam o que é diferente de si e de seu grupo (o não-eu) e se aproximam de quem tem interesses
li
ril

comuns. Inserem-se em grupos pela identificação. Aqui o grupo é um espaço transicional onde o
G

jovem vivencia o imaginário e o real.


ra
ai

Winnicott lembra que liberdade demais, em nome do progresso, pode ocasionar o senso
M

de deprivação. Limites são tão importantes quanto um espaço de vida adequado. Por outro lado,
muitos limites podem levar a um sufocamento enquanto que muito espaço pode levar à solidão e
desamparo.

Por fim, o autor chama a atenção para a dificuldade dos profissionais que trabalham com
os jovens, por se verem desafiados, e, ao mesmo tempo colocados no lugar de figuras primárias,
necessitando de acolhê-los como se acolhe a um bebê, que se encontra em um padrão de
dependência muito primitiva.

55
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Psicologia do Desenvolvimento

A criança e o adolescente em seu desenvolvimento


normal e psicopatológico.
Adotando uma postura mais técnica, percebemos que existem alguns transtornos de
desenvolvimento mais comuns à crianças e adolescentes. Abordaremos, em essência, os transtornos
associados ao desenvolvimento em função do direcionamento do nosso tópico. Assim, devemos
abordar os ou Transtornos do desenvolvimento psicológico. Esses transtornos podem afetar desde
as relações sociais até a comunicação, inteligência, linguagem, etc. O melhor local para estudar essas
condições é no CID – 10. Como eu sei? Temos outro tópico da aula de hoje que é a continuação deste
e os dois estão na mesma parte do CID – 10.
Segundo o CID – 10, os transtornos do desenvolvimento psicológico constituem uma
classificação médica e psicológica para os comprometimentos ou atrasos no desenvolvimento

27
estreitamente ligadas à maturação biológica do sistema nervoso central na infância. Esses

3:
:3
transtornos são de evolução contínua, ou seja sem intervalos entre os sintomas e afetam várias

15
áreas.

2
Dentro dos Transtornos do Desenvolvimento, temos os Transtornos Globais do

02
Desenvolvimento (TGD), que são transtornos que provocam graves alterações nas interações

/2
08
sociais recíprocas, comunicação e no repertório comportamental (comportamentos estereotipados

3/
e repetitivos). Nas interações sociais costumam manifestar-se nos primeiros cinco anos de vida.

-0
Caracterizam-se pelos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, assim como pelo
om
estreitamento nos interesses e nas atividades. Como exemplo de TGD temos diferentes transtornos
l.c

do espectro autista, as psicoses infantis, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Kanner e a Síndrome


ai
gm

de Rett.
@

Ainda do ponto de vista social, crianças e adolescentes com TGD apresentam


ra

dificuldades sociais significativas, como iniciar e manter uma conversa. Algumas evitam o contato
ai

visual e demonstram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas. Podem estabelecer contato
m
li.

por meio de comportamentos não-verbais e, ao brincar, preferem ater-se a objetos no lugar de


ril
-g

movimentar-se junto das demais crianças. Ações repetitivas são bastante comuns.
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento também causam variações na atenção,
1
-0

na concentração e, eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa


78

aparente e acessos de agressividade são comuns em alguns casos. As crianças apresentam seus
.5
20

interesses de maneira diferenciada e podem fixar sua atenção em uma só atividade, como observar
.8

determinados objetos, por exemplo. Com relação à comunicação verbal, essas crianças podem
92

repetir as falas dos outros (ecolalia) ou, ainda, comunicar-se por meio de gestos ou com uma
-2

entonação mecânica, fazendo uso de jargões.


li
ril
G
ra
ai

Síndrome normal da adolescência


M

Essa síndrome é bem descrita pelo no livro de Aberastury A, Knobel M. Adolescência


normal: um enfoque psicanalítico (2003).
São 10 os pontos principais, e resumidos, desta “síndrome”:
A “SÍNDROME” NORMAL DA ADOLESCÊNCIA
A adolescência é um processo de desenvolvimento do ser humano no qual se deve admitir
e compreender sua aparente patologia a fim de conhecer a realidade do adolescente, que passa por
desequilíbrios e instabilidades extremas. Em nosso meio cultural, mostra-nos períodos de audácia,
timidez, descoordenação, urgência, desinteresse ou apatia, que se sucedem ou são concomitantes
com conflitos afetivos, crises religiosas nas quais pode oscilar do ateísmo anárquico ao misticismo
fervoroso, intelectualizações e postulações filosóficas, ascetismo, condutas sexuais dirigidas para o
heteroerotismo e até a homossexualidade ocasional. Tudo isto é o que chamamos de “síndrome
normal da adolescência”. O adolescente tem que conviver com a superação de três lutos

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correspondentes às perdas do corpo infantil, da identidade da infância e da figura protetora dos pais
e, a maior ou menor anormalidade desta síndrome normal dever-se-á, em grande parte, aos
processos de identificação e de luto que tenha podido realizar o adolescente. Na medida em que
tenha elaborado os lutos o adolescente verá seu mundo interno mais fortificado e, então, essa fase
de “normal anormalidade” será menos conflitiva e, consequentemente, menos perturbadora.
Sintetizando as características da adolescência pode-se descrever a seguinte sintomatologia que
integraria esta síndrome:
1) busca de si mesmo e da identidade;
2) tendência grupal;
3) necessidade de intelectualizar e fantasiar;
4) crises religiosas;
5) deslocalização temporal;
6) evolução sexual manifesta;

27
7) atitude social;

3:
8) contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta;

:3
9) separação progressiva dos pais; e

15
10) constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.

2
02
1. BUSCA DE SI MESMO E DA IDENTIDADE

/2
Os períodos infância e adolescência não devem ser vistos como preparação para a maturidade, mas

08
3/
é necessário compreendê-los com um critério do momento atual do desenvolvimento e do

-0
comportamento do adolescente. A criança entra na adolescência com dificuldades, conflitos e
om
incertezas que se acentuam nesse momento vital, para evoluir em direção à maturidade estabilizada
l.c

com determinado caráter e personalidade adultos. A consequência final da adolescência seria um


ai

conhecimento de si mesmo como entidade biológica no mundo. Ao conceito do self como entidade
gm

psicológica, une-se o conhecimento do substrato físico e biológico da personalidade. Durante a


@

puberdade ocorrem mudanças físicas responsáveis pelo aumento do tamanho, do peso, das
ra
ai

proporções e da fisiologia corporal e, consequentemente, da imagem corporal que é uma resultante


m

intrapsíquica da realidade do sujeito, ou seja, é a representação mental que o sujeito tem de seu
li.
ril

próprio corpo. Aqui são de fundamental importância os processos de luto com relação ao corpo
-g

infantil perdido, que obrigam a uma modificação do esquema corporal e do conhecimento físico de
1
-0

si mesmo, uma forma muito característica para este período. Concomitantemente, vai se formando
78

um sentimento de identidade, como uma verdadeira experiência de autoconhecimento. Nessa busca


.5

de identidade o adolescente recorre às situações que se apresentam como mais favoráveis no


20
.8

momento. Uma delas é a da uniformidade, que proporciona segurança e estima pessoal. Em certas
92

ocasiões, a única solução pode ser a de procurar "uma identidade negativa", baseada em
-2

identificações com figuras negativas, mas reais. É preferível ser alguém perverso, indesejável, a não
li

ser nada. Isto constitui uma das bases do problema das turmas de delinquentes, dos adeptos aos
ril
G

comportamentos radicais e às drogas, por exemplo. Tudo o que foi dito anteriormente pode levar o
ra

adolescente a adotar diferentes identidades. As identidades transitórias são as adotadas durante


ai
M

certo tempo, como, por exemplo, o período de machismo no rapaz ou da precoce sedução na moça,
do adolescente bebê ou do adolescente muito sério, muito adulto; as identidades ocasionais são as
que se dão frente a situações novas, como, por exemplo, no primeiro encontro com um parceiro, o
primeiro baile, etc., e as identidades circunstanciais são as que conduzem a identificações parciais
transitórias que costumam confundir o adulto, surpreendido, às vezes, ante às mudanças na conduta
de um mesmo adolescente que recorre a esse tipo de identidade, como, por exemplo, quando o pai
vê seu filho adolescente, conforme é visto no colégio, no clube, etc., e não como ele habitualmente
o vê no seu lar e na sua relação com ele mesmo. Estes tipos de identidade são adotados sucessiva ou
simultaneamente pelos adolescentes conforme as circunstâncias. São aspectos da identidade
adolescente e que surgem como uma de suas características fundamentais, relacionadas com o
processo de separação das figuras parentais, com aceitação de uma identidade independente. Na
adolescência tudo isso acontece com uma intensidade muito marcada. A situação mutável que
significa a adolescência obriga a reestruturações permanentes externas e internas que são vividas
como intrusões dentro do equilíbrio conquistado na infância e que obrigam o adolescente, no

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processo de conquistar a sua identidade, a tentar refugiar-se em seu passado enquanto tenta
também projetar-se no futuro. Realiza um verdadeiro processo de luto pelo qual, no início, nega a
perda de suas condições infantis e tem dificuldades em aceitar as realidades mais adultas que vão
sendo impostas, entre as quais se encontram as modificações biológicas e morfológicas do seu
próprio corpo. A descoordenação muscular, devido ao desigual crescimento osteomuscular, o
aspecto desajeitado, a falta de semelhança com os que o rodeiam no meio familiar despertam, no
adolescente, sentimentos de estranheza e insatisfação. Isso contribui para criar um sentimento de
despersonalização unido à elaboração psicológica da identidade. Os processos de identificação que
foram se desenvolvendo na infância, mediante a incorporação de imagens parentais boas e más, são
os que permitirão melhor elaboração das situações mutáveis que se tornam difíceis durante o
período adolescente da vida. A busca incessante de saber qual a identidade adulta que se vai
constituir é angustiante. Sobre essa base é lógico assinalar que a identidade adolescente é a que se
caracteriza pela mudança de relação do indivíduo, basicamente com seus pais. Logicamente, a

27
separação destes começa desde o nascimento, mas é durante a adolescência que os seres humanos

3:
"querem desesperadamente ser eles mesmos". Dentro de sua identidade os elementos biológicos

:3
introduzem uma modificação irreversível. Já não terá novamente o corpo infantil. A presença

15
externa, concreta, dos pais começa a ser desnecessária. Portanto, a separação destes não só é

2
02
possível, como necessária.

/2
2. A TENDÊNCIA GRUPAL

08
3/
Na busca da identidade adolescente, o indivíduo, nessa etapa da vida, recorre como

-0
comportamento defensivo à busca de uniformidade, que pode proporcionar segurança e estima
om
pessoal. Aí surge o espírito de grupo pelo qual o adolescente mostra-se tão inclinado. Há um
l.c

processo de superidentificação em massa, onde todos se identificam com cada um. Às vezes, o
ai

processo é tão intenso que a separação do grupo parece quase impossível e o indivíduo pertence
gm

mais ao grupo de semelhantes do que ao grupo familiar. Não pode se separar da turma nem de suas
@

atividades ou ações. Por isso, inclina-se às regras do grupo, em relação a modas, vestimenta,
ra
ai

costumes, preferências de todos os tipos, etc. Em outro nível, as atuações do grupo e dos seus
m

integrantes representam a oposição às figuras parentais e uma maneira ativa de determinar uma
li.
ril

identidade diferente da do meio familiar. No grupo, o indivíduo adolescente encontra o reforço


-g

necessário para os aspectos mutáveis de seu ego que se produzem nesse período da vida. Dessa
1
-0

maneira, o fenômeno grupal adquire importância transcendental já que se transfere ao grupo grande
78

parte da dependência que anteriormente se mantinha com a estrutura familiar e com os pais,
.5

especialmente. O grupo constitui assim a transição necessária no mundo externo para alcançar a
20
.8

individualização adulta. Depois de passar pela experiência grupal, o indivíduo poderá começar a
92

separar-se da turma e assumir a sua identidade adulta. Vê-se também que uma das lutas mais
-2

intensas é a que se desenvolve em defesa da independência, num momento em que os pais


li

desempenham ainda um papel muito ativo na vida do indivíduo. É por isso que no fenômeno grupal
ril
G

o adolescente procura um líder ao qual submeter-se, ou então, elege-se ele mesmo em líder para
ra

exercer o poder do pai ou da mãe. O fenômeno grupal facilita a conduta “psicopática normal no
ai
M

adolescente”, como se enfatizará em outros capítulos deste texto. O descontrole frente à perda do
corpo infantil une-se ao descontrole pelo papel infantil que se está perdendo. Aparecem, então,
condutas de desafeto, de crueldade com o objeto, de indiferença, falta de responsabilidade, que são
típicas da psicopatia, mas que podem ser encontradas na adolescência normal. Evidentemente, a
diferença fundamental é que no psicopata essa conduta é permanente e cristalizada, enquanto que
no adolescente normal é um momento circunstancial e transitório.
3. NECESSIDADE DE INTELECTUALIZAR E FANTASIAR
A necessidade de intelectualizar e fantasiar acontece como uma das formas típicas do
pensamento do adolescente. A necessidade que a realidade impõe de renunciar ao corpo, ao papel
e aos pais da infância, assim como à bissexualidade que acompanha a identidade infantil, apresenta-
se como uma vivência de fracasso ou de impotência frente à realidade externa. Isso obriga também
o adolescente a recorrer ao pensamento para compensar as perdas que ocorrem dentro de si mesmo
e que não pode evitar. O fantasiar e o intelectualizar servem como mecanismos defensivos frente a
essas situações de perdas dolorosas. A incessante flutuação da identidade adolescente, que se

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projeta como identidade adulta num futuro bem próximo, adquire características que costumam ser
angustiantes e que obrigam a um refúgio interior que é muito característico. Tal fuga no mundo
interior permite uma espécie de reajuste emocional no qual se dá um incremento da
intelectualização que leva à preocupação por princípios éticos, filosóficos, sociais, que muitas vezes
implicam formular um plano de vida muito diferente do que se tinha até esse momento. Surgem,
então, as grandes teorias filosóficas, os movimentos políticos, as ideias de salvar a humanidade, etc.
É também aí que o adolescente começa a escrever versos, novelas, contos e dedica-se a atividades
literárias, artísticas, etc. É preciso destacar que esta é uma explicação de certas manifestações
culturais e políticas que acontecem muito habitualmente na grande maioria dos adolescentes.
4. AS CRISES RELIGIOSAS
Quanto à religiosidade observa-se que o adolescente pode se manifestar como um ateu
exacerbado ou como um místico muito fervoroso, como situações extremas. Logicamente, entre elas
há uma grande variedade de posicionamentos religiosos e mudanças muito frequentes. É comum

27
observar que um mesmo adolescente passa, inclusive, por períodos místicos ou de ateísmo absoluto.

3:
Isso está de acordo com toda a situação mutável e flutuante do seu mundo interno. A preocupação

:3
metafísica emerge então com grande intensidade e as tão frequentes crises religiosas são tentativas

15
de soluções da angústia que vive o ego na sua busca de identificações positivas e do confronto com

2
02
o fenômeno da morte definitiva de uma parte do seu ego corporal. Além disso, começa a enfrentar a

/2
separação definitiva dos pais e também a aceitação da possível morte dos mesmos. Isso explica

08
3/
como o adolescente pode chegar a ter tanta necessidade de fazer identificações projetivas com

-0
imagens muito idealizadas, que lhe garantam a continuidade da existência de si mesmo e de seus
om
pais infantis. A figura de uma divindade, de qualquer tipo de religião, pode representar para ele uma
l.c

saída mágica deste tipo.


ai

5. A DESLOCALIZAÇÃO TEMPORAL
gm

O pensamento do adolescente, tanto frente ao temporal como ao espacial, adquire


@

características muito especiais. É possível dizer que o adolescente vive com uma “deslocalização”
ra
ai

temporal, convertendo o tempo em presente e ativo numa tentativa de manejá-lo. As urgências são
m

enormes e, às vezes, as postergações são aparentemente irracionais. O pai que recrimina o filho para
li.
ril

que estude porque tem um exame imediato fica desconcertado frente à resposta do adolescente:
-g

"Eu tenho tempo, o exame é somente amanhã”. É o caso, igualmente desconcertante para os
1
-0

adultos, da jovem adolescente que chora angustiada frente a seu pai, queixando-se da atitude
78

desconsiderada da mãe que não contempla as suas necessidades imediatas de ter esse vestido novo
.5

para seu próximo baile. Nessas circunstâncias o pai tenta solidarizar se com a urgência da filha e
20
.8

compreende a necessidade do vestido novo para essa reunião social tão importante para ela;
92

quando interroga a mãe a respeito da sua negativa, fica surpreso com a resposta de que esse baile
-2

vai se realizar dentro de. . . três meses.


li

6. A EVOLUÇÃO SEXUAL DESDE O AUTOEROTISMO ATÉ A HETEROSSEXUALIDADE


ril
G

Na evolução do autoerotismo à heterossexualidade que se observa no adolescente pode-se


ra

descrever um oscilar permanente entre a atividade de caráter masturbatório e o começo do exercício


ai
M

genital, que tem características especiais nessa fase do desenvolvimento, na qual há mais um
contato genital de caráter exploratório e preparatório do que a verdadeira genitalidade procriativa,
que só acontece com a correspondente capacidade de assumir o papel paternal no início da vida
adulta. Ao ir aceitando sua genitalidade o adolescente inicia a busca do parceiro de maneira tímida,
mas intensa. É o período em que começam os contatos superficiais, os carinhos - cada vez mais
profundos e mais íntimos - que enchem a vida sexual do adolescente. O amor apaixonado é também
um fenômeno que adquire características singulares nessa fase e que apresenta todo o aspecto dos
vínculos intensos, porém frágeis, da relação interpessoal adolescente. O primeiro episódio de amor
ocorre na adolescência precoce e costuma ser de grande intensidade. Aparece aí o chamado "amor
à primeira vista", que pode ser não correspondido ou, inclusive, totalmente ignorado pela pessoa
amada, como ocorre quando o ser amado é uma figura idealizada, como um ator de cinema, uma
estrela do esporte, etc., que tem na realidade as características de um claro substituto parental ao
qual o adolescente se vincula com fantasias edípicas. A relação genital heterossexual completa que
ocorre na adolescência tardia é um fenômeno muito mais frequente do que se considera

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habitualmente no mundo dos adultos de diferentes classes sociais. Esses tentam negar a
genitalidade do adolescente e não só minimizam sua capacidade de relação genital heterossexual,
mas também a dificultam. Ocorre aqui também o problema da curiosidade sexual, expressa no
interesse pelas revistas e filmes pornográficos. O exibicionismo e o voyerismo se manifestam nas
vestimentas, no cabelo, no tipo de danças, etc. Nesse período evolutivo a importância das figuras
parentais reais é enorme. A cena primária é positiva ou negativa conforme as primeiras experiências
e a imagem psicológica que os pais reais externos proporcionam. As mudanças biológicas que
ocorrem na adolescência produzem grande ansiedade e preocupação porque o adolescente deve
assisti-las passiva e impotentemente A tentativa de negar a perda do corpo e do papel infantil
provoca modificações no esquema corporal que se tenta negar na elaboração dos processos de luto
normais da adolescência. É normal que apareçam períodos de predomínio de aspectos femininos no
rapaz e masculinos na moça. É preciso ter sempre presente o conceito de bissexualidade e aceitar
que a posição heterossexual adulta exige um processo de flutuações e aprendizagem em ambos os

27
papéis. Não devem ser estranhadas as situações fugazes de homossexualidade que o adolescente

3:
apresente, sobretudo, aquelas que aparecem mascaradas através de contatos entre adolescentes do

:3
mesmo sexo. A homossexualidade costuma ocorrer transitoriamente como uma manifestação típica

15
da adolescência.

2
02
7. ATITUDE SOCIAL REIVINDICATÓRIA

/2
Nem todo o processo da adolescência depende do próprio adolescente como pessoa

08
3/
isolada. Não há dúvidas de que a família é a primeira expressão social que influi e determina grande

-0
parte da conduta dos adolescentes. Sabe-se que muitos pais se angustiam frente ao crescimento de
om
seus filhos, revivendo suas próprias situações conflitivas. Os pais não são alheios às ansiedades que
l.c

desperta a genitalidade dos filhos, o desprendimento dos mesmos e os ciúmes que isso implica. Se
ai

a isso forem somados os mecanismos típicos do adolescente e a reação da sociedade na qual ele está
gm

inserido, pode-se verificar que toda a sociedade intervém ativamente na situação conflitiva do
@

adolescente. As primeiras identificações são as que se fazem com as figuras parentais, mas também
ra
ai

o meio em que vive determinará novas possibilidades de identificações futuras, aceitações de


m

identificações parciais e incorporação de uma grande quantidade de demandas socioculturais e


li.
ril

econômicas que não são possíveis de serem minimizadas. Na tentativa vital que apresenta o
-g

indivíduo para identificar-se com suas figuras parentais, e tentar depois superá-las na realidade da
1
-0

sua existência, o adolescente apresenta uma conduta que é o resultado final de uma estabilidade
78

biológica e psíquica. A cultura modifica enormemente as características exteriores do processo,


.5

ainda que as dinâmicas intrínsecas do ser humano permaneçam as mesmas. A adolescência é


20
.8

recebida predominantemente de maneira hostil pelo mundo dos adultos criando-se estereótipos
92

com os quais se tenta definir, caracterizar, assinalar e isolar os adolescentes do mundo dos adultos.
-2

Não é uma simples casualidade que a entrada na puberdade seja tão destacada em quase todas as
li

culturas. Os chamados ritos de iniciação são muito diversos, mas têm fundamentalmente sempre a
ril
G

mesma base: a rivalidade que os pais do mesmo sexo sentem ao ter que aceitar como iguais - e
ra

posteriormente admitir a possibilidade de serem substituídos pelos mesmos - a seus filhos, que
ai
M

assim se identificam com eles. É muito conhecida a rigidez de alguns pais, as formalidades que
exigem da conduta de seus filhos adolescentes, as limitações brutais que costumam impor, a
ocultação maliciosa que fazem do aparecimento da sexualidade, o tabu da menarca, as negações de
tipo moralista que contribuem para reforçar as ansiedades paranoicas dos adolescentes. Também
são conhecidas a contradições da sociedade contemporânea onde possibilidades materiais para o
ser humano são enormes. Entretanto, quando muitas se tornam praticamente impossíveis para o
adolescente, sua atitude social reivindicatória torna-se praticamente imprescindível. A sociedade,
mesmo manejada de diferentes maneiras e com diversos critérios socioeconômicos, impõe
restrições. O adolescente tenta modificar a sociedade que, por outra parte, está vivendo
constantemente modificações intensas. O adulto projeta no jovem a sua própria incapacidade em
controlar o que está acontecendo ao seu redor e tenta, então, deslocalizar o adolescente. Muitas
vezes as oportunidades para os adolescentes capazes estão muito restringidas e, em várias
oportunidades, o adolescente tem que se adaptar, submetendo-se às necessidades que o mundo
adulto lhe impõe. Na medida em que o adolescente não encontre o caminho adequado para a sua

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expressão vital e para a aceitação de uma possibilidade de realização, não poderá ser um adulto
satisfeito. As demandas sociais e o domínio de um mundo adulto incompreensível e exigente acabam
por instigar as atitudes reivindicatórias e de reforma social do adolescente, que podem ser a ação do
que já ocorreu no seu pensamento. Frente ao adolescente individual é preciso não esquecer que
grande parte da oposição que se vive por parte dos pais é transferida ao campo social. Além disso,
parte da frustração que significa fazer o luto pelos pais da infância projeta-se no mundo externo.
Dessa maneira, o adolescente sente que não é ele quem muda, quem abandona o seu corpo e o seu
papel infantil, mas que são os seus pais e a sociedade que se negam a seguir funcionando como pais
infantis que têm com ele atitudes de cuidado e proteção ilimitados. Descarrega então contra eles o
seu ódio e a sua inveja e desenvolve atitudes destrutivas.
8. CONTRADIÇÕES SUCESSIVAS EM TODAS AS MANIFESTAÇÕES DA CONDUTA
A conduta do adolescente está dominada pela ação que constitui o modo de expressão mais
típico nesses momentos da vida, em que até o pensamento precisa tornar-se ação para poder ser

27
controlado. O adolescente não pode manter uma linha de conduta rígida, permanente e absoluta,

3:
pois tem uma personalidade permeável, que recebe tudo e que também projeta enormemente, ou

:3
seja, é uma personalidade na qual os processos de projeção e introjeção são intensos, variáveis e

15
frequentes. Isso faz com que não possa ter uma linha de conduta determinada. No adolescente, um

2
02
indício de normalidade se observa na fragilidade da sua organização defensiva. É o mundo adulto

/2
quem não suporta as mudanças de conduta do adolescente, quem não aceita que o adolescente

08
3/
possa ter identidades ocasionais, transitórias e circunstanciais, e exige dele uma identidade adulta.

-0
Essas contradições, com a variada utilização de defesas, facilitam a elaboração dos lutos típicos
om
desse período da vida e caracterizam a identidade adolescente.
l.c

9. SEPARAÇÃO PROGRESSIVA DOS PAIS


ai

Uma das tarefas básicas, concomitante à identidade do adolescente, é a de ir separando-se


gm

dos pais, o que está favorecido pelo determinismo que as mudanças biológicas impõem nesse
@

momento cronológico do indivíduo. Muitas vezes os pais negam o crescimento dos filhos e os filhos
ra
ai

enxergam os pais com as características persecutórias mais acentuadas. A presença internalizada de


m

boas imagens parentais, com papéis bem definidos, e uma cena primária amorosa e criativa,
li.
ril

permitirá uma boa separação dos pais e facilitará ao adolescente a passagem à maturidade. Por
-g

outro lado, figuras parentais não muito estáveis nem bem definidas em seus papéis podem aparecer
1
-0

ante o adolescente como desvalorizadas e obrigá-lo a procurar identificação com personalidades


78

mais consistentes e firmes, pelo menos num sentido compensatório ou idealizado. Nesses
.5

momentos a identificação com ídolos de diferentes tipos, cinematográficos, desportivos, etc., é


20
.8

muito frequente. Em certas ocasiões podem acontecer identificações de caráter psicopático, onde
92

por meio da identificação introjetiva começa a viver os papéis que atribui ao personagem com o qual
-2

se identificou. Grande parte da relação com os pais está dissociada e estes são vistos então como
li

figuras muito más ou muito boas, o que logicamente depende fundamentalmente de como foram
ril
G

introjetadas essas figuras. As identificações se fazem, então, com substitutos parentais como
ra

professores, heróis reais e imaginários, companheiros mais velhos, que adquirem características
ai
M

parentais, e podem começar a estabelecer relações que nesse momento satisfazem mais.
10. CONSTANTES FLUTUAÇÕES DO HUMOR E DO ESTADO DE ÂNIMO
Um sentimento básico de ansiedade e depressão acompanhará permanentemente o
adolescente. A quantidade e a qualidade da elaboração dos lutos da adolescência determinarão a
maior ou menor intensidade desta expressão e desses sentimentos. No processo de flutuações
dolorosas permanentes, a realidade nem sempre satisfaz as aspirações do indivíduo. O ego realiza
tentativas de conexão prazerosa com o mundo, que nem sempre se consegue, e a sensação de
fracasso frente a esta busca de satisfações pode ser muito intensa e obrigar o indivíduo a se refugiar
em si mesmo. Eis ai o retorno a si mesmo, que é tão singular no adolescente, e que pode dar origem
a esse sentimento de solidão característico da típica situação de frustração e desalento e desse
aborrecimento que "costuma ser uma característica distintiva do adolescente", que se refugia em si
mesmo e no mundo interno que se foi formando durante sua infância. A intensidade e a frequência
dos processos de introjeção e projeção podem obrigar o adolescente a realizar rápidas modificações
no seu estado de ânimo, já que se vê, de repente, submerso nas desesperanças mais profundas ou,

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quando elabora e supera os lutos, pode projetar-se numa presunção que muitas vezes costuma ser
desmedida. As mudanças de humor são típicas da adolescência e é preciso entendê-las sobre a base
dos mecanismos de projeção e de luto pela perda de objetos. Ao falharem essas tentativas de
elaboração tais mudanças de humor podem aparecer como pequenas crises maníaco-depressivas.
Fonte:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5049697/mod_resource/content/2/SindAdolNormal5%C
2%BAano.pdf

Por fim:
Os três grandes lutos da adolescência
Para vivenciar todas essas mudanças, o adolescente passa por momentos de
experimentações e perdas, de modo a reformular os conceitos que tem a respeito de si
mesmo e do mundo. Segundo Erikson, a busca da identidade adulta é a principal tarefa da

27
adolescência e, para que isto aconteça, é necessário que o jovem vivencie três grandes

3:
perdas:

:3
15
Luto pela perda do corpo infantil

2
O corpo se modifica, independente de sua vontade, o que causa grande

02
desconforto, mais facilmente percebido nas fases iniciais da adolescência.

/2
08
Luto pela perda da identidade infantil

3/
A sociedade e o próprio indivíduo passam a exigir um comportamento diferente

-0
daquele mostrado até o momento, com responsabilidades e deveres.
om
Luto pela perda dos pais da infância
l.c

Os pais deixam de ser vistos como ídolos infalíveis e passam a ser vistos como
ai

humanos, tão frágeis e capazes de errar como qualquer outro.


gm

Fonte: http://www.adolesc.com.br/os-tres-grandes-lutos-e-a-sindrome-da-adolescencia-normal/
@
ra
ai
m
li.
ril
-g
1
-0
78
.5
20
.8
92
-2
li
ril
G
ra
ai
M

Freud
Passar pelo curso de psicologia e não estudar Freud é como fazer um curso de direito sem
conhecer as constituições federais anteriores à atual. Sua fluência verbal, repassada aos nossos

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tempos através de suas obras, era tamanha que chegou a ser indicado ao Nobel de Literatura e foi
vencedor do Prêmio Goethe (aos 74 anos de idade). Apesar das inúmeras críticas atuais ao seu
método e à sua aplicabilidade, Freud é o autor que maior impacto teve no estudo da personalidade
até então. Esse chairman da psicanálise desenvolveu o método da livre associação para estudar os
fenômenos de suas tópicas. A livre associação é um método onde os pacientes são convidados a
relatarem continuamente qualquer coisa que lhes ocorrer à mente, sem levar em consideração quão
sem importância ou possivelmente embaraçadora esta situação possa parecer.
Esse método seria o mais adequado para o contexto clínico para acessar conteúdos
conscientes e inconscientes. Na esfera do inconsciente, seu conteúdo não pode ser acessado de
forma objetiva através de uma ordinária introspecção. Mas pode ser acessado, segundo Freud,
somente através da livre associação, da análise dos sonhos e da análise dos atos falhos. Freud
descreveu em sua obra, posteriormente, a análise de chistes como sendo também uma forma de
evidenciar conteúdos inconscientes. Assim:

27
3:
Métodos de Acesso ao inconsciente:

:3
15
e) Livre associação
f) Análise sonhos

2
02
g) Análise dos Atos falhos

/2
08
h) Análise dos chistes

3/
-0
Os chistes são “gracejos” pelos quais sentimos prazer. São situações aparentemente tolas
om
que geram prazer, como as brincadeiras e piadas. A palavra tem origem no alemão e significa
l.c

literalmente “gracejo”, e para Freud o chiste é uma espécie de válvula de escape de nosso
ai

inconsciente, que o utiliza para dizer, em tom de brincadeira, aquilo que verdadeiramente pensa.
gm

Freud acreditava que utilizar o humor e a ironia no dia-a-dia deixava o cotidiano mais leve e a
@
ra

realidade mais tolerável. E é isto que o chiste possibilita quando conecta arbitrariamente, através de
ai

uma associação verbal, duas ideias contrárias ou sem sentido aparente. E lembre-se que para quase
m
li.

tudo havia uma explicação.


ril

Apesar de parte do mundo inconsciente não ser acessível de forma alguma, um conceito é
-g

básico na teoria freudiana de personalidade: o passado é determinante para o presente. Esse


1
-0

conceito é chamado de Determinismo Psíquico e parte do pressuposto que existe uma


78

continuidade nos eventos mentais e que esses são historicamente desenvolvidos. Assim, para
.5
20

compreender sintomas e patologias, se faz necessário um sistemático esmiuçamento da vida


.8

psíquica do sujeito para entender as causas passadas dos problemas e a dinâmica psíquica atual.
92

Freud descreveu sua teoria ao longo de 24 obras. Essas obras apresentam a evolução do
-2

pensamento freudiano e a ampliação dos conceitos. O caso mais exemplar é a descrição da Pulsão
li
ril

de morte na obra “Além do Princípio do Prazer”.


G

A motivação é vista, para esse autor, como uma busca hedonista de dar vazão a energia
ra
ai

psíquica acumulada. Essa energia psíquica é limitada e, via de regra, não consegue suprir
M

simultaneamente as necessidades humanas de forma satisfatória. Essa energia provém das pulsões,
a sexual e a agressiva, e motivam para a constante busca de prazer. As pulsões, às vezes chamadas
incorretamente de instintos, opõem-se ao ideal de sociedade e, por isso, devem ser doutrinadas para
uma expressão adequada. Porém, se essa energia psíquica não encontra vazão, um estado de tensão
interna começa a se desenvolver. Isso pode cadenciar desde fixações até patologias mais sérias.
Lembro uma vez, em um breve curso de psicanálise, que uma professora me falou: Alyson,
você precisa de anos de estudos de psicanálise, anos submissão à análise e anos sendo analista para
entender a personalidade humana de acordo com Freud. Felizmente nosso objetivo aqui é passar no
concurso e não, necessariamente, entender a magnitude das ideias psicanalíticas. Compreender a
teoria de personalidade de Freud pressupõe o conhecimento de sua Primeira e Segunda Tópicas, as
fases de desenvolvimento psicossexual e a organização dos mecanismos de defesa. Obviamente que
muitas coisas ficam de fora nessa compreensão simplificada da teoria freudiana, meu objetivo aqui
é: te ensinar a marcar a alternativa certa.

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A base topológica de Freud é a raiz para a explicação da personalidade humana. Em grego,


“topos” quer dizer “lugar”, assim o modelo tópico designa um “modelo de lugares”, sendo que Freud
descreveu a dois deles: a “Primeira Tópica” conhecida como Topográfica e a “Segunda Tópica”,
como Estrutural.

PRIMEIRA TÓPICA: modelo topológico da mente (acesso


à consciência)
Essa tópica refere-se ao nível de consciência (acesso) aos processos intrapsíquicos e a
qualidade dos conteúdos de cada um. Freud definiu três níveis de consciência: consciente, pré-
consciente e inconsciente.
O consciente engloba todos os fenômenos que em determinado momento podem ser

27
percebidos de maneira conscientes pelo indivíduo, está ligado ao inconsciente, opostamente, pois

3:
:3
não guarda informações, sensações e representações, apenas registra e processa as percepções.

15
O pré-consciente refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em determinado

2
momento, mas pode tornar-se se o indivíduo desejar se ocupar com eles (o pré-consciente é um filtro

02
de intermédio entre o consciente e o inconsciente). É um pequeno arquivo que contém, além de

/2
08
outras coisas, a representação de palavras - a consciência precisa das lembranças desse arquivo para

3/
funcionar.

-0
O inconsciente, por sua vez, diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são
om
conscientes e abriga elos escondidos dos arranjos psíquicos. Estão os elementos instintivos, total
l.c

desconhecidos da consciência. Também possui também aquilo que foi excluído, censurado ou
ai
gm

reprimido da consciência. Ideias sociais estranhas, necessidades fisiológicas, medos, emoções


@

dolorosas - somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se.


ra

Assim, para Freud, apenas uma pequena parte de nossos pensamentos e emoções são
ai

perceptíveis o tempo todo, alguns estão no nível pré-consciente e a maioria dos nossos fenômenos
m
li.

intrapsíquicos é inconsciente. Essa função, de deposito de pensamentos, emoções e desejos, é


ril
-g

necessária pois esses conteúdos causariam medo e ansiedade ao indivíduo caso fossem conscientes.
É necessária uma atenção especial ao conceito freudiano de inconsciente. Essa parte do
1
-0

aparelho psíquico humano é caracterizada por não ter nenhuma formatação lógica ou pensamento
78

racional (processo primário) e desenvolve-se como sendo um depósito para ideias sociais
.5
20

inaceitáveis, memórias traumáticas e emoções dolorosas colocadas fora da mente pelo mecanismo
.8

da repressão psicológica. O inconsciente é alógico (aberto a contradições), atemporal e aespacial


92

(conteúdos de épocas ou espaços diferentes podem se conectar). Essa instância é governada pelo
-2

principio do prazer (a busca do prazer e evitação estímulos aversivos).


li
ril
G

SEGUNDA TÓPICA: modelo estrutural da personalidade


ra
ai
M

(Instâncias da Personalidade)
Nessa segunda tópica, desenvolvida décadas depois da primeira, Freud diferencia
instâncias da personalidade em três estruturas: o ID, o EGO e o SUPEREGO. O Id é todo inconsciente,
o Ego e o Superego são parcialmente inconscientes.
d) Id: O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas pulsões -
instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer,
ou seja busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo, e somente segundo ele. Não faz
planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não
conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o
mesmo efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou
moral, sendo exigente, impulsivo, cego irracional, antissocial, egoísta e dirigido ao prazer. O id é
completamente inconsciente. De acordo com Freud, a energia psíquica é de natureza inconsciente e
está armazenada no id. Essa energia é de natureza sexual (libido) e não tem objeto. De acordo com a
teoria psicanalítica, o id é a parte mais antiga do aparelho psíquico. Do ponto de vista topológico, o

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id é o reservatório de toda energia psíquica. Ele ignora a realidade, os princípios lógicos e racionais
tais como o tempo e a causalidade entre eventos. Dessa forma, diz-se que o id trabalha através do
princípio primário.
e) Ego: O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus
impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o chamado princípio da
realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento
humano: a satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-
las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. A principal função do ego
é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, posteriormente,
entre esses e as exigências do superego.
f) Superego: É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade.
O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer
impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral

27
(mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras.

3:
O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos

:3
pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante

15
primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos;

2
02
outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada; certo ou errado, sem meio-termo).

/2
O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem ser procurado, e a

08
3/
consciência, que determina o mal a ser evitado.

-0
Freud distingue dois tipos de energia nervosa de acordo com o nível de liberdade dessa
om
energia (esses processos oscilam entre um estado livre de energia e um estado ligado/associado). O
l.c

primeiro corresponde ao processo primário e o segundo ao processo secundário. O processo


ai

primário é o modo de funcionamento do inconsciente (sistema). É caracterizado por um estado livre


gm

de energia. Tem dois mecanismos básicos: deslocamento e condensação.


@
ra
ai

No processo primário a energia tende a escoar livremente, passando de uma


m

representação para outra e procurando a descarga de maneira mais rápida e direta possível, o que
li.
ril

caracteriza o princípio do prazer.


-g
1
-0

O deslocamento é o escoamento, o deslizamento de uma energia de investimento ao


78

longo de uma via associativa, encandeando diversas representações, o que leva a fazer figurar uma
.5
20

representação no lugar de outra. Possui uma função mais ou menos defensiva, no sonho, por
.8

exemplo, permite aceitar pela censura, representações atenuadas; é o caso também do sintoma
92

fóbico.
-2
li
ril

Na condensação, uma representação única aparece como ponto comum a diversas


G

cadeias associativas de representações, e é sobre ela que se investem suas energias: esta fica, pois,
ra
ai

no lugar de todas aquelas que nela se reúnem.


M

O processo secundário é o modo de funcionamento do sistema consciente/pré-consciente.


Aí, a energia é ligada. A energia tende a ter sua descarga retardada, de maneira a possibilitar um
escoamento controlado. No processo secundário as representações são investidas de forma mais
estável. A introdução do pensamento reflexivo e da temporalidade traz consigo também a
substituição do princípio de prazer pelo princípio da realidade.
O principio do prazer é um processo primário e remete à busca de prazer original – é a
primeira experiência na vida. Esse princípio descarta a realidade e evita desprazer. No caso do bebê,
há satisfação alucinatória, por ter revivência do prazer (baseado no passado) a ausência do objeto
de prazer.
O principio da realidade, por sua vez, é um processo secundário. Considera a realidade
para não precisar da alucinação/fantasia. Considera adiamentos e atrasos no investimento da
energia psíquica. Devo ressaltar que os processos primários e secundários não se excluem, mas
formam complexo mecanismo de funcionamento.

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Antes de depurarmos mais os seus conhecimentos, vamos falar um pouquinho da base


freudiana ortodoxa de desenvolvimento? Isso servirá como pano de fundo para os não-iniciados
nessa seara.

As fases do desenvolvimento psicossexual freudianas


O que fundamentalmente precisamos saber? Para Freud a vida humana é dividida em
fases (biologicamente determinadas) e que seguem uma sequencia linear definida. São fases
universais e baseadas no desenvolvimento psicossexual humano. Além disso, os processos
desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo durante toda
a vida da pessoa.
Damos o nome de Fixação quando não há progresso de uma fase de desenvolvimento
para outra de forma normal. É a permanência em uma fase em função do investimento total ou
parcial da libido em um ponto específico. Essa libido está originalmente detida na fase em que houve

27
uma excessiva satisfação (anterior a frustração na fase atual).

3:
:3
Qual a importância de entendermos essas fases? A fixação nas fases de desenvolvimento

15
freudianas identifica o tipo de caráter que a pessoa possui (caráter oral, anal, fálico ou genital). O

2
02
caráter oral é caracterizado pelo otimismo, a passividade e a dependência. Para Freud, os

/2
transtornos alimentares poderiam se dar às dificuldades na fase oral. O caráter anal é caracterizado

08
pro três traços que são: ordem, parcimônia (econômico) e teimosia. O caráter fálico, por sua vez, gera

3/
-0
dificuldades na formação do superego (regras sociais), na identidade do papel sexual e até mesmo
na sexualidade, envolvendo inibição sexual, promiscuidade sexual e homossexualismo. E, por fim, o
om
caráter genital é descrito como o ideal freudiano do desenvolvimento pleno, que se desenvolve na
l.c
ai

ausência de fixações ou depois da sua resolução por meio de uma psicanálise. Contudo, o indivíduo
gm

livre de conflitos pré-edípicos significativos, aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se


@

com a satisfação do companheiro sexual, evitando assim a manifestação de um narcisismo egoísta.


ra

Assim sua energia psíquica sublimada fica disponível para o trabalho, que é prazeroso.
ai
m

Damos o nome de Regressão ao comportamento infantilizado exibido por crianças em


li.

etapas posteriores de desenvolvimento. Essas crianças exibem comportamentos, por exemplo, de


ril
-g

fala regressiva ou enurese noturna em etapas que já superaram tais tipos de comportamentos.
1

Veremos adiante que tais comportamentos são fortes indicativos de deprivação e/ou privação.
-0
78

Vejamos uma simplificação exageradamente objetiva das fases psicossexuais freudianas:


.5
20

I - A fase oral (0 - 1 ano)


.8
92

Estende-se desde o nascimento até aproximadamente um ano de vida. Nessa fase a


-2

criança vivencia prazer e dor através da satisfação (ou frustação) de pulsões orais, ou seja, pela boca.
li

Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome. Assim, para a criança sugar, mastigar,
ril
G

comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser
ra

confrontada com frustrações a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais
ai

frustrações. Esses mecanismos são a base da futura personalidade da pessoa. O principal processo
M

na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho. A pulsão básica é fome e a sede. A fixação nessa
fase causa a depressão e/ou a dependência dos outros. Ela é entendida como patológica quando a
pessoa for excessivamente dependente de hábitos orais para aliviar a ansiedade. É nessa fase que o
ego se forma.

II - A fase anal (1 – 3 anos)


Vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida (alguns autores falam que vai
até o quarto ano de vida). Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão
intestinal. A criança tem de aprender a controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar
com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. Assim como na fase oral,
os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da personalidade. A fixação
nessa fase ocasiona a neurose obsessivo-compulsiva (anancástica). Quanto mais controle dos
esfíncteres, mais atenção e elogio dos pais. É uma fase de interiorização de normas sociais.

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III - A fase fálica (3 – 5 anos): O Complexo de Édipo


Vai dos três aos cinco anos de vida e se caracteriza, segundo Freud, pela importância da
presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pênis; nessa fase o prazer e o desprazer estão
centrados na região genital. A criança luta pela intimidade que os pais compartilham entre si, assim
os pais se tornam ameaça parcial à satisfação das necessidades. A criança quer e teme os pais. As
dificuldades dessa fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor do
sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo
de Édipo e à identificação com o genitor de mesmo sexo. O complexo de Édipo representa um
importante passo na formação do superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino
aprende a seguir os valores dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o Ego (através
da diminuição do medo) quanto o Id sejam parcialmente satisfeitos. O conflito vivenciado pelas
meninas é parecido, porém, menos intenso. A menina deseja o próprio pai, em parte devido à inveja
que sente por não ter um pênis – ela sente-se castrada e dá a culpa à própria mãe. Por outro lado, a

27
mãe representa uma ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é possível. Devido a essa

3:
situação diferente, a identificação da menina com a própria mãe é menos forte do que a do menino

:3
com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma consciência menos desenvolvida. Destaco que Freud

15
usou o termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores posteriores limitaram o uso da

2
02
expressão aos meninos, reservando para as meninas o termo "complexo de Electra".

/2
08
3/
IV - O período de latência (5 – puberdade)

-0
Vai dos 5 anos até o início da puberdade (não tem como dar uma idade certa para esse
om
fim). É uma fase mais tranquila que se estende até a puberdade. Nessa fase as fantasias e impulsos
l.c

sexuais são reprimidos, tornando-se secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de


ai

valores e normas sociais se tornam a atividade principal da criança, continuando o desenvolvimento


gm

do ego e do superego. Os desejos sexuais não resolvidos e não são atendidos pelo ego serão cobrados
@

posteriormente. É a fase de desenvolvimento de amizades e laços sociais.


ra
ai
m

V- A fase genital (puberdade)


li.
ril

É a última fase do desenvolvimento psicossocial e ocorre, não por acaso, durante a


-g

adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e acompanhando as
1
-0

mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se dirigem a uma pessoa, geralmente,
78

do sexo oposto. Há um retorno da energia libidinal aos órgãos sexuais. A escolha do parceiro não se
.5

dá independente dos processos de desenvolvimento anteriores (as fases anteriores influenciam em


20
.8

nossas escolhas até o final de nossa vida). Os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem
92

aqui uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite
-2

enfrentar os desafios da idade adulta.


li
ril
G

Preciso fazer ainda algumas ponderações sobre o Complexo de Édipo (Fase Fálica). Como
ra

vocês notaram, a mãe mantém em ambos os sexos um papel primordial, permanecendo sempre o
ai
M

principal objeto da libido. Para os meninos é a castração que os faz superar o complexo de Édipo,
quando é instaurada a lei da proibição gerando a interdição paterna. Para as meninas é justamente
a castração que faz iniciar Complexo de Édipo. E como ocorre a resolução desse complexo? É a
ansiedade de castração nos meninos fará com que eles abandonem seus desejos incestuosos pela
mãe e superem o complexo identificando-se ao pai. As meninas também passam a identificar-se com
a mãe e assumem uma identidade feminina (passam a buscar nos homens similaridades do pai).
Assim, o complexo é sempre reprimido, e é tarefa do superego impedi-lo e evitá-lo. Uma curiosidade
danada de boa para cair em prova é que nas meninas, o inicio do complexo está na castração
enquanto que nos meninos a castração representa o fim do complexo!

Pulsão
Falemos um pouco sobre as Pulsões. Inicialmente é importante fazer uma distinção: o
conceito de pulsão não pode se confundir com o conceito de instinto. Apesar de polêmico e alguns
psicanalistas não identificarem diferenças plausíveis entre pulsão e instinto, Laplanche afirma que

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Psicologia do Desenvolvimento

“instinto seria um comportamento pré-formado, cujo esquema é hereditário. A pulsão seria uma
derivação do instinto. É a contingência do objeto que define a pulsão”.
Como acredito que essa diferenciação é ininteligível, transcrevo um trecho bem elucidativo:
Freud utiliza o conceito de pulsão, e não a noção de instinto, para se referir aos processos
de constituição psicossexuais. As diferenças entre esses dois termos acarretam em visões muito
distintas quanto ao caráter que a sexualidade pode assumir. A pulsão, diferentemente do instinto,
apresenta-se como indeterminada, não tendo um esquema prefixado. O objeto de satisfação da
pulsão, bem como os modos pelos quais busca satisfação, é indeterminado, ou seja, estão abertos a
um fazer-se. Longe de encontrar sua significação última na condição natural da procriação, a
sexualidade, considerada a partir da noção de pulsionalidade, apresenta-se como não
predeterminada, o que quer dizer, como uma abertura ao devir.

As pulsões se originam no Id e estão entre o corpo e o psiquismo. Constituem um processo

27
dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o

3:
organismo tender para a busca de objetivos. Essas pulsões são de dois tipos: as pulsões de vida

:3
15
(responsáveis pela sobrevivência do indivíduo e da espécie) e as pulsões de morte (responsáveis

2
pela energia agressiva e destrutiva). A pulsão de vida (Eros) seria representada pelas ligações

02
amorosas que estabelecemos com o mundo, com as outras pessoas e com nós mesmos, enquanto a

/2
08
pulsão de morte (Thânatos) seria manifestada pela agressividade que poderá estar voltada para si

3/
mesmo e para o outro. O princípio do prazer e as pulsões eróticas são outras características da pulsão

-0
de vida. Já a pulsão de morte, além de ser caracterizada pela agressividade traz a marca da
om
compulsão à repetição, do movimento de retorno à inércia pela morte também.
l.c

A pulsão também possui componentes (também serve, apesar da controvérsia de alguns


ai

autores, também para caracterizar os instintos):


gm

a) Fonte - surge a necessidade ou desejo;


@
ra

b) Finalidade - apenas aquela ação é necessária naquele momento;


ai

c) Pressão - força ou energia; e.


m
li.

d) Objeto - coisa, ação ou expressão que leva à satisfação.


ril
-g

Instintos
1
-0
78

E os instintos, o que são finalmente? Freud considerava que o instinto era um esquema
.5

herdado e que seguia uma sequencia temporal e inflexível. É a suprema causa de toda atividade
20

(incita a ação). Conceitualmente podemos entender que os instintos são pressões que dirigem um
.8
92

organismo para determinados fins particulares (diferentemente das pulsões). Os instintos são as
-2

forças propulsoras que incitam as pessoas à ação. Esses instintos não são replicações animalescas,
li

mas equivalentes humanos. Todo instinto tem quatro componentes: uma fonte, uma finalidade,
ril
G

uma pressão e um objeto. A fonte é quando emerge uma necessidade, podendo ser uma parte ou
ra

todo corpo. A finalidade é reduzir essa necessidade até que nenhuma ação seja mais necessária, é
ai
M

dar ao organismo a satisfação que ele deseja no momento. A pressão é a quantidade de energia ou
força que é usada para satisfazer o instinto e é determinada pela intensidade ou urgência da
necessidade subjacente. O objeto de um instinto é qualquer coisa, ação ou expressão que permite a
satisfação da finalidade original. No entanto, vários pensamentos e comportamentos parecem não
reduzir esta tensão. De fato, eles aparecem para criar mais tensão ou ansiedade. Estes
comportamentos podem indicar que a expressão direta de um instinto pode ter sido bloqueada.
Embora seja possível catalogar uma série ampla de instintos, Freud tentou reduzir esta diversidade
a alguns instintos que chamou de básicos.
Num primeiro momento Freud descreveu duas forças instintivas opostas, a sexual (erótica
ou fisicamente gratificante) e a agressiva ou destrutiva. Suas últimas descrições, mais globais,
encararam essas forças ou como mantenedoras da vida ou como incitadoras da morte. Tal
antagonismo básico não costuma ser visível ou consciente, e a maioria de nossos pensamentos e
ações é evocada por estas ambas as forças instintivas em combinação. Os instintos seriam então,
canais através dos quais a energia pudesse fluir. E a pulsão seria essa energia (ou libido).

68
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Psicologia do Desenvolvimento

Sobre o Narcisismo
Para Freud existem dois tipos de narcisismo:
1. Narcisismo primário - na primeira tópica era o autoerotismo do bebê (chupar o dedo, o pé),
que quando não era, mas passível de ser direcionado para si, o amor era direcionado para o externo,
levando ao amor objetal. Termina com o fim do desenvolvimento psicossexual.
2. Narcisismo secundário - duas formas de escolha: anaclítica (na busca do objeto de amor
renuncia o próprio narcisismo); narcisista (busca a sua imagem no amor objetal).

Mecanismos de Defesa
Pergunta: Qual a função dos mecanismos de defesa?
Resposta: Reduzir a ansiedade (pressão do ID sobre o Ego).

27
O ego muitas vezes não consegue lidar com as demandas do Id e com as cobranças do

3:
:3
superego. Assim, surgem os Mecanismos de Defesa, que são defesa bem sucedida contra a

15
ansiedade, pois ele diminui a tensão. Destaca-se que os mecanismos de defesa contra a ansiedade

2
podem ser encontrados em indivíduos saudáveis, porém quando estão fortemente associados e

02
trazem dificuldades sociais caracterizam-se enquanto neuroses.

/2
08
A seguir apresento os mecanismos de defesa mais comuns:

3/
• Repressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações

-0
demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e recalcando-
om
os para o inconsciente; o que é desagradável é, assim, esquecido;
l.c

• Formação Reativa: consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos


ai
gm

opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados.


@

• Projeção consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não


ra

pode admitir como suas.


ai

• Regressão consiste em retornar a comportamentos imaturos, característicos de


m
li.

fase de desenvolvimento que a pessoa já passou.


ril
-g

• Fixação é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar.


1

Uma parte da libido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite
-0

que a criança passe completamente para o próximo estádio. A fixação está relacionada com a
78
.5

regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado estádio do


20

desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação nesse estádio.


.8

• Sublimação é a satisfação de um impulso inaceitável através de um


92

comportamento socialmente aceito. Expressão de impulso recalcado de forma criativa e produtiva.


-2

• Identificação é o processo pelo qual um indivíduo assimila um aspecto, uma


li
ril

característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o agressor.


G
ra

• Deslocamento é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis,


ai

não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são direcionados a terceiros.
M

• Negação é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o Ego.
• Racionalização é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para
pensamentos e ações inaceitáveis.
• Isolamento: Uma ideia ou ato sofre o rompimento de suas conexões com outras
ideias e pensamentos.
Para finalizar essa descrição dos mecanismos de defesa, faço uma didática diferenciação
entre recalque e repressão.
Recalcamento/Recalque Repressão
“Operação pela qual o sujeito procura “Operação psíquica que tende a fazer desaparecer da
repelir ou manter no inconsciente consciência um conteúdo desagradável ou
representações (pensamentos, imagens, inoportuno: ideia, afeto, etc. Os conteúdos tornam-se
recordações) ligadas a uma pulsão. pré-conscientes”. É um mecanismo consciente, que
atua como censura. A moral do sujeito está ligada a
este mecanismo.

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Psicologia do Desenvolvimento

Por fim, com relação ao funcionamento psíquico, segundo Freud, é correto afirmar que:
1. Há processos orgânicos paralelos aos processos psíquicos conscientes, a eles
relacionados de uma maneira difícil de explicar, que atuam como intermediários nas relações
recíprocas entre corpo e mente.
2. A consciência só nos pode oferecer uma cadeia incompleta e rompida de
fenômenos psíquicos.
3. Não se pode afirmar que a qualidade de ser consciente de um processo mental seja
menos importante. Ela permanece a única luz que ilumina nosso caminho e nos conduz através das
trevas da vida mental.
Mas Alyson, e quanto à educação? O que preciso saber? Sinceramente, temos muito pouco
a contribuir para a educação e aprendizagem nesse referencial. Mesmo com os escritos de Lacan
sobre os significantes, a psicanálise não se apropria satisfatoriamente do campo da educação.
Mesmo no Brasil, poucos são os estudos qualificados para tratar de problemas de aprendizagem a

27
partir desse viés (Freitas e Oliveira, 2009).

3:
:3
15
2
02
/2
08
3/
Rogers -0
om
l.c
ai

A teoria rogeriana surgiu como uma terceira via entre os dois campos predominantes da
gm

psicologia em meados do século 20. De um lado havia a psicanálise e de outro o behaviorismo. A


@

corrente de Rogers ficou conhecida como humanista, porque, em acentuado contraste com a teoria
ra

freudiana, ela se baseia numa visão otimista do homem. Rogers criou a Psicologia do Self e,
ai
m

decorrente da evolução de sua obra, legou grandes conceitos para o estudo da personalidade
li.
ril

humana. Ele defendeu existir uma força inata para a auto realização, e essa força confere ao self o
-g

controle na regulação dessa busca. Assim, para Rogers, somos autônomos e capazes de buscar essa
1

auto realização, pois toda e qualquer motivação humana está sempre relacionada ao desejo de
-0
78

crescimento. Essa motivação para o crescimento busca substituir aspectos falsos de nossa
.5

personalidade por características reais do nosso verdadeiro eu (self real). Os indivíduos têm a
20

capacidade de experienciar e de se tomarem conscientes de seus desajustamentos. Esta capacidade


.8
92

que reside em nós é associada a uma tendência subjacente à modificação do autoconceito (Self), no
-2

sentido de estar realmente de acordo com a realidade. Desconheço algum grande teórico da
li

personalidade que seja tão otimista com a natureza humana quanto Rogers. As forças positivas em
ril
G

direção à saúde e ao crescimento são naturais e inerentes ao organismo. Rogers postula, portanto,
ra

um movimento natural para a resolução e distante do conflito. Assim, ele pressupõe que o
ai
M

ajustamento não é um estado estático, mas um processo onde novas aprendizagens e novas
experiências são cuidadosamente assimiladas.
Ele, assim como Maslow, apresenta o conceito de tendência à auto atualização (ou auto
realização). A motivação da conduta é sempre atual e emana da percepção de tensões e
necessidades do organismo. Essa tendência à auto atualização é, sinteticamente, um impulso que
nos motiva e é o postulado fundamental da teoria rogeriana. Há um aspecto básico da natureza
humana que leva uma pessoa em direção à resolução de suas necessidades e a uma maior
congruência e a um funcionamento realista. É importante observar que, para Rogers, não é
importante discutir se essa necessidade é inata ou adquirida. Mas observe que em cada um de nós
há um impulso inerente em direção a sermos competentes e capazes quanto o que estamos aptos a
ser biologicamente.
Apesar dessa tendência para realização ou atualização de nossas potencialidades em
níveis cada vez maiores de integração e complexidade, isto não significa que esse conceito implique
uma busca do que é moralmente correto. Em verdade, busca-se algo que apenas pressupõe um

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Psicologia do Desenvolvimento

aumento de consciência. Porém, esta tendência da busca pelo moralmente correto pode ser
favorecida ou não pelo meio e/ou pela consciência.
As pessoas usam sua experiência para se definirem e existe um campo de experiência
único para cada indivíduo. Este campo de experiência (campo fenomenal) contém tudo o que se
passa no organismo em qualquer momento, e que está potencialmente disponível à consciência.
Incluem eventos, percepções, sensações e impactos dos quais a pessoa não toma consciência, mas
poderia tomar se focalizasse a atenção nesses estímulos. É um mundo privativo e pessoal que pode
ou não corresponder à realidade objetiva.
Rogers não descarta a influência da infância na vida adulta e sugere que os obstáculos ao
crescimento de uma personalidade consciente aparecem na infância, constituindo aspectos normais
do desenvolvimento. O que a criança aprende em um estágio como benéfico pode (e deve) ser
reavaliado nos estágios posteriores para a formação de um self consciente. Mas, atente para o
detalhe que mesmo quando uma conduta refira-se a um evento do passado, esta só ocorre se este

27
evento passado estiver presente como tensão e necessidade do organismo.

3:
Em sua teoria da personalidade, Rogers postulou a existência de duas estruturas que

:3
compõem a personalidade do sujeito: o organismo e o self. O organismo é o local da experiência

15
vivida pelo sujeito, também denominado de campo fenomenal enquanto que o self é um organizador

2
02
da personalidade e envolve diversos processos conscientes e inconscientes.

/2
O conceito de Self é vital na obra rogeriana. Esse self pode ser subdividido em self real e o

08
3/
self ideal. A incongruência entre o self ideal e o self real gera conflitos que podem ser evitados por

-0
mecanismos de defesa. Dessa forma, a redução da distância entre o self ideal e o self real, através da
om
aceitação do self real, reduz a ocorrência de conflito e gera saúde mental. O self é a consciência de
l.c

ser e de agir e não se confunde com o organismo. Além disso, o self tem mais relação com o controle
ai

das percepções do que com interno ou externo.


gm

O Self é um ente organizado, consistente e mutável. Os valores que constituem o self são
@

de duas fontes:
ra
ai

1. Experiências diretas com o meio


m

2. Valores introjetados de pessoas a que estamos vinculados.


li.
ril

O autoconceito (na obra de Rogers, o Self é sinônimo de autoconceito) é um conceito


-g

superior que organiza a personalidade, é a visão que uma pessoa tem de si própria, baseada em
1
-0

experiências passadas, estimulações presentes e expectativas futuras. O Self está cercado pelos
78

processos de percepção, tomada de consciência e na experiência singular de cada indivíduo. A


.5

personalidade que funciona plenamente é uma personalidade em contínuo estado de fluxo, uma
20
.8

personalidade constantemente mutável. E, principalmente, consistente com seu self.


92

O Self real está relacionado com as qualidades reais da pessoa no que se refere às suas
-2

potencialidades e tendências de realizações. O Self Ideal, por sua vez, é o conjunto das descrições
li

que o indivíduo mais gostaria de ter. Assim como o Self, ele é uma estrutura móvel e variável, que
ril
G

passa por redefinição constante. A extensão da diferença entre o Self e o Self Ideal é um indicador de
ra

desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas. Essa incongruência entre self e self ideal é um
ai
M

indicador de discrepâncias a serem trabalhadas na busca de coerência e auto realização. Para


Rogers, aceitar-se como se é na realidade, e não como se quer ser, é um sinal de saúde mental.
Aqui, é importante esclarecer o conceito de saúde psicológica na teoria rogeriana. Em
busca dessa mutabilidade constante e aprimoramento dos aprendizados humanos, a pessoa de
funcionamento integral deve ter abertura à experiência e pouco ou nenhum uso das subcepções.
Assim, a pessoa está continuamente afastando-se de suas defesas na direção da experiência direta.
A pessoa está mais aberta a sentimentos bons e ruins (sofrimento, ternura, solidão, fervor, etc...).
Essa postura torna o sujeito mais capaz de viver completamente a experiência do seu organismo de
forma consciente.
O saber pré-simbólico que impede a simbolização de estímulos ameaçadores é chamado
de subcepção. Através dela, o organismo identifica uma ameaça para o self e reage sem que exista
uma simbolização, uma consciência (as subcepções restringem a percepção consciente). As fobias,
por exemplo, podem ser consideradas como uma reação exagerada a uma subcepção que ameaça
ao self.

71
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Psicologia do Desenvolvimento

Outra característica de uma personalidade saudável é a capacidade de viver no presente,


(realizar-se completamente cada momento), é a ênfase no aqui e agora. Esse foco permite que o
indivíduo lide melhor, através da sua empírica experiência, com o seu self. E, por fim, uma
personalidade saudável deve ser capaz de confiar em si, nas exigências internas e no julgamento
intuitivo. Essa confiança influencia na segurança/capacidade de coordenar a ênfase no aqui e agora,
na redução das subcepções e na abertura para novas experiências.
Um conceito basal na teoria rogeriana é o de congruência. Esse conceito é definido como
o grau de exatidão entre o que a pessoa faz e a tomada de consciência de seus atos. É uma medida
de discrepância entre o que é vivido (o que se faz) e o que é interpretado (o que se acha que faz). Um
alto grau da congruência significa que a comunicação (o que se está expressando), a experiência (o
que está ocorrendo em nosso campo) e a tomada de consciência (o que se está percebendo) são
todas semelhantes e a pessoa está saudável. Por outro lado, a Incongruência ocorre quando há
diferenças entre a tomada de consciência, a experiência e a comunicação. É uma inabilidade de

27
perceber com precisão a realidade e de comunicar a mesma. Um ponto importante a ser destacado

3:
é que quando a Incongruência está entre a tomada de consciência e a experiência, é chamada de

:3
repressão. Tornar-se consciente da própria realidade, e dos próprios atos, é o primeiro passo para a

15
mudança pessoal.

2
02
Para Rogers, a consideração positiva incondicional produz efeitos benéficos no

/2
desenvolvimento da personalidade da pessoa. Essa necessidade de consideração positiva é de

08
3/
natureza aprendida e consiste em uma avaliação positiva que ela recebe de outra pessoa. Partindo

-0
dessa concepção Rogers postulou que aceitar-se a si mesmo é um pré-requisito para uma aceitação
om
mais fácil e genuína dos outros.
l.c

Por fim, Rogers chegou à elaboração da técnica da reflexão, que propiciava uma
ai

sensação de aceitação incondicional. Esta técnica consistia na disposição do psicólogo em se centrar


gm

apenas no discurso de seu cliente, não opondo a ele nenhuma interpretação ou conselho,
@

favorecendo assim cada vez mais sua riqueza e complexidade. Uma das principais características
ra
ai

dessa técnica consistia no psicólogo devolver ao cliente a maneira como compreendia sua fala,
m

favorecendo com que ele percebesse que estava sendo compreendido e continuasse a desenvolver
li.
ril

sua fala. Essa técnica, aliada a não-diretividade da clínica rogeriana, geraram muitas críticas (e,
-g

talvez justifiquem a mudança de postura do próprio Rogers na sua terceira fase).


1
-0

E quanto à educação, o que devemos saber sobre Rogers? Primeiramente que os conceitos
78

trabalhados por ele no contexto clínico são todos aplicáveis à educação. Assim, deve haver um
.5

relacionamento interpessoal, afetuoso e de interesse de ambos, professor e aluno, juntos,


20
.8

caminhando para o aprendizado significativo. Desse modo, a autenticidade será a principal


92

ferramenta do educador que conduzirá o aluno à aprendizagem significava.


-2

Além disso, a tarefa de professor é liberar o caminho para que o estudante aprenda o que
li

quiser. Aqui vale ressaltar que para esse autor, a aprendizagem é um processo de afirmação de
ril
G

autoconfiança, pois o educando é continuamente estimulado a ir além do conhecido (fomento à


ra

curiosidade) a partir de si mesmo. Aqui a aprendizagem é contínua durante toda a vida do sujeito e
ai
M

deve ser orientada sempre para a realidade. Assim, formalmente, não existe aquele que sabe e
aquele que ensina, todos sabem alguma coisa e todos aprendem alguma coisa com alguém. O
professor passa a ser considerado um facilitador da aprendizagem, não mais aquele que transmite
conhecimento, e sim aquele que auxilia os educandos a aprender a viver como indivíduos em
processo de transformação. O educando é provocado a buscar o seu próprio conhecimento,
consciente de sua constante transformação.
Além desses pontos, existiram pontos importantes que Rogers combateu em sua obra. O
primeiro deles foi a aprendizagem através de “tarefas”. As tarefas são aquelas que só utilizam as
operações mentais e não consideram o indivíduo como um todo. Para ele, esse tipo de aprendizado
seria pouco útil para a vida real por ser esquecido com o tempo por ser meramente intelectual. Além
disso, não tem relevância com os sentimentos, as emoções e sensações do educando e não
provocam uma curiosidade que leve o indivíduo a aprofundar mais e mais. É preciso um
aprendizado emocional e voltado à realidade. Um indivíduo, por exemplo, que apresenta problemas
emocionais não consegue reter um bom aprendizado.

72
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Psicologia do Desenvolvimento

Dois pontos de sua teoria adaptada à educação são a confiança e a aceitação. O educador
deve conquistar a confiança do educando e deve aceitá-lo. Assim, se por um lado é preciso se
mostrar como facilitador que também é humano (com defeitos e qualidades, sentimentos e desejos,
alegrias e tristezas), por outro é preciso ter carinho pelo estudante e considerar/aceitar suas ações
e reações. Além desses dois pontos, é preciso ter a compreensão empática, que ocorre quando o
facilitador deixa o julgamento de lado e compreende o educando, tornando a aprendizagem
significativa. Quem possui esta habilidade não classifica o aluno, antes, integra-o ao grupo.
Sua escola de pensamento pedagógico é chamada de “tendência liberal renovada não-
diretiva”. Vejamos um trecho de um artigo de Luckesi:
O termo liberal não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aberto", como costuma
ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificação do sistema capitalista que, ao defender a
predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de
organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada

27
sociedade de classes. A pedagogia liberal, portanto, é uma manifestação própria desse tipo de

3:
sociedade.

:3
15
A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinqüenta anos, tem sido marcada pelas
tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada. Evidentemente tais tendências

2
02
se manifestam, concretamente, nas práticas escolares e no ideário pedagógico de muitos

/2
08
professores, ainda que estes não se dêem conta dessa influência.

3/
A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos

-0
para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais, por isso os indivíduos
om
precisam aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do
l.c

desenvolvimento da cultura individual. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das


ai

diferenças de classes, pois, embora difunda a idéia de igualdade de oportunidades, não leva em
gm

conta a desigualdade de condições. Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia


@

tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia


ra
ai

renovada (também denominada escola nova ou ativa), o que não significou a substituição de uma
m

pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar.


li.
ril

Na tendência tradicional, a pedagogia liberal se caracteriza por acentuar o ensino


-g

humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena
1
-0

realização como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não


78

têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. É a
.5
20

predominância da palavra do professor, das regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual.


.8

A tendência liberal renovada acentua, igualmente, o sentido da cultura como


92

desenvolvimento das aptidões individuais. Mas a educação é um processo interno, não externo; ela
-2

parte das necessidades e interesses individuais necessários para a adaptação ao meio. A educação é
li
ril

a vida presente, é a parte da própria experiência humana. A escola renovada propõe um ensino que
G

valorize a auto-educação (o aluno como sujeito do conhecimento), a experiência direta sobre o meio
ra

pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. A tendência liberal renovada apresenta-se,
ai
M

entre nós, em duas versões distintas: a renovada progressivista2, ou pragmatista, principalmente na


forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira (deve-
se destacar, também a influência de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); a renovada não-
diretiva orientada para os objetivos de auto realização (desenvolvimento pessoal) e para as relações
interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers.
A tendência liberal tecnicista subordina a educação à sociedade, tendo como função a
preparação de "recursos humanos" (mão-de-obra para a indústria). A sociedade industrial e
tecnológica estabelece (cientificamente) as metas econômicas, sociais e políticas, a educação treina
(também cientificamente) nos alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas. No
tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas próprias leis, bastando aos homens
descobri-las e aplicá-las. Dessa forma, o essencial não é o conteúdo da realidade, mas as técnicas
(forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia (aproveitamento ordenado de recursos, com base
no conhecimento científico) é o meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir um ótimo
funcionamento da sociedade; a educação é um recurso tecnológico por excelência. Ela "é encarada

73
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Psicologia do Desenvolvimento

como um instrumento capaz de promover, sem contradição, o desenvolvimento econômico pela


qualificação da mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da produção e, ao
mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘consciência política’ indispensável à manutenção do
Estado autoritário”3. Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia educacional e da
análise experimental do comportamento.

Outro trecho do mesmo trabalho é digno de citação:


Tendência liberal renovada não-diretiva
Papel da escola - Acentua-se nesta tendência o papel da escola na formação de atitudes,
razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os
pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro
do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal ás solicitações do ambiente. Rogers considera que o
ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os procedimentos didáticos, a

27
competência na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito pouca importância, face ao propósito de

3:
favorecer à pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar bem

:3
15
consigo próprio e com seus semelhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao

2
de uma boa terapia.

02
Conteúdos de ensino - A ênfase que esta tendência põe nos processos de desenvolvimento

/2
08
das relações e da comunicação torna secundária a transmissão de conteúdos. Os processos de

3/
ensino visam mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si mesmos os conhecimentos

-0
que, no entanto, são dispensáveis.
om
Métodos de ensino - Os métodos usuais são dispensados, prevalecendo quase que
l.c

exclusivamente o esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a


ai

aprendizagem dos alunos. Rogers explicita algumas das características do professor "facilitador":
gm

aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na
@
ra

capacidade de autodesenvolvimento do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se


ai

organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sentimentos de cada um possam ser


m
li.

expostos, sem ameaças. Assim, o objetivo do trabalho escolar se esgota nos processos de melhor
ril

relacionamento interpessoal, como condição para o crescimento pessoal.


-g

Relacionamento professor-aluno - A pedagogia não-diretiva propõe uma educação centrada


1
-0

no aluno, visando formar sua personalidade através da vivência de experiências significativas que
78

lhe permitam desenvolver características inerentes à sua natureza. O professor é um especialista em


.5
20

relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal e autêntico. "Ausentar-se" é a


.8

melhor forma de respeito e aceitação plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora, inibidora da
92

aprendizagem.
-2

Pressupostos de aprendizagem - A motivação resulta do desejo de adequação pessoal na


li
ril

busca da auto realização; é, portanto um ato interno. A motivação aumenta, quando o sujeito
G

desenvolve o sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto é,
ra
ai

desenvolve a valorização do "eu". Aprender, portanto, é modificar suas próprias percepções; daí que
M

apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado com essas percepções. Resulta que
a retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao "eu", ou seja, o que não está envolvido
com o "eu" não é retido e nem transferido. Portanto, a avaliação escolar perde inteiramente o
sentido, privilegiando-se a autoavaliação.
Manifestações na prática escolar - Entre nós, o inspirador da pedagogia não-diretiva é C.
Rogers, na verdade mais psicólogo clínico que educador. Suas ideias influenciam um número
expressivo de educadores e professores, principalmente orientadores educacionais e psicólogos
escolares que se dedicam ao aconselhamento. Menos recentemente, podem-se citar também
tendências inspiradas na escola de Summerhill do educador inglês A. Neill.

74
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Psicologia do Desenvolvimento

Skinner e Watson.

A Abordagem S=R
Nessa abordagem, iniciada muito tempo antes de Watson, os processos de aprendizagem
eram entendidos através da forma como os estímulos eram entendidos pelo organismo. Assim, há

27
uma relação fundamental com o ambiente no processo de desenvolvimento do organismo. Para

3:
:3
alguns autores é possível entender essa relação com o ambiente de forma absoluta, assim, o homem

15
nasce como uma tábula rasa e não devemos falar em aprendizados inatos. Para outros, temos

2
presets (mecanismos inatos) que se associam ao ambiente para promovermos nossas primeiras

02
/2
aprendizagens. Se fizéssemos um breve levantamento histórico, passearíamos por nomes como

08
Pavlov, Thorndike, Tolman, Hull, Dollard e Miller. Como não podemos perder tempo com conteúdos

3/
– importantes – mas que não irão cair em seu concurso, vamos direto ao assunto.

-0
om
Watson fundamentou o Behaviorismo Clássico, também conhecido como Psicologia S-R
l.c

ou Behaviorismo Metodológico. Nessa visão, ocorre uma ojeriza ao foco


ai
gm

mentalista/introspeccionista da época em favor de uma abordagem baseada em evidências


@

observáveis. Essa evidência observável era o “comportamento”, que era entendido como uma
ra

consequência ambiental anterior. Ele não descartava a existência do pensamento, apenas


ai
m

acreditava que esse não era útil na avaliação da natureza humana.


li.
ril
-g

A base dessa teoria consistia no fato que todo comportamento era modelado pelo
1

condicionamento clássico e toda resposta comportamental era precedida por um estímulo. Assim,
-0
78

usava-se a díade S-R (Stimulus-Response) para compreender e explicar a natureza humana. Em sua
.5

visão metodológica e positivista, o estímulo era uma variável independente enquanto que a resposta
20

era uma variável dependente. Watson acreditava, ainda, que todo comportamento era consequência
.8
92

da influência do meio, a ponto de afirmar que, dado algumas crianças recém-nascidas arbitrárias e
-2

um ambiente totalmente controlado, seria possível determinar qual a profissão e o caráter de cada
li

uma delas. Embora não tenha executado algum experimento do tipo, por razões óbvias, Watson
ril
G

executou o clássico e controvertido experimento do Pequeno Albert, demonstrando o


ra

condicionamento dos sentimentos humanos através do condicionamento responsivo.


ai
M

Skinner, advindo de uma forte base positivista, desenvolveu o behaviorismo radical.


Limitou o estudo psicológico cientifico ao comportamento observável do organismo através da
observação sensorial e definiu a Psicologia como a ciência do comportamento manifesto. Esse novo
modelo de comportamentalismo é uma visão moderna das primeiras psicologias mecanicistas de
estímulo-resposta, como o conexionismo desenvolvido por Thorndike e o behaviorismo
desenvolvido por Watson. O problema básico das teorias S-R é a não inclusão da reação do meio
sobre o organismo após a emissão da resposta. Apesar do seu parco estudo com a “lei do efeito” de
Thorndike, pouco das consequências dos atos era estudado na manutenção dos comportamentos.
Esse teórico foi fortemente anti-mentalista e se opunha aos behaviorismos mediacionais
(como Tolman, Hull e Dollar e Miller), negando a relevância científica de variáveis mediacionais, pois
acreditava que o homem era uma entidade única, uniforme, em oposição ao homem "composto" de
corpo e mente, ou seja, a visão de homem era a visão monista. Assim, ele não propõe que os estados
internos não existam, mas sim que não podem servir como as causas em uma análise científica do
comportamento. Estados mentais (como inteligência) são o produto de contingências prévias de

75
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Psicologia do Desenvolvimento

reforço, e não tem nenhum status causal. Ele também não pretende negar que os sentimentos
existem, no entanto, eles e outros estados corporais são produtos colaterais das nossas histórias,
seja genética ou ambiental.
Ele propôs a lei empírica de efeito. Isto é, um estímulo reforçador é um evento que
aumenta a frequência do comportamento com o qual é emparelhado, sem nenhuma referência à
satisfação ou a qualquer outro evento interno. Comportamentos complexos podem ser aprendidos
por meio de modelagem (através de aproximações sucessivas). Inicia-se reforçando um
comportamento que é um primeiro passo rumo ao comportamento final. Para ficar mais claro,
imagine um psicólogo comportamentalista utilizando os conceitos aqui aprendidos para lidar com
um paciente tímido. Inicialmente, e bem genericamente, deve-se traçar uma linha de base das
competências sociais do paciente para planejar um conjunto de atividades que irão conduzi-lo a
estágios superiores nessas habilidades. Como ele é tímido, pode-se começar com ensaios no
consultório e depois com pequenas tarefas de casa diárias para, somente então, levar o paciente

27
para experiências in vivo. Uma vez que ele detém uma boa base, aprendida nos passos anteriores,

3:
para lidar com a ansiedade social e para encadear comportamentos, fica mais fácil reduzir a timidez

:3
e eliciar comportamentos mais assertivos.

15
Para a melhor compreensão dos processos de modelagem, é interessante entender como

2
02
ocorre o controle de Estímulos. Esse controle pode ocorrer tanto pela generalização de estímulos

/2
(responder de forma semelhante a estímulos percebidos como semelhantes) como pela

08
3/
discriminação de estímulos (é o reforçamento diferencial; processo de decompor ou controlar

-0
generalizações). om
Creio que essas simplificações não ficarão claras para aqueles que não estão acostumados
l.c

com os conceitos da Análise do Comportamento. Por isso, gosto das definições apresentadas por
ai

Bock (1999):
gm

Generalização de estímulos: Na generalização de estímulos, um estímulo adquire controle


@

sobre uma resposta devido ao reforço na presença de um estímulo similar, porém diferente.
ra
ai

Frequentemente, a generalização depende de elementos comuns a dois ou mais estímulos. É o caso


m

de uma criança aprendendo sobre animais, chamar todo animal que mama de "mamífero",
li.
ril

independente da espécie... se mama... será mamífero, embora estímulos diferentes, há a


-g

generalização para classe "mamíferos".


1
-0

Discriminação de Estímulos: Diz-se que desenvolveu a discriminação de estímulos


78

quando uma resposta se mantém na presença de um ou mais determinado(s) estímulo(s), mas sofre
.5
20

certo grau de extinção na presença de outros. Isto é, um estímulo antecedente à resposta adquire a
.8

possibilidade de ser conhecido como discriminativo da situação reforçadora. Sempre que ele for
92

apresentado e a resposta emitida, haverá reforço. Exemplo: Motorista de ônibus para no semáforo,
-2

pois o sinal está vermelho, ou seja, o semáforo vermelho se tornou um estímulo discriminativo para
li
ril

emissão do comportamento de "parar" ser reforçada.


G
ra
ai
M

Skinner apresentou experimentalmente o condicionamento operante, como alternativa


ou complemento ao condicionamento clássico de Watson. Por isso, muitos estudiosos percebem a
sua obra como um passo lógico da perspectiva watsoniana. O foco central para as duas teorias era a
relação de comportamentos e variáveis determinantes. Assim, enquanto o comportamento reflexo
ou respondente (condicionamento clássico) é controlado por um estímulo precedente, o
comportamento operante (condicionamento instrumental ou operante) é controlado por suas
consequências (reforço) que se seguem às respostas.

É importante distinguir o Behaviorismo Radical da Análise Experimental do


Comportamento e da Análise Aplicada do Comportamento. A teoria do Behaviorismo Radical foi
desenvolvida como uma proposta de filosofia sobre o comportamento humano enquanto que as
pesquisas experimentais constituem a Análise Experimental do Comportamento, enquanto as
aplicações práticas fazem parte da Análise Aplicada do Comportamento. O Behaviorismo Radical
seria uma filosofia da ciência do comportamento.

76
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Psicologia do Desenvolvimento

Skinner desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do


modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O condicionamento operante
segue o modelo Sd-R-Sr, onde um primeiro estímulo Sd (estímulo discriminativo), aumenta a
probabilidade de ocorrência de uma resposta R. A diferença em relação aos paradigmas S-R e S-O-
R é que, no modelo Sd-R-Sr, o condicionamento ocorre se, após a resposta R, segue-se um estímulo
reforçador Sr, que pode ser um reforço (positivo ou negativo) que "estimule" o comportamento
(aumente sua probabilidade de ocorrência), ou uma punição (positiva ou negativa) que iniba o
comportamento em situações semelhantes posteriores.

Sd - R - Sr

27
onde:

3:
:3
15
Sd = estímulo discriminativo

2
02
/2
R = Resposta

08
3/
-0
Sr = estímulo reforçador om
l.c
ai
gm

Para Skinner, os comportamentos são selecionados através de três níveis de seleção. Os


@

componentes da mesma são: 1 - Nível Filogenético: que corresponde aos aspectos biológicos da
ra
ai

espécie e da hereditariedade do indivíduo; 2 - Nível Ontogenético: que corresponde a toda a história


m

de vida do indivíduo; 3 - Nível Cultural: os aspectos culturais que influenciam a conduta humana.
li.
ril

Através da interação desses três níveis (onde nenhum deles possui um status superior a outro) os
-g

comportamentos são selecionados. Para Skinner, o ser humano é um ser ativo, que opera no
1
-0

ambiente, provocando modificações no mesmo, modificações essas que retroagem sobre o sujeito,
78

modificando seus padrões comportamentais.


.5
20
.8

Vamos nos aprofundar um pouco mais nos conceitos centrais da teoria do


92

comportamentalismo de Skinner. Caso você consiga abstrair os conceitos do quadro abaixo sem
-2

dificuldades, recomendo pular dois parágrafos.


li
ril
G

Consequência após a Retirada da


ra

Apresentação da Consequência
ai

resposta Consequência
M

Reduz a aparição da
Aumenta a aparição da resposta
Reforço resposta (punição
(reforço positivo)
negativa)

Reduz a aparição da resposta Aumenta a aparição da


Estímulo Aversivo
(punição positiva) resposta (reforço negativo)

Consequência Inócua Extinção da resposta Extinção da resposta

Para Skinner, um operante (resposta) é fortalecido pelo reforçamento ou enfraquecido


pela sua extinção. Esse aumento da frequência de ocorrência de uma resposta pode ocorrer tanto
pelo reforço positivo quanto pelo reforço negativo. A redução da frequência de um comportamento,
por sua vez, pode ocorrer tanto por uma punição positiva quanto por uma punição negativa. Os

77
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Psicologia do Desenvolvimento

conceitos podem parecer semelhantes na teoria, mas, são bem distintos na prática. Observe que
sempre que falarmos de aumento de frequência de um operante (resposta) em função de suas
consequências, estaremos falando de reforço. Enquanto que sempre que falarmos de um operante
que reduz após a sua consequência, estaremos diante de uma punição. O termo “positivo” e
“negativo” refere-se à inserção ou a retirada de algum elemento na consequência contingente ao
comportamento. Assim, toda vez que falarmos de uma consequência de “x” positivo, estaremos
inserindo algo no ambiente, por outro lado, toda vez que falarmos em uma consequência de “x”
negativo, estaremos diante de algo que foi retirado do ambiente.
Seguem alguns exemplos para a compreensão dos conceitos do behaviorismo
metodológico. Imagine uma criança que está chorando e se jogando no chão de tanto espernear na
sua frente (na presença de seus amigos) assim que o pai dela (seu chefe) saiu da sala. Vamos supor
que ela esteja chorando depois de ter percebido que ninguém deu atenção quando ela começou a
brincar entre os adultos. A percepção da falta de atenção (S) gera uma resposta (R) que é a birra. Até

27
aqui temos a teoria S-R clássica. A questão colocada por Skinner é a seguinte: o que fazer para que

3:
essa bendita criança pare de querer chamar atenção? Vamos partir do pressuposto que os reforços

:3
e punições aqui apresentados sejam contingentes. Esquematicamente teríamos as seguintes

15
soluções viáveis para aumentar a frequência do comportamento estudado (birra): os adultos

2
02
parariam de conversar para dar atenção para a criança (reforço positivo do comportamento de fazer

/2
birra) ou manteriam o pai da criança longe (reforço negativo). Observe que no caso do reforço

08
3/
positivo, inserimos a atenção no nosso modelo estudado enquanto que no reforço negativo

-0
utilizamos a retirada do estímulo aversivo (o pai). Mas, certamente, você não tem a intenção de
om
estimular esse comportamento de birra que, em tese, é aversivo para você. Assim, você deve, para
l.c

reduzir a freqüência de exibição do comportamento, optar pela punição: mostre a foto de Skinner
ai

(punição positiva) ou saia do cômodo onde você está junto com seus amigos e deixe a criança lá
gm

(punição negativa). Nos dois casos o comportamento parará de ser exibido, tanto pela inserção de
@

um elemento aversivo (punição positiva) como pela retirada de um elemento motivador da birra
ra
ai

(punição negativa).
m

O papel do reforço tem importância primal na teoria de Skinner. Para finalizarmos essa
li.
ril

parte do conteúdo, algumas definições devem ser feitas. A primeira distinção que devemos ter em
-g

mente é que existem os reforçadores primários e os secundários. O reforçador primário refere-se a


1
-0

estímulos inatos e relacionados às funções de sobrevivência (comida, água, contato sexual,


78

afetividade,...). O reforçador secundário refere-se a estímulos condicionados aos primários


.5

(dinheiro, atenção, reconhecimento,...). Logo, como você deve ter percebido, esses reforçadores
20
.8

secundários são os reforços aprendidos.


92

Outro ponto importante é a distinção entre os esquemas de reforço. Existem os esquemas


-2

de reforço contínuo e os esquemas de reforço intermitente. No Esquema de Reforço Contínuo todas


li

as respostas são reforçadas. Este é o esquema de reforço mais adequado para que um determinado
ril
G

comportamento seja modelado. No Esquema de reforço intermitente nem todas as respostas são
ra

reforçadas e não sabemos o intervalo entre a emissão do comportamento e a resposta. Esse


ai
M

esquema de reforço intermitente é tido como o mais eficaz na manutenção de respostas já


modeladas (permite uma resistência maior à extinção). Os esquemas de reforço intermitente
dividem-se em Esquemas de Razão e Esquemas de Intervalo. Os Esquemas de Razão são
identificados quando um reforço ocorre em decorrência (razão) da emissão de um comportamento
desejado. Assim, podem ser divididos em Esquemas de Reforço de Razão Fixa e Esquemas de
Reforço de Razão Variável. No Reforço de Razão Fixa o reforço é dado ao comportamento desejado
depois de uma quantidade delimitada de “x” comportamentos. Exemplo: chefe gratifica os
funcionários que obtém um desempenho excepcional 3 dias seguidos. No Reforço de Razão Variável
o reforço dado ao comportamento desejado sem o estabelecimento do número de exibição do
mesmo. Exemplo: o namorado não sabe quantas vezes tem de se desculpar por aquela mancha de
batom em sua blusa para que seja perdoado.
O Esquema de Intervalo ocorre quando o reforço não é aplicado imediatamente após a
emissão de uma resposta esperada, mas depois de certo tempo. Esse esquema de Intervalo pode ser
dividido em Esquema de Reforço de Intervalo Fixo e Esquema de Reforço de Intervalo Variável.

78
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No Reforço de Intervalo Fixo o reforço aplicado em intervalos previamente definidos. Exemplo: o


resultado de uma prova que só é conhecido após um mês de férias. No Reforço de Intervalo Variável
o reforço aplicado em intervalos não fixos, sendo impossível, por parte do indivíduo, fazer qualquer
previsão. Exemplo: mudar a estação de rádio até encontrar uma estação de seu agrado.
Segue um breve esquema:
1. Esquema de Reforço Contínuo
2. Esquema de reforço intermitente
a) Esquema de Razão
§ Esquemas de Reforço de Razão Fixa
§ Esquemas de Reforço de Razão Variável.
b) Esquema de Intervalo
§ Esquema de Reforço de Intervalo Fixo
§ Esquema de Reforço de Intervalo Variável.

27
3:
Existe, ainda, o reforço por Imitação, que não cairá em seu concurso, mas deve ser

:3
explicado para não gerar confusão. Esse reforço ocorre quando se observa alguém ser reforçado por

15
causa de algum comportamento emitido, a tendência é imitar aquele comportamento. Esse conceito

2
02
é central para Bandura.

/2
Por fim, existe o enfraquecimento e extinção de uma resposta que ocorre com a

08
3/
diminuição da frequência de uma resposta ou a supressão desta resposta, ainda que temporária,

-0
pela não aplicação do reforço incompatível ou punição. om
l.c
ai
gm

E quanto a educação? Já sabemos que Skinner e os autores correlatos fundamentaram a


@

base da educação tecnicista. Vejamos o que Luckesi fala a este respeito:


ra
ai

Tendência liberal tecnicista


m
li.

Papel da escola - Num sistema social harmônico, orgânico e funcional, a escola funciona
ril

como modeladora do comportamento humano, através de técnicas específicas. À educação escolar


-g

compete organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos,


1
-0

úteis e necessários para que os indivíduos se integrem na máquina do sistema social global. Tal
78

sistema social é regido por leis naturais (há na sociedade a mesma regularidade e as mesmas
.5
20

relações funcionais observáveis entre os fenômenos da natureza), cientificamente descobertas.


.8

Basta aplicá-las. A atividade da "descoberta" é função da educação, mas deve ser restrita aos
92

especialistas; a "aplicação" é competência do processo educacional comum. A escola atua, assim,


-2

no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com


li
ril

o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a


G

tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é o de produzir indivíduos "competentes" para


ra

o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas. A


ai
M

pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise experimental do comportamento garantem


a objetividade da prática escolar, uma vez que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam da
aplicação de leis naturais que independem dos que a conhecem ou executam.
Conteúdos de ensino - São as informações, princípios científicos, leis etc., estabelecidos e
ordenados numa seqüência lógica e psicológica por especialistas. É matéria de ensino apenas o que
é redutível ao conhecimento observável e mensurável; os conteúdos decorrem, assim, da ciência
objetiva, eliminando-se qualquer sinal de subjetividade. O material instrucional encontra-se
sistematizado nos manuais, nos livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dispositivos
audiovisuais etc.
Métodos de ensino - Consistem nos procedimentos e técnicas necessárias ao arranjo e
controle nas condições ambientais que assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a
primeira tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal
é conseguir o comportamento adequado pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia
educacional. A tecnologia educacional é a "aplicação sistemática de princípios científicos

79
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comportamentais e tecnológicos a problemas educacionais, em função de resultados efetivos,


utilizando uma metodologia e abordagem sistêmica abrangente. Qualquer sistema instrucional (há
uma grande variedade deles) possui três componentes básicos: objetivos instrucionais
operacionalizados em comportamentos observáveis e mensuráveis, procedimentos instrucionais e
avaliação. As etapas básicas de um processo ensino-aprendizagem são: a) estabelecimento de
comportamentos terminais, através de objetivos instrucionais; b) análise da tarefa de aprendizagem,
a fim de ordenar seqüencialmente os passos da instrução; c) executar o programa, reforçando
gradualmente as respostas corretas correspondentes aos objetivos. O essencial da tecnologia
educacional é a programação por passos seqüenciais empregada na instrução programada, nas
técnicas de microensino, multimeios, módulos etc. O emprego da tecnologia instrucional na escola
pública aparece nas formas de: planejamento em moldes sistêmicos, concepção de aprendizagem
como mudança de comportamento, operacionalização de objetivos, uso de procedimentos cientí-
ficos (instrução programada, audiovisuais, avaliação etc., inclusive a programação de livros

27
didáticos)6.

3:
Relacionamento professor-aluno - São relações estruturadas e objetivas, com papéis bem

:3
definidos: o professor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um sistema

15
instrucional eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o aluno recebe, aprende

2
02
e fixa as informações. O professor é apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno,

/2
cabendo-lhe empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo responsivo, não

08
3/
participa da elaboração do programa educacional. Ambos são espectadores frente à verdade

-0
objetiva. A comunicação professor-aluno tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir
om
a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates, discussões, questionamentos são
l.c

desnecessários, assim como pouco importam as relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos
ai

no processo ensinoaprendizagem.
gm

Pressupostos de aprendizagem - As teorias de aprendizagem que fundamentam a pedagogia


@

tecnicista dizem que aprender é uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino
ra
ai

depende de organizar eficientemente as condições estimuladoras, de modo a que o aluno saia da


m

situação de aprendizagem diferente de como entrou. Ou seja, o ensino é um processo de


li.
ril

condicionamento através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter. Assim, os
-g

sistemas instrucionais visam ao controle do comportamento individual face objetivos


1
-0

preestabelecidos. Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, centrado no controle das condições


78

que cercam o organismo que se comporta. O objetivo da ciência pedagógica, a partir da psicologia,
.5

é o estudo científico do comportamento: descobrir as leis naturais que presidem as reações físicas
20
.8

do organismo que aprende, a fim de aumentar o controle das variáveis que o afetam. Os
92

componentes da aprendizagem - motivação, retenção, transferência - decorrem da aplicação do


-2

comportamento operante Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a


li

estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem com a resposta ou após a mesma:
ril
G

"Se a ocorrência de um (comportamento) operante é seguida pela apresentação de um estíimulo


ra

(reforçador), a probabilidade de reforçamento é aumentada". Entre os autores que contribuem para


ai
M

os estudos de aprendizagem destacam-se: Skinner, Gagné, Bloon e Mager7.


Manifestações na prática escolar - A influência da pedagogia tecnicista remonta à 2ª metade
dos anos 50 (PABAEE - Programa Brasileiro-americano de Auxílio ao Ensino Elementar). Entretanto
foi introduzida mais efetivamente no final dos anos 60 com o objetivo de adequar o sistema
educacional à orientação político-econômica do regime militar: inserir a escola nos modelos de
racionalização do sistema de produção capitalista. É quando a orientação escolanovista cede lugar
à tendência tecnicista, pelo menos no nível de política oficial; os marcos de implantação do modelo
tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que reorganizam o ensino superior e o ensino de 1º e 2º
graus. A despeito da máquina oficial, entretanto, não há indícios seguros de que os professores da
escola pública tenham assimilado a pedagogia tecnicista, pelo menos em termos de ideário. A
aplicação da metodologia tecnicista (planejamento, livros didáticos programados, procedimentos
de avaliação etc.) não configura uma postura tecnicista do professor; antes, o exercício profissional
continua mais para uma postura eclética em torno de princípios pedagógicos assentados nas peda-
gogias tradicional e renovada.

80
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Questões sobre Desenvolvimento


1. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017
De acordo com Jacques Lacan, em determinada fase do desenvolvimento da
criança constitui-se uma demarcação de sua unidade corporal, separada do corpo
da mãe. Esse primeiro corte com o exercício pleno da pulsão ocorre por meio
A do afeto.
B da foraclusão.
C do imaginário.
D do registro do simbólico.

27
E do registro do real.

3:
:3
15
2. CONSULPLAN - Prefeitura de Venda Nova do Imigrante - ES - Psicólogo

2
02
- 2016

/2
08
A teoria psicossocial de Erikson avança em oito estágios de desenvolvimento. Os

3/
-0
primeiros quatro estágios ocorrem durante o período de bebê e de infância, e os três
om
últimos durante os anos adultos e a velhice. Nos textos de Erikson, é dada uma
l.c

ênfase especial ao período da adolescência, pois é nele que se faz a transição da


ai
gm

infância para a vida adulta. O que ocorre durante esse estágio é da maior
@

importância para a personalidade adulta. A partir dessa conceituação, é correto


ra

afirmar que a principal importância dos estudos de Erikson são formulados a partir
ai
m

de:
li.
ril

A Adolescência, somente.
-g

B Infância, adolescência e idade adulta.


1
-0

C Relação primária do bebê com o mundo.


78
.5

D Identidade, crises de identidade e confusão de identidade.


20
.8
92

3. INSTITUTO AOCP - 2019 - UFFS - Psicólogo


-2

A respeito da síndrome normal da adolescência e psicanálise, é correto afirmar


li
ril

que
G
ra

A nesse processo do desenvolvimento, o principal mecanismo psíquico de defesa


ai
M

utilizado é a denegação.
B nessa fase, ocorre o luto do corpo e do papel infantil, assim como da idealização
dos pais.
C a identidade se constitui até os 7 (sete) anos, portanto, na adolescência, não
ocorrem processos identificatórios.
D um momento linear, equilibrado e estável.
E é incomum a adesão a grupos na tentativa de experimentar novos papéis.

4. Instituto AOCP – HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL


DE SERGIPE – PSICÓLOGO HOSPITALAR – 2013
Uma das solicitações muito frequentes nos hospitais em relação ao puerpério é a
avaliação da relação mãe e bebê. Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA.

81
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

(A) A importância da avaliação da relação mãe e bebê se justifica ao considerar


que a qualidade dessa relação implica no desenvolvimento psíquico e cognitivo
saudáveis.
(B) Pesquisas já apontam que, em casos de bebê pré-termos, que necessitam de
cuidados intensivos, a presença dos pais com o investimento de afeto no recém
nascido contribui para a melhoria clínica.
(C) Ao avaliar a relação mãe e bebê alguns itens são contemplados como: como
a mãe segura o bebê, o modo de oferecer o seio e como olha para o bebê.
(D) O cuidado adequado são sinais de carinho e zelo, sendo assim é preciso
muitas vezes orientar as mães, considerando que a maternidade é instintiva.
(E) Algumas teorias do desenvolvimento corroboram que o bebê ao nascer vai

27
se dando conta, ao longo das semanas, que já não é parte da mãe, isso justifica a

3:
:3
importância de se ter uma boa qualidade no vínculo entre os dois.

15
2
02
5. Instituto AOCP – Prefeitura de Angra dos Reis – Psicólogo – 2015

/2
A “Síndrome da Adolescência Normal” abrange a premissa de que seria anormal

08
3/
a presença de um equilíbrio estável durante essa fase do desenvolvimento. A
-0
respeito das características da identidade adolescente, assinale a alternativa
om
INCORRETA.
l.c
ai

(A) A adolescência é responsável pela busca de identidade, a qual inicia e se


gm

concretiza nesse mesmo período, havendo poucas mudanças posteriormente, uma


@
ra

vez que, ao adquirir uma identidade, não é possível mudá-la.


ai

(B) Ocorre uma busca por identificação e alguns adolescentes podem procurar uma
m
li.

“identidade negativa” devido a algum transtorno na aquisição da identidade infantil


ril
-g

ou a uma necessidade mais imperiosa de abandonar seus aspectos infantis.


1
-0

(C) Na pressa por uma identidade adulta, pode- se adquirir pseudoidentidades,


78

escondendo a identidade latente.


.5
20

(D) Ocorre um sentimento de despersonificação do adolescente, devido à


.8
92

dificuldade em se adaptar ao corpo em crescimento, às novas vivências e à falta de


-2

semelhança familiar.
li
ril

(E) Nessa fase é necessária a elaboração dos lutos dos pais da infância, do corpo
G

infantil e da própria infância.


ra
ai
M

6. Instituto AOCP – INES – Psicólogo – 2009


Costuma-se dividir a Adolescência em três etapas: pré-puberdade, puberdade
e pós-puberdade. Em relação a estas três etapas, analise as assertivas e assinale
a alternativa que aponta a(s) correta(s).
I. O período Pós-puberal é o menos conflitivo em nossa sociedade.
II. A gradual progressão da criança no seu desenvolvimento para a
maturidade é perturbada pelas transformações da puberdade,
obrigando-a a uma profunda reorganização intrapsíquica.
III. O desenvolvimento físico, que vinha gradualmente se realizando,
sofre uma aceleração.
IV. Nos dois ou três anos que antecedem a puberdade, a criança

82
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

aumenta cerca de seis quilos e cresce em média 10 cm por ano.


a) Apenas I está correta.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas I e IV estão corretas.
e) I, II, III e IV estão corretas.

7. Instituto AOCP – INES – Psicólogo – 2009


O adolescente passa a experienciar um sentido da própria identidade, um
sentimento de que é um ser humano único, que está preparado para se encaixar
em algum papel significativo na sociedade. A respeito da formação da

27
Identidade na adolescência, assinale a alternativa correta.

3:
:3
a) O agente interno ativador na formação da identidade é o ego.

15
b) O agente interno ativador na formação da identidade é o superego.

2
02
c) O agente interno ativador na formação da Identidade é o Id.

/2
08
d) Durante a confusão de Identidade, o adolescente é incapaz de sentir-se

3/
regredindo.
-0
e) Durante o estágio da formação da identidade o adolescente é incapaz de sofrer
om
profundamente em virtude da confusão de papéis ou de confusão de identidade.
l.c
ai
gm

8. Instituto AOCP – ELETROBRÁS – Psicólogo – 2009


@
ra

Conforme Erik Erikson, em sua teoria do Desenvolvimento Psicossocial, há oito


ai
m

estádios psicossociais, listados a seguir:


li.
ril

1. confiança básica x desconfiança básica;


-g

2. integridade do ego x desesperança;


1
-0

3. produção (diligência) x inferioridade;


78
.5

4. identidade x confusão de papéis;


20

5. iniciativa x culpa;
.8
92

6. generatividade x estagnação;
-2

7. autonomia x vergonha e dúvida;


li
ril

8. intimidade x isolamento.
G
ra

Assinale a alternativa que corresponde à seqüência em que tais estádios aparecem


ai
M

ao longo do desenvolvimento humano.


a) 1, 7, 5, 3, 4, 8, 6 e 2.
b) 1, 5, 7, 3, 8, 4, 6 e 2.
c) 1, 7, 5, 8, 4, 3, 2 e 6.
d) 1, 7, 3, 5, 8, 4, 2 e 6.
e) 7, 1, 5, 3, 4, 8, 2 e 6.

9. PUC/PR – TJ-PR – Psicólogo – 2017


No que se refere à compreensão do desenvolvimento humano na perspectiva da
Análise do Comportamento, assinale a alternativa CORRETA.

83
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

A) Desenvolvimento, para a análise do comportamento, refere-se à continuidade de


mudanças as quais são sistemáticas, ordenadas, padronizadas e permanentes na
vida do indivíduo.
B) A análise do comportamento propõe que o desenvolvimento ocorre em estágios
e considera a idade como aspecto principal para determinadas aquisições.
C) A análise do comportamento propõe que o desenvolvimento seja uma integração
estrutural entre teorias cognitivas e teorias de aprendizagem.
D) Para a análise do comportamento, o processo do desenvolvimento sofre
influência tanto da maturação biológica quanto das experiências que o individuo
vivencia.
E) Para a análise do comportamento, o desenvolvimento ocorre dentro do

27
organismo da criança, por meio de mudança nas estruturas cognitivas.

3:
:3
15
10. PUC/PR – TJ-PR – Psicólogo – 2017

2
02
Com base no modelo bioecológico do desenvolvimento humano, analise as

/2
alternativas a seguir.

08
3/
I. O ambiente/contexto ecológico é constituído por um conjunto de sistemas
-0
interdependentes vistos como organização de encaixe de estruturas concêntricas.
om
II. Para Bronfenbrenner, na compreensão do desenvolvimento humano, a herança
l.c
ai

genética é fundamental, definirá o desenvolvimento e se sobrepõe ao fenótipo.


gm

III. Para compreender o desenvolvimento humano, é necessário considerar o


@
ra

ambiente ecológico, o qual é composto por oito subsistemas.


ai

IV. Desenvolvimento é o processo por meio do qual a pessoa se transforma e adquire


m
li.
ril

uma concepção mais ampliada, diferenciada e válida do meio.


-g

V. O desenvolvimento acontece na sucessão de estágios, sendo que em cada estágio


1
-0

o ego passa por uma crise. O desenvolvimento do indivíduo está relacionado ao


78

seu contexto social, o qual influencia as crises.


.5
20

Estão CORRETAS somente


.8
92

a. A) I e IV.
-2

b. B) II, III, V.
li
ril

c. C) II, III, IV.


G
ra

d. D) I, II, III, IV.


ai

e. E) I e V.
M

11. IBFC – SEPLAG/MG – Psicólogo – 2014


No final do século XIX Freud propôs para a sociedade e comunidade científica a
teoria do desenvolvimento psicossexual da criança, que causou grande espanto e
polêmica na sociedade conservadora da época. De acordo com tal teoria, o
desenvolvimento psicossexual acontece através da passagem por diversas etapas
desde o nascimento. Assinale a alternativa cujas características correspondam a
fase genital do desenvolvimento psicossexual:
a) o pênis torna-se o principal órgão de interesse para crianças de ambos os sexos,
e sua ausência nas meninas é vista como castração. Nesta fase, o envolvimento e o
conflito edipiano são estabelecidos.

84
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

b) consolida-se a maturação fisiológica dos sistemas de funcionamento sexual,


sendo que os principais objetivos desta fase são a separação final da dependência
e do apego aos pais, e o estabelecimento de relações de objeto maduras e não
incestuosas.
c) seu principal objetivo é que a criança possa estabelecer um relacionamento de
dependência com sujeitos que proporcionam nutrição e sustento, obtendo uma
expressão confortável e a gratificação de necessidades.
d) período que compreende por volta do terceiro e quarto ano de vida da criança, e
é marcado pelo controle neuromuscular sobre os esfíncteres, sendo uma fase
marcada por uma intensificação dos impulsos agressivos.

27
12. IBFC – Prefeitura de Alagoa Grande/PB – Psicólogo – 2014

3:
:3
Sigmund Freud, pai da psicanálise, propôs em sua teoria, fases do

15
desenvolvimento psicossexual. As afirmações abaixo correspondem às

2
02
características das fases do desenvolvimento:

/2
08
O principal objetivo dessa fase é que a criança possa estabelecer um

3/
relacionamento com sujeitos que proporcionam nutrição e sustento, obtendo uma
expressão confortável e a gratificação de necessidades. -0
om
I. Nesta fase consolida-se a maturação fisiológica dos sistemas de funcionamento
l.c
ai

sexual.
gm

II. Os principais objetivos desta fase são a separação final da dependência e do


@
ra

apego aos pais, e o estabelecimento de relações de objeto maduras e não


ai
m

incestuosas.
li.
ril

III. Nesta fase, o pênis torna-se o principal órgão de interesse para crianças de
-g

ambos os sexos, e sua ausência nas meninas é vista como castração.


1
-0

A(s) afirmação(ções) que corresponde(m) as características da fase genital do


78
.5

desenvolvimento psicossexual é (são):


20

a) II e III, apenas.
.8
92

b) I e IV, apenas.
-2

c) II, III, e IV, apenas.


li
ril

d) II, apenas.
G
ra
ai

13. FGV – DETRAN/RN – Psicólogo – 2010


M

Em pesquisas, estudos e práticas na área da ciência do desenvolvimento humano,


há “consenso na literatura contemporânea sobre a necessidade de se considerar,”
EXCETO:
A) Os indivíduos dentro de suas redes ou sistemas de interação social.
B) A expansão das fronteiras metodológicas usadas na investigação dos processos
de desenvolvimento para métodos mais adequados à sua complexidade,
propondo estudos sistêmicos, longitudinais, transculturais, transgeracionais e
multimetodológicos.
C) A dialética entre os sistemas biopsicossociais inseridos no contexto histórico-
cultural.
D) A dinâmica do curso de vida em sua totalidade, incluindo as gerações anteriores

85
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

e posteriores.
E) A atenção ao indivíduo no contínuo e imutável processo de desenvolvimento
humano.

14. FGV – DETRAN/RN – Psicólogo – 2010


Uma das teorias da ciência do desenvolvimento humano denominada
abordagem do curso da vida, tem como princípios paradigmáticos, EXCETO:
A) As variações geográficas e históricas nas vidas humanas.
B) As etapas constituintes do desenvolvimento humano vividas de 0 a 12 anos.
C) A(s) organização(ações) humana(s) e suas restrições sociais, moldando as
trajetórias do desenvolvimento.

27
D) O papel central do tempo e do processo do desenvolvimento.

3:
:3
E) As vidas relacionadas ou interdependentes na matriz de relações sociais, no

15
tempo.

2
02
/2
08
15. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010

3/
Os estudos do psicanalista francês René Spitz trouxeram importantes
-0
contribuições para a compreensão de quadros psicossomáticos desenvolvidos no
om
primeiro ano de vida e influenciaram inúmeros estudos sobre a psicossomática do
l.c
ai

adulto.
gm

Avalie as afirmativas a seguir e assinale a incorreta.


@
ra

A) o marasmo é conseqüência da perda de uma relação objetal bem estabelecida.


ai
m

(B) o trabalho de Spitz é um dos mais importantes estudos sobre o desenvolvimento


li.
ril

infantil no primeiro ano de vida, nos quais se combinaram técnicas de observação


-g

direta e uso de testes projetivos.


1
-0

(C) a depressão anaclítica surge como uma conseqüência da separação do bebê de


78

sua mãe ou de seu cuidador.


.5
20

(D) segundo Spitz, a cólica dos três primeiros meses seria decorrente da hiper-
.8
92

solicitude ansiosa da mãe.


-2

(E) vômitos incoercíveis são resultantes da hostilidade materna disfarçada em


li
ril

hiper-solicitude.
G
ra
ai

16. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Itapevi - SP - Psicólogo


M

Jean Piaget considera que a estruturação do sujeito sofre influência de alguns


fatores. De acordo com a perspectiva do autor, o fator mais importante nesse
processo é a
(A) interação social.
(B) maturação nervosa.
(C) exercício repetitivo.
(D) equilibração.
(E) experiência adquirida.

17. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Itapevi - SP - Psicólogo

86
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

A visão construtivista do psiquismo humano é compartilhada atualmente por


numerosas teorias do desenvolvimento, da aprendizagem e de procedimentos
psicológicos, que são foco da psicologia da educação. Essa visão compreende a
aprendizagem como um processo
(A) dinâmico e determinado pelas experiências de vida.
(B) complexo e alheio ao aporte daquele que aprende.
(C) ativo e de natureza essencialmente individual e interna.
(D) multifacetado e submetido à interferência mínima do ambiente.
(E) empírico e dependente de estratégias de ensaio e erro para se constituir.

18. VUNESP - 2019 - UFABC - Psicólogo

27
De acordo com a perspectiva de Jean Piaget, o egocentrismo é um aspecto central

3:
:3
do pensamento da criança entre dois e sete anos, aproximadamente. Quando a

15
criança supera esse aspecto, ela é capaz de

2
02
(A) tomar consciência do que é subjetivo em si.

/2
(B) adquirir conhecimentos relevantes.

08
3/
(C) associar o sujeito e os objetos.
-0
(D) se aprofundar na experiência pessoal.
om
(E) se adaptar às situações intencionalmente.
l.c
ai
gm

19. VUNESP - 2019 - UFABC - Psicólogo


@
ra

Uma visão de aprendizagem que adota uma perspectiva crítica


ai

(A) enfatiza a necessidade de disciplina, de organização metódica de procedimentos


m
li.

e conteúdos.
ril
-g

(B) solicita a definição clara de conceitos a serem aprendidos, e uma sequência


1
-0

específica para a sua apresentação.


78

(C) estimula a formação de grupos para aprender, e a homogeneidade de repertório


.5
20

dos aprendizes.
.8

(D) considera os fenômenos sociais na sua complexidade, estimula a autonomia e a


92
-2

criatividade.
li

(E) define trilhas de conhecimentos, apresentadas de acordo com o ritmo pessoal


ril
G

de aprendizagem dos alunos.


ra
ai
M

20. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo


Um dos conceitos específicos da teoria de Lev Vygotsky é o de zona de
desenvolvimento proximal. Essa premissa reforça a ideia de que
(A) o bom ensino é aquele que não se adianta em relação aos processos da criança
que já se consolidaram.
(B) o desenvolvimento deve ser olhado e concebido retrospectivamente, para
produzir resultados sólidos.
(C) a trajetória do desenvolvimento humano se orienta pela externalização dos
processos interpsicológicos.
(D) o indivíduo tem instrumentos endógenos para percorrer, sozinho, o caminho de
seu pleno desenvolvimento.

87
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(E) o papel do professor é o de provocar nos alunos avanços na aprendizagem que


não ocorreriam espontaneamente.

21. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo


Para Donald Winnicott, o espaço da sessão ofereceria aos pacientes uma
segunda oportunidade para o seu desenvolvimento, pois possibilitaria a
sustentação “suficientemente boa” que o indivíduo não teve em sua infância. Essa
condição seria possível porque o enquadramento da análise
(A) substitui as experiências traumáticas vividas pelo paciente por experiências com
características favoráveis ao amadurecimento.
(B) reproduz as técnicas de maternagem precoces, convidando à regressão em uma

27
situação de confiabilidade.

3:
:3
(C) evita as referências ao ambiente primário hostil, para que possa ser oferecida ao

15
paciente uma nova experiência de holding.

2
02
(D) organiza as pulsões orais, anais e genitais, que têm um papel primordial no

/2
processo de desenvolvimento do indivíduo.

08
3/
(E) aplaca as vivências de fracasso no desenvolvimento do ego, pois instaura uma
-0
nova ordem para o registro do simbólico.
om
l.c
ai

22. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo


gm

A teoria das relações de objeto modificou a visão da conduta humana e dos


@
ra

processos inconscientes porque inseriu no contexto da psicanálise a ideia de que


ai

(A) as características que os objetos internos adquirem independem do confronto


m
li.

entre os sentimentos
ril
-g

agressivos e amorosos.
1
-0

(B) a pulsão exerce papel fundamental no psiquismo, mesmo quando não se dirige
78

aos objetos.
.5
20

(C) as fantasias são respostas compensatórias da psique para a falta de gratificação


.8

pulsional.
92
-2

(D) a concepção de psiquismo tem como elemento fundamental o vínculo


li

emocional.
ril
G

(E) o superego é a instância psíquica resultante da resolução do Complexo de Édipo.


ra
ai
M

23. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo


De uma perspectiva psicodinâmica, mesmo quando as relações na infância com
os pais são abusivas e conflituosas, a criança as considera como uma fonte de
prazer. Isso acontece porque
(A) elas proporcionam à criança abusada um senso de continuidade e significado.
(B) essas crianças se tonaram incapazes de sentir medo ou abandono.
(C) os conflitos são inerentes às relações humanas, desde a mais tenra infância.
(D) as figuras paternas, na infância, precisam ser protegidas dos ataques destrutivos
do self.
(E) o masoquismo é um sintoma neurótico presente em todo indivíduo, até em
crianças.

88
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

24. VUNESP – Guarulhos – Psicólogo – 2019


Segundo a concepção de Jean Piaget, a evolução das capacidades sensoriais,
motoras e intelectuais de uma criança
(A) pode variar no seu ritmo e qualidade, mas inevitavelmente obedece a uma
sequência neurofisiológica pré-determinada.
(B) é determinada pelas condições do aparato neurofisiológico dessa criança, no
momento de seu nascimento.
(C) pode assumir qualquer configuração, desde que as condições do ambiente
forneçam estimulação diversificada e abundante.
(D) resulta da integração dos aspectos destrutivos e amorosos de sua

27
personalidade, durante o primeiro ano de vida.

3:
:3
(E) é fruto de sua tendência inata ao amadurecimento que é colocada em ação pela

15
atitude da mãe suficientemente boa.

2
02
/2
25. VUNESP – Guarulhos – Psicólogo – 2019

08
3/
Um psicólogo foi encarregado de realizar um grupo terapêutico com adolescentes,
-0
para colaborar com as ações envolvidas em um programa para a prevenção de
om
bullying nas escolas. Essa estratégia para o trabalho terapêutico com adolescentes,
l.c
ai

(A) é muito favorável, uma vez que os adolescentes têm uma tendência natural para
gm

se agruparem.
@
ra

(B) é inadequada, pois os sentimentos transferenciais nesse período de vida são


ai

mais intensos e ameaçadores.


m
li.

(C) é desaconselhável, uma vez que nessa etapa do desenvolvimento a prioridade é


ril
-g

a estruturação da identidade individual.


1
-0

(D) é inócua, porque os adolescentes são indivíduos especialmente refratários às


78

questões sociais e culturais.


.5
20

(E) é crítica, pois a atitude naturalmente agressiva e contestadora dos adolescentes


.8

impede o trabalho do terapeuta.


92
-2
li

26. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017


ril
G

Para René Spitz (2013), as relações objetais se estabelecem


ra
ai

a) por ocasião do nascimento da criança, uma vez que o bebê nasce programado
M

para estabelecê-las ao primeiro contato físico com a mãe.


b) por volta do 6° mês, quando a mãe é percebida como um objeto inteiro,
independentemente das necessidades insatisfeitas do bebê.
c) por ocasião da resposta-sorriso, indicativa de que o bebê reconhece o rosto da
mãe e reage a ele sorrindo.
d) com a primeira mamada, na medida em que o seio materno passa a satisfazer os
desejos e as necessidades do bebê.
e) durante a gestação, quando a mãe se conscientiza da presença do bebê em seu
corpo e reage afetivamente a essa experiência.

27. VUNESP - MPE-ES - Agente Técnico – Psicólogo – 2013

89
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Para René Spitz, a interiorização da mãe como objeto libidinal


a) é estabelecida por ocasião da primeira experiência de amamentação do bebê.
b) é indicada pela presença do segundo organizador psíquico, a angústia do 8.° mês.
c) se dá quando a criança reconhece o rosto da mãe, emitindo a resposta-sorriso.
d) ocorre durante a gestação, de modo que o bebê nasça com o vínculo
estabelecido.
e) decorre de sucessivas experiências de handling e holding pela mãe.

28. VUNESP - SAP-SP - Psicólogo – 2011


Ao discutir a personalidade infantil, no período pré-verbal, René Spitz defende a
ideia da existência de

27
a) um estado inicial indiferenciado e do desenvolvimento lento e contínuo dos

3:
:3
processos psicológicos.

15
b) uma vida mental complexa, na qual o conteúdo das fantasias desempenha um

2
02
papel fundamental.

/2
c) uma reconstrução de processos de desenvolvimento feita por meio dos estágios

08
3/
de desenvolvimento anteriores.
-0
d) desordens psicotóxicas ocasionadas por desordens nas relações objetais
om
primitivas com a mãe.
l.c
ai

e) um conflito entre impulsos opostos e sentimentos de culpa que se traduzem em


gm

ataques destrutivos à figura materna.


@
ra
ai

29. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo – 2012


m
li.

Spitz (2004) identificou uma série de padrões prejudiciais de comportamento


ril
-g

materno que se mostraram ligados a distúrbios psicotóxicos da criança. Dentre eles,


1
-0

pode-se citar:
78

a) estabilidade de humor.
.5
20

b) rejeição primária manifesta.


.8

c) amor incondicional.
92
-2

d) ausência de valores.
li

e) inteligência reduzida.
ril
G
ra
ai

30. IBFC – EBSERH - Médico - Psiquiatria da Infância e Adolescência – 2016


M

De acordo com Spitz o riso social é um marcador importante do estabelecimento


das primeiras relações objetais. Esse sinal surge aos:
a) 3 meses
b) 6 meses
c) 9 meses
d) 12 meses
e) 15 meses

31. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017

90
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

É consenso, entre os autores de orientação psicanalítica, a importância das relações


mãe-bebê no desenvolvimento da criança. Para René Spitz (2013), no primeiro ano
de vida,
a) bebê e mãe criam uma relação simétrica da qual a criança emergirá como sujeito
após o estabelecimento do terceiro organizador, a palavra “não”.
b) estabelece-se o conflito edípico, o qual a criança poderá superar com o advento
do segundo organizador, a angústia do oitavo mês.
c) a criança e seu meio ambiente formam um “sistema fechado” que consiste de
apenas dois componentes conhecidos: a mãe e o filho.
d) cabe à mãe oferecer um ambiente que impeça a vivência de experiências de
desprazer pelo bebê.

27
e) a díade mãe-filho é determinada pelos aspectos estruturais próprios do elemento

3:
:3
mais forte de sua composição, a mãe.

15
2
02
32. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017

/2
Na visão de René Spitz (2013), o ponto crítico da evolução do indivíduo e da espécie

08
3/
é a formação do primeiro conceito, o da negação, pela criança. Para o autor, essa
-0
conquista será possível devido
om
a) ao mecanismo de projeção.
l.c
ai

b) a manobras de deslocamento.
gm

c) à tolerância à frustração.
@
ra

d) à identificação com o agressor.


ai

e) ao exercício de oposição.
m
li.
ril
-g

33. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017


1
-0

A mãe de uma criança de 70 dias esteve internada em um hospital por quatro meses.
78

Segundo René Spitz (2013), o efeito de tal privação sobre a criança


.5
20

a) poderá ser revertido com o retorno da mãe, mas não é possível assegurar que não
.8

deixe sequelas.
92
-2

b) apresentará um curso previsível, do gemido de tristeza a crises convulsivas que


li

equivalem a expressões de total desamparo.


ril
G

c) levará a um quadro depressivo persistente, equivalente à depressão anaclítica


ra
ai

observada nos adultos.


M

d) será catastrófico, independentemente da presença de um substituto adequado


no período de separação.
e) afetará apenas o desenvolvimento psicológico da criança, mas não o
desenvolvimento motor.

34. ADVISE - SESC-SE - Psicopedagogo – 2010


Segundo SPITZ o processo de maturação acontece a partir do nascimento do bebê,
mediante a interação interno e externo e toda ação e resposta produzida pela
criança são provocadas pelo (a):
a) mãe;
b) objeto que o bebê pega;

91
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

c) zona oral;
d) maturação;
e) espontaneidade do bebê.

35. VUNESP – Iamspe – Psicólogo – 2009


Segundo as considerações de John Bowlby e Mary Ainsworth, um profissional pode
identificar a qualidade do vínculo existente entre um bebê a partir de nove meses e
sua mãe, separando os dois num ambiente desconhecido. Se, nessa situação, o
bebê não se perturba quando a mãe sai e quando ela retorna ele a ignora, olhando
ou desviando o olhar de sua figura, o profissional identifica um tipo de vínculo
(A) seguro.

27
(B) evitante.

3:
:3
(C) resistente.

15
(D) desorganizado.

2
02
(E) funcional.

/2
08
3/
36. VUNESP – Prefeitura Municipal de São José dos Campos – Psicólogo –
2015
-0
om
John Bowlby afirma que é essencial para a saúde mental de um bebê que este
l.c
ai

vivencie uma relação calorosa, íntima e contínua com sua mãe ou figura substituta.
gm

Quando essa vivência não é possível, a criança sofre com a privação, que pode ter
@
ra

efeitos variados de acordo com o grau em que ocorre. Segundo a perspectiva do


ai

autor, a privação total


m
li.

(A) provoca angústia e exagerada necessidade de amor, o que gera sentimentos de


ril
-g

culpa e depressão.
1
-0

(B) ainda permite à criança alguma satisfação nos relacionamentos, desde que ela
78

não seja frustrada.


.5
20

(C) pode mutilar completamente na criança a capacidade de estabelecer relações


.8
92

com as outras pessoas.


-2

(D) permite que a criança lide com suas emoções e impulsos, mas provoca certa
li
ril

instabilidade.
G

(E) gera fortes sentimentos de vingança e retaliação que provocam reações de


ra
ai

prazer e satisfação.
M

37. VUNESP – Fundação Casa – Psicólogo – 2010


Os estudos de John Bowlby sobre o vínculo formado entre bebê e cuidador levaram-
no a identificar padrões de apego derivados de “modelos de trabalho” que a criança
constrói a partir de suas experiências com o cuidador, geralmente a mãe. Um
padrão em que a criança chora quando o cuidador se ausenta, mas alegra-se e
interage com ele quando de seu retorno caracteriza o apego
(A) ansioso.
(B) reparador.
(C) ambivalente.
(D) resistente.

92
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(E) seguro.

38. VUNESP – Prefeitura de Arujá – Psicólogo – 2015


John Bowlby afirma que algumas síndromes psiquiátricas e espécies de sintomas
associados são precedidos por uma elevada incidência de vínculos afetivos
desfeitos durante a infância. Essas síndromes são:
(A) a personalidade esquizoide e a impulsividade.
(B) a personalidade dependente e a alexitimia.
(C) a personalidade psicopática e a depressão.
(D) a personalidade narcísica e a elação.
(E) a personalidade obsessiva e a compulsão.

27
3:
:3
39. VUNESP – Prefeitura Municipal de Alumínio – Psicólogo – 2016

15
A ideia de que o objetivo da criança não é buscar um objeto, mas um estado físico

2
02
alcançado pela proximidade com a mãe/objeto, caracteriza a teoria

/2
(A) do amadurecimento de Donald W. Winnicott.

08
3/
(B) das relações objetais de Melanie Klein.
(C) do vínculo de John Bowlby.
-0
om
(D) do narcisismo de Heinz Kohut.
l.c
ai

(E) da sexualidade de Sigmund Freud.


gm
@
ra

40. Vunesp – Prefeitura Municipal de Louveira – Psicólogo – 2007


ai

Winnicott (1971) idealizou uma forma de comunicação com crianças e


m
li.

adolescentes, colocando-os frente a frente com seus terapeutas para a realização


ril
-g

de um diálogo gráfico e verbal. Os dois, cliente e terapeuta, envolvem-se


1
-0

alternadamente na tarefa, desenhando e verbalizando. Essa técnica é conhecida


78

como
.5
20

(A) observação lúdica.


.8
92

(B) procedimento de desenhos-história.


-2

(C) teste desiderativo.


li
ril

(D) teste palográfico.


G

(E) jogo dos rabiscos.


ra
ai
M

41. VUNESP – Fundação Casa – Psicólogo – 2010


Para D. W. Winnicott, a origem da tendência antissocial reside
(A) nas sucessivas e frequentes falhas da mãe, mesmo que subsequentemente
corrigidas.
(B) na instabilidade do sistema familiar, particularmente na relação entre os pais.
(C) na ausência de uma figura paterna que opere como “lei” e limite ao princípio do
prazer.
(D) na experiência de abandono sofrida pela criança após um período de cuidados
adequados.
(E) na ausência de modelos de identificação positivos e adequados.

93
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

42. VUNESP – Fundação Casa – Psicólogo – 2010


A tendência antissocial, sob a perspectiva de D.W.Winnicott, pode ser entendida
como
(A) uma categoria diagnóstica, como neurose ou psicose.
(B) uma manifestação exclusive da personalidade borderline (fronteiriça).
(C) uma organização da personalidade patológica e irreversível.
(D) uma forma de descarregar uma raiva que se alimenta da situação de duplo
vínculo.
(E) um pedido de socorro que convoca uma mobilização do ambiente.

43. VUNESP – Prefeitura da Estância de Atibaia – Psicólogo – 2014

27
Para Donald D. Winnicott, na base do transtorno de conduta encontra-se

3:
:3
(A) um conflito intrapsíquico, decorrente do constrangimento da criança ou jovem

15
por não controlar atos antissociais.

2
02
(B) um elemento orgânico associado principalmente a problemas de hiperatividade

/2
08
e déficit de atenção.

3/
(C) uma opção pela imaturidade que impede o enfrentamento das questões do
crescimento e da responsabilidade pelos próprios atos. -0
om
l.c

(D) uma atitude de rebeldia contra a ordem patriarcal estabelecida, decorrente de


ai

relações inadequadas com o pai.


gm

(E) a esperança no ambiente, do qual a criança ou jovem espera obter algo bom que
@
ra

foi perdido.
ai
m
li.
ril

44. VUNESP – Prefeitura da Estância de Atibaia – Psicólogo – 2014


-g

Para Donald D. Winnicott, a psicose é uma doença de deficiência do ambiente. Para


1
-0

o autor, isso significa que esse transtorno decorre


78
.5

(A) da falta de provisão básica inicial pelo ambiente, cuja principal consequência é
20

a falha do processo de maturação e integração da criança.


.8
92

(B) de experiências traumáticas recorrentes na infância, que acabam por


-2

estabelecer a associação entre ambiente e sentimentos de vulnerabilidade.


li
ril

(C) do desaparecimento de pessoas com as quais o bebê estabeleceu relações


G
ra

objetais, provocando sentimentos de perda de si e do outro.


ai
M

(D) da ausência de uma figura que possibilite a vivência do conflito edípico, o que
impede a consolidação da identidade da criança.
(E) de expectativas, por parte do ambiente, que excedem as reais possibilidades da
criança, promovendo uma cisão (splitting) insuperável entre self real e self ideal.

45. FAURGS - TJ-RS - Psicólogo Judiciário – 2016


Para Spitz (1965), os organizadores psíquicos representam os sinais indicadores de
que o bebê atingiu um determinado grau de organização interna. O primeiro
organizador psíquico do bebê foi designado pelo autor como sendo:
a) sorriso social.
b) ansiedade diante de estranhos.
c) aquisição da negação.

94
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

d) simbolização.
e) simbiose.

46. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010


Os estudos do psicanalista francês René Spitz trouxeram importantes contribuições
para a compreensão de quadros psicossomáticos desenvolvidos no primeiro ano de
vida e influenciaram inúmeros estudos sobre a psicossomática do adulto.
Avalie as afirmativas a seguir e assinale a incorreta.
A) o marasmo é conseqüência da perda de uma relação objetal bem estabelecida.
(B) o trabalho de Spitz é um dos mais importantes estudos sobre o desenvolvimento
infantil no primeiro ano de vida, nos quais se combinaram técnicas de observação

27
direta e uso de testes projetivos.

3:
:3
(C) a depressão anaclítica surge como uma conseqüência da separação do bebê de

15
sua mãe ou de seu cuidador.

2
02
(D) segundo Spitz, a cólica dos três primeiros meses seria decorrente da hiper-

/2
solicitude ansiosa da mãe.

08
3/
(E) vômitos incoercíveis são resultantes da hostilidade materna disfarçada em
-0
hiper-solicitude.
om
l.c
ai

47. BIO-RIO - Prefeitura de Barra Mansa – RJ - Psicopedagogo – 2010


gm

René Spitz, psicanalista vienense, foi um dos primeiros a fazer investigações em


@
ra

Psicologia Infantil. Em suas experiências demonstrou que a criança necessita de


ai

carinho e carícias físicas para se desenvolver corretamente. Na tentativa de explicar


m
li.

a gênese da relação objetal, criou sua teoria na qual estabelece indicadores de


ril
-g

comportamentos específicos de acordo com o padrão de desenvolvimento


1
-0

alcançado no primeiro ano de vida. A seguir você encontrará duas colunas contendo
78

os estágios criados por Spitz e suas respectivas descrições. Correlacione as duas


.5
20

colunas e posteriormente assinale a ÚNICA alternativa correta:


.8

( ) Preobjetal 1. Capacidade de diferenciação perceptiva diacrítica


92
-2

desenvolvida.
li
ril

( ) Precursor do Objeto 2. Propõe o conceito de não diferenciação.


G

( ) Objeto Libidinal 3. Capacidade de deslocar os investimentos pulsionais


ra
ai

de uma função psíquica para outra.


M

A sequência correta da primeira coluna, de cima para baixo, é:


a) 1, 3, e 2;
b) 1, 2 e 3;
c) 3, 1 e 2;
d) 2, 1 e 3;
e) 2, 3 e 1.

48. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010


Uma importante obra sobre o desenvolvimento na adolescência é o livro de
Maurício Knobel e Arminda Aberastrury, intitulado Infância Normal e Patológica e
publicado pela primeira vez na década de setenta. Nesse livro, os autores assinalam

95
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

que o adolescente deve superar inúmeras crises psicossociais, entre eles os lutos da
adolescência.
Avalie as afirmativas a seguir e assinale a correta:
(A) a afirmativa de que os adolescentes devem fazer o luto pelos pais tem a ver com
situações de perda real dos pais durante a adolescência.
(B) os lutos da adolescência seriam a perda do corpo da infância e da
bissexualidade.
(C)na atualidade, os conceitos propostos por Knobel e Aberastrury foram
superados.
(D) os lutos na adolescência seriam o luto pelos pais, pelo grupo de amigos da
infância e pela identidade infantil.

27
(E) os lutos da adolescência implicam em diferentes etapas, entre elas a negação

3:
:3
das mudanças, a ambivalência frente às perdas e ganhos, a agressividade e a

15
interiorização.

2
02
/2
49. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010

08
3/
A contribuição de Winnicott ao desenvolvimento da criança inclui vários
-0
conceitos. Entre os conceitos abaixo relacionados, assinale aquele que se refere
om
diretamente à utilização de brinquedos prediletos das crianças, como uma forma
l.c
ai

de controlar a ansiedade.
gm

(A) zona intermediária.


@
ra

(B) meio suficientemente bom.


ai

(C) atenção primária


m
li.
ril

(D) zona proximal.


-g

(E) objeto intermediário.


1
-0
78

50. FAURGS – Prefeitura Municipal de Alvorada – Psicólogo – 2011


.5
20

Considerando a teoria de desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson, assinale as


.8
92

afirmações abaixo com V (verdadeira) ou F (falsa).


-2

( ) O primeiro estágio de desenvolvimento postulado por Erikson é o da


li
ril

confiança básica versus desconfiança básica. Nesse estágio, a tarefa central


G

consiste em a criança desenvolver um equilíbrio entre confiança, que lhe


ra
ai

permite estabelecer relacionamentos, e desconfiança, que lhe permite


M

proteger-se.
( ) O estágio correspondente à meia-idade é chamado de Generatividade
versus Estagnação. O conceito de Generatividade refere-se à capacidade do
indivíduo de buscar novos desafios profissionais e amorosos para sua vida,
enquanto a estagnação está associada à manutenção do estilo de vida
habitual.
( ) As tarefas descritas por Erikson como típicas de cada um dos estágios só
ocorrem no próprio estágio, não se podendo aplicar os conceitos de uma
etapa a outros momentos ou atividades durante o ciclo vital.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(A) V–V–V.

96
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(B) V–F–V.
(C) V–F–F.
(D) F–V–V.
(E) F–F–F.

51. FAURGS – UFRGS – Psicólogo – 2008


Uma criança de dezoito meses de idade vê surgir sua imagem refletida num espelho.
Ela se aproxima com alegria do espelho e exclama contente: “Olha o bebê!”
Considere as afirmações abaixo a respeito dessa cena.
I - No que refere à formação do eu, essa criança se desenvolve
adequadamente para sua idade.

27
II- Se o sujeito se vê como outro, trata-se de uma vivência de

3:
:3
alienação.

15
III- O estádio do espelho caracteriza um processo pelo qual o sujeito

2
02
antecipa em uma imagem a maturação de sua potência.

/2
Quais estão corretas?

08
3/
(A) Apenas I.
-0
(B) Apenas I e II.
om
(C) Apenas I e III.
l.c
ai

(D) Apenas II e III.


gm

(E) I, II e III.
@
ra
ai

52. FAURGS – UFRGS – Psicólogo – 2008


m
li.

Considerando o que propõe Calligaris acerca da adolescência, assinale a


ril
-g

alternativa que responde corretamente ao motivo pelo qual os adolescentes de


1
-0

modo geral rebelam-se contra os adultos.


78

(A) O adolescente ainda não se encontra suficientemente maduro, nem física nem
.5
20

psicologicamente, para lidar com as exigências que lhe são impostas pelo mundo
.8

adulto.
92
-2

(B) Nessa etapa de maturação, o desenvolvimento emocional transcorre de forma


li

mais lenta que o desenvolvimento físico, levando à vivência de um conflito do


ril
G

adolescente com respeito à sua imagem corporal.


ra
ai

(C) Apesar de ter tido tempo suficiente para assimilar os valores de sua comunidade
M

e de ter alcançado a maturação física necessária para se dedicar às tarefas que esses
valores impõem, a precariedade do trabalho e a falta de oportunidade de emprego
impedem o ingresso do adolescente na comunidade dos adultos.
(D) Apesar de ter tido tempo suficiente para assimilar os valores de sua comunidade
e de ter alcançado a maturação física necessária para se dedicar às tarefas que esses
valores impõem, o adolescente depara-se com uma moratória que lhe é imposta,
postergando seu ingresso na comunidade dos adultos.
(E) No momento em que o adolescente passa a dispor da maturação física
necessária para exercer uma ação efetiva no mundo, ele se vê lançado num vazio de
referências devido à queda dos valores morais na sociedade contemporânea.

97
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

53. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


Considerando a perspectiva psicanalítica de Freud acerca do Desenvolvimento
Humano, é correto afirmar que
(A) a personalidade forma-se através dos conflitos inconscientes da infância, entre
os impulsos inatos do id e as exigências do meio social.
(B) a fase genital ocorre antes do período da latência, sendo abandonada
posteriormente.
(C) os recém-nascidos são governados pelo Princípio da Realidade, o que facilita a
satisfação imediata de suas necessidades e desejos.
(D) o ego opera sob o princípio do prazer, buscando sempre satisfazer os impulsos
do id.

27
(E) a fase fálica caracteriza-se pelo equilíbrio entre independência e autossuficiência

3:
:3
em relação à vergonha e à dúvida, mostrando-se isenta do sentimento de culpa.

15
2
02
54. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012

/2
A imagem da própria identidade surge após o primeiro ano de vida, à medida

08
3/
que a criança desenvolve a autoconsciência. Assim, o autoconceito adquire,
-0
progressivamente, maior definição e discriminação à medida que o indivíduo
om
incorpora capacidades cognitivas e lida com tarefas de desenvolvimento da
l.c
ai

infância, adolescência e idade adulta.


gm

Considerando o desenvolvimento da identidade da criança, assinale a


@
ra

alternativa correta.
ai

(A) Aos oito anos de idade, a criança descreve a si mesma a partir de


m
li.

comportamentos concretos e observáveis.


ril
-g

(B) Aos sete anos de idade, a declaração da criança sobre si mesma é baseada numa
1
-0

representação única: itens isolados e unidimensionais.


78

(C) Os julgamentos sobre a própria identidade tornam-se mais conscientes,


.5
20

realistas, equilibrados e abrangentes à medida que a criança forma sistemas


.8

representacionais: autoconceitos amplos e inclusivos que integram vários aspectos


92
-2

da identidade.
li

(D) Aos dez anos de idade, a criança ainda não consegue reconhecer que sua
ril
G

identidade real não corresponde a sua identidade ideal.


ra
ai

(E) Na etapa inicial da segunda infância, a criança consegue integrar aspectos


M

específicos de sua identidade em um conceito geral e multidimensional.

55. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


Sobre o período da adolescência, é correto afirmar que
(A) se reatualizam desejos pré-edípicos e edípicos, devido às mudanças hormonais
que promovem a primazia genital.
(B) se mantêm estáveis tanto a personalidade coesa e integrada do período da
latência, como a imagem corporal constituída previamente.
(C) a reestruturação do superego fica em segundo plano, já que este não
desempenha papel importante nessa etapa do desenvolvimento.

98
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

(D) as defesas inerentes a essa etapa do desenvolvimento impedem que ocorram


sentimentos de despersonalização.
(E) o adolescente busca um ambiente protegido e livre de riscos, na tentativa de
evitar sentimentos de vazio ou desintegração.

56. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


A imagem do corpo se estrutura em nossa mente, no contato do indivíduo
consigo mesmo e com o mundo que o rodeia. Sob o primado do inconsciente,
entram em sua formação contribuições anatômicas, fisiológicas, neurológicas, etc.
Assim, a imagem corporal não é mera sensação ou imaginação. É a figuração do
corpo em nossa mente. Considerando a teoria sobre imagem corporal, qual das

27
alternativas abaixo está INCORRETA?

3:
:3
(A) A imagem corporal provavelmente não existe per se. Ela é parte do mundo

15
externo, é vaga e nunca é estática.

2
02
(B) Quando o indivíduo é vítima de dores, a região dolorida ganha maior

/2
erogeneidade, transformando-se em novo centro libidinal.

08
3/
(C) A imagem corporal não possui relação direta com a personalidade do indivíduo.
-0
(D) Se mudarmos de modo contínuo nosso psiquismo, também alteramos nossas
om
imagens do corpo.
l.c
ai

(E) Do ponto de vista psicanalítico, a imagem corporal é construída a partir da


gm

integração entre o ego e o id, em interjogo contínuo das tendências egoicas com as
@
ra

tendências libidinais.
ai
m
li.

57. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


ril
-g

A população global está envelhecendo. A longevidade é um dos resultados


1
-0

do avanço da ciência, da tecnologia, da medicina e do crescimento econômico, que


78

possibilitaram, entre outras coisas, o controle de doenças infecciosas, a difusão do


.5
20

saneamento básico e de estilos de vida mais saudáveis.


.8

Assinale a alternativa INCORRETA.


92
-2

(A) O envelhecimento primário é inerente ao ciclo vital, e não há nada que se possa
li

fazer para evitá-lo.


ril
G

(B) O envelhecimento secundário é decorrência de doenças, abusos e maus hábitos


ra
ai

de uma pessoa, fatores que, em geral, podem ser controlados.


M

(C) Expectativa de vida é o número de anos que uma pessoa nascida em um


determinado período e determinado lugar provavelmente viverá, considerando sua
idade atual e suas condições de saúde.
(D) Não existe relação entre envelhecimento e aumento da prevalência de doença
crônica.
(E) A idade funcional pode estar relacionada à idade subjetiva, isto é, a idade que as
pessoas sentem ter.

58. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2014


Em relação à fase pré-escolar, é INCORRETO afirmar que
(A) a criança encontra-se em uma faixa etária que vai dos três aos seis anos.

99
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

(B) a criança já é capaz de compreender conceitos abstratos.


(C) nessa fase surge o brinquedo cooperativo, construído com outras crianças e
ocorre a aquisição de um senso de padrão social.
(D) a criança adquire consciência da genitália e das diferenças entre os sexos.
(E) a criança encontra-se no estágio fálico, no que se refere ao desenvolvimento
psicossexual.

59. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2014


Considere as afirmações abaixo sobre a fase da latência.
I- O período da latência, considerado atualmente um precursor da
adolescência, é quando ocorre uma reordenação dinâmica e estrutural das

27
pulsões.

3:
:3
II- O desenvolvimento do pensamento simbólico permite a evolução de

15
defesas, como a intelectualização e a racionalização.

2
02
III- Os vínculos materno e paterno se intensificam, afastando o latente do

/2
grupo de amigos.

08
3/
Quais estão corretas?
-0
(A) Apenas I.
om
(B) Apenas II.
l.c
ai

(C) Apenas III.


gm

(D) Apenas I e II.


@
ra

(E) I, II e III
ai
m
li.

60. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


ril
-g

Com relação às diversas abordagens teóricas da psicologia e à psicologia do


1
-0

desenvolvimento, julgue os itens seguintes.


78

De acordo com Skinner, os hábitos desenvolvidos pelo indivíduo estariam em


.5
20

conformidade com os resultados de experiências advindas da aprendizagem


.8

operante.
92
-2
li
ril

61. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


G

Winnicott propõe que as interferências na relação mãe-bebê podem provocar


ra
ai

distúrbios de personalidade e do desenvolvimento.


M

62. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


Segundo Lacan, a forclusão do nome-do-pai é fundamental para que a perversão se
instaure no indivíduo.

63. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


Conforme a teoria psicossexual de Freud, o indivíduo é dominado por pulsões
sexuais que buscam ser atendidas.

64. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


De acordo com a abordagem psicanalítica proposta por Freud, os transtornos

100
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

mentais estão associados a conflitos sexuais reprimidos durante a infância.

65. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


Conforme a teoria psicossocial de Erik Erikson, os indivíduos desenvolvem-se
determinados pelas pulsões sexuais e por aspectos socioculturais.

66. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


De acordo com a abordagem psicossocial eriksoniana, a saúde mental é garantida
se os conflitos psicossociais de base forem resolvidos até a fase da adolescência,
dado o período de maturação biopsicossocial necessário para a formação da
personalidade.

27
3:
:3
67. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016

15
No que se refere aos estágios de desenvolvimento, a crise psicossocial de confiança

2
02
básica versus desconfiança proposta por Erikson pode ser equiparada à fase oral

/2
08
postulada por Freud.

3/
68. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017 -0
om
Para Freud, um dos elementos que permitem conceituar a pulsão é o objetivo. O
l.c
ai

objetivo é sempre a satisfação, a qual se define como


gm

A a redução da tensão provocada pela pressão.


@
ra

B a conquista da sublimação.
ai
m

C o sucesso na autoconservação.
li.
ril

D a realização do desejo.
-g

E o encontro com o objeto.


1
-0
78
.5

69. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017


20

São possibilidades herdadas para representar imagens similares, formas


.8
92

instintivas de imaginar. São matrizes arcaicas pelas quais configurações análogas


-2

ou semelhantes tomam forma. Comparáveis ao sistema axial dos cristais, que


li
ril

determina a estrutura cristalina na solução saturada, sem possuir, contudo,


G
ra

existência própria.
ai

Nise da Silveira. Jung: vida e obra. Paz e Terra, p. 79 (com


M

adaptações).
O trecho de texto apresentado descreve o conceito junguiano de
A sombra.
B anima.
C inconsciente coletivo.
D sonho.
E arquétipo.

70. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017


Em sua obra, Vigotsky enunciou princípios que definem um aparelho conceitual a
partir do qual se poderia pensar a psicologia. Considerando esse assunto, julgue os

101
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

itens a seguir, relativos ao pensamento de Vigotsky.


I As funções mentais superiores não podem ser reduzidas a processos
elementares, existindo diferentes níveis de funcionamento psicológico com
características próprias e irredutíveis.
II O pensamento e a consciência não são uma emanação de características
estruturais e funcionais internas, mas são, ao contrário, fortemente
influenciadas por atividades externas e objetivas realizadas no ambiente
social.
III Atividade é definida como uma unidade de análise que integra as
características sociointerativas e individuais-cognitivas das condutas.
Assinale a opção correta.

27
f. A Apenas o item I está certo.

3:
:3
g. B Apenas o item II está certo.

15
h. C Apenas o item III está certo.

2
02
i. D Apenas os itens I e II estão certos.

/2
08
j. E Todos os itens estão certos.

3/
71. CESPE - CNJ -2013 -0
om
l.c

A respeito da adolescência, julgue os itens a seguir.


ai

Foi comprovado que têm maiores chances de remissão e cura adolescentes com
gm

psicopatologias diagnosticadas no início da adolescência que em outras fases


@
ra

desenvolvimentais.
ai
m
li.
ril

72. CESPE - CNJ -2013


-g

A ocorrência de sintomas psicológicos em adolescentes deve ser encarada como um


1
-0

fenômeno natural e de remissão espontânea, dadas as transformações


78
.5

biopsicossociais decorrentes dessa fase do desenvolvimento.


20
.8
92

73. CESPE - CNJ -2013


-2

Na busca de desenvolvimento saudável, faz-se necessária a diferenciação entre


li
ril

sinais e sintomas de alteração psicológica que marquem processo adaptativo


G
ra

desviante e adolescer normativo.


ai
M

74. CESPE - CNJ -2013


A perturbação diagnosticável e o nível de gravidade dessa perturbação devem ser
correlacionados ao grau de sofrimento do indivíduo, bem como à persistência dos
sintomas e às possíveis consequências no espectro biopsicossocial do adolescente.

75. CESPE - CNJ -2013


A classificação diagnóstica de transtornos mentais facilita e orienta os tratamentos
psicológicos, quando necessários, e fornece informações suficientes para a
elaboração de programa de intervenção adequado aos adolescentes.

76. CESPE - Concurso de Provas e Títulos – Psicologia Jurídica - 2003

102
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

A literatura a respeito da institucionalização de crianças e adolescentes


aponta, invariavelmente, como consequência da internação — em instituições
totais de qualquer índole —, prejuízos no desenvolvimento psicossocial dos
indivíduos. Estudos da sociologia clássica criticam as práticas de internação em
instituições totais, tais como prisões, manicômios e conventos. Acerca desse
assunto, julgue os itens seguintes.
Os estigmas sofridos por essa clientela, construídos a partir da experiência
de institucionalização, culminam na despersonificação do ego.

77. CESPE - Concurso de Provas e Títulos –Psicologia Jurídica - 2003


As instituições totais permitem contatos entre o internado e o mundo

27
exterior, uma vez que o objetivo é mantê-lo vinculado ao mundo originário.

3:
:3
15
78. CESPE - Concurso de Provas e Títulos –2003 - Psicologia Jurídica

2
02
Toda instituição tem tendência de fechamento, simbolizado pela barreira à

/2
relação social com o mundo externo e por proibições à saída, o que muitas vezes se

08
3/
manifesta na estrutura física da instituição — por exemplo, com portas fechadas,
-0
paredes altas, arame farpado, fossos, água, florestas e pântanos.
om
l.c
ai

79. CESPE – FHCGV/PA - 2004


gm

Com relação às bases científicas da psicologia do desenvolvimento na


@
ra

infância e na adolescência, julgue os itens que se seguem.


ai

Nas pesquisas sobre famílias de crianças e adolescentes, as mães têm sido


m
li.

as fontes de informação mais importantes, enquanto o pai é, ainda, frequentemente


ril
-g

considerado por meio do relato da mãe. Sabe-se, pela pesquisa em psicologia


1
-0

clínica da saúde, que apenas a mãe pode promover a inserção do pai no cuidado da
78

criança e do adolescente.
.5
20
.8

80. CESPE – FHCGV/PA - 2004


92
-2

Do ponto de vista legal e de organização social, o trabalho infantil


li

caracterizado como exploração do trabalho de crianças e adolescentes tem sido


ril
G

considerado um fator de risco para o desenvolvimento ao longo do ciclo vital. Ele


ra
ai

está associado ao fracasso escolar e pode caracterizar a exploração do jovem por


M

sua própria família. No entanto, em família que vive em extrema pobreza, a


exploração do trabalho de crianças e adolescentes caracteriza exploração social das
famílias desses jovens.

81. CESPE – FHCGV/PA - 2004


No estudo do desenvolvimento humano, em particular do desenvolvimento
psicológico na adolescência, um conceito fundamental em psicanálise é o de
identidade. No entanto, identidade não é um conceito psicanalítico, sendo
necessárias outras noções teóricas para sua compreensão. Falar de identidades
sociais pressupõe a concepção de idêntico, de individualização, de diferenciação e

103
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

de similaridade com outros indivíduos membros do mesmo e de outros grupos


sociais.

82. CESPE – FHCGV/PA - 2004


A relação da família com a escola é um assunto de interesse das teorias
ambientalistas do desenvolvimento. Nesse contexto, destaca-se a teoria de Urie
Bronfenbrenner, que busca explicar as interfaces e relações entre as contribuições
dos diversos micro e mesossistemas ambientais em que se inserem crianças e
adolescentes.

83. CESPE – FHCGV/PA - 2004

27
A pesquisa científica oferece fortes evidências de que conflitos entre

3:
:3
adolescentes e seus pais terão, certamente, graves consequências nos

15
relacionamentos maritais dos adultos com seus progenitores.

2
02
/2
84. FCC - 2009 - TJ-AP - Analista Judiciário - Psicologia

08
3/
No pensamento freudiano são apresentadas algumas etapas de
-0
desenvolvimento. A que marca um intervalo na evolução da sexualidade,
om
observando-se, deste ponto de vista, uma diminuição das atividades sexuais, a
l.c
ai

dessexualização das relações de objeto e dos sentimentos (especialmente a


gm

predominância de ternura sobre os desejos sexuais), o aparecimento de


@
ra

sentimentos como o pudor ou a repugnância e de aspirações morais e estéticas,


ai

corresponde
m
li.

a) à fase genital.
ril
-g

b) à fase anal.
1
-0

c) à fase fálica.
78

d) à fase oral.
.5
20

e) ao período de latência.
.8
92
-2

85. FCC DPE-SP Agente de Defensoria – Psicólogo/2010


li

Na teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik H. Erikson, que abrange


ril
G

todo o curso de vida (desde o nascimento até a velhice), cada estágio da vida
ra
ai

apresenta uma tarefa ou um desafio principal relacionado ao "eu" e aos outros, e


M

com o qual as pessoas devem lidar de alguma maneira. O desafio do primeiro


estágio é
a) diligência × inferioridade.
b) iniciativa × culpa.
c) identidade × confusão de identidade.
d) autonomia × vergonha e dúvida.
e) confiança × desconfiança.

86. FCC TJ-SE - Analista Judiciário – Psicologia/2009


Erik H. Erikson tratou da organização da identidade na evolução do ciclo
vital humano, relacionando as fases descritas por Freud às crises psicossociais. A

104
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

crise psicossocial que corresponde à fase anal no pensamento freudiano denomina-


se
a) autonomia × vergonha e dúvida.
b) confiança básica × desconfiança.
c) iniciativa × culpa.
d) indústria × inferioridade.
e) identidade × confusão de papéis.

87. Questão Inédita Alyson Barros


Segundo Erikson, em que fase ocorre a moratória psicossocial?
a) diligência × inferioridade.

27
b) iniciativa × culpa.

3:
:3
c) identidade × confusão de identidade.

15
d) autonomia × vergonha e dúvida.

2
02
e) confiança × desconfiança.

/2
08
3/
88. Questão Inédita Alyson Barros
-0
Dentre essas diversas áreas que incorporaram a discussão sobre a questão
om
da identidade, o campo da psicologia e o da psicanálise têm grande destaque, uma
l.c
ai

vez que instigaram e possibilitaram um salto qualitativo e operacional no seu


gm

desenvolvimento durante o século XX.


@
ra

Foi no campo da psicologia que a identidade ganhou forte impulso com os


ai

estudos de Erikson - um importante psicanalista a trabalhar na área de psicologia


m
li.

do desenvolvimento que desenvolveu sobremaneira o conceito de identidade -,


ril
-g

para quem a identidade pessoal estaria ligada à noção de continuidade histórica,


1
-0

sendo entendida como "um sentimento subjetivo de uma envigorante uniformidade


78

e continuidade" (ERIKSON, 1976, p.17, itálico no original).


.5
20

Fonte: Pimentel e Carrieri, 2001, A espacialidade na construção da


.8

identidade.
92
-2

Em que fase, de acordo com Erikson, a identidade humana é estruturada


li

formalmente ou gera uma crise de identidade?


ril
G

a) Período de bebê
ra
ai

b) Infância Inicial
M

c) Idade de brincar
d) Idade Escolar (Latência)
e) Adolescência

89. FCC - 2009 - TJ-SE - Analista Judiciário - Psicologia


Erik H. Erikson tratou da organização da identidade na evolução do ciclo vital
humano, relacionando as fases descritas por Freud às crises psicossociais. A crise
psicossocial que corresponde à fase anal no pensamento freudiano denomina-se
a) autonomia × vergonha e dúvida.
b) confiança básica × desconfiança.
c) iniciativa × culpa.

105
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

d) indústria × inferioridade.
e) identidade × confusão de papéis.

90. TRT 18ª Região - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado


Especialidade Psicologia – 2013
Estudos e pesquisas de Piaget sobre o desenvolvimento humano demonstraram
que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo,
próprias de cada faixa etária. A passagem do pensamento concreto para o
pensamento formal, abstrato, ocorre dos
(A) 0 aos 2 anos.
(B) 11 ou 12 anos em diante.

27
(C) 2 aos 7 anos.

3:
:3
(D) 7 aos 11 ou 12 anos.

15
(E) 4 a 7 anos.

2
02
/2
91. TRT 2ª Região - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado

08
3/
Especialidade Psicologia - 2014
-0
Para estudar o crescimento e as mudanças que ocorrem ao longo da vida, os
om
psicólogos do desenvolvimento empregam alguns métodos de pesquisa. Há
l.c
ai

pesquisadores que examinam as mudanças no desenvolvimento observando ou


gm

realizando, ao mesmo tempo, testes com pessoas de diferentes faixas etárias, por
@
ra

exemplo. Podem estudar o desenvolvimento do pensamento lógico por meio da


ai

realização de testes com um grupo formado por crianças de 6 anos de idade, outro
m
li.

formado por crianças de 9 anos e um terceiro grupo de crianças de 12 anos, e assim


ril
-g

buscar diferenças entre os grupos etários. Trata-se de um estudo


1
-0

(A) transversal.
78

(B) longitudinal.
.5
20

(C) biográfico.
.8

(D) diagonal.
92
-2

(E) múltiplo.
li
ril
G

92. ACEP - 2010 - Prefeitura de Quixadá - CE - Psicólogo


ra
ai

Sobre as fases do desenvolvimento humano e os fatores psicológicos do


M

desenvolvimento, assinale a alternativa CORRETA.


a) Freud abordou a construção das estruturas mentais do pensamento pautadas na
epistemologia genética.
b) A interação e a socialização, segundo Piaget, são mecanismos importantes que
favorecem a autorregulação do ser humano.
c) No Construtivismo, o período da criança entre 02 a 07 anos caracteriza-se como
estágio pré-operacional.
d) Vigotsky associou o desenvolvimento da inteligência da criança aos processos de
assimilação e acomodação.

93. CETRO - 2008 - SEE-SP - Supervisor Escolar

106
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Psicologia do Desenvolvimento

Martha Kohl, em Castorina, J. A. (2003), refletindo sobre as contribuições de


Vigotsky para a educação e o ensino escolar, analisa a intervenção do outro social.
De acordo com Vigotsky, pode-se entender essa intervenção como
a) o processo de internalização do material cultural que molda o indivíduo,
definindo limites e possibilidades de sua construção pessoal.
b) a construção e a elaboração por parte do indivíduo dos significados que lhe são
trazidos pelo grupo cultural.
c) uma postura diretiva e autoritária do sujeito que intervém, implicando uma volta
à educação tradicional.
d) o processo de internalização que se constitui de ações controladas a partir das
situações de intersubjetividade.

27
e) cada situação de interação com o mundo social, em que o indivíduo traz consigo

3:
:3
determinadas possibilidades de interpretação e ressignificação do material

15
cultural.

2
02
/2
94. Questão Inédita – Alyson Barros

08
3/
Sobre as teorias de personalidade psicanalíticas, não é correto afirmar que:
-0
a) Freud, Carl Jung, Alfred Adler desenvolveram teorias psicodinâmicas
om
b) Para Freud, a simbolização é a manifestação de símbolos guardados no
l.c
ai

inconsciente, considerado um baú de símbolos e o porão da consciência.


gm

c) Tanto para Freud como para Jung, a mente ou psique atua no nível consciente e
@
ra

no inconsciente.
ai

d) Klein, diferentemente de Freud, diferenciou inveja, ganância e ciúme como


m
li.

manifestações do instinto agressivo.


ril
-g

e) É comum a presença do conceito de Determinismo Psíquico nas teorias de


1
-0

personalidade psicanalíticas.
78
.5
20

95. Questão Inédita – Alyson Barros


.8

O conceito eriksoniando de crise representa as incertezas e indagações do


92
-2

adolescente no sentido de descobrir quem é e de definir o que virá a ser no futuro.


li

A resposta à inquietação do adolescente só é conseguida pela tomada de


ril
G

consciência de si, do seu ego e de que está apto a assumir a sua verdadeira
ra
ai

identidade. Erikson postulou um conceito que apenas pode ocorrer nessa fase da
M

vida. Qual afirmativa abaixo descreve esse conceito?


a) a adolescência é a fase mais crítica do ciclo vital e que deve ser enfrentada com
auto-realização.
b) nessa fase ocorrem crises de identidade
c) o self reprimido deve ser canalizado em uma energia produtiva
d) o adolescente pode necessitar de uma ou várias pausas para a integração de seu
“eu”
e) nessa fase ocorre a plenitude do sexo

107
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Psicologia do Desenvolvimento

Questões Comentadas e Gabaritadas


1. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017
De acordo com Jacques Lacan, em determinada fase do desenvolvimento da
criança constitui-se uma demarcação de sua unidade corporal, separada do corpo
da mãe. Esse primeiro corte com o exercício pleno da pulsão ocorre por meio
A do afeto.
B da foraclusão.

27
3:
C do imaginário.

:3
15
D do registro do simbólico.

2
E do registro do real.

02
/2
Gabarito: C

08
Comentários: Lacan é osso. Primeiro, é uma frase copiada e colada de um livro que

3/
-0
trata de, pasme, Freud. Veja: om
l.c
ai
gm
@
ra
ai
m
li.
ril
-g
1
-0
78
.5
20
.8
92
-2
li
ril
G
ra
ai
M

Livro: Freud e o Inconsciente (página 191).

Reconheço minha limitação, como professor, para o entendimento à fantástica e


klingoniana obra lacaniana. Por isso, recomendo assistir:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLlHDVKUxuaFrt_hmYrQ0OBKw9bx6wm8r
5

2. CONSULPLAN - Prefeitura de Venda Nova do Imigrante - ES - Psicólogo


- 2016

108
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

A teoria psicossocial de Erikson avança em oito estágios de desenvolvimento. Os


primeiros quatro estágios ocorrem durante o período de bebê e de infância, e os três
últimos durante os anos adultos e a velhice. Nos textos de Erikson, é dada uma
ênfase especial ao período da adolescência, pois é nele que se faz a transição da
infância para a vida adulta. O que ocorre durante esse estágio é da maior
importância para a personalidade adulta. A partir dessa conceituação, é correto
afirmar que a principal importância dos estudos de Erikson são formulados a partir
de:
A Adolescência, somente.
B Infância, adolescência e idade adulta.
C Relação primária do bebê com o mundo.

27
D Identidade, crises de identidade e confusão de identidade.

3:
:3
Gabarito: D

15
Comentários: Conforme estudamos em aula, essa é a fase da adolescência. Nela

2
02
temos a formação da identidade e as crises de identidade (caracterizadas pela

/2
confusão).

08
3/
-0
3. INSTITUTO AOCP - 2019 - UFFS - Psicólogo
om
A respeito da síndrome normal da adolescência e psicanálise, é correto afirmar
l.c
ai

que
gm

A nesse processo do desenvolvimento, o principal mecanismo psíquico de defesa


@
ra

utilizado é a denegação.
ai

B nessa fase, ocorre o luto do corpo e do papel infantil, assim como da idealização
m
li.

dos pais.
ril
-g

C a identidade se constitui até os 7 (sete) anos, portanto, na adolescência, não


1
-0

ocorrem processos identificatórios.


78

D um momento linear, equilibrado e estável.


.5
20

E é incomum a adesão a grupos na tentativa de experimentar novos papéis.


.8

Gabarito: B
92
-2

Comentários: Vejamos:
li
ril

Para vivenciar todas essas mudanças, o adolescente passa por momentos de


G

experimentações e perdas, de modo a reformular os conceitos que tem a respeito


ra
ai

de si mesmo e do mundo. Segundo Erikson, a busca da identidade adulta é a


M

principal tarefa da adolescência e, para que isto aconteça, é necessário que o jovem
vivencie três grandes perdas:
Luto pela perda do corpo infantil
O corpo se modifica, independente de sua vontade, o que causa grande
desconforto, mais facilmente percebido nas fases iniciais da adolescência.
Luto pela perda da identidade infantil
A sociedade e o próprio indivíduo passam a exigir um comportamento diferente
daquele mostrado até o momento, com responsabilidades e deveres.
Luto pela perda dos pais da infância
Os pais deixam de ser vistos como ídolos infalíveis e passam a ser vistos como
humanos, tão frágeis e capazes de errar como qualquer outro.

109
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Psicologia do Desenvolvimento

Fonte: http://adolesc.com.br/os-tres-grandes-lutos-e-a-sindrome-da-
adolescencia-normal/

4. Instituto AOCP – HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL


DE SERGIPE – PSICÓLOGO HOSPITALAR – 2013
Uma das solicitações muito frequentes nos hospitais em relação ao puerpério é a

27
avaliação da relação mãe e bebê. Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA.

3:
:3
(F) A importância da avaliação da relação mãe e bebê se justifica ao considerar

15
que a qualidade dessa relação implica no desenvolvimento psíquico e cognitivo

2
02
saudáveis.

/2
(G) Pesquisas já apontam que, em casos de bebê pré-termos, que necessitam de

08
3/
cuidados intensivos, a presença dos pais com o investimento de afeto no recém
-0
nascido contribui para a melhoria clínica.
om
(H) Ao avaliar a relação mãe e bebê alguns itens são contemplados como: como
l.c
ai

a mãe segura o bebê, o modo de oferecer o seio e como olha para o bebê.
gm

(I) O cuidado adequado são sinais de carinho e zelo, sendo assim é preciso
@
ra

muitas vezes orientar as mães, considerando que a maternidade é instintiva.


ai

(J) Algumas teorias do desenvolvimento corroboram que o bebê ao nascer vai


m
li.

se dando conta, ao longo das semanas, que já não é parte da mãe, isso justifica a
ril
-g

importância de se ter uma boa qualidade no vínculo entre os dois.


1
-0

Gabarito: D
78

Comentários: A maternidade não pode ser considerada totalmente instintiva ou


.5
20

totalmente aprendida.
.8
92
-2

5. Instituto AOCP – Prefeitura de Angra dos Reis – Psicólogo – 2015


li

A “Síndrome da Adolescência Normal” abrange a premissa de que seria anormal


ril
G

a presença de um equilíbrio estável durante essa fase do desenvolvimento. A


ra
ai

respeito das características da identidade adolescente, assinale a alternativa


M

INCORRETA.
(A) A adolescência é responsável pela busca de identidade, a qual inicia e se
concretiza nesse mesmo período, havendo poucas mudanças posteriormente, uma
vez que, ao adquirir uma identidade, não é possível mudá-la.
(B) Ocorre uma busca por identificação e alguns adolescentes podem procurar uma
“identidade negativa” devido a algum transtorno na aquisição da identidade infantil
ou a uma necessidade mais imperiosa de abandonar seus aspectos infantis.
(C) Na pressa por uma identidade adulta, pode- se adquirir pseudoidentidades,
escondendo a identidade latente.
(D) Ocorre um sentimento de despersonificação do adolescente, devido à
dificuldade em se adaptar ao corpo em crescimento, às novas vivências e à falta de

110
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Psicologia do Desenvolvimento

semelhança familiar.
(E) Nessa fase é necessária a elaboração dos lutos dos pais da infância, do corpo
infantil e da própria infância.
Gabarito: A
Comentários: A identidade é buscada ao longo de toda vida. Ela é mutável e
dinâmica. Como diria Maurício Knobel:
Maurício Knobel observa que o adolescente vivencia “desequilíbrios e
instabilidades extremas” com expressões psicopatológicas de conduta, mas que
podem ser analisadas como aceitáveis para o seu momento evolutivo, pois
constituem vivências necessárias para se atingir a maturidade. Reúne sob a
denominação de “síndrome normal da adolescência” ou “normal anormalidade da

27
adolescência” ao conjunto de sinais e sintomas que caracterizam esta fase da vida

3:
:3
e que são:

15
· Busca de si e da identidade

2
02
A identidade, “consciência que o indivíduo tem de si como um ser no

/2
08
mundo”, é construída ao longo da vida e tem especial importância na adolescência.

3/
As transformações progressivas do corpo e do esquema corporal levam o
-0
adolescente a adotar sucessivos modos de conduta em diferentes situações, que
om
constituem variações circunstanciais, transitórias e ocasionais da identidade
l.c
ai

adolescente.
gm

O conceito de identidade engloba vínculos de integração espacial, temporal


@
ra

e social, introduzidos por Grimberg. O vínculo de integração espacial está


ai
m

relacionado com a representação que o indivíduo tem de seu corpo com


li.
ril

características que o tornam único. O vínculo de integração temporal


-g

corresponderia à capacidade do indivíduo de se recordar no passado e de se


1
-0

imaginar no futuro, sentindo-se o mesmo ao longo de sua vida. O vínculo de


78

integração social se inscreve nas relações com figuras significativas em sua


.5
20

trajetória existencial.
.8
92

Na busca de sua identidade, o adolescente recorre a situações que se


-2

apresentam as mais favoráveis no momento. Uma delas, é “a uniformidade”, o


li
ril

processo de identificação em massa, que explica o “fenômeno grupal”. Maurício


G

knobel enfatiza que, na proporção em que o adolescente vai aceitando


ra
ai

simultaneamente os seus aspectos de criança e adulto, começa a surgir a nova


M

identidade.
· Tendência grupal
M. Knobel assinala que a busca de uniformidade é um comportamento
defensivo que proporciona segurança e estima pessoal. O fenômeno grupal adquire
uma importância extraordinária na adolescência, porque o indivíduo transfere para
os pares parte da dependência que mantinha com a família. Assim, a dependência
do adolescente aos valores do grupo é escravizante. Precisa de aplausos, julgando-
se sempre conforme a sua aceitação exterior. Ele não pode perceber ainda que a
busca da aprovação dos outros é a busca de sua própria aprovação.

111
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Psicologia do Desenvolvimento

No início da adolescência, a turma é formada por companheiros do mesmo


sexo, mas, na medida em que amadurecem, assumindo sua condição sexual,
sentem-se mais livres para aproximar dos adolescentes do sexo oposto.
A turma constitui uma transição necessária no mundo externo para se
alcançar a individuação adulta.
· Necessidade de fantasiar e intelectualizar
A necessidade de fantasiar e intelectualizar se intensificam e dominam o
pensamento do adolescente, como mecanismos de defesa frente as situações de
perda . A vivência dos lutos outorgam um sentimento de depressão e fracasso frente
a realidade externa. É na adolescência, que nascem os escritores e poetas, trazendo
uma bagagem revolucionária própria de cultura para o mundo.

27
· Crises religiosas

3:
:3
Segundo Maurício Knobel, o adolescente pode se manifestar como um “ateu

15
intransigente” ou um “místico fervoroso”, vivendo uma variedade de

2
02
posicionamentos entre estes dois extremos. Isto reflete sua angústia interna, no

/2
confronto com a sua possibilidade de morte e de perda de seus pais. As figuras

08
3/
idealizadas oferecidas pela religião lhe permite a garantia de continuidade de sua
-0
própria vida e daqueles que lhe são queridos.
om
· Deslocamento temporal
l.c
ai

O adolescente vivencia uma crise de temporalidade. A criança vive as


gm

limitações do espaço e do tempo, dentro dos limites de seu pensamento concreto.


@
ra

O adulto tem a noção da infinitude espacial e da temporalidade da existência. Na


ai

adolescência, estas noções se misturam, se confundem e o adolescente passa por


m
li.

um período de sincretismo. Ele apreende o processo de discriminação temporal,


ril
-g

passando pela tentativa de manejar o tempo de forma concreta e evoluindo para a


1
-0

própria consciência histórica individual e coletiva.


78

· Evolução sexual do auto-erotismo até a heterossexualidade


.5
20

Reeditando a infância, através da masturbação, o adolescente revive a fase


.8

de manipulação dos órgãos genitais pelo lactente e, portanto, esta atividade tem
92
-2

características exploratórias, de autoconhecimento. A masturbação pode servir


li

como modalidade de descarga de tensão, negação onipotente da existência de


ril
G

outro sexo e, também, através dela, o adolescente pode elaborar a necessidade de


ra
ai

um companheiro sexual. A culpa e a ansiedade podem acompanhar este processo.


M

Outras saídas tensionais para esta fase são identificadas através das atividades de
roer unhas, sugar lábios, gagueiras, resmungos, levar mãos aos lábios e torcer
cabelos. Outras vezes, os adolescentes apresentam voracidade oral, atividades
sádicas anais, expressas na linguagem suja e na indiferença pela limpeza.
Inicialmente, os meninos evitam a presença das meninas e a solução defensiva
deste momento é a tendência grupal, chamada fase homossexual da adolescência.
Gradativamente, na proporção em que se sentem mais seguros de sua
identidade sexual, os adolescentes vão se aproximando de seus pares do sexo
oposto. Às vezes, observa-se condutas femininas nos rapazes e masculinas nas
moças, que correspondem a aspectos da elaboração edípica. É importante assinalar

112
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Psicologia do Desenvolvimento

que a cordialidade nas relações com os pais facilita as relações com as pessoas do
sexo oposto.
A sensação de estar apaixonado é um dos componentes mais importantes da
vida do adolescente e, neste momento, tem características de vínculo intenso e
frágil, que tende a evoluir para o amor maduro, na medida da cristalização da
masculinidade e feminilidade.
· Atitude social reivindicatória
Grande parte da oposição que os adolescentes vivem com relação à família
é transferida para o meio social, projetando no mundo externo as suas raivas, as
suas rejeições e as suas condutas destrutivas. O adolescente pode sentir que ele não
está mudando e que são os pais e a sociedade que se negam a ter com ele uma

27
atitude provedora e protetora. Esta é a base da atitude social reivindicatória.

3:
:3
· Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta

15
Estas condutas contraditórias são expressões da identidade adolescente,

2
02
transitória ocasional e circunstancial.

/2
· Separação progressiva dos pais

08
3/
Esta é uma das tarefas básicas dos adolescente, que pode ser facilitada por
-0
figuras parentais suficientemente adequadas.
om
· Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo
l.c
ai

O processo de luto da adolescência é permeado pela depressão e ansiedade,


gm

substrato natural das alterações de humor dos adolescente.


@
ra

Maurício Knobel deixa claro que “somente quando o mundo adulto compreende
ai

e facilita adequadamente a tarefa evolutiva do adolescente, ele poderá


m
li.

desempenhar-se satisfatoriamente, elaborando uma personalidade mais sadia e


ril
-g

feliz”.
1
-0

Fonte: Recorte de tese de doutorado produzido por Marília de Freitas Maakaroun.


78

Maurício Knobel e a Síndrome Normal da Adolescência. Minas Gerais.


.5
20
.8
92

6. Instituto AOCP – INES – Psicólogo – 2009


-2

Costuma-se dividir a Adolescência em três etapas: pré-puberdade, puberdade


li
ril

e pós-puberdade. Em relação a estas três etapas, analise as assertivas e assinale


G

a alternativa que aponta a(s) correta(s).


ra
ai

I. O período Pós-puberal é o menos conflitivo em nossa sociedade.


M

II. A gradual progressão da criança no seu desenvolvimento para a


maturidade é perturbada pelas transformações da puberdade,
obrigando-a a uma profunda reorganização intrapsíquica.
III. O desenvolvimento físico, que vinha gradualmente se realizando,
sofre uma aceleração.
IV. Nos dois ou três anos que antecedem a puberdade, a criança
aumenta cerca de seis quilos e cresce em média 10 cm por ano.
a) Apenas I está correta.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas I e IV estão corretas.

113
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Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

e) I, II, III e IV estão corretas.


Gabarito: C
Comentários: O período Pós-puberal (mais conhecido como fase adulta) é bem
trabalhoso. Tem até concurso público para alguns! Rs.

7. Instituto AOCP – INES – Psicólogo – 2009


O adolescente passa a experienciar um sentido da própria identidade, um
sentimento de que é um ser humano único, que está preparado para se encaixar
em algum papel significativo na sociedade. A respeito da formação da
Identidade na adolescência, assinale a alternativa correta.
a) O agente interno ativador na formação da identidade é o ego.

27
b) O agente interno ativador na formação da identidade é o superego.

3:
:3
c) O agente interno ativador na formação da Identidade é o Id.

15
d) Durante a confusão de Identidade, o adolescente é incapaz de sentir-se

2
02
regredindo.

/2
e) Durante o estágio da formação da identidade o adolescente é incapaz de sofrer

08
3/
profundamente em virtude da confusão de papéis ou de confusão de identidade.
Gabarito: A
-0
om
Comentários: Para a psicanálise a identidade depende do Ego.
l.c
ai
gm

8. Instituto AOCP – ELETROBRÁS – Psicólogo – 2009


@
ra

Conforme Erik Erikson, em sua teoria do Desenvolvimento Psicossocial, há oito


ai

estádios psicossociais, listados a seguir:


m
li.

1. confiança básica x desconfiança básica;


ril
-g

2. integridade do ego x desesperança;


1
-0

3. produção (diligência) x inferioridade;


78

4. identidade x confusão de papéis;


.5
20

5. iniciativa x culpa;
.8
92

6. generatividade x estagnação;
-2

7. autonomia x vergonha e dúvida;


li
ril

8. intimidade x isolamento.
G
ra

Assinale a alternativa que corresponde à seqüência em que tais estádios aparecem


ai

ao longo do desenvolvimento humano.


M

a) 1, 7, 5, 3, 4, 8, 6 e 2.
b) 1, 5, 7, 3, 8, 4, 6 e 2.
c) 1, 7, 5, 8, 4, 3, 2 e 6.
d) 1, 7, 3, 5, 8, 4, 2 e 6.
e) 7, 1, 5, 3, 4, 8, 2 e 6.
Gabarito: A
Comentários: A primeira assertiva trata da ordem correta.

9. PUC/PR – TJ-PR – Psicólogo – 2017

114
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

No que se refere à compreensão do desenvolvimento humano na perspectiva da


Análise do Comportamento, assinale a alternativa CORRETA.
A) Desenvolvimento, para a análise do comportamento, refere-se à continuidade de
mudanças as quais são sistemáticas, ordenadas, padronizadas e permanentes na
vida do indivíduo.
B) A análise do comportamento propõe que o desenvolvimento ocorre em estágios
e considera a idade como aspecto principal para determinadas aquisições.
C) A análise do comportamento propõe que o desenvolvimento seja uma integração
estrutural entre teorias cognitivas e teorias de aprendizagem.
D) Para a análise do comportamento, o processo do desenvolvimento sofre
influência tanto da maturação biológica quanto das experiências que o individuo

27
vivencia.

3:
:3
E) Para a análise do comportamento, o desenvolvimento ocorre dentro do

15
organismo da criança, por meio de mudança nas estruturas cognitivas.

2
02
Gabarito: D

/2
Comentários: Vamos pensar nessa questão a partir da visão da análise do

08
3/
comportamento, uma visão empirista. O erro da primeira assertiva é falar que a
-0
continuidade das mudanças é um fator ordenado, padronizado e permanente na
om
vida. Na verdade sabemos que varia de pessoa para pessoa. O erro da segunda é
l.c
ai

falar que ocorre em estágios. A análise do comportamento não trata de teorias


gm

cognitivas ou teorias da aprendizagem. Por fim, para a análise do comportamento


@
ra

é necessário que o organismo tenha condições biológicas mínimas de reagir ao


ai

ambiente para conseguir realizar a aprendizagem.


m
li.
ril
-g

10. PUC/PR – TJ-PR – Psicólogo – 2017


1
-0

Com base no modelo bioecológico do desenvolvimento humano, analise as


78

alternativas a seguir.
.5
20

I. O ambiente/contexto ecológico é constituído por um conjunto de sistemas


.8

interdependentes vistos como organização de encaixe de estruturas concêntricas.


92
-2

II. Para Bronfenbrenner, na compreensão do desenvolvimento humano, a herança


li
ril

genética é fundamental, definirá o desenvolvimento e se sobrepõe ao fenótipo.


G

III. Para compreender o desenvolvimento humano, é necessário considerar o


ra
ai

ambiente ecológico, o qual é composto por oito subsistemas.


M

IV. Desenvolvimento é o processo por meio do qual a pessoa se transforma e adquire


uma concepção mais ampliada, diferenciada e válida do meio.
V. O desenvolvimento acontece na sucessão de estágios, sendo que em cada estágio
o ego passa por uma crise. O desenvolvimento do indivíduo está relacionado ao
seu contexto social, o qual influencia as crises.
Estão CORRETAS somente
k. A) I e IV.
l. B) II, III, V.
m. C) II, III, IV.
n. D) I, II, III, IV.
o. E) I e V.

115
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

p. Gabarito: A
Comentários: Vamos ver os erros:
II. Para Bronfenbrenner, na compreensão do desenvolvimento humano, a herança
genética é fundamental, definirá o desenvolvimento e se sobrepõe ao fenótipo.
III. Para compreender o desenvolvimento humano, é necessário considerar o
ambiente ecológico, o qual é composto por oito quatro subsistemas.
V. O desenvolvimento acontece na sucessão de estágios, sendo que em cada estágio
o ego passa por uma crise. O desenvolvimento do indivíduo está relacionado ao
seu contexto social, o qual influencia as crises. [Isso é Erikson]
Vejamos um pouco mais sobre os sistemas:
Em seu livro, Bronfenbrenner apresenta uma proposta ecológica de

27
desenvolvimento, na qual existem aspectos fundamentais, diferentes dos da

3:
:3
psicologia clínica (diádica) e científica (laboratorial e psicodiagnóstica)

15
realizada até então. A Abordagem Ecológica do Desenvolvimento privilegia

2
02
os aspectos saudáveis do desenvolvimento, os estudos realizados em

/2
08
ambientes naturais e a análise da participação da pessoa focalizada no

3/
maior número possível de ambientes e em contato com diferentes pessoas -
-0
díades, tríades, etc (Bron-fenbrenner, 1996). O desenvolvimento humano é,
om
l.c

então, definido como "o conjunto de processos através dos quais as


ai

particularidades da pessoa e do ambiente interagem para produzir


gm

constância e mudança nas características da pessoa no curso de sua vida"


@
ra

(Bronfenbrenner, 1989, p.191). O livro valoriza os processos psicológicos e


ai
m

sua relação com as multideterminações ambientais, sem negligenciar a


li.
ril

importância dos fatores biológicos no decorrer do desenvolvimento.


-g

Dividido em quatro partes, apresenta: Uma Orientação Ecológica, onde o


1
-0

autor pontua os conceitos básicos sobre os quais irá tratar; Elementos do


78
.5

Ambiente, que discute a importância das relações interpessoais, a vivência


20

em diferentes sistemas e o desempenho de papéis; A Análise dos Ambientes,


.8
92

tratando os temas da inserção de ambientes naturais como ambientes de


-2

pesquisa, e a visão ecológica de desenvolvimento possível dentro de


li
ril

instituições (creches, escolas, etc); e Além do Microssistema, que traz


G
ra

discussões aprofundadas sobre três sistemas ecológicos: mesossistema,


ai

exossistema e macrossistema, sempre apontando para a dinâmica de


M

interação entre estes contextos. No decorrer destas quatro partes,


Bronfenbrenner cita 14 definições, oito proposições e 50 hipóteses,
esclarecendo os direcionamentos teóricos da Abordagem e comentando
estudos sobre desenvolvimento realizados por diversos pesquisadores.
Entre as definições trazidas por Bronfenbrenner, existem algumas que são
essenciais, para serem apresentadas e discutidas em conjunto com a visão
ecológica do desenvolvimento em pesquisa. Primeiro, dentro de um projeto
de pesquisa, há que se definir qual será a pessoa em desenvolvimento
focalizada. A partir daí, busca-se com-preender a forma como ela está
inserida e se desenvolvendo nos diferentes sistemas ambientais, que são
dinâmicos e vivenciados concomitantemente.

116
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Tomemos como exemplo uma criança que nasce em uma família nuclear
(com pai e mãe), em situação econômica adequada3. Ao nascer, ela passa a
fazer parte deste ambiente familiar, onde receberá os cuidados básicos
necessários. Este é para ela seu primeiro sistema, o microssistema, que é
definido como sendo o ambiente onde a pessoa em desenvolvimento
focalizada estabelece relações face-a-face estáveis e significativas. Neste
sistema, é fundamental que as relações estabelecidas tenham como
características: reciprocidade (o que um indivíduo faz dentro do contexto de
relação influencia o outro, e vice-versa), equilíbrio de poder (onde quem tem
o domínio da relação passa gradualmente este poder para a pessoa em
desenvolvimento, dentro de suas capacidades e necessidades) e afeto (que

27
pontua o estabelecimento e perpetuação de sentimentos - de preferência

3:
:3
positivos - no decorrer do processo), permitindo em conjunto vivências

15
efetivas destas relações também em um sentido fenomenológico

2
02
(internalizado).

/2
A participação da criança em mais de um ambiente com as características

08
3/
descritas acima a introduz em um mesossistema, que é definido como um
-0
conjunto de microssistemas. A transição da criança de um para vários
om
microssistemas abrange o conhecimento e participação em diversos
l.c
ai

ambientes (a família - nuclear e extensa -, a escolinha, a vizinhança, etc),


gm

consolidando diferentes relações e exercitando papéis específicos dentro de


@
ra

cada contexto. Num sentido geral, este processo de socialização promove


ai

seu desenvolvimento. Esta passagem, chamada por Bronfenbrenner de


m
li.

transição ecológica, é mais efetiva e saudável na medida em que a criança se


ril
-g

sente apoiada e tem a participação de suas relações significativas neste


1
-0

processo.
78

Ao tratar do exossistema, Bronfenbrenner considera os ambientes onde a


.5
20

pessoa em desenvolvimento não se encontra presente, mas cujas relações


.8

que neles existem afetam seu desenvolvimento. As decisões tomadas pela


92
-2

direção da escolinha, os programas propostos pelas associações de bairro,


li

as relações de seus pais no ambiente de trabalho são exemplos do


ril
G

funcionamento deste amplo sistema. Além do exossistema, Bronfenbrenner


ra
ai

descreve o macrossistema, que abrange os sistemas de valores e crenças que


M

permeiam a existência das diversas culturas, e que são vivenciados e


assimilados no decorrer do processo de desenvolvimento. É
importantíssimo dizer que a relação entre estes quatros sistemas, quando
analisada aparece profundamente coerente, demarcando a interação
dinâmica entre eles.
Segundo Bronfenbrenner, a pesquisa que se pretende ecológica deve conter
dados relativos ao maior número de sistemas dos quais a pessoa focalizada
participa. Desta forma, a Abordagem Ecológica do Desenvolvimento
privilegia estudos longitudinais, com destaque para instrumentos que
viabilizem a descrição e compreensão dos sistemas da maneira mais
contextualizada possível. Contudo, nada impede o pesquisador de se

117
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

interessar somente por aspectos de um único microssistema da pessoa


focalizada. Seu estudo terá características ecológicas na medida em que a
realização da pesquisa e a discussão dos resultados não ignorem aspectos
relativos aos demais sistemas e suas possíveis influências dentro do
processo estudado.
Fonte: ALVES, Paola Biasoli. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos
naturais e planejados. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 1997, vol.10, n.2 [cited 2017-08-
17], pp.369-373. Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79721997000200013&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0102-7972.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79721997000200013.

27
3:
:3
11. IBFC – SEPLAG/MG – Psicólogo – 2014

15
No final do século XIX Freud propôs para a sociedade e comunidade científica a

2
02
teoria do desenvolvimento psicossexual da criança, que causou grande espanto e

/2
08
polêmica na sociedade conservadora da época. De acordo com tal teoria, o

3/
desenvolvimento psicossexual acontece através da passagem por diversas etapas
-0
desde o nascimento. Assinale a alternativa cujas características correspondam a
om
fase genital do desenvolvimento psicossexual:
l.c
ai

a) o pênis torna-se o principal órgão de interesse para crianças de ambos os sexos,


gm

e sua ausência nas meninas é vista como castração. Nesta fase, o envolvimento e o
@
ra

conflito edipiano são estabelecidos.


ai
m

b) consolida-se a maturação fisiológica dos sistemas de funcionamento sexual,


li.
ril

sendo que os principais objetivos desta fase são a separação final da dependência
-g

e do apego aos pais, e o estabelecimento de relações de objeto maduras e não


1
-0

incestuosas.
78

c) seu principal objetivo é que a criança possa estabelecer um relacionamento de


.5
20

dependência com sujeitos que proporcionam nutrição e sustento, obtendo uma


.8
92

expressão confortável e a gratificação de necessidades.


-2

d) período que compreende por volta do terceiro e quarto ano de vida da criança, e
li
ril

é marcado pelo controle neuromuscular sobre os esfíncteres, sendo uma fase


G
ra

marcada por uma intensificação dos impulsos agressivos.


ai

Gabarito: B
M

Comentários: Cuidado! Não confunda a fase Genital com a fase Fálica! Complexo
de Édipo é na fase Fálica! A fase Genital é a última fase.

12. IBFC – Prefeitura de Alagoa Grande/PB – Psicólogo – 2014


Sigmund Freud, pai da psicanálise, propôs em sua teoria, fases do
desenvolvimento psicossexual. As afirmações abaixo correspondem às
características das fases do desenvolvimento:
O principal objetivo dessa fase é que a criança possa estabelecer um
relacionamento com sujeitos que proporcionam nutrição e sustento, obtendo uma
expressão confortável e a gratificação de necessidades.
I. Nesta fase consolida-se a maturação fisiológica dos sistemas de funcionamento

118
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

sexual.
II. Os principais objetivos desta fase são a separação final da dependência e do
apego aos pais, e o estabelecimento de relações de objeto maduras e não
incestuosas.
III. Nesta fase, o pênis torna-se o principal órgão de interesse para crianças de
ambos os sexos, e sua ausência nas meninas é vista como castração.
A(s) afirmação(ções) que corresponde(m) as características da fase genital do
desenvolvimento psicossexual é (são):
a) II e III, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II, III, e IV, apenas.

27
d) II, apenas.

3:
:3
Gabarito: A

15
Comentários: Sim minha gente. Essa questão deveria ter sido anulada. Na verdade

2
02
a I e a II estão corretas, mas não temos esse gabarito. Qual o erro da III? A III trata do

/2
08
período fálico!

3/
13. FGV – DETRAN/RN – Psicólogo – 2010 -0
om
Em pesquisas, estudos e práticas na área da ciência do desenvolvimento humano,
l.c
ai

há “consenso na literatura contemporânea sobre a necessidade de se considerar,”


gm

EXCETO:
@
ra

A) Os indivíduos dentro de suas redes ou sistemas de interação social.


ai
m

B) A expansão das fronteiras metodológicas usadas na investigação dos processos


li.
ril

de desenvolvimento para métodos mais adequados à sua complexidade,


-g

propondo estudos sistêmicos, longitudinais, transculturais, transgeracionais e


1
-0

multimetodológicos.
78
.5

C) A dialética entre os sistemas biopsicossociais inseridos no contexto histórico-


20

cultural.
.8
92

D) A dinâmica do curso de vida em sua totalidade, incluindo as gerações anteriores


-2

e posteriores.
li
ril

E) A atenção ao indivíduo no contínuo e imutável processo de desenvolvimento


G
ra

humano.
ai
M

Gabarito: E
Comentários: O processo de desenvolvimento humano não é imutável. Tanto em
sua ontogenética quanto em sua filogenética e aspectos pessoais de cada humano.

14. FGV – DETRAN/RN – Psicólogo – 2010


Uma das teorias da ciência do desenvolvimento humano denominada
abordagem do curso da vida, tem como princípios paradigmáticos, EXCETO:
A) As variações geográficas e históricas nas vidas humanas.
B) As etapas constituintes do desenvolvimento humano vividas de 0 a 12 anos.
C) A(s) organização(ações) humana(s) e suas restrições sociais, moldando as

119
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

trajetórias do desenvolvimento.
D) O papel central do tempo e do processo do desenvolvimento.
E) As vidas relacionadas ou interdependentes na matriz de relações sociais, no
tempo.
Gabarito: E
Comentários: Tipo de questão que ninguém acerta, mesmo conhecendo a
mundialmente desconhecida abordagem do curso de vida. Viva a FGV!
A noção de curso de vida implica considerar as mudanças e a
interdependência das trajetórias do indivíduo vinculadas à idade que, por sua vez,
dependem das mudanças que ocorrem nas sociedades. Por exemplo, a entrada na
escola e o momento de aposentar-se variam entre as sociedades. Segundo Elder

27
(1996), para compreender o desenvolvimento, as análises deverão incluir evidências

3:
:3
do atual funcionamento do ambiente, como estrutura social e processo social, nos

15
seus diferentes níveis: desde o nível mais macro da organização social até grupos

2
02
menores como escolas e famílias, incluindo estruturas intermediárias e locais como

/2
08
comunidade e vizinhança.

3/
A abordagem do curso da vida considera quatro princípios paradigmáticos:
-0
(a) variações geográficas e históricas nas vidas humanas; (b) organização humana e
om
suas restrições sociais moldando as trajetórias do desenvolvimento; (c) o papel
l.c
ai

central do tempo de oportunidade na estrutura e processo do desenvolvimento; (d)


gm

vidas relacionadas ou interdependentes na matriz de relações sociais, no tempo


@
ra

(Elder, 1996). Tais princípios geram, portanto, quatro temas principais a serem
ai
m

estudados: o entrelaçamento das vidas humanas e as mudanças históricas e


li.
ril

ambientais, as organizações humanas e as tomadas de decisões e as restrições


-g

sociais, o senso de oportunidade das vidas e, por fim, as vidas em relação. Adotar
1
-0

essa abordagem significa focalizar as mudanças nos padrões de vida, levando em


78

conta os seus contextos específicos, enfatizando o papel das mudanças sociais no


.5
20

processo de desenvolvimento do indivíduo.


.8
92

Conhecer a trajetória do desenvolvimento do indivíduo constitui um desafio


-2

para os pesquisadores de diferentes disciplinas, que necessitam, obviamente, de


li
ril

pressupostos comuns para "entenderem como os sistemas múltiplos que


G

influenciam o desenvolvimento individual - dos processos culturais a eventos


ra
ai

genéticos e de processos fisiológicos a interações sociais, vão integrando-se no


M

decorrer do tempo, promovendo o funcionamento saudável e adaptativo ou sua


conversão" (Magnusson & Cairns, 1996, p. 9). Portanto, para compreender o
desenvolvimento humano, é preciso considerar a emergência e a evolução do
indivíduo, em seus diferentes aspectos interligados: biológicos, psicológicos,
sociais, culturais e históricos.
Fonte: DESSEN, Maria Auxiliadora and GUEDEA, Miriam Teresa Domingues. A ciência
do desenvolvimento humano: ajustando o foco de análise. Paidéia (Ribeirão
Preto) [online]. 2005, vol.15, n.30 [cited 2014-08-24], pp. 11-20 . Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2005000100004&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0103-863X.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2005000100004.

120
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

15. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010


Os estudos do psicanalista francês René Spitz trouxeram importantes
contribuições para a compreensão de quadros psicossomáticos desenvolvidos no
primeiro ano de vida e influenciaram inúmeros estudos sobre a psicossomática do
adulto.
Avalie as afirmativas a seguir e assinale a incorreta.
A) o marasmo é conseqüência da perda de uma relação objetal bem estabelecida.
(B) o trabalho de Spitz é um dos mais importantes estudos sobre o desenvolvimento
infantil no primeiro ano de vida, nos quais se combinaram técnicas de observação
direta e uso de testes projetivos.

27
(C) a depressão anaclítica surge como uma conseqüência da separação do bebê de

3:
:3
sua mãe ou de seu cuidador.

15
(D) segundo Spitz, a cólica dos três primeiros meses seria decorrente da hiper-

2
02
solicitude ansiosa da mãe.

/2
(E) vômitos incoercíveis são resultantes da hostilidade materna disfarçada em

08
3/
hiper-solicitude.
Gabarito: A
-0
om
Comentários: De acordo com Spitz, qual o outro nome para marasmo?
l.c
ai

Hospitalismo!
gm
@
ra

16. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Itapevi - SP - Psicólogo


ai

Jean Piaget considera que a estruturação do sujeito sofre influência de alguns


m
li.

fatores. De acordo com a perspectiva do autor, o fator mais importante nesse


ril
-g

processo é a
1
-0

(A) interação social.


78

(B) maturação nervosa.


.5
20

(C) exercício repetitivo.


.8

(D) equilibração.
92
-2

(E) experiência adquirida.


li
ril

Gabarito: D
G

Comentários: A estruturação se dá pela equilibração. O resultado das sucessivas


ra
ai

assimilações e acomodações é chamado por Piaget de equilibração (conceito


M

central da sua teoria construtivista do conhecimento). Assim, quando as estruturas


que o sujeito já construiu não lhe permitem assimilar um novo objeto de
conhecimento, isto é, determinado objeto é resistente, provoca uma perturbação
no sujeito, o desequilíbrio é desencadeado.

Conceitos-chave de Piaget
Organização À medida que aumenta a maturação da criança, elas organizam
padrões físicos ou esquemas mentais em sistemas mais
complexos.

121
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Adaptação Capacidade de adaptar as suas estruturas mentais ou


comportamento para se adaptar às exigências do meio
(assimilação e acomodação fazem parte da adaptação).
Assimilação Capacidade de moldar novas informações para encaixar
(integrar) nos esquemas existentes.
Acomodação Mudança nos esquemas existentes pela alteração de antigas
formas de pensar ou agir.
Equilibração Tendência para manter as estruturas cognitivas em equilíbrio.

17. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Itapevi - SP - Psicólogo

27
A visão construtivista do psiquismo humano é compartilhada atualmente por

3:
:3
numerosas teorias do desenvolvimento, da aprendizagem e de procedimentos

15
psicológicos, que são foco da psicologia da educação. Essa visão compreende a

2
02
aprendizagem como um processo

/2
08
(A) dinâmico e determinado pelas experiências de vida.

3/
(B) complexo e alheio ao aporte daquele que aprende.
(C) ativo e de natureza essencialmente individual e interna. -0
om
(D) multifacetado e submetido à interferência mínima do ambiente.
l.c
ai

(E) empírico e dependente de estratégias de ensaio e erro para se constituir.


gm

Gabarito: D
@
ra

Comentários: A abordagem construtivista é de Piaget e ela entende que a


ai
m

aprendizagem é um processo que depende do meio ambiente e do nível de


li.
ril

maturação do organismo.
-g
1
-0

18. VUNESP - 2019 - UFABC - Psicólogo


78

De acordo com a perspectiva de Jean Piaget, o egocentrismo é um aspecto central


.5
20

do pensamento da criança entre dois e sete anos, aproximadamente. Quando a


.8
92

criança supera esse aspecto, ela é capaz de


-2

(A) tomar consciência do que é subjetivo em si.


li
ril

(B) adquirir conhecimentos relevantes.


G

(C) associar o sujeito e os objetos.


ra
ai

(D) se aprofundar na experiência pessoal.


M

(E) se adaptar às situações intencionalmente.


Gabarito: A
Comentários: No egocentrismo ocorre o realismo do pensamento, ou seja, a criança
confunde o pensamento subjetivo com a realidade. Após a superação desse
egocentrismo ela consegue separar a realidade do seu próprio pensamento.
Em complemento:
Já no que diz respeito à abrangência do egocentrismo no âmbito cognitivo – na
maneira de raciocinar –, Piaget (1947/2005) o diferencia entre egocentrismo
ontológico e egocentrismo lógico. Ressalta-se que se trata do mesmo fenômeno
(egocentrismo), na verdade são os resultados convergentes do mesmo fenômeno.
A distinção se dá que, no egocentrismo ontológico, há confusão entre o ego e

122
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

mundo exterior, e, no egocentrismo lógico, entre o pensamento próprio e o


pensamento dos outros. Em ambos, "se a criança permanece inteiramente restrita
a seu ponto de vista, é por acreditar que todas as pessoas pensam como ela" (p.
141); assim, tanto seu sentimento de resistência das coisas é tão inexistente quanto
o da dificuldade das demonstrações; por isso, também, afirma sem provas, dado
que não sente a necessidade de convencer uma vez que, em sua concepção, não há
multiplicidade de perspectivas (sua perspectiva é a única possível).
Piaget – em diversas obras (PIAGET, 1923/1999, 1924/1967, 1932/1994, 1937/2006b,
1945/1975, 1947/2005, entre outras) –, apresenta características do egocentrismo
ontológico: como o realismo do pensamento (admissão da existência das coisas tais
como aparecem; confundindo, assim, o subjetivo com o objetivo [PIAGET,

27
1923/1999, 1947/2005]); o realismo nominal ("devido à não diferenciação do

3:
:3
psíquico e do físico: os nomes estão ligados materialmente às coisas" [PIAGET;

15
INHELDER, 2006, p. 100]); o finalismo (crença de que todas as coisas existem para

2
02
cumprirem um fim antropocêntrico – sem qualquer relatividade, ou seja, centrado

/2
apenas na atividade individual da criança [PIAGET, 1947/2005, 1923/1999, p. 77]); o

08
3/
animismo (tendência em atribuir vida aos objetos [PIAGET, 1947/ 2005, 1923/1999,
-0
p. 180]. "Tudo o que está em movimento é vivo e consciente" [PIAGET; INHELDER,
om
2006, p. 100]), e o artificialismo (consideração das coisas como produto da
l.c
ai

fabricação humana ou de uma entidade; confundindo causalidade com fabricação


gm

[PIAGET, 1947/ 2005]), que são as justificações dessas ligações primitivas e cujo
@
ra

dinamismo integral, de que estão impregnadas a meteorologia e a física da criança,


ai

constitui-se, por fim, a partir dos resíduos dessas crenças iniciais.


m
li.

Desta forma, enquanto o primeiro (ontológico) relaciona-se à maneira que a criança


ril
-g

compreende os fenômenos do mundo físico, concebendo a participação do ser


1
-0

como fundamental para a ocorrência de tais fenômenos; devido ao real se achar


78

impregnado de aderências do ego, confunde as ligações causais e físicas com


.5
20

ligações de motivação psicológica, de forma mágica, como se o universo tivesse os


.8

seres humanos como centro. No segundo (lógico), a crença é imediata se


92
-2

transpondo as próprias experiências à compreensão da complexidade dos


li

fenômenos sociais e físicos; faz-se analogias do particular para o particular, sem


ril
G

reconhecer premissas gerais (transdução no plano do raciocínio). Sobretudo, vale


ra
ai

destacar que se trata de um fenômeno inconsciente do conhecimento, "[o


M

indivíduo] é, pois, egocêntrico sem sabê-lo e a consciência do seu egocentrismo


atenuaria ou eliminaria esse egocentrismo" (PIAGET, 1923/1999, p. 79). Para Piaget,
além de a consciência do egocentrismo o destruir, ele não se trata de um fenômeno
do comportamento social, pois o comportamento seria uma manifestação indireta
do egocentrismo, mas de uma espécie de ilusão sistemática, inconsciente e de
perspectiva.
Fonte: Sasso e De Morais. O Egocentrismo Infantil na Perspectiva de Piaget e
Representações de Professoras. Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia
Genéticas. Volume 5 Número 2 – Ago-Dez/2013
19. VUNESP - 2019 - UFABC - Psicólogo
Uma visão de aprendizagem que adota uma perspectiva crítica

123
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(A) enfatiza a necessidade de disciplina, de organização metódica de procedimentos


e conteúdos.
(B) solicita a definição clara de conceitos a serem aprendidos, e uma sequência
específica para a sua apresentação.
(C) estimula a formação de grupos para aprender, e a homogeneidade de repertório
dos aprendizes.
(D) considera os fenômenos sociais na sua complexidade, estimula a autonomia e a
criatividade.
(E) define trilhas de conhecimentos, apresentadas de acordo com o ritmo pessoal
de aprendizagem dos alunos.
Gabarito: D

27
Comentários: Sempre que falarmos em perspectiva crítica estaremos tratando da

3:
:3
abordagem sócio histórica. Ela atribui à si mesma tudo que é de bom e libertário. A

15
educação diante desse modelo proporciona, em teoria, um estímulo à autonomia e

2
02
a criatividade.

/2
08
3/
20. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo
-0
Um dos conceitos específicos da teoria de Lev Vygotsky é o de zona de
om
desenvolvimento proximal. Essa premissa reforça a ideia de que
l.c
ai

(A) o bom ensino é aquele que não se adianta em relação aos processos da criança
gm

que já se consolidaram.
@
ra

(B) o desenvolvimento deve ser olhado e concebido retrospectivamente, para


ai

produzir resultados sólidos.


m
li.

(C) a trajetória do desenvolvimento humano se orienta pela externalização dos


ril
-g

processos interpsicológicos.
1
-0

(D) o indivíduo tem instrumentos endógenos para percorrer, sozinho, o caminho de


78

seu pleno desenvolvimento.


.5
20

(E) o papel do professor é o de provocar nos alunos avanços na aprendizagem que


.8

não ocorreriam espontaneamente.


92
-2

Gabarito: E
li

Comentários: É pela zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem


ril
G

ocorre. O professor é apenas um mediador dessa zona. Cabe à ele identificar esse
ra
ai

campo e realizar as interações adequadas. O bom ensino se adianta em relação aos


M

processos da criança que já se consolidaram. O desenvolvimento deve ser orientado


para o momento imediato, sem perder de vista o futuro que se busca alcançar. Essa
zona de desenvolvimento proximal é ativada pela internalização. O indivíduo
precisa do outro para realizar essa aprendizagem.

21. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo


Para Donald Winnicott, o espaço da sessão ofereceria aos pacientes uma
segunda oportunidade para o seu desenvolvimento, pois possibilitaria a
sustentação “suficientemente boa” que o indivíduo não teve em sua infância. Essa
condição seria possível porque o enquadramento da análise

124
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(A) substitui as experiências traumáticas vividas pelo paciente por experiências com
características favoráveis ao amadurecimento.
(B) reproduz as técnicas de maternagem precoces, convidando à regressão em uma
situação de confiabilidade.
(C) evita as referências ao ambiente primário hostil, para que possa ser oferecida ao
paciente uma nova experiência de holding.
(D) organiza as pulsões orais, anais e genitais, que têm um papel primordial no
processo de desenvolvimento do indivíduo.
(E) aplaca as vivências de fracasso no desenvolvimento do ego, pois instaura uma
nova ordem para o registro do simbólico.
Gabarito: B

27
Comentários: O enquadramento não substitui as experiências traumáticas vividas

3:
:3
pelo paciente. Ele, na verdade, reproduz as técnicas de maternagem precoces. Esse

15
tipo de vinculação não evita as referências ao ambiente primário hostil. Cuidado, o

2
02
enquadramento na análise não organiza as pulsões orais, anais e genitais, mas as

/2
torna mais acessíveis para o trabalho analítico. O enquadre não aplaca as vivências

08
3/
de fracasso no desenvolvimento do ego nem instaura uma nova ordem para o
-0
registro do simbólico.
om
l.c
ai

22. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo


gm

A teoria das relações de objeto modificou a visão da conduta humana e dos


@
ra

processos inconscientes porque inseriu no contexto da psicanálise a ideia de que


ai

(A) as características que os objetos internos adquirem independem do confronto


m
li.

entre os sentimentos
ril
-g

agressivos e amorosos.
1
-0

(B) a pulsão exerce papel fundamental no psiquismo, mesmo quando não se dirige
78

aos objetos.
.5
20

(C) as fantasias são respostas compensatórias da psique para a falta de gratificação


.8

pulsional.
92
-2

(D) a concepção de psiquismo tem como elemento fundamental o vínculo


li

emocional.
ril
G

(E) o superego é a instância psíquica resultante da resolução do Complexo de Édipo.


ra
ai

Gabarito: D
M

Comentários: Os objetos internos dependem dos sentimentos agressivos e


amorosos. O estudo da pulsão só é relevante quando se dirige aos objetos. De outro
modo, não é relevante para a análise. Klein não acredita que o superego seja a
instância psíquica resultante da resolução do Complexo de Édipo.
Sobre isso:
A fantasia kleiniana: definições
De acordo com a teorização kleiniana e de suas seguidoras — Heimann (1986),
Isaacs (1986) e Segal (1966) — as fantasias são inatas no sujeito, uma vez que são as
representantes dos instintos1, tanto os libidinais2 quanto os agressivos, os quais
agem na vida desde o nascimento. Elas apresentam componentes somáticos e
psíquicos, dando origem a processos pré–conscientes e conscientes, e acabam por

125
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

determinar, desta forma, a personalidade. Pode–se concluir que as fantasias são a


forma de funcionamento mental primária, de extrema importância neste período
inicial da vida.
É possível a distinção entre dois conceitos de fantasia: phantasy, com ph, a qual
corresponde à atividade de fantasia inconsciente; e fantasy com f, a qual
corresponde à atividade fantasmática consciente (Isaacs, 1986). A fantasia pode ser
definida como a representante psíquica do instinto e expressa a realidade de sua
fonte, interna e subjetiva, embora esteja ligada à realidade objetiva. Ela se
transforma de acordo com o desenvolvimento, no decorrer das experiências
corporais, sendo ampliada e elaborada, influenciando e sendo influenciada pelo
ego em maturação.

27
Segundo Riviere (1986b), outra seguidora de Melanie Klein, a vida de fantasia do

3:
:3
indivíduo pode ser entendida como "a forma como suas sensações e percepções

15
reais, internas e externas, são interpretadas e representadas para ele próprio, em

2
02
sua mente, sob a influência do princípio de prazer–dor" (Riviere, 1986b, pp. 52, 53).

/2
08
PEREIRA DE OLIVEIRA, Marcella. Melanie Klein e as fantasias

3/
inconscientes. Winnicott e-prints, São Paulo , v. 2, n. 2, p. 1-19, 2007 . Disponível
em -0
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
om
432X2007000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 14 set. 2019.
l.c
ai
gm

23. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Cerquilho - SP - Psicólogo


@
ra

De uma perspectiva psicodinâmica, mesmo quando as relações na infância com


ai
m

os pais são abusivas e conflituosas, a criança as considera como uma fonte de


li.
ril

prazer. Isso acontece porque


-g

(A) elas proporcionam à criança abusada um senso de continuidade e significado.


1
-0

(B) essas crianças se tonaram incapazes de sentir medo ou abandono.


78

(C) os conflitos são inerentes às relações humanas, desde a mais tenra infância.
.5
20

(D) as figuras paternas, na infância, precisam ser protegidas dos ataques destrutivos
.8
92

do self.
-2

(E) o masoquismo é um sintoma neurótico presente em todo indivíduo, até em


li
ril

crianças.
G

Gabarito: A
ra
ai

Comentários: Winnicott! Os pais abusivos também são os que promovem a


M

aceitação e, por isso, proporcionam à criança abusada um senso de continuidade e


significado.

24. VUNESP – Guarulhos – Psicólogo – 2019


Segundo a concepção de Jean Piaget, a evolução das capacidades sensoriais,
motoras e intelectuais de uma criança
(A) pode variar no seu ritmo e qualidade, mas inevitavelmente obedece a uma
sequência neurofisiológica pré-determinada.
(B) é determinada pelas condições do aparato neurofisiológico dessa criança, no
momento de seu nascimento.

126
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(C) pode assumir qualquer configuração, desde que as condições do ambiente


forneçam estimulação diversificada e abundante.
(D) resulta da integração dos aspectos destrutivos e amorosos de sua
personalidade, durante o primeiro ano de vida.
(E) é fruto de sua tendência inata ao amadurecimento que é colocada em ação pela
atitude da mãe suficientemente boa.
Gabarito: A
Comentários: Os estágios são pré-determinados. Podemos ter pequenas variações
de semanas, mas a ordem não muda.

25. VUNESP – Guarulhos – Psicólogo – 2019

27
Um psicólogo foi encarregado de realizar um grupo terapêutico com adolescentes,

3:
:3
para colaborar com as ações envolvidas em um programa para a prevenção de

15
bullying nas escolas. Essa estratégia para o trabalho terapêutico com adolescentes,

2
02
(A) é muito favorável, uma vez que os adolescentes têm uma tendência natural para

/2
se agruparem.

08
3/
(B) é inadequada, pois os sentimentos transferenciais nesse período de vida são
-0
mais intensos e ameaçadores.
om
(C) é desaconselhável, uma vez que nessa etapa do desenvolvimento a prioridade é
l.c
ai

a estruturação da identidade individual.


gm

(D) é inócua, porque os adolescentes são indivíduos especialmente refratários às


@
ra

questões sociais e culturais.


ai

(E) é crítica, pois a atitude naturalmente agressiva e contestadora dos adolescentes


m
li.

impede o trabalho do terapeuta.


ril
-g

Gabarito: A
1
-0

Comentários: Aqui temos uma pesquisa que mistura Psicologia do


78

Desenvolvimento com a atuação do psicólogo. Sim, os adolescentes tendem a


.5
20

agrupar-se e é desse agrupamento que o adolescente descobre referências para a


.8

identidade individual.
92
-2
li

26. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017


ril
G

Para René Spitz (2013), as relações objetais se estabelecem


ra
ai

a) por ocasião do nascimento da criança, uma vez que o bebê nasce programado
M

para estabelecê-las ao primeiro contato físico com a mãe.


b) por volta do 6° mês, quando a mãe é percebida como um objeto inteiro,
independentemente das necessidades insatisfeitas do bebê.
c) por ocasião da resposta-sorriso, indicativa de que o bebê reconhece o rosto da
mãe e reage a ele sorrindo.
d) com a primeira mamada, na medida em que o seio materno passa a satisfazer os
desejos e as necessidades do bebê.
e) durante a gestação, quando a mãe se conscientiza da presença do bebê em seu
corpo e reage afetivamente a essa experiência.
Gabarito: B

127
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Comentários: Esse é um dos fundamentos de Spitz. É por volta do 6º mês que a mãe
é considerada um objeto.

27. VUNESP - MPE-ES - Agente Técnico – Psicólogo – 2013


Para René Spitz, a interiorização da mãe como objeto libidinal
a) é estabelecida por ocasião da primeira experiência de amamentação do bebê.
b) é indicada pela presença do segundo organizador psíquico, a angústia do 8.° mês.
c) se dá quando a criança reconhece o rosto da mãe, emitindo a resposta-sorriso.
d) ocorre durante a gestação, de modo que o bebê nasça com o vínculo
estabelecido.
e) decorre de sucessivas experiências de handling e holding pela mãe.

27
Gabarito: B

3:
:3
Comentários: Para a mãe ser interiorizada é preciso primeiro que ela seja vista

15
como um objeto. Tornar-se um objeto só ocorre após o 6º mês. Mas, interiorizar esse

2
02
objeto... Hummm... É na angústia do 8º mês.

/2
08
3/
28. VUNESP - SAP-SP - Psicólogo – 2011
-0
Ao discutir a personalidade infantil, no período pré-verbal, René Spitz defende a
om
ideia da existência de
l.c
ai

a) um estado inicial indiferenciado e do desenvolvimento lento e contínuo dos


gm

processos psicológicos.
@
ra

b) uma vida mental complexa, na qual o conteúdo das fantasias desempenha um


ai

papel fundamental.
m
li.

c) uma reconstrução de processos de desenvolvimento feita por meio dos estágios


ril
-g

de desenvolvimento anteriores.
1
-0

d) desordens psicotóxicas ocasionadas por desordens nas relações objetais


78

primitivas com a mãe.


.5
20

e) um conflito entre impulsos opostos e sentimentos de culpa que se traduzem em


.8

ataques destrutivos à figura materna.


92
-2

Gabarito: A
li

Comentários: Quando o bebê nasce, como ele está? Indiferenciado!


ril
G
ra
ai

29. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo – 2012


M

Spitz (2004) identificou uma série de padrões prejudiciais de comportamento


materno que se mostraram ligados a distúrbios psicotóxicos da criança. Dentre eles,
pode-se citar:
a) estabilidade de humor.
b) rejeição primária manifesta.
c) amor incondicional.
d) ausência de valores.
e) inteligência reduzida.
Gabarito: B
Comentários: A única assertiva que apresenta algum conceito de Spitz relacionado
com os distúrbios psicotóxicos é a rejeição primária manifesta.

128
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Relações Inadequadas
Comportamento da Mãe Consequência
rejeição primaria não consegue se alimentar
manifesta direito ao seio
superpermissividade cólica dos três meses
ansiosa primaria
hostilidade disfarçada em eczema infantil
ansiedade
oscilação entre mimo e distúrbio de motilidade - o
hostilidade balanço do bebê

27
oscilação cíclica de humor manipulação fecal e

3:
da mãe coprofagia

:3
15
hostilidade consciente criança hipertimica

2
02
compensada

/2
08
3/
-0
30. IBFC – EBSERH - Médico - Psiquiatria da Infância e Adolescência – 2016
om
De acordo com Spitz o riso social é um marcador importante do estabelecimento
l.c
ai

das primeiras relações objetais. Esse sinal surge aos:


gm

a) 3 meses
@

b) 6 meses
ra
ai

c) 9 meses
m
li.

d) 12 meses
ril
-g

e) 15 meses
1
-0

Gabarito: A
78

Comentários: Cuidado aqui! A aparição do sorriso ocorre por volta dos três meses,
.5
20

juntamente na passagem do estágio pré-objetal para o estágio precursor do objeto.


.8

Ele é a base das relações sociais e aponta o início da separação e diferenciação


92
-2

objetal.
li
ril
G

31. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017


ra
ai

É consenso, entre os autores de orientação psicanalítica, a importância das relações


M

mãe-bebê no desenvolvimento da criança. Para René Spitz (2013), no primeiro ano


de vida,
a) bebê e mãe criam uma relação simétrica da qual a criança emergirá como sujeito
após o estabelecimento do terceiro organizador, a palavra “não”.
b) estabelece-se o conflito edípico, o qual a criança poderá superar com o advento
do segundo organizador, a angústia do oitavo mês.
c) a criança e seu meio ambiente formam um “sistema fechado” que consiste de
apenas dois componentes conhecidos: a mãe e o filho.
d) cabe à mãe oferecer um ambiente que impeça a vivência de experiências de
desprazer pelo bebê.
e) a díade mãe-filho é determinada pelos aspectos estruturais próprios do elemento
mais forte de sua composição, a mãe.

129
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Gabarito: C
Comentários: No primeiro ano de vida, segundo Spitz, só podemos falar em um
sistema fechado.

32. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017


Na visão de René Spitz (2013), o ponto crítico da evolução do indivíduo e da espécie
é a formação do primeiro conceito, o da negação, pela criança. Para o autor, essa
conquista será possível devido
a) ao mecanismo de projeção.
b) a manobras de deslocamento.
c) à tolerância à frustração.

27
d) à identificação com o agressor.

3:
:3
e) ao exercício de oposição.

15
Gabarito: D

2
02
Comentários: O “agressor” é aquele interditor que frustra o bebê e diz o “não”.

/2
08
3/
33. VUNESP - TJ-SP - Psicólogo Judiciário – 2017
-0
A mãe de uma criança de 70 dias esteve internada em um hospital por quatro meses.
om
Segundo René Spitz (2013), o efeito de tal privação sobre a criança
l.c
ai

a) poderá ser revertido com o retorno da mãe, mas não é possível assegurar que não
gm

deixe sequelas.
@
ra

b) apresentará um curso previsível, do gemido de tristeza a crises convulsivas que


ai

equivalem a expressões de total desamparo.


m
li.

c) levará a um quadro depressivo persistente, equivalente à depressão anaclítica


ril
-g

observada nos adultos.


1
-0

d) será catastrófico, independentemente da presença de um substituto adequado


78

no período de separação.
.5
20

e) afetará apenas o desenvolvimento psicológico da criança, mas não o


.8

desenvolvimento motor.
92
-2

Gabarito: A
li

Comentários: A privação ainda não foi completa. =]


ril
G
ra
ai

34. ADVISE - SESC-SE - Psicopedagogo – 2010


M

Segundo SPITZ o processo de maturação acontece a partir do nascimento do bebê,


mediante a interação interno e externo e toda ação e resposta produzida pela
criança são provocadas pelo (a):
a) mãe;
b) objeto que o bebê pega;
c) zona oral;
d) maturação;
e) espontaneidade do bebê.
Gabarito: A
Comentários: Tudo depende da mãe.

130
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

35. VUNESP – Iamspe – Psicólogo – 2009


Segundo as considerações de John Bowlby e Mary Ainsworth, um profissional pode
identificar a qualidade do vínculo existente entre um bebê a partir de nove meses e
sua mãe, separando os dois num ambiente desconhecido. Se, nessa situação, o
bebê não se perturba quando a mãe sai e quando ela retorna ele a ignora, olhando
ou desviando o olhar de sua figura, o profissional identifica um tipo de vínculo
(A) seguro.
(B) evitante.
(C) resistente.
(D) desorganizado.

27
(E) funcional.

3:
:3
Gabarito: B

15
Comentários: Essa questão remete ao livro de Bowlby chamado “Cuidados

2
02
Maternos e Saúde Mental”.

/2
08
Para o autor, temos três tipos de apego:

3/
Apego seguro: quando ameaçada, a criança busca ajuda na mãe; separa-se com
-0
facilidade; é consolada sem dificuldades pela mãe; prefere a mãe à estranha. Na
om
vida adulta o indivíduo é mais aberto à intimidade e não tem a preocupação em ser
l.c
ai

abandonado.
gm

Apego ansioso-evitativo (ou inseguro-evitante): a criança evita o contato com a


@
ra

mãe; não inicia a interação; não tem preferência nem pela mãe nem pela estranha.
ai
m

Quando adulto, o indivíduo não se sente confortável em ter intimidade, pois acha
li.
ril

difícil confiar em alguém. Sente-se invadido quando alguém tenta manter um


-g

vínculo de proximidade, além daquilo que ele está disposto a oferecer.


1
-0

Apego ansioso-ambivalente (ou inseguro-ambivalente): a criança explora pouco


78

o ambiente; fica desconfiada da estranha; separa-se com dificuldade da mãe; não


.5
20

se consola com facilidade; evita e busca a mãe em momentos diferentes. Quando


.8
92

adulto, acredita que não recebe afeto na mesma proporção que doa.
-2
li
ril

36. VUNESP – Prefeitura Municipal de São José dos Campos – Psicólogo –


G

2015
ra
ai

John Bowlby afirma que é essencial para a saúde mental de um bebê que este
M

vivencie uma relação calorosa, íntima e contínua com sua mãe ou figura substituta.
Quando essa vivência não é possível, a criança sofre com a privação, que pode ter
efeitos variados de acordo com o grau em que ocorre. Segundo a perspectiva do
autor, a privação total
(A) provoca angústia e exagerada necessidade de amor, o que gera sentimentos de
culpa e depressão.
(B) ainda permite à criança alguma satisfação nos relacionamentos, desde que ela
não seja frustrada.
(C) pode mutilar completamente na criança a capacidade de estabelecer relações
com as outras pessoas.
(D) permite que a criança lide com suas emoções e impulsos, mas provoca certa

131
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

instabilidade.
(E) gera fortes sentimentos de vingança e retaliação que provocam reações de
prazer e satisfação.
Gabarito: C
Comentários: Essa questão remete ao livro de Bowlby chamado “Cuidados
Maternos e Saúde Mental”. A privação total, a maior privação de todas, produz os
efeitos mais graves. Ela pode mutilar completamente na criança a capacidade de
estabelecer relações com outras pessoas.
Segundo o livro:

27
3:
:3
15
2
02
/2
08
3/
-0
om
l.c
ai
gm
@
ra
ai
m
li.
ril
-g

37. VUNESP – Fundação Casa – Psicólogo – 2010


1
-0

Os estudos de John Bowlby sobre o vínculo formado entre bebê e cuidador levaram-
78

no a identificar padrões de apego derivados de “modelos de trabalho” que a criança


.5
20

constrói a partir de suas experiências com o cuidador, geralmente a mãe. Um


.8

padrão em que a criança chora quando o cuidador se ausenta, mas alegra-se e


92
-2

interage com ele quando de seu retorno caracteriza o apego


li
ril

(A) ansioso.
G

(B) reparador.
ra
ai

(C) ambivalente.
M

(D) resistente.
(E) seguro.
Gabarito: E
Comentários: Essa questão remete ao livro de Bowlby chamado “Cuidados
Maternos e Saúde Mental”. Se, por um lado, podemos entender que os
comportamentos de apego se referem a um conjunto de condutas inatas exibidas
pelo bebê, que promove a manutenção ou o estabelecimento da proximidade com
sua principal figura provedora de cuidados, por outro lado podemos dizer que o
apego é o vínculo que o bebê desenvolve por seu cuidador, principalmente com a
mãe.
Para o autor, temos três tipos de apego:

132
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Apego seguro: quando ameaçada, a criança busca ajuda na mãe; separa-se com
facilidade; é consolada sem dificuldades pela mãe; prefere a mãe à estranha. Na
vida adulta o indivíduo é mais aberto à intimidade e não tem a preocupação em ser
abandonado.
Apego ansioso-evitativo (ou inseguro-evitante): a criança evita o contato com a
mãe; não inicia a interação; não tem preferência nem pela mãe nem pela estranha.
Quando adulto, o indivíduo não se sente confortável em ter intimidade, pois acha
difícil confiar em alguém. Sente-se invadido quando alguém tenta manter um
vínculo de proximidade, além daquilo que ele está disposto a oferecer.
Apego ansioso-ambivalente (ou inseguro-ambivalente): a criança explora pouco
o ambiente; fica desconfiada da estranha; separa-se com dificuldade da mãe; não

27
se consola com facilidade; evita e busca a mãe em momentos diferentes. Quando

3:
:3
adulto, acredita que não recebe afeto na mesma proporção que doa.

15
2
02
38. VUNESP – Prefeitura de Arujá – Psicólogo – 2015

/2
John Bowlby afirma que algumas síndromes psiquiátricas e espécies de sintomas

08
3/
associados são precedidos por uma elevada incidência de vínculos afetivos
-0
desfeitos durante a infância. Essas síndromes são:
om
(A) a personalidade esquizoide e a impulsividade.
l.c
ai

(B) a personalidade dependente e a alexitimia.


gm

(C) a personalidade psicopática e a depressão.


@
ra

(D) a personalidade narcísica e a elação.


ai

(E) a personalidade obsessiva e a compulsão.


m
li.

Gabarito: C
ril
-g

Comentários: Segundo Bolwby, no livro Formação e Rompimento dos Laços


1
-0

Afetivos, os vínculos afetivos durante a infância geram a personalidade psicopática


78

e a depressão.
.5
20

Vejamos:
.8

Estudos sobre a incidência de perdas na infância em diferentes amostras de


92
-2

populações psiquiátricas têm-se multiplicado nos últimos anos. Em virtude das


li

amostras e dos grupos de controle serem tão diferentemente constituídos, dos


ril
G

critérios de perda serem definidos de modos diferentes, e de uma série de acasos


ra
ai

demográficos e estatísticos, a sua interpretação não é fácil. No entanto, algumas


M

descobertas, inclusive numerosos estudos recentes bem controlados relatados por


investigadores independentes, têm apresentado tanta coerência, que podemos
confiar razoavelmente neles. Foi sistematicamente apurado que dois síndromes
psiquiátricos e duas espécies de sintomas associados são precedidos por uma
elevada incidência de vínculos afetivos desfeitos durante a infância. As síndromes
são a personalidade psicopática (ou sociopática) e a depressão; os sintomas
persistentes, a delinqüência e o suicídio.
O psicopata (ou sociopata) é uma pessoa que, embora pão sendo psicótica ou
mentalmente subnormal, realiza persistentemente: (i) atos contra a sociedade, por
exemplo, crimes; (ii) atos contra a família, por exemplo, negligência, crueldade,
promiscuidade sexual ou perversão; (iii) atos contra a própria pessoa, por exemplo,

133
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

toxicomania, suicídio ou tentativa de suicídio, abandono repetido do emprego.

39. VUNESP – Prefeitura Municipal de Alumínio – Psicólogo – 2016


A ideia de que o objetivo da criança não é buscar um objeto, mas um estado físico
alcançado pela proximidade com a mãe/objeto, caracteriza a teoria
(A) do amadurecimento de Donald W. Winnicott.
(B) das relações objetais de Melanie Klein.
(C) do vínculo de John Bowlby.
(D) do narcisismo de Heinz Kohut.
(E) da sexualidade de Sigmund Freud.
Gabarito: C

27
Comentários: Esse é o fundamento da teoria da vinculação, de John Bowlby.

3:
:3
15
40. Vunesp – Prefeitura Municipal de Louveira – Psicólogo – 2007

2
02
Winnicott (1971) idealizou uma forma de comunicação com crianças e

/2
adolescentes, colocando-os frente a frente com seus terapeutas para a realização

08
3/
de um diálogo gráfico e verbal. Os dois, cliente e terapeuta, envolvem-se
-0
alternadamente na tarefa, desenhando e verbalizando. Essa técnica é conhecida
om
como
l.c
ai

(A) observação lúdica.


gm

(B) procedimento de desenhos-história.


@
ra

(C) teste desiderativo.


ai
m

(D) teste palográfico.


li.
ril

(E) jogo dos rabiscos.


-g

Gabarito: E
1
-0

Comentários: Apesar dele apenas citar em seu livro “Tudo começa em casa” o jogo
78

dos rabiscos, coloquei essa questão aqui apenas como curiosidade.


.5
20
.8
92

41. VUNESP – Fundação Casa – Psicólogo – 2010


-2

Para D. W. Winnicott, a origem da tendência antissocial reside


li
ril

(A) nas sucessivas e frequentes falhas da mãe, mesmo que subsequentemente


G

corrigidas.
ra
ai

(B) na instabilidade do sistema familiar, particularmente na relação entre os pais.


M

(C) na ausência de uma figura paterna que opere como “lei” e limite ao princípio do
prazer.
(D) na experiência de abandono sofrida pela criança após um período de cuidados
adequados.
(E) na ausência de modelos de identificação positivos e adequados.
Gabarito: D
Comentários: A origem da tendência antissocial está na deprivação.

42. VUNESP – Fundação Casa – Psicólogo – 2010


A tendência antissocial, sob a perspectiva de D.W.Winnicott, pode ser entendida
como

134
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(A) uma categoria diagnóstica, como neurose ou psicose.


(B) uma manifestação exclusive da personalidade borderline (fronteiriça).
(C) uma organização da personalidade patológica e irreversível.
(D) uma forma de descarregar uma raiva que se alimenta da situação de duplo
vínculo.
(E) um pedido de socorro que convoca uma mobilização do ambiente.
Gabarito: E
Comentários: Como vimos em aula, no Capítulo 13 - Some Psychological Aspects of
Juvenile Delinquency (Livro Privação e Delinquência), é retomado o conceito de
delinquência derivado da deprivação familiar. Para Winnicott, o comportamento
antissocial é um pedido de socorro, pedindo o controle de pessoas fortes, amorosas

27
e confiantes.

3:
:3
15
43. VUNESP – Prefeitura da Estância de Atibaia – Psicólogo – 2014

2
02
Para Donald D. Winnicott, na base do transtorno de conduta encontra-se

/2
08
(A) um conflito intrapsíquico, decorrente do constrangimento da criança ou jovem

3/
por não controlar atos antissociais.
-0
(B) um elemento orgânico associado principalmente a problemas de hiperatividade
om
e déficit de atenção.
l.c
ai

(C) uma opção pela imaturidade que impede o enfrentamento das questões do
gm

crescimento e da responsabilidade pelos próprios atos.


@
ra

(D) uma atitude de rebeldia contra a ordem patriarcal estabelecida, decorrente de


ai
m

relações inadequadas com o pai.


li.
ril

(E) a esperança no ambiente, do qual a criança ou jovem espera obter algo bom que
-g

foi perdido.
1
-0

Gabarito: E
78
.5

Comentários: Segundo Winnicott: O ato [conduta] antissocial (roubo, enurese


20

noturna, etc.) constitui-se em um imperativo relativo a uma falha no período da


.8
92

dependência relativa. De acordo com Winnicott, a tendência antissocial indica que


-2

o bebê pode experimentar um ambiente suficientemente bom à época da


li
ril

dependência absoluta, mas que foi perdido posteriormente. Assim, o ato antissocial
G
ra

é um sinal de esperança de que o indivíduo venha a redescobrir aquela experiência


ai

boa anterior à perda. A tendência antissocial não deve ser vista como um
M

diagnóstico, e pode ser aplicada tanto à crianças como a adultos.

44. VUNESP – Prefeitura da Estância de Atibaia – Psicólogo – 2014


Para Donald D. Winnicott, a psicose é uma doença de deficiência do ambiente. Para
o autor, isso significa que esse transtorno decorre
(A) da falta de provisão básica inicial pelo ambiente, cuja principal consequência é
a falha do processo de maturação e integração da criança.
(B) de experiências traumáticas recorrentes na infância, que acabam por
estabelecer a associação entre ambiente e sentimentos de vulnerabilidade.
(C) do desaparecimento de pessoas com as quais o bebê estabeleceu relações
objetais, provocando sentimentos de perda de si e do outro.

135
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(D) da ausência de uma figura que possibilite a vivência do conflito edípico, o que
impede a consolidação da identidade da criança.
(E) de expectativas, por parte do ambiente, que excedem as reais possibilidades da
criança, promovendo uma cisão (splitting) insuperável entre self real e self ideal.
Gabarito: A
Comentários: A psicose é ocasionada pela privação total na fase da dependência
absoluta.

45. FAURGS - TJ-RS - Psicólogo Judiciário – 2016


Para Spitz (1965), os organizadores psíquicos representam os sinais indicadores de
que o bebê atingiu um determinado grau de organização interna. O primeiro

27
organizador psíquico do bebê foi designado pelo autor como sendo:

3:
:3
a) sorriso social.

15
b) ansiedade diante de estranhos.

2
02
c) aquisição da negação.

/2
d) simbolização.

08
3/
e) simbiose.
Gabarito: A
-0
om
Comentários: Vamos pensar nesses três organizadores em termos de meses de
l.c
ai

idade da criança.
gm

Sorriso à aparece próximo aos 3 meses de idade e ainda faz parte de um estágio
@
ra

pré-objetal
ai

Ansiedade à aparece próximo aos 8 meses (a criança sente a ausência da mãe e


m
li.

chora com a presença de um estranho). Já é um estágio objetal propriamente dito.


ril
-g

Meneio negativo da cabeça à surge aproximadamente aos 15 meses de idade.


1
-0
78

46. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010


.5
20

Os estudos do psicanalista francês René Spitz trouxeram importantes contribuições


.8
92

para a compreensão de quadros psicossomáticos desenvolvidos no primeiro ano de


-2

vida e influenciaram inúmeros estudos sobre a psicossomática do adulto.


li
ril

Avalie as afirmativas a seguir e assinale a incorreta.


G

A) o marasmo é conseqüência da perda de uma relação objetal bem estabelecida.


ra
ai

(B) o trabalho de Spitz é um dos mais importantes estudos sobre o desenvolvimento


M

infantil no primeiro ano de vida, nos quais se combinaram técnicas de observação


direta e uso de testes projetivos.
(C) a depressão anaclítica surge como uma conseqüência da separação do bebê de
sua mãe ou de seu cuidador.
(D) segundo Spitz, a cólica dos três primeiros meses seria decorrente da hiper-
solicitude ansiosa da mãe.
(E) vômitos incoercíveis são resultantes da hostilidade materna disfarçada em
hiper-solicitude.
Gabarito: A
Comentários: Lembre-se que no marasmo a criança não chega a estabelecer uma
boa relação objetal. Relembrando:

136
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Relações Insuficientes
Comportamento da mãe Consequência
Privação emocional parcial depressão anaclítica
Privação emocional marasmo ou hospitalismo
completa

Relações Inadequadas
Comportamento da Mãe Consequência
rejeição primaria não consegue se alimentar

27
3:
manifesta direito ao seio

:3
15
superpermissividade cólica dos três meses

2
ansiosa primaria

02
/2
hostilidade disfarçada em eczema infantil

08
3/
ansiedade
oscilação entre mimo e distúrbio de motilidade - o
-0
om
hostilidade balanço do bebê
l.c
ai

oscilação cíclica de humor manipulação fecal e


gm

da mãe coprofagia
@
ra

hostilidade consciente criança hipertimica


ai
m

compensada
li.
ril
-g

47. BIO-RIO - Prefeitura de Barra Mansa – RJ - Psicopedagogo – 2010


1
-0

René Spitz, psicanalista vienense, foi um dos primeiros a fazer investigações em


78
.5

Psicologia Infantil. Em suas experiências demonstrou que a criança necessita de


20

carinho e carícias físicas para se desenvolver corretamente. Na tentativa de explicar


.8
92

a gênese da relação objetal, criou sua teoria na qual estabelece indicadores de


-2

comportamentos específicos de acordo com o padrão de desenvolvimento


li
ril

alcançado no primeiro ano de vida. A seguir você encontrará duas colunas contendo
G
ra

os estágios criados por Spitz e suas respectivas descrições. Correlacione as duas


ai
M

colunas e posteriormente assinale a ÚNICA alternativa correta:


( ) Preobjetal 1. Capacidade de diferenciação perceptiva diacrítica
desenvolvida.
( ) Precursor do Objeto 2. Propõe o conceito de não diferenciação.
( ) Objeto Libidinal 3. Capacidade de deslocar os investimentos pulsionais
de uma função psíquica para outra.
A sequência correta da primeira coluna, de cima para baixo, é:
a) 1, 3, e 2;
b) 1, 2 e 3;
c) 3, 1 e 2;
d) 2, 1 e 3;
e) 2, 3 e 1.

137
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Gabarito: E
Comentários: Preobjetal - Propõe o conceito de não diferenciação. Precursor do
Objeto - Capacidade de deslocar os investimentos pulsionais de uma função
psíquica para outra. Objeto Libidinal - Capacidade de diferenciação perceptiva
diacrítica desenvolvida.

48. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010


Uma importante obra sobre o desenvolvimento na adolescência é o livro de
Maurício Knobel e Arminda Aberastrury, intitulado Infância Normal e Patológica e
publicado pela primeira vez na década de setenta. Nesse livro, os autores assinalam
que o adolescente deve superar inúmeras crises psicossociais, entre eles os lutos da

27
adolescência.

3:
:3
Avalie as afirmativas a seguir e assinale a correta:

15
(A) a afirmativa de que os adolescentes devem fazer o luto pelos pais tem a ver com

2
02
situações de perda real dos pais durante a adolescência.

/2
(B) os lutos da adolescência seriam a perda do corpo da infância e da

08
3/
bissexualidade.
-0
(C)na atualidade, os conceitos propostos por Knobel e Aberastrury foram
om
superados.
l.c
ai

(D) os lutos na adolescência seriam o luto pelos pais, pelo grupo de amigos da
gm

infância e pela identidade infantil.


@
ra

(E) os lutos da adolescência implicam em diferentes etapas, entre elas a negação


ai

das mudanças, a ambivalência frente às perdas e ganhos, a agressividade e a


m
li.

interiorização.
ril
-g

Gabarito: E
1
-0

Comentários: Excelente texto sobre o assunto e o viés dos dois autores:


78

Adolescência na perspectiva psicanalítica atual


.5
20

À luz da psicanálise, Arminda Aberastury e Maurício Knobel destacam a


.8
92

adolescência como uma fase dentro de todo o processo evolutivo, que sucede,
-2

num continuum, à infância. Reinterpretam e sistematizam as construções teóricas


li
ril

introduzidas ao longo deste século e focalizam:


G

§ a progressiva transformação corporal introduzida pela puberdade e as suas


ra
ai

repercussões na vida do jovem.


M

§ a evolução do desenvolvimento cognitivo e a convivência com infinitas


possibilidades intelectuais.
§ a gradativa construção da identidade e o acesso do adolescente aos limites
de suas próprias fronteiras.
§ as modificações crescentes da socialização e o rompimento das demarcações
familiares com a busca da amplitude da humanidade.
Arminda Aberastury e o Processo de Luto
Segundo Arminda Aberastury, as transformações psicológicas desta etapa
da vida têm correlação com as mudanças corporais da puberdade e levam o
adolescente a estabelecer novas relações com seus pais e com o mundo. Esta
revolução pode ser comparada a um processo de luto. O conceito de luto veicula

138
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

idéias de perdas reais e simbólicas, que são elaboradas num tempo que tem
dimensões muito pessoais. Em vista disto, fases observadas e descritas de negação,
ambivalência, agressividade, interiorização são descritas como a manifestação de
todo um conjunto de defesas necessárias para a resolução satisfatória deste
período da existência.
Assim, inicialmente, o adolescente nega as suas transformações. Em seguida, sofre
a ambivalência entre a necessidade de progredir e o desejo de se manter no estágio
infantil. Avalia os ganhos e sofre profundamente as perdas. Vive a digressão,
questiona a família e o mundo. Rompe vínculos e parte na busca de si junto com
outros que vivenciam o mesmo processo ou, se isola, se interioriza, na tentativa de
compreender este momento evolutivo. No final da adolescência, ocorre a sua

27
aceitação como pessoa, que deve continuar a sua trajetória na busca de sua própria

3:
:3
maturidade.

15
Descreve que os lutos que o adolescente precisa elaborar são: o luto pelo corpo

2
02
infantil, o luto pela identidade infantil e o luto pela bissexualidade.

/2
§ Luto pelo corpo infantil

08
3/
Com o advento da puberdade e todo o conjunto de modificações somáticas que a
-0
acompanham, o indivíduo percebe que, progressiva e inexoravelmente, vai-se
om
transformando em adulto. Todo este processo, no entanto, é vivido de forma
l.c
ai

incoercível, como uma invasão agressiva, deixando o adolescente perplexo e


gm

impotente. A auto-imagem construída ao longo dos anos tem que ser, agora,
@
ra

reformulada a partir da construção de um novo esquema corporal e de novas


ai

modalidades relacionais consigo próprio e com o mundo. O sofrimento pela perda


m
li.

do corpo infantil fará o adolescente atuar de forma intensa a nível mental ou através
ril
-g

da expressão motora pela ação. As suas idéias revolucionarias de reformas políticas


1
-0

ou sociais, os seus movimentos em defesa do meio ambiente e da ecologia nada


78

mais são do que expressões de agressividade e protesto frente à frustração de se ver


.5
20

mudando sem ter sido consultado e de assistir impotente às próprias


.8

transformações.
92
-2

A atuação motora do adolescente, associada à auto-estima debilitada e à


li

inabilidade em conviver com o próprio corpo explicam, em parte, a grande


ril
G

incidência de acidentes a que está sujeito.


ra
ai

§ Luto pela identidade infantil


M

Durante a infância, os pais podem tudo pela criança. Na adolescência, o adolescente


tem que aprender a poder tudo por ele mesmo. A dependência é a relação lógica e
natural da infância. O adolescente aspira pela autonomia, mas a dependência dos
pais ainda é muito necessária, porque ele se sente imaturo. Na tentativa de elaborar
o luto pela dependência infantil, o adolescente manipula a afetividade. Brigando,
questionando, talvez seja mais fácil a separação, mas não menos dolorosa.
Enfrentar os pais é enfrentar o mundo, conquistar um espaço seu, antes ocupado
por eles. Trata-se de uma verdadeira revolução no meio familiar e social, criando
um problema de gerações nem sempre bem resolvido.
Dependência e agressão estão intimamente ligados. Quanto mais uma pessoa
permanece dependente de outra, mais agressão ela terá latente dentro de si.

139
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

Depender de uma pessoa significa estar em poder dela, sentindo este poder como
uma influência restritiva que deve ser superada.
§ Luto pelos pais da infância
O adolescente tem que elaborar o luto pelos pais da infância. Com a conquista do
pensamento formal, o adolescente atinge a etapa final de seu desenvolvimento
cognitivo. Isto significa que ele constrói a realidade de forma mais precisa e
preenche com hipóteses os espaços e falhas das construções infantis. O
pensamento mágico da infância também se torna passado. As figuras parentais
agora são vistas a partir de uma realidade mais concreta e podem, muitas vezes,
constituir-se em pessoas muito simples. “Os pais não poderão mais funcionar como
ídolos e líderes e torna-se difícil para o adolescente abandonar a imagem idealizada

27
dos pais que ele próprio criou”.

3:
:3
Acontece que também os pais participam do sofrimento dos filhos e têm que

15
elaborar, neste momento de crise, o luto pela perda do filho criança e da relação de

2
02
dependência infantil. Neste advento de rebelião e iconoclastia, eles são julgados

/2
pelos próprios filhos e isto se torna muito doloroso se o adulto não tem consciência

08
3/
de seus problemas junto ao adolescente. Para os pais, buscar uma relação madura
-0
com os seus filhos adolescentes significa o confronto com a sua própria realidade,
om
o enfrentamento do porvir e da morte e o repensar de todas as suas possibilidades
l.c
ai

perdidas, que se abrem fascinantes para o jovem em pleno desabrochar de sua


gm

sexualidade.
@
ra

§ Luto pela bissexualidade


ai

O adolescente tem que elaborar o luto pela bissexualidade, que consiste na


m
li.

definição de um papel sexual e no exercício da sexualidade com responsabilidade.


ril
-g

O menino tem que renunciar de forma definitiva a seu desejo de ter um bebê e a
1
-0

menina tem que renunciar à onipotência materna. A evolução natural deste


78

processo, que vai do auto-erotismo até a heterossexualidade, faz o adolescente


.5
20

reviver todas as etapas de sua sexualidade infantil. Inicialmente, o adolescente vive


.8

o amor sincrético, porque o seu objeto de amor é ele mesmo. Será preciso um longo
92
-2

caminho a percorrer para que a necessidade de ser amado se funda à necessidade


li

de amar, que a necessidade de receber se funda à necessidade de dar, de forma que


ril
G

ele possa viver uma sexualidade amor que transborde na direção do outro como
ra
ai

pessoa humana, com todas as conseqüências que advêm.


M

Maurício Knobel e a Síndrome Normal da Adolescência


Maurício Knobel observa que o adolescente vivencia “desequilíbrios e
instabilidadesextremas” com expressões psicopatológicas de conduta, mas que
podem ser analisadas como aceitáveis para o seu momento evolutivo, pois
constituem vivências necessárias para se atingir a maturidade. Reúne sob a
denominação de “síndrome normal da adolescência” ou “normal anormalidade da
adolescência” ao conjunto de sinais e sintomas que caracterizam esta fase da vida e
que são:
§ Busca de si e da identidade

140
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

A identidade, “consciência que o indivíduo tem de si como um ser no mundo”, é


construída ao longo da vida e tem especial importância na adolescência. As
transformações progressivas do corpo e do esquema corporal levam o adolescente
a adotar sucessivos modos de conduta em diferentes situações, que constituem
variações circunstanciais, transitórias e ocasionais da identidade adolescente.
O conceito de identidade engloba vínculos de integração espacial, temporal e social,
introduzidos por Grimberg. O vínculo de integração espacial está relacionado com
a representação que o indivíduo tem de seu corpo com características que o tornam
único. O vínculo de integração temporal corresponderia à capacidade do indivíduo
de se recordar no passado e de se imaginar no futuro, sentindo-se o mesmo ao longo
de sua vida. O vínculo de integração social se inscreve nas relações com figuras

27
significativas em sua trajetória existencial.

3:
:3
Na busca de sua identidade, o adolescente recorre a situações que se apresentam

15
as mais favoráveis no momento. Uma delas, é “a uniformidade”, o processo de

2
02
identificação em massa, que explica o “fenômeno grupal”. Maurício knobel enfatiza

/2
que, na proporção em que o adolescente vai aceitando simultaneamente os seus

08
3/
aspectos de criança e adulto, começa a surgir a nova identidade.
-0
§ Tendência grupal
om
M. Knobel assinala que a busca de uniformidade é um comportamento defensivo
l.c
ai

que proporciona segurança e estima pessoal. O fenômeno grupal adquire uma


gm

importância extraordinária na adolescência, porque o indivíduo transfere para os


@
ra

pares parte da dependência que mantinha com a família. Assim, a dependência do


ai

adolescente aos valores do grupo é escravizante. Precisa de aplausos, julgando-se


m
li.

sempre conforme a sua aceitação exterior. Ele não pode perceber ainda que a busca
ril
-g

da aprovação dos outros é a busca de sua própria aprovação.


1
-0

No início da adolescência, a turma é formada por companheiros do mesmo sexo,


78

mas, na medida em que amadurecem, assumindo sua condição sexual, sentem-se


.5
20

mais livres para aproximar dos adolescentes do sexo oposto.


.8

A turma constitui uma transição necessária no mundo externo para se alcançar a


92
-2

individuação adulta.
li

§ Necessidade de fantasiar e intelectualizar


ril
G

A necessidade de fantasiar e intelectualizar se intensificam e dominam o


ra
ai

pensamento do adolescente, como mecanismos de defesa frente as situações de


M

perda . A vivência dos lutos outorgam um sentimento de depressão e fracasso frente


a realidade externa. É na adolescência, que nascem os escritores e poetas, trazendo
uma bagagem revolucionária própria de cultura para o mundo.
§ Crises religiosas
Segundo Maurício Knobel, o adolescente pode se manifestar como um “ateu
intransigente”ou um “místico fervoroso”, vivendo uma variedade de
posicionamentos entre estes dois extremos. Isto reflete sua angústia interna, no
confronto com a sua possibilidade de morte e de perda de seus pais. As figuras
idealizadas oferecidas pela religião lhe permite a garantia de continuidade de sua
própria vida e daqueles que lhe são queridos.
§ Deslocamento temporal

141
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

O adolescente vivencia uma crise de temporalidade. A criança vive as limitações do


espaço e do tempo, dentro dos limites de seu pensamento concreto. O adulto tem
a noção da infinitude espacial e da temporalidade da existência. Na adolescência,
estas noções se misturam, se confundem e o adolescente passa por um período de
sincretismo. Ele apreende o processo de discriminação temporal, passando pela
tentativa de manejar o tempo de forma concreta e evoluindo para a própria
consciência histórica individual e coletiva.

§ Evolução sexual do auto-erotismo até a heterossexualidade


Reeditando a infância, através da masturbação, o adolescente revive a fase de

27
manipulação dos órgãos genitais pelo lactente e, portanto, esta atividade tem

3:
:3
características exploratórias, de autoconhecimento. A masturbação pode servir

15
como modalidade de descarga de tensão, negação onipotente da existência de

2
02
outro sexo e, também, através dela, o adolescente pode elaborar a necessidade de

/2
um companheiro sexual. A culpa e a ansiedade podem acompanhar este processo.

08
3/
Outras saídas tensionais para esta fase são identificadas através das atividades de
-0
roer unhas, sugar lábios, gagueiras, resmungos, levar mãos aos lábios e torcer
om
cabelos. Outras vezes, os adolescentes apresentam voracidade oral, atividades
l.c
ai

sádicas anais, expressas na linguagem suja e na indiferença pela limpeza.


gm

Inicialmente, os meninos evitam a presença das meninas e a solução defensiva


@
ra

deste momento é a tendência grupal, chamada fase homossexual da adolescência.


ai

Gradativamente, na proporção em que se sentem mais seguros de sua identidade


m
li.

sexual, os adolescentes vão se aproximando de seus pares do sexo oposto. Às vezes,


ril
-g

observa-se condutas femininas nos rapazes e masculinas nas moças, que


1
-0

correspondem a aspectos da elaboração edípica. É importante assinalar que a


78

cordialidade nas relações com os pais facilita as relações com as pessoas do sexo
.5
20

oposto.
.8

A sensação de estar apaixonado é um dos componentes mais importantes da vida


92
-2

do adolescente e, neste momento, tem características de vínculo intenso e frágil,


li

que tende a evoluir para o amor maduro, na medida da cristalização da


ril
G

masculinidade e feminilidade.
ra
ai

§ Atitude social reivindicatória


M

Grande parte da oposição que os adolescentes vivem com relação à família é


transferida para o meio social, projetando no mundo externo as suas raivas, as suas
rejeições e as suas condutas destrutivas. O adolescente pode sentir que ele não está
mudando e que são os pais e a sociedade que se negam a ter com ele uma atitude
provedora e protetora. Esta é a base da atitude social reivindicatória.
§ Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta
Estas condutas contraditórias são expressões da identidade adolescente,
transitória ocasional e circunstancial.
§ Separação progressiva dos pais
Esta é uma das tarefas básicas dos adolescente, que pode ser facilitada por figuras
parentais suficientemente adequadas.

142
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

§ Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo


O processo de luto da adolescência é permeado pela depressão e ansiedade,
substrato natural das alterações de humor dos adolescente.
Maurício Knobel deixa claro que “somente quando o mundo adulto
compreende e facilita adequadamente a tarefa evolutiva do adolescente, ele poderá
desempenhar-se satisfatoriamente, elaborando uma personalidade mais sadia e
feliz” ..
Fonte: Maakaroun, Marília de Freitas. Adolescência: Uma Reedição da Infância.
Disponível em: http://www.saudedejovens.com.br/adolescencia-uma-reedicao-da-
infancia/

27
49. FGV - Fundação Oswaldo Cruz – Psicólogo – 2010

3:
:3
A contribuição de Winnicott ao desenvolvimento da criança inclui vários

15
conceitos. Entre os conceitos abaixo relacionados, assinale aquele que se refere

2
02
diretamente à utilização de brinquedos prediletos das crianças, como uma forma

/2
08
de controlar a ansiedade.

3/
(A) zona intermediária.
(B) meio suficientemente bom. -0
om
(C) atenção primária
l.c
ai

(D) zona proximal.


gm

(E) objeto intermediário.


@
ra

Gabarito: E
ai
m

Comentários: Objeto intermediário ou transicional. =]


li.
ril
-g

50. FAURGS – Prefeitura Municipal de Alvorada – Psicólogo – 2011


1
-0

Considerando a teoria de desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson, assinale as


78

afirmações abaixo com V (verdadeira) ou F (falsa).


.5
20

( ) O primeiro estágio de desenvolvimento postulado por Erikson é o da


.8
92

confiança básica versus desconfiança básica. Nesse estágio, a tarefa central


-2

consiste em a criança desenvolver um equilíbrio entre confiança, que lhe


li
ril

permite estabelecer relacionamentos, e desconfiança, que lhe permite


G

proteger-se.
ra
ai

( ) O estágio correspondente à meia-idade é chamado de Generatividade


M

versus Estagnação. O conceito de Generatividade refere-se à capacidade do


indivíduo de buscar novos desafios profissionais e amorosos para sua vida,
enquanto a estagnação está associada à manutenção do estilo de vida
habitual.
( ) As tarefas descritas por Erikson como típicas de cada um dos estágios só
ocorrem no próprio estágio, não se podendo aplicar os conceitos de uma
etapa a outros momentos ou atividades durante o ciclo vital.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(A) V–V–V.
(B) V–F–V.
(C) V–F–F.

143
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(D) F–V–V.
(E) F–F–F.
Gabarito: A
Comentários: A primeira fase, de fato, é a de “confiança x desconfiança”. Vejamos:
Estágios e modos psicossociais Formas Positivas x Formas negativas de
reagir (Estágios para Erikson)
I – Período de bebê Confiança versus desconfiança
II – Infância Inicial Autonomia versus dúvida, vergonha
III – Idade de brincar Iniciativa versus culpa
IV – Idade Escolar (Latência) Diligência versus inferioridade
V – Adolescência Coesão da identidade versus confusão de

27
papéis

3:
:3
VI - Idade jovem adulta Intimidade versus isolamento

15
VII – Adulto Generatividade versus estagnação

2
02
VIII - Maturidade e velhice Integridade versus desespero

/2
08
3/
Na fase da confiança versus desconfiança, a criança adquire ou não uma
-0
om
segurança e confiança em relação a si próprio e em relação ao mundo que a rodeia,
l.c

através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não lhe der amor e não responde
ai

às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios, sentimentos de


gm
@

desconfiança que poderão vir a refletir-se nas relações futuras. Se a relação é de


ra

segurança, a criança recebe amor e as suas necessidades são satisfeitas, a criança


ai
m

vai ter melhor capacidade de adaptação às situações futuras, às pessoas e aos


li.
ril

papéis socialmente requeridos, ganhando assim confiança.


-g

Na fase da generatividade versus estagnação temos uma fase de afirmação


1
-0

pessoal no mundo do trabalho e da família. A generatividade denota a possibilidade


78
.5

de se ser criativo e produtivo em diversas áreas da vida. Bem mais do que educar e
20

criar os filhos representa uma preocupação com o contentamento das gerações


.8
92

seguintes, uma descentração e expansão do Ego empenhado em converter o


-2

mundo num lugar melhor para viver. A vertente negativa leva o indivíduo
li
ril

à estagnação nos compromissos sociais, à falta de relações exteriores, à


G
ra

preocupação exclusiva com o seu bem estar, posse de bens materiais e egoísmo.
ai
M

Usualmente dá-se desde os 30 aos 60 anos, não havendo porem uma idade comum
a todas as pessoas.
Mas Alyson, por qual motivo a última assertiva está correta? Vejamos:
As tarefas descritas por Erikson como típicas de cada um dos estágios
só ocorrem no próprio estágio, não se podendo aplicar os conceitos de
uma etapa a outros momentos ou atividades durante o ciclo vital.
Como professor seu, devo ser bastante direto aqui: não interprete o conceito
de tarefa de forma ampla. “Tarefa” é o núcleo de ação de cada estágio, é a forma de
funcionamento. Apesar de podermos levar problemas de um Estágio para o outro,
não levamos “formas de funcionamento” de um para o outro. Ou seja, não
acumulamos nossas tarefas entre estágios.

144
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Apesar da prova não ter apresentado gabarito (caso você descubra, avise-
me), estou convicto que esse é o melhor entendimento da questão!

51. FAURGS – UFRGS – Psicólogo – 2008


Uma criança de dezoito meses de idade vê surgir sua imagem refletida num espelho.
Ela se aproxima com alegria do espelho e exclama contente: “Olha o bebê!”
Considere as afirmações abaixo a respeito dessa cena.
I - No que refere à formação do eu, essa criança se desenvolve
adequadamente para sua idade.
II- Se o sujeito se vê como outro, trata-se de uma vivência de
alienação.

27
III- O estádio do espelho caracteriza um processo pelo qual o sujeito

3:
:3
antecipa em uma imagem a maturação de sua potência.

15
Quais estão corretas?

2
02
(A) Apenas I.

/2
(B) Apenas I e II.

08
3/
(C) Apenas I e III.
-0
(D) Apenas II e III.
om
(E) I, II e III.
l.c
ai

Gabarito: E
gm

Comentários: A primeira coisa é entender qual o autor pedido. O autor é: Lacan.


@
ra

Para Lacan, o estágio do espelho, conferindo-lhe o período que vai dos 6 aos 18
ai

meses de idade. Vejamos de onde provavelmente saiu a questão:


m
li.
ril

A criança reconhece sua imagem no espelho com uma manifestação de


-g

júbilo e com a efetuação de uma operação de identificação entendida como "[...] a


1
-0

transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem [...]"(LACAN,


78

1966, p. 94). A identificação é, então, a parcela de atividade que cabe à criança


.5
20

mediante a percepção de uma imagem que lhe vem do exterior. Essa assunção da
.8
92

própria imagem pela criança é o que originalmente precipita a construção do "eu"


-2

conferindo-lhe sua forma primordial: o "eu" ideal, forma que será a fonte de todas
li
ril

as identificações secundárias responsáveis pela função de normalização libidinal11


G

e que representa o caráter estático e permanente do eu, "[...] a armadura enfim


ra
ai

assumida de uma identidade alienante, que vai marcar com sua estrutura rígida
M

todo o seu desenvolvimento mental" (LACAN, 1966, p. 97). Como observa Wilden
(1968), que o eu seja um "Ideal Ich" já significa que ele seja um "outro eu". Trata-se,
segundo Lacan, de um momento constitutivo logicamente anterior tanto ao
processo de objetivação quanto de subjetivação: o júbilo manifesta exemplarmente
"[...] a matriz simbólica em que o eu se precipita numa forma primordial, antes que
ele se objetive na dialética da identificação com o outro e que a linguagem lhe
restitua, no universal, sua função de sujeito"(LACAN, 1949/1966, p. 94). Quanto a
este trecho, vale observar, seguindo um comentário de Simanke (1997), que se acha
já aí atribuída uma função ao registro simbólico, mesmo que, por ora, ela represente
apenas uma função complementar no processo formativo do sujeito.
O processo de identificação envolve uma função de antecipação que é

145
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

exercida pela "Gestalt", antecipação que produz a miragem da maturação da


potência do sujeito. Essa "Gestalt" constitutiva possui quatro importantes
características que conferem ao "eu" sua estrutura rígida e alienada: ela é exterior
ao sujeito, possui um tamanho diferente do seu, apresenta uma simetria invertida e
indica uma harmonia contraposta às sensações heteróclitas experimentadas pelo
corpo da criança:
[...] a forma total do corpo pela qual o sujeito antecipa numa miragem
a maturação de sua potência só lhe é dada como "Gestalt", isto é,
numa exterioridade em que decerto essa forma é mais constituinte
que constituída, mas em que, sobretudo, ela lhe aparece num relevo
de estatura que a congela e sob uma simetria que a inverte, em

27
oposição à turbulência de movimentos com que ele experimenta

3:
:3
animá-la. (LACAN,1966, p. 95).

15
Para Lacan, as evidências que atestam o papel formativo da "Gestalt" sobre

2
02
o organismo podem ser encontradas, por um lado, nos resultados de experimentos

/2
biológicos que apontam para processos de identificação homeomórfica e, por

08
3/
outro, na teorização sobre o fenômeno do mimetismo que indica uma operação de
-0
identificação heteromórfica.
om
Fonte: SALES, Léa Silveira. Posição do estágio do espelho na teoria lacaniana do
l.c
ai

imaginário. Rev. Dep. Psicol.,UFF [online]. 2005, vol.17, n.1 [cited 2016-03-31],
gm

pp.113-127. Available from:


@
ra

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
ai
m

80232005000100009&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0104-8023.


li.
ril

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-80232005000100009.
-g
1
-0

52. FAURGS – UFRGS – Psicólogo – 2008


78

Considerando o que propõe Calligaris acerca da adolescência, assinale a


.5
20

alternativa que responde corretamente ao motivo pelo qual os adolescentes de


.8
92

modo geral rebelam-se contra os adultos.


-2

(A) O adolescente ainda não se encontra suficientemente maduro, nem física nem
li
ril

psicologicamente, para lidar com as exigências que lhe são impostas pelo mundo
G

adulto.
ra
ai

(B) Nessa etapa de maturação, o desenvolvimento emocional transcorre de forma


M

mais lenta que o desenvolvimento físico, levando à vivência de um conflito do


adolescente com respeito à sua imagem corporal.
(C) Apesar de ter tido tempo suficiente para assimilar os valores de sua comunidade
e de ter alcançado a maturação física necessária para se dedicar às tarefas que esses
valores impõem, a precariedade do trabalho e a falta de oportunidade de emprego
impedem o ingresso do adolescente na comunidade dos adultos.
(D) Apesar de ter tido tempo suficiente para assimilar os valores de sua comunidade
e de ter alcançado a maturação física necessária para se dedicar às tarefas que esses
valores impõem, o adolescente depara-se com uma moratória que lhe é imposta,
postergando seu ingresso na comunidade dos adultos.

146
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(E) No momento em que o adolescente passa a dispor da maturação física


necessária para exercer uma ação efetiva no mundo, ele se vê lançado num vazio de
referências devido à queda dos valores morais na sociedade contemporânea.
Gabarito: D
Comentários: Alyson, quem é Calligaris? Recomendo que leia o seguinte link para
entender a questão:
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/16914/mate
rial/A Adolescência - Contardo Calligaris (p. 11-30).pdf
Ahhhh professor, mas dá para deduzir...
Deixe de teimosia e leia! São poucas páginas...

27
53. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012

3:
:3
Considerando a perspectiva psicanalítica de Freud acerca do Desenvolvimento

15
Humano, é correto afirmar que

2
02
(A) a personalidade forma-se através dos conflitos inconscientes da infância, entre

/2
os impulsos inatos do id e as exigências do meio social.

08
3/
(B) a fase genital ocorre antes do período da latência, sendo abandonada
-0
posteriormente.
om
(C) os recém-nascidos são governados pelo Princípio da Realidade, o que facilita a
l.c
ai

satisfação imediata de suas necessidades e desejos.


gm

(D) o ego opera sob o princípio do prazer, buscando sempre satisfazer os impulsos
@
ra

do id.
ai

(E) a fase fálica caracteriza-se pelo equilíbrio entre independência e autossuficiência


m
li.

em relação à vergonha e à dúvida, mostrando-se isenta do sentimento de culpa.


ril
-g

Gabarito: A
1
-0

Comentários: A fase genital ocorre ANTES do período de latência. Os recém


78

nascidos são governados pelo Princípio do Prazer! O Id opera sob o princípio do


.5
20

prazer e o Ego pelo da realidade. A fase fálica é recheada de culpa (fase do édipo,
.8

lembra?).
92
-2
li

54. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


ril
G

A imagem da própria identidade surge após o primeiro ano de vida, à medida


ra
ai

que a criança desenvolve a autoconsciência. Assim, o autoconceito adquire,


M

progressivamente, maior definição e discriminação à medida que o indivíduo


incorpora capacidades cognitivas e lida com tarefas de desenvolvimento da
infância, adolescência e idade adulta.
Considerando o desenvolvimento da identidade da criança, assinale a
alternativa correta.
(A) Aos oito anos de idade, a criança descreve a si mesma a partir de
comportamentos concretos e observáveis.
(B) Aos sete anos de idade, a declaração da criança sobre si mesma é baseada numa
representação única: itens isolados e unidimensionais.
(C) Os julgamentos sobre a própria identidade tornam-se mais conscientes,
realistas, equilibrados e abrangentes à medida que a criança forma sistemas

147
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

representacionais: autoconceitos amplos e inclusivos que integram vários aspectos


da identidade.
(D) Aos dez anos de idade, a criança ainda não consegue reconhecer que sua
identidade real não corresponde a sua identidade ideal.
(E) Na etapa inicial da segunda infância, a criança consegue integrar aspectos
específicos de sua identidade em um conceito geral e multidimensional.
Gabarito: C
Comentários: Apenas a terceira está correta. A construção da identidade é gradual,
de acordo com a capacidade cognitiva infantil. Dos dois até os 6 anos de idade a
criança descreve a si mesma a partir de comportamentos concretos e observáveis.
Entre os 6 e 8 anos a criança tende a descrever-se a partir de diferentes traços e

27
aspectos. A criança nesta fase, por exemplo, tende a descrever-se através da

3:
:3
comparação de um traço atual versus traço anterior: agora eu já tenho Facebook.

15
Aos 10 anos a criança a criança tem reconhecimento de sua identidade real

2
02
e a identidade que é esperada dele (na verdade isso ocorre em todas as etapas).

/2
Destaco que apenas entre os 15 aos 17 é que o adolescente percebe incoerências

08
3/
entre suas identidades de forma substancial. Nas etapas anteriores isso ocorre, mas
-0
não com a ênfase dada nesta etapa que ganha o contorno da moratória
om
psicossocial.
l.c
ai

Apenas no início da adolescência (12 anos), a criança consegue integrar


gm

aspectos específicos de sua identidade em um conceito geral e multidimensional.


@
ra

Para Piaget, estaríamos em uma fase formal-abstrata.


ai
m
li.

55. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


ril
-g

Sobre o período da adolescência, é correto afirmar que


1
-0

(A) se reatualizam desejos pré-edípicos e edípicos, devido às mudanças hormonais


78

que promovem a primazia genital.


.5
20

(B) se mantêm estáveis tanto a personalidade coesa e integrada do período da


.8

latência, como a imagem corporal constituída previamente.


92
-2

(C) a reestruturação do superego fica em segundo plano, já que este não


li

desempenha papel importante nessa etapa do desenvolvimento.


ril
G

(D) as defesas inerentes a essa etapa do desenvolvimento impedem que ocorram


ra
ai

sentimentos de despersonalização.
M

(E) o adolescente busca um ambiente protegido e livre de riscos, na tentativa de


evitar sentimentos de vazio ou desintegração.
Gabarito: B
Comentários: Na adolescência os desejos pré-edípicos já estão transformados em
edípicos e continuam atuando de forma constante (pós fase de latência, lembra?).
O que ocorre na adolescência, na verdade, é a continuidade da personalidade e
imagem corporal. Há um aprofundamento destes processos, claro, mas na linha do
que já estava ocorrendo antes.
O superego está bastante ativo na adolescência. Podemos identificar
despersonalização e é comum vermos adolescentes assumindo riscos. =]

148
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

56. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


A imagem do corpo se estrutura em nossa mente, no contato do indivíduo
consigo mesmo e com o mundo que o rodeia. Sob o primado do inconsciente,
entram em sua formação contribuições anatômicas, fisiológicas, neurológicas, etc.
Assim, a imagem corporal não é mera sensação ou imaginação. É a figuração do
corpo em nossa mente. Considerando a teoria sobre imagem corporal, qual das
alternativas abaixo está INCORRETA?
(A) A imagem corporal provavelmente não existe per se. Ela é parte do mundo
externo, é vaga e nunca é estática.
(B) Quando o indivíduo é vítima de dores, a região dolorida ganha maior
erogeneidade, transformando-se em novo centro libidinal.

27
(C) A imagem corporal não possui relação direta com a personalidade do indivíduo.

3:
:3
(D) Se mudarmos de modo contínuo nosso psiquismo, também alteramos nossas

15
imagens do corpo.

2
02
(E) Do ponto de vista psicanalítico, a imagem corporal é construída a partir da

/2
integração entre o ego e o id, em interjogo contínuo das tendências egoicas com as

08
3/
tendências libidinais.
-0
Gabarito: C
om
Comentários: Ótima questão sobre imagem corporal! A imagem corporal depende
l.c
ai

da relação com o ambiente. A


gm

Quem foi o “comedor de capim” que falou que a dor gera zonas libidinais?
@
ra

Isso está no livro Psicossomática hoje, de Júlio Mello Filho: Quando o indivíduo é
ai

vítima de dores, a mão procura a região dolorida que ganha maior erogeneidade,
m
li.

transformando-se em novo centro libidinal (página 260).


ril
-g

Mudando o psiquismo, mudamos a imagem corporal e, na seara


1
-0

psicanalítica, a imagem corporal é construída a partir da integração entre o ego e o


78

id, em interjogo contínuo das tendências egóicas com as tendências libidinais.


.5
20
.8

57. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2012


92
-2

A população global está envelhecendo. A longevidade é um dos resultados


li

do avanço da ciência, da tecnologia, da medicina e do crescimento econômico, que


ril
G

possibilitaram, entre outras coisas, o controle de doenças infecciosas, a difusão do


ra
ai

saneamento básico e de estilos de vida mais saudáveis.


M

Assinale a alternativa INCORRETA.


(A) O envelhecimento primário é inerente ao ciclo vital, e não há nada que se possa
fazer para evitá-lo.
(B) O envelhecimento secundário é decorrência de doenças, abusos e maus hábitos
de uma pessoa, fatores que, em geral, podem ser controlados.
(C) Expectativa de vida é o número de anos que uma pessoa nascida em um
determinado período e determinado lugar provavelmente viverá, considerando sua
idade atual e suas condições de saúde.
(D) Não existe relação entre envelhecimento e aumento da prevalência de doença
crônica.

149
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

(E) A idade funcional pode estar relacionada à idade subjetiva, isto é, a idade que as
pessoas sentem ter.
Gabarito: D
Comentários: O envelhecimento primário é aquele ditado pela maturação
biológica. Ele é inevitável. O secundário relaciona o organismo ao ambiente, assim,
lidamos com variáveis que tendem a ser melhor controladas (nutrição, esportes,
etc.). Existe uma grande relação entre envelhecimento e aumento da prevalência de
doenças crônicas. Elas são muito mais comuns na terceira idade (câncer, doenças
cardíacas e nervosas, etc.).

58. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2014

27
Em relação à fase pré-escolar, é INCORRETO afirmar que

3:
:3
(A) a criança encontra-se em uma faixa etária que vai dos três aos seis anos.

15
(B) a criança já é capaz de compreender conceitos abstratos.

2
02
(C) nessa fase surge o brinquedo cooperativo, construído com outras crianças e

/2
ocorre a aquisição de um senso de padrão social.

08
3/
(D) a criança adquire consciência da genitália e das diferenças entre os sexos.
-0
(E) a criança encontra-se no estágio fálico, no que se refere ao desenvolvimento
om
psicossexual.
l.c
ai

Gabarito: B
gm

Comentários: A criança somente será capaz de compreender conceitos abstratos


@
ra

(os complexos em especial) na fase operatória abstrata.


ai
m
li.

59. FAURGS – Hospital das Clínicas – Psicólogo I – 2014


ril
-g

Considere as afirmações abaixo sobre a fase da latência.


1
-0

I- O período da latência, considerado atualmente um precursor da


78

adolescência, é quando ocorre uma reordenação dinâmica e estrutural das


.5
20

pulsões.
.8

II- O desenvolvimento do pensamento simbólico permite a evolução de


92
-2

defesas, como a intelectualização e a racionalização.


li

III- Os vínculos materno e paterno se intensificam, afastando o latente do


ril
G

grupo de amigos.
ra
ai

Quais estão corretas?


M

(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) I, II e III
Gabarito: D
Comentários: Questão de lascar candidato. De fato, a I está correta, porém, em
todas as fases temos reordenação dinâmica e estrutural das pulsões. Isso irá
caracterizar justamente cada uma das fases! Faurgs, faurgs... Maltratando na
interpretação!

150
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

60. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


Com relação às diversas abordagens teóricas da psicologia e à psicologia do
desenvolvimento, julgue os itens seguintes.
De acordo com Skinner, os hábitos desenvolvidos pelo indivíduo estariam em
conformidade com os resultados de experiências advindas da aprendizagem
operante.
Gabarito: C
Comentários: Correta e digna do seu grifo. Para Skinner a aprendizagem advém da
relação com o ambiente. Mas, observe, Skinner também diz que nascemos com
alguns poucos comportamentos já aprendidos. Assim, na hora da prova, é correto
afirmar também que para a Análise do Comportamento é relevante considerar os

27
comportamentos aprendidos e aqueles poucos que nascem conosco.

3:
:3
15
61. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016

2
02
Winnicott propõe que as interferências na relação mãe-bebê podem provocar

/2
distúrbios de personalidade e do desenvolvimento.

08
3/
Gabarito: C
-0
Comentários: Para Winnicott, o cabra mais fofo de toda a psicanálise, a saúde
om
psíquica e a personalidade do bebê dependem diretamente do contato com a mãe.
l.c
ai
gm

62. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


@
ra

Segundo Lacan, a forclusão do nome-do-pai é fundamental para que a perversão se


ai
m

instaure no indivíduo.
li.
ril

Gabarito: E
-g

Comentários: A forclusão do nome do pai gera a psicose. A denegação gera a


1
-0

perversão e o recalque a neurose. GUARDE ISSO!


78
.5
20

63. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


.8
92

Conforme a teoria psicossexual de Freud, o indivíduo é dominado por pulsões


-2

sexuais que buscam ser atendidas.


li
ril

Gabarito: C
G

Comentários: Digna de grifo. Além disso, as pulsões serão “regradas” pelo princípio
ra
ai

do prazer e da realidade.
M

64. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


De acordo com a abordagem psicanalítica proposta por Freud, os transtornos
mentais estão associados a conflitos sexuais reprimidos durante a infância.
Gabarito: C
Comentários: Sim! Esse é o princípio da Psicodinâmica da Psicanálise.

65. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


Conforme a teoria psicossocial de Erik Erikson, os indivíduos desenvolvem-se
determinados pelas pulsões sexuais e por aspectos socioculturais.
Gabarito: E

151
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Comentários: De onde Erikson fala sobre pulsões sexuais? Não, ele não fala sobre
isso.

66. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016


De acordo com a abordagem psicossocial eriksoniana, a saúde mental é garantida
se os conflitos psicossociais de base forem resolvidos até a fase da adolescência,
dado o período de maturação biopsicossocial necessário para a formação da
personalidade.
Gabarito: E
Comentários: Temos de separar dois assuntos aqui. O primeiro é a questão da
formação da personalidade. Realmente, ela termina de se formar totalmente no

27
quinto estágio. O segundo ponto, que não tem relação com o primeiro, é a saúde

3:
:3
mental. Ela é alcançada superando-se as crises de TODAS as etapas. Não podemos

15
falar em “se os conflitos psicossociais de base forem resolvidos até a fase da

2
02
adolescência”.

/2
08
3/
67. CESPE - TCE-PA – Psicólogo – 2016
-0
No que se refere aos estágios de desenvolvimento, a crise psicossocial de confiança
om
básica versus desconfiança proposta por Erikson pode ser equiparada à fase oral
l.c
ai

postulada por Freud.


gm

Gabarito: C
@
ra

Comentários: Comparação correta e adequada. Estudamos isso em aula. =]


ai
m
li.

68. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017


ril
-g

Para Freud, um dos elementos que permitem conceituar a pulsão é o objetivo. O


1
-0

objetivo é sempre a satisfação, a qual se define como


78

A a redução da tensão provocada pela pressão.


.5
20

B a conquista da sublimação.
.8
92

C o sucesso na autoconservação.
-2

D a realização do desejo.
li
ril

E o encontro com o objeto.


G

Gabarito: A
ra
ai

Comentários: Quando alcança seu objetivo, a pulsão reduz a tensão provocada pela
M

tensão.

69. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017


São possibilidades herdadas para representar imagens similares, formas
instintivas de imaginar. São matrizes arcaicas pelas quais configurações análogas
ou semelhantes tomam forma. Comparáveis ao sistema axial dos cristais, que
determina a estrutura cristalina na solução saturada, sem possuir, contudo,
existência própria.
Nise da Silveira. Jung: vida e obra. Paz e Terra, p. 79 (com
adaptações).
O trecho de texto apresentado descreve o conceito junguiano de

152
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Psicologia do Desenvolvimento

A sombra.
B anima.
C inconsciente coletivo.
D sonho.
E arquétipo.
Gabarito: E
Comentários: Aqui não tem o que pensar. Estamos tratando dos arquétipos
junguianos.

70. CESPE - TRE-BA – Psicólogo – 2017


Em sua obra, Vigotsky enunciou princípios que definem um aparelho conceitual a

27
partir do qual se poderia pensar a psicologia. Considerando esse assunto, julgue os

3:
:3
itens a seguir, relativos ao pensamento de Vigotsky.

15
I As funções mentais superiores não podem ser reduzidas a processos

2
02
elementares, existindo diferentes níveis de funcionamento psicológico com

/2
08
características próprias e irredutíveis.

3/
II O pensamento e a consciência não são uma emanação de características
-0
estruturais e funcionais internas, mas são, ao contrário, fortemente
om
influenciadas por atividades externas e objetivas realizadas no ambiente
l.c
ai

social.
gm

III Atividade é definida como uma unidade de análise que integra as


@
ra

características sociointerativas e individuais-cognitivas das condutas.


ai
m

Assinale a opção correta.


li.
ril

q. A Apenas o item I está certo.


-g

r. B Apenas o item II está certo.


1
-0

s. C Apenas o item III está certo.


78
.5

t. D Apenas os itens I e II estão certos.


20

u. E Todos os itens estão certos.


.8
92

Gabarito: E
-2

Comentários: Todos os itens estão absolutamente corretos!


li
ril
G
ra

71. CESPE - CNJ -2013


ai
M

A respeito da adolescência, julgue os itens a seguir.


Foi comprovado que têm maiores chances de remissão e cura adolescentes com
psicopatologias diagnosticadas no início da adolescência que em outras fases
desenvolvimentais.
Gabarito: E
Comentários: As chances de remissão são maiores quando a psicopatologia é
tratada logo em seu início, e não quando tratamos de um paciente no início da
adolescência.

72. CESPE - CNJ -2013

153
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Psicologia do Desenvolvimento

A ocorrência de sintomas psicológicos em adolescentes deve ser encarada como um


fenômeno natural e de remissão espontânea, dadas as transformações
biopsicossociais decorrentes dessa fase do desenvolvimento.
Gabarito: E
Comentários: Apesar de termos alguns autores que encaravam, em um passado
muito distante, a adolescência através de sintomas psicopatológicos atenuados,
como a variação do humor ou a tendência a melancolia, nem todo sintoma
psicológico é “fase” ou vai remir com o tempo. Encontramos quadros reais e claros
de depressão, transtorno de humor ou até esquizofrenia que devem ser
adequadamente diagnosticados e tratados.

27
73. CESPE - CNJ -2013

3:
:3
Na busca de desenvolvimento saudável, faz-se necessária a diferenciação entre

15
sinais e sintomas de alteração psicológica que marquem processo adaptativo

2
02
desviante e adolescer normativo.

/2
Gabarito: C

08
3/
Comentários: Assertiva correta. Sinais são alterações percebidas ou medidas por
-0
outras pessoas. Sintomas, por sua vez, são queixas que somente o paciente é capaz
om
de perceber. Ficar atento ao que o adolescente relata e ao que a família e os amigos
l.c
ai

percebem é uma forma de monitorar a saúde psíquica do adolescente.


gm
@
ra

74. CESPE - CNJ -2013


ai

A perturbação diagnosticável e o nível de gravidade dessa perturbação devem ser


m
li.

correlacionados ao grau de sofrimento do indivíduo, bem como à persistência dos


ril
-g

sintomas e às possíveis consequências no espectro biopsicossocial do adolescente.


1
-0

Gabarito: C
78

Comentários: Assertiva digna de grifo! Sobre esse assunto, é válido ressaltar: “Os
.5
20

estudos epidemiológicos mais recentes demonstram que as perturbações


.8

psiquiátricas e os problemas de saúde mental se tornaram a principal causa de


92
-2

incapacidade e uma das principais causas de morbilidade nas sociedades


li

modernas. E, para além dos indivíduos que apresentam uma perturbação


ril
G

diagnosticável, muitos têm problemas de saúde mental que podem ser


ra
ai

considerados subliminares, que não preenchem os critérios de diagnóstico, mas


M

que se encontram também em sofrimento, devendo beneficiar de intervenções”1.

75. CESPE - CNJ -2013


A classificação diagnóstica de transtornos mentais facilita e orienta os tratamentos
psicológicos, quando necessários, e fornece informações suficientes para a
elaboração de programa de intervenção adequado aos adolescentes.
Gabarito: E

1
Santos, Ana Isabel Monteiro. A Saúde Mental em Cuidados de Saúde Primários. Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra. 2009.

154
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Psicologia do Desenvolvimento

Comentários: A classificação descritiva da condição e o seu diagnóstico não são


suficientes para a elaboração de um programa de intervenção. O diagnóstico
psicopatológico em si é insuficiente para a compreensão dos fenômenos psíquicos
e sociais subjacentes à patologia. Faz-se necessário, por exemplo, trabalhar com
outros instrumentos de investigação, como entrevistas com o adolescente e família,
aplicação de testes, acompanhamento do caso, etc.

76. CESPE - Concurso de Provas e Títulos – Psicologia Jurídica - 2003


A literatura a respeito da institucionalização de crianças e adolescentes
aponta, invariavelmente, como consequência da internação — em instituições
totais de qualquer índole —, prejuízos no desenvolvimento psicossocial dos

27
indivíduos. Estudos da sociologia clássica criticam as práticas de internação em

3:
:3
instituições totais, tais como prisões, manicômios e conventos. Acerca desse

15
assunto, julgue os itens seguintes.

2
02
Os estigmas sofridos por essa clientela, construídos a partir da experiência

/2
de institucionalização, culminam na despersonificação do ego.

08
3/
Gabarito: C
-0
Comentários: O que é a despersonificação do Ego? É um termo usado por Erving
om
Goffman em seu famoso livro: Manicômios, Prisões e Conventos. Esse sociólogo
l.c
ai

entende que a internação em instituições totais – essa é a instituição caracterizada


gm

pela clausura total e prolongada do contato social fora da realidade institucional –


@
ra

tende a desorganizar e inibir o desenvolvimento saudável da identidade humana e


ai

do ego, independente da idade da pessoa reclusa. Essa perspectiva é alinhada com


m
li.

os achados de Winnicott, Bowlby e Spitz.


ril
-g
1
-0

77. CESPE - Concurso de Provas e Títulos –Psicologia Jurídica - 2003


78

As instituições totais permitem contatos entre o internado e o mundo


.5
20

exterior, uma vez que o objetivo é mantê-lo vinculado ao mundo originário.


.8

Gabarito: E
92
-2

Comentários: Só pelo que observamos na questão anterior já podemos dizer que a


li

assertiva está errada. Mesmo assim, é preciso que aprofundemos:


ril
G
ra
ai
M

155
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Psicologia do Desenvolvimento

Fonte: Marcelo Santana Ferreira, Polissemia do conceito de instituição: diálogos

27
entre Goffman e Foucault. ECOS, volume 2, número 1. 2012.

3:
:3
15
78. CESPE - Concurso de Provas e Títulos –2003 - Psicologia Jurídica

2
Toda instituição tem tendência de fechamento, simbolizado pela barreira à

02
/2
relação social com o mundo externo e por proibições à saída, o que muitas vezes se

08
manifesta na estrutura física da instituição — por exemplo, com portas fechadas,

3/
-0
paredes altas, arame farpado, fossos, água, florestas e pântanos.
om
Gabarito: C
l.c

Comentários: Sim, mais uma copiada e colada. A resposta está justamente na


ai
gm

continuidade do trecho aludido na assertiva anterior:


@
ra
ai
m
li.
ril
-g
1
-0
78
.5
20
.8
92
-2
li
ril
G
ra
ai
M

156
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Psicologia do Desenvolvimento

Fonte: Marcelo Santana Ferreira, Polissemia do conceito de instituição: diálogos


entre Goffman e Foucault. ECOS, volume 2, número 1. 2012.

79. CESPE – FHCGV/PA - 2004


Com relação às bases científicas da psicologia do desenvolvimento na
infância e na adolescência, julgue os itens que se seguem.
Nas pesquisas sobre famílias de crianças e adolescentes, as mães têm sido
as fontes de informação mais importantes, enquanto o pai é, ainda, frequentemente
considerado por meio do relato da mãe. Sabe-se, pela pesquisa em psicologia
clínica da saúde, que apenas a mãe pode promover a inserção do pai no cuidado da
criança e do adolescente.

27
Gabarito: E

3:
:3
Comentários: O pai tem sim um papel importante na família. E, infelizmente, tal

15
reconhecimento só ocorreu mais recentemente na história da psicologia.

2
02
/2
80. CESPE – FHCGV/PA - 2004

08
3/
Do ponto de vista legal e de organização social, o trabalho infantil
-0
caracterizado como exploração do trabalho de crianças e adolescentes tem sido
om
considerado um fator de risco para o desenvolvimento ao longo do ciclo vital. Ele
l.c
ai

está associado ao fracasso escolar e pode caracterizar a exploração do jovem por


gm

sua própria família. No entanto, em família que vive em extrema pobreza, a


@
ra

exploração do trabalho de crianças e adolescentes caracteriza exploração social das


ai

famílias desses jovens.


m
li.

Gabarito: C
ril
-g

Comentários: Na compreensão da exploração infantil podemos entender, como


1
-0

afirma a questão, que a exploração do trabalho infantil por famílias em estado de


78

miséria vem acompanhado das precárias condições de vida em que essas famílias
.5
20

vivem. Isso gera uma cascata de acontecimentos e afeta, obviamente, o


.8

desenvolvimento saudável dessa criança/adolescente.


92
-2
li

81. CESPE – FHCGV/PA - 2004


ril
G

No estudo do desenvolvimento humano, em particular do desenvolvimento


ra
ai

psicológico na adolescência, um conceito fundamental em psicanálise é o de


M

identidade. No entanto, identidade não é um conceito psicanalítico, sendo


necessárias outras noções teóricas para sua compreensão. Falar de identidades
sociais pressupõe a concepção de idêntico, de individualização, de diferenciação e
de similaridade com outros indivíduos membros do mesmo e de outros grupos
sociais.
Gabarito: C
Comentários: Perfeito e digno de grifo! Vou tentar traduzir brevemente esses
conceitos:
Conceito de idêntico: ocorre quando o adolescente encontra
afinidades com pessoas e grupos.

157
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Psicologia do Desenvolvimento

Individualização: tentativa do adolescente em tem uma identidade


própria que o caracterize.
Diferenciação ou similaridade: é a aproximação ou o afastamento
de características que o adolescente tem em relação a pessoas do
mesmo ou de outros grupos sociais.

82. CESPE – FHCGV/PA - 2004


A relação da família com a escola é um assunto de interesse das teorias
ambientalistas do desenvolvimento. Nesse contexto, destaca-se a teoria de Urie
Bronfenbrenner, que busca explicar as interfaces e relações entre as contribuições

27
dos diversos micro e mesossistemas ambientais em que se inserem crianças e

3:
:3
adolescentes.

15
Gabarito: C

2
02
Comentários: Já sabe o motivo do seu professor ter colocado esse autor de nome

/2
estranho em sua aula, correto? É ele que fala de microssitema, o mesossistema, o

08
3/
exossistema e o macrossistema.
-0
om
83. CESPE – FHCGV/PA - 2004
l.c
ai

A pesquisa científica oferece fortes evidências de que conflitos entre


gm

adolescentes e seus pais terão, certamente, graves consequências nos


@
ra

relacionamentos maritais dos adultos com seus progenitores.


ai

Gabarito: E
m
li.

Comentários: Que pesquisas? Tem isso não.


ril
-g
1
-0

84. FCC - 2009 - TJ-AP - Analista Judiciário - Psicologia


78

No pensamento freudiano são apresentadas algumas etapas de


.5
20

desenvolvimento. A que marca um intervalo na evolução da sexualidade,


.8

observando-se, deste ponto de vista, uma diminuição das atividades sexuais, a


92
-2

dessexualização das relações de objeto e dos sentimentos (especialmente a


li

predominância de ternura sobre os desejos sexuais), o aparecimento de


ril
G

sentimentos como o pudor ou a repugnância e de aspirações morais e estéticas,


ra
ai

corresponde
M

a) à fase genital.
b) à fase anal.
c) à fase fálica.
d) à fase oral.
e) ao período de latência.
Gabarito: E
Comentários: Essa foi de graça e serviu apenas para aquecermos os motores. A
dessexualização ocorre apenas no período da latência.

85. FCC DPE-SP Agente de Defensoria – Psicólogo/2010

158
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Psicologia do Desenvolvimento

Na teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik H. Erikson, que abrange


todo o curso de vida (desde o nascimento até a velhice), cada estágio da vida
apresenta uma tarefa ou um desafio principal relacionado ao "eu" e aos outros, e
com o qual as pessoas devem lidar de alguma maneira. O desafio do primeiro
estágio é
a) diligência × inferioridade.
b) iniciativa × culpa.
c) identidade × confusão de identidade.
d) autonomia × vergonha e dúvida.
e) confiança × desconfiança.
Gabarito: E

27
Comentários: Para nunca mais esquecermos:

3:
:3
Estágios e modos psicossexuais Formas Positivas x Formas negativas de

15
reagir (Estágios para Erikson)

2
02
I – Período de bebê Confiança versus desconfiança.

/2
08
II – Infância Inicial Autonomia versus dúvida, vergonha.

3/
III – Idade de brincar Iniciativa versus culpa.
IV – Idade Escolar (Latência) -0
Diligência versus inferioridade.
om
V – Adolescência Coesão da identidade versus confusão de
l.c
ai

papéis.
gm

VI - Idade jovem adulta Intimidade versus isolamento.


@
ra

VII – Adulto Generatividade versus estagnação.


ai
m

VIII - Maturidade e velhice Integridade versus desespero.


li.
ril
-g
1
-0

86. FCC TJ-SE - Analista Judiciário – Psicologia/2009


78
.5

Erik H. Erikson tratou da organização da identidade na evolução do ciclo


20

vital humano, relacionando as fases descritas por Freud às crises psicossociais. A


.8
92

crise psicossocial que corresponde à fase anal no pensamento freudiano denomina-


-2

se
li
ril

a) autonomia × vergonha e dúvida.


G
ra

b) confiança básica × desconfiança.


ai
M

c) iniciativa × culpa.
d) indústria × inferioridade.
e) identidade × confusão de papéis.
Gabarito: A
Comentários: Outra tabela para nunca esquecermos:
IDADE Fases
ERIKSON (psicossocial) FREUD (psicossexual)
0 à 18 meses Confiança vs. Desconfiança. Oral
18 meses aos 3 anos Autonomia vs. Vergonha Anal
3 aos 6 anos Iniciativa vs. Culpa Fálica
6 anos até à puberdade Diligência vs. Inferioridade Latência

159
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Psicologia do Desenvolvimento

Identidade vs confusões de
12 à 18 papéis Genital
18 à 30 Intimidade vs isolamento Genital
Generatividade vs auto-
30 à 60 absorção Genital

87. Questão Inédita Alyson Barros


Segundo Erikson, em que fase ocorre a moratória psicossocial?
a) diligência × inferioridade.
b) iniciativa × culpa.

27
c) identidade × confusão de identidade.

3:
:3
d) autonomia × vergonha e dúvida.

15
e) confiança × desconfiança.

2
02
Gabarito: C

/2
08
Comentários: Ô fase chata! Rs. Essa é a adolescência! Se errou, recomendo reler

3/
essa parte da aula.
-0
om
88. Questão Inédita Alyson Barros
l.c
ai

Dentre essas diversas áreas que incorporaram a discussão sobre a questão


gm

da identidade, o campo da psicologia e o da psicanálise têm grande destaque, uma


@
ra

vez que instigaram e possibilitaram um salto qualitativo e operacional no seu


ai
m

desenvolvimento durante o século XX.


li.
ril

Foi no campo da psicologia que a identidade ganhou forte impulso com os


-g

estudos de Erikson - um importante psicanalista a trabalhar na área de psicologia


1
-0

do desenvolvimento que desenvolveu sobremaneira o conceito de identidade -,


78

para quem a identidade pessoal estaria ligada à noção de continuidade histórica,


.5
20

sendo entendida como "um sentimento subjetivo de uma envigorante uniformidade


.8
92

e continuidade" (ERIKSON, 1976, p.17, itálico no original).


-2

Fonte: Pimentel e Carrieri, 2001, A espacialidade na construção da


li
ril

identidade.
G

Em que fase, de acordo com Erikson, a identidade humana é estruturada


ra
ai

formalmente ou gera uma crise de identidade?


M

a) Período de bebê
b) Infância Inicial
c) Idade de brincar
d) Idade Escolar (Latência)
e) Adolescência
Gabarito: E
Comentários: Essa é a fase da identidade ou confusão de papéis. Fácil, fácil.

89. FCC - 2009 - TJ-SE - Analista Judiciário - Psicologia

160
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

Erik H. Erikson tratou da organização da identidade na evolução do ciclo vital


humano, relacionando as fases descritas por Freud às crises psicossociais. A crise
psicossocial que corresponde à fase anal no pensamento freudiano denomina-se
a) autonomia × vergonha e dúvida.
b) confiança básica × desconfiança.
c) iniciativa × culpa.
d) indústria × inferioridade.
e) identidade × confusão de papéis.
Gabarito: A
Comentários: Erikson dividiu o desenvolvimento da personalidade em oito estágios
psicossociais, sendo os quatro primeiros semelhantes às fases oral, anal, fálica e de

27
latência propostas por Freud. As outras fases são inovações. A fase eriksonianana

3:
:3
de “autonomia versus vergonha” corresponde à fase anal freudiana.

15
2
02
/2
08
3/
90. TRT 18ª Região - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado
-0
Especialidade Psicologia – 2013
om
Estudos e pesquisas de Piaget sobre o desenvolvimento humano demonstraram
l.c
ai

que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo,


gm

próprias de cada faixa etária. A passagem do pensamento concreto para o


@
ra

pensamento formal, abstrato, ocorre dos


ai

(A) 0 aos 2 anos.


m
li.

(B) 11 ou 12 anos em diante.


ril
-g

(C) 2 aos 7 anos.


1
-0

(D) 7 aos 11 ou 12 anos.


78

(E) 4 a 7 anos.
.5
20

Gabarito: B
.8

Comentários: Temos aqui a fase da entrada da adolescência (estágio operacional


92
-2

abstrato). É salutar ter em mente essa tabela de estágios e faixas de idade do


li

desenvolvimento para Piaget:


ril
G
ra
ai

Estágio Idade
M

Estágio sensório-motor de 0 a aproximadamente 2 anos


Estágio objetivo-simbólico (pré- aproximadamente de 2 a 6 ou 7 anos
operatório)
Estágio operacional-concreto aproximadamente de 7 a 11 ou 12 anos
Estágio operacional-abstrato de 11 ou 12 anos a 14 ou 15 anos

Além dissoi:
A adolescência traz consigo consideradas e intensas alterações, não somente na
imagem do indivíduo e na forma de interagir consigo e com as demais pessoas,
porém estende-se uma nova forma de pensamentos. Isto é, ocorre a passagem do
pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato, portanto, o adolescente

161
Psicologia Nova 2022
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Psicologia do Desenvolvimento

realiza as alterações no plano das ideias sem necessitar de manipulações ou


referencias concretas. Como exemplo disso, a capacidade de lidar com conceitos
como justiça, liberdade e etc. Ele domina, progressivamente, a capacidade de
abstrair e generalizar, criando teorias sobre o mundo, principalmente aspectos que
gostaria de reformular.

91. TRT 2ª Região - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado


Especialidade Psicologia - 2014
Para estudar o crescimento e as mudanças que ocorrem ao longo da vida, os
psicólogos do desenvolvimento empregam alguns métodos de pesquisa. Há
pesquisadores que examinam as mudanças no desenvolvimento observando ou

27
realizando, ao mesmo tempo, testes com pessoas de diferentes faixas etárias, por

3:
:3
exemplo. Podem estudar o desenvolvimento do pensamento lógico por meio da

15
realização de testes com um grupo formado por crianças de 6 anos de idade, outro

2
02
formado por crianças de 9 anos e um terceiro grupo de crianças de 12 anos, e assim

/2
buscar diferenças entre os grupos etários. Trata-se de um estudo

08
3/
(A) transversal.
-0
(B) longitudinal.
om
(C) biográfico.
l.c
ai

(D) diagonal.
gm

(E) múltiplo.
@
ra

Gabarito: A
ai

Comentários: O estudo transversal é aquele que busca avaliar um mesmo atributo


m
li.

em diferentes grupos. O estudo do tipo longitudinal é aquele que busca estudar um


ril
-g

atributo em um determinado grupo ao longo do tempo.


1
-0
78

92. ACEP - 2010 - Prefeitura de Quixadá - CE - Psicólogo


.5
20

Sobre as fases do desenvolvimento humano e os fatores psicológicos do


.8

desenvolvimento, assinale a alternativa CORRETA.


92
-2

a) Freud abordou a construção das estruturas mentais do pensamento pautadas na


li

epistemologia genética.
ril
G

b) A interação e a socialização, segundo Piaget, são mecanismos importantes que


ra
ai

favorecem a autorregulação do ser humano.


M

c) No Construtivismo, o período da criança entre 02 a 07 anos caracteriza-se como


estágio pré-operacional.
d) Vigotsky associou o desenvolvimento da inteligência da criança aos processos de
assimilação e acomodação.
Gabarito: C
Comentários: Apenas a Letra “C” está correta. A letra “A” e a letra “D” remetem à
Piaget e a letra “B” remete a Vigotsky.

93. CETRO - 2008 - SEE-SP - Supervisor Escolar

162
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Psicologia do Desenvolvimento

Martha Kohl, em Castorina, J. A. (2003), refletindo sobre as contribuições de


Vigotsky para a educação e o ensino escolar, analisa a intervenção do outro social.
De acordo com Vigotsky, pode-se entender essa intervenção como
a) o processo de internalização do material cultural que molda o indivíduo,
definindo limites e possibilidades de sua construção pessoal.
b) a construção e a elaboração por parte do indivíduo dos significados que lhe são
trazidos pelo grupo cultural.
c) uma postura diretiva e autoritária do sujeito que intervém, implicando uma volta
à educação tradicional.
d) o processo de internalização que se constitui de ações controladas a partir das
situações de intersubjetividade.

27
e) cada situação de interação com o mundo social, em que o indivíduo traz consigo

3:
:3
determinadas possibilidades de interpretação e ressignificação do material

15
cultural.

2
02
Gabarito: E

/2
Comentários: A intervenção social possibilita a internalização do material cultural

08
3/
que, junto com sua estrutura de aprendizagens, levam a um aprendizado. Observe
-0
que isso é uma possibilidade e não uma regra (o outro social pode ser
om
deliberadamente ignorado, por exemplo)!
l.c
ai
gm

94. Questão Inédita – Alyson Barros


@
ra

Sobre as teorias de personalidade psicanalíticas, não é correto afirmar que:


ai

a) Freud, Carl Jung, Alfred Adler desenvolveram teorias psicodinâmicas


m
li.

b) Para Freud, a simbolização é a manifestação de símbolos guardados no


ril
-g

inconsciente, considerado um baú de símbolos e o porão da consciência.


1
-0

c) Tanto para Freud como para Jung, a mente ou psique atua no nível consciente e
78

no inconsciente.
.5
20

d) Klein, diferentemente de Freud, diferenciou inveja, ganância e ciúme como


.8

manifestações do instinto agressivo.


92
-2

e) É comum a presença do conceito de Determinismo Psíquico nas teorias de


li

personalidade psicanalíticas.
ril
G

Gabarito: B
ra
ai

Comentário: As teorias psicodinâmicas de personalidade são teorias que afirmam


M

que o comportamento é resultado de forças psicológicas que atuam dentro do


indivíduo, geralmente fora da consciência (alternativa A está correta).
Para Sigmund Freud a simbolização não é a manifestação de símbolos que
traríamos guardados, então, em nosso inconsciente. A manifestação de símbolos ocorre
através de sonhos, mitos, folclores, religião e não através da simbolização.
Simbolismo, e não simbolização, é o modo de representação indireta e figurada de
uma ideia, de um conflito, de um desejo inconsciente e não de símbolos (a
alternativa B está errada).
Para Freud e para Jung, a mente atua tanto em níveis conscientes quanto
inconscientes (Alternativa C está correta).

163
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Psicologia do Desenvolvimento

Klein foi adiante de Freud no estudo o instinto agressivo quando diferenciou


inveja, ganância e ciúme como manifestações do instinto agressivo (alternativa D
está correta).
O conceito de determinismo psíquico parte do pressuposto que existe uma
continuidade nos eventos mentais e que esses são historicamente desenvolvidos
(alternativa E está correta).

95. Questão Inédita – Alyson Barros


O conceito eriksoniando de crise representa as incertezas e indagações do
adolescente no sentido de descobrir quem é e de definir o que virá a ser no futuro.
A resposta à inquietação do adolescente só é conseguida pela tomada de

27
consciência de si, do seu ego e de que está apto a assumir a sua verdadeira

3:
:3
identidade. Erikson postulou um conceito que apenas pode ocorrer nessa fase da

15
vida. Qual afirmativa abaixo descreve esse conceito?

2
02
a) a adolescência é a fase mais crítica do ciclo vital e que deve ser enfrentada com

/2
auto-realização.

08
3/
b) nessa fase ocorrem crises de identidade
-0
c) o self reprimido deve ser canalizado em uma energia produtiva
om
d) o adolescente pode necessitar de uma ou várias pausas para a integração de seu
l.c
ai

“eu”
gm

e) nessa fase ocorre a plenitude do sexo


@
ra

Gabarito: D
ai

Comentários: Esse é o conceito de moratória de Erikson (e só ocorre nessa fase).


m
li.
ril
-g
1
-0
78
.5
20
.8
92
-2
li
ril
G
ra
ai
M

164
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Psicologia do Desenvolvimento

Simulado
Caros colegas, veremos agora 50 assertivas para você julgar a sua
veracidade. Este modelo não é o adotado pela sua banca, mas creio que assim
poderemos abarcar mais conteúdos em menor tempo.
Boa sorte!!!
Julgue as alternativas abaixo marcando C para as Certas e E para as Erradas.

1. ( ) Na teoria behaviorista, a modelagem de comportamento ocorre baseada


principalmente em reforços positivos e negativos.

27
3:
2. ( ) O modo desadaptativo de lidar com as crises, segundo Erikson, leva a um

:3
desfecho positivo da crise onde o sujeito está preparado para seguir para a próxima

15
2
fase.

02
/2
08
3. ( ) Entender que a escola deve organizar-se por uma qualidade de ensino que

3/
-0
promova a apropriação de valores humanos que contribuam para uma nova forma
om
de ver e agir no mundo refere-se à tarefa humanizadora da escola. Essas ideias estão
l.c

de acordo com Vygotsky, que define a escola como espaço de mediação.


ai
gm
@

4. ( ) Lev Vygotsky teve colaboradores importantes nos estudos que realizou.


ra

Quais são os nomes dos seus dois mais importantes colaboradores foram Wallon e
ai
m

Piaget.
li.
ril
-g

5. ( ) Henri Wallon propõe quatro campos funcionais como determinantes do


1
-0
78

desenvolvimento humano. Esses campos são a afetividade, o movimento, a


.5

inteligência e a formação do eu.


20
.8
92

6. ( ) As crises psicossociais que, segundo Erik Erikson, ocorrem durante a


-2

adolescência e preparam as pessoas para serem adultos saudáveis, envolvem


li
ril

questões como a confiança e a autonomia, assim como a iniciativa e o sentimento


G
ra

de culpa.
ai
M

7. ( ) A proposição freudiana para os estudos da época sobre a personalidade


humana baseavam-se no busca do rigor científico.

8. ( ) Das leis de Wallon, destacamos a que se refere à sucessão entre as três


dimensões, sendo que cada dimensão prepondera, alternadamente ao longo do
desenvolvimento humano. Essa afirmação refere-se a lei de integração.

9. ( ) A afirmação "o erro da criança passa a ser considerado como uma etapa
necessária do processo de construção do conhecimento e não como uma inaptidão
por parte do aprendiz" diz respeito aos estudos de Piaget.

165
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Psicologia do Desenvolvimento

10. ( ) A fase de "Generatividade versus estagnação" de Erikson corresponde a fase


"Genital" de Freud.

11. ( ) A moratória psicossocial de Erikson ocorre na 5° fase de desenvolvimento e


reflete um período de pausa necessária a muitos jovens, de procura de alternativas
e de experimentação de papéis, que vai permitir um trabalho de significação
interna. Assim, essa é uma fase onde ocorrem experiências para testar padrões.

12. ( ) A psicologia materialista de Vygotsky procurava entender os fenômenos e o


psiquismo humano. A partir da interação dos aspectos biológicos e sociais no
desenvolvimento. O homem em uma relação dialética era ao mesmo tempo

27
produto e produtor das relações sociais. O cérebro, para os materialistas, não era

3:
:3
somente um órgão, mas também um sistema aberto e flexível cujo funcionamento

15
era construído na própria história dos homens. O desenvolvimento biológico não

2
02
era descontextualizado, mas pensando em uma relação direta com o

/2
desenvolvimento social. Sendo assim, a cultura transformava as pessoas, seus

08
3/
valores e representações.
-0
om
13. ( ) Para Wallon, a linguagem é um complexo sistema de representações
l.c
ai

desenvolvido a partir dos gestos e dos sons, a utilização da linguagem, pela criança,
gm

constitui um dos meios mais expressivos para a formação da consciência. Esse autor
@
ra

diz que as experiências históricas dos homens se encontram tanto nas produções
ai

materiais como nas verbais e é pelo uso da linguagem e dos símbolos que a criança
m
li.

interioriza o mundo ao seu redor, e por meio dos processos de interiorização dos
ril
-g

aspectos culturais, as crianças começam a controlar o ambiente e o próprio


1
-0

comportamento.
78
.5
20

14. ( ) Para Piaget, a construção da inteligência ocorre através da


.8

complementaridade dos aspectos biológicos e sociais. Essa teoria considera que é


92
-2

por meio das suas interações com outros seres humanos que o homem se constrói.
li

Em outras palavras, o homem não nasce homem e sim com possibilidades de


ril
G

humanizar-se nas interações que estabelece ao longo da vida.


ra
ai
M

15. ( ) Vygotsky considerava que as formas típicas do comportamento humano não


estão prontas ao nascimento e se desenvolvem no decorrer da vida. Como formas
típicas de comportamento humano temos: a capacidade de solucionar problemas;
o uso da memória; a formação de conceitos e o desenvolvimento da linguagem.

16. ( ) Na segunda fase de Erikson, confiança versus desconfiança, a criança adquire


ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em relação ao mundo
que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não lhe der amor e
não responde às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios,
sentimentos de desconfiança que poderão vir a refletir-se nas relações futuras.

166
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Psicologia do Desenvolvimento

17. ( ) Para Wallon, é somente no Estágio do Personalismo, que vai dos três aos cinco
anos, que a criança realmente se diferencia do outro, que toma consciência de sua
autonomia em relação aos demais. Ela percebe as relações e os papéis diferentes
dentro do universo familiar, ao mesmo tempo que se percebe como um elemento
fixo, como ser o filho mais velho ou o mais novo, ser filho e irmão, assim por diante.

18. ( ) A zona de desenvolvimento proximal é a forma compartilhada de construir


conhecimentos e auxiliar as pessoas na resolução de seus problemas. Um exemplo
é quando um amigo de sala de aula auxilia o outro na resolução de um problema
matemático.

27
19. ( ) Para Piaget, o estágio sensório-motor inicia-se ao nascimento e segue ao

3:
:3
longo dos dois primeiros anos. Nesse período as crianças terão uma inteligência

15
pratica centrada na percepção e no motor.

2
02
/2
20. ( ) Piaget era Inatista

08
3/
-0
21. ( ) Os estudos realizados através da psicologia do desenvolvimento colaboram
om
significativamente para o entendimento dos processos biológicos e culturais
l.c
ai

envolvidos na formação do indivíduo como sujeito social. Conhecer esses aspectos


gm

e a evolução humana permite que os professores compreendam seus alunos nas


@
ra

suas características globais, permitindo desta maneira compreender o modo de agir


ai

e pensar da criança e melhorar sua qualidade de trabalho em seu cotidiano.


m
li.
ril
-g

22. ( ) Vygotsky caracteriza o processo de internalização como uma “reconstrução


1
-0

interna de uma operação externa”. Ou seja: a humanidade está sempre em


78

constante movimento de recriação e de reinterpretação de conceitos e significados.


.5
20
.8

23. ( ) Vygotsky define o processo de formação da consciência humana através de


92
-2

esquemas inatos que se desenvolvem independentemente do contato com o meio,


li

mas que servem de subsídio para os aparatos sociais.


ril
G
ra
ai

24. ( ) A Zona de Desenvolvimento Proximal é a distancia entre o nível de


M

desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente


de um problema e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um mediador.

25. ( ) Segundo Piaget, o processo de auto regulação busca sempre o equilíbrio e é


por meio deste equilíbrio que são constituídos novos conhecimentos. Porém o
equilíbrio não consiste em um estado de conhecimento superior, mas sim a
superação do mesmo.

26. ( ) Vygotsky se preocupou muito com a questão clássica na Psicologia sobre a


influência da aprendizagem no desenvolvimento mental da criança. Para este autor,

167
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Psicologia do Desenvolvimento

o processo de desenvolvimento não coincide com o processo de aprendizagem,


criando a área de desenvolvimento potencial, se desenvolve com o aprendizado.

27. ( ) A teoria de desenvolvimento de Erik H. Erikson propõe, ao contrário da teoria


freudiana, a separação em fases de desenvolvimento devem englobar toda a
ontogênese do ser.

28. ( ) Para os maturacionistas, as mudanças existentes no desenvolvimento


humano são provenientes, em geral, da programação genética do organismo.
Assim, a capacidade de aprendizado de uma criança é determinada, por exemplo,
em seu código genético.

27
3:
:3
29. ( ) Em contraposição ao movimento inatista, temos a visão empirista de

15
desenvolvimento humano. Essa segunda visão, diametralmente oposta à primeira,

2
02
afirma que nascemos como “tábulas-rasas” (folhas em branco) e que nosso

/2
desenvolvimento é alcançado através das aprendizagens provenientes de nossas

08
3/
interações com o ambiente. A maior escola de desenvolvimento representante
-0
dessa visão é o comportamentalismo.
om
l.c
ai

30. ( ) A teoria psicossexual de Erikson pode ser considerada como uma teoria
gm

psicodinâmica.
@
ra
ai

31. ( ) Para Erikson, a formação da personalidade (identidade) inicia-se nos


m
li.

primeiros quatro estágios, no quinto é negociada e nos outros é expressa com maior
ril
-g

consistência.
1
-0
78

32. ( ) Na terceira fase de Erikson, também apelidada por idade de brincar, é


.5
20

assinalada pela ritualização dramática e marca a possibilidade de tomar iniciativas


.8

sem que se adquire o sentimento de culpa: a criança experimenta diferentes papéis


92
-2

nas brincadeiras em grupo, imita os adultos, têm consciência de ser “outro” que não
li

“os outros”, de individualidade.


ril
G
ra
ai

33. ( ) Para Erikson, só é possível avançar nas fases de desenvolvimento quando


M

resolvemos a crise central de cada etapa.

34. ( ) Apesar de parte do mundo inconsciente não ser acessível de forma alguma,
um conceito é básico na teoria freudiana de personalidade: o passado é
determinante para o presente. Esse conceito é chamado de Determinismo Psíquico
e parte do pressuposto que existe uma continuidade nos eventos mentais e que
esses são historicamente desenvolvidos.

35. ( ) A pedagogia não-diretiva propõe uma educação centrada no aluno, visando


formar sua personalidade através da vivência de experiências significativas que lhe
permitam desenvolver características inerentes à sua natureza. O professor é um

168
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Psicologia do Desenvolvimento

especialista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal e


autêntico.

36. ( ) Para Freud, o superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou
sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados
(2) evitar a ansiedade e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos,
pensamentos e palavras.

37. ( ) A regressão é a permanência em uma fase em função do investimento total ou


parcial da libido em um ponto específico.

27
38. ( ) O caráter genital é descrito como o ideal freudiano do desenvolvimento pleno

3:
:3
onde o sujeito não possui fixações, está livre de conflitos pré-edípicos significativos

15
e aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se com a satisfação do

2
02
companheiro sexual.

/2
08
3/
39. ( ) Damos o nome de Regressão ao comportamento infantilizado exibido por
-0
crianças em etapas posteriores de desenvolvimento. Essas crianças exibem
om
comportamentos, por exemplo, de fala regressiva ou enurese noturna em etapas
l.c
ai

que já superaram tais tipos de comportamentos.


gm
@
ra

40. ( ) O Complexo de Édipo ocorre na fase anal.


ai
m
li.

41. ( ) Para Wallon, a relação entre afetividade e inteligência é de alternância,


ril
-g

podendo as primeiras emoções criar estruturações cognitivas e para Vygotsky, estas


1
-0

relações são de complementaridade, estando as emoções entendidas no âmbito


78

das funções mentais, das quais o pensamento faz parte. No caso da psicanálise
.5
20

freudiana, além da discussão sobre se é uma teoria sobre a afetividade ou não, não
.8

parece ter o interesse de apontar relações entre afetividade e inteligência, mas


92
-2

muito mais submetê-los à teoria das pulsões.


li
ril
G

42. ( ) Para Wallon, a emoção se nutre do efeito que causa no outro.


ra
ai
M

43. ( ) Para a visão comportamentalista, a função do professor é a de criar ou


modificar comportamentos desejados utilizando estímulos e reforços, onde o aluno
é um ser passivo que recebe, escuta, escreve e repete as informações, o que a torna
útil para atividades repetitivas e que exigem memorização de conteúdo.

44. ( ) As escolas tecnicistas de educação se fundamentam na visão humanista de


desenvolvimento humano.

45. ( ) A política educacional é, para Skinner, uma questão de planejar o homem.


Uma política educacional eficiente não pode ficar satisfeita com a réplica das
grandes realizações históricas. Não é fácil antever o que serão os artistas, estadistas

169
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Psicologia do Desenvolvimento

e cientistas do futuro, mas, com o auxílio da análise experimental do


comportamento, as potencialidades do organismo humano podem ser cabalmente
exploradas.

46. ( ) Para Piaget, o estágio pré-operatório e o das operações abstratas fazem parte
do estágio das operações formais.

47. ( ) Para Piaget, os esquemas são descritos como subestruturas, dinamicamente


organizadas e são responsáveis pela assimilação do ambiente em forma de
conhecimento.

27
48. ( ) Para Piaget, a autenticidade é a principal ferramenta do educador que

3:
:3
conduzirá o aluno à aprendizagem significava.

15
2
02
49. ( ) Para Rogers o aprendizado por tarefas é utiliza apenas as operações mentais

/2
e não considera o indivíduo como um todo. Para ele, esse tipo de aprendizado seria

08
3/
pouco útil para a vida real por ser esquecido com o tempo por ser meramente
-0
intelectual.
om
l.c
ai

50. ( ) Com relação a teoria de desenvolvimento de Freud, não podemos afirmar que
gm

o id é inconsciente e desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral.


@
ra
ai
m
li.
ril
-g

Gabarito e Comentários
1
-0
78
.5

1. (C) Na teoria behaviorista, a modelagem de comportamento ocorre baseada


20
.8

principalmente em reforços positivos e negativos.


92

Comentários: Apenas para relembrar: o reforço positivo é todo evento que aumenta
-2

a probabilidade de futura resposta que o produz; o reforço negativo é todo evento


li
ril

que aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua. A partir


G
ra

dai ocorre a modelagem com o comportamento reforçado e com evolução gradual.


ai
M

2. (E) O modo desadaptativo de lidar com as crises, segundo Erikson, leva a um


desfecho positivo da crise onde o sujeito está preparado para seguir para a próxima
fase.
Comentários: Modo Adaptativo.

3. (C) Entender que a escola deve organizar-se por uma qualidade de ensino que
promova a apropriação de valores humanos que contribuam para uma nova forma
de ver e agir no mundo refere-se à tarefa humanizadora da escola. Essas ideias estão
de acordo com Vygotsky, que define a escola como espaço de mediação.

170
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Psicologia do Desenvolvimento

4. (E) Lev Vygotsky teve colaboradores importantes nos estudos que realizou. Quais
são os nomes dos seus dois mais importantes colaboradores foram Wallon e Piaget.
Comentários: Foram Luria e Leontiev.

5. (C) Henri Wallon propõe quatro campos funcionais como determinantes do


desenvolvimento humano. Esses campos são a afetividade, o movimento, a
inteligência e a formação do eu.

6. (E) As crises psicossociais que, segundo Erik Erikson, ocorrem durante a


adolescência e preparam as pessoas para serem adultos saudáveis, envolvem
questões como a confiança e a autonomia, assim como a iniciativa e o sentimento

27
de culpa.

3:
:3
Comentários: Certo seria se falássemos em identidade e confusão de papéis,

15
intimidade e solidariedade.

2
02
/2
7. (E) A proposição freudiana para os estudos da época sobre a personalidade

08
3/
humana baseavam-se no busca do rigor científico.
-0
Comentários: A ênfase era na identificação de processos psicológicos e não no rigor
om
científico.
l.c
ai
gm

8. (E) Das leis de Wallon, destacamos a que se refere à sucessão entre as três
@
ra

dimensões, sendo que cada dimensão prepondera, alternadamente ao longo do


ai

desenvolvimento humano. Essa afirmação refere-se a lei de integração.


m
li.

Comentários: Essa é a Lei de alternância. Olha que trecho interessante que


ril
-g

encontrei:
1
-0

Uma visão de conjunto, em que as dimensões da pessoa se integram de


78

forma dinâmica, alternando-se em relação à predominância de uma frente às


.5
20

demais é necessária para a compreensão da concepção de desenvolvimento


.8
92

walloniana. A integração não é um estado alcançado ao final de um processo, mas


-2

define a condição plástica, o equilíbrio dinâmico da pessoa em desenvolvimento.


li
ril

Wallon admite, a existência de três leis que regulam o processo de


G

desenvolvimento da criança em direção ao adulto: a lei da alternância funcional, a


ra
ai

da preponderância funcional e a da integração funcional A primeira, chamada lei da


M

alternância funcional, indica duas direções opostas que se alternam ao longo do


desenvolvimento: uma centrípeta, voltada para a construção do eu e a outra
centrífuga, voltada para a elaboração da realidade externa e do universo que a
rodeia. Essas duas direções se manifestam alternadamente, constituindo o ciclo da
atividade funcional.
A segunda é a lei da sucessão da preponderância funcional, na qual as três
dimensões ou subconjuntos preponderam, alternadamente, ao longo do
desenvolvimento do homem: motora, afetiva e cognitiva. A função motora
predomina nos primeiros meses de vida da criança, enquanto as funções afetivas e
cognitivas se alternam ao longo de todo o desenvolvimento, ora visando a formação

171
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Psicologia do Desenvolvimento

do eu (predominância afetiva), ora visando o conhecimento do mundo exterior


(predominância cognitiva).
A última lei, chamada de lei da diferenciação e integração funcional, diz
respeito às novas possibilidades que não se suprimem ou se sobrepõem às
conquistas dos estágios anteriores, mas, pelo contrário, integram-se a elas no
estágio subsequente.
A integração dos três subconjuntos funcionais – motor, afetivo e cognitivo –
constitui o último e quarto subconjunto funcional, denominado por Wallon pessoa.
Para Wallon, em qualquer momento, ou fase do desenvolvimento, a pessoa é
sempre uma pessoa completa.
Fonte: http://pedagogiaonlineead.blogspot.com.br/2011/07/henri-wallon.html

27
3:
:3
9. (C) A afirmação "o erro da criança passa a ser considerado como uma etapa

15
necessária do processo de construção do conhecimento e não como uma inaptidão

2
02
por parte do aprendiz" diz respeito aos estudos de Piaget.

/2
08
3/
10. (C) A fase de "Generatividade versus estagnação" de Erikson corresponde a fase
"Genital" de Freud. -0
om
Gabarito: Correto.
l.c
ai
gm

11. (C) A moratória psicossocial de Erikson ocorre na 5° fase de desenvolvimento e


@
ra

reflete um período de pausa necessária a muitos jovens, de procura de alternativas


ai
m

e de experimentação de papéis, que vai permitir um trabalho de significação


li.
ril

interna. Assim, essa é uma fase onde ocorrem experiências para testar padrões.
-g
1
-0

12. (C) A psicologia materialista de Vygotsky procurava entender os fenômenos e o


78

psiquismo humano. A partir da interação dos aspectos biológicos e sociais no


.5
20

desenvolvimento. O homem em uma relação dialética era ao mesmo tempo


.8
92

produto e produtor das relações sociais. O cérebro, para os materialistas, não era
-2

somente um órgão, mas também um sistema aberto e flexível cujo funcionamento


li
ril

era construído na própria história dos homens. O desenvolvimento biológico não


G

era descontextualizado, mas pensando em uma relação direta com o


ra
ai

desenvolvimento social. Sendo assim, a cultura transformava as pessoas, seus


M

valores e representações.

13. (E) Para Wallon, a linguagem é um complexo sistema de representações


desenvolvido a partir dos gestos e dos sons, a utilização da linguagem, pela criança,
constitui um dos meios mais expressivos para a formação da consciência. Esse autor
diz que as experiências históricas dos homens se encontram tanto nas produções
materiais como nas verbais e é pelo uso da linguagem e dos símbolos que a criança
interioriza o mundo ao seu redor, e por meio dos processos de interiorização dos
aspectos culturais, as crianças começam a controlar o ambiente e o próprio
comportamento.
Comentários: Essa é a visão de Vygotsky

172
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Psicologia do Desenvolvimento

14. (E) Para Piaget, a construção da inteligência ocorre através da


complementaridade dos aspectos biológicos e sociais. Essa teoria considera que é
por meio das suas interações com outros seres humanos que o homem se constrói.
Em outras palavras, o homem não nasce homem e sim com possibilidades de
humanizar-se nas interações que estabelece ao longo da vida.
Comentários: Vygotsky novamente.

15. (C) Vygotsky considerava que as formas típicas do comportamento humano não
estão prontas ao nascimento e se desenvolvem no decorrer da vida. Como formas
típicas de comportamento humano temos: a capacidade de solucionar problemas;

27
o uso da memória; a formação de conceitos e o desenvolvimento da linguagem.

3:
:3
15
16. (E) Na segunda fase de Erikson, confiança versus desconfiança, a criança adquire

2
02
ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em relação ao mundo

/2
que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não lhe der amor e

08
3/
não responde às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios,
-0
sentimentos de desconfiança que poderão vir a refletir-se nas relações futuras.
om
Comentários: Essa é a primeira fase!
l.c
ai
gm

17. (C) Para Wallon, é somente no Estágio do Personalismo, que vai dos três aos
@
ra

cinco anos, que a criança realmente se diferencia do outro, que toma consciência
ai

de sua autonomia em relação aos demais. Ela percebe as relações e os papéis


m
li.

diferentes dentro do universo familiar, ao mesmo tempo que se percebe como um


ril
-g

elemento fixo, como ser o filho mais velho ou o mais novo, ser filho e irmão, assim
1
-0

por diante.
78
.5
20

18. (E) A zona de desenvolvimento proximal é a forma compartilhada de construir


.8

conhecimentos e auxiliar as pessoas na resolução de seus problemas. Um exemplo


92
-2

é quando um amigo de sala de aula auxilia o outro na resolução de um problema


li

matemático.
ril
G

Comentários: Zona de Desenvolvimento Proximal define a distância entre o nível


ra
ai

de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema


M

sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de


resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
outro companheiro. Quer dizer, é a série de informações que a pessoa tem a
potencialidade de aprender, mas ainda não completou o processo, conhecimentos
fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis. Logo, deveríamos falar de
Zona de Desenvolvimento Potencial e não da Proximal!

19. (C) Para Piaget, o estágio sensório-motor inicia-se ao nascimento e segue ao


longo dos dois primeiros anos. Nesse período as crianças terão uma inteligência
pratica centrada na percepção e no motor.

173
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Psicologia do Desenvolvimento

20. (E) Piaget era Inatista


Comentários: Piaget era construtivista!

21. (C) Os estudos realizados através da psicologia do desenvolvimento colaboram


significativamente para o entendimento dos processos biológicos e culturais
envolvidos na formação do indivíduo como sujeito social. Conhecer esses aspectos
e a evolução humana permite que os professores compreendam seus alunos nas
suas características globais, permitindo desta maneira compreender o modo de agir
e pensar da criança e melhorar sua qualidade de trabalho em seu cotidiano.

22. (C) Vygotsky caracteriza o processo de internalização como uma “reconstrução

27
interna de uma operação externa”. Ou seja: a humanidade está sempre em

3:
:3
constante movimento de recriação e de reinterpretação de conceitos e significados.

15
2
02
23. (E) Vygotsky define o processo de formação da consciência humana através de

/2
esquemas inatos que se desenvolvem independentemente do contato com o meio,

08
3/
mas que servem de subsídio para os aparatos sociais.
-0
Comentários: Vygotsky compreende que a formação da consciência humana se
om
desenvolve a partir do contexto cultural e das relações sociais. O conhecimento é
l.c
ai

construído de forma coletiva.


gm
@
ra

24. (C) A Zona de Desenvolvimento Proximal é a distancia entre o nível de


ai

desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente


m
li.

de um problema e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da


ril
-g

solução de problemas sob a orientação de um mediador.


1
-0

Gabarito: Correto
78
.5
20

25. (C) Segundo Piaget, o processo de auto regulação busca sempre o equilíbrio e é
.8

por meio deste equilíbrio que são constituídos novos conhecimentos. Porém o
92
-2

equilíbrio não consiste em um estado de conhecimento superior, mas sim a


li

superação do mesmo.
ril
G
ra
ai

26. (C) Vygotsky se preocupou muito com a questão clássica na Psicologia sobre a
M

influência da aprendizagem no desenvolvimento mental da criança. Para este autor,


o processo de desenvolvimento não coincide com o processo de aprendizagem,
criando a área de desenvolvimento potencial, se desenvolve com o aprendizado.

27. (C) A teoria de desenvolvimento de Erik H. Erikson propõe, ao contrário da teoria


freudiana, a separação em fases de desenvolvimento devem englobar toda a
ontogênese do ser.

28. (C) Para os maturacionistas, as mudanças existentes no desenvolvimento


humano são provenientes, em geral, da programação genética do organismo.

174
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Psicologia do Desenvolvimento

Assim, a capacidade de aprendizado de uma criança é determinada, por exemplo,


em seu código genético.
Comentários: lembre-se que maturacionismo é sinônimo de inatismo.

29. (C) Em contraposição ao movimento inatista, temos a visão empirista de


desenvolvimento humano. Essa segunda visão, diametralmente oposta à primeira,
afirma que nascemos como “tábulas-rasas” (folhas em branco) e que nosso
desenvolvimento é alcançado através das aprendizagens provenientes de nossas
interações com o ambiente. A maior escola de desenvolvimento representante
dessa visão é o comportamentalismo.
Comentários: Sinônimos para empirismo: comportamentalismo ou ambientalista.

27
3:
:3
30. (E) A teoria psicossexual de Erikson pode ser considerada como uma teoria

15
psicodinâmica.

2
02
Comentários: Erikson é pai da teoria psicossocial e não a psicossexual!

/2
08
3/
31. (C) Para Erikson, a formação da personalidade (identidade) inicia-se nos
-0
primeiros quatro estágios, no quinto é negociada e nos outros é expressa com maior
om
consistência.
l.c
ai
gm

32. (C) Na terceira fase de Erikson, também apelidada por idade de brincar, é
@
ra

assinalada pela ritualização dramática e marca a possibilidade de tomar iniciativas


ai

sem que se adquire o sentimento de culpa: a criança experimenta diferentes papéis


m
li.

nas brincadeiras em grupo, imita os adultos, têm consciência de ser “outro” que não
ril
-g

“os outros”, de individualidade.


1
-0
78

33. (E) Para Erikson, só é possível avançar nas fases de desenvolvimento quando
.5
20

resolvemos a crise central de cada etapa.


.8

Comentários: Se não resolvermos adequadamente na etapa certa podemos


92
-2

resolver, segundo Erikson, em uma etapa ulterior (posterior).


li
ril
G

34. (C) Apesar de parte do mundo inconsciente não ser acessível de forma alguma,
ra
ai

um conceito é básico na teoria freudiana de personalidade: o passado é


M

determinante para o presente. Esse conceito é chamado de Determinismo Psíquico


e parte do pressuposto que existe uma continuidade nos eventos mentais e que
esses são historicamente desenvolvidos.

35. (C) A pedagogia não-diretiva propõe uma educação centrada no aluno, visando
formar sua personalidade através da vivência de experiências significativas que lhe
permitam desenvolver características inerentes à sua natureza. O professor é um
especialista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal e
autêntico.

175
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

36. (E) Para Freud, o superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou
sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados
(2) evitar a ansiedade e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos,
pensamentos e palavras.
Comentários: O superego não tem o papel de evitar a ansiedade, mas sim de coagir
o ego a funcionar de acordo com seus ditames.

37. (E) A regressão é a permanência em uma fase em função do investimento total


ou parcial da libido em um ponto específico.
Comentários: Essa é a fixação, não é a regressão. Cuidado!

27
38. (C) O caráter genital é descrito como o ideal freudiano do desenvolvimento

3:
:3
pleno onde o sujeito não possui fixações, está livre de conflitos pré-edípicos

15
significativos e aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se com a

2
02
satisfação do companheiro sexual.

/2
08
3/
39. (C) Damos o nome de Regressão ao comportamento infantilizado exibido por
-0
crianças em etapas posteriores de desenvolvimento. Essas crianças exibem
om
comportamentos, por exemplo, de fala regressiva ou enurese noturna em etapas
l.c
ai

que já superaram tais tipos de comportamentos.


gm
@
ra

40. (E) O Complexo de Édipo ocorre na fase anal.


ai

Comentários: Ocorre na fase fálica.


m
li.
ril
-g

41. (C) Para Wallon, a relação entre afetividade e inteligência é de alternância,


1
-0

podendo as primeiras emoções criar estruturações cognitivas e para Vygotsky, estas


78

relações são de complementaridade, estando as emoções entendidas no âmbito


.5
20

das funções mentais, das quais o pensamento faz parte. No caso da psicanálise
.8

freudiana, além da discussão sobre se é uma teoria sobre a afetividade ou não, não
92
-2

parece ter o interesse de apontar relações entre afetividade e inteligência, mas


li

muito mais submetê-los à teoria das pulsões.


ril
G

Comentários: Recomendo que leia:


ra
ai

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
M

37722011000200005&lng=pt&nrm=iso

42. (C) Para Wallon, a emoção se nutre do efeito que causa no outro.
Comentários: Sobre isso, é interessante complementar: "Vemos então que, para
Wallon, as emoções podem inicialmente criar operações cognitivas que permitirão
a construção do conhecimento, por um lado, e, por outro, podem estruturar a
'pessoa' no início da vida, sem a participação da cognição (nem mesmo a sensório-
motora). Mais adiante veremos que Piaget se oporá a esta formulação de Wallon,
preferindo pensar em relações de correspondência entre afetividade e inteligência
e não em relações de causalidade e alternância".

176
Psicologia Nova 2022
Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722011000200005&lng=pt&nrm=iso

43. (C) Para a visão comportamentalista, a função do professor é a de criar ou


modificar comportamentos desejados utilizando estímulos e reforços, onde o aluno
é um ser passivo que recebe, escuta, escreve e repete as informações, o que a torna
útil para atividades repetitivas e que exigem memorização de conteúdo.

44. (E) As escolas tecnicistas de educação se fundamentam na visão humanista de


desenvolvimento humano.
Comentários: Longe disso, elas se fundamentam na visão comportamentalista de

27
desenvolvimento e aprendizagem. Sobre isso é válido destacar:

3:
:3
As teorias de aprendizagem que fundamentam a pedagogia tecnicista dizem

15
que aprender é uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino

2
02
depende de organizar eficientemente as condições estimuladoras, de modo a que o

/2
08
aluno saia da situação de aprendizagem diferente de como entrou. Ou seja, o ensino

3/
é um processo de condicionamento através do uso de reforçamento das respostas
-0
que se quer obter. Assim, os sistemas instrucionais visam o controle do
om
comportamento individual face a objetivos preestabelecidos. Trata-se de um
l.c
ai

enfoque diretivo do ensino, centrado no controle das condições que cercam o


gm

organismo que se comporta.


@
ra

Fonte: http://pedagogiadidatica.blogspot.com.br/2008/11/pedagogia-liberal.html
ai
m
li.
ril

45. (C) A política educacional é, para Skinner, uma questão de planejar o homem.
-g

Uma política educacional eficiente não pode ficar satisfeita com a réplica das
1
-0

grandes realizações históricas. Não é fácil antever o que serão os artistas, estadistas
78

e cientistas do futuro, mas, com o auxílio da análise experimental do


.5
20

comportamento, as potencialidades do organismo humano podem ser cabalmente


.8
92

exploradas.
-2

Comentários: Sobre a instrução programada, recomendo:


li
ril

http://www.dfi.ccet.ufms.br/prrosa/Pedagogia/Capitulo_2.pdf. Leia!
G
ra
ai

46. (E) Para Piaget, o estágio pré-operatório e o das operações abstratas fazem parte
M

do estágio das operações formais.


Comentários: Operações Concretas + Operações Abstratas = Operações Formais.

47. (C) Para Piaget, os esquemas são descritos como subestruturas, dinamicamente
organizadas e são responsáveis pela assimilação do ambiente em forma de
conhecimento.

48. (E) Para Piaget, a autenticidade é a principal ferramenta do educador que


conduzirá o aluno à aprendizagem significava.
Comentários: isso ocorre na teoria de Rogers e não na de Piaget.

177
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Professor Alyson Barros
Psicologia do Desenvolvimento

49. (C) Para Rogers o aprendizado por tarefas é utiliza apenas as operações mentais
e não considera o indivíduo como um todo. Para ele, esse tipo de aprendizado seria
pouco útil para a vida real por ser esquecido com o tempo por ser meramente
intelectual.

50. (E) Com relação a teoria de desenvolvimento de Freud, não podemos afirmar
que o id é inconsciente e desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral.
Comentários: podemos sim!

27
3:
:3
15
Bons estudos, pessoal!

2
02
alyson@psicologianova.com.br

/2
08
3/
-0
om
i Do Pensamento Formal à Mudança Conceitual Na Adolescencia. TrabalhosFeitos.com.
l.c

Retirado 05, 2013, de http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Do-Pensamento-Formal-


ai

%C3%A0-Mudan%C3%A7a-Conceitual/844396.html
gm
@
ra
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.8
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