CONTRARRAZÕES

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EXCELENTÍSSIMO RELATOR DESEMBARGADOR DA QUINTA CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ, DOUTOR LEONEL CUNHA.

Autos nº 0031548-90.2021.8.16.0000

VINICIUS CARON MOROZ, já qualificado nos autos em epígrafe,


vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar CONTRARRAZÕES ao Agravo de
Instrumento interposto, nos termos do anexo.

Nestes termos, pede deferimento.


Curitiba, 01° de julho de 2021.

Vinícius Caron Moroz


OAB/PR 66.180

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

CONTRARRAZÕES AO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Recorrentes: UNIMED CURITIBA E RACHED HAJAR TRAYA


Recorrido: VINICIUS CARON MOROZ

Autos originários: 0067290-16.2020.8.16.0000

Colenda Turma!
Eméritos Julgadores!

Inicialmente cumpre enfatizar que em simples leitura do recurso


interposto, ao invés dos recorrentes atacar a decisão ora agravada, atacam a petição inicial e
o subscritor desta, razão pela qual denota-se que o recurso não deve ser conhecido.

Entretanto, com o fim de esclarecimento deste E. TJPR, cumpre


ao ora recorrido enfatizar que a ação originária busca anular e/ou declarar nulo, ato municipal

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flagrantemente contrário ao princípios da moralidade administrativa e demais princípios da
administração pública, pois a municipalidade vacinou todos os funcionários da empresa
agravante e demais empresa do grupo, sem a devida publicidade, sem a exigência de
apresentação de documento oficial de identificação pessoal; sem a verificação do código CNES
do funcionário; sem a observância do plano nacional, estadual e municipal de vacinação, sem
a devido agendamento via aplicativo e-Saúde e etc.

Assim, as alegações constantes nas razões recursais devem sem


completamente afastadas pois desconexas da realidade fática.

Outrossim, os recorrentes tentam induzir em erro o judiciário ao


realizar afirmações de observância aos planos de vacinação e realizar colagens destes sem
contextualizá-los.

Para isto, cumpre ao agravante afirmar que em detida leitura


dos planos tripartites de vacinação é evidente e notório ao caso, que o objetivo basilar é a
imunização dos cidadãos que possuam alta probabilidade de infecção, sendo que obviamente
não são todos os funcionários da empresa agravante e demais empresas do grupo que estão
exposto a um alto risco de infecção.

Ademais, verifica-se que as colagens constantes na razão


recursal ora combatida, evidenciam a ilegalidade ocorrida no dia 08 de maio de 2021, pois a
vacinação prioritária compreende os trabalhadores da saúde que fazem parte do corpo
técnico das instituições

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Tendo isto, é evidente que não são todos os funcionários que
fazem parte do corpo técnico da empresa recorrente, e, assim salta aos olhos a tentativa de
induzir o judiciário ao erro.

Outrossim, cumpre enfatizar que a vacinação dos


denominados trabalhadores da saúde, conforme exposto no plano estadual de vacinação,
deve observar a disponibilidade de vacinas, pois paralelamente existem outros grupos
prioritários que demandam a imunização anteriormente aos demais trabalhadores da saúde
que não possuem alto risco de infecção.

Como exemplo, podemos salientar que as pessoas com


comorbidades graves foram convocados a se vacinar posteriormente a vacinação exclusiva
ocorrida no dia 08 de maio de 2021, sendo que estes pelo alto risco de morte, de acordo com
o plano tripartite de vacinação, deveriam se imunizar, numa situação otimista de fartura de
vacinas, ou seja, na melhor das hipóteses, simultaneamente à totalidade dos funcionários da
empresa agravante e não posteriormente como ocorreu.

Ou seja, é completamente flagrante a inobservância dos planos


de vacinação, pois em simples leitura destes, verifica-se que a organização dos grupos
prioritários da fase 01, ocorreu da seguinte forma: a imunização dos trabalhadores de saúde
da linha de frente, seguidos dos cidadãos com grandes chances de risco de morte, seguidos
dos cidadãos com alta exposição ao risco de infecção.

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Ou seja, os funcionários da empresa agravante que não
possuam alto risco de infecção, sem enquadram na quarta fase da vacinação prioritária e não
na primeira fase como tenta induzir em erro o judiciário.

Assim, cumpre ao agravado informar a este E. TJPR, o seguinte


levantamento jornalístico, realizado pela competente jornalista Rosiane Correia de Freitas.

(https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/vacinas-aplicadas-em-funcionarios-da-
unimed-eram-para-deficientes-e-pessoas-com-comorbidades/)

(https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/dados-mostram-detalhes-da-vacinacao-de-
funcionarios-da-unimed-curitiba/)

Ou seja, se a vacinação de todos os funcionários da empresa recorrente


tivesse observado os planos tripartites de vacinação, este seriam vacinados na fase 04,
considerando se tratar de serviço essencial para a população da Capital e não na fase 01.

Também, importante frisar que de maneira completamente impessoal,


sem observar por óbvio os princípios da administração pública, uma semana antes da
vacinação de todos os funcionários da empresa recorrente, o presidente desta, e também
recorrente, se reuniu com a Secretária Municipal de Saúde, ré na ação originária,
supostamente para discutir como se daria a comprovação pelos cidadãos com comorbidades,

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sendo que para os funcionários da recorrente bastou simplesmente a apresentação do crachá
da empresa, sem observar que referido documento não é documento oficial de identificação
e sem o agendamento via o aplicativo oficial do município para vacinação contra a COVID-19.

(https://saude.curitiba.pr.gov.br/noticias/1745-saiba-como-sera-a-vacinacao-contra-covid-
19-das-pessoas-com-comorbidades.html)

Outrossim, cumpre enfatizar que ao contrário do sustentado nas razões


recursais, a ação originária é completamente adequada para a análise do ato municipal que
inobservou a moralidade administrativa e demais princípios da administração pública.

Tanto é, que inclusive é tema de repercussão geral pelo Supremo Tribunal


de Justiça, conforme vemos abaixo:

TEMA 836 “Não é condição para o cabimento da ação popular a


demonstração de prejuízo material aos cofres públicos, dado que
o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal estabelece que
qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular e
impugnar, ainda que separadamente, ato lesivo ao patrimônio
material, moral, cultural ou histórico do Estado ou de entidade
de que ele participe.”

Ademais, apenas para fim de esclarecimento, observa-se nas razões


recursais que é feita pelos agravantes referência à julgados deste E. TJPR, todavia, conforme
pode se verificar em detida análise dos acórdãos em anexo, os julgados em nada se relacionam
com o presente caso, devendo, portanto, serem completamente afastados.

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Diante de todo o exposto, requer (1) não seja o recurso de
agravo de instrumento conhecido pois não enfrenta a decisão agravada; e, em caso de
conhecimento, requer (2) o seu desprovimento, com a manutenção da decisão de primeiro
grau, por ser de direito.

Nestes Termos, pede deferimento.


Curitiba, 01º de julho de 2021.

Vinícius Caron Moroz


OAB/PR 66.180

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