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nd Artigo
1Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão (SE),
Brasil. E-mails: julliassuncao@yahoo.com.br ; alceupedrotti@gmail.com ; rrgomesfilho@gmail.com
2Programa de Pós-graduação em Economia, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão (SE), Brasil. fabiromoura@gmail.com
3Programa de Pós-graduação em Ciência da Propriedade Intelectual, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, (SE),
Brasil. E-mail: fholanda@academico.ufs.br
Como citar:Assunção, SJR, Pedrotti, A., Moura, FR, Holanda, FSR, & Gomes Filho, RR (2023). Análise dos custos de
produção de milho verde sob sistemas de cultivo no Planalto Costeiro Sergipano. Revista de Economia e Sociologia Rural,
61(2), e248628. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2021.248628
Abstrato:Embora muitos produtores de milho verde administrem suas propriedades agrícolas informalmente, a produção dessa hortaliça é
socioeconomicamente relevante para o Nordeste brasileiro. Este trabalho tem como objetivo estimar e analisar os custos de produção, rentabilidade e retorno
do milho verde em diferentes sistemas de cultivo, nos Tabuleiros Costeiros Sergipano. Para tanto, foram coletados dados do 16º ao 18º ano de cultivo de um
experimento de longa duração, em delineamento experimental em faixa, onde cada faixa corresponde ao sistema de manejo do solo (cultivo convencional
(CC), plantio direto (PD )) e cultivo mínimo (CM)), e quatro safras anteriores (Feijão Caupí, Crotalária, Guandu e Milheto) foram randomizadas para milho.
Foram determinados os custos de produção, receita bruta, lucro operacional, índice de rentabilidade e ponto de nivelamento. Maior produtividade e receita
bruta foram observadas no PD, e maiores desembolsos no CC (R$ 8.184,59). PD teve o maior índice de lucro operacional e rentabilidade, onde Guandu/PD
teve o melhor desempenho (R$ 8.847,18 e 52,02% respectivamente). O Guandu/CC apresentou lucro operacional e índice de lucratividade negativos,
caracterizando-se como uma alternativa inviável para o agricultor. A identificação e análise dos custos de produção é uma ferramenta importante, pois
possibilita a identificação de cultivos mais rentáveis, sendo o PD o mais recomendado. caracterizando-se como uma alternativa inviável para o agricultor. A
identificação e análise dos custos de produção é uma ferramenta importante, pois possibilita a identificação de cultivos mais rentáveis, sendo o PD o mais
recomendado. caracterizando-se como uma alternativa inviável para o agricultor. A identificação e análise dos custos de produção é uma ferramenta
importante, pois possibilita a identificação de cultivos mais rentáveis, sendo o PD o mais recomendado.
Resumo:Embora muitos produtores de milho verde gerenciem suas propriedades agrícolas informalmente, a produção desta hortícola é
socioeconomicamente relevante para o Nordeste brasileiro. Este trabalho objetiva estimar e analisar os custos de produção, rentabilidade e retorno do milho
verde em diferentes sistemas de cultivo, nos Tabuleiros Costeiros Sergipano. Para tanto, coletou-se dados do 16° ao 18° ano de cultivo de um experimento de
longa duração, em delineamento experimental em faixas, onde cada faixa corresponde ao sistema de manejo do solo (cultivo convencional (CC), plantio direto
(PD) ) e cultivo mínimo (CM)), e foram randomizadas quatro culturas antecessoras (Feijão Caupí, Crotalária, Guandu e Milheto) ao cultivo do milho.
Determinou-se custos da produção, Receita bruta, Lucro operacional, Índice de rentabilidade e Ponto de nivelamento. Observe-se maior produtividade e
Receita bruta no PD, e maiores desembolsos no CC (R$ 8.184,59). O PD apresentou maior Lucro operacional e Índice de rentabilidade, onde, o Guandu/PD
apresentou o melhor desempenho (R$ 8.847,18 e 52,02% respectivamente). O Guandu/ CC apresentou Lucro operacional e Índice de rentabilidade negativo,
caracterizando-se como alternativa não viável ao agricultor. A identificação e análise dos custos de produção é uma ferramenta importante, pois possibilita
uma identificação de culturas mais rentáveis, sendo o PD o mais recomendado. O Guandu/ CC apresentou Lucro operacional e Índice de rentabilidade
negativo, caracterizando-se como alternativa não viável ao agricultor. A identificação e análise dos custos de produção é uma ferramenta importante, pois
possibilita uma identificação de culturas mais rentáveis, sendo o PD o mais recomendado. O Guandu/ CC apresentou Lucro operacional e Índice de
rentabilidade negativo, caracterizando-se como alternativa não viável ao agricultor. A identificação e análise dos custos de produção é uma ferramenta
importante, pois possibilita uma identificação de culturas mais rentáveis, sendo o PD o mais recomendado.
1. Introdução
No Brasil, a produção de milho verde em espiga, segundo dados do último Censo Agropecuário de 2017,
foi de 348.904 toneladas (ton) colhidas em 71.045 fazendas, o equivalente a aproximadamente
Isto é umAcesso livreartigo distribuído nos termos doatribuições criativas comunsLicença, que permite uso, distribuição e reprodução irrestritos em
qualquer meio, desde que a obra original seja devidamente citada.
6,5% dos estabelecimentos agropecuários que realizam horticultura (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, 2017). No Nordeste, a produção média é de 88.248 toneladas cultivadas em 49.283
fazendas, correspondendo a 69,37% dos estabelecimentos agropecuários que plantam milho verde no
Brasil. No estado de Sergipe (SE), a produção de 8.587 toneladas é originada em 2.944 propriedades
rurais, o equivalente a 17,22% dos estabelecimentos que praticam horticultura no SE e 5,97% dos
estabelecimentos que plantam milho verde no Nordeste (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
2017). A produção do Nordeste destina-se a atender as demandas do consumo local, pois o milho
verde faz parte de diversos pratos típicos da cultura regional, portanto, ali se identifica o grande nicho
econômico deste produto hortícola (Santana, 2019).
O cultivo do milho verde é predominantemente realizado por agricultores familiares em pequenas propriedades
(Tsunechiro & Miura, 2012), principalmente pela facilidade de escoamento rápido da produção, tendo em vista a
perecibilidade do produto, a demanda local e a maior valor de mercado alcançado (quando comparado ao milho
comercializado na forma de grãos secos). Os sistemas de produção são bastante variados, indo desde a exploração
de subsistência, até os sistemas de produção altamente tecnificados (Cruz et al., 2011), utilizando sistemas de
plantio direto, preparo reduzido e manejo do preparo convencional.
De maneira geral, os solos dos Tabuleiros Costeiros apresentam naturalmente predominância
de baixa fertilidade química, devido à textura franco-arenosa e ao alto índice e concentração de
chuvas (em torno de 1.200 mm por ano), associados a altas temperaturas médias ao longo do
ano. Essa condição é agravada pela presença de horizontes coesos que reduzem a profundidade
efetiva, limitando a percolação de água no perfil e o aprofundamento do sistema radicular,
causando erosão além da baixa disponibilidade de nutrientes. A atual falta de práticas
conservacionistas, como o uso de adubos verdes para cobertura do solo, priorizando a reposição
de resíduos vegetais, pode contribuir para a recuperação desses solos em áreas agricultáveis.
De acordo com Hofer et al. (2011) a maioria desses agricultores administra suas propriedades
informalmente, sem controle financeiro e/ou econômico sobre o processo produtivo. Não utilizam
ferramentas que auxiliem na gestão financeira, pois a maioria não possui o conhecimento e não
reconhece sua importância e funcionalidade (Santos et al., 2019). No entanto, devido ao aumento da
demanda, alta competição e períodos de crise econômica, o agricultor tende a mudar esse
comportamento em relação ao gerenciamento mais eficaz dos recursos para não comprometer o
futuro do empreendimento (Borsoi, 2017). Nesse sentido, ao longo dos anos, houve um aumento no
número de pesquisas relacionadas aos custos da produção agrícola, bem como suas estimativas, dada
a estreita margem de rentabilidade proporcionada pelas lavouras.
Os lucros gerados pela atividade agropecuária estão diretamente relacionados aos custos do
processo produtivo. Assim, a presença de itens no processo produtivo pode contribuir
significativamente para o custo final do produto, mas é preciso observar os diversos processos
produtivos e recursos disponíveis para selecionar a melhor alternativa, visando maior lucro. A análise
dos custos de produção nas propriedades rurais é importante, pois subsidia a tomada de decisão
gerencial dos agricultores através da identificação de culturas mais rentáveis, ou combinação de
culturas que resultarão em maior rentabilidade entre os recursos e pacotes tecnológicos disponíveis.
Além disso, orienta a criação pelo governo de políticas de crédito rural e preços mínimos (Leal, 2017).
O uso associado de tecnologias que já demonstraram uma contribuição significativa para uma
produção agrícola mais sustentável em importantes regiões agrícolas, traz um aspecto potencial para
melhorar a produtividade e consequente rentabilidade econômica e eficiência para a agricultura
regiões do Nordeste do Brasil. Isso se torna mais significativo porque prevalecem as condições tropicais durante
todo o ano, com grande demanda por produtos de interesse regional, como o milho verde (devido ao consumo em
diversos pratos da culinária regional e em suas embalagens industriais). Dessa forma, constitui um nicho de
mercado e, portanto, muito importante para a sustentabilidade das propriedades rurais, principalmente dos
agricultores familiares locais que exploram essa cultura predominantemente nos Tabuleiros Costeiros.
Como o consumo de milho verde vem crescendo gradativamente em nosso país, esses
aspectos têm despertado e chamado a atenção para a exploração dessa cultura e por constituir
uma alternativa econômica tanto para os horticultores dos cinturões verdes, que produzem
milho para consumo em da espiga, bem como para beneficiamento na indústria, durante todos
os meses do ano, mas faltam estudos locais sobre a análise e eficiência econômica dessa
importante atividade regional.
Para as condições edafoclimáticas tropicais, faltam informações de viabilidade econômica que
sustentem as decisões tomadas para adotar diferentes manejos para culturas de interesse
agrícola (Kappes et al., 2015). Assim, práticas agronômicas que permitam ao agricultor aumentar
a produtividade e reduzir os custos de produção, proporcionando aumento da lucratividade e
retorno devem ser estudadas para garantir a sustentabilidade da atividade agropecuária (Silva et
al., 2017). Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estimar e analisar os custos de produção,
rentabilidade e retorno do milho verde em diferentes sistemas de cultivo, em Planaltos Costeiros
do Estado de Sergipe.
2. Materiais e métodos
a aplicação de calcário dolomítico segundo Sobral et al. (2007) e novamente elaborado de acordo
com o sistema de manejo a ser avaliado. Em seguida, foram semeadas com milho (Biomatrix
Hybrid BM 3061) com espaçamento médio de 0,2 m na linha e 0,8 m na entrelinha de março a
julho. Plantio (67 kg. ha-1N; 83kg. ha-1PO 2 5
e 68,5kg. ha-1KO) 2
e cobertura (167 kg. ha-1N dividido em três doses: estádios v2, v4 e v8 no crescimento do milho e 68,5
kg. ha-1PO no estádio
2 5
v8 de crescimento do milho foram realizados de acordo com Sobral et al. (2007).
O controle de plantas daninhas foi realizado com capinas manuais nos cultivos de safras anteriores.
Na cultura do milho, além da capina manual durante a condução do experimento, o herbicida seletivo
atrazinafoi aplicado em todas as faixas experimentais após a semeadura. No NT, as plantas
espontâneas antes do plantio (safras anteriores e milho) foram dessecadas por meio dos herbicidas de
ação plena Glifosato e 2,4 D. Para o controle da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda),
Tiodicarbefoi utilizado conforme recomendação técnica.
Anualmente, as espigas de milho comercial (comprimento igual ou superior a 0,2 m com tosta) da
área útil de cada talhão (19,2 m2) foram colhidas manualmente quando os grãos entraram no estádio
R3 (de 70 a 85 dias após o plantio), caracterizado por apresentar 70,0 – 80,0% de umidade nos grãos.
Em seguida foram contados e pesados para cálculo da produtividade e seus valores extrapolados
para 1 ha. A determinação da produtividade média dos tratamentos (número de espigas de milho
comercial) foi estabelecida pela produtividade média alcançada por cada um dos tratamentos entre
2016 e 2018 (16ºpara 18ºano de cultivo).
Para o cálculo dos custos foi utilizada a metodologia proposta pelo Institute of Agricultural
Economics (IEA), descrita em Matsunaga et al. (1976), onde o Custo Operacional Total (TOC) é
definido pela soma do Custo Operacional Efetivo (EOC) (desembolso com operações
mecanizadas, operações manuais e insumos consumidos no processo produtivo) somado aos
Custos e Encargos Administrativos (ACC ), que são as despesas com encargos sociais diretos,
contribuição previdenciária rural, encargos financeiros, assistência técnica e outras despesas
não operacionais.
Os custos das operações mecanizadas e manuais foram calculados com base no levantamento das
atividades desenvolvidas durante o ciclo da lavoura, relacionando para cada operação realizada, o
tempo necessário para o seu desenvolvimento, sendo então multiplicado pelo valor médio praticado
entre 2016 a 2018 de a locação de máquina (trator + implemento + motorista + diesel) fornecida pela
Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário
de Sergipe, 2018) e acréscimo de 10,00% referente às manobras e regulagens da máquina. Da mesma
forma, também foram determinados os custos das operações manuais, e especificou o número de
Trabalhadores/Dia (WD) para realizar as atividades pesquisadas e multiplicado pelo valor médio da
mão de obra rural no Estado de Sergipe (2016 a 2018) fornecido pela EMDAGRO (Empresa de
Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe, 2018). Os custos dos insumos foram obtidos por meio de
recomendações técnicas de uso acrescidas de 10,0% para perdas e seus respectivos preços médios,
fornecidos pela EMDAGRO (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe, 2018), ou
coletados no mercado da Grande Aracaju (área composta pelos municípios de Aracaju, Barra dos
Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, conforme Lei Complementar Estadual nº 25,
Sergipe, 1995).
Para a apuração do ACC, foi definido: 1) Encargos sociais diretos, calculados com base na
remuneração do segurado, que foi de 2,70% dos encargos e 8,0% do FGTS conforme Lei n.
5899,73 (Brasil, 1973), Decreto n. 73626, 74 (Brasil, 1974) e Lei n. 13467
(Brasil, 2017); 2) A contribuição previdenciária rural, determinada com base na receita bruta
(1,50%) de acordo com o artigo 14 da Lei nº 13.606, de 2018 (Brasil, 2018); 3) Encargos
financeiros obtidos considerando a taxa de juros de 4,6% ao ano sobre o valor médio (R$
3.510,82/ha considerando uma produtividade média de 8 a 10 t/h), previstos em operações de
empréstimo pelas agências bancárias via PRONAF B – (Nacional Programa de Fortalecimento da
Agricultura Familiar) Custeio (custeio para valores de 20 a 250 mil reais por safra) para cultivo de
milho verde na região do experimento na safra 2018/2019; 4) Despesas com assistência técnica,
que foram 4,0% acima do valor médio (R$ 3.510,82 / ha) prestado nas operações de empréstimo,
correspondente à taxa de assistência técnica e extensão rural -ATER (2,0%); e;
Para o cálculo das despesas não operacionais não foi considerada a depreciação de máquinas
e equipamentos conforme descrito em Galeano & Ventura (2018), Oliveira Neto et al. (2008) e
Silva (2016), pois optou-se por utilizar o aluguel das máquinas, bem como os custos relacionados
ao transporte e colheita das espigas de milho verde, pois esses desembolsos são obrigações do
comprador, conforme prática na área de estudo. No entanto, o custo da análise de solo foi
incluído para determinar a recomendação de adubação e calagem, visando a sustentabilidade
ambiental.
Para avaliação da rentabilidade e retorno, foram utilizados os seguintes indicadores:
a) Receita bruta (GR) (Martin et al., 1998):
GR = Y x UP (1)
Onde, Y = rendimento da atividade por unidade de área; e UP = preço unitário do produto da atividade (o
preço unitário foi determinado pelo valor médio de comercialização das 100 espigas de milho verde de 2016
a 2018, fornecido pela EMDAGRO (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe, 2018). b) Lucro
operacional (OP) (Lazzarini Neto, 1995):
OP = GR - TOC (2)
OP
PM = X100 (3)
GR
sumário
PLP =
ACIMA
(4)
sumário
TLP = (5)
relações públicas
variância (ANOVA), com as médias dos tratamentos desdobradas e comparadas pelo teste de
Tukey a 5,0% de probabilidade com auxílio do software STATA® (Statacorp, 2017).
3 Resultados e discussão
3.1 Produtividade
tabela 1–Produtividade média do milho verde em sucessão a quatro safras anteriores em três
sistemas de manejo do solo em São Cristóvão - SE, a partir do século 16ºpara os 18ºano de cultivo.
Como esperado, o NT apresentou maior número de espigas de milho comerciais (33.898 espigas de
milho), assim como as espigas de milho mais pesadas (10.262 kg. ha-1), diferindo estatisticamente do CT e RT,
que apresentaram redução média de 39,00% do peso das espigas de milho (Tabela 1). Observou-se também
que, no PD, todos os cultivos anteriores conferiram maior produtividade (peso e número) de milho verde,
comparando-se seu desempenho em outros sistemas de manejo do solo. Essa diferença está ligada à
manutenção da qualidade física do solo no NT, possibilitando uma germinação mais uniforme, resultando
assim em um pequeno número de plantas de germinação tardia, que possuem porte reduzido e dificuldade
de captação de luz solar para seu pleno desenvolvimento, onde o desnível é perceptível nas lavouras de
milho, o que resulta em estande de plantas desigual e produtividade prejudicada (Rodrigues, 2013).
Os valores observados neste estudo são inferiores aos identificados por Zárate et al. (2009) (38.000 a
51.000 espigas de milho comercial/ha) na avaliação da produção e rendimento líquido do milho verde de
acordo com a época de amontoa. Essa diferença pode ser decorrente do uso de um híbrido de milho verde
diferente do utilizado neste estudo (agromen2029), bem como as condições edafoclimáticas locais da cultura
(clima quente e temperado, com temperaturas médias de 20ºC, precipitação anual em torno de 1.328 mm,
predominância do clima Cwa segundo Köppen (1948), em um Latossolo Vermelho distrófico, com uma
textura argilosa) que influenciam a produtividade do milho.
Dentre os sistemas de cultivo, o feijão guandu/NT apresentou a maior produtividade (38.368
espigas de milho comercial e 11.246 kg. ha-1), diferindo, portanto, de todos os sistemas de cultivo
CT e RT (Tabela 1). No sistema PD, a matéria orgânica da cobertura do solo dos ciclos anteriores
é incorporada ao solo de forma lenta e gradual, promovendo o aumento do teor de matéria
orgânica do solo (MOS). Há também aumento da atividade microbiana que, juntamente com a
mineralização da MOS, fornece nutrientes às plantas, resultando em melhoria na produtividade
das culturas agrícolas (Alvarenga et al., 2001) conforme observado no estudo. Além disso,
segundo Oliveira et al. (2017) a manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo no NT,
por longos períodos, como é o caso do experimento, tem efeitos benéficos tanto nas
propriedades físicas, como na estrutura e porosidade do solo, quanto na as propriedades
químicas e microbiológicas.
Além disso, o plantio de leguminosas como o feijão-guandu promove o fornecimento de N ao
solo, nutriente requerido em grande quantidade pelas plantas de milho (Collier et al., 2011),
além de produzir uma biomassa rica em P, K e Ca e um sistema radicular profundo e ramificado,
que facilita a ciclagem dos nutrientes disponíveis no solo (Silva, 2016), conservando a MOS
quando associado ao PD, resultando em um sistema de cultivo com produtividade adequada.
Acrescenta-se ainda que o feijão bóer possui um sistema radicular agressivo e profundo,
atuando na quebra de camadas compactadas do solo, apresentando um bom desenvolvimento
em solos mal adubados (Silva, 2016), além de poder crescer em solos com tendência a formar
uma crosta na superfície e apresentam bom potencial de absorção de água e reciclagem de
nutrientes das camadas mais profundas (Farias et al., 2013). Fosu et al.
Os valores das operações mecanizadas, operações manuais, insumos e outros gastos utilizados para
calcular os custos operacionais do milho verde em sucessão às quatro safras anteriores (Milheto, Feijão Boer,
Crotalária e Feijão Caupi) são apresentados na Tabela 2. O Custo Operacional Efetivo (EOC) da produção de
milho verde, desconsiderando o valor da semente das safras anteriores, e considerando apenas o manejo do
solo adotado (NT, RT ou CT), corresponde a R$ 6.779,5/ha, R$ 7.152,41/ha e
mesa 2–Itens do Custo Operacional Efetivo (COE) da produção de milho verde em sucessão a quatro
safras anteriores (Milheto, Feijão Boer, Crotalária e Feijão Caupi) e três manejos de solo
(Semeadura Direta, Plantio Convencional e Plantio Reduzido) em São Cristóvão - SE, 2018.
mesa 2–Contínuo...
Unidade Valor total do solo por
Itens EOC
Unidade de valor sistema de manejo (R$)
medição
R$ NT RT TC
C. ENTRADAS
Essa diferença de resultados pode estar ligada à participação de diferentes itens na avaliação dos custos.
Neste estudo, o gasto com energia elétrica utilizada para irrigação das lavouras, corresponde a 30,0% do
gasto com serviços, aproximando-se dos valores encontrados por Garcia et al. (2012) ao analisar a
produtividade e os resultados econômicos de modalidades de cultivo de milho com forrageiras, em sistema
de plantio direto cuja contribuição para a irrigação foi de aproximadamente 45,0% dos desembolsos para as
operações. Associa-se também a este cenário, a elevada necessidade de mão de obra na cultura do milho
verde, quando comparada a outras culturas.
Em relação ao valor das sementes de plantas anteriores ao milho verde, elas variam de R$
5,26/ha (Milheto) a R$ 687,18/ha (feijão-boer), sendo esta última de custo mais elevado que as
sementes da cultura comercial (R$ 654,64/ha). As safras anteriores a serem utilizadas devem ser
escolhidas considerando a facilidade de aquisição, o custo da semente, a possibilidade de venda
da semente ou do grão, a geração de renda para o produtor e maiores benefícios ao solo. Assim,
o alto custo das sementes torna-se um fator de restrição para sua adoção, uma vez que o
agricultor necessitará de um volume maior de capital para realizar o plantio, justificando a
adoção em situações de comprovado aumento significativo na produtividade e rentabilidade da
lavoura comercial. Resultados semelhantes foram observados por Kappes et al.
Para compor a TOC, além dos itens EOC descritos na Tabela 2, estão os desembolsos do ACC, que são
despesas não operacionais: encargos financeiros, contribuição previdenciária, assistência técnica e encargos
sociais (Tabela 3). O desembolso com Encargos Sociais, embora calculado na folha de pagamento para o
presente estudo, apresentou valores constantes, pois os custos das operações manuais não diferiram entre
os sistemas de cultivo, pois demandaram o mesmo volume de operações e respectivos custos. Da mesma
forma, as despesas com Assistência Técnica e Encargos Financeiros, por serem apuradas sobre o valor médio
pago pelas instituições bancárias pelo cultivo de hortaliças
o milho na região de estudo, (R$ 3.510,82/ha na safra 2018/2019), também apresentou valores
constantes. Vale ressaltar que, apesar de constantes, esses itens têm pesos de participação
diferentes na TOC em função do sistema de cultivo adotado. Das despesas não operacionais,
apenas a Contribuição Previdenciária devida pelo produtor rural foi variável (Tabela 3), pois
depende da receita bruta gerada pela atividade (1,5% sobre a receita bruta).
Tabela 3–Custos e Encargos Administrativos: Despesas não operacionais relacionadas ao milho verde
produção em 12 Sistemas de Cultivo em São Cristóvão - SE, 2018.
O maior COT obtido na produção de milho verde foi proporcionado no manejo CT (R$ 8.184,59
valor médio) independentemente da safra anterior utilizada, e o menor foi obtido no NT (R$
7.689,00 valor médio) (Tabela 4), que foi valor superior ao apresentado pela Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, 2017)
para o cultivo de milho verde (R$ 5.785,42 / ha). Essa diferença (R$ 2.399,17) pode estar
associada aos custos de implantação e condução da lavoura das safras anteriores. Embora o NT
apresente maior custo com herbicidas do que os demais manejos, seu menor custo com calcário
e operações mecanizadas resultam principalmente no CT com maior custo (atrelado a um maior
EOC), quando comparado ao RT (aumento de R$ 201,47 ) e NT (aumento de R$ 495,59).
Resultados diferentes foram encontrados por Kaneko et al. (2010) ao avaliarem o efeito do
manejo do solo e da adubação nitrogenada nos custos de produção e rentabilidade do milho
cultivado sob NT, grade pesada + disco nivelador e escarificador + disco nivelador em Selviria,
Mato Grosso do Sul, onde os menores valores de COT foram encontrados no sistema grade
pesada + nivelamento (forma de preparo reduzida, preparo do solo reduzido).
Tabela 4–Custos operacionais da produção de milho verde em sucessão a quatro safras anteriores e
três sistemas de manejo do solo, São Cristóvão, SE, do século 16ºpara os 18ºano de cultivo.
Total
Solo operacional eficaz % Custo unitário
safra anterior Custo operacional
gerenciamento custo (EOC) (R$) sumário * (R$)
(TOC) (R$)
Convencional Feijão Caupi 7.556,65 92,99 8.126,12 AB 0,33
lavoura feijão-boer 8.064,00 93,74 8.602,38A 0,46
crotalária 7.482,66 92,84 8.059,37B 0,31
Painço 7.382,07 92,85 7.950,47B 0,33
Significar 7.621,35 93.11 8.184,59 a 0,36
Cultivo reduzido Feijão Caupi 7.332,25 92,32 7.942,67B 0,31
feijão-boer 7.839,60 93,23 8.408,46A 0,43
crotalária 7.258,26 92,64 7.835,20B 0,38
Painço 7.157,67 92,40 7.746,15B 0,35
Significar 7.396,95 92,65 7.983,12 b 0,37
FONTE: Elaborado com dados do autor, 2019. NOTA: R$: Reais. * custo de produção da espiga de milho verde comercial. Médias
seguidas de mesma letra maiúscula na vertical não são estatisticamente diferentes a 5,0% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Médias seguidas de mesma letra minúscula na vertical não são estatisticamente diferentes a 5,0% de probabilidade pelo teste de
Tukey.
Tabela 4–Contínuo...
Total
Solo operacional eficaz % Custo unitário
safra anterior Custo operacional
gerenciamento custo (EOC) (R$) sumário * (R$)
(TOC) (R$)
plantio direto Feijão Caupi 6.959,34 91,61 7.597,08 C 0,25
feijão-boer 7.466,69 91,49 8.161,38 AB 0,21
crotalária 6.885,35 91,19 7.550,41 C 0,22
Painço 6.784,76 91.11 7.447,13 C 0,22
Significar 7.024,04 91,35 7.689,00 c 0,32
FONTE: Elaborado com dados do autor, 2019. NOTA: R$: Reais. * custo de produção da espiga de milho verde comercial. Médias
seguidas de mesma letra maiúscula na vertical não são estatisticamente diferentes a 5,0% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Médias seguidas de mesma letra minúscula na vertical não são estatisticamente diferentes a 5,0% de probabilidade pelo teste de
Tukey.
Considerando que o manejo do NT tem o menor custo de produção, que associado ao menor
custo da safra anterior (Milheto: R$ 5,26/ha) (Tabela 2), resultará no sistema de cultivo menos
oneroso (menor COT). Assim, o sistema de cultivo com menor COT foi o Milheto/NT seguido da
Crotalária/NT (Tabela 4). Por outro lado, o manejo de maior custo associado à safra anterior com
maior desembolso por hectare tenderá a ter maior TOC. Como resultado, o feijão guandu/CT foi
o sistema de cultivo mais caro (R$ 8.602,38), seguido do feijão guandu/RT, pois o alto valor da
safra anterior superou a diferença de custo de produção entre os manejos adotados (Tabela 4).
Conforme apontado por Melo et al. (2009), o aspecto do maior dispêndio financeiro
relacionado à mão de obra destaca a grande importância da cultura como atividade geradora de
empregos no meio rural, mostrando a notoriedade social da cultura do milho verde no Nordeste
que abriga aproximadamente 70,0% da estabelecimentos que cultivam milho verde no Brasil
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2017). Por outro lado, Gonçalves et al. (2017)
aponta que o fato de a mão de obra ser o item mais representativo do custo de produção, indica
um baixo investimento em tecnologia para produção, por isso esses sistemas se caracterizam
como de baixo custo. Entretanto, deve-se observar que para o cálculo da participação da mão de
obra na TOC foi considerada a mão de obra do agricultor familiar proprietário ou arrendatário
da terra,
Resultados semelhantes foram encontrados por Zárate et al. (2009) ao avaliar a produção e receita líquida
de milho verde de acordo com a época de amontoa, que identificou a mão de obra como o fator que
produção mais onerada, corroborando com os dados encontrados neste experimento. No entanto,
Kaneko et al. (2010) ao avaliarem o efeito do manejo do solo e da adubação nitrogenada nos custos de
produção e na rentabilidade e retorno do milho cultivado em três diferentes manejos, constataram
que os gastos com fertilizantes foram mais onerosos, correspondendo a 42,0% do COT.
Embora o presente estudo não tenha apresentado os fertilizantes e o calcário como os maiores
contribuintes para o COT (21,0% em média, ocupando a segunda posição), sua participação nos custos é
significativa, indicando uma alta dependência desses insumos no resultado do processo produtivo. O correto
dimensionamento da adubação é possível através da análise do solo, que por sua vez influenciará na
produtividade da lavoura. Apesar de muitas vezes negligenciada, a análise de solo representa um custo
operacional de R$ 250,00/ha (10 amostras/ha (3,0% do TOC) (Tabela 2), assim, este item aparece como um
dos mais importantes, pois permitirá a uso correto de calcário e fertilizantes já que esses itens são a segunda
maior fonte de desembolso nos sistemas de cultivo.Segundo Zhang et al. (2015) o uso de fertilizantes nas
quantidades requeridas pela planta promove seu máximo desenvolvimento e, consequentemente, seu
máximo potencial produtivo. Sobral e cols. (2007) destacam que os solos do Estado de Sergipe são em sua
maioria de fertilidade natural e produtividade reduzida, sendo economicamente viáveis apenas quando o
aporte nutricional é realizado.
Para todos os manejos de solo, quando se utiliza a cultura anterior do feijão boer, a aquisição de
sementes torna-se onerosa, ocupando a quarta posição no NT (8,43%) e no RT e a quinta colocação no
CT (8,17 e 8,00%, respectivamente), em relação a participação na TOC (Tabelas 2 e 4). Nos demais
sistemas de cultivo com as demais culturas anteriores, a semente de milho (8,69%) e a operação
mecanizada (8,04%) ocupam a quarta e quinta posição em maior carga no NT. Em relação ao RT e CT, a
ordem de impacto é inversa com a operação mecanizada respondendo por 13,67 e 16,12%
respectivamente, e o milho em caroço por 8,34 e 8,13% do COT, respectivamente (Tabela 2 e 4). Ao
realizar a análise de correlação para verificar a associação entre as variáveis que compõem o custo da
safra de milho no nível brasileiro com a receita bruta por hectare, Artuzo et ai. (2017) encontraram
forte associação entre o custo total de produção e as variáveis mão de obra, sementes, fertilizantes e
defensivos, corroborando os resultados deste estudo. Aguiar et ai. (2008), em análise econômica de
diferentes tratos culturais na cultura do milho (NT com crotalária eMucuna prurienscomo cultivos
anteriores, PD em pousio e TC), envolvendo diferentes híbridos e doses de N, identificou que os
menores valores foram observados no PD sem uso de plantas de cobertura, seguido do TC, indicando
que a presença de plantas aumenta os custos de produção, como observado neste estudo.
Tabela 5–Receita Bruta, Índices de Rentabilidade e Retorno do milho verde submetidos a quatro
culturas anteriores e três sistemas de manejo do solo, São Cristóvão - SE,
a partir do dia 16ºpara os 18ºano de cultivo.
Convencional Feijão Caupi 10.825,96 CDE 2.699,84 BCD 24,94 aC 18.331 B CD 33,28
lavoura feijão-boer 8.234,91D - 367,47 F - 4,46E 19.406 A 46,31 A
crotalária 11.428,83 CDE 3.369,46 CD 29,48 aC 18.181 B CD 31.26
Painço 10.736,17 CDE 2.785,71 BCD 25,95 aC 17.935 C CD 32,83
Significar 10.306,47b 2.121,88b 18.72b 18.463 a 36.08a
Cultivo reduzido Feijão Caupi 11.390,35 CD 3.447,68 CD 30,27 aC 17.918 AC CD 30,91
feijão-boer 8.619,72 DE 211,27 BF 2,45 DE 18.968 A 43,24 AB
crotalária 9.158,45 DE 1.323,26 BDF 14.45 CDE 17.675 D 37,92 ABC
Painço 9.928,07 DE 2.181,92 BDF CD 21,98 17.474D 34,59 aC
Significar 9.774,15 b 1.791,03 b 16.59b 18.009 b 37.08a
plantio direto Feijão Caupi 13.211,78 aC 5.614,70 aC 42,50 AB 17.138D 25,49 DE
feijão-boer 17.008,56A 8.847,18A 52,02 A 18.411 B 21.27E
crotalária 15.033,21 AB 7.482,79 AB 49,78 A 17.033D 22.26E
Painço 14.853,63 AB 7.406,50 AB 49,86 A 16.800 D 22.23E
Significar 15.026,79 a 7.337,79 a 48,33 a 17.345a 22.92b
FONTE: Elaborado com dados do autor, 2019: PC – Safras anteriores, GR – Receita bruta, OP – Lucro operacional, PM – Margem de
lucro, PLP – Ponto de nivelamento da produção, TLP – Ponto de nivelamento comercial de 100 espigas de milho. Médias seguidas pela
mesma letra maiúscula na vertical não são significativamente diferentes estatisticamente a 5,0% de probabilidade pelo teste de
Tukey. Médias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical não são estatisticamente significantes diferentes a 5,0% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Por se tratar de um solo arenoso, com argila de baixa capacidade de retenção, o aporte nutricional e a
ciclagem de nutrientes da matéria orgânica das safras anteriores desempenham um papel importante na
disponibilidade de nutrientes para o milho, mesmo diante da química adicional fertilização. Assim, a maior
disponibilidade natural de N pela crotalária e pelo feijão-guandu e a menor relação C/N associada aos efeitos
benéficos do NT no solo (biológicos, físicos e químicos) favorecem a produtividade do milho, que quando
associada a uma menor produção custo também promove sua maior lucratividade conforme observado.
Deve-se observar que apenas a rentabilidade não indica a melhor opção de investimento, pois
torna-se necessário avaliar o retorno que o capital investido está efetivamente proporcionando.
Duas fontes de capital foram consideradas no estudo: Capital de terceiros (R$ 3.510,82)
proveniente de financiamento via PRONAF-B, e Capital próprio (R$ 4.441,41 em média). Assim,
deve-se avaliar o retorno proporcionado por cada sistema de cultivo, verificando se há
viabilidade econômica no investimento. Fernandes (2017) destaca que a lucratividade é a “alma
do negócio”, pois sem ela a continuidade da empresa ficará comprometida, pois o objetivo dos
recursos investidos no empreendimento é a obtenção de lucros adicionais, devendo ser sempre
positivos e maior que o retorno proporcionado por outra alternativa de investimento. Portanto,
Seguindo os resultados exibidos para produtividade, GR e OP, o manejo do solo com melhor
PM foi o NT (48,33), diferindo estatisticamente do RT e CT (Tabela 5). Semelhante ao OP, no CT, o
feijão-boer apresentou PM negativo (- 4,46). Em RT, o cultivo do feijão-caupi precedendo a
produção do milho verde foi o que proporcionou o maior IR (30,27), enquanto o menor foi
fornecido pelo feijão-boer (2,45) (Tabela 5).
Para os sistemas de cultivo, o feijão guandu/NT (52,02) foi o mais rentável, embora não apresente
diferença significativa com os demais PPs para esse manejo do solo. A menor rentabilidade foi
apresentada pelo feijão boer/RT (2,45%), não considerando o sistema PM negativo (Tabela 5).
Resultados semelhantes foram encontrados por Kaneko et al. (2010), onde o índice de lucratividade do
milho seguiu a tendência do OP, em que o NT proporcionou os maiores índices de lucratividade; assim
como os resultados obtidos por Santos et al. (2004) que encontraram maior rentabilidade com o NT
quando comparado aos demais manejos.
Destacam-se os PMs apresentados por Milheto/NT (49,86%) e Crotalária/NT, que não diferiram
estatisticamente de Feijão Boer/NT (Tabela 5). Esse desempenho está associado ao baixo COT desses
sistemas de cultivo (Tabela 4), devido ao pequeno valor da semente (Milheto R$ 5,26/ha e crotalária R$
105,85/ha), sendo o menor entre os PP avaliados neste experimento . O milheto tem sido uma das principais
culturas anteriores utilizadas para a produção de palha para o sistema NT no Brasil, devido
ao rápido crescimento, alta produção de fitomassa mesmo em condições de baixa fertilidade e alta
relação C/N, contribuindo assim para a manutenção da palha sob o solo (Pacheco et al., 2009).
Para qualquer atividade, deve-se conhecer também a quantidade de produção necessária para cobrir os
custos, ou o valor comercial mínimo que deve ser praticado para cobrir os custos, ou seja, os Pontos de
Nivelamento. Para o PLP (número de espigas de milho para pagar os custos de produção), são desejáveis
valores menores, pois menos OP será utilizado para cumprir as obrigações. Assim, observou-se menor PLP
no NT (17.345 espigas de milho), diferindo dos demais sistemas de manejo do solo. No CT, RT e NT, os
menores PLP foram fornecidos pelo Millet (Tabela 5). Este comportamento esteve relacionado ao baixo valor
da semente de PPs quando comparada às demais utilizadas neste estudo.
Para os sistemas de cultivo, o Milheto/NT (16.800 espigas de milho) apresentou o menor PLP e o Feijão
Boer/CT (19.406 espigas de milho) o maior (Tabela 5). O sistema Feijão Boer/NT, apesar de apresentar os
maiores OP e PM, não possui o menor PLP, pois está atrelado aos custos do processo produtivo,
apresentando resultados semelhantes aos observados para o GR. Assim, os sistemas com feijão boer são
mais onerosos devido ao custo das sementes (R$ 687,18/ha), exigindo maior produção de espigas de milho
para cumprir suas obrigações financeiras.
Para o TLP, o valor mínimo a ser vendido por 100 espigas de milho, considerando o manejo de solo
adotado foi em média R$ 22,92 no NT; R$ 37,08 no RT e R$ 36,08 no CT (Tabela 5). Resultados
semelhantes foram encontrados por Kaneko et al. (2010), onde o milho produzido no sistema NT
obteve menor TLP, quando comparado a outros tipos de manejo do solo. Em CT e RT, o maior TLP foi
conferido pelo PP Feijão Boer (Tabela 5), e no NT, PP Feijão Caupi foi o que conferiu maior TLP (R$
25,49). Observa-se que esse comportamento está atrelado a uma baixa OP e produtividade conferida
pelo PP ao milho verde, o que acaba ocasionando a necessidade de maior valor de comercialização
das espigas de milho, consequentemente, não gerando prejuízos.
Para os sistemas de cultivo, o feijão-boer conferiu o maior e o menor TLP (Tabela 5). No CT, o
feijão guandu apresentou alto TLP e PLP devido aos danos que esse sistema de cultivo
proporciona nas condições apresentadas neste estudo, decorrente do alto custo do preparo do
solo e do custo das sementes de PP (Tabela 2). Gonçalves e outros. (2017) afirma que o Ponto de
Nivelamento (comercial ou de produção) é o encontro das receitas e despesas equivalentes, não
havendo lucro ou prejuízo. Assim, para evitar que esse sistema gere perdas, seria necessário
negociá-lo por um valor superior ao praticado para o período do estudo, sendo importante
realizar a análise de prováveis cenários de comercialização. Por outro lado, como o feijão bóer/
NT tem uma produtividade elevada (Tabela 1), GR,
Por se tratar de uma cultura hortícola, não há monitoramento contínuo dos dados de produção e
produtividade, faltando informações sobre sistemas de cultivo mais eficientes, bem como custos de
produção e rentabilidade. Os dados utilizados no estudo referem-se a quase 2 décadas de cultivo
contínuo na área, o que permitiu a construção de uma fertilidade que pode ser estudada
economicamente. No entanto, foram utilizados apenas dados econômicos de 3 anos consecutivos de
cultivo, indicando a continuidade do estudo por um período maior de tempo, bem como sua
correlação com as mudanças climáticas.
e o preço médio máximo de mercado (R$ 54,17 por 100 espigas de milho) alcançado pelo milho verde
(2016 a 2018), conforme dados sistematicamente coletados e fornecidos pela EMDAGRO (Empresa de
Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe, 2018).
Como era de se esperar, os maiores custos foram observados no cenário de maior preço de
mercado, pois é este preço que vai determinar a receita gerada. Não foram observadas alterações nos
sistemas que apresentaram maiores e menores custos ou GR (menor custo Milheto/NT seguido de
Crotalária/NT, e os maiores custos em Feijão Boer/CT, seguido de Feijão Boer/RT; Feijão Boer/NT,
seguido pela crotalária/NT o maior GR, enquanto o feijão guandu/CT obteve o menor GR). A maior OP
foi obtida quando o milho foi vendido ao preço máximo e os resultados foram parcialmente
semelhantes aos encontrados para o preço médio: feijão guandu/NT e crotalária/NT apresentaram a
maior OP nos três cenários de comercialização de espigas de milho verde . Para valor máximo de
comercialização, não foi observado dano em nenhum dos tratamentos avaliados. O menor OP foi
observado no sistema feijão-boer/CT,
Para o cenário com valor mínimo de comercialização, o feijão bóer/CT, o feijão bóer/RT e a
crotalária/RT foram os sistemas que causaram perdas financeiras ao agricultor, apresentando um OP
negativo, indicando que os sistemas de cultivo não conseguiram pagar os investimentos feito para a
produção (Figura 1). Essa perda foi causada pela queda na GR dos sistemas, já que a produtividade foi
mantida. Vale ressaltar que resultados semelhantes também foram encontrados para PM, PLP e TLP.
figura 1- Margem de lucro do milho verde submetido a diferentes safras anteriores e sistema de
manejo do solo em cenário de preços máximo, médio e mínimo de comercialização, São Cristóvão -SE,
2018. FONTE: Elaborado com dados dos autores, 2019. NOTA: Preço máximo ( R$ 54,17 -100 milho
espigas). Preço Médio (R$ 44,33 -100 espigas de milho). Preço mínimo (R$ 35,08 -100 espigas de milho).
4. Conclusões
No presente estudo, para a produção de milho verde nas condições edafoclimáticas dos
Tabuleiros Costeiros de Sergipe, conclui-se:
A utilização do preparo convencional associado à safra anterior de Guandu proporciona
maiores custos de produção. Por outro lado, o sistema Plantio Direto associado à safra anterior
de milheto e PD associado à Crotalária proporciona menores custos de produção, seguido do
sistema de cultivo Mínimo com a safra anterior de Guandu.
Os itens que contribuem para o custo de produção do milho verde nos sistemas de cultivo
estudados (Cultivo Convencional, Cultivo Mínimo e Plantio Direto) em escala decrescente são: Mão de
obra, Fertilizantes, Calcário e Energia Elétrica
O sistema plantio direto proporciona uma condição economicamente mais viável quando avaliado pelos
parâmetros: Produtividade, Receita Bruta, Lucro Operacional e Rentabilidade quando comparado ao Plantio
Convencional e Mínimo.
O sistema de preparo convencional associado à safra anterior do Guandu proporciona menores índices
de Produtividade, Lucro Operacional e Rentabilidade com valores negativos.
O sistema Plantio Direto associado à safra anterior do Guandu proporciona maiores índices de Receita
Bruta, Lucro Operacional e Índice de Rentabilidade, sendo esta tecnologia recomendada aos agricultores.
A utilização da associação de culturas anteriores com sistemas de cultivo conservacionista (Semeadura
Direta e Cultivo Mínimo) deve ser avaliada como alternativa para identificar o aumento da produtividade com
redução dos custos de produção, pois é uma expressão confiável, precisa e coerente.
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