TCC Patrícia
TCC Patrícia
TCC Patrícia
SANTANA DO ACARAÚ/CE
2017
ANA PATRICIA CARNEIRO
SANTANA DO ACARAÚ/CE
2017
ANA PATRÍCIA CARNEIRO
BANCA EXAMINADORA
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Este trabalho aborda a importância das atividades lúdicas na Educação Infantil e tem
por objetivo analisar os aspectos históricos que influenciaram a criança e a inserção
da ludicidade no ensino, de caráter bibliográfico mostra a importância do lúdico no
processo de socialização das crianças como também sua importância no processo
ensino e aprendizagem, através dos jogos, dos brinquedos, das brincadeiras.
Diversos autores defendem a utilização do lúdico em sala de aula como um
metodológico para o ensino, com um enfoque nas teorias de Piaget, Vygotsky e outros.
Percebe-se que o lúdico está presente na construção do processo de ensino e
aprendizagem na educação infantil, que é de suma importância, fazendo deste
assunto um fator primordial a ser trabalhado por todos os professores, comunidade,
escola e familiares que tenham a intenção de educar, sabendo que isto não se limita
a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, mas sim ajudar a criança a
tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. Teve como objetivo
geral analisar e refletir sobre a importância da brincadeira para o desenvolvimento
da criança, e destacar como também é importante instrumento para a construção do
conhecimento e está vinculado a uma linguagem natural, que proporciona acesso a
cultura e a troca de conhecimentos num processo de amadurecimento. Discutimos,
ainda, sobre possíveis propostas de atividades lúdicas no espaço da instituição
abordando a faixa etária de 0 a 5 anos. O brincar na Educação Infantil, tem sido
objeto de estudo, sendo sempre levando em conta a grande importância que há em
momentos em que as crianças brincam e assim tem o seu desenvolvimento
cognitivo cada vez mais ampliado. A atividade em que a brincadeira está presente
torna o ambiente da aprendizagem bem mais enriquecedor, pois, o ato de educar
não deve ser restrito à um método de ensino automático e engessado, vai muito
além da transmissão de conhecimento.
This paper discusses the importance of play activities in Early Childhood Education
and aims to analyze the historical aspects that influenced the child and the insertion
of playfulness in teaching, bibliographical character shows the importance of
playfulness in the process of socialization of children as well as your importance in
the teaching and learning process, through games, toys, play. Several authors
advocate the use of playful in the classroom as a methodology for teaching, with a
focus on the theories of Piaget, Vygotsky and others. It is noticed that the playful is
present in the construction of the teaching and learning process in early childhood
education, which is of paramount importance, making this a primary factor to be
worked by all teachers, community, school and family who have the intention of
educating, knowing that this is not limited to passing on information or show only a
path, but rather help the child to become aware of itself, of others and of society.
Aimed to General review and reflect on the importance of the game for the child's
development, and highlight how important instrument for knowledge construction is
and is bound to a natural language, that provides access to culture and the exchange
of knowledge in the process of maturing. We discussed, yet, on possible proposals
for activities within the institution addressing the age group of 0 to 5 years. The play
in early childhood education has been a subject of study, always taking into account
the great importance in times when children play and so has your cognitive
development increasingly expanded. The activity in which the joke is present makes
much more enriching learning environment, because the Act of educating should not
be restricted to an automatic teaching method and put in a cast, goes far beyond the
transmission of knowledge.
Em primeiro lugar a Deus, por ter me dado saúde e força pra superar tudo, a ele
toda honra e glória.
Aos meus pais, Maria do Carmo e Batista, que sempre fizeram de tudo para me
proporcionar o melhor nos meus estudos e na vida.
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 09
1 CONCEITUANDO O LÚDICO...................................................................... 11
1.1 O Lúdico no Contexto Histórico ............................................................ 14
1.2 As Atividades Lúdicas .................................................................................. 17
1.3 Ludicidade de Acordo Com os Estágios da Criança............................19
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................47
REFERÊNCIAS.................................................................................................49
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INTRODUÇÃO
A palavra lúdica vem do latim “ludus”, indica algo que possua a natureza do
brincar. O brincar faz parte do conjunto de ações lúdicas que podem ser
manifestada por meio do jogo ou da brincadeira, com o uso ou não do brinquedo. O
lúdico é a categoria geral na qual os outros conceitos trabalham. A ludicidade faz
parte da vida do homem, ele está sempre descobrindo e aprendendo coisas no meio
em que vive, isso pode ser observado em diversas culturas na história da
humanidade, desde os tempos primitivos, nas pinturas rupestres, nas danças e em
outras manifestações, até os dias atuais. Na atual civilização, a presença da
brincadeira é mais evidente ainda, seja nos esportes, nos jogos, nas danças, no
computador e etc. As várias modalidades lúdicas permaneceram na vida do homem
sendo alteradas ou não e hoje são consideradas de grande importância para o
processo de formação da criança.
Nas escolas o lúdico ainda não tem seu devido investimento. Falta uma
proposta pedagógica que incorpore essa atividade, muitos professores
desconhecem informações a respeito do brincar e do seu papel no desenvolvimento
social, cultural, motor e criativo da criança. Mas não pode-se atribuir a culpa de tal
fato exclusivamente aos professores, a realidade das escolas muitas vezes não
colabora para o desenvolvimento dessas atividades. Muitos destas instituições
simplesmente desconhecem o papel didático ou consideram as brincadeiras uma
perda de tempo.
A brincadeira é muito importante dentro da educação infantil, a criança
aprende melhor quando o professor faz jogos e brincadeiras lúdicas, pois elas
precisam do concreto e o abstrato na sua aprendizagem ou conhecimento. A
educação infantil engloba crianças de 0 e 5 anos, mas geralmente as crianças são
inseridas na pré-escola a partir dos 3 anos e nessa idade a criança começa a
socializar e a ter noção de quem ela é. Por isso durante as brincadeiras lúdicas elas
desenvolvem várias aptidões entre elas estão as linguagens oral e escrita, pois a
criança se relaciona com outras aonde vão aprendendo entre elas. As brincadeiras
dentro da educação infantil é um momento privilegiado de interação entre as
crianças, pois elas socializam-se em grupo.
As brincadeiras têm na proposta pedagógica, o objetivo de permitir a vivencia
no concreto do conteúdo que está sendo trabalhado ou será trabalhado no abstrato,
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para que eles assimilem o que terão que fazer nas atividades, depois do concreto
poderem realizar a atividade, pois assim o aprendizado da criança será mais
significativo.
Este trabalho tem por objetivo conceituar e demonstrar a importância do
lúdico na educação infantil, sendo elementos facilitadores na aprendizagem da
criança desenvolvendo suas habilidades de forma prazerosa por meio de jogos e
brincadeiras, pois através do lúdico a criança revela o seu verdadeiro sentimento e
desenvolve seus esquemas corporais, mostrando também sua importância
metodológica para o educador. Visa analisar por meio de referenciais teóricos como
se dá a importância de inserir o lúdico no desenvolvimento e aprendizagem na
Educação Infantil, pois é um processo de mediação entre a criança e a realidade.
Focamos as análises nos conceitos de alguns autores como Piaget (1975) e Lev
Vygotsky (1998), visando as principais contribuições Paulo Nunes Almeida (2000)
sobre o tema.
O tema “A Importância de Inserir o Lúdico na Educação Infantil” surgiu devido
ao valor do lúdico nas escolas de Educação Infantil e embora seja um tema bastante
discutido, ele ainda é subestimado por alguns profissionais que não conhecem à
fundo a importância da ludicidade no processo de formação das crianças. É preciso
inserir no corpo docente os conceitos já discutidos por muitos estudiosos e permitir
que os alunos possam aprender interagindo com as demais crianças, usando a
imaginação e a criatividade.
A justificativa para desenvolver este projeto é que o mesmo vem esclarecer
que o brincar faz parte do desenvolvimento da criança durante a infância,
estimulando a escola a resgatar brincadeiras que possam desenvolver a
aprendizagem de forma atrativa, instigando a coordenação motora, o raciocínio, a
criatividade e a imaginação dos alunos. Propor um espaço para brincar e conviver
com os outros, que envolvam ações estruturantes para o bem estar das crianças.
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1 CONCEITUANDO O LÚDICO.
exatamente seriam suas origens. Toda essa herança cultural e educacional deve ser
utilizada para o aprendizado universal de nossos alunos.
Os índios sempre ensinam seus filhos a caçar, pescar, brincar e dançar
fazendo valer seus costumes. Essa é uma maneira lúdica de aprendizado e que
representa a cultura, a educação e a tradição de seus povos. As crianças das
aldeias constroem seus próprios brinquedos com materiais extraídos da natureza;
caçam e pescam com o olhar diferente dos adultos e seus objetivos são sempre o
de brincar e se divertir sem que de fato o façam para sua real necessidade de
sobrevivência.
Os costumes trazidos pelos negros são semelhante aos dos índios, desde
criança é necessário saber pescar, nadar, caçar e construir seus próprios
brinquedos. Cultura, educação e tradição desenvolvidas de forma criativa, lúdica, e
que ao mesmo tempo satisfazia suas reais necessidades de sobrevivência.
As crianças portuguesas quando vieram para o Brasil tinham seus contatos
com a ludicidade como ato de lazer e como forma de enriquecimento intelectual e
não atos para a sobrevivência. Seus costumes, trazidos de Portugal, eram
totalmente diferentes dos existentes no Brasil dos índios e dos trazidos pelos
negros, em suas bagagens, nos navios negreiros da África até aqui.
O uso de jogos para o ensino teve início com os jesuítas no século XIV, mas
não se perpetuou, pois em meados de 1758 os jesuítas foram expulsos e o Brasil
ficou sem nenhum sistema organizado de ensino. No século XX, tivemos algumas
propostas pedagógicas novas, ajudando a estruturar um novo olhar para o ensino,
além do Positivismo e o Tecnicismo do Ensino de Ciências. Nas primeiras décadas
do século XX, o aprender fazendo pesquisa investigatória, o método da
redescoberta, os métodos de solução de problemas como também as feiras e clubes
de ciências foram as grandes mudanças ocorridas para um ensino que até então
não tinha essa preocupação.
O fim da Primeira Republica na década de 30, se tornou um dos movimentos
mais importantes para a educação brasileira. O papel da educação foi valorizado por
todos. Foi então criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, tendo Francisco
Campos, o primeiro Ministro da Educação. Passaram a discutir várias metodologias
de ensino e a estudar a psicologia de desenvolvimento do conhecimento da criança,
além de como fazer para avaliá-las de maneira diferente da até então aplicada pelos
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outros.
O jogo simbólico ou de faz-de-conta, particularmente, é ferramenta para
criação da fantasia, necessária a leituras não convencionais do mundo. Abre
caminho para autonomia, a criatividade, a exploração de significados e sentidos.
Atua também sobra a capacidade da criança de imaginar e representar outras
formas de expressão.
Há uma simbologia presente nas atividades lúdicas realizadas pelas
crianças, mas que lhes trazem alguns significados, e que muitas vezes
representam situações do seu cotidiano. Podemos observar nas brincadeiras de
faz-de-conta, as crianças desempenhando papéis sociais da vida cotidiana dela.
Por exemplo, se tornam mães, médicos ou professoras e notamos que elas
reproduzem o comportamento apresentado pelos papéis que desempenham nas
brincadeiras. Nestas brincadeiras as crianças elaboram conflitos que têm com os
adultos que se relacionam com ela. Percebe-se que as crianças desempenham
seus papéis nas brincadeiras conforme ocorre em situações de sua vida real,
porém, muitas vezes recreando os desfechos das histórias de formas diferentes.
Kishimoto (2002, p.29) deu as seguintes definições: “o brinquedo como um
objeto suporte da brincadeira; brincadeira como a descrição de uma conduta
estruturada com regras, e jogo para designar tanto o objeto como as regras do jogo
da criança.” A partir disso, deve-se levar em consideração o fato de que a criança
pode e deve brincar sem a presença de um brinquedo, podendo simular ambientes,
condições, situações diferentes.
Através de atividades lúdicas e exploratórias, a criança toma conhecimento
do mundo a sua volta, onde tudo tem seu valor, sejam as atividades linguísticas
primárias: ouvir e falar, sejam as atividades linguísticas fundamentais: jogos verbais
e leituras nos textos, nas histórias ou na poesia, como também dramatizações, coro
falado e leituras teatralizadas. É brincando que a criança executa suas novas
descobertas e pratica sua imaginação, ao mesmo tempo em que exercita seus
músculos, descobre e constrói os mecanismos lógicos.
Vygotsky foi um dos pensadores que desenvolveu uma teoria sobre o
tema, ele buscou compreender a origem e o desenvolvimento dos processos
psicológicos ao longo da história da humanidade de acordo com a individualidade
de cada sujeito, levando sempre em conta o meio cultural no qual está imerso. Ele
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criança.
A brincadeira é uma linguagem natural das crianças, além de estimulá-las e
incentivá-las ao aprendizado. A brincadeira pode ser tanto coletiva quanto
individual. Nas brincadeiras com a existência regras, mantém-se seu caráter lúdico,
pois a criança pode mudar algumas coisas, pode acrescentar regras ou modificá-
las, então as regras são extremamente importantes.
Os jogos servem para as crianças se apropriarem de conhecimentos
importantes, além de auxiliar na autonomia, na socialização e na interação entre
elas.
Aos 03 anos: Aprende a vestir-se e despir-se sozinho; anda sobre a ponta dos pés;
realiza tarefas simples; anda de bicicleta com três rodas; é capaz de comer sozinha
com uma colher ou um garfo; copia figuras geométricas simples; anda para trás
puxando um carrinho; agarra uma bola jogada a 1 metro; constrói uma torre com
nove cubos ou mais; sobe e desce escada alternando os pés; lava e seca as mãos
por conta própria; desabotoa botões.
Aos 04 anos: Salta, balança-se, desce sem apoio alternando os pés; atividade
motora com maior controle dos movimentos; consegue escovar os dentes, pentear-
se e vestir-se com pouca ajuda; usa uma tesour; rápido desenvolvimento muscular;
faz bolinha de papel com a mão dominante.
Aos 05 anos: Sobe em árvores; agarra uma bola jogada a 2 metros; a preferência
manual está estabelecida; é capaz de se vestir e despir sozinha; copia círculo e um
quadrado.
Já as aquisições cognitivas dessa faixa etária segundo os autores Piaget
(1975); Vigotsky (1998); Batllori (2003), podem ser descritas da seguinte forma:
Aos 03 anos: Desenha uma pessoa com cabeça, tronco e, às vezes, com outras
partes do corpo; reconhece três cores; utiliza bastante à imaginação; início dos jogos
de faz-de-conta e dos jogos de papéis; é bastante curiosa e investigadora.
Aos 04 anos: Desenha um homem com os principais membros; copia um quadrado
ou triângulo; sabe contar nos dedos; pode reconhecer quatro cores; pode apreciar o
tamanho e a forma, distinguir o grosso e o fino, sabe dizer sua idade; manifesta um
grande interesse pela linguagem, falando incessantemente; compreende as
diferenças entre a fantasia e a realidade; começa a compreender que os desenhos e
símbolos podem representar objetos reais; começa a reconhecer padrões entre os
objetos: objetos redondos, objetos macios, animais.
Aos 05 anos: Desenha um homem com cabeça, tronco, membros e mãos, começa
a lateralização; inventa brincadeiras e muda as regras durante a realização; segue
instruções e aceita supervisão; conhece as cores, os números, etc; capacidade para
memorizar histórias e repeti-las; é capaz de agrupar e ordenar objetos tendo em
conta o tamanho (do menor ao maior).
A criança possui suas potencialidades e também necessidades e com as
qualificações profissionais, os educadores poderão aliar o brincar a uma proposta
educativa, estabelecer relações de afeto e atenção que irão transformar a prática
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absoluta na vida das crianças e um sentido funcional e utilitário. Nessa fase ela
imita tudo quer saber de tudo. Adora também atividades onde possa movimentar o
corpo. E a última fase, a operação concreta (6/8 à 11/12 anos aproximadamente), é
a fase escolar onde a criança incorpora os conhecimentos sistematizados, tomará
consciência dos seus atos e despertará para um mundo em cooperação com seus
semelhante.
As escolas que adotam o lúdico tem por finalidade promover a interação
social, o desenvolvimento das habilidades físicas e intelectivas dos alunos, formar a
postura de estudante, levando-o a organizar e preparar seu material, viver em
grupo, trocar ideias, saber ouvir e participar, descobrir coisas novas, participar de
jogos variados de forma ordenada, interiorizar regras do convívio em grupo e
muitas outras habilidades.
O professor pode utilizar o lúdico como instrumentos para prevenir,
diagnosticar, mediar e intervir no desenvolvimento integral da criança, ou até
mesmo do grupo. Para que isso aconteça, é preciso um planejamento de que forma
efetivar esse trabalho pedagógico, aliando o lúdico com uma proposta de
aprendizagem significativa. Nessa vertente, é necessário considerar o brincar em
duas situações: o lúdico no ensino e o lúdico centrado no desenvolvimento
cognitivo e social. O uso de contos, cantigas, poesias e brincadeiras ajudam a criar
situações favoráveis ao desenvolvimento integral da criança, trabalhando os
aspectos cognitivos, físicos, sociais e afetivos.
Algumas brincadeiras estimulam o desenvolvimento integral da criança e
ajudam na aprendizagem infantil, como exemplo: a bolinha de gude, o dominó, o
jogo de boliche, o fazer roupas de boneca, a perfuração de papel, trabalhos com
jornal, recortes, bordados, pinturas, modelagem, papel, revistas, colagens,
desenhos, jogos de quadra, malabarismos, danças, competições, lego, bambolê,
blocos lógicos, gato e rato, futebol de botão, oficina de sucatas, peteca,
dobraduras, pega varetas, bingo, maquetes, jogo da velha, cruzadinhas, desafios,
leituras diversificadas, dramatização, fantoches e músicas.
Costa (1991, p. 36) diz que a criança acredita no momento do jogo como
momento da conquista, autodomínio e autonomia de ação e reação, é um contínuo
dinâmico no fazer e refazer das coisas e com sua imaginação e lógica busca uma
realidade própria no ato de jogar.
O jogo é um estímulo ao aprendizado, pois algumas vezes fatores
estabelecem causas que atrapalham a aprendizagem e desenvolvimento do
pensamento da criança: como pouca atenção ao realizar as atividades, o que
provoca na criança contrariedade, diminui o contato com amigos, se afasta das
relações sociais e desenvolve dificuldades de trabalhar em grupo.
Na manipulação dos brinquedos a criança manipula situações com
significados que ela tem de uma determinada sociedade. O brinquedo proporciona a
criança valorização de uma nova construção cultural. A influência indireta dos
brinquedos ocorre na estruturação da cultura lúdica da criança, tanto no nível das
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condutas lúdicas quanto nos dos conteúdos simbólicos. A cultura lúdica está
impregnada de tradições diversas, nela encontra-se brincadeiras tradicionais,
elementos, conteúdos ligados à programação infantil ou à imitação dos colegas ou
dos mais velhos. A cultura lúdica evolui com a criança e é, em parte, determinada
por suas capacidades psicológicas.
A atividade lúdica vem sendo cada vez mais usada como recurso pedagógico.
O professor reconhece sua importância e tem uma postura ativa nas situações de
ensino fazendo com que na aprendizagem de seus alunos a espontaneidade e a
criatividade sejam constantemente estimuladas. A brincadeira é, entre outras coisas,
um meio de a criança viver a cultura que a cerca. Várias razões levam os
educadores a recorrer ao jogo e a utilizá-lo como opção de atividade lúdica e como
recurso no processo ensino-aprendizagem, estimulado o aluno a desenvolver sua
criatividade e não a produtividade.
Nas ações do cotidiano a criança se movimenta, corre, pula, sobe nos objetos
e essas atividades dinâmicas estão ligadas a sua necessidade de experimentar o
seu corpo na construção de sua autonomia. Enquanto brincam as crianças
expressam suas fantasias, desejos e experiências, elas brincam porque gostam de
brincar, a brincadeira é o melhor instrumento para a satisfação das necessidades
que vão surgindo no convívio diário com a realidade.
Para Vygotsky (1998, p. 44), brincadeira é considerada como: Um espaço de
aprendizagem, onde a criança ultrapassa o comportamento cotidiano habitual de sua
idade, onde ela age como se fosse maior do que é, representando simbolicamente o
que mais tarde realizará.
A criança sente necessidade de brincar e jogar e que seja permitida a usar
sua imaginação simbólica, porque esta é o instrumento que fornece meios para elas
assimilarem o real aos seus interesses e desejos. Muito se discute a questão dos
jogos e brincadeiras e sua importância no desenvolvimento da criança. Atualmente,
vários pesquisadores mostram preocupação em compreender este fenômeno
buscando, principalmente, responder questões como: a função que estas atividades
exercem sobre o desenvolvimento infantil; motivos pelos quais a criança deve
brincar; o que a brincadeira proporciona à criança no que diz respeito à
aprendizagem, entre outros.
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Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas
em seu cotidiano, pela imaginação e pelo faz-de-conta. Esta representação do
cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências passadas e novas
possibilidades de interpretações e reproduções do real, de acordo com suas
necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para o processo
de formação do ser.
Vygotsky e Piaget consideram que o desenvolvimento não é linear, mas
evolutivo e, nesse processo, a imaginação se desenvolve. Uma vez que a criança
brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, ela
dificilmente perde esta capacidade. É com a formação de conceitos que se dá a
verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a
formação de conceitos.
A criança aprende ao brincar, pois brincar e jogar geram um espaço para
pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento,
estabelece contatos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve
habilidades, conhecimentos e criatividade. As interações que o brincar e o jogo
oportunizam favorecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a
solidariedade e a empatia, e introduzem, especialmente no compartilhamento de
jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo.
O jogo e a brincadeira são experiências prazerosas. Assim também a
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Quando o professor recorre aos jogos, ele está criando na sala de aula uma
atmosfera de motivação que permite aos alunos participarem ativamente do
processo ensino aprendizagem, assimilando experiências e informações,
incorporando atitudes e valores. Para que a aprendizagem ocorra de forma natural é
necessário respeitar e resgatar o movimento humano, respeitando a bagagem
espontânea de conhecimento da criança. Seu mundo cultural, movimentos, atitudes
lúdicas, criaturas e fantasias.
Os jogos não são apenas para o entretenimento ou para gastar a energia das
crianças, eles ajudam no desenvolvimento intelectual delas e podem contribuir para
o processo de ensino e aprendizagem e na socialização das crianças. Ainda há a
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visão do jogo como uma disputa onde existem ganhadores e perdedores; esta é
uma visão que ainda muitos educadores compartilham, para estes o jogo é um ato
diferente do brincar.
Wallon (2007, p.28), fala que o jogo é importante para desenvolvimento da
personalidade humana e está fortemente ligado a motricidade na ação pedagógica.
Assim ele acredita que jogo é uma atividade livre que potencializa o
desenvolvimento, assim o classifica em:
a) Jogos funcionais- consiste na exploração do corpo através dos sentidos.
Possibilita a evolução da motricidade;
b) Jogos de ficção- configura-se pelo faz-de-conta, e as situações imaginarias, é
neste momento que surgem as imitações de personagens de sua interação social;
c) Jogos de aquisição- acontece deste de muito cedo, é como a criança vai
aprendendo e adquirido conhecimento, noção da vida a partir do que vê e ouve;
d) Jogos de fabricação. Marcados por atividade manual de entretenimento e
improviso a partir de uma ideia pré-existente.
Vygotski acredita que jogo é uma ferramenta eficaz que age no psicológico
das crianças e ajuda no desenvolvimento de estratégia para vida. Ele elege a
situação imaginária como um dos elementos fundamentais dos jogos.
O jogo não pode ser considerado apenas como uma forma de divertimento,
principalmente por pessoas que lidam com crianças da educação infantil. São meios
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual, proporcionam a relação
entre parceiros e grupos. O jogo é uma atividade física ou mental organizada por um
sistema de regras, através dessa interação a criança terá acesso à cultura, dos
valores e aos conhecimentos criados pelo homem.
jogo e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são
conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico da
ação-real e moralidade
Portanto não se pode definir o brinquedo apenas como instrumento que confere
sensação de prazer às crianças, e esquecer-se de uma de suas funções primordiais,
que é a de colaborar com o desenvolvimento intelectual das mesmas, nesse sentido
Vygotsky afirma que:
No entanto, enquanto o prazer não pode ser visto como uma característica
definidora do brinquedo, parece-me que as teorias que ignoram o fato de
que o brinquedo preenche necessidades da criança, nada mais são do que
uma intelectualização pedante da atividade de brincar. Referindo-se ao
desenvolvimento da criança em termos mais gerais, muitos teóricos
ignoram, erroneamente, as necessidades das crianças – entendidas em seu
sentido mais amplo, que inclui tudo aquilo que é motivo para a sua ação.
(Vygotsky,1998, p.88)
A importância do brinquedo no desenvolvimento da criança tem sido
demonstrada, na contemporaneidade, pelo crescente número de pesquisas
existentes no campo da educação. Segundo abordagens diversas nas áreas
sociológica, psicológica e pedagógica, estas pesquisas têm como objeto de estudo
entre outros, a influência da cultura na constituição dos brinquedos, a função destes
na construção do psiquismo infantil ou ainda a importância de utilizá-los como
recurso pedagógico, seja no contexto familiar ou em instituições coletivas, como
creches ou pré-escolas. (KISHIMOTO, 2002, p.33).
Kishimoto (2002, p.37) acrescenta que o brinquedo, visto como objeto, é
sempre o suporte da brincadeira e que esta última se constitui na ação que a criança
exerce ao valorizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. No mesmo
sentido, Kishimoto acredita que o brinquedo estimula a inteligência, fazendo com
que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade.
Além destes aspectos, Kishimoto enfatiza que o brinquedo diminui o
sentimento de impotência da criança, pois, ao manipulá-lo, ela cria situações novas,
reconhece outras, compara, experimentam, desenvolve sua imaginação e
habilidades.
Para este autor, o brinquedo, é o suporte do jogo, é o objeto que desperta a
curiosidade, exercita a inteligência, permite a invenção e a imaginação e possibilita
que a criança descubra suas próprias capacidades de apreensão da realidade. Ele
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permite, pois, à criança, testar situações da vida real ao seu nível de compreensão,
sem riscos e com controle próprio.
Assim, pode se considerar que o brinquedo possui papel fundamental no
desenvolvimento do ser humano, criando sentimento de satisfação, felicidade,
desperta a curiosidade e estimula a criatividade.
Os brinquedos são convites para a interação; portanto, devem merecer nossa
atenção especial. Eles podem seduzir, disseminar ideologias, introduzir bons ou
maus hábitos e desenvolver habilidades. Certamente os brinquedos também podem
ser ótimos recursos pedagógicos.
Os brinquedos são simultaneamente meio de brincar e instrumentos da
inteligência e da atividade lúdica. Constituem-se como um reflexo das gerações
passadas, dos parâmetros culturais desenvolvidos ao longo do tempo pelas
diferentes realidades socioeconômicas. Portanto, é no brinquedo que a criança
aprende a agir, constrói seus primeiros conceitos, substituindo o que é real pelo
lúdico, tudo inserido em um processo que envolve fatores como sensibilidade,
percepção, atividades e interação.
o que permite que represente um objeto ausente ou um evento não percebido por
meio de símbolos. Ela já começa a compreender e estabelece algumas relações
observadas no mundo que a rodeia que dizem respeito aos outros e também aos
próprios objetos. Neste período, grande é o avanço da criança. Os símbolos e as
representações lhe dão margem para compreender diferentes situações.
A criança começa primeiro, a usar símbolos que têm importância para ela.
Depois, passa a utilizar símbolos para que algumas pessoas possam compreender o
que quer transmitir. Neste período, ela já não brinca mais isolada, como no período
anterior. A criança já atua no jogo simbólico: é o jogo do “faz-de-conta”, em que tem
a oportunidade de compreender melhor a realidade. Ela passa a representar, a
mostrar sua emoção e seus desejos através da representação.
E a linguagem a manifestação mais clara da função simbólica, embora ela
apareça bem mais tarde. Quando se fala em comunicação, esta não está ligada
somente à fala, mas também à linguagem corporal, através da qual a criança pode
representar diferentes situações, usando seu próprio corpo (gestos, mímicas,
dramatizações, imitações).
Outra característica básica que é destacada neste período é o egocentrismo.
A criança tem o “eu” como único sistema de referência. Ela se considera o centro do
mundo, pois não tem a capacidade de se colocar no lugar do outro. Acredita que
todos pensam as mesmas coisas que ela e que todos pensam como ela. Para a
criança egocêntrica, o seu pensamento é sempre lógico e correto. Ela não reflete e
nem questiona seus próprios pensamentos. O egocentrismo, apesar de ser uma
característica do pensamento pré-operacional, está sempre presente no
desenvolvimento cognitivo, tomando diferentes formas nos diferentes estágios.
A criança não é capaz de acompanhar a transformação pela qual um estado
transforma-se em outro. Ela é capaz apenas de reproduzir as posições iniciais e
finais e não consegue integrar uma série de eventos que ocorrem, não consegue
reconstruir a transformação. Também está presente no pensamento infantil pré-
operacional a centração. Ela ocorre quando a criança é capaz de fixar sua atenção
apenas sobre um número limitado de aspectos de um evento. A criança age movida
pela percepção e somente com o tempo ela será capaz de descentrar e avaliar os
eventos perceptuais de forma coordenada com os conhecimentos.
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Percebe-se, assim, que a criança, nestes dois estágios que cobrem a idade
pré-escolar (o sensório-motor e o pré-operacional) vai progressivamente se
desenvolvendo e construindo, na interação com o meio, as estruturas cognitivas que
lhe permitirão conhecer o mundo que a circunda, as pessoas e os objetos que fazem
parte dele e, o que é muito mais importante, estabelecer as relações que lhe
permitirão entender esse mundo em suas múltiplas dimensões.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS.
ALMEIDA, Paulo N. Educação lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. 10. ed. São
Paulo: Loyola, 2000.
SANTOS, Santa Marli Pires dos Santos (org.). Brinquedoteca: a criança, o adulto
e o lúdico. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.