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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DO ESTADO DE

SÃO PAULO
MILLENE DE ALMEIDA PIRES

A BRINQUEDOTECA COMO AUXÍLIO DE APRENDIZAGEM


NA EDUCAÇÃO INFANTIL

CRUZEIRO-SP
2024
MILLENE DE ALMEIDA PIRES

A BRINQUEDOTECA COMO AUXÍLIO DE APRENDIZAGEM


NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Pedagogia da
Faculdade de Ciências Humanas do
Estado de São Paulo, em cumprimento à
exigência parcial para obtenção do título
de Bacharela em Pedagogia, sob
orientação da Prof.ª Me. Luciene Capucho
Rodrigues.

CRUZEIRO-SP
2024
MILLENE DE ALMEIDA PIRES

A BRINQUEDOTECA COMO AUXÍLIO DE APRENDIZAGEM


NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em ___ de ____ de 2024, como requisito


parcial para a obtenção do título de Bacharela em Pedagogia da Faculdade de
Ciências Humanas do Estado de São Paulo, pelos professores:

Banca Examinadora:

_______________________________________________________
Prof. Esp.

_______________________________________________________
Prof. Esp.

_______________________________________________________
Prof. Esp.

_______________________________________________________
Orientadora: Prof.ª Me. Luciene Capucho Rodrigues

CRUZEIRO – SP
2024
A minha família pelo carinho, aos meus
amigos pelo companheirismo e a meus
mestres pela paciência e sabedoria.
AGRADECIMENTOS

À Deus, inteligência suprema, pelo dom da vida e pelos constantes desafios.

À minha orientadora Prof.ª Me. Luciene Capucho Rodrigues, pela paciência,


orientação, apoio e atenção que me ajudaram a concluir este trabalho.

À Faculdade de Ciências Humanas do Estado de São Paulo e à Diretora Prof.ª.


Rosana Lucas de Souza Carvalho, pelas inúmeras oportunidades concedidas.

Aos demais professores, pela amizade, abraços e conhecimentos compartilhados.

A todos que torceram por mim, a minha eterna gratidão.


“Muitos definem a brinquedoteca, em seu significado único, como ‘Centro de
recreação onde se guardam jogos e brinquedos para uso e empréstimo’. No entanto,
o mero ‘uso’ e ‘empréstimo’ desses jogos e brinquedos não abrangem plenamente
as reais funções desses centros. As brinquedotecas cumprem basicamente uma
função social clara, que nada mais é do que permitir que a criança brinque. Pelo
menos, esse era seu objetivo original, quando a UNESCO, em 1960, lançou a ideia
desses centros como espaços facilitadores do jogo” (ANTUNES, 2014, p. 91).
RESUMO

A presente pesquisa tem como tema a brinquedoteca como auxilio de aprendizagem


na educação infantil. O objetivo geral do trabalho é, por conseguinte, demonstrar como
a brinquedoteca, enquanto o recurso lúdico, pode ser utilizada para sanar a pouca
estimulação de atividades lúdicas por parte dos docentes, evidenciando uma falta de
interesse nas crianças para aprender, bem como a pouca participação em atividades
diárias, distração e apatia. Apresenta-se os princípios que regem a educação infantil;
e investiga como os professores, respaldados pelas políticas de ensino, fazem uso
dos elementos lúdicos em sala de aula. A metodologia utilizada é a pesquisa
bibliográfica. Conclui-se que compreendendo a brincadeira, sua importância passa a
ser fundamental no trabalho proposto à educação infantil. Se a brinquedoteca é
efetivamente uma necessidade de organização infantil, ao mesmo tempo em que é
elemento de interação das crianças com seus colegas e amigos, a escola deverá ser
o espaço facilitador dessa aprendizagem. Com isso, está favorecendo não só o
desenvolvimento da linguagem falada e escrita, mas também contribuindo,
sobremaneira, com a linguagem corporal das crianças, manifestada em seus gestos
espontâneos. Diante desses aspectos positivos, proporcionados nas relações
efetivadas pelas brincadeiras, deve-se dar às atividades que privilegiam o aspecto
lúdico o crédito de recursos de alto valor educativo.

Palavras-chave: Brinquedoteca. Lúdico. Educação. Infantil. Aprendizagem.


Desenvolvimento.
ABSTRACT

The present research has as its theme the toy library as a learning aid in early
childhood education. The general objective of the work is, therefore, to demonstrate
how the toy library, as a playful resource, can be used to remedy the lack of stimulation
of playful activities on the part of teachers, showing a lack of interest in children to
learn, as well as the lack of participation in daily activities, distraction and apathy. It is
intended, therefore, to present the principles that govern early childhood education;
and to investigate how teachers, supported by teaching policies, make use of playful
elements in the classroom. The methodology used is bibliographic research. It is
concluded that understanding the game, its importance becomes fundamental in the
work proposed to early childhood education. If the toy library is effectively a need for
children's organization, at the same time as it is an element of interaction for children
with their colleagues and friends, the school should be the space that facilitates this
learning. With this, it is favoring not only the development of spoken and written
language, but also contributing greatly to the children's body language, manifested in
their spontaneous gestures. In view of these positive aspects, provided in the
relationships effected by the games, activities that privilege the playful aspect should
be given the credit of resources of high educational value.

Keywords: Toy library. Ludic. Child. Education. Learning. Development.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................

1 A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA12

1.1 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL12


1.2 A INCLUSÃO DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL16
1.3 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR X ESPAÇO ESCOLAR18

2 BRINQUEDOTECA.........................................................................................26

2.1 A HISTÓRIA E SURGIMENTO DA BRINQUEDOTECA..................................26


2.2 A BRINQUEDOTECA NO BRASIL..................................................................28
2.3 O CONCEITO DE BRINQUEDOTECA............................................................30

3 BRINQUEDOTECA, EDUCAÇÃO E LUCIDADE............................................34

3.1 3.1 LUDICIDADE E DEFINIÇÕES...................................................................35


3.2 ALGUMAS BRINCADEIRAS QUE CONTRIBUEM PARA O
DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM...........................................................39
........................................................
3.3 BRINQUEDOTECA: POR QUÊ? PARA QUÊ?..........................................................45

CONCLUSÃO............................................................................................................50
REFERÊNCIAS.........................................................................................................52
9

INTRODUÇÃO

O lúdico é uma atividade chave para a formação do indivíduo em relação aos


outros, com a natureza e com si próprio. Uma vez que promove um equilíbrio
estético/moral entre a sua interioridade e o ambiente com o qual interage. Assim
sendo, a atividade lúdica auspicia o desenvolvimento das aptidões, as relações, as
emoções pessoais e predispõe a atenção da criança na motivação, direcionando-a
para a aprendizagem.
Ante ao exposto, as atividades lúdicas realizadas em sala de aula, tornaram-se
uma poderosa ferramenta estratégica que direciona a criança para o alcance de
aprendizados significativos, em ambientes agradáveis, com formas atrativas e
habilidades sustentáveis. Como resultado, originam-se crianças felizes, com
habilidades reforçadas, carinhosas, propensas a trabalhar em sala de aula, curiosas,
criativas, líderes em ambientes que promovam e estendam seu vocabulário, bem
como a convivência e naturalmente voltadas para o convívio familiar.
Em tal conjuntura, a brinquedoteca se faz necessária, uma vez que auxilia no
desenvolvimento da criança na Educação Infantil de maneira recreativa.
Na brinquedoteca a criança tem a liberdade de “aprender brincando”, em um
local que a possibilite oferecer conteúdo pedagógico e, ao mesmo tempo, divertidos,
onde a criança tem total liberdade de instruir-se através de brincadeiras.
À luz da constatação o trabalho teve como tema: “A brinquedoteca como auxilio
de aprendizagem na educação infantil”.
A presente investigação, portanto, partiu do seguinte problema de pesquisa:
Como a brinquedoteca, enquanto o recurso lúdico, pode ser utilizada para sanar a
pouca estimulação de atividades lúdicas por parte dos docentes, evidenciando uma
falta de interesse nas crianças para aprender, bem como a pouca participação em
atividades diárias, distração e apatia?
Aventou-se a hipótese de que a educação infantil é a base para uma
aprendizagem futura e o lúdico é parte fundamental desse processo de socialização,
devendo ser dividido em princípios que regem a educação infantil, tais como:
integração e participação, focando no desenvolvimento das dimensões cognitivas,
comunicativas, afetivas, corporais, estéticas, éticas e espirituais.
Defendeu-se, também, a hipótese de que a atividade lúdica favorece a
autoconfiança nos indivíduos, autonomia e formação de personalidade. Em todas as
10

culturas as atividades devem ser naturais e espontâneas, mas para sua estimulação,
torna-se necessário que os professores criem espaços e momentos adequados para
poder compartilhá-los.
O objetivo geral do trabalho foi, por conseguinte, demonstrar como a
brinquedoteca, enquanto o recurso lúdico, pode ser utilizada para sanar a pouca
estimulação de atividades lúdicas por parte dos docentes, evidenciando uma falta de
interesse nas crianças para aprender, bem como a pouca participação em atividades
diárias, distração e apatia. Pretendeu-se, para tanto, apresentar os princípios que
regem a educação infantil; e investigar como os professores, respaldados pelas
políticas de ensino, fazem uso dos elementos lúdicos em sala de aula.
A relevância da pesquisa possui tripla dimensão: científica, social e pessoal. No
que concerne à contribuição ao conhecimento científico, qualquer estudo que se
preocupe em abordar as atividades lúdicas e a brinquedoteca, ou que ampliem as
abordagens já existentes, é pertinente, pois oferece possibilidades de expressão de
sentimentos e avaliações que os recursos ditos “normais” não permitem.
Em razão das lacunas ainda existentes, em um amplo processo de
desenvolvimento como o profissional docente para a educação, a presente pesquisa
objetiva contribuir para ao conhecimento social dos alunos, dando margens à sua
imaginação e a capacidade criativa enquanto aprendizes.
Como a pesquisadora se emprega na esfera escolar, a pesquisa contribuirá
com informações úteis à educação da mesma, pois a temática possui grande
efetividade pessoal. Tal convicção deve-se ao fato de a pesquisadora encorajar o
intercâmbio de ideias e a discussão crítica sobre o tema, evoluindo assim, também,
em âmbito profissional.
Como metodologia adotou-se a pesquisa bibliográfica. Foi realizada a leitura
crítica, a redação de resumos e paráfrases e a elaboração de fichamentos das obras
pertinentes ao enfrentamento do tema e à comprovação das hipóteses. Além da leitura
de livros pertinentes ao objeto de pesquisa, foram consultados documentos
disponíveis online, devidamente referenciados, para assim, começar a redação dos
capítulos e a conclusão da pesquisa.
Fundamentou-se a pesquisa em: Almeida (2013); Antunes (2014); Baquero
(2008); Barreto (2018); Brougére (2017); Cunha (2011, 2018); Freire (2021);
Friedmann (2016); Gardner (2013); Kishimoto (2013, 2014); Leif (2018); Ortega
(2019); Paiva (2014); Piaget (2003, 2016, 2019); Rodrigues (2020); Santos (2015);
11

Seidlhofer (2011); Tardif, Lessard e Lahaye (2021); Theodoro (2024); Wajskop (2019);
e Wallon (2019) para a fundamentação do conceito, evolução e princípios básicos
sobre educação, a educação infantil e para a temática lúdica.
Estruturalmente o trabalho encontra-se dividido em três partes. O primeiro
capítulo traz uma apresentação histórica da brinquedoteca, bem como sua
contextualização e o panorama atual no Brasil.
O segundo capítulo discorre sobre a educação infantil, fazendo um compilado
legal envolvendo a Lei de Diretrizes Brasileira e a Constituição Federal, do Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil I e II e da Base Nacional Comum
Curricular para a Educação Infantil.
O terceiro capítulo trata da brinquedoteca como auxílio na educação infantil.
Por fim, seguem a conclusão e as referências.
12

1 A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

O presente capítulo visa apresentar a fundamentação teórica de como o brincar


é uma atividade fundamental para o desenvolvimento e aprendizado das crianças, no
início são movimentos corporais simples que, aos poucos, se expandem e se tornam
mais complexos para introduzir outros elementos. Com o tempo, o brincar permite que
a criança desenvolva sua imaginação, explore seu ambiente, expresse sua visão de
mundo, desenvolva sua criatividade e desenvolva habilidades socioemocionais entre
pares e adultos.
Dessa forma, o brincar contribui para seu amadurecimento psicomotor,
cognitivo e físico, também afirma o vínculo afetivo com seus pais e favorece a
socialização. Portanto, o brincar é um dos meios com maior impacto para que as
crianças desenvolvam novas habilidades e conceitos por meio de sua própria
experiência.
Ao longo do capítulo foram utilizadas as obras de Friedmann (2018); Piaget
(2011, 2016, 2017); Teixeira (2015); e Vygotsky (2018).

1.1 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Certas habilidades como dar o primeiro passo, sorrir pela primeira vez e dar
“tchau” são conhecidas como marcos do desenvolvimento. Marcos de
desenvolvimento são aquilo que a maioria das crianças pode fazer em uma certa
idade.
Como as crianças se desenvolvem em seu próprio tempo, essas etapas não
são regras concretas. Não se pode saber exatamente quando uma criança pode
aprender uma nova habilidade.
No entanto, sabe-se que a maioria das crianças aprende habilidades ao longo
de um período de tempo. Por exemplo, a maioria das crianças começa a andar entre
9 e 15 meses (FRIEDMANN, 2018, p. 100).
Esses estágios são úteis para permitir antecipar o desenvolvimento de uma
criança. Com esses marcos, se pode acompanhar como a criança está aprendendo
novas habilidades.
Cada criança é uma pessoa única com seu próprio temperamento, estilo de
aprendizagem, família de origem e padrão de crescimento e tempo. No entanto,
13

existem sequências universais e previsíveis no desenvolvimento que ocorrem durante


os primeiros 9 anos de vida.
À medida que as crianças se desenvolvem, elas precisam de diferentes tipos
de estimulação e interação para exercitar suas habilidades e desenvolver novas.
Em todas as idades, é essencial atender às necessidades básicas de saúde e
nutrição:

Idade o que as crianças fazem O que se precisa


0 a 3 Elas começam a sorrir. Proteção contra danos físicos.
meses Elas seguem pessoas e objetos com os Nutrição apropriada.
olhos. Cuidados de saúde adequados
Elas preferem rostos e cores brilhantes. (vacinação, terapia de reidratação oral,
Elas alcançam, descobrem suas mãos e higiene).
pés. Estimulação de linguagem adequada.
Elas levantam e viram a cabeça na direção Cuidado sensível e atencioso.
do som.
Choram, mas se acalmam se forem
abraçados.
4 a 6 Elas sorriem com frequência. Proteção contra danos físicos.
meses Elas preferem pais e irmãos mais velhos. Nutrição apropriada.
Elas repetem ações com resultados Cuidados de saúde adequados
interessantes. (vacinação, terapia de reidratação oral,
Elas ouvem atentamente, respondem higiene).
quando falam. Estimulação de linguagem
Elas riem, murmuram, imitam sons. adequada.
Elas exploram suas mãos e pés. Cuidado sensível e atencioso.
Os objetos são colocados na boca.
Elas se sentam se segurados. Elas giram.
Elas deslizam. Elas saltam.
Elas tocam objetos sem usar o polegar.
7 a 12 Elas se lembram de eventos simples. Todo o interior. Proteção contra danos
meses Elas se identificam assim como partes do físicos.
corpo, vozes familiares. Nutrição apropriada.
Elas entendem seu próprio nome e outras Cuidados de saúde adequados
palavras comuns. (vacinação, terapia de reidratação oral,
Elas dizem suas primeiras palavras higiene).
significativas. Estimulação de linguagem adequada.
Elas exploram, jogam, agitam objetos. Cuidado sensível e atencioso.
Elas encontram objetos escondidos,
colocam objetos em recipientes.
Elas se sentam sozinhos.
Rastejam, levantam-se, andam.
Elas podem parecer tímidos ou chateados
com estranhos.
1 a 2 Elas imitam as ações dos adultos. Além do acima, suporte para:
anos Elas falam e entendem palavras e ideias. Adquirir habilidades motoras, linguagem e
Gostam de histórias e experimentam pensamento.
objetos. Desenvolvem sua independência.
Elas andam com firmeza, sobem escadas, Aprendem o autocontrole.
correm. Oportunidades para jogar e explorar.
Elas afirmam sua independência, mas Brincam com outras crianças.
preferem pessoas que lhes são familiares. Os cuidados de saúde devem incluir a
Elas reconhecem a propriedade dos purga.
objetos.
Elas desenvolvem amizades.
14

Elas resolvem problemas.


Elas mostram orgulho em suas conquistas.
Elas gostam de ajudar com a lição de casa.
Elas começam a fingir que estão jogando.
2 a 3 1/2 Elas gostam de aprender novas Além do acima, oportunidades para:
anos habilidades. Tomar decisões.
Elas aprendem rapidamente a língua. Participando de brincadeiras teatrais.
Elas estão sempre ativas. Leem livros de complexidade crescente.
Elas ganham controle nas mãos e dedos. Cantam músicas favoritas.
Elas se frustram facilmente. Montam quebra-cabeças simples.
Elas agem mais independentes, mas ainda
dependentes.
Representam cenas familiares.
3 1/2 a 5 Elas têm um período de atenção mais Além do acima, oportunidades para:
anos longo. Desenvolver habilidades motoras finas.
Elas se comportam de maneira tola, Continuam a expandir suas habilidades
barulhenta, podem usar linguagem linguísticas falando, lendo e cantando.
chocante. Aprendem a cooperar ajudando e
Elas falam muito, fazem muitas perguntas. compartilhando.
Querem coisas de adulto, guardam os Experimentam suas habilidades de pré-
projetos de arte. escrita e pré-leitura.
Elas examinam suas habilidades físicas e
bravura com cautela.
Elas revelam seus sentimentos agindo.
Gostam de jogar com os amigos, não
gostam de perder.
Elas compartilham e se revezam às vezes.
5 a 8 Mostra curiosidade sobre as pessoas e Além do acima, oportunidades para:
anos como o mundo funciona cresce. Desenvolver habilidades de leitura e
Elas mostram um interesse crescente por numeramento.
números, letras, leitura e escrita. Participa da resolução de problemas.
Elas se tornam cada vez mais interessados Pratica o trabalho em equipe.
no produto final. Desenvolve senso de autossuficiência.
Elas usam palavras para expressar Questiona e observa.
sentimentos e lidar com as coisas. Adquire habilidades básicas na vida.
Elas gostam de atividades adultas. Frequentar a Educação Básica.
Tornam-se mais abertos, jogam
cooperativamente.
Quadro 1: Fases do desenvolvimento
Fonte: Piaget (2011, p. 33)

Observa-se que os primeiros seis anos de vida de uma criança são


uma espetacular maratona de desenvolvimento, tanto física e cognitivamente, quanto
psicológica e socialmente. As crianças aprendem em grande velocidade e
desenvolvem habilidades motoras, sociais e cognitivas que marcarão sua futura
personalidade.
Piaget (2016, p. 89) relata que as crianças se desenvolvem mais durante os
primeiros 5 anos do que em qualquer outro estágio de
desenvolvimento. Desenvolvimento infantil é um termo que identifica como as
crianças aumentam suas habilidades para fazer coisas mais difíceis. À medida que
crescem, as crianças aprendem e dominam habilidades como falar, pular e amarrar
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os sapatos. Elas também aprenderão a gerenciar suas emoções e formar amizades e


conexões com os outros.
As crianças desenvolvem habilidades em 4 áreas principais:

1. Desenvolvimento cognitivo (Aprendizagem e Pensamento)


É a capacidade da criança de aprender, memorizar, raciocinar e resolver problemas. Um bebê
de dois meses aprende a explorar o ambiente com as mãos e os olhos. Uma criança de três
anos pode classificar objetos por forma e cor.
2. Desenvolvimento social e emocional
É a capacidade da criança de formar relacionamentos. Isso inclui ajudar a si mesmo e gerenciar
suas emoções. - Com seis semanas de idade um bebê sorri. Aos 10 meses de idade, um bebê
gesticula para dizer olá e adeus. Aos cinco anos, ele sabe se revezar nas brincadeiras da
escola.
3 . Desenvolvimento da fala e linguagem
Trata-se da capacidade da criança de compreender e usar a linguagem. Também inclui o uso
de linguagem corporal e gestos para se comunicar. - Um bebê de 12 meses vai dizer suas
primeiras palavras. Uma criança de dois anos vai nomear as partes de seu corpo. Uma criança
de cinco anos pode contar uma história complicada.
Quatro. desenvolvimento físico
Desenvolvimento de habilidades motoras finas
Esta é a capacidade da criança de usar músculos menores, especificamente suas mãos e
dedos. Um bebê de 9 meses usará o dedo e o polegar para pegar um Cheerio. Uma criança de
três anos pode usar uma tesoura para cortar uma folha de papel.
Desenvolvimento das principais habilidades motoras
Esta é a capacidade da criança de usar grandes músculos para sentar, ficar de pé, andar ou
correr. Isso inclui manter o equilíbrio e mudar de posição. Um bebê de seis meses aprende a
sentar com algum apoio. Um bebê de 12 meses aprende a ficar em pé segurando nos
móveis. Um menino de cinco anos aprende a pular. As crianças ganham habilidades de
desenvolvimento com o passar do tempo. Por exemplo, um bebê geralmente engatinha antes
de andar.
Quadro 2: Áreas principais
Fonte: Piaget (2011, p. 33)

Como demonstrado, as fases do desenvolvimento infantil representam os


marcos teóricos do desenvolvimento infantil, alguns dos quais foram reconhecidos
pelas teorias nativistas.
16

Aprender sobre o desenvolvimento infantil envolve estudar padrões de


crescimento e desenvolvimento, a partir dos quais padrões de desenvolvimento
“normal” podem ser delineados.
Os marcadores de desenvolvimento também são chamados de marcos porque
determinam quais padrões de desenvolvimento as crianças devem seguir. Cada
criança se desenvolve de forma única, no entanto, o uso de marcadores ajuda a
entender esses padrões gerais de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que permite
identificar as muitas variações entre os indivíduos.

1.2 A INCLUSÃO DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Atualmente, o brincar livremente vem sendo pouco utilizado nas escolas que
possuem educação infantil e dando lugar ao que já é pronto, seja por falta de interesse
ou de o que deixa o uso do brincar ou das brincadeiras de lado, e até mesmo no
esquecimento.
Para a criança, o brincar dá a ela o poder da imaginação, de tomar decisões,
expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir
ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio
de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar
problemas e criar (TEIXEIRA, 2015, p. 99).
Ao fazer isso, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos,
das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de
variadas linguagens.
É importante entender sobre o que se trata o brincar:

Fala-se da relevância de um tempo no cotidiano das crianças destinado a


brincadeiras de qualidade, em um espaço adequado, com materiais
interessantes para as crianças e que estimulem a criatividade. A mediação
de um adulto, de outras crianças, ou dos próprios objetos que se encontram
a disposição da criança faz a diferença nas brincadeiras. Não basta deixar
brincar, aos adultos é preciso olhar um pouquinho mais para as crianças,
perceber suas necessidades e assim tentar entender e estimular a
brincadeira (VYGOTSKY, 2018, p. 203).
17

A brincadeira como atividade lúdica é de fundamental importância na vida


educacional de uma criança, de forma que possibilita com a comunidade, dando início
a sua aprendizagem.
Nas palavras de Piaget (2011, p. 103) “Cria na criança uma nova forma de
desejos. Ensina-se a desejar, relacionado os seus desejos a um “eu” fictício, ao seu
papel na brincadeira e suas regras”.
Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas pelo
brinquedo, aquisições que no futuro tomar-se-ão seu nível básico de ação e
moralidade.
Por meio da brincadeira a criança adquire habilidades criativas, tendo a
oportunidade no desenvolvimento da aprendizagem na infância lavado para sua vida.
Para Piaget (2016, p. 102) o brincar é levar a sério, uma vez que chama
atenção e concentração. O brincar presume a criança ser o personagem responsável
pela sua imaginação, fantasia e ações.
O brincar é de extrema importância para a criança, através dele, ela desperta
suas emoções, imaginações, criatividade e conquistas.
É necessário que se entenda que para o melhor desenvolvimento da
aprendizagem na Educação Infantil tem-se como principal objetivo chamar a atenção
para a importância dos jogos e brincadeiras.

O lúdico é um caminho eficaz e faz parte do mundo infantil sendo capaz de


transformar a criança e leva-las a relacionar-se com outras. Ao brincar a
criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas,
da natureza e da cultura, para compreende-lo e expressa-lo por meio de
variadas linguagens. Mas é no pleno da imaginação que o brincar se destaca
pela mobilização dos significados (SANTOS, 2017, p. 299).

Assim sendo, ao brincar a criança ganha o dom de explorar o mundo, onde


pode montar sua própria forma de tradução de significados, assim compreendendo-
os e expressando-os com tipos de linguagens diferentes.
Mas é através do imaginário que a criança consegue dar verdadeiros
significados a tudo que descobrem em seu dia a dia, criando assim sua própria forma
de absorção de informações.
18

Dentro da atual conjuntura, não se pode deixar de mencionar o momento atípico


de pandemia mundial com COVID-19 ou Corona Vírus. O que abalou negativamente
a educação, principalmente a educação infantil e a ludicidade.

A presença de aparelhos tecnológicos cada vez mais avançados tem sido


mais presente no cotidiano e na vida das crianças, e por conta do isolamento
e o convívio mais frequente com adultos, tem resultado em mais aparelhos
eletrônicos e menos brincadeiras e faz de conta (PEREIRA, 2022, p. 1).

Percebe-se, então, mudanças culturais cada vez mais fortes nas brincadeiras
infantis, com pouco o interesse das crianças por brincadeiras de faz de conta ou
brincadeiras tradicionais.
Corroborando o acima exposto, os momentos livres das crianças em suas
casas, que geralmente, é onde a criança passa a maior parte do seu dia, tornam
momentos de pouca autonomia, pouca liberdade para brincar, pois, tudo já é
estabelecido pelos personagens das TV ou pelos brinquedos eletrônicos, o que se
agravou ainda mais no momento pandêmico.
O que a escola, enquanto espaço de educação e formação, tiveram que
desempenhar e oferecer às crianças nesse período restrito, foi a possibilidade de viver
plenamente uma infância com brincadeiras criativas.
A criança, na interação com parceiros diversos, busca construir sua identidade
dentro de um clima de segurança, exploração e autonomia. “Não é mera receptora de
imagens elaboradas pela sociedade do consumo, mas alguém que se pergunta sobre
o mundo, alimentando sua autoestima (PEREIRA, 2022, p. 1).
Diante disso, a proposta pedagógica na educação infantil deve priorizar os
aspectos que proporcionem a descoberta e a exploração, considerando o
desenvolvimento social e emocional do aluno.
Deverão ser revistas as relações que a escola estabelece para que seu tempo
seja pleno de sentido desafiador e as relações sejam simultaneamente significativas
e prazerosas, criativas, críticas e inovadoras

1.3 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR X ESPAÇO ESCOLAR


19

Os espaços que se constituem dentro do contexto da educação infantil devem


ser preparados para a criança e principalmente com a criança, respeitando o seu
direito de buscar e construir sua autonomia, sua identidade bem como, o seu próprio
conhecimento.
Já ao educador infantil cabe o papel de alguém que reconhece sua verdadeira
e importante função dentro dos espaços. Por ser mais experiente tem muito a planejar,
intervir, mediar e proporcionar aos seus educandos.
A organização desse espaço físico torna-se um elemento indispensável a ser
observado, deve oferecer um lugar acolhedor e prazeroso para a criança, isto é, um
lugar onde possam brincar, criar e recriar suas brincadeiras, sentindo-se, assim,
estimuladas e independentes.
Piaget (2011, p. 133) diz que diferentes ambientes se constituem dentro de um
espaço: “É nesse espaço físico que a criança consegue estabelecer relações entre o
mundo e as pessoas”.
Nessa dimensão o espaço é entendido como algo conjugado ao ambiente ou
vice-versa.
Vale lembrar que é muito importante esclarecer essa relação de forma linear,
ou seja, algo contínuo, até por que nesse mesmo espaço é possível ter diferentes
ambientes, pois a semelhança entre eles não significa que sejam iguais:

Vale ressaltar que o espaço para criança deve estar organizado de


acordo com sua faixa etária, isto é, propondo desafios cognitivos e
motores que farão avançar no desenvolvimento de suas
potencialidades. O espaço deve estar povoado de objetos que retratem
a cultura e o meio social que a criança está inserida (VYGOTSKY,
2018, p. 203).

Em suma, o espaço reflete cultura das pessoas que nele vivem de muitas
formas e, em um exame cuidadoso, revela até mesmo as camadas distintas dessa
influência cultural.
O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, 1998, vol 1, pag. 21-
22), já dizia que: “as crianças constroem conhecimento a partir das interações que
estabelece com outras pessoas e com o meio em que vivem. As interações que
20

acontecem dentro dos espaços são de grande influência no desenvolvimento e


aprendizagem da criança.
O educador não deve ser visto como figura central do processo de ensino
aprendizagem, mas sim como alguém mais experiente que permite a criança aprender
das formas mais lúdicas possíveis. Nesse interim:

Se faz necessário desconstruir a crença que crianças só aprendem se um


professor ou adulto ensinar, e de que só o professor é detentor do
conhecimento e só ele é responsável pelo desenvolvimento de todas as
potencialidades da criança (FRIEDMANN, 2018, p. 109).

As crianças e todos que usam o espaço são os verdadeiros protagonistas da


sua aprendizagem, na vivencia ativa com outaras pessoas e objetos, que possibilita
descobertas pessoais num espaço onde será realizado um trabalho individualmente
ou em pequenos grupos.
É importante lembrar que desde que a criança nasce ela precisa de espaço que
ofereça liberdade de movimentos, segurança e que acima de tudo possibilite sua
socialização como o mundo e com as pessoas que rodeiam.
Segundo Piaget (2017, p. 200) “O desenvolvimento resulta combinações entre
aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio e que os
esquemas de assimilação vão se modificando progressivamente, considerando os
estágios de desenvolvimento”.
Assim sendo, os ambientes devem ser planejados de forma a satisfazer as
necessidades da criança, isto é, tudo deverá estar acessível à criança, desde objetos
pessoais como também os brinquedos.
O papel do professor de educação infantil no processo de ensino aprendizagem
é o seu compromisso de cuidar e educar diariamente, tendo em vista que:

É ele que conduz o seu trabalho, tomando decisões em relações a seleções


dos objetivos e conteúdos a serem alcançados pelas crianças de acordo com
a faixa etária e suas limitações, assim, como as metodologias, e recursos que
se utilizará para que ocorra a aprendizagem o vínculo afetivo entre professor
é aluno é essencial e estão intimamente ligadas à cognitivas (FRIEDMANN,
2018, p. 143).
21

Para isso é fundamental que o profissional da Educação tenha o domínio do


conteúdo cientifico e uma sólida fundamentação teórica que dê sustentação a sua
prática docente diariamente, o que se adquire por meio da informação.
Através dessas brincadeiras educativas, as crianças transferem para o mesmo,
sua imaginação e, além disso, cria seu imaginário do mundo de faz de conta.
As crianças são capazes de construir a aprendizagem através do brincar,
criando e imaginando situações simbólicas entre o mundo real e o mundo a ser
construído com bases nas suas expectativas e anseios.
Pois é através dessas atividades que se preparam para a vida, assimilando a
cultura do meio que em que vivem se integrando e adaptando-se as condições que o
mundo lhe oferece, respeitando e assumindo seu papel como ser social (TEIXEIRA,
2015, p. 103).
O professor é o mediador nesse processo, é necessário estar atento à idade e
as necessidades de cada faixa etária, para a escolha de materiais adequados e para
que ocorra a aprendizagem criativa e social é necessário o vínculo entre professor e
aluno que juntos trabalharam para que ocorra o ensino-aprendizagem infantil, mas
para isso é essencial que o professor torne esses momentos de aprendizagem ricos
em materiais, propiciando oportunidades prazerosas para a aprendizagem por meio
de jogos e brincadeiras.
Um espaço escolar sem estrutura, sem organização e que não acolhe o aluno
não possibilitará desenvolvimento e aprendizagem de qualidade para as crianças:

A busca pela constituição de um ambiente que proporcione boas experiências


para a criança é imprescindível, pois este exerce papel fundamental no
desenvolvimento das crianças. Deste modo é preciso pensar sobre o
ambiente educativo na Educação Infantil. Por isso é importante refletir sobre
a organização dos espaços educativos (FRIEDMANN, 2018, p. 159).

Outrossim, do ponto de vista das crianças, não importa que a escola seja um
direito, importa que seja agradável, interessante, instigante, que seja um lugar para
onde elas desejem retornar sempre”.
22

As escolas que atendem a Educação Infantil precisam receber atenção especial


dos governantes, dos gestores, professores, pais, funcionários da escola, enfim de
todos aqueles que estão de alguma forma contribuindo para o processo educacional.
Um espaço escolar sem estrutura, sem organização e que não acolhe o aluno
não possibilitará desenvolvimento e aprendizagem de qualidade para as crianças.
A busca pela constituição de um ambiente que proporcione boas experiências
para a criança é imprescindível, pois este exerce papel fundamental no
desenvolvimento das crianças.
Deste modo é preciso pensar sobre o ambiente educativo na educação infantil:

As instituições de Educação Infantil precisam pensar cuidadosamente sobre


os espaços destinados às crianças, já que são espaços detentores de cultura.
É preciso que elas se sintam felizes e seguras na escola. Para que isso seja
possível no planejamento do ambiente se deve levar em consideração o
tamanho do espaço da sala de aula, a área de lazer, a higiene, a iluminação,
a segurança, a climatização, se há espaços para as atividades livres, se é
agradável o visual físico, dentre outros (FRIEDMANN, 2018, p. 162).

Assim sendo, o educador assume papel de extrema importância na mediação


da organização do espaço e em ajudar os alunos no desenvolvimento de suas
atividades.
Para pensar na organização do espaço na educação infantil é essencial pensar
nas crianças e em como aprendem e como o utilizam. Assim para a definição,
planejamento e organização desse espaço, em busca da qualidade, a criança é
imprescindível não só por ser o foco da ação do professor, mas também pelo fato
dessa organização relacionar-se diretamente com a sua aprendizagem e
desenvolvimento (TEIXEIRA, 2015, p. 119).
Já que o espaço não é o mesmo para cada indivíduo, tudo depende de um
contexto geral, depende ainda da subjetividade de cada criança,
Outrossim, a prática pedagógica nas instituições de Educação Infantil, no
cotidiano das crianças, implica a reflexão de que o estabelecimento deve oferecer uma
sequência básica de atividades diárias que são referenciadas pelas necessidades das
crianças.
A brincadeira, uma das atividades mais importantes realizadas nas instituições
infantis, de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
23

(1998), a organização do espaço deve ser feita em cooperação com a criança que
brinca, pois na organização dos brinquedos e espaços a criança já está imprimindo a
sua personalidade, seus desejos e sonhos, mas também reconstruindo em pequena
escala sua representação de mundo.
O brincar se faz importante, tanto em casa como no ambiente escolar.
As instituições de Educação Infantil devem oferecer espaços adequados de
atividades lúdicas:

É na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual


de sua idade, além de seu comportamento diário. A criança vivência uma
experiência no brinquedo como se ela fosse maior do que a realidade, o
brinquedo fornece estrutura básica para mudanças das necessidades e da
consciência da criança (FRIEDMANN, 2018, p. 200).

Assim como o planejamento das aulas deve ser flexível, a organização do


espaço escolar também pode ser. Por isso mesmo, a criança deve expressar seus
desejos quanto a organização do espaço escolar, principalmente com relação ao
mobiliário.
De acordo com Piaget (2016, p. 78), é importante levar em conta que é
conveniente que os espaços e o mobiliário da sala de aula favoreçam o aprendizado
das crianças. De forma que eles estejam ao alcance delas, que sejam adequados à
idade dos alunos, que estejam organizados, higienizados entre outros.
Como normalmente, a sala de aula é o lugar onde as crianças passam a maior
parte do tempo, Piaget (2017, p. 299) destaca que a decoração e a ambientação da
sala de aula são muito importantes e tem uma considerável influência no
comportamento e nas atitudes das crianças e das próprias professoras por isso é
importante revisar e observar minuciosamente a sala de aula, tentando adotar o ponto
de vista das crianças.
As instituições escolares são compostas por profissionais que atuam em
diferentes cargos como: direção, coordenação pedagógica, professores, atendentes
e agentes operacionais, todos têm a importância e a tarefa de ampliar as experiências
às crianças, dando a elas, o acesso e a apropriação de conhecimentos que não são
constituídos espontaneamente pelo ser humano. Assim sendo:
24

As pessoas, que tem a responsabilidade de cuidar/educar crianças nesta


faixa etária, desempenham um papel fundamental no processo de
desenvolvimento infantil, pois servem de interpretes entre elas e o mundo que
as cerca. Ao nomearem objetos, organizarem situações, expressarem
sentimentos, aos adultos estão cooperando para que as crianças
compreendam meio em que vivem e as normas da cultura na qual estão
inseridas. Portanto, os diferentes profissionais envolvidos na Educação
Infantil têm um importante tarefa a cumprir, na tentativa de contribuir para um
desenvolvimento agradável e sadio. São, portanto, mediadores entre eles o
meio (PEREIRA, 2022, p. 1).

O ambiente deve ser visto pelos profissionais e entre as famílias como


acolhedor, onde haja cooperação, respeito às diferenças, explicitação de conflitos,
cooperação, complementação, negociação e procura de soluções e acordos que
devem ser à base das relações entre os profissionais da educação. As crianças devem
se sentir seguras, tranquilas e alegres é importante à equipe propiciar um bom clima
e relações amigáveis no ambiente de trabalho.
Então, é necessário que todos tenham clareza de suas funções dentro da
esfera educativa e mais que isso que tenham em mente a importância das relações
que estabelece com os colegas de trabalho, com os pais, a comunidade e
particularmente com as crianças. O trabalho é coletivo, dinâmico, intencional, todos
são responsáveis pela construção do projeto educacional e do clima institucional.
25

2 BRINQUEDOTECA

Este capítulo apresenta algumas concepções teóricas que fundamentam a


minha pesquisa, tais como os conceitos de brincar, brincadeira, brinquedo, cultura
lúdica, ludicidade, lúdico e jogo. O objetivo é o de explicar sobre os termos que utilizo
no decorrer do texto. Abordar ainda, sobre o direito de brincar assegurado em leis
preocupadas com a infância. Para mostrar como as brinquedotecas começaram a
surgir no contexto histórico, apresento resultados de minha pesquisa sobre as
primeiras brinquedotecas no mundo e, também, no país, enfatizando sobre a
importância do surgimento desses espaços para a sociedade.
A organização da sociedade nos dias atuais reflete em consequências para a
infância. Os espaços para as crianças brincarem estão cada vez mais restritos, seja
pela correria do dia a dia de suas famílias, seja pela violência das cidades. Assim,
parte-se da premissa de que as brinquedotecas podem oferecer uma melhor condição
para a infância, uma vez que favorece a brincadeira infantil e a relação das crianças
com seus pares.
Percebo que o brincar abre possibilidades para a criança se expressar
livremente, construir situações e interpretações, estabelecer relações entre os
brinquedos e os objetos, bem como se relacionar com outras pessoas. É pelo brincar
também que ela se movimenta e explora o mundo.
Rezende (2012, p. 6) compreende a importância do ato de brincar para o
desenvolvimento das crianças, justificando que é através do brincar que elas
apreendem funções e percepções importantíssimas para sua formação,
aprendizagem social e desenvolvimento.
Dessa maneira, o brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança,
pois é a partir disso que ela poderá construir sentidos e obter conhecimento social e
cultural.
Benedet (2017, p. 34) afirma que: “O brincar tem sua importância fundamental
à medida que promove a produção de sentidos, a ressignificação da realidade, por
meio da imaginação, a ação no mundo real e a possibilidade de mudança deste”.
Em relação aos espaços das brinquedotecas, acredita-se que elas têm papel
fundamental na infância, pois podem contribuir e favorecer o brincar. Ramalho (2000,
p. 33) destaca que a brinquedoteca pode oferecer condições para a formação da
personalidade. Para a autora, esse espaço permite maior liberdade para as crianças
26

experimentarem e criarem seus próprios significados ao invés de apenas assimilarem


o que foi criado por outras pessoas.
Benedet (2017, p. 5), em sua pesquisa sobre brinquedoteca na escola, afirma
que:

No Brasil, as primeiras brinquedotecas foram elaboradas e fundadas com


objetivos que, inicialmente, resumiam ao empréstimo de brinquedos e
também para atender crianças excepcionais (termo usado na época, no
entanto, atualmente nos referimos a crianças com deficiência). Ao longo dos
anos conclui que os objetivos desses espaços vão muito além do
simplesmente emprestar brinquedos. O brincar é direito de toda criança,
portanto, dediquei aqui, um espaço para discorrer sobre esse direito social e
humano de toda criança, que é amparado e assegurado por lei, tendo como
referência alguns documentos no âmbito das políticas públicas, tal como o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) (BRASIL,
2001) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) (PETERS,
2009, p. 44).

Vemos crescer os estudos sobre a importância do brincar para os processos


de ensinar e aprender, entendendo essa atividade como uma atividade humana
cultural e histórica por excelência e sua prática como uma necessidade da criança,
objetivação da imaginação e espaço de construção de sentidos - produção da cultura.
Ao longo do capítulo foram utilizadas as obras de Benedet (2017); Cunha
(2014); Kishimoto (2001); Magalhães e Pontes (2002); Marques (2013); Nez e Moreira
(2013); Peters (2009); Ramalho (2000); Ramalho Silva (2004); Rezende (2012); Rosa,
Kravchychyn e Vieira (2010); Santos (1997); Vygotsky (1991, 2008); e Wenner (2011).

2.1 A HISTÓRIA E SURGIMENTO DA BRINQUEDOTECA

Para atribuir maior entendimento aos leitores deste trabalho, explica-se


brevemente o sentido de cada um dos seguintes termos que foram e serão
frequentemente citados: o brincar, a brincadeira, o brinquedo, a cultura lúdica, a
ludicidade, o lúdico e o jogo.
Peters (2009, p. 38) compreende o brincar “como a atividade que envolve essa
multiplicidade de ações lúdicas que dizem respeito ao jogo, ao brinquedo e à
brincadeira”.
27

A autora também define o conceito brincadeira “como resultado da ação que a


criança desempenha ao concretizar e/ou recriar as suas regras, estabelecendo ou não
relação com um objeto, ao entrar na ação lúdica” (PETERS, 2009, p .38).
Para Vygotsky (2008, p. 125): “se a criança está representando o papel de mãe,
então ela obedece às regras de comportamento maternal. O papel que a criança
representa e a relação dela com o objeto (se o objeto tem seu significado modificado)
originar-se-ão sempre das regras”.
Contemplando a ideia do autor, compreende-se que a brincadeira pode ser um
fator favorecedor para que as crianças aprendam e exercitem algumas regras.
Toma-se qualquer brincadeira com situação imaginária. A situação imaginária
em si já contém regras de comportamento, apesar de não ser uma brincadeira que
requeira regras desenvolvidas, formuladas com antecedência. A criança imaginou-se
mãe e fez da boneca o seu bebê. Ela deve comportar-se submetendo-se às regras do
comportamento materno (VIGOTSKI, 2008, p. 27).
Além das regras, Vygotsky (2008, p. 28) destaca a importância da brincadeira
para a imaginação, na infância: “Qualquer brincadeira com situação imaginária é, ao
mesmo tempo, brincadeira com regras e qualquer brincadeira com regras é
brincadeira com situação imaginária”.
A imaginação é aqui compreendida como reconstrução (interna) daquilo que o
indivíduo vivencia. Estão envolvidos nesse processo a memória e a atenção. Trata-
se, portanto, de uma forma da criança construir seu conhecimento sobre o mundo que
o cerca.
Para Vygotsky (1991, p. 106): “A imaginação é um processo psicológico novo
para a criança; representa uma forma especificamente humana de atividade
consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas e está
totalmente ausente em animais”.
O autor considera a brincadeira uma grande fonte de desenvolvimento, onde
há uma ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência
humana. É pelas e nas brincadeiras que as crianças ressignificam o mundo em que
vivem. As relações sociais, culturais e históricas são fundamentais na formação da
inteligência, no desenvolvimento da criança. Durante a brincadeira, a criança cria
situações imaginárias e incorpora elementos do seu meio cultural, amplia sua
linguagem, exercita papéis. Nessa perspectiva, ela constitui-se em fonte profícua de
possibilidades; é como se a criança ensaiasse a vida, pela brincadeira.
28

O brinquedo, por sua vez, é considerado um objeto que dá suporte para as


ações lúdicas da criança, que supõe uma relação íntima com seus participantes e uma
ausência de regras que pré-organizam sua utilização; o que acarreta uma
indeterminação quanto ao seu uso (PETERS, 2009, p. 38).
Para a autora, o termo “cultura lúdica” é o conjunto de códigos e sentidos que
possibilitam a brincadeira. Trata-se de uma combinação complexa entre a observação
da realidade social, os hábitos de brincar e os materiais disponíveis que darão suporte.
Por fim, mas não menos importante define-se ludicidade a partir da palavra
lúdico, que vem do latim ludus, e significa brincar:

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não


pode ser vista como apenas diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico
facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural,
colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil,
facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção
do conhecimento (SANTOS; CRUZ, 1997, p. 12).

Atribuindo sentido aos termos utilizados nesta pesquisa, pretendeu-se deixar o


leitor familiarizado com as concepções teóricas que fundamentam minhas reflexões
acerca do tema de pesquisa aqui proposto.

2.2 A BRINQUEDOTECA NO BRASIL

O Ministério da Educação e Cultura do Brasil (MEC), reconhece a importância


da brincadeira para o desenvolvimento das crianças. Diante disso, regulamentou, no
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que as atividades
em creches e pré-escolas devem envolver a educação, o cuidado e a brincadeira.
Desse modo, consta que:

Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de


maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de
escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou
os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e
independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais
(BRASIL/MEC, 2001, p. 29).
29

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL, 1990) dispõe em seu


décimo sexto artigo o brincar como direito da criança e do adolescente, assim como
no artigo anterior deixa explícito que também tem “[…] direito à liberdade, ao respeito
e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”
(BRASIL, 1990, p. 1).
Nas Diretrizes das Prefeituras Municipais, disponível na Proposta Curricular da
Rede Municipal, a brincadeira é destaque para educação infantil. Esta diretriz, além
de garantir o direito da criança à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao
respeito, à dignidade, à convivência e à interação com outras crianças, ainda garante
o direito à brincadeira. Além disso, o documento afirma que as propostas pedagógicas
devem ter a brincadeira como um dos eixos norteadores (PETERS, 2009, p. 44).
As diretrizes das Prefeituras Municipais não deixam claro sobre o direito de
brincar das crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, mas no processo de
alfabetização no contexto do letramento o documento define “O brincar como um
ponto de ser e estar no mundo” (PETERS, 2009, p. 44).
É fundamental que a brincadeira permaneça fazendo parte da vida da criança
nesse processo de transição entre o período da Educação Infantil ao Ensino
Fundamental.
(PETERS, 2009, p. 44). explicita que na Declaração dos Direitos da Criança
(1959) consta que, para ter uma infância feliz: “A criança deve desfrutar plenamente
de jogos e brincadeiras, os quais deverão estar dirigidos para a educação; a sociedade
e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício desse direito”.
No Estatuto da Criança e do Adolescente (1990, p. 1) este direito também está
expresso: “brincar, praticar esporte e divertir-se” (cap. IV) são reconhecidos como
parte integrante da formação das crianças, que também têm o direito de “ir, vir e estar
nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais”.
Sobre o acesso aos brinquedos, a Associação Internacional de Brinquedotecas
preocupa-se com o direito da criança ao brinquedo. Nos seus congressos há
discussões referentes à luta para proporcionar à criança o direito do brincar com
qualidade e o brinquedo oferecido a ela (CUNHA, 2014, p. 99).
Nesse sentido, tratando-se da especificidade da brincadeira, para Cunha
(2014, p. 80), “São tarefas para a Brinquedoteca: deixar brincar, deixar criar, mais e
30

mais, com vários brinquedos e com muita variedade de materiais, desafiando e


promovendo a inventividade”.
No que se refere à brincadeira, Nez e Moreira (2013, p. 69) indicam que o
Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil destaca que:

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar


progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim,
para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de
grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar
transformam-no em um espaço singular de constituição infantil (NEZ;
MOREIRA, 2013, p. 80).

No Brasil, a brincadeira e o brinquedo nem sempre foram vistos com


importância ou como sendo “coisa séria”. Ramalho (2000, p. 2) afirma que “No Brasil,
o jogo, o brinquedo e a brincadeira começaram a ser encaradas como coisa séria nos
últimos anos”.
Mesmo existindo inúmeras pesquisas que defendem a importância do brincar
e todas as leis que asseguram esse direito às crianças, é importante ressaltar que
faltam espaços institucionalizados para elas brincarem. Além disso, o tempo do brincar
na escola, limitado ao período que ocorre o recreio entre as aulas, pode não ser o
suficiente se pensarmos na importância desse ato para o desenvolvimento da criança.

2.3 O CONCEITO DE BRINQUEDOTECA.

As brinquedotecas estão cada vez mais populares e vêm se destacando na


educação das crianças. Atualmente, estão espalhadas por diversos lugares, como
escolas, creches, universidades, hospitais, centros culturais, lojas, condomínios,
shoppings, entre outros.
Magalhães e Pontes (2012, p. 99) assim como Ramalho (2000), afirmam
que a origem desses espaços estava ligada a fins lucrativos, pois as primeiras
brinquedotecas foram criadas com a finalidade de emprestar brinquedos às crianças,
mas seus objetivos evoluíram conforme as necessidades e a demanda de cada país.
De acordo com Ramalho (2000, p. 91):
31

A primeira brinquedoteca surgiu em 1934, em Los Angeles, nos EUA, quando


o proprietário de uma loja de brinquedos reclamou ao diretor da escola
municipal que as crianças estavam roubando brinquedos de sua loja. O
diretor concluiu que isto estava ocorrendo porque as crianças não tinham
brinquedos para brincar. Assim iniciou-se um trabalho que até hoje existe, em
Los Angeles, que objetiva o empréstimo de brinquedos e que é chamado Los
Angeles Toy Loan. O autor complementa que, em 1963, para estimular o
brincar, a Suécia também inaugurou a sua primeira brinquedoteca em
Estocolmo, organizada por professoras, com o objetivo de orientar e realizar
empréstimo de brinquedos. Em 1967, segundo a França implantou sua
primeira brinquedoteca e no mesmo ano, surgiram na Inglaterra, as primeiras
toy libraries com o principal objetivo de emprestar brinquedos às crianças.
Peters (2009) em pesquisa semelhante, informa que, no Brasil, as primeiras
brinquedotecas estavam vinculadas à Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAEs). Inicialmente, esses espaços, além de estimular e
trabalhar as dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento, utilizava o
brincar como processo de socialização das crianças com necessidades
especiais. Em 1971, por ocasião da inauguração do Centro de Habilitação da
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Paulo,
aconteceu uma exposição de brinquedos pedagógicos”. O interesse
despertado pelo evento foi tão grande que a APAE criou o Setor de Recursos
Pedagógicos para atender o público (PETERS, 2009, p. 27).

Sobre a formação dos profissionais que atuam nesses espaços, a autora afirma
que em 1981, na cidade de Indianópolis, localizada no estado de São Paulo, foi
inaugurada uma brinquedoteca que historicamente tornou-se uma referência nacional
quando se trata de formação de brinquedistas (PETERS, 2009, p. 27).
De acordo com a diretora e pedagoga Cunha, essa instituição “vem trabalhando
em prol da divulgação do brincar, bem como formando brinquedistas e auxiliando na
montagem de brinquedotecas em todo o país” (2014, p. 33).
“Nos países de língua inglesa estes espaços são chamados de ‘Toy-Library’
(biblioteca de brinquedo), nos países de língua francesa ‘Ludothèque’, ‘Lekoteks’ na
Suécia e no Brasil Brinquedoteca ou Ludoteca” (RAMALHO, 2000, p. 90).
É importante ressaltar que nem todas as brincadeiras necessitam de
acompanhamento do adulto, ainda que seja fundamental o olhar do professor no
brincar das crianças. No que diz respeito à formação de brinquedistas, é importante
que o profissional que acompanhe as crianças em suas brincadeiras, saiba aproveitar
esse espaço para criar situações em que as crianças brinquem livremente e que
permita que elas sejam elas mesmas.
No Brasil, a partir da década de 1980, outras brinquedotecas começam a surgir
no país. Ramalho (2000, p. 92) destaca, em sua pesquisa, que, em 1982, surgiu a
primeira brinquedoteca do estado do Rio Grande do Norte, na cidade de Natal. Esse
32

projeto se deu através da iniciativa de uma professora de excepcionais. E, em 1985,


vinculada ao LABRIMP, a Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
inaugura a sua brinquedoteca.
Nez e Moreira (2013, p. 135) afirmam que, inicialmente, essas ideias
despertaram encantamento por se tratar de algo novo, mas que enfrentaram também
dificuldades não somente para conseguir financiamento para sua instalação, mas
também para se impor como espaço educacional reconhecido e valorizado.
Em 1985, fundou-se a Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABB) e, a
partir disso, houve significativas expansões quanto à criação de brinquedotecas no
nosso país. Nesse ano, o Brasil contava com aproximadamente 180 brinquedotecas,
em diferentes Estados, com inúmeras funções:

A Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABB) conceitua brinquedotecas


como espaços mágicos destinados ao brincar das crianças e alerta para o
fato de que não podem ser confundidas com um conjunto de brinquedos ou
depósito de crianças, pois a criação de uma brinquedoteca está sempre
ligada a objetivos específicos tais como sociais, terapêuticos, educacionais,
lazer, etc (RAMALHO; SILVA 2003, p. 3).

Em 1996, a Escola Municipal Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, funda sua


brinquedoteca, através de um projeto com autoria de educadoras. Segundo Ramalho
e Silva (2003, p. 4).
As autoras afirmam ainda que, além das brinquedotecas citadas, outras
também estão marcando a trajetória em prol do desenvolvimento global da criança,
através das propostas e objetivos específicos:

Por exemplo: brinquedoteca da Fundação Catarinense de Educação


Especial/Florianópolis, brinquedoteca da Pastoral da Criança,
brinquedoteca do SESI/IJUÍ, brinquedoteca espelho mágico do
SESC/Alegrete, rede de brinquedotecas da Legião da Boa Vontade (LBV),
brinquedoteca participativa da Prefeitura do Recife e a brinquedoteca
Narizinho do Hospital Municipal Ermelino Matarazzo, em São Paulo,
inaugurada em setembro de 2002. (RAMALHO; SILVA, 2003, p. 4).
33

Para finalizar, percebe-se que, com o passar dos anos, houve aumento
significativo na totalidade de brinquedotecas no país. Isso significa que elas estão
sendo cada vez mais reconhecidas pela sociedade. Além de ser um espaço de grande
importância para o desenvolvimento e crescimento das crianças, a brinquedoteca,
muitas vezes, é um dos únicos locais que a criança terá momentos para brincar de
forma livre e espontânea, compartilhando brinquedos e brincadeiras com seus pares.
34

3 BRINQUEDOTECA, EDUCAÇÃO E LUCIDADE

O presente capítulo visa apresenta como o professor tem procurado inserir no


universo escolar, brincadeiras que aumentem o potencial e a criatividade da criança.
Estimula a curiosidade e o desejo do saber, por meio da brincadeira, exercitando a
capacidade da criança de enfrentar as diversidades do mundo e ao mesmo tempo
permite a construção de novas possibilidades e ações.
A criatividade também está situada no domínio cognitivo, mas exerce uma
influência mais forte sobre o domínio afetivo, e tem relação com a expressão pessoal
e a interpretação de emoções, pensamentos e ideias: é um processo mais importante
do que qualquer produto específico para a criança pequena, como poderemos
constatar (MAGALHÃES; PONTES, 2002, p. 116).
Dentro da educação infantil, há uma série de habilidades que são importantes
e ajudam na aprendizagem. A criatividade é uma delas, no processo do aprender e
de internalizar os conteúdos que foram trabalhados, ela garante o desenvolvimento
da criança. Diante de tamanha importância, os professores devem prover atividades
que visam desenvolver a criatividade com aprendizagem.
Por isso, o papel do professor é de contribuir e estimular o desenvolvimento
para outras habilidades e competências, para despertar a criatividade das crianças na
educação infantil. A escola deve proporcionar um ambiente, para que o professor
possa dedicar-se e explorar novas formas eficientes e simples que estimulem o
processo criativo dos alunos.
As crianças criam e recriam constantemente ideias e imagens que lhes
permitem representar e entender a si mesmas e suas ideias sobre a realidade. Isso
pode ser percebido em suas conversas, desenhos e pinturas, artesanatos, design,
música, dança, teatro e, evidentemente, no brincar. Todos nós podemos ser criativos
dentro de nossas cabeças na maneira de interpretar o que recebemos (BENEDET,
2017, p. 136).
É importante que as crianças tenham essas oportunidades e a liberdade para
expressar a sua criatividade e ao mesmo tempo, precisa estar segura para
compartilhar com demais colegas e professores os seus pensamentos sem medos
de repressões e críticas. A arte, música, teatro, são excelentes formas de encorajar
35

as crianças a exporem as suas ideias em diferentes situações e a serem mais


criativas.
Segundo Ramalho (2000, p. 54): “A criatividade, então, está extremamente
ligada às artes, à linguagem e ao desenvolvimento da representação e dos
simbolismos. O brincar simbólico também tem a relação com ordem e favorece o
desenvolvimento das habilidades de planejamento.”
Por meio da brincadeira, a criança é dotada de capacidades incríveis,
permitindo-se desenvolver e construir novas possibilidades com o material que tem
em suas mãos.
Entre as crianças, é comum observar em suas brincadeiras o faz de conta, em
que, elas representam e vivem ou sentem o que está ocorrendo em grupo ou sozinhas.
É nesse momento “de faz de conta” que a criança usa a imaginação, a percepção, a
memória, a criatividade para representar alguém de seu convívio.
Para isso ela desenvolve as suas habilidades para que a brincadeira aconteça.
“Pode-se dizer que o brincar leva naturalmente à criatividade, porque em todos os
níveis do brincar, as crianças precisam de habilidades e processos que proporcionam
oportunidades de ser criativo” (MARQUES, 2013, p. 45).
A criança por meio do brincar consegue projetar o que é palpável e visível e o
que está pensando ou sentindo, tudo aquilo que representa na sua realidade. Todas
essas situações criam condições, para que a criança consiga entender e aceitar os
desafios que a vida oferece e que muitas das vezes podem ser coisas boas e ruins.
Na verdade, a criança brinca a improvisação e experimentam o seu mundo e
aprende com ele, isso é algo essencial para seu próprio desenvolvimento e
amadurecimento. Por isso, o brincar e o faz de conta é algo muito importante para
trabalhar os seus sentimentos e pode-se dizer que se formula como de uma
autoterapia, que através delas se desenvolvem fisicamente, mentalmente e
socialmente.

3.1 LUDICIDADE E DEFINIÇÕES

A palavra lúdica se origina do latim ludus que significa brincar. Ramalho (2000,
p. 54) traz o seguinte conceito: Feito através de jogos, brincadeiras, atividades
criativas. Que faz referência a jogos ou brinquedos: brincadeiras lúdicas. Divertido;
que tem o divertimento acima de qualquer outro propósito. Que faz alguma coisa
36

simplesmente pelo prazer em fazê-la. (Psicanálise) refere-se à manifestação artística


ou erótica que aparece na idade infantil e se acentua na adolescência aparecendo
sob a forma de jogo.
Toda pessoa passa pela fase da brincadeira, é quando começa a descobrir e
aprender justamente pelo contato com o diferente. O lúdico e a brincadeira fazem com
que no ato de novas brincadeiras haja uma troca e uma interação na qual a criança
acaba apropriando-se do conhecimento. As crianças na infância têm essa
necessidade e desejo de buscar o novo através da brincadeira.
O professor tem a oportunidade por meio do lúdico de promover atividades que
contribuam para o processo de ensino e aprendizagem. É através desses momentos
lúdicos que a criança tem a chance de aprender, interagir, explorar, experimentar e
imitar. Isso faz com que o ensino e aprendizagem se concretizem.
O lúdico concebe um desenvolvimento global com uma visão real do mundo,
onde através das atividades descobre a criatividade, e ela poderá analisar, criticar e
até mesmo expressar o que sente e com isso mudar a sua realidade. A ludicidade
bem aplicada e compreendida de maneira correta vem para contribuir e melhorar o
ensino e oportunizando a criança um olhar crítico, e ensinado dar formas nosvalores,
enfim, melhorar o relacionamento com os colegas (MARQUES, 2013, p. 45).
Por meio do lúdico, a criança cria novas e muitas situações vividas na sua
rotina, ela vai elaborando e fazendo uma combinação de ideias, pelo faz de conta, e
assim ocorre o desenvolvimento, começando através do lúdico, da brincadeira até
chegar a um ponto de realizar tudo sozinha, com alto nível de complexidade. Essas
combinações de ideias acontecem quando juntam todas as experiências que estão
guardadas em suas memórias com as novas experiências, e se reproduz o que quer
isso é um trabalho intelectual, uma atividade de criatividade da criança.
O lúdico é característica marcante do modo como as crianças aprendem:
aprendem enquanto brinca e quanto mais diversificados forem os materiais que
encontrarem na altura de suas mãos e olhos, mais exploração e tateio para as mãos,
os olhos, o ouvido e mais ginástica para o cérebro. A criança é sempre ativa no
processo em que interage com as coisas e aprende, ou seja, a criança aprende
sempre por meio da atividade que realiza junto à educadora, junto a outras crianças
ou sozinha (REZENDE, 2012, p. 48).
Por isso, deve-se ressaltar o lúdico na perspectiva pedagógica, como um
instrumento importante para aprendizagem, no qual a criança satisfaz grande parte de
37

seus interesses, necessidades e desejos, por ser o meio de levar a realidade mais
próxima da criança. Todos os professores devem proporcionar às crianças, os maiores
números de materiais diversificados, para que possam expressar, ordenar,
desorganizar e reconstruir. Isso é possível através do lúdico, momento em que as
crianças são envolvidas nas atividades e conseguem trabalhar, refletir o mundo que
as cerca.
Os jogos são atividades lúdicas, os quais são utilizados como recursos
didáticos, e que muitas das vezes são usados com técnicas inovadoras, as quais são
eficazes para atingir a aprendizagem. Para atender as crianças da educação infantil é
necessário separar por faixa etária, para que o professor consiga identificar quais as
dificuldades, e qual o objetivo que se quer alcançar com tal atividade.
A educação infantil brasileira passou por várias fases de reorganização, com
ajuda da Constituição Federal e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o
compromisso e o respeito com a necessidade educacional da criança, fizeram com
que houvesse um aprimoramento nas formas pedagógicas, e surgissem novas
exigências em relação ao processo de ensino e aprendizagem, visando à formação
pessoal e social, além do conhecimento de mundo (REZENDE, 2012, p. 48).
Com esse novo olhar, surgiram outros recursos didáticos, fazendo com que
aulas se tornassem mais pedagógicas.
Dessa maneira, a educação infantil inclui os jogos como uma brincadeira, mas
uma brincadeira séria, pois com o brincar, os jogos, juntamente à ludicidade,
consistem na pedagogia elaborada, voltada para o construtivismo e o
desenvolvimento criativo e cognitivo da criança (MAGALHÃES; PONTES, 2002, p.
116).
Logo, a estimulação, a variedade, o interesse, a concentração e a motivação
são igualmente proporcionadas pela situação lúdica.
Para Ramalho (2000, p. 54) “no jogo há uma imitação da vida, uma cinética
mimética, a enganar a própria vida. No jogo, ainda que se trate de um jogo de cartas,
é o homem inteiro que jogo, é sua vida que ele vive”.
O mesmo acontececom as crianças quando desenvolve as atividades lúdicas,
quando a criança apresenta algumas dificuldades no dia a dia e não consegue
concluir.
Dessa forma,a criança vai tentando, aperfeiçoando e incluindo em sua rotina,
de repente em um outro momento, com planejamento feito pelo professor, através de
38

outra atividade lúdica, ele acaba conseguindo realizar sem perceber a dificuldade,
após estas experiências em toque de mágica, a criança consegue reorganizar as
ideias que antes não conseguia, e o resultado é a aprendizagem.
É na educação infantil que acontece o desenvolvimento e a organização da
aprendizagem e suas potencialidades. E o jogo contribui para que a criança tenha
maior interesse pelas atividades e desejo de explorar o novo. Dessa maneira, ela vai
adicionando outras habilidades e diminuindo as dificuldades, as crianças vão
descobrindo e aprendendo no meio em que conviveu, observando as semelhanças e
fazendo comparações e apropriando o conhecimento.
Os jogos têm como finalidades mostrar a sua importância pedagógica, pois eles
promovem a aprendizagem.
Ramalho (2000, p. 54) ressalta que “O jogo seria ainda, simultaneamente, uma
fonte de descoberta das leis essenciais e o meio prático de permitir a criança ir em
direção a exteriorização das verdades profundas que possui intuitivamente”, por isso
o desenvolvimento se dá com o tempo, pois a criança vai construindo os seus
conhecimentos aos poucos e assim percebendo o mundo ao seu redor.
Já que a infância e a fase da brincadeira, os jogos podem possibilitar um
ambiente descontraído, motivador, que auxilia na socialização, na construção do
conhecimento moral, já que trabalham o respeito e as regras. Além desses recursos
apresentados anteriormente, pode-se confeccionar os jogos com as crianças, é um
excelente momento para explorar a criatividade e o ganhar e perder, as questões de
consciência ambiental com a utilização dos recicláveis.
Defende-se que o jogo, em seu sentido integral, é o mais eficiente meio
estimulador das inteligências e importantes ferramentas de compreensão de relações
entre significantes (palavras, fotos, desenhos, cores etc.,) e significação (objetos)
(BENEDET, 2017, p. 159).
É importante que os jogos sejam utilizados como instrumentos de apoio para
que as crianças possam construir elementos úteis para reforçar os conteúdos ou fazer
com que a criança chegue ao conhecimento através dos jogos. O lúdico deve estar
presente na sala de aula com a função educativa oportunizando aaprendizagem.
Quando a aprendizagem é construída por meio do lúdico, reflete de maneira
diferente na realidade da criança, pois a criança aprende de uma forma prazerosa e
divertida, sendo estimulada com criatividade, autoconfiança, autonomia e com
curiosidade. Este é o objetivo de provocar através do lúdico e do brincar, uma
39

educação infantil com a intencionalidade clara de garantir a maturação na aquisição


dos conhecimentos e o desenvolvimento da aprendizagem.

3,2 ALGUMAS BRINCADEIRAS QUE CONTRIBUEM PARA O


DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM

A brincadeira às vezes é atribuída como uma diversão ou faz-de-conta, uma


ação de simplesmente brincar. Mas, dentro do ambiente escolar, ela é tratada como
coisa séria, pois é de grande importância para aprendizagem, que surgiu para
beneficiar e garantir o desenvolvimento integral das crianças. Para que tudo isso se
torne realidade, há alguns documentos cujas orientações devem ser seguidas para
melhorar a organização dos planejamentos e das atividades.
Esta estrutura se apoia em uma organização por idades, crianças de zero a três
anos e crianças de quatro a seis anos, e se concretiza em dois âmbitos de
experiencias - Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo - que são
constituídos pelos seguintes eixos de trabalho: Identidade e autonomia, Movimento,
Artes visuais, Música, Linguagem oral e escrita, Natureza e sociedade, e Matemática
(MARQUES, 2013, p. 45).
Tendo em vista a importância da brincadeira na Educação Infantil, e da
interatividade prazerosa, que contribuem para a aprendizagem, são ações
consideradas essenciais para o processo de desenvolvimento da criança. Na
educação infantil, existem inúmeras brincadeiras, as quais podem ser utilizadas como
atividades lúdicas.
Os brinquedos e as brincadeiras para os bebês de zero a dezoito meses são
muito importantes. Segundo Ramalho (2000, p. 54): “O bebê é um ser vulnerável que
precisa de muito carinho, atenção e acolhimento, mas sabe tomar decisões, escolhe o
que quer, gosta de explorar novas situações, é criativo e muito curioso”.
É nesse período, que os bebês apresentam especificidades que devem ser
consideradas no planejamento das brincadeiras.
Os bebês em seus primeiros meses de vida permanecem deitados, outros que
estão com mais idade, já sentam ou engatinham, e logo, em seguida começama
andar. Por isso, dentro do ambiente escolar tudo devem ser organizados e planejado,
de acordo com cada fase e características de cada bebê, pois, os brinquedos, as
40

brincadeiras, são para ampliar suas experiências. Os bebês, mesmo quando


pequenos, já interagem uns com outros, com as crianças maiores e com a professora.
Dentro do espaço planejado, eles se movimentam de acordo com os seus
interesses e as suas necessidades, onde vão explorando os brinquedos e os materiais
que estão disponíveis a eles, utilizando o corpo, a boca, as mãos e os sentidos e
escolhem as coisas que lhes chamam a atenção.
Nesta fase, os bebês devem ser estimulados, e gostam de conversar com a
professora, inicialmente com olhares, gestos, sorrisos e balbucios, depois com a
linguagem oral. Por isso, todos os planejamentos são organizados de acordo com a
fase de desenvolvimento, os brinquedos geralmente ficam na posição correta, na
altura certa, para os ficam deitados ou sentados e para os que engatinham ou andam.
Os brinquedos são organizados de uma maneira que fiquem em evidência, para
valorizar as experiências visuais, motoras e sonoras, e destacam-se, os coloridos,
os sons, para que nada passe despercebido pela criança, um lugar, onde ela pode
explorar, brincar e interagir. As crianças precisam ter as coisas, onde ela possa
alcançar e tocar, pois é por meio das experiências do toque, que ela vai tero controle
da dimensão, da força, da direção e da estética (MARQUES, 2013, p. 45).
A família deve ensinar os valores e a ética, e a escolar como extensão de casa
vai dar continuidade ensinando os valores e o respeito aos amiguinhos, como também
apresentar valores culturais e sociais, que servirão de subsídio para a construção de
um ambiente educativo agradável e de uma sociedade melhor (REZENDE, 2012, p.
48).
Com o crescimento da criança, deve-se inserir outras experimentações mais
complexas, com outros tipos de objetos como: tapetes sensoriais, brinquedos de
bater, de encaixar, de pôr e tirar, de rabiscar e o cesto de tesouro, dentre outros tipos
de brincadeiras, para que então ampliem as suas experiências.
Todas essas práticas vivenciadas na rotina das crianças são importantes, para
que elas posam compreender a relação com os objetos e com o ambiente, e assim
desenvolver o intelecto. Esses momentos, que a criança passa na escola junto ao
professor, gera uma relação afetiva que proporciona segurança ao brincar,e assim
em outros aspectos que são desenvolvidos através do brincar, como o perfil
comportamental, o cognitivo, a coordenação motora e as relações sociais (REZENDE,
2012, p. 48).
41

Os brinquedos e as brincadeiras para crianças a partir de um ano meio aos três


anos e onze meses são relevantes e devem ser avaliados. Para Ramalho (2000, p.
54) é preciso lembrar que cada criança é diferente uma da outra, a idade não é o único
critério para verificar os interesses e necessidades de cada uma. As crianças
continuam gostando dos brinquedos e das brincadeiras que já conhecem, mas
ampliam suas experiências e a complexidade do brincar. Ao completar os dois anos,
as crianças buscam a independência de movimentos, utilizando materiais mais
estruturados para praticar atividades físicas e de manipulação.
Os professores são os grandes norteadores e exercem um papel fundamental,
ao idealizar e organizar as atividades para que as crianças criem e desenvolvam a
autonomia através do brincar. Até os dois anos, as crianças
preferem brincar juntas, dessa forma, os professores podem elaborar
atividades coletivas nas áreas externas, com a sua observação constante, ele deve
também tercomo objetivo, a reorganização das brincadeiras e dos brinquedos, sempre
quando for necessária.
Muitos são os brinquedos que podem ser utilizados em outros ambientes e
em áreas externas, como: o escorregador, a caixa de papelão, caixa do correio para
envio de cartas, locais de estocagem de brinquedos e matérias, colchões, a área da
biblioteca para apreciar livros e revistas, cestos com objetos diversos, enfim, lugares
onde as crianças possam usar a imaginação e se fantasiar e imitar. Há também outros
meios para diversificar o brincar: nas áreas abertas, por exemplo, pode-se construir
diferentes brinquedos, como instrumentos musicais e pedagógicos com o uso de
materiais recicláveis, pode-se desenvolver jogos com bexigas, brincar no parquinho
com tanque de areia, brincar com água, brincar no refeitório com misturas e receitas,
após experimentá-las, trabalhar também na construção de cabanas e túneis, dentre
outros tipos de brincadeiras, que poderão envolver as crianças na reorganização do
ambiente (MAGALHÃES; PONTES, 2002, p. 116).
Segundo Ramalho (2000, p. 54) A partir dos três anos, a criança começa a ter
a consciência de quem é, e aprende a conviver em grupo, e também a fazer
negociações. As crianças já estão dando explicações sobre as coisas que fazem,
falam sobre as experiências vivenciadas com os recursos que utilizaram na
construção de vários objetos que confeccionaram, falam o tempo todoo que fazem,
e o que pensam. Esta fase é caracterizada por elas apresentarem um
desenvolvimento maior na linguagem e terem um maior interesse pelas brincadeiras
42

imaginárias. É normal fazerem grandes construções e dizerem que são personagens,


e fazerem comparações com os blocos construídos.
O professor deve aproveitar este período de desenvolvimento para planejar
atividades e brincadeiras, como o faz-de-conta, e o a construção de objetos para
ampliar as formas de expressões lúdicas. É nesta fase que as crianças estão mais
disponíveis para a aprendizagem e devem ser estimuladas, caminhando para a
construção da identidade, por meio do brincar. De acordo com BRASIL, 1998, a
identidade tem a função de distinguir, marcar as diferenças, sejam elas físicas,
emocionais e comportamentais de cada criança, é um período de conhecimento do
mundo físico, social e matemático.
Segue abaixo, algumas brincadeiras que fazem parte da rotina das crianças da
educação infantil.

Massinha
A massinha de modelar é um recurso simples, mas que as crianças gostam de
brincar, é importante que o professor ofereça, para que ela seja explorada na
educação infantil, sendo mediado pelo educador, tem como objetivo desenvolver a
coordenação motora fina, a criatividade, concentração, oralidade, estimular o
aprendizado da matemática, apresentar e descobrir novas formas, cores, novas
texturas, sensações e movimentos, desenvolvendo também a socialização. Há duas
opções para a massinha, tem a opção pronta, e a outra, quando se prepara junto
com as crianças. Ao confeccionar a massinha que irá usar, a criança demonstra
alegria, pois é um momento de autonomia, desenvolvimento e diversão.
Contação de histórias
As histórias na educação infantil são fundamentais na formação educacional da
criança. Para esta atividade deve haver um planejamento minucioso e diversificado,
fazer uso de recursos e materiais, para entrar no universo das histórias, pensar que
elas devem ser realizadas num ambiente diferenciado, pois se trata de um momento
agradável e mágico, em que a criança vai vivenciar muitas situações, e muitas
vezes, ela vai se identificar com algum personagem. Por ser uma atividade tão
importante na educação infantil, os professores precisam estar atentos para
propiciar a motivação à leitura, a curiosidade, e terem uma certa atenção ao que
43

irão contar, pois são pontos relevantes, que vão ajudar no desenvolvimento
contínuo da linguagem.
Circuito
As brincadeiras no circuito são elaboradas em diferentes estruturas, e
desenvolvidas de acordo com a faixa etária. Esta atividade é uma ótima estratégia
para o desenvolvimento motor, principalmente a atividade muscular, a habilidade, a
agilidade e a mobilidade no processo de locomoção. Ao brincar, a criança constrói
sua identidade, conquista autonomia, aprende a enfrentar os seus medos e suas
limitações e experimenta novos desafios. Este é um momento que melhora o
convívio social e promove a socialização.
Amarelinha
A Amarelinha é uma das brincadeiras antigas e bem conhecida ainda hoje, que pode
ser considerada um jogo, e composta por algumas regras. Ao pularamarelinha, as
crianças aprendem a competir, a colaborar, a combinar, o que pode e o que não
pode durante a partida. Esta é um tipo de brincadeira importante na educação
infantil, para que a criança seja estimulada a desenvolver suas habilidades
intelectuais, o desenvolvimento emocional e motor. Esta é uma atividade que deve
ser adaptada caso as crianças não estejam com a coordenação motora e o equilíbrio
bem desenvolvidos, quanto ao quadro, este deverá ser em tamanho menor, para
facilitar o caminho e fazer com que a atividade não se torne muito difícil, pois pode
causar a desistência da criança e consequentemente a falta de estímulos para
brincar novamente. O importante é que ao brincar, além, do treinamento motor, a
socialização aconteça, é interessante que as crianças trabalhem de maneira
integrada, interagindo umas com as outras.
Bolinhas de sabão
É uma brincadeira que as crianças se divertem muito, são trabalhados os sentidos,
e com o sopro forte ou suave para fazer com que a bolinha solte e flutueno ar,
além de aprender a manusear a base e o líquido utilizado, a criança brinca de
maneira autônoma, e faz com que ela consiga alcançar através da brincadeira
algumas outras competências, a motricidade fina, a coordenação, o equilíbrio e a
criatividade em criar a sua arte.
Brincar de casinha:
44

Esta brincadeira pode ser feita de maneira mais ampla como um projeto, com a
construção de brinquedos e utensílios para compor os móveis, e pode englobar
também as profissões dos membros dessa casa. O faz de conta está presente nesta
atividade, que é extremamente importante para o desenvolvimento da criança.
Pode-se dizer que entre o desenvolvimento do intelecto, a criança consegue a
resolução de problemas, negociações, organizações, criatividades e os
planejamentos. É o momento para transmissão e a retenção de tradições e
costumes familiares e culturais. Já no desenvolvimento físico temos a coordenação
motora e acoordenação espacial. Deve-se ressalta o social, onde se ampliam o
conhecimentoe a visão do seu lugar dentro da família, a cooperação, a partilha, e
como enfrentar os conflitos, enfim, a criança vai conseguir entender os papéis
sociais. Já campo emocional acontece o desenvolvimento da segurança, proteção,
independência e o reconhecimento dos seus sentimentos, a autoestima entre
outros. Esta atividade faz com que as crianças imitam as pessoas pelas quais elas
têm afeto, e utilizam como referência, elas acabam incorporando alguns
personagens na execução dessa brincadeira.
As brincadeiras de roda
Nas brincadeiras de rodas há grandes variedades de músicas, com influências e
tradições diferentes, que são muito bem aceitas pelas crianças. Cada conjunto ou
grupo desenvolve a forma de organizar os movimentos no espaço, numa
situação de integração. A brincadeira proporciona momentos em que são
elaboradas as coreografias, e as cantigas logo são memorizadas durante a
atividade.
Quadro 3: Algumas brincadeiras
Fonte: Rezende (2012, p. 65)

Dessa maneira, destacam-se os recursos e materiais que são comuns e


utilizados nas rotinas da educação infantil, como: a contação de histórias (fábulas e
contos), os fantoches, as canções, a pintura, a modelagem, a construção de objetos,
o manuseio de livros, jornais e revistas, a dramatização, a manipulação e a exploração
de elementos de diferentes texturas, as rasgaduras, os desenhos livres, os números,
o espaço e forma, movimento, entre outros.
Ao brincar e fazer uso de tintas, de cores, da água, dos pincéis, dos papéis, e
outros recursos e materiais pedagógicos, os educandos podem estar explorando esse
45

material e o mundo ao seu redor. Esses recursos e materiais devem ser utilizados em
diversos momentos nas brincadeiras, pois ambos favorecem o desenvolvimento das
crianças.
Através da exploração as crianças acabam expressando a sua imaginação e
os seus sentimentos, presentes naquele momento, deve-se ressaltar, quantos sonhos
e ideias surgem no ato de brincar. Quantas oportunidades e possibilidades são
oferecidas nos contextos das brincadeiras, e suas diversidades, que são reconhecidas
e exploradas. No entanto, deve-se organizar e planejar atividades para trabalhar a
identidade, mas respeitando o ritmo de cada criança.

3.3 BRINQUEDOTECA: POR QUÊ? PARA QUÊ?

Como visto anteriormente, as primeiras brinquedotecas tinham como objetivo


principal o empréstimo de brinquedos, assim como contribuir para o processo de
socialização das crianças com necessidades especiais, trabalhando suas dificuldades
de aprendizagem e desenvolvimento.
No entanto, o empréstimo e o atendimento apenas das crianças excepcionais
deixaram de ser seus únicas e principais funções. Ramalho (2000) afirma que a
finalidade da brinquedoteca é de estimular a brincadeira livre durante algumas horas
do dia.
Magalhães e Pontes (2002, p. 236) ressaltam ainda, que: “No geral, o objetivo
de uma brinquedoteca sempre deve adequar-se à demanda, aos objetivos da
instituição e a uma análise do contexto em que está situada”.
Segundo essas autoras, a brinquedoteca pode ser um local importante tanto
para o professor quanto para as crianças. Nela, as crianças poderão brincar livres,
representar papéis, usar recursos que, por vezes, não tem em casa, como brinquedos,
jogos e fantasias, e pode interagir espontaneamente com seus colegas. A professora,
por sua vez, pode usar a brinquedoteca para sair da rotina, utilizar o espaço para
deixar as crianças aproveitarem uma Diretoria de Defesa dos Direitos da Criança,
núcleo da futura Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, que foi fundada
oficialmente em 1990. Hoje, atua como uma organização sem fins lucrativos que tem
como missão promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de crianças e
adolescentes.
46

Além disso, a professora pode sugerir novas brincadeiras, jogos e interação


que, muitas vezes, não acontecem em sala de aula pelo fato de ser um espaço com
objetivo diferente.
Algumas pesquisas mostram a importância das brinquedotecas na sociedade.
Além de valorizar e incentivar as atividades lúdicas, Ramalho (2000, p. 54), ressalta
que alguns dos principais objetivos da brinquedoteca são: o de possibilitar o acesso a
um maior número e variedade de brinquedos; criar e enriquecer as relações de afeto;
instituir um espaço de convivência que possibilite interações espontâneas e sem
preconceitos; respeitar as preferências das crianças e assegurar seus direitos.
Para Rezende (2012, p. 92), a brinquedoteca é um espaço destinado a
ludicidade, ao prazer, às emoções, às vivencias, ao desenvolvimento da imaginação,
da ação, da sensibilidade e da construção do conhecimento e das habilidades.
Sobre a finalidade das brinquedotecas, Rosa, Kravchychyn e Vieira (2010, p.
54) enfatizam que esse espaço pode contribuir para novas descobertas e construção
de conhecimentos sobre o mundo. Há possibilidade de esse espaço incentivar a
autonomia e promover o trabalho em equipe, socializar e desenvolver a comunicação,
a criatividade, a imaginação e o desenvolvimento de atividades lúdicas nas crianças.
Sabe-se que, na atualidade, quase não sobra tempo para o descanso e para
as brincadeiras, e que a vida da maioria dos adultos está cada vez mais cheia de
compromissos e isso acaba refletindo na rotina das crianças. Além disso, algumas
crianças possuem sobrecarga de atividades nas escolas e de atividades
extracurriculares.
A exigência de espaços seguros e disponíveis também é resultado da criação
de brinquedotecas. Segundo Benedet (2017, p. 13), “A violência e a mercantilização
do tempo nas cidades fazem com que, na grande maioria das vezes, a escola seja
um dos únicos locais a oferecer à criança tempo/espaço para brincar”.
As crianças estão iniciando cada vez mais cedo suas vidas escolares e
consequentemente, estão perdendo seu tempo de brincar. Nem sempre a brincadeira
é considerada como algo fútil, mas a falta de tempo e a forma como a sociedade se
estrutura dia após dia exige que a brincadeira, diversas vezes, seja deixada de lado.
Marques (2013, p. 39) alega que:
47

As brinquedotecas surgem como uma “medida de emergência” na atual


configuração da sociedade, pois as crianças entram cada vez mais cedo na
escola e as exigências do mercado estimulam os pais a aumentarem a carga
de estudos e habilidades dos filhos. Por outro lado, a violência aumenta
paralelamente ao crescimento das cidades, diminuindo assim as
brincadeiras de rua, dentre outros fatores que têm diminuído as
possibilidades lúdicas.

Haja vista, a transformação do brincar no decorrer do século XX, é


consequência da: Significativa redução do espaço físico: com o crescimento das
cidades e falta de segurança, os espaços lúdicos viram-se seriamente ameaçados e
diminuído. Redução do espaço temporal: dentro da instituição escolar, a brincadeira
foi deixada de lado em detrimento de outras atividades julgadas mais “produtivas”.
No contexto familiar, tanto no papel da mulher, orientada ao trabalho, quanto
ao grande espaço ocupado pela televisão no cotidiano infantil, ou por outras atividades
extra- curriculares, constituíram aspectos significativos na diminuição do estímulo para
a brincadeira.
Wenner (2011, p. 99) afirma que, entre 1981 e 1997, o período de brincadeira
livre diminuiu em média de um quarto para as crianças. Esse é o resultado da
tendência das famílias imaginarem que esse ato seja menos importante ou
desnecessário para as crianças. Sendo assim, alguns sacrificam o tempo que resta
para brincar e privilegiam atividades preparatórias, como estudos de línguas, música
ou dança.
Autores como Rosa, Kravchychyn e Vieira (2010, p. 15) apontam que, na
atualidade, as crianças estão brincando menos em comparação a 50 anos atrás:

Esse fato remete a diversos fatores que alteraram e continuam alterando a


sociedade, mais do que isso, a percepção dos indivíduos sobre os valores, regras
sociais, crenças. Alguns aspectos aparecem como determinantes dessa mudança:
o processo de industrialização dos países, com a produção em massa de produtos,
dentre eles os brinquedos; o avanço tecnológico que atinge crianças cada vez mais
cedo; a tecnologia dos brinquedos atuais; a concepção de infância atual; a
globalização provocando o esquecimento da cultura popular local; a
institucionalização das crianças em escolas e a utilização de brinquedos e jogos
como instrumentos educativos para “treinar” crianças para a vida adulta.

É necessário que o adulto esteja ciente sobre a importância do ato de brincar


das crianças. Sendo assim, é a partir da brincadeira que as crianças poderão
48

desenvolver inúmeros aprendizados; a experiência que a brincadeira poderá


proporcionar, nem sempre é possível nas ações “sérias” do dia a dia da criança.
Portanto, a brinquedoteca coloca ao alcance da criança inúmeras atividades
que possibilitam a ludicidade individual e coletiva, permitindo que ela construa seu
próprio conhecimento.
De acordo com Ramalho e Silva (2003, p. 1): “Todas as brinquedotecas
possuem como objetivo o desenvolvimento das atividades lúdicas e a valorização do
brincar, independentemente do tipo e local onde estejam instituídas, seja numa
escola, num hospital, num bairro, numa clínica ou numa universidade”.
Segundo a autora, Oded Grajew, “Presidente da Fundação Abrinq pelos
Direitos da Criança, conceitua brinquedoteca como o espaço destinado as crianças
para brincar, resgatar brincadeiras e que propicia que uns compartilhem com os outros
os momentos de alegria” (RAMALHO, 2000, p. 93).
Diante disso, a Associação Brasileira de Brinquedotecas conceitua
brinquedotecas como espaços mágicos destinados ao brincar das crianças e alerta
para o fato de que não podem ser confundidas com um conjunto de brinquedos ou
depósito de crianças pois a criação de uma brinquedoteca está sempre ligada a
objetivos específicos tais como sociais, terapêuticos, educacionais, lazer, entre outros
(RAMALHO, 2000, p. 94).
Além de ser um espaço educativo, Marques (2013, p. 39) afirma que a
brinquedoteca considera o indivíduo em sua individualidade, coletividade e
multidimensionalidade. Para a autora, a brinquedoteca não se caracteriza apenas por
ser uma grande e calorosa casa que abriga os brinquedos, mas também um lugar que
abriga a magia, a criatividade, a imaginação, o simbolismo, o afeto, a socialização, a
cultura, concepções do mundo, medos, angustias, desejos, sonhos, dificuldades,
habilidades e demais elementos que compõem essa totalidade e
multidimensionalidade que é o homem.
Quanto à organização desse espaço, Ramalho (2000, p. 88) infere que, ao
entrar na brinquedoteca, a criança deve ser tocada pela expressividade da decoração
alegre, mágica e cheia de afeto. Se esse espaço não for encantador, ele não pode ser
definido como brinquedoteca. Deve-se lembrar que este é um ambiente de estímulo a
criatividade, portanto, deve ser preparado de forma criativa, com espaços que
incentivem a brincadeira de faz de conta, a dramatização, a construção, a solução de
problemas, a sociabilização e a vontade de inventar: um camarim com fantasias e
49

maquilagem, os bichinhos, os jogos de montar, local para os quebra-cabeças e os


jogos (RAMALHO, 2000, p. 103).
Para Ramalho (2000, p. 103):

A decoração da brinquedoteca deve ser expressiva transmitindo alegria, afeto e


magia. A atmosfera tem que ser encantadora para ser uma brinquedoteca. Apenas
estantes com brinquedos podem tornar o ambiente frio. Os espaços devem ser
preparados de forma criativa e que estimulem a criança a brincar de faz-de-conta,
de dramatização, construção, solução de problemas e socialização. São
importantes um camarim com fantasias e maquiagem; os bichinhos; os jogos de
montar. Deve também possuir locais organizados para a guarda dos quebra-
cabeças e jogos bem como uma sucatoteca para que novos brinquedos sejam
inventados (RAMALHO, 2000, p. 103).

Estudos sugerem que o papel do brinquedista, pessoa responsável pelo


espaço da brinquedoteca, é fundamental para mediar as situações de brinquedo e a
criança. Kishimoto (2001, p. 33), por um lado classifica um bom mediador quando este
compreende a cultura lúdica, favorece o desabrochar e contribui com o
desenvolvimento das potencialidades dos que brincam; e, por outro, o mau mediador,
que age com atitudes autoritárias, rígidas, impedindo esse mesmo desenvolvimento.
É de extrema importância o profissional por trás desse lugar encantado, como
indica Ramalho (2000, p. 102):

O profissional ligado, diretamente as atividades lúdicas desenvolvidas na


brinquedoteca é o brinquedista, brinquedotecário ou o ludotecário que no
trabalho diário objetivam o desenvolvimento intelectual, social e emocional da
criança. Infelizmente, no Brasil não é oferecido um curso institucionalizado
para formação de brinquedistas

Além de formação específica, o brinquedista deve algumas qualidades


essenciais, tais como complementa Ramalho (2000, p. 66): sensibilidade, entusiasmo,
determinação e competência. Esse importante profissional, ao desenvolver suas
funções como brinquedista, deverá, acima de qualquer outra qualidade, respeitar e
amar as crianças, suas brincadeiras e seu tempo de desenvolvimento.
Acredita-se que o brinquedista deve ter formação similar aos profissionais da
Educação Infantil, possuindo formação específica para ludicidade por se tratar de um
50

nível educacional que atende a uma faixa etária na qual o indivíduo está em processo
de formação psicossocial e se espelha nas atitudes dos adultos. Sendo assim, devem
priorizar qualidade no brincar, favorecendo um ambiente receptivo e afetuoso, que
valorize as atividades, fazendo prevalecer o bem-estar físico, social e psicológico da
criança (NEZ; MOREIRA, 2013, p. 444).
A brinquedoteca passou por algumas dificuldades até ser considerada como
espaço útil e de valor no contexto educacional. Atualmente, ainda é encarada como
espaço apenas de recreação e diversão, mas essa concepção vem diminuindo cada
vez mais por conta da colaboração de pesquisadores, professores e profissionais da
educação que passaram a valorizar e perceber a brinquedoteca como espaço muito
além do brincar.
Esse caloroso e afetivo espaço conta, geralmente, com o apoio de professores
e diretores. É integrado com toda a escola e, em alguns casos, com a comunidade. A
brinquedoteca pode ser importante recurso para os professores organizarem suas
práticas, com vistas ao desenvolvimento e acompanhamento das crianças.
51

CONCLUSÃO

Diante da relevância cientifica, social e pessoal do trabalho conclui-se que a


brinquedoteca é um espaço lúdico que vai além de um simples local para brincar; ela
representa uma ferramenta poderosa de auxílio no processo de aprendizagem na
educação infantil. Projetada para estimular a criatividade, a socialização e o
desenvolvimento cognitivo das crianças, a brinquedoteca é um recurso que
educadores e pedagogos têm valorizado cada vez mais por sua eficácia em unir o
prazer do brincar com o aprendizado significativo
O travalho teve como problema de pesquisa: Como a brinquedoteca, enquanto
o recurso lúdico, pode ser utilizada para sanar a pouca estimulação de atividades
lúdicas por parte dos docentes, evidenciando uma falta de interesse nas crianças para
aprender, bem como a pouca participação em atividades diárias, distração e apatia?
Obteve-se como resposta que a brinquedoteca, como recurso lúdico, é uma
solução prática e eficiente para enfrentar a falta de interesse e a apatia das crianças,
bem como a pouca estimulação de atividades lúdicas por parte dos docentes. Ao
oferecer um ambiente onde o aprendizado é experienciado de forma prazerosa e
interativa, a brinquedoteca contribui para o aumento da participação, do engajamento
e da motivação das crianças, promovendo um processo de aprendizagem mais
enriquecedor e completo.
Aventou-se a hipótese de que a educação infantil é a base para uma
aprendizagem futura e o lúdico é parte fundamental desse processo de socialização.
Sim, a hipótese de que a educação infantil é a base para uma aprendizagem futura é
amplamente defendida por especialistas em pedagogia e desenvolvimento infantil. O
lúdico, nesse contexto, tem um papel essencial, pois promove o aprendizado de forma
natural e envolvente, facilitando o desenvolvimento integral da criança. A brincadeira
não é apenas uma forma de entretenimento, mas um recurso pedagógico que contribui
para o crescimento em múltiplas dimensões. É importante destacar que os princípios
que regem a educação infantil, como a integração e a participação, estão diretamente
ligados ao uso do lúdico para o desenvolvimento holístico das crianças.
Defendeu-se, também, a hipótese de que a atividade lúdica favorece a
autoconfiança nos indivíduos, autonomia e formação de personalidade. Sim, essa é
uma hipótese bastante consistente, respaldada por diversas pesquisas e teorias sobre
desenvolvimento infantil. A atividade lúdica não apenas estimula o aprendizado, mas
52

também desempenha um papel crucial na construção da autoconfiança, da autonomia


e da formação da personalidade das crianças. Essa afirmação é fundamentada no
entendimento de que o brincar é uma atividade universal, presente em todas as
culturas e essencial para o desenvolvimento saudável dos indivíduos. Para que esse
potencial seja plenamente aproveitado, é necessário que os educadores criem
ambientes e momentos propícios para que as crianças possam explorar, criar e
interagir de forma espontânea e significativa.
Conclui-se que a brinquedoteca é uma valiosa aliada da educação infantil, pois
promove um ambiente onde o brincar e o aprender se encontram de maneira
harmoniosa. Ao oferecer um espaço de exploração, criatividade e socialização, a
brinquedoteca contribui para o desenvolvimento integral da criança, preparando-a não
só academicamente, mas também para os desafios emocionais e sociais que
enfrentará ao longo da vida. Assim, investir em brinquedotecas como parte da
estratégia educacional é apostar em uma educação mais completa, rica e prazerosa
52

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