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PDF 01 - Baterias Aplicadas À Sistemas Híbridos

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Design de SFCR - Microgeração

Unidade Didática 01:

Douglas Farias www.bluesol.com.br


Baterias Aplicadas a Sistemas Híbridos - Apostila

Página em branco - Formato impressão frente e verso

Iberê Carneiro de Oliveira www.bluesol.com.br


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Baterias Aplicadas a Sistemas Híbridos - Apostila

SUMÁRIO

1 Objetivo ................................................................................................................ 3
2 Conceitos ............................................................................................................... 3
2.1 Redes elétricas inteligentes (Smart Grid) ....................................................... 3
2.2 Curva de geração x curva de carga ................................................................. 4
2.3 Tarifação ........................................................................................................ 5
3 Contextualização ................................................................................................... 6
4 Motivação ............................................................................................................. 9
4.1 Atendimento de cargas nos horários de pico de demanda .......................... 11
4.2 Sistema de back-up ...................................................................................... 12
4.3 Arbitragem de energia ................................................................................. 12
4.4 Autoconsumo integral .................................................................................. 12
4.5 Outras soluções ............................................................................................ 13

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Baterias Aplicadas a Sistemas Híbridos - Apostila

1 OBJETIVO
Nesta unidade didática serão abordados os principais conceitos necessários para
o entendimento de um sistema hibrido com baterias. Serão expostos também os
principais equipamentos que compõem esse tipo de sistema e os principais motivos que
levam a opção por esse tipo de solução.

2 CONCEITOS
Para melhor compreender o que será estudado nesse curso faz-se necessário
uma breve explicação dos principais conceitos utilizados no mesmo, alguns dos quais
serão detalhados com maior profundidade nos tópicos posteriores.

2.1 REDES ELÉTRICAS INTELIGENTES (SMART GRID)


Ainda não se tem uma definição fechada sobre o que seria uma rede elétrica
inteligente, nem o quão inteligente ela pode ser, porém a maior parte dos autores
concorda que uma Smart Grid deve possuir no mínimo as seguintes características:

 Alto nível de leitura das características das redes (potência ativa, tensão,
corrente, harmônicos e etc...) bem como um sistema de comunicação
integrado ao mesmo.
 Fontes de energia renováveis distribuídas em vários pontos do sistema
elétrico (Geração Distribuída), bem como sistemas de armazenamento de
energia.
 Capacidade de controle em algum nível no sistema.
Uma comparação entre o conceito de uma rede convencional e uma rede
inteligente pode ser melhor percebida por intermédio das figuras 1 e 2:
Figura 1-Rede Elétrica Convencional

Fonte 1 https://bityli.com/FkpYg (CPFL)

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Figura 2-Redes Elétricas Inteligentes

Fonte 2 https://bityli.com/61tg3 (bioenerg)

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) juntamente com o Ministério de


Minas e Energia tem avançado bastante em busca da adoção de um modelo normativo
que seja adequado ao Brasil, alguns avanços já foram feitos como, por exemplo, a
Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL que tornou viável a geração distribuída
para o consumidor comum.

2.2 CURVA DE GERAÇÃO X CURVA DE CARGA


Outro ponto importante para entender a utilidade de adotar um sistema de
armazenamento de energia em bateria (do inglês BESS) é que no contexto de geração
distribuída, que simplificadamente é a existência de pequenos geradores de energia
elétrica próxima à carga, é o fato de que esses geradores (geralmente solares ou
fotovoltaicos) são intermitentes, não seguindo a curva de carga do local. Dessa forma, o
sistema de armazenamento entraria para diminuir essa diferença caso seja necessário,
dentre outras utilizações que serão abordadas.
No caso de um gerador solar temos uma curva de geração diária, que nas melhores
condições parece uma parábola invertida, uma comparação entre a possível geração
fotovoltaica e uma curva de carga pode ser vista na figura 3:

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Figura 3-Curva de Geração x Curva de Consumo

Fonte 3 https://bityli.com/h9UsN (i9sola)

Pode-se notar que há momentos do dia em que está sendo gerada energia,
porém o consumo é menor, e momentos em que há um alto consumo, porém não há
geração. Atualmente quando há esse desbalanço você consegue recuperar essa energia,
porém muitas vezes 1kWh gerado volta como 1kWh para consumo, pois o modelo de
incidência de imposto nessa energia varia em algumas concessionárias,

2.3 TARIFAÇÃO
A tarifação dos consumidores cativos (aqueles que não estão no mercado livre de
energia) se divide em dois principais grupos, A e B. Os consumidores do grupo B são
atendidos em baixa tensão e possuem consumo mais baixo, sendo divididos em vários
subgrupos. A tarifa branca que pode ser adotada desde 2018, porém, foi aberta para
todos os consumidores convencionais a partir de 2020, tornando-se uma opção para
gerar economia, principalmente com auxilio de um sistema de armazenamento. O valor
da tarifação varia conforme o horário, como pode ser visto na figura 4:

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Figura 4-Tarifa Branca

Fonte 4 ANEEL

Os consumidores do grupo A são atendidos em média ou alta tensão, e seu


modelo tarifário possui tarifa horo sazonal ponto e fora de ponta além de possuir um
limite de demanda instantânea, cuja ultrapassagem gera uma espécie de multa.
Cada concessionária possui tarifação em imposto incidindo de maneira
diferente. Para verificar a tarifa de vários tipos de consumidores da CEMIG, basta acessar
o link abaixo:
https://www.cemig.com.br/pt-
br/atendimento/Paginas/valores_de_tarifa_e_servicos.aspx

3 CONTEXTUALIZAÇÃO
Há algum tempo a ANEEL vem discutindo uma revisão da Resolução Normativa nº
482/2012. Isso ocorre porque na forma que a lei está estruturada, há um desequilíbrio
entre direitos e deveres dos clientes e concessionárias, gerando um provável círculo
vicioso que acarreta o possível encarecimento da energia elétrica, como pode ser
exemplificado na figura 5. Com uma baixa inserção de energia solar esse problema é
ainda incipiente, porém de olho nesse problema a ANEEL propôs cinco alternativas para
a mudança normativa, sendo a alternativa 0, manter como está.

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Figura 5-Ciclo Viciosa da Energia Solar

Cliente quer
economizar
com energia
elétrica

Instalação de
Energia Cara SIstema
Fotovoltaico

Arrecadação da
Revisão concessionária
tarifária eleva o cai, porém
valor da tarifa gastos
permanecem

Fonte 5 Autor

Essas alternativas que podem ser conferidas na figura 6 geraram um grande


descontentamento pelos integradores, que estavam vivenciando um momento de
grande expansão, culminando no movimento #TaxarOSolNao na segunda metade de
2019. No início do ano de 2020 foi suspensa a discussão e as regras foram mantidas sem
modificação.
Figura 6 - Alternativas ANEEL

Fonte 6 – ANEEL

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Entretanto, isso gerou uma insegurança normativa no setor, que busca maneiras
de manter o emprego das soluções fotovoltaicas com altos níveis de viabilidade para
seus clientes, e assim manter a perenidade do setor. Uma solução quase que automática
para essa questão é o emprego de sistemas de armazenamento híbrido.
Outra questão que tem deixado o cenário mais interessante para as baterias é a
sua forte queda de custo por kWh, puxado pelo aumento da demanda por carros
elétricos e com isso tendo-se o ganho em escala barateando o custo unitário. Essa queda
chega a 85% no intervalo entre 2010 e 2018, como visto na figura 7. Até 2030 é previsto
que o preço possa chegar a U$70,00 por kWh.
Figura 7 - Preço de Baterias (U$/kWh)

Fonte 7 BloombergNEF

O aumento das tarifas de energia cobradas pelas concessionárias, como pode ser
notado na figura 8, principalmente para os consumidores do Grupo A e para aqueles que
optam pela tarifa branca, aumenta a viabilidade dos sistemas armazenadores em
sistemas híbridos, uma vez que no horário de tarifa mais elevada tem-se a menor
insolação ou insolação nenhuma, motivo que foi aumentado com o cancelamento do
horário de verão, algo que, de certa forma, aproximava as horas de sol do horário de
ponta.

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Figura 8-Evolução relativa por classe de consumo (R$/MWh)

Fonte 8 AcendeBrasil (https://bityli.com/raB8V)

4 MOTIVAÇÃO
Os sistemas de armazenamento em baterias têm crescido mundialmente de forma
acelerada nos últimos anos. A figura 9 apresenta a capacidade mundial instalada e nela
é possível ver uma tendência exponencial.
Figura 90 Capacidade instalada mundial de armazenamento em baterias (GW)

Fonte 9 IRENA

Esse aumento está ligado, além do barateamento dos sistemas, a uma vasta
gama de possibilidades de utilização para os sistemas de armazenamento, como pode
ser visualizado na figura 10:

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Figura 10 - Possibilidades de serviços prestados por baterias

Fonte 10 EPE adaptado de RMI

Para cada aplicação, é indicada uma localização específica do armazenamento.


Basicamente pode ser dividido em aplicações atrás do medidor, para as aplicações que
beneficiam os consumidores diretamente; e aplicações na frente do medidor, no caso,
aplicações que beneficiam o sistema elétrico como um todo. As localizações dos
armazenadores para várias aplicações podem ser vistas na figura 11:
Figura 11- Possibilidades de localização das baterias

Fonte 11 IRENA

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Para este curso, serão aprofundadas as aplicações atrás do medidor, que são as
soluções que tem um apelo comercial e não dependem de agentes públicos para serem
incorporadas ao sistema elétrico.

4.1 ATENDIMENTO DE CARGAS NOS HORÁRIOS DE PICO DE DEMANDA


Em algumas situações, é muito importante técnica e economicamente que as
cargas sejam atendidas emergencialmente por alguma fonte alternativa àquela provida
pela concessionária, seja por um pico de demanda não previsto, seja por uma
sobrecarga emergencial, ou por um cálculo de viabilidade econômica que justifique tal
escolha.
Os consumidores de energia das concessionárias têm sua demanda limitada por
um contrato que determina qual será a proteção geral do sistema. Dessa maneira não é
permitido ultrapassar essa demanda, caso contrário a proteção é acionada e o sistema
desligado e, nos casos dos consumidores do tipo A, ainda é cobrada uma tarifa, que
funciona como uma multa de ultrapassagem.
Nessas situações é importante garantir a continuidade do sistema para não haver
ainda mais prejuízo, seja pelo uso de geradores a diesel ou sistemas de armazenamento
em baterias ou ainda, em casos mais específicos, o uso de pequenas centrais
hidroelétricas (PCH). A figura 12 apresenta uma solução com uso de baterias na qual se
obteve uma demanda constante evitando-se os picos e carregando a bateria nos
horários de menor demanda.
Figura 12 Achatamento do pico de demanda

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Bateria Descarregando Bateria Carregando


Demanda Nova Demanda Antiga

Fonte 12 Autor

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4.2 SISTEMA DE BACK-UP


Para alguns consumidores é crucial manter o sistema elétrico funcionando sem
interrupções, como algumas linhas de produção nas quais uma parada pode gerar
prejuízos significativos, principalmente em locais onde a qualidade da energia é
comprometida. Muitos investidores, inclusive, levam esse fator em conta na hora de
escolher o local de instalação de uma unidade fabril.
Para tanto as concessionárias tem o dever de informar vários parâmetros de
qualidade de seu sistema elétrico como o DEC (duração equivalente de interrupção por
unidade consumidora) e o FEC (frequência equivalente de interrupção por unidade
consumidora). Como esses fatores tratam de valores médios, pode haver variações
dentro de uma mesma concessionária e mesmo dentro de uma cidade. Como exemplo,
se uma unidade consumidora está mais próxima ao final do alimentador é mais provável
que esse consumidor tenha interrupção do que um consumidor localizado mais próximo
ao inicio da mesma.
Nestes casos, sistemas de armazenamento podem significar um aumento da
confiabilidade do negócio como um todo, impedindo que paradas de fornecimento de
energia representem prejuízos. Um estudo dos fatores de qualidade na localização da
unidade consumidora faz-se importante para mensurar qual sistema de
armazenamento seria o mais indicado para cada situação.

4.3 ARBITRAGEM DE ENERGIA


Os agentes comercializadores de energia elétrica podem se utilizar de sistemas de
armazenamento para comprar energia em momentos de bonanças, consequentemente
a custo baixo, e vendê-las em momentos de escassez, e logicamente com custos altos
de energia. No Brasil, a adoção do PLD horário pode abrir espaço para esse tipo de
solução, assim como os consumidores também poderão fazer uso da energia em
horários de tarifas mais favoráveis, evitando horários de ponta.
Essa solução não se aplica apenas aos consumidores do mercado livre de energia,
que assumem tarifas variáveis. Os consumidores do mercado cativo também podem se
beneficiar dessa solução, desde que tenham assumido tarifas horo sazonais como as
tarifas azul, verde em alta e média tensão e a tarifa branca para os consumidores
atendidos em baixa tensão.

4.4 AUTOCONSUMO INTEGRAL


À regulação atual da Resolução Normativa n. 482/2012 supracitada foi instituído
o chamado net metering, transformando a rede da concessionária numa grande bateria
para os geradores de fontes intermitentes, como solar e eólica. Não há um incentivo
econômico que justifique a adoção de sistema de armazenamento em sistemas
conectados a rede objetivando autoconsumo pleno, porém, como o contexto

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regulatório é incerto, e a adoção dessa solução pode sobrevir com outras vantagens,
esses estudos não podem ser totalmente descartados.

4.5 OUTRAS SOLUÇÕES


Existem outras soluções com menor impacto, ou que atualmente não é
disponibilizada de maneira simples pelo sistema regulatório, como por exemplo, os
serviços ancilares que, embora estejam cercados pela possibilidade de serem prestados
por consumidores em alguns lugares do mundo, no Brasil ainda não há regulação a
respeito. Os sistemas de armazenamento podem ser utilizados também para reduzir
investimentos de curto prazo em linhas de transmissão e distribuição, porém isso
apenas mitiga o problema local, fazendo-se necessário, mais cedo ou mais tarde, o
investimento em linhas.

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