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DIA 02.10.2023
A doutrina francesa através do professor André Laubadére, nos ensina que o Direito
Económico é o direito aplicável às intervenções das pessoas públicas na economia e aos
órgãos dessas intervenções.
Cá entre nós, a professora Helena Prata Harrido Ferreira define o Direito Económico
como ramo de direito que disciplina as relações jus econômicas entre o Estado e os
entes particulares, estando o estado em posição de supra ordenação.
Ao direito compete uma função social de ordenação das relações sociais segundo a
justiça. O homem pela sua natureza não é totalmente bom, como apresentam alguns
autores, ao considerar que são os factores sociais que mudam a sua natureza, nem é
totalmente mau, como descrevem outros.
Ele é uma miscigenação do bom e do mau. Em si ele detém força capaz de mediante um
impulso de vontade afastar o mal e praticar o bem. Na verdade, a razão da sua
sociabilidade determina nos dias de hoje o comportamento adequado para melhor
harmonizar os interesses.
Na verdade, o homem desde primórdios arregimentou meios para buscar o seu sustento.
A luta em busca dos melhores meios provocou desentendimentos que algumas vezes
acabaram por facilitar o desmembramento social de grupo e dar origem à novos grupos
sociais.
Como refere o professor Oliveira Ascensão, o Direito está ínsito na própria ordem
social. Se toda a sociedade tem uma ordem, ela tem, desde o início, uma ordem jurídica.
Como diriam também os Romanos ubi societas, ibi jus. A vida social só é possível
porque os homens aceitam e aplicam as regras que institui a ordem, a paz, a segurança,
a justiça e dirimir conflitos de interesses que inevitavelmente surgem nas relações
sociais. Estes conflitos resultam fundamentalmente dos poucos bens que a economia
produz e põe a disposição dos homens.
Diante de tantas evidencias acima descrita podemos afirmar aqui que o direito veio
exactamente para facilitar e ajudar a definir as regras de melhor utilização dos bens que
são colocados à sociedade para a satisfação das necessidades humanas. Notamos que a
escassez de bens produz conflitos que o direito através dos seus meios procura dirimir.
Entre o direito e a economia existe uma relação muito próxima, pois a existência de um
dá origem a outro e a actuação de outro garante uma melhor realização de um.
A designação deste ramo de direito tem suscitado amplo debate académico entre os
especialistas em direito. A doutrina alemã sempre usou a expressou Direito da
Economia para sustentar a natureza mista deste ramo de direito, enquanto que os
franceses pugnaram pela designação Direito Económico para justificar a juridicidade no
tratamento das matérias de carácter econômico.
Para nós estas duas designações estão revestidas de preciosidade lingüística. Tanto uma
como outra acabam por representar uma mesma coisa, se termos em conta o conteúdo
que aquelas ordens jurídicas tratam.
Como aborda a Dr. Hela Prata a designação Direito Económico deve ser feita em duas
perspectivas distintas: a primeira externa baseada na relação que este tem com a
economia e a outra diz respeito ao próprio direito por sustentar o surgimento deste
ramo de direito.
O direito acaba por ser uma instância reguladora munida de racionalidade, que não deve
ser reduzida à pura racionalidade econômica. Como notamos acima o direito não
caminho só. Ele é influenciado em todo o seu percurso pela evolução económica e
tecnológica, levando-o a constantes adaptações.
Nota-se que os poderes públicos têm perdido o monopólio de produção das normas
jurídicas de direito econômico, resultante do papel cada vez maior dos poderes privados
na condução da economia
b) Diversidade
O Direito econômico reflecte a heterogenidade da ordem econômica dos países
dispostos numa graduação que vai desde as economias de mercado mais ou menos puras
às economias integralmente planificadas, tornando inviável a elaboração no seu seio de
uma teoria gera de vocação ecumênica.
c) Maleabilidade
As normas de direito econômico contêm frequentemente regras-quadro menos rígidas
que as do outros ramos de direito. Entre as causas desta maleabilidade encontramos a
diversidade de organismos que intervêm na actividade econômica, carácter variado dos
regimes jurídicos da intervenção estadual e aparecimento de tipos de actos com
características próprias e específicas em contraste com os actos de Direito Público.
d) Mobilidade ou mutabilidade
As normas deste ramo de direito não podem espirar a longa duração. Pois as freqüentes
alterações da conjuntura econômica e política tendem a encurtar o tempo de vida das
leis econômicas. O recurso aos actos legislativos mais simples como, por exemplo,
regulamentos, despacho, resoluções ou despachos visam acautelar a mutabilidade das
leis que exigem mais solenidade e procedimentos complexos para a sua alteração.
e) Heterogeneidade
A simultaneidade do uso de regimes jurídicos de direito público e de direito privado
deriva da necessidade de regulamentar as situações e problemas levantados pela
intervenção estadual
Por seu lado os princípios constituem a linha mestra do direito, sendo cânones gerais
dotados de alto grau de abstração, com amplo campo de incidência e bragência, que
orientam a produção do ordenamanto jurídico. Dito de outro modo, os princípios são
comandos de orientação para as actividades legislativas produtoras do Direito.
No plano do Direito Económico podemos destacar três princípios gerais que sustentam
e fundamentam este ramo do direito, a saber, economicidade, eficiência e generalidade.
Importa relembrar aqui que os princípios do Direito Economico estão fundados em
valores de Direito Público quanto em valores do Direito Privado.
a) Princípio da Economicidade
Este princípio provém do Direito Financeiro. Ele estabelece que o Estado na busca da
realização dos seus objctivos, fixados em sua política econômica, deve alcançar as suas
metas com apenas os gastos que forem necessários, afim de não onerar excessivamente
o erário público e toda a sociedade. As decisões políticas do Estado devem implicar
menor custo social devendo conjugar a quantidade com a qualidade.
A nossa ordem jurídica constitucional não consagra textualmente este princípio, logo
devemos fazer um exercício de hermenêutica constitucional fundada nos valores do
Direito Público que caracterizam este ramos, por exemplo a boa gestão para
enquadrarmos o princípio da economicidade.
b) Princípio da Eficiência
Este princípio determina que o Estado ao pautar a sua política deve sua conduta aos fins
de viabilização e de maximização na produção de resultados da actividade econômica,
conjugando os interesses privados dos agentes económicos com os interesses da
sociedade, permitindo a obtenção de efeitos que melhor atendam ao interesse público,
garantindo, assim, êxito de sua ordem econômica.
c) Princípio da Generalidade
Este princípio confere às normas do Direito Económico alto grau de generalidade e
abstralidade, ampliando seu campo de incidência ao máximo possível, a fim de
possibilitar sua aplicação em relação a grande multiplicidade de organismos
econômicos, a diversidade de regimes jurídicos de intervenção estatal, bem como às
constantes dinâmicas mudanças que ocorrem no mercado.