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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Procedimentos biotecnológicos para alimentos, animais e plantas transgénicos

Sadia António Lampião

Código: 708224840

Curso: licenciatura em ensino de biologia


Disciplina: Genética
Ano de frequência: 3º Ano
Docente:

Chimoio, Maio, 2024


Procedimentos biotecnológicos para alimentos, animais e plantas transgénicos.

Sadia António Lampião

Trabalho de investigação científica a


ser apresentado na cadeira de Genética,
para fins avaliativos.

Docente:

Chimoio, Maio, 2024

2
INDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

Objectivos ..................................................................................................................... 5

Geral ......................................................................................................................... 5

Especificos ................................................................................................................ 5

Metodologia .............................................................................................................. 6

Procedimentos biotecnológicos ........................................................................................ 7

Definição ...................................................................................................................... 7

Procedimentos biotecnológicos para alimentos ................................................................ 8

Características dos alimentos transgênicos .................................................................... 10

Procedimentos biotecnológicos para animais ................................................................. 12

Métodos ...................................................................................................................... 12

As principais técnicas e características dos procedimentos mais utilizados na


transgenia animal. ....................................................................................................... 13

Micro injeção pronuclear ............................................................................................ 14

Transferência gênica mediada por retrovírus ............................................................. 14

Alteração genética mediada por transposons.............................................................. 15

Animais transgênicos a partir de transferência nuclear .............................................. 16

Procedimentos biotecnológicos para plantas transgénicos. ........................................... 17

MÉTODOS DE TRANSFORMAÇÃO DE PLANTAS ............................................. 17

Transferência por agrobacterium ............................................................................ 17

Transferência por eletroporação de protoplastos ........................................................ 18

Parâmetros físicos e biológicos .................................................................................. 19

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 21

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 22

3
INTRODUÇÃO

A biotecnologia vegetal consiste na aplicação de um conjunto de técnicas para


manipular o potencial genético das plantas, originou-se no final da década de 1850 com
trabalhos dos fisiologistas vegetais alemães Julius Von Sachs e W. Knop (RAVEN,
1999). Os métodos da biotecnologia permitem não somente reduzir o tempo da
obtenção de variedades com novas características, mas também transmitir propriedades
de espécies que, normalmente são sexualmente incompatíveis. Em outras palavras, as
barreiras naturais entre as espécies podem ser superadas, o que oferece um
enriquecimento de variedades realmente novas em forma de plantas transgênicas. Além
disso, é possível, com os métodos da biologia molecular moderna, isolar e manipular
genes específicos, o que não acontece no melhoramento clássico, onde o melhorista é
obrigado a trabalhar com genomas inteiros (BARROS e MOREIRA, 2001).

4
Objectivos

Geral

 Conhecer os procedimentos biotecnológicos para alimentos, animais e plantas


transgénicos.

Especificos

 Definir procedimentos biotecnológicos


 Caracterizar os procedimentos usados em cada situação
 Descrever as vantagens e desvantagem de cada situação

5
Metodologia

Segundo Libaneo ﴾2004﴿, deifne metodologia sendo o caminho para atingir um


fim. Na nossa vida cotidiana estamos sempre em busca de novos conceitos, sendo
necessário um caminho, ou seja, uma organização de ações e ideias para atingi-los . A
primeira fase para a elaboração e realização deste trabalho de campo utilizou- se os
métodos e técnicas de coletas de dados, coleta de informação em manuais e eletrónicos.
Perfazendo assim um levantamento bibliográfico com o intuito de fundamentar os
objetivos da pesquisa com autores que são referências no contexto da disciplina de
genética. O presente trabalho tem como tema procedimentos biotecnológicos para
alimentos, animais e plantas transgénicos.

6
Procedimentos biotecnológicos

Definição

Segundo Borém (2001) a biotecnologia é o desenvolvimento de processos


biológicos, utilizando se a técnica de DNA recombinante, a cultura de tecidos e outros.
Pode-se ser também o uso industrial de processos de fermentação de leveduras para a
produção de álcool ou cultura de tecidos para a extração de produtos secundários. E
ainda um processo tecnológico que permite a utilização de material biológico para fins
industriais.

De acordo com Borém (2001) a transferência especifica de genes que controlam


características, também especificas, de um organismo para o outro é denominada
engenharia genética e pode ser utilizada na transferência desses genes,mesmo em
organismos filogenéticamente distantes produzindo os organismos geneticamente
(OGMs).

A tecnologia de transferência de genes tem criado novas alternativas para a produção de


plantas com adaptações ao ambiente de cultivo com maior capacidade de produção. Os
métodos utilizados na produção de plantas geneticamente modificadas podem ser
classificados como indiretos e diretos.

O método indireto requer a utilização de um vetor biológico para a introdução do DNA


na planta. Os vetores mais utilizados são a Agrobacterium tumefaciens com capacidade
de transferir parte de seu DNA para o genoma da planta. A transferência de genes
mediada por Agrobacterium tem sido bastante empregada. Os métodos diretos são
aqueles que provocam modificações nas paredes e membranas celulares para a
introdução de DNA exógeno, através de processos físicos ou químicos, os mais
eficientes são a eletroporação de protoplastos e biobalística. As plantas transgênicas tem
sido produzidas nas principais espécies cultivadas e levadas ao mercado consumidor,
expressando o aumento da qualidade nutricional ou resistência a herbicidas, insetos ou
fungos.

7
Procedimentos biotecnológicos para alimentos

Alimentos transgênicos na saúde humana e no ambiente Os alimentos


transgênicos são produzidos há anos com o objetivo de beneficiar a agricultura, os
indivíduos e combater a fome. Mas, percebe-se que as informações sobre esses
alimentos não são feitas de forma clara para a população. As pessoas consomem, porém
não têm conhecimento sobre o que estão consumindo (Pedrancini et al, 2008). Esse tipo
de alimento ainda é muito discutido, por também abranger assuntos como produção,
liberação comercial, comercialização, biossegurança, direito do consumidor,
experimentos em laboratórios e rotulagem. Comer ou não comer alimentos
transgênicos, desenvolver ou reproduzir não é tão simples, existe uma grande
quantidade de argumentos sobre esse desenvolvimento tecnológico. Mas as vantagens
desses alimentos são claras e precisas, não podem ser ignoradas por dúvidas sobre os
riscos, é preciso pesquisas, estudos e cautela em relação aos problemas que irão surgir
(Zhang et al., 2016).

Vantagens

Melhor controle ambiental com a redução ou extinção do uso de agrotóxico,


proporciona maior velocidade na geração de novos cultivos, melhoria nas qualidades
dos produtos agrícolas. Contribui para a diminuição ou extinção da fome fornecendo
fontes nutricionais. Dessa forma, os alimentos podem ser mais nutritivos, com maior
durabilidade de armazenamento, sendo produzidos por meio de tecnologia, de forma
econômica e reduzindo problemas relacionados à desnutrição. O que, pode beneficiar,
por exemplo, a melhora na deficiência de vitamina A, iodo e ferro, onde segundo o
Ministério da Saúde, uma em cada três pessoas é afetada pela deficiência desses
micronutrientes (Valois, 2001; Ministério da saúde, 2007).

Outros benefícios dos transgênicos, são uma maior produção e produtividade de plantas
de outras espécies com plantas anãs, resistentes a fungos, vírus e bactérias evitando
devastações na agricultura. Além disso, aproveitamento de áreas marginais se adaptando
em diversas condições naturais e reduzindo problemas de doenças que seriam tratadas
com fármacos e vacinas a partir de plantas transgênicas (Valois, 2001).

Da mesma forma que existem muitas dúvidas sobre os malefícios dos alimentos
transgênicos, há discussões também sobre a rotulagem desses produtos. De acordo com
8
O Código de Defesa do Consumidor é obrigatório ao direito do consumidor que os
produtos expostos no mercado não irão causar riscos à saúde ou segurança do
consumidor, os fornecedores são obrigados a permitir as informações dos produtos, de
forma clara e legível.

Mesmo se tendo toda a informação completa dos componentes do produto ainda se tem
dúvidas na população, por falta de conhecimento das consequências do produto, tanto
para o consumidor, quanto para o meio ambiente (Silva & Cachapuz, 2007).

Em todo produto transgênico se tem um símbolo com a letra “T” envolta por um
triângulo com o fundo amarelo, para diferenciá-lo dos demais, logo no painel principal
do rótulo, como as expressões, nem sempre são usadas, “produto transgênico”, “contém
produto transgênico(s)” ou “contém ingrediente produzido a partir de produto
transgênico”. Mesmo com as expressões, ainda é preciso colocar a imagem do símbolo
transgênico para informar o consumidor sobre a origem e composição do produto (Silva
& Cachapuz, 2007).

Conhecer o que está comprando e entender o que está sendo informado é de grande
importância para o consumidor. Além disso, as informações devem ser corretas, claras e
confiáveis, o que compete à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
garantir a fiscalização e a legislação desses produtos. A Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS),
monitoram com inúmeros testes laboratoriais e pesquisas sobre transgênicos e mesmo
com a legislação e estudos rigorosos, existem dúvidas e preconceito sobre o seu
consumo e segurança alimentar. Algo muito questionado é se os transgênicos são
mesmo seguros, porém, nenhuma pesquisa comprovou que esse tipo de alimento possa
causar doenças no ser humano ou prejuízo ao meio ambiente (Embrapa,2021).

9
Características dos alimentos transgênicos

Algumas das principais características dos alimentos transgênicos são, melhor


rendimento e produtividade, resistência a pragas, preservação da biodiversidade,
ecossistemas e sustentabilidade, com maior quantidade e qualidade dos alimentos,
menor custo e menor área de cultivo. Por outro lado, ainda existem incertezas
relacionadas aos riscos à saúde humana como, alergias alimentares, resistência a
antibióticos, aumento das substâncias tóxicas, maior quantidade de agrotóxico nos
alimentos consumidos e ainda, a falta de informação nos rótulos das embalagens
(Embrapa, 2021; Ventura et al, 2020). Diante do exposto, este estudo tem por objetivo,
analisar os possíveis malefícios e os benefícios dos alimentos transgênicos segundo a
literatura, fazendo com que as pessoas saibam o que estão consumindo.

Em 1987 a empresa norte americana Monsanto saiu na frente das outras grandes
empresas de sementes, pois apresentou a primeira planta transgênica alimentícia, a soja
com tolerância ao herbicida glifosato.

Em 1994 surgiu o primeiro produto alimentício transgênico no comércio, denominado


“tomate Flavr Savr”, da empresa norte-americana Calgene. Este tomate tinha um gene
que retardava seu amadurecimento e, com isso, aumentava o prazo de validade para ser
consumido . A partir de 1995, outras culturas geneticamente modificadas chegaram ao
mercado. O milho, o algodão, a soja Roundup Ready e a canola da Monsanto, e
diversas variedades de batata que tiveram características específicas adquiridas pela
tecnologia de DNA recombinante estavam sendo plantados em campos norte-
americanos . Além disso, após 1998 foram lançadas outras sementes no mundo por
grandes empresas como AstraZeneca, DuPont, Monsanto, Novartis e Aventis . No
período entre 1995 e 2006, o mercado internacional de transgênicos evoluiu, em
especial com a soja, que atingiu mais quatro bilhões de consumidores em diversas
partes do mundo como, por exemplo, na África, na Ásia, na Oceania, nas Américas e na
Europa, onde estão localizados alguns Estados que colocam barreiras ao comércio de
transgênicos .

Em 2006 já são vinte e um Estados (EUA, Argentina, Canadá, Brasil, China, Espanha,
França, Alemanha, Portugal, Checoslováquia, Irã, Índia, Romênia, Filipinas, Austrália,

10
África do Sul, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Honduras e México) que estão cultivando
lavouras transgênicas no mundo como a soja, o milho, o algodão e a canola .

Atualmente, cinco Estados cultivam quase 95% - 85,4 milhões de hectares – de toda
área do planeta destinada aos transgênicos. Em primeiro lugar estão os EUA, com 49,8
milhões de hectares. Em segundo, aparece a Argentina, com 17,1 milhões de hectares.
Em terceiro, aparece o Brasil, com 9,4 milhões de hectares; Em quatro o Canadá com
5,8 milhões de hectares; e quinto a China, com 3,3 milhões de hectares .

Vantagens

 Colheitas de maior rendimento e maior resistência;


 Menor utilização de pesticidas;
 Alimentos transgênicos duram mais tempo, diminuindo o desperdício de
comida;
 Redução na quantidade de energia necessária para se produzir alimentos;
 Utilização de produtos menos nocivos ao meio ambiente;
 Diminuição da fome no mundo;
 Alimentos mais nutritivos;
 Redução na ocorrência de doenças contagiosas;
 Criação de ferramentas mais precisas na detecção de doenças, etc.

Desvantagem

 Danos ao meio ambiente;


 Alta dependência de tecnologias oriundas de países desenvolvidos;
 Aumento da concentração de renda;
 Incerteza sobre os seus efeitos, a longo prazo, no meio ambiente e nos
organismos;
 Diminuição da biodiversidade;
 Aumento na ocorrência de doenças causadas por produtos transgênicos.

11
Procedimentos biotecnológicos para animais

A biotecnologia animal tem fornecido novas ferramentas para os programas de


melhoramento e, dessa forma, contribuído para melhorar a eficiência da produção dos
produtos de origem animal. No entanto, os avanços têm sido mais lentos do que
antecipados, especialmente em razão da dificuldade na identificação dos genes
responsáveis pelas características fenotípicas de interesse zootécnico. Três estratégias
principais têm sido utilizadas para identificar esses genes - mapeamento de QTL, genes
candidatos e sequenciamento de DNA e mRNA - e cada uma tem suas vantagens e
limitações.

Na produção animal, animais transgênicos são capazes de produzir leite com


composição modificada, podendo beneficiar várias pessoas, principalmente as
intolerantes à lactose e os alérgicos à proteína do leite. Eles podem também produzir
mais carne, lã ou leite, além da possibilidade de ter sua resistência a doenças
aumentada. Animais modificados também podem ser usados em prol da saúde humana,
podendo ser utilizados como biorreatores para produção de proteínas farmacêuticas,
como doadores de órgãos para humanos ou até como modelos para estudar doenças
humanas como o câncer e o Alzheimer.

Métodos

Transgenia animal existem varias técnicas para produzir um animal transgênico,


entretanto todas elas possuem o mesmo objetivo, que é o de produzir um animal com
alguma característica especial de interesse humano. São exemplos de objetivos da
transgenia animal: maior conversão alimentar em animais domésticos, resistência a
doenças em humanos ou animais, resistência a parasitos, carne de maior qualidade,
maior produção de leite, produção de substancias farmacêuticas, produzir animais mais
adaptados a um determinado ambiente e transplantes de órgãos (CASTRO, 2001
CAMARA et al., 2008).

Para criar animais transgênicos, pode-se optar por qualquer um dos métodos existentes,
como a microinjeção pronuclear, a introdução de gene por retrovírus, a transferência de
gene mediada por células tronco-embrionárias,

12
O método a ser utilizado vai depender do tipo de alteração genética que se deseja fazer,
podendo ser um procedimento de modificação, introdução ou inativação de um gene
(PESQUERO et al., 2007; KUMAR et al., 2013).

Para se produzir um animal transgênico, é necessário realizar no mínimo três passos


essenciais independente da metodologia a ser realizada, sendo eles:

 A aquisição de um embrião ou ovócito da espécie a ser alterada;


 Introdução da informação genética dentro do embrião ou do ovócito;
 Transferência dos embriões para as fêmeas receptoras.

Estes três processos fazem parte da maioria das manipulações embrionárias exigidas
para se criar um animal transgênico (CASTRO, 2001). Das técnicas existentes,
podemos citar a micro injeção pronuclear, transferência de gene mediada por
espermatozoides, infecção de embriões por retrovírus transferência de DNA mediada
por transposons, agregação ou injeção de células-tronco embrionárias geneticamente
modificadas, transferência de segmentos de cromossomos, entre outras (AZEVEDO,,
2012),

As principais técnicas e características dos procedimentos mais utilizados na


transgenia animal.

A seguir, serão apresentadas as principais técnicas e características dos


procedimentos mais utilizados na transgenia animal‫׃‬

 Micro injeção pronuclear


 Transferência gênica mediada por retrovírus
 Alteração genética mediada por transposons
 Animais transgênicos a partir de transferência nuclear
 Transferência de gene mediada por espermatozoides
 Transferência de gene mediada por células-tronco embrionárias

13
Micro injeção pronuclear

A microinjeção pronuclear foi uma das primeiras técnicas a ser utilizada com
sucesso em mamíferos. Inicialmente foi utilizada em ratos, e pouco tempo depois o
método foi implementado em outras espécies como coelhos, ovelhas, aves, peixes e
suínos (GORDON et al., 1980).

O processo é realizado em um microscópio invertido equipado com micro


manipuladores onde uma micropipeta contendo segmentos de DNA (aproximadamente
1000 cópias em 1-2 pL ) atravessa a zona pelúcida do ovócito fecundado e é feita a
injeção do DNA em um dos pró-núcleos. O ideal é que a micro injeção pronuclear seja
feita entre 15 e 20h após a fecundação, em caprinos deve-se realizar primeiramente a
centrifugação dos ovócitos, devido a grande quantidade de gotas lipídicas em seu
citoplasma. Depois de injetado o embrião permanece em cultivo in vitro até que seja
transferido para receptoras sincronizadas (RUMPF & MELO, 2005).

Das vantagens da microinjeção pronuclear, podemos citar a grande probabilidade de


transmissão da linhagem germinativa do transgene, um baixo limite no tamanho ou tipo
de DNA sintetizado, além de possuir uma relativa estabilidade devido a herdabilidade
do gene transgênico (PINKERT, 2004). Por outro lado o método também possui
desvantagens, como o custo e o tempo gasto na realização da micromanipulação e a
microinjeção, não possui a garantia de integração do DNA exógeno , a incorporação de
genes é aleatória podendo resultar em inserções indesejadas causando mutações. Outra
limitação é que embriões em estádio mais avançado do desenvolvimento, não são
viáveis para a técnica (GORDON, 1989).

Transferência gênica mediada por retrovírus

Outra forma de obter animais transgênicos é através da introdução de genes por


meio de retrovírus. Embriões podem ser infectados com retrovírus até a metade da
gestação, entretanto, somente o zigoto no estágio de 4 a 16 células pode ser infectado
com um ou mais agentes (PINKERT, 2004).

Os retrovírus pertencem à família Retroviridae, eles são vírus que possuem RNA como
material genético que, após infectar células de mamíferos, convertem seu RNA em DNA

14
no genoma da célula hospedeira por transcrição reversa (SILVA, 2009). Para alterar um
vírus e transformá-lo em um transmissor de material genético exógeno, primeiro deve
ser bloqueada sua capacidade de reprodução, eliminando os genes responsáveis por sua
replicação, depois deve ser retirada parte do genoma viral para obter espaço suficiente
para introduzir o material genético de interesse, retirando os genes que não são
essenciais e principalmente aqueles que podem prejudicar o hospedeiro (FERNÁNDEZ,
2008).

Os retrovírus são uma forma eficaz para transferir material genético, sendo utilizados
para infectar embriões de bovinos por meio de injeção, que é feita entre a zona pelúcida
e a membrana do zigoto , após a fecundação in vitro 5 (CHOFMANN et al., 2004).

O método também pode ser feito expondo os embriões in vitro a soluções concentradas
de vírus recombinantes, com o gene de interesse previamente inserido no retrovírus.
Depois de infectados os embriões são transferidos para as fêmeas receptoras, assim
completando a gestação (PEÑARANDA & ASENSIO, 2007).

Alteração genética mediada por transposons

Transposons são segmentos de DNA que podem se mover e se multiplicar no


genoma de uma célula, fazendo a integração do material genético de forma aleatória,
em um processo chamado de transposição (SILVA, 2009).

Existem dois grupos de transposons, os transposons classe I e classe II. Os


retrotransposons também conhecidos como transposons classe I, são sequências de
DNA que são transcritas em RNA e estas retranscritas em DNA, as cópias geradas se
integram em múltiplos sítios do genoma do indivíduo sob ação da enzima transcriptase
reversa. O “DNA transposons” ou transposons classe II são sequências de DNA que se
movimentam no genoma do hospedeiro por intermédio da enzima transposase, onde
cópias do DNA não são geradas (BOSCH et al., 2015).

Os transposons foram identificados primeiramente no milho (MCCLINTOCK 1950),


pouco tempo depois eles foram detectados no genoma de eucariotos e procariotos
(MAKALOWSKI et al., 2012).

Graças a engenharia genética já se pode manipular os transposons fazendo que eles


transportem DNA exógeno para incorporar no material genético do futuro animal

15
transgênico. Em vertebrados quase todos os transposons já descobertos, foram
inativados por mutações naturais.

Uma das desvantagens do transposon na transgenia é o limitado espaço para transportar


genes externos (HOUDEBINE, 2002). Para se conseguir mais espaço e evitar que o
transposon recombinante se alastre de forma desgovernada, é retirado o gene da enzima
transposase, sendo adicionada no vetor, uma transposase exógena a fim de integrar o
vetor recombinante no genoma hospedeiro (SILVA, 2009).

Animais transgênicos a partir de transferência nuclear

A transferência nuclear (TN) foi um método inovador para a ciência animal,


entretanto isso só foi possível a partir de experimento feito em rãs em 1951, onde
ovócitos foram enucleados e fusionados com células de embrião na fase de blástula.
Eles chegaram a se desenvolver até o estágio de girino (BRIGGS & KING, 1952). A
técnica utilizada hoje consiste na enucleação de ovócito maturado, que deve estar na
fase MII da meiose. O procedimento de remoção do núcleo, é feito em um micro
manipulador.

O núcleo do ovócito deve ser corado com Hoechst 33342, porque só assim ele se torna
visível no microscópio com luz ultravioleta Depois de removido, o núcleo poderá ser
descartado porque somente o citoplasma será aproveitado ( FREITAS, 2009)..

Em seguida deve-se obter uma célula diploide (transgênica que contenha as


características desejadas), a célula então deve ser colocada no espaço perivitelino do
ovócito doador de citoplasma que será submetido a pulsos elétricos que irão promover a
fusão da célula com o citoplasma( MELO, 2005),.

O novo conjunto formado deve ser ativado de forma química ou elétrica para que se
inicie o desenvolvimento embrionário. Se o processo obtiver sucesso, resultará em um
animal clonado, com as características do núcleo doador (GIBBONS et al., 2014)..

16
Procedimentos biotecnológicos para plantas transgénicos.

O sucesso da produção de plantas transgênicas depende da introdução do DNA


no genoma vegetal e da regeneração de plantas que expressam um gene inserido
(DROSTE, 1998).

Vários métodos para a transferência de genes em plantas tem sido propostos,


possibilitando a produção de plantas transgênicas das espécies de maior importância no
mundo (SANTARÉM, 2000).

A transferência de genes para espécies vegetais tem sido possível graças a manipulação
genética de células, utilizando métodos diretos ou indiretos de transformação. O método
indireto é aquele no qual utiliza um vetor, como Agrobacterium tumefaciens ou
Agrobacterium rhizogenes (BRASILEIRO e DUSI, 1999).

De forma a intermediar a transferência de genes. Entretanto, algumas dicotiledôneas e a


maioria das monocotiledôneas e gimnospermas não são suscetíveis, ou apresentam
pouca suscetibilidade à infecção pela Agrobacterium (POTRIKUS, 1990).

Os métodos diretos, têm sido adotados, porque não requerem a utilização de vetores
biológicos, mas por outro lado utilizam protoplastos, que em alguns casos apresentam
dificuldade de regeneração de plantas. Os métodos diretos mais utilizados são a
eletroporação e a biobalística (SANTARÉM, 2000).

MÉTODOS DE TRANSFORMAÇÃO DE PLANTAS

Transferência por agrobacterium

O biólogo molecular mexicano Luis Herrera - Estrela e o geneticista norte-


americano Robert B. Horsch foram os primeiros a conseguir, em 1984, plantas de
tabaco transformadas geneticamente via Agrobacterium, através da união das técnicas
de biologia molecular, cultura de tecidos vegetais, transformação e seleção in vitro.
Portanto, foi demonstrado que essa bactéria poderia servir como um vetor natural para a
transformação de plantas, possibilitando que genes com características de interesse
agronômico pudessem ser transferidos para vegetais (SANTARÉN, 2000).

Agrobacterium é uma bactéria de solo, Gram negativa, aeróbica, pertencente à Família


Rhizobiaceae . Sua importância para os estudos de transformação de plantas reside na

17
capacidade natural que esses patógenos possuem de introduzir DNA em plantas
hospedeiras. Esse DNA é integrado e passa a ser expresso como parte do genoma da
planta. Como conseqüência dessa expressão, o padrão normal de desenvolvimento é
alterado (LIPPNISSINEN, 1993).

Agrobacterium tumefaciens é uma das cinco espécies do gênero Agrobacterium que


pode penetrar em plantas, principalmente nas dicotiledôneas, causando a galha-da-
coroa. Esta bactéria possui um plasmídeo indutor de tumor denominado Ti, parte do
qual é incorporado nas células da planta hospedeira, que passa a produzir hormônios
vegetais e opinas (compostos sintetizados para a nutrição da bactéria).

Outra bactéria do solo, Agrobacterium rihizogenes , causadora da proliferação de raízes


secundárias no ponto de infecção tem sido também considerada excelente vetor para
transformação genética (BORÉM, 1998).

Na transformação mediada por Agrobacterium é necessário que a bactéria fique em


contato com explantes, com potencial regenerativo, como segmentos de folhas jovens,
embriões zigóticos, entrenós, cotilédones etc. A técnica consiste em colocar o explante
na presença do vetor de transformação (Agrobacterium) contendo o gene de interesse
onde eles são co-cultivados. As bactérias então infectam o tecido vegetal iniciando o
processo de transferência e transformação do genoma da planta.

A seguir o tecido é cultivado em meio de regeneração contendo antibiótico para


eliminação da Agrobacterium e um agente seletivo que é um sistema baseado na
utilização de genes que conferem resistência a antibióticos. As plantas transformadas
são então, regeneradas in vitro e posteriormente aclimatadas (BRASILEIRO, 1998).

Transferência por eletroporação de protoplastos

Protoplastos são definidos como células desprovidas de paredes celulares


(EVANS, 1991). Para a introdução de DNA usando a eletroporação, os protoplastos são
expostos a pulsos curtos de corrente contínua e alta voltagem, em presença do DNA
exógeno. É o método mais indicado para plantas monocotiledôneas como milho e trigo.

Parâmetros como duração dos pulsos elétricos, intensidade do campo elétrico,


concentração e forma do DNA, presença ou ausência de DNA carregador, composição

18
do tampão de eletroporação e temperatura de incubação dos protoplastos devem ser
determinados (SANTARÉM, 1998).

No procedimento conhecido como fusão de protoplastos, os protoplastos de duas


plantas diferentes são unidos, produzindo uma célula somática híbrida. Logo após a
remoção das paredes e antes que elas sejam novamente formadas, os protoplastos são
fusionados pela adição de um agente apropriado como polietileno glicol ou mediante
descargas elétricas (RAVEN, 1999).

Para a transferência dos genes, os protoplastos previamente selecionados e purificados


são mantidos em solução juntamente com os plasmídeos que contem os genes a serem
introduzidos. Após isso se utiliza uma descarga de capacitores para produzir pulsos de
alta voltagem que induz a abertura de poros na membrana celular, o que permite a
penetração e a eventual integração dos genes no genoma (BRASILEIRO e DUSI, 1999)

A biobalística é uma técnica bastante versátil, pois permite além da transformação de


um genótipo, pode também ser utilizado para uma organela como a mitocôndria ou o
cloroplasto. Uma das principais vantagens é a eficiência na transformação de
Gimnospermas e Angiospermas monocotiledôneas, o que não é observado na
transformação por meio de Agrobacterium. Esse processo possibilitou a obtenção de
plantas transgênicas de diversas espécies cultivadas, que até então não haviam sido
transformadas por outras metodologias disponíveis (AHMED, 2000).

A maioria dos modelos biobalísticos atuais emprega macroprojéteis, usados como


veículo para aceleração dos microprojéteis colocados na sua superfície. Tipicamente, os
macroprojéteis têm a forma de um cilindro plástico ou disco de metal (FINER, et al.,
1996).

Parâmetros físicos e biológicos

Diversos parâmetros físicos e biológicos devem ser levados em consideração


para se estabelecer um protocolo de transformação utilizando-se esse método, tais como
a espécie vegetal e seu estado fisiológico, o tipo de explante, tipo e tamanho da
partícula, método de precipitação, velocidade das partículas, tipo de equipamento
(SANFORD et al., 1993).

19
Vantagens

Uma das vantagens do sistema é que este permite a introdução e expressão


gênica em qualquer tipo de célula. Assim, foi permitida a transformação in situ de
células diferenciadas sem necessidade de regeneração.

Outra importante vantagem está na possibilidade de obtenção de plantas


transgênicas através da transformação de células-mãe do meristema apical. A técnica de
biobalística mostrou-se bastante eficiente, pois as micropartículas conseguem atingir as
três camadas do meristema apical (BRASILEIRO e CARNEIRO, 1998) que é formado
por células iguais e estas vão se diferenciando em três tipos de meristema primário a
protoderme, o procâmbio e o câmbio vascular (RAVEN, 1999)

Desvantagem

O maior obstáculo do método está na dificuldade de regeneração de plantas a


partir de protoplastos transformados. Mesmo quando a regeneração é obtida, as plantas
podem apresentar problemas de redução de fertilidade (RHODES et al., 1989), além de
várias espécies ainda serem consideradas recalcitrantes para essa tecnologia (BIRCH,
1997).

20
CONCLUSÃO

As técnicas de transformação genética de plantas é hoje uma prática bastante


utilizada, têm permitido acelerar o melhoramento vegetal e está avançando com extrema
velocidade. Os métodos de transformação variam tanto em eficiência quanto na forma
de aplicação. Estes métodos podem ser indiretos ou diretos. Os métodos indiretos
consistem na transformação mediada por algum agente biológico como, por exemplo, o
Agrobacterium método que consiste em ocasionar um ferimento na planta e inserir,
assim fragmentos de DNA, sendo um método muito eficiente em dicotiledôneas. Os
métodos diretos não necessitam desses vetores biológicos e sim de processos físicos ou
químicos como a eletroporação de protoplastos que introduz o DNA através de
protoplastos que são acelerados até atravessar a membrana da célula a ser acrescido o
DNA e a biobalística que é um método onde micropartículas de ouro ou tungstênio são
aceleradas conseguindo, assim, atravessar a membrana da célula. A obtenção de plantas
transformadas não é o fim deste processo, pois são necessárias diversas pesquisas para
garantir que estas plantas não apresentem risco à saúde e para serem posteriormente
inseridas nos sistemas de produções.

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