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Instituto Superior Mutasa Delegação de Manica

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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE MANICA

Resolução de exercícios

Graça Lúcio Luís

Licenciatura em Psicologia Social do Trabalho

Manica, Março de 2024


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE MANICA

Resolução de TPC

Graça Lúcio Luís

Trabalho de Investigação da Cadeira de Filosofia I a ser


apresentado no Curso de Psicologia Social do Trabalho, 1°
Ano do Instituto Superior Mutasa, como um dos requisitos
avaliativos da Cadeira

O Docente:

Dr. João Chimene Jr

Licenciatura em Psicologia Social do Trabalho

Manica, Abril de 2024


1. Resposta Descartes distingue três tipos de ideias: inatas, adventícias e factícias. As ideias
adventícias são aquelas que nos chegam a partir dos sentidos, as factícias são provenientes da
nossa imaginação, uma combinação de imagens fornecidas pelos sentidos e retidas na memória
cuja combinação nos permite representar (imaginar) coisas que nunca vimos. A grande questão
porém é a de saber se todas as nossas ideias se podem explicar destes dois modos. Será o
triângulo uma ideia adventícia? Como explicar então a sua perfeição? Será uma ideia factícia?
Como explicar nesse caso a sua universalidade? E a ideia de Deus? Como explicar que seres
finitos e imperfeitos como os homens são, possam ter a ideia de um ser infinito e absolutamente
perfeito? A resposta de Descartes é a de que para além das ideias adventícias e factícias os
homens possuem ideias inatas, ideias que, nascidas connosco, são como que a marca do criador
no ser criado à sua imagem e semelhança. stas ideias inatas, claras e distintas, não são inventadas
por nós mas produzidas pelo entendimento sem recurso à experiência. Elas subsistem no nosso
ser, em algum lugar profundo da nossa mente, e somos nós que temos liberdade de as pensar ou
não. Representam as essências verdadeiras, imutáveis e eternas, razão pela qual servem de
fundamento a todo o saber científico.

2. “(...) quando começo a descobri-las, não me parece aprender nada de novo, mas recordar
o que já sabia. Quero dizer: apercebo-me de coisas que estavam já no meu espírito, ainda que
não tivesse pensado nelas. E, o que é mais notável, é que eu encontro em mim uma infinidade de
ideias de certas coisas que não podem ser consideradas um puro nada. Ainda que não tenham
talvez existência fora do meu pensamento elas não são inventadas por mim. Embora tenha
liberdade de as pensar ou não, elas têm uma natureza verdadeira e imutável.” Num texto
dirigido à princesa Elisabeth, Descartes escreve (1645): “A primeira e a principal [das ideias
inatas] é que há um Deus de quem todas as coisas dependem, cujas perfeições são infinitas, cujo
poder é imenso, cujos decretos são infalíveis...” Este inatismo traduz a profunda confiança que
Descartes tem na razão. Fonte de todo o conhecimento seguro e verdadeiro, faculdade
universalmente partilhada, a razão ou bom senso é aquilo que define o homem como homem, o
que o distingue dos outros animais. "O bom senso é a coisa que, no mundo, está mais bem
distribuída: de facto, cada um pensa estar tão bem provido dele, que até mesmo aqueles que são
os mais difíceis de contentar em todas as outras coisas não têm de forma nenhuma o costume de
desejarem [ter] mais do que o que têm. E nisto, não é verosímil que todos se enganem; mas
antes, isso testemunha que o poder de bem julgar, e de distinguir o verdadeiro do falso que é

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aquilo a que se chama o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; da
mesma forma que a diversidade das nossas opiniões não provém do facto de uns serem mais
razoáveis do que outros, mas unicamente do facto de nós conduzirmos os nossos pensamentos
por vias diversas, e de não considerarmos as mesmas coisas." Mas, de que maneira opera a
razão? Afastada a hipótese de se fazerem conjecturas com base nos sentidos que só poderiam
conduzir-nos a um conhecimento provável e incerto, as operações da razão que conduzem à
verdade e à certeza são apenas duas: a intuição e dedução.

3.As principais causas que impedem o esclarecimento estão no comodismo, na preguiça e na


covardia. Com tais causas, o homem permanecerá sempre em sua menoridade. Para as pessoas
acostumadas a ‘receberem as coisas nas mãos’ (Kant enumera alguns: ter um livro que faz as
vezes de nosso entendimento; um diretor espiritual que tem consciência em nosso lugar; um
método que decide a nossa dieta; etc.), torna-se difícil e perigoso renunciar sua menoridade. Isto
está tão enraizado em sua vida, em seu cotidiano, em todos seus trabalhos, que se torna natural,
cômodo. Por isso é que os homens não sabem como lidar com a liberdade quando a têm e os
impede de utilizar seu entendimento. Mas, para tanto, sempre há uma primeira tentativa, e é essa
a exortação de Kant em sua resposta à pergunta proposta.

Há pessoas, no entanto, que são o contrário. São aqueles “indivíduos capazes de pensamento
próprio”. Esses indivíduos devem espalhar o espírito de avaliação racional de cada homem.
Todavia, existem pessoas que acabam tirando proveito da situação, obrigando as demais pessoas
a viverem sob seu domínio. A verdadeira revolução deve ser a mudança de pensamento das
pessoas. Essa mudança traz benefícios muito maiores que a de uma revolução política, em que
apenas se trocam algumas pessoas do poder, mas a dominação continua. Uma revolução assim,
que derruba um governo despótico, «nunca produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar».
O esclarecimento exige liberdade. Uma liberdade não limitada, não condicionada, que favoreça
apenas aos que têm o “poder” nas mãos. Também o uso privado da razão, apesar de ser limitado,
pode ajudar consideravelmente no progresso do esclarecimento. O uso privado da razão é aquele

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que o sábio pode fazer em um certo cargo público ou numa função a ele confiada. Um oficial não
pode colocar, contra seu superior, seu raciocinar em voz alta. “Deve obedecer.” Entretanto, este
mesmo oficial não está impedido de fazer observações sobre os erros no serviço militar. Da
mesma forma que um sacerdote, obediente ao credo que professa, diz palavras, em seu sermão,
coniventes com o credo professado. Mas, pode e deve, contudo, alertar o público sobre as idéias
equivocadas da fé professada. bnMesmo a época relatada por Kant é um período apenas de
passagem. A época do filósofo não é, ainda, “esclarecida”, mas está em processo de
“esclarecimento”. Tal processo é fruto do Iluminismo, tendência de pensamento esclarecido pela
luz da razão, e não mais das trevas do Medieval.

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