Coletânea de Textos 1 PRATICA DE ENSINO
Coletânea de Textos 1 PRATICA DE ENSINO
Coletânea de Textos 1 PRATICA DE ENSINO
Dimensão Escolar
Cursita: ______________________________________________________
Prof. Esp. Marcos Neves da Silva
A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO FÍSICO ESCOLAR NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM
RESUMO
O estudo que ora se apresenta tem a pretensão de demonstrar, quão grande a importância do conhecimento cientifico – permitir
que outras pessoas possam indagar, buscar respostas, enfim sejam levadas ao questionamento do que às intriga e às tornam
curiosas. O conhecimento cientifico alimenta-se e se mantêm pela sua capacidade de formular perguntas e buscar desafios diante
de uma realidade que torna a perplexidade do ser humano a sua possibilidade de interferência, preponderância e modificação do
espaço real, onde esta inserido. O método de abordagem é dedutivo e o método de procedimento monográfico com técnicas de
pesquisa bibliográfica e documental. O enfoque principal do artigo está na análise da importância do espaço físico escolar no
ensino e na aprendizagem.
ABSTRACT
The study presented here purports to show how great the importance of scientific knowledge - allow others to question, seek
answers, finally are brought to the question of what to intrigue and to become curious. The scientific knowledge is nurtured and
maintained by their ability to ask questions and seek challenges facing a reality that makes the perplexity of their human
interference, dominance and modification of real space, where it entered. The method of approach is deductive and the method
of procedure with techniques monographic literature and documents. The main focus of the paper is the analysis of the
importance of school physical space for teaching and learning. Keywords: scientific knowledge, real space, people, reality.
INTRODUÇÃO
O trabalho desenvolvido visa apresentar o espaço escolar — no qual grande parte de nossas crianças e jovens passam seu
tempo e que pode permitir aprender muitas coisas, e não somente dentro da sala de aula, mas em todos os ambientes. A estrutura
física da escola, assim como sua organização, manutenção e segurança, revelam muito sobre a vida que ali se desenvolve ou que
se quer desenvolver. Desta forma pensou-se estudar e observar o que o Espaço Escolar revela.
Entre muitos assuntos que giram em tornos de questões gestoras de uma instituição educacional, uma das que mais me
chamaram a atenção é a do Espaço Escolar, o que o mesmo representa, como ele é utilizado pelos gestores, qual legislação e
documentos existem sobre Espaço e se os mesmos são cumpridos.
Este estudo usou como coleta de dados a observação na Escola, a análise da Legislação Municipal, Nacional e
documentos como o PPP e Regimento escolar, focando na relação do mesmo com o tema.
A pesquisa e a construção deste artigo pretendem auxiliar professores e gestores a terem um olhar diferenciado para o
espaço que se tem, para o já conhecido, de modo a fazer diferente e melhor (objetivo geral). Com essa pesquisa deseja
mostrar-se que como se vê, o chão e as paredes também ensinam. Disponibilizando ao profissional da educação, um estudo
referente ao espaço escolar que auxilie, em sua prática de trabalho, o conhecimento da legislação sobre espaço escolar (objetivos
específicos).
Espaço escolarXaprendizagem
A organização do tempo e dos espaços escolares é e depende da construção humana que foi elaborada no decorrer da
história e que, portanto, expressa as relações sociais que os mesmos têm e se estabelecem, podemos pensar a possibilidade de
mudanças na estrutura do espaço das escolas de modo a se tornarem espaços que favoreçam o processo de desenvolvimento e
formação das crianças, respeitando-as como sujeitos de direitos.
Mayumi de Souza Lima (1989; 1994; 1995) defende a importância da qualidade do espaço na educação das crianças, no
sentido de proporcionar um espaço que, ao invés de confinar a infância no interior da escola, proporcione as condições mais
favoráveis para o processo de desenvolvimento da criança. Partindo de reflexões sobre o desaparecimento, nos centros urbanos,
(em decorrência de uma expansão das cidades acompanhada pelo crescimento da violência e do desrespeito com o ser humano...
As crianças começam a ficar mais em casa) - de espaços públicos de aprendizado coletivo onde antes as crianças podiam circular
e brincar. Esta arquiteta defende que, na realidade brasileira, o espaço escolar tem se tornado um candidato potencial a ocupar o
lugar de convívio e produção de cultura entre as crianças.
1
Pós-graduanda em Supervisão educacional pela Universidade Leonardo da Vinci-UNIASSELVI e pedagoga pela Faculdade Cenecista
de Osório-FACOS. Endereço eletrônico: bibiannabs@hotmail.com.
² Mestra em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC; Professora do ensino superior na
Universidade do Vale do Itajaí-UNIVALI e na Faculdade Avantis. Bacharela em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul-
UNISC. Endereço eletrônico: marisouza_10@hotmail.com.
Se ainda acreditamos na escola como espaço da infância, como este tem se apresentado em nosso País? São estes espaços
dignos de abrigar nossas crianças? São capazes de atender as necessidades infantis? Foram indagações deste tipo que levaram
Mayumi Lima a questionar a qualidade funcional e construtiva do espaço escolar, denunciando a falta de cuidado dispensado pelos
governos com relação aos espaços educativos, pois estes não garantem nem o mínimo das condições necessárias e favoráveis
para o desenvolvimento da criança.
Mayumi Lima afirma que em nossa sociedade o espaço é organizado, distribuído e direcionado pelos que detêm o poder e
os usuários não tem voz para expor suas expectativas, necessidades e desejos. Assim também acontece com os espaços
destinados à criança. O poder, primeiro, da sociedade de classes, segundo, das instituições representativas dessa sociedade e,
terceiro, dos adultos em geral, se apodera do espaço da criança e o transforma num instrumento de dominação.
A organização e distribuição dos tempos e espaços escolares representam o poder exercido pelo adulto sobre a criança. À
primeira vista, não é possibilitado à criança o exercício de participação e proposição de alternativas para a organização do seu
próprio espaço, de modo que possa ocupá-lo e transformá-lo em lugar. Segundo o Telecurso - Ensino Médio (LUGAR E
ESPAÇO GEOGRÁFICO), 2010:
LUGAR: Está relacionado a espaços que nos são familiares, que fazem parte da nossa
vida. Nossa identidade sempre se remonta ao nosso lugar de origem.
ESPAÇO GEOGRÁFICO: Resultado de um passado histórico, das características
sociais, de população e economia de um lugar. Um conjunto de lugares e sua relação
com outros lugares caracterizam o espaço geográfico.
Como observa Escolano (1998), o espaço escolar expressa e reflete determinados discursos, além de representar um
elemento significativo do currículo, uma fonte de experiência e aprendizagem. Quando crianças, internalizamos as primeiras
percepções do espaço, desenvolvemos nossos esquemas corporais e acomodamos nossos biorritmos aos padrões estabelecidos
pelas organizações próprias do tempo escolar.
Ao recordarmos nossas experiências escolares, pensarmos como eram as escolas de antigamente podemos perceber que
os espaços não são estruturas neutras mas sim, construções sociais que aprendemos e que condicionam as significações de
aprendizados e os modos de educação.
Assim, se defendemos a escola como lugar privilegiado da infância em nossa sociedade, precisamos repensar a
construção, organização e ocupação dos edifícios escolares, precisando sim repensar a importancia das condições dos lugares
escolares para que possamos permitir que seus usuários se apropriem e vivenciem o espaço e as práticas ali desenvolvidas de
modo a transformá-lo em lugar. Um lugar cheio de sentido, que desperte o gosto pelo saber e que permita as crianças
vivenciarem sua infância juntamente com seus pares.
Demonstrando ser um sujeito do seu tempo, Mayumi Lima(1989), propõe transformar o tempo e o espaço escolares em
tempo e espaço da infância pautada na idéia da participação efetiva das crianças na manutenção e construção dos espaços
escolares. Não subestimando que as dificuldades técnicas e materiais de construção de um espaço ultrapassam as possibilidades
de uma criança, esta arquiteta defende que a manifestação da criança bem como a sua participação deveriam merecer atenção
dos educadores e arquitetos responsáveis pela construção de espaços para as crianças. Mas para que isto seja possível, é
necessário que os adultos possibilitem à criança o exercício da participação, um direito garantido na Convenção dos Direitos das
Crianças de 1989.
Para que a criança se aproprie da escola, transformando este tempo e espaço também em lugar da infância, é necessário
que à ela seja permitido deixar suas marcas, seja através de uma pintura na parede, um desenho no chão ou participando da
discussão, definição e organização destes espaços, enfim, dando- lhe oportunidades de opinar e discutir suas idéias e desejos.
Assim, uma escola construída e organizada com as crianças precisa respeitá-las enquanto sujeitos de direitos, garantindo
no seu interior direitos básicos como: direito a educação, ao brincar, a cultura, a saúde e a higiene, a uma boa alimentação, à
segurança, ao contato com a natureza, à espaços amplos por onde possa se movimentar, ao desenvolvimento da criatividade e
da imaginação, ao respeito à individualidade e desenvolvimento da sua identidade, enfim, o direito a uma infância cheia de
sentidos.
O homem é um ser que faz questionamentos existenciais, e que tem que interpretar a si e ao mundo em que vive,
atribuindo-lhes significados. Cria representações significativas da realidade, as quais chamamos conhecimento.
O conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representação, pode ser classificado em diversos tipos
como, por exemplo, mítico (valorativo, inspiracional, sistemático, não-verificável, infalível, exato), empírico ou ordinário
(valorativo, reflexivo, assistemático, verificável, falível, exato), dogmático (valorativo, racional, sistemático, não-verificável,
infalível, exato) e científico (real – factual, contingente, sistemático, verificável, falível, aproximadamente exato) – “[...] o
conhecimento científico se apresenta em níveis: o conhecimento popular ou empírico, o conhecimento religioso ou teológico, o
conhecimento filosófico e o conhecimento científico.” (TAFNER; SILVA; WEIDUSCHAT, 2007, p. 125)
O conhecimento científico é o que é produzido pela investigação científica, através de seus métodos. Surge não apenas da
necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de fornecer explicações
sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas. A investigação científica se inicia quando se
descobre que os conhecimentos existentes, originários quer do senso comum, quer do corpo de conhecimentos existentes na
ciência, são insuficientes para explicar os problemas surgidos. O conhecimento prévio que nos lança a um problema pode ser
tanto do conhecimento ordinário quanto do científico.
É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de
verificação baseados na metodologia científica.
[...] conhecimento científico: É racional e objetivo; atém-se aos fatos, transcende aos
fatos. É analítico. Requer exatidão e clareza. É comunicável. É verificável. Depende
de investigação metódica. Busca e aplica leis. É explicativo. Pode fazer predições. É
aberto. É útil. (TEIXEIRA apud GALLIANO, 1979, p. 24-30).
Por exemplo: Descobrir uma vacina que evite a AIDS; descobrir qual é a importância das algas para o meio ambiente,
descobrir novas fontes de energia não-poluentes, etc.
Quando o homem sai de uma posição meramente passiva, de testemunha dos fenômenos, sem poder de ação ou controle
dos mesmos, para uma atitude racionalista e lógica, que busca entender o mundo através de questionamentos, é que surge a
necessidade de se propor um conjunto de métodos que funcionem como uma ferramenta adequada para essa investigação e
compreensão do mundo que o cerca. O homem quer ir além da realidade imediatamente percebida e lançar princípios
explicativos que sirvam de base para a organização e classificação que caracteriza o conhecimento. Através desses métodos se
obtém enunciados, teorias, leis, que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos associados
a um problema, sendo possível construir novos conhecimentos, novos saberes.
A ciência exige o confronto da teoria com os dados empíricos. A teoria deve poder ser submetida a um exame crítico.
Um enunciado científico, construído mediante hipóteses fundadas em teorias, deve poder ser contrastado com a realidade, deve
poder ser submetido a testes, em qualquer época e lugar, e por qualquer pessoa. Isso faz com que a investigação científica
estimule a criar fundamentos mais sólidos e a testar suas hipóteses de uma forma mais rígida e controlada. A ciência se vale da
crítica persistente que persegue a localização dos erros, através de procedimentos rigorosos de testagem que a própria
comunidade científica reavalia e aperfeiçoa constantemente. Esse método crítico de constante localização de dificuldades,
contradições e erros de uma teoria, garante à ciência uma confiabilidade. “[...] As noções de experiência e verificação são
essenciais nas ciências; o conhecimento científico deve ser justificado e é sempre passível de revisão, desde que se possa
provar sua inexatidão. [...]” (TAFNER; SILVA; WEIDUSCHAT, 2007, p. 119)
Por estar submetida a constantes retomadas de revisões críticas, é que uma teoria científica é aperfeiçoada e corrigida,
garantindo seu enriquecimento e confiabilidade.
“Conhecer perfeitamente é conhecer pelas causas; saber cientificamente é ser capaz de demonstrar. O conhecimento
científico difere do conhecimento vulgar e vai muito além deste.” (TAFNER; SILVA; WEIDUSCHAT, 2007, p. 125)
O conhecimento científico trata os resultados das pesquisas como eternas hipóteses que merecem constante
investigação. Esse busca, sobretudo, a verdade, com consciência da necessidade dessa busca, expondo as suas hipóteses às
críticas, livre de crenças e interesses pessoais, conclusões precipitadas e preconceitos. Embora não se possam alcançar todas as
respostas, o esforço por conhecer e a busca da verdade continua a ser a razão mais forte da investigação científica.
Considerações finais
A vida de contemplação, ou o conhecimento científico é reservado somente a alguns poucos. Introduzir-se no campo da
investigação científica implica, em não se contentar a ser mero receptor de informações, sejam elas já sistematizadas ou
esparsas.
Uma das finalidades do conhecimento científico é promover a autonomia de pensamento e de reflexão crítica, despertar
a espontaneidade e o espírito de criatividade. A atividade científica é empreendimento de um ser pensante, criativo, à procura
de compreensão da realidade que o envolve e com a qual está interagindo.
O conhecimento científico é diferente, entre outros aspectos, porque os enunciados, conclusões, hipóteses ou teorias não
constituem meras opiniões, mais devem estar sustentadas em provas, dados empíricos ou respaldo de natureza teórica. Esta
justificação do conhecimento científico é também chamada argumentação, definida, por exemplo, como a capacidade de
relacionar dados e conclusões, de avaliar enunciados teóricos à luz de dados empíricos ou outras fontes (grifo nosso).
Antes de podermos fazer qualquer afirmação sobre o mundo, devemos ter tido experiências sensoriais. O conhecimento
científico é obtido daquilo que se observa, aplicando-se as regras do método científico.
O conhecimento constitui- se em uma síntese indutiva do observado, do experimentado. A especulação, a
imaginação, a intuição, a criatividade não devem desempenhar qualquer papel na obtenção do conhecimento. O
verdadeiro conhecimento é livre de pré- conceitos, de pressupostos. As teorias científicas não são criadas, inventadas ou
construídas, mas descobertas em conjuntos de dados empíricos (relatos de observações, tabelas laboratoriais, etc.). A
teoria tem como função a organização econômica e parcimoniosa dos dados, do observado e a previsão de novas observações.
Qualquer tentativa de ultrapassar o observado é destituída de sentido. O conhecimento científico é uma construção humana que
intenciona descrever, compreender e agir sobre a realidade. É provisório e sujeito a reformulações. A
obtenção de um novo conhecimento, sendo um ato de construção que envolve a imaginação, a intuição e a razão, está
sujeito a todo tipo de influências.
A inspiração para produzir um novo conhecimento pode vir inclusive da metafísica. Todas as fontes e todas as
sugestões são bem-vindas. A aquisição de um novo conhecimento se dá a partir dos conhecimentos anteriores.
Relutamos em abandonar o conhecimento, as teorias já existentes. O abandono de uma teoria implica em reconhecer outra
como melhor (SILVEIRA, 2002, grifo nosso).
Importante mencionar que o espaço físico é essencial para a educação inclusiva. O que se concluiu é que de uma
maneira geral encontraram-se muitos fundamentos e uma legislação inclusiva no papel, todavia a espera de se tornar efetiva na
prática. Assim, tem-se que as leis deram atenção especial à criança e ao adolescente, pois, eles deixaram de ser apenas
destinatários de direitos, mas passaram a ser titulares de direitos e de proteção ante as suas especificidades.
Talvez, uma divulgação maior, um trabalho de mídia, com a explicação sobre os direitos inerentes à pessoa humana, e
que atinja todas as regiões do Brasil, faça o poder público além de reconhecer e assinar leis que são a favor dos excluídos,
incentivar e apoiar o que está constitucionalmente institucionalizado. Desta maneira, a sociedade informada, poderá se tornar
apta para contribuir, no movimento de inclusão escolar e social. A par disso os mecanismos governamentais, tais como os
conselhos, nacional, estaduais e municipais, poderão inclusive supervisionar e punir quando for o caso.
Deste modo, constitucionalizados, os direitos fundamentais asseguram a qualquer cidadão os direitos básicos para um
Estado Democrático de Direito. Desta maneira é importante destacar uma sociedade que entenda e conheça sua Constituição
para poder colocar em prática o que nela está escrito.
As barreiras que os excluídos encontram diminuíram, embora, ainda parece estar no ser humano a discriminação e a
dificuldade de aceitação dos mesmos na sociedade. Isto não diminui e nem menospreza o excelente trabalho que profissionais
da área, estão fazendo, procurando socializar seus conhecimentos e assim, materializar a inclusão de todos na sala de aula,
consequentemente, na sociedade como um todo. No entanto, a cada dia se constata uma crescente necessidade de se
identificar e remover novas barreiras, articulando renovadas respostas frente aos desafios que precisam ser vividos no dia-a-
dia, com otimismo e compromisso com um futuro mais justo para todos nós.
Muitas especializações relativas à inclusão social, a partir da percepção escolar, estão acontecendo e, portanto, se
depender dos egressos desses estudos é possível vislumbrar, algo novo no que tange ao direito fundamental tão importante que
é a educação inclusiva. Uma sociedade inclusiva e concretizadora dos direitos elencados na Constituição Federal.
Inevitavelmente, refletir sobre estas práticas é condição essencial para continuarmos avançando.
REFERÊNCIAS
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
TAFNER, J.; SILVA, A. C. da; WEIDUSCHAT, I. Metodologia do Trabalho Acadêmico. Indaial: Ed.
ASSELVI, 2007.
RESUMO
A presente pesquisa tem por objetivo verificar como a escola de ensino fundamental tem
organizado seu espaço escolar para atender as crianças de 6 anos, como também,
compreender de que forma esse espaço contribuí com o processo de ensino e
aprendizagem. Para atingir o proposto foi realizada uma pesquisa qualitativa. Os
instrumentos utilizados para levantar dados foram à observação do espaço escolar e o
Diário de Campo. A pesquisa teve como campo, uma sala de aula pública do 1º ano do
Ensino Fundamental pertencente ao município de Londrina. Como conclusão foi
construída um “Projeto sala de aula Sketchup” para o 1º ano do Ensino Fundamental,
como uma das possiblidades de resignificar os espaços educativos, a fim de possam
acolherem e integrar o seu mais novo aluno. Palavras chave: Espaço. 1º ano do
Ensino Fundamental. Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
O século XXI trouxe para contemporaneidade vários desafios, dentre eles está o
reconhecimento da criança cidadão tendo a infância por direito. Mas, sabemos que nem
sempre foi assim, a criança durante muito tempo foi desrespeitada pela sociedade, sendo
ora considerada como um adulto em miniatura, ora como um ser sem conhecimento e
sentimentos submisso as impressões do adulto, ora funcionaria do trabalho infantil, ora
sujeito de consumo do capitalismo e da sociedade midiática, ora vitima da exploração
sexual.
Neste contexto, cabe à escola refletir sobre as suas práticas educacionais, na
tentativa de conceber a criança como um ser em pleno desenvolvimento, no entanto, um
ser ativo e social que, ao se apropriar de diferentes espaços, tem a possibilidade de
interagir com objetos culturais, com outras crianças e com diferentes adultos, todos
importantes para o seu processo de humanização.
Assim, ao refletirmos sobre o espaço físico que compõem as escolas, Rinaldi
(2002) diz que,
[...] O ambiente escolar deve ser um lugar que acolha o indivíduo
e o grupo, que propicie a ação e a reflexão. Uma escola ou uma
creche é antes de tudo, um sistema de relações em que as crianças
e os adultos não são apenas formalmente apresentados a
organizações, que são uma forma da nossa cultura, mas também a
possibilidade de criar uma cultura. [...] É essencial criar uma
escola ou creche em que todos os integrantes sintam-se
acolhidos, um lugar que abra espaço às relações (p. 77).
Um espaço cercado por mesas e cadeiras enfileiradas revela que o movimento das
crianças não é considerado e que as propostas estão na mão do adulto que é o único que
precisa ser visto e ouvido. A própria decoração do ambiente é reveladora. Muitas vezes,
o adulto no desejo de deixar o espaço bonito, o decora com cartazes e enfeites que não
tem significado para aquele grupo de crianças e que é um referencial apenas para ele.
Muitas revistas “pedagógicas” em especial aquelas destinadas a educação infantil
infelizmente apresentam alguns desses modelos.
Quanto à organização das salas, Barbosa e Horn (2001) afirmam ser fundamental
que se considere a sala como parte integrante da ação pedagógica e destacam que são
fatores determinantes desta organização o número de crianças, as faixas etárias, as
características do grupo e a parceria entre professores e aluno.
Ainda segundo as autoras Barbosa e Horn (2001), a organização adequada do
espaço e dos materiais disponíveis na sala de aula será fator decisivo na construção da
autonomia intelectual e social das crianças. Para a delimitação dos espaços podem ser
usados diversos materiais, como panos, tapetes, estantes, cortinas e outros.
Zabalza e Fornero (appud HORN,2004,P.35) fazem uma interessante distinção
entre espaço e ambiente, apesar de terem a clareza de que são conceitos intimamente
ligados. Afirmam que esse termo espaço refere- se a locais onde as atividades são
realizadas e caracterizam-se pelos objetos, moveis, materiais e por sua decoração já o
ambiente diz respeito ao conjunto desse espaço físico e as relações que se estabelecem
no mesmo, as quais envolvem os fatos e as relações envolvidas entre crianças e adultos.
Antes de projetas um ambiente ou um espaço, trago esse discussão para
caracterizar e definir o conceito de espaço e ambiente. Pensar o espaço é, portanto,
compreender as questões físico- materiais como os elementos de cor, texturas, piso,
altura de janelas, altura das maçanetas das portas, os móveis, a louça do banheiro
(torneira, cuba, vaso sanitário, porta toalhas, entre outros), a dimensão métrica das
salas, corredores, refeitórios, banheiros, hall de entrada; a interligação entre estes
espaços; o desenho arquitetônico e suas formas.
Essas dimensões estão implicadas, segundo os autores, no trabalho pedagógico
dos professores e na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças.
[...] O espaço acaba tornando-se uma condição básica para
poder levar adiante muitos dos outros aspectos-chave. As
aulas convencionais com espaços indiferenciados são cenários
empobrecidos e tornam impossível (ou dificultam seriamente)
uma dinâmica de trabalho baseada na autonomia e na atenção
individual de cada criança (ZABALZA, 1998, p. 50).
Pensar o ambiente, por outro lado, é considerar as interações: criança/criança,
criança/adulto, criança/espaço, criança/tempo de permanência na instituição de
educação nesse caso de do ensino fundamental, criança/relação com os elementos do
espaço. As questões que envolvem o espaço têm influência sobre o ambiente e este, por
sua vez, incide sobre o espaço.
Acredito ser fundamental o entendimento tanto das especificidades de cada
conceito em sua dimensão teórico-prática, quanto das relações e implicações que se
estabelecem ente eles. Essa diferenciação possibilita aprofundar compreensões que
podem resultar na adequação do espaço projetado.
Podemos observar na imagem acima que na parede que havia vários armários e
uma TV que não funcionava ambos foram descartados. No projeto foi utilizado uma
prateleira de amadeira na cor amarela sem portas, onde será colocado os cadernos das
crianças, pois, durante as minhas observações notei que os cadernos eram sempre as
crianças que manuseavam, eram elas que guardavam após corrigir, e eram elas que
pegavam para guardar na mochila, então, sugeri uma prateleira sem portas, a prateleira tem
uma tamanho suficiente para a turma dos dois períodos.
Os três armários azuis, são para guardar matérias que não serão usados de
imediato, como folha sulfite, cadernos novos, lápis de cor, giz de cera etc, os armários são
baixo, onde as crianças podem ter acesso e também ter autonomia na escolha do material.
Próximo à porta foi colocado duas bancadas azuis escuras, com quatro cadeiras
brancas, denominado de cantinho da criatividade. Nessa bancada está disponível tintas,
pinceis, folhas sulfite e diversos desenhos para colorir. A professora fazia atividades onde
as crianças tinham liberdade para escolher do que gostaria de brincar, mas, notei que não
havia um lugar onde elas pudessem direcionar a atividade, um lugar próprio para cada
atividades.
Segundo Ceppi e Zin (2013 p48) “É importante que todos os espaços da escola,
de acordo com suas características especificas, estejam abertos e acessíveis as
crianças, para que elas possam lá permanecer e utiliza-los.”
No projeto as paredes estão livres para que a professora possa expor as produções
dos alunos, o que antes com as paredes cheias de armários não ocorria. Segundo Ceppi e
Zini(2013 p51) “O espaço deve ser organizado de maneira eficiente para arquivamentos da
documentação dos trabalhos e projetos realizados pelas crianças.”
Foto – 03: Sala de Aula
Na imagem a cima, podemos notar que a lousa é para uso apenas da professora,
pois uma crianças de 6 anos não alcança. No canto esquerdo, tem um computador que não tem
utilidade nenhuma, pois, não funciona, e o alfabeto a cima da lousa é muito pequeno difícil de
visualizar.
Há também um excesso de carteiras na sala, o que deixa o ambiente apertado e
sem possibilidade de outras organizações para as atividades, tais como: como duplas, círculos,
equipes, etc.
Foto 04: projeto sala de aula Sketchup
No projeto sugerido tanto a lousa como as carteiras, foram modificadas, pois, durante as
observações pude perceber que as crianças tinham uma necessidade enorme de escrever na lousa, de
interagir com o que a professora escrevia, e de ter a percepção de que a lousa não era restrita apenas a
professora. Mas, uma das impossibilidades era o fato de não alcançarem, então no projeto busquei
colocar um quadro que ocupasse praticamente toda a parede tanto de largura quanto de altura, o que
torna mais acessível aos alunos, e o alfabeto em cima da lousa é grande e pode ser visualizado
tranquilamente e sem dificuldade, e as crianças terão uma copia desse alfabeto para que ele possa ser
manuseado.
Sobre este aspecto Ceppi e Zini(2013 p46) dizem que “O ambiente escolar deve er passível
de receber manipulações e transformações tanto de adultos como de crianças, e deve estar aberto para
diferentes usos.” Foto – 05: Sala de Aula
Quanto a área da janela, pudemos observar que é muito boa, pois, tem uma
iluminação adequada. Mas em alguns horários a iluminação é intensa, e com o mau funcionamento das
cortinas se torna um problema.
No projeto da janela, as cortinas foram trocadas por persianas, o que possibilita abrir e fechar a
liberando a luz que for necessária para uma iluminação adequada. Deste modo Cippi e Zini(2013 p61)
afirmam que ”A quantidade de luz natural é uma das características mais importantes da iluminação de
interiores.
Concordando com o autor é que sugerimos a persiana nas janelas, uma vez que elas não tiraram a
iluminação natural da sala, e esta iluminação fez com a crianças pudessem ter a percepção de tempo. Ceppi e
Zini(2013 p61)” É importante que as crianças sintam se em harmonia com o ambiente do lado de fora da
escola e que elas estejam cientes das mudanças que ocorrem.
” Foto-07:projeto sala de aula Sketchup.
Atualmente o fundo da sala foi usado como deposito, tudo o que não coube na Biblioteca e em
outros setores da escola, foi para na sala do primeiro ano, o que torna o espaço apertado e sem possibilidade
para usar as paredes, há também um excesso de aparelhos de televisão na sala de aula que na tem uso. O
espaço entre a televisão e as carteiras é pequeno, o que não possibilita que as crianças possam ficar
confortáveis, elas acabam ficando em suas carteiras quando ocorre alguma atividade de multimídia.
Foto 08: projeto sala de aula Sketchup
No projeto sugerido para este espaço, no fundo da sala foi usados caixas de frutas de feira, elas foram
usadas como armários, é uma alternativa barata e que da muito certo, pois todas DVD, livros e jogos podem
ser organizados de maneira que as crianças tenham acesso.
No canto esquerdo uma fita métrica gigante instiga as crianças a quer saber quanto elas cresceram, o
que possibilita a interação com a matemática de uma maneira divertida, e do lado uma pequena biblioteca,
onde a professora poderá colocar em destaque os livros novos ou mais lidos, e em baixo organizar o restante.
Uma bancada azul, entre a mini biblioteca e a televisão foi projetada para que as crianças pudessem
ter essa sensação de mudança de ambiente, e que também possibilita um lugar para os jogos ou ate mesmo
para a leitura de um livro. Segundo Ceppi e Zini(2013 p46)”
Transformabilidade a curto prazo pode ser obtida através de divisórias, mobília, painéis”.
O ambiente possibilita inúmeras sensações, como na área projetada para a televisão, um tapete e milhares de
travesseiros bem macio, em forma de nuvem para a criança poder deitar e se sentir confortável, a prateira de
caixa de frutas, deixa os DVDs e jogos acessíveis às crianças.
E as cores usadas sem exageros, assim as paredes ficaram na cor branca para deixar o ambiente mais claro,
iluminado, e as cores ficaram no mobiliário para assim compor um ambiente mais agradável e apropriado
para as crianças.
Segundo Ceppi e Zini(2013 p)” O cenário cromático deve ser rico, envolvendo todas as variantes
de identidade das cores sem, contudo criar um efeito “cacofônico”;em vez disso um resultado equilibrado,
que crie harmonia.”
Considerações Finais
Concluo essa pesquisa, respondendo algumas inquietações que trouxe no inicio nesse trabalho, e
fica assim a certeza de que ainda se tem muito a ser pesquisado sobre esse assunto.
O espaço físico da escola do ensino fundamental hoje, não é adequado para as crianças de seis anos,
essa preocupação de adequar o ambiente para a criança que acabou de sair da educação infantil, ficou como
um segundo plano nas escolas ou ate mesmo nunca existiu.
Na maioria das escolas o espaço da sala de aula é usado por crianças de idades diferentes em turnos
diferentes, o que faz com que as salas acabem não tendo a possibilidade de variação no mobiliário, e
também faz com as salas tenham um grande acumulo matérias e mobília desnecessária.
E por fim, a escola deve garantir a qualidade de ensino para os alunos, oportunizando um bom
espaço, que possa promover a autonomia à criatividade e que desperte os sentidos para diferentes linguagens
nos anos inicias.
REFERÊNCIAS
ARCE, Alessandra; MARTINS, Lígia Márcia. A Educação Infantil e o Ensino Fundamental de Nove anos.
In: ARCE, Alessandra; MARTINS, Lígia Márcia (Orgs.). Quem tem medo de ensinar na educação infantil?
Em defesa do ato de ensinar. Campinas, SP: Alínea, 2007. p. 37-50.
.Ensino fundamental de nove anos: passo a passo do processo de implantação. 2. ed. Brasília, 2009.
ALMEIDA, Rosangela Doin; JULIASZ, Paula Cristina. Espaço e tempo na educação infantil.São
Paulo,SP:Contexto,2014.
CEPPI, Giulio, ZINI, Michele. Crianças, espaços, relações: como projetar ambientes para a educação
infantil. Porto Alegre: Penso, 2013.