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Palestra 2020 – UFMG.
A separação entre pessoa física e jurídica, e o foco na tributação da última, leva-se a
seguinte ideia: existem pessoas jurídicas e pessoas físicas, com rendas separadas ou a renda é do indivíduo? SCHOUERI está convencido de que é o indivíduo que paga o imposto, quem contribui para a sua sociedade. Afirma que a capacidade contributiva é do indivíduo, não do indivíduo nem da pessoa jurídica. E a tributação da PJ é apenas uma cédula me que se tributa a capacidade econômica do indivíduo, assim como a cédula de ganhos de capital e a cédula de rendimentos financeiros. O sistema é cedular, portanto. Não há que se procurar uma capacidade contributiva separada da PJ. Aduz-se sobre o paralelo de que a renda só é possível auferir ao final do empreendimento/empresa. Por isso, não se diferencia a renda para IRPF ou para IRPJ. Aduz sobre os tipos e a distribuição de competências. A pergunta tipológica ao ver uma mudança na lei: “essa mudança cria um novo imposto ou ainda é o mesmo?”. Com isso, via raciocínio tipológico, busca analisar as características “típicas” da exação. CTN enquanto LC define o conceito de renda e proventos. Há, nas doutrinas econômicas, várias escolas sobre renda: renda-produto; renda- acréscimo; renda-legal. (ver manual de tributação direta das empresas do Autor). O art. 43 CTN adota as teorias renda-produto (inciso I) e renda-acréscimo (inciso II). Foi bastante amplo. A maior parte da doutrina sustenta que o artigo somente adotou a teoria do acréscimo patrimonial. O SCHOUERI pensa que, dentro do inciso I, há acréscimo, mas, há ainda mais: adota-se todas as rendas provenientes de alguma fonte (p. ex., tributação exclusiva na fonte, que não mede acréscimo necessariamente). O FG é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica prevista no caput. Há quem leve em consideração para diferencia-las a licitude ou ilicitude da atividade que deu origem a renda. GILBERTO ULHOA CANTO, p. ex., aduzia que rendimentos derivados de práticas ilícitas jamais implicariam em aquisição de disponibilidade jurídica. RICARDO MARIZ DE OLIVEIRA diferencia as duas categorias no fato causador do aumento patrimonial ser, ou não, regido pelo direito (jurídica, se lícito; econômica, se ilícito). Essa não é a visão preponderante. Prepondera-se na doutrina a visão de BULHÕES PEDREIRA, que separa ambas a partir do regime caixa (econômica) e competência (jurídica). BRANDÃO MACHADO, ainda, aduz que só existe disponibilidade jurídica, pois renda necessariamente é acréscimo patrimonial (conceito jurídico = conjunto de direitos). Então só existe disponibilidade jurídica (inciso I), pois é um novo direito agregado ao patrimônio. A disponibilidade econômica é um resquício da rejeitada consideração econômica. SCHOUERI discorda de BRANDÃO MACHADO pois não vê que renda necessariamente é acréscimo patrimonial. Mais: patrimônio não é necessariamente retirado do direito privado. Ou seja, pode-se pensar em patrimônio para além do direito privado. Que BRANDÃO MACHADO parte da premissa, quase dogma, que a consideração econômica foi rejeitada pelo Congresso. Porém o código manteve o art. 116 clássico, ou seja, inciso I (situação de fato) e inciso II (situação jurídica). Ou seja, para o SCHOUERI não colocou o DT enquanto vassalo do Direito Privado, pois o legislador pode criar suas próprias categorias (situação de fato), como é o caso da renda. Não é porque o art. 43 I usou o termo patrimônio que a renda deve-se dobrar exclusivamente ao conceito de direito privado patrimônio, pois renda é categoria própria do DT. Além disso, no direito privado há mais de uma forma de mensurar o acréscimo de patrimônio (civil e societário/contábil). SCHOUERI aduz que, na visão dele, a lei ordinária reiteradas vezes adota a disponibilidade jurídica, do direito privado, o acréscimo patrimonial do direito privado. Em tese, seria possível que a lei ordinária passasse a capturar a disponibilidade econômica, desde que de modo coerente/consistente. Disponibilidade = renda líquida. Renda disponível é a renda que sobra depois das despesas necessárias para a atividade empresarial. Renda disponível é aquela que pode ser consumida, a renda que não está comprometida ao negócio. E só pode ser tributada na aquisição da renda (= realização da renda). A disponibilidade deve ser adquirida, definitiva.
Palestra 2021 – CEDIN.
Por que se tributa a renda? Trata-se de forma mais eficiente da tributação, pois renda é bem-estar. Diz-se que o conceito fundamental de renda (S-H-S) é a somatória do consumo com os acréscimos patrimoniais auferidos, isso em termos econômicos. Por justiça, seria analisado via capacidade contributiva, que também leva à mesma ideia. Portanto, renda é o ponto de encontro dos economistas e juristas. “Renda = consumo + acréscimo patrimonial” (econômico) é mesmo que “renda = renda bruta – despesas operacionais” (jurídico). Despesa necessária: aquela realizada para auferir uma receita. Há relação de causalidade. A despesa é necessária se é um ato normal de gestão. Despesa usual: tem a ver com o objeto social. Novamente, liga-se com o ato normal de gestão. Renda disponível é renda líquida.