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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS PROF.

LINDLEY CINTRA
2023/2024

Filosofia 11º ano

DESCARTES (1596-1650) tópicos

Racionalismo
- O racionalismo é uma corrente que defende que a origem do conhecimento é a razão.
-Os racionalistas acreditam que só a razão pode levar a um conhecimento rigoroso, válido e universal.
-Os racionalistas desvalorizam os sentidos e a experiência devido à falta de rigor.
-Os racionalistas possuem uma visão otimista da razão porque acredita que ela possibilita o
conhecimento humano.

Descartes e o método
-Sendo um racionalista, procurou combater os ceticos e reabilitar a razão. Os ceticos duvidavam ou
negavam mesmo que a razão pudesse conduzir ao conhecimento.
-Não considera que a observação e a experiência não tenham qualquer importância. Para conhecer o
mundo temos de efetuar observações e experiências, no entanto é o conhecimento a priori que permite
justificar as ciências empíricas.
-Para mostrar que a razão pode atingir um conhecimento verdadeiro, vai criar um método.
-O método tem como objetivo a obtenção de uma verdade indiscutível.
-De entre as regras do método destaca-se a regra da evidência.
-A regra da evidência diz-nos para não aceitarmos como verdadeiro tudo o que possa deixar dúvidas.

Dúvida
-Recusando tudo o que possa suscitar incerteza, a dúvida afirma-se como um modo de evitar o erro.
-A dúvida é um instrumento (meio) da razão na busca da verdade.
-A dúvida procura impedir a razão de considerar verdadeiros conhecimentos que não merecem esse
nome.

Características da dúvida
- Metódica, faz parte do método que procura o conhecimento verdadeiro.
- Provisória, é temporária, isto é, pretende-se ultrapassá-la e chegar à verdade.
-Hiperbólica, exagerada, provisoriamente, para que nada lhe escape.
-Universal, aplica-se a todo o conhecimento em geral.
-Radical, incide sobre os fundamentos, as bases de todo o conhecimento.
-Voluntária e autónoma, não é imposta, é uma iniciativa pessoal.
-Uma suspensão do juízo, ao duvidar evitam-se os erros e os enganos.
-Catártica, purifica e liberta a mente de falsos conhecimentos.
-Uma prova rigorosa, nada será aceite como verdadeiro sem ser posto em dúvida.
-Um exame rigoroso, que afasta tudo o que possa ser minimamente duvidoso

Níveis de aplicação da dúvida


-Aplica a dúvida a tudo o que possa causar incerteza, nomeadamente:
.as informações dos sentidos.
.as nossas opiniões, crenças e juízos precipitados.
.as realidades físicas e corpóreas- a tudo o que julgamos real.
.os conhecimentos matemáticos.
.a existência de um génio maligno ou Deus enganador.

A dúvida hiperbólica e radical e a possibilidade do génio maligno parecem levar a um beco sem saída.
Torna-se quase impossível acreditar que a razão humana pode alcançar conhecimentos verdadeiros. No
entanto, há uma saída -o cogito (Penso, logo existo – cogito, ergo sum)

O cogito – 1ª verdade
-A dúvida conduz a razão a uma primeira verdade incontestável
- Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da existência daquele que duvida.
-Toda a mente humana sabe de forma clara e distinta que, pra duvidar tem que existir.
-A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da clareza e distinção.
-A verdade” eu penso, logo existo” é uma evidência. Trata-se de um conhecimento claro e distinto que irá
servir de modelo para todas as verdades que a razão possa alcançar.
-Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exercício da razão e não dos sentidos.
-Descartes mostrou que a razão, só por si, é capaz de produzir conhecimentos verdadeiros, pois ela
alcançou uma verdade indubitável.
-Apesar da razão ter chegado ao conhecimento verdadeiro, ainda não está excluída a hipótese do génio
maligno.
-Descartes considera fundamental demonstrar a existência de Deus, um Deus que traga segurançabe seja
garantia das verdades.

A existência de Deus
-Descartes considera que termos a perceção que existimos não chega para a fundamentação do
conhecimento.
-É essencial descobrir a causa de o nosso pensamento funcionar como funciona e explicar a causa da
existência do sujeito pensante.
-Descartes parte das ideias que estão presentes no sujeito para provar a existência de Deus.
-As ideias que o indivíduo possui são de três tipos: adventícias, factícias e inatas.
-Uma das ideias inatas que temos na mente é a ideia de perfeição. É esta ideia que Descartes vai usar
como ponto de partida para as provas da existência de Deus.

Provas da existência de Deus


-Descartes apresenta 3 provas:
1ª prova, (arg ontológico) sendo Deus perfeito tem que existir. Não é possível conceber Deus como
perfeição e não existente.
2ª prova, ( arg da marca impressa) a causa da ideia de perfeito não pode ser o ser pensante porque este é
imperfeito. A ideia de perfeição só pode ter sido criada por algo perfeito, Deus.
3ª prova, (arg contingência do mundo) o ser pensante não pode ter sido o criador de si próprio, pois se
tivesse sido ter-se-ia criado perfeito. Só a perfeição divina pode ter sido a criadora do ser imperfeito e
finito que é o homem e de toda a realidade.

A importância de Deus no sistema cartesiano e a questão dos erros do ser humano


-Deus, sendo perfeito, não pode ser enganador. Enquanto perfeição, Deus é garantia da verdade das
nossas ideias claras e distintas (por exemplo: 2+2=4 ou “penso, logo existo”.
-Se Deus é perfeito e criador do homem e da realidade, então é também o criador das verdades
incontestáveis e o fundamento da certeza.
-Segundo Descartes, é Deus que garante a adequação entre o pensamento evidente (verdadeiro) e a
realidade, conferindo assim validade ao conhecimento.
-Deus é a perfeição, ou seja, é o bem, a virtude, a eternidade, logo, não poderá ser o autor do mal nem o
responsável pelos nossos erros.
-Se Deus não existisse e não fosse perfeito, não teríamos a garantia da verdade dos conhecimentos
produzidos pela razão, nem teríamos a garantia de que um pensamento claro e distinto corresponde a
uma evidência, isto é, a uma verdade incontestável. Se Deus não é enganador, então as nossas evidências
racionas são absolutamente verdadeiras.
-Se Deus não existisse, para Descartes, seria “o caos” e nunca poderíamos ter a garantia do
funcionamento coerente da nossa razão nem ter noção de comi se tornou possível a nossa existência.

- Os erros do ser humano resultam de um uso descontrolado da vontade, quando esta se sobrepõe à
razão.
-Erramos quando usamos mal a nossa liberdade e quando aceitamos como evidentes afirmações que o
não são, logo, Deus não é responsável pelos nossos erros, mas é garantia das verdades alcançadas pela
razão humana.

Principais verdades
-A existência do pensamento (alma) traduzida no cogito – res cogitans
-A existência de Deus, ser perfeito com os seus atributos – res divina
-A existência dos corpos extensos em comprimento, largura e altura - res extensa

Fundacionalismo Cartesiano
-O fundamento do conhecimento é o cogito enquanto crença básica ou fundacional, é a 1ª verdade.
Todavia este fundamento do conhecimento depende daquele que é o princípio de toda a realidade:
Deus

Principal objeção à teoria de Descartes


Círculo cartesiano (Falácia da circularidade / Petição de princípio)
-Afirmar que Deus existe porque concebemos a sua existência com clareza e distinção e dizer depois que
podemos confiar naquilo que concebemos com clareza e distinção porque Deus existe a ideia que temos
de Deus ser clara e distinta garante que Deus exista, mas é Deus quem garante a verdade e a objetividade
das ideias claras e distintas)

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