Sistema Adesivo

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Sistema Adesivo

Definição
São um conjunto de materiais que visam promover
a união entre os materiais resinosos e os
substratos dentários (esmalte e dentina).
- sistema de baixa viscosidade (material
fluido)

Adesão x União
União: íntimo contato sem a atração molecular
Adesão: íntimo contato pela atração de moléculas
distintas
Adesão micromecânica: íntimo contato substrato
dental com sistemas adesivos

Adesão
Atração entre moléculas de substratos diferentes.
- cria-se espaço
- penetra nas estruturas
- fotoativa para endurecer
Tipos de adesão:
1) Adesão química: baseada em forças de
valência primárias. Ex: adesão do civ
2) Adesão física: baseada em força de 1) energia de superfície do sólido: os átomos
valência secundárias. localizados no interior de um sólido estão
3) Adesão mecânica: depende da de certa forma “estabilizados” pois
penetração microscópica de um material possuem vários átomos ao seu redor
em outro diferente. Microembricamento. pelos quais eles são atraídos. Já os
Ex.: sistema adesivo átomos localizados na superfície de um
sólido são atraídos apenas pelos átomos
Critérios para adesão da subsuperfície. Sendo assim, a porção
Molhamento: capacidade de escoamento do dos átomos superficiais que está livre
adesivo sobre a superfície do aderente, possui uma energia (energia de
promovendo eficiente união. Viscosidade do superfície), que faz com que átomos de
adesivo e ângulo de contato aderente x adesivo outros materiais (de um adesivo, por
- a capacidade de um adesivo de exemplo) sejam atraídos para essa
molhar o aderente está ligada a superfície. Para se alcançar uma boa
limpeza superficial do aderente e adesão, é importante que se tenha a
ângulo de contrato entre adesivo maior energia de superfície possível.
e aderente. 2) tensão superficial do líquido: quanto
- quanto menor o ângulo de maior a tensão superficial, maior a
contato do líquido com a tendência de o líquido formar gotas e
superfície, maior o molhamento. menor a possibilidade dele se espalhar e
Quanto maior o ângulo de entrar em íntimo contato com uma
contato do líquido com a superfície, prejudicando assim a adesão.
superfície, maior a viscosidade. Líquidos com baixa tensão superficial, se
espalham com maior facilidade em uma
superfície, gerando boa adesão. O ideal
nesse caso para se alcançar uma boa Smear Layer
adesão é com baixa tensão superficial. Conceito: termo inglês, em portugues significa
3) viscosidade: bom adesivo deve apresentar camada de esfregaço ou lama dentinária. É o
uma baixa viscosidade (ou seja, alta substrato produzido clinicamente durante a
fluidez) para que possa penetrar dinâmica no ato operatório do preparo cavitário.
profundamente nas irregularidades Exemplo: resíduos de estrutura dental cortada,
superficiais do substrato, sem que se saliva e bactérias.
formem “vazios” entre adesivo e Smear on: na superfície do túbulo (sobre a dentina
substrato. intratubular)
Smear plug: dentro do túbulos dentinários
Substratos Dentários
Esmalte: 96% inorgânico (cristais de hidroxiapatita
e formato de prismas), 3% orgânico (proteínas) e
1% de água.
Dentina: 70% inorgânico (cristais de
hidroxiapatita), 20% orgânico (fibrilas de colágeno
proteoglicanos e proteínas), 10% de água.

O esmalte é mais inorgânico do que a dentina,


tecido mais inativo com impermeabilidade maior,
além disso é um tecido mais distante da polpa ,
portanto o risco de sensibilidade é diminuído.
Além disso tem uma microestrutura prismática,
favorável a adesão. Já a dentina é diferente do
esmalte, é um tecido mais ativo, com
permeabilidade maior que o esmalte por
apresentar túbulos, além de estar próximo a polpa,
portanto não é qualquer material que pode colocar
sobre ela, pelo risco de irritação pulpar.

Desafios da adesão em dentina


Histórico
1) composição
Buonocore (1955): condicionamento ácido no
2) túbulos dentinários (aumentam o
esmalte para criar adesão do material na estrutura
diâmetro e número quanto mais próximo
dentária
da polpa, o que pode gerar uma maior
Fusayama (1970): após descoberta de smear layer,
sensibilidade se ácido penetrar nesses
condicionamento esmalte e dentina. Descobriu
túbulos, devido ao prolongamento de
que o condicionamento também é necessário na
odontoblastos)
dentina para remover a smear layer com ácido.
3) presença de smear layer (fica dentro dos
Nakabayashi: descoberta camada híbrida (camada
túbulos dentinários, atrapalhando a
entre dentina e adesiva, que depois faz ligação
adesão)
com a resina).
4) permeabilidade
5) tensões que podem ser geradas na
Camada Híbrida
interface adesiva
É a união do sistema adesivo com a dentina. A
6) coeficiente de expansão térmico linear
camada híbrida constitui-se pela inter-relação do
(muito diferente dos materiais
polímero, proveniente do sistema adesivo, com o
restauradores, o que dificulta sua
colágeno dentinário.
substituição)
Com o condicionamento da dentina com ácido - ácidos minerais: fosfórico, hidroclorídrico, nítrico
fosfórico, ocorre a desmineralização dentinária, a e fluorídrico
remoção da smear layer, a exposição das fibras
colágenas e a abertura da luz dos túbulos
Ácido Fosfórico
dentinários. Para se conseguir a formação de uma
Concentração de 20 a 40%. É um gel espesso em
camada híbrida ideal, a superfície dentinária deve
sílica. A aplicação dura em média 15 segundos na
ser condicionada por ácidos exógenos ou
dentina, e após sua aplicação sempre lavagem.
monômeros autocondicionantes, para posterior
- no consultório utiliza 37%
aplicação do primer que facilitará a penetração do
- concentração> 40% ocorre precipitação de
adesivo.
sais de cálcio
Fatores que afetam sua formação:
- funções em esmalte: limpa a superfície do
- condicionamento muito intenso da
esmalte, remove a smear layer, aumenta a
dentina
rugosidade microscópica (deixando mais
- ressecamento da dentina
rugoso) e aumenta a energia de superfície.
- contaminação por saliva ou sangue
- função na dentina: aumenta a porosidade
- tempo de ação do prime insuficiência
da dentina intertubular, abertura dos
- polimerização incompleta
túbulos dentinários, remoção da smear
layer e exposição das fibrilas colágenas.
- aplicação clínica: 30 segundos no esmalte e
15 segundos na dentina em dentes
permanentes, pois o esmalte é mais
mineralizado (em dentes decíduos o tempo
é menor pois é menos mineralizados)
- Finaliza com lavagem + secagem (com papel
absorvente ou algodão ou cânulas de
sucção endodôntico acopladas ao sugador)
- Umidade / secagem: o ideal é não estar
Cuidados para adesão em dentina nem tão úmido e nem tão seco.
Dentina seca: há o colapso das fibras colágenas, - Excesso de água: diluição dos componentes
formando um emaranhado e não haverá do adesivo, dificuldade da infiltração de
penetração dos monômeros adequadamente. monômeros e diminuição do grau
Dentina encharcada: monômeros hidrófobos não polimerização dos adesivos
tem capacidade de penetração. - Falta de água: colapso das fibrilas
Sobrecondicionamento: pode contribuir para falha colagenose (dificuldade a infiltração dos
na formação da camada híbrida. Nesse caso, a monômeros e formação de camada hídrica)
profundidade de desmineralização da dentina pelo
condicionamento ácido seria maior que a
infiltração dos monômeros resinosos, deixando a 2. primer: composto por monômeros
porção mais profunda das fibras colágenas hidrofobia (hema e penta), moléculas
exposta, que podem ao longo do tempo sofrer pequenas (baixo peso molecular). Possui
hidrolise pela penetração de fluidos externos , caráter ambifilico, que é a capacidade de
comprometendo a durabilidade da adesão. grudar no monômeros que não tem
afinidade com água. É um solvente
(acetona, álcool e água), atua removendo
Composição: água e permitindo infiltração dos
1. condicionador ácido: cria micro retenções monômeros.
em esmalte e dentina por - Atua sobre a estrutura dentária
desmineralização. condicionada (ou seja, desmineralizada
- ácido orgânico: maléico, tartárico, cítrico e EDTA pelo ácido), penetrando nos espaços que
eram ocupados pelo mineral dissolvido. É ● Lavagem por 30 segundos
imprescindível para obter adesão em ● Secagem (leve jato apenas no esmalte)
dentina, pois é capaz de penetrar no Aplicação com auxílio de microbrush, por agitação,
colágeno desmineralizado molhado, além do adesivo em um frasco único (mon3- Pela
de se combinar com o adesivo, que é técnica de utilização: técnica úmida/ técnica seca
hidrófobo 4- Pela necessidade de condicionamento prévio:
sem etapa do ácido ou com etapa do ácido.
5- Diferentes estratégias adesivas utilizadas sobre
Primer
as estruturas dentárias: nesse contexto, os
Função: tornar a superfície destinaria mais receptiva
sistemas adesivos podem ser classificados em
a união, aumenta a energia de superfície da dentina
convencionais e autocondicionantes. Mais recente,
e remove a umidade da dentina.
foi lançada no mercado odontológico, uma nova
categoria de sistemas adesivos, que apresenta a
3. adesivo: composto por monomeros versatilidade de poder ser aplicada sobre as
hidrofobia (bisGama, TEGMA), moléculas estruturas dentárias tanto pela técnica
grandes (alto peso molecular), iniciador convencional quanto pela autocondicionante,
para iniciar a reação de presa estes novos adesivos foram denominados adesivos
(caforoquinona que é ativado pela luz, universais ou multimodais.
DMAEMA) e alguns sistemas (carga, flúor
e ingr. bacteriano) Técnicas
Técnica sistema convencional de 2 passos:
Adesivo ● Aplicação do ácido fosfórico 37%: 30seg
Função: responsável pela copolimerização do esmalte e 15 seg dentina.
prime, difundir na rede colágena e selamento ● Lavagem por 30 segundos
das estruturas desmineralizadas (formação de ● Secagem (leve jato se for só esmalte) com
tags). bolinha de algodão, papel absorvente,
- formação de camada híbrida microesponja.
- copolimerização dos monômeros com ● Aplicação com auxílio de microbrush, por
o material restaurador agitação da primeira camada de adesivo
- responsável pela resistência mecânica (primer e adesivo juntos: apresenta
Penetração dos monômeros: monômeros hidrófilos e hidrófobos)
- peso e tamanho molecular ● Aguardar 20 segundos para melhor
- afinidade com o substrato infiltração dos monômeros dentro das
- profundidade de desmineralização fibras de colágeno
- grau de expansão da matriz de ● Leve jato de ar (10seg) evaporar solvente
colágeno e melhor adaptação e escoamento do
- solvente utilizado material na cavidade
● Aplicação com auxílio de microbrush, da
segunda camada de adesivo por agitação
Classificação ● Aguardar 20 segundos para infiltração dos
1- Por geração: atualmente estamos no 8a geração monômeros
(ultima geração) ● Leve jato de ar (10seg) para evaporar o
2- Pelo sistema de ativação: fotopolimerizavel, solvente
autopolimerizaveis, duais ● Fotopolimerização de acordo com
é baixa ou inexistente. fabricante, geralmente 20seg

Técnica sistema auto condicionante de 1 passo: Técnica sistema convencional de 3 passos:


● Condicionamento ácido seletivo (apenas ● Aplicação do ácido fosfórico 37%: 30seg
em esmalte): Aplicação do ácido fosfórico esmalte e 15 seg dentina
37% - 30seg esmalte
● Lavagem por 30 segundos ● Condicionamento ácido seletivo (apenas
● Secagem (leve jato se for só esmalte) com em esmalte): Aplicação do ácido fosfórico
bolinha de algodão, papel absorvente, 37% - 30seg esmalte
microesponja. ● Lavagem por 30 segundos
● Aplicação com auxilio de microbrush, por ● Secagem (leve jato apenas no esmalte)
agitação, do primer, que tem afinidade ● Aplicação com auxilio de microbrush, por
pela água (monômeros hidrofílicos) agitação, do primer acidulado sobre a
● Aguardar 20 segundos para melhor dentina (não há prejuízo se tiver
infiltração dos monômeros dentro das derramamento na superfície de esmalte)
fibras de colágeno ● Aguardar 20 segundos para melhor
● Leve jato de ar (10seg) sobre a superfície infiltração dos monômeros dentro das
● Aplicação com auxilio de microbrush do fibras de colágeno
adesivo (bond) ( monômeros hidrófobos), ● Leves jato de ar (10seg) sobre a superfície
por agitação para remoção do solvente
● Aguardar alguns segundos ● Aplicação com auxílio de microbrush, da
● Leve jato de ar para melhor escoamento segunda camada do primer acidulado
do material sobre a dentina
● Fotopolimerização de acordo com ● Aguardar 20 segundos
fabricante, geralmente 20seg ● Leve jato de ar
● Aplicação com auxílio de microbrush da
Sistemas adesivos autocondicionantes camada de adesivo (bond) ( monômeros
Eles não apresentam um passo prévio e isolado de hidrófobos/ mais viscoso), por agitação
condicionamento ácido, uma vez que contêm um para penetrar em toda cavidade
primer acídico, composto essencialmente por ● Leve jato de ar para melhor escoamento
monômeros funcionais de baixo pH, que atuam do material
simultaneamente como condicionador e primer. ● Fotopolimerização de acordo com
Consequentemente, há uma redução do tempo de fabricante, geralmente 20seg
trabalho e do risco da ocorrência de erros de
sobrecondicionamento em dentina, a infiltração Diferença entre sistemas
dos monômeros funcionais acontece Condicionamento/ lavagem: remoção da smear
simultaneamente ao processo de layer, lavagem do condicionador ácido e maior
autocondicionamento, com isso, a possibilidade de profundidade de desmineralização .
discrepância entre a profundidade de
condicionamento e de infiltração dos monômeros
ômeros hidrofóbicos, hidrofílicos e ácido) em toda
cavidade (esmalte e dentina)
● Aguardar 20 segundos para melhor
infiltração dos monômeros dentro das
fibras de colágeno
● Leves jato de ar (10seg) sobre a superfície
● Aplicação com auxilio de microbrush, da
segunda camada do adesivo
autocondicionante
● Aguardar 20 segundos
● Leves jato de ar
● Fotopolimerização de acordo com
fabricante, geralmente 20seg

Técnica sistema auto condicionante de 2 passos:

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