Semiologia Cardiovascular

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Módulo 7 Manuela Targa Lorenzon - TXXII

Semiologia Cardiovascular
ANAMNESE **mulheres na pós menopausa e homens depois
dos 40 anos são idade de risco para
Identificação: tem importância na relação aterosclerose
médico-paciente, é importante se referir ao
paciente pelo nome. Além de que, existem Exame físico geral e cardiovascular
doenças relacionadas à faixa etária, sexo,
Geral:
procedência e atividade profissional.
Inspeção: avalia sinais de toxemia, grau de
HDA
hidratação, perfusão, SatO2, anemia, icterícia e
Interrogatório sintomatológico: edema. Observação de como o paciente entra no
consultório.
Dispneia: classificação em dispneia de grandes,
médios e pequenos esforços, progressão e Obs: ingurgitamento e pulsação de veias
graduação. *Na ICC a dispneia tem característica jugulares:
de ser progressiva, começar com pequenos
Pulso venoso reflete o coração direito já que essa
esforços e evoluir para grandes esforços.
circulação é livre de válvulas. Em decúbito dorsal
Dor precordial: características da dor – em as veias jugulares são naturalmente turgidas.
aperto, acompanhada de vômitos, suor, dor Quando o paciente estiver em pé ou sentado, as
constritiva, irradiação (mandíbula, coluna, veias se colabam. Se o paciente estiver em um
membro superior esquerdo, dor maxilar, decúbito a mais de 45° e mesmo assim as veias
auricular). A dor da angina e do IAM por exemplo, estiverem turgidas, quer dizer que há um
tendem a aparecer após uma situação de aumento de pressão no coração direito.
estresse. Insuficiência cardíaca, DPOC, são doenças que
acometem o coração direito e produzem essa
Palpitações: arritmias (taquicardia), extra-sístole
turgência jugular.
(não-taquicardia);
Cardiovascular:
Tonturas: vertiginosas (rotatória -> relação com o
labirinto) ou não rotatória (estenose de valva Inspeção e palpação – simultâneos:
aórtica).
Pesquisar por abaulamentos, observação do
Síncope: perda momentânea da consciência de precórdio, ver se há deformidade da caixa
até 5 minutos, em que volta rápido e sem torácica -> pectus carinatum, pectus excavatum.
sequelas. Vaso-vagal (paciente apresenta
Durante a palpação é necessário ver a presença
sintomas premonitórios, acontece devido
de frêmitos: é a sensação tátil de um som que
estimulação do nervo vago, por exemplo, a
acontece devido a um fluxo turbilhonar de
manobra de valsalva estimula o nervo, pode
sangue, diz respeito a uma alteração/lesão
ocorrer em todas as idades, NUNCA acontece
estrutural e não funcional. Um sopro funcional
deitado, volta rapidamente e normal) e
não produz frêmito, como é o caso do sopro que
neurológica (súbita, síndrome coronariana,
aparece na febre na criança. Corresponde aos
síndrome convulsiva);
sopros intensos: estenose aórtica, persistência
Edema: unilateral ou bilateral (indica patologia do canal arterial, comunicação interventricular.
sistêmica), linfático (frio), quente indica um
Ictus Cordis
processo infeccioso.
Diz respeito ao ápice do coração -> ventrículo
Cianose
esquerdo.
Antecedentes: hábitos que podem ser
Analisar o Ictus Cordis: com o paciente em
relacionados com fatores de risco cardiovascular,
decúbito dorsal ou lateral esquerdo, comparar o
perfil de risco coronariano (historia familiar,
pulso da carótida com ictus (palpar o ictus com a
dislipidemias, idade e sexo, tabagismo,
outra mão na carótida).
sedentarismo, estresse, HAS, DM).
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Pode ser não palpável e não visível (mamas Ainda nessa etapa, analisar os batimentos ou
grandes, enfisema, obesidade, musculatura movimentos na região precordial e áreas
desenvolvida). vizinhas, procurar movimentos que sejam visíveis
ou palpáveis. retração sistólica apical,
A localização varia de acordo com o biotipo da
levantamento em massa do precordio (hipertrofia
pessoa.
de VD), choques valvulares (bulhas
→ Mediolíneos: 4° ou 5° EIC na linha hiperfonéticas), pulsação epigástrica (pulsação
hemiclavicular; da aorta, hipetrofia de VD), pulsação
→ Brevelíneos: deslocado 2cm para a linha supraesternal (pulsação da croça da aorta).
axilar; Ausculta
→ Longilíneos: deslocado 1/2 cm para a
linha esternal, no 6° EICE. Médico posicionado a direita do paciente, realiza
→ O ictus pode se deslocar na dilatação ou a ausculta dos focos em uma ordem pré-definida,
hipertrofia de VE – estenose aórtica, em sentido anti-horário:
insuficiência aórtica e mitral, hipertensão Foco mitral -> aórtico acessório -> pulmonar ->
arterial e miocardiopatias; aórtico -> tricúspide.
A extensão do Ictus se dá pelo número de polpas
digitais, o normal é de 1 a 2. Em casos de
hipertrofia pode ter mais. Em casos de hipertrofia
+ dilatação o ictus é sentido na palma da mão.
Em condições normais o ictus tem mobilidade,
quando o paciente muda o decúbito ele se altera
também. Em casos de hipertrofia, cardiomegalia,
o ictus perde o movimento.
A intensidade e forma de impulsão também
devem ser analisadas, junto do ritmo e → Localização:
frequência. A forte intensidade está presente em
pacientes magros por exemplo, porém quando é Aórtico: 2°EICD;
muito forte essa intensidade pode indicar uma Pulmonar: 2°EICE;
insuficiência aórtica. Aórtico acessório: 3° EICE;
Tricúspide: entre o 4° e o 6°EICE na borda
esternal;
Mitral: 5°EICE;

→ Caracterizar o ritmo cardíaco: regular ou


irregular;
→ Frequência cardíaca;
→ Bulhas cardíacas (B1 e B2): intensidade, se
tem desdobramentos;
→ Ruídos adicionais: 3° e 4° bulhas, cliques,
estalidos, ruídos de próteses, atrito
pericárdico (permanece mesmo quando o
paciente para de respirar, o atrito pleural
Na imagem:
desaparece).
A: localização normal do ictus cordis; → Sopros: identificar o epicentro, se é sistólico
(entre B1 e B2) ou diastólico (entre B2 e B1).
B: hipertrofia ventricular direita, levantamento da
região precordial, fica próximo ao esterno. Cliques e estalidos

C: hipertrofia ventricular esquerda sem dilatação, São ruídos adicionais que podem aparecer. São
há deslocamento mínimo do ictus ou não agudos, provenientes de calcificações de valvas
aparece. por exemplo:

D: hipertrofia e dilatação do VE: ictus desviado


para baixo e mais para fora.
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*Sopros: problema está na aórtica, atrasando pra fechar).


O que causa: estenose aórtica, bloqueio de ramo
Sopros de Insuficiência:
esquerdo.
→ Aórtica: diastólico, em base; Ritmo e frequência
→ Mitral: sistólico, em ápice;
Na presença de 2 bulhas, o ritmo é em 2 tempos
Sopros de estenose: ou binário. Em 3 bulhas, o ritmo é tríplice.
→ Aórtica: sistólica, em base; A frequência normal varia de 60-100bpm, menos
→ Mitral: diastólico, em ápice; que 60 denomina-se bradicardia e mais que 100
taquicardia.
**Saber 3° e 4° bulha, está no resumo passado.

EXAME FÍSICO PERIFÉRICO


Verificar pulsos e pressão arterial. Pulso radial,
capilar, pulsação das carótidas, das jugulares,
*Estenose na base = insuficiência no ápice -> o periféricos.
oposto é verdadeiro.
1. Estado da parede arterial (tortuosidades, se é
Dica: um sopro sistólico em foco mitral é uma facilmente deprimivel)
insuficiência mitral, agora é só ir ao contrário, ou
2. Frequencia (60 a 100bpm. Menos de 60
seja, o sistólico em aórtico é uma estenose
bradisfigmia, mais de 100 taquisfigmia)
aórtica. E os sopros diastólicos se invertem, ou
seja, no foco aórtico será uma insuficiência 3. Ritmo: regular ou irregular
aórtica e no mitral uma estenose mitral.
4. Amplitude ou magnitude: a sensação
MITRAL: SIDE captadaem cada pulsação. Pode estar amplo ou
magnus, mediano, pequeno ou parvus.
AORTICO: SEDI
5. Tensão ou dureza: avalia-se a tensão do
Desdobramento de B2
pulso. Pode estar mole, duro ou mediano.
6. Tipos de onda: normal, martelo d’agua,
anacrotico, dicrotico, bisferiens, alternante, pulso
filiforme (no paciente chocado), pulso paradoxal.
Pulso paradoxal: diminui a intensidade ou some
durante uma inspiração forçada. Tamponamento
cardíaco, pericardite constritiva, asma severa,
DPOC;
Pulso capilar: é o rubor intermitente com o pulso
radial, observado nas unhas. Faz a compressão
na borda da unha até que fique uma zona pulsátil
Desdobramento fisiológico de B2: Na criança, se na transição entre o branco e o rosa. É
pedir para ela inspirar e segurar (manobra de imperceptível mas em situações patológicas de
Rivero Carvalho), aumenta a pressão intratorácia, insuficiência aórtica, anemia, é possível ver o
aumenta o retorno venoso e há um atraso da pulso dos capilares (o vermelho avançando no
valva pulmonar em relação a aórtica e por a branco).
criança ter o tórax fino é possível auscultar.
Pressão arterial
Desdobramento paradoxal de B2: é patológico,
É a força exercida pelo sangue na raiz da aorta
nesse caso há um atraso da aórtica. Ocorre
ao sair do coração.
quando o paciente adulto tem o desdobramento
da B2, e quando pede para ele fazer a Método palpatório (sistólica): não se usa o
inspiração, ela some. O que aconteceu então foi estetoscópio, apenas o esfigmo, localizar a PAS,
que durante a inspiração, a pulmonar foi atrasada não tem a pressão diastólica por esse método.
e foi sincronizada com a aórtica (ou seja, o
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Insufla o manguito até sumir o pulso radial.


Desinsuflar e ver onde reaparece o pulso.
Método auscutatório: localiza a pressão sistólica
(PAS) e diastólica (PAD), Insuflar o manguito até
20-30mmHg a mais do que foi encontrado no
método palpatório. Desinsuflar gradativamente
até ouvir o primeiro som (PAS). Os sons (de
Korotkoff) vão sofrendo modificações até sumir:
Fase I: sons surdos
Fase II: sopro, zumbido
Fase III: sons altos e claros
Fase IV: sons abafados
Fase V: silencio
A PAD é dada na fase V. Mas em alguns
pacientes não dá pra ouvir exatamente onde para
(insuficiência aórtica), então considera a PAD na
fase III. Geralmente nesses pacientes se dá a
pressão como por exemplo 120x80x0mmHg. Em
pacientes com HAS isso costuma acontecer.
Sempre acompanhar as medidas bilateralmente,
as vezes o paciente tem 12x8 de um lado e 7x4
do outro, indica que há uma obstrução.
Hiato auscultatório: é uma medida errada da
PAS, ocorre em pacientes com HAS. Há um
silencio entre a PAS verdadeira e onde começa
novamente os batimentos. Corresponde a um
intervalo silencioso representado pela fase II.
Você insufla pouco o manguito, por exemplo, até
17 e começa soltar e escuta em 14, você acha
que a PAS é 14, mas as fases se tem o hiato
auscultatório e tem a fase II silenciosa, pode ter
começado o som no 18, parou e voltou no 14,
então você daria a PAS errada. Para evitar isso,
é preciso pegar o pulso juntamente e insuflar até
200 a 300 mmHg
Pressão diferencial
É a diferença entre a PAS e a PAD, varia entre
30 e 60mmHg.

→ Pressão convergente: quando há uma


diminuição da pressão diferencial -> ex:
100x90 (estenose aórtica, hipotensão aguda,
choque cardiogênico);
→ Pressão divergente: aumento da pressão
diferencial, ex: 160x40 (insuficiência aórtica,
hipertireoidismo);

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