2 Nutrição em Obstetrícia
2 Nutrição em Obstetrícia
2 Nutrição em Obstetrícia
PROPÓSITO
Compreender os diversos processos de ajuste fisiológico na gestação e a dinâmica mãe/feto e
suas consequências, que capacitarão o nutricionista e nortearão suas condutas durante o
acompanhamento do pré-natal.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos uma calculadora, papel e caneta.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Neste tema, vamos entender as mudanças fisiológicas ocorridas no corpo feminino durante a
gestação, suas principais consequências e interferências na nutrição materna e no
desenvolvimento fetal.
MÓDULO 1
Identificar os ajustes fisiológicos na gestação e a descrição da avaliação
antropométrica nutricional
Após a fecundação, o óvulo percorre a trompa de falópio em direção ao útero para sua
implantação. Neste percurso, ocorre uma série de divisões celulares que darão origem ao
embrião. Essa fase é chamada de blastogênese. Em seguida, ocorrerá a implantação do óvulo
na parede uterina, inicia-se assim, a fase embrionária, onde continua a replicação celular
associada à hipertrofia celular, dando origem aos órgãos. O embrião começa a adquirir o aspecto
fetal humano. A partir do 3º mês de gestação, começa a fase fetal do desenvolvimento, período
caracterizado por crescimento rápido e hipertrofia celular. Por serem fases de intensa divisão,
replicação e hipertrofia celulares, alguns nutrientes são essenciais. São eles:
Ácido fólico
Vitaminas B12 e A
Piridoxina
Riboflavina
Aminoácidos
Manganês
Fonte: Wikipedia/Shutterstock
Proteção
Nutrição
Respiração
Excreção
Os fluxos sanguíneos materno e fetal são independentes e separados por uma membrana muito
fina chamada membrana placentária. É por meio dela que ocorrem as trocas entre mãe e
concepto. A transferência dos nutrientes ocorre através dos seguintes mecanismos:
DIFUSÃO SIMPLES
Processo passivo, sem gasto de energia. Os nutrientes passam do meio mais concentrado
(materno) para o menos concentrado (fetal). Nutrientes absorvidos: oxigênio, gás carbônico,
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), carboidratos com peso molecular < 1000, eletrólitos, ácidos
graxos e água.
DIFUSÃO FACILITADA
Mesmo processo da difusão simples, porém mais rápido devido à presença de transportadores
de membrana. Nutrientes absorvidos: carboidratos.
TRANSPORTE ATIVO
PINOCITOSE OU ENDOCITOSE
ULTRAFILTRAÇÃO
Os hormônios produzidos neste período da vida (esteroides e proteínas) são responsáveis pelas
modificações corporais que permitirão:
Fonte: Shutterstock
O DESENVOLVIMENTO DA GESTAÇÃO
Fonte: Shutterstock
O AMADURECIMENTO FETAL
Fonte: Shutterstock
O PARTO
Fonte: Shutterstock
A LACTAÇÃO
Sua produção é influenciada pela saúde geral e pelo estado nutricional da gestante. Sua
produção pode ser dividida em 2 etapas:
FASE OVARIANA
Até a 8ª e 9ª semanas de gestação. Produção de gonadotrofina coriônica humana (hCG),
estimulando a produção de progesterona e estrogênio.
FASE PLACENTÁRIA
A partir da 8ª e 9ª semanas. A placenta passa a produzir esteroides em quantidades crescentes.
primária de
secreção
Efeitos principais
Promove o desenvolvimento
mamário.
Aumenta as propriedades
hidroscópicas do tecido
conjuntivo (favorece crescimento
uterino).
Hiperpigmentação cutânea.
Modificações no metabolismo de
glicídios.
Promove desenvolvimento do
tecido glandular mamário e, junto
com a progesterona, inibe a
prolactina e, consequentemente,
a produção de leite durante a
gestação.
Promove a glicogenólise
(aumentando a glicemia
materna).
Promove a lipólise.
Efeitos principais
Eleva a glicemia.
Promove a retenção de
nitrogênio.
Estimula a secreção de
aldosterona, causando a retenção
Renina - angiotensina Rins de sódio e água.
Aumenta a sede.
Fontes: Guyton e Hall, 2017; Accioly et al., 2009; Vasconcellos et al., 2011 .
ADAPTAÇÕES METABÓLICAS
TAXA METABÓLICA BASAL (TMB)
METABOLISMO DE CARBOIDRATOS
Essa resistência à insulina é essencial para fornecer nutrientes, preferencialmente, ao feto e para
que haja o acúmulo de gordura em tecido adiposo materno.
Os hormônios controladores da glicose da mãe, inclusive, a insulina, não passam para o feto,
que produz sua própria insulina a partir da 9ª semana gestacional.
A elevação da glicose materna estimula a produção de insulina fetal, podendo levar à
macrossomia.
METABOLISMO PROTEICO
Os aminoácidos são necessários para o equilíbrio celular, síntese tecidual fetal e materna. A
hemodiluição (aumento do volume de plasma sanguíneo, diminuindo a concentração de
glóbulos) provoca redução das proteínas plasmáticas, principalmente, a albumina, facilitando a
formação de edema. A deficiência de proteínas no período gestacional poderá acarretar
alterações nos tecidos e estruturas dos órgãos, levando à redução do peso do concepto e
modificações enzimáticas e bioquímicas.
METABOLISMO LIPÍDICO
ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS
SISTEMA DIGESTIVO
SISTEMA RESPIRATÓRIO
placenta.
O volume sanguíneo aumenta até 50%, enquanto o volume globular sobe apenas 25%
levando a uma hemodiluição e anemia fisiológica.
Para manter o equilíbrio hidroeletrolítico, o sistema renina-angiotensina-aldosterona é
ativado para reabsorção tubular de água.
SISTEMA URINÁRIO
O fluxo da urina é mais lento devido à compressão das veias ovarianas sobre os ureteres,
aumentado a incidência de infecção urinária.
Aumento do fluxo renal e de 50% da taxa de filtração glomerular para facilitar a depuração
de resíduos metabólicos (ureia, creatinina e ácido úrico). A capacidade de filtração da
glicose aumenta em 50%, mas sua taxa de reabsorção continua a mesma, levando a uma
glicosúria fisiológica.
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS
↑ volume plasmático
↑ rendimento cardíaco
↑ água corporal
↓ motilidade gastrointestinal
ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS
↓ do status hematológico
↓↓ albumina sérica
↑ caroteno sérico
→ ou ↓ retinol sérico
↑ tocoferol sérico
ALTERAÇÕES METABÓLICAS
↑ T3 e T4
↑ insulina plasmática
↓ eficácia
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
Permite identificar as inadequações prévias à gestação e o ganho de peso inadequado. Deve ser
realizada em todas as consultas.
1, 2 E 3 DIAS
Considerar o número de semanas completas.
4, 5 E 6 DIAS
Considerar a semana seguinte.
EXEMPLO
Cálculo do IMC:
IMC
Quadro 1: Ganho de peso recomendado (kg) na gestação segundo o estado nutricional inicial de
gestantes de feto único.
Ganho de Ganho de
peso (kg) peso (kg)
Ganho de Ganho de
IMC pré- total até o semanal no
peso (kg) peso
gestacional 1º 2º e 3º
total na mínimo
(kg/m2) trimestre trimestres
gestação (kg/sem)
(até a 14ª (a partir da
semana) 14ª semana)
Baixo peso
0,51
(BP) 2,0 12,5 – 18,0 0,44
(0,44 – 0,58)
< 18,5
ATENÇÃO
Para gestantes de baixa estatura (< 1,47m), usar o ganho de peso mínimo para cada faixa
de IMC.
Avaliar atenciosamente quando o ganho ponderal for > 0,5 kg/ mês ou > 3 kg/mês,
especialmente após a 20ª semana gestacional. Pode ser sugestivo de edema e Síndrome
Hipertensiva da Gestação (SHG).
A retenção hídrica é comum na gestação e mais frequente no último trimestre. Deve- se obter o
peso seco, utilizando a tabela abaixo:
+ Tornozelo 1 kg
++ Joelho 3 – 4 kg
++++ Anasarca 10 – 12 kg
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Utiliza-se o peso atual e se calcula o IMC, também atual. A classificação será de acordo com
Atalah (1997).
CONSULTAS SUBSEQUENTES:
Como vimos, a gravidez é acompanhada por alterações anatômicas e fisiológicas que afetam
quase todas as funções orgânicas maternas, a fim de criar um ambiente favorável para o
desenvolvimento normal do concepto. O entendimento desses ajustes é indispensável para
subsidiar a conduta nutricional no pré-natal.
A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA
NUTRICIONAL NO PRÉ-NATAL: UMA VISÃO
PRÁTICA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O TRANSPORTE DE NUTRIENTES DA MÃE PARA O FETO ATRAVÉS DA
PLACENTA É REALIZADO POR DIFERENTES MECANISMOS.
CORRELACIONE OS NUTRIENTES COM SEUS RESPECTIVOS
MECANISMOS DE TRANSPORTE NAS COLUNAS ABAIXO E ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE CONTÉM A SEQUÊNCIA CORRETA.
A) B, C, A, D, E
B) C, D, E, B, A
C) E, D, B, A, C
D) C, D, E, A, B
B) Estrogênio
C) Progesterona
GABARITO
MÓDULO 2
Descrever a avaliação dietética e as recomendações nutricionais na gestação
AVALIAÇÃO DIETÉTICA
A avaliação dietética deve ser bem detalhada. Pode-se utilizar o registro alimentar, o recordatório
de 24 horas ou o questionário de frequência alimentar (QFA) que rastreia melhor a ingestão de
micronutrientes. Deve ser utilizado um questionário validado preferencialmente com uma
população de gestantes. Veja esse modelo a seguir.
Fonte: USP
É necessário investigar:
Tabus alimentares. Ex: grávidas evitam mamão e abóbora porque consideram "quentes"
para o bebê.
Inclusão/exclusão de alimentos.
Picamalácia (perversão do apetite. Ex: sabonete, carvão vegetal, melancia com margarina,
tomate com chocolate, frutas verdes).
Suplementos nutricionais.
Fonte: Saunders C et al.
O consumo dos alimentos gera consequências. Alguns devem ser eliminados da dieta e outros
consumidos com moderação.
CONSUMO DE BEBIDA ALCOÓLICA
O consumo de álcool pode gerar alterações físicas, cognitivas e comportamentais permanentes e
irreversíveis no feto. O álcool tem alta capacidade de absorção, atravessando a barreira
placentária e encharcando o líquido amniótico e os tecidos fetais. Doses elevadas de álcool
podem prejudicar o transporte de O2 pelo cordão umbilical. Por isso, não é recomendado o
TOXOPLASMOSE
Causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii (T. Gondii), transmitida através de felinos e
associada ao consumo de alimentos crus, principalmente, carnes. Pode causar: alterações na
retina, microcefalia, calcificações cerebrais e retardo mental, comprometimento auditivo, restrição
de crescimento intrauterino e prematuridade.
LISTERIOSE
Agente causador é a Listeria monocytogenes, que transmite a doença através de leites e
derivados não pasteurizados. As consequências da contaminação são: aborto espontâneo, parto
prematuro, natimortalidade e infecções neonatais.
SOJA E LINHAÇA
Devem ser usados com cautela, pois contêm fitoestrógenos (ação similar ao estrogênio).
CAFEÍNA
É capaz de atravessar a placenta. O consumo excessivo (10 a 14 xícaras/dia) está relacionado
ao baixo peso ao nascer e à má formação congênita. A recomendação, em geral, é de 2 xícaras
pequenas de café/dia (100 mL). Não esquecer as bebidas, como chás, refrigerante e chocolate.
CONTAMINANTES
Mercúrio, chumbo, cádmio, níquel e selênio são embriotóxicos, o que pode causar danos ao
sistema nervoso central do embrião. O metil mercúrio é um contaminante encontrado em peixes.
Desse modo, é recomendado o consumo de peixes com baixo teor de mercúrio (anchova,
sardinha, bagre, salmão, badejo, tilápia, bacalhau e truta).
CHÁ
A Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (SSERJ) contraindica o uso de chás durante
a gestação através da Resolução nº 1757, de 18 de fevereiro de 2002. Entre os chás citados,
estão os de erva-doce, espinheira santa, erva-cidreira, camomila e boldo – chás muito utilizados
nesse período.
AVALIAÇÃO FUNCIONAL PARA DEFICIÊNCIA DE
VITAMINA A
PROCESSOS METABÓLICOS
Hemograma completo
Glicemia de jejum
VDRL
Citologia cervicovaginal
Ultrassonografia e Dopplervelocimetria
GESTAÇÃO GEMELAR
Caso a gestação seja gemelar (dois fetos), o ganho ponderal também irá variar de acordo com o
estado nutricional pré-gestacional.
Quadro 2: Ganho semanal e total para gestação gemelar, segundo o IMC pré-gestacional.
GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
A gravidez na adolescência representa risco nutricional e requer intervenção precoce e contínua.
Gestantes jovens apresentam maior risco nutricional por se encontrarem em um estágio rápido
de crescimento e desenvolvimento (ainda estão em fase de crescimento), além de haver maior
necessidade de nutrientes para suportar o crescimento e desenvolvimento fetal (ACCIOLY,
2009).
Fonte: Marcos Mesa Sam Wordley/Shutterstock
Fonte: Arcady/Shutterstock
PARA A MÃE
Síndromes hipertensivas da gravidez
Anemia
Placenta prévia
Disfunção uterina
Desproporção cefalopélvica
Anomalias congênitas
HIV
Fístulas
PARA O CONCEPTO
Morbidade perinatal
Mortalidade infantil
Baixo peso ao nascer (BPN) e recém-nascidos de muito baixo peso no nascimento (< 1,5
kg)
Valores críticos
Diagnóstico nutricional
Percentil Escore Z
≥ P97 ≥ +2 Obesidade
Estatura: adolescentes que engravidam menos de 2 anos após a menarca devem ter a estatura
aferida em todas as consultas, pois ainda estão em fase de crescimento.
Não
Baixo Peso 2,3 0,5 12,5 – 18,0
determinado
Não
Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 – 11,5
determinado
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Objetivos:
PASSO 1
Avaliar o EN pré-gestacional ou inicial e determinar o ganho de peso recomendado até a 40ª
semana gestacional.
PASSO 2
Calcular o VET (Valor Energético Total), iniciando pelo cálculo do Gasto Energético (GE), a partir
da estimativa da TMB (Taxa Metabólica Basal), segundo a idade materna.
𝐺𝐸 = 𝑇𝑀𝐵 × 𝑁𝐴𝐹
Onde:
ETAPA 1
ETAPA 2
ETAPA 3
ETAPA 1
10 a 18 anos:
ETAPA 2
18 a 30 anos:
ETAPA 3
30 a 60 anos:
2 2
𝐼𝑀𝐶 𝑚é𝑑𝑖𝑜 (21𝑘𝑔 / 𝑚 ) 𝑥 𝐸
2
𝑃(𝑘𝑔) = 𝐼𝑀𝐶 𝑥 𝐸 (𝑚)
ESTILO DE VIDA
SEDENTÁRIO OU LEVE
1,4 – 1,69 (média -1,53)
ESTILO DE VIDA
ATIVO OU MODERADAMENTE ATIVO
1,7– 1,99 (média 1,76)
ESTILO DE VIDA
VIGOROSO OU MODERADAMENTE VIGOROSO
2,00 – 2,40 (média 2,25)
Fonte: AXL/Shutterstock
Leve
Pesada
Como muitas mulheres não iniciam o pré-natal no 1º trimestre, soma-se o AE de 85 kcal/dia (1º
trimestre) ao AE de 285 kcal/dia (2º trimestre), o que dá um AE de 360 kcal/dia.
CÁLCULO INDIVIDUALIZADO
1.
2.
Obtida a energia total, divide-se pelo número de dias que faltam até o termo (40ª semana) e
adiciona-se ao GE, obtendo-se o VET TOTAL.
EXEMPLO
1º passo:
Ganho de peso total = 2,1 +10 =12,1 Kg (está dentro da faixa de 11,5 a 16 kg correspondente a
gestantes com IMC pré-gestacional adequado).
2º passo:
𝐺𝐸 = 𝑇𝑀𝐵 × 𝑁𝐴𝐹
Cálculo do adicional energético: VET =2342,97 Kcal + 285 Kcal (adicional energético para o 2º
trimestre)
10𝑘𝑔 → 𝑋
𝑋 = 6 . 417 × 10 = 64 . 170 𝑘𝑐𝑎𝑙
Dividir o adicional energético pelo número de dias que faltam para completar 40 semanas de
gestação:
40 - 15 = 25 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎𝑠
25 × 7 = 175 𝑑𝑖𝑎𝑠
Ou seja, são necessárias 2.709,67 Kcal diárias para que a gestante tenha um ganho de peso
semanal de 0,4 kg e um adicional de 10 kg até a 40ª semana gestacional e um ganho total de
12,1 kg.
Recomendações de proteínas
1º TRIMESTRE
1 g/dia
2º TRIMESTRE
9 g/dia
3º TRIMESTRE
31 g/dia
Recomendações de macronutrientes
CARBOIDRATOS
55 a 75% do VET
PROTEÍNAS
10 a 15% do VET
LIPÍDIOS
15 a 30% do VET
ÁGUA
3l/dia
Recomendações de vitaminas e minerais
Vitamina A As reservas de vitamina A do feto são baixas, por isso o Brasil adotou o
PNSVA - Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A. Já no
pós-parto imediato, administra-se uma mega dose de 200.000 UI.
19 a 50 anos: 90 µg/dia
14 a 50 anos: 18 mg/dia
DRI (2001):
14 a 50 anos: 27 mg/dia
DRI (1998):
14 a 50 anos: 600 µg/dia
DRI (2001):
14 a 18 anos: 12 mg/dia
19 a 50 anos: 11 mg/dia
Anemia
Desestimular o consumo de café, chá, mate, refrigerante,
leite e derivados e alimentos ricos em fibras (farelos) junto
às grandes refeições.
Estimular o consumo de frutas ricas em vitamina C junto às
grandes refeições.
Pirose
Evitar café, chá, mate, álcool, fumo, doces, frituras,
pastelarias, alimentos gordurosos, embutidos e pimenta.
Sialorreia ou
Fracionar a dieta e reduzir o volume.
Ptialismo
Neste módulo, observamos a atuação do nutricionista de modo a garantir uma boa ingestão de
nutrientes e favorecer a saúde da mãe e do concepto.
ELABORANDO UM PLANO ALIMENTAR
PARA UMA GESTANTE: UMA VISÃO
PRÁTICA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Picamalácia
C) Eructação
D) Náuseas e refluxo
GABARITO
É necessária uma maior quantidade eritrócitos para suprir a necessidade de oxigênio materno e
fetal e para permitir o crescimento do feto.
MÓDULO 3
Descrever as patologias associadas à gestação
DIABETES GESTACIONAL
O Diabetes melito representa um conjunto de distúrbios endócrinos caracterizados por
hiperglicemia, consequência da deficiência insulínica. Essa deficiência pode ser decorrente da
produção pancreática reduzida, de inadequada liberação e/ou da resistência periférica ao
hormônio.
Fatores de risco:
Repercussões do diabetes:
Fonte: Arcady/Shutterstock
PARA A MÃE
Polidramnia
Candidíase
Hipoglicemia
Cetoacidose
Fonte: In-Finity/Shutterstock
PARA O CONCEPTO
Macrossomia
Restrição do crescimento intrauterino retardado
Prematuridade
Óbito
Distúrbios metabólicos
Malformações congênitas
RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO
Segundo o Ministério da Saúde, na primeira consulta do pré-natal, deve ser solicitada a glicemia
de jejum para todas as gestantes. O rastreamento e o diagnóstico estão resumidos na figura
abaixo:
TRATAMENTO
O controle glicêmico pode ser feito através do monitoramento da glicemia pela própria paciente.
Se, após duas semanas de dieta, os níveis glicêmicos permanecerem elevados, ou seja,
glicemia de jejum maior ou igual a 95mg/dL e 1 hora pós-prandial maior ou igual a 140mg/dL, a
insulinoterapia deve ser iniciada.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
TERAPIA NUTRICIONAL
As necessidades dessa gestante devem ser calculadas por meio do IMC prévio, utilizando as
recomendações do IOM (2019) para ganho ponderal e o mesmo procedimento usado para
gestantes sem diabetes.
O cálculo do valor energético total da dieta também pode ser feito de acordo com o estado
nutricional da gestante e por meio das calorias por quilo.
Eutrófica 30
Obesidade 24
Obesidade mórbida 12 a 18
Baixo Peso 36 a 40
Lipídios: 20 a 35% do VET - <7% do VET de gordura saturada; colesterol < 200 mg/dia
As refeições devem ser fracionadas para prevenir episódios de hiper/hipoglicemia. A ceia merece
atenção especial para prevenção da cetose acelerada durante a noite.
Nos casos em que os objetivos da terapia nutricional não forem alcançados, pode ser útil a
avaliação dietética com base no índice glicêmico dos alimentos. Outra ferramenta nutricional
recomendada é a contagem de carboidratos, indicada pela Sociedade Brasileira de Diabetes.
EDULCORANTES
Podem ser utilizados dentro da quantidade máxima recomendada: Acesulfame-k (15 mg/kg/d),
aspartame (40 mg/kg/d (Brasil) / 50 mg/kg/d (FDA)), neotame (2 mg/kg/d), sacarina (5 mg/kg/d) e
sucralose (5 mg/kg/d).
MICRONUTRIENTES
A dieta deve ser adequada em potássio, magnésio, zinco e cromo. A deficiência desses
nutrientes pode agravar a hiperglicemia.
Fatores de risco: obesidade, baixa estatura, história prévia de hipertensão, diabéticas com
proteinúria, hipertensas pregressa por mais de 4 anos, e com nefropatia hipertensiva, idade
materna (primigestas, > 40 anos e <16 anos), raça/etnia (negras, hindus, árabes, iraquianas),
gestação múltipla, polidramnia.
FISIOPATOLOGIA
Prostaglandinas
↑ Prostaciclina e ↓ Tromboxano
Vasodilatação generalizada
Por razões desconhecidas, em algumas gestantes a invasão trofoblástica nos vasos uterinos
ocorre de maneira incompleta ou não ocorre, havendo preservação da camada muscular desses
vasos com resistência aumentada ao fluxo sanguíneo uteroplacentário.
FISIOPATOLOGIA DA PRÉ-ECLÂMPSIA E
ECLAMPSIA
Pré-eclâmpsia e eclâmpsia
Síndrome de má adaptação
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS E
ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS
Fonte: AtlasStudio/Shutterstock
As gestantes que apresentam um ou mais fatores de risco devem reduzir a velocidade de ganho
de peso e melhorar a qualidade da dieta para prevenir essa patologia. A determinação de energia
diária é feita seguindo o mesmo procedimento para gestantes saudáveis.
Em relação às proteínas, a dieta deve ser hiperproteica com elevado teor de proteína de alto
valor biológico para facilitar a síntese de albumina.
Fonte: Syda Productions/Shutterstock
Acredita-se que o efeito dos níveis normais de albumina no distúrbio hipertensivo da gestação é
mais eficaz na redução do edema e da pressão arterial do que a restrição de sódio. Portanto, de
modo geral, não é recomendada a restrição de sódio, apenas a restrição de alimentos ricos em
sódio. A restrição de sódio só é recomendada se a gestante apresentar hipertensão crônica.
Fonte: nevodka/Shutterstock
No que diz respeito à suplementação de cálcio, acredita-se que a baixa ingestão resulta no
aumento do hormônio paratireoidiano, produzindo vasoconstrição e aumento da pressão arterial.
Por essa razão, a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia recomenda
a suplementação de 2 g/dia de cálcio em mulheres em risco e com baixa ingestão de nutriente,
como medida de prevenção da pré-eclâmpsia. A suplementação de cálcio junto com ácido
linoleico aumenta os níveis de prostaciclinas e da vasodilatação. As vitaminas A, C e E têm ação
antioxidante e controlam a peroxidação lipídica, evitando a lesão endotelial e a ação
vasoconstrictora do tromboxano.
ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL
Peixe: 2 a 3 porções/semana.
Peixe: 2 a 3 porções/semana.
ECLÂMPSIA
Seguir as recomendações do estágio 2.
SÍNDROME HELLP
Conduta similar a indicada na PE grave e Eclâmpsia.
MEDIDAS GERAIS
Controle do peso, estresse, infecções, fumo, repouso noturno (8h) e diurno (2h).
Fonte: forma82/Shutterstock
TRANSMISSÃO VERTICAL
É a transmissão do vírus de gestantes infectadas pelo HIV (HIV+) para seus filhos durante a
gestação, parto ou aleitamento materno.
FATORES
VIRAIS
FATORES
MATERNOS
FATORES
COMPORTAMENTAIS
FATORES
OBSTÉTRICOS
FATORES
INERENTES AO RECÉM-NASCIDO
FATORES VIRAIS
FATORES MATERNOS
Estado clínico e imunológico, presença de DST e outras coinfecções, estado nutricional e tempo
de uso de antirretrovirais na gestação.
FATORES COMPORTAMENTAIS
FATORES OBSTÉTRICOS
Dentre os fatores de maior relevância para a Transmissão Vertical, pode-se destacar a carga
viral elevada e o tempo prolongado de ruptura das membranas amnióticas.
Diversos estudos apontam redução de transmissão vertical do HIV por meio de intervenções
preventivas como: uso de antirretrovirais combinados, parto cesáreo, quimioprofilaxia com o AZT
na parturiente e no recém-nascido e a não amamentação.
O leite materno é uma importante via de transmissão do HIV para o bebê. A baixa contagem de
CD4+, a alta carga viral no leite e plasma materno, a soroconversão materna e a duração do
aleitamento materno são fatores de risco pós-natais importantes para a transmissão do HIV e
mortalidade da criança.
DIAGNÓSTICO
É recomendada a realização de teste anti-HIV para todas as gestantes na primeira consulta pré-
natal e no início do 3º trimestre.
Exames bioquímicos deverão ser realizados para avaliação do curso da doença e para
monitoramento da saúde da gestante/lactante. Os exames solicitados rotineiramente são:
Hemograma
Plaquetas
Enzimas hepáticas
ATENÇÃO
A profilaxia com antirretrovirais deverá ser iniciada a partir da 14ª semana gestacional.
A indicação de TARV (terapia antirretroviral) na gestação pode ter dois objetivos: profilaxia da
transmissão vertical ou tratamento da infecção pelo HIV:
Doença cardiovascular estabelecida ou com risco elevado (acima de 20% segundo escore
de Framingham)
Nefropatia do HIV
Neoplasias
ATENÇÃO
As mulheres que não receberam AZT oral durante a gestação devem receber durante o trabalho
de parto e parto até o clampeamento do cordão umbilical.
VIA DE PARTO
Será baseada no resultado da carga viral materna realizada a partir da 34ª semana:
O estado nutricional da mulher HIV+ antes e durante a gestação influencia sua saúde e
sobrevivência e a do recém-nascido. O estado nutricional adequado pode reduzir a transmissão
vertical por meio do aumento da resposta imune da mãe e da criança.
As mudanças fisiológicas da gestação e a infecção pelo HIV aumentam a taxa metabólica basal
e os requerimentos de energia.
ATENÇÃO
As gestantes infectadas pelo vírus HIV ganham menos peso e apresentam maior prevalência de
deficiências de micronutrientes. Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003)
recomenda um acréscimo energético diário com objetivo de manutenção do estado nutricional.
Acréscimo:
Para considerar o crescimento fetal e ganho de peso materno, é necessário incluir o adicional
energético que pode ser calculado individualmente (6417 Kcal – 1 kg de peso/semanas/dias).
Gestantes com baixo peso pré-gestacional ou com gasto energético aumentado devido à
infecção pelo HIV devem adicionar 300 kcal/dia no primeiro ou no segundo trimestre (MS, 2010).
ATENÇÃO
GABARITO
1. Qual dos fatores abaixo são os principais colaboradores para a transmissão vertical do
HIV?
Esses dois fatores são os maiores colaboradores para a transmissão vertical porque quanto
maior a quantidade de vírus e o tempo entre a ruptura da membrana amniótica e o parto, maior é
a chance de infecção intra-amniótica.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O período gestacional é uma fase em que há aumento elevado das exigências nutricionais para
permitir o ajuste fisiológico materno e o desenvolvimento fetal. Os recém-nascidos com boas
condições de nutrição na vida intrauterina têm maiores chances de alcançar o melhor
desenvolvimento físico e mental. Já o estado materno anterior e a duração da gestação se
associam ao maior risco de intercorrências e, consequentemente, ao resultado obstétrico
negativo. Neste cenário, vimos que a assistência nutricional é fundamental no acompanhamento
do pré-natal para garantir um bom resultado obstétrico.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. M. A. Nutrição em Obstetrícia em Pediatria: 2.
ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009.
CHU, D. M. et al. Impact of maternal nutrition in pregnancy and lactation on offspring gut
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Para aprofundar os seus conhecimentos a respeito do assunto tratado neste tema,
recomendamos as seguintes leituras:
CURRÍCULO LATTES