Tema 3
Tema 3
Tema 3
Difusão simples
Processo passivo, sem gasto de energia. Os nutrientes passam do
meio mais concentrado (materno) para o menos concentrado (fetal).
Nutrientes absorvidos: oxigênio, gás carbônico, vitaminas
lipossolúveis (A, D, E e K), carboidratos com peso molecular < 1000,
eletrólitos, ácidos graxos e água.
Difusão facilitada
Mesmo processo da difusão simples, porém mais rápido devido à
presença de transportadores de membrana. Nutrientes absorvidos:
carboidratos.
Transporte ativo
Realizado por um transportador de membrana contra um gradiente
de concentração, com gasto de energia. Nutrientes absorvidos:
aminoácidos, ferro, cálcio, iodo, fosfato e vitaminas hidrossolúveis.
Pinocitose ou Endocitose
Processo de invaginação da membrana englobando os nutrientes.
Usado para absorção de grandes moléculas proteicas, lipoproteínas,
fosfolipídios e imunoglobulina (IgG é a única que atravessa a
placenta).
Ultrafiltração
Transporte rápido de nutrientes por pressão hidrostática ou osmótica.
Nutrientes absorvidos: água e solutos. O transporte de lipídeos é
mais complexo. A placenta é capaz de regular a captação, a
estocagem e a liberação dos lipídeos plasmáticos fetais. Altos níveis
de colesterol interferem no metabolismo lipídico da placenta,
podendo aumentar a síntese de esteroides (o colesterol é precursor
da progesterona).
Papel dos hormônios durante a gestação
Os hormônios produzidos neste período da vida (esteroides e
proteínas) são responsáveis pelas modificações corporais que
permitirão:
O desenvolvimento da gestação
O amadurecimento fetal
O parto
A lactação
Sua produção é influenciada pela saúde geral e pelo estado nutricional da gestante.
Sua produção pode ser dividida em 2 etapas:
Clique nas informações a seguir.
Fase ovariana
Até a 8ª e 9ª semanas de gestação. Produção de gonadotrofina coriônica humana
(hCG), estimulando a produção de progesterona e estrogênio.
Fase placentária
A partir da 8ª e 9ª semanas. A placenta passa a produzir esteroides em quantidades
crescentes.
A tabela abaixo mostra os principais hormônios da gestação e suas funções.
Adaptações metabólicas
Taxa Metabólica Basal (TMB)
A partir do 3º mês, ocorre um aumento de 15 a 20% para suprir as necessidades fetais
e maternas.
Metabolismo de Carboidratos
Mesmo em situações de jejum materno, o feto requer glicose e aminoácidos em
quantidades constantes. No 1º trimestre, há uma tendência à hipoglicemia e redução
das necessidades de insulina devido à utilização de glicose materna pelo feto. A partir
do 2º trimestre, ocorre uma resistência insulínica decorrente da ação hormonal. No 3º
trimestre, a sensibilidade insulínica reduz em torno de 50% devido à ação do hPL.
Essa resistência à insulina é essencial para fornecer nutrientes, preferencialmente, ao
feto e para que haja o acúmulo de gordura em tecido adiposo materno.
Os hormônios controladores da glicose da mãe, inclusive, a insulina, não passam para o
feto, que produz sua própria insulina a partir da 9ª semana gestacional.
A elevação da glicose materna estimula a produção de insulina fetal, podendo levar à
macrossomia.
Metabolismo Proteico
Os aminoácidos são necessários para o equilíbrio celular, síntese tecidual fetal e
materna. A hemodiluição (aumento do volume de plasma sanguíneo, diminuindo a
concentração de glóbulos) provoca redução das proteínas plasmáticas, principalmente,
a albumina, facilitando a formação de edema. A deficiência de proteínas no período
gestacional poderá acarretar alterações nos tecidos e estruturas dos órgãos, levando à
redução do peso do concepto e modificações enzimáticas e bioquímicas.
Metabolismo Lipídico
Sofre influência dos hormônios da gestação (estrogênio, progesterona e lactogênio
placentário humano). Ocorre maior mobilização de gordura corporal para a produção
de energia materna, elevando os níveis plasmáticos de ácidos graxos, triglicerídeos,
colesterol, lipoproteínas, apolipoproteínas, lipídeos totais e fosfolipídios,
principalmente no 3º trimestre.
Adaptações fisiológicas
Sistema digestivo
Náuseas e vômitos no 1º trimestre que podem gerar anorexia e perda ponderal.
Gengivas edemaciadas e hiperêmicas que sangram com facilidade.
Ptialismo ou sialorreia e redução do pH salivar, que, associados ao aumento da
frequência alimentar e à higiene bucal inadequada, podem levar à formação de
cárie dentária.
Redução da função da cárdia e do aumento da secreção de suco gástrico,
favorecendo o refluxo gastroesofágico e ocasionando pirose. É comum também,
além do refluxo gastroesofágico, a hérnia de hiato.
O aumento do volume uterino junto à ação da progesterona lentifica o
esvaziamento gástrico, retarda o trânsito intestinal e eleva a incidência de
náuseas, pirose, refluxo gastroesofágico, constipação intestinal e hemorroidas.
Hipotonia do intestino delgado aumenta o tempo de contato entre nutrientes e
a mucosa absortiva, favorecendo a absorção de nutrientes e água.
Hipotonia da vesícula biliar, com menor liberação de bile e, consequentemente,
intolerância a alimentos gordurosos.
Sistema respiratório
Aumento de 20% na necessidade de O2 causa hiperventilação.
Hiperventilação pulmonar que reduz a pCO2 e facilita as trocas gasosas através
da placenta.
O crescimento do útero empurra o diafragma, tornando a respiração mais
difícil.
Há substituição da respiração torácica pela abdominal e a gestante fica
ofegante.
Sistema circulatório e equilíbrio hidroeletrolítico
Elevação do volume sanguíneo, do débito cardíaco e da frequência cardíaca.
O volume sanguíneo aumenta até 50%, enquanto o volume globular sobe
apenas 25% levando a uma hemodiluição e anemia fisiológica.
Para manter o equilíbrio hidroeletrolítico, o sistema renina-angiotensina-
aldosterona é ativado para reabsorção tubular de água.
Diminuição da resposta vascular endotelial aos constritores angiotensina II e
norepinefrina, e uma maior disponibilidade e susceptibilidade para o fator de
relaxamento derivado do endotélio e óxido nítrico (NO), provocando
vasodilatação.
Sistema urinário
O fluxo da urina é mais lento devido à compressão das veias ovarianas sobre os
ureteres, aumentado a incidência de infecção urinária.
Aumento do fluxo renal e de 50% da taxa de filtração glomerular para facilitar a
depuração de resíduos metabólicos (ureia, creatinina e ácido úrico). A
capacidade de filtração da glicose aumenta em 50%, mas sua taxa de
reabsorção continua a mesma, levando a uma glicosúria fisiológica.
Ocorre aumento na frequência de micção pelas alterações hormonais e pela
pressão do útero na bexiga, podendo levar à incontinência urinária.
Veja a seguir, de forma resumida, como ocorrem as alterações fisiológicas, nutricionais
e metabólicas (↑ aumento ↓ redução e → manutenção):
Veja a seguir, de forma resumida, como ocorrem as alterações fisiológicas, nutricionais
e metabólicas (↑ aumento ↓ redução e → manutenção):
Clique nas informações a seguir.
Alterações fisiológicas
↑ volume plasmático
↑ volume de células vermelhas no sangue
↑ rendimento cardíaco
↑ água corporal
↑ taxa renal de filtração glomerular
↓ motilidade gastrointestinal
Alterações nutricionais
↓ do status hematológico
↑ células brancas no sangue
↓↓ albumina sérica
↓ vitamina C, Ácido Fólico e B12
↑ caroteno sérico
→ ou ↓ retinol sérico
↑ tocoferol sérico
↑ excreção urinária de metabólitos, folato, niacina e piridoxina
Alterações metabólicas
↑ T3 e T4
↑ insulina plasmática
↓ eficácia
↑ teste de tolerância à glicose anormal
↑ absorção de cálcio e ferro
↑ retenção de nitrogênio (anabolismo no 1º trimestre)
↑ ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol, fatores de coagulação
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL PRÉ–NATAL
O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação,
permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde
materna.
O acompanhamento nutricional deve ocorrer em todas as consultas do pré-natal. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, para gestantes de baixo risco, um
número mínimo de 6 consultas: uma no 1º trimestre, duas no 2º e três no 3º trimestre.
Para gestantes com riscos, as consultas deverão ser mensais até a 28ª semana,
quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais no termo.
Durante o acompanhamento, são avaliados o estado nutricional da gestante e o ganho
de peso durante a gestação para:
Identificar as gestantes em risco nutricional.
Detectar as gestantes com ganho de peso inadequado.
Detectar precocemente as carências nutricionais.
Realizar orientação adequada a cada caso.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
Avaliação antropométrica
Permite identificar as inadequações prévias à gestação e o ganho de peso inadequado.
Deve ser realizada em todas as consultas.
Cálculo da idade gestacional
Considera-se o período gestacional de 40 semanas e o arredondamento das semanas
deve ser feito da seguinte maneira:
Clique nas informações a seguir.
1, 2 e 3 dias
Considerar o número de semanas completas.
4, 5 e 6 dias
Considerar a semana seguinte.
Exemplo
16 semanas e 4 dias = 17 semanas.
Pode-se utilizar também o calendário, o disco ou a régua obstétrica.
Passo a passo da avaliação antropométrica:
Cálculo do IMC:
Peso pré-gestacional conhecido
Deve-se avaliar a gestante por meio dos pontos de corte do Instituto Americano de
Medicina (IOM, 2009). Para o cálculo, deve ser utilizado o peso aferido no período de 2
meses antes da gestação até a 13ª semana gestacional.
ééIMC kgm2=Peso pré-gestacional (kg)Estatura2(m)
Quadro 1: Ganho de peso recomendado (kg) na gestação segundo o estado nutricional
inicial de gestantes de feto único.
++++ Anasarca 10 – 12 kg
Consultas subsequentes:
Existem duas possibilidades para o acompanhamento da gestante:
Acompanhamento pelo ganho de peso semanal estimado: verificar o ganho
ponderal proposto e comparar com o ganho de peso real da mulher.
Acompanhamento pelo gráfico de Atalah (IMC por semana gestacional): o
gráfico apresenta o desenho de três curvas, que delimitam as quatro faixas para
classificação do EN, como mostrado abaixo:
É necessário investigar:
Tabus alimentares. Ex: grávidas evitam mamão e abóbora porque consideram
"quentes" para o bebê.
Padrão das refeições.
Alergia e/ou Intolerância alimentar.
Inclusão/exclusão de alimentos.
Picamalácia (perversão do apetite. Ex: sabonete, carvão vegetal, melancia
com margarina, tomate com chocolate, frutas verdes).
Uso de produtos diet, light e edulcorantes.
Uso de álcool e refrigerantes.
Consumo de alimentos crus (toxoplasmose).
Suplementos nutricionais.
TOXOPLASMOSE
Causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii (T. Gondii), transmitida através de
felinos e associada ao consumo de alimentos crus, principalmente, carnes. Pode
causar: alterações na retina, microcefalia, calcificações cerebrais e retardo mental,
comprometimento auditivo, restrição de crescimento intrauterino e prematuridade.
Listeriose
Agente causador é a Listeria monocytogenes, que transmite a doença
através de leites e derivados não pasteurizados. As consequências da
contaminação são: aborto espontâneo, parto prematuro, natimortalidade
e infecções neonatais.
Soja e linhaça
Devem ser usados com cautela, pois contêm fitoestrógenos (ação similar
ao estrogênio).
Cafeína
É capaz de atravessar a placenta. O consumo excessivo (10 a 14 xícaras/dia) está
relacionado ao baixo peso ao nascer e à má formação congênita. A recomendação, em
geral, é de 2 xícaras pequenas de café/dia (100 mL). Não esquecer as bebidas, como
chás, refrigerante e chocolate.
Contaminantes
Mercúrio, chumbo, cádmio, níquel e selênio são embriotóxicos, o que pode causar
danos ao sistema nervoso central do embrião. O metil mercúrio é um contaminante
encontrado em peixes. Desse modo, é recomendado o consumo de peixes com baixo
teor de mercúrio (anchova, sardinha, bagre, salmão, badejo, tilápia, bacalhau e truta).
Chá
A Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (SSERJ) contraindica o uso de chás
durante a gestação através da Resolução nº 1757, de 18 de fevereiro de 2002. Entre os
chás citados, estão os de erva-doce, espinheira santa, erva-cidreira, camomila e boldo
– chás muito utilizados nesse período.
Avaliação funcional para deficiência de vitamina A
A vitamina A é um micronutriente essencial para diversos processos metabólicos.
(Diferenciação celular, ciclo visual, crescimento, reprodução e sistema imunológico.)
Sua deficiência pode ser detectada por meio da entrevista para Cegueira Noturna (XN).
GESTAÇÃO GEMELAR
GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
A gravidez na adolescência representa risco nutricional e requer intervenção precoce e
contínua. Gestantes jovens apresentam maior risco nutricional por se encontrarem em
um estágio rápido de crescimento e desenvolvimento (ainda estão em fase de
crescimento), além de haver maior necessidade de nutrientes para suportar o
crescimento e desenvolvimento fetal (ACCIOLY, 2009).
Cálculo das necessidades energéticas
Clique nas informações a seguir.
Passo 1
Avaliar o EN pré-gestacional ou inicial e determinar o ganho de peso recomendado até
a 40ª semana gestacional.
Passo 2
Calcular o VET (Valor Energético Total), iniciando pelo cálculo do Gasto Energético (GE),
a partir da estimativa da TMB (Taxa Metabólica Basal), segundo a idade materna.
Etapas para cálculo do VET
VALOR ENERGÉTICO TOTAL (VET):
GE = TMB × NAF
Onde:
TMB – Taxa metabólica basal
NAF – Nível de atividade física
Cálculo do nível de atividade física:
Clique nas informações a seguir.
Estilo de vida
sedentário ou leve
1,4 – 1,69 (média -1,53)
Estilo de vida
ativo ou moderadamente ativo
1,7– 1,99 (média 1,76)
Estilo de vida
vigoroso ou moderadamente vigoroso
2,00 – 2,40 (média 2,25)
VET = GE + Adicional Energético (AE)
Distribuição energética diária
1º trimestre (IG < 14 semanas): 85 kcal/dia
2º trimestre (IG ≥ 14 a < 28 semanas): 285 kcal/dia
3º trimestre (IG ≥ 28 semanas): 475 kcal/dia
Atenção
Como muitas mulheres não iniciam o pré-natal no 1º trimestre, soma-se o AE de 85
kcal/dia (1º trimestre) ao AE de 285 kcal/dia (2º trimestre), o que dá um AE de 360
kcal/dia.
Cálculo individualizado
1.
Para um ganho de 12 kg são necessárias 77.000 kcal, logo: 1 kg → 6417 kcal
2.
Obtida a energia total, divide-se pelo número de dias que faltam até o termo (40ª
semana) e adiciona-se ao GE, obtendo-se o VET TOTAL.
Recomendações de proteínas
FAO/WHO/UNU: relação g de proteína/kg de peso (1 g/kg/dia), calculado sobre o peso
pré-gestacional ou peso aceitável e acrescentar adicional:
Clique nas informações a seguir.
1º trimestre
1 g/dia
2º trimestre
9 g/dia
3º trimestre
31 g/dia
Anvisa: o adicional deve ser de 71 g/dia (Institute of Medicine – IOM, EUA).
Gestação gemelar de dois fetos: adicional de 50g/dia a partir da 20ª semana.
Gestação na adolescência: ANVISA: 71g/dia.
FAO: de 15 a 19 anos – 1,5 g/kg de peso gestacional
ADA: ≤ 15 anos: 1,7 g/kg/dia de peso ideal
> 15 anos: 1,5 g/kg/dia de peso ideal
Recomendações de vitaminas e minerais
Vitamina É necessária sua ligação ao fator intrínseco presente no suco gástrico para
B12 ser absorvida. Indispensável para a conversão da homocisteína em
metionina e para a regeneração da forma ativa do ácido fólico. As
principais manifestações de carência são anemia megaloblástica e
distúrbios neurológicos com desmielinização difusa e progressiva.
Sua deficiência em gestantes aumenta o risco de malformação fetal e
defeitos do tubo neural. Altas doses de folato podem mascarar a
deficiência de B12.
A homocisteína é um dos mais sensíveis indicadores de deficiência de B12,
precedendo os sintomas clínicos.
DRI (1998) na gestação:
14 a 50 anos: 2,6 µg/dia
Alimentos fonte: produtos de origem animal como leites e derivados,
carnes em geral, vísceras, frutos do mar e ovos.
Náuseas e São comuns no início da gestação e responsáveis pela perda de peso das
vômitos gestantes no 1º trimestre.
Dieta fracionada com menor volume.
Evitar frituras, alimentos gordurosos e alimentos com odor forte
ou desagradável ou os que causem desconforto/intolerância.
Evitar o uso de condimentos picantes, preferir temperos suaves.
Preferir alimentos sólidos pela manhã e ricos em carboidratos
(biscoitos, torradas, iogurte, geleia de frutas).
Ingerir bastante líquido para evitar a desidratação e acidose
metabólica nos intervalos das refeições.
Preferir preparações à temperatura fria ou gelada e frutas com
caldo.
Evitar a monotonia alimentar.
Evite deitar-se após as grandes refeições (almoço e jantar).
Micronutrientes
SÍNDROMES HIPERTENSIVAS
São mais comuns em mulheres nulíparas, em gestação múltipla, com hipertensão há
mais de 4 anos, história de hipertensão em gravidez prévia e de doença renal, ou
mulheres com história familiar de pré-eclâmpsia.
Classificação da hipertensão arterial em mulheres gestantes (BRASIL, 2012):
Fisiopatologia
Ajustes fisiológicos da gestação:
Fecundação do óvulo → Tolerância imunológica
Alterações bioquímicas e morfológicas
Desenvolvimento placentário, aumento do volume plasmático materno (50%)
Prostaglandinas
↑ Prostaciclina e ↓ Tromboxano
Vasodilatação generalizada
Por razões desconhecidas, em algumas gestantes a invasão trofoblástica nos vasos
uterinos ocorre de maneira incompleta ou não ocorre, havendo preservação da
camada muscular desses vasos com resistência aumentada ao fluxo sanguíneo
uteroplacentário.
Fisiopatologia da pré-eclâmpsia e eclampsia
Pré-eclâmpsia e eclâmpsia
Síndrome de má adaptação
↓ produção de prostaciclina e ↑ produção de tromboxano
Vasoespasmo, dano endotelial, agregação
plaquetária, aumento da pressão arterial
Hipóxia tecidual e alterações multissístêmicas
(hematológica, renal, hepática, cerebral, pulmonar,
oftalmológica, uteroplacentária)
Recomendações nutricionais e orientações dietéticas
Em relação às proteínas, a dieta deve ser hiperproteica com elevado teor de proteína
de alto valor biológico para facilitar a síntese de albumina.
No que diz respeito à suplementação de cálcio, acredita-se que a baixa ingestão resulta
no aumento do hormônio paratireoidiano, produzindo vasoconstrição e aumento da
pressão arterial. Por essa razão, a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e
Obstetrícia recomenda a suplementação de 2 g/dia de cálcio em mulheres em risco e
com baixa ingestão de nutriente, como medida de prevenção da pré-eclâmpsia. A
suplementação de cálcio junto com ácido linoleico aumenta os níveis de prostaciclinas
e da vasodilatação. As vitaminas A, C e E têm ação antioxidante e controlam a
peroxidação lipídica, evitando a lesão endotelial e a ação vasoconstrictora do
tromboxano.
Pré-eclâmpsia, Hipertensão Gestacional ou Crônica – Estágio 1
Tratamento ambulatorial.
Dieta normossódica (até 6 g/dia), hiperproteica, adequada em vitaminas e
minerais (A, C, E e Cálcio – 2000 mg).
Preferir frutas, legumes e verduras, cereais integrais, leguminosas, leites e
derivados desnatados, quantidades reduzidas de gorduras saturadas, trans e
colesterol.
Preferir óleos vegetais: soja, milho, girassol e canola.
Peixe: 2 a 3 porções/semana.
Pré-eclâmpsia, Hipertensão Gestacional ou Crônica – Estágio 2
Internação obrigatória.
Dieta normossódica (até 6 g/dia). Em hipertensão grave persistente ou crônica,
máximo de 2 a 3 g/dia de sal de adição.
Dieta hiperproteica, adequada em vitaminas e minerais (A, C, E e Cálcio).
Preferir frutas, legumes e verduras, cereais integrais, leguminosas, leites e
derivados desnatados, quantidades reduzidas de gorduras saturadas, trans e
colesterol.
Preferir óleos vegetais: soja, milho, girassol e canola
Peixe: 2 a 3 porções/semana.
Eclâmpsia
Seguir as recomendações do estágio 2.
Síndrome HELLP
Conduta similar a indicada na PE grave e Eclâmpsia.
Tratamento definitivo é a interrupção da gravidez.
Medidas gerais
Controle do peso, estresse, infecções, fumo, repouso noturno (8h) e diurno
(2h).
Monitoramento da vitalidade e crescimento fetal.
Atividade física regular monitorada 2 a 3x/semana.
Uso de álcool e cigarro deve ser desencorajado.
Ingestão de líquidos não deve ser limitada ou forçada.
NUTRIÇÃO NA GESTANTE COM HIV