Enfermagem - Transições Desenvolvimentais - Resumo

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ENFERMAGEM: TRANSIÇÕES DESENVOLVIMENTAIS

CAPÍTULO 1 – CUIDADOS GERAIS EM SAÚDE MATERNA


E OBSTETRÍCIA

TRABALHO DE PARTO, PARTO E PUÉRPIO


TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO
(sala de partos/bloco operatório)
Parto: Evento crítico pois coloca a mulher em stress e acontece a
passagem para um novo status: mãe.

Tipos de parto
Eutócico: via vaginal sem recurso a instrumentos para auxiliar a
extração do bebé

Distócico: pode ser pela via vaginal ou via abdominal, com recurso
a instrumentos de ajuda na extração do bebé

Com ventosa: há na mesma uma força


expulsiva por parte da mulher, mas a ventosa
serve para orientar a cabeça do bebé. Não
magoa se bem aplicada, porém, quando mal
aplicada, é realizada força pelo profissional
dando origem a caput sucedaneum (bolsa de
sangue coagulado na cabeça do bebé, depois
é absorvido). É o mais perigoso para o bebé

Com fórceps: aplica-se quando a mãe está


exausta e não consegue fazer mais força e o
bebé está pronto para nascer. Puxa o bebé na
zona das amígdalas e se bem aplicado deixa apenas e às vezes
umas pequenas marcas. É o mais perigoso para a mãe.

Cesariana: via abdominal, há incisão na pele e no útero.

Pós-Parto imediato: 2h imediatamente após o parto, onde existe


uma vigília acrescida pois são as horas de maior risco.

PUÉRPIO (serviço de puerpério) = 28 dias


Nota: 2/3 dias no serviço obstétrico e depois vão para casa e são
avaliados nos centros de saúde.

- Período impreciso durante o qual se desenrolam manifestações


involutivas e de recuperação da genitália materna, após o parto
(cada mulher tem o seu tempo para voltar às suas condições
normais)
- Intervalo de seis semanas entre o nascimento do neonato e o
retorno dos órgãos reprodutores ao estado não-gravídico normal
(órgãos voltam ao normal, hormonas não, demoram mais tempo)

Processo de involução puerperal (é uma evolução, mas estamos


a andar para trás para retornar ao estado antes do bebé e do parto)
Necessidades de cuidados centrados na recuperação pós-parto e no
autocuidado pós-parto
- as alterações físicas normais - os cuidados com o períneo e
após o parto ferida perineal
- o padrão de involução uterina - o cuidado com a ferida
abdominal
- medidas de prevenção de
hemorragia pós-parto - o cuidado com as mamas
- medidas de controlo de - a necessidade de repouso
infeção pós-parto

Acolhimento da puérpera e recém-nascido: Avaliação física da


puérpera, Avaliação psicológica da puérpera e Avaliação física do
recém-nascido
- Pesquisar história clínica da puérpera: planear as intervenções
de Enfermagem a realizar
Saber se já esteve alguma gravidez anteriormente, p.e. se é o
5o filho o útero vai estar mais fraco-> + probabilidade de
hemorragia; se a gravide foi planeada para perceber se a
mulher quer ou não saber do parto, dos cuidados que tem de
ter, se vai ou não colaborar.
- Apresentar-se: proporcionar segurança;
- Gerir o ambiente: proporcionar privacidade e segurança à
puérpera;
- Explicar os procedimentos: justificar as intervenções de
Enfermagem a realizar (sempre! Necessário fundamentar tudo, dá
maior credibilidade ao trabalho que estamos a fazer);
- Lavar as mãos (evitar e reduzir a transmissão de microrganismos
contribuindo para a diminuição da infeção nosocomial.);
- Avaliar sinais vitais;
Justificação: Avaliar a
- Avaliar estado de consciência;
condição física da puérpera
- Avaliar coloração da pele e mucosas;
e prevenir as complicações
- Avaliar presença de edemas/ varicosidades. pós-parto.

- Avaliar necessidade de sono/repouso


Justificação: Avaliar a
- Avaliar ligação/vinculação com o recém-nascido
necessidade de apoio na
transição para a parentalidade e
- Avaliar necessidade de apoio psicológico/social
prevenir complicações
- Avaliar as mamas (Justificação: Promover apsicológicas
amamentação e
pós-parto.
evitar complicações)
- Avaliar o processo de involução uterina
Útero: 12 h após o parto o fundo do útero é palpável 1-2 cm
acima do umbigo centrado ou lateralizado. A partir daí útero
fica apenas centrado 1/2cm acima do umbigo e depois pode
manter-se nesta posição durante 2 dias, para depois involuir
+/- 1 cm/dia
- Palpar útero (avaliar a contração uterina e a involução do
útero para a cavidade pélvica, após o parto. A involução uterina
deve ser vigiada diariamente).
Atividades que concretizam a intervenção
- Explicar o procedimento, obter consentimento e assegurar
privacidade;
- Pedir à puérpera que urine (esvaziar a bexiga);
- Reunir material necessário (luvas);
- Assistir no posicionamento (decúbito dorsal);
- Colocar uma mão a envolver o fundo do útero e verificar a sua
posição em relação ao umbigo;
- Exercer uma leve pressão ligeiramente acima da sínfise
púbica e avaliar o tónus uterino (contratilidade);
- Massajar útero (estimular a contratilidade uterina para manter
um bom tónus muscular e prevenir a hemorragia, ajudando
secundariamente a expelir os coágulos.).
Atividades que concretizam a intervenção
- Explicar o procedimento, obter consentimento e assegurar
privacidade;
- Pedir à puérpera que urine (esvaziar a bexiga);
- Reunir material necessário (luvas);
- Efetuar massagem firme do fundo uterino através da parede
abdominal;
- Ensinar puérpera a massajar o útero com movimentos suaves
- Avaliar caraterísticas dos lóquios (Avaliar os lóquios em
relação à quantidade e caraterísticas é fundamental no despiste de
complicações pós-parto, nomeadamente hemorragia e infeção
puerperal)
Lóquios: constituem a secreção uterina durante as primeiras
três semanas após o parto e mudam as características ao longo
do tempo
Tipos de lóquios
Lóquios rubros: secreção vermelho-escuro, que aparece nos
primeiros 2-3 dias após o parto
Lóquios serosos: secreção rósea a acastanhada que aparece
do 3º ao 10º dia após o parto
Lóquios claros (alba): secreção praticamente incolor a
amarelada que aparece do 10º dia à 3ª semana após o parto

Atividades que concretizam a intervenção


- Observar caraterísticas dos lóquios
- Inquirir sobre número de pensos usados
- Inquirir sobre grau de saturação;

- Avaliar episiorrafia/ ferida cirúrgica (justificação: avaliar


processo de cicatrização e
prevenir complicações).
- Explicar o procedimento obter consentimento e
assegurar privacidade;
- Inspecionar períneo (evolução da cicatrização da ferida,
presença de edema, dor – colocar gelo, melhor opção para
cicatrização, equimose);
- Inspecionar penso da ferida (limpo e seco ou repassado).

NOTA:
Episiotomia: Incisão cirúrgica feita nos tecidos à volta da vulva,
geralmente entre a comissura posterior e o períneo, para facilitar a
saída do feto durante o parto.
Episiorrafia: sutura, ferida que fica depois de cozer.
Laceração: rasgou sozinho, sem corte

- Avaliar o(s) local(ais) de inserção de cateter(es);


- Avaliar a funcionalidade do(s) cateter(es) (venoso
periférico; epidural; vesical) para verificar a permeabilidade e
prevenir infeções.
- Supervisionar o 1o levante;
- Vigiar a eliminação urinária e intestinal.: Quando se está com
a bexiga cheia, ela vai ocupar o espaço para onde o útero tem de
involuir, o que ira levar a uma hemorragia.
- Ensinar sobre a massagem uterina;
- Ensinar sobre as caraterísticas dos lóquios.

Preparação da alta (necessidades em cuidados centrados na


recuperação pós-parto e no autocuidado pós-parto)
- as alterações físicas normais - o cuidado com a ferida
após o parto; abdominal;
- o padrão de involução uterina; - alimentação;
- medidas de prevenção de - a necessidade de repouso e
hemorragia pós-parto; atividade física adequados;
- medidas de controlo de - reinício da atividade sexual;
infeção pós-parto;
- as mudanças psicológicas.
- os cuidados com o períneo e
ferida perineal;

Principais complicações no puerpério: Dor, Hemorragia,


Retenção urinária, Complicações com as mamas
Leis de apoio à Maternidade: Compete aos serviços de saúde
proporcionar à mulher o conhecimento sobre as condições de apoio
que o estado pode dar à prossecução da gravidez e à maternidade”.

AMAMENTAÇÃO
A amamentação, ou aleitamento, é o período durante o qual o
recém-nascido se alimenta total ou parcialmente do leite materno.
Normalmente diretamente do seio materno e, é a partir dessa
sucção e da saliva do recém-nascido, que o leite passa a ser ejetado
da mama. Este leite só é formado devido à prolactina (hormona
responsável pela produção do leite, produzida desde o início da
gravidez) e à ocitocina (hormona responsável pelo esvaziamento
do leite da mama, surge numa fase tardia da gravidez).
CAPÍTULO 1I – CUIDADOS GERAIS EM SAÚDE INFANTIL
E PEDIÁTRICA
DESENVOLVIMENTO INFANTO-JUVENIL
Conceitos
Crescimento: Aumento do número e tamanho de células à medida
que se vão dividindo – resulta no aumento de tamanho de peso do
todo e de qualquer das suas partes.
Desenvolvimento: Mudança e expansão graduais. Surgem e
expande-se as capacidades do indivíduo, através do crescimento e
da maturidade.
Maturidade: Aumento na competência e na adaptabilidade;
Envelhecimento; Funcionamento em um nível mais elevado.
Diferenciação: Desenvolvimento a partir das atividades e funções
simples para as mais complexas.
Idade Cronológica: Número de anos que decorrem desde o
nascimento;
Idade Biológica: Refere-se à idade da criança do ponto de vista da
saúde biológica e das capacidades funcionais;
Idade Social: Diz respeito aos papéis sociais e expetativas
relacionadas com a idade da criança;
Idade Psicológica: Identificada através das capacidades
adaptativas e competências comunicacionais.
Faixas etárias: Período de tempo que designa e limita um
determinado número de anos de vida de uma pessoa ou de um
grupo de pessoas. Ex: Faixa etária 6-12 anos.
Estádios de desenvolvimento: Classificação do crescimento e
desenvolvimento infantil, que permite descrever as características
associadas à maioria das crianças de uma faixa etária.

Períodos etários do desenvolvimento


Período Pré-natal: Da Período intermediário da
conceção ao nascimento; Infância/ Idade Escolar: 6
Anos - 12 Anos
Recém-Nascido: Nascimento -
28 dias;
Período Lactente: 28 dias - Período Tardio da Infância:
24 Meses;
• Puberdade: 10 - 12
Período Inicial da Infância: 1 Anos
Ano - 6 Anos;
• Adolescência: 13 Anos -
• Toddler: 1 - 3 Anos 19 Anos
• Idade Pré-escolar: 3 -
6 Anos

Princípios que regem o processo de desenvolvimento:


1. Depende da maturação do SNC;
2. É um processo dinâmico e contínuo;
3. A ordem de aparecimento das diferentes funções é constante;
4. A aquisição de novas habilidades ocorre numa sequência
ordenada, na direção céfalo-caudal, próximo-distal, do geral para o
específico;
5. A velocidade de passagem de um estádio a outro varia de uma
criança para outra e, consequentemente, a idade de aparecimento
de novas aquisições também difere.

Fatores que influenciam o desenvolvimento


• Hereditariedade;
• Fatores neuroendócrinos;
• Nutrição;
• Uma alimentação saudável na infância é fundamental para o
crescimento e o desenvolvimento harmonioso da criança;
• A criança, nas diferentes faixas etárias têm necessidades
nutricionais específicas, estando mais sensíveis às carências,
aos desequilíbrios ou à desadequação alimentares;
• A obesidade infantil é um problema preocupante em Portugal;
• Importa promover estilos de vida que sejam promotores da
saúde, de modo a evitar doenças graves na idade adulta.
• Sono;
• Afeta diretamente o desenvolvimento físico e mental;
• Cumpre diversas funções, permitindo a recuperação de
energia, a produção de hormonas e o combate a infeções;
• O tempo de sono diário, que engloba o sono noturno e as
sestas, vai diminuindo ao longo da infância.

• Relacionamentos interpessoais;
• Amor – Necessidade emocional mais importante e
estruturante do desenvolvimento infantil. (todo o recém-
nascido necessita de atenção, afeto e carinho, mesmo que
tenha acesso a todos as outras necessidades básicas, se não
tiver amor, não irá desenvolver)
• Segurança - Intimamente ligada com a necessidade de amor.
• Disciplina e autoridade – A criança necessita de ser preparada
para aceitar as restrições ao seu comportamento.
• Nível socioeconómico;
• Doença;
• Riscos ambientais;
• Stress na infância;
• Cultura.
Dimensões do crescimento e desenvolvimento
• Física/Motora
• Cognitivo
• Emocional
• Psicossocial
• Linguagem

Escala de Avaliação do Desenvolvimento de Mery Sheridan


Modificada
Parâmetros a Avaliar:
- Motricidade Global (MG)
- Visão e Motricidade Fina (VMF)
- Audição e Linguagem (AL)
- Comportamento e Adaptação Social (CAS)

O Lactente: 1 mês – 1 ano


- O 1º ano de vida é o ano em que ocorrem mais mudanças na vida
do lactente.
- Vigilância contínua;
- Orientação e esclarecimento dos pais/cuidadores (encontram-se
num período de transição para a parentalidade e de adaptação ao
papel parental).

Crescimento
- A maturação dos sistemas dá-se de forma rápida e progressiva;
- O peso total do RN é composto por 73% de líquidos, em
comparação à taxa de 58% do adulto (possui uma taxa maior de
líquido extracelular, e consequentemente um nível mais elevado de
sódio e cloretos corporais e menor nível de potássio, magnésio e
fosfato) – perde 10% do peso nos primeiros dias, perda recuperada
entre o 10 e o 14 dias;
- 2ª semana de vida recupera o peso do nascimento;
- 1º mês - 30g por dia. Ao atingir os 12 meses triplica o peso do
nascimento.

Reflexos Neurológicos 1º Ano de Vida


- Preensão palmar e plantar
- Babinski (flexão e extensão dos dedos dos pés)
- Marcha
- Moro (ao ser deixado “cair”, levanta os braços)
- Rotação de Sucção/Busca
- Reflexo tónico-cervical assimétrico

Reflexos Posturais Movimentos automáticos que mantém a


posição e equilíbrio do corpo durante repouso ou movimento
- Reflexo de Landau: A partir dos 4-6 meses
- Reflexo Lateral: A partir dos 6-8 meses
- Reflexo do paraquedas: A partir dos 8-9 meses

Desenvolvimento Cognitivo
De acordo com Piaget, estádio sensorio-motor:
• A criança coordena sensações com movimentos motores simples;
• Explora o mundo através dos sentidos e manipulação de objetos;
• Noção do objeto presente vai sendo desenvolvida;
• Coloca objetos na boca; explora o mundo através do tato; atira
objetos ao chão
Desenvolvimento Psicossocial
Teoria do desenvolvimento de Erikson: Confiança Vs Desconfiança -
Aquisição do sentimento de confiança, ultrapassando o de
desconfiança;
• O lactente apercebe-se que existem outros além dele próprio;
• Para que esta fase se desenvolva normalmente, é importante que
exista um excelente vínculo mãe-filho e que o lactente e os pais
aprendam a satisfazer positivamente as suas necessidades;
• Fase mais importante: a confiança adquirida proporciona a base
para o sucesso de todas as fases psicossociais futuras
• Relacionado com o comportamento reflexo e com a relação
existente com os seus cuidadores;
• Alimentação: atividade social mais importante para o lactente -
Estimulação tátil: ferramenta fulcral no processo de aquisição de
confiança
• Gratificação pessoal obtida através da sucção e também
mordendo;
• A vinculação e o grau de confiança que se estabelece entre a mãe
e o filho ajuda-o a atingir a realização pessoal, mediante a aceitação
da ausência da mãe;
• Apego à mãe mais visíveis após os seis meses.
O bebé quando nasce não é uma tábua rasa:
• Traz consigo sistemas comportamentais preparados que serão
ativados através de estímulos;
• O nascimento implica uma adaptação e uma nova forma de
organização familiar progressiva, pois requer uma aprendizagem
partilhada entre o lactente e os pais. - O Enfermeiro tem um papel
fundamental como promotor de saúde e bem estar neste período de
adaptação.
CONSULTAS DE SAÚDE INFANTIL E JUVENIL
Calendarização para idades-chave, correspondentes a
acontecimentos importantes na vida do bebé, da criança ou do
adolescente, tais como as etapas do desenvolvimento físico,
psicomotor, cognitivo e emocional, a socialização, a alimentação e a
escolaridade;
Harmonização destas consultas com o esquema cronológico
preconizado no novo Programa Nacional de Vacinação (PNV), de
modo a reduzir o número de deslocações aos serviços de saúde.

Exames de Saúde Oportunistas


• As idades referidas para a realização de consultas não são rígidas;
• Se uma criança ou jovem se deslocar à consulta por outros
motivos, pouco antes ou pouco depois da idade-chave, deverá, se a
situação clínica o permitir, ser efetuado o exame indicado para essa
idade.
• Reduz-se o número de deslocações e alarga-se o número de
crianças cuja saúde é vigiada com regularidade
• Em momentos especiais do ciclo de vida (doenças graves luto,
separações, nascimento de irmãos), a periocidade deverá ser
adequada.

Em todas as consultas deve avaliar-se:


▪ Preocupações dos pais, ou do próprio, no que diz respeito à saúde;
▪ Intercorrências desde a consulta anterior, frequência de outras
consultas e medicação em curso;
▪ Frequência e adaptação ao infantário, ama, ATL e escola;
▪ Hábitos alimentares, prática de atividades desportivas ou culturais
e ocupação de tempos livres;
▪ Dinâmica do crescimento e desenvolvimento, comentando a
evolução das curvas de crescimento e os aspetos do
desenvolvimento psicossocial;
▪ Cumprimento do calendário vacinal, de acordo com o PNV.
Cuidados Antecipatórios: intervenção de enfermagem que não
necessita de ser agendada e antecipa informações aos pais
Os temas sugeridos poderão ser abordados individualmente ou em
grupo, em diferentes contextos:
• Na sala de espera – distribuição de material informativo;
• Sessões de informação/educação para a saúde dirigidas aos
pais ou outros prestadores de cuidados;
• Saúde Escolar, envolvendo ativamente as crianças, jovens e
famílias.

Aspetos Importantes
• A avaliação da dinâmica familiar e da rede de suporte
sociofamiliar deve fazer parte das preocupações de toda a equipa
de saúde, sempre que se contacta com a criança/jovem/família;
• No primeiro ano de vida há que prestar uma especial atenção
ao estado emocional da mãe ou do principal cuidador,
encaminhando precocemente os casos identificados que poderão
interferir no desenvolvimento da criança.
• Consultas de adolescentes: facilitar a acessibilidade e assegurar
a privacidade e confidencialidade, permitindo, aos que o desejem, o
atendimento a sós;
• A colaboração estreita entre serviços ou níveis de cuidados,
torna-se indispensável no processo de referenciação e
encaminhamento da criança ou do jovem.
Princípios para promover o Desenvolvimento Infantil
1. Todas as crianças têm direito 7. Os enfermeiros devem
a um desenvolvimento potenciar a relação pais/filho
equilibrado e adequado; (ou pessoa significativa/
criança), numa atitude
2. As crianças seguem padrões
empática, flexível e não
previsíveis, mas não lineares ou
prescritiva;
contínuos;
8. A avaliação do
3. Cada criança é única e tem o
desenvolvimento pressupõe a
seu próprio ritmo;
utilização de instrumentos de
4. O desenvolvimento infantil é avaliação;
multidimensional;
9. Os enfermeiros têm a
5. Existem fatores que responsabilidade de se articular
influenciam o desenvolvimento com outros profissionais de
infantil - biológicos, saúde para a avaliação e
psicológicos, ambientais, promoção do desenvolvimento
hereditários e sociais); infantil;
6. As relações emocionais 10. Reconhecer o brincar como
afetivas constituem a base atividade basilar do
primária para o desenvolvimento infantil.
desenvolvimento intelectual e
social;

Curvas de Percentis
Percentil: Cada uma das 100 partes iguais de um conjunto estatístico
ordenado;
Curvas de percentis: Instrumentos fundamentais para avaliar o
estado nutricional e o crescimento de crianças e adolescentes;
O desenvolvimento harmonioso, dentro de parâmetros normais, é
basilar para uma vida adulta saudável e, deste modo, tem
implicações importantes na saúde das populações.
No Boletim de Saúde Infantil e Juvenil estão disponíveis as
curvas de percentis relativas ao Peso, Estatura, Perímetro
Cefálico e Índice de Massa Corporal (IMC)

O percentil normal é 50, porém, uma criança que teve sempre o


mesmo percentil, mesmo que acima ou abaixo de 50, não é
preocupante, visto que evoluiu sempre da mesma forma. Já uma
criança que cruza 2 ou mais percentis, gera um motivo de
preocupação porque há uma alteração, o que não significa que haja
alguma doença, pode ter havido apenas mudanças nos hábitos
alimentares, na prática de atividade física, nos hábitos de sono…

Periodicidade (vai diminuindo)


Primeiro ano de vida: 1º Semana de vida; 1 mês; 2 meses; 4
meses; 6 meses; 9 meses
1 aos 3 anos: 12 meses; 15 meses; 18 meses; 2 anos; 3 anos
4 aos 9 anos: 4 anos; 5 anos; 6 ou 7 anos; 8 anos
10 aos 18 anos: 10 anos; 12/ 13 anos; 15/18 anos

PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO


Programa Nacional de Vacinação (PNV) desde o início mantém os
seus princípios básicos: Universalidade, Acessibilidade, Gratuitidade,
Equidade, Aproveitamento de todas as oportunidades de Vacinação.
Os esquemas de vacinação são efetivos, adequados à epidemiologia
das doenças no nosso país e de aplicabilidade e aceitabilidade
reconhecidas.
Direito e Dever do Cidadão – Defesa da Saúde Pública – Praticar a
Cidadania – Responsabilidade Social

Objetivo do PNV: Proteger os indivíduos e a população em geral


contra as doenças com maior potencial para constituírem ameaças à
saúde pública e individual e para as quais há proteção eficaz por
vacinação.
• A nível individual pretende-se que a pessoa vacinada fique imune
à doença ou, nos casos em que isso não é possível, que tenha uma
forma mais ligeira da doença quando contatar com o agente
infecioso que a causa.
• A nível da população pretende-se eliminar, controlar ou
minimizar o impacto da doença na comunidade, sendo necessário
que a percentagem de pessoas vacinadas na população seja a mais
elevada possível.

Regras Gerais: O profissional que vacina tem a obrigação de


esclarecer previamente, de forma clara, sobre as vacinas que vão
ser administradas, explicando os benefícios da vacinação e
potenciais reações adversas, bem como o risco da não vacinação,
quando aplicável.
O consentimento próprio para a vacinação aplica-se a pessoas de
mais de 16 anos de idade (artigo 38º do código penal).
• Entende-se que as pessoas com 16 ou mais anos que se
apresentam para vacinação e são devidamente informadas,
dão o seu consentimento
Em pessoas <16 anos de idade, as vacinas podem ser
administradas, desde que esteja presente:
• Pessoa que tenha a guarda do menor;
• Pessoa a quem o menor tenha sido confiado.
As pessoas que recusem a vacinação, todas ou alguma vacina,
deverão expressá-lo claramente, de preferência, por escrito, ficando
a informação registada e arquivada na Unidade de Saúde.

Tipos de Vacinas
Vacinas Mortas ou Inativadas: O agente bacteriano ou viral é
morto ou inativado através de tratamento químico ou por calor.
Aspetos Positivos: Total agente (incapacidade de se
ausência de poder infecioso do multiplicar no organismo do
vacinado), mantendo Aspetos Negativos: Induzir
características imunológicas. uma resposta imunitária
Estas vacinas não provocam a subóptima, o que por vezes
doença, mas têm a capacidade requer a necessidade de
de induzir proteção contra essa associar adjuvantes ou
mesma doença. proteínas transportadoras e a
necessidade de administrar
várias doses de reforço.

Vacinas Vivas Atenuadas: Contêm estirpes modificadas de um


agente patogénico (bactéria ou vírus), que foram enfraquecidas por
meio de passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio
que lhe seja desfavorável.
Aspetos Positivos: O Aspetos Negativos: Risco de
microrganismo mantém a poder induzir sintomas (ainda
capacidade de se multiplicar no que normalmente mais ligeiros)
organismo do indivíduo que se pretende evitar
vacinado (não causando (contraindicadas nos
doença) e induz uma resposta imunodeprimidos) e o risco de
imunitária adequada, infeção do feto, no caso de
conferindo imunidade de longa vacinação de grávidas.
duração.
Virais: Vacina contra o rotavírus, Vacina contra a varicela, Vacina
poliomielite (VAP), Vacina contra o sarampo, papeira e rubéola
(VASPR), Febre amarela, Gripe
Bacterianas: Vacina contra a tuberculose (BCG)

Novas vacinas / recombinação genética: Nestas vacinas,


produzidas através de modernas técnicas de biologia molecular e
engenharia genética, o antigénio é expresso (produzido) por outros
microrganismos (por exemplo, leveduras). Ex: vacina contra a
hepatite B e a vacina contra o papilomavírus humano (HPV).
Comparação com a Europa e Outros Países
• Europa: A maioria dos países europeus tem programas de
vacinação semelhantes, com pequenas variações nas vacinas
incluídas e nos calendários de administração.
• Mundo: Países desenvolvidos, como os EUA e o Canadá, têm
programas de vacinação abrangentes. Em contraste, muitos países
em desenvolvimento enfrentam desafios na implementação de
programas de vacinação devido a recursos limitados.

• Aos 6 e aos 12 meses de idade completa-se a primovacinação,


respetivamente, para 8 e para 12 infeções/doenças das 13
abrangidas pelos esquemas gerais do PNV;
• Aos 10 anos de idade completa-se o esquema recomendado à
população em geral, para 13 infeções/doenças.
• A vacinação no primeiro ano de vida, incluindo a
recomendada aos 12 meses de idade, deve ser
escrupulosamente cumprida nas idades recomendadas, sem
atrasos. Este é o período de maior vulnerabilidade, requerendo
imunização precoce, para evitar as respetivas doenças que podem
ser graves.

BCG – Vacina contra a Tuberculose


• São elegíveis para vacinação as crianças com idade inferior a 6
anos
• Até 12 meses: 0,05mL; Idade superior a 12 meses: 0,1 mL
Esquema Vacinal de Recurso: Pessoas sem registo de vacinação,
sem qualquer dose anterior de uma ou mais vacinas, com esquemas
incompletos ou com esquemas diferentes do recomendado.
Recomenda-se apenas o número de doses necessário para
completar o esquema de cada vacina, de acordo com a idade.
Recomendações:
• Respeitar os limites máximos • Todas as doses são válidas,
para administração das vacinas mesmo que a idade
no âmbito da PNV recomendada tenha sido
ultrapassada.
• Respeitar as idades mínimas
recomendadas para cada dose, • Se for necessário pode
os intervalos entre doses para administrar-se em simultâneo
cada vacina e os intervalos várias vacinas, em locais
entre a administração de anatómicos diferentes;
vacinas
• Se não for possível
• Todas as oportunidades de administrar uma dose de todas
vacinação devem ser as vacinas em atraso na
aproveitadas para completar ou mesma sessão, recomenda-se
atualizar o esquema vacinal dar prioridade à vacinação
contra doenças com maior risco
(incidência e/ou gravidade).

Intervalos entre vacinas diferentes


Tipos de Vacinas Intervalo mínimo recomendado
entre as doses
>= 2 inativadas
>= virais orais
>= 1 inativada + >= 1
Podem ser administradas no mesmo
viva oral
dia ou com qualquer intervalo entre
>= 1 inativada + >= 1
doses
viva injetável
>= 1 viva oral + >= 1 viva
oral
Podem ser administradas no mesmo
>= 2 vivas injetáveis dia ou com intervalo entre doses de ,
pelo menos, 4 semanas
• AVASPR pode interferir com a resposta ao teste tuberculínico,
podendo causar um resultado falso negativo, pelo que o teste
tuberculínico deve ser efetuado antes da VASPR. Administrar a
VASPR 4 semanas antes do teste tuberculínico ou no dia da sua
leitura.
• A administração de BCG, se aplicável, pode ser feita no mesmo dia.

Intervalo entre doses (cumprir esquema)


Intervalos Inferiores: Excecionalmente, para algumas vacinas e
em situações de elevado risco pode haver encurtamento entre as
doses, podendo aumentar a frequência de reações adversas.
• A administração de vacinas mais de 4 dias antes da idade mínima
recomendada e/ou com intervalos inferiores aos mínimos
aconselhados (com uma tolerância de 4 dias) pode diminuir a
resposta imunológica.
• Nestes casos, as doses administradas não são consideradas
válidas, devendo ser repetidas, assegurando os intervalos mínimos
entre doses

Intervalos Superiores: Intervalos superiores aos recomendados


entre doses da mesma vacina não reduzem a proteção final contra a
doença.
• No entanto, até ao cumprimento do esquema, a pessoa pode não
estar imunizada. A interrupção do esquema vacinal apenas requer
que seja completado, independentemente do tempo decorrido desde
a administração da última dose.

Vacinas Extra-PNV
Vacina contra a gripe
• Administração alargada a crianças entre os 6 meses e 3 anos
pertencentes aos grupos de risco;
• Considerada nas crianças e adolescentes não incluídos nas
recomendações anteriores, com prioridade para as crianças com
contacto próximo com grupos de risco e para o grupo etário dos 3
aos 5 anos (se disponibilidade);
• Administração preferencial até final outubro.

Vacina contra Neisseria meningitidis (Vacinas contra


meningococo ACWY)
• Crianças e adolescentes, a título individual, nos esquemas
recomendados nos RCMs das vacina com Nimenrix® até aos 2 anos,
Nimenrix®ou Menveo® depois dos 2 anos.
• A viajantes com estadias prolongadas ou residentes em países com
doença hiperendémica ou epidémica e sempre que exigido pela
autoridade local.
• A administração de uma dose desta vacina aos 12 meses de idade,
dispensa a administração da vacina conjugada contra o grupo C
incluída no PNV.
Vacina contra Rotavírus (RV)

Vacina contra Varicela


• Adolescentes sem história prévia de doença, uma vez que podem
desenvolver a forma mais grave da doença (excluir possibilidade de
gravidez);
• Crianças em contato frequente com imunodeprimidos.

Vacina contra Vírus Sincilial Respiratório (VSR)


• Em 2023, a União Europeia aprovou a primeira vacina contra o VSR
adequada para proteger os bebés até aos seis meses de idade, bem
como duas vacinas para adultos mais velhos.
• Quando administrada a uma mãe durante a gravidez, os anticorpos
gerados em resposta à vacina atravessam a placenta para o feto,
protegendo a criança até seis meses após o nascimento.

Hepatite A
• Vacina de vírus inativado, segura, com elevado grau de
imunogenicidade, e não interfere com as outras vacinas;
• Duas doses IM;
• Intervalo de 1 ano – resposta imunológica duradoura;
• Não está recomendada abaixo dos 12 meses de idade - no primeiro
ano de vida, os anticorpos maternos, caso existam, podem
neutralizar a vacina.
• Devem ser prioritariamente vacinadas todas as crianças,
adolescentes ou adultos que:
• Viajem para países endemicidade intermédia ou alta
• Tenham patologia hepática crónica
• Pertençam a uma comunidade onde seja detetado um surto

Locais de administração
Nos casos em que o esquema vacinal está incompleto para a idade,
aconselha-se a administração simultânea do maior número possível
de vacinas em locais anatómicos diferentes, respeitando, tanto
quanto possível, os locais aconselhados e tendo em atenção:
• As vacinas de administração intramuscular nunca devem ser
inoculadas no glúteo;
• Antes dos 12 meses de idade, as vacinas são inoculadas na coxa,
com a exceção da BCG. A partir dessa idade são inoculadas na parte
superior do braço;
• A partir dos 12 meses de idade, quando não existir
desenvolvimento suficiente da parte superior do braço, as vacinas
podem ser administradas na coxa;
• Pode administrar-se mais do que uma vacina no mesmo membro,
desde que as injeções sejam distanciadas ≥ 2,5 cm;
• Não devem ser administradas vacinas no mesmo braço da BCG
durante os 3 meses seguintes. Podem administrar-se vacinas e
imunoglobulinas em simultâneo, desde que em locais anatómicos
diferentes.

Vacinação e administração de Paracetamol


Não é recomendada a administração preventiva de Paracetamol, por
rotina, antes ou durante a vacinação, uma vez que pode haver
interferência com a resposta imunológica.
• O Paracetamol pode ser administrado como forma de tratamento
da febre e de sintomas locais que ocorram após a vacinação.
• Quando for previsível a ocorrência de febre após a vacinação,
poderá ser administrado Paracetamol preventivamente, após a
administração da vacina.
• Esta recomendação é especialmente importante para a
administração da MenB em <2 anos de idade, particularmente se
administrada simultaneamente com outras vacinas.

Segurança das Vacinas


Contraindicações: Gravidez, Imunosupressão grave
Precauções: Doença aguda grave, com ou sem febre –vacinar logo
que possível/recuperação; Reação anafilática a dose anterior ou
constituinte da vacina: Referenciar para Imunoalergologia

Reações adversas ligeiras e de curta duração: Dor, Choro


persistente, Rubor, enduração e edema local, Ligeiro aumento da
temperatura – 1 a 5 dias após administração
CAPÍTULO III – CUIDADOS GERAIS NA IDADE AULTA E
ENVELHECIMENTO

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