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Noções Básicas de Matemática Financeira

Uma pessoa

DISCIPLINA
MATEMÁTICA FINANCEIRA I

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Matemática Financeira I |

Sumário

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 Noções Básicas de Matemática Financeira --------------------------------------------------- 3
1.1 Regimes de Capitalização --------------------------------------------------------------------------------------- 4
1.2 Juros Simples ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5
1.3 Juros Compostos ------------------------------------------------------------------------------------------------ 12
1.4 Taxas Proporcionais -------------------------------------------------------------------------------------------- 15
1.5 Taxas Equivalentes --------------------------------------------------------------------------------------------- 16
1.6 Taxas Nominal e Efetiva (ou Real)-------------------------------------------------------------------------- 17
1.7 Capitalização em Períodos Fracionários ------------------------------------------------------------------ 19
1.8 Convenção Exponencial --------------------------------------------------------------------------------------- 19
1.9 Descontos Compostos ----------------------------------------------------------------------------------------- 21
1.10 Equivalência de Capitais -------------------------------------------------------------------------------------- 21
1.11 Rendas Certas ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 22

2 Sistemas de Amortização de Empréstimos -------------------------------------------------- 30


3 Fluxo de Caixa --------------------------------------------------------------------------------------- 39
4 Referência -------------------------------------------------------------------------------------------- 43

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Noções Básicas de Matemática Financeira

1 Noções Básicas de Matemática Financeira


Aa matemática financeira tem por objetivo estudar as diversas formas de
evolução do valor do dinheiro no tempo, bem como as formas de análise e
comparação de alternativas para aplicação/obtenção de recursos financeiros.

• Capital: é qualquer valor expresso em moeda (dinheiro ou bens


comercializáveis) disponível em determinada época. Referido montante
de dinheiro também é denominado de capital inicial ou principal.
• Juros: é o aluguel que deve ser pago ou recebido pela utilização
de um valor em dinheiro durante um certo tempo; é o rendimento em
dinheiro, proporcionado pela utilização de uma quantia monetária, por
um certo período.
• Taxa de Juros: é um coeficiente que corresponde à razão entre os
juros pagos ou recebidos no fim de um determinado período e o capital
inicialmente empatado.

Ex.:

Capital Inicial: $100

Juros: $150 - $100 = $50

Taxa de Juros: $50/$100 = 0,5 ou 50% ao período

→A taxa de juros sempre se refere a uma unidade de tempo (dia, mês, ano etc.)
e pode ser apresentada na forma percentual ou unitária.

• Taxa de Juros unitária: a taxa de juros expressa na forma unitária


é quase que exclusivamente utilizada na aplicação de fórmulas de
resolução de problemas de Matemática Financeira; para conseguirmos a
taxa unitária (0.05) a partir da taxa percentual (5 %), basta dividirmos a
taxa percentual por 100:

5 %/ 100 = 0.05

• Montante: denominamos Montante ou Capital Final de um


financiamento (ou aplicação financeira) a soma do Capital inicialmente
emprestado (ou aplicado) com os juros pagos (ou recebidos).

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Noções Básicas de Matemática Financeira

Capital Inicial = $ 100

+ Juros = $ 50

= Montante = $ 150

1.1 Regimes de Capitalização


Ocorrem quando um capital é emprestado ou investido a uma certa taxa por
período ou diversos períodos, o montante pode ser calculado de acordo com 2 regime
básicos de capitalização de juros:

Regime de Capitalização Simples

Somente o capital inicial rende juros, ou seja, os juros são devidos ou calculados
exclusivamente sobre o principal ao longo dos períodos de capitalização a que se
refere a taxa de juros.

Regime de Capitalização Composta

Os juros produzidos ao final de um período são somados ao montante do início


do período seguinte e essa soma passa a render juros no período seguinte e assim
sucessivamente.

Comparando-se os 2 regimes de capitalização, podemos ver que para o primeiro


período considerado, o montante e os juros são iguais, tanto para o regime de
capitalização simples quanto para o regime de capitalização composto;

Salvo aviso em contrário, os juros devidos no fim de cada período (juros


postecipados) a que se refere a taxa de juros.

No regime de capitalização simples, o montante evolui como uma progressão


aritmética, ou seja, linearmente, enquanto no regime de capitalização composta, o
montante evolui como uma progressão geométrica, ou seja, exponencialmente.

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Fluxo de Caixa: o fluxo de caixa de uma empresa, de uma aplicação financeira


ou de um empréstimo consiste no conjunto de entradas (recebimentos) e saídas
(pagamentos) de dinheiro ao longo de um determinado período.

1.2 Juros Simples


É aquele pago unicamente sobre o capital inicial ou principal.

Onde:

Observações:

• A taxa i e o número de períodos n devem referir-se à mesma


unidade de tempo, isto é, se a taxa for anual, o tempo deverá ser expresso
em anos; se for mensal, o tempo deverá ser expresso em meses, e assim
sucessivamente;
• Em todas as fórmulas matemáticas utiliza-se a taxa de juros na
forma unitária (taxa percentual ou centesimal, dividida por 100).

Juro Comercial

Para operações envolvendo valores elevados e períodos pequenos (1 dia ou


alguns dias) pode haver diferença na escolha do tipo de juros a ser utilizado. O juro
comercial considera o ano comercial com 360 dias e o mês comercial com 30 dias.

Juro Exato

No cálculo do juro exato, utiliza-se o ano civil, com 365 dias (ou 366 dias se o
ano for bissexto) e os meses com o número real de dias. Sempre que nada for
especificado, considera-se a taxa de juros sob o conceito comercial.

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Taxa Nominal

É a taxa usada na linguagem normal, expressa nos contratos ou informada nos


exercícios; a taxa nominal é uma taxa de juros simples e se refere a um determinado
período de capitalização.

Taxa Proporcional

Duas taxas são denominadas proporcionais quando existe entre elas a mesma
relação verificada para os períodos a que se referem.

Taxa Equivalente

Duas taxas são equivalentes se fizerem com que um mesmo capital produza o
mesmo montante no fim do mesmo prazo de aplicação.

No regime de juros simples, duas taxas equivalentes também são proporcionais;

Capital, Taxa e Prazo Médios

Em alguns casos podemos ter situações em que diversos capitais são aplicados,
em épocas diferentes, a uma mesma taxa de juros, desejando-se determinar os
rendimentos produzidos ao fim de um certo período. Em outras situações, podemos
ter o mesmo capital aplicado a diferentes taxas de juros, ou ainda, diversos capitais
aplicados a diversas taxas por períodos distintos.

Capital Médio

Juros de diversos Capitais. É o mesmo valor de diversos capitais aplicados a taxas


diferentes por prazos diferentes que produzem a mesma quantia de juros.

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Noções Básicas de Matemática Financeira

Taxa Média

É a taxa à qual a soma de diversos capitais deve ser aplicada, durante um certo
período, para produzir juros iguais à soma dos juros que seriam produzidos por
diversos capitais.

Prazo Médio

É o período que a soma de diversos capitais deve ser aplicada, a uma certa taxa
de juros, para produzir juros iguais aos que seriam obtidos pelos diversos capitais.

Montante

É o capital acrescido dos seus juros.

• A fórmula requer que a taxa i seja expressa na forma unitária;


• A taxa de juros i e o período de aplicação n devem estar expressos
na mesma unidade de tempo;

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Desconto Simples

Quando um título de crédito (letra de cambio, promissória, duplicata) ou uma


aplicação financeira é resgatada antes de seu vencimento, o título sofre um
abatimento, que é chamado de desconto.

Valor Nominal

Valor que corresponde ao seu valor no dia do seu vencimento. Antes do


vencimento, o título pode ser resgatado por um valor menor que o nominal, valor este
denominado de valor Atual ou valor de Resgate.

Desconto Comercial

Também conhecido como Desconto Bancário ou “por fora”, é quando o desconto


é calculado sobre o valor nominal de um título. Pode ser entendido como sendo o
juro simples calculado sobre o valor nominal do título;

Onde:

Ex.: Uma promissória de valor nominal de $ 500 foi resgatada 4 meses antes de
seu vencimento, à taxa de 8 % a.a. Qual o valor do desconto?

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Valor Atual

O Valor Atual (ou presente) de um título é aquele efetivamente pago (recebido)


por este título, na data de seu resgate, ou seja, o valor atual de um título é igual ao
valor nominal menos o desconto. O Valor Atual é obtido pela diferença entre seu valor
nominal e o desconto comercial aplicado.

Ex.: Um título de crédito no valor de $ 2000, com vencimento para 65 dias, é


descontado à taxa de 130 % a.a. de desconto simples comercial. Determine o valor de
resgate (valor atual) do título.

Desconto Racional

O desconto racional ou “por dentro” corresponde ao juro simples calculado sobre


o valor atual (ou presente) do título. Note-se que no caso do desconto comercial, o
desconto correspondia aos juros simples calculado sobre o valor nominal do título.

Ex.: Qual o desconto racional de um título com valor de face de $ 270, quitado 2
meses antes de seu vencimento a 3 % a.m.?

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Valor Atual Racional

É determinado pela diferença entre o valor nominal N e o desconto racional Dr

Equivalência de Capitais

• Capitais Diferidos: quando 2 ou mais capitais (ou títulos de


crédito, certificados de empréstimos etc.), forem exigíveis em datas
diferentes, estes capitais são denominados diferidos.
• Capitais Equivalentes: por sua vez, 2 ou mais capitais diferidos
serão equivalentes, em uma certa data se, nesta data, seus valores atuais
forem iguais.

Equivalência de Capitais para Desconto Comercial

Chamando-se de Vc o valor atual do desconto comercial de um título num


instante n’ e de V’c o de outro título no instante n’, o valor atual destes títulos pode
ser expresso como segue:

Para que os títulos sejam equivalentes, Vc deve ser igual a V’c, então:

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Ex.: uma promissória de valor nominal $ 2000, vencível em 2 meses, vai ser
substituída por outra, com vencimento para 5 meses. Sabendo-se que estes títulos
podem ser descontados à taxa de 2 % a.m., qual o valor de face da nova promissória?

N´ = N (1 – i.n) / 1 – i. n` = 2.000 (1 – 0.02. 2) / (1 – 0.02. 5)

Equivalência de Capitais para Desconto Racional

Para se estabelecer a equivalência de capitais diferidos em se tratando de


desconto racional, basta lembrar que os valores atuais racionais dos respectivos
capitais devem ser iguais numa certa data.

Chamando-se de Vr o valor atual do desconto comercial de um título na data n’


e de N o valor nominal deste título na data n, e de V’r o valor racional atual de outro
título na data n’, e de N’ o valor nominal do outro título na data n’, temos:

Para que se estabeleça a equivalência de capitais devemos ter Vr = V’r, logo:

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Ex.: qual o valor do capital disponível em 120 dias, equivalente a $ 600, disponível
em 75 dias, `a taxa de 80 % a.a. de desconto racional simples?

Como Vr 75 = Vr 120, temos N’ = 600. (1 + 0.80/360. 120) / (1 + 0.80/360.75)

N’ = $ 651,28

1.3 Juros Compostos


No regime de Juros Compostos, no fim de cada período de tempo a que se refere
a taxa de juros considerada, os juros devidos ao capital inicial são incorporados a este
capital. Diz-se que os juros são capitalizados, passando este montante, capital mais
juros, a render novos juros no período seguinte.

• Juros Compostos: são aqueles em que a taxa de juros incide


sempre sobre o capital inicial, acrescidos dos juros acumulados até o
período anterior
• Cálculo do Montante: vamos supor o cálculo do montante de um
capital de $1.000, aplicado à taxa de 10% a.m., durante 4 meses.

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Pode-se constatar que a cada novo período de incidência de juros, a expressão


(1 + i) é elevada à potência correspondente.

A taxa de juros i e o período de aplicação n devem estar expressos na mesma


unidade de tempo;

Ex.: Um investidor quer aplicar a quantia de $ 800 por 3 meses, a uma taxa de 8
% a.m., para retirar no final deste período. Quanto irá retirar?

Valor Atual

Considere-se que se deseja determinar a quantia P que deve ser investida à taxa
de juros i para que se tenha o montante S, após n períodos, ou seja, calcular o valor
atual de S.

Basta aplicarmos a fórmula do Montante, ou Soma dos Montantes, para


encontrarmos o valor atual

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Interpolação Linear

É utilizada para o cálculo do valor de (1 + i) n, quando o valor de n ou de i não


constam da tabela financeira disponível para resolver o problema.

A interpolação é muito utilizada quando se trabalha com taxas de juros


“quebradas” ou períodos “quebrados”. Ex.: taxa de juros de 3.7 % a.m. ou 5 meses e
10 dias.

Não foi fornecido o valor da expressão (1 + i) n para números “quebrados”, então


devemos procurar os valores mais próximos, para menos e para mais, e executarmos
uma regra de três, deste modo:

Ex.: Temos que calcular o montante de um principal de $1.000 a uma taxa de


juros de 3.7 % a.m., após 10 meses, a juros compostos.

A tabela não fornece o fator (1 + i) n correspondente a 3.7 %, mas seu valor


aproximado pode ser calculado por interpolação linear de valores

Procuramos, então, as taxas mais próximas de 3.7 %, que são 3 % e 4 %. Na linha


correspondente a 10 períodos (n), obtêm-se os fatores correspondentes a (1 + i) n
que são, respectivamente, 1.343916 e 1.480244. Procedemos, então, a uma regra de
três para encontrarmos o fator referente a 3.7 %:

Para um acréscimo de 1 % (4% - 3%) temos um acréscimo de 0.136328 (1.480244


– 1.343916);

Para 0.7 % de acréscimo na taxa, o fator (1 + i) n terá um acréscimo de x. Portanto:

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Somando-se o valor encontrado (0.09543) ao do fator (1 + i) n correspondente


à taxa de 3 % (1.343916), teremos o fator (1.439346) correspondente à taxa de 3.7
%.

Voltando à solução do problema, temos:

S = 1.000 x 1.439346

S = $ 1.439,34

1.4 Taxas Proporcionais


Na formação do montante, os juros podem ser capitalizados mensalmente,
trimestralmente, semestralmente e assim por diante, sendo que, via de regra, quando
se refere a um período de capitalização, a taxa de juros é anual. Assim, pode-se falar
em:

• Juros de 30 % a.a., capitalizados semestralmente;


• Juros de 20 % a.a., capitalizados trimestralmente;
• Juros de 12 % a.a., capitalizados mensalmente;

Quando a taxa for anual, capitalizada em períodos menores, o cálculo de (1 + i)n


é feito com a taxa proporcional. Dessa forma:

• Para 30 % a.a., capitalizados semestralmente, a taxa semestral


proporcional é 15%a.s.

1 ano → 2 semestres é 30 % a.a. = 2 x 15 % a.s.

• Para 20 % a.a., capitalizadas trimestralmente, a taxa trimestral


proporcional é 5 % a.t.

1 ano → 4 trimestres é 20 % a.a. = 4 x 5 % a.t.

• Para 12 % a.a., capitalizados mensalmente, a taxa mensal


proporcional é 1 % a.m.

1 ano → 12 meses é 12 % a.a. = 12 x 1 % a.m.

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Ex.: Qual o montante do capital equivalente a $ 1.000, no fim de 3 anos, com juros
de 16 %, capitalizados trimestralmente?

Dados:

P = 1.000

i = 16 % a.a. = 4 % a.t. = 0.04 a.t.

n = 3 anos = 12 trimestres

S = P. (1 + i ) n

S = 1.000. (1 + 0.04) 12

S = 1.000 x (1.601032)

S = $ 1.601,03

1.5 Taxas Equivalentes


São taxas diferentes entre si, expressas em períodos de tempo diferentes, mas
que levam um capital a um mesmo resultado final ao término de um determinado
período de tempo.

Duas taxas são equivalentes quando, referindo-se a períodos diferentes, fazem


com que o capital produza o mesmo montante, num mesmo intervalo de tempo.

Como queremos saber a taxa de juros equivalente (ik), para um mesmo capital,
temos:

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Esta fórmula é utilizada para, dada uma taxa menor (ex.: dia, mês, trimestre), obter
a taxa maior equivalente (ex.: semestre, ano).

Ex.: Qual a taxa anual equivalente a 10 % a.m.?

ik = 10 % a.m. = 0.1 a.m. ie =?

k = 1 ano = 12 meses

ie = (1 + ik) k – 1 = (1 + 0.1) 12 - 1 = 2.138428

ie = 2.138428 ou transformando para taxa percentual

ie = 213,84 %

1.6 Taxas Nominal e Efetiva (ou Real)


No regime de juros simples, as taxas são sempre efetivas. Para melhor
compreensão dos conceitos de Taxa Nominal e Taxa Efetiva, no sistema de juros
compostos, vamos considerar os seguintes enunciados:

1 Qual o montante de um capital de $ 1.000, colocado no regime de juros


compostos à taxa de 10 % a.a., com capitalização anual, durante 2 anos? Solução: Tal
enunciado contém uma redundância, pois em se tratando de uma taxa anual de juros
compostos, está implícito que a capitalização (adição de juros ao Capital), é feita ao
fim de cada ano, ou seja, é anual. Elaborado visando o aspecto didático, este
enunciado objetivou enfatizar que a taxa efetivamente considerada é a de 10 % a.a.,
ou seja, que a taxa de 10 %é uma taxa efetiva.

2 Qual o montante de um capital de $ 1.000, colocado no regime de juros


compostos, à taxa de 10 % a.a., com capitalização semestral, durante 2 anos? Solução:
Este segundo enunciado também apresenta uma incoerência, pois sendo uma taxa
anual, os juros só são formados ao fim de cada ano e, portanto, decorridos apenas 1
semestre, não se terão formados ainda nenhum juro e, por conseguinte, não poderá
haver capitalização semestral.

Portanto, na prática costuma-se associar o conceito de taxa nominal ao de taxa


proporcional. Assim, se a taxa de juros por período de capitalização for i e se houver
N períodos de capitalização, então a TAXA NOMINAL iN será:

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O conceito de TAXA EFETIVA está associado ao de taxa equivalente. Assim, a taxa


efetiva ie pode ser determinada por equivalência, isto é, o principal P, aplicado a uma
taxa ie, durante um ano, deve produzir o mesmo montante quando aplicado à taxa i
durante n períodos.

Ex.: Vamos supor $ 100 aplicados a 4 % a.m., capitalizados mensalmente, pelo


prazo de 1 ano. Qual a taxa nominal e a taxa efetiva.

Taxa Nominal

Taxa Efetiva

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1.7 Capitalização em Períodos Fracionários


No regime de capitalização composta, os juros são capitalizados ao final de um
período inteiro de capitalização (mês, ano, bimestre, semestre etc.). Dentro deste
conceito, qual o tratamento a ser dado para os períodos não inteiros de uma
operação? Nestas situações pode ser adotada a convenção linear ou a exponencial.
convenção linear

Por esta convenção, calcula-se o montante a juros compostos do número de


períodos inteiros. Ao montante obtido, adicionam-se os juros simples a ele
correspondente no período fracionário.

Denominando-se de t + p / q o prazo total; de t, o número de períodos


inteiros, e de p / q uma fração desse período, para calcular o montante S, atingido
pelo capital P, na taxa i, ao fim de t + p / q períodos, temos:

S = P (1 + i) n. (1 + i(p/q))

Ex.: Dado um capital de $ 100.000, aplicado a juros compostos durante 3 anos e


2 meses, à taxa de 12 % a.a., capitalizados anualmente, calcular S, pela conversão
linear.

Dados:

1.8 Convenção Exponencial


Na convenção exponencial, o capital renderá juros compostos durante todo o
período de aplicação, ou seja, nos períodos inteiros e fracionários. É conveniente notar
que, nos períodos fracionários, o cálculo é efetuado pela taxa equivalente.

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Assim, temos:

Ex.: Um capital de $ 135.000 foi aplicado a juros compostos de 12.6825 % a.a.,


capitalizados anualmente, durante um prazo de 2 anos e 3 meses. Calcular S pela
convenção exponencial.

Antes de resolver a questão, devemos ter a taxa e o período de capitalização


numa única unidade de tempo, isto é, homogeneizados. Como temos a taxa anual,
vamos determinar a taxa mensal equivalente. Temos:

Consultando a tabela de (1 + i) n , a taxa correspondente ao fator 1.1268, para n


= 12, obtém-se i = 1 %. Como n está expresso em meses, a taxa será de 1 %
p
n(+ )
S=P (1 + i) q = 135.000(1 + 0,01)27

Com a tabela de (1 + i)n para i=1 e n=18, obtém-se 1.196147 e para n=9, obtém-
se 1.093685, logo:

S = 135.000X(1.196147) X (1.093685)

S= $ 176.608,13

ATENÇÃO: Ao se resolverem problemas de capitalização com períodos


fracionários, o primeiro passo é definir claramente qual a convenção a ser utilizada,
isto é, se vai ser aplicada a convenção linear ou a exponencial. Definido que será a
linear, deve-se trabalhar com taxas proporcionais para o cálculo da capitalização no
período fracionário. Caso definido que será empregada a exponencial, será utilizada a
taxa equivalente.

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1.9 Descontos Compostos


Corresponde à soma dos descontos simples, calculados isoladamente em cada
período de capitalização.

Desconto Racional Composto

O desconto racional composto é calculado sobre o valor atual (presente) de um


título, utilizando-se do regime de capitalização composta. Dessa forma, o desconto
racional composto (real, ou racional, ou “por dentro”) pode ser entendido como sendo
os juros compostos calculados sobre o valor presente (ou atual) de um título.

Em outras palavras, a taxa de desconto, aplicada sobre o valor atual, resulta no


valor futuro (ou nominal) do título.

Ex.: O valor do desconto real de uma nota promissória, que vence em 36 meses,
é de $ 11.318,19. Admitindo-se que é utilizada uma taxa de 2 % a.m. de desconto
racional, qual o valor nominal do título?

Dados:

1.10 Equivalência de Capitais


Trabalhando-se no regime de capitalização simples, a equivalência de capitais
ocorre quando dois ou mais capitais diferidos (exigíveis em datas diferentes)
descontados (comercialmente ou racionalmente), possuem o mesmo valor atual na
data “zero”.

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Noções Básicas de Matemática Financeira

No sistema de capitalização composta usual (juros compostos e desconto


racional composto), a equivalência de capitais pode ser feita na data zero (valor atual)
ou em qualquer outra data, vez que os juros compostos são equivalentes aos
descontos compostos.

Ex.: Considere uma dívida de $ 2.000 no final de 3 meses, a uma taxa de juros
compostos de 10 % a.m. Quanto seria o valor do capital da data de hoje?

1.11 Rendas Certas


Denomina-se renda o conjunto de 2 ou mais pagamentos, ocorridos em épocas
distintas, objetivando a formação de um capital ou o pagamento de uma dívida.

• Termos: os pagamentos (prestações ou depósitos) são os termos


da Renda.
• Montante da Renda: quando a renda for destinada à formação de
um capital, este capital será denominado de Montante da Renda.
• Valor Atual da Renda: se o objetivo da renda for o pagamento de
uma dívida, O valor da dívida será designado por Valor Atual da Renda.

Graficamente, temos:

Onde: S = Montante de uma Renda com 3 termos (depósitos)

Onde: P = Valor Atual ou presente de uma Renda com 3 termos (Pagamentos)

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Noções Básicas de Matemática Financeira

As rendas podem ser classificadas em função de:

a) Possibilidade de se estabelecer previamente o número de termos


de uma renda, seus vencimentos e respectivos valores.

Nas Rendas Certas, o número de termos, seus vencimentos e respectivos valores


podem ser previamente calculados. Ex.: as prestações necessárias para pagar uma
compra a prazo.

As rendas aleatórias são aquelas em que pelo menos um dos elementos da renda
(número de termos, vencimentos, valores) não pode ser previamente estabelecido. Ex.:
pagamento de uma pensão vitalícia.

b) Duração, periodicidade e valores dos termos. Por este critério as


rendas podem ser classificadas em:
• Temporárias: são as rendas em que o número de termos é finito e
a renda tem um termo final. Ex.: venda de um carro financiado em 15
parcelas;
• Perpétuas: são as rendas em que o número de termos é infinito.
Ex.: direitos autorais
• Periódicas: são aquelas em que a frequência entre pagamentos é
constante. Ex.: Aluguéis mensais;
• Não – Periódicas: são aquelas em que a frequência entre os
pagamentos não é constante. Ex.: venda de um bem a prazo, com
pagamento de uma parcela no ato, a 2ª com 30 dias e 3ª com 50 dias.
• Constantes: são aquelas em que todos os pagamentos são de um
mesmo valor. Ex.: financiamento de um veículo em 5 parcelas mensais,
iguais e consecutivas;
• Variáveis: são aquelas em que os pagamentos não são do mesmo
valor. Ex.: parcelas de um consórcio.

c) Vencimento dos termos. Quanto ao vencimento dos termos as


Rendas podem se classificar em:
• Rendas imediatas (ou postecipadas): quando os pagamentos
ocorrem no fim de cada período (convenção de fim de período do fluxo
de caixa);

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Noções Básicas de Matemática Financeira

• Rendas antecipadas: quando os pagamentos ocorrem no início de


cada período;
• Rendas diferidas: quando o pagamento (ou recebimento) dos
termos passa a ocorrer após determinado período (prazo de carência).

Rendas Imediatas

O valor atual (ou presente) de uma renda equivale ao valor de uma dívida
(empréstimo, valor à vista de um bem) que será pago em prestações.

Onde:

Ex.: Qual o valor da prestação mensal de um financiamento de $ 250,000, em 5


parcelas, à uma taxa de 5 % a.m.?

Dados:

P = $ 250.000 Pede-se: R =?

n = 5 meses

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Noções Básicas de Matemática Financeira

Já o montante de uma renda imediata corresponde à soma dos depósitos


(termos) individuais, durante n períodos, a uma taxa i de juros.

Devemos lembrar que o valor presente da série de n termos da renda, no instante


zero, deve ser equivalente ao montante S no instante zero.

Onde:

Ex.: Se quisermos ter $ 2,000,000 daqui a 12 meses, quanto deveremos depositar


mensalmente sabendo que a taxa de juros é de 15 % a.m.?

Dados:

Rendas Antecipadas

Nas rendas imediatas, o primeiro pagamento ocorre no final do primeiro período


e dos demais no final dos respectivos períodos. Nas Rendas antecipadas, o 1
pagamento ocorre no instante zero e os demais pagamentos ocorrem no início de
cada período.

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Noções Básicas de Matemática Financeira

Comparando-se os diagramas de renda imediata com o de renda antecipada, a


única diferença é que o primeiro termo, na renda imediata, ocorre no fim do 1
período, enquanto na antecipada, o 1 pagamento ocorre no instante zero.

Caso o 1 pagamento da série antecipada ocorresse no final do 1 período,


automaticamente a série antecipada seria transformada em imediata (postecipada).

Para “empurrar” o 1 termo para o final do instante 1 (e os demais para o final


dos respectivos períodos), basta que multipliquemos a série de pagamentos por (1 +
i)n , “deslocando” o gráfico para a direita por um período. Como resultado desta
“transformação”, a série de pagamentos antecipados passa a ser uma renda
postecipada.

Portanto, para encontrarmos o valor das rendas antecipadas, basta dividirmos o


valor encontrado para as rendas imediatas por (1 + i) .

Ex.: Um apartamento é vendido à vista por $ 100,000, mas pode ser vendido a
prazo em 19 prestações mensais, iguais, vencendo a 1ª no ato da compra. Sabendo
que a taxa de juros é de 2% a.m., qual o valor da Prestação?

Dados:

P = $ 100,000

Pede-se:

R =? (antecipada)

n = 19 meses

i = 2 % a m. = 0,02 a m.

Solução: Primeiramente, calculemos o valor das prestações caso o produto fosse


vendido sem entrada, com a 1ª prestação somente no final do 1 período.

R = 100,000 x 0,029136 / 0,456811

R = $ 6.378,13 (imediata)

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Noções Básicas de Matemática Financeira

A exemplo dos valores atuais de rendas imediatas e antecipadas, o MONTANTE


DE UMA RENDA ANTECIPADA irá diferir do montante de uma renda imediata (ou
postecipada) no tocante à ocorrência do 1 depósito.

Portanto, para encontrarmos o valor do montante antecipado, basta dividirmos


o valor encontrado para o montante imediato por (1 + i).

Ex.: Quanto devo depositar mensalmente num fundo de investimento que paga
4 % a m., para que, no fim de 10 meses, não ocorrendo nenhum resgate, possa dispor
de $ 150,000, supondo o 1 depósito na data zero, e o total de 10 depósitos?

Dados:

S = $ 150,000 Pede-se: R =?

n = 10 meses

i = 4 $ a m. = 0,04 a.m.

Solução: Primeiramente, calculemos o valor dos depósitos caso o primeiro fosse


feito não na data zero, mas 30 dias após, ou seja, no final do 1 período.

Rendas Diferidas

As rendas diferidas são aquelas em que os pagamentos ou depósitos passam a


ocorrer após um certo prazo, prazo este denominado prazo ou período de carência.

O cálculo do valor atual de uma renda diferida pode ser decomposto em 2 etapas:

• 1ª etapa: cálculo do valor presente da renda até o final do período


de carência;

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Noções Básicas de Matemática Financeira

• 2ª etapa: cálculo do valor presente, NA DATA ZERO, do valor


obtido no final do período de carência.

Ex.: Qual o valor atual de uma renda de $ 100, de 3 termos mensais, com 2 meses
de carência, à taxa de 6 % a m.?

i = 6 % a m. = 0,06 a m. P = 267,30 / 1,1236

P=$237,90

Valor Atual de Rendas Perpétuas Imediatas

Rendas Perpétuas são aquelas em que o número de termos é infinito. O valor


atual de uma renda perpétua imediata é dado pela fórmula:

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Noções Básicas de Matemática Financeira

Onde:

P = Valor do Capital

R = Renda ou pagamento

I = taxa de juros

Ex.: Durante 10 anos um investidor pretende depositar mensalmente uma certa


quantia para, após o término dos depósitos, ter uma renda perpétua de $ 2,000 por
mês. Considere a convenção de fim de período e juros de 1 % a m.

R = 200,000 x 0,01 / (1,01 120 – 1)

R = 2000 / 2,3003841

R = $ 869,42

Valor Atual de Rendas Perpétuas Antecipadas

Para calcular o valor atual de rendas perpétuas antecipadas, basta adicionar o


termo que ocorreu no instante zero à fórmula das rendas perpétuas imediatas.

Assim, temos:

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

Ex.: Uma pessoa pretende se aposentar e “viver de juros”. Quanto deve ter
depositado para receber $ 2,000 mensalmente, sabendo que o investimento feito
paga juros de 1 % a. m. Considerar série infinita de pagamentos antecipados.

P = R + R / i → P= 2000 + 2000 / 0,01 → P = $202,000

2 Sistemas de Amortização de Empréstimos


Quando se contrai uma dívida, o devedor se compromete a devolver o capital
emprestado acrescido dos juros, que é a remuneração do capital. Como a
remuneração do capital depende do regime de juros adotados, geralmente este
regime é determinado pelo prazo em que o empréstimo é efetuado.

Sistemas de Amortização de Curto Prazo

Para os casos de empréstimos de curto prazo (inferior a 1 ano) costuma-se utilizar


o sistema de juros simples, sendo que as formas mais frequentes de se quitar o débito
são:

a) O principal e os juros são pagos somente no final do período do


empréstimo (P + E), ou comumente chamado de “principal mais encargos
no final”. Supondo um empréstimo de $ 100,000, por 4 meses, à taxa de
10% am., temos:

b) Os juros devidos ao principal, pelo período total do empréstimo,


são cobrados antecipadamente, ou seja, no próprio momento em que se
contrai a dívida. Isto é conhecido como encargos antecipados, principal
no final, e é, praticamente, a única forma de financiamento a juros simples
que existe no mercado, atualmente. É o que ocorre no Desconto de

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

Duplicatas. O comerciante entrega duplicatas com valor de face de $


100,000, mas recebe somente $ 92.455,62. No vencimento das duplicatas,
o banco recebe o seu valor de face.

c) Um terceiro mecanismo de amortização de empréstimo a curto


prazo, é aquele em que o débito é saldado com os juros sendo pagos
mensalmente e o principal no final do prazo do financiamento (encargos
mensais, principal no final).

Sistemas de Amortização a Longo Prazo

O regime estipulado para a remuneração de capitais emprestados a longo prazo


(mais de 1 ano), costuma ser o de juros compostos. O método mais utilizado para o
resgate de empréstimos de longo prazo é chamado de Prestações Periódicas
Constantes, ou Tabela Price.

O Sistema Price

O empréstimo é amortizado em prestações iguais e consecutivas, a partir do


momento em que começam as amortizações.

Como as prestações são iguais e consecutivas, durante um certo número de


períodos, tais pagamentos podem ser calculados da seguinte maneira:

Ex: Uma empresa recebe um financiamento para pagar por meio de uma
anuidade postecipada constituída por vinte prestações semestrais iguais no valor de
R$ 200.000,00 cada. Imediatamente após o pagamento da décima prestação, por estar

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

em dificuldades financeiras, a empresa consegue com o financiador uma redução da


taxa de de 15% para 12% ao semestre e um aumento no prazo restante da anuidade
de dez para quinze semestres. Calcule o valor mais próximo da nova prestação do
financiamento.

a) R$ 136.982,00

b) R$ 147.375,00

c) R$ 151.342,00

d) R$ 165.917,00

e) R$ 182.435,00

Solução:

A principal característica do sistema price é a de que o mutuário é obrigado a


devolver os juros mais o principal em prestações periódicas e constantes.

Estamos, portanto, diante de três problemas para construir a planilha financeira:


como obter o valor das prestações, o valor dos juros e o valor da amortização em cada
prestação.

Partindo do pressuposto de que a prestação é a soma do valor da amortização e


dos juros, temos as três relações a seguir:

A prestação pode ser calculada pela aplicação da fórmula seguinte:

O valor dos juros é obtido pela multiplicação da taxa de juros unitária (i) do
período (n) pelo saldo devedor (SD) do período anterior (n-1).

O valor da amortização é obtido pela diferença entre o valor da prestação e o


valor dos juros.

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

O saldo devedor do período é obtido pela subtração da amortização do período


(n) do saldo devedor do período anterior (n-1).

Exemplo:

Suponha que você queira adquirir um veículo, cujo preço à vista é de R$


20.441,07, em 12 prestações trimestrais. A financeira propõe uma taxa de juros de 40%
ao ano, com capitalização trimestral. Você não dá entrada. Nessas condições, após
calcular o valor de cada prestação, podemos montar a planilha financeira.

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

Conclusões:

• O Saldo devedor de R$ 0,10 não significa que você ficará devendo


após ter pagado todas as prestações e tampouco que a financeira não
receberá o inicialmente pactuado, pois o valor do principal e os juros
estão calculados na prestação. Esse saldo decorre apenas do processo de
arredondamento das cálculos.
• O saldo devedor teórico, imediatamente, após o pagamento da
penúltima prestação é igual a amortização relativa a última prestação. Isso
decorre do raciocínio natural de que quando pagamos a última prestação,
estamos liquidando a nossa dívida.

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

• As prestações são, sempre, fixas.


• A amortização é crescente de forma não linear, isto é, cresce de
forma exponencial. Com isso, ocorre uma menor amortização na fase
inicial e uma maior amortização mais no final do período do empréstimo.
• O valor dos juros é decrescente de forma não linear, isto é, de forma
exponencial.
• O valor da última amortização pode ser obtido da seguinte
expressão:

Como os juros incidem sobre o valor do saldo devedor do período anterior, e


como o valor da última amortização é, teoricamente, idêntico ao saldo devedor
anterior, então os juros incidem sobre a própria última amortização. Cuidado! Esse
raciocínio só é aplicável após o pagamento da penúltima prestação, isto é, vale para
valores da última amortização, prestação, juros ou saldo devedor.

Nessas condições, temos que:

Agora, uma das grandes novidades. Você sabia que o valor A12 ou outro An
qualquer, pode ser obtido pela aplicação da fórmula do montante de juros
compostos?

Então veja:

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

Assim, se você se deparar diante de uma questão de prova, em que seja solicitado
o valor originário de um financiamento e a banca examinadora apresentar uma
planilha financeira com somente os seguintes elementos, não se apavore, pois tem
solução:

Planilha financeira do sistema de amortização francês ou Price.

SALDO AMORTIZAÇÃO-
n JUROS- J PRESTAÇÃO - P m
DEVEDOR-SD A

0 0 0 0 12

1 11

2 10

3 1.156,62 9

4 8

5 7

6 1.460,53 6

7 5

8 4

9 2.049,03 3

10 2

11 1

12 0

Como foi visto antes, o valor de An pode ser obtido pela fórmula do montante.

Assim, o valor de A9 representa o montante de A3, com n sendo igual a 6


períodos.

O primeiro passo a executar é calcular a taxa de juros que está embutida nessa
planilha. Para isso basta dividir o valor de A9 pelo valor de A3 e obteremos o valor de
(1+i)6.

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

Uma vez obtido o valor de (1+i)6, procuramos na tabela, na linha de 6 períodos,


até encontrarmos o valor.

Então:
(1 + i)6 = Ag ÷ A3 → (1 + i)6 = 2049,03 ÷ 1156,62 → (1 + i)6 = 1,77156

Valor encontrado na coluna de 10% logo a taxa utilizada é de 10% ao período.

Sabido a taxa, agora é só achar o valor da 6ª amortização, para somá-la aos juros
e obter o valor da prestação. Assim:
A6 = A3 x(1 + 0,1)3 → A6 = 1156,62 X 1,331 → A6 = 1539,46

Dessa forma o valor da prestação será:

P = A6 + J6

P = 1.539,47 +1.460,53

P.= R$3.000,00

Mas, ainda não encontramos o valor do financiamento. Para isso, preciso saber o
valor dos juros embutidos na 1ª prestação e esse valor obtenho pela diferença entre
a prestação e o valor da amortização. Então teremos que calcular o valor da 1ª
amortização:
1156,62
A3 = x (1,1)2 → 1156,62 = A1 x 1,21 → A1 = → A1 = 955,89
1,21

Logo, os juros da 1ª prestação são: J=P-A

J=3000 – 955,89

J=2044,11

Finalmente podemos achar o valor do financiamento, pois sabemos que esse


valor dos juros representa 10% do valor do saldo devedor anterior, ou seja, do valor
do financiamento.

Dessa forma, o valor financiado é:

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Sistemas de Amortização de Empréstimos

No sistema de amortização francês ou Price, as prestações são constantes, os


juros são decrescentes de forma exponencial, a amortização é crescente de forma
exponencial e o saldo devedor é decrescente.

Após este pequeno “intróito”, podemos finalmente resolver a questão da prova:

O primeiro passo é calcularmos o valor financiado, pois temos o valor das


prestações, a taxa de juros e o número de períodos, não se esquecendo que o valor
financiado é o próprio valor atual.

Podemos, agora, calcular o juro embutido na 1ª prestação:

J1 = 0,15 x 1.251.866,20

J 1 = 187.779,93

Uma vez calculado o juro, temos condições de saber o valor da amortização da


1ª prestação:

P=A+J

A = P – J = 200.000,00 – 187.779,93 = 12.220,07

Agora, podemos calcular o valor da 10ª amortização:

Como P = A + J, o juro embutido nessa 10ª prestação é:

200.000,00 – 42.988,69 = 157.011,31

Esse juro representa 15% do Saldo Devedor do período anterior, então, o SDn-1
é:

Assim, o Saldo Devedor antes de pagar a 10ª prestação era de 1.046.742,06.

Após o pagamento da 10ª prestação, o SD será:

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Fluxo de Caixa

Esse valor será o novo valor atual para calcularmos o valor da prestação
renegociada.

n = 15

i = 12

Va = 1.003.753,37

P =?

Portanto, a resposta correta é a letra “b”

3 Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa serve para demonstrar graficamente as transações financeiras
em um período. O tempo é representado na horizontal dividido pelo número de
períodos relevantes para análise. As entradas ou recebimentos são representados por
setas verticais apontadas para cima e as saídas ou pagamentos são representados por
setas verticais apontadas para baixo. Observe o gráfico abaixo:

Estes valores não podem ser simplesmente somados ou subtraídos (a não ser
com juros nulos), pois estão em tempos distintos e R$ 450 no 3 período não
significam os mesmos R$450 em outros períodos; ele significa menos nos períodos
anteriores e mais nos períodos seguintes,

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Fluxo de Caixa

Por exemplo, com uma taxa de juros de 2% ao período, receber os R$450 no 3


período é equivalente a receber R$450x1,02 = R$459 no 4 período, ou R$459x1,02 =
R$468 no 5 período ou R$450/1,02 = R$441 no 2 período.

Valor Presente e Valor Futuro

Chamamos de VP – o Valor Presente -, que significa o valor necessário na


data 0 para que, considerando os juros ocorridos, represente o mesmo Capital que
todas as entradas e saídas do Fluxo completo,

Analogamente, VF é o Valor Futuro, que será igual ao valor que terei no final do
fluxo, após juros, entradas e saídas.

Na fórmula M = P. (1 + i) n, o principal P é também conhecido como Valor


Presente (PV = presente value) e o montante M é também conhecido como Valor
Futuro (FV =future value).

Então essa fórmula pode ser escrita como FV = PV (1 + i) n, ou simplesmente:

F = P (1 + i) n

Isolando PV na fórmula temos PV = FV / (1+i)n, ou simplesmente:

P = F / (1+i) n

Na HP-12C, o valor presente é representado pela tecla PV.

Com esta mesma fórmula podemos calcular o valor futuro a partir do valor
presente, para cada entrada ou saída do fluxo.

Exemplo:

Quanto representará, daqui a 12 meses, uma aplicação de R$1.500,00 a 2% ao


mês?

Solução:

FV = 1500. (1 + 0,02)12 = R$ 1.902,36

Num fluxo, com várias entradas e saída, calculamos cada parcela no Presente ou
no Futuro e somamos.

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Fluxo de Caixa

Neste exemplo, com 2% ao período:

VF = -100x1,025- 250x1,024 +150x1,023 + 450x1,022 -350x1,02 + 300 = VP x1,025

VP = -100- 250/1,02 +150/1,022 + 450/1,023 -350/1,024 + 300/1,025 = VF/ 1,025

Fluxos Especiais

Dois tipos de fluxo de caixa aparecem muitas vezes no comércio financeiro:

1) Fluxo UNIFORME

Um valor A sai (ou entra) todos os períodos de 1 a n. A Relação entre VP e A é:

P = A/(1+i) +A/(1+i)2 +A/(1+i)3+ A/(1+i)4 +... + A/(1+i)n

P = A. [(1+i) (n-1) + (1+i) (n-2) +... (1+i)2 + (1+i) + 1] / (1+i) n

Entre os colchetes está a Soma (na ordem inversa) de uma P.G com Primeiro
termo = 1 e Razão = (1+i)

P/A= [(1+i) n - 1] / [i. (1+i) n]

2) Fluxo GRADIENTE

Um valor G no período 2; 2G, no período 3; 3G, no quarto e assim sucessivamente,


até o período n

A Relação entre VP e G é:

P = G/(1+i)2 +2G/ (1+i)3+3G/ (1+i)4+... + (n-1) G/(1+i) n

P = G. [(1+i) (n-2) + 2(1+i) (n-3) + 3(1+i) (n-4) ++... + (n-1)] / (1+i) n

É possível provar que esta soma resulta em:

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Fluxo de Caixa

P/G= [(1+i) n - 1 - n.i] / [i2.(1+i)n]

Estas relações (P/A e P/G), bem como outras (F/A, F/G, A/G, G/A) são tabeladas e
servem para resolver inúmeros problemas de fluxo de caixa.

Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno (TIR) de um Fluxo de Caixa é a taxa que ANULA o Valor
Presente (e futuro) deste Fluxo.

A equação f(x) = 0 resultante de x = (i + i) pode ser resolvida numericamente


pelo Método Numérico Iterativo de Newton-Raphson: X = x - f(x)/f´(x), com x inicial
próximo de 1.

Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa de juros que faz com que o Valor Presente
das entradas de caixa menos o Valor Presente das saídas de caixa seja igual a zero, ou
seja, é a taxa de juros que faz com que o Valor Presente das Entradas de Caixa seja
equivalente ao Valor presente das Saídas de Caixa.

Formulação matemática: VP Entradas - VP Saídas = 0

Onde:

j= período a que se refere o fluxo

FCj= valor do fluxo de caixa do período

j n= número total de períodos

i= Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno é a taxa de juros que está incluída em um determinado


fluxo de caixa. Exemplos:

• Em um empréstimo a TIR corresponde à taxa de juros que está


sendo paga para a liquidação da dívida;

• Em uma aplicação a TIR corresponde à taxa de juros que está sendo


obtido como remuneração na aplicação.

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Referência

Procedimentos para Cálculo

a) As equações de equivalência para fluxos de caixa com mais de duas


parcelas não possibilitam, em geral, uma solução simples pelo isolamento
da incógnita (variável i).

b) A solução destes problemas é obtida com a utilização do Método


das Aproximações Sucessivas, que consiste em um processo de
interpolação até que se obtenha o valor que soluciona a equação;

c) As calculadoras financeiras e as planilhas eletrônicas possuem


recursos específicos para a solução deste problema.

4 Referência
Matemática financeira e suas aplicações; Alexandre Assaf neto; 13ª Edição – Editora
Saraiva.

Matemática Financeira Facil; Antônio Arnot Crespo; 14ª Edição; Editora Saraiva.

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Referência

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