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Cap.

04 - Neuropsicologia das funções cognitivas

Disciplina Neurociências
Profª Karine Ivo
A atividade cerebral é desempenhada pelo ser humano a todo instante,
basta observar. O fato de ler e compreender o texto, fazer anotações e
cálculos, reconhecer uma pessoa, lembrar o nome dela, saber distinguir cada
cor, lembrar o caminho de casa, são apenas algumas das diversas funções que
o cérebro faz diariamente. Nesse sentido, nossas principais funções cognitivas
são a percepção, atenção, memória, linguagem e funções executivas. É por
meio da relação entre todas estas funções que entendemos a grande maioria
dos comportamentos, desde o mais simples até as situações de maior
complexidade, nas quais, exigem atividades cerebrais mais elaboradas.

Atenção

Esta função cognitiva é bem complexa e vários comportamentos


dependem de um nível adequado de atenção para serem bem sucedidos,
como por exemplo: assistir um filme e compreendê-lo; manter o foco de
conversação em um ambiente ruidoso. Outro detalhe é que a atenção também
é um pré-requisito fundamental para o processo de memorização.
O conceito de atenção é determinado pela seleção e manutenção de um
foco, seja de um estímulo ou informação, entre as inúmeras que obtemos
através de nossos sentidos, memórias armazenadas e outros processos
cognitivos. De maneira simplificada, dirigimos nossa atenção para o estímulo
que julgamos ser importante num exato momento. Os outros estímulos que não
são os principais, passam a fazer parte do "fundo" não sendo mais os focos da
atenção.

Dessa forma, a atenção pode ser avaliada em diferentes aspectos, tais


como:

Atenção seletiva - quando a pessoa escolhe um estímulo em que


prestará atenção, por exemplo, ler um livro ao invés de assistir tv, mesmo que
a tv esteja ligada e faça ruídos ao fundo;

Atenção dividida - caracteriza-se pela capacidade do indivíduo em


prestar atenção em mais de um estímulo ao mesmo tempo, por exemplo,
conversar enquanto dirige um veículo, trabalhar no computador enquanto
atende ao telefone;

No entanto, a capacidade humana de manter a concentração é restrita, e


depende de diversos fatores, desde a falta de vontade ou ânimo por algum
assunto, até a dificuldades específicas, como as que são presentes no
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) que interferem na
capacidade de atenção seletiva e dividida, ou seja, todos nós temos alguma
dificuldade atencional, se isso representa um problema a ser tratado, depende
do grau de comprometimento e da quantidade de sintomas.

É importante ressaltar também que, elucidar a natureza dos problemas


atencionais, não depende somente da complexa observação do
comportamento geral do paciente, mas, do desempenho em testes específicos
que envolvam concentração e trilhas mentais. Apenas com a comparação entre
as várias observações, pode ser possível a distinção entre os déficits globais e
aqueles mais discretos e normais presentes na maioria das pessoas.

Memória

Uma das funções cognitivas mais utilizadas pelo ser humano em seu
cotidiano é a memória. Isso porque envolve a capacidade de armazenar
informações, lembrar delas e utilizá-las no presente. O bom funcionamento da
memória depende inicialmente do nível de atenção. Para que o bom
armazenamento aconteça outras atividades cognitivas como a capacidade de
percepção e associação é importante para que as informações possam ser
armazenadas com sucesso.

A memória pode ser classificada de forma simples, conforme a duração e


os tipos de informação envolvidos:

Memória de curto prazo - conhecida como memória de trabalho,


armazena de forma limitada, informações por alguns minutos. A memória de
trabalho possibilita, por exemplo, uma pessoa discar um número de telefone
que alguém acabou de lhe dizer ou repetir algumas frases de um texto lido
naquele exato momento.

Memória de longo prazo - diferente da anterior, a memória de longo


prazo tem uma capacidade maior para o armazenamento de informações, que
permanecem com a pessoa durante longos períodos, podendo até ficar
guardadas indefinidamente. Por exemplo, as lembranças de fatos ocorridos na
infância, o aprendizado de conteúdos escolares, a fisionomia ou o nome de
alguém que não se vê há muitos anos, entre outros.

Além disso, dentro da memória de longo prazo, encontram-se os


seguintes tipos:
Memória episódica - fazem parte desse conjunto os eventos vivenciados
pela pessoa que os recorda, em um determinado tempo e lugar, por exemplo,
uma viagem de férias, o primeiro dia num emprego, o nascimento de um filho,
ou até eventos negativos como uma situação de violência. Assim, a memória
episódica é constituída por lembranças autobiográficas que representam um
significado importante para o indivíduo.

Memória semântica - corresponde ao conhecimento de fatos da vida em


geral, como o idioma falado, o significado das palavras, o nome de objetos e
que não têm qualquer ligação com as experiências dotadas de algum tipo de
emoção, como descrito na memória episódica.

Memória procedural - esse tipo de memória é ligado ao conhecimento


de procedimentos corriqueiros e automáticos, por exemplo, lembrar como se
toca um instrumento musical, andar de bicicleta, vestir-se, entre outros.

Com o passar da idade, normalmente, a partir dos 50 anos, é comum as


pessoas se queixarem de dificuldades de memória, o que traz um certo
desconforto ou até mesmo receio de que possa ser o início de um quadro
patológico, como o Mal de Alzheimer, no entanto é importante frisar que o
declínio da memória com o avanço da idade é completamente normal.

Vale considerar que não é só a idade que provoca prejuízos na


capacidade de memória; o estresse emocional, a depressão e problemas de
ordem física são outros fatores que contribuem nesta perda. Em contrapartida,
existem os fatores que favorecem a memória, como a motivação e as
emoções. Quanto maior o interesse em aprender algo, melhor será o
armazenamento das informações obtidas nesse processo, assim quanto maior
o número de emoções, sejam elas positivas ou negativas, atribuídas a um
evento mais chances de a informação permanecer na memória para uma futura
recuperação.

Linguagem

É uma função utilizada todos os dias, na maior parte do tempo, seja por
meio da linguagem oral em uma conversa, ou da escrita ao ler ou escrever um
texto. Este conceito de linguagem é definido pelo uso de um meio organizado
de combinar as palavras a fim de se comunicar, embora a comunicação não se
constitua unicamente num processo verbal. As formas não-verbais, como
gestos ou desenhos também são capazes de transmitir ideias e sentimentos.
A fala assim como a escrita são processos em que o indivíduo seleciona
as palavras que conhece e as organiza num determinado contexto, dentro das
regras gramaticais de seu idioma. Sendo assim, a linguagem é um processo
que ocorre apenas se existir uma sequência coerente de símbolos, ou seja,
sons ou palavras. Para que haja uma comunicação satisfatória, a pessoa
precisa compreender uma determinada informação para entender a seguinte, e
daí por diante até o fim de um texto ou uma conversa.

Mesmo que o indivíduo leia um texto com muita atenção e compreensão,


dificilmente as frases serão armazenadas exatamente iguais como aparecem
no texto. Apenas as informações mais relevantes, como palavras-chave e as
ideias centrais, serão necessárias para a compreensão e armazenamento na
memória de longo prazo.

A leitura considerada adequada é aquela que o sujeito organiza as


palavras em grupos coerentes, dos quais será extraído um significado geral e
associados ao tema principal do texto.

A linguagem também é caracterizada pela sua constate evolução, pois


embora as pessoas respeitem os limites de sua estrutura (gramática,
ortografia), elas podem produzir novas elocuções a qualquer momento. Basta
observar as mudanças ocorridas na escrita de certas palavras há algumas
décadas atrás, por exemplo "pharmácia".

Percepção

É uma função cognitiva que se constitui de processos pelos quais o


sujeito é capaz de reconhecer, organizar e dar significado a um estímulo vindo
do ambiente através dos órgãos sensoriais. Por exemplo, se a pessoa tem
seus olhos vendados e lhe oferecem alguns objetos para tatear, ela é capaz de
reconhecer por meio das informações armazenadas a textura se é áspero ou
macio, duro ou mole, a forma se é quadrado, redondo, grande; e depois
nomear o objeto.

Este mesmo processo de reconhecimento ocorre com os outros sentidos


como o olfato quando reconhecemos que o cheiro é de fumaça, a gustação ao
identificar se algo é doce ou salgado, a audição quando sabemos que o som é
do canto de pássaros, ou a visão ao identificar um obstáculo ao dirigir um
veículo e desviá-lo.
As chamadas agnosias são os déficits na capacidade de percepção dos
estímulos sensoriais, especialmente os relacionados à visão. Apesar do sujeito
não ser portador de qualquer tipo de deficiência sensorial, ele não é capaz de
reconhecer e identificar o estímulo que lhe é oferecido, normalmente em
consequência de lesões cerebrais adquiridas.

Funções executivas

Compreendem um conceito neuropsicológico que se aplica às atividades


cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas. Elas incluem
o raciocínio, a lógica, a estratégias, a tomada de decisões e a resolução de
problemas. Todos esses processos cognitivos são produzidos diariamente,
pois, uma série de problemas desde os mais simples aos mais complexos,
ocorrem na vida do ser humano. Assim, independente do grau de
complexidade do problema, a pessoa precisa estar apta para analisar a
situação, lançar mão de estratégias, e antecipar as consequências de sua
decisão.

Nosso dia a dia oferece vários desafios ou simplesmente situações


imprevistas que exigem uma boa habilidade para um manejo adequado. Um
exemplo disso, é quando descobrimos o melhor caminho para se chegar num
determinado local, uma nova função no emprego, aumentamos o orçamento
doméstico, ou mesmo durante o desenvolvimento da criança, que a cada
momento descobre uma nova possibilidade e vai em busca de uma nova
habilidade.

Existem três tipos de resolução de problemas:


Inferente - utilizada quando o indivíduo está diante de uma situação
desconhecida e ainda não existem soluções disponíveis. Dessa maneira, é
preciso avaliar os elementos que compõem o problema e deduzir, ou seja,
inferir qual a melhor estratégia para superar aquele problema, ou pelo menos
minimizar seus efeitos. Essa atitude costuma ser muito utilizada na medicina
quando se tem um determinado quadro patológico desconhecido.

Analógica - é o uso de recursos anteriormente utilizados em situações


semelhantes.

Automática - é o tipo que se caracteriza pela espontaneidade. Ocorre


principalmente se a pessoa que o utiliza tem bastante prática no problema, por
exemplo, um motorista experiente.
A função do neuropsicólogo

O Neuropsicólogo atua no contexto das funções executivas, que


envolvem as dificuldades de aprendizagem e as suas relações entre o sistema
nervoso central, o funcionamento cognitivo e o comportamento. Mas não para
por aí, este profissional também lida com as ações básicas que abarcam o
diagnóstico e as intervenções clínicas, direcionadas para vários quadros
patológicos que prejudicam o sistema nervoso central.

É por meio da avaliação neuropsicológica que o neuropsicólogo


investigará a relevância das alterações cognitivas, que pode estar relacionada
com lesão ou disfunção cerebral, permitindo uma análise quantitativa e
qualitativa do funcionamento cerebral e das funções executivas.

Esta área é indicada também nos casos onde haja dúvidas com relação a
dificuldades cognitivas ou comportamentais de origem neurológica, problemas
de desenvolvimento infantil, transtornos psiquiátricos e alterações de conduta.

A importância do diagnóstico neuropsicológico

O diagnóstico realizado pelo neuropsicólogo tem como objetivo fornecer


respostas com respeito à origem e natureza das doenças relacionadas ao
cérebro, auxiliando os profissionais da pedagogia, psicopedagogia e psicologia,
direcionarem a dificuldade de aprendizagem do aluno e / ou paciente com mais
assertividade e precisão, ao estabelecer quais recursos cognitivos disponíveis
dos indivíduos e quais são os seus desempenhos que devem ser reforçados ou
supridos por outro.

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