Ativ. Colono Preto

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Universidade Federal de Alagoas

Curso de Administração Pública

Disciplina: Relações Étnicos Raciais e de Gênero

Discentes: Andreina Lima; Cláudia Fonseca; Giovanna Lira; Juliene Silva.

O Colono Preto

1. Relate o caso que abre o tema do podcast.

Nos primeiros segundos de reprodução, o podcast introduz os ouvintes ao tema central da


discussão: o acesso à educação, mais especificamente, a lei de cotas. Para isso, abrindo o
debate, relata o caso de Isabel, uma mulher viúva que, em 1860, recorreu ao juiz de órfãos
em Mariana/MG, responsável por sua herança, solicitando um determinado valor para
que seus dois filhos pudessem continuar estudando. Ambos já estudavam: um estava se
tornando boticário (uma espécie de farmacêutico) e o outro começava a ser alfabetizado.
No entanto, embora a proprietária dos recursos argumentasse sobre a necessidade de
continuar investindo na carreira acadêmica de seus filhos, o juiz que administrava os
recursos se negou, alegando que, sendo os meninos homens pardos, deveriam vender sua
força de trabalho e que, por consequência de seu fenótipo, não se justificaria o uso de
recursos para a educação.

2. O que pretendeu o professor Pretestato? Explique.

O professor Pretestado dos Passos e Silva, um homem negro, em 1856, enviou um dossiê
ao Império do Brasil com o objetivo de construir um espaço de educação destinado às
crianças negras no Rio de Janeiro. Sua argumentação baseava-se nos relatos de vários
pais que descreveram inúmeras situações de preconceito, tanto por parte dos alunos
quanto de seus professores e pais, que naquela época se recusavam a permitir que seus
filhos brancos ‘ombreassem’ com os negros. Tal situação preconceituosa criou um
ambiente desconfortável e inaceitável para os pais dessas crianças negras e para os negros
intelectuais da época, inclusive o professor, que viu na criação de um espaço destinado a
esse público-alvo uma solução.

3. Relacione o teste, aplicado na cidade de Salvador, com o objetivo de


Pretestato.
O teste desenvolvido em 1967, na Bahia, pela revista Realidade, ilustra que, embora mais
de cem anos tenham se passado desde o objetivo do professor Pretestato, o preconceito e
o tratamento diferenciado entre brancos e negros ainda são uma triste realidade
contemporânea. Resumidamente, o teste demonstra que o repórter branco foi bem
recebido e conheceu a estrutura da escola onde supostamente gostaria de matricular seu
filho, enquanto o repórter negro foi informado de que não havia vagas. Essas situações
escancaram o preconceito que ainda persiste na sociedade. Se em 1856 o professor
Pretestato se comovia e tentava junto ao Império a criação de uma escola para negros, o
que se observa cem anos depois é a perpetuação desses preconceitos, mostrando que a
luta pela igualdade e o respeito ainda tem um longo caminho a percorrer. E que se o
mesmo experimento fosse realizado atualmente, em pleno século XXI, certamente os
resultados seriam os mesmos...

4. A educação, no império, era destinada somente às pessoas “livres”. O que definia


uma pessoa livre?

No Brasil Império, o termo “pessoa livre” referia-se a indivíduos que não eram
escravizados. A sociedade da época era dividida entre pessoas livres e escravizadas, com
base no regime escravista em vigor até a abolição em 1888. Para ser considerada livre, a
pessoa não podia estar submetida à condição de propriedade de alguém. Esse status
incluía:

1. Pessoas brancas e nascidas livres: Incluía a maioria dos filhos de


colonos e imigrantes europeus.
2. Pessoas negras e mestiças libertas: Escravizados que haviam
conquistado sua liberdade através de alforrias.
3. Indígenas não capturados para o trabalho forçado: Embora fossem
explorados de outras maneiras, formalmente não estavam na condição
de escravizados.

As pessoas livres tinham acesso limitado a direitos e liberdades, como a possibilidade de


estudar, embora o ensino fosse elitista e muitas vezes apenas acessível às camadas sociais
mais altas, devido aos custos e restrições de ingresso nas poucas instituições de ensino.
5. O que foi a Lei do Ventre Livre e quais foram suas consequências para a educação
dos jovens negros?

A Lei do Ventre Livre, promulgada em 1871, decretava que filhos de mulheres


escravizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres. No entanto, a lei
possuía limitações significativas, pois permitia que os proprietários mantivessem esses
jovens sob sua tutela até os 21 anos, adiando seu acesso completo à liberdade. Em relação
à educação, essa lei não trouxe mudanças reais para os jovens negros, pois, mesmo livres,
continuaram a ser excluídos das escolas e das oportunidades educacionais oferecidas às
crianças brancas. A educação para eles era escassa, o que perpetuava a marginalização e
a falta de perspectivas para essa população.

6. O que foi a revolta da Balaiada? E como Cosme atuou para a educação dos jovens
negros neste contexto?

A Balaiada foi uma revolta popular ocorrida entre 1838 e 1841 na então província do
Maranhão, durante o Período Regencial brasileiro. Essa revolta, que teve forte
participação de sertanejos, vaqueiros, pequenos proprietários e escravizados, foi motivada
pelo descontentamento com as péssimas condições de vida da população pobre e pelo
autoritarismo das elites locais. Os rebeldes protestavam contra a exploração, o abuso de
poder e a miséria na região. Cosme Bento das Chagas, mais conhecido como "Mestre
Cosme" ou apenas "Cosme," foi uma figura central na Balaiada. Ele era um homem negro
e líder de um exército de escravizados fugidos, chamados de "Coluna Negra," que se
uniram aos revoltosos na luta contra as injustiças sociais e pelo fim da escravidão. Cosme
assumiu um papel de liderança que ia além do combate: ele se tornou um símbolo de
resistência e inspiração para a comunidade negra da região.

7. Relate a atuação de Maria Firmina na educação dos jovens negros.

Maria Firmina dos Reis (1825–1917) foi uma escritora, educadora e compositora
brasileira, reconhecida principalmente por sua obra literária, mas também pela sua
importante atuação no campo da educação, particularmente no que se refere à inclusão e
valorização de jovens negros. Foi aprovada em concurso público e atuante na escola
primária, onde fundou a primeira sala de aula mista, para meninos e meninas, de forma
igualitária.
Nascida em São Luís, no Maranhão, foi uma das primeiras mulheres negras a se destacar
na literatura brasileira, com uma obra que frequentemente abordava questões de racismo,
identidade e a realidade da população negra no Brasil do século XIX. Seu romance Úrsula
(1859) foi considerado o primeiro romance abolicionista escrito por uma mulher no
Brasil.

8. Comente as formas de organização das escolas para negros relatadas no podcast.

No podcast "O Colono Preto", o foco sobre as formas de organização das escolas para
negros revela como o acesso à educação foi estruturado dentro de uma lógica de exclusão
e controle social. As escolas voltadas para negros, especialmente nas áreas mais
periféricas como o Maranhão, eram frequentemente limitadas, segregadas e carentes de
recursos, com um foco na formação moral e prática, mas sem uma visão crítica ou
emancipatória. Essa exclusão educacional contribuiu para a manutenção de um sistema
de classes e racismo estrutural que perdurou e ainda perdura por muitos anos.

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