Ativ. Colono Preto
Ativ. Colono Preto
Ativ. Colono Preto
O Colono Preto
O professor Pretestado dos Passos e Silva, um homem negro, em 1856, enviou um dossiê
ao Império do Brasil com o objetivo de construir um espaço de educação destinado às
crianças negras no Rio de Janeiro. Sua argumentação baseava-se nos relatos de vários
pais que descreveram inúmeras situações de preconceito, tanto por parte dos alunos
quanto de seus professores e pais, que naquela época se recusavam a permitir que seus
filhos brancos ‘ombreassem’ com os negros. Tal situação preconceituosa criou um
ambiente desconfortável e inaceitável para os pais dessas crianças negras e para os negros
intelectuais da época, inclusive o professor, que viu na criação de um espaço destinado a
esse público-alvo uma solução.
No Brasil Império, o termo “pessoa livre” referia-se a indivíduos que não eram
escravizados. A sociedade da época era dividida entre pessoas livres e escravizadas, com
base no regime escravista em vigor até a abolição em 1888. Para ser considerada livre, a
pessoa não podia estar submetida à condição de propriedade de alguém. Esse status
incluía:
6. O que foi a revolta da Balaiada? E como Cosme atuou para a educação dos jovens
negros neste contexto?
A Balaiada foi uma revolta popular ocorrida entre 1838 e 1841 na então província do
Maranhão, durante o Período Regencial brasileiro. Essa revolta, que teve forte
participação de sertanejos, vaqueiros, pequenos proprietários e escravizados, foi motivada
pelo descontentamento com as péssimas condições de vida da população pobre e pelo
autoritarismo das elites locais. Os rebeldes protestavam contra a exploração, o abuso de
poder e a miséria na região. Cosme Bento das Chagas, mais conhecido como "Mestre
Cosme" ou apenas "Cosme," foi uma figura central na Balaiada. Ele era um homem negro
e líder de um exército de escravizados fugidos, chamados de "Coluna Negra," que se
uniram aos revoltosos na luta contra as injustiças sociais e pelo fim da escravidão. Cosme
assumiu um papel de liderança que ia além do combate: ele se tornou um símbolo de
resistência e inspiração para a comunidade negra da região.
Maria Firmina dos Reis (1825–1917) foi uma escritora, educadora e compositora
brasileira, reconhecida principalmente por sua obra literária, mas também pela sua
importante atuação no campo da educação, particularmente no que se refere à inclusão e
valorização de jovens negros. Foi aprovada em concurso público e atuante na escola
primária, onde fundou a primeira sala de aula mista, para meninos e meninas, de forma
igualitária.
Nascida em São Luís, no Maranhão, foi uma das primeiras mulheres negras a se destacar
na literatura brasileira, com uma obra que frequentemente abordava questões de racismo,
identidade e a realidade da população negra no Brasil do século XIX. Seu romance Úrsula
(1859) foi considerado o primeiro romance abolicionista escrito por uma mulher no
Brasil.
No podcast "O Colono Preto", o foco sobre as formas de organização das escolas para
negros revela como o acesso à educação foi estruturado dentro de uma lógica de exclusão
e controle social. As escolas voltadas para negros, especialmente nas áreas mais
periféricas como o Maranhão, eram frequentemente limitadas, segregadas e carentes de
recursos, com um foco na formação moral e prática, mas sem uma visão crítica ou
emancipatória. Essa exclusão educacional contribuiu para a manutenção de um sistema
de classes e racismo estrutural que perdurou e ainda perdura por muitos anos.