Sousa - Etc Lupulo
Sousa - Etc Lupulo
Sousa - Etc Lupulo
BOTUCATU - SP
2021
FRANCIELLY GUIEIRO GOMES DE SOUSA
BOTUCATU -SP
2021
Aos meus filhos José
Augusto e Renan, o qual
sempre me fez forte e
persistente, dedico.
AGRADECIMENTOS
A Deus por estar presente em todos os momentos da minha vida, onde busco força,
esperança para tudo que faço;
A Hops Brasil e o Sr. Max Rafaelle, responsável por divulgar a cultura do lúpulo no
país e pelas doações das mudas para o presente trabalho, o qual foi importante para
o início da pesquisa no LUPAM;
A professora Elizabeth Orika Ono e seu orientado Andrew Kim, que disponibilizaram
a ajudar com análise do IRGA;
Agradeço em especial aos Professores Dr. Alexandre Dal Pai e Dr. Sérgio Augusto
Rodrigues pelo apoio e ensinamentos;
Aos meus filhos José Augusto e Renan que sempre que podia me acompanhava no
experimento;
A minha tia Carmem Lúcia e meu avô João Pedrosa pela preocupação e por estar
por perto quando precisei;
A amiga Mara Rubia por estar sempre por perto quando precisei;
Aos técnicos dos laboratórios Gilberto e Israel pela amizade e ajuda na montagem
do experimento;
O lúpulo é uma cultura de alto valor comercial e elevado custo de produção. Mais de
90% do produto colhido é destinado à indústria cervejeira. O Brasil é um dos
maiores produtores de cerveja do mundo, importando quase que a totalidade do
lúpulo utilizado. Devido à grande demanda industrial e à expansão das cervejarias
artesanais, alguns produtores, principalmente do Sul e Sudeste do país, vêm
tentando introduzir a cultura do lúpulo em sua região. Universidades e Centros de
Pesquisa, iniciaram estudos com a finalidade de tornar o país um produtor de lúpulo.
Considerando a importância dos recursos hídricos nas atividades agrícolas, a
demanda considerável de água pelos cultivares de lúpulo, relatada em países
produtores, e a falta de informações do cultivo no Brasil, o objetivo deste trabalho foi
determinar a evapotranspiração da cultura (ETc) e coeficientes de cultivo (Kc) do
variedade Cascade, cultivado em solos com diferentes texturas. O experimento foi
desenvolvido no Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de
Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Campus de Botucatu, no período de 22 de setembro de 2018 a 27 de fevereiro de
2019, em ambiente protegido. O delineamento foi realizado em esquema
experimental inteiramente casualizado, com três tratamentos (cultivo em solos
argiloso, médio e arenoso), sendo 10 plantas por tratamento. Para determinar a ETc,
foram instalados lisímetros de lençol freático constante. O Kc foi calculado a partir da
relação entre (ETc) e a evapotranspiração de referência (ETo) estimada pelo método
de Penman - Monteith. As avaliações das plantas realizadas foram: diâmetro, massa
fresca e seca, produtividade, trocas gasosas, eficiência do uso da água e teores de
alfa e beta ácidos. Os resultados mostram que o cultivo em solo argiloso, devido a
maior capacidade de retenção de água, obteve maior eficiência no uso da água
(EUA) e melhor produtividade, apresentando demanda total evapotranspirativa de
1.294,23 mm, sendo que nos demais solos essa demanda foi de 1.347,25 mm para
o solo médio e 1.247,71 mm no solo arenoso, durante os 159 dias do experimento.
O coeficiente de cultivo variou consideravelmente nas três texturas de solo e
principalmente entre as fases de desenvolvimento da planta, os valores encontrados
nas fases inicial, crescimento rápido, crescimento médio e final foram, (1,4; 2,73;
2,16 e 1,09); (1,27; 2,31; 2,63 e 1,88) e (1,09; 2,31; 2,49 e 1,97) para os solos de
textura arenosa, média e argilosa, respectivamente. Plantas cultivadas em solo de
textura média e argilosa presentaram os maiores valores para alfa e beta ácidos.
Hops are a crop with high commercial and production value. Over 90% of the
harvested product is destined for the beer industry. Brazil is one of the largest beer
producers in the world, which imports almost all the hops used in the production of
the product. Due to the great industrial demand and the expansion of craft breweries,
some producers, mainly from the South and Southeast of Brazil, have been trying to
introduce the culture in their region. However, not every planting is successful; with
production yields recommended by countries have a tradition in production, due to
climatic conditions, soil differences and adaptation of the plant and its varieties.
Universities and Research Centers in Brazil are starting research to make the country
a producer of hops to contribute to the economy. Considering the importance of
water resources in agricultural activities, the considerable demand for water by hop
cultivars, reported in producing countries, and the lack of information on crop
cultivation in Brazil, the objective of this work was to determine the
evapotranspiration of the crop (ETc ), cultivation coefficients (Kc) to develop the hop
culture of the Cascade variety, grown in soils with different textures. The cultivation of
hops was conducted at the Department of Bioprocesses and Biotechnology, School
of Agricultural Science, São Paulo State University “Júlio de Mesquita Filho”,
Botucatu campus, from September 22, 2018, to February 27, 2019, in an
environment cultivation. The design was carried out in a completely randomized
experimental scheme, with 3 treatments (cultivation in clayey, medium and sandy
soil), 10 plants per treatment. The Kc was calculated from the relationship between
(ETc) and the reference evapotranspiration (ETo) estimated by the Penman-Monteith
method. The evaluations of the plants carried out were: diameter, fresh and dry
mass, productivity, gas exchange, water use efficiency and levels of alpha and beta
acids. The results show that the cultivation in clayey soil, due to its greater capacity
of water retention, obtained greater efficiency in the use of water (USA) and better
productivity, presenting total evapotranspirative demand of 1,294.23 mm, being that
the remaining soils demand was 1,347.25 mm for medium soil and 1247.71 mm for
sandy soil, during the 159 days of the experiment. The cultivation coefficient varied
considerably in the three soil textures and mainly between the stages of plant
development, the values found in the initial, rapid growth, medium and final growth
stages were (1,4; 2,73; 2,16 and 1.09); (1,27; 2,31; 2,63 and 1.88) and (1,09; 2,31;
2,49 and 1,97) for sandy, medium and clayey soils, respectively. Plants grown in
medium and clayey soils showed the highest values for alpha and beta acids.
.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
1
https://www.sindicerv.com.br/o-setor-em-numeros/
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
hectares2, estando localizada nas regiões sul (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
Paraná), sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e centro oeste (Distrito
Federal). As variedades implantadas são, ‘Cascade’, ‘Centennial’, ‘Fuggle’,
‘Magnum’, ‘Hallertau’, Northern Brewer’ e Nugget’.
2
https://www.canalrural.com.br/noticias/agricultura/ministerio-da-agricultura-cria-parceria-para-
fomentar-cultivo-de-lupulo-no-brasil/
25
2.465 kg/ha. Esta variedade possui caráter cítrico picante, os teores de alfa e beta
ácidos variam de 4,5 a 7%, sendo essas características que propiciam o diferencial
no sabor e na preferência do consumidor (SPÓSITO et al., 2019).
A Tabela 1 apresenta as composições médias das substâncias das variedades
de lúpulo conhecidas.
Fonte: FAO 56
De acordo com o boletim FAO 56, o lúpulo apresenta quatro fases fenológicas,
sendo fase inicial, desenvolvimento, meio e final, com duração de 25, 40, 80 e 10
dias respectivamente. Os valores de Kc foram indicados de 0,3 na fase inicial, 1,05
na fase de crescimento médio e de 0,80 na final (ALLEN et al., 1998). Trabalho
realizado por Fandinõ et al., (2015), com intuito de validar um modelo de balanço
hídrico para o lúpulo e determinar a transpiração e evaporação, apresentou Kcs com
valores de 0,69, 1,02 e 0,85, na sequência, para as fases inicial, intermediária e
final.
precisão quando comparado a outros métodos (XING et al., 2008; ALENCAR et al.,
2015), mesmo considerando que, em algumas condições climáticas, pode ocorrer
erros próximos a 30% (WIDMOSER, 2009; ALENCAR et al., 2015). Este método
requer dados de radiação, temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do
vento.
Entretanto, o uso do método de Penman – Monteith (PM) é restrito pela ausência
de algumas variáveis para estimativa da evapotranspiração de referência. Allen et al.
(1998) recomendam estimar os dados climáticos, como radiação, umidade relativa
do ar e velocidade do vento, caso haja impossibilidade de obter medidas in loco.
Medidas e análises do modelo foram realizados em diferentes países e climas para
testar sua viabilidade.
No entanto, os valores de Kc apresentados pela literatura são empíricos e muitas
vezes não adaptados ao local, fato esse é que as razões de ET para ETo dependem
de interações não lineares de solo, condições atmosféricas, cultura e práticas de
manejo de irrigação, pois tornam essenciais para plantações em linha, pomares e
vinhedos que apresentam copas esparsas e alta variabilidade espacial de cobertura
de vegetação e cobertura de solo (FARIAS et al., 2009).
A FAO, em posse do modelo indicado como padrão (PM), propôs características
específicas para as culturas como referência hipotética, além disso, considera-se as
condições físicas e a resistência aerodinâmica como fatores determinantes para a
evapotranspiração de referência (ETo) (CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).
A resistência da superfície está relacionada à resistência do fluxo de vapor
através das aberturas dos estômatos da vegetação, da área foliar e superfície do
solo. Sendo a resistência aerodinâmica referindo-se à resistência da vegetação no
que se refere ao atrito existente entre a passagem do ar e a superfície vegetada.
Entretanto, a resistência de superfície e as resistências aerodinâmicas são
específicas da cultura (ALLEN et al., 1998).
Contudo, o método de Penman-Monteith é considerado de maior eficiência para
determinar a evapotranspiração de referência, porém a dificuldade é que nem
sempre estão disponíveis todas as variáveis climáticas necessária para a estimativa,
sendo assim, seu uso acaba sendo limitado pela falta de medidas da radiação solar,
por exemplo. Djaman et al. (2019), em um estudo no Novo México, com objetivo de
avaliar a equação de PM sob dados climáticos limitados, observaram que quanto
maior a falta de dados precisos, a ETo tendia a ser subestimada.
35
2.5 Lisímetria
adoção dos sistemas de irrigação, porém é válido destacar que essas orientações
de regiões distintas do Brasil, em termos de clima e tipo de solos, podem não
apresentar o manejo de irrigação adequado para os produtores nacionais, devido a
grande diferença em termos de condições atmosféricas e por consequência,
disponibilidade hídrica.
Nas regiões de Yakima Valley nos Estados Unidos e Hallertau na Alemanha,
maiores produtores de lúpulo, o uso de irrigação tornou-se indispensável devido aos
períodos prolongados de seca (GRAF et al., 2019). Em Yakima Valley, os produtores
utilizam dentre 610 a 712 mm de água por ano proveniente da irrigação (Evans,
2003).
atividades fotossintéticas, se não houver algum fator limitante (LOPES; LIMA, 2015).
Conforme o aumento interno da pressão parcial de CO2 há um aumento na taxa de
oxigênio, o que também acarreta aumento da taxa fotossintética (CARVALHO,2014).
O aumento nos valores de Ci ocorre acréscimos na gs, sendo assim, a redução
estomática seria o fator limitante da atividade fotossintética na planta. Dessa forma,
quanto maior a abertura dos estômatos, maior será a difusão de CO2 para a câmara
subestomática (Nascimento, 2009).
Outro fator importante é a transpiração (E), que é a perda de água pelas plantas
na forma de vapor, sendo que aproximadamente 95% da água absorvida pela planta
é perdida pela transpiração, o qual utiliza apenas 5% para o seu desenvolvimento. A
umidade e a temperatura são fatores que podem modificar a magnitude do gradiente
do vapor de água entre a atmosfera e as folhas, interferindo na taxa de transpiração,
no entanto transpiração em excesso pode resultar em perdas na produção
(PIMENTA, 2013).
Tramontine et al., (2013), avaliando os principais mecanismos que potencializam
o cultivo da videira, concluíram que a textura do solo influenciou significativamente
nos parâmetros de trocas gasosas e no potencial de água nas folhas, e
consequentemente na qualidade e produtividade dos frutos. Os mesmos autores
constataram que o solo argiloso proporcionou melhores respostas, produzindo frutos
com maior teor de açúcar e o consumo de água foi intermediário, quando
comparado aos solos de textura mais arenosa. Isso é devido a maior capacidade de
retenção hídrica do solo avaliado.
O uso eficiente da água está relacionado com o período de abertura dos
estômatos, sendo que, enquanto a planta absorve CO2 para a fotossíntese, a água é
perdida por transpiração (CONCENÇO et al., 2007).
Outro parâmetro relacionado com a concentração de CO2 é a carboxilação (A/Ci),
a qual é influenciada pela enzima de rubisco, enzima de grande concentração nas
plantas, sendo que quanto maior a concentração de CO2 na atmosfera, maior será a
carboxilação (ANDREWS; LORIMER, 1987).
40
3 MATERIAL E MÉTODOS
1 𝑚
𝜃 = 𝜃𝑅 + (𝜃𝑆 − 𝜃𝑅 ) ∗ [1+ (𝛼∗𝜓)𝑛 ] (1)
em que:
𝜃 = Umidade volumétrica (cm 3 cm -3);
Ψ = Tensão de água no solo (kPa);
θs = Umidade de saturação (cm 3 cm -3);
θR = Umidade residual (cm 3 cm -3);
α = parâmetro empírico do modelo (cm-1);
n, m = parâmetros estimados para o ajuste da umidade volumétrica com o
potencial matricial (adimensionais). Na Tabela 3 constam os valores para cada termo
da equação de Van Genutchen.
44
Foram utilizadas amostras deformadas dos solos para a determinação das curvas
de retenção de água, no entanto o método foi utilizado para a acompanhamento dos
dados da lisimetria, por uma questão de segurança, quanto à estabilidade das
condições de umidade dos solos, caso houvesse alguma medida discrepante, que
pudesse ser consequência de vazamentos e outros problemas experimentais.
Sendo assim, instalou-se tensiômetros nos vasos sob os lisímetros, e a tensão de
água no solo foi medida diariamente com auxílio de um tensímetro digital marca
Blumat® para validar as leituras feitas dos reservatórios, a fim de utilizar essa rotina
como forma de acompanhar as leituras dos lisímetros. Os valores de potencial
matricial foram analisados por meio da curva de retenção de água do solo (Figura 5).
0.20
0.16
Umidade (cm³cm³)
0.12
0.08
0.04
𝐷𝑅
𝐸𝑇𝑐 = (𝐿𝐴𝑇 − 𝐿𝐴) 𝑥 (𝐷𝑉) ² (2)
47
Em que:
ETc = Evapotranspiração da cultura (mm);
LAT = Lâmina do dia anterior (mm);
LA = Lâmina atual (mm);
DR = Diâmetro do reservatório (mm);
DV = Diâmetro do vaso (mm).
900
0,408∆(R n − G) + γ U (e −e )
Tmed + 273) 2 s a
ETo = (4)
∆ + γ(1 + 0,34U2 )
49
Em que:
Rn: saldo de radiação na superfície ( MJ m-2d-1);
G = fluxo de calor no solo (MJ m-2d-1);
Tmed = temperatura média do ar (°C);
U2 = velocidade do vento na altura de 2 m (m.s-1);
es = pressão de saturação de vapor (kPa);
ea = pressão de vapor atual do ar (kPa);
(es – ea) = déficit de pressão de vapor (kPa);
∆ = declividade da curva de pressão de vapor de saturação (kPa °C);
γ = constante psicométrica (kPa °C).
𝑞25
𝐶𝑈𝐷 = (5)
𝑞
Em que:
q25 = média de 25% das menores vazões coletadas (L h-1);
q= média das vazões coletadas (L h-1).
𝑞𝑚𝑖𝑛
𝐸𝑓 = (6)
𝑞
Sendo que:
51
Produtividade (kg.ha−1 )
EUA= (7)
Lâmina aplicada (mm)
6. Alfa e beta ácidos e Hop Storage Index (HSI) dos cones do lúpulo: as análises
foram realizadas utilizando o Princípio de Espectrofotometria e o Método ASBC
HOPS 6 A, 8 e 12, realizadas pelo Laboratório Tecden de Porto Alegre-RS. A coleta
dos cones para a análise ocorreu aos 142 dias após o início das avaliações de
evapotranspiração.
As análises estatísticas foram feitas com auxílio do software R, versão 3.6.2, para
comparação entre os resultados obtidos para as análises mencionadas, frente às
três diferentes texturas de solo. Os dados foram submetidos à análise de variância
(ANOVA), complementada pelo teste de comparação múltipla de Tukey a 5% de
significância.
A normalidade e homocedasticidade dos resíduos foram avaliadas, considerando
os testes de Shapiro Wilks e Bartlett, respectivamente. Quando não atendida as
suposições básicas do modelo de análise de variância, optou-se por utilizar o
procedimento não paramétrico de Kruskal-Wallis, complementado pelo teste de
comparações múltiplas de Dunn. Esse método que foi desenvolvido por meio da
modificação do teste t, realiza comparações múltiplas de todos os tratamentos, não
realizando comparações dos tratamentos experimentais entre si (PONTES;
CORRENTE, 2001).
53
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
80
100
70
90
60
80
Temperatura (°C)
50
70
UR (%)
40
60
30 50
20 40
10 30
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
Dias
Tmín Tmédia Tmáx UR média
(a)
54
80
100
70
90
60
80
Temperatura (°C)
50
70
UR (%)
40
60
30 50
20 40
10 30
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
Dias
Tmín Tmédia Tmáx UR média
(b)
As variações dos valores temperatura e de umidade relativa do ar do ambiente
interno foram de 12,68 a 41,68 °C e 37,15 a 95,52%, respectivamente, enquanto
para o ambiente externo as variações foram de 12,74 a 35,29 °C e 36,1 a 100%
durante o ciclo. Pode-se observar que dentro do ambiente protegido alcançou-se as
maiores temperaturas.
Em se tratando da cultura do lúpulo, em relação às regiões produtoras, a
temperatura adequada para o desenvolvimento da planta está entre 20 e 30 °C
(AQUINO et al., 2019), sendo esses valores relacionados às condições de cultivo do
hemisfério norte. No local do presente experimento, os valores máximos de
temperatura foram superiores ao indicado como adequado para a planta, o que pode
ter acelerado o crescimento e florescimento das plantas, como o ocorrido durante o
experimento.
Carvalho (2018) relata que para sobrevivência e desenvolvimento do lúpulo, a
temperatura mínima ideal é de 8 °C, e a máxima não deve ser superior a 35 °C.
Temperatura do ar muito alta pode prejudicar o sistema fisiológico da planta,
podendo acelerar o ciclo e consequentemente inibir a biossintetização de beta e
alfa-ácido (BAUERLE, 2019).
Em ambientes protegidos pode haver condições que favoreçam o estresse por
excesso de calor nos dias de altas temperaturas, mesmo que as plantas sejam
irrigadas adequadamente, visto que dentro do ambiente protegido a ventilação é
55
I
25 86,84 (6,7%) 100,22 (7,4%) 113,92 (9,1%)
SoloArgilos
SoloMédio
900 SoloArenoso
879,04
832,17
Evapotraspiração da cultura (ETc) mm
800
722,73
700
600
500
400 334,77
291,40
300
289,17
200
100
113,92 84,29
100,22 78,81
86,84 75,79
0
I CR CM F
Fases da cultura
Na Figura 11 pode ser visto que a variação do coeficiente de cultivo (Kc) foi maior
entre as fases do que entre os diferentes tipos de solo. Outro ponto importante é que
todos os valores de Kc foram maiores que 1, indicando que a cultura perde mais
água do que a cultura de referência (FAO 56), isso em todas as suas fases
fenológicas. Reichardt e Timm (2012) observaram também que ao analisar o Kc de
algumas culturas, os coeficientes variaram mais entre os estágios de
desenvolvimento do que entre culturas. Na Figura 11 estão representados os Kcs
para as diferentes fases e texturas de solo.
62
2,73 2,63
2.5
2,49
2,31 2,31
2,16
1,881,97
Coeficiênte de cultivo
2.0
1,77
1.5 1,41
1,27
1,09
1.0
0.5
0.0
Kc Fase I Kc Fase CR Kc Fase CM Kc Fase F solo
fases
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
absorção de água devido a menor transpiração, porém isso não pode ser
identificado no experimento presente.
Os valores de Kcs relacionados às demandas hídricas de diferentes localidades,
mostram que os mesmos devem ser determinados para cada região de cultivo,
devido às condições climáticas e de solo influenciarem nos processos de
desenvolvimento das plantas.
O lúpulo, por exemplo, e típico das regiões temperadas do hemisfério norte,
climas diferentes do Brasil e até o momento não se encontra nenhuma variedade
comprovadamente ou referenciada cientificamente como adaptada às condições
climáticas e de solo do país, sendo uma planta que necessita de condições para
entrar em senescência e inverno mais rigoroso para entrar em dormência. Fatos
esses necessários para o desenvolvimento, vigor e produção no ciclo seguinte.
Trabalho realizado por Graf et al. (2019) mostra a dificuldade do manejo da
irrigação para a cultura do lúpulo, já que o monitoramento feito por sensor seria
complicado devido a profundidade do sistema radicular. Ressaltam ainda que o
manejo da cultura com base no conhecimento do Kc preconizado pela FAO, para
cada fase fenológica, não condiz com as necessidades reais das plantas num dado
local, visto que que trata-se de cultivares de locais diferentes, e portanto demandas
hídricas diferentes. Neste trabalho os autores avaliaram a ETc e o Kc de um cultivar
de lúpulo no sexto ano de produção em Hallertau, na Alemanha. Os autores
encontraram ETc e Kc que variaram de (1,9 a 11,2 mm) e (0,8 a 3,2)
respectivamente, valores estes condizentes com os obtidos no presentes estudo.
Kisgeci (1974), na Voivodina, Servia, também em relação a um estudo para
determinar o Kc de uma cultivar de lúpulo, apontou que a planta na fase inicial e na
fase de crescimento dos cones apresentou valores de Kc de 1,2 e 2,1
respectivamente. Valores estes também superiores ao indicado pela FAO e também
condizentes com os encontrados no presente estudo.
Engellard et al. (2011) alertaram que no desenvolvimento de novas variedades de
lúpulo, com maiores área foliar e produtividade, a demanda de água também é
maior, e o Kc determinado pela FAO não seria o indicado.
Fadino et al. (2015) realizaram uma pesquisa durante três anos, onde também
determinou os valores de Kc nas fases inicial, média e final, e obtiveram os valores
de 0,69, 1,02, 0,85 respectivamente. Outro dado importante é que 92% da
evapotranspiração na fase de crescimento foi proveniente da transpiração da planta.
64
a
Solo médio 16,8 (2,9) 185,9 (28,9) 56,7 (7,8) 47,3 (16,1)
18,0 (13,5-19) 190,8 (154,9-212,0) 60,0 (46,7-60,3) 47 (31,3-63,5)
a
Solo argiloso 14,3 (3,4) 202,4 (32,7) 58,0 (7,9) 56,9 (4,5)
15,5 (10,5-17) 206,6 (167,9-232,8) 61,5 (48,9-63,7) 57 (52,4-61,4)
ns ns ns *
P-valor 0,562 0,632 0,539 0,00413
C.V(%) 20,7 17,9 15,7 24,4
(ns) - não significativo, (*) - significativo (p<0,05), C.V(%) – coeficiente de variação. Médias
seguidas de letra diferentes minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de TuKey.
b
Solo médio 14,83 (0,76) 193,44 (27,73) 56,7 (7,8) 36,97 (7,34)
15 (14-15,5) 187,02 (169,5-223,8) 60 (46,7-60,3) 38,44 (29-43,47)
a
Solo argiloso 13,67 (3,21) 179,64 (16,46) 58,0 (7,9) 59,28 (4,03)
15 (10-16) 186,09 (160,9-191,9) 61,5 (48,9-63,7) 59,83 (55-63)
ns ns ns *
Valor P. 0,42 0,2 0,204 0,0262
C. V(%) 17,03 11,38 12,91 18,29
(ns) - não significativo, (*) - significativo (p<0,05), C.V(%) – coeficiente de variação. Médias
seguidas de letra diferentes minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de TuKey.
além dos óleos essenciais, ainda não estão presentes na concentração requerida
pela indústria cervejeira (DOODS, 2017).
Considerando a média de produção de 2 kg por planta, a produção presente no
estudo para o cultivo fora dos lisímetros representou aproximadamente 1,85% do
valor de referência para o solo de textura média, 2,96% para o solo de textura
argilosa e 1,90% para solo arenoso em relação ao esperado para a produção,
lembrando que trata-se do primeiro ano da planta.
Apesar das médias dos parâmetros massa fresca, massa seca e diâmetro não
apresentarem diferenças estatísticas entre os tratamentos, observa-se que o solo de
textura média produziu plantas com maiores diâmetros; e lúpulos cultivados em solo
argiloso mostraram maior acúmulo de massas, o que pode estar relacionado com a
retenção de água nesses solos, pois são maiores que do solo arenoso..
A textura do solo é responsável pela diferença da dinâmica da água e de
nutrientes o que interfere na questão de desenvolvimento e crescimento das plantas.
A soja, por exemplo, se desenvolve em vários tipos de solos, a planta se adaptou
às diversas regiões do país e pensava-se que a soja se desenvolveria melhor em
solos argilosos, mas é percebido que em textura média e arenoso a cultura também
atinge altas produtividades (Santos et al., 2008).
Não há trabalhos que evidenciam o solo mais propício para o lúpulo no Brasil. No
exterior, fala-se em solos arenosos, mas em vista do clima, pode ser que a planta se
desenvolva em solos que possuam maior capacidade de retenção de água em
países tropicais como o Brasil. A aeração e o conteúdo de água do solo são fatores
temporariamente variáveis que influenciam muito o solo e consequentemente a
disponibilidade de nutrientes fornecido para planta (WEIL E BRADY 2017).
Os fatores edáficos relacionados às condições de solo, como ar, umidade,
concentração de compostos minerais e orgânicos, juntamente com o clima,
condutividade hidráulica, pH, capacidade de troca iônica, microfauna e microflora,
interferem significativamente no crescimento, produção e até mesmo na
sobrevivência das plantas por determinar a quantidade de água e nutrientes e ar
para as mesma (TAIZ; ZEIGER, 2013).
O conhecimento dos fatores citados acima proporciona benefícios para a
agricultura irrigada, principalmente quanto à economia para as culturas de altos
custos de produção e maiores valores comerciais, como o lúpulo, proporcionando
maior produtividade e qualidade. Slavik e Kopecky (1998), em pesquisa em que
68
a a
Solo médio 19,57 (0,79) 0,33 (0,04) 257,98 (58,58)
19,98 (18,65-20,07) 0,33 (0,28-0,37) 276,22(192,45-305,27)
ab ab
Solo argiloso 14,09 (2,22) 0,29 (0,04) 278,62 (39,98)
15,22 (11,53-15,52) 0,30 (0,25-0,33) 297,16 (232,73-305,97)
* * ns
Valor P. 0,0437 0,0428 0,592
C. V(%) 18,1 19,56 20,44
E EUA A/Ci
2 -1 -1
(mmol m s ) (μmol CO2 (mmol H2O) )
b a
Solo arenoso 1,49 (0,07) 8,24 (2,38) 0,05 (0,01)
1,47 (1,43-1,56) 7,12 (6,62-10.97) 0,05 (0,04-0,06)
69
a ab
Solo médio 3,40 (0,17) 5,77 (0,48) 0,08 (0,02)
3,44 (3,21-3,54) 5,83 (5,26-6,22) 0,07 (0,06-0,10)
a b
Solo argiloso 4,57 (1,13) 3,24 (1,12) 0,05 (0,0008)
4,75 (3,37-5,60) 2,77 (2,42-4,52) 0,05 (0,49-0,05)
* * ns
Valor P. 0,00353 0,0212 0,0847
CV(%) 20,93 26,89 22,89
(ns) - não significativo, (*) - significativo (p<0,05), C.V(%) – coeficiente de variação. Médias seguidas
de letra diferentes minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de TuKey.
b b
Solo médio 14,83 (0,76) 1,49 (0,05) 14,03 (0,84)
15 (14-15,5) 1,49 (1,43-1,53) 13,6 (13,5-15,0)
ab b
Solo argiloso 13,66 (3,22) 1,74 (0,12) 15,67 (0,81)
15 (10-16) 1,73 (1,64-1,87) 15,3 (15,1-16,6)
* *
Valor P. 0,42 0,02 0,002
C. V(%) 17,03 10,58 7,57
Ca Mg S
-1 -1 -1
(g kg ) (g kg ) (g kg )
b b
Solo arenoso 21,43 (1,40) 6,37 (0,21) 1,13 (0,08)
21,0 (20,3-23) 6,3 (6,2-6,6) 1,13 (1,06-1,22)
a a
Solo médio 21,50 (1,82) 13,97 (1,33) 1,29 (0,03)
20,6 (20,3-23,6) 13,3 (13,1-15,5) 1,28 (1,27-1,33)
a a
Solo argiloso 23,03 (1,10) 12,43 (0,32) 1,32 (0,05)
22,5 (22,3-24,3) 12,3 (12,2-12,8) 1,30 (1,28-1,37)
* *
Valor P. 0,38 0,005 0,02
CV(%) 6,70 7,32 4,66
O N não variou muito sua absorção entre as plantas cultivadas nas diferentes
texturas de solo, quando comparadas aos demais nutrientes, sendo que as plantas
cultivadas no solo de textura média obtiveram uma melhor absorção, sendo 14,83 g
kg-1. O N é o elemento de maior exigência pela planta, sendo constituintes das
células como, proteínas, aminoácidos e ácidos nucleicos (TAIZ, 2013).
Embora as plantas cultivadas no solo arenoso tenham absorvido maiores
quantidade de K, isso não fez com que obtivessem melhor produtividade do que as
demais. Seria interessante estudos sobre o fator adubação relacionado com a
química e textura do solo, para saber com melhor exatidão a necessidade de
74
adubação para cada caso, e dessa forma, reduzir o custo de produção com os
nutrientes adicionados no solo e via foliar. Vale relembrar que a adubação adotada
neste trabalho não variou para os tipos de solos e portanto tais resultados são
importantes para destacar a importância de estudos específicos de nutrição da
planta de lúpulo. Os nutrientes N, P e K são os de maior custo de produção para o
produtor, sendo que são utilizados em maior proporção durante o cultivo, sendo
portanto necessários estudos para identificar as dosagens adequadas ao longo do
cultivo.
A disponibilidade de nutrientes para o crescimento e desenvolvimento das
plantas tende a aumentar até atingir a zona adequada para a planta, após esse
ponto ocorre somente o acúmulo nos tecidos foliares podendo causar toxidez na
planta e consequentemente redução da produtividade (TAIZ, 2013).
As propriedades físicas do solo afetam o crescimento das raízes. Essas
mudanças no tamanho e morfologia interna e externa das raízes devido às
características físicas do solo poderão impedir da raiz explorar maior volume de solo
e consequentemente provocar uma redução na disponibilidade e absorção de
nutrientes e água, o que levaria baixa produtividade (BALIGAR, 2001).
Na Tabela 13 observam-se os teores dos micronutrientes analisados, elementos
estes que a planta precisa em menor quantidade para seu desenvolvimento, porém
necessários durante seu ciclo.
b
Solo médio 42,95 (1,98) 6.66 (2,08) 221 (14,64)
41,80 (41,80-45,24) 6 (5-9) 224 (206-235)
a
Solo argiloso 62,35 (4,71) 5,33 (0,58) 224 (16,17)
61,14 (58,36-67,54) 5 (5-6) 227 (207-239)
75
*
Valor P. 0,045 0,467 0,115
C. V(%) 13,66 21,12 8,17
Mn Zn
-1 -1
(mg kg ) (mg kg )
a
Solo arenoso 221,33 (67,89) 85,0 (16,09)
234 (148-282) 83(70-102)
b
Solo médio 85 (23,51) 80,66 (11,50)
84 (62-109) 81 (69-92)
a
Solo argiloso 197 (20,95) 95,33 (13,50)
202 (174-215) 95 (82-109)
*
Valor P. 0,0178 0,458
CV(%) 25,75 15,89
Fósforo (P)
O fósforo foi aplicado na adubação de plantio, o qual teve maior absorção pelas
plantas cultivadas em solo arenoso (Figura 12), com diferença estatística
significativa em relação ao teor de absorção do solo de textura média. Isso se deve
ao fato da maior disponibilidade desse nutriente já existente no solo arenoso. O P é
um elemento que possui alta capacidade de adsorção pelo solo e baixa solubilidade.
A situação de adsorção no solo muda com o tempo, ficando menos solúvel,
diminuído a eficiência do mesmo para as plantas (RAIJ, 2017).
76
2,07a
2.0
1,73ab
Fósforo Absorvido (g kg-1)
1,49b
1.5
1.0
0.5
0.0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura
Potássio (K)
O potássio e nitrogênio foram aplicados em parcelas e o solo arenoso
proporcionou maior absorção pela planta. O K é um elemento absorvido do solo na
forma K+ pelas plantas, sendo muito parecido com o fósforo, por depender da
difusão para chegar na superfície das raízes, porém os sais de potássio possuem
alta solubilidade e tem maior mobilidade quando comparado ao P,
consequentemente provoca o rápido esgotamento pela planta (Raij, 1991).
A Figura 13 ilustra a absorção de potássio pelas folhas de lúpulo nos diferentes
tipos de solos. As plantas cultivadas em solo arenoso presentaram maior
aproveitamento desse nutriente.
77
20,8 a
20
10
0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura
Magnésio (Mg)
O Magnésio atua na formação da clorofila sendo um elemento essencial para a
estrutura do cloroplasto, constituindo-se em fator limitante na produtividade das
plantas, e sua eficiência em absorção não depende somente do conteúdo do
elemento no solo, mas também do antagonismo nas plantas e outros íons (YAN;
HOU, 2018).
78
20
Magnésio Absorvido (g kg-1)
15
13,97
12,30
10
6,37
0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura
Enxofre (S)
Segundo Raij (2017), os solos arenosos geralmente exigem maiores quantidade
na aplicação de enxofre, devido à suscetibilidade de perdas por lixiviação. Na Figura
15 evidencia-se a menor absorção de enxofre pelo lúpulo em plantas cultivadas em
solo arenoso. O solo argiloso teve melhor absorção do nutriente, resultado esse que
pode estar relacionado com a maior capacidade de retenção de água no solo.
79
1.4
1,29 a 1,32 a
1.2 1,13 b
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura
Boro (B)
61,14 a
60
53,88 ab
50
Boro Absorvido (mg kg-1)
41,80 b
40
30
20
10
0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura
plantas com H3BO3 (0,1%). Mesmo respeitado o tempo de carência de coleta das
folhas para análise, pode ser que houve intereferência do tempo quanto ao teor de
boro nos tecidos.
Manganês (Mn)
O Manganês é um elemento essencial para o crescimento das plantas,
desempenha atividade importante na decomposição da matéria orgânica e reação
redox (BERG et al., 2007)
A disponibilidade de Manganês para as plantas depende do tipo de solo, pH,
umidade, temperatura e matéria organica (LU et al., 2020). A alta disponibilidade de
Mn para as plantas pode inibir o crescimento e desenvolvimento causando toxidade
(YANG et al., 2008). Os sintomas de toxicidade de Mn em plantas podem variar de
níveis nos tecidos foliares que variam de 200 mg kg-1 a mais 5000 mg kg-1 em
plantas tolerantes (WEIL E BRADY 2017).
Na Figura (17) consta que a maior absorção de Mn nas plantas cultivadas foi
observada em solo arenoso, comparando com os demais tipos de solo, fato esse
que pode ter contribuido com a baixa produtividade e desenvolvimento do lúpulo
nesse solo, como mostra a Tabela 6, referente à produtividade da planta.
221,33 a
200 197 a
Manganês Absorvido (mg kg-1)
150
100
85 b
50
0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura
Foi observado que, perante os três cultivos, o ciclo das plantas de solo arenoso
foi menor do que os demais, pois a mesma apresentou nescessidade de entrar em
81
879,04
832,17
900
722,74
800
700
Lâmina de irrigação (mm)
600
500
334,78
289,17
291,40
400
300
113,93
100,23
86,85
200
84,29
78,81
75,79
100
0
FCI FCR FCM FF
Fases
Solo arenoso Solo Médio Solo argiloso
1400 1347,25
1294,71
1247,23
1200
Lâmina de irrigação total (mm)
1000
800
600
400
200
0
L. Solo Arenoso L.solo médio L. Solo Argiloso
Solos
4.7 Alfa ácido, beta ácido e HSI (Hop Storage Index) dos cones do lúpulo.
A análise para determinação dos ácidos e HSI (Hop Storage Index), que é uma
medida de degradação dos ácidos durante o processo de armazenamento, são
parâmetros de maior importância para a indústria cervejeira. Na Tabela 14 são
mostrados os valores desses parâmetros, em relação aos cones de lúpulo das
plantas cultivados nas diferentes texturas de solo.
As plantas cultivadas em solo de textura média apresentaram a maior
concentração de alfa-ácido. Para os parâmetros beta-ácidos e HSI, os valores são
próximos para as três texturas de solos.
Tabela 14- Concentração α ácido (%) β ácido (%) e HSI (Hop. Storage Index)
dos cones do lúpulo
Parâmetros Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
α ácido 3,4 4,0 3,6
β ácido 1,3 1,5 1,6
HSI (hop. Storage Index) 0,22 0,23 0,23
Fonte: Laboratório Tecden
5 CONCLUSÕES
injetar uma toxina no vegetal durante a alimentação, ainda funcionam como vetor de
vírus para mais de cem espécies de plantas (RAJABASKAR et al. 2013).
O óleo de Neen, inseticida orgânico natural, foi o produto mais utilizado para
combater as pragas durante o cultivo do lúpulo. Este óleo é considerado um
inseticida natural no controle de pulgões, cochonilhas, lagartas, ácaros, entre outras.
Como fungicida orgânico, foi utilizada a calda bordalesa que é a base de sulfato
de cobre e cal virgem diluidos em água. Vale ressaltar que esses produtos utilizados
apresentaram repostas positivas como preventivos no início da incidência das
pragas.
93
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