Sousa - Etc Lupulo

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FRANCIELLY GUIEIRO GOMES DE SOUSA

DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA E COEFICIENTE


DE CULTIVO DO LÚPULO EM DIFERENTES TEXTURAS DE SOLO

BOTUCATU - SP
2021
FRANCIELLY GUIEIRO GOMES DE SOUSA

DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA E COEFICIENTE


DE CULTIVO DO LÚPULO EM DIFERENTES TEXTURAS DE SOLO

Tese apresentada à Faculdade de Ciências


Agronômicas da Unesp – Campus de
Botucatu, para obtenção do título de doutora
em Agronomia (Irrigação e Drenagem).

Orientadora: Profª. Dra. Valéria Cristina R.


Sarnighausen
Coorientador: Prof. Dr. Enzo Dal Pai

BOTUCATU -SP
2021
Aos meus filhos José
Augusto e Renan, o qual
sempre me fez forte e
persistente, dedico.
AGRADECIMENTOS

A Deus por estar presente em todos os momentos da minha vida, onde busco força,
esperança para tudo que faço;

A minha orientadora Valeria Cristina R. Sarnighausen pela dedicação, paciência e


amizade;

Ao coorientador Enzo Dal Pai pelo apoio e ensinamentos;

A CAPES pelo auxílio com a bolsa de estudos;

A Hops Brasil e o Sr. Max Rafaelle, responsável por divulgar a cultura do lúpulo no
país e pelas doações das mudas para o presente trabalho, o qual foi importante para
o início da pesquisa no LUPAM;

A professora Elizabeth Orika Ono e seu orientado Andrew Kim, que disponibilizaram
a ajudar com análise do IRGA;

Agradeço em especial aos Professores Dr. Alexandre Dal Pai e Dr. Sérgio Augusto
Rodrigues pelo apoio e ensinamentos;

A todos os professores que contribuíram para meu aprendizado durante o


doutorado;

A minha mãe Maria Aparecida pelo apoio;

Ao meu esposo Denis Augusto pela dedicação;

Aos meus filhos José Augusto e Renan que sempre que podia me acompanhava no
experimento;

A minha tia Carmem Lúcia e meu avô João Pedrosa pela preocupação e por estar
por perto quando precisei;

Em especial a amiga Marta Bortolotto pelo apoio, amizade e ajuda durante a


montagem e realização do experimento;

A amiga Mara Rubia por estar sempre por perto quando precisei;

Aos amigos João de Jesus e Renan pela amizade e contribuição no experimento;

Aos técnicos dos laboratórios Gilberto e Israel pela amizade e ajuda na montagem
do experimento;

A todos os demais familiares, amigos e colegas que contribuíram de alguma forma


com meu conhecimento.
RESUMO

O lúpulo é uma cultura de alto valor comercial e elevado custo de produção. Mais de
90% do produto colhido é destinado à indústria cervejeira. O Brasil é um dos
maiores produtores de cerveja do mundo, importando quase que a totalidade do
lúpulo utilizado. Devido à grande demanda industrial e à expansão das cervejarias
artesanais, alguns produtores, principalmente do Sul e Sudeste do país, vêm
tentando introduzir a cultura do lúpulo em sua região. Universidades e Centros de
Pesquisa, iniciaram estudos com a finalidade de tornar o país um produtor de lúpulo.
Considerando a importância dos recursos hídricos nas atividades agrícolas, a
demanda considerável de água pelos cultivares de lúpulo, relatada em países
produtores, e a falta de informações do cultivo no Brasil, o objetivo deste trabalho foi
determinar a evapotranspiração da cultura (ETc) e coeficientes de cultivo (Kc) do
variedade Cascade, cultivado em solos com diferentes texturas. O experimento foi
desenvolvido no Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de
Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Campus de Botucatu, no período de 22 de setembro de 2018 a 27 de fevereiro de
2019, em ambiente protegido. O delineamento foi realizado em esquema
experimental inteiramente casualizado, com três tratamentos (cultivo em solos
argiloso, médio e arenoso), sendo 10 plantas por tratamento. Para determinar a ETc,
foram instalados lisímetros de lençol freático constante. O Kc foi calculado a partir da
relação entre (ETc) e a evapotranspiração de referência (ETo) estimada pelo método
de Penman - Monteith. As avaliações das plantas realizadas foram: diâmetro, massa
fresca e seca, produtividade, trocas gasosas, eficiência do uso da água e teores de
alfa e beta ácidos. Os resultados mostram que o cultivo em solo argiloso, devido a
maior capacidade de retenção de água, obteve maior eficiência no uso da água
(EUA) e melhor produtividade, apresentando demanda total evapotranspirativa de
1.294,23 mm, sendo que nos demais solos essa demanda foi de 1.347,25 mm para
o solo médio e 1.247,71 mm no solo arenoso, durante os 159 dias do experimento.
O coeficiente de cultivo variou consideravelmente nas três texturas de solo e
principalmente entre as fases de desenvolvimento da planta, os valores encontrados
nas fases inicial, crescimento rápido, crescimento médio e final foram, (1,4; 2,73;
2,16 e 1,09); (1,27; 2,31; 2,63 e 1,88) e (1,09; 2,31; 2,49 e 1,97) para os solos de
textura arenosa, média e argilosa, respectivamente. Plantas cultivadas em solo de
textura média e argilosa presentaram os maiores valores para alfa e beta ácidos.

Palavras Chave: Demanda hídrica, Humulus lupulus, Lisímetro de lençol freático


constante, Indústria cervejeira.
ABSTRACT

Hops are a crop with high commercial and production value. Over 90% of the
harvested product is destined for the beer industry. Brazil is one of the largest beer
producers in the world, which imports almost all the hops used in the production of
the product. Due to the great industrial demand and the expansion of craft breweries,
some producers, mainly from the South and Southeast of Brazil, have been trying to
introduce the culture in their region. However, not every planting is successful; with
production yields recommended by countries have a tradition in production, due to
climatic conditions, soil differences and adaptation of the plant and its varieties.
Universities and Research Centers in Brazil are starting research to make the country
a producer of hops to contribute to the economy. Considering the importance of
water resources in agricultural activities, the considerable demand for water by hop
cultivars, reported in producing countries, and the lack of information on crop
cultivation in Brazil, the objective of this work was to determine the
evapotranspiration of the crop (ETc ), cultivation coefficients (Kc) to develop the hop
culture of the Cascade variety, grown in soils with different textures. The cultivation of
hops was conducted at the Department of Bioprocesses and Biotechnology, School
of Agricultural Science, São Paulo State University “Júlio de Mesquita Filho”,
Botucatu campus, from September 22, 2018, to February 27, 2019, in an
environment cultivation. The design was carried out in a completely randomized
experimental scheme, with 3 treatments (cultivation in clayey, medium and sandy
soil), 10 plants per treatment. The Kc was calculated from the relationship between
(ETc) and the reference evapotranspiration (ETo) estimated by the Penman-Monteith
method. The evaluations of the plants carried out were: diameter, fresh and dry
mass, productivity, gas exchange, water use efficiency and levels of alpha and beta
acids. The results show that the cultivation in clayey soil, due to its greater capacity
of water retention, obtained greater efficiency in the use of water (USA) and better
productivity, presenting total evapotranspirative demand of 1,294.23 mm, being that
the remaining soils demand was 1,347.25 mm for medium soil and 1247.71 mm for
sandy soil, during the 159 days of the experiment. The cultivation coefficient varied
considerably in the three soil textures and mainly between the stages of plant
development, the values found in the initial, rapid growth, medium and final growth
stages were (1,4; 2,73; 2,16 and 1.09); (1,27; 2,31; 2,63 and 1.88) and (1,09; 2,31;
2,49 and 1,97) for sandy, medium and clayey soils, respectively. Plants grown in
medium and clayey soils showed the highest values for alpha and beta acids.

Keywords: Water Demand, Humulus lupulus, Lysimeter of constant groudwater,


brewery.

.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Curva da capacidade de retenção de água para diferentes texturas de


solo........................................................................................................................27
Figura 2 – Curva generalizada do coeficiente de cultura...........................................33
Figura 3 – Imagem de lisímetro de lençol freático......................................................36
Figura 4 – Estrutura e condução do experimento......................................................41
Figura 5 – Curvas de retenção da água no solo, gerada utilizando-se o modelo de
Van Genuchten......................................................................................................44
Figura 6 – Croqui dos lisímetros utilizados para medir a evapotranspiração da
cultura....................................................................................................................46
Figura 7 – Etapas do processo de montagem dos lisímetros...................................47
Figura 8 - Sistema de irrigação utilizado no experimento..........................................50
Figura 9 – Máximas, mínimas e médias de temperatura e umidade relativa do ar
durante o período de condução do experimento, fora (a) e dentro da casa de
vegetação (b).........................................................................................................53
Figura 10 – Evapotranspiração da cultura do lúpulo em função das fases inicial (I),
crescimento rápido (CR), crescimento médio (CM) e final (F)...............................59
Figura 11 – Coeficientes de cultivo do lúpulo (Kc) determinado durante o
experimento para as fases inicial (I), crescimento rápido (CR), crescimento médio
(CM) e final (F).......................................................................................................62
Figura 12 – Absorção de fósforo (P) pelos tecidos foliares do lúpulo........................76
Figura 13 – Absorção de potássio (K) pelos tecidos foliares do lúpulo......................77
Figura 14 – Absorção de magnésio (Mg) pelos tecidos foliares do lúpulo.................78
Figura 15 – Absorção de enxofre (S) pelos tecidos foliares do lúpulo.......................79
Figura 16 – Absorção de boro (B) pelos tecidos foliares do lúpulo............................79
Figura 17 – Absorção de manganês (Mn) pelos tecidos foliares do lúpulo................80
Figura 18 – Lâmina de irrigação aplicada nas três texturas de solo durante o
experimento para as fases inicial (I), crescimento rápido (CR), crescimento médio
(CM), final (F) do lúpulo.........................................................................................82
Figura 19 – Lâminas de irrigação totais para as três texturas de solo no cultivo do
lúpulo.....................................................................................................................82
Figura 20 – Pragas encontradas durante o cultivo....................................................91
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição média dos cones de lúpulo seco..........................................25


Tabela 2 - Características físicas e químicas dos solos utilizados para cultivo do
lúpulo...............................................................................................................42
Tabela 3 - Parâmetros da equação de Van Genutchen para os três tipos de solo
utilizado no experimento..................................................................................44
Tabela 4 - Comprimento das fases de desenvolvimento do lúpulo...........................48
Tabela 5 - Duração de cada fase do lúpulo e número de dias que a temperatura
alcançou valores maiores e menores que 30 ºC dentro da casa de
vegetação........................................................................................................55
Tabela 6 - Médias da Evapotranspiração da cultura do lúpulo em (mm) e o
percentual de demanda hídrica para as três texturas de solos nas diferentes
fases, inicial (I), crescimento rápido (CR), crescimento médio (CM) e final
(F)....................................................................................................................57
Tabela 7 - Coeficiente da cultura (Kc) do lúpulo nos estádios inicial, médio e final de
acordo com a FAO...........................................................................................62
Tabela 8 - Médias, desvio padrão, mediana, diâmetros máximo e mínimo (cm),
massa fresca (g), massa seca (g) e produtividade das plantas cultivadas nos
lisímetros (g/planta).........................................................................................65
Tabela 9 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para diâmetro (cm),
massa fresca (g), massa seca (g) e produtividade das plantas cultivadas fora
dos lisímetros (g/planta)..................................................................................65
Tabela 10 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para Taxa de
assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs), concentração interna de
CO2 (Ci), taxa de transpiração (E), eficiência do uso da água nas folhas (EUA)
e eficiência de carboxilação (A/Ci) das plantas cultivadas nos
lisímetros..........................................................................................................68
Tabela 11 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para Taxa de
assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs), concentração interna de
CO2 (Ci), taxa de transpiração (E), eficiência do uso da água nas folhas (EUA)
e eficiência de carboxilação (A/Ci), produtividade das plantas cultivadas fora
dos lisímetros...................................................................................................70
Tabela 12 - Médias desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para os
macronutrientes; Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca),
Magnésio (Mg) e Enxofre (S) nos tecidos foliares de lúpulo em plena
formação de cones..........................................................................................73
Tabela 13 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para os
micronutrientes nos tecidos foliares de lúpulo em pleno florescimento e
formação de cones..........................................................................................74
Tabela 14 - Concentração α ácido (%) β ácido (%) e HSI (hop. Storage Index) dos
cones do lúpulo................................................................................................84
Tabela 15 - Atributos do solo (S) arenoso, médio e argiloso após o cultivo do
lúpulo...............................................................................................................85
Tabela 16 - Micronutrientes do solo (S) arenoso, médio e argiloso após o cultivo do
lúpulo...............................................................................................................86
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 19
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 22
2.1 Cultura do Lúpulo (Humulus lupulus L.) ....................................................... 22
2.2 Composição do lúpulo e o interesse do mercado ........................................ 24
2.3 Textura, dinâmica da água e características físico-hídricas do solo ......... 26
2.4 Relações solo-água-planta e a necessidade hídrica da cultura. ................. 28
2.4.1 Evapotranspiração da cultura e evapotranspiração de referência .................... 30
2.4.2 Coeficiente de Cultivo (Kc) ............................................................................... 32
2.4.3 Método de Penman-Monteith para estimar a Evapotranspiração ..................... 33
2.5 Lisímetria ......................................................................................................... 35
2.6 Manejo da Irrigação ......................................................................................... 36
2.7 Trocas gasosas ............................................................................................... 38
3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 40
3.1 Características locais e condução do experimento ..................................... 40
3.2 Instalação dos lisímetros e obtenção da evapotranspiração da cultura .... 45
3.3 Determinações dos coeficientes de cultivo do lúpulo (Kc) e
evapotranspiração de referência (ETo). ................................................................ 48
3.4 Manejo da irrigação via lisímetro de lençol freático..................................... 49
3.5 Análises das plantas ....................................................................................... 51
3.6 Análise estatística ........................................................................................... 52
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 53
4.1 Evapotranspiração da cultura (ETc) .............................................................. 56
4.2 Coeficiente de cultivo (Kc) ............................................................................. 61
4.3 Diâmetro, massa fresca, massa seca e produtividade das plantas ............ 64
4.4 Medidas de trocas gasosas ............................................................................ 68
4.5 Teores de nutrientes nas folhas do lúpulo ................................................... 71
4.6 Produtividade, Lâmina de irrigação e Eficiência do uso da água ............... 81
4.7 Alfa ácido, beta ácido e HSI (Hop Storage Index) dos cones do lúpulo. .... 84
4.8 Atributos dos solos após o cultivo do lúpulo ............................................... 85
5 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 87
6 OBSERVAÇÕES: CONTROLE DA INCIDÊNCIAS DE PRAGAS NO CULTIVO
IRRIGADO DE LÚPULO EM AMBIENTE PROTEGIDO ........................................... 89
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 93
19

1 INTRODUÇÃO

O lúpulo é uma planta que apresenta grande importância na produção de cerveja.


O sabor amargo e o aroma peculiar são devido à existência de resinas e óleos
essenciais em sua composição, e por possuírem maiores quantidades dessas
substâncias, somente as flores fêmeas são utilizadas na indústria cervejeira
(BERNOTIENĖ; NIVINSKIENĖ; BUTKIENĖ, 2004).
No Brasil, os cultivares de lúpulo ainda estão em desenvolvimento, sendo que
apenas pequenos produtores das regiões sul e sudeste se destacam atualmente 1. O
Lúpulo é uma planta típica de regiões temperadas, do hemisfério norte, e há muito
tempo afirma-se que seria impraticável o seu cultivo em regiões fora dos paralelos
de 35 a 55 ° de latitude, devido às necessidades quanto à temperatura média em
torno de 19 °C, demanda hídrica considerável, comparada com outras culturas, e
fotoperíodo de 12 horas. Porém, devido à demanda do mercado, muitos produtores
tem-se interessado pela cultura, que mostra-se promissora em diversas regiões do
país.
A maior parte das regiões comerciais está localizada em latitudes entre 35 a 55°
norte, tendo como maiores produtores Hallertau, na Alemanha, e Yakima Valley nos
Estados Unidos da América (EUA), localizadas de 48 a 46° de latitude norte
(DODDS, 2017). A cultura necessita de 1.800 a 2.000 horas de sol por ano, sendo
de 1.300 a 1.500 horas no período vegetativo, o qual tem duração de 122 a 127
dias, o que daria em média 11,2 horas diárias de radiação solar, além de ser
considerada planta do grupo C3, necessitando de temperatura ideal entre 10 a 35 °C
para realização de fotossíntese (RYBACEK, 1991).
Tem-se ainda que o lúpulo é uma planta que demanda grandes quantidades de
água, sendo este um gargalo para o seu cultivo em termos de custo, visto que
muitos dos cultivos conhecidos, no hemisfério norte, são irrigados (DOODS, 2017). A
irrigação é uma prática importante que possibilitou o cultivo do lúpulo e aumentou a
qualidade e a produção em novas regiões produtoras. A prática ainda ajuda a suprir
outras necessidades fisiológicas que a cultura exige.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 2019, o
Brasil é um dos maiores produtores de cerveja do mundo, com produção média de
13 bilhões de litros por ano, o que corresponde a 2% do produto interno Bruto (PIB)
20

do país, gerando 2,7 milhões de empregos1, destaca-se que praticamente 100% do


lúpulo utilizado nas cervejarias são provenientes de importações dos Estados
Unidos e da Alemanha. Sendo assim, tais fatos despertam o interesse pela
produção de lúpulo nacional para contribuir com a economia do país.
Países como o Brasil, com grande potencial produtivo, tem disponibilidade de
grandes variedades de solos, com diferentes texturas dentre outras características.
Dessa forma, mostra-se um país promissor quanto à produção e à qualidade de
várias culturas que antes eram consideradas inviáveis para o cultivo. Tal
variabilidade de solos e climas podem ser uma vantagem para o desenvolvimento de
diferentes cultivares de lúpulo. Pesquisas estão sendo realizadas com o intuito de
identificação de novas variedades adaptadas aos diferentes manejos, diversidades
de solo, clima e demanda de água.
A importância de se saber a necessidade hídrica da cultura é de grande
relevância para se entender a resposta relacionada aos demais fatores do ciclo de
produção e também quanto ao volume de água a ser utilizado em cada região de
cultivo. Essa necessidade hídrica está condicionada não somente aos fatores do
ciclo de produção, mas também pela demanda atmosférica local.
A medida ou estimativa da evapotranspiração da cultura é fundamental para
saber a quantidade de água que a planta necessita para seu pleno desenvolvimento
e produção. Sendo necessária para se realizar o manejo da irrigação e fornecer a
quantidade de água necessária, sem que haja desperdício ou mesmo déficit hídrico.
A determinação precisa do fluxo de água no sistema de cultivo sendo importante
para o manejo hidrológico, e o método considerado preciso é a estimativa da
evapotranspiração padronizada pela FAO 56 (ALLEN et al.; 1998) o qual utiliza as
variáveis climáticas locais, características de solo e área foliar da planta (LIBARDI et
al., 2019).
A Evapotranspiração é a perda simultânea de água do solo por evaporação e de
água da planta por transpiração. A evapotranspiração de referência (ETo) está
relacionada à demanda hídrica de uma superfície gramada padrão, frente às
condições climáticas de um dado local, conforme o Boletim 56 da Food and
Agriculture Organization (FAO) (ALLEN et al., 1998). A evapotranspiração da cultura
(ETc) refere-se à demanda hídrica de uma cultura específica, considerando suas

1
https://www.sindicerv.com.br/o-setor-em-numeros/
21

características fisiológicas e morfológicas, representadas por seu coeficiente de


cultivo (Kc).
Não há no Brasil estudos sobre a demanda hídrica do lúpulo, visto que o cultivo e
a pesquisa são recentes e o referencial de informações é de países do hemisfério
norte, onde há o cultivo comercial consolidado da espécie.
Em vista da falta de informação referente ao cultivo da planta no Brasil e da
importância do conhecimento de sua demanda hídrica, o objetivo desse trabalho foi
determinar a evapotranspiração da cultura (ETc) e o coeficiente de cultivo (Kc) com
vista ao desenvolvimento da cultura do lúpulo da variedade Cascade, cultivado em
ambiente protegido, em solos com texturas argilosa, média e arenosa.
22

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Cultura do Lúpulo (Humulus lupulus L.)

O primeiro registro do cultivo de lúpulo data de 736 d.C., da região de Hallertau


na Baviera/Alemanha. Desde então, a planta foi extensamente cultivada e utilizada
para fabricação de cerveja nas regiões da Baviera, Eslovênia e Bohemia, entre os
séculos IX e XII, sendo posteriormente cultivada e utilizada em outras regiões da
Europa. Os emigrantes europeus, os quais migraram especialmente para América
do Norte e Austrália, implantaram a cultura nestas regiões. Sabe-se que a planta
chegou na América no Norte no início do Século XVII levados pelos ingleses
(HORNSEY, 1999).
O lúpulo (Humulus lupulus) pertence à família Cannabinacea. Trata-se de uma
planta trepadeira, dióica, e que portanto produz flores masculinas e femininas, e o
período de florescimento é de julho a agosto por toda Europa e Ásia Ocidental
(HORNSEY, 1999). Somente as flores femininas não fertilizadas são
comercializadas por possuírem maior quantidade de substância de interesse
econômico. As plantas masculinas são utilizadas para hibridação e desenvolvimento
de novas variedades (DODDS, 2017).
As flores femininas são agrupadas em cachos, possuem uma vertebra com várias
dobras fixando os pares de brácteas e bractéolas nos quais armazenam uma
substância chamada lupulina (SILVA, 2005), sendo constituída por uma resina rica
em ácidos alfa e beta (RUCKLE, 2006), os quais proporcionam o aroma e amargor
da cerveja. A lupulina também apresenta em sua constituição os óleos essenciais,
responsáveis pelo componente aromático das diversas cultivares, caracterizando o
perfil aromático das cervejas (RODRIGUES et al, 2015).
As maiores regiões produtoras de lúpulo estão localizadas no Hemisfério Norte,
entre as latitudes 30° e 55°, em áreas frias da América do Norte, Europa e Ásia. A
cultura tem capacidade fotossintética maior em períodos de florescimento, sendo a
temperatura ideal entre 10 a 35 °C (RYBACEK, 1991), e se desenvolve, de forma
geral, em temperaturas entre 20 e 30°C (AQUINO et al., 2019).
Sendo uma planta herbácea perene, a parte vegetativa morre todos os anos no
início do inverno, porém suas raízes continuam vivas em fase de dormência
(BURGESS, 1964). Diante disso, considera-se que o inverno seja um fator
23

importante. Segundo Williams et al. (1961), a dormência do lúpulo ocorre em dois


estádios, sendo o início da dormência, quando a planta não consegue novo
crescimento; e ruptura da dormência que seria a remoção gradual da inibição do
crescimento. Um resfriamento inadequado pode fazer com que a ruptura seja
insuficiente, resultando em crescimento abaixo do esperado para planta na
primavera.
Mesmo diante de grande demanda de informação em relação ao cultivo no país,
alguns produtores brasileiros estão na tentativa de cultivar o lúpulo em pequena
escala, e estão suscetíveis aos diversos desafios quanto ao processo de adaptação
da planta ao clima e aos solos locais.
Os principais fatores a serem observados para que se alcance o sucesso da
produção de lúpulo são: fotoperíodo, temperatura do ar, tipo de solo, abrigo do vento
e disponibilidade de água. A latitude determina a duração do dia, e em partes os
padrões de crescimento do dossel e tempo de floração, o que deve ser de no
mínimo 11 horas. A maior parte das variedades apresentam maior viabilidade em
fotoperíodo elevado 14 a 16 horas (DODDS, 2017), porém com a expansão da
cultura do lúpulo para o hemisfério sul, acredita-se que algumas variedades possam
adaptar-se em determinadas regiões, com latitudes diferentes da indicada.
Para o fator solo, segundo a literatura existente, o solo adequado para a cultura é
o arenoso, com pH mínimo de 6,5, para que não haja interferência quanto à
disponibilidade de nutrientes (NEVE, 1991). No entanto, Ferreira et al. (2019)
afirmam que o lúpulo pode se adaptar a diversos tipos de solo, porém deve-se evitar
terrenos encharcados com possibilidade de alagamento. Dessa forma, o
desenvolvimento dessa cultura tem mostrado melhores resultados em solos
profundos, de textura média, sem compactação, com boa disponibilidade de matéria
orgânica e pH entre 6,0 e 6,5 (FERREIRA et al., 2019).
Sabe-se que a cultura tem raízes profundas, no entanto, a maior parte do sistema
radicular responsável por absorver água e nutrientes está na superfície, e para se
obter boa produtividade é necessário manter a umidade do solo adequada durante o
período crítico de crescimento (DODDS, 2017).
Segundo levantamento da Associação Brasileira de produtores de lúpulo
(Aprolúpulo) a área cultivada de lúpulo no Brasil são de aproximadamente 40
24

hectares2, estando localizada nas regiões sul (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
Paraná), sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e centro oeste (Distrito
Federal). As variedades implantadas são, ‘Cascade’, ‘Centennial’, ‘Fuggle’,
‘Magnum’, ‘Hallertau’, Northern Brewer’ e Nugget’.

2.2 Composição do lúpulo e o interesse do mercado

De acordo com Almaguer et al. (2014), cerca de 97% da produção do lúpulo


mundial destina-se às cervejarias. Na indústria mundial, o lúpulo está em fase de
expansão, com destaque no setor artesanal, por fornecer sabor diferenciado às
cervejas aromáticas, o que atrai os consumidores da bebida (DODDS, 2017). Nos
últimos anos, os Estados Unidos ultrapassaram a Alemanha como o maior produtor
mundial de lúpulo, com uma área de 23.532 ha, a maioria dos quais está centrado
no estado de Washington e Oregon (INTERNATIONAL HOP GROWERS
CONVENTION, 2017).
Pesquisa realizada pela empresa alemã Bath-Hass Group (2011) mostra que o
Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, com uma média de 13
bilhões de litros ao ano, com produção abaixo apenas da China e dos Estados
Unidos. Em se tratando do lúpulo como insumo, o Brasil chega a importar
aproximadamente quatro mil toneladas de lúpulo por ano, o que gera um custo de
R$ 200 milhões de reais (ARAÚJO, 2016), destacando-se que o emprego deste
insumo está vinculado à indústria cervejeira.
O lúpulo pode ser adquirido na forma de flores secas, pallets ou extrato. Sua
classificação depende das características predominantes da variedade (Silva, 2005).
Cada variedade disponibiliza de diferentes teores e essência na sua composição, as
quais são classificadas de acordo com o sabor a ser adquirido na produção da
bebida, como lúpulo de amargor, aroma e aroma/amargor, sendo assim as
substâncias que mais interessam à indústria cervejeira são alfa e beta ácidos e
óleos essenciais (PINTO, 2018).
A variedade Cascade, por exemplo, que foi obtida através da polinização da
variedade inglesa Fuggle e da russa Serebrianka, representa 10% de todo lúpulo
produzido nos Estados Unidos e com alto potencial produtivo, sendo em média de

2
https://www.canalrural.com.br/noticias/agricultura/ministerio-da-agricultura-cria-parceria-para-
fomentar-cultivo-de-lupulo-no-brasil/
25

2.465 kg/ha. Esta variedade possui caráter cítrico picante, os teores de alfa e beta
ácidos variam de 4,5 a 7%, sendo essas características que propiciam o diferencial
no sabor e na preferência do consumidor (SPÓSITO et al., 2019).
A Tabela 1 apresenta as composições médias das substâncias das variedades
de lúpulo conhecidas.

Tabela 1 – Composição Média dos cones de lúpulo seco


Substância Composição – lúpulo secos ao ar (% m/m)*
α ácido 2 – 17
β ácido 2 – 10
Proteínas 15
Aminoácidos 0,1
Água 8 – 12
Cinza 10
Polifenóis e taninos 3–6
Monossacarídeos 2
Pectina 2
Óleos essenciais 0,3 - 3 (v/m)**
Celulose, etc 40 – 50
*%(m/m) = massa de soluto/massa de solução; ** Rendimento = volume/massa.
Fonte: (Benitez et al., 1997)

Os iso-alfa-ácidos, resultado da isomerização térmica dos alfa-ácidos ou


humulonas, constituem a fração quantitativa de grande importância do lúpulo na
cerveja (MOIR, 1994). Essas substâncias são responsáveis pelo sabor amargo típico
da bebida e suas concentrações variam de 15 partes por milhão (ppm), em cervejas
americanas típicas, a aproximadamente 100 ppm, em cervejas inglesas
consideradas de amargor intenso (KEUKELEIRE, 2000).
Além de fornecer o sabor amargo à cerveja, os iso-alfa-ácidos apresentam
propriedades tensoativas, estabilizando a espuma da cerveja, protegendo contra
microrganismos e inibindo o aumento de bactérias Gram-positivas, resistentes aos
antibióticos (KEUKELEIRE, 2000).
O beta-ácido é relevante na produção de cerveja devido à alta atividade
antimicrobiana, sendo importante na eliminação de microrganismo na estocagem da
bebida, porém essa substância é sensível à oxidação, reação não desejada na
cerveja, atuando como agente antioxidante (BOULTON, 2013). Por esse motivo, as
garrafas de cor âmbar são as mais indicadas para o envase da bebida, pois
impedem a entrada de luz, evitando o processo de oxidação da cerveja.
26

Em relação ao aroma, os lúpulos que contém baixo teor de humulonas e


lupulonas (≤5%) são aptos a conceder aromas característicos e intensos devido a
composição química dos seus óleos essenciais (PALMER, 2017), que são
substâncias voláteis da planta de lúpulo, cujos teores estão entre 0,5 a 3% da massa
seca dos cones, dependendo da variedade (ALMAGUER et al., 2014).
Os óleos essenciais proporcionam aromas e sabores para os diferentes tipos de
cervejas, sendo amadeirado, floral, cítrico, frutado, especiarias, sulfuroso, picante,
herbal, resinoso e terroso (BAMFORTH, 2010).
Esses compostos presentes no lúpulo podem degradar, podendo ser medidos
antes da utilização na fabricação da cerveja, como a análise do Índice de
Estocagem, chamada de Hops Stability Index (HSI), que é uma medida de
degradação dos ácidos alfa e beta durante o armazenamento e manuseio
inadequado (SIRRINI, 2018).

2.3 Textura, dinâmica da água e características físico-hídricas do solo

Os solos são oriundos de rochas e devido aos processos físicos, biológicos e


químicos que proporcionaram sua decomposição durante eras geológicas,
transformaram-se em material poroso. Os fatores que proporcionam as
características peculiares dos solos são: material de origem, tempo geológico,
topografia, organismos vivos e clima. A combinação desses fatores, diferentes de
um lugar para outro, originam diversos tipos de solos (REICHARD;TIMM, 2012).
Partículas sólidas orgânicas e inorgânicas constituem os solos, os quais
apresentam fases sólida, gasosa e líquida, tornando-se um sistema trifásico
(AMARO FILHO et al., 2008). Os minerais que constituem a fase sólida, sendo
partículas de vários tamanhos menores que 2 mm, são determinantes para
estabelecer suas texturas. Estas por sua vez estão relacionadas à distribuição
quantitativa dessas partículas sólidas quanto ao tamanho, o que proporciona uma
característica importante para a identificação e classificação. A areia, silte e argila
são as frações texturais que apresentam tamanhos diferentes. A fração
granulométrica do solo indica, dentre os materiais citados, a predominância de uma
fração ou outra (FERREIRA, 2010).
O solo pode ser caracterizado por meio das análises de perfis de fertilidade, perfil
físico e pela classe pedológica, levando em consideração os aspectos agronômicos,
27

e também pode ser classificado quanto a sua capacidade para irrigação


(ALBUQUERQUE; DURÃES, 2013).
Dessa forma, para realizar o manejo da irrigação são necessários conhecimentos
de propriedades físicas e físico-hídrica do solo, sendo as principais: curva
característica de água (da capacidade de campo ao ponto de murcha), densidade,
condutividade hidráulica, composição textural, porosidade e a taxa de infiltração
básica (COUTO; SANS, 2002).
Tanto a textura quanto a estrutura influenciam no espaço poroso e arranjo de
partículas, características estas que afetarão as propriedades hídricas, como a curva
característica de água, limites de água disponível e condutividade hidráulica
(REICHARD, 1996).
A Figura 1 mostra a curva de retenção de água para as três texturas de solo,
arenoso, médio e argiloso.

Figura 1 – Curva da capacidade de retenção de água para diferentes texturas


de solo

Fonte: Ramos et al., (2016)

O fluxo de água do solo depende da gravidade, capilaridade e porosidade,


fatores importantes para áreas agrícolas (AYARS et al., 2006). Silva et al., (2018)
28

avaliando o nível do lençol freático e o fluxo ascentente para o cultivo de batata,


observou que o solo argiloso mostrou maior elevação do lençol freático decorrente
das chuvas.
O solo de textura arenosa possui menor capacidade de retenção de água, menor
volume de água disponível, tendo assim menores valores de capacidade de campo
e de ponto de murcha permanente, e os solos argilosos apresentam maior
capacidade de retenção de água, sendo que parte desta não está disponível para
necessidades hídricas da planta. Já o solo de textura média é o que mais
disponibiliza facilmente a água (RAMOS et al., 2016).
Para o solo arenoso normalmente existe uma faixa de transição da quantidade de
água, onde é possível verificar uma redução na intensidade do movimento da água.
Nesta faixa é possível determinar a capacidade de campo, já em solos de textura
argilosa é difícil de perceber essa redução de fluxo e consequentemente a
determinação da capacidade de campo (ALBUQUERQUE; DURÃES, 2013).

2.4 Relações solo-água-planta e a necessidade hídrica da cultura

Para se estabelecer as relações hídricas de uma planta e seu meio deve-se


considerar todo o sistema solo-planta-atmosfera, no qual seus constituintes, ou
fatores, são interligados e interdependentes. Cada um desses fatores possui
características e funções diferentes, formando um sistema dinâmico. A planta, para
seu desenvolvimento efetivo, depende tanto da disponibilidade de água no solo,
quanto da demanda evaporativa frente às condições climáticas do local
(BERGAMASCHI; BERGONCI, 2017).
Durante o ciclo vegetativo, o processo de evaporação mostra-se maior no início
do desenvolvimento e diminui com o aumento da área foliar, apresentando aumento
novamente com a senescência da planta. A transpiração aumenta com a área foliar
e reduz no final do ciclo (BERGAMASCHI; BERGONCI, 2017).
Todas as atividades fisiológicas e de trocas de energia e matéria com o meio,
realizadas pela planta, tem como finalidade a produção de biomassa. Esse processo
depende da disponibilidade de água, a qual influencia na interceptação e absorção
da radiação solar, assim como nas trocas gasosas. Isso ocorre pois tais processos
dependem da turgidez e área foliar, além do conteúdo de clorofila, visto que está
relacionada com absorção de nitrogênio transportada na planta pela transpiração.
29

Todos os processos citados são dependentes do fornecimento de recursos hídricos


(BERGAMASCHI; BERGONCI, 2017).
As camadas de 0 a 40 cm de profundidade do solo correspondem à zona de
maior captação de água e nutrientes, ideal para medir a umidade do solo e
determinar o manejo da irrigação para essas profundidades (FILIPPOV, 1958; apud
NAGLIČ, 2017). A planta consegue por volta de 3% da sua demanda hídrica em
camadas mais profundas, entre 180 a 240 cm (MIDDLETON, 1963).
O lúpulo precisa de suprimento de água na sua fase inicial, e deve-se evitar o
excesso, o que pode causar infestação de míldio e podridão das raízes. A fase mais
crítica é quando ocorre a floração e o crescimento dos cones, na qual a planta
necessita de maior quantidade de recursos hídrico, comparado com as demais
fases, e a falta pode interferir significativamente na produção (EVANS, 2003;
NAGLIČ, 2017).
Vale destacar que, devido ao alto potencial hídrico no período diurno, o lúpulo foi
caracterizado como uma planta anidra, portanto trata-se de uma planta com
reduzido controle sobre seu potencial hídrico o que permite consideráveis oscilações
em relação ao transporte da água do solo à planta (Kolenc et al., 2014).
Devido à grande demanda hídrica, a irrigação na cultura do lúpulo vem tornando-
se necessária, a fim de aumentar a produção e obter melhor qualidade do produto. A
demanda hídrica do lúpulo varia muito com as condições climáticas e estação do
ano. Em regiões de clima árido, o consumo hídrico encontra-se entre 700 a 800 mm
durante a estação de crescimento (MAHAFFEE, 2009; BEATSON et al., 2009;
TURNER et al.,2011), para países do hemisfério norte, cujas médias de
temperaturas são menores quando comparadas ao Brasil.
Também na fase de crescimento, em Yakima Valley, Washington (EUA), é
indicado que o consumo de água dos cultivares esteja entre 610 a 712 mm por ciclo
(EVANS, 2003; MARCOS et al., 2011). Na região da Galícia, Espanha, a demanda
relatada foi de 396 a 557 mm e em Portugal foi de aproximadamente 500 mm de
água por ciclo (FANDIÑO et al., 2015; RODRIGUES; MORAIS; CASTRO,2015).
O lúpulo é uma planta com raízes profundas, podendo chegar a mais de 2,4 m de
profundidade. A maior parte do sistema radicular está localizada a 1,20 m na parte
superior do solo, na qual deve-se apresentar umidade suficiente para o
desenvolvimento da planta (DODDS, 2017).
30

De acordo com Middleton (1963) o lúpulo consome 50% da água armazenada


nos primeiros 0,6 m da superfície do solo; 37% dos 0,6 a 1,3 m; 10% das
profundidades de 1,3 a 1,8 m e apenas 3% das camadas mais profundas.
A irrigação deficiente e também o excesso de água podem danificar as raízes,
causando peronospora (fungo causador do míldio) e podridão, no entanto os
períodos críticos, de maiores demandas de água, são a floração e durante o
crescimento dos cones (Evans, 2003).

2.4.1 Evapotranspiração da cultura e evapotranspiração de referência

Diversos são os métodos para determinar a evapotranspiração de culturas,


podendo ser determinada por medidas diretas ou por modelos utilizando parâmetros
meteorológicos. Nas medidas diretas são utilizados diversos tipos de lisímetros,
além do método de balanço de água no solo; já os modelos consistem em equações
empíricas e evaporímetros (PIVETTA et al., 2010).
A evapotranspiração é a perda de água para atmosfera, pelos processos de
evaporação do solo e transpiração das plantas. A transpiração aumenta com o
desenvolvimento da cultura, alcançando valores máximos no estádio de floração,
quando as planta atingem a maior cobertura foliar. A evapotranspiração acompanha
os comportamentos da transpiração, sendo essa o componente de maior
importância, uma vez que a evaporação do solo diminui com o desenvolvimento da
cultura (SANTANA et al., 2011).
O processo de evapotranspiração acontece na presença de energia, chamado
calor latente de vaporização, em função da temperatura da água; sendo que a 20 ˚C
o calor latente de vaporização da água equivale a 2,45 MJ.kg-1. Essa energia é
fornecida pela radiação solar e uma pequena quantidade pela temperatura do ar
circundante (CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).
O processo de evaporação está relacionado às condições atmosféricas locais,
como saturação do ar, velocidade do vento, radiação solar, temperatura, umidade
relativa do ar, quantidade de água na superfície e o grau de sombreamento do
dossel. Em relação à transpiração, os fatores determinantes são: retenção e
movimentação da água no solo, níveis de aeração, salinidade da solução do solo,
aspectos ambientais, característica da cultura e até mesmo práticas culturais
(CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).
31

Na transpiração, a água vai da planta para a atmosfera através dos estômatos,


sob a forma de vapor, envolvendo uma contínua movimentação de água do solo
para as raízes, das raízes até as folhas e finalmente para a atmosfera. A velocidade
do fluxo de água no caule é variável; em condições normais, pode ficar entre 0,30 e
1,80 m h-1 (BERNARDO, 2005).
O processo de transpiração pode acontecer em qualquer parte do organismo da
planta, sendo que 90% ocorrem nas folhas e uma pequena quantidade de água é
perdida em pequenas aberturas das cascas dos caules e ramos jovens. A
transpiração ocasiona ascensão da seiva, resfriamento das folhas e aumenta a
absorção de nutrientes. No entanto, esse processo pode também resultar em
estresse hídrico e injúria por dessecação quando em condições de baixa umidade
relativa, altas temperaturas e baixa umidade do solo (KERBAUY, 2013).
O Boletim 56 da FAO (ALLEN et al., 1998) estabelece conceitos referenciando a
evapotranspiração de referência e da cultura. A evapotranspiração da cultura (ETc)
é caracterizada pela taxa de evapotranspiração de uma cultura qualquer em pleno
estágio de desenvolvimento, sem restrição nutricional e hídrica (CARVALHO;
OLIVEIRA, 2012). Para se determinar a ETc é necessário que se conheça a
evapotranspiração de referência (ETo), a qual se refere às medições meteorológicas
realizadas em uma área vegetada (SANTANA et al., 2011).
A ETo pode ser determinada como a evapotranspiração que ocorre de uma
cultura hipotética, que tem em média altura fixa de 0,12 m, albedo de 0,23, e
resistência da cobertura do transporte de vapor d'água a 69 s m-1, o qual caracteriza
a evapotranspiração de um área gramada de forma uniforme, que esteja com
desenvolvimento vigoroso, dando cobertura a superfície do solo com disponibilidade
hídrica (PEREIRA et al., 1997).
No Boletim 24 da FAO (DOORENBOS; PRUITT, 1977) são apresentados quatro
modelos de estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) a saber: balanço
de radiação; tanque de evaporação, e os modelos de Blaney-Criddle e Penmam -
Monteith.
Outro parâmetro importante para o planejamento e conhecimento da necessidade
de água para a planta é a determinação do coeficiente de cultivo (Kc). De acordo
com Allen et al. (1998), a razão empírica entre a evapotranspiração da cultura (ETc)
e a evapotranspiração de referência (ETo) estimada por fórmulas ou elementos da
demanda evaporativa, determina o coeficiente de cultivo.
32

Fandino et al. (2015), com intuito de calibrar um modelo de equilíbrio de água no


solo e determinar a transpiração e evaporação do lúpulo, relataram que a cobertura
do solo influenciou evaporação, o que gerou uma variação de 19 a 32%, atingindo
menor porcentagem quando a cobertura era maior. Além disso, os autores
observaram que a transpiração da planta variou de 10 a 29%, contribuindo para o
rendimento do lúpulo, sendo que, com maior transpiração obteve-se melhor
produção, visto que esse processo auxilia na absorção de nutrientes pela planta.

2.4.2 Coeficiente de Cultivo (Kc)

O valor de Kc está relacionado com a evapotranspiração da cultura livre de


doenças, com disponibilidade ótima de fertilidade do solo e água, podendo assim
atingir seu potencial produtivo (ALBUQUERQUE; DURÕES, 2008).
O Kc sofre influência de indicadores biológicos como área foliar, estrutura da
planta, cobertura vegetal, do solo e a transpiração (VILA NOVA, 2001); e fatores
físicos, como o tipo de solo (BERGAMASCHI, 1999). Trata-se de um parâmetro que
tem relação com os fatores fisiológicos e ambientais de cada cultura e até mesmo
variando entre cultivares, sendo assim, está também relacionado às condições
locais de cultivo.
O Kc possui distribuição temporal durante o ciclo de crescimento, o qual constitui
a curva de cultura (ALLEN et al., 1998). A ETo representa a demanda
evapotranspirativa, estabelecida pelas condições climáticas, e o Kc demonstra a
demanda de água pela planta, que pode ser estipulado para cada estágio de
desenvolvimento (SEDIYAMA et al., 1998).
A diferença da ETo e ETc é identificada quanto as características do dossel da
vegetação, cobertura do solo e na resistência aerodinâmica entre a cultura e a
grama. O Kc é o fator que mostra essa distinção, devido à sua variação ao longo do
ciclo, em que pode atingir valores maiores que 1 em fase de desenvolvimento
(CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).
O fator Kc funciona como uma agregação das diferenças físicas e fisiológicas
entre a cultura e a definição de referência. Entretanto, a variação das condições
atmosféricas é incorporada na estimativa da ETo, já o Kc predominantemente varia
com as características específica da cultura e em relação as práticas de manejo
aplicadas (ALLEN et al., 1998).
33

A Figura 2 mostra a curva do coeficiente de cultura (Kc), de acordo com a


duração dos dias para as diferentes fases fenológica de uma cultura em geral.

Figura 2 – Curva generalizada do coeficiente de cultura

Fonte: FAO 56

De acordo com o boletim FAO 56, o lúpulo apresenta quatro fases fenológicas,
sendo fase inicial, desenvolvimento, meio e final, com duração de 25, 40, 80 e 10
dias respectivamente. Os valores de Kc foram indicados de 0,3 na fase inicial, 1,05
na fase de crescimento médio e de 0,80 na final (ALLEN et al., 1998). Trabalho
realizado por Fandinõ et al., (2015), com intuito de validar um modelo de balanço
hídrico para o lúpulo e determinar a transpiração e evaporação, apresentou Kcs com
valores de 0,69, 1,02 e 0,85, na sequência, para as fases inicial, intermediária e
final.

2.4.3 Método de Penman-Monteith para estimar a Evapotranspiração

O método de Penman – Monteith (PM), apresentado no Boletim 56 da FAO, foi


definido como método-padrão para estimar ETo, por se aproximar da
evapotranspiração do padrão da grama nos locais analisados e mostrar maior
34

precisão quando comparado a outros métodos (XING et al., 2008; ALENCAR et al.,
2015), mesmo considerando que, em algumas condições climáticas, pode ocorrer
erros próximos a 30% (WIDMOSER, 2009; ALENCAR et al., 2015). Este método
requer dados de radiação, temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do
vento.
Entretanto, o uso do método de Penman – Monteith (PM) é restrito pela ausência
de algumas variáveis para estimativa da evapotranspiração de referência. Allen et al.
(1998) recomendam estimar os dados climáticos, como radiação, umidade relativa
do ar e velocidade do vento, caso haja impossibilidade de obter medidas in loco.
Medidas e análises do modelo foram realizados em diferentes países e climas para
testar sua viabilidade.
No entanto, os valores de Kc apresentados pela literatura são empíricos e muitas
vezes não adaptados ao local, fato esse é que as razões de ET para ETo dependem
de interações não lineares de solo, condições atmosféricas, cultura e práticas de
manejo de irrigação, pois tornam essenciais para plantações em linha, pomares e
vinhedos que apresentam copas esparsas e alta variabilidade espacial de cobertura
de vegetação e cobertura de solo (FARIAS et al., 2009).
A FAO, em posse do modelo indicado como padrão (PM), propôs características
específicas para as culturas como referência hipotética, além disso, considera-se as
condições físicas e a resistência aerodinâmica como fatores determinantes para a
evapotranspiração de referência (ETo) (CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).
A resistência da superfície está relacionada à resistência do fluxo de vapor
através das aberturas dos estômatos da vegetação, da área foliar e superfície do
solo. Sendo a resistência aerodinâmica referindo-se à resistência da vegetação no
que se refere ao atrito existente entre a passagem do ar e a superfície vegetada.
Entretanto, a resistência de superfície e as resistências aerodinâmicas são
específicas da cultura (ALLEN et al., 1998).
Contudo, o método de Penman-Monteith é considerado de maior eficiência para
determinar a evapotranspiração de referência, porém a dificuldade é que nem
sempre estão disponíveis todas as variáveis climáticas necessária para a estimativa,
sendo assim, seu uso acaba sendo limitado pela falta de medidas da radiação solar,
por exemplo. Djaman et al. (2019), em um estudo no Novo México, com objetivo de
avaliar a equação de PM sob dados climáticos limitados, observaram que quanto
maior a falta de dados precisos, a ETo tendia a ser subestimada.
35

Apesar disso, esse é o método mais indicado, pois o fato de considerar a


radiação solar como um de seus parâmetros faz com que o modelo seja eficiente em
retratar as condições locais com maior precisão. Dessa forma, o método é utilizado
para validação de outros. Unes et al., (2018) validaram uma rede neural artificial
(ANN) comparando aos outros métodos tradicionais como o de Hargreaves-Samani
e Turc, para estimar a evapotranspiração na Carolina do Sul (EUA), os autores
utilizaram o modelo de Penman-Monteith para verificar a eficiência e viabilidade do
modelo ANN, o qual mostrou melhor desempenho comparado aos outros.

2.5 Lisímetria

Os lisímetros são estruturas para medir a evapotranspiração, nas quais um


determinado volume de solo vegetado é isolado, com intuito que as entradas e
saídas de água sejam monitoradas e controladas. A partir desse sistema de
controle, para obtenção de medidas precisas de evapotranspiração, as plantas
inseridas no lisímetro devem ter as mesmas condições de cultivo que as demais ao
seu redor (CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).
Existem diferentes modelos de lisímetros, e sua escolha depende de alguns
fatores, tais como clima, custo de construção, finalidade para qual vai ser utilizado,
tipo de cultura a ser implantada e tecnologia aplicada para o funcionamento
(CAMPECHE et al., 2011). Os lisímetros podem ser de drenagem, de pesagem e de
lençol freático constante (ABOUKLED et al., 1986).
Lisímetros de drenagem são representados por reservatórios colocados no solo
que estabelece a evapotranspiração da cultura, o qual é a água de irrigação aplicada
menos a água de drenagem que sai. Estes tipos de lisímetros contém um orifício
embaixo do tanque, facilitando a saída do excesso de água, canalizada por um
sistema de drenagem, que recolhe a água (BERNARDO; SOARES; MANTOVANI,
2008).
A técnica dos lisímetros de pesagem compreende medir a variação do peso de
um bloco de solo, devido à entrada ou saída de água, por meio de uma célula de
carga a qual monitora a dinâmica da água no solo. O equipamento que oferece a
estimativa da evapotranspiração baseada em pesagem é usado em condições de
campo para monitorar o desenvolvimento de culturas e obter o coeficiente de cultivo
de interesse (POSS et al., 2004).
36

Howell et al. (1991) consideram que lisímetros de pesagem são os melhores


equipamentos disponíveis para medir com exatidão a evapotranspiração de
referência, como também para calibração de modelos. Com a introdução da
microeletrônica, esse equipamento ganhou um novo impulso nas pesquisas
agrometeorológicas (BARBOSA JUNIOR, 2009).
Os lisímetros de lençol freático constante são muito utilizados pela facilidade de
manuseio, quando comparados aos demais tipos. Neste sistema, a
evapotranspiração do cultivo de interesse é determinada pelo volume de água que
sai do sistema de alimentação dos lisímetros (PEREIRA; ANGELOCCI;
SENTELHAS, 2007), sendo os mais indicados para situações experimentais em
ambiente protegido. A Figura 3 mostra o esquema de um lisímetro de lençol freático.

Figura 3 - Imagem de lisímetro de lençol freático

Fonte: (Varejão-Silva, 2006)

A alteração do volume do depósito de água é o mesmo consumido pelas plantas,


acessível no lençol freático, visto que este último está isolado, sendo portanto as
perdas compreendidas pela evapotranspiração das plantas.

2.6 Manejo da Irrigação

A água é um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento e


produtividade das culturas, sendo assim, um fator limitante quanto a evolução da
prática agrícola, caso o fornecimento de água seja incorreto. Desta forma, é de
37

suma importância a manutenção e conservação dos ecossistemas por meio da


disponibilidade adequada de água (ANDRADE, 2012), sem que haja desperdício ou
deficiência de disponibilidade às culturas.
Bassoi (2015) destacou a questão do consumo da água para as atividades
agrícolas. Em vista da agricultura irrigada ter sido indicada como uma das causas do
problema de racionamento de recursos hídricos, por utilizar 70% da demanda de
água existente, o autor observa que “consumir” não seria o termo correto, pois a
maior parte da água utilizada na agricultura faz parte do ciclo hidrológico.
A água utilizada para a irrigação representa em média de 15 a 25% do custo de
produção da maioria das culturas irrigadas, porém, mesmo os produtores
conhecendo as técnicas de manejo da irrigação e estando cientes quanto à
necessidade do uso consciente da água, muitos não submetem as instalações de
equipamentos para avaliar a demanda hídrica, sendo assim o alto custo pode ser
causa de uma questão cultural e não financeira na maioria das vezes (ANTONINI,
2016), podendo assim causar desperdício, excesso de água ou até mesmo estresse
hídrico na cultura.
O manejo da irrigação deve ser realizado com o objetivo de oferecer água
suficiente às culturas para que não ocorra estresse hídrico, promovendo assim maior
produtividade e qualidade do produto final (MAROUELLI et al., 2011). Além de
melhorar as condições físicas e químicas do solo, a adequada disponibilidade de
água diminui a incidência de pragas e doenças, e também reduz o custo de energia
e de fertilizantes (ALBUQUERQUE, 2008). O excesso de água para a planta pode
causar danos ao meio ambiente, desperdício de nutrientes, devido à lixiviação e
consequentemente o elevado custo de produção.
Diferentes metodologias podem ser empregadas para o manejo da irrigação,
conforme demanda agrometeorológica, características fisiológicas das plantas e em
vista do balanço de água no solo, assim como a combinação dos métodos citados
(CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).
O método a ser utilizado depende da disponibilidade de equipamentos e de
recursos financeiros da propriedade, frisando que existem metodologias
economicamente viáveis e eficientes para estimar ou medir as necessidades
hídricas das culturas, como o uso de lisímetros ou sensores de umidade do solo.
A necessidade de água do lúpulo cultivado no Brasil ainda está em estudo. Os
produtores baseiam-se em relatos e estudos realizados de outros países para a
38

adoção dos sistemas de irrigação, porém é válido destacar que essas orientações
de regiões distintas do Brasil, em termos de clima e tipo de solos, podem não
apresentar o manejo de irrigação adequado para os produtores nacionais, devido a
grande diferença em termos de condições atmosféricas e por consequência,
disponibilidade hídrica.
Nas regiões de Yakima Valley nos Estados Unidos e Hallertau na Alemanha,
maiores produtores de lúpulo, o uso de irrigação tornou-se indispensável devido aos
períodos prolongados de seca (GRAF et al., 2019). Em Yakima Valley, os produtores
utilizam dentre 610 a 712 mm de água por ano proveniente da irrigação (Evans,
2003).

2.7 Trocas gasosas

As trocas gasosas entre ambiente externo e plantas ocorrem através dos


estômatos, mediadas por meio do influxo de CO2 durante o processo fotossintético,
quando ocorre também o efluxo de água, através da transpiração, sendo esse
processo de entradas e saídas de água o principal mecanismo de controle das
trocas nas plantas (SILVA et al., 2015). O estresse hídrico pode causar o
fechamento dos estômatos impedindo ou reduzindo a condutância estomática, o que
ocasiona a interrupção do processo descrito.
A fotossíntese é um processo fisiológico que ocorre nos tecidos clorofilados das
plantas, responsável por fazer com que o vegetal adquira substâncias orgânicas
através de substâncias inorgânicas (H2O e CO2), sendo portanto um processo de
obtenção de energia utilizada pelas plantas por meio da luz solar (PES;
ARENHARDT, 2015).
O Infrared Gas Analyzer (IRGA) é um analisador de gás por Infravermelho, que
mede a taxa fotossintética das plantas ou folhas (LOPES; LIMA, 2015), sendo um
equipamento utilizado para as avaliações das trocas gasosas das plantas e definição
de perfis fisiológicos. Os principais parâmetros fisiológicos analisados são: taxa de
assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs), concentração interna de CO2
(CI), taxa de transpiração (E), eficiência do uso da água nas folhas (EUA) e
eficiência de carboxilação (A/Ci).
A concentração interna nas plantas de CO2 da atmosfera (Ci) é, em geral, de
aproximadamente 0,036%, e quanto maior essa concentração, maiores serão as
39

atividades fotossintéticas, se não houver algum fator limitante (LOPES; LIMA, 2015).
Conforme o aumento interno da pressão parcial de CO2 há um aumento na taxa de
oxigênio, o que também acarreta aumento da taxa fotossintética (CARVALHO,2014).
O aumento nos valores de Ci ocorre acréscimos na gs, sendo assim, a redução
estomática seria o fator limitante da atividade fotossintética na planta. Dessa forma,
quanto maior a abertura dos estômatos, maior será a difusão de CO2 para a câmara
subestomática (Nascimento, 2009).
Outro fator importante é a transpiração (E), que é a perda de água pelas plantas
na forma de vapor, sendo que aproximadamente 95% da água absorvida pela planta
é perdida pela transpiração, o qual utiliza apenas 5% para o seu desenvolvimento. A
umidade e a temperatura são fatores que podem modificar a magnitude do gradiente
do vapor de água entre a atmosfera e as folhas, interferindo na taxa de transpiração,
no entanto transpiração em excesso pode resultar em perdas na produção
(PIMENTA, 2013).
Tramontine et al., (2013), avaliando os principais mecanismos que potencializam
o cultivo da videira, concluíram que a textura do solo influenciou significativamente
nos parâmetros de trocas gasosas e no potencial de água nas folhas, e
consequentemente na qualidade e produtividade dos frutos. Os mesmos autores
constataram que o solo argiloso proporcionou melhores respostas, produzindo frutos
com maior teor de açúcar e o consumo de água foi intermediário, quando
comparado aos solos de textura mais arenosa. Isso é devido a maior capacidade de
retenção hídrica do solo avaliado.
O uso eficiente da água está relacionado com o período de abertura dos
estômatos, sendo que, enquanto a planta absorve CO2 para a fotossíntese, a água é
perdida por transpiração (CONCENÇO et al., 2007).
Outro parâmetro relacionado com a concentração de CO2 é a carboxilação (A/Ci),
a qual é influenciada pela enzima de rubisco, enzima de grande concentração nas
plantas, sendo que quanto maior a concentração de CO2 na atmosfera, maior será a
carboxilação (ANDREWS; LORIMER, 1987).
40

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Características locais e condução do experimento

O cultivo do lúpulo, da variedade Cascade, foi realizado na área experimental do


Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências
Agronômicas da Universidade Estadual Paulista, Campus Botucatu, estado de São
Paulo, com latitude de 22º51’ S, e longitude 48º25’ W e 762 m de altitude, segundo
classificação de Köppen, o clima da região é do tipo “Cwa” subtropical úmido
mesotérmico, com predominância de verão quente e úmido e inverno seco (DAL
PAI, A et al., 2016; SILVA et al., 2017).
A condução do experimento se iniciou em 22 de setembro de 2018, com término
em 27 de fevereiro de 2019, com duração de 159 dias.
As mudas de lúpulo (Humulus lupulus) da variedade Cascade foram cultivadas
em um ambiente protegido o qual tinha as seguintes características: cobertura
plástica de polietileno difusor (PEBD 150μm) e laterais fechadas com tela antiafídeo
50 mesh, teto formato em arco, com dimensões de 7 m de largura, 24 m de
comprimento e pé direito de 2,5 m (Figura 4). Utilizou-se, para o cultivo das plantas,
vasos plásticos com capacidade de 28 litros, para cada um dos tratamentos de três
diferentes texturas de solos (arenoso, médio e argiloso).
41

Figura 4 – Estrutura e condução do experimento.

Fonte: Sousa (2021)

Os solos utilizados foram obtidos na mesma unidade universitária. Após a coleta


espalhou-se os mesmos dentro do ambiente protegido para secagem ao ar. Três
amostras diariamente foram submetidas a pesagem, até atingir peso constante para
o preenchimento dos vasos, os quais foram preenchidos com 29 kg de solo seco
cada. Amostras de solos foram encaminhadas para determinação das
características físicas e químicas dos mesmos (Tabela 2).
A condução das plantas foi feita por meio de sisais suspensos por cabos de aço.
42

Tabela 2 - Características físicas e químicas dos solos utilizados para


cultivo do Lúpulo
Areia Argila Silte Textura do solo
-1
----------------------(g kg )-------------------------
Arenosa
861 91 48
pH M.O. Presina Al3+ H+AL K Ca Mg SB CTC V S
-3 -3 -3
CaCl2 g dm mg dm mmolc dm % mgdm-³
5,6 13 107 0 16 1,5 31 10 42 58 73 8
B Cu Fe Mn Zn
-----------------------------------------mg dm -3----------------------------------------
0,23 1,4 63 2,8 5,5

Areia Argila Silte Textura do solo


-1
----------------------(g kg )-------------------------
Médio
671 280 49
pH M.O. Presina Al3+ H+AL K Ca Mg SB CTC V S
-3 -3 -3
CaCl2 g dm mg dm mmolc dm % mgdm-³
5,0 22 16 0 40 1,2 29 17 47 87 54 0
B Cu Fe Mn Zn
-----------------------------------------mg dm -3----------------------------------------
0,20 0,4 39 0,6 0,3

Areia Argila Silte Textura do solo


----------------------(g kg-1)-------------------------
Argiloso
486 390 124
pH M.O. Presina Al3+ H+AL K Ca Mg SB CTC V S
-3 -3 -3
CaCl2 g dm mg dm mmolc dm % mgdm-³
4,0 25 5 18 72 0,5 6 2 8 79 10 9
B Cu Fe Mn Zn
-----------------------------------------mg dm -3----------------------------------------
0,25 3,9 32 4,3 0,3
Fonte: Laboratório de física de solo e Laboratório de fertilidade do solo, FCA, UNESP

O pH do solo foi corrigido para aproximadamente 7,0, três meses antes da


implantação do experimento. A adubação foi realizada de acordo com o volume de
solo no vaso, seguindo as recomendações de Dodds (2017) para a cultura do lúpulo,
sendo 230, 100 e 40 kg ha-1 de nitrogênio (N), potássio (K) e fósforo (P),
respectivamente. Para a adubação de plantio utilizou-se as fontes ureia, KCl e P2O5
na proporção de 1,7; 2,55 e 5,8 gramas por vaso, respectivamente. Devido à falta de
recomendação de adubação para diferentes texturas, utilizou-se a mesma
quantidade de nutrientes para os três tratamentos.
43

Para melhor aproveitamento do nitrogênio, o adubo foi dividido quinzenalmente


durante o ciclo, na forma de uréia, nitrato de cálcio (Ca(NO 3)2) e nitrato de potássio
(KNO3) a 3%. Ainda foram realizadas duas adubações foliares com micronutrientes
durante o cultivo utilizando: ZnSO4 (0,1%); MnSO4 (0,2%); NH4H2PO5 (0,2%) e
H3BO3 (0,1%).
A textura tem grande influência no comportamento físico-hídrico e químico do
solo, sendo assim, de acordo com Ferreira, (2010) no diagrama textural baseado no
sistema Norte Americano de classificação do tamanho de partículas e adotado pela
Sociedade Brasileira de Ciência do solo (SBCS), a proporção de areia, silte e argila
(Tabela 2) classificou a textura de cada solo utilizado. Dessa forma, a Tabela 2
confirma a caracterização das texturas de solos estudados.
A caracterização físico-hídrica dos solos foi realizada determinando-se os pontos
de umidade e tensão por meio do equipamento de placa de pressão de Richards,
utilizando o modelo de Van Genuchten (1980) (Equação 1), que simula o
comportamento da umidade do solo em função do potencial matricial do solo (kPa).
Utilizando esses valores de umidade e tensões relacionadas e a partir do uso do
software Soil Water Retencion curve (SWRC), desenvolvido por Dourado Neto et al.
(2000), foi possível obter o ajuste do modelo de Van Genuchten, para a obtenção da
curva de retenção de água nos solos (Figura 5).

1 𝑚
𝜃 = 𝜃𝑅 + (𝜃𝑆 − 𝜃𝑅 ) ∗ [1+ (𝛼∗𝜓)𝑛 ] (1)

em que:
𝜃 = Umidade volumétrica (cm 3 cm -3);
Ψ = Tensão de água no solo (kPa);
θs = Umidade de saturação (cm 3 cm -3);
θR = Umidade residual (cm 3 cm -3);
α = parâmetro empírico do modelo (cm-1);
n, m = parâmetros estimados para o ajuste da umidade volumétrica com o
potencial matricial (adimensionais). Na Tabela 3 constam os valores para cada termo
da equação de Van Genutchen.
44

Tabela 3 - Parâmetros da equação de Van Genutchen para os três tipos de


solo utilizado no experimento
Parâmetros Solo arenoso Solo médio Solo argiloso
Θs 0,101 0,193 0,208
θR 0,038 0,092 0,138
Α 0,006 0,004 0,004
n 1,745 0,904 1,500
m 0,661 10,129 12,608
Fonte: software SWRC ( Soil Water Retention curve)

Foram utilizadas amostras deformadas dos solos para a determinação das curvas
de retenção de água, no entanto o método foi utilizado para a acompanhamento dos
dados da lisimetria, por uma questão de segurança, quanto à estabilidade das
condições de umidade dos solos, caso houvesse alguma medida discrepante, que
pudesse ser consequência de vazamentos e outros problemas experimentais.
Sendo assim, instalou-se tensiômetros nos vasos sob os lisímetros, e a tensão de
água no solo foi medida diariamente com auxílio de um tensímetro digital marca
Blumat® para validar as leituras feitas dos reservatórios, a fim de utilizar essa rotina
como forma de acompanhar as leituras dos lisímetros. Os valores de potencial
matricial foram analisados por meio da curva de retenção de água do solo (Figura 5).

Figura 5 - Curvas de retenção da água no solo, gerada utilizando-se o


modelo de van Genuchten

0.20

0.16
Umidade (cm³cm³)

0.12

0.08

0.04

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Potencial Mátrico (kPa)


Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso

A curva de retenção de água no solo é representada pelos potenciais matriciais,


ou seja, a energia com que a água está retida no solo e a umidade relacionada em
45

cada ponto de tensão, o qual pode-se observar a diferença de capacidade de campo


e água disponível entre as três texturas de solo analisadas.
Para o experimento foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, sendo
utilizados, como mencionado anteriormente, três tipos de solo quanto à textura
(arenosa, média e argilosa) para preenchimento dos vasos e lisímetros. Foram
utilizadas 10 plantas por tratamento, e três plantas de cada tratamento foram
cultivadas sob um lisimetro de lençol freático.

3.2. Instalação dos lisímetros e obtenção da evapotranspiração da cultura

Para medir a evapotranspiração da cultura foram instalados nove lisímetros de


lençol freático constante, sendo três para cada textura de solo utilizado no
experimento. A estrutura do lisímetro era composta por uma caixa metálica com
dimensões de 0,40 m de largura por 0,60 m de comprimento e altura de 0,14 m,
contendo uma camada de 0,05 m de areia lavada, uma boia para controlar o nível da
água na caixa e tubos e curvas de Policloreto de Vinila (PVC), para ligar a passagem
da água entre os reservatórios e acesso a planta.
A caixa metálica era abastecida por um reservatório de água, graduado em
milímetros, constituindo-se em um tubo de PVC, de 150 mm de diâmetro e altura de
0,80 m (Figura 6).
46

Figura 6 - Croqui dos lisímetros utilizados para medir a evapotranspiração


da cultura

Os vasos foram enterrados em parte na areia, a uma profundidade de


aproximadamente 0,05 m. Tendo como o objetivo medir a evapotranspiração da
cultura, as caixas metálicas dos lisímetros foram vedadas por placas de isopor e,
posteriormente para reforçar a vedação, foram cobertos por lonas, impedindo a
evaporação da água por esta área.
Os reservatórios que abasteciam as caixas também foram fechados por plástico
e tampa, ficando aberto somente para o abastecimento de água. A perda de água
nos lisímetros acontecia apenas pela evaporação do solo contida nos vasos e pela
transpiração das plantas. Testes frequentes para verificar possíveis vazamentos
eram realizados a fim de evitar desperdício de água e dados duvidosos acerca do
processo de evapotranspiração.
Para mensurar a evapotranspiração da cultura, as leituras dos lisímetros foram
realizadas diariamente utilizando uma régua, sempre no mesmo horário, entre 8h e
8h30min. As leituras das medidas do nível da água, observadas na régua
milimetrada de cada reservatório, foram aplicadas na equação 2 para calcular, por
meio das relações de proporcionalidade entre os volumes dos reservatórios e dos
vasos das plantas, a evapotranspiração diária da cultura (SANTOS et al., 2015).

𝐷𝑅
𝐸𝑇𝑐 = (𝐿𝐴𝑇 − 𝐿𝐴) 𝑥 (𝐷𝑉) ² (2)
47

Em que:
ETc = Evapotranspiração da cultura (mm);
LAT = Lâmina do dia anterior (mm);
LA = Lâmina atual (mm);
DR = Diâmetro do reservatório (mm);
DV = Diâmetro do vaso (mm).

Sendo os valores de DV e DR de 345 e 150 mm respectivamente. A Figura 7


mostra as etapas de montagem dos lisímetros, a saber: A - caixa metálica do
lisímetro após a pintura e vedação das laterais com adesivo impermeável; B-
lisímetro nivelado sob tijolos após ser preenchido com areia, sendo parte do vaso
submerso a uma profundidade de 0,05 m; C- caixa metálica e o reservatório menor
sendo vedado com placas de isopor; D- lisímetro pronto para medir a
evapotranspiração, permitindo a evaporação da água somente pela área do vaso.

Figura 7 – Etapas do processo de montagem dos lisímetros

Fonte: Sousa (2021)


48

3.3 Determinações dos coeficientes de cultivo do lúpulo (Kc) e


evapotranspiração de referência (ETo)

A determinação do coeficiente de cultivo (Kc) foi realizada a partir da relação


entre evapotranspiração da cultura (ETc) e a evapotranspiração de referência (ETo)
(Equação 3). Foi obtido o Kc para cada uma das fases fenológicas da planta, sendo
em número de quatro, de acordo com a metodologia descrita por Doorenbos e Pruitt
(1975). As fases foram: inicial (I), crescimento rápido (CR), crescimento médio (CM)
e final (F).
𝐸𝑇𝑐
𝐾𝑐 = 𝐸𝑇𝑜 (3)

Com base nas informações do manual 56 da FAO para Irrigação e Drenagem,


determinou-se o tempo de duração de cada uma das quatro fases e o período total
de crescimento para o lúpulo, sem distinção de variedade. O Kc do lúpulo foi
estabelecido de acordo com essa duração para cada fase (Tabela 4).

Tabela 4- Comprimento das fases de desenvolvimento do lúpulo


Fases Duração em dias
Inicial (I) 25
Crescimento rápido (CR) 40
Crescimento médio (CM) 80
Final (F) 10
Fonte: FAO/56

Para a determinação da evapotranspiração de referência (ETo) foi utilizado o


modelo de Penman-Monteith (Equação 4). As variáveis meteorológicas de entrada
do modelo foram obtidas por meio do banco de dados da Estação Meteorológica
localizada próxima a casa de vegetação, nas dependências da Faculdade de
Ciências Agronômicas e consistiram de medidas diárias, com médias a cada 5
minutos, das variáveis meteorológicas externas ao ambiente protegido a fim de
retratar a evapotranspiração do sistema solo-planta-atmosfera de referência (FAO-
56).

900
0,408∆(R n − G) + γ U (e −e )
Tmed + 273) 2 s a
ETo = (4)
∆ + γ(1 + 0,34U2 )
49

Em que:
Rn: saldo de radiação na superfície ( MJ m-2d-1);
G = fluxo de calor no solo (MJ m-2d-1);
Tmed = temperatura média do ar (°C);
U2 = velocidade do vento na altura de 2 m (m.s-1);
es = pressão de saturação de vapor (kPa);
ea = pressão de vapor atual do ar (kPa);
(es – ea) = déficit de pressão de vapor (kPa);
∆ = declividade da curva de pressão de vapor de saturação (kPa °C);
γ = constante psicométrica (kPa °C).

Para caracterização microclimática do ambiente protegido foi instalada em seu


interior uma Mini-Estação Meteorológica com as seguintes especificações: Saldo
Radiômetro Modelo CNR1 Net Radiometer, da marca Kipp Zonen®, temohigrômetro
tipo HMP45C, da marca Vaisala®, data logger CR 1000, da Campbell Scientific®.

3.4 Manejo da irrigação via lisímetro de lençol freático

O manejo da irrigação foi adotado com base na evapotranspiração diária da


cultura, por meio das leituras dos lisímetros de lençol freático. O volume de água
aplicado foi calculado por meio da média aritmética dos valores obtidos dos três
lisímetros, para cada tratamento, obtendo-se assim três lâminas de irrigação (mm)
de acordo com a necessidade de cada textura de solo (arenoso, médio e argiloso).
Estes valores foram inseridos na Equação 2, mostrada anteriormente, para o cálculo
da evapotranspiração diária.
As lâminas eram aplicadas com o intuito de repor a água consumida e verificada
por meio da evapotranspiração da cultura do dia anterior. No entanto, por medidas
paliativas, quando a lâmina de irrigação era maior, a mesma era fracionada duas
vezes ao dia para as plantas cultivadas em solo arenoso, devido sua baixa
capacidade de retenção de água.
O sistema de irrigação foi alimentado por um conjunto de motobomba de ½ cv,
conectado à uma caixa d’agua de 300 litros, para conduzir a água até as plantas. O
sistema de irrigação por gotejamento foi utilizado, com gotejadores do tipo
50

autocompensantes, modelo CNL, com vazão de 2 Lh-1, utilizando-se um emissor por


planta, conectados nos vasos por microtubos (Figura 8).

Figura 8 – Sistema de irrigação utilizado no experimento

Fonte: Sousa (2021)

Para garantir o bom funcionamento do sistema de irrigação, fez-se o teste de


uniformidade de distribuição (CUD), conforme a metodologia de Keller; Karmeli
(1974). Obteve-se 98% de uniformidade e 0,97 de eficiência do sistema (Ef),
estimada conforme equação recomendada por Wu (1997). Para realização do teste,
foram utilizados coletores com capacidade de 300 mL, proveta e cronômetro para
contabilizar o tempo. O Sistema ficou ligado por 50 minutos para avaliação, e os
valores obtidos (volume de água coletados) foi aplicado nas equações 5 e 6.

𝑞25
𝐶𝑈𝐷 = (5)
𝑞

Em que:
q25 = média de 25% das menores vazões coletadas (L h-1);
q= média das vazões coletadas (L h-1).

𝑞𝑚𝑖𝑛
𝐸𝑓 = (6)
𝑞

Sendo que:
51

Ef = eficiência de aplicação do sistema (adimensional);


qmin = vazão mínima (L h-1).

3.5 Análises das plantas

Abaixo seguem os tipos de avaliações realizadas em relação às plantas e seus


constituintes, assim como trocas gasosas e eficiência do uso da água. Dessa forma,
tem-se as seguintes avaliações:
1. Fitomassa verde e seca: realizada após a última colheita, 160 dias após o
transplantio. As plantas, de cada um dos tratamentos, foram cortadas rentes ao solo,
identificadas devidamente e suas massas foram obtidas por meio do uso de uma
balança analítica, colocadas, em seguida, em sacos de papel e transferidas para
estufa a 65 °C para serem secas até apresentarem massas constantes, seguindo
metodologia proposta em Crusciol et al. (2005);
2. Teor de nutrientes nas folhas: análises foliares de macronutrientes e
micronutrientes foram realizadas no laboratório do Departamento de Solos e
Recursos Ambientais da Faculdade de Ciências Agronômica da UNESP, após o
aparecimento dos primeiros cones maduros, aos 90 dias após início do experimento,
a coleta foi realizada fazendo-se amostras composta de todas as plantas avaliadas
de cada tratamento, utilizando a metodologia recomendada por Malavolta et al.,
(1997).
3. Produção: as colheitas foram realizadas sempre que necessário, de acordo
com a quantidade de cones maduros, contabilizando quatro colheitas durante o
ciclo, seguidas da obtenção da massa total de cones por plantas;
4. Trocas gasosas: as medidas foram realizadas 62 dias após a estabilização
dos lisímetros e início do experimento, utilizando-se o equipamento IRGA (Infra Red
Gas Analyser), modelo LI-6400, da Li-Cor®, conforme disponibilidade da realização
das medidas. As leituras foram feitas no período entre 7h30min e 8h30min da
manhã. A taxa de absorção luminosa máxima determinou-se na hora da analise, foi
de 1800 µmol m-2 s-1. Analisou-se seis plantas de cada tratamento, sendo 3 dos
lisímetro e três irrigadas, totalizando 18 plantas analisadas. Foram analisadas taxa
de assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs), concentração interna de
CO2 (CI), taxa de transpiração (E), eficiência do uso da água nas folhas (EUA) e
eficiência de carboxilação (A/Ci);
52

5. Eficiência do uso da água (EUA): determinou-se pela relação produtividade


dos cones e lâmina de irrigação aplicada utilizando a Equação 7 a seguir (HEYDARI,
2014);

Produtividade (kg.ha−1 )
EUA= (7)
Lâmina aplicada (mm)

6. Alfa e beta ácidos e Hop Storage Index (HSI) dos cones do lúpulo: as análises
foram realizadas utilizando o Princípio de Espectrofotometria e o Método ASBC
HOPS 6 A, 8 e 12, realizadas pelo Laboratório Tecden de Porto Alegre-RS. A coleta
dos cones para a análise ocorreu aos 142 dias após o início das avaliações de
evapotranspiração.

3.6 Análise estatística

As análises estatísticas foram feitas com auxílio do software R, versão 3.6.2, para
comparação entre os resultados obtidos para as análises mencionadas, frente às
três diferentes texturas de solo. Os dados foram submetidos à análise de variância
(ANOVA), complementada pelo teste de comparação múltipla de Tukey a 5% de
significância.
A normalidade e homocedasticidade dos resíduos foram avaliadas, considerando
os testes de Shapiro Wilks e Bartlett, respectivamente. Quando não atendida as
suposições básicas do modelo de análise de variância, optou-se por utilizar o
procedimento não paramétrico de Kruskal-Wallis, complementado pelo teste de
comparações múltiplas de Dunn. Esse método que foi desenvolvido por meio da
modificação do teste t, realiza comparações múltiplas de todos os tratamentos, não
realizando comparações dos tratamentos experimentais entre si (PONTES;
CORRENTE, 2001).
53

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo do experimento, com duração de 159 dias (início em 22 de setembro de


2018 e finalizado em 27 de fevereiro de 2019), as temperaturas e umidades relativas
do ar (máxima, mínima e média) foram monitoradas diariamente por duas estações
meteorológicas, dentro e fora do ambiente protegido (Figura 9).

Figura 9 – Máximas, mínimas e médias de temperatura e umidade relativa do ar


durante o período de condução do experimento, fora (a) e dentro da
casa de vegetação (b)

80
100
70
90

60
80
Temperatura (°C)

50
70

UR (%)
40
60

30 50

20 40

10 30
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

Dias
Tmín Tmédia Tmáx UR média

(a)
54

80
100
70
90

60
80
Temperatura (°C)

50
70

UR (%)
40
60

30 50

20 40

10 30
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

Dias
Tmín Tmédia Tmáx UR média

(b)
As variações dos valores temperatura e de umidade relativa do ar do ambiente
interno foram de 12,68 a 41,68 °C e 37,15 a 95,52%, respectivamente, enquanto
para o ambiente externo as variações foram de 12,74 a 35,29 °C e 36,1 a 100%
durante o ciclo. Pode-se observar que dentro do ambiente protegido alcançou-se as
maiores temperaturas.
Em se tratando da cultura do lúpulo, em relação às regiões produtoras, a
temperatura adequada para o desenvolvimento da planta está entre 20 e 30 °C
(AQUINO et al., 2019), sendo esses valores relacionados às condições de cultivo do
hemisfério norte. No local do presente experimento, os valores máximos de
temperatura foram superiores ao indicado como adequado para a planta, o que pode
ter acelerado o crescimento e florescimento das plantas, como o ocorrido durante o
experimento.
Carvalho (2018) relata que para sobrevivência e desenvolvimento do lúpulo, a
temperatura mínima ideal é de 8 °C, e a máxima não deve ser superior a 35 °C.
Temperatura do ar muito alta pode prejudicar o sistema fisiológico da planta,
podendo acelerar o ciclo e consequentemente inibir a biossintetização de beta e
alfa-ácido (BAUERLE, 2019).
Em ambientes protegidos pode haver condições que favoreçam o estresse por
excesso de calor nos dias de altas temperaturas, mesmo que as plantas sejam
irrigadas adequadamente, visto que dentro do ambiente protegido a ventilação é
55

prejudicada e o acúmulo de umidade faz com que haja a diminuição da transpiração


das plantas, consequentemente ocorrerá aumento da temperatura dos tecidos, o
que equivale a afirmar que o vegetal está sob condição de déficit hídrico
(BERGAMASCHI; BERGONCI, 2017).
A umidade relativa é influenciada pela temperatura do ar, assim como a pressão
e a concentração de vapor de água, visto que a capacidade de retenção de água no
ar circundante aumenta com a temperatura. Esses fatores influenciam o
desenvolvimento das plantas, pois a temperatura e a umidade podem interferir
quanto à concentração de vapor entre as folhas das plantas, e consequentemente,
somado isso ao fator vento, há interferência quanto à transpiração (PIMENTA,
2013). Desse modo, as condições oferecidas às plantas dentro do ambiente
protegido podem ser causas de estresse térmico. Na Tabela 5 são apresentados o
número de dias, durante o ciclo analisado, em que a temperatura atingiu valores
superiores e inferiores a temperatura considerada limite, de 30 °C.
Durante a fase inicial, em 64% dos dias a temperatura atingiu 30°C dentro do
ambiente protegido, assim como, aproximadamente aos valores de 47,5% na fase
de crescimento rápido, 87% na fase de crescimento médio, e 72% na fase final. Ao
todo, ao longo do experimento, temperaturas superiores a 30°C estiveram presentes
em 72% dos dias. Dessa forma, tem-se que o estudo foi conduzido em possíveis
condições de estresse térmico.

Tabela 5- Duração de cada fase do lúpulo e número de dias que a


temperatura alcançou valores maiores e menores que 30 °C
dentro da casa de vegetação
Fases Duração das Temperatura > 30 °C Temperatura < 30 °C
fases (dias) (dias) (dias)
Inicial 25 16 9
Crescimento rápido 40 19 21
Crescimento médio 80 69 11
Final 14 10 4
Fonte: Autor
56

4.1 Evapotranspiração da cultura (ETc)

Deve-se ressaltar que os estudos sobre a disponibilidade de água e consumo


pela planta são antigos, e observa-se que os estudos não se resumem em análises
de solos e de plantas, mas sim em um sistema contínuo e complexo, composto por
solo-planta-atmosfera, que demanda continuamente de pesquisa, principalmente em
relação às culturas em expansão, como o lúpulo.
Sabe-se que o caminho da água até a planta possui uma trajetória, do solo até as
raízes, seguido pela absorção pela planta e seu transporte até caules e folhas,
considerando a evaporação pelos espaços intercelulares das folhas, a difusão de
vapor das cutículas e estômatos e por fim, o movimento da atmosfera (REICHARDT;
TIMM, 2012). Outro ponto importante é a textura do solo, sendo um dos fatores
iniciais e determinantes para a dinâmica da água descrita.
Na Tabela 6 são apresentados os dados sobre a evapotranspiração da cultura e
a percentagem da demanda hídrica nas suas diferentes fases fenológicas para as
diferentes texturas de solos, utilizando as fases de referência da FAO 56, (ALLEN et
al.; 1998): inicial (I), crescimento rápido (CR), crescimento médio (CM) e final (F),
com duração média de 25, 40, 80 e 10 dias, respectivamente.
A fase de crescimento médio apresentou a maior demanda hídrica para os três
tipos de solo, devido a maior duração da fase e formação de cones, sendo que para
os solos argiloso, de textura média e arenoso, o equivalente foi de 64,3; 65,3 e
57,95%, respectivamente, do total do demanda de todo ciclo. Destaca-se ainda que
durante esta fase, a temperatura de 30 °C foi superada na maior parte dos dias,
como evidenciado na Tabela 6, o que pode ter proporcionado maior demanda
evapotranspirativa das plantas.
Na fase inicial, como esperado, a demanda hídrica é a menor, considerando todo
o ciclo, devido a menor área foliar da planta, assim como na fase final, onde a planta
deveria entrar em senescência, que no caso do trabalho, mesmo reduzindo a
demanda hídrica ficou evidente que o lúpulo não entrou em senescência. Durante o
ciclo vegetativo, o processo de evaporação aumenta no início do desenvolvimento e
diminui com o crescimento da área foliar, e na senescência da planta aumenta
novamente, consequentemente a transpiração eleva com a área foliar e apresenta
redução no final do ciclo (BERGAMASCHI; BERGONCI, 2017).
57

Tabela 6 - Médias da Evapotranspiração total da cultura do lúpulo em (mm) e o


percentual de demanda hídrica para as três texturas de solos nas
diferentes fases, inicial (I), crescimento rápido (CR), crescimento
médio (CM) e final (F)
ETc Solo Argiloso ETc Solo Médio ETc Solo Arenoso
Fases Dias -------------------------------(mm)---------------------------------

I
25 86,84 (6,7%) 100,22 (7,4%) 113,92 (9,1%)

CR 40 291,40 (22,5%) 289,17 (21,5%) 334,77 (26,8%)

CM 80 832,17 (64,3%) 879,04 (65,2%) 722,73 (57,9%)

F 14 84,29 (6,5%) 78,81 (5,9%) 75,79 (6,1%)

Total 159 1.294,71 1.347,25 1.247,23

Na fase inicial e crescimento rápido, as plantas cultivadas em solo de textura


arenosa tiveram maior evapotranspiração, comparado com os demais solos,
invertendo essa demanda nas fases de crescimento médio e final, onde a demanda
foi maior para o solo médio e argiloso, respectivamente. Fato esse pode ter ocorrido
devido ao solo arenoso reter menos água, somado às condições de alta de
temperatura no ambiente de cultivo, a planta pode ter passado por estresse térmico
e hídrico e acelerado o ciclo.
Em geral, ocorreu alta demanda evapotranspirativa da cultura para os três tipos
de solo, comparado com a informação dada por Mahafee (2009), que menciona ser
de 700 a 800 mm de água a demanda hídrica do lúpulo na fase de crescimento para
regiões de clima árido. Na região da Galícia, Espanha, a demanda relatada foi de
396 a 557 mm e em Portugal foi de aproximadamente 500 mm de água por ciclo
(FANDIÑO et al., 2015; RODRIGUES; MORAIS; CASTRO, 2015. Yakima Valey,
Washington (EUA), o consumo de água dos cultivares de lúpulo é referenciado
estando entre 610 a 712 mm por ciclo (EVANS, 2003; MARCOS et al., 2011),
valores estes abaixo dos valores presentes no experimento, sendo que a
temperatura média destes países também são menores do que as médias presentes
em países tropicais.
Deve-se salientar que as plantas foram cultivadas em lisímetro, ou seja, grande
disponibilidade de água em tempo integral, fato este que facilita o processo de
evapotranspiração por não haver déficit hídrico. Sendo assim, a condição
58

experimental pode ter favorecido a condição de evaporação potencial e


consequentemente a evapotranspiração máxima da cultura.
Nas fases de crescimento, somando os valores obtidos nas CR e CM (Tabela 6),
e considerando como referência 800 mm (MAHAFEE, 2009), tem-se que nos solos
argiloso, de textura média e arenoso a demanda hídrica foi superior em 61,9; 68,4 e
55,9 %, respectivamente. Isso se deve às altas temperaturas dentro do ambiente
protegido e também da disponibilidade de água.
Considerando os 159 dias de cultivo e o total de evapostranpiração (mm), de
cada planta, nos três tipos de solos argiloso, textura média e arenoso, tem-se que
em média o consumo de água foi de 8,11; 8,47 e 7,84 mm de água por planta ao
dia, respectivamente. Ou seja, para o solo argiloso foram utilizados 8,11 litros de
água a cada m² por dia.
Em Hallertau, Alemanha, um estudo realizado por Beck et al. (2019) relacionado
ao balanço hídrico do lúpulo, os autores observaram que a planta chegou a utilizar
11,2 mm de água por dia, sendo que o Kc calculado variou de 1,4 a 3,2.
Ressalta-se que o ambiente protegido é responsável por um incremento à
temperatura do ar, em relação às condições externas, o que aumenta o potencial de
evaporação e de transpiração da planta, quando ainda em condições de
disponibilidade de água, em lisímetros. Na Figura 10 são apresentados dados sobre
o comportamento da evapotranspiração em relação às fases da cultura.
59

Figura 10 – Evapotranspiração da cultura do lúpulo em função das fases,


inicial (I), crescimento rápido (CR), crescimento médio (CM) e
final (F)

SoloArgilos
SoloMédio
900 SoloArenoso
879,04
832,17
Evapotraspiração da cultura (ETc) mm

800
722,73
700

600

500

400 334,77
291,40
300
289,17
200

100
113,92 84,29
100,22 78,81
86,84 75,79
0
I CR CM F

Fases da cultura

Durante cada fase, as necessidades climáticas e hídricas se diferem, podendo


aumentar ou diminuir a taxa de evapotranspiração da cultura. Além disso, nessas
fases podem ocorrer variações durante o ciclo, que vão depender do manejo de
cultivo e fatores ambientais. Os perfis dos comportamentos de demanda hídrica, nos
diferentes solos segundo a Figura 10, mostraram-se similares, diferenciando em
valores de evapotranspiração.
Rybacek et al (1980) e Mozny et al., (2009), que avaliaram o efeito das mudanças
climática na produção do lúpulo, relataram que o aumento da temperatura ocasionou
precocidade e encurtamento nas fases fenológicas da cultura. As condições
térmicas influenciam diretamente no crescimento e desenvolvimento das plantas,
sendo que temperaturas elevadas aceleram o metabolismo do vegetal, diferentes
das baixas temperaturas que prolongam o ciclo (BERGAMASCHI; BERGONCI,
2017). Dessa forma, estudos sobre identificação das transições de fases fenológicas
das plantas serão necessários para que se estabeleçam referenciais de cultivo na
60

região do hemisfério sul, entre outros fatores que possam interferir no


desenvolvimento das plantas.
Vários são os fatores que podem interferir nas fases de desenvolvimento vegetal
além da temperatura, assim como o manejo da água no solo, pH, genética
(característica da própria planta) e fotoperíodo, sendo que a duração de cada fase
depende das condições ambientais do local (PES; ARENHARDT, 2015).
Fandino et al. (2015), com objetivo de calibrar e validar um modelo de balanço de
água no solo para o lúpulo durante 3 safras, observaram que o estádio fenológico da
planta e sua duração variaram conforme a variabilidade das condições climáticas do
local.
Guimarães (2020) avaliando o desempenho da cultura do lúpulo irrigado da
variedade Cascade, em diferentes pH da água, constatou que a planta promoveu
maior produtividade e taxa fotossintética em pH entre 6,5 a 7, e que faixas de
diferentes valores de pH também podem influenciar quanto ao consumo de água.
A compreensão de como as plantas respondem aos fatores irá trazer benefícios
para a expansão da cultura do lúpulo, permitindo a escolha dos locais e época
adequada de plantio, otimizando a colheita e atendendo a necessidade do mercado
(VAZ et al., 2013).
Durante o experimento, observou-se que, para o cultivo em solo arenoso, as
plantas apresentaram crescimento vegetativo mais acelerado e maior quantidade de
floração nas duas primeiras fases, o que contribuiu juntamente com o clima e as
características do solo para maior evapotranspiração da cultura nessas fases.
No entanto, as plantas cultivadas em solo de textura média apresentaram maior
evapotranspiração, isso deve-se ao fato dessas plantas terem apresentado melhor
desenvolvimento da parte vegetativa. Em termos de menor uso da água, o solo
arenoso sobressaiu aos demais, no entanto outras questões como produtividade,
manejo e desenvolvimento da planta devem ser analisadas para verificação do solo
mais adequado para o cultivo.
Os fatores edáficos do solo e climáticos podem causar grande impacto no
desenvolvimento, crescimento, reprodução e sobrevivência do vegetal. Além disso,
os fatores abióticos interferem uns nos outros, como por exemplo, o vento minimiza
a temperatura devido ao resfriamento (TAIZ; ZEIGER, 2013), condição esta que não
foi oferecida às plantas em estudo devido estarem em ambiente protegido.
61

O aumento da temperatura, excedendo a tolerada pela planta ao longo dos dias,


causa alterações da evapotranspiração, afetando negativamente o desempenho de
produção e impactando na produtividade e qualidade das culturas (MOZNY et al.,
2009). No entanto esses fatores podem levar mudanças graduais da cultura em
altitudes maiores, favorecendo modificações nas atividades dos organismos do solo,
no regime hídrico, o que levaria alterações no processo e tecnologia de cultivo
(HNILICKOVÁ et al., 2009; GLOSER et al., 2013).
Naglic et al.(2017), em um trabalho que avalia métodos de gerenciamento da
irrigação no lúpulo, relataram que o acréscimo de 1°C na temperatura média diária
correspondeu a um aumento da evapotranspiração de 1,8 m³/ha, o que equivale a
0,18 mm de evapotranspiração.
Krofta et al. (2013) realizaram um trabalho na República Tcheca com o objetivo
de comparar o fluxo da seiva com a perda de água estimada de acordo com o
Modelo de Penman-Monteith. Os autores relataram que o maior consumo de água
ocorreu na fase de formação de cones.

4.2 Coeficiente de cultivo (Kc)

Na Figura 11 pode ser visto que a variação do coeficiente de cultivo (Kc) foi maior
entre as fases do que entre os diferentes tipos de solo. Outro ponto importante é que
todos os valores de Kc foram maiores que 1, indicando que a cultura perde mais
água do que a cultura de referência (FAO 56), isso em todas as suas fases
fenológicas. Reichardt e Timm (2012) observaram também que ao analisar o Kc de
algumas culturas, os coeficientes variaram mais entre os estágios de
desenvolvimento do que entre culturas. Na Figura 11 estão representados os Kcs
para as diferentes fases e texturas de solo.
62

Figura 11 – Coeficientes de cultivo do lúpulo (Kc) determinado durante o


experimento para as fases inicial (I), crescimento rápido (CR),
crescimento médio (CM) e final (F)

2,73 2,63
2.5
2,49
2,31 2,31
2,16
1,881,97
Coeficiênte de cultivo

2.0
1,77

1.5 1,41
1,27
1,09
1.0

0.5

0.0
Kc Fase I Kc Fase CR Kc Fase CM Kc Fase F solo

fases
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso

Analisando os Kcs de maneira geral, observa que o cultivo foi realizado em


ambiente com condições climáticas totalmente diferentes da estudada pela FAO e o
Kc final do cultivo, comparando com o Kc encontrado pela FAO (Tabela 7), percebe-
se a discrepância entre os valores, mostrando que as plantas podem não ter entrado
em período de senescência, por demandar maior quantidade de água na fase final.

Tabela 7 - Coeficiente da cultura (Kc) do lúpulo nos estádios inicial, médio e


final de acordo com a FAO
Kc inicial 0,3
Kc médio 1,05
Kc Final 0,85
Fonte: FAO 56

A senescência é um processo importante de desenvolvimento que ocorre nas


plantas principalmente em épocas de temperatura mais baixa e dias curtos, sendo
eventos bioquímicos e citológicos que preparam a planta para reciclar nutrientes
para o desenvolvimento futuro (TAIZ; ZEIGER, 2013). Com esse processo
consequentemente ocorre a redução de atividades fisiológicas, como a reduzida
63

absorção de água devido a menor transpiração, porém isso não pode ser
identificado no experimento presente.
Os valores de Kcs relacionados às demandas hídricas de diferentes localidades,
mostram que os mesmos devem ser determinados para cada região de cultivo,
devido às condições climáticas e de solo influenciarem nos processos de
desenvolvimento das plantas.
O lúpulo, por exemplo, e típico das regiões temperadas do hemisfério norte,
climas diferentes do Brasil e até o momento não se encontra nenhuma variedade
comprovadamente ou referenciada cientificamente como adaptada às condições
climáticas e de solo do país, sendo uma planta que necessita de condições para
entrar em senescência e inverno mais rigoroso para entrar em dormência. Fatos
esses necessários para o desenvolvimento, vigor e produção no ciclo seguinte.
Trabalho realizado por Graf et al. (2019) mostra a dificuldade do manejo da
irrigação para a cultura do lúpulo, já que o monitoramento feito por sensor seria
complicado devido a profundidade do sistema radicular. Ressaltam ainda que o
manejo da cultura com base no conhecimento do Kc preconizado pela FAO, para
cada fase fenológica, não condiz com as necessidades reais das plantas num dado
local, visto que que trata-se de cultivares de locais diferentes, e portanto demandas
hídricas diferentes. Neste trabalho os autores avaliaram a ETc e o Kc de um cultivar
de lúpulo no sexto ano de produção em Hallertau, na Alemanha. Os autores
encontraram ETc e Kc que variaram de (1,9 a 11,2 mm) e (0,8 a 3,2)
respectivamente, valores estes condizentes com os obtidos no presentes estudo.
Kisgeci (1974), na Voivodina, Servia, também em relação a um estudo para
determinar o Kc de uma cultivar de lúpulo, apontou que a planta na fase inicial e na
fase de crescimento dos cones apresentou valores de Kc de 1,2 e 2,1
respectivamente. Valores estes também superiores ao indicado pela FAO e também
condizentes com os encontrados no presente estudo.
Engellard et al. (2011) alertaram que no desenvolvimento de novas variedades de
lúpulo, com maiores área foliar e produtividade, a demanda de água também é
maior, e o Kc determinado pela FAO não seria o indicado.
Fadino et al. (2015) realizaram uma pesquisa durante três anos, onde também
determinou os valores de Kc nas fases inicial, média e final, e obtiveram os valores
de 0,69, 1,02, 0,85 respectivamente. Outro dado importante é que 92% da
evapotranspiração na fase de crescimento foi proveniente da transpiração da planta.
64

Esses valores foram diferentes dos encontrados no presente trabalho, onde os


valores de Kc da fase inicial, de crescimento rápido, de crescimento médio e final
variaram de 1,09 a 1,49; 2,31 a 2,73; 2,16 a 2,63; e 1,77 a 1,97, respectivamente,
mostrando maior demanda hídrica.
Dessa forma, com base na literatura vigente, valores preconizados pela FAO,
referentes a ETc e Kc da planta, não são condizentes com o identificados em
diversos países, pois de fato as condições climáticas locais são determinantes
quanto à demanda hídrica da planta, assim como tipo de solo. Vale ainda ressaltar
que os valores indicados pela FAO não são vinculados a uma dada variedade e nem
mesmo mencionado clima da região de análise.
A literatura acerca de demanda hídrica do lúpulo está em construção em diversas
partes do mundo e estudos como o apresentado são cruciais para se estabelecer o
referencial de evapotranspiração da planta.

4.3 Diâmetro, massa fresca, massa seca e produtividade das plantas

Apesar das condições climáticas do local não serem consideradas favoráveis à


produção de lúpulo, conforme Aquino et al. (2019), os quais citam que a temperatura
ideal para a cultura está entre 20 e 30°C, é importante mencionar que o experimento
foi desenvolvido durante o primeiro ano da planta, analisando apenas o primeiro
ciclo produtivo, e portanto pode-se considerar que as plantas não estejam ainda
adaptadas às condições climáticas locais. Outro fato importante é que as plantas
foram cultivadas em diferentes texturas de solo, tanto para as plantas cultivadas nos
lisímetros quantos nas demais, em vasos (Tabelas 8 e 9).
Nas Tabelas 8 e 9 são apresentados os resultados acerca de massas frescas e
secas e produtividade durante o experimento, para as plantas fora e sob os
lisímetros, respectivamente.
65

Tabela 8 - Médias, desvio padrão, mediana, diâmetros máximo e mínimo (mm),


massas fresca (g/planta) e seca (g/planta) e produtividade das
plantas cultivadas nos lisímetros (g/planta)
Variáveis analisadas
Tratamento Diâmetro Massa fresca Massa seca Produtividade
(mm) (g/planta) (g/planta) (g/planta)
b
Solo arenoso 14,3 (3,1) 175,3 (38,7) 50,1 (9,8) 14,7 (1,7)
15,0 (11-17) 166,0 (141,9-217,8) 47,3 (41,9-60,9) 15 (12,9-16,2)

a
Solo médio 16,8 (2,9) 185,9 (28,9) 56,7 (7,8) 47,3 (16,1)
18,0 (13,5-19) 190,8 (154,9-212,0) 60,0 (46,7-60,3) 47 (31,3-63,5)

a
Solo argiloso 14,3 (3,4) 202,4 (32,7) 58,0 (7,9) 56,9 (4,5)
15,5 (10,5-17) 206,6 (167,9-232,8) 61,5 (48,9-63,7) 57 (52,4-61,4)

ns ns ns *
P-valor 0,562 0,632 0,539 0,00413
C.V(%) 20,7 17,9 15,7 24,4
(ns) - não significativo, (*) - significativo (p<0,05), C.V(%) – coeficiente de variação. Médias
seguidas de letra diferentes minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de TuKey.

Tabela 9 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para diâmetro


(mm), massa fresca (g/planta), massa seca (g/planta) e
produtividade das plantas cultivadas fora dos lisímetros (g/planta)
Variáveis analisadas
Tratamento Diâmetro Massa fresca Massa seca Produtividade
(mm) (g/planta) (g/planta) (g/planta)
b
Solo arenoso 12,17 (2,25) 159,56 (13,64) 48,29 (2,88) 38,02 (11,43)
12 (10-14,5) 158,37 (146,5-173,7) 47,4 (45,9-51,5) 38,58 (25,89-48,60)

b
Solo médio 14,83 (0,76) 193,44 (27,73) 56,7 (7,8) 36,97 (7,34)
15 (14-15,5) 187,02 (169,5-223,8) 60 (46,7-60,3) 38,44 (29-43,47)

a
Solo argiloso 13,67 (3,21) 179,64 (16,46) 58,0 (7,9) 59,28 (4,03)
15 (10-16) 186,09 (160,9-191,9) 61,5 (48,9-63,7) 59,83 (55-63)

ns ns ns *
Valor P. 0,42 0,2 0,204 0,0262
C. V(%) 17,03 11,38 12,91 18,29
(ns) - não significativo, (*) - significativo (p<0,05), C.V(%) – coeficiente de variação. Médias
seguidas de letra diferentes minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de TuKey.

Com relação à produtividade, as plantas cultivadas tanto nos lisímetros quanto


fora destes em condições de manejo da irrigação, apresentaram diferenças
66

estatisticamente significativas em relação ao tipo de solo, isso pode ser explicado


pelo fato de que no solo argiloso, as plantas apresentaram melhor desempenho
produtivo dentro e fora dos lisímetros, seguido pelo solo de textura média, quando
comparadas com as plantas cultivadas no solo arenoso.
As plantas cultivadas em solo arenoso nos lisímetros obtiveram menor
produtividade, 12,36% da produção total, representando 31,3% e 25,8% da
produtividade dos solos de textura média e argiloso, respectivamente. No cultivo
irrigado, fora dos lisímetros, a produtividade das plantas do solo arenoso aproximou-
se das cultivadas em solos de textura média, o que pode estar relacionada à
necessidade do manejo da irrigação diferenciado exigido pela cultura para diferentes
tipos de solos, com atenção ao solo arenoso.
Nos lisímetros, apesar da disponibilidade contínua de água às plantas, por
estarem em contato direto com o lençol freático do sistema, há que se considerar a
dinâmica da água, a qual é distribuída no solo por capilaridade, em movimentos
ascendentes. Os solos arenosos apresentam poros maiores e portanto menor
resistência por atrito ao movimento ascendente da água, quando comparado aos
solos com porosidades menores. Porém, o maior raio dos poros entre as partículas
de areia ocasiona uma reduzida ascensão capilar (ALBUQUERQUE; DURÃES,
2013), o que acaba por não apresentar, em lisímetros, uma distribuição adequadas
de água, como ocorreu nas plantas que receberam água via irrigação, por
gotejadores. Isso pode justificar a baixa produtividade das plantas cultivadas em solo
arenoso e nos lisímetros, quando comparadas as cultivadas no mesmo solo e em
regime de irrigação.
Taiz e Zeiger (2013) afirmam que as plantas quando submetidas ao excesso ou à
deficiência de um fator abiótico, ocorre estresse fisiológico por não estarem
adaptadas às condições climáticas e edáficas. Os autores ainda estimam que
quando uma espécie é cultivada em condições diferentes de sua origem, a cultura
produz apenas 22% do seu potencial genético.
As regiões produtoras de lúpulo consideram o seu potencial produtivo após a
planta adulta, a partir do terceiro ano, que em média produz 2 kg por planta, por
ciclo. Muitos produtores descartam a colheita do primeiro ciclo, devido à reduzida
produtividade. Pois além de não compensar o investimento do processo de colheita
e beneficiamento, as substâncias de interesse comercial como o alfa e beta ácidos,
67

além dos óleos essenciais, ainda não estão presentes na concentração requerida
pela indústria cervejeira (DOODS, 2017).
Considerando a média de produção de 2 kg por planta, a produção presente no
estudo para o cultivo fora dos lisímetros representou aproximadamente 1,85% do
valor de referência para o solo de textura média, 2,96% para o solo de textura
argilosa e 1,90% para solo arenoso em relação ao esperado para a produção,
lembrando que trata-se do primeiro ano da planta.
Apesar das médias dos parâmetros massa fresca, massa seca e diâmetro não
apresentarem diferenças estatísticas entre os tratamentos, observa-se que o solo de
textura média produziu plantas com maiores diâmetros; e lúpulos cultivados em solo
argiloso mostraram maior acúmulo de massas, o que pode estar relacionado com a
retenção de água nesses solos, pois são maiores que do solo arenoso..
A textura do solo é responsável pela diferença da dinâmica da água e de
nutrientes o que interfere na questão de desenvolvimento e crescimento das plantas.
A soja, por exemplo, se desenvolve em vários tipos de solos, a planta se adaptou
às diversas regiões do país e pensava-se que a soja se desenvolveria melhor em
solos argilosos, mas é percebido que em textura média e arenoso a cultura também
atinge altas produtividades (Santos et al., 2008).
Não há trabalhos que evidenciam o solo mais propício para o lúpulo no Brasil. No
exterior, fala-se em solos arenosos, mas em vista do clima, pode ser que a planta se
desenvolva em solos que possuam maior capacidade de retenção de água em
países tropicais como o Brasil. A aeração e o conteúdo de água do solo são fatores
temporariamente variáveis que influenciam muito o solo e consequentemente a
disponibilidade de nutrientes fornecido para planta (WEIL E BRADY 2017).
Os fatores edáficos relacionados às condições de solo, como ar, umidade,
concentração de compostos minerais e orgânicos, juntamente com o clima,
condutividade hidráulica, pH, capacidade de troca iônica, microfauna e microflora,
interferem significativamente no crescimento, produção e até mesmo na
sobrevivência das plantas por determinar a quantidade de água e nutrientes e ar
para as mesma (TAIZ; ZEIGER, 2013).
O conhecimento dos fatores citados acima proporciona benefícios para a
agricultura irrigada, principalmente quanto à economia para as culturas de altos
custos de produção e maiores valores comerciais, como o lúpulo, proporcionando
maior produtividade e qualidade. Slavik e Kopecky (1998), em pesquisa em que
68

comparam métodos de irrigação na cultura do lúpulo durante os anos de 1995 a


1997, observaram que o rendimento da matéria seca do lúpulo foi maior (3,1 t.ha-1)
quando comparado com o cultivo não irrigado.

4.4 Medidas de trocas gasosas

As médias de trocas gasosas estão relacionadas à disponibilidade de água para


as plantas. As médias dos parâmetros das plantas cultivadas nos lisímetros não
apresentaram diferenças estatísticas, no nível de significância de 5%, apenas para
concentração interna de CO2 (Ci) e eficiência de carboxilação (A/Ci) (Tabela 10).
Os solos nos lisímetros mantiveram-se na capacidade de campo diariamente, e
mesmo assim obtiveram respostas distintas com relação às trocas gasosas para as
diferentes texturas de solo.

Tabela 10 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para Taxa de


assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs),
concentração interna de CO2 (Ci), taxa de transpiração (E),
eficiência do uso da água nas folhas (EUA) e eficiência de
carboxilação (A/Ci) das plantas cultivadas nos lisímetros
Tratamentos Variáveis analisadas
A gs Ci
-2 -1 -2 -1 -1
(µmol m s ) (mol m s ) (μmol mol )
b b
Solo arenoso 12,36 (4,18) 0,19 (0,07) 232,90 (56,73)
a
10,46 (9,46-17,17) 0,19 (0,11-0,26) 255,09 (168,43-275,18)

a a
Solo médio 19,57 (0,79) 0,33 (0,04) 257,98 (58,58)
19,98 (18,65-20,07) 0,33 (0,28-0,37) 276,22(192,45-305,27)

ab ab
Solo argiloso 14,09 (2,22) 0,29 (0,04) 278,62 (39,98)
15,22 (11,53-15,52) 0,30 (0,25-0,33) 297,16 (232,73-305,97)
* * ns
Valor P. 0,0437 0,0428 0,592
C. V(%) 18,1 19,56 20,44
E EUA A/Ci
2 -1 -1
(mmol m s ) (μmol CO2 (mmol H2O) )
b a
Solo arenoso 1,49 (0,07) 8,24 (2,38) 0,05 (0,01)
1,47 (1,43-1,56) 7,12 (6,62-10.97) 0,05 (0,04-0,06)
69

a ab
Solo médio 3,40 (0,17) 5,77 (0,48) 0,08 (0,02)
3,44 (3,21-3,54) 5,83 (5,26-6,22) 0,07 (0,06-0,10)

a b
Solo argiloso 4,57 (1,13) 3,24 (1,12) 0,05 (0,0008)
4,75 (3,37-5,60) 2,77 (2,42-4,52) 0,05 (0,49-0,05)
* * ns
Valor P. 0,00353 0,0212 0,0847
CV(%) 20,93 26,89 22,89
(ns) - não significativo, (*) - significativo (p<0,05), C.V(%) – coeficiente de variação. Médias seguidas
de letra diferentes minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de TuKey.

Observa-se que as plantas cultivadas em solo de textura média e argilosa


obtiveram maiores taxa de: assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs),
taxa de transpiração (E), concentração interna de CO2 (Ci) e consequentemente
maior eficiência na carboxilação (A/Ci). Isso significa que essas plantas tiveram
maior abertura dos estômatos, devido a maior disponibilidade de água para suas
atividades fisiológicas. Entende-se que a absorção de carbono para a fotossíntese
ocorre com a evolução dos estômatos e das folhas, proporcionando altas taxas de
transpiração (PIMENTA, 2013).
Ainda na Tabela 9, os dados mostram que o solo de textura arenosa, mesmo
mantendo-se na capacidade de campo, obteve o menor potencial de água disponível
para a cultura, entre os tratamentos, devido ao menor teor dos parâmetros citados
acima. Silva et al. (2015) explicam que os estômatos funcionam como dispositivos
de trocas gasosas, e se ocorrer qualquer limitação hídrica acarretará no fechamento
dos mesmos. Ressalta-se que a análise foi realizada no final da fase de crescimento
rápido, aos 62 dias após início do experimento.
Nota-se que o solo arenoso propiciou o avanço, no tempo, do ciclo de
desenvolvimento da planta, fato esse que pode ter contribuído à menor absorção de
água nessa época. Isto resultou na maior eficiência do uso da água (EUA) das
plantas cultivadas em solo arenoso, e deve-se ao fato de que pode ter ocorrido
maior percentual de estômatos fechados, ocorrendo menor transpiração decorrente
da menor disponibilidade de água para as plantas. Sendo assim, consequentemente
a taxa de transpiração diminuiu elevando a EUA, em vista da relação da A/E.
Dessa forma, as respostas dos parâmetros analisados de trocas gasosas nos
lisímetros evidencia que nem toda água retida no solo está disponível para absorção
70

das plantas, sendo que mesmo os solos mantendo a capacidade de campo, o


aproveitamento e absorção diferiram de um solo para o outro, o que é justificado
pela textura do solo, como citado anteriormente.
Na Tabela 11 são vistos os resultados da análise de trocas gasosas para as
plantas irrigadas a partir do manejo da irrigação (cultivo fora dos lisímetros). Os
resultados mostraram que nenhum parâmetro de trocas gasosas apresentou
diferença estatística significativa entre os tratamentos, o que mostra a importância
do manejo da irrigação, levando em consideração a necessidade de cada solo
devido às suas características físico-hídrica.
Suprindo somente a quantidade de água que a planta necessita para seu pleno
desenvolvimento, não ocorrendo défict ou excesso de água, sendo que condições
como estas podem acarretar problemas como doenças, apodrecimento de raizes e
falta de oxigenação, o que refletirá nas atividades fisiológicas, no desenvolvimento e
produtividade da cultura (CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).

Tabela 11 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para Taxa de


assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs),
concentração interna de CO2 (Ci), taxa de transpiração (E),
eficiência do uso da água nas folhas (EUA) e eficiência de
carboxilação (A/Ci), produtividade das plantas cultivadas fora
dos lisímetros
Tratamentos Variáveis analisadas
A gs Ci
-2 -1 -2 -1 -1
(µmol m s ) (mol m s ) (μmol mol )
Solo arenoso 14,62 (3,43) 0,25 (0,06) 292 (7,95)
14,43 (11,29-18,13) 0,22 (0,20-0,31) 289,59 (285,53-300,87)

Solo médio 15,31 (0,26) 0,23 (0,02) 280,98 (1,15)


15,24 (15,09-15,59) 0,22 (0,21-0,25) 281,59(279,65-281,68)

Solo argiloso 17,02 (7,04) 0,30 (0,11) 298,26 (30,22)


19,30 (9,13-22,63) 0,25 (0,22-0,43) 306,34 (264,81-323,62)
*ns ns ns
Valor P. 0,805 0,513 0,531
C. V(%) 28,88 29,02 6,21
E EUA (nas folhas) A/Ci
-2 -1 -1
(mmol m s ) (μmol CO2 (mmol H2O) )
Solo arenoso 4,18 (0,87) 3,50(0,46) 0,05 (0,01)
3,71 (3,64-5,18) 3,50 (3,04-3,96) 0,05 (0,04-0,06)
71

Solo médio 3,66 (1,03) 4,37(1,04) 0,05 (0,008)


3,27 (2,89-4,83) 4,61 (3,23-5,26) 0,05 (0,05-0,06)

Solo argiloso 3,72 (0,19) 4,58(1,95) 0,06 (0,03)


3,67 (3,56-3,93) 2,77 (2,48-6,35) 0,05 (0,03-0,07)
ns ns ns
Valor P. 0,698 0,591 0,843
CV(%) 20,35 31,45 30,76
(ns) - não significativo, (*) - significativo (p<0,05), C.V(%) – coeficiente de variação. Médias
seguidas de letra diferentes minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de TuKey.

A taxa de assimilação de CO2, nas duas condições de cultivo, lisímetro e cultivo


fora do lisímetro submetido ao manejo da irrigação, variou de 9,13 a 22,63 µmol CO2
m-2 s-1, resultado parecido encontrado por Kenny (2005) que avaliou a taxa
fotossintética de 40 genótipos de lúpulo, originário dos países da ex Iugoslávia e
América do Norte. O autor relata que a taxa fotossintética média foi de 16,2 µmol
CO2 m-2 s-1, variando entre 9 e 23,2 µmol CO2 m-2 s-1.
Souza et al. (2016) com intuito de caracterização fenológica da videira no Vale de
São Francisco, obteve taxa de assimilação de CO2 que variou de 11,06 a 13,95 µmol
CO2 m-2 s-1 , observaram-se que os parâmetros fisiológicos alterou as características
das plantas dependendo das condições climáticas da época.
Segundo o mesmo autor, comparando as análises de trocas gasosas, lisímetro e
do cultivo irrigado, nota-se que para a EUA, as plantas cultivadas nos lísimetros, em
solo arenoso, obtiveram maior eficiência, como encontrado neste trabalho. Já para o
cultivo irrigado, o solo argiloso se sobressaiu nesse parâmetro, porém, sem
diferença estatística. A justificativa destes resultados pode ser que o solo arenoso
necessita de uma maior frequência de irrigação devido às suas características físico-
hídricas, já que sua capacidade de retenção de água é menor, quando comparado
aos demais tipos de solo.

4.5 Teores de nutrientes nas folhas do lúpulo

As plantas adquirem os nutrientes necessários para seu desenvolvimento e


produção através da absorção, pelas raízes, dos elementos contidos na solução do
solo, o que vai depender da existência ou da disponibilidade destes, somados ainda
aos aspectos referentes à forma química contida no solo, capacidade de absorção
72

da planta, aeração do solo, condições climáticas locais e desenvolvimentos das


raízes (RAIJ, 2017).
O lúpulo durante a fase de crescimento chega a consumir de 3 a 4 vezes mais
nitrogênio, potássio, fósforo e cálcio do que os grãos, e a deficiência de manganês,
cobre, boro, zinco e molibidênio retardam o desenvolvimento da cultura
(DEMENTIEV et al., 2020). A absorção de nutrientes é influenciada pelo pH do solo,
sendo o ideal de 5,6 a 7,0 (ALEXANDROV et al.,1991). A aplicação de N
recomendada nos Estados Unidos varia de 67,3 a 336,3 Kg.ha-1 (BROOKS;
KELLER,1960; DARBY, 2011; apud SENSKE, 2020 ).
Em posse destas informações, nessa situação experimental, teve-se a
oportunidade de avaliar a absorção dos nutrientes pelo lúpulo em diferentes texturas
de solo sob as mesmas condições climáticas. Nas Tabelas 12 e 13 são
apresentados os teores de macronutrientes e micronutrientes analisados nos tecidos
foliares do lúpulo na fase de plena produção de flores e cones, o que ocorreu na
fase de crescimento médio. Para os macronutrientes, observa-se a influência da
textura dos solos na absorção destes nutrientes, com diferença estatística entre os
tipos de solos quanto aos teores de fósforo, potássio, magnésio e enxofre.
73

Tabela 12 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para os


macronutrientes; Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio
(Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S) nos tecidos foliares de lúpulo
em plena formação de cones
Tratamentos Variáveis analisadas
N P K
-1 -1 -1
(g kg ) (g kg ) (g kg )
a a
Solo arenoso 12,17 (2,25) 2,07 (0,29) 20,8 (1,87)
12 (10-14,5) 1,93 (1,86-2,40) 21,4 (18,7-22,3)

b b
Solo médio 14,83 (0,76) 1,49 (0,05) 14,03 (0,84)
15 (14-15,5) 1,49 (1,43-1,53) 13,6 (13,5-15,0)

ab b
Solo argiloso 13,66 (3,22) 1,74 (0,12) 15,67 (0,81)
15 (10-16) 1,73 (1,64-1,87) 15,3 (15,1-16,6)
* *
Valor P. 0,42 0,02 0,002
C. V(%) 17,03 10,58 7,57
Ca Mg S
-1 -1 -1
(g kg ) (g kg ) (g kg )
b b
Solo arenoso 21,43 (1,40) 6,37 (0,21) 1,13 (0,08)
21,0 (20,3-23) 6,3 (6,2-6,6) 1,13 (1,06-1,22)

a a
Solo médio 21,50 (1,82) 13,97 (1,33) 1,29 (0,03)
20,6 (20,3-23,6) 13,3 (13,1-15,5) 1,28 (1,27-1,33)

a a
Solo argiloso 23,03 (1,10) 12,43 (0,32) 1,32 (0,05)
22,5 (22,3-24,3) 12,3 (12,2-12,8) 1,30 (1,28-1,37)
* *
Valor P. 0,38 0,005 0,02
CV(%) 6,70 7,32 4,66

O N não variou muito sua absorção entre as plantas cultivadas nas diferentes
texturas de solo, quando comparadas aos demais nutrientes, sendo que as plantas
cultivadas no solo de textura média obtiveram uma melhor absorção, sendo 14,83 g
kg-1. O N é o elemento de maior exigência pela planta, sendo constituintes das
células como, proteínas, aminoácidos e ácidos nucleicos (TAIZ, 2013).
Embora as plantas cultivadas no solo arenoso tenham absorvido maiores
quantidade de K, isso não fez com que obtivessem melhor produtividade do que as
demais. Seria interessante estudos sobre o fator adubação relacionado com a
química e textura do solo, para saber com melhor exatidão a necessidade de
74

adubação para cada caso, e dessa forma, reduzir o custo de produção com os
nutrientes adicionados no solo e via foliar. Vale relembrar que a adubação adotada
neste trabalho não variou para os tipos de solos e portanto tais resultados são
importantes para destacar a importância de estudos específicos de nutrição da
planta de lúpulo. Os nutrientes N, P e K são os de maior custo de produção para o
produtor, sendo que são utilizados em maior proporção durante o cultivo, sendo
portanto necessários estudos para identificar as dosagens adequadas ao longo do
cultivo.
A disponibilidade de nutrientes para o crescimento e desenvolvimento das
plantas tende a aumentar até atingir a zona adequada para a planta, após esse
ponto ocorre somente o acúmulo nos tecidos foliares podendo causar toxidez na
planta e consequentemente redução da produtividade (TAIZ, 2013).
As propriedades físicas do solo afetam o crescimento das raízes. Essas
mudanças no tamanho e morfologia interna e externa das raízes devido às
características físicas do solo poderão impedir da raiz explorar maior volume de solo
e consequentemente provocar uma redução na disponibilidade e absorção de
nutrientes e água, o que levaria baixa produtividade (BALIGAR, 2001).
Na Tabela 13 observam-se os teores dos micronutrientes analisados, elementos
estes que a planta precisa em menor quantidade para seu desenvolvimento, porém
necessários durante seu ciclo.

Tabela 13 - Médias, desvio padrão, mediana, máximo e mínimo para os


micronutrientes nos tecidos foliares de lúpulo em pleno
florescimento e formação de cones
Tratamentos Variáveis analisadas
B Cu Fe
-1 -1 -1
(mg kg ) (mg kg ) (mg kg )
ab
Solo arenoso 53,88 (11,47) 6,33 (0,57) 257 (24,97)
59,83 (40,65-61,14) 6 (6-7) 265 (229-277)

b
Solo médio 42,95 (1,98) 6.66 (2,08) 221 (14,64)
41,80 (41,80-45,24) 6 (5-9) 224 (206-235)

a
Solo argiloso 62,35 (4,71) 5,33 (0,58) 224 (16,17)
61,14 (58,36-67,54) 5 (5-6) 227 (207-239)
75

*
Valor P. 0,045 0,467 0,115
C. V(%) 13,66 21,12 8,17
Mn Zn
-1 -1
(mg kg ) (mg kg )
a
Solo arenoso 221,33 (67,89) 85,0 (16,09)
234 (148-282) 83(70-102)

b
Solo médio 85 (23,51) 80,66 (11,50)
84 (62-109) 81 (69-92)

a
Solo argiloso 197 (20,95) 95,33 (13,50)
202 (174-215) 95 (82-109)
*
Valor P. 0,0178 0,458
CV(%) 25,75 15,89

Para os micronutrientes houve diferença estatisticamente significativas apenas


em relação aos teores de boro e manganês. Sendo que as plantas cultivadas em
solo argiloso e arenoso obtiveram maior absorção desses elementos.
A seguir são avaliadas as concentrações dos nutrientes e suas possíveis
implicações:

Fósforo (P)
O fósforo foi aplicado na adubação de plantio, o qual teve maior absorção pelas
plantas cultivadas em solo arenoso (Figura 12), com diferença estatística
significativa em relação ao teor de absorção do solo de textura média. Isso se deve
ao fato da maior disponibilidade desse nutriente já existente no solo arenoso. O P é
um elemento que possui alta capacidade de adsorção pelo solo e baixa solubilidade.
A situação de adsorção no solo muda com o tempo, ficando menos solúvel,
diminuído a eficiência do mesmo para as plantas (RAIJ, 2017).
76

Figura 12 – Absorção de Fósforo (P) pelos tecidos foliares do lúpulo

2,07a
2.0

1,73ab
Fósforo Absorvido (g kg-1)

1,49b
1.5

1.0

0.5

0.0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura

Potássio (K)
O potássio e nitrogênio foram aplicados em parcelas e o solo arenoso
proporcionou maior absorção pela planta. O K é um elemento absorvido do solo na
forma K+ pelas plantas, sendo muito parecido com o fósforo, por depender da
difusão para chegar na superfície das raízes, porém os sais de potássio possuem
alta solubilidade e tem maior mobilidade quando comparado ao P,
consequentemente provoca o rápido esgotamento pela planta (Raij, 1991).
A Figura 13 ilustra a absorção de potássio pelas folhas de lúpulo nos diferentes
tipos de solos. As plantas cultivadas em solo arenoso presentaram maior
aproveitamento desse nutriente.
77

Figura 13 – Absorção de Potássio (K) pelos tecidos foliares do lúpulo

20,8 a
20

Potássio Absorvido (g kg-1)


15,67 b
15 14,03 b

10

0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso

Textura

A disponibilidade do K para a planta está relacionada principalmente com o teor


de umidade do solo, pois necessita da água para movimentação por difusão, sendo
que a falta de drenagem, compactação e baixas temperatura reduz a absorção do K
pelas raízes. No entanto, solo com alta capacidade de trocas de cátions (CTC)
possui maior capacidade de suprimento e armazenamento de K para as plantas
(LOPES, 1998)
As plantas cultivadas em solo arenoso tiveram maior acumulo do nutriente nos
tecidos foliares, o qual não refletiu na produtividade. Devido a essa maior absorção
de K juntamente com alto acúmulo de Mn nos tecidos foliares, pode ter a
possibilidade da ocorrência de sinergismo entre esses elementos. Afonso et al.,
(2020) observaram a mesma relação em uma plantação de lúpulo em diferentes
solos, pois a medida que aumentou a absorção de K, também elevou a de Mn nas
plantas.

Magnésio (Mg)
O Magnésio atua na formação da clorofila sendo um elemento essencial para a
estrutura do cloroplasto, constituindo-se em fator limitante na produtividade das
plantas, e sua eficiência em absorção não depende somente do conteúdo do
elemento no solo, mas também do antagonismo nas plantas e outros íons (YAN;
HOU, 2018).
78

Li Yan et al. (2001) avaliram a deficiência de Mg na realização de fotossítese no


cultivo de longan, planta frutífera nativa da china e da tailândia, e atualmente
cultivada em alguns pomares no Brasil. Os autores observaram que a deficiência
diminui a capacidade de absorção de luz e portanto de carboxilação. Na Figura 14
observa-se que as plantas cultivadas em solo de textura média e argiloso
apresentaram maior disponibilidade de Mg quando comparados aos do solo de
textura arenosa. Isso esta de acordo com o observado em termos de produção, visto
que as maiores produções, em g/planta, foram observadas nos dois tipos de solo,
quando comparados ao solo arenoso.
Vários são os fatores que interferem na absorção de Mg, no entanto a resposta
pode estar relacionada com a disponibilidade de água e textura do solo. A
deficiência de magnésio nas plantas pode ser decorrente da baixa disponibilidade no
solo, em consequência da lixiviação principalmente em solos arenosos e ácidos (XIE
et al., 2020).

Figura 14 – Absorção de Magnésio (Mg) pelos tecidos foliares do lúpulo

20
Magnésio Absorvido (g kg-1)

15
13,97
12,30

10

6,37

0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
Textura

Enxofre (S)
Segundo Raij (2017), os solos arenosos geralmente exigem maiores quantidade
na aplicação de enxofre, devido à suscetibilidade de perdas por lixiviação. Na Figura
15 evidencia-se a menor absorção de enxofre pelo lúpulo em plantas cultivadas em
solo arenoso. O solo argiloso teve melhor absorção do nutriente, resultado esse que
pode estar relacionado com a maior capacidade de retenção de água no solo.
79

Figura 15 – Absorção de Enxofre (S) pelos tecidos foliares do lúpulo

1.4
1,29 a 1,32 a

1.2 1,13 b

Enxofre Absorvido (g kg-1)


1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso

Textura

Boro (B)

A disponibilidade de boro para as plantas é afetada principalmente pelo pH do


solo, textura, matéria orgânica, mineralogia da argila e temperatura (GOLDBERG
1997). A Figura 16 ilustra a absorção de B para as plantas cultivadas em diferentes
texturas de solo.

Figura 16 – Absorção de Boro (B) pelos tecidos foliares do lúpulo

61,14 a
60
53,88 ab
50
Boro Absorvido (mg kg-1)

41,80 b
40

30

20

10

0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso

Textura

Observa-se alto teor de boro e variabilidade entre tratamentos, isso se deve ao


fato do nutriente ter baixa mobilidade e pela realização de adubação foliar nas
80

plantas com H3BO3 (0,1%). Mesmo respeitado o tempo de carência de coleta das
folhas para análise, pode ser que houve intereferência do tempo quanto ao teor de
boro nos tecidos.

Manganês (Mn)
O Manganês é um elemento essencial para o crescimento das plantas,
desempenha atividade importante na decomposição da matéria orgânica e reação
redox (BERG et al., 2007)
A disponibilidade de Manganês para as plantas depende do tipo de solo, pH,
umidade, temperatura e matéria organica (LU et al., 2020). A alta disponibilidade de
Mn para as plantas pode inibir o crescimento e desenvolvimento causando toxidade
(YANG et al., 2008). Os sintomas de toxicidade de Mn em plantas podem variar de
níveis nos tecidos foliares que variam de 200 mg kg-1 a mais 5000 mg kg-1 em
plantas tolerantes (WEIL E BRADY 2017).
Na Figura (17) consta que a maior absorção de Mn nas plantas cultivadas foi
observada em solo arenoso, comparando com os demais tipos de solo, fato esse
que pode ter contribuido com a baixa produtividade e desenvolvimento do lúpulo
nesse solo, como mostra a Tabela 6, referente à produtividade da planta.

Figura 17 – Absorção de Manganês (Mn) pelos tecidos foliares do lúpulo

221,33 a

200 197 a
Manganês Absorvido (mg kg-1)

150

100
85 b

50

0
Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso

Textura

Foi observado que, perante os três cultivos, o ciclo das plantas de solo arenoso
foi menor do que os demais, pois a mesma apresentou nescessidade de entrar em
81

senescência, visivelmente diminuiu drasticamente a floração e a parte aérea reduziu


a área foliar. Além de baixo rendimento, porém as plantas apresentaram maior
absorção de Mn. São sinais de toxicidade do Mn nas plantas a redução da biomassa
e senescência foliar precoce por meio de distúrbios bioquímicos e danos ao sistema
fotossintético (MILLALEO et al., 2019 apud AFONSO et al., 2020). Afonso et al.
(2020) relataram, avaliando a relação dos atributos do solo em cultivos de lúpulo, a
ocorrência de toxidez nas concentrações foliares de Mn acima de 200 mg kg-1, pois
resultaram plantas de baixo vigor. Dessa forma, isso pode ter ocorrido durante o
presente trabalho.

4.6 Produtividade, Lâmina de irrigação e Eficiência do uso da água

Nas Figuras 18 e 19 são evidenciadas as lâminas de irrigação aplicadas em cada


fase da cultura e a total durante todo o ciclo. As plantas do solo arenoso tiveram
maior consumo na fase inicial e de crescimento rápido, diminuindo o consumo nas
últimas duas fases. No entanto, foi observado que as plantas do solo arenoso
aceleraram seu desenvolvimento em relação as plantas cultivadas nos demais solos,
reduzindo sua produtividade na fase de crescimento médio e final e
consequentemente diminuindo a absorção de água.
Devido às altas temperaturas dentro do ambiente protegido (Figura 7), não
recomendado para a cultura do lúpulo, e sendo o solo arenoso com maior tendência
de proporcionar maior fluxo de água e aeração, essas plantas responderam com
maior intensidade ao estresse térmico, com a tendência de acelerar seu ciclo.
As plantas mesófitas, que requerem solos úmidos, sobrevivem em amplitude
térmica estreita, mais ou menos 10 °C para que ocorra crescimento e
desenvolvimento ótimo, caso contrário, acontecerão danos que vão depender da
intensidade, flutuação térmica e duração do estresse (TAIZ; ZEIGER, 2013).
O lúpulo, no entanto, foi considerado uma planta anidra, devido a um grande
potencial hídrico diário, sem controle quanto a este. Sendo assim, a planta diminui a
transpiração quando reduz o teor de água no solo (KOLENC et al., 2014; NAGLIC;
CUEJIC, 2017).
Na Figura 18 e 19 são mostradas as lâminas de irrigação para as diferentes fases
da cultura e as lâminas totais respectivamente, das três texturas de solo.
82

Figura 18 – Lâmina de irrigação aplicada nas três texturas de solo durante o


experimento para as fases inicial (I), crescimento rápido (CR),
crescimento médio (CM) e final (F) do lúpulo

879,04
832,17
900

722,74
800

700
Lâmina de irrigação (mm)

600

500
334,78
289,17
291,40
400

300
113,93
100,23
86,85

200

84,29
78,81
75,79
100

0
FCI FCR FCM FF

Fases
Solo arenoso Solo Médio Solo argiloso

Figura 19 – Lâminas de irrigação totais para as três texturas de solo no cultivo


do lúpulo

1400 1347,25
1294,71
1247,23
1200
Lâmina de irrigação total (mm)

1000

800

600

400

200

0
L. Solo Arenoso L.solo médio L. Solo Argiloso

Solos

As plantas cultivadas em solo argiloso mostraram maior eficiência do uso da


água (EUA) com relação as demais, alcançando 0,457 kg ha-¹mm-1 de EUA, o qual
consumiu uma lâmina de 1.294,71 mm, e produtividade 59,28 g/planta. Logo em
seguido o solo de textura média e arenoso atingiram a EUA de 0,264 e 0,305 kg ha-
¹mm-1, os quais receberam lâminas de 1.347,25 e 1.247,23 mm atingindo
83

produtividade de 38,02 e 36,97 g/planta, respectivamente, resultado esses pode


estar relacionada com o estresse térmico, ocasionando baixa produtividade.
Graf et al. (2019), avaliando o consumo de água do lúpulo da variedade Herkules,
cultivada em solo arenoso, com o método baseado na transpiração determinada por
medições de trocas gasosas, observaram que o consumo diário chegou a ser
superior a 50 litros por planta em uma área de 5 m2, ou seja, 10 L /m², sendo que o
espaçamento entre plantas era de 1,6 x 3,2 m. Este resultado mostra que a lâmina
de irrigação está em torno de 10 mm, valor próximo ao encontrado neste trabalho,
em torno de 8 mm.
Mozny et al. (2009) relacionaram as mudanças climáticas progressivas com a
diminuição de alfa ácidos no lúpulo, deixando entender que a cultura é vulnerável a
essas alterações, indicando serem necessários estudos detalhado que determinem
a necessidade hídrica, faixa de temperatura ideal para cada fase, tipo de solo e
variedade, levando em consideração a localização de implantação, altitude e clima
para definir o manejo de forma diferenciado.
Middleton (1963) descreve que o consumo de água depende mais da área foliar
da planta em crescimento do que do clima da região. Porém, essas mudanças
climáticas são fatores ambientais que vêm impactando considerávelmente no
desenvolvimento e produção agrícola.
Graf et al. (2016), em estudo realizado na Alemanha, no estado da Baviera,
afirmam que o excesso de água aplicado no lúpulo fez com que a planta atingisse
um consumo aproximadamente de 50 litros por dia, por planta, e indicam que o
manejo da irrigação via sensores de solo seria menos eficiente devido aos grandes
volumes do sistema radicular. O fato da planta ser anidra, com grande potencial de
absorção de água, e disponibilidade de água, faz com que o consumo seja grande,
porém é importante identificar o mínimo necessário para manter o desenvolvimento
da planta, produtividade e qualidade dos cones conforme demanda de mercado.
84

4.7 Alfa ácido, beta ácido e HSI (Hop Storage Index) dos cones do lúpulo.

A análise para determinação dos ácidos e HSI (Hop Storage Index), que é uma
medida de degradação dos ácidos durante o processo de armazenamento, são
parâmetros de maior importância para a indústria cervejeira. Na Tabela 14 são
mostrados os valores desses parâmetros, em relação aos cones de lúpulo das
plantas cultivados nas diferentes texturas de solo.
As plantas cultivadas em solo de textura média apresentaram a maior
concentração de alfa-ácido. Para os parâmetros beta-ácidos e HSI, os valores são
próximos para as três texturas de solos.

Tabela 14- Concentração α ácido (%) β ácido (%) e HSI (Hop. Storage Index)
dos cones do lúpulo
Parâmetros Solo Arenoso Solo Médio Solo Argiloso
α ácido 3,4 4,0 3,6
β ácido 1,3 1,5 1,6
HSI (hop. Storage Index) 0,22 0,23 0,23
Fonte: Laboratório Tecden

Os lúpulos cultivados nos três tipos de solo, apesar da baixa produtividade,


comparando com a média dos produtores que é de 2 kg por planta, correspondem
as características de qualidade exigidas pelas indústrias com relação ao HSI.
Quanto menor o HSI, melhor a conservação do lúpulo. De acordo com Van Holle
(2017), quando os níveis de HSI for inferiores a 0,30, há a indicação de que se trata
de lúpulo de boa qualidade.
Analisando o teor de alfa ácido, o valor ainda está abaixo do esperado para a
variedade Cascade, que é de 4,5 a 7%, o qual pertence ao grupo dos lúpulos
aromáticos. Esse valor, inferior ao referenciado pela literatura, já era esperado
devido ser o primeiro ano de cultivo, pois a planta é considerada apta para a
produção na sua fase adulta, a partir do terceiro ano (DODDS, 2017).
De toda a composição do lúpulo, o que interessa à indústria são os alfa ácidos,
beta ácido e óleos essenciais numa concentração de 2 a 16%, 2 a 10% e 0,5 a
2,0%, respectivamente (SENAI, 2014).
A quantidade de alfa ácido e beta ácido varia conforme alguns fatores como tipo
de cultivar, fatores climáticos do local, técnica de cultivo, condições de secagem e
85

armazenamento (VERZELE et al., 1991). A variedade Cascade possui caráter cítrico


picante, os teores de alfa e beta ácidos são entre 4,5 a 7%, sendo que essas
características que propicia o diferencial no sabor e na preferência do consumidor
(SPÓSITO et al., 2019).
No entanto, nas condições de cultivo, principalmente das altas temperatura e
umidade do ar ambiente, as plantas podem ter apresentado sintomas de estresse
térmico, por não estarem em condições climáticas exigidas para seu
desenvolvimento. Isso pode ter interferido nos teores de alfa e beta ácido
encontrados nas amostras. Srecec et al. (2008), em um estudo para analisar alfa
ácido do lúpulo, relataram que a quantidade da substância diminuiu a medida que a
planta sofreu estresse hídrico na época de floração e formação de cones, devido às
altas temperaturas.
Sendo assim, mesmo em condições de possível estresse térmico, os teores de
alfa ácidos estão próximos ao valor mínimo requerido pelo mercado.

4.8 Atributos dos solos após o cultivo do lúpulo

Os atributos do solo como, pH, matéria orgânica (MO) e os teores de nutrientes


disponíveis influenciam diretamente no desenvolvimento da planta e na
produtividade. Na tabela 15 e 16 pode-se observar esses atributos após o cultivo do
lúpulo.

Tabela 15 - Atributos do solo (S) arenoso, médio e argiloso após o cultivo do


lúpulo
Trat pH MO P H+Al K Ca Mg SB CTC V%
3 3 3
g/dm mg/dm ---------------mmolc/dm ---------------
S.Arenoso 5,6 18 256 21 8,76 29 6 44 64 68
S. Médio 6,2 32 76 26 4,09 47 26 77 103 75
S.Argiloso 5,9 22 52 24 4,40 29 28 76 100 76
Fonte: Laboratório de física de solo e Laboratório de fertilidade do solo, FCA, UNESP
86

Tabela 16 - Micronutrientes do solo (S) arenoso, médio e argiloso após o


cultivo do lúpulo
Trat B Cu Fe Mn Zn
3
-------------------------mg dm -------------------------

S.Arenoso 0,48 2,0 32 13,8 6,4


S. Médio 0,37 0,7 17 1,0 0,9
S.Argiloso 0,28 2,1 8 5,2 0,6
Fonte: Laboratório de física de solo e Laboratório de fertilidade do solo, FCA, UNESP

O solo arenoso mostra maior concentração de Mn e Fe, sendo que as plantas


cultivadas desse solo obtiveram menor produtividade e acúmulo de massa seca que
o solo argiloso. Afonso et al (2020), com objetivo de relacionar as propriedades do
solo com vigor e produtividades do lúpulo, observaram que os solo que continham
níveis excessivos de Mn e Fe foram predominantemente associados às plantas com
baixo vigor e as cultivadas em solo ácidos influenciou negativamente no
crescimento. Isso foi observado no presente trabalho.
87

5 CONCLUSÕES

A textura do solo influenciou consideravelmente quanto ao processo de


Evapotranspiração da cultura do lúpulo e, consequentemente, as diferenças de
demanda hídrica entre as fases fenológicas das plantas e no coeficiente de cultivo.
A cultura do lúpulo, nas condições climáticas do local do experimento, apresentou
comportamentos fenológicos diferentes das regiões produtoras, principalmente pelo
fato das plantas não terem entrado em senescência. Apesar deste trabalho utilizar
as fases fenológicas preconizadas pela FAO, as plantas continuaram a consumir
água no período em que era prevista a senescência das plantas.
O solo argiloso alcançou melhor produtividade e eficiência do uso da água. No
entanto, é evidente a necessidade de manejo da irrigação diferenciado para cada
textura, em vista da dinâmica da água no solo.
Apesar de ser o primeiro ciclo da cultura, as plantas apresentaram teores de alfa
ácido próximo ao esperado e teores de beta ácido e valor de HSI dentro dos
parâmetros exigido pela indústria cervejeira.
A absorção de nutrientes está relacionada com a textura e consequentemente
com umidade e retenção da água no solo, sendo necessários estudos detalhados da
necessidade nutricional do lúpulo para diferentes características de solo.
O manejo da irrigação e monitoramento climático são fatores de grande
importância para manter a planta em condições favoráveis ao seu desenvolvimento.
Em média, durante os 159 dias de cultivo do lúpulo, da variedade Cascade, em
ambiente protegido, foram utilizadas em média lâminas diárias de 8,47; 8,11 e 7,84
mm para os solos de textura média, argiloso e arenoso, respectivamente.
A produtividade foi maior no solo de textura argilosa em termos de 37,7%
superior em relação ao de menor produção, o solo arenoso.
Dessa forma, pelos teores de alfa e beta ácidos, pelas condições de estresse
térmico presentes durante o experimento, e demais desafios durante o período, é
possível afirmar que as plantas da variedade analisada suportaram o ambiente que
lhes foram impostas e houve produtividade apesar de serem plantas do primeiro
ano. Além disso, clima e solo são determinantes para identificação de manejo e
possivelmente produtividade.
88

Sendo assim, evidencia-se que de fato a planta de lúpulo possui grande


demanda hídrica, comparada as cultura de cana, café, milho e outras de manejo
conhecido no Brasil.
Do presente estudo, além das conclusões citadas acima, evidencia-se que os
estudos relacionados ao cultivo do lúpulo no Brasil estão em desenvolvimento,
havendo muito a ser explorado para compor um referencial de cultivo e
necessidades agronômicas da cultura.
89

6 OBSERVAÇÕES: CONTROLE DA INCIDÊNCIAS DE PRAGAS NO CULTIVO


IRRIGADO DE LÚPULO EM AMBIENTE PROTEGIDO

O setor agrícola nacional, recentemente, mostrou interesse por pesquisa


relacionado ao manejo adequado para o cultivo do lúpulo em diversas sub-áreas
dentro da agronomia, sendo o controle de pragas um fator importante a ser
estudado. Até o momento, as ferramentas disponíveis para o controle são os
métodos naturais e biológicos.
No entanto, em culturas agrícolas, a ocorrência de insetos é influenciada por
fatores meteorológicos como a temperatura, precipitação, insolação e umidade
relativa do ar (GHINI et al., 2011), fatores estes dificeis de serem controlados,
principalmente para cultivos em campo e ambientes protegidos. Portanto, durante o
cultivo foram realizadas observações sobre incidência e manejo de pragas na cultura
do lúpulo no ambiente protegido, com o intuito de divulgar as condições
experimentais e informações que possam ser úteis à comunidade científica e rural.
Abaixo seguem os tipos de pragas presentes e manejos desenvolvidos ao longo
do período experimental.

Lagarta rosca (Agrotis ipsilon): A lagarta apareceu no estágio de pleno


desenvolvimento da cultura. As mais novas, na maioria das vezes, foram
encontradas na área foliar onde se encontrava o caule mais fino e macio. Já as
lagartas mais velhas desciam para se alimentar do caule próximo ao solo e ou até
mesmo das raízes superficiais, danificando e comprometendo a produção de cones.
A lagarta rosca é proveniente de maripousas, com grande capacidade de postura
de ovos, tem coloração parda acinzentado escuro e pode atingir o tamanho de 45
mm. Seu hábito é noturno, cortando as plântulas rente ao solo, e durante o dia
abriga-se na superfície do solo (GALLO et al., 2002).

Pulgão (Rhopalosiphum rufiabdominale): O ataque de pulgão no lúpulo ocorreu


na fase inicial de desenvolvimento da planta, observando-se a proliferação do
pulgão de cor verde Myzus persicae. Os pulgões são insetos muito pequenos que
variam da coloração amarelo-claro a verde escuro; sua proliferação é muito rápida e
geralmente ataca brotos e folhas novas das plantas (GALLO et al., 2002). Por se
alimentarem da seiva, ocasionam enfraquecimento e queda de produção. Além de
90

injetar uma toxina no vegetal durante a alimentação, ainda funcionam como vetor de
vírus para mais de cem espécies de plantas (RAJABASKAR et al. 2013).

Ácaro rajado (Tetranyus urticae) - Ocorreu maior proliferação em época de


menor umidade relativa do ar e maior temperatura dentro da casa de vegetação. O
ácaro rajado varia da coloração verde amarelado a verde escura, vive na parte
inferior das folhas em grande número e tecem teias para sua proteção; além da
temperatura e umidade, fertilizantes nitrogenados propicia a proliferação (GALLO et
al., 2002).
Os ataques severos de ácaros podem causar a seca e queda prematura das
folhas, diminuindo a área foliar, afetando o desenvolvimento, a produtividade e
podendo causar até mesmo a morte da planta (BACCI et al., 2007).

Cochonilhas (Dactylopius coccus): Os ataques ocorreram na fase de pleno


desenvolvimento da planta. Algumas espécies de cochonilhas especialmente das
famílias Coccidae, Diaspididae e Pseudococcidae estão entre as principais pragas
que infestam plantas cultivadas em estufas (PILLAI, 2016). É um tipo de inseto que
causa prejuízo na cultura devido a sucção da seiva, onde pode liberar uma secreção
com açúcar aparecimento de fungos, no qual atrapalha a realização da fotossíntese.
Consequentemente esse processo acaba alimentado as formigas, no qual protege a
população de cochonilha. No lúpulo o aparecimento da cochonilha ocorreu na fase
inicial da cultura. Na figura 22 estão ilustradas as pragas encontradas durante o ciclo
do lúpulo.
91

Figura 20 – Pragas encontradas durante o cultivo

Fotos: Sousa (2021)

As pragas são responsáveis por grande parte da perda de diversos produtos


agrícolas, na maioria das vezes são controladas por produtos químicos, os
defensivos agrícolas, que para serem utilizados é necessario o registro e liberação
para determinada cultura. No Brasil não se encontram produtos liberados para a
utilização na cultura do lúpulo, sendo assim, as alternativas para o produtor, até o
momento, são medidas preventivas, controle cultural, biológico e orgânico natural.
Os controles culturais que podem ser aplicados para o cultivo do lúpulo são:
aração do solo, destruição dos restos culturais atacados por pragas, poda, desbaste
e uso de culturas que servem de armadilhas. O controle biológico pode ser adotado
com o uso de insetos, como por exemplo a joaninha, que é predadora de pulgões e
cochonilhas.
O manejo correto e o sistema de irrigação por gotejamento serviu como um
controle e medidas para evitar algumas incidências de pragas, considerando que a
planta recebeu a quantidade de água necessária para seu desenvolvimento e que foi
molhado apenas o sistema radicular da cultura.
92

O óleo de Neen, inseticida orgânico natural, foi o produto mais utilizado para
combater as pragas durante o cultivo do lúpulo. Este óleo é considerado um
inseticida natural no controle de pulgões, cochonilhas, lagartas, ácaros, entre outras.
Como fungicida orgânico, foi utilizada a calda bordalesa que é a base de sulfato
de cobre e cal virgem diluidos em água. Vale ressaltar que esses produtos utilizados
apresentaram repostas positivas como preventivos no início da incidência das
pragas.
93

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