Capitulo 3
Capitulo 3
Capitulo 3
1 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
primeiro termo – meio ambiente – fosse utilizado, certamente não importaria o seu
estado de conservação, se equilibrado, desequilibrado, excelente ou péssimo.
O que realmente importaria seria o direito a ele, não importando sua
qualidade/condição. Assim, o direito garantido é ao meio ambiente em total
equilíbrio ecológico, obviamente, mais benéfico à vida humana.
Meio ambiente é o conjunto de todas as coisas, vivas ou não, que ocorrem na
Terra ou em determinada região dela, as quais afetam direta e indiretamente os
ecossistemas e a vida dos humanos. Todavia, como já visto, a CF/88 determina ser
ele em seu estado máximo de equilíbrio um direito de todos, pois somente em tal
estado é que este poderá proporcionar sadia qualidade de vida às pessoas.
A expressão qualidade de vida, em tempos recentes, foi empregada pela
primeira vez pelo presidente dos Estados Unidos Lyndon Johnson, em 1964. O termo
pode ser compreendido como o estado existencial proporcionado por todos os
fatores que envolvam a vida e que sobre ela incidam, modificando-a de diversas
formas. Em suma, é a forma de se viver. Quanto melhor se vive, maior a qualidade e
vice-versa.
Afirmando ser o meio ambiente ecologicamente equilibrado um direito de
todos e um bem essencial à sadia qualidade de vida, a Constituição assume uma
posição interessante no que diz respeito ao tema.
O texto constitucional não tem o intuito de instituir uma dualidade existencial
entre meio ambiente e meio ambiente ecologicamente equilibrado, mas sim
determinar que o meio ambiente em si deva ser equilibrado, sendo este equilíbrio
seu estado natural e esperado e, por sua vez o desequilíbrio como seu estado
patológico.
Tal equilíbrio provém da qualidade ambiental original, ou seja, aquele meio
ambiente em seu estado inicial, sem a intervenção degenerativa do homem. O
desequilíbrio é considerado uma consequência da atuação humana.
A preservação e defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado, como
determina o artigo em questão, é atribuída tanto ao Poder Público quanto à
coletividade. Em outras palavras, todos, tanto Estado quanto populares, devem zelar
pela qualidade ambiental e, se necessário, defendê-la.
O Poder Público, na busca pela defesa e preservação ambiental, deve atuar em
todos os seus âmbitos (Executivo, Legislativo e Judiciário) e níveis (Federal, Estadual,
Distrital e Municipal):
Por meio do Poder Legislativo a atuação deverá se pautar pela
regulamentação social e desenvolvimento de diplomas legais – leis – que possam, de
forma não somente teórica, mas sim efetivamente prática, garantir o direito de
todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, perseguindo, através do
controle social, meios inibitórios frente a possíveis lesões e danos ambientais,
desenvolvendo também instrumentos que punam – se necessário – ações ou
omissões que causem danos ambientais.
Ao Poder Executivo são atribuídas inúmeras funções no âmbito da execução
das determinações legais, idealizando políticas e programas de ação, administrando
a máquina pública e governando a sociedade.
Neste sentido, a defesa e busca pela prevenção ambiental deve ser garantida
por múltiplos caminhos, como, por exemplo, através do desenvolvimento de
programas de fiscalização e policiamento de atividades e por meio da construção de
empreendimentos que melhor traduzam o equilíbrio ambiental em benefícios
garantidores da sadia qualidade de vida, além de implementar, de forma prática,
ferramentas e programas de proteção ambiental que as leis determinem.
Finalmente, o Poder Judiciário é responsável pela interpretação das leis e
julgamento de fatos conflitantes com o ordenamento jurídico (conjunto de todas as
normas de nossa nação, como leis, decretos, resoluções, medidas provisória, etc),
aplicando sanções legalmente previstas a quem tenha violado preceitos legais.
Em matéria de defesa e preservação ambiental o Judiciário tem como função
garantir e defender, por meio da aplicação das leis, os direitos ambientais previstos
tanto na Constituição quanto em leis e demais normas. É dever do Judiciário, uma
vez provocado (solicitado a atuar), buscar a proteção de direitos e garantias,
aplicando tudo quanto esteja previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
Deve também o cidadão, parte integrante da coletividade, agir em defesa do
meio ambiente baseando-se no interesse comum. A participação popular no
governo pode ser desempenhada através da inclusão e participação comunitária no
processo de definição, implementação e avaliação de ações e políticas públicas.
Além disso, esta participação é uma forma de se estabelecer uma parceria
eficaz e capaz de gerar compromisso entre Poder Público e população, o que
garantirá melhores oportunidades, ideias, projetos e programas rumo ao
desenvolvimento sustentável.
O plebiscito, por exemplo, configura um importante instrumento de
participação popular nas decisões governamentais. Permite a realização de consulta
prévia sobre a implementação de determinada atividade, programa ou tomada de
decisão. Assim, pode-se consultar a vontade e a opinião pública acerca de
determinado assunto antes mesmo de se decidir sobre ele.
Outro elemento que dá instrumentalidade ao poder–dever de defesa e
preservação ambiental por parte da coletividade são as audiências públicas. Sua
finalidade principal é tornar de conhecimento geral e discutir de forma ampla e
transparente, projetos, tanto públicos quanto privados, que possam causar
impactos negativos sobre o meio ambiente, cabendo aos participantes,
representantes do povo, a busca pela forma de ação menos gravosa ao meio
ambiente, uma vez que são partes legítimas para propor mudanças, ajustes ou até
mesmo se colocarem contra aquilo que se pretende.
O Art. 5º, inciso XXXV da atual Constituição garante que “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Neste sentido, sendo a
coletividade detentora do direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado,
qualquer do povo poderá recorrer ao Judiciário buscando resguardar este direito.
Tal direito de ação pode e deve ser exercido, como propriamente diz a CF/88,
não somente mediante fundada lesão, mas também nos casos onde existam ameaça
de lesão ambiental.
A ameaça de lesão ao meio ambiente ocorre antes da lesão em si e pode ser
observada por meio de indícios que apontem para a possibilidade de práticas e
ações futuras que possam causar impactos ambientais negativos, como, por
exemplo, quando uma determina indústria instala canos de despejo de efluentes
direcionados a um curso d’água próximo.
Mesmo não tendo ainda ocorrido a lesão em si, que se configuraria com o
efetivo lançamento dos elementos poluentes na água, a mera existência da estrutura
para despejo já configuraria a ameaça, tornando-se o fato passível de judicialização.
O Ministério Público é um importantíssimo órgão na defesa do meio
ambiente, sendo assim definido na CF/88:
2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;