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A história de Angola no século XIX é marcada por profundas
transformações políticas, sociais e econômicas. A chegada dos
europeus, a escravidão, o estabelecimento da colônia portuguesa e as resistências locais são aspectos fundamentais para entender essa fase.
Introdução
O século XIX em Angola foi um período de transição, no qual o país
experimentou a influência crescente de potências europeias, especialmente de Portugal. Embora a presença portuguesa em Angola datasse do século XVI, foi no século XIX que a colonização de fato se consolidou. Este período foi marcado pela escravidão, que perdurou até a abolição em 1878, e pelas diversas resistências locais contra o domínio europeu. Ao longo do século, Angola foi transformada de uma área de comércio de escravizados em uma colônia de exploração, com profundas consequências para as populações autóctones.
Desenvolvimento
1. O Comércio de Escravizados
Até meados do século XIX, o tráfico de escravizados foi uma das
principais atividades econômicas em Angola. Os portugueses, juntamente com traficantes de outras nacionalidades, dominaram este comércio, que abastecia as plantações nas Américas e no Caribe. Angola, especialmente as regiões de Cabinda, o Zaire e o Congo, foi uma das maiores fontes de escravizados para o Novo Mundo.
A resistência à escravidão não foi uniforme. Em algumas áreas, como
no Reino do Ndongo, houve confrontos prolongados contra os portugueses e seus aliados. 2. A Abolição da Escravatura e os Movimentos de Resistência
A abolição do tráfico transatlântico de escravizados em 1836 e a
emancipação formal dos escravizados em 1878 mudaram a dinâmica econômica e social da colônia. Contudo, a prática de trabalho forçado continuou em diversas formas.
A resistência das populações autóctones foi constante. Movimentos
como o do Reino do Kongo e as revoltas em Mbanza Congo foram algumas das formas de resistência ao domínio português.
3. A Consolidação da Colônia Portuguesa
Ao longo do século XIX, a presença portuguesa em Angola se
expandiu, especialmente com o controle das zonas costeiras e da região central do território. O estabelecimento da colônia de Angola ocorreu formalmente após 1850, quando as autoridades portuguesas começaram a implementar um sistema de administração colonial mais eficiente.
A ocupação do interior e o enfrentamento de resistências locais foram
desafios constantes, com destaque para as guerras contra os Muçulmanos no litoral e os confrontos com reinos locais como o Reino de Matamba e o Reino do Bailundo.
4. A Expansão da Economia Colonial
O cultivo de café, açúcar e algodão tornou-se a principal base
econômica no final do século XIX. O uso de trabalho forçado nas plantações e na construção de infraestrutura colonial foi um dos pilares desse sistema.
As ferrovias e a expansão do comércio de minerais, como diamantes
e cobre, também foram importantes fatores que ajudaram a integrar Angola ao mercado global.
5. A Formação de Identidade Colonial
Durante este período, começaram a se formar as primeiras
manifestações de uma identidade angolana, embora sob uma forte imposição cultural e política do colonizador. Os angolanos foram sujeitos a uma educação e uma religião predominantemente europeias, com impacto nas suas formas de organização social e política.
Conclusão
O século XIX foi decisivo para a constituição de Angola como uma
colônia portuguesa. Apesar das diversas resistências e lutas pela preservação da autonomia, o domínio português se consolidou, mas não sem resistência e adversidade. A abolição da escravatura e o estabelecimento de uma economia colonial, baseada em trabalho forçado e exploração de recursos naturais, marcaram profundamente a história do país. As raízes das lutas anticoloniais e da construção de uma identidade nacional também começaram a ser forjadas nesse período.
Bibliografia Caetano, Jorge. História de Angola. Lisboa: Editorial Caminho, 2007.
Melo, Maria Teresa. Angola no Século XIX: História e Memória. Luanda:
Edições União dos Escritores Angolanos, 2013.
Pereira, Ana Isabel. A História de Angola no Contexto Colonial: O
século XIX. Porto: Universidade do Porto, 2010.
Rodrigues, José. A Colônia de Angola: Da Escravatura ao Trabalho
Forçado. São Paulo: Editora Pioneira, 2005.
Ferreira, Manuel. Angola e a Abolição da Escravatura: Conflitos e
Resistências no Século XIX. Lisboa: Edições 70, 2002.
Essas fontes fornecem uma base sólida para entender os principais
eventos e dinâmicas do século XIX em Angola, abordando a história política, econômica e social da colônia portuguesa nesse período.