Resumo Sociologia

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE HUMANIDADES

MESTRADO EM LÍNGUA PORTUGUESA

Resumo dos temas analisados nas aulas de sociologia da linguagem

Sociologia da linguagem ou sociolinguística, Linguagem, sociedade e


cultura, mitos na linguagem e suas funções, papel da sociologia da linguagem,

Trabalho apresentado como um dos


requisitos para obtenção de avaliação do
módulo de sociologia da linguagem sob
orientação da PHD Pita Grós Mateus da
Silva.

Mestranda:

Cecília Simba Lubota

Docente:

Pita Grós Mateus da Silva, Ph.D.

Luanda, 2024
EPÍGRAFE

“Quem diz homem diz linguagem; quem diz linguagem diz sociedade. ” – C. Lévi-
Strauss (1909 – 2009)

II
DEDICATÓRIA

A todos os nossos colegas que residem além das fronteiras de Luanda.

III
AGRADECIMENTOS

A Deus todo poderoso, pela saúde, força e coragem que me tem concedido.

À Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto, pelo ambiente


académico-científico que nos tem proporcionado através do presente curso de Mestrado;

Aos nossos colegas, com os quais discutimos vários assuntos atinentes ao


referido módulo, contribuindo sobremaneira para o nosso conhecimento.

IV
ÍNDICE
EPÍGRAFE .......................................................................................................... II

DEDICATÓRIA ................................................................................................ III

0. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6

0.1. Sociologia da linguagem ou sociolinguistica ..................................... 7

0.2. História e Origem .......................................................................................8

0.3. Conceitos e métodos ..................................................................................9

0.4. O papel da sociologia da linguagem .......................................................... 10

0.5. A problemática do objecto de estudo da sociologia da linguagem ............. 11

1. Linguagem, sociedade e cultura ....................................................................... 12

1.1. Mitos na linguagem e suas funções .......................................................... 13

CONCLUSÕES ........................................................................................................ 14

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 15

V
Introdução

Neste presente trabalho, apresentaremos um panorama dos estudos da


língua como um fato social; na qual, faremos resumo de alguns temas
pertinentes analisados em sala de aulas. Começaremos as nossas reflexões sobre
a problemática dos termos sociologia da linguagem ou sociolinguística, veremos
a origem e, história, conceitos e métodos das mesmas.

Em seguida, procuraremos compreender o papel da sociologia da


linguagem e identificarmos a problemática do objeto de estudo da sociologia da
linguagem. E por último estabelecermos a relação entre a linguagem, sociedade
e cultura, descrevendo assim as funções dos mitos na linguagem.

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Sociologia da linguagem ou sociolinguística

Para compreendermos melhor esta temática olhemos para os conceitos:

A Sociologia é a ciência que estuda a realidade social, ou seja, as relações e


comportamentos que os indivíduos estabelecem entre si. Ela é uma ciência social, pois
ela não tem como objeto de estudo o comportamento individual, mas sim os
comportamentos sociais, ou seja, comuns à sociedade em geral.

A Sociologia dedica-se ao estudo dos grupos sociais (conjunto de indivíduos que


convivem agrupados em diversos tipos de associações), analisa as formas internas de
organização, as relações que os sujeitos mantêm entre si e com o sistema e o grau de
coesão existente na estrutura social.

Segundo Bechara, entende-se por linguagem qualquer sistema de signos


simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias,
sentimentos, isto é, conteúdos da consciência.

Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana com base em


observações e teorias que possibilitam a compreensão da evolução das línguas e
desdobramentos dos diferentes idiomas.

Partindo dos conceitos apresentados, é possível compreender que os dois termos


estão ligados a uma mesma disciplina. Pois os seus estudos resultam da relação entre a
língua e a sociedade, concentrando-se em especial na variabilidade social da língua.
Pese embora, não haja consenso entre alguns autores sobre a interligação das mesmas.
Podemos aqui afirmar que as duas designações embora tenham surgido em épocas
diferentes elas estão interligadas, uma mais restrita e outra mais abrangente,

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História e origem

Para entender melhor os pressupostos teóricos da Sociolinguística, vamos


inicialmente contextualizar, em termos gerais, os estudos da linguagem no século XX.
Começamos falando do linguista suíço Ferdinand de Saussure e do linguista americano
Noam Chomsky.

A atribuição de estatuto científico à linguística costuma ser creditada a


Saussure, no início do século XX. De fato, com seu Curso de linguística geral, Saussure
inaugura a linguística moderna, delimitando e definindo seu objeto de estudo,
estabelecendo seus princípios gerais e seu método de abordagem. Saussure é um marco
da corrente linguística denominada estruturalismo, segundo a qual a língua (i) é tomada
em si mesma, separada de fatores externos; é vista como uma estrutura autônoma,
valendo pelas relações de natureza essencialmente linguística que se estabelecem entre
seus elementos. Ou seja, para Saussure, a linguística tem por único e verdadeiro objeto a
língua considerada em si mesma e por si mesma. O linguista francês Meillet (1866-
1936) e dos linguistas russos Marr (1865-1934) e Bakhtin (1895-1975). Antoine Meillet
enfatizava, em seus textos, o caráter social e evolutivo da língua. Segundo ele, “Por ser
a língua um fato social resulta que a linguística é uma ciência social, e o único elemento
variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança
social” (MEILLET, 1921 apud CALVET, 2002, p. 16). Como se pode notar nessa
citação, do ponto de vista de Meillet, toda e qualquer variação na língua é motivada
estritamente por fatores sociais.

Comparando brevemente as ideias de Meillet e de Saussure, podemos dizer que


(Saussure opõe linguística interna (aquela que se ocupa estritamente da língua) e
linguística externa (aquela que se ocupa das relações entre a língua e fatores
extralinguísticos), e Meillet as associa;

Saussure distingue abordagem sincrônica (estrutural) de abordagem diacrônica


(histórica), e Meillet as une. Portanto, enquanto Saussure elabora um modelo abstrato da
langue (sistema de signos), Meillet busca explicar a estrutura linguística por meio de
fatores históricos e sociais. .

Já na perspectiva da linguística soviética, encontramos, também no início do


século XX, posições marxistas acerca da língua. Inicialmente, o linguista Nicholas Marr
propunha que todas as línguas do mundo têm uma mesma origem; as línguas são

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instrumento de poder e refletem a luta de classes sociais; as línguas são parte de uma
superestrutura, passando por estágios de desenvolvimento de acordo com a base
econômica de diferentes sociedades, ou seja, os estágios das línguas corresponderiam
aos estágios da sociedade.

Foi no início do século XX que começaram a germinar as sementes que viriam


posteriormente depois de cerca de meio século de domínio de correntes estruturalistas –
a florescer e dar frutos no terreno fecundo da área de estudos da linguagem que ficou
conhecida como Sociolinguística. Assim é que, a partir da década de 1960, como
herança de Meillet, volta a ganhar força a noção de língua como fato social dinâmico,
cuja variação é explicada pela mudança social, por forças externas, portanto. E como
herança de Bakhtin se renova a perspectiva de que a língua é um fenômeno social cuja
natureza é ideológica.

Em suma, a Sociolinguística se ocupa de questões como variação e mudança


linguística, bilinguismo, contato linguístico, línguas minoritárias, política e
planejamento linguístico.

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Conceitos e métodos

Anteriormente, fizemos referência das duas abordagens teóricas de maior


projeção na linguística, pelo menos até a década de 1960, o estruturalismo e o
gerativismo. De fato, a concepção estruturalista de língua de Ferdinand de Saussure fez
muito no sentido de elevar a linguística à posição de campo científico pleno, com objeto
e método definidos. Chomsky sofisticou ainda mais os objetivos dessa ciência ao propor
que a faculdade da linguagem é um componente universal e inato da espécie humana,
cujas regras poderiam ser descritas a partir da análise das construções gramaticais
(aceitáveis) de línguas diversas.

No entanto, tanto os estruturalistas quanto os gerativistas deixam de lado as


possíveis influências externas (históricas, sociais, ideológicas etc.) sobre a estrutura
linguística, assumindo uma perspectiva pela qual as regras e relações internas dos
componentes da gramática são suficientes para uma descrição adequada do objeto.
Ademais, de acordo com essas propostas, o sistema a ser descrito pela linguística era
um construto homogêneo, ou seja, não eram consideradas eventuais variações ou
influências típicas da fala sobre os elementos da língua.

Desse modo, a variabilidade (o fato de que pode haver mais que uma forma
expressando o mesmo significado), o valor social das formas linguísticas e o estudo
empírico das mudanças na língua ficavam excluídos da agenda.

Segundo Chomsky, e Labo, o objeto da linguística é uma comunidade de fala


abstrata, homogênea, composta por um falante-ouvinte ideal, os dados linguísticos
analisados correspondem às próprias intuições do linguista e/ou dos falantes sobre a
linguagem. São eles que fazem julgamentos acerca da agramaticalidade das sentenças, e
esses dados intuitivos são usados na construção de teorias.

Os métodos de pesquisa da sociolinguística incluem entrevista e gravação de


inquéritos, transcrição dos áudios, codificação dos dados, quantificação e análise dos
resultados obtidos.

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Portanto, os estudos ligados à língua e a sociedade podem ser analisadas em
duas vertentes: uma mais abrangente (sociolinguística) e outra mais restrita (sociologia
da linguagem).

Papel da sociologia da linguagem

A problemática do objeto de estudo da sociologia da linguagem

Quando se aborda a sociologia da linguagem como domínio-fronteira,


consideramos inicialmente apenas uma região comum as ciências invocadas por um tal
termo, a linguística e a sociologia. Mas se analisarmos o problema de mais perto,
constatamos que ele se relaciona com uma série de outras disciplinas.

De modo mais natural e evidente os problemas cardiais da linguística, tal como


os da sociologia convergem numa interrogação sobre a origem da linguagem. E, sem
prejuízo das múltiplas reservas metodológicas que contra elas se puderam avançar. A
verdade é que muitas das principais investigações nesta área, convergem muna tal
posição. Pode se dizer que esta problemática revelou o ponto de fuga para a qual se
dirigem, por si mesmas, as mais diversas teorias.

Portanto, a linguagem humaniza o homem. Por meio dela, os seres humanos


expressam sentimentos com o ambiente e com outros indivíduos. Dominar o código
linguístico é fundamental para a execução de tarefas rotineiras e para ter um bom
aproveitamento no mundo acadêmico e profissional.

Os estudos sociolinguísticos oferecem valiosa contribuição no sentido de


destruir preconceitos linguísticos e promover a unidade da língua com as suas
peculiaridades, servem como ponto de partida para o ensino das formas mais
prestigiadas, pois provavelmente, essa transição de uma forma desprestigiada para uma
forma padrão irá facilitar o processo de aprendizagem dos alunos.

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LINGUAGEM, SOCIEDADE E CULTURA

Para Bakhtin a linguagem, como todos os sistemas simbólicos, tem suas raízes
na interação entre os membros de uma comunidade organizada. Todos os signos,
inclusive os signos linguísticos, derivam seus significados de consensos estabelecidos
entre os membros de um determinado grupo social.

Para Kramsch, a língua é um dos vários sistemas simbólicos que compõem uma
cultura, ela simultaneamente expressa, incorpora os valores culturais.

A língua, assim como a sociedade e a cultura, estão em constante processo de


transformação. É a linguagem que insere os indivíduos na teia social e ela que
circunscreve essa vivência. Ela é um dos elementos centrais da socialização dos
sujeitos, através da qual a realidade será compreendida, observada e vivenciada por cada
um.

A língua não existe fora da sociedade, igualmente, a sociedade não existe sem
ela. Em outras palavras, se não existissem pessoas agrupadas para se comunicar e se,
através de processos históricos, culturais e sociais, essas pessoas não tivessem
desenvolvido formas de comunicação em comum, como existiria a língua? Ou,
inversamente, se não houvessem maneiras de se comunicar, como seria possível haver
coesão e entendimento entre os sujeitos para existir uma sociedade? Com isso,
evidencia-se a interdependência entre a linguagem e a sociedade.

A cultura também deriva da sociedade, uma vez que é construída paulatinamente


pelas interações entre os sujeitos ao longo do tempo, mas ela só pode ser concebida e
transformada através da linguagem, pois é o processo de comunicação que irá atribuir
significados à realidade e, assim, atuar na produção de valores, costumes, crenças e
práticas – que constituem o modo de vida de cada grupo – os quais moldam formas de
pensar, sentir, agir e crer, ou seja, a experiência individual e coletiva dos indivíduos em
determinado local e período.

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Mito na linguagem e suas funções

Na antiguidade clássica, o Mythos opunha-se ao Lógos, à Razão e ao discurso


filosófico de natureza racional, o qual era tido como verdadeiro, e, como tal,
contraposto às narrativas míticas, pilares de sustentação das sociedades chamadas
arcaicas

Os mitos são os primeiros recursos da linguagem simbólica utilizado pelos seres


humanos com o propósito de explicar a realidade que não podiam entender, observando
o mundo real, como as tempestades, o fogo, a reprodução de vida, a morte etc. Sua
origem, do grego mythos, tem como significado narrar, contar, anunciar.

Um mito de linguagem é uma ideia errada sobre a linguagem, como por


exemplo, a ideia de que uma criança é preguiçosa quando não consegue pronunciar
corretamente um som. A sua função não é explicar a realidade, mas acomodar e
tranquilizar o homem em um mundo assustador. Os primeiros estão relacionados a
eventos que explicam o surgimento do universo, enquanto os mitos de origem explicam
o surgimento de um local ou de uma tradição

Os mitos têm várias funções na linguagem, entre elas:

 Explicar a realidade: Os mitos foram os primeiros recursos da linguagem simbólica,


usados

Para explicar a realidade que não se conseguia entender através da observação do


mundo real.

 Revelar a cultura e o folclore: Os mitos fazem parte da tradição oral de um povo e


revelam a sua cultura e folclore.

 Fixar modelos exemplares: Os mitos fixam modelos exemplares de ritos e atividades


humanas.

 Proporcionar imaginação e criatividade: Os mitos proporcionam imaginação,


fantasia e criatividade.

 Imersão em dilemas e questionamentos: Os mitos proporcionam uma imersão


aprofundada nos dilemas, problemas e questionamentos dos jovens.

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CONCLUSÕES

Concluímos que a sociolinguística é uma área da Linguística que analisa a


influência da linguagem na sociedade, considerando factores históricos e sociais. Ela
olha para o estudo macro. Sociologia da Linguagem, estuda a língua como uma questão
social. Está virada ao estudo micro, o indivíduo e o uso da língua.

Apesar de não haver consenso entre os autores, podemos afirmar que estas duas
áreas estão interligadas pois os seus estudos resultam da relação entre a língua e a
sociedade.

Sociologia da linguagem se interessa pelas variações linguísticas que podem ser


explicadas sistematicamente, entendendo-se como variação sistemática a maneira
alternativa de dizer a mesma coisa, desde que essa maneira seja portadora do mesmo
significado referencial. Portanto, os estudos sociolinguísticos oferecem grande
contribuição no sentido de destruir preconceitos linguísticos e promover a unidade da
língua com as suas peculiaridades, servem como ponto de partida para o ensino das
formas mais prestigiadas, facilitando o processo de aprendizagem dos alunos.

A língua não existe fora da sociedade, igualmente, a sociedade não existe sem
ela. Em outras palavras, se não existissem pessoas agrupadas para se comunicar e,
através de processos históricos, culturais e sociais, essas pessoas não tivessem
desenvolvido formas de comunicação em comum, como existiria a língua? Ou,
inversamente, se não houvessem maneiras de se comunicar, como seria possível haver
coesão e entendimento entre os sujeitos para existir uma sociedade? Com isso,
evidencia-se a interdependência entre a linguagem a sociedade e a cultura.

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BIBLIOGRAFIA

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