apelação - trafico de drogas diego

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RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

RECORRENTE: DIEGO MONTEIRO TAVARES


RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ
PROCESSO DE ORIGEM Nº 0035669-92.2019.8.03.0001;
JUÍZO DE ORIGEM: 4ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MACAPÁ/AP

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Amapá


Colenda Câmara Criminal,
Eminentes Desembargadores,

Em que pese o indiscutível saber jurídico do M.M. Juízo de primeiro grau,


impõe-se, com a devida “vênia”, a reforma da respeitável r. sentença proferida à ORDEM
180, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I - PRELIMINARMENTE
I.I - DA PARCIALIDADE DO JUÍZO A QUO
Egrégio Tribunal de Justiça, ao analisarmos minuciosamente os autos do
processo, podemos perceber a existência de provas suficientes que contradizem o depoimento
colhido pela suposta vítima, bem como de sua RL.
Além de inúmeras peças da defesa protocoladas como resposta à acusação e
alegações por memoriais, onde o juízo nem sequer levou a considerar nesta balança, julgou o
caso em comento tão somente com base nas peças da acusação e no depoimento da vítima.
Portanto, percebemos que nem sequer cita na sentença qualquer elemento
ofertado pelos advogados de defesa, como os depoimentos colhidos na instrução que
contradizem totalmente os fatos oferecidos na denúncia.
É de saber notório que no âmbito do crime de estupro o depoimento da vítima é
de suma importância, pois é um tipo infração penal que geralmente não tem testemunha ou
outra prova da ocorrência do ilícito. Contudo, não pode o magistrado condenar o acusado
tão somente em razão da natureza do crime. É perceptível que o juízo a quo simplesmente
vendou os olhos para defesa e julgou procedente a demanda.
Excelências, o juiz deve ser imparcial, coletar todos os elementos de prova
produzidos nos autos e justificar o que lhe demonstrou certeza e o porquê que a prova colhida
não lhe traz convicção de sua decisão. Diante disto, percebemos que o juízo deixou de
justificar o porquê de os demais depoimentos colhidos não deveriam ser levados em
consideração.
Não houve expressa fundamentação da rejeição de depoimento, perpetrando em
um julgamento parcial. Além de que, o apelante prestou depoimento, tanto em sede de D.P
quanto em Audiência de Instrução, o que em nada interferiu no firmamento da decisão do
juízo, visto que já tinha pré condenado o suposto acusado.
O Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 8º, I, dispõe:

Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ele, ou para determinarem seus direitos ou
obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza
(grifamos).

Portanto, requer a declaração de nulidade nos autos, visto que o juízo a quo
acolheu tão somente provas ofertadas pela acusação, demonstrando sua parcialidade ao
deixar de fundamentar a rejeição das provas da defesa.

II – SÍNTESE FÁTICA

Consta da denúncia que “no dia 22 de julho de 2019, por volta das 15h00min, no
bairro novo Horizonte, o Denunciado DIEGO MONTEIRO mantinha em depósito para a
comercialização, aproximadamente 01 (uma) porção de substância entorpecente, do tipo
MACONHA. Conforme apurado, na data supracitada, a equipe policial, após diversas
denúncias anônimas, realizou diligências a casa do denunciado DIEGO MONTEIRO, e
encontrou sob sua posse, 01 (uma) porção de substancia entorpecente, do tipo de maconha.
Encontra-se juntado à fl. 11 o Laudo de Constatação de Exame para Identificação de Material
Entorpecente, o qual resultou em 4,0g (quatro virgula zero gramas) de material identificado
como sendo maconha com base na Portaria nº. 344, de 12 de maio de 1998- ANVISA.
Quando inquirido à fl. 04, o denunciado alegou que quantidade encontrada era para
consumo.”.
III - BREVE SÍNTESE PROCESSUAL

Com efeito, o MM. Juízo singular ao julgar o presente feito entendeu e proferiu a
seguinte decisão judicial, conforme abaixo transcrito:
Nº do processo: 0035669-92.2019.8.03.0001 Magistrado: LUCIANA
BARROS DE CAMARGO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
AMAPÁ denunciou DIEGO
MONTEIRO TAVARES, ambos pela prática do delito previsto no artigo 33,
“caput”, da Lei Federal nº 11.343/06.

Consta da denúncia que “no dia 22 de julho de 2019, por volta das
15h00min, no bairro novo Horizonte, o Denunciado DIEGO MONTEIRO
mantinha em depósito para a comercialização, aproximadamente 01 (uma)
porção de substância entorpecente, do tipo MACONHA. Conforme apurado,
na data supracitada, a equipe policial, após diversas denúncias anônimas,
realizou diligências a casa do denunciado DIEGO MONTEIRO, e encontrou
sob sua posse, 01 (uma) porção de substancia entorpecente, do tipo de
maconha. Encontra-se juntado à fl. 11 o Laudo de Constatação de Exame
para Identificação de Material Entorpecente, o qual resultou em 4,0g (quatro
virgula zero gramas) de material identificado como sendo maconha com
base na Portaria nº. 344, de 12 de maio de 1998- ANVISA. Quando
inquirido à fl. 04, o denunciado alegou que quantidade encontrada era para
consumo.”.

A denúncia veio acompanhada de Auto de Prisão em Flagrante nº 59/2019-


DTE/DPE.

O acusado DIEGO MONTEIRO TAVARES foi devidamente notificado no


movimento 17, apresentou defesa prévia, por meio de Advogado, no
movimento 19.

Não sendo o caso para rejeição da denúncia ou de absolvição sumária, a


denúncia foi recebida no dia 06/12/2019, sendo determinada a instrução
processual (movimento 26).

Durante a instrução processual, colheu-se o depoimento da


testemunha IGOR RODRIGO BRAGA MARTINS e o interrogatório do
acusado DIEGO MONTEIRO TAVARES

(movimentos 160 e 174).

Em alegações finais orais, o Ministério Público requereu a condenação do


acusado DIEGO MONTEIRO TAVARES nos termos da denúncia.

Em alegações finais orais, a Defesa do acusado DIEGO MONTEIRO


TAVARES requereu a) a absolvição do acusado; b) que em caso de
condenação, se aplique a causa de diminuição do tráfico privilegiado (artigo
33, §4º, da Lei nº 11.343/06); c) o direito do acusado recorrer em liberdade.

Vieram-me os autos conclusos para sentença.

Esclareço que, embora não tenha instruído o feito, não estou rompendo com
o princípio da identidade física do Juiz, haja vista que a nobre colega que
encerrou a instrução processual encontra-se de férias, não podendo, neste
momento, prolatar a sentença de mérito, razão pela qual procedo com o
julgamento nestes autos.

Trata-se de ação penal instaurada com o objetivo de ver apurada e


reconhecida responsabilidade criminal do réu DIEGO MONTEIRO
TAVARES pelo delito tipificado no artigo 33, “caput”, da Lei Federal nº
11.343/06.

Lei Federal nº 11.343/06. Tráfico de drogas.


Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500


(quinhentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Da materialidade.

A materialidade está comprovada por meio das peças que compõem o Auto
de Prisão em Flagrante nº 59/2019-DTE/DPE: termo de depoimento do
condutor/1ª testemunha e testemunha de apresentação; auto de qualificação
e interrogatório de DIEGO MONTEIRO TAVARES; boletim de ocorrência
nº 46687/2019-DTE; auto de exibição e apreensão de 01 porção de
substância possivelmente entorpecente (maconha); mandado de busca e
apreensão - rotina extra nº 0026839- 40.2019.8.03.0001; relatório final do
APF.

Laudo de constatação de exame para identificação de material entorpecente


(maconha): do material - trata-se de 4,0 g (quatro vírgula zero gramas) de
peso líquido total de material vegetal constituído por fragmentos de folhas,
hastes e sementes do tipo aquênio, pouco hidratado, de coloração castanho
esverdeado, de odor forte e característico sendo identificado após exame
macroscópico, microscópico e por teste químico fast blue, resultou em
positivo para a presença de canabinoides, dentre os quais o THC,
componente ativo do vegetal Cannabis sativa Linneu, vulgarmente
conhecido como Maconha (fl. 11-APF).

Da autoria.

A testemunha compromissada IGOR RODRIGO BRAGA MARTINS


respondeu em juízo que em 2019 estavam investigando facções criminosas e
pontos de vendas de drogas na Zona Norte da Cidade, em vários pontos da
Zona Norte; que o acusado era uma pessoa que já tinham feito investigações
e diligências; que salvo engano nesse fato foi o cumprimento de uma busca
e apreensão na residência dele; já tinham feito um levantamento
anteriormente e já tinham as informações sobre o acusado, da casa; que no
dia do fato ainda demoraram a adentrá-la porque houve informações
desencontradas acerca de como era a frente da casa, que tinham como ponto
de referência uma caixa d´água e no momento que chegaram para dar
cumprimento ao mandado, o acusado estava na ponte e conseguiu correr
para dentro da casa; e foi nesse “delay” de terem passado da casa, observar
que tinham passado da casa e voltar e entrar, o acusado conseguiu se
desfazer de uma boa quantidade da droga na área do lago e que isso foi
conversado posteriormente na Delegacia de Polícia, mas que acredita que
isso não deve ter sido consignado porque foi uma conversa informal em
outro momento com o acusado; que conseguiram achar uma parte, um
“pouquinho” da droga lá, não lembra a quantidade, mas não foi muito; que
chegaram a conversar com o acusado, levaram ele para a Delegacia,
pegaram uns papelotes que eram utilizados para a embalagem, deram voz de
prisão e o levaram para a Delegacia para as demais diligências; que a droga
estava próximo de uma janela, acredita que em uma cozinha, próximo da
geladeira, não recorda muito bem devido ao tempo da prisão; mas que de
fato lembra do acusado Diego; que além da droga foram encontradas
embalagens plásticas e era o mesmo material em que a droga encontrada
estava embalada; que não se recorda se havia alguém na casa; que lembra de
ter conversado com o acusado na residência, porque ele era o alvo; que já
tinham informações do acusado, tinha sido feito levantamento e várias
denúncias tinham sido feitas contra ele através do disque denúncia do DTE
na época, foi feita uma investigação, um relatório e foi solicitada uma busca
e apreensão na casa dele; que na casa do acusado foi encontrada a porção
apreendida; que a droga estava no chão da casa e próximo à janela; que o
acusado os viu chegando na ponte e correu; quando reconheceram o
acusado, correram na ponte e devido ao “delay” de terem passado da casa,
porque estavam confiantes de que era a casa com caixa d'água, o ponto de
referência, após viram a caixa d'água nos fundos da casa, lembra muito
dessa informação da caixa d'água, a droga não foi encontrada na posse
dele, porque acreditam que na época que o acusado conseguiu fugir para os
fundos da casa e conseguiu se desfazer da droga lá, da maior parte da droga,
mas que foi encontrada a porção próxima à janela, onde nos fundos é uma
área de ressaca; que além da droga foram encontrados sacos plásticos no
interior da casa, não recorda se foi encontrada balança de precisão, mas
se tiver está no BO; que acredita que não foi encontrado dinheiro; que se
lembra da droga e da embalagem; que quando foram cumprir a operação no
local era com mandado de busca; que na época fizeram vários relatórios e
todos eles eram voltados para essa orgnização na Zona Norte e tinham
vários alvos e lembra que o acusado Diego era um dos alvos, pois tinham
feito os levantamentos; que no dia do cumprimento do mandado, o acusado
viu quando eles chegaram para cumprir, foi quando correu para a residência,
então correram atrás do acusado e que nas áreas de ponte em alguns pontos
é área de difícil acesso e que a casa do acusado era um desses, então deu
tempo dele entrar na casa, chegaram a passar um pouco da casa,
confundindo qual a casa em que deveriam entrar, esse foi o tempo que o
acusado conseguiu chegar na cozinha; que então viram a casa, conseguiram,
adentrar a casa e pegaram o acusado na cozinha, acreditam que ele
conseguiu jogar a maior parte da droga para longe, numa área de ressaca
cheia de mato, onde não tinha como localizar essa droga e nem adentrar lá;
que a droga apreendida estava no chão, próximo à janela onde ele poderia
ter jogado o restante; que a droga estava no chão como se tivesse caído no
chão; que eram plásticos de embalagem, próprias, que é utilizado para
embalagem de droga, o mesmo em que a porção encontrada estava
embalada; que os plásticos também estavam jogados no chão como se o
acusado tivesse tentado jogar os plásticos juntos também; que não recorda
se levaram para a Delegacia mais alguém além do acusado.

O acusado DIEGO MONTEIRO TAVARES respondeu no seu


interrogatório em juízo que não tem apelido, tem 34 anos, convivente, tem
04 filhos, têm ensino médio incompleto, é cabeleireiro autônomo, às vezes
costuma beber bebidas alcoólicas, usa drogas, maconha e cocaína e tem
processo criminal arquivado; que a acusação é falsa; que usava drogas e
pegava essa droga com outro rapaz que estava com ele quando foram usar;
que quando aconteceu essa operação, os agentes entraram em várias casas;
que o interrogando estava no pátio de sua casa quando eles chegaram
invadindo, eles já estavam entrando em outras casas; que pegaram
“Caveirinha”, do qual não tem mais conhecimento dele, e levaram os dois
presos; que o Delegado liberou “Caveirinha” e ficou somente o interrogando
na Delegacia; que a droga encontrado era para uso e pegaram a droga com
esse rapaz; que tinha comprado recente a casa e estava fazendo a construção
e o rapaz foi comprar a droga; que o interrogando estava na casa
construindo e o rapaz saiu para comprar a droga e quando ele voltou,
estavam sentados na frente da casa e estavam fazendo o “beck” para usar a
maconha, fazer o cigarro da maconha, quando os agentes chegaram e
pegaram com o “Caveira” a droga; que os agente já vinham invadindo de
outras casas, até viu várias pessoas correndo, mas não correu; que não tinha
motivo para terem entrado na casa do interrogando, pois tinha comprado
recente a casa, estava fazendo construção e depois do fato vendeu a casa;
que depois do que aconteceu em Santana estava tentando viver outra vida,
aconteceu isso, vendeu a casa e retornou para a Santana , pois sua família é
de lá; que usava drogas enquanto fazia a construção da casa e não sabe se
algum vizinho não gostava ou sentia o cheiro; que algumas pessoas usavam
droga com o interrogando; que estava acompanhado de um rapaz da região
que comprava droga para o interrogando; que essa pessoa foi presa junto do
interrogando e tinham várias pessoas correndo na região, porque os policiais
foram entrando nas casas, mas ficou na frente de sua casa, pois não sabia o
que estava acontecendo; aí eles invadiram e levaram o interrogando e a
outra pessoa, com a droga que estava com essa pessoa; na Delegacia o
Delegado liberou a outra pessoa e ficou somente o interrogando na
Delegacia; que estava construindo a residência entre 08 ou 10 meses, ficava
mais de dia e a noite retornava para Santana; que conhecia somente alguns
vizinhos e não sabe se a residência tinha algo criminoso antes; que a casa
ficava aberta; que foram conduzidos somente o interrogando e
“Caveirinha”; que o Policial Igor; que não foram encontradas balança de
precisão, valor em dinheiro ou anotações; que acredita que foram
apreendidas 04 g de maconha; que foi apresentada um pedaço da
maconha que estava na mão de “Caveira” e o “beck” o policial jogou
fora e levou somente a maconha.

Dos fatos.

A materialidade do delito se encontra retratada pelo auto de exibição e


apreensão e laudo de constatação.

O depoimento da testemunha policial ouvido em Juízo, IGOR


RODRIGO BRAGA MARTINS, a qual efetuou a prisão do acusado, foi
harmônica e segura em ambas as fases da persecução penal. Ademais,
por estar em harmonia com outras provas do processo, tem
credibilidade.

Em relação ao depoimento dos policiais que efetuaram a abordagem e prisão


dos réus, saliento que a situação funcional dos agentes de polícia não os
inibe de deporem, e nem uma espécie de suspeição genérica pode retirar-
lhes toda e qualquer credibilidade.

Além disso, nada há nos autos a revelar que os policiais teriam alguma razão
para injustificadamente incriminar pessoas inocentes, não havendo razão
para que servidores públicos, empossados que são após compromisso de
fielmente cumprirem seus deveres, fossem apresentar testemunhos ou
provas ideologicamente falsas, com o simples intuito de incriminar
inocentes.

Nesse sentido, o STF: “(...) ‘O valor de depoimento testemunhal de


servidores policiais

- especialmente quando prestado em juízo, sob a garantia do contraditório -


reveste-se de inquestionável eficácia probatória, não se podendo
desclassificá-lo pelo só fato de emanar de agentes estatais incumbidos, por
dever de ofício, da repressão penal’." (STF - HC 73518- 5 Rel. Celso de
Mello - DJU 18.10.96, p.39.846).

Dito isso, vejo está presente tanto a materialidade, quanto a autoria quanto
às imputações narradas na denúncia ao acusado DIEGO MONTEIRO
TAVARES, uma vez que os agentes de polícia cumprindo mandado de
busca e apreensão na residência do acusado, que à fl. 12 do APF vejo
ter sido concedida a ordem judicial na rotina extra nº 0026839-
40.2019.8.03.0001, por este Juízo, efetuaram a prisão em flagrante do
acusado em razão de ter em depósito na sua residência 4,0 g (quatro
vírgula zero gramas) de substância entorpecente do tipo “maconha”,
envolvido em embalagem plástica, sendo confirmada a presença de
maconha pelo laudo de constatação realizado.

Insta salientar que a ausência de laudo definitivo, o que é o caso dos autos,
não resulta em nulidade de condenação, uma vez que se tem a constatação
de tratar-se de droga ilícita (maconha). Nesse sentido é o entendimento do
TJAP:

PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS NA


MODALIDADE PRIVILEGIADA. NULIDADE DAS PROVAS.
VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. CRIME PERMANENTE. INEXISTÊNCIA
DE LAUDO DEFINITIVO. IRRELEV NCIA. MATERIALIDADE
COMPROVADA PELO LAUDO PRELIMINAR. MODIFICAÇÃO DO
REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA E SUBSTITUIÇÃO
DESTA POR
RESTRITIVA DE DIREITOS. CABIMENTO. 1) Nos termos da orientação
do Supremo Tribunal Federal, é lícita a entrada em domicílio, sem mandado
judicial, quando houver fundadas razões que indiquem situação de flagrante
delito (RE 603.616, Rel. Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno,
j. em 05/11/2015), hipótese verificada nos autos. 2) É entendimento pacífico
deste Tribunal de Justiça que a ausência do laudo definitivo sobre o material
entorpecente não constitui, por si só, nulidade da condenação, desde que o
laudo preliminar indique tratar-se de droga ilícita. Precedentes.
3) Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento do
regime prisional mais

gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na


gravidade em abstrato do delito (Súmula 440, STJ); a imposição de regime
de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea (Súmula 719, STF). 4) Presentes os requisitos do art. 44
do CP, impõe-se a substituição da pena por restritivas de direito, valendo
destacar que nenhuma das circunstâncias judiciais foi valorada
negativamente. 5) Apelação parcialmente provida. (APELAÇÃO. Processo
Nº 0001407-29.2018.8.03.0009, Relator Desembargador ROMMEL
ARAÚJO DE OLIVEIRA, C MARA ÚNICA, julgado em 22 de Fevereiro
de 2024, publicado no DOE Nº 39 em 29 de Fevereiro de 2024).

O acusado DIEGO em Juízo discorreu que fora preso juntamente com outra
pessoa de alcunha “Caveirinha” e que os policiais quando da diligência
estavam adentrando na residência de várias pessoas na região, no entanto,
não fez nenhuma prova de sua alegação, como trazer uma testemunha
presente e que sustentasse sua alegação ou até mesmo trazer para ser ouvido
em Juízo a pessoa da qual afirmou estar consumindo a droga junto quando
da sua prisão, de modo que a versão apresentada não encontra guarida
diante do conjunto probatório coligido em seu desfavor.

Vejo, pelas provas amealhadas aos autos, que o acusado DIEGO


quando viu os policiais na ponte, fugiu para dentro de sua casa e que
em busca da residência certa para cumprimento do mandado que,
conforme o depoimento da testemunha policial ouvida em Juízo, a
referência era de uma caixa d'água, e pela própria configuração da
região da área de ponte e de ressaca, onde é a residência, o acusado
conseguiu adentrar antes dos policiais na sua casa, até ser encontrada
pelos agentes, sendo encontrado na cozinha, próxima a janela onde aos
fundos é uma área de ressaca, 01 (uma) porção de substância
entorpecente e embalagens plásticas que geralmente são utilizadas para
embalagem de drogas, sendo do mesmo tipo em que a porção
encontrada estava embalada. Havendo ainda fundada suspeita de que o
acusado tenha se desfeito de quantidade maior de substância
entorpecente na região de mata da área de ressaca aos fundos da casa,
próximo à janela onde a substância encontrada foi apreendida.

Desta feita, a versão apresentada de que é somente usuário de drogas


não encontra respaldo, além disso, consigno que não raro, os usuários
de drogas são também traficantes, muitas vezes para sustento do
próprio vício e que a condição de usuário de entorpecentes não exclui a
prática de comércio dos tóxicos, sendo possível e comum a coexistência
das duas condições.

Destarte, de todo o conjunto probatório analisado coligido em seu desfavor,


não pairam dúvidas quanto à materialidade e autoria do tráfico de drogas em
exame, bem como a responsabilidade criminal do réu DIEGO por suas
práticas, razão pela qual se encontra perfeitamente incurso nas sanções do
artigo 33, “caput”, da Lei n° 11.343/2006, devendo por isso ser condenado.

Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva veiculada


na denúncia para condenar DIEGO MONTEIRO TAVARES pela
prática do crime previsto no artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06.

Passo à dosimetria da pena do réu DIEGO MONTEIRO TAVARES.

Pela análise das circunstâncias judiciais contempladas no artigo 59, do


Código Penal, tem-se que a CULPABILIDADE do réu não sobressai ao
normal ao tipo. O réu possui MAUS ANTECEDENTES, ostentando
condenação nos autos nº 0004239-03.2011.8.03.0002 - com trânsito em
julgado em 19/07/2012, do qual resultou o processo de execução SEEU nº
0013898- 97.2015.8.03.0001 - com trânsito em julgado no ano de 2022,
dos quais pelas datas dos trânsitos em julgado destes processos e em análise
a data do fato ora em julgamento (22/07/2019) não devem ser valorados
como reincidência, mas sim como maus antecedentes.

Nada há que leve à valoração negativa da CONDUTA SOCIAL. Não há


informações sobre sua PERSONALIDADE. Os MOTIVOS DO CRIME são
normais ao tipo, lucro com o comércio ilícito. As CONSEQUÊNCIAS são
graves para a sociedade, mas já são valoradas no tipo. As CIRCUNST
NCIAS não são negativas. A vítima é a sociedade do Estado do Amapá.

Assim, diante de 01 (uma) circunstância judicial desfavorável


(antecedentes), fixo a pena base acima no mínimo legal em 05 (cinco) anos e
10 (dez) meses de reclusão e 583 (quinhentos e oitenta e três) dias-multa.

Na segunda fase não existem atenuantes ou agravantes, razão pela qual


a pena intermediária permanece em 05 (cinco) anos e 10 (dez) meses de
reclusão e 583 (quinhentos e oitenta e três) dias-multa.

Na terceira fase, não concorrem causas de aumento de pena, nem de


diminuição. Isso porque, a causa de diminuição de pena prevista no artigo
33, § 4º, da Lei de Entorpecentes, aponta que é necessário que seus
requisitos sejam verificados cumulativamente, o que não é o caso. Embora o
réu não seja reincidente, possui antecedentes criminais.

Dessa forma, não havendo outras circunstâncias a considerar, torno o réu


concreta e definitivamente condenado à pena de 05 (cinco) anos e 10 (dez)
meses de reclusão e 583 (quinhentos e oitenta e três) dias-multa

O regime para o início do cumprimento da reprimenda corporal é o


semiaberto, em razão do montante de pena aplicada (art. 33, § 2º, “b”, CP).

O réu não faz jus à substituição de pena, por não preencher os requisitos
previstos no artigo 44 do Código Penal. De igual forma, não cabe a
suspensão da pena, na forma do artigo 77 do mesmo diploma legal.

Fixo o valor do dia-multa em 1/30 (um trigésimo) do salário-mínimo


vigente à época do fato, devidamente atualizado quanto ao pagamento.

O valor do dia-multa deverá ser corrigido monetariamente na época do


pagamento (CP, art. 49, § 2º).

O réu respondeu o processo em liberdade e não se afigura necessária sua


custódia cautelar, razão pela qual poderá recorrer em liberdade.

Custas pelo acusado, na forma do artigo 804, do Código de Processo Penal.

Com o trânsito em julgado, proceda-se às comunicações de praxe:


Corregedoria da SEJUSP, INFODIP/TRE e DPTC.

Determino ainda a incineração do produto entorpecente apreendido, bem


como os
petrechos.
Intime-se, advertindo ao réu que deverá pagar, em até dez (10) dias a pena
de multa, em caso de não pagamento comunique-se à VEP.

Expeça-se carta guia de execução.

Havendo recurso, com o seu conhecimento e não provimento, cumpra-se a


presente sentença. Sendo reformada, com o trânsito em julgado, venham-me
os autos conclusos.

Sentença registrada eletronicamente. Intimem-se.

MACAPÁ, 10/05/2024

LUCIANA BARROS DE CAMARGO

Juiz(a) de Direito

V - DAS RAZÕES RECURSAIS

V.I - DO MÉRITO RECURSAL

Nota-se que todos os elementos investigativos colhidos na primeira fase da


persecução penal são inteiramente restritos ao cumprimento de mandado de busca e
apreensão na residência do Apelante visando constatar se suposto ponto de tráfico ou
armazenamento.
Todavia a denúncia forja o relato dos fatos de forma sorrateira, criando versão
inverídica quando o denuncia por tráfico de drogas e afirma com precisão que o apelante
detinha consigo grande quantidade de substâncias tóxicas entorpecentes.
Isto porque no próprio depoimento do agente PM, evidência por várias vezes que
“ACHA QUE ELE CONSEGUIU JOGAR FORA”, ACHA QUE ACREDITA QUE O
ACUSADO FOI PARA O FUNDO DA CASA SE DESFAZER”, “QUE ACHA QUE
NÃO FOI ENCONTRADA BALANÇA DE PRECISÃO”, “QUE ACHA QUE NÃO
TINHA DINHEIRO NA CENA”.
Portanto vislumbramos que ao certo a testemunha ouvida, não detinha certeza
de muitas coisas sobre o que de fato ocorreu no dia do cumprimento de mandado.
Mas algo foi afirmado com êxito, pela testemunha, que a “droga” não foi
encontrada sobre sua posse, todavia 4,0 (quatro) gramas encontradas na sua residência.
Excelência, em momento algum o Apelante nega possuir drogas em sua
residência ou até mesmo que é usuário delas, todavia se nega a imposição de tráfico ao
Apelante.
Ademais, não foram encontrados indícios dentro de sua casa que configurem
tal circunstância, como balança de precisão, dinheiros, material de empacotamento
armazenado para o produto ser colocado à venda, ligas ou até mesmo quantidade
superior às quatro gramas encontradas.
Quando a alegação de foi encontrada restos de papelotes do chão da cozinha, o
qual “teria se livrado da droga”, conforme demonstrado pelo próprio agente PM, não foi
testemunha ocular, simplesmente acha que foi isso.
Excelência, o Apelante já convive em área insalubre, vive uma vida de
vulnerabilidade, trabalhando para sustentar seu autoconsumo, estado de saúde precário,
buscando apenas consumir seu vício, não se pode requerer que a casa do Apelante no
momento do cumprimento do mandado estivesse saciada e adornada para receber “visitas”,
esses restante de papelotes podem pertencer à embalagem dos entorpecentes ou não, assim
também como pode ter sido de consumo anterior ao dia em questão.
Portanto o que não se pode validar é a mera menção de que havia papelotes
rasgados no chão como se o apelante tivesse se desfeito de quantidade superior,haja visto que
como noticiado na instrução o MP apenas “ ACREDITA” ser isso.
Importante mencionar que para justa denúncia e condenação nos autos, prescinde
indícios de AUTORIA e MATERIALIDADE. Posto que tão somente fora concretizada o
vislumbrar da prova Material qual seja observância de 4 gramas de maconha, todavia não se
vislumbrou AUTORIA do crime de tráfico, haja vista que o Apelante estava em sua
residência, foi encontrado quantitativo mínimo de entorpecente, o que por si só já configura o
consumo, e não foi vislumbrado qualquer meio que pudesse configurar residência como meio
de comercialização, além de que o próprio Apelante confessou que é usuário e o quantitativo
encontrado era para seu próprio consumo.
Deixando de ter elementos suficientes que corroborem para a persecução
denunciativa, logo não se comprova a AUTORIA.

ALÉM DO MAIS O PRÓPRIO STF, EM JULGADO RECENTE, DEFINIU


COMO QUANTITATIVO 40 GRAMAS DE MACONHA, COMO CRITÉRIO PARA
DIFERENCIAR USUÁRIO DE TRAFICANTE
COLOCAR JURIS AQUI

No que diz respeito à instauração do inquérito policial em face da ocorrência


realizada pela comunicante, ressalta-se que a verdade processual encontra contra a denúncia e
sentença proferida Neste linear, vejamos o art. 156, inciso I do CPP.

Neste linear, verifica-se a ausência de indícios de autoria, uma vez que não há
nenhuma prova material que apresente o suposto acusado como autor do crime que lhe foi
imputado. Portanto, verifica-se a falta de pressupostos contundentes para a presente demanda,
devendo a denúncia ser rejeitada.

Nas lições do eminente professor Nestor Távora, na justa causa:

A ação só pode ser validamente exercida se a parte autora lastrear a inicial


com um mínimo probatório que indique os indícios de autoria, da
materialidade delitiva, e da constatação da ocorrência de infração penal em
tese (art. 395, I1I, CPP).

É o fumus commissi delicti (fumaça da prática do delito) para o exercício da ação


penal. Como a instauração do processo já atenta contra o status dignitatis do demandado, não
se pode permitir que a ação seja uma aventura irresponsável, lançando-se no polo passivo,
sem nenhum critério, qualquer pessoa. Nos dizeres de Afrânio Silva Jardim, "torna-se
necessário ao regular exercício da ação penal a demonstração, prima facie, de que a
acusação não é temerária ou leviana, por isso que lastreada em um mínimo de prova. Este
suporte probatório mínimo se relaciona com os indícios de autoria, existência material de
uma conduta típica e alguma prova de sua antijuridicidade e culpabilidade”. (TAVORA,
Nestor. Curso de Direito Processual Penal, 8ª Edição, Editora Jus Podivm, Bahia, 2013).

V.IV - DA REINCIDÊNCIA
O art. 64 do CP define que não prevalece a condenação anterior passados 05
(cinco) anos do cumprimento da execução, tornando o agente RÉU PRIMÁRIO.

Art. 64 - Para efeito de reincidência:


I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação;

A pena fora cumprida em 30/1/2015 no processo 0041649-30.2013.8.03.0001,


entre o último julgado e o em tela transpassaram-se 06 (seis) anos. Portanto, não deve ser
levada em consideração para aumento de pena.

V.V - DA DOSIMETRIA DA PENA


Extrai-se da r. sentença que o juiz fixou:

Em atenção ao que dispõe a Constituição Federal e os arts. 59 e 68 do CP,


passo à individualização e dosimetria da pena, constatando que a
condenação ora realizada atrai as consequências da Lei dos Crimes
Hediondos [art. 1º, VI, da Lei 8.072/90].

Analisando as circunstâncias do art. 59 do CP, vejo que seus antecedentes


são desfavoráveis [condenação por furto qualificado no processo 0013059-
77.2012.8.03.0001, pena cumprida em 30/1/2015 no processo 0041649-
30.2013.8.03.0001]. Assim, fixo a pena-base em 8 anos e 10 meses meses
de reclusão.

Sem atenuantes.

Presente a agravante do art. 61, II, "f", do CP, eis que cometeu o crime
prevalecendo- se de relações de hospitalidade [recepção eventual na casa da
vítima]. Assim, agravo a pena em 1/6, resultando em 10 anos, 3 meses e 20
dias de reclusão.

Sem causas de diminuição da pena.

Reconheço a continuidade delitiva dos crimes do art. 217-A do CP, pelas


circunstâncias de tempo, modo e lugar dessas infrações, assim exaspero a
pena-base em 1/6, devido a dúvidas quanto a quantidade exata de crimes
cometidos, restando certo que foi mais de uma vez, conforme relatos da
vítima. Assim, a pena corporal resta definitiva em 12 [doze] anos e 8 [oito]
dias de reclusão.

Regime inicial fechado para cumprimento da pena [art. 33, §2º, “a”, do CP],
pelo "quantum" da pena, com o direito de recorrer em liberdade, por ter
respondido todo o processo solto e por não estarem presentes os motivos que
justificam a segregação cautelar.

Denota-se que a divisão de pena base e da dosimetria de pena deverá ser feita
conforme art. 59 e 68, ambos do CP.
Embora o juízo a quo se utilize de processos já extintos pelo cumprimento de
pena, não devendo terem sido causa de aumento, uma vez que o art. 64 do CP define
que não prevalece a condenação anterior passados 05 (cinco) anos do cumprimento da
execução, tornando o agente RÉU PRIMÁRIO.

Art. 64 - Para efeito de reincidência:


I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação;

A pena fora cumprida em 30/1/2015 no processo 0041649-30.2013.8.03.0001,


entre o último julgado e o em tela transpassaram-se 06 (seis) anos. Portanto, não deve ser
levada em consideração para aumento de pena.
O próprio STJ também discerne:

Súmula 241 do STJ - A reincidência penal não pode ser considerada


como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância
judicial.

Isto posto, não deve ser acrescida na primeira parte majoração de pena em virtude
de reincidência, uma vez que esta não se faz presente, devendo permanecer a pena-base em
08 (oito) anos.
Quanto ao segundo quesito, suposta agravante do art. 61, II, "f", do CP, esta não
deve ser levada em consideração, visto que não restou configurada nos autos.
As testemunhas Katia (avó da suposta vítima) e Gleyce (sua ex-companheira),
foram nítidas ao afirmarem que Euton não frequentava mais a casa desde a separação do Sr.
Euton com a Sra. Gleyce (meados de julho de 2020) e o suposto crime ocorreu em
01/11/2021, tornando-se impossível tal conduta, bem como a própria avó da suposta vítima
afirmou que o Apelante não frequentava a casa da vítima e que não tinha acesso, visto que
quando o Sr. Euton ia à casa da dona Katia, era para levar seu filho, fruto do seu
relacionamento com a Sra. Gleyce. Cumpre destacar que a escada de acesso fica ao lado, não
sendo sequer necessário adentrar a casa da vítima para subir a escada.
Logo, não houve a incidência do art. 61, II, "f", do CP e, conforme demonstrado,
o crime tornou-se impossível de ocorrer.
Destaca-se ainda que, em sede de delegacia, a mãe da vítima disse que o suposto
crime teria ocorrido apenas 01 (uma) vez, contudo em audiência apresenta fato divergente e
ensaiado ao afirmar que foram várias, causando estranheza e contradição. Portanto, também
não deve ser aumentada à pena à ⅙, visto que não fora configurado o art. 71 do Código
Penal.
Por conseguinte, DEVE A PENA BASE SER PERMANECIDA COMO
ÍNCLITA JUSTIÇA, 08 (oito) ANOS EM REGIME SEMI-ABERTO.

VI - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:

a) Seja aceita presente alegações, ABSOLVENDO o Réu, tendo


em vista a fragilidade de provas que comprovem os indícios de
autoria, bem como a ausência de prova material e, com isso,
aplicando-se o Princípio do In Dubio Pro Reo, com fulcro no art. 386,
inciso II, V e VII do CPP;
b) Que seja declarada nulidade processual, em razão da
incompetência deste juízo, tendo em vista que a competência para
processar e julgar os presentes autos é da vara de violência
doméstica, nos termos do entendimento da Corte Superior;
c) Em caso do nobre Tribunal entender pela condenação, que à
mesma ser mantida no importe mínimo 8 (oito) anos, por não ser caso
de agravantes, devendo permanecer pena base garantindo a
semiliberdade do Apelante.

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