apelação - trafico de drogas diego
apelação - trafico de drogas diego
apelação - trafico de drogas diego
I - PRELIMINARMENTE
I.I - DA PARCIALIDADE DO JUÍZO A QUO
Egrégio Tribunal de Justiça, ao analisarmos minuciosamente os autos do
processo, podemos perceber a existência de provas suficientes que contradizem o depoimento
colhido pela suposta vítima, bem como de sua RL.
Além de inúmeras peças da defesa protocoladas como resposta à acusação e
alegações por memoriais, onde o juízo nem sequer levou a considerar nesta balança, julgou o
caso em comento tão somente com base nas peças da acusação e no depoimento da vítima.
Portanto, percebemos que nem sequer cita na sentença qualquer elemento
ofertado pelos advogados de defesa, como os depoimentos colhidos na instrução que
contradizem totalmente os fatos oferecidos na denúncia.
É de saber notório que no âmbito do crime de estupro o depoimento da vítima é
de suma importância, pois é um tipo infração penal que geralmente não tem testemunha ou
outra prova da ocorrência do ilícito. Contudo, não pode o magistrado condenar o acusado
tão somente em razão da natureza do crime. É perceptível que o juízo a quo simplesmente
vendou os olhos para defesa e julgou procedente a demanda.
Excelências, o juiz deve ser imparcial, coletar todos os elementos de prova
produzidos nos autos e justificar o que lhe demonstrou certeza e o porquê que a prova colhida
não lhe traz convicção de sua decisão. Diante disto, percebemos que o juízo deixou de
justificar o porquê de os demais depoimentos colhidos não deveriam ser levados em
consideração.
Não houve expressa fundamentação da rejeição de depoimento, perpetrando em
um julgamento parcial. Além de que, o apelante prestou depoimento, tanto em sede de D.P
quanto em Audiência de Instrução, o que em nada interferiu no firmamento da decisão do
juízo, visto que já tinha pré condenado o suposto acusado.
O Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 8º, I, dispõe:
Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ele, ou para determinarem seus direitos ou
obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza
(grifamos).
Portanto, requer a declaração de nulidade nos autos, visto que o juízo a quo
acolheu tão somente provas ofertadas pela acusação, demonstrando sua parcialidade ao
deixar de fundamentar a rejeição das provas da defesa.
II – SÍNTESE FÁTICA
Consta da denúncia que “no dia 22 de julho de 2019, por volta das 15h00min, no
bairro novo Horizonte, o Denunciado DIEGO MONTEIRO mantinha em depósito para a
comercialização, aproximadamente 01 (uma) porção de substância entorpecente, do tipo
MACONHA. Conforme apurado, na data supracitada, a equipe policial, após diversas
denúncias anônimas, realizou diligências a casa do denunciado DIEGO MONTEIRO, e
encontrou sob sua posse, 01 (uma) porção de substancia entorpecente, do tipo de maconha.
Encontra-se juntado à fl. 11 o Laudo de Constatação de Exame para Identificação de Material
Entorpecente, o qual resultou em 4,0g (quatro virgula zero gramas) de material identificado
como sendo maconha com base na Portaria nº. 344, de 12 de maio de 1998- ANVISA.
Quando inquirido à fl. 04, o denunciado alegou que quantidade encontrada era para
consumo.”.
III - BREVE SÍNTESE PROCESSUAL
Com efeito, o MM. Juízo singular ao julgar o presente feito entendeu e proferiu a
seguinte decisão judicial, conforme abaixo transcrito:
Nº do processo: 0035669-92.2019.8.03.0001 Magistrado: LUCIANA
BARROS DE CAMARGO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
AMAPÁ denunciou DIEGO
MONTEIRO TAVARES, ambos pela prática do delito previsto no artigo 33,
“caput”, da Lei Federal nº 11.343/06.
Consta da denúncia que “no dia 22 de julho de 2019, por volta das
15h00min, no bairro novo Horizonte, o Denunciado DIEGO MONTEIRO
mantinha em depósito para a comercialização, aproximadamente 01 (uma)
porção de substância entorpecente, do tipo MACONHA. Conforme apurado,
na data supracitada, a equipe policial, após diversas denúncias anônimas,
realizou diligências a casa do denunciado DIEGO MONTEIRO, e encontrou
sob sua posse, 01 (uma) porção de substancia entorpecente, do tipo de
maconha. Encontra-se juntado à fl. 11 o Laudo de Constatação de Exame
para Identificação de Material Entorpecente, o qual resultou em 4,0g (quatro
virgula zero gramas) de material identificado como sendo maconha com
base na Portaria nº. 344, de 12 de maio de 1998- ANVISA. Quando
inquirido à fl. 04, o denunciado alegou que quantidade encontrada era para
consumo.”.
Esclareço que, embora não tenha instruído o feito, não estou rompendo com
o princípio da identidade física do Juiz, haja vista que a nobre colega que
encerrou a instrução processual encontra-se de férias, não podendo, neste
momento, prolatar a sentença de mérito, razão pela qual procedo com o
julgamento nestes autos.
Da materialidade.
A materialidade está comprovada por meio das peças que compõem o Auto
de Prisão em Flagrante nº 59/2019-DTE/DPE: termo de depoimento do
condutor/1ª testemunha e testemunha de apresentação; auto de qualificação
e interrogatório de DIEGO MONTEIRO TAVARES; boletim de ocorrência
nº 46687/2019-DTE; auto de exibição e apreensão de 01 porção de
substância possivelmente entorpecente (maconha); mandado de busca e
apreensão - rotina extra nº 0026839- 40.2019.8.03.0001; relatório final do
APF.
Da autoria.
Dos fatos.
Além disso, nada há nos autos a revelar que os policiais teriam alguma razão
para injustificadamente incriminar pessoas inocentes, não havendo razão
para que servidores públicos, empossados que são após compromisso de
fielmente cumprirem seus deveres, fossem apresentar testemunhos ou
provas ideologicamente falsas, com o simples intuito de incriminar
inocentes.
Dito isso, vejo está presente tanto a materialidade, quanto a autoria quanto
às imputações narradas na denúncia ao acusado DIEGO MONTEIRO
TAVARES, uma vez que os agentes de polícia cumprindo mandado de
busca e apreensão na residência do acusado, que à fl. 12 do APF vejo
ter sido concedida a ordem judicial na rotina extra nº 0026839-
40.2019.8.03.0001, por este Juízo, efetuaram a prisão em flagrante do
acusado em razão de ter em depósito na sua residência 4,0 g (quatro
vírgula zero gramas) de substância entorpecente do tipo “maconha”,
envolvido em embalagem plástica, sendo confirmada a presença de
maconha pelo laudo de constatação realizado.
Insta salientar que a ausência de laudo definitivo, o que é o caso dos autos,
não resulta em nulidade de condenação, uma vez que se tem a constatação
de tratar-se de droga ilícita (maconha). Nesse sentido é o entendimento do
TJAP:
O acusado DIEGO em Juízo discorreu que fora preso juntamente com outra
pessoa de alcunha “Caveirinha” e que os policiais quando da diligência
estavam adentrando na residência de várias pessoas na região, no entanto,
não fez nenhuma prova de sua alegação, como trazer uma testemunha
presente e que sustentasse sua alegação ou até mesmo trazer para ser ouvido
em Juízo a pessoa da qual afirmou estar consumindo a droga junto quando
da sua prisão, de modo que a versão apresentada não encontra guarida
diante do conjunto probatório coligido em seu desfavor.
O réu não faz jus à substituição de pena, por não preencher os requisitos
previstos no artigo 44 do Código Penal. De igual forma, não cabe a
suspensão da pena, na forma do artigo 77 do mesmo diploma legal.
MACAPÁ, 10/05/2024
Juiz(a) de Direito
Neste linear, verifica-se a ausência de indícios de autoria, uma vez que não há
nenhuma prova material que apresente o suposto acusado como autor do crime que lhe foi
imputado. Portanto, verifica-se a falta de pressupostos contundentes para a presente demanda,
devendo a denúncia ser rejeitada.
V.IV - DA REINCIDÊNCIA
O art. 64 do CP define que não prevalece a condenação anterior passados 05
(cinco) anos do cumprimento da execução, tornando o agente RÉU PRIMÁRIO.
Sem atenuantes.
Presente a agravante do art. 61, II, "f", do CP, eis que cometeu o crime
prevalecendo- se de relações de hospitalidade [recepção eventual na casa da
vítima]. Assim, agravo a pena em 1/6, resultando em 10 anos, 3 meses e 20
dias de reclusão.
Regime inicial fechado para cumprimento da pena [art. 33, §2º, “a”, do CP],
pelo "quantum" da pena, com o direito de recorrer em liberdade, por ter
respondido todo o processo solto e por não estarem presentes os motivos que
justificam a segregação cautelar.
Denota-se que a divisão de pena base e da dosimetria de pena deverá ser feita
conforme art. 59 e 68, ambos do CP.
Embora o juízo a quo se utilize de processos já extintos pelo cumprimento de
pena, não devendo terem sido causa de aumento, uma vez que o art. 64 do CP define
que não prevalece a condenação anterior passados 05 (cinco) anos do cumprimento da
execução, tornando o agente RÉU PRIMÁRIO.
Isto posto, não deve ser acrescida na primeira parte majoração de pena em virtude
de reincidência, uma vez que esta não se faz presente, devendo permanecer a pena-base em
08 (oito) anos.
Quanto ao segundo quesito, suposta agravante do art. 61, II, "f", do CP, esta não
deve ser levada em consideração, visto que não restou configurada nos autos.
As testemunhas Katia (avó da suposta vítima) e Gleyce (sua ex-companheira),
foram nítidas ao afirmarem que Euton não frequentava mais a casa desde a separação do Sr.
Euton com a Sra. Gleyce (meados de julho de 2020) e o suposto crime ocorreu em
01/11/2021, tornando-se impossível tal conduta, bem como a própria avó da suposta vítima
afirmou que o Apelante não frequentava a casa da vítima e que não tinha acesso, visto que
quando o Sr. Euton ia à casa da dona Katia, era para levar seu filho, fruto do seu
relacionamento com a Sra. Gleyce. Cumpre destacar que a escada de acesso fica ao lado, não
sendo sequer necessário adentrar a casa da vítima para subir a escada.
Logo, não houve a incidência do art. 61, II, "f", do CP e, conforme demonstrado,
o crime tornou-se impossível de ocorrer.
Destaca-se ainda que, em sede de delegacia, a mãe da vítima disse que o suposto
crime teria ocorrido apenas 01 (uma) vez, contudo em audiência apresenta fato divergente e
ensaiado ao afirmar que foram várias, causando estranheza e contradição. Portanto, também
não deve ser aumentada à pena à ⅙, visto que não fora configurado o art. 71 do Código
Penal.
Por conseguinte, DEVE A PENA BASE SER PERMANECIDA COMO
ÍNCLITA JUSTIÇA, 08 (oito) ANOS EM REGIME SEMI-ABERTO.
VI - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer: