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Ld Pericia Matemática Financeira A

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PERÍCIA

MATEMÁTICA
FINANCEIRA

PATRICIA TELES
EXPEDIENTE

Coordenador(a) de Conteúdo Revisão Textual


Ísis Carolina Massi Vicente Cindy Luca e Érica F. Ortega
Projeto Gráfico e Capa Ilustração
Arthur Cantareli Silva Eduardo Aparecido Alves
Editoração Fotos
Nivaldo Vilela de Oliveira Junior Shutterstock e Envato
Design Educacional
Barbara Neves e Fabiana Dias

FICHA CATALOGRÁFICA

N964 Núcleo de Educação a Distância. TELES, Patrícia;.


Perícia Matemática-Financeira / Patricia Teles, - Florianópolis, SC:
Arqué, 2023.

228 p.

ISBN papel 978-65-6083-078-3


ISBN digital 978-65-6083-079-0

1. Perícia 2. Matemática-Financeira 3. EaD. I. Título.

CDD - 513.9

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
RECURSOS DE IMERSÃO

P E N SA N D O JU NTO S APROFU NDANDO

Este item corresponde a uma proposta Utilizado para temas, assuntos ou con-
de reflexão que pode ser apresentada por ceitos avançados, levando ao aprofun-
meio de uma frase, um trecho breve ou damento do que está sendo trabalhado
uma pergunta. naquele momento do texto.

ZOOM NO CONHECIMENTO

PRODUTOS AUDIOVISUAIS Utilizado para desmistificar pontos


Os elementos abaixo possuem recursos que possam gerar confusão sobre o
audiovisuais. Recursos de mídia dispo- tema. Após o texto trazer a explicação,
níveis no conteúdo digital do ambiente essa interlocução pode trazer pontos
virtual de aprendizagem.
adicionais que contribuam para que
o estudante não fique com dúvidas
sobre o tema.

P L AY N O CO NH E C I M E NTO

Professores especialistas e con-


INDICAÇÃO DE FIL ME
vidados, ampliando as discus-
sões sobre os temas por meio de
Uma dose extra de
fantásticos podcasts.
conhecimento é sempre
bem-vinda. Aqui você
terá indicações de filmes
E U I ND I CO
que se conectam com o
Utilizado para agregar um con- tema do conteúdo.
teúdo externo.

INDICAÇÃO DE L IVRO
E M FO CO

Utilizado para aprofundar o Uma dose extra de

conhecimento em conteúdos conhecimento é sempre

relevantes utilizando uma lingua- bem-vinda. Aqui você terá

gem audiovisual. indicações de livros que


agregarão muito na sua
vida profissional.

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CAMINHOS DE APRENDIZAGEM

7UNIDADE 1

INTRODUÇÃO À PERÍCIA CONTÁBIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

31UNIDADE 2

RESPONSABILIDADES DO PERITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

LAUDO PERICIAL E PARECER PERICIAL CONTÁBIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

77UNIDADE 3

FRAUDES CONTÁBEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

AUDITORIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

131
UNIDADE 4

CONCEITOS FINANCEIROS BÁSICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

183
UNIDADE 5

MERCADO DE CAPITAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184

CRIMES DE FRAUDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208

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UNIDADE 1
TEMA DE APRENDIZAGEM 1

INTRODUÇÃO À PERÍCIA CONTÁBIL

MINHAS METAS

Entender o conceito de perícia contábil.

Diferenciar o objeto do objetivo da perícia contábil.

Diferenciar a perícia judicial da extrajudicial.

Diferenciar o perito oficial de perito assistente.

Identificar as qualidades do profissional perito contador.

Identificar as qualidades do trabalho de perícia contábil.

Identificar os riscos da perícia contábil.

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U N I C ES U M A R

INICIE SUA JORNADA


Em algum momento de nossas vidas, podemos nos deparar com situações con-
flituosas em que precisamos da ajuda de um especialista para nos auxiliar no
processo de tomada de decisão.
É nesse momento em que se insere a perícia contábil para a verificação dos
fatos ligados ao patrimônio individualizado, visando oferecer opinião mediante
a questão proposta. Para essa opinião, são feitos exames, vistorias, indagações,
investigações, avaliações e arbitramentos, isto é, todo e qualquer procedimento
necessário à emissão de uma opinião balizada em fatos contábeis.
Em uma demanda judicial ou extrajudicial, o perito contador pode ser con-
tratado para ajudar na solução de conflitos que, apenas com a apresentação de
documentos e depoimentos, não estão sendo solucionados. Nesses casos, o perito
é contratado para emitir a própria opinião e apresentar possíveis soluções para
o(s) conflito(s) a partir de procedimentos específicos que se aplicam de acordo
com a pertinência de cada caso.
Suponhamos que, em um determinado processo judicial, a demanda entre as
partes se fixa no procedimento de interpretação e análise de custos que formaram
o preço de venda de determinado produto. Nesse caso, o objeto da perícia não
seria determinar se a finalidade está sendo cumprida com eficácia, mas identificar
quais meios patrimoniais estariam à disposição para concretização.
Portanto, o trabalho da perícia deve evidenciar a contabilidade de custos
de acordo com a ótica específica da análise da corrente dominante das ciências
contábeis. Essa corrente, atualizada pela teoria da contabilidade, apresenta o
fenômeno patrimonial a ser estudado a partir de relações lógicas, divididas em
essenciais, dimensionais e ambientais. Além disso, servirá para apurar as possí-
veis divergências apontadas no processo e demonstrar a verdade sobre os fatos
envolvidos na demanda e que estão ligados ao patrimônio.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Neste podcast, falaremos sobre o conceito, o objeto, a importância da perícia con-


tábil e os respectivos elementos para a realização do trabalho. Você entenderá em
que momento se faz necessário o uso da perícia e que tipo de perícia deverá ser
utilizada em cada situação prevista. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

VAMOS RECORDAR?
Agora que fizemos uma introdução ao tema, já conseguimos entender que a perícia
contábil é utilizada para a verificação de fatos ligados ao patrimônio da entidade,
objetivando oferecer opinião mediante uma questão proposta. As pessoas, físicas
ou jurídicas, buscam a perícia em situações conflituosas e em demandas judiciais
ou extrajudiciais. Para aperfeiçoar ainda mais o entendimento do tema que
estudamos até aqui, sugiro a leitura do artigo A importância da perícia contábil para
o judiciário: uma revisão de literatura. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Agora, conheceremos melhor o assunto a partir dos conteúdos teóricos apre-
sentados a seguir.

CONCEITO DE PERÍCIA CONTÁBIL

A perícia contábil representa a verificação de fatos ligados ao patrimônio indivi-


dualizado, visando oferecer opinião mediante uma questão proposta. Para tanto,
são feitos exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações e arbitramentos,
ou seja, todo e qualquer procedimento necessário à opinião.

A P RO F UNDA NDO

O conceito de patrimônio, na contabilidade, refere-se ao conjunto de bens, direitos


e obrigações de uma pessoa ou empresa. Os bens e os direitos compõem o ativo,
enquanto as obrigações formam o passivo.

De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs), a perícia con-


tábil é um conjunto de procedimentos técnicos e científicos que tem, como ob-
jetivo, fornecer à autoridade responsável as evidências necessárias para resolver

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U N I C ES U M A R

um conflito ou confirmar um fato. Isso é feito a partir de relatórios e pareceres


periciais contábeis, seguindo as leis e os regulamentos aplicáveis.
A perícia contábil tem como objetivo emitir laudos ou pareceres sobre as-
suntos contábeis. Isso envolve a análise a partir de exames, vistorias, questiona-
mentos, investigação, arbitragem, avaliação ou certificação. Independentemente
de ser judicial ou extrajudicial, ela é realizada apenas por contadores registrados
em um Conselho Regional de Contabilidade.

A perícia judicial ocorre sob a supervisão da justiça, enquanto a perícia extrajudicial


pode ser realizada em contextos arbitrais, governamentais ou voluntários.

São razões do raciocínio para a formação do conceito da perícia contábil:

a) A necessidade de se conhecer a opinião de um especialista em Conta-


bilidade sobre uma realidade patrimonial, em qualquer tempo, espaço,
qualitativa e quantitativamente, em causas e efeitos.
b) O exame do especialista sobre o que se deseja conhecer como opinião.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

OBJETO DA PERÍCIA CONTÁBIL

O caráter fundamental da tecnologia é a especificidade, ou seja, ter um objeto determi-


nado, requerido, para que se possa gerar uma opinião abalizada em matéria contábil.
Se desejamos saber se uma pessoa teve, em sua conta bancária, somas de dinheiro
que ultrapassaram a renda dela ou que não têm origem comprovada e sadia, somente
uma perícia específica da conta nos permite emitir uma opinião. Da mesma forma,
para saber se um funcionário usou corretamente o dinheiro que foi lhe entregue em
determinado período para realizar determinados gastos, é necessária uma perícia.
A perícia, todavia, pode ser “parcial” ou “total” no exame de contas, de-
monstrações, documentos ou fatos. Dependendo daquilo que se pretende, fixa-
mos o objeto a ser examinado e a respectiva extensão.
Nos exames parciais, em que são examinadas partes dos documentos, eles
não podem ser absolutos ou tidos como se fossem isolados, pois tudo aquilo que
consta no patrimônio vive em regime de interação. Assim, por exemplo, se exa-
minarmos uma conta bancária, dela, podem decorrer fatos colaterais de interesse.
Logo, a ligação com uma terceira pessoa que pode estar envolvida em fatos que in-
teressam à pesquisa e podem gerar “outras indagações” não deve ser abandonada.
A perícia, para atingir a especificidade ou o propósito para o qual foi re-
querida, deve se atentar aos próprios objetivos, que serão apresentados a seguir.
Entre os objetivos, a perícia tem o pleno alcance da realidade, ou seja, deve
perseguir a realidade. Todos os meios são válidos para a formação de uma opinião
que se apoie na realidade, na plenitude, na essencialidade e nas formas dos
fatos em exame. Por isso a perícia busca a verdade sobre o que se evidencia e,
consequentemente, busca a competente sustentação documental.
Como visa ser utilizada para a solução de conflitos, a perícia necessita atingir
esse fim e deve ser suficientemente confiável. Portanto, precisa se ater ao objeto
para a qual foi requerida e apenas subsidiariamente, se for para auxiliar no al-
cance do objeto, deve apelar para complementações (documentos que estão fora
do processo, por exemplo).
É requerido, na perícia contábil, um parecer com uma opinião acerca de matéria
contábil. Desse modo, como o objeto é identificável, a verificação deve ser orientada
no sentido específico, embora com ampla abrangência. A abrangência é um requisito
para a utilidade do parecer. Muitas vezes, precisamos ser abrangentes nas pesquisas.
No entanto, não devemos nos esquecer de que o objeto da perícia é sempre específico.

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U N I C ES U M A R

Quanto ao perito, requer-se, todavia, opiniões de ordem genérica. Nesse


caso, ele pode e deve esgotar tudo o que se relaciona com a questão e que esteja
no limite de sua própria observação. Existem casos em que as partes interessadas
solicitam ao perito “aduzir comentários que achar pertinente”. Nesses casos, é
dever do perito ampliar o próprio objeto de exame até o limite que julgar conve-
niente ao esclarecimento do assunto.
De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), para a execu-
ção da perícia contábil, o perito deve se ater ao objeto e ao lapso temporal da
perícia a ser realizada.

O objeto da perícia surge a partir de situações, coisas ou fatos oriundos das relações,
efeitos e haveres que fluem do patrimônio de quaisquer entidades.

OBJETIVO DA PERÍCIA CONTÁBIL

O objetivo da perícia contábil é apresentar a verdade dos fatos econômicos, co-


merciais, tributários, previdenciários, financeiros, trabalhistas, fiscais e adminis-
trativos, segundo cada caso e o que está pleiteado na inicial. A finalidade é ajudar
a esclarecer os fatos controversos no âmbito judicial ou extrajudicial quando não
é possível a solução de conflitos (ZANNA, 2011).
No mesmo sentido, Alberto (2010, p. 36) descreve que:


[...] a perícia contábil tem por objetivo geral a constatação, prova, ou
demonstração contábil da verdade real sobre o seu objeto, e trans-
ferindo-o, através de sua materialização – o laudo – para o ordena-
mento da instância decisória, judicialmente ou extrajudicialmente.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Assim, pode-se entender que o objeto são os fatos relacionados à causa, enquan-
to o objetivo é a constatação das provas e a veracidade das informações.
O objeto é específico, enquanto o objetivo é amplo, de acordo com a necessidade
daquilo que deve ser investigado.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

O objetivo da perícia está ligado à elucidação dos fatos que demandam as par-
tes a partir dos meios utilizados para a elaboração de um laudo ou um parecer
contábil. A perícia contábil tem como objetivo geral a constatação, a prova ou a
demonstração contábil da real verdade sobre o objeto.
O objetivo pode ser dividido em geral ou específico. O primeiro é aquele que
leva à formulação de opinião ou juízos técnicos, tais como a emissão de um parecer
conclusivo. Por outro lado, o objetivo específico pormenoriza o parecer, de forma
a evidenciar os fatos que levaram à conclusão apresentada no parecer conclusivo.

PERÍCIA E AUDITORIA CONTÁBIL

Perícia contábil não é o mesmo que auditoria contábil.

A perícia e a auditoria variam quanto à natureza das causas e dos efeitos de es-
paço e de tempo. A primeira serve a uma época, a um questionamento, a uma
necessidade; já a segunda tende a ser uma necessidade constante, atingindo um
número muito maior de interessados, sem a necessidade de rigores metodológi-
cos tão severos. Basta dizer que a auditoria consagra a amostragem, e a perícia a
repele, como critério habitual.

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U N I C ES U M A R

A auditoria tem, como objetivos normais, a maior abrangência e a questão


como algo em continuidade, enquanto a perícia se prende à especificidade. Ela
tem caráter de eventualidade e só aceita o universo completo para produzir uma
opinião como prova, e não como conceito.
Existem muitos pontos em comum, podendo tais tecnologias se beneficiarem
uma do procedimento da outra, visto que tudo está amparado pela ciência contá-
bil. Contudo, apenas por suplementação ou em casos muitos especiais, a perícia
se vale dos critérios de auditoria. Em situações muito específicas, a perícia pode
se utilizar da amostragem, o que é uma das principais características da auditoria.
A auditoria permite uma delegação muito maior que a perícia contábil. A
auditoria é mais uma espécie “revisão”, enquanto a perícia é mais uma “produção
de prova” por verificação, exame, arbitramentos etc.
A auditoria contábil revisa e avalia documentos. Ela é feita como uma forma
de prevenção, verifica se as demonstrações financeiras estão de acordo com as
normas contábeis, em um processo contínuo, pode ser executada por uma pessoa
física ou pessoa jurídica, tem um perfil analítico e, normalmente, é direcionada
a sócios, investidores e administradores de uma empresa.
Não só, mas também esclarece fatos contábeis e financeiros. Assim, são feitos
diagnósticos. Ela é realizada quando há situações específicas que requerem provas
para solucionar um determinado questionamento. Assim, exige um perfil direcio-
nado à solução de problemas. Os usuários dela são as partes envolvidas e a justiça.

E U IN D ICO

Para entender um pouco mais as diferenças entre o trabalho do auditor e do perito


contábil, sugiro que assista ao vídeo intitulado Auditoria ou perícia contábil? Enten-
da as diferenças. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambien-
te virtual de aprendizagem.

A auditoria prevê o tempo e a equipe a serem alocados, além da qualificação


da equipe, incluindo auditores, gerentes e sócios. Por sua vez, a perícia contábil
prevê o tempo a ser alocado a partir da quantidade de horas de trabalho, o valor
financeiro, a forma de pagamento e a metodologia a ser usada.

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PERÍCIA CONTÁBIL E DEVASSA

A devassa é um exame integral feito nos documentos da empresa, sem nada a


excluir, com maior tempo de execução, interessada em conhecer todas as irre-
gularidades que um evento tenha provocado. Ela envolve maior aceitação dos
indícios de erros do que a própria perícia, que tem objeto específico, pois apela
para uma maior quantidade de métodos extra contábeis e tem conotação de tudo
abranger, prolongando-se até o ponto em que os limites da verificação estejam
esgotados em todos os setores.

A perícia contábil pode se transformar em devassa, mas, ao mesmo tempo, não se


confunde com tal tarefa.

Não podemos dizer que a devassa seja um critério nitidamente contábil, mas
que apenas apela para a contabilidade, para que ela desempenhe a função no que
tange aos fenômenos da riqueza.
Enquanto a perícia é direcionada apenas à pequena parcela do universo con-
tábil, a devassa se caracteriza pela integralidade, pelo maior tempo de realização
e pelo foco amplo, somente terminando até que todos os elementos em discussão
estejam esgotados em todos os setores.
A devassa objetiva conhecer todas as irregularidades que um evento tenha
provocado. Além disso, a devassa extrapola a questão contábil, esvaindo-se da
utilização de métodos extra contábeis, com maior aceitação nos indícios.
Alguns autores entendem que, em decorrência dessa amplitude, a devassa não
seja um procedimento contábil, mas um procedimento que usa a contabilidade
para verificar irregularidades.

RISCOS NA PERÍCIA

Os serviços contábeis, assim como quaisquer outros, têm margens de risco. Na


perícia, todavia, o risco tem muito mais significação, pois pode levar a uma opi-
nião errônea, produzindo uma falsa prova, com lesão ao direito de terceiros.
O perito não pode errar e, para isso, deve se precaver de todos os meios a
alcance. Essas preocupações devem ser adotadas principalmente em relação
aos seguintes fatores:

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U N I C ES U M A R

TEMPO ATRIBUÍDO

Só aceitar a tarefa em tempo hábil, para que possa desempenhá-la com rigor. Para tanto,
deve dimensionar a tarefa e, se o tempo atribuído for incompatível com a necessidade de
dedicação à execução, solicitar maior prazo. Se ele for negado, recusar a incumbência.

PLANO DE TRABALHO

Elaborar um plano amplo e competente para a perícia e escolher os melhores critérios


de desempenho.

DESEMPENHO EXIGENTE

Durante o desempenho ou a execução do plano, o perito deve usar a própria autorida-


de, para que tudo lhe seja oferecido a tempo e completamente, ou seja, os elementos
materiais de exame devem ser satisfatórios.

APOIO EXIGENTE

Nos casos, por exemplo, dos sistemas informatizados, em que muitas entradas em com-
putadores não têm documentação (exemplo: caixas eletrônicos de bancos), exigir um ri-
goroso apoio de programação de verificação (com assistência especializada de alto nível).

RESGUARDO DE INFORMES

Todo informe fornecido com base em “conhecimento de serviço” ou “conhecimento de


fatos” que seja relevante para o julgamento deve ser colhido em depoimentos escritos
e assinados pelos depoentes de maneira testemunhada (exemplo: informação sobre o
critério de aplicação de títulos no mercado).

PROVAS EMPRESTADAS

Onde couber, deve o perito apelar para a informação de pessoas alheias ao processo,
mas ligadas por transações à empresa ou à instituição (exemplo: pedido de confirma-
ção de saldos a fornecedores, clientes etc.).

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DECLARAÇÕES

Quanto aos dados a serem requeridos, o perito pode pedir à empresa que está sob seu
exame uma carta da administração que declare que os elementos exibidos eram os
exclusivos que existiam e que nenhum outro foi produzido ou existe em outro local etc.

PREÇO

Compatível com a qualidade e a quantidade do trabalho a ser executado.


Em suma, um trabalho pericial tem riscos, necessitando de cautelas especiais. É pre-
ciso que o perito adote todas as medidas possíveis de precaução para a garantia do
próprio trabalho e para que, posteriormente, não venha a prejudicar terceiros, nem ser
responsabilizado por omissão ou falsidade informativa.

TIPOS DE PERÍCIA

A perícia contábil é dividida em quatro tipos: ju-


dicial, semijudicial, extrajudicial e arbitral. Para
um melhor entendimento, vamos estudar cada
uma delas separadamente.

Perícia judicial

A doutrina contábil e jurídica atribui diversos


conceitos para a perícia contábil, explorando-os,
como técnica de prova, aplicação de conheci-
mentos e os fins a que se destina.
A perícia judicial é realizada em processos
judiciais por determinação do juiz titular da Co-
marca e deve ser feita em consonância com a le-
gislação aplicável, ou seja, as Normas Brasileiras
de Contabilidade PP 01 e PT 01 do Conselho
Federal de Contabilidade.

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U N I C ES U M A R

Trata-se da produção de provas, com a finalidade de pesquisar e informar


a verdade sobre determinados fatos a partir de um laudo pericial elaborado
pelo perito oficial. A perícia judicial está sujeita às normas do Código de Pro-
cesso Civil.


Perícia contábil judicial é a que visa servir de prova, esclarecen-
do o juiz sobre assuntos em litígio que merecem seu julgamento,
objetivando fatos relativos ao patrimônio de empresas ou de
pessoas. A perícia judicial obedecerá a um ciclo, que engloba
três fases: preliminar, operacional e final (SÁ, 2003, p. 78).

A fase preliminar do trabalho pericial ocorre quando a perícia contábil é


requerida ao juiz pela parte interessada na realização (ou o próprio juiz con-
clui pela necessidade dela). O juiz defere a perícia e escolhe o perito dentre
aqueles cadastrados na comarca. Entretanto, o juiz também pode buscar um
profissional no Cadastro Nacional de Peritos Contadores do Conselho Fe-
deral de Contabilidade.
As partes formulam quesitos e indicam os próprios assistentes técnicos,
que devem ser profissionais contadores (bacharel em Ciências Contábeis com
registro no Conselho Regional de Contabilidade do próprio estado). O perito
oficial, isto é, aquele nomeado pelo juiz, é cientificado da indicação, propõe
honorários e requer o depósito prévio dos valores acertados, que ficam de-
positados em conta judicial até o fim da realização da perícia ou quando o
juiz determinar a liberação do pagamento ao perito. A partir disso, o juiz
estabelece o prazo, o local e a hora para iniciar os trabalhos periciais.
A fase operacional do trabalho é quando se inicia a perícia e as diligên-
cias (solicitações de documentos ou esclarecimentos às partes do processo
ou à terceiros). Nessa fase, decorre-se o curso do trabalho e culmina com a
elaboração do laudo.
Na fase final do trabalho pericial, são feitas a revisão de todo trabalho,
a assinatura e a entrega do laudo. Em seguida, é feito o levantamento dos
honorários, podendo ocorrer pedido de esclarecimentos pelas partes ou
pelo juiz. Todavia, o laudo também pode ser aceito em sua totalidade, sem
pedidos de esclarecimentos.

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Perícia semijudicial

É aquela que é realizada dentro dos órgãos públicos como uma prévia para o le-
vantamento de débitos ou de fatos controversos, antes de se levar o caso à Justiça,
como acontece no Ministério Público, na Receita Federal, na Receita Estadual e
em outros órgãos públicos.


A perícia semijudicial é aquela realizada dentro do aparato insti-
tucional do Estado, porém fora do Poder Judiciário, tendo como
finalidade principal ser meio de prova nos ordenamentos institucio-
nais. Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo o amparo estatal
atuante, em policial (nos inquéritos), parlamentar (nas comissões
parlamentares de inquérito ou especiais) e administrativo-tributá-
ria (na esfera da administração pública tributária ou conselho de
contribuintes) (ALBERTO, 2010, p. 39).

A perícia semijudicial auxilia os operadores do direito na tomada de decisão


sobre iniciar, ou não, um processo judicial. Em outras palavras, ela acontece de
forma prévia ao processo judicial.
As perícias semijudiciais:


[...] seguem as determinações do magistrado ou autoridade equivalente
segundo os poderes da República em que acontece o trabalho pericial,
os ditames do CPC e das NBCs aplicáveis a cada caso. Neste contexto,
entende-se que a perícia semijudicial é feita fora do poder judiciário,
mas dentro dos procedimentos institucionais do Estado, sempre sendo
feita por profissionais da área da perícia (ZANNA, 2011, p. 530).

Então, perícias semijudiciais podem ser utilizadas por procuradores, promotores,


investigadores, policiais, conselhos tributários, auditores fiscais, tribunal de con-
tas, dentre outros, na busca por informações que possam auxiliá-los na tomada
de decisão sobre a constituição, ou não, de um processo judicial.

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U N I C ES U M A R

Perícia extrajudicial

A perícia extrajudicial é aquela que ocorre fora da instância judiciária, ou seja,


não é determinada pelo juiz, logo, não está sujeita aos preceitos do Código de
Processo Civil.


A perícia extrajudicial é aquela realizada fora do estado, por ne-
cessidade e escolha de entes físicos e jurídicos particulares – priva-
dos, vale dizer – no sentido estrito, ou seja, não submetidas a outra
pessoa encarregada de arbitrar a matéria conflituosa (fora do juízo
arbitral, também) (ALBERTO, 2010, p. 54).

A perícia extrajudicial é aquela que é realizada fora do âmbito judicial, podendo


ser prévia ao processo, servindo como um elemento de prova para o processo
judicial. Pode, também, a perícia extrajudicial acontecer de forma administrativa,
dentro de empresas públicas e privadas.


A perícia extrajudicial tem por objetivo esclarecer pontos de discór-
dia entre pessoas que querem atingir o entendimento sem utilizar
recursos judiciais ou arbitrais (ZANNA, 2005, p. 98).

A perícia extrajudicial pode acontecer sem a presença de uma pessoa encarregada


de arbitrar sobre a matéria analisada. Em geral, busca subsidiar os interesses par-
ticulares, quer de teor físico, quer de teor jurídico. As partes escolhem o perito,
que vai emitir o próprio parecer com base nos procedimentos por ele adotados,
com vistas a esclarecer o fato ou a situação litigante.

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Perícia arbitral

A perícia arbitral é aquela que ocorre a partir de uma instância decisória criada
pelas partes envolvidas, normalmente, em uma Câmara de Arbitragem, que é
composta por prestadores de serviços que oferecem suporte para a realização da
arbitragem (método de resolução de conflitos entre as partes sem a participação
do Poder Judiciário), a fim de definir as regras a serem seguidas durante um
processo arbitral.
No Brasil, a arbitragem nasceu com a Lei nº 9.307, de 1996, que determina
que as partes envolvidas podem recorrer a um árbitro ou a uma câmara arbitral
para a solução de controvérsias e litígios relativos a bens patrimoniais disponíveis.
A perícia arbitral é um tipo especial de avaliação realizado no âmbito do
tribunal arbitral, o qual difere tanto do processo judicial quanto do processo
extrajudicial. Contudo, com base no que for previamente acordado durante a
audiência arbitral, as partes devem observar integralmente os termos estabele-
cidos. Em certas circunstâncias, no entanto, surgem desentendimentos entre as
partes em relação ao que foi acordado na audiência, principalmente no que diz
respeito a questões financeiras. Nessas situações, a perícia arbitral se torna neces-
sária, sendo uma avaliação que ocorre dentro do contexto do tribunal arbitral.
Na prática, o que se percebe é a existência de regras específicas para a produ-
ção de prova pericial nos regulamentos dos órgãos arbitrais. Esses regulamentos
devem ser adotados nas arbitragens, em que as partes elegem um árbitro para
administrar o procedimento e procuram sintetizar os ditames da lei processual,
especialmente no que tange à nomeação do perito, à indicação de assistentes
técnicos, à formulação de quesitos e à entrega do laudo.

PERITO CONTADOR

Perito é o contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabili-


dade que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser um profundo
conhecedor, por suas qualidades e experiência, da matéria periciada. Algumas
são as qualificações técnicas do perito contador:

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U N I C ES U M A R

■ Ser bacharel em Ciências Contábeis.


■ Ter registro no CRC.
■ Ter formação técnica e prática em contábeis
■ Possuir cursos de aperfeiçoamento (informática, português, matemática
financeira e línguas).
■ Ser registrado no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC).

O perito deve ter amplo conhecimento específico da matéria da lide e das normas
contábeis, principalmente aquelas aplicadas à perícia e sobre os aspectos jurídicos
inerentes ao trabalho pericial. Trataremos mais desse assunto quando falarmos
das qualidades do perito.

PERITO OFICIAL E PERITO ASSISTENTE

Perito oficial é o profissional nomeado pelo juiz e de sua confiança. Ele também
pode ser chamado de perito judicial. Já o perito assistente é aquele profissional
indicado pelas partes do processo, logo, é de confiança das partes. Ele também
pode ser chamado de assistente técnico.

E U IN D ICO

Para entender um pouco mais a diferença entre os trabalhos do perito oficial e do


perito assistente, sugiro que assista ao vídeo da professora Priscila Gales, disponí-
vel no YouTube. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente
virtual de aprendizagem.

Para ser um bom perito contábil, seja como perito oficial, seja como perito assis-
tente, é necessário que o profissional tenha algumas qualidades que fazem dele
um profissional mais qualificado e eficiente na realização do trabalho. Portanto,
agora estudaremos as qualidades e as capacidades do perito contador.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

Qualidades e capacidades do perito contador

As qualidades e as capacidades do perito contador são essenciais para que ele


possa desenvolver um bom trabalho. Por isso, é importante conhecer cada uma
delas para melhor se qualificar e se tornar um ótimo perito.

CAPACIDADE LEGAL

A capacidade legal é a que te confere o título de bacharel em Ciências Contábeis e o


registro no Conselho Regional de Contabilidade.

CAPACIDADE PROFISSIONAL

A capacidade profissional é caracterizada por: conhecimento teórico da contabilidade;


conhecimento prático das tecnologias contábeis; experiência em perícias; perspicácia;
perseverança; sagacidade; conhecimento geral de ciência afins à contabilidade; e
índole criativa e intuitiva.

CAPACIDADE ÉTICA

A capacidade ética é aquela que estabelece o Código de Ética Profissional do Conta-


dor e a Norma do Conselho Federal de Contabilidade.

CAPACIDADE MORAL

A capacidade moral é aquela que está relacionada às atitudes pessoais do profissional


Entre as capacidades éticas, deve-se destacar basicamente a conduta do perito com
os próprios colegas e o caráter de independência e veracidade que deve manter em
seu parecer, havendo compromisso com a verdade e a virtude.
O perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e intelectualmente, e
exercer a profissão com total compromisso com a verdade. O exercício da perícia
contábil depende de formação superior, de sólidos princípios e de conhecimento
prático razoável.

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U N I C ES U M A R

E U IN D ICO

Assista ao vídeo que conta com dois profissionais peritos contadores. Observe o
quão são interessantes a profissão e o trabalho do perito contador. Recursos de
mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Espero que tenha entendido como um perito contador deve se portar e quais são
as qualidades e as capacidades necessárias ao profissional para melhor desem-
penhar o próprio papel.

NOVOS DESAFIOS
Assim como constatamos, a perícia contábil é uma área de especialização da
Contabilidade que vem despontando como amplo e promissor campo de atuação
do contador. É um importante ramo da Contabilidade e, para a devida realização,
faz-se necessário um profissional especializado, que esclareça questões sobre o
patrimônio das pessoas físicas e jurídicas.
O profissional perito contador pode ser nomeado pelo juiz ou contratado
pelas partes do processo ou por entidades que precisam elucidar fatos relativos
ao patrimônio. Esse profissional não possui vínculo empregatício nem com o
sistema judicial, nem com a entidade ou pessoa para a qual ele realiza a perícia.
Ele é contratado de forma independente para cada trabalho específico, o que o
torna um profissional autônomo. No entanto, esse campo de atuação oferece
um mercado de trabalho excelente e abrangente. Com preparo adequado e ex-
periência, esse profissional sempre terá oportunidades de trabalho disponíveis.

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VAMOS PRATICAR

1. A perícia contábil representa a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado, vi-


sando oferecer opinião mediante questão proposta. Para essa opinião, realizam-se exames,
vistorias, indagações, investigações, avaliações e arbitramentos, ou seja, todo e qualquer
procedimento necessário à opinião, a qual deve ser emitida por um perito contador.

A perícia é uma prerrogativa do profissional da contabilidade que pode figurar como perito
oficial ou perito assistente. Com base na Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TP 01 -
Perícia Contábil, assinale a alternativa correta:

a) O perito-assistente não pode, tão logo que tenha conhecimento da perícia, manter con-
tato com o perito do juízo.
b) A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia extrajudicial é
exercida somente no âmbito arbitral.
c) A perícia voluntária é contratada espontaneamente pelo interessado apenas.
d) O perito-assistente não pode firmar o laudo pericial quando o documento tiver sido
elaborado por leigo ou profissional de outra área.
e) A perícia contábil pode ser realizada por técnico em contabilidade devidamente regis-
trado no Conselho de Classe.

2. As aplicações dos conhecimentos científicos, para prestarem utilidade ao ser humano, são
duas tecnologias. A perícia contábil, por sua vez, é uma tecnologia, porque é a aplicação
dos conhecimentos científicos da contabilidade.

A perícia contábil e suas tecnologias são necessárias para a realização da perícia contábil,
incluindo alguns procedimentos técnicos que permeiam pelas Normas Brasileiras de Con-
tabilidade e devem ser executados para o bom andamento do trabalho de perícia, dentre
eles: definição do objeto da perícia, forma circunstanciada da perícia, critério adotado na
perícia e metodologia aplicada na perícia.

Considerando a temática apresentada no enunciado, analise as afirmativas a seguir:

I - O relato ou a transcrição sucinta, de forma que resulte em uma leitura compreensiva


dos fatos relatados sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na con-
tratação do perito. Dessa forma, define-se o objeto da perícia.
II - A metodologia é o conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar o
resultado da perícia por meio do conhecimento técnico-científico, de maneira que possa,
ao final, inseri-lo no corpo técnico do laudo e parecer.

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VAMOS PRATICAR

III - A forma circunstanciada da perícia é a faculdade que tem o perito de distinguir como
proceder em torno dos fatos alegados para julgar ou decidir o caminho que deve seguir
na elaboração do laudo e do parecer
IV - A redação pormenorizada, minuciosa, efetuada com cautela e detalhamento em relação
aos procedimentos e aos resultados do laudo e do parecer é um tipo de critério adotado
na perícia.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

3. Perícia contábil não é o mesmo que auditoria. Ambas variam quanto à natureza das causas
e dos efeitos, ao espaço, ao tempo e à metodologia de trabalho.

A perícia contábil, diferente da auditoria, é uma tarefa requerida, destinada a suprir uma
eventualidade, com objetivo determinado, para colher opinião como prova para decisão. São
vários os elementos que compõem a natureza da perícia, mas, quanto ao desempenho, ela
é sempre algo eventual. Considerando as características que distinguem a perícia de outras
tecnologias contábeis, como a auditoria, analise as afirmativas a seguir:

I - Quanto à causa, necessidade de decisão.


II - Quanto ao efeito: produção de opinião como prova.
III - Quanto ao espaço: serve a determinada causa ou objetivo.
IV - Quanto ao tempo: tem caráter de eventualidade e não de perenidade.

É correto o que se afirma:

a) I e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II, III e IV.
e) II, III e IV, apenas.

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REFERÊNCIAS

ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SÁ, A. L. Perícia contábil. São Paulo: Atlas, 2003.

ZANNA, R. D. Prática de perícia contábil. 3. ed. São Paulo: IOB, 2011.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. D.

O perito assistente pode assinar o laudo pericial emitido junto com o perito oficial, desde que
esse seja profissional habilitado, ou seja, bacharel em Ciências Contábeis com registro no
CRC. Além disso, nada impede o perito assistente de fazer contato com o perito do juízo. A
perícia extrajudicial é exercida fora do aparato judiciário, podendo ser arbitral, administrativa
ou por iniciativa das partes. Não existe perícia contábil que parte só de uma das partes e a
perícia contábil é prerrogativa de um profissional habilitado, a saber: bacharel em Ciências
Contábeis com registro no CRC.

2. C

A metodologia adotada na perícia é o conjunto dos meios dispostos convenientemente para


alcançar o resultado da perícia por meio do conhecimento técnico-científico, de maneira
que possa, ao final, inseri-lo no corpo técnico do laudo e no parecer. A definição do objeto
da perícia é o relato ou a transcrição sucinta, de forma que resulte em uma leitura com-
preensiva dos fatos relatados sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou
na contratação do perito. As demais afirmativas estão invertidas.

3. D.

São características funcionais da perícia contábil: quanto à causa, necessidade de decisão;


quanto ao efeito: produção de opinião como prova; quanto ao espaço: serve a determinada
causa ou objetivo; quanto ao tempo: tem caráter de eventualidade, e não de perenidade.

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UNIDADE 2
TEMA DE APRENDIZAGEM 2

RESPONSABILIDADES DO PERITO

MINHAS METAS

Entender as responsabilidades gerais do perito.

Conhecer as responsabilidades éticas do perito.

Estudar as penalidades às quais o perito está sujeito.

Compreender em quais situações o perito deve recusar a perícia.

Conhecer as situações de impedimento do perito.

Entender as situações de suspeição do perito.

Compreender como funciona o sigilo na perícia.

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INICIE SUA JORNADA


Já imaginou um perito sendo processado por um trabalho não realizado ou rea-
lizado com erro e até mesmo fraude? Essa é uma situação lamentável, mas é
possível e precisamos entender como evitá-la.
Para que isso não aconteça, o perito contador precisa, antes de tudo, obedecer
ao Código de Ética Profissional. Não só, mas também deve se atentar às próprias
obrigações previstas no Código de Processo Civil, ao lembrar que está sujeito
às penalidades do referido código e do Código Penal. Logo, você conhecerá as
responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais às quais o perito está sujei-
to no momento em que aceita o encargo para a execução de perícias contábeis,
judiciais e extrajudiciais, inclusive, de maneira arbitral.
Além disso, estudará um elemento extremamente importante, que é o ter-
mo “responsabilidade”, e a obrigação do perito em respeitar os princípios da
moral, da ética e do direito, atuando com lealdade, idoneidade e honestidade
no desempenho das próprias atividades, sob pena de responder civil, criminal,
ética e profissionalmente pelos próprios atos. Essa responsabilidade decorre da
relevância que o resultado da atuação do perito pode produzir para a solução
da lide e do dever de sigilo, mesmo na hipótese de o profissional se desligar do
trabalho antes de tê-lo concluído.
Além do mais, conheceremos as situações em que o perito pode estar impe-
dido de atuar em determinado processo. Também saberemos
como é o ciclo normal da perícia e como o perito deve
cobrar pelo próprio trabalho. Vamos juntos?
Ciente do livre exercício profissional, o
perito contador deve, sempre que possí-
vel e não houver prejuízo aos próprios
compromissos profissionais e finanças
pessoais, em colaboração com o Poder
Judiciário, aceitar o encargo confiado,
na condição de perito contador do juí-
zo, ou escusar-se do encargo, no prazo
legal, apresentando as razões para tanto.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

Cumpre ao perito contador, no exercício do próprio ofício, atuar com inde-


pendência e responsabilidade. O perito contador, no desempenho de suas fun-
ções, deve propugnar pela imparcialidade, dispensando igualdade de tratamento
às partes e, especialmente, aos peritos contadores assistentes.
Portanto, é necessário que o perito verifique as próprias responsabilidades
perante o Código de Ética Profissional e o Novo Código de Processo Civil, além
da responsabilidade penal, a fim de não incorrer em nenhum crime previsto
nesses comandos legislativos.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Neste podcast, falaremos sobre as responsabilidades do perito contador, que


deve respeitar o Código de Ética Profissional, o Código Civil e está sujeito às pena-
lidades previstas nesses códigos e no Código Penal.
Confira o nosso podcast, que foi preparado com muito cuidado para alimentar os
seus conhecimentos sobre as responsabilidades do perito contador. Recursos de
mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Este vídeo, embora não fale exclusivamente da perícia contábil, aborda a questão
relativa à responsabilidade do perito de forma clara. Por exemplo: se o perito
deixar de prestar informações que poderiam auxiliar na solução da lide, ele pode
estar cometendo o crime de falsa perícia? Confira a resposta assistindo ao vídeo!
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

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DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade PP 01, aprovada pela Resolução
do Conselho Federal de Contabilidade nº 1244/09, o impedimento e a suspeição
são situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de exercer re-
gularmente as próprias funções ou de realizar atividade pericial em um processo
judicial ou extrajudicial, inclusive, arbitral. Os itens previstos nessa norma expli-
citam os conflitos de interesse motivadores dos impedimentos e das suspeições
a que está sujeito o perito nos termos da legislação vigente e do Código de Ética
Profissional do Contabilista.

E U IN D ICO

Deixo como sugestão de leitura a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) PP 01


(R1), de 19 de março de 2020. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital
do ambiente virtual de aprendizagem.

IMPEDIMENTO

Para que o perito possa realizar o próprio trabalho de forma imparcial, é muito impor-
tante que ele se declare impedido, após nomeado, contratado, escolhido ou indicado,
quando ocorrerem as situações previstas nas Normas Brasileiras de Contabilidade.
Quando o perito for nomeado pelo juiz, ele deve enviar uma petição, dentro
do prazo estabelecido por lei, explicando o motivo pelo qual ele não pode aceitar
o trabalho ou quais são os motivos que o impedem de atuar.
Se o perito for indicado por uma das partes do processo, não aceitando o
encargo, o perito contador assistente deve comunicar à pessoa a recusa, que deve
ser devidamente justificada por escrito e com cópia ao juiz do caso.
Essas medidas têm o objetivo de garantir que o perito seja imparcial e evite
qualquer conflito de interesses que possa prejudicar a qualidade e a confiabilidade
do próprio trabalho.
O perito contador nomeado ou escolhido precisa se declarar impedido quan-
do não puder exercer as próprias atividades com imparcialidade e sem qualquer
interferência de terceiros ou ocorrendo, pelo menos, uma das seguintes situações:

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a) for parte do processo;
b) tiver atuado como perito-contador contratado ou prestado de-
poimento como testemunha no processo;
c) tiver mantido, nos últimos dois anos, ou mantenha com alguma
das partes, ou seus procuradores, relação de trabalho como empre-
gado, administrador ou colaborador assalariado;
d) tiver cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou
em linha colateral até terceiro, postulando no processo ou entidades
da qual esses façam parte de seu quadro societário ou de direção;
e) tiver interesse, direto ou indireto, imediato ou mediato, por si ou
qualquer de seus parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta, ou
em linha colateral até segundo grau, no resultado do trabalho pericial;
f) exercer função ou cargo incompatíveis com a atividade de pe-
rito-contador, em função de impedimentos legais ou estatutários;
g) receber dádivas de interessados no processo;
h) subministrar meios para atender às despesas do litígio; e
i) receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem au-
torização ou conhecimento do juiz ou árbitro (CFC, c2023, p. 3).

Além do impedimento legal, cujos exemplos foram citados, o perito contador


pode ser impedido por motivos técnicos científicos a serem declarados pelo
próprio perito. São motivos de impedimento técnico-científico:


a) a matéria em litígio não for de sua especialidade;
b) a constatação de que os recursos humanos e materiais de sua estru-
tura profissional não permitem assumir o encargo; cumprir os prazos
nos trabalhos em que o perito-contador for nomeado, contratado ou
escolhido; ou em que o perito-contador assistente for indicado;
c) ter o perito-contador da parte atuado para a outra parte litigante
na condição de consultor técnico ou contador responsável, direto
ou indireto em atividade contábil ou em processo no qual o objeto
de perícia seja semelhante àquele da discussão, sem previamente
comunicar ao contratante (CFC, c2023, p. 4).

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E U IN D ICO

Para entender mais o papel do perito e como garantir a imparcialidade, assista ao


vídeo Impedimento Técnico e Legal do Perito. Descubra os desafios enfrentados
pelos peritos e aprenda a lidar com situações que podem comprometer a sua
isenção. Junte-se a nós e adquira conhecimentos fundamentais nessa área tão
importante. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente vir-
tual de aprendizagem.

Depois de entendermos as situações de impedimento, agora, estudaremos as


situações de suspeição às quais o perito está sujeito.

SUSPEIÇÃO

Ainda de acordo com a Resolução CFC nº 1244/09, o perito contador nomeado


ou escolhido deve se declarar suspeito quando, após, nomeado, contratado ou
escolhido, verificar a ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em
função da própria imparcialidade ou independência e, dessa maneira, compro-
meter o resultado do próprio trabalho em relação à decisão.
Os casos de suspeição aos quais estão sujeitos o perito contador são os seguintes:


a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;
b) ser inimigo capital de qualquer das partes;
c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus
cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral
até o terceiro grau ou entidades das quais esses façam parte de seu
quadro societário ou de direção;
d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou
dos seus cônjuges;
e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes;
f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do
objeto da discussão; e
g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de
alguma das partes (CFC, c2023, p. 5).

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Dentre esses motivos, o perito pode, ainda,


declarar-se suspeito por motivo íntimo.

SIGILO

De acordo com a Resolução CFC nº 1244/09, o perito,


em obediência ao Código de Ética Profissional do Con-
tabilista, deve respeitar e assegurar o sigilo das infor-
mações a que teve acesso, proibida a divulgação, salvo
quando houver a obrigação legal de fazê-lo. O dever de
sigilo do profissional permanece mesmo que o profis-
sional se desligue do trabalho antes de tê-lo concluído.
Os empregados designados pelo Conselho Fede-
ral de Contabilidade e pelos Conselhos Regionais de
Contabilidade, para efetuar a fiscalização do exercício
profissional, devem ter competência legal similar à re-
querida do perito para o trabalho por ele realizado, e as-
sumem compromisso de sigilo profissional semelhante.

RESPONSABILIDADES DO PERITO

O perito precisa ter responsabilidade sobre os ser-


viços por ele executados e pode responder pela res-
ponsabilidade civil, criminal ou ética.
O perito precisa saber de todas as obrigações
quando aceitar a indicação ou a nomeação para rea-
lizar uma perícia. Precisa, ainda, estar em constante
aprendizado, ter conhecimento técnico e científico,
ter comprometimento com o trabalho que lhe foi
designado, ter paciência, trabalhar com amor e ser
totalmente imparcial, pois o magistrado acredita no
seu trabalho e confia ao perito as bases de decisões
judiciais nas sentenças, sempre de acordo com as leis
e as normas estabelecidas.

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RESPONSABILIDADES CIVIL E
PENAL DO PERITO

A legislação civil determina responsa-


bilidades e, quando não respeitadas,
penalidades para o profissional que
exerce a função de perito contador, que
podem vir a ser por multa, indeniza-
ção e inabilitação.
A legislação penal estabelece penas
de multa, detenção e reclusão para os
profissionais que exercem a atividade
pericial que vierem a descumprir as
normas legais.
A responsabilidade civil tem
função reparatória ou indenizatória e
garante segurança ao lesado. Quanto à
natureza, a responsabilidade pode ser
civil ou criminal.


Numa acepção bem
ampla, ela consiste
na obrigação de re-
parar quaisquer da-
nos antijuridicamen-
te causados a outrem,
isto é, resultantes da
violação de direitos
alheios, de forma não
permitida pelo orde-
namento (NORO-
NHA, 1993, p. 18).

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Assim, a responsabilidade civil é a obrigação que o autor tem de responder legal


ou moralmente pelos próprios atos ou por atos de outrem, além de ressarcir e
reparar danos ou prejuízos causados a partir de uma indenização. Ela tem como
finalidade assegurar o interesse de cada pessoa em preservar o próprio direito
na esfera jurídica a partir da reparação de danos.
De acordo com Art. 186 do Código Civil, “aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002, on-line).
A responsabilidade abrange a obrigação de reparar vários danos, dentre
eles, os danos decorrentes de inadimplência, má execução ou atraso no cum-
primento das obrigações.
O parágrafo único do Art. 927 do Código Civil dispõe que “haverá obrigação
de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem” (BRASIL, 2002, on-line).
Aqui, o interesse é diretamente do prejudicado em recompor o próprio pa-
trimônio privado lesado. Assim, o Art. 935 do Código Civil estabelece que “a
responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal” (BRASIL, 2002, on-line).
Segundo Pinto (2003), a responsabilidade civil exige, para a própria configu-
ração, a existência de culpa por parte do agente ofensor. A responsabilidade penal
tem como objetivo reparar o dano causado à sociedade como um todo, punindo
o infrator com restrição da própria liberdade. Nesse tipo de responsabilidade, o
foco não é a compensação financeira direta para a sociedade, mas sim a punição
do indivíduo. Ela é pessoal e não pode ser transferida para outra pessoa. A pena
imposta em casos criminais geralmente envolve a privação da liberdade do réu,
ou seja, ele pode ser condenado a cumprir pena de prisão.
No contexto do Novo Código Civil (Lei nº 10.406/02) e do Código Penal
(Lei nº 10.268/01), a responsabilidade do profissional contábil é composta por
diversos aspectos. Isso inclui a responsabilidade moral, relacionada aos va-
lores pessoais do profissional; a responsabilidade social, que diz respeito ao
bem-estar coletivo; a responsabilidade ética, visando ao bem da corporação; a

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responsabilidade civil, que se refere aos direitos individuais e à indenização por


danos; a responsabilidade penal, que envolve a manutenção da ordem pública;
e a responsabilidade filosófica, que abrange a sabedoria notória e transcende
o conhecimento contábil.
Ainda, segundo a Lei nº 10.268/01, o contabilista necessita seguir as seguintes
instruções quanto ao falso testemunho ou à falsa perícia:


Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.

Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra


vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa (BRASIL, 2001, on-
-line).

A responsabilidade penal do perito ou do contador difere da responsabilidade


civil pelo fato de que o agente sofre uma pena, como a prisão, que é restritiva
ao direito de ir e vir. A atribuição da pena criminal independe da civil. A penal
objetiva uma repressão pública, enquanto a civil se volta para as violações priva-
das. Ela busca reparar o dano restaurando a situação que existia antes do ilícito,
sendo a indenização o meio da reparação, pois são processos conduzidos por
juízes diferentes. A ação civil ocorre no fórum civil, e a ação criminal acontece
no fórum criminal, podendo ser na esfera estadual ou federal.
Zappa e Hoog (1995) argumentam que o Art. 342 do Código Penal, em rela-
ção aos peritos, é perfeito, especialmente pelo tratamento de igualdade dado aos
peritos. A responsabilidade é igual para todos, portanto, constitucional. Todavia,
para o contador, a lei é inconstitucional, contrária ao Art. 5º da Constituição
Federal, pois atribui responsabilidade e pena criminal para o contador, e não
para o técnico em contabilidade, quando esses, por força da lei, desenvolvem
atividades iguais, como a escrituração e a elaboração de balanço e demais peças
em empresas que não tenham ações negociadas na Bolsa.

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O tratamento é discriminatório, o que torna profano o novo texto. Por lógica,


todas as análises jurídicas devem ser feitas da Constituição Federal para as demais
normas legais. Para o técnico em contabilidade, resta a eventual utilização do
dispositivo penal por analogia à responsabilidade criminal do contador.
Portanto, pode o perito contador incorrer em crime, caso pratique algum
delito. Em especial, destacamos os seguintes crimes falimentares:

■ Por escrita falsa, inexata, defeituosa ou confusa etc., de acordo com o Art.
186 do Decreto-Lei nº 7.661/45.
■ Simulação de despesas, capital etc., segundo o Art. 188 do Decreto-Lei
nº 7.661/45.
■ A legalidade dos livros e a respectiva obrigatoriedade, de acordo com o
Decreto-Lei nº 305/67, o Decreto-Lei nº 486/69 e o Decreto nº 64.567/69.
■ Da escrita do livro de duplicatas, segundo o Art. 19 da Lei nº 5.474/68.
■ Crimes contra a ordem tributária, econômica, financeira e as relações de
consumo.

Um aspecto adicional destacado por Zappa e Hoog (1995) é que, de acordo com
o Art. 10 do Código Comercial, os comerciantes são obrigados a elaborar um
balanço anualmente e a assiná-lo. No entanto, se esse balanço for falso, apenas o
contador é responsabilizado criminalmente, de acordo com o Art. 342 do Código
Penal, enquanto o comerciante não enfrenta as mesmas consequências legais. Isso
ocorre, porque a lei penal não abrange o comerciante, mas apenas o contador.
Para o comerciante, existem punições previstas no Art. 343 do Código Penal,
que já foi citado, caso seja comprovado que ele subornou ou induziu o contador
a fazer registros contábeis incorretos.

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RESPONSABILIDADE ÉTICA DO PERITO

De acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, o perito oficial,


assistente técnico ou árbitro deverá:


I – recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado
em face da especialização requerida;
II – abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que
constitui objeto de perícia, mantendo absoluta independência mo-
ral e técnica na elaboração do respectivo laudo;
III – abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua con-
vicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas,
ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo
no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos;
IV – considerar com imparcialidade o pensamento exposto em lau-
do submetido à sua apreciação;
V – mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em
condições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu tra-
balho, respeitado o disposto no inciso II do art. 2º;
VI – abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficien-
temente informado e munido de documentos;
VII – assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que
concerne à aplicação dos Princípios de Contabilidade e Normas
Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC;
VIII – considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar lau-
dos sobre peças contábeis, observando as restrições contidas nas
Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Fe-
deral de Contabilidade;
IX – atender à Fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabi-
lidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar
à disposição desses, sempre que solicitado, papéis de trabalho, re-
latórios e outros documentos que deram origem e orientaram a
execução do seu trabalho (CFC, 1996, on-line).

A transgressão do preceito do Código de Ética Profissional do Perito contador consti-


tui infração ética sancionada segundo a gravidade, com aplicação de uma das seguin-
tes penalidades: advertência reservada, censura reservada e/ou censura pública.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

Assumir uma conduta ética é fundamental em toda espécie de trabalho. Quan-


do falamos sobre a atuação de experts peritos, a ética tem sempre que pautar o
trabalho pericial, para que os peritos possam se tornar merecedores de respeito,
contribuindo, assim, para o prestígio da classe e da perícia judicial, que, por
vezes, é tão mal vista e alvo de operações policiais que acabam por refletir no
regular andamento dos processos e no desprestígio da classe. A ética também é
necessária para que os peritos não acabem se envolvendo em situações que vão
ao contrário do direito e que poderão vir a ensejar uma investigação e posterior
sanção penal, civil e administrativa.
Na perícia judicial, tanto o perito indicado pelo juiz quanto o assistente téc-
nico indicado pelas partes devem agir com ética profissional, realizando um tra-
balho isento e imparcial, respeitadas a lei e a técnica (matéria fática que envolve o
trabalho pericial), com a finalidade de esclarecer os fatos ao juiz, que, geralmente,
não possui conhecimento técnico para julgar o pedido.

E U IN D ICO

Neste vídeo, a professora Anna Priebe explica as responsabilidades do perito e


pode auxiliar no entendimento do conteúdo estudado até aqui. Assista! Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Com o vídeo sugerido, fechamos o assunto “responsabilidades do perito”. Assim


como em qualquer profissão, a responsabilidade do perito é muito importante,
por isso, deve ser muito bem entendida pelo profissional.

A P RO F UNDA NDO

Infelizmente, a perícia judicial, muitas vezes, é malvista e alvo de operações poli-


ciais, o que acaba afetando negativamente o andamento regular dos processos e
diminuindo o prestígio da classe. Portanto, é essencial que os peritos ajam de forma
ética, evitando envolver-se em situações que violem o direito, porque isso poderia
levar a uma investigação e resultar em sanções penais, civis e administrativas.

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U N I C ES U M A R

A importância do trabalho isento e imparcial do perito se deve ao fato de ele


estar sujeito às mesmas causas de impedimento e suspeição dos juízes, conforme
preceitua o Art. 148, inciso II, o Art. 467 e o Art. 468 do Código de Processo Civil.


Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:

I - ao membro do Ministério Público;


II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
[...]
Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimen-
to ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente
a impugnação, nomeará novo perito.
Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que
lhe foi assinado.
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à
corporação profissional respectiva,
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o va-
lor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias,
os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar
impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2º, a
parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá
promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e se-
guintes deste Código, com fundamento na decisão que determinar
a devolução do numerário (BRASIL, 2015, on-line).

O perito judicial é considerado um auxiliar da justiça, um profissional de confiança


do juízo na formação e na colheita do material instrutório, devendo, por isso, manter
a boa técnica e respeitar a disciplina legal sobre a matéria que envolve a perícia.
Assim como já sabemos, o perito deve manter a própria independência em
qualquer circunstância, ou seja, não deve aceitar a pressão de advogados ou as-
sistentes técnicos de uma parte ou de outra que queiram interferir no trabalho.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

Deve, assim, rejeitar qualquer tipo de pressão advinda de qualquer parte, evitan-
do ingerências que possam ocasionar ou induzir ao erro.
A atividade pericial é fundamental no processo judicial tanto para a análise
do fato alegado quanto para o convencimento do juízo, já que tem o condão de
convencer e revelar a verdade dos fatos. É exatamente por isso que o perito deve
agir nos limites da competência, atuando com diligência, cautela e de forma isenta.
Em relação à ética, temos, então, os seguintes pontos que devem nortear o
trabalho dos peritos:

I. CAPACIDADE PROFISSIONAL/CONFIANÇA:

Estar preparado para desenvolver tudo aquilo que lhe foi confiado pelo magistrado
quando de sua nomeação, manifestando sua opinião técnica e científica, respeitando
os diplomas legais sobre a matéria, com cautela e responsabilidade.

II. INDEPENDÊNCIA:

Opinar livremente, de maneira objetiva, material, isenta e imparcial, sem ingerência de


quem quer que seja.

III. SIGILO PROFISSIONAL:

O perito deve respeitar e assegurar o sigilo sobre tudo o que foi analisado e executado
durante a execução de seu trabalho, sendo proibida a sua divulgação, salvo, claro, quan-
do houver obrigação legal de fazê-lo. Somente é permitido em defesa da sua conduta
técnica profissional, podendo, para esse fim, requerer autorização a quem de direito.

IV. PROBIDADE:

deve o perito atuar com lisura, integridade, zelo e honestidade, sempre na busca pelo
justo e pelo bom direito.

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U N I C ES U M A R

E U IN D ICO

Já estudamos as situações de impedimento e suspeição, além das responsabili-


dades do perito. Para reforçar ainda mais os conhecimentos sobre esses assuntos,
sugiro a leitura do texto intitulado A percepção dos contadores do estado do Pa-
raná sobre a responsabilidade civil e penal quando atuantes como perito judicial,
o qual é muito interessante para aprimorar os nossos conhecimentos. Boa leitu-
ra! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

O profissional perito, além de atuar com responsabilidade no desenvolvimento


do próprio trabalho, deve estar atento às questões relativas ao impedimento e à
suspeição, a fim de que não seja responsabilizado por assumir um encargo para
o qual não estava apto.

NOVOS DESAFIOS
Como já foi bem falado sobre a ética e a respectiva essência, agora, vale fazer-
mos uma análise do atuar do perito desde a nomeação dele, porque é a partir
desse momento (quando é nomeado nos autos) que entramos em contato com
o proceder ético do perito.
Como deve proceder o perito de acordo com a ética profissional, se ele for no-
meado para um processo no qual uma das partes é o dono do escritório onde ele
trabalhou por 15 anos? O que precisamos verificar é o que consta na Norma Brasileira
de Contabilidade sobre impedimento e suspeição. Esse profissional somente estaria
impedido de atuar nesse caso se tivesse deixado de trabalhar nesse escritório a menos
de 2 anos do fato. Vejamos o que diz a norma: “tiver mantido, nos últimos dois anos,
ou mantenha com alguma das partes, ou seus procuradores, relação de trabalho como
empregado, administrador ou colaborador assalariado” (CFC, 1992, p. 4).
O trabalho do perito é muito promissor, mas muito desafiador. Por isso, o
profissional deve estar bem preparado para desenvolver as atividades com cla-
reza, precisão e objetividade. Para isso, precisa estar constantemente estudando
para se manter atualizado e aprimorar os conhecimentos para cada dia atuar me-
lhor como perito nas demandas judiciais ou extrajudiciais. O mercado é amplo e
muitas oportunidades surgem para aqueles que estão bem preparados.

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VAMOS PRATICAR

1. O profissional da contabilidade poderá publicar relatório, parecer ou trabalho técnico-pro-


fissional assinado e sob sua responsabilidade.

O contador, quando perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, deverá agir com respon-
sabilidade, devendo evitar:

a) Recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especia-
lização requerida.
b) Abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer a sua convicção pessoal sobre
os direitos de quaisquer das partes interessadas.
c) Expressar seu pensamento parcial em laudo submetido à sua apreciação.
d) Abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e mu-
nido de documentos.
e) Considerar-se impedido de emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças contábeis,
observando as restrições contidas nas NBCs editadas pelo CFC.

2. O perito contador nomeado ou escolhido deve se declarar impedido quando não puder
exercer as atividades com imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros, ou
ocorrendo situações previstas na Norma Brasileira de Contabilidade do Perito Contador
aprovada pela Resolução CFC 1244/09.

O perito contador deve se declarar impedido de executar uma perícia quando ocorrer, pelo
menos, uma das seguintes situações.

I - For parte do processo


II - Tiver atuado com o perito contador contratado ou prestado depoimento como teste-
munha no processo
III - Tiver mantido ou mantenha com alguma das partes ou seus procuradores relação de
trabalho como empregado, administrador ou colaborador assalariado.

É correto o que se afirma em:

a) A.I, apenas.
b) B.III, apenas.
c) C.I e II, apenas.
d) D.II e III, apenas.
e) I, II e III.

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VAMOS PRATICAR

3. A constante evolução e a crescente importância da perícia contábil exigem atualização e


aprimoramento das normas endereçadas à sua regência, de modo a manter permanente
justaposição e ajustamento entre o trabalho a ser realizado e o modo ou processo dessa
realização da perícia contábil. Por isso faz-se necessária a utilização de regras e condutas
que podem proporcionar um trabalho mais coerente e justo.

Com base na NBC TP 01 – Perícia Contábil, relacione os elementos ao respectivo procedi-


mento:

1 Vistoria

2.Mensuração

3.Avaliação

4.Arbitramento

5.Indagação

( ) É o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações.

( ) É o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas.

( ) É a determinação de valores, quantidades ou a solução de controvérsia por critério téc-


nico-científico.

( ) É a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato de


forma circunstancial.

( ) É a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto ou de fato


relacionado à perícia.

A sequência correta é:

a) 1, 5, 3, 4, 2
b) 5, 4, 1, 3, 2
c) 2, 4, 3, 1,
d) 2, 3, 4, 1, 5.
e) 1, 2, 3, 4, 5.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei no 10.268, de 28 de agosto de 2001. Brasília, DF: Presidência da República, [2001].
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10268.htm. Acesso em:
31 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência
da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.
htm. Acesso em: 31 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência
da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 31 out. 2023.

CFC. NBC PP 01 – Norma Profissional do Perito. [S. l.: s. n.], c2023. Disponível em: https://cfc.org.
br/wp-content/uploads/2016/02/NBC_PP_01.pdf. Acesso em: 31 out. 2023.

CFC. Resolução CFC nº 733/92. Aprova a NBC P 2 – Normas Profissionais do Perito Contábil. [S.
l.: s. n.], [1992]. Disponível em: https://www.crcpa.org.br/uploads/arquivos/655e3c25c358aaf3c-
f4c9a176945a282.doc. Acesso em: 31 out. 2023.

CFC. Resolução CFC nº 803/1996. Aprova o Código de Ética Profissional do Contador – CEPC.
[S. l.: s. n.], [1996]. Disponível em: https://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/cepc.
htm. Acesso em: 31 out. 2023.

NORONHA, F. Responsabilidade civil: uma tentativa de ressistematização. Revista de Direito Ci-


vil, Imobiliário, Agrário e Empresarial. Revista dos Tribunais, São Paulo, ano 17, v. 64, p. 12-47,
abr./jun. 1993.

PINTO, E. V. Responsabilidade civil: de acordo com o novo código civil. Porto Alegre: Síntese,
2003.

ZAPPA, S. M.; HOOG, W. A. Z. Curso intensivo de perícia nas áreas contábeis e de engenharia.
Curitiba: Sescap, 1995.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção C. O perito oficial deve ser totalmente imparcial. Logo, deve considerar, com impar-
cialidade, o pensamento exposto em laudo submetido à sua apreciação.

2. Opção C. O perito deve se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades
com imparcialidade quando tiver mantido, nos últimos 02 anos, ou mantenha, com alguma
das partes ou seus procuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou
colaborador assalariado

3. Opção D. Mensuração: é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos


e obrigações. Avaliação: é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações,
despesas e receitas. Arbitramento: é a determinação de valores, quantidades ou a solução
de controvérsia por critério técnico-científico. Vistoria: é a diligência que objetiva a verificação
e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial. Indagação: é a busca
de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto ou de fato relacionado
à perícia.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 3

LAUDO PERICIAL E PARECER


PERICIAL CONTÁBIL

MINHAS METAS

Entender o conceito de laudo pericial.

Conhecer o conceito de parecer pericial.

Compreender a diferença entre laudo e parecer pericial.

Aprender a estrutura do laudo pericial.

Estudar a estrutura do parecer pericial.

Conhecer o laudo conforme a NBC TP 01.

Conhecer o parecer pericial conforme a NBC TP 01.

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U N I C ES U M A R

INICIE SUA JORNADA


Imagine uma situação em que o juiz de um processo de dissolução de sociedade
empresarial te nomeie como perito(a) oficial para apresentar o seu laudo sobre
o “quanto” vale a empresa que está sendo objeto de “briga judicial”. O objetivo é
que cada sócio da empresa e os demais interessados possam receber o que lhes
cabe da referida empresa.
Caberá a você, na condição de perito(a) oficial, realizar todas as pesquisas, as
investigações e os cálculos para emitir a sua opinião técnica a respeito da matéria
da lide, sendo a referida opinião técnica expressa por meio do laudo pericial.
Contudo, você sabe como elaborar um laudo pericial? Quais são os critérios? O
que você não pode deixar de apresentar no laudo? O que deve ser considerado
na elaboração desse laudo?

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Neste podcast, você aprenderá a construir um laudo pericial de acordo com as


Normas Brasileiras de Contabilidade, a fim de utilizar quando estiver atuando
como perito(a) oficial. Além do mais, aprenderá a elaborar um parecer pericial para
ser apresentado quando você estiver atuando como perito(a) assistente. Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Após a emissão do laudo pericial, caberá ao(s) perito(s) assistente(s) emitir o(s)
parecer(es) pericial(is), a fim de concordar ou discordar da opinião do perito
oficial sobre o “quanto” vale a empresa que está sendo objeto de dissolução. No
caso, colocamos como “perito” ou “peritos” e “parecer” ou “pareceres”, porque
cada parte do processo (autor e réu ou requerente e requerida) pode apresentar o
próprio parecer pericial a partir de um perito assistente contratado por cada parte.

Você sabe a diferença entre o laudo e o parecer pericial? Como elaborar um parecer
pericial? Quais aspectos são importantes na construção desse parecer? O que
diferencia a atuação do perito oficial da atuação do perito assistente? Vale ressaltar
que você poderá atuar nas duas funções.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

VAMOS RECORDAR?
Em que situações o perito deve utilizar o laudo pericial ou o parecer pericial
contábil? Assista ao vídeo do perito Wesley Costa e compreenda a diferença entre
o laudo pericial e o parecer técnico.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

PREMISSAS ACERCA DO LAUDO


PERICIAL E DA ATUAÇÃO DO PERITO

O laudo pericial é o documento mais importante


que o perito produz e é a partir dele que o juiz
tomará a decisão sobre determinado assunto do
processo. Isso, pois o profissional perito é a pessoa
qualificada e que tem conhecimento sobre o assun-
to para o qual foi designado como perito naquele
processo. O laudo pericial constitui, portanto, uma
peça subsidiária, muitas vezes, indispensável à so-
lução de uma lide.
De acordo com cada ação judicial, determi-
nam-se os objetos de verificação, exame e avalia-
ção. Consequentemente, o laudo pericial será a
peça fundamental para a elucidação dos fatos. O
profissional nomeado como perito oficial emitirá
o laudo pericial depois de realizar a verificação de
todos os fatos ligados ao objeto da perícia, com
a finalidade de emitir a própria opinião sobre a
matéria em litígio.
O profissional perito assistente poderá emitir
um parecer pericial, que é o documento que deve
ser apresentado após a emissão do laudo pericial

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U N I C ES U M A R

pelo perito oficial, com o objetivo de complementar ou confrontar o trabalho


do perito oficial. Logo, em um processo judicial, poderemos ter dois pareceres
periciais, um de cada perito assistente de cada parte do processo.
Diante dessas primeiras colocações, vamos nos aprofundar nas características
dos laudos periciais, incluindo as semelhanças e as diferenças entre os tipos de
laudos e a atuação do perito.

LAUDOS PERICIAIS

E U IN D ICO

Leia o texto A aderência dos laudos periciais contábeis, que foi produzido por uma
unidade gestora do Exército Brasileiro de acordo com os preceitos da legislação
brasileira. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente vir-
tual de aprendizagem.

O laudo pericial é a prova produzida pelo perito para estabelecer a certeza sobre
determinado fato que está sendo discutido judicialmente.


O Decreto Lei nº 9.295/46, na alínea “C” do Art. 25, determina que
o laudo pericial contábil e o parecer técnico contábil somente sejam
elaborados por contador ou pessoa jurídica, se a lei assim permitir,
que estejam devidamente registrados e habilitados em Conselho
Regional de Contabilidade. A habilitação é comprovada median-
te Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos
Regionais de Contabilidade (NBC, 2016, p. 7).

De acordo com Aguiar (2013, p. 42), o laudo é “um documento que precisa ser
direcionado em conformidade com o seu objeto, com conteúdo claro, conciso e
preciso dos fatos em discussão, sob pena de perder a sua credibilidade”. O juiz não
está obrigado a aceitar o laudo se não contiver provas e evidências irrefutáveis,
podendo adotar como provas outros documentos juntados aos autos, ou seja,
outras provas que surgirem mais robustas que o laudo pericial.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

Para Aguiar e Aguiar (2016, p. 86), “o laudo pericial contábil deve conter uma
estrutura mínima para a sua elaboração e apresentação aos autos do processo em
litígio, conforme disciplinado pelas Normas Brasileiras de Contabilidade e pelo
Artigo 473 do Novo CPC”.

CONCEITO DE LAUDO PERICIAL

Segundo Sá (2011, p. 43), o laudo pericial é “a manifestação literal do perito


sobre fatos patrimoniais devidamente circunstanciados gera a peça tecnológica
denominada Laudo Pericial Contábil”.
O laudo pericial é tido como o julgamento ou o pronunciamento feito com
base em seus conhecimentos e no conhecimento dos fatos ou dos eventos que
são colocados para exame do perito contador.
De acordo com Sá (2004, p. 43) “o laudo é de fato, um pronunciamento ou
manifestação de um especialista, ou seja, o que entende ele sobre uma questão
ou várias, que se submetem a sua apreciação”.

A P RO F UNDA NDO

Em um processo judicial, faz-se necessária a apuração dos valores referentes às


quotas de capital de um determinado sócio em face da dissolução de uma socie-
dade empresária em que uma das partes do processo alega ter se sentido pre-
judicada pelos valores por ela recebidos. O advogado, já sabendo que o cliente
tem direito a receber valores maiores do que os já recebidos, ingressou com uma
ação civil pleiteando receber a diferença a que faz jus o antigo sócio da empresa.
No entanto, como passou despercebido pelos operadores do direito (advogado e
juiz da causa), o advogado solicita a elaboração de uma perícia contábil para que
o profissional qualificado, isto é, o perito contador, apure os valores devidos pelo
autor da ação, mediante a empresa que era de sua propriedade.
O perito nomeado pelo juiz examina a questão e dá a própria opinião a partir de um
laudo pericial, que é o documento que deve contemplar o resultado final do traba-
lho de pesquisa e o aprofundamento dos elementos dos autos e outros elementos
necessários à formação de opinião e elaboração do laudo.

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U N I C ES U M A R

Conceito de parecer pericial

O parecer pericial contábil é o parecer técnico quando se trata de uma opinião


sobre o laudo do perito nomeado ou elemento da inicial ou contestação, de acor-
do com o Art. 427 do Código de Processo Civil (CPC), quando juntado no início
da demanda.
Na Resolução nº 1243/09, estão definidas as normas de planejamento e
execução, além dos procedimentos dos pareceres técnicos contábeis que se-
guem as mesmas normas do laudo pericial (mesma estrutura). É na peça escrita
denominada “parecer pericial contábil” que o perito contador assistente revela
de forma clara e objetiva o resultado de seu trabalho.
O parecer pericial contábil pode ser concordante ou discordante, total ou
parcial. Sendo concordante, o perito assistente pode assinar o laudo junto com o
perito oficial. Por outro lado, sendo discordante, o perito assistente deverá apre-
sentar de forma clara e objetiva o motivo da discordância e a solução do problema.

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Os artigos 332 e 333 do CPC dizem caber à parte a prova do que está alegando
alberga a antecipação das provas. Além disso, alguns juízes, entendendo que o parecer
juntado à inicial é prova suficiente, até dispensam a perícia, concedendo liminares.
Por isso, o parecer técnico deve ser elaborado em conformidade com todas as
formalidades e os procedimentos aplicados à perícia, observando especialmente
os princípios de contabilidade e as normas brasileiras de contabilidade.

Estrutura do laudo e do parecer pericial

O padrão do laudo pericial contábil e do parecer pericial contábil se encontra na


Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) Técnicas de Perícia (TP) nº 1, aprova-
da pela Resolução nº 1243/09 do Conselho Federal de Contabilidade.
Um laudo pericial deve ter, no mínimo, os seguintes elementos: prólogo de
encaminhamento, quesitos, respostas, assinatura do perito e anexos, se houver.

■ Prólogo de encaminhamento: É a forma com a qual o perito identifica


o processo, as partes e o perito oficial.
■ Quesitos: Os quesitos são as perguntas dirigidas ao perito, normalmente,
elaboradas pelas partes, para que o perito possa oferecer respostas que
possam possibilitar a decisão do juiz.
■ Respostas: São as respostas apresentadas pelo perito oficial aos quesitos
apresentados pelas partes.
■ Anexos: São documentos que servem para ilustrar ou confirmar as
informações fornecidas pelo perito em seu laudo oficial.
■ Pareceres: Pareceres são documentos de outros especialistas ou de pro-
fissionais notáveis que podem ser utilizados para ajudar a sustentar as
argumentações do perito oficial.
■ Encerramento dos laudos: Os laudos devem ser encerrados com uma
conclusão do perito que ajude a reforçar os principais pontos especifica-
dos ao longo do documento.

A estrutura pode ser ampliada, de acordo com cada caso, mas, no mínimo, deve
conter o que foi exposto.

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U N I C ES U M A R

Requisitos de um laudo pericial

O laudo pericial deve cumprir alguns requisitos para que possa ser considerado
de boa qualidade. Observe-os a seguir.

Objetividade

Rigor Tecnológico

Requisitos de um Concisão
Laudo Pericial

Argumentação

Exatidão

Clareza

Figura 1 – Requisitos de um laudo pericial / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: trata-se de um esquema em que há um círculo com o seguinte dizer: “Requisitos de um
laudo pericial”. Desse círculo, saem seis setas. Cada uma se direciona para um retângulo com os seguintes dizeres,
na sequência, de cima para baixo: “Objetividade”, “Rigor tecnológico”, “Concisão”, “Argumentação”, “Exatidão” e
“Clareza”. Fim da descrição.

A objetividade é um princípio que se apoia na ciência contábil. As respostas aos que-


sitos devem ser feitas de forma objetiva, a fim de facilitar o julgamento pelo juízo.
O rigor tecnológico nas respostas aos quesitos expulsa a subjetividade e for-
talece a objetividade. De acordo com Sá (2004, p. 47), “a concisão exige que as
respostas evitem o prolixo”.
A argumentação diz respeito às informações que o perito coloca nas próprias
respostas, no próprio laudo, de modo a justificar as próprias alegações. A exatidão
é a certeza que o perito fornece aos usuários da informação de que tudo que foi
ali elencado é a expressão da verdade.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

Por fim, a clareza compreende a necessidade de que uma resposta não apenas seja
isenta de dúvidas, mas proporcione a abrangência completa daquilo que se pergunta.

Tipos de laudo pericial

De acordo com Sá (2004, p. 51):


Os laudos variam de acordo com suas finalidades, que são muitas.
No campo Administrativo, podem existir perícias para atenderem
a vários propósitos, como por exemplo: Desfalques (fraudes), cor-
rupção, desempenho ou gestão, aumentos salariais, decisões admi-
nistrativas diversas.

No campo judicial, podemos ter laudos para os diversos tipos de perícias que
podem advir de processos judiciais de ações de apuração de haveres, busca e
apreensão, consignação em pagamento, recuperação judicial, desapropriação,
dissolução de sociedade, embargos de execução, reclamações trabalhistas, pres-
tações de contas, tributários, financeiros, dentre outras.
O laudo pericial deverá ser redigido de modo a atender às necessidades do
processo judicial, especialmente para a verificação de fatos ligados ao assunto
da demanda judicial.

Os tipos de perícias variam de acordo com a finalidade a que se aplicam.

AP RO F U N DA NDO

No ano de 1993, no Brasil, a nação se surpreendeu com a denominada “Máfia do


Orçamento”, em que políticos e funcionários do governo se envolveram em usos
criminosos de verbas públicas em favorecimento próprio. É de conhecimento de
toda a nação os “rastreamentos de contas bancárias”, por exemplo, para descobrir
a “fonte do dinheiro” que foi às mãos desses maus cidadãos. Foi preciso investigar
pericialmente, a fim de que se pudesse concluir toda a trama que vitimou a nação.

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U N I C ES U M A R

Conhecer de forma mais aprofundada a denominada “Máfia do Orçamento” e o


desenrolar dessa história com as investigações esclarece um pouco o conceito de
fraudes em nosso país, dá-nos uma ideia de como esse crime pode ser combatido
e como a perícia poderia auxiliar na solução de conflitos.

E U IN D ICO

Para expandir a compreensão do crime executado pelos integrantes da “Máfia do


Orçamento” e entender como se deram as investigações, mais especificamente, a
atuação do perito, recomendo a leitura do artigo denominado Negócios públicos,
riquezas privadas: o escândalo dos “Anões do Orçamento” (1993-1994). Recursos de
mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Formatação e entrega do laudo e do parecer pericial

Formatação:
■ Deve ser estética.
■ Deve expor, de forma clara e objetiva, a síntese do objeto da perícia.

Entrega:
■ Elemento de identificação do processo.
■ Do perito.
■ Observações preliminares.
■ Dos exames e procedimentos adotados.
■ Respostas aos quesitos.
■ Conclusão.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

Exemplo de laudo para entrega ao Juiz:

Exmo. Sr. Dr.

MM. Juiz Federal da XX Vara da Seção Judiciária de Minas Gerais

Processo

Embargante

Embargado

Meritíssimo Juiz,

Fulano de Tal, perito nomeado às fls.====, agradecendo a honrosa nomeação, vem


apresentar seu Laudo Pericial, requerendo seja permita sua juntada aos autos.

Coloca-se à disposição de V.Exa. e das partes para prestar os esclarecimentos


julgados necessários.

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U N I C ES U M A R

Requer a liberação dos honorários depositados conforme guia de fls. ====, com a
devida atualização monetária.

Termos em que pede deferimento.

Belo Horizonte,

Fulano de Tal

Contador CRC/MG nº XX.XXXX

LAUDO PERICIAL

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

O presente Laudo Pericial Contábil foi elaborado nos termos da Resolução


do Conselho Federal de Contabilidade nº 1243/09, publicada no D.O.U de
18/12/2009 que aprovou a NBC PT 1 – Perícia Contábil.

I – IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO E DAS PARTES

Processo

Embargante

Embargado

Ação

Advogados:

Embargante:

Embargado:

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U N I C ES U M A R

Assistentes Técnicos:

Embargante:

Embargado:

II – SÍNTESE DO OBJETO DA PERÍCIA

III – DAS DECISÕES PROFERIDAS

FLS.

IV – METODOLOGIA ADOTADA NOS TRABALHOS PERICIAIS

V – IDENTIFICAÇÃO DAS DILIGÊNCIAS EFETUADAS

VI - TRANSCRIÇÃO E RESPOSTA AOS QUESITOS

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

QUESITOS DO EMBARGADO FLS. ====

1)

Resposta:

2)

Resposta:

3)

Resposta:

QUESITOS DO EMBARGANTE.

/FLS. =====

1)

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U N I C ES U M A R

Resposta:

2)

Resposta:

3)

Resposta:

VI - CONCLUSÕES

VII – APÊNDICES

(documentos elaborados pelo perito)

VIII – ANEXOS

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

(documentos elaborados por terceiros)

IX – TERMO DE ENCERRAMENTO

Nada mais tendo a ser aduzido, encerra o presente laudo, rubricando as demais
folhas e assinando esta última.

Cidade, ____/____/______

Fulano de Tal

Contador CRC/MG nº XX.XXXX

De posse dos conhecimentos adquiridos neste tema, estudante, analise a situação


apresentada a seguir e reflita sobre as suas razões para discordar ou concordar
com ela. Esse exercício de reflexão é importante para auxiliar na assimilação dos
conhecimentos e aprimorar a sua prática profissional.

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U N I C ES U M A R

P E N SAN DO J UNTO S

Um perito assistente contratado por um escritório de advocacia emitiu um parecer


pericial contábil no qual contestou todo o laudo pericial exibido pelo perito oficial.
Nesse caso, o perito contador-assistente transcreveu todos os quesitos e as res-
pectivas respostas, sendo apresentadas, em seu parecer, novas respostas para
cada um dos quesitos respondidos pelo perito oficial.
Diante daquilo que você assimilou a partir das nossas discussões e considerando
a sua atuação profissional futura, está correta a ação do perito assistente? Quais
razões ou contrarrazões você formula sobre o fato?

No caso apresentado, o perito assistente agiu corretamente, pois, toda vez que
o profissional for analisar um laudo pericial oficial, ele deve copiar todas as res-
postas do perito oficial e reescrevê-las da maneira que ele achar correta, sempre
justificando, argumentando e documentando a própria opinião.

E U IN D ICO

Para fixar um pouco mais o conteúdo abordado neste tema, eu te convido a assistir
ao vídeo do professor Bonassoli sobre laudo e parecer pericial, a fim de reforçar
um pouco mais tudo o que já foi apresentado até aqui. Bons estudos! Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

E M FO CO

Gostou do que discutimos até aqui? Tenho mais para conversar com você sobre o
tema! Neste momento, entenderemos as diferenças entre laudo pericial e parecer
pericial. Também saberemos quem emite e quando é emitido cada um desses
documentos. Vamos lá? Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do
ambiente virtual de aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

NOVOS DESAFIOS
O perito contador pode atuar tanto como perito oficial quanto como perito assis-
tente, assim como verificamos no decorrer deste tema. No entanto, não é possível
ao profissional atuar das duas formas ao mesmo tempo, ou seja, como perito
oficial (do juízo) e perito assistente (das partes). Pensando como um profissional
perito, qual seria a melhor forma de atuação? Como perito oficial servindo à
justiça ou como perito assistente?
Eis uma questão bastante vivenciada pelos profissionais na prática e que, mui-
tas vezes, deixa dúvidas, afinal de contas, todo mundo quer atuar, principalmente
quando se trata de um recém-formado que deseja visualizar o próprio nome
publicado como perito oficial em um processo judicial. Entretanto, ao mesmo
tempo, a atuação como perito assistente pode te render muita experiência e,
consequentemente, poder de negociação de valores de honorários e prazo para
a realização do trabalho.
Portanto, não há como dizer qual é a melhor forma de se atuar. É preciso
atuar com/como perito, para que se possa visualizar, de fato, o que mais te agrada:

- Servir à justiça ou poder negociar com as partes do processo para realização da


perícia assistencial?

- Ter um prazo maior concedido pela justiça para realização do trabalho ou o


imediatismo das partes em apresentar as alegações no processo?

- Ter os honorários arbitrados pelo juiz ou negociar livremente os próprios honorários


com as partes?

- Receber os honorários de acordo com a determinação da justiça ou receber os


honorários prontamente das partes no ato da entrega do trabalho?

Todas essas considerações são importantes para o profissional avaliar a melhor


forma de atuação, seja como perito oficial, seja como perito assistente. Todavia,
de toda forma, é sempre uma atividade gratificante a do perito contador, indepen-
dentemente da forma de atuação, pois tudo vale como aprendizado nessa área.

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VAMOS PRATICAR

1. O padrão do Laudo Pericial Contábil e do Parecer Pericial Contábil se encontra na NBC TP


01, aprovada pela Resolução nº 1243/09 do Conselho Federal de Contabilidade.

Tanto o Laudo Pericial Contábil quanto o Parecer Pericial Contábil devem ser apresentados
com uma estrutura mínima estabelecida na NBC TP 01 do CFC. Essa estrutura deve apre-
sentar as seguintes informações, EXCETO:

a) Prólogo de encaminhamento.
b) Quesitos e respostas.
c) Assinatura do perito.
d) Assinatura do advogado.
e) Pareceres e anexos.

2. O perito-contador assistente pode, tão logo que se tenha conhecimento da perícia, manter
contato com o perito-contador, pondo-se à disposição para o planejamento, o fornecimento
de documentos em poder da parte que o contratou e a execução conjunta da perícia. Uma
vez recusada a participação, o perito-contador pode permitir ao assistente técnico acesso
aos autos e aos elementos de prova arrecadados durante a perícia, indicando o local e a
hora para exame pelo assistente técnico.

O perito-contador assistente é o profissional legalmente habilitado (bacharel em Ciências


Contábeis com registro no CRC) e deve atuar mediante:

a) Nomeação do juiz titular da comarca onde tramita o processo.


b) Indicação do promotor de justiça responsável pela acusação no processo.
c) Indicação do juiz titular da comarca onde tramita o processo.
d) Indicação pelo Conselho Regional de Contabilidade da Região onde tramita o processo.
e) Indicação das partes do processo.

3. Sobre o laudo pericial e o parecer pericial contábil, a Norma Brasileira de Contabilidade


Aplicada à Perícia (NBC TP 01) descreve a estrutura desses documentos. Os procedimentos
de perícia contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial
ou parecer pericial contábil.

Considerando os procedimentos de perícia contábil que visam fundamentar as conclusões


que serão levadas ao laudo pericial contábil ou ao parecer pericial contábil e abrangem
total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria,
indagação, investigação, arbitramento e outros, analise as afirmativas a seguir:

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VAMOS PRATICAR

I - O exame é a análise de livros, registros das transações e documentos.


II - A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação com conhecedores do
objeto ou de fato relacionado a perícia.
III - A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer pericial
contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.
IV - O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério
técnico-científico.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

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REFERÊNCIAS

AGUIAR, J. L. (coord.). Manual de procedimentos periciais. Goiânia: Art3, 2013.

AGUIAR, J. L.; AGUIAR, A. G. A Evolução da Perícia Contábil Judicial e o Novo Código de Pro-
cesso Civil. Goiânia: Ed. Kelps, 2016.

NBC. TP 01 – Perícia Contábil. [S. l.]: NBC, [2016]. Disponível em: https://cfc.org.br/wp-content/
uploads/2016/02/NBC_TP_01_AUD.doc. Acesso em: 30 out. 2023.

SÁ, A. L. Perícia Contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

SÁ, A. L. Perícia Contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção D

De acordo com a NBC TP 01, aprovada pela Resolução nº 1243/09 do Conselho Federal de
Contabilidade, um laudo pericial deve ter, em sua estrutura, no mínimo, os seguintes elemen-
tos: I – Prólogo de encaminhamento; II – Quesitos; III – Respostas; IV – Assinatura do perito; V
– Anexos; VI – Pareceres.

2. Opção E

O perito assistente é o profissional habilitado (bacharel em Ciências Contábeis com registro


no CRC) que é contratado pelas partes e indicado nos autos do processo.

3. Opção D.

De acordo com os itens 18 a 26 da NBC TP 01, os procedimentos de perícia contábil visam


fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou ao parecer pericial
contábil e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria,
exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.
O exame diz respeito à análise de livros, registros das transações e documentos. A vistoria
é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato de forma
circunstancial. A indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores
do objeto ou de fato relacionado à perícia. A investigação se refere à pesquisa que busca
trazer ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer
circunstâncias. O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por
critério técnico-científico. A mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de
coisas, bens, direitos e obrigações. A avaliação representa o ato de estabelecer o valor de
coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas. A certificação diz respeito ao ato de
atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil pelo perito-contador, conferindo-lhe
caráter de autenticidade pela fé pública atribuída a este profissional.

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MEU ESPAÇO

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UNIDADE 3
TEMA DE APRENDIZAGEM 4

FRAUDES CONTÁBEIS

MINHAS METAS

Compreender sobre fraude e perícia contábil.

Aprender sobre fraude e erro contábil.

Conhecer sobre conluio na fraude.

Identificar ativos, passivos e fraudes.

Analisar a relação entre patrimônio líquido e fraudes.

Investigar fraudes em custos e despesas.

Verificar os vícios de documentos e demonstrações contábeis.

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U N I C ES U M A R

INICIE SUA JORNADA


A fraude contábil é muito comum em empresas dos mais diversos portes e nor-
malmente acontece a partir de pessoas de confiança na empresa, ou seja, aqueles
em quem os sócios depositam toda confiança e delegam funções de cuidar e
administrar o patrimônio da empresa.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

A fraude contábil surge por meio de atitudes de pessoas que desejam manipular
informações para interferir na tomada de decisões de outras pessoas físicas ou
jurídicas em relação ao patrimônio dessas pessoas. Nesse podcast, você enten-
derá um pouco mais sobre os tipos de fraude e a diferença entre fraude e erro
contábil! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual
de aprendizagem.

Portanto, é muito comum a fraude iniciar a partir das mãos de um gerente ad-
ministrativo financeiro, como aconteceu em uma empresa que realizei perícia:

O gerente administrativo da empresa realizava transações financeiras e empréstimos


no banco, alegando que eram para o banco ou para financiar obras da empresa em
expansão. Os donos confiavam nele cegamente e assinavam sem questionar. Ele,
ao pagar as parcelas dos empréstimos, desviava dinheiro para si, alegando valores
maiores do que os devidos. Além disso, usava o cartão de crédito corporativo para
gastos pessoais, pagando a fatura com dinheiro da empresa, sempre alegando
valores maiores.

Ele desviou mais de 2 milhões de reais da empresa e fugiu quando suspeitas


surgiram. A perícia contábil, com base em sua declaração de imposto de renda,
identificou um aumento de mais de 300% em seu patrimônio em um ano e a
propriedade de dez imóveis em seu nome. A empresa contratou a perícia para
calcular o prejuízo e tomou medidas legais, entrando com ações em âmbito cível e
criminal para recuperar os recursos desviados e buscar indenização por suas ações
fraudulentas, podendo ele se enquadrar nas penalidades previstas no artigo 171 do
Código Penal Brasileiro que tem previsão de multa e reclusão ao infrator.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

Daí percebe-se a importância da perícia contábil na detecção de fraudes co-


metidas por pessoas ligadas à empresa, e neste ciclo de aprendizagem você será
capaz de identificar como deve ser a atuação do perito em situações como esta e
conceitos importantes à sua prática profissional.

VAMOS RECORDAR?
A fraude contábil acontece tanto em empresas familiares como grandes empresas
que possuem ações no mercado e elas podem ocorrer desde atos cometidos
internamente como por meio de pessoas externas que estão ligadas à empresa.
Houve um caso de uma grande varejista em que se descobriu que foram atos
internos. Para melhor entendimento deste caso, sugiro assistir o vídeo a seguir.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

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U N I C ES U M A R

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

A FRAUDE CONTÁBIL

A fraude contábil surge por meio de estratégias criadas para, intencionalmente,


manipular informações contábeis de uma entidade, através de documentos fal-
sos, manipulação de valores e até mesmo erros de cálculos. Podemos ter situações
de fraudes também em várias contas contábeis, como, por exemplo, em contas
de caixa e equivalentes de caixa, contas a receber, estoques e outros ativos, assim
como em contas de passivo e PL (Patrimônio Líquido). Neste tema, iremos ve-
rificar as diversas possibilidades de fraude na contabilidade.

E U IN D ICO

A fraude contábil é tratada no Brasil como um ato ilegal que tem como objeti-
vo enganar as pessoas ligadas à empresa, com intuito de tirar proveito próprio.
Recomendo a leitura do artigo, para melhor entendimento da prática de fraudes
contábeis nas organizações: “Fraudes Contábeis: uma abordagem ética, tipológica
e suas implicações na sociedade”. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Se você suspeita de fraude contábil em sua empresa ou em qualquer outra orga-


nização, é importante relatar suas preocupações a um auditor independente ou
às autoridades reguladoras. As empresas também devem implementar controles
internos fortes para minimizar o risco de fraude contábil e treinar seus funcio-
nários em práticas contábeis éticas e responsáveis.

FRAUDES CONTÁBEIS

Muitos são os casos, em perícia contábil, em que são detectadas situações de frau-
des contábeis. As fraudes contábeis referem-se a ações ilegais que são realizadas
em registros financeiros e contábeis com o objetivo de manipular as informações
contábeis, comumente com a finalidade de enganar investidores, reguladores e

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

outras partes interessadas. Isso pode incluir a manipulação de receitas, ativos ou


passivos, ou o uso de esquemas contábeis fraudulentos para esconder perdas ou
desvios de recursos financeiros.
Algumas das maneiras mais comuns pelas quais as fraudes contábeis ocor-
rem incluem manipulação de balanços patrimoniais, fraude de entrada, fraude de
saída, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. É importante lembrar
que a fraude contábil é ilegal e pode ter consequências graves para os respon-
sáveis, incluindo multas, prisão e danos à reputação das empresas envolvidas.
A fraude é um crime que busca obter vantagem
A fraude é um crime sobre a vítima. Na maior parte das abordagens, os
que busca obter fraudadores agem com táticas de sedução e persuasão
vantagem sobre a para convencer a vítima a entregar o que eles precisam,
vítima como: dados pessoais, objetos, senhas etc.

Fraude e Perícia Contábil

Em várias situações de perícia contábil, é necessário a realização de exames para


detectar possíveis fraudes em informações contábeis das empresas. Portanto, o
conhecimento do conceito de fraude pelo perito é condição essencial para exe-
cução do trabalho pericial.
Existem muitos processos judiciais ou administrativos que necessitam de
exames direcionados para detectar fraudes e as fraudes podem ser praticadas con-
tra sócios em empresas, contra herdeiros em família, contra o fisco, por pessoa
física ou jurídica, contra credores por empresas ou por pessoas físicas, contra o
patrimônio público por gestores públicos ou por pessoas físicas e jurídicas, dentre
outros. Em muitos casos, os peritos são chamados para identificá-las.
De acordo com Sá (2004, p. 215): “Uma falência pode ser preparada, a partir
de simulações, desviando o Ativo e aumentando o Passivo, com o intuito de
prejudicar credores ou herdeiros”.
De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TP 01) “O perito
contador não pode omitir nenhum fato relevante encontrado no decorrer de suas
pesquisas ou diligências, mesmo que não tenha sido objeto de quesitação e desde
que seja relacionado ao objeto da perícia” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABI-
LIDADE, 2020, on-line), sob pena de ser inserido na fraude cometida por outrem.

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U N I C ES U M A R

A FRAUDE É UM ERRO PROPOSITAL

Após apresentarmos situações em que a perícia contábil pode ser útil em si-
tuações de fraudes, iremos falar um pouco sobre como o erro contábil pode se
transformar em uma fraude e como a perícia contábil pode auxiliar na solução
desses problemas.

Fraude e erro contábil

Primeiramente precisamos diferenciar erro e fraude:

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

O erro é involuntário, ou seja, quando não há intenção em cometê-lo e a fraude


é feita de caso pensado, no intuito de prejudicar algo ou alguém e obter algum
benefício próprio em detrimento de outro.

A administração da empresa deve tentar combater os erros e consequentemente


as fraudes, por meio da utilização dos controles internos, que visam minimizar os
erros dentro das organizações e, quando o controle interno é eficiente, dificilmen-
te teremos situações de fraudes contábeis e financeiras nas empresas. Entretanto,
em pequenas empresas, essa situação é mais rara, pois elas não utilizam desses
controles e ficam mais suscetíveis a erros e fraudes.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

De acordo com Sá (2004, p. 216): “A ocorrência de fraude, pois, é de natureza


diferente daquela do erro”.
Erros e fraudes podem ter a mesma natureza casuística, porém, consequên-
cias completamente diferentes, pois o erro pode ser corrigido, já a fraude, que
é um erro proposital, não há como ser desfeita ou corrigida, pois, depois de
cometida, ela deixa rastros de estragos que não permitem correção ou perdão.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Vale destacar aqui a diferença entre dolo e culpa que podem ser aplicadas para
os casos de erros e fraudes citados, o dolo é a consciência e a vontade dirigida
para a realização da conduta definida como crime, ou seja, quando há intenção de
praticar o crime. Já a culpa é o produto da negligência, da imperícia ou da impru-
dência, ou seja, não há intenção, o ato falho ou o erro aconteceu sem intenção do
indivíduo que o cometeu.

Pessoas comuns cometem erros, pessoas mal-intencionadas cometem fraudes, e


as pessoas que cometem fraudes, denominadas fraudadores, na maioria das vezes
não agem sozinhas, tem sempre alguém para ajudar.
Como sabemos, a perícia deve servir como pro- a perícia deve servir
va, razão pela qual não pode oferecer conclusões como prova
com base em indícios.

A conta CAIXA com saldo “credor”, por exemplo, é um indício de irregularidade, mas
não uma prova de fraude, pois pode decorrer de um erro de lançamento.

A fraude muitas vezes pode decorrer de um erro contábil cometido de forma


involuntária ou de forma intencional como vimos, mas existem situações em que
o erro existe a partir de uma combinação de pessoas e isso pode gerar a fraude,
como veremos a seguir.

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U N I C ES U M A R

Conluio na fraude

De acordo com o dicionário da Língua


CONLUIO é a portuguesa: CONLUIO é a cumplicidade
cumplicidade
para prejudicar terceiro(s); colusão,
para
prejudicar trama (CIBERDÚVIDAS DA LÍNGUA
terceiro(s); PORTUGUESA, 2011).
colusão, A fraude não é cometida apenas de
trama forma sutil, normalmente ela demanda
volumes maiores e o fraudador, utiliza de
terceiros e esses terceiros que ajudam a
formar o conluio. Normalmente uma grande fraude envolve
várias pessoas que exercem papéis parecidos na empresa.
Nos casos que envolvem conluio, as fraudes duram mais
tempo e são mais difíceis de serem apuradas. Principalmente
quando não existem mecanismos fortes de controle na empresa.
O conluio é um dos fatores que pode contribuir para a
ocorrência de fraudes nas empresas, principalmente quando
falamos de fraudes contábeis.

O conluio pode acontecer quando duas ou mais partes se


juntam para enganar ou prejudicar terceiros e, em casos de
fraudes contábeis, isso pode envolver a manipulação de
informações financeiras para benefício próprio.

Geralmente, o conluio ocorre entre funcionários da empre-


sa que têm acesso a informações privadas e que se unem
em um esquema fraudulento. Os cúmplices podem incluir
desde pessoal da área financeira, gerentes, até diretores e
membros do conselho.
Para evitar o conluio e as fraudes contábeis, são necessárias
medidas de controle interno rigorosas, como segregação de fun-
ções, elaboração de políticas claras de ética e conduta, e monito-
ramento constante por meio de auditorias internas e externas.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

Além disso, é importante que a cultura organizacional da empresa seja ba-


seada em valores éticos e transparentes, para que os funcionários entendam a
importância da integridade na gestão financeira e não se sintam tentados a par-
ticipar de esquemas fraudulentos, e sim denunciá-los caso os identifiquem.
O conluio na fraude pode levar à abertura de processos judiciais que vão arro-
lar como partes do processo os envolvidos no conluio,
O conluio na
pois esses são os principais responsáveis pela prática
fraude pode levar
da fraude seja no intuito de levar vantagem em alguma
à abertura de
processos judiciais situação, seja com a intenção de prejudicar a outrem.

A P RO F UNDA NDO

Vale, neste ponto, esclarecermos que a Fraude também pode existir para ocul-
tar algum outro crime, além dos mencionados nesta discussão, contudo, isso não
vai impactar na teoria que versamos para a prática da perícia, pois, independente
do crime que está sendo discutido/julgado, o perito irá realizar seu trabalho de
investigação e busca pela verdade de acordo com o solicitado pelo Juiz ou pelo
Advogado do caso que o contratou.

Ativos, Passivos e Fraudes

O Ativo compreende os recursos controlados por uma entidade e dos quais espe-
ram benefícios econômicos presentes e futuros. O ativo se divide em circulante
e não circulante.

■ Ativo circulante: é composto pelas contas que tem conversibilidade em


dinheiro até o fim do exercício seguinte. Normalmente, é composto por:
dinheiro em caixa, estoques e créditos a receber.
■ Ativo não circulante: composto pelas contas cuja conversibilidade será
após o término do exercício seguinte. Compõe o ativo não circulante as
contas de realizável a longo prazo, imobilizado e intangível.

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U N I C ES U M A R

De acordo com Iudícibus et al. (2010), o realizável a longo prazo pode represen-
tar um ativo que não é muito significativo em relação às demais contas do balanço.
O Passivo compreende as exigibilidades e obrigações de uma entidade. O
passivo, assim como o ativo, se divide em passivo circulante e passivo não cir-
culante. Sendo que no passivo circulante estão as contas que são exigíveis da
empresa até o fim do exercício seguinte e as contas que são exigíveis após o fim
do exercício seguinte pertencem ao passivo não circulante.
No artigo 180 da lei das Sociedades por Ações, temos a definição do passivo
exigível:


As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisi-
ção de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo
circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo
não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior (BRASIL,
1976, on-line).

O maior número de fraudes ocorre nos elementos do capital circulante da em-


presa, ou seja: dinheiro, estoques e créditos a receber, esses itens compõem o
ativo da empresa.
Geralmente, a fraude de caixa fica mais difícil caso a empresa faça seus rece-
bimentos e pagamentos via banco (TED, PIX, transferência eletrônica e boletos).
Contudo, apenas dificulta, mas não impede a fraude.

AUTORIZAÇÃO E REALIZAÇÃO DE PAGAMENTO NÃO DEVEM SER FEITAS PELA


MESMA PESSOA.

A maioria das fraudes passa por contas que movimentam recursos financeiros da
empresa, por exemplo: “entradas a maior” e “saídas a menor” são fraudes comuns
que mascaram os saldos das disponibilidades de caixa da empresa.
Os estoques também são fontes que sofrem muitas fraudes e acontecem das
seguintes formas:
■ subavaliações através de alterações em quantidades ou valores;
■ sub e superfaturamentos;
■ adulteração de qualidades;

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

■ substituição de materiais e mercadorias;


■ falsificação de notas;
■ cálculos alterados de valores que compõem os estoques;
■ vendas de mercadorias sem baixas;
■ desvio de materiais;
■ Alocação indevida de material.

As fraudes mais frequentes e fáceis de serem realizadas são as que se operam no


ativo circulante.

Um outro item que também é passível de fraude é o ativo permanente que é


composto por imobilizações. As imobilizações técnicas e aquelas de rendimento
são fontes de fraudes e as mais comuns são:

■ aquisição fictícia de bens;


■ produção de bens pela própria empresa e registrados como despesas, mas
não como imobilizado;
■ depreciações exageradas;
■ reparações não realizadas:
■ reformas registradas como “despesas”;
■ venda de bens sem registro e sem baixas.

No caso do ativo imobilizado, todos os itens deste grupo de contas devem ser
examinados com muito cuidado realizando todas as comparações necessárias
para que a possibilidade de fraude seja totalmente descartada.
De acordo com Sá (2004, p. 222): “As fraudes no ativo permanente podem ser
preferidas pelos empresários nos casos de lesão a terceiros, notadamente em falências”.
Na perícia, é comum existir a fraude de empregados e as fraudes praticadas
por empresários na lesão de direitos de terceiros.
Com relação aos passivos, existe possibilidade de fraude também nesses sal-
dos apresentados pelas empresas, pois algum fraudador pode ter interesse em
aumentar as dívidas expressas em balanços assim como diminuí-las.

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U N I C ES U M A R

AP RO F U NDA NDO

De acordo com Sá (2004, p. 222) “O empresário que necessita de crédito pode


praticar a fraude de ‘esconder’ ou ‘mascarar’ dívidas”.
No caso o empresário, nesse caso, pode estar preparando a empresa para uma
possível falência e com isso começar a inventar dívidas que de fato não existem,
apenas com o intuito de acelerar a falência da empresa. Essa é uma forma fraudu-
lenta de falir uma empresa.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

Uma outra forma de fraude que o empresário pode cometer por meio do passi-
vo demonstrado no Balanço Patrimonial é deixando de registrar as dívidas ou
escondê-las e ainda substituir as dívidas de curto prazo para o longo prazo na
tentativa de “enganar” o mercado.
Na maioria das vezes, as fraudes de passivos são voltadas para prejuízo de
credores e credores não são só fornecedores, bancos e financiadores, são também
sócios e associados.

O perito, mediante uma situação de fraude de passivos, deve averiguar os aspectos


formais e essenciais da dívida e em qual conta está registrada a dívida, sempre
aprofundando sua investigação até que se chegue com convicção a um veredito
sobre o assunto.

Patrimônio Líquido e Fraudes

No PL (Patrimônio Líquido), também podem ocorrer fraudes, que normalmente


decorrem de falsas constituições de capital, principalmente pela falta das inte-
gralizações de capital.
Algumas contas de capital que compõem o PL se formam apenas nominal-
mente, ou seja, valores pendentes de integralização e essa integralização pode ser
feita por meio de dinheiro, mercadorias, títulos de crédito, dentre outros.
No entanto, em caso de fraude, a integralização pode acontecer por meio
de créditos a receber de pessoas inexistentes ou empresas associadas que nunca
existiram, por exemplo, e a liquidação desses valores nunca irá existir, o que
representa uma falsa forma de constituição de capital.
Podem acontecer, também, casos de reservas falsas dentro do PL, como re-
servas de lucros, reservas de contingências, reservas de reavaliações que podem
ocorrer pela geração falsa de aumentos de ativos.
Uma outra fonte de aumento de PL são os lucros gerados seja como forma de
lucros acumulados seja como geradores de aumento de capital.
Embora o aumento do PL possa gerar pagamento de tributos, nem sempre
é a forma preferida, mas, às vezes, é utilizada para compensar perdas e, dessa
forma, não será onerosa.

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Para evitar a fraude na contabilidade, muitas empresas criaram comissões internas


para auditoria das suas contas.

Fraudes nos Custos e Despesas

Os custos, por serem base para formação de preços de vendas, podem ser frauda-
dos para maquiar preços e resultados, principalmente os lucros, seja com intuito
de “enganar” o FISCO ou para diminuir a distribuição de lucros.
Para Sá (2004, p. 224), “Para fraudar o valor do custo, frauda-se o valor dos
seus componentes, ou seja, matérias-primas, mão-de-obra, gastos indiretos. As
fraudes em materiais processam-se de várias maneiras.”
Dentre algumas formas de se usar da fraude para alterar os valores de mate-
riais que compõem os custos, Sá (2004, p. 224) destaca as seguintes:

■ aquisição de materiais mediante notas frias (existe a nota, mas não entra
o material);
■ aquisição de materiais mediante notas calçadas (o valor da nota é dife-
rente daquele que é pago ao fornecedor);
■ baixa de materiais sem que sejam empregados na produção;
■ consideração de materiais como deterioradas ou não eficazes para a pro-
dução (sem que isso tenha ocorrido);
■ incidência de altos fretes no transporte (sem que tenha ocorrido pelo
valor considerado);
■ consideração de beneficiamentos sobre matérias sem que tais não tenham
ocorrido e nem sejam necessários;
■ consideração de comissões sobre compras que não foram pagas nem são
devidas;
■ inclusão de armazenagens que não foram feitas.

Para constatação da fraude de custos, não é necessária somente a conferência de


documentos, mas, também, a observância ao processo de produção, pois muitas
vezes no próprio processo de produção pode ocorrer desvios de materiais, de
produtos semiacabados ou produtos acabados.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

De acordo com Sá (2004, p. 224), “muitos custos são elevados a partir de


amortizações falsas e royalties fantasiosos. A ausência de controle de custos pos-
sibilita a fraude e dificulta o trabalho da perícia na busca da fraude”.

A fraude nos valores de custos é processada nos valores dos componentes.

Já as despesas possuem campo vasto para as fraudes, pois abrangem despesas


administrativas, financeiras, comerciais, tributárias e extraordinárias. Logo, po-
dem resultar de pagamentos ou de ajustes, pois algumas despesas podem ser
registradas por competência, ou seja, o registro contábil é feito na data em que
as despesas são geradas, independente de pagamento e outras despesas são regis-
tradas mediante pagamento, a exemplo de pequenas despesas, que normalmente
são pagas via caixa.
A análise das despesas não pode ser apenas documental, mas, principalmen-
te, de suas justificativas.
Vários são os interesses nos casos de fraudes de despesas, pode ser para lesar
sócios ou acionistas, como pode ser para lesar herdeiros ou credores. Pode-se
ainda simular uma situação de má situação da empresa com produção de perdas
quando o dinheiro na verdade vai para as mãos dos fraudadores. Nesse caso, é
necessário realizar o aumento de despesas, pois com os valores registrados das
despesas sendo maiores do que aqueles efetivamente pagos, as diferenças são
facilmente transferidas aos fraudadores.
De acordo com Sá (2004, p. 225), dentre os muitos casos de fraudes em des-
pesas podem ocorrer:

■ aquisição de notas frias de bens ou serviços (existe só a nota, mas nenhum


serviço ou produto foi adquirido);
■ pagamento de salários a pessoas inexistentes, mas com plena cobertura
de registros falsos de pessoal;
■ contratos de publicidade, organização, pesquisa de mercado, sem a pro-
dução dos serviços;
■ gastos com reparação de veículos com notas de serviços frias (existe a
nota, mas o serviço não foi prestado);

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U N I C ES U M A R

■ simulação de gastos de recepção ou relações públicas (existem as notas de


despesas, mas sem que tivessem correspondido a reais gastos operados);
■ consideração de gastos pessoais de sócios dirigentes como se fossem da
empresa;
■ Uso da empresa para cobrir gastos de dirigentes (em veículos, viagens e
outros);
■ registros em dobro de gastos (lançamento da mesma nota com datas di-
ferentes);
■ pagamentos de comissões sem a ocorrência do fato, ou seja, sem que
tivesse havido intervenção real do vendedor.

As despesas financeiras também são alvos de fraudes, pois, na maioria das


vezes, lança-se a despesa financeira contra saída de recursos dos bancos, muitas
vezes simulando perdas e descontos irreais para possibilitar maior “saída fictícia”
de recursos do banco.
A fraude pode ser preparada de forma antecipada por meio de provisões
para perdas sobre títulos que na realidade não se justificam. As intenções dos
fraudadores são sempre as mesmas, ou seja, defenderem ilicitamente o interesse
próprio, sempre com a lesão do direito de terceiros.

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AP RO F U N DA NDO

As fraudes nas despesas em sua quase totalidade são as mesmas que se proces-
sam no caixa, porque se baseiam em interesse de extravio de dinheiro.

Vícios de Documentos e Demonstrações Contábeis

As fraudes podem ser feitas com o vício nos docu-


os vícios praticam-
mentos, os vícios praticam-se por falsidade ou adul-
se por falsidade
ou adulteração de teração de documentos. A falsidade é a existência sim-
documentos bólica, ou seja, há documento, mas não há transação.
A adulteração é a troca de informações verdadeiras
por informações falsas em documentos.
Os vícios documentais ocorrem, portanto, por falsidade ou alteração, sendo
necessário um exame do documento de forma mais abrangente, para dar suporte
ao registro contábil.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Para Sá (2004, p. 227), “Falsidade de documento é a existência dele sem a ocorrên-


cia do fato. Adulteração de documento é a alteração do que existe para o que não
existe ou de uma verdade por uma mentira”.

Existem diferentes tipos de vícios que podem ocorrer em documentos contábeis,


tais como:

1. ERROS DE LANÇAMENTO:

são falhas na escrituração contábil que resultam em informações incorretas ou incoe-


rentes nos registros contábeis.

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U N I C ES U M A R

2. OMISSÕES DE LANÇAMENTOS

são situações em que há ausência de lançamento de determinados documentos


contábeis, o que pode comprometer a consistência e a fidedignidade das informações
contábeis.

3. LANÇAMENTOS DUPLICADOS:

quando um mesmo documento é registrado duas vezes na contabilidade, o que pode


gerar desequilíbrios nas contas e dificultar a interpretação dos dados contábeis.

4. FALHAS DE REGISTRO:

são erros na contabilização de informações, tais como datas, valores e contas contábeis.

5. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS:

a falta de documentos contábeis é um problema grave, pois compromete a compro-


vação de transações e pode levantar suspeitas de fraude ou irregularidades.

6. DOCUMENTOS FALSOS:

a inclusão de documentos falsos ou adulterados na contabilidade é uma prática ilegal


e pode configurar crime fiscal.

7. EXCLUSÃO:

consiste em eliminar dados de registros já feitos.

8. TRANSPORTE:

consiste em realizar o transporte de importâncias com inversão de números, aumento


de zeros, adulteração de números.

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9. ADULTERAÇÃO:

consiste em registrar coisa diferente que a constante do documento.

10. FALTA DE ATUALIZAÇÃO:

quando os dados não são atualizados regularmente, pode levar a informações desa-
tualizadas e incompatíveis com a realidade financeira da empresa.

Para evitar esses vícios, é importante que as em-


presas adotem controles internos eficientes e
realizem a revisão e validação dos documentos
contábeis antes de lançá-los em seus registros. É
recomendado utilizar ferramentas e softwares de
gestão contábil para auxiliar no controle e pre-
venção de erros.
É importante manter a precisão e a confiabili-
dade dos documentos contábeis para evitar pro-
blemas futuros e garantir que a empresa esteja em
conformidade com as normas contábeis.
No caso dos registros eletrônicos de informa-
ções, o uso de códigos facilita a prática de vícios
de registros. A fraude também é muito facilitada
no caso de registros eletrônicos que não possuem
documentos, por exemplo, em caixas eletrônicos.
O fato de um registro contábil possuir documento
não significa que está correto, embora o registro
possa estar certo, o documento que o originou
pode ser falso ou adulterado.

Não basta que o documento exista, é necessário


que seja competente.

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A competência de um documento está em sua autenticidade, quer como docu-


mento em si, quer perante a realidade dos fatos. O documento pode ser autêntico,
mas o registro pode ser viciado; existem várias formas de cometer fraudes através
de registros, como as que elencamos nos itens 1 a 9 apresentados.
Os peritos precisam de conhecimentos cada vez mais aprofundados sobre os
registros eletrônicos, para que possam realizar com precisão seus exames e detec-
tar erros ou fraudes em documentos e registros contábeis falsos ou adulterados.
O perito precisa lidar com demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e
Demonstração de Resultado, basicamente) e deve ficar atento aos erros que essas
demonstrações podem trazer e os mais comuns são os de classificação em grupos.
Algumas inversões podem causar grandes alterações em índices de liquidez que
são utilizados para verificação da saúde econômico financeira da empresa.
O perito ao estudar a situação da empresa, por meio da análise de balanço,
deve ter o cuidado de conferir as informações dos grupos que compõem o ba-
lanço para que não emita parecer contrário à situação real da empresa.
Existem vários tipos de vícios que podem ocorrer em demonstrações contá-
beis. Alguns dos mais comuns são:

■ Erros de digitação: são erros cometidos ao digitar números ou códigos,


o que pode levar a distorções graves na contabilidade da empresa.
■ Omissões: podem ocorrer quando dados importantes não são incluídos
nas demonstrações contábeis, o que pode distorcer a realidade financeira
da empresa.
■ Distorções contábeis: podem ser intencionais ou não, e ocorrem quando
os dados contábeis são apresentados de forma incorreta ou manipulada.
■ Fraudes: são atos intencionais de falsificação de documentos e infor-
mações contábeis, com o objetivo de enganar investidores, reguladores
e outros stakeholders.
■ Práticas contábeis questionáveis: são práticas contábeis que não se-
guem as normas e padrões estabelecidos pelos órgãos reguladores, po-
dendo levar a distorções nas demonstrações contábeis e prejuízos para a
empresa e seus stakeholders.

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Para evitar esses vícios, é importante seguir as normas e padrões contábeis es-
tabelecidos pelas autoridades reguladoras, garantir a integridade dos dados e
informações contábeis e manter uma postura ética e responsável na gestão fi-
nanceira da empresa.

E U IN D ICO

Nesse contexto de vários tipos de fraudes decorrentes de manobras contábeis


ou não, a contabilidade é um importante instrumento de prevenção de erros e
fraudes, portanto, indico a leitura do artigo: “A contabilidade como instrumento de
prevenção de fraudes” para aprofundar ainda mais sobre esse importante assunto
tratado nesse tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do am-
biente virtual de aprendizagem.

O perito precisa estar atento a tais particularidades para que possa fazer uma
avaliação correta da situação da empresa e não deixar se enganar por informações
falsas ou adulteradas promovidas pelos fraudadores.

“Um fato contábil se individua atribuindo-se a ele todas as particularidades que o


caracterizam de modo a torná-lo inconfundível com qualquer outro” (SÁ, 2004, p. 230).

E M FO CO

Gostou do que discutimos até aqui?


Tenho mais para conversar com você sobre esse tema, conversando um pouco
mais sobre a diferença entre erro e fraude contábil, vamos lá?! Recursos de mídia
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Como vimos nesse tema, a fraude contábil é uma prática ilegal que envolve ma-
nipulação de informações financeiras e econômicas com o objetivo de enganar
investidores, acionistas ou autoridades reguladoras. Essas fraudes podem ser co-
metidas por indivíduos ou empresas e podem ser feitas de várias formas. Quando
a fraude é cometida pela empresa, ela normalmente tem intenção de prejudicar os
usuários externos da informação, que são: sócios, acionistas, governo, empresas
reguladoras, dentre outros.

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NOVOS DESAFIOS
Como vimos, existem situações em que são cometidos erros em lançamentos
contábeis e esses erros às vezes são involuntários e às vezes intencionais.

A prática é essencial para assimilação do conteúdo, sendo assim, mãos à obra! Pense
e descreva possíveis situações de erro e/ou fraude que podem ser cometidos por
profissionais da contabilidade na escrituração contábil e aponte no demonstrativo
contábil apresentado a seguir a necessidade de perícia contábil para verificação de
possíveis erros ou fraudes cometidos pela empresa ou pela contabilidade.

Tomemos por base o Balanço Patrimonial exibido a seguir:

ATIVO PASSIVO

Ativo Circu-
233.481,86 Passivo Circulante 26.048,37
lante

Caixa e equi-
valente de 210.812,93 Salários e encargos a pagar 10.500,90
caixa

Aplicações
3.576,74 Fornecedores 32,90
financeiras

Contas a
- 7.909,45 Outras contas a pagar 15.514,57
receber

Estoques 27.001,64

Ativo não Cir- Patrimônio


- 5.053,00 202.380,49
culante Líquido

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Imobilizado 3.217,10 Capital 20.000,00

Depreciação
- 8.270,10 Reservas 110.118,46
acumulada

Lucros ou prejuízos acumula-


dos 72.262,03

Total do
Total do ativo 228.428,86 228.428,86
passivo

Quadro 1 - Balanço patrimonial / Fonte: a autora.

No quadro apresentado, temos o Balanço Patrimonial de uma empresa que apre-


senta algumas falhas que podem ser indício de erro ou fraude contábil, como,
por exemplo:

1. O saldo da conta “contas a receber” encontra-se com saldo credor o que


pode evidenciar erro ou fraude, pois as contas do ativo têm saldo deve-
dor e o saldo “virado” pode ser o reflexo de excesso de baixas de contas a
receber sem o devido registro do valor original a receber.
2. Há um problema evidente no grupo de contas do ativo não circulante
com saldo credor. Todas as contas, com exceção da “depreciação acumu-
lada”, apresentam saldo credor. No entanto, a “depreciação acumulada”
também possui um saldo credor, mas em excesso, pois está maior do
que o saldo da conta “imobilizado”. Isso é impossível, já que o máximo
que pode ocorrer é a “depreciação acumulada” igualar ao saldo da conta
“imobilizado”, o que indicaria a depreciação total do bem adquirido para
uso na empresa. O excesso na depreciação pode ser resultado de erros
contábeis devido a lançamentos de depreciação com valores superiores
aos efetivos. A depreciação deve considerar o uso e o prazo de vida útil
do bem, e lançamentos desalinhados com esses critérios podem levar a
tais discrepâncias. Outro erro possível é a baixa de valores do imobilizado
sem interromper os lançamentos de depreciação relacionados a esse bem.

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U N I C ES U M A R

Portanto, na perícia contábil desse demonstrativo contábil, o perito deve fazer o


levantamento dos lançamentos contábeis que deram origem a esse demonstra-
tivo e quais foram os erros cometidos, se foram erros involuntários, passíveis de
correção, ou se foram erros intencionais no sentido de prejudicar alguém, o que
pode ser considerado FRAUDE.

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VAMOS PRATICAR

1. A fraude é um crime que busca obter vantagem sobre a vítima. Na maior parte das aborda-
gens, os fraudadores agem com táticas de sedução e persuasão para convencer a vítima
a entregar o que eles precisam, como: dados pessoais, objetos, senhas etc.

Fonte: SÁ, A. L. Perícia Contábil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

As fraudes podem ser praticadas contra sócios em empresas, contra herdeiros em família,
contra o fisco, por pessoa física ou jurídica, contra credores por empresas ou por pessoas
físicas, contra o patrimônio público por gestores públicos ou por pessoas físicas e jurídicas,
dentre outros. Essas fraudes podem ser identificadas por meio de:

a) Exames individuais em processos coletivos.


b) Processos judiciais ou administrativos que requerem exames direcionados.
c) Processos coletivos que requerem exames especiais.
d) Processos judiciais que requerem exames individuais.
e) Processos administrativos que requerem exames especiais.

2. A administração da empresa deve tentar combater os erros e consequentemente as frau-


des, por meio da utilização dos controles internos, que visam minimizar os erros dentro
das organizações e, quando o controle interno é eficiente, dificilmente teremos situações
de fraudes contábeis e financeiras nas empresas.

Fonte: SÁ, A. L. Perícia Contábil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

A ocorrência de fraudes é de natureza diferente daquela do erro. Portanto, é necessário


diferenciar erros de fraudes.

I - Erros e fraudes podem ter a mesma natureza casuística, porém, consequências com-
pletamente diferentes, pois o erro pode ser corrigido.
II - A fraude é um erro proposital e não há como ser desfeita ou corrigida.
III - A fraude pode ser cometida por pessoas que não estão ligadas à empresa, mas que
cometem erros que possam prejudicá-la.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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VAMOS PRATICAR

3. A fraude não é cometida apenas de forma sutil, normalmente ela demanda volumes maio-
res e o fraudador utiliza de terceiros e esses terceiros que ajudam a formar o conluio.

Fonte: SÁ, A. L. Perícia Contábil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

Com relação ao conluio, é correto se afirmar que:

a) Quando o fraudador não pertence à empresa (não é sócio ou empregado da empresa),


é impossível detectar a fraude.
b) A presença atuante de um controle interno impossibilita a fraude.
c) O conluio é um dos fatores que não contribui para a ocorrência de fraudes nas empresas.
d) Nos casos que envolvem conluio, as fraudes duram mais tempo e são mais difíceis de
serem apuradas.
e) A cultura organizacional da empresa baseada em valores éticos impossibilita a fraude.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Federal nº. 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades Anôni-
mas. Brasília: Presidência da República, 1976. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 5 out. 2023.

BRASIL. Lei Federal nº. 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei
no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstra-
ções financeiras. Brasília: Presidência da República, 2007. Disponível em: https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 5 out. 2023.

CIBERDÚVIDAS da Língua Portuguesa. Conluio – coligação. Lisboa, 2011. Disponível em: ht-
tps://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/conluio--coligacao/29702. Acesso em: 5
out. 2023.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Norma Brasileira de Contabilidade - NBC PP 01


(R1), de 19 de março de 2020. Dá nova redação à NBC PP 01 que dispõe sobre Perito Contábil.
Brasília, 2020. Disponível em: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/
nbc-pp-do-perito-contabil/. Acesso em: 5 out. 2023.

IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E.; SANTOS, A. dos; GELBCKE, E. R. Manual de Contabilidade So-
cietária – FIPECAFI. São Paulo: Atlas, 2010.

SÁ, A. L. Perícia Contábil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção B. Existem muitos processos na justiça assim como muitos processos administrativos
que requerem exames direcionados para detectar fraudes. Portanto, a opção correta é a B
(Processos judiciais ou administrativos que requerem exames direcionados).

2. Opção C. A ocorrência de fraudes é de natureza diferente daquela do erro. Portanto, é ne-


cessário diferenciar erros de fraudes. Erros são cometidos sem intenção e são passíveis de
correção. Fraudes são intencionais e não é possível retificar. Portanto:

I. Erros e fraudes podem ter a mesma natureza casuística, porém, consequências comple-
tamente diferentes, pois o erro pode ser corrigido.
II. A fraude é um erro proposital e não há como ser desfeita ou corrigida.
Apenas I e II estão corretas.

3. Opção D. A fraude não é cometida apenas de forma sutil, normalmente ela demanda volumes
maiores e o fraudador utiliza de terceiros e esses terceiros que ajudam a formar o conluio.
Com relação ao conluio é correto se afirmar que: Nos casos que envolvem conluio as fraudes
duram mais tempo e são mais difíceis de serem apurada (LETRA D).

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TEMA DE APRENDIZAGEM 5

AUDITORIA

MINHAS METAS

Entender o conceito de Auditoria contábil.

Entender como funciona a organização profissional na Auditoria Contábil.

Aprender sobre o controle interno, também denominado de Auditoria interna.

Aprender a elaborar um plano de auditoria.

Entender sobre os papéis de trabalho em auditoria.

Entender sobre relatório e sobre parecer de auditoria.

Compreender quais são os documentos contábeis que devem ser auditados.

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U N I C ES U M A R

INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante! Seja bem-vindo!
A auditoria é um exame de demonstrações e registros administrativos, que
é criado com a finalidade de averiguar: se as demonstrações estão de acordo com
o que foi planejado previamente pela empresa; se elas foram implementadas com
eficácia, e se cumpriram com seus objetivos.
Se a empresa não tem o hábito de realizar auditoria contábil, ela pode se de-
parar com situações que podem ser indício de irregularidade ou fraude em seus
documentos e transações financeiras que podem impactar suas demonstrações
contábeis. No entanto, caso essa empresa disponha de uma auditoria interna, as
chances de ter surpresas desagradáveis ao ler suas demonstrações contábeis são
mínimas. Por outro lado, quando a empresa utiliza da auditoria externa, ela passa
confiabilidade para os usuários externos das demonstrações contábeis, pois é
importante mostrar aos potenciais investidores o quão cuidadosa a organização é.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Neste podcast, falaremos sobre: o conceito de auditoria; os tipos de auditoria


contábil; a importância da auditoria nas empresas; elaboração de planos de tra-
balho de auditoria, e sobre os papéis de trabalho utilizados na auditoria. Recurso
de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Ao chegar ao final desta etapa, será possível entender a importância da auditoria
em uma empresa. Portanto, tente levantar os pontos mais importantes que são
abordados na auditoria, e busque entender como a empresa pode se precaver de
problemas a partir da realização da auditoria.
Para melhorar o entendimento do tema que estudamos até aqui, sugiro a leitura
do artigo: “A importância da auditoria contábil para a credibilidade das empresas”.
Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 5

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Agora que já tivemos um primeiro contato com a auditoria, é hora de aprofun-
dar os conhecimentos sobre esse tema tão importante para a contabilidade e
para as empresas, especialmente, para aquelas que precisam manter um con-
trole interno e ter suas demonstrações contábeis auditadas para passar maior
credibilidade ao mercado.
O exame dos livros contábeis, comprovantes e demais registros de um orga-
nismo público, instituição, corporação, pessoa jurídica ou física ou de algumas
pessoas de confiança tem o objetivo de averiguar a correção ou incorreção
dos registros. E, além disso, esse exame também visa expressar opinião sobre os
documentos revisados, comumente em forma de certificado.

AUDITORIA CONTÁBIL

Inicialmente, a auditoria se limitou à verificação dos registros contábeis, visan-


do observar se eles eram exatos. A forma primária confrontava a escrita com as
provas do fato e com as correspondentes relações de registro. Com o passar do
tempo, o escopo da auditoria se expandiu, embora muitos ainda a vejam prin-
cipalmente como responsável pela verificação da precisão e autenticidade dos
registros financeiros.

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U N I C ES U M A R

Conceito e definições de Auditoria

A auditoria contábil é uma tecnologia que se utiliza da revisão, da pesquisa,


para fins de opinião e orientação sobre situações patrimoniais de empresas e
instituições. Além disso, é o exame de todas as anotações contábeis a fim de
comprovar sua exatidão, assim como a veracidade dos estados ou situações que
as ditas anotações produzem.
Dentre os objetivos da auditoria, podemos destacar:

PARA VERIFICAÇÃO GERAL

Verificação das contas de uma empresa, para determinar sua posição financeira, dos
resultados de suas operações e a probidade de seus administradores, com o fim de
comunicar o resultado do exame aos proprietários, acionistas, gerentes, conselheiros,
bolsas e outros órgãos oficiais.

PARA DETERMINAR SE HOUVE PRESTAÇÃO JUSTA DE CONTAS

A avaliação do patrimônio e da adequada administração dos negócios, visando at-


ender às expectativas do público, dos financiadores, como é o caso de organizações
públicas, de caridade, religiosas ou educacionais.

PARA FIXAR OS LUCROS OU PREJUÍZOS DE UM NEGÓCIO

Para comunicação aos interessados.

PARA DETERMINAR CUSTOS

Inventários, perdas por sinistros e demais casos especiais.

PARA DESCOBRIR FRAUDES

Para averiguar a dimensão da fraude descoberta, para impedir a fraude.

O objeto da tecnologia da Auditoria é a matéria de que se ocupa um conhecimento


e seu objeto não a credencia como ramo da ciência contábil, mas, como uma aplica-
ção dela, cuja generalização nos permite considerá-la como tecnologia autônoma.
Portanto, são objetos da auditoria:
■ Comprovação de exatidão de fatos patrimoniais, pelo registro;
■ Comprovação da propriedade da identificação dos mesmos fatos em face
da dinâmica patrimonial;

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 5

■ Comprovação do tempo, e do valor como medidas dos mesmos fatos em


face da dinâmica patrimonial;
■ Interpretação e crítica dos exames a que se procedeu;
■ Orientação para o governo do patrimônio;
■ Proteção contra fraudes;
■ Pesquisas patrimoniais sobre fatos ocorridos;
■ Previsão de fatos patrimoniais;
■ Exame de eficácia;
■ Exame de eficiência;
■ Exame dos riscos patrimoniais;
■ exame da capacidade de equilíbrio da empresa;
■ Exames da capacidade de produtividade;
■ Exames da capacidade da elasticidade;
■ Exames da economicidade ou da capacidade de sobrevivência da empresa;
■ Exames da capacidade de pagamento;
■ Exames da capacidade de obtenção de resultados;
■ Orientação e opinião sobre os exames.

Assim, o que se busca é realizar o exame analítico e sistemático das realidades, e


opinar sobre situações sobre o todo da riqueza, ou sobre “campos” ou “conjuntos
específicos” de funções dos componentes do patrimônio.

E U IN D ICO

Indico para você, estudante, a leitura do texto “Funcionalidade da auditoria interna sob
a ótica de auditores internos e auditados de empresas da cidade de Caxias do Sul”.
Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

Com base em seu material de exame, compreende-se que, com a auditoria, o que
se busca é oferecer uma opinião confiável, já que o objetivo é a credibilidade de
opinião. Por isso, a qualidade do trabalho é algo básico e essencial.
As obrigações inerentes às funções do auditor demandam um alto nível de
confiabilidade, ou seja, é necessário começar selecionando cuidadosamente o
que será objeto de verificação.

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Para o desempenho de sua função, os meios disponíveis e necessários incluem:

1. Documentos (contratos, recibos, notas, faturas, duplicatas, guias, notas


promissórias e outros);
2. Fichas de lançamentos, listagens;
3. Livros ou fichas de registro, fitas, discos e disquetes de computadores;
4. Demonstrações (balanços, lucros e perdas, análise de contas);
5. Elementos físicos (estoques, bens móveis);
6. Impressos de rotina interna (ordens de compra, requisições de materiais, boletins
de recepção, folhas de serviço, boletins de custo, folhas de pagamento, fichas de
férias, registros de empregados, notas de transferências, controles de ações);
7. Elementos humanos (para pesquisas diretas, tais como operários, chefes de
produção, funcionários de escritório);
8. Informar auxiliares de qualquer natureza.

Todos os meios, entretanto, são usados para observar sempre fatos patrimoniais,
direta ou indiretamente. Mesmo que às vezes a técnica se discrepe um pouco do
aspecto que caracteriza a auditoria, é preciso observar sempre o fim que se tem
em mira e nunca apenas o meio que se usa para alcançá-lo.
Os propósitos da auditoria podem resumir-se da seguinte maneira:
1. determinar se os livros contábeis são mantidos correta e sistematicamente;
2. comprovar a apresentar em uma análise lógica as entradas e os gastos da
operação durante o período considerado;
3. apresentar um balanço-certificado mostrando a verdadeira condição fi-
nanceira do negócio em determinada data;
4. mostrar de forma comparativa, as entradas e os gastos do ano ou anos
anteriores, para compará-los com os do ano corrente;
5. emprestar confiabilidade às demonstrações contábeis.

De acordo com Sá (2015), os objetivos da auditoria são:


1º. comprovar se as contas expressam a situação real da empresa no
momento em que se verifica ou na data do balanço;
2º. comprovar a exatidão das anotações contábeis, quer do ponto de
vista aritmético quer do contábil propriamente dito;

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 5

3º. descobrir e destacar os possíveis erros e fraudes;


4º. assegurar se a contabilidade é clara e compreensível, se está bem
organizada e se o controle interno funciona normalmente;
5º. comentar e interpretar por meio de relatórios as contas de um
balanço ou de um estado da situação, do ponto de vista da chefia
da empresa;
6º. fazer, eventualmente, a crítica de uma gestão.

Portanto, os objetos centrais da auditoria são descobrir e proteger a empre-


sa contra fraudes e protegê-la contra multas fiscais, o que é uma forma apenas
parcial de observação. Muitos gestores têm uma visão limitada da auditoria, en-
xergando-a apenas como uma ferramenta de proteção contra questões fiscais e
fraudes, enquanto deixam de compreender a importância da eficácia e da efi-
ciência em suas operações.

Organização profissional na Auditoria Contábil

O exercício profissional dos trabalhos de auditoria é executado pelo auditor,


profissional Bacharel em Ciências Contábeis com registro no Conselho de
Classe de sua jurisdição. Nesse cenário, o auditor é o profissional que se dedica
aos trabalhos de auditoria, habitualmente, como livre exercício de um mister
técnico como especialização contábil.
Dentre as diversas modalidades na aplicação da auditoria, diversas são as
classificações:

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AUDITOR INTERNO

Empregado de alto nível na empresa.

AUDITOR DO TESOURO

Auditoria fiscal pelo poder público (funcionário público).

AUDITOR INDEPENDENTE OU AUTÔNOMO

Exercício da profissão por conta própria.

A responsabilidade pelo exame de normas internas e verificações de relatórios


financeiros é realizada pelos auditores, sendo que o auditor interno é o que faz
as revisões internas e o auditor externo é o que faz a revisão das normas internas
e dos documentos econômicos financeiros.
O auditor precisa, efetivamente, reunir a maior dose de conhecimentos téc-
nicos e gerais da mais variada natureza como:
1. Contabilidade geral;
2. Contabilidade aplicada em todos os diversos ramos(industrial, mercantil,
bancário, de seguros, público, agrícola, pastoril, de transporte, imobiliá-
rio, de prestação de serviços, dentre outros);
3. Auditoria geral;
4. Auditoria aplicada em todos os diversos ramos (industrial, mercantil,
bancário, de seguros, público, agrícola, pastoril, de transporte, imobiliá-
rio, de prestação de serviços, dentre outros);
5. Contabilidade de custos de produção;
6. Análise de balanços;
7. Organização geral;
8. Organização aplicada;
9. Administração geral;
10. Administração aplicada;
11. Finanças;
12. Direito administrativo;
13. Direito constitucional;
14. Direito civil;

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15. Direito comercial;


16. Direito do trabalho;
17. Direito Fiscal-tributário, das áreas federais, estaduais e municipais;
18. Técnica comercial;
19. Técnica bancária;
20. Técnica industrial;
21. Técnicas diversas;
22. Merceologia;
23. Mecanografia;
24. Economia;
25. Sociologia;
26. Psicologias aplicada e heurística;
27. Matemática financeira (noções);
28. Moral e ética;
29. Relações humanas;
30. Noções de diversos outros ramos do saber humano como: História apli-
cada (à contabilidade, à economia, ao comércio, à indústria), filosofia,
dentre outros;
31. Noções de tecnologia da informação;
32. Pesquisa operacional;
33. Estatística.

AP RO F U N DA NDO

Além de todas essas capacidades, é importante que o auditor reúna outras


­capacidades, como:
1. Capacidade técnico-profissional;
2. Capacidade moral;
3. Capacidade física;
4. Capacidade financeira;
5. Capacidade legal (para o exercício da profissão);
6. Capacidades acessórias, como
a) Nome profissional;
b) Posição social;
c) Tradição profissional;
d) Capacidade intelectual;
e) Habilidade nas relações.

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U N I C ES U M A R

Essa soma de capacidades é realmente exigida e transforma, portanto, a função


do auditor em prática altamente especializada, e, assim, requer grandes esforços
do profissional.
Quanto à independência do auditor, isso é um fator de importância, pois, faz
com que ele seja melhor colocado nas organizações, merecendo crédito por seu
rico material de trabalho, excelente currículo e por sua moral.
O auditor precisa ter bom nome profissional e plena independência, isto é,
lastro material, moral, intelectual e cultural, para proteger sua clientela contra
os riscos naturais, bem como para se manter em uma posição que lhe possibilite
realizar suas tarefas, acima de problemas materiais.
O profissional dessa área pode atuar como pessoa física ou pessoa jurídica,
sendo que no caso de pessoa jurídica, a sociedade precisa ser formada por no
mínimo dois sócios, ambos contadores (bacharel em ciências contábeis) com
registro no conselho regional de contabilidade. A partir daí, pode-se formar uma
organização profissional que deve se registrar no cartório de registro de pessoas
jurídicas civis e, posteriormente, registrar a organização no Conselho Regional
de Contabilidade como Pessoa Jurídica.

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Controle Interno

As normas de auditoria geralmente aceitas, referentes ao trabalho de campo estabe-


lecem que o auditor deve avaliar o sistema de controle interno da empresa auditada
a fim de determinar a natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria.
O auditor independente executa os seguintes passos na avaliação do controle
interno:
■ levanta o sistema de controle interno da empresa;
■ verifica se o sistema levantado é o que está sendo seguido na prática;
■ avalia a possibilidade de o sistema revelar de imediato erros e
­irregularidades;
■ determina tipo, data e volume dos procedimentos de auditoria.

O controle interno representa o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas


com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e
ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa.
Os 2 primeiros objetivos representam controles contábeis e o último, con-
troles administrativos.

SÃO EXEMPLOS DE CONTROLES CONTÁBEIS:

■ 
Sistemas de conferência, aprovação e autorização;
■ 
Segregação de funções (pessoas que têm acesso aos registros contábeis, não
podem custodiar ativos da empresa);
■ 
Controles físicos sobre ativos;
■ 
Auditoria interna.

SÃO EXEMPLOS DE CONTROLE ADMINISTRATIVOS:

■ 
Análises estatísticas de lucratividade por linha de produto;
■ 
Controle de qualidade;
■ 
Treinamento de pessoal;
■ 
Estudos de tempos e movimentos;
■ 
Análise das variações entre os valores orçados e os incorridos;
■ 
Controle dos compromissos assumidos, mas, ainda não realizados economicamente.
A administração da empresa é responsável pelo estabelecimento do sistema de
controle interno, pela verificação de que tudo está sendo seguido pelos funcionários, e
por sua modificação, no sentido de adaptá-lo às novas circunstâncias.

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U N I C ES U M A R

SÃO RAZÕES PARA A DEFINIÇÃO DE ATRIBUIÇÕES:

As responsabilidades devem ser muito explicadas, ou seja, as atribuições dos fun-


cionários ou setores internos da empresa devem ser claramente definidas e limitadas,
de preferência por escrito, mediante o estabelecimento de manuais internos de
organização.
■ 
Assegurar que todos os procedimentos de controles sejam executados;
■ 
Detectar erros e irregularidades;
■ 
Apurar as responsabilidades por eventuais omissões na realização das transações
da empresa.

SÃO EXEMPLOS DE ROTINAS QUE DEVEM SER DEFINIDAS:

As rotinas internas devem ser claramente definidas e devem ter os empregados re-
sponsáveis por cada uma delas.
■ 
Aprovação de aquisição de bens e serviços;
■ 
Programação financeira de pagamentos;
■ 
Pagamentos a fornecedores;
■ 
Controle de cobrança de vendas a prazo;
■ 
Registro contábil das operações da empresa;
■ 
Controle de registro de empregados;
■ 
Pagamentos aos empregados.

A empresa deve definir no manual de organização todas as suas rotinas internas.


Essas rotinas compreendem:
■ Formulários internos e externos, como a requisição de materiais do al-
moxarifado;
■ Instruções para preenchimento de formulários diversos;
■ Evidências da execução dos procedimentos internos de controle;
■ Procedimentos internos dos diversos setores da empresa, como contas a
pagar, vendas, almoxarifado, faturamento, dentre outros.

A empresa deve limitar o acesso dos funcionários a seus ativos e estabelecer


controles físicos sobre eles, uma vez que esse acesso aos ativos da empresa implica
em manuseio de numerários e em controle de estoques e imobilizados.
O acesso aos ativos pode ocorrer de forma direta ou indireta, sendo que a
forma direta se dá por meio do toque físico, e a forma indireta se dá por meio de
preparação de documentos que autorizam a movimentação do ativo.

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Plano de auditoria

As normas de auditoria exigem que o trabalho nessa área seja adequadamente


planejado. Planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria
seja de excelente qualidade e ao menor custo possível. Os principais objetivos a
serem atingidos são os seguintes:
■ adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e
forma de organização da empresa;
■ planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares;
■ obter maior cooperação do pessoal da empresa;
■ determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria;
■ identificar previamente problemas relacionados com contabilidade, au-
ditoria e impostos.

O auditor externo deve adquirir ou restabelecer conhecimentos sobre a empresa


para que possa planejar e efetuar seu exame de acordo com as normas brasileiras
de auditoria.

Para obter tais conhecimentos o auditor deve estudar, principalmente, as seguintes


áreas da empresa:

■ 
Financeira;

■ 
Pessoal;

■ 
Contábil;

■ 
Orçamentária;

■ 
Fiscal e legal;

■ 
Operações;

■ 
Vendas;

■ 
Compras;

■ 
Suprimentos.

As atividades de auditoria devem ser iniciadas nos três primeiros meses do ano,
pois a maioria das empresas encerra seu exercício social em dezembro de cada
ano. Esse fato ocasiona excesso de serviços nas empresas de auditoria externa

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U N I C ES U M A R

no primeiro trimestre do ano e, no resto do ano, elas podem ficar um pouco


ociosas. Para contornar esse problema, os auditores externos executam, sempre
que possível, o maior volume de serviços de auditoria nas visitas preliminares.
Existem outros motivos para maior concentração de serviços nas visitas
preliminares, como:
■ Detectar problemas de imediato;
■ Evitar esforço físico e mental muito grande dos auditores nos meses de
janeiro a março;
■ Evitar horas extras nos meses de janeiro a março;
■ Dar mais atenção à empresa auditada;
■ Emitir o parecer dentro de um prazo razoável de tempo, após a empresa
Ter levantado as demonstrações financeiras.

Existem algumas áreas para as quais o auditor externo poderia efetuar serviços
de auditoria na visita preliminar:
■ Levantamento e avaliação do sistema de controle interno;
■ Revisão analítica das demonstrações contábeis intermediárias;
■ Teste das receitas acumuladas até a data da visita preliminar;
■ Teste de despesas acumuladas até a data da visita preliminar;
■ Teste das compras efetuadas até a data da visita preliminar;
■ Teste das depreciações, amortizações e exaustões efetuadas até a data da
visita preliminar;
■ Resumo das atas;
■ Atualização da pasta permanente.

AP RO F U NDA NDO

É importante que a empresa de auditoria estabeleça a distribuição das horas entre


as visitas preliminares e final, por classe de profissional e por área de auditoria.
Essa distribuição é feita
■ 
Com base nos seguintes dados:
■ 
Horas constantes no levantamento que determinou o valor do serviço de auditoria;
■ 
Experiência adquirida na execução das reuniões realizadas com áreas impor-
tantes da empresa;
■ Experiência de cada auditor.

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A fase inicial do processo de auditoria consiste em iniciar a partir da criação de


um plano operacional, que abrange todas as tarefas necessárias para a condu-
ção eficaz do processo, assegurando que essas atividades sejam adequadamente
programadas dentro do prazo disponível para a execução do trabalho.

Papéis de trabalho

De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria (NBC),


os papéis de trabalho constituem a documentação preparada pelo auditor ou for-
necida a este na execução da auditoria. Eles integram um processo organizado
de registro de evidências de auditoria, por intermédio de informações em papel,
por meios eletrônicos ou outros que assegurem o objetivo a que se destinam.
Os principais objetivos dos papéis de trabalhos de auditoria são:
■ Atender às normas brasileiras de auditoria;
■ Acumulsar as provas necessárias para suportar o parecer do auditor;
■ Auxiliar o auditor durante a execução de seu trabalho;
■ Facilitar a revisão por parte do auditor responsável para que ele a­ ssegure-se
de que o serviço foi efetuado de forma correta;
■ Servir como base para avaliação dos auditores;
■ Ajudar no trabalho da próxima auditoria;
■ Representar na Justiça as evidências do trabalho executado.

São vários os tipos de papéis de trabalho utilizados pelo auditor, que incluem:

■ 
Programa de auditoria;

■ 
Papéis elaborados pelo auditor;

■ 
Outros papéis de trabalho.

Os programas de auditoria são preparados pelos auditores ou pelas firmas de


auditoria e esses programas devem ser preenchidos pelos auditores para todas
as áreas das demonstrações financeiras. Além disso, esses registros podem ser
utilizados para inserir informações, analisá-las e tratar de outros tópicos rela-
cionados à auditoria, tais como planejamento, supervisão, riscos de auditoria e
avaliação do controle interno.

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U N I C ES U M A R

O programa de auditoria é dividido basicamente em três partes:


1. Listagem dos procedimentos de auditoria;
2. Espaço para o auditor assinar, a fim de evidenciar que o serviço foi feito
e quem fez;
3. Espaço para comentários, observações e referências.

Os principais objetivos dos programas de auditoria são: estabelecer por escrito a


política da empresa de auditoria; padronizar os procedimentos de auditoria dos
profissionais de uma mesma organização; evitar que sejam omitidos procedimen-
tos importantes de auditoria e melhorar a qualidade dos serviços de auditoria.
Os papéis de trabalho elaborados pelo auditor são preparados por ele à me-
dida que vai analisando as diversas contas do livro razão geral da contabilidade,
com o objetivo de ter um registro do serviço executado. Antes, os auditores
utilizavam folhas quadriculadas de 6, 12 e 16 colunas. Hoje, todo trabalho é
feito por meio de planilhas no excel e programas específicos de auditoria, mas
que são utilizados como papéis de trabalho.
Podem ser considerados como outros papéis de trabalho:
■ Cartas de confirmação de terceiros (contas correntes bancárias, apli-
cações financeiras, contas a receber, estoques, fornecedores, emprésti-
mos, seguros, investimentos e imobilizados em poder de terceiros);
■ Cópias de documentos importantes (estatuto social, contra-
tos, manuais de procedimentos internos, atas de reuniões, cartas de
­representações)

Os papéis de trabalho são elaborados, estruturados e organizados para aten-


der às circunstâncias do trabalho e satisfazer às necessidades do auditor para
cada auditoria.

Relatório e Parecer de auditoria

O trabalho do auditor culmina com a apresentação do Parecer de auditoria.


O parecer dos auditores independentes está devidamente regulamentado pela
Norma Brasileira de Auditoria e não se aplica a relatórios sobre informação con-
tábil parcial, limitada ou condensada, ou a respeito de outras situações especiais.

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O parecer de auditoria emitido por auditor independente se compõe basicamente


de três parágrafos:

a) O que se refere à identificação das demonstrações contábeis auditadas e à


definição das responsabilidades da administração e dos auditores;

b) O que é relativo à extensão dos trabalhos;

c) O que expressa a opinião sobre as demonstrações contábeis.

O parecer de auditoria, normalmente, é dirigido aos acionistas, cotistas ou só-


cios da empresa, ao conselho de administração ou à diretoria da entidade, ou a
outro órgão competente. O parecer deve identificar as demonstrações contábeis
que foram auditadas, assim como o nome da entidade que foi auditada, as datas
e os períodos que correspondem.
O parecer do auditor se origina do relatório final. Concluída a tarefa, pode
o profissional emitir sua opinião. Nesse sentido, o relatório de auditoria é a peça
técnica que tem por objetivo informar o resultado dos trabalhos executados de
acordo com o programa planejado. Esse documento sempre será um informe
global que deve abranger todos os itens inclusos na programação da auditoria.
Ele já é uma opinião sobre o que se realizou, todavia, não é formalmente sucinto
a ponto de oferecer uma conclusão sumária (fato que se reserva para o parecer).
O relatório normalmente é apresentado por meio de um conjunto de partes
que são importantes, como: apresentação, identificação, índice geral, assuntos,
índice de anexos, anexos, conclusões, parecer e ilustrações gráficas, se necessário.

VOCÊ SABE RESPONDER?


O parecer é parte integrante do relatório de auditoria?

Sim! O parecer é parte integrante do relatório de auditoria.


O auditor ao final do trabalho juntamente com o relatório de auditoria emite
seu parecer que tem normalmente quatro hipóteses:

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1) PARECER REGULAR OU PARECER SEM RESSALVA

Significa que está tudo em ordem com as demonstrações contábeis auditadas.

2) PARECER COM RESSALVA

Significa que algumas coisas não correspondem à verdade e precisam de atenção por
parte da empresa.

3) PARECER IRREGULAR OU ADVERSO

Significa que está tudo errado ou a maioria está em desacordo com a realidade
daquele empresa.

4) PARECER COM ABSTENÇÃO DE OPINIÃO

Significa que não é possível concluir-se pelo certo e nem pelo errado.

As entregas do relatório e do parecer representam a conclusão do trabalho de ­auditoria.

Documentos contábeis que devem ser auditados

Não existe uma técnica padrão para o exame de registros e documentos contá-
beis, cada empresa tem características especiais que merecem atenção parti-
cular do profissional de auditoria no desempenho de sua tarefa.
Vale lembrar que a auditoria não é apenas a comparação de documentos ori-
ginais com os registros contábeis. Existem alguns princípios e preceitos que são
mais ou menos respeitados e seguidos, servindo com objetividade, como normas.
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Procedimentos de Audi-
toria (NBC PA), o auditor deve mencionar, em seu parecer, as responsabilidades da
administração e as suas. Além disso, é importante evidenciar que a administração é
responsável pela preparação e pelo conteúdo das demonstrações contábeis, cabendo
ao contabilista que as assina a responsabilidade técnica, e que o auditor é responsável
pela opinião que expressa sobre as demonstrações contábeis objeto dos seus exames.
O parecer deve expressar, clara e objetivamente, se as demonstrações con-
tábeis auditadas, em todos os aspectos relevantes, na opinião do auditor, estão
adequadamente representadas ou não, consoante as disposições contidas nas
Normas Brasileiras de Contabilidade Procedimentos de Auditoria.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 5

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

De acordo com a Interpretação Geral de Contabilidade (ITG) nº. 2000, documen-


tação contábil é aquela que comprova os fatos que originam lançamentos na
escrituração da entidade e compreende todos os documentos, livros, papéis,
registros e outras peças, de origem interna ou externa, que apoiam ou compon-
ham a escrituração.

De acordo com Almeida (2015), “o objetivo do auditor externo ou independente


é emitir sua opinião sobre as demonstrações financeiras da empresa, cujas peças
básicas são: Balanço Patrimonial, Demonstração do resultado do exercício, de-
monstração das mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de
caixa e Notas explicativas” (ALMEIDA, 2015, p. 45).

E U IN D ICO

Para fixar um pouco mais nossos conhecimentos sobre a auditoria contábil reco-
mendo o vídeo do “Café com o contabilista do Conselho Regional de Contabili-
dade de Minas Gerais”, que trata do seguinte tema: “Aspectos e conceitos de Asse-
guração das Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas de Auditoria (NBC TA)”.
Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema. Recurso de mídia disponível no


conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

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U N I C ES U M A R

NOVOS DESAFIOS
Chegamos ao fim deste Tema de Aprendizagem!
Até aqui, compreendemos que a auditoria Contábil é uma área muito impor-
tante da Contabilidade que sempre se destacou muito no mercado de trabalho.
Entendemos, também, que, para ingressar no mercado de auditoria contábil, o
profissional precisa ser Bacharel em Ciências Contábeis com registro profissio-
nal ativo em seu conselho regional de classe.
O auditor contábil é um profissional especializado que realiza as funções
de análise e conferência dos registros contábeis em busca de possíveis falhas de
controle ou indícios de fraudes e irregularidades. Nesse cenário, o objetivo do
trabalho é verificar se os dados são compatíveis com a real situação econômica,
patrimonial e financeira do empreendimento.
O auditor pode ser interno ou externo, ou seja, ele pode atuar na prevenção
de fraudes e erros dentro da empresa, ou ele pode atuar como verificador das
Normas de Contabilidade aplicadas aos registros contábeis e, assim, detectar
erros ou falhas nos processos da empresa. Sendo que o auditor interno, normal-
mente, é empregado da empresa e o auditor externo é contratado, podendo ser
pessoa física ou jurídica.

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VAMOS PRATICAR

1. A verificação dos controles internos na empresa normalmente é feita pelos auditores exter-
nos quando do estabelecimento dos procedimentos de auditoria independente, conforme
Normas Brasileiras de Contabilidade.

Fonte: ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6ª Edição. Ed. Atlas. São Paulo, 2015.

O responsável pela implantação do sistema de controle interno na empresa, é:

a) Auditor Interno.
b) Auditor Externo.
c) Contador.
d) Administração da empresa.
e) Comissão de Valores Mobiliários.

2. Na realização do trabalho de auditoria externa, várias verificações são feitas pelo auditor ex-
terno no intuito de comprovar as informações evidenciadas nos demonstrativos contábeis.

Fonte: ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

O valor debitado pelo banco, referente ao resgate da parcela do principal de um empréstimo,


mas, não contabilizado pela empresa, seria apresentado da seguinte forma na reconcilia-
ção bancária:

a) Aumento do saldo do razão analítico.


b) Redução do saldo do razão analítico.
c) Aumento do saldo do extrato bancário.
d) Redução do saldo do extrato bancário.
e) Nenhuma das opções anteriores.

3. O objetivo do auditor externo ou independente é emitir sua opinião sobre as demonstrações


financeiras da empresa, cujas peças básicas são: Balanço Patrimonial, Demonstração do
resultado do exercício, demonstração das mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração
dos Fluxos de caixa e Notas explicativas.

Fonte: ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

As demonstrações das mutações do Patrimônio líquido e dos fluxos de caixa, são demonstra-
ções importantes emitidas pela contabilidade e são também importantes para demonstrar a
seus usuários informações que auxiliam no processo de tomada de decisão dentro e fora da
empresa. Quais informações mais importantes são evidenciadas por essas demonstrações e
por que é importante que as mesmas sejam periodicamente auditadas por auditores externos?

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. C. Auditoria: Um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de


Contabilidade. 3. ed. Brasília, DF, 2008.

SÁ, A. L. Curso de Auditoria. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção D.

D. Administração da empresa.

O responsável pela implantação de controle interno na empresa é a administração da em-


presa.

“A administração da empresa é responsável pelo estabelecimento do sistema de controle


interno, pela verificação de que tudo está sendo seguido pelos funcionários, e por sua mo-
dificação, no sentido de adaptá-lo às novas circunstâncias.”

2. Opção B.

Se foi debitado pelo banco o resgate da parcela do principal de um empréstimo tomado,


isso significa que o saldo da conta diminuiu e, se não foi contabilizado pela empresa, há
uma diferença entre o saldo demonstrado no extrato bancário e o saldo do razão analítico,
portanto, deverá ser procedida a redução do saldo do razão analítico.

3. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) demonstra se a empresa teve


naquele período Lucro ou prejuízo contábil, ou seja, se sua operação gerou resultados posi-
tivos ou negativos. Essa documentação é importante, pois, é para ela que o usuário interno
ou externo, seja ele um investidor ou um funcionário, olhará quando desejar entender quanto
a empresa teve de lucratividade no último exercício financeiro, e quanto essa lucratividade
aumentou de um exercício para o outro.

A Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) demonstra quanto a empresa teve de entradas
e saídas de recursos financeiros no exercício e como ela investiu ou gastou esses recursos.

Sendo essas demonstrações auditadas por Auditores Independentes, a possibilidade de


terem divergências nas informações é quase que nula, pois, uma vez auditadas as informa-
ções tornam-se confiáveis.

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MEU ESPAÇO

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UNIDADE 4
TEMA DE APRENDIZAGEM 6

CONCEITOS FINANCEIROS BÁSICOS

MINHAS METAS

Entender como funcionam os juros simples e compostos.

Aprender a calcular a taxa proporcional.

Compreender o cálculo de taxa equivalente.

Entender o que é equivalência de capitais.

Entender os tipos de descontos.

Conhecer os sistemas de amortização.

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U N I C ES U M A R

INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante! Seja bem-vindo!
Nesta etapa, falaremos sobre os conceitos básicos de finanças, incluindo a
noção de juros e de taxas de juros, assim como sobre os sistemas de amortização
brasileiros e os tipos de descontos. Tão importante quanto tudo isso, é entender
a equivalência de capitais, que é muito utilizada no mundo financeiro.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Nesse podcast, são apresentados o conceito de juros e a diferença entre os juros


simples e compostos. Além disso, esse episódio informa qual a melhor opção para
o investidor e para o tomador, quando eles tiverem que escolher entre uma ou outra
modalidade (juros simples ou compostos). Corre lá para entender essas ­diferenças.
Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

JUROS SIMPLES

Antes de mais nada, vamos simular uma compra para você recordar o conteú-
do. Veja:
Uma loja vende um tapete em 12 parcelas mensais de R$ 97,49, ou 24 parcelas
mensais de R$ 61,50. Nos dois casos, o cliente não dará entrada alguma. Sabendo
que a taxa de juros do crédito pessoal é de 2,5% ao mês, pergunta-se: qual é o
melhor sistema para o comprador, 12 meses ou 24 meses?
Para compararmos os dois planos de pagamentos, precisamos calcular o preço
à vista em cada caso. Se os dois preços forem iguais, os planos serão equivalentes.
No primeiro plano, o valor presente é R$ 1.000,03 e, no segundo plano, o
valor presente é R$ 1.099,93.
Portanto, a melhor opção é o primeiro plano, pois o valor presente é menor.
A noção de juro decorre do fato de que a maioria das pessoas prefere con-
sumir seus bens no presente e não no futuro. Em outras palavras, havendo uma

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preferência temporal para consumir, as pessoas querem uma recompensa pela


abstinência. Esse prêmio, para que não haja consumo, é o juro.
O juro também pode ser entendido como o custo do crédito ou a remu-
neração do capital aplicado. Isto é, o juro é o pagamento pelo uso de poder
aquisitivo por um determinado período de tempo. Associa-se, então, o juro à
preferência temporal das pessoas, que é o desejo de efetuar o consumo o mais
cedo possível. Nessas condições, a taxa de juros mede o custo da unidade de
capital no período a que se refere à taxa.
Essa taxa é fixada no mercado de capitais pela interação entre as forças que
regem a oferta de fundos e a procura de créditos.
Assim, juro é a remuneração do capital empregado. Se aplicarmos um capi-
tal durante um determinado período de tempo, ao fim do prazo, o capital irá se
transformar em um valor (montante) que será igual ao capital aplicado, acrescido
da remuneração obtida durante o período de aplicação.

A diferença entre o montante e a aplicação denomina-se remuneração, rendimento


ou juros ganhos:
Juros ganhos = montante – aplicação

Os juros ganhos em uma aplicação financeira são o produto da taxa de juros


multiplicado pelo principal:

i = J (juros ganhos = P × i
P (aplicação)

Igualando as duas expressões para cálculo dos juros, pode-se obter uma relação
para o montante:

S - P = P × i = S = P(1 + i)

O mercado financeiro trabalha com base na taxa de juros percentual. Porém, é


necessário colocá-la na forma fracionária para realizar os cálculos financeiros.
O quadro a seguir apresenta alguns juros na forma de porcentagem com seu
equivalente fracionário.

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FORMA PERCENTUAL FORMA FRACIONÁRIA

20% 20/100 = 0,20

10% 10/100 = 0,10

1% 1/100 = 0,01

0,30% 0,3/100 = 0,003

Quadro 1 – Juros porcentagem e fracionário / Fonte: Elaborado pela autora.

Quando o prazo da operação é dado considerando-se os anos constituídos por


meses de 30 dias, os juros são chamados comerciais, mas quando o número de
dias corresponde àqueles do ano civil (365 dias), são chamados juros exatos.
Porém, na maioria dos cálculos são considerados anos comerciais (360 dias).

E U IN D ICO

Para fixar um pouco mais do que vimos no último conteúdo, assista a esse vídeo
curto sobre como calcular juros simples e montante. O vídeo recomendado traz
informações sobre juros simples e montante, reforçando a importância de se co-
nhecer a diferença entre juros simples e juros compostos para construção dos
novos valores de capital.

No regime de juros simples, os juros de cada período são calculados sempre sobre
o mesmo principal. Não existe capitalização de juros nesse regime, pois os juros de
um determinado período não são incorporados ao capital principal para que essa
soma sirva de base de cálculo dos juros do período seguinte. Consequentemente,
o capital crescerá a uma taxa linear, e a taxa de juros terá um comportamento li-
near em relação ao tempo. Nesse regime, a taxa de juros pode ser convertida para
outro prazo qualquer com base em multiplicações e divisões, sem alterar seu valor
intrínseco, ou seja, mantém a proporcionalidade existente entre valores realizáveis
em diferentes dias. A aplicação dos juros simples é muito limitada. Ela tem apenas
algum sentido em um contexto não inflacionário e no curtíssimo prazo.

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Os juros ganhos por uma aplicação financeira aplicada pelo prazo de um


único período de tempo a que se refere a taxa de juros podem ser calculados da
seguinte forma:

J=P×i
Onde:
J = Juros
P = Principal
i = Taxa de juros

Dado o comportamento linear dos cálculos no regime de juros simples, se apli-


carmos um capital durante n períodos de tempo a que se refere a taxa de juros,
os juros ganhos podem ser calculados da seguinte forma:

J=P×i×n
Onde:
J = Juros
P = Principal
i = Taxa de juros
n = Número de meses ou pagamentos

Por exemplo: se aplicarmos um capital de R$ 100 à taxa de juros simples de 15%


ao ano, durante três anos, temos os seguintes juros ganhos em cada ano:

J =P ×i ×n
J = 100, 00 × 0, 15 × 3 = 45, 00

Que seria o mesmo que:


J =P ×i
J = 100, 00 × 0, 15 = 15, 00
J = 100, 00 × 0, 15 = 15, 00
15, 00
J = 100, 00 × 0, 15 =
45

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Períodos não inteiros

Algumas vezes, o período de investimento é somente uma fração do período


expresso na taxa de juros. Nesses casos, em que as unidades de tempo da taxa de
juros e do período de investimento são diferentes, é necessário homogeneizá-las
por meio de um ajuste na taxa, como nos exemplos seguintes:

A) SE A TAXA DE JUROS FOR MENSAL E O PRAZO DE APLICAÇÃO REFERIR-SE A DIAS:

J = P × (i/30) × n (juro comercial)

B) SE A TAXA DE JUROS FOR ANUAL E O PRAZO DE APLICAÇÃO REFERIR-SE A MESES:

J = P × (1/12) × n (juro comercial)

C) SE A TAXA DE JUROS FOR ANUAL E O PRAZO DA APLICAÇÃO REFERIR-SE A DIAS:

J = P × (i/360) × b (juro comercial) ou


J = P × (i/365) × n (juro exato)

As taxas que se encontram entre parênteses representam taxas proporcionais,


homogêneas em relação ao período de aplicação.
Exemplo: qual o rendimento de R$ 10 mil aplicados por um mês à taxa
simples de 36% ao ano?

J = P ×i ×n
0,36
J =10.000 × ×1 = R$ 300
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JUROS COMPOSTOS

O regime de juros compostos é mais comum no dia a dia, no sistema financeiro


e no cálculo econômico. Nesse regime, os juros gerados a cada período são in-
corporados ao principal para o cálculo dos juros do período seguinte. Ou seja, o
rendimento gerado pela aplicação será incorporado a ela, passando a participar
da geração do rendimento no período seguinte. Dessa forma, dizemos que os
juros são capitalizados, ou seja, capitalização é o momento em que os juros são
incorporados ao capital principal.
Se aplicarmos R$ 1.000 durante três meses, à taxa de 20% ao mês, teremos
os seguintes rendimentos e montantes no regime de juros simples e no regime
de juros compostos:

JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS


MÊS
RENDIMENTO MONTANTE RENDIMENTO MONTANTE

1 1.000 x 0,2 = 200 1.200 1.000 x 0,2 = 200 1.200

2 1.000 x 0,2 = 200 1.400 1.200 x 0,2 = 240 1.440

3 1.000 x 0,2 = 200 1.600 1.440 x 0,2 = 288 1.728

Quadro 2 – Juros simples e juros compostos / Fonte: Elaborado pela autora.

O dinheiro cresce mais rapidamente utilizando-se juros compostos do que ju-


ros simples.

Capitalização e desconto a juros compostos:


cálculo do montante e do principal

Vejamos o que acontece com o montante de um capital aplicado a juros com-


postos por três meses:

Término do mês 1: S = P × (1 + i)
Término do mês 2: S = P × (1 + i) × (1 + i)
Término do mês 3: S = P × (1 + i) × (1 + i) × (1 + i)

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Generalizando, para n períodos, podemos calcular diretamente o montante S


resultante da aplicação do principal P durante n períodos a uma taxa de juros
compostos (i):

s = P (1+i)n

A fórmula apresentada expressa o montante ao fim de n períodos como uma


função exponencial do capital inicial aplicado. A taxa de juros deve ser sempre
referida à mesma unidade de tempo do período financeiro. O fator (1 +i)^n é
chamado fator de capitalização, ou fator de valor futuro para aplicação única. É o
número pelo qual devemos multiplicar o valor da aplicação inicial para obtermos
seu valor futuro ou de resgate.
Se o capital fosse R$ 1.000, a taxa composta de 20% ao mês, e o prazo de três
meses, o montante ao término do terceiro mês poderia ser calculado diretamente
da seguinte forma:

S=1.000 ×(1+0,2)3 =R$1.278

O cálculo do valor presente de um montante ou pagamento único é simplesmente


o inverso do cálculo do montante.

P = Sx(1 +i)^ −n

O fator (1 +i)−n é conhecido como fator de valor presente, fator de desconto ou


fator de atualização para pagamento único. Esquematicamente, os fatores de valor
futuro (1 +i)n e valor presente (1 +i)−n permitem efetuar as operações de desconto.
Os fatores (1 +i)n e (1 +i)−n têm a seguinte finalidade:
■ O fator (1 +i)n “empurra” grandezas para a frente, permitindo encontrar
o montante ou valor futuro de uma aplicação. Ou seja, capitaliza um
principal, levando-o a uma data posterior.
■ O fator (1 +i)−n “puxa” grandezas para trás, permitindo encontrar o prin-
cipal de um determinado montante. Ou seja, desconta um valor futuro,
trazendo-o a uma data anterior.

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TAXA PROPORCIONAL

Consideramos duas taxas de juros arbitrárias i1 e i2, relacionadas respectivamen-


te aos períodos n1 e n2, referidos à unidade comum de tempo das taxas.
Essas taxas se dizem proporcionais se houver a igualdade de quociente das
taxas com o quociente dos respectivos períodos.

i1 n1
=
i2 n2
=

Como em uma proporção, o produto dos meios é igual ao produto dos ­extremos:

i1n2 =i2n1

Então, podemos escrever a fórmula da seguinte forma:

i1 i2
=
n1 n2

Duas taxas são proporcionais quando se verifica que a razão entre elas é a mesma
que a razão entre seus períodos. Por sua vez, duas taxas expressas em períodos
diferentes são equivalentes quando, aplicadas a um mesmo capital e num mesmo
intervalo de tempo, produzem o mesmo montante.

Exemplo: verificar se as taxas de 5% ao trimestre e de 20% ao ano são ­proporcionais:

i1 = 5% ao trim. ou 0,05 a.t.


i2 = 20% ao ano ou 0,20 a.a.
n1 = 3 meses
n2 = 12 meses

i1 n1
=
i2 n2
0,05 3
=
0,20 12

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O produto dos meios (0,20 × 3) é igual ao produto dos extremos (0,05 × 12). Logo, as
taxas são proporcionais.

Exemplo: Sendo dada a taxa de juros de 14% ao ano, determinar a taxa propor-
cional mensal.
i1 = 0,24 a.a.
n1 = 12 meses
i2 = ?
n2 = 12 meses

i1 n1
=
i2 n2
Assim, tem-se que:

0,24 12
=
i2 1
0,24 × 1= i2 × 12
0,24
i2 = = 0,02 a.m .ou 2% ao m ês.
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TAXA EQUIVALENTE

Duas taxas se dizem equivalentes se, aplicado um mesmo capital às duas taxas e
pelo mesmo intervalo de tempo, ambas produzirem o mesmo juro.
Taxas equivalentes são taxas que quando aplicadas ao mesmo valor em di-
nheiro, em um mesmo período de tempo, produzem o mesmo resultado final.
Sejam as taxas de juros i, referente a 1 e período im, referente à fração 1/m,
supostas equivalentes;
Pela definição dada, seja:
Ji = CXi ×1 = C1

Esse é o juro gerado quando se aplica o capital principal (C) à taxa dada (i) por
um período.
Por outro lado, como o período da taxa “i” foi dividido em “m” partes, então
o principal (C) pode ser aplicado por “m” períodos à taxa im.

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J Im = C X im × m

Como as taxas são supostas equivalentes, ambas devem ter gerado o mesmo
juro, ou seja:
Ji = Jm
Portanto, Ci = Cimm
Isto é, im = I / m.
Exemplo: seja um capital de R$ 10 mil, que pode ser aplicado alternativa-
mente à taxa de 2% ao mês ou de 24% ao ano, e um prazo de aplicação de dois
anos, verifique se as taxas são equivalentes.

J1= 10.000 × 0,02 × 24 = 4.800


J2 = 10.000 × 0,24 × 2 = 4.800

Portanto, as taxas são equivalentes.

EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS

Equivalência de capitais diz respeito, de modo geral, à comparação de valores


diferentes referidos a datas distintas, considerando-se uma dada taxa de juros.
Essas comparações são feitas utilizando-se o critério de juros compostos. Diz-se
que dois ou mais capitais com datas de vencimentos determinadas são equivalen-
tes quando, levados para uma mesma data focal à mesma taxa de juros, tiverem
valores iguais. Data focal é a data que se considera como base de comparação
dos valores referidos a datas diferentes, sendo também chamada de data de ava-
liação ou data de referência.

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Seja um conjunto de valores nominais e suas respectivas datas de vencimento:

CAPITAL DATA DE VENCIMENTO

C1 1

C2 2

C3 3

C4 4

Cn n

Quadro 3 – Equivalência de capitais / Fonte: Elaborado pela autora.

Adotando-se uma taxa de juros i, esses capitais serão equivalentes na data fo-
cal 0, se:

C1 C2 C3 cn
V = = = = ......= (1= i)n
(1= i)1 (1+ i)2 (1+ i)3

Indicamos os valores por V, já que estes são valores atuais à taxa de juros i, na
data focal 0.
Exemplo: consideremos os valores nominais seguintes:

CAPITAL DATAS DE VENCIMENTOS (ANOS)

1.100,00 1

1.210,00 2

1.331,00 3

1.464,10 4

1.610,51 5

Quadro 4 – Equivalência de capitais / Fonte: Elaborado pela autora.

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Admitindo-se uma taxa de juros compostos de 10% ao ano, verificar se os


capitais são equivalentes na data focal 0.

V 1= C 1/(1+ i)1 = 1.100 /(1,10)1 = 1.000


V 1= C 1/(1+ i)1 = 1.100 /(1,10)1 = 1.000
V 2 = C 2 /(1+ i)2 = 1.210 /(1,10)2 = 1.000
V 3 = C 3 /(1+ i)3 = 1.331/(1,10)3 = 1.000
V 4 = C 4 /(1+ i)4 = 1.464,10 /(1,10)4 = 1.000
V 5 = C 5 /(1+ i)5 = 1.610,51/(1,10)5 = 1.000
Logo, podemos concluir que os capitais são equivalentes.

DESCONTOS

Quando temos uma aplicação de capital com vencimento predeterminado, pode-


-se, em um determinado momento, resgatar esse valor, porém será descontado
juros proporcionais ao tempo da antecipação.
Outra situação comum é quando um devedor toma um empréstimo e resolve
quitá-lo antes do vencimento. Nesse caso, também deve ser descontado o valor
proporcional aos juros do período de antecipação.
Em situações semelhantes a essas, utilizamos a modalidade financeira de-
nominada DESCONTO, que é dividida em: desconto racional ou desconto por
dentro e desconto comercial ou desconto por fora. Vejamos cada um deles:

1. Desconto racional ou desconto “por dentro”

Desconto racional é o desconto obtido pela diferença entre o valor nominal e o


valor atual de um compromisso a ser saldado n períodos antes do seu vencimento.
Desconto é a quantia a ser abatida do valor nominal.
Valor descontado é a diferença entre o valor nominal e o desconto.
Sendo:
N = Valor nominal ou montante
Vr = Valor atual (ou valor descontado)
n = número de períodos antes do vencimento
i = taxa de desconto
Dr = Valor do desconto

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V = N /(1+ in)
Dr= N − [N /(1+ in)]
Dr= [N (1+ in)− N ]/(1+ in)

Logo,Dr= Nin /(1+ in)

Essa fórmula permite que seja obtido o valor do desconto racional, calculado para
um dado valor nominal, a uma taxa de juros e para um dado prazo de antecipação.

O valor descontado é dado pela fórmula:

Vr = N − Dr
Vr = N − (Nin ) / (1 + in )
Vr = N (1 + in ) − Nin / (1 + in )
Logo: Vr = N / (1 + in )

Vr = N − (Nin ) / (1 + in )
Vr = N (1 + in ) − Nin / (1 + in )
Logo: Vr = N / (1 + in )

Exemplo: uma pessoa pretende saldar um título de R$ 5.500 três meses antes de
seu vencimento. Sabendo que a taxa de juros corrente é de 40% ao ano, determine
o valor do desconto.
Primeiramente, vamos calcular a taxa proporcional:

0,40
= 0,033
12

Para calcular o desconto:

Nin
Dr =
( + in)
1
(5.500 × 0,33 × 3)
Dr =
(1 + 0,033 × 3)
550
Dr = = 500
1,099

O valor do desconto será de R$ 500.

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2. Desconto comercial ou desconto “por fora”

Desconto comercial é o valor que se obtém pelo cálculo do juro simples sobre o va-
lor nominal do compromisso que seja saldado n períodos antes de seu vencimento.
Sendo:
N = Valor nominal ou montante
Vr = Valor atual (ou valor descontado)
n = Número de períodos antes do vencimento
i = Taxa de desconto
Dr = Valor do desconto
O desconto comercial pode ser obtido a partir da seguinte fórmula:

Dc = Nin

O valor do desconto comercial será dado pela fórmula:

Vc = N − Dc
Vc = N − Nin
Vc = N (1 − in )

Considerando o exemplo do item anterior, em que o título de R$ 5.500 é descon-


tado à taxa de 40% a.a., três meses antes do vencimento.
a) O desconto comercial:
Dc = Nin
Dc = 5.500 ×(0,40 /12) ×3 = 550

b) O valor descontado comercial:


Vc = N(1 −in)
Vc = 5.500 ×(1 − 0,40 /12 ×3)
Vc = 5.500 ×0,9
Vc = 4.950

Então, a pessoa vai receber R$ 4.950 pelo desconto comercial, que é menos que
os R$ 5.000 que receberia se o desconto fosse racional.

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SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

A amortização é um processo financeiro pelo qual uma dívida ou obrigação é


paga progressivamente por meio de parcelas, de modo que, ao término do pra-
zo estipulado, o débito seja liquidado. Essas parcelas ou prestações são a soma
de duas partes: a amortização ou devolução do principal emprestado e os juros
correspondentes aos saldos do empréstimo ainda não amortizados.

Prestação = Amortização + Juros

Essa separação permite discriminar o que representa devolução do principal


(amortização) do que representa serviço da dívida (juros). Ela é importante para
as necessidades jurídico-contábeis e para a análise de investimentos, em que os
juros, por serem dedutíveis para efeitos tributáveis, têm um efeito fiscal.
Carência é o período que vai desde a data de concessão do empréstimo até a data
em que será paga a primeira prestação. Em geral, esse período é negociado entre
o credor e o mutuário. Qualquer sistema de amortização pode ter ou não carência.

AP RO F U NDA NDO

Entre os sistemas de amortização de empréstimo mais utilizados temos: Sistema


de Amortização Francês (SAF), também conhecido como Sistema Price; Sistema de
Amortização Constante (SAC); Sistema de Amortização Americano; e Sistema Misto,
conhecido como Sistema de Amortização Crescente (Sacre). Algumas vezes, as insti-
tuições financeiras criam sistemas de amortização não específicos, não convencionais,
adequados a determinadas situações ou características do mercado ou dos clientes.

Sistema de Amortização Francês (SAF) – Tabela Price

A origem da denominação do Sistema de Amortização Francês (SAF) está


relacionada ao fato de ter sido inicialmente empregado na França. Ainda, esse
sistema ficou mais amplamente conhecido como Tabela Price devido ao seu
criador, o inglês Richard Price.

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Esse sistema é o mais utilizado pelas instituições financeiras e pelo comércio


em geral. Como os juros incidem sobre o saldo devedor, que, por sua vez, decres-
ce à medida que as prestações são pagas, eles são decrescentes e, consequente-
mente, as amortizações do principal são crescentes. Nesse sistema, o cálculo das
prestações é feito usando-se a taxa proporcional ao período a que se refere a
prestação, que é calculada a partir da taxa nominal (taxa contratada ou declarada
em uma operação financeira) estabelecida.
Um empréstimo de R$ 200 mil será pago pela Tabela Price em quatro pres-
tações mensais, a juros de 10% ao mês.
Para um determinado período, os juros são calculados sobre o saldo deve-
dor do empréstimo ao início desse período; a amortização é a diferença entre o
valor da prestação e o valor dos juros respectivos; e o saldo devedor é igual ao
saldo devedor do período anterior menos a amortização do respectivo período,
conforme demonstrado no quadro seguinte.

MÊS SALDO DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS PRESTAÇÃO

0 R$ 200 mil - - -

1 R$ 156.905,84 R$ 43.094,16 R$ 20 mil R$ 63.094,16

2 R$ 109.502,26 R$ 47.403,58 R$ 15.690,58 R$ 63.094,16

3 R$ 57.358,33 R$ 52.143,93 R$ 10.950,23 R$ 63.094,16

4 R$ 0,00 R$ 57.358,33 R$ 5.735,83 R$ 63.094,16

Quadro 5 – Amortização / Fonte: Elaborado pela autora.

1. Fórmula para cálculo da prestação:


PMT = C(1 +i)n xi(1 +i)n −1
(1 +i)n −1
PMT = 200.000,00X[(1 + 0,10)4 x0,10]/[(1 + 0,10)4 −1]PMT = 63.094,16

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2. Fórmula para cálculo dos juros num determinado período:

J = i X SD (saldo devedor )
Por exemplo, período 2 = 0,10 X 156.905,84 = 15.690,58

Fórmula para cálculo da amortização num determinado período:

Por exemplo, período 3 = PMT − J = 63.094,16 −10.950,23 = 52.143,93

Cálculo do saldo devedor em determinado período.


Para cálculo do saldo devedor, subtrai-se o saldo devedor anterior
da ­amortização.

Por exemplo, período 2 : 156.905,84 − 47.403,58 = 109.502,26

Sistema de Amortização Constante (SAC)

Neste sistema, o capital principal é reembolsado em amortizações iguais. Dessa


maneira, diferente do Sistema Price, em que as prestações são iguais, no SAC,
as prestações são decrescentes, já que os juros diminuem a cada prestação.
A ­amortização é calculada dividindo-se o valor principal pelo número de par-
celas ou períodos de pagamentos.
Exemplo: um financiamento de R$ 200 mil com taxa de juros de 10% ao mês
em quatro parcelas mensais. Utilizar o SAC. Veja a planilha seguinte:

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MÊS SALDO DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS PRESTAÇÃO

0 R$ 200 mil - - -

1 R$ 150 mil R$ 50 mil R$ 20 mil R$ 70 mil

2 R$ 100 mil R$ 50 mil R$ 15 mil R$ 65 mil

3 R$ 50 mil R$ 50 mil R$ 10 mil R$ 60 mil

4 R$ 0,00 R$ 50 mil R$ 5 mil R$ 55 mil

Quadro 6 – Amortização constante / Fonte: Elaborado pela autora.

Para cálculo da amortização utilize a fórmula:

A = Valor financiado / n
A = 200.000,00 / 4 = 50.000,00

Para cálculo dos juros:

J = ix SD

Para cálculo dos juros no primeiro período:

J = 200.000,00 x 10% = 20.000,00

Sistema de Amortização Crescente (Sacre)

O Sistema de Amortização Crescente (Sacre) foi adotado recentemente pelo Sis-


tema Financeiro Habitacional (SFH) no financiamento da casa própria. Ele é
baseado no SAC e no SAF, já que a prestação é igual à média aritmética calculada
nesses dois sistemas, nas mesmas condições de juros e prazos.

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Até a metade do período do financiamento, aproximadamente, as amortiza-


ções são maiores que as do Sistema Price. Em decorrência disso, a queda do saldo
devedor é mais acentuada e as chances de ter resíduo ao final do contrato, como
pode ocorrer com o sistema Price, são menores. Uma das desvantagens do Sacre
é que suas primeiras prestações são mais altas que as do Price. Após a metade do
período, há uma queda substancial no valor das parcelas.
No Sacre, também conhecido como Sistema Misto, as prestações decres-
cem de acordo com determinada progressão aritmética e podem ser calculadas
usando a seguinte fórmula:

1. Valor da primeira prestação:

{
R1 = P (1 − q ) / a n | i% } + {q (1/n + i)} P

2. Valor da razão da progressão aritmética (corresponde ao decréscimo


das prestações)

r = qx (ix P ) /n

3. Valor das prestações no período t

Rt= Rt–r

Onde:
P = Valor do capital principal
R 1 = Valor da primeira prestação
q = Coeficiente variável por tipo de plano
r = Razão da progressão (correspondente ao decréscimo do valor das pres-
tações sucessivas)
Considerando um financiamento de R$ 200 mil, com taxa de juros de 10%
ao mês em quatro parcelas mensais, utilizar o SACRE. Veja a planilha seguinte:

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 6

MÊS SALDO DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS PRESTAÇÃO

0 R$ 200 mil - - -

1 R$ 153.453 R$ 46.547 R$ 20 mil R$ 66.547

2 R$ 104.751,30 R$ 48.701,70 R$ 15.345,30 R$ 64.047

3 R$ 53.679,43 R$ 51.071,87 R$ 10.475,13 R$ 61.547

4 R$ 0,00 R$ 53.679,06 R$ 5.367,94 R$ 59.047

Quadro 7 – Amortização crescente / Fonte: Elaborado pela autora.

Cálculo da primeira prestação com q = 0,5:


Utilizando a fórmula:

R1 ={ P (1 − q) / a n | i%} + {q (1/ n + i )} P

R1 = 200.000 X (1 - 0,5) + 0,5 X (¼ + 0,10) x 200.000 = 66.547 a 4|10%

E U IN D ICO

Para melhor entendimento dos sistemas de amortização estudados recomendo


a leitura do artigo: “Um estudo comparativo dos sistemas de amortização SAC e
SAF para financiamento de um imóvel”. Recurso de mídia disponível no conteúdo
digital no ambiente virtual de aprendizagem.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema. Recurso de mídia disponível no


conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

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U N I C ES U M A R

NOVOS DESAFIOS
Chegamos ao fim deste Tema de Aprendizagem!
Neste momento, queremos criar conexões de todo o conhecimento construído
até agora e atrelá-lo ao futuro Ambiente Profissional de nossos estudantes. Deste
modo, você, organizador, irá adaptar o texto de forma que a teoria e a prática se
conectam, focando principalmente ao mercado de trabalho e suas perspectivas.

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VAMOS PRATICAR

1. Duas taxas são proporcionais quando se verifica que a razão entre elas é a mesma que a
razão entre seus períodos.

Quanto tempo deve permanecer aplicado um capital para que o juro seja cinco vezes o
capital, se a taxa de juros for de 25% ao ano?

a) 15 anos.
b) 20 anos.
c) 25 anos.
d) 30 anos.
e) 35 anos.

2. Equivalência de capitais diz respeito, de modo geral, à comparação de valores diferentes


referidos a datas distintas, considerando-se uma dada taxa de juros. Essas comparações
são feitas utilizando-se o critério de juros compostos.

Um título no valor de R$ 8.500, com vencimento para cinco meses, é trocado por outro no
valor de R$ 7.983,84, com vencimento para três meses. Sabendo que a taxa de juros corrente
de mercado é de 3,5% ao mês, pode-se afirmar que:

a) A substituição causou prejuízo de R$ 516,16, ao credor


b) A substituição é vantajosa ao credor, pois ele receberá com menos tempo seu va-
lor a
­ plicado.
c) A substituição gerou um lucro de R$ 855 ao credor.
d) A substituição foi vantajosa ao credor que diminuiu seu tempo de espera para resgate
do título.
e) A substituição não gerou vantagem alguma ao credor, pois os títulos são equivalentes.

3. Duas taxas se dizem equivalentes se, aplicado um mesmo capital às duas taxas e pelo
mesmo intervalo de tempo, ambas produzirem o mesmo juro.

Um capital de R$ 10 mil pode ser aplicado à taxa de 2% ao mês ou de 24% ao ano, durante
um prazo de dois anos. Qual seria a melhor opção?

a) A taxa de 2% ao mês é a melhor opção.


b) A taxa de 24% ao ano é a melhor opção.
c) As taxas são equivalentes, logo, renderão o mesmo valor de juros.
d) As taxas são proporcionais e renderiam mais se fossem aplicadas por mais tempo.
e) As taxas são diferentes e renderiam mais se fossem aplicadas por mais tempo.

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VAMOS PRATICAR

MATHIAS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática financeira. São Paulo: Editora Atlas, 2012.

SAMANEZ, C. P. Matemática financeira. São Paulo: Ed. Pearson, 2004.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção B.

J=5C
i = 25% a.a.
J = Cin
5C = C (0,25) n
n = 5C / 0,25 x C
n = 20 anos

2. Opção E.

Precisamos trazer ambos os capitais para a data focal 0 para então compará-los.
V3 = C 3 / (1 + i)3
V3 = 7.934,84 / (1.035)3
V3 = 7.934,84 / 1,108718 = 7.156,77
V5 = C5 / (1 + i)5
V5 = 8.500 / (1,035)5
V5 = 8.500 / 1,187686 = 7.156,77
Logo, os capitais são equivalentes. Por isso, não há vantagem.

3. Opção C.

Aplicando ao capital principal a taxa de 2% ao mês pelo prazo de dois anos, teríamos:
J=CXiXn
J = 10.000 x 2% x 24 = 4.800
Aplicando ao capital principal a taxa de 24% ao ano pelo prazo de dois anos, teríamos:
J=Cxixn
J = 10.000 x 0,24 x 2 = 4.800
Logo, teríamos o mesmo rendimento. Portanto, as taxas são equivalentes.

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MEU ESPAÇO

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TEMA DE APRENDIZAGEM 7

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

MINHAS METAS

Entender o balanço patrimonial.

Compreender a demonstração de resultados.

Conhecer a demonstração de fluxos de caixa.

Analisar a demonstração das mutações do patrimônio líquido.

Compreender a demonstração do valor adicionado.

Entender a finalidade das notas explicativas.

Analisar o relatório da administração.

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U N I C ES U M A R

INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante! Seja bem-vindo! Demonstrações financeiras são relatórios contá-
beis que fornecem informações detalhadas sobre a saúde financeira e econômica de
uma empresa em um determinado período. Essas demonstrações são importantes
para gestores, investidores, credores e outros interessados na
​​ empresa, pois forne-
cem uma visão geral das operações financeiras e do desempenho da organização.
Portanto, para analisar e interpretar situações econômicas e financeiras de
alguma empresa, é necessário conhecer os demonstrativos contábeis que são
apresentados por ela.
O conjunto de informações que deve ser divulgado por uma sociedade por
ações representando sua “prestação de contas” abrange as demonstrações con-
tábeis, o relatório da administração e as notas explicativas que acompanham o
Parecer dos Auditores Independentes.
A seguir, iremos estudar cada uma dessas demonstrações que compõem o
conjunto de demonstrações financeiras e que são importantes para as análises
econômica e financeira de uma empresa.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Neste podcast, falaremos de cada um dos demonstrativos contábeis que com-


põem o conjunto de demonstrativos financeiros que são utilizados para avaliar
a situação econômica e financeira de uma empresa. São quatro demonstrativos
obrigatórios e um facultativo, sendo este último mais voltado para as questões
sociais, mas que também impactam sobremaneira as decisões dos investidores
e consumidores da empresa. Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no
ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Agora que você já sabe quais demonstrativos são produzidos pela contabilidade
brasileira e obrigatórios à empresa, especialmente à sociedade por ações (empresa que
possui ações em Bolsa de Valores), consegue informar demonstrativos mais analisados
pelos investidores quando estes irão tomar suas decisões sobre onde investir seu capital.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

Os demonstrativos que devem ser analisados para dar mais segurança e garantia
para o investidor são o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados e a
Demonstração dos Fluxos de Caixa, todos acompanhados de suas Notas Explicativas.
Recomendo a leitura do artigo: “Análise das demonstrações contábeis: estudo de
caso da empresa uma promotora de eventos Ltda”.
Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Após o primeiro contato com o assunto deste Tema de Aprendizagem, agora,
iremos conhecer um pouco mais sobre cada um dos demonstrativos financeiros
produzidos pelas empresas. Esses demonstrativos proporcionam aos seus usuários
informações importantes acerca da saúde financeira e da capacidade econômica da
organização, a fim de que os usuários da informação possam tomar suas decisões.

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

As demonstrações financeiras, também conhecidas


Conjunto de
como demonstrações contábeis, são um conjunto de
demonstrações
demonstrações destinadas à tomada de decisão por
destinadas à
vasta gama de usuários que não estão em posição de tomada de decisão
exigir relatórios feitos sob medida para atender às
suas necessidades particulares de informação.
Esses usuários, segundo o escopo e a necessidade informacional, podem ana-
lisar em sua totalidade e obter uma noção clara do negócio.
Por demonstrações contábeis compreende-se o conjunto de informações
apresentadas pela empresa aos usuários externos da contabilidade. Esses dados
são compostos pela posição patrimonial (balanço patrimonial), pelo desem-
penho (demonstração de resultado) e pelos fluxos de caixa de uma entidade.
Entende-se como apresentação adequada a representação confiável do efeito
das transações, além de outros eventos e condições de acordo com os critérios
de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas.

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U N I C ES U M A R

Dois aspectos são de fundamental importância para um usuário da informação


contábil: a continuidade e a uniformidade de apresentação. O primeiro influencia
diretamente a decisão que será tomada após a informação, e o segundo envolve
uma análise com maior acurácia por parte do colaborador.

O objetivo da comparação é auxiliar o usuário da informação contábil a entendê-


-la melhor, acompanhar a mudança nos valores apresentados, inferir sobre o refle-
xo dos eventos passados e utilizá-los ou não para predição do futuro da empresa.

BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial é um raio-x instantâneo da posição financeira de uma em-


presa em um determinado momento. Ele mostra os ativos, os passivos e o patrimô-
nio líquido da empresa, fornecendo informações sobre seus recursos e obrigações.
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar,
qualitativa e quantitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial
e financeira da entidade. Assim, é o mais importante relatório gerado pela conta-
bilidade. Com ele, pode-se identificar a saúde financeira e econômica da empresa
no fim do ano ou em qualquer data prefixada.
Acompanhado da Demonstração de Resultado, o Balanço Patrimonial nos dá
uma visão geral dos direitos, das obrigações e da situação líquida de uma empresa.
Dessa forma, o Balanço Patrimonial tem por finalidade apresentar a posição
financeira e patrimonial da empresa em determinada data, representando, por-
tanto, uma posição estática.

A P RO F UNDA NDO

Conforme o art. 178 da Lei n.º 6.404/76, “no balanço patrimonial, as contas serão
classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de
modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia”
(BRASIL, [2022]).
Conforme as intitulações da lei, o balanço é composto por três elementos básicos:
ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

ATIVO

Compreende os recursos controlados por uma entidade, dos quais se espera obter
benefícios econômicos presentes e futuros.

PASSIVO

Compreende as exigibilidades e obrigações.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Representa a diferença entre o ativo e o passivo, ou seja, o valor líquido da empresa.

O balanço patrimonial deve incluir, no mínimo, as contas que apresentam os


seguintes valores:
a) Caixa e equivalente de caixa;
b) Contas a receber e outros recebíveis;
c) Ativos financeiros (exceto os mencionados nos itens a, b, j e k);
d) Estoques;
e) Ativos imobilizados;
f) Propriedades para investimento, avaliadas pelo seu valor justo por meio
do resultado;
g) Ativos intangíveis;
h) Ativos biológicos, mensurados pelo custo menos depreciação acumulada
e perdas por desvalorização;
i) Ativos biológicos, mensurados pelo seu valor justo por meio do resultado;
j) Investimentos em coligadas. No caso do balanço individual ou separado,
investimentos em controladas também;
k) Investimentos em empreendimentos controlados em conjunto;
l) Fornecedores e outras contas a pagar;
m) Passivos financeiros (exceto os mencionados nos itens l e p);
n) Passivos ativos relativos a tributos correntes;
o) Tributos diferidos ativos e passivos;
p) Provisões;
q) Participação de não controladores;
r) Patrimônio líquido pertencente aos proprietários da entidade controladora.

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Ativo e passivo circulante e não circulante

No balanço, devem ser separados os ativos circulantes e ativos não circulantes,


assim como passivos circulantes e não circulantes, por ordem ascendente ou
descendente, conforme previsto na legislação vigente — Lei n.º 6.404/76.

Ativos circulantes

Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade, um ativo é classificado como


circulante quando:
a) Espera realizar o ativo, ou pretende vendê-lo ou consumi-lo durante o
ciclo operacional normal das entidades.
b) For mantido essencialmente com a finalidade de negociação.
c) Esperar realizá-lo num período de até 12 meses após a data das demons-
trações contábeis.
d) For caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para li-
quidação de um passivo seja restrita durante, pelo menos, 12 meses após
a data das demonstrações contábeis.

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Ativos não circulantes

Devem ser classificados como não circulantes todos os outros ativos. Quando o
ciclo operacional da empresa não puder ser claramente identificado, presume-se
que ele tenha uma duração de 12 meses.

Passivos circulantes e não circulantes

No que tange aos passivos, a Norma Brasileira de Contabilidade estabelece que


eles devem ser classificados como circulantes quando:

a) A expectativa é liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da entidade.

b) O passivo é mantido essencialmente com a finalidade de negociação.

c) O passivo é devido no prazo de até 12 meses a partir da data das


demonstrações contábeis.

d) A entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante


pelo menos 12 meses após a data de divulgação.

Não atendendo a essas condições, todos os outros passivos devem ser classifica-
dos como passivos não circulantes.

Patrimônio Líquido

Patrimônio Líquido (PL): é o resíduo dos ativos e passivos reconhecidos con-


forme a Norma Contábil. O patrimônio, por si só, não consegue medir a efetiva
riqueza de uma empresa, pois riqueza não se mede pelo patrimônio.
Para conhecer a riqueza líquida da empresa, é preciso somar os bens e os di-
reitos e, desse total, subtrair as obrigações. O resultado é a riqueza líquida, ou seja,
o patrimônio líquido. Há situações em que o patrimônio é grande, mas as obri-
gações são maiores que os bens e direitos, então o patrimônio líquido é negativo.
Para calcular o PL, usaremos a seguinte fórmula:
PL = B + D − O
Onde:
PL = Patrimônio Líquido

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B = Bens
D = Direitos
O = Obrigações

Em síntese, o Patrimônio Líquido representa como os recursos dos sócios são


utilizados na empresa, aumentando com os lucros e diminuindo com os prejuízos
ao longo das operações regulares da entidade.

Como se levanta o balanço

O Balanço Patrimonial de uma empresa deve ser levantado pelo menos uma vez
por ano. Para levantar um balanço patrimonial, é preciso que a empresa tenha
remetido à contabilidade, ao longo do ano, todos os documentos que comprovem
suas atividades, tais como:

Notas Fiscais de entrada e saída, comprovantes de despesas, extratos bancários


e demais documentos relativos à movimentação comercial, financeira e fiscal da
empresa. Esses documentos devem ser processados pela contabilidade para criação
dos relatórios financeiros, sendo o Balanço Patrimonial o primeiro e mais crucial deles.

O processo de reunir informações sobre as transações da empresa é realizado no


encerramento das atividades anuais de uma empresa. Isso é feito por operações
que consideram o saldo inicial de uma conta e somam ou subtraem as transa-
ções realizadas ao longo do ano. Isso resulta no saldo atual, que será refletido no
Balanço Patrimonial.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

A Demonstração do Resultado, também conhecida como Demonstração de


Resultado do Exercício (DRE), ou Demonstração de Lucros e Perdas, mostra
a receita total, os custos e as despesas da empresa em um determinado período
de tempo. Assim, ela fornece informações sobre o lucro líquido ou prejuízo da
empresa durante o período.
A Demonstração de Resultado é o resumo das operações da empresa durante
determinado período, ou exercício social. Na última linha da demonstração de
resultado deve aparecer o lucro líquido ou prejuízo, ou resultado dos acionistas,
já que o valor deve ser transferido para o patrimônio líquido ou constituir pas-
sivos para distribuição dos valores devidos aos sócios e acionistas (investidores).

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

O resultado é apurado pela comparação entre receitas e despesas, o que pode


resultar em apurar lucro ou prejuízo para a empresa. Esse valor é acoplado ao Pa-
trimônio Líquido da empresa ou pode gerar passivos, como já mencionado.
Se a empresa tiver mais receitas que despesas, ela terá um LUCRO LÍQUIDO.
Se a empresa tiver mais despesas que receitas, ela terá um PREJUÍZO LÍQUIDO.

Desempenho é a relação entre as receitas e d ­ espesas


Desempenho é a
de uma entidade durante um exercício ou período.
relação entre as
O resultado é a diferença entre as receitas e d
­ espesas,
receitas e d
­ espesas
enquanto o resultado abrangente consiste em valores de uma entidade
de receita e despesa que não transitam pela demons-
tração de resultado, sendo contabilizados diretamente no patrimônio Líquido.
A cada exercício social (no mínimo), a empresa deve apurar o resultado dos
seus negócios. Para saber se obteve lucro ou prejuízo, a contabilidade confronta a
receita (vendas) com as despesas. Se a receita foi maior que a despesa, a empresa
obteve lucro. Se a receita tiver sido menor que a despesa, obteve prejuízo.
A demonstração deve apresentar, no mínimo, as seguintes contas:
a) Receitas;
b) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;
c) Lucro bruto;

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d) Despesas de vendas, despesas administrativas e outras despesas e receitas


operacionais;
e) Parcela do resultado de investimento em coligadas e empreendimentos
controlados em conjunto, contabilizada pelo método de equivalência
patrimonial;
f) Resultado antes das receitas e despesas financeiras;
g) Despesas e receitas financeiras;
h) Resultado antes dos tributos sobre o lucro;
i) Despesas com tributos sobre o lucro, após as exclusões previstas;
j) Valor líquido dos seguintes itens:
a) Resultado líquido após os tributos das operações descontinuadas;
b) Resultado após os tributos decorrentes da mensuração ao valor justo
menos despesas de venda ou na baixa de ativos ou do grupo de ati-
vos à disposição para a venda que constituem a unidade operacional
­descontinuada;
k) Resultado líquido do período.

Clara definição de Lucro Líquido

A Lei 6.404/76 define com clareza, mediante a Demonstração do Resultado do


Exercício, o conceito de Lucro Líquido, estabelecendo os critérios de classificação
de certas despesas.
De fato, o lucro ou prejuízo líquido apurado nessa demonstração é o que se
pode chamar de lucro dos acionistas, pois, além dos itens normais, já se dedu-
zem como despesas o Imposto de Renda e as participações sobre os lucros a ou-
tros que não os acionistas. Dessa forma, o Lucro Líquido demonstrado é o valor
final que será incorporado ao Patrimônio Líquido da empresa, que, em última
instância, pertence aos acionistas, ou pode ser distribuído como d ­ ividendos.

Regime de competência

As receitas e despesas são apropriadas ao período em função de sua incorrência


e da vinculação da despesa à receita, independentemente de seus reflexos finan-
ceiros, ou seja, no caixa e equivalentes de caixa da empresa.

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Regime de competência é o que apropria receitas e despesas ao período de


sua realização, independentemente do efetivo recebimento das receitas ou do
pagamento das despesas. Sua principal vantagem é a possibilidade de previsão,
ou seja, o futuro também passa a fazer parte da contabilidade da entidade.

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) visa mostrar como ocorreram as


movimentações de disponibilidades de um dano período de tempo. Essa de-
monstração é obrigatória, de acordo com a Lei das Sociedades por Ações (Lei
das S/As), sendo que o Conselho Federal de Contabilidade a tornou funda-
mental para todas as demais sociedades.
Assim, a DFC apresenta as entradas e saídas de caixa da empresa durante um
determinado período. Ela ajuda a identificar a origem e o destino do caixa, des-
tacando a capacidade da empresa de gerar e gerenciar seus recursos financeiros.

A DFC tem como objetivos principais:

■ Propiciar uma melhor elaboração do planejamento financeiro;

■ 
Permitir que se saiba quando buscar empréstimos para cobrir insuficiências de
fundos, bem como aplicar no mercado financeiro o excesso de recursos;

■ 
Melhorar a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional para
diferentes entidades;

■ Ser instrumento de predição sobre eventos ou tendências futuras.

A DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração de um melhor planeja-


mento financeiro, pois numa economia tipicamente inflacionária, não é acon-
selhável excesso de caixa, mas o estritamente necessário para fazer face aos
seus ­compromissos.
Ainda de acordo com o CPC 03, os usuários das demonstrações contábeis
de uma entidade estão interessados em saber como a entidade gera e utiliza cai-
xa e equivalentes de caixa. Esse é o ponto, independentemente da natureza das

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atividades da entidade, e ainda que o caixa seja considerado como produto da


entidade, como pode ser o caso de instituição financeira.
Essa demonstração tem por objetivo analisar as alterações ocorridas, durante
o exercício, no saldo caixa e equivalente de caixa (disponível), segregando-se as
operações em, no mínimo, três fluxos, a saber: atividades operacionais, atividades
de investimento e atividades de financiamento.

AP RO F U NDA NDO

De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 03, as informações


sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das
demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar
caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades da entidade de utilização
desses fluxos de caixa. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários
exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa,
bem como da época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua ­geração.

Atividades de operações ou operacionais

O fluxo de caixa das operações compreende os ingressos e os desembolsos


relacionados com a ação pública, além dos demais fluxos que não se qualificam
como de investimento ou financiamento.
O montante dos fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais é um
indicador de quão bem as operações da empresa estão gerando recursos para
cobrir dívidas, manter a capacidade operacional da entidade, pagar dividendos
e juros sobre o capital próprio e fazer novos investimentos sem recorrer a fon-
tes externas de financiamento. Essas atividades envolvem todas as atividades
­relacionadas com a produção e entrega de bens e serviços, além dos eventos que
não sejam definidos como atividades de investimento e financiamento.
Exemplos de entradas: recebimentos pela venda de produtos e serviços à
vista; recebimento de juros sobre empréstimos e aplicações financeiras; recebi-
mento de dividendos; e recebimento de aluguéis.
Exemplos de saídas: pagamentos a fornecedores; pagamentos de tributos
sobre o lucro; e pagamentos de despesas financeiras dos financiamentos obtidos.

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Atividades de investimento

O fluxo de caixa dos investimentos inclui os fluxos de recursos relacionados


à aquisição e à alienação de ativo não circulante, bem como recebimentos
em dinheiro por liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos
­concedidos e outras operações da mesma natureza.
Assim, o fluxo de caixa dos investimentos relaciona-se, normalmente, com o
aumento e a diminuição dos ativos de longo prazo (não circulante) que a empresa
utiliza para produzir bens e serviços. Isso inclui a concessão e o recebimento de
empréstimos, a aquisição e a venda de instrumentos financeiros e patrimoniais
de outras entidades e a aquisição e alienação de imobilizados e de participa-
ções societárias classificadas como investimentos. Além disso, engloba todas as
­aplicações que geram ativos classificados como equivalentes de caixa, destinadas
a dar remuneração a recursos temporariamente ociosos ou em especulação.
Exemplos de entradas: recebimento resultante da venda de imobilizado;
recebimento pela venda de participações em outras empresas; e resgates de apli-
cação financeira (principal).
Exemplos de saídas: pagamentos no momento da compra de imobilizado;
pagamentos pela aquisição de títulos patrimoniais de outras empresas; e desem-
bolsos dos empréstimos concedidos.

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Atividades de financiamento

O fluxo de caixa dos financiamentos inclui os fluxos de recursos relacionados à


captação e à amortização de empréstimos e financiamentos.
Assim, os fluxos de caixa provenientes das atividades de financiamento são
úteis para prever as exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de
capital à entidade, bem como a capacidade que a empresa tem, utilizando recursos
externos, para apoiar as atividades operacionais e de financiamento. Esses fluxos
relacionam-se com os empréstimos de credores e investidores à entidade. Além
disso, eles incluem a obtenção de recursos dos proprietários e o pagamento a estes
de retornos sobre seus investimentos ou do próprio reembolso do investimento.
Exemplos de entradas: venda de ações emitidas; e empréstimos obtidos
no mercado.
Exemplos de saídas: pagamentos de dividendos e juros sobre capital pró-
prio; e pagamentos de empréstimos obtidos.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÌQUIDO

Essa demonstração mostra as mudanças no patrimônio líquido da empresa du-


rante um determinado período. Ela registra os aumentos e as diminuições de capital,
os lucros ou prejuízos retidos e outras transações relacionadas ao ­patrimônio líquido.
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), também conhe-
cida como Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, é um documento
que demonstra a evolução dos resultados da empresa em um ­determinado período.

A P RO F UNDA NDO

A Lei das Sociedades por Ações aceita uma ou outra abordagem, ­


sendo
que a primeira é mais completa, e uma de suas colunas é a dos lucros ou
prejuízos­acumulados.
Ela evidencia a mutação do Patrimônio Líquido em termos globais (novas integra-
lizações de capital, resultado do exercício e ajustes de exercícios anteriores, divi-
dendos, ajuste de avaliação patrimonial etc.) e em termos de mutações internas
(incorporações de reservas ao capital, transferências de lucros acumulados para
reservas e vice-versa).

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Na coluna de Lucros Acumulados da demonstração, é feita toda a demonstração


da destinação do resultado do exercício. Assim, a formação do lucro está voltada
para a demonstração do resultado e sua destinação (ou compensação com reser-
vas, se houver prejuízo).

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) tem como objetivo principal


­informar o valor da riqueza criada pela empresa e a forma de sua distribuição.
Ela não deve ser confundida com a Demonstração do Resultado do Exercício,
pois esta tem suas informações voltadas quase que exclusivamente para os sócios
e acionistas, principalmente na apresentação do Lucro Líquido, enquanto a DVA
está dirigida para a geração de riquezas e sua respectiva distribuição pelos fatores
de produção (capital e trabalho) e ao governo.
A DVA não era obrigatória no Brasil até a promulgação da Lei n.º 11.638/07,
que introduziu alterações à Lei n.º 6.404/76, tornando obrigatória, para as com-
panhias abertas, a sua elaboração e divulgação como parte das demonstrações
contábeis divulgadas ao final de cada exercício.
Antes de se tornar obrigatória para companhias abertas, a DVA era incenti-
vada e sua divulgação apoiada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Em termos simples, o valor adicionado representa o valor gerado pela em-
presa, que é distribuído entre os diferentes agentes envolvidos em seu processo
de produção. Esses agentes podem incluir funcionários, governo, financiadores,
acionistas e proprietários.
A demonstração do valor adicionado segue uma estrutura estabelecida. Nor-
malmente, é dividida em seções que incluem:

1. RECEITAS OPERACIONAIS

Representam as vendas de produtos, os serviços e outras receitas operacionais


da empresa.

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2. CONSUMOS INTERMEDIÁRIOS

São os custos relacionados à aquisição de matérias-primas, insumos e serviços neces-


sários para a produção.

3. VALOR ADICIONADO BRUTO

É a diferença entre as receitas operacionais e os consumos intermediários. Essa é a


primeira medida do valor adicionado gerada pela empresa.

4. REMUNERAÇÃO DE EMPREGADOS

Representa a parte do valor adicionado utilizada para pagar salários e benefícios aos
funcionários.

5. IMPOSTOS E TAXAS

Inclui os impostos e as contribuições pagos ao governo.

6. REMUNERAÇÃO DE FINANCIADORES

Representa os juros e os pagamentos realizados aos financiadores da empresa, como


bancos e investidores.

7. RESULTADO OPERACIONAL

É o valor adicionado bruto menos a remuneração de empregados e financiadores,


impostos e taxas. É uma medida do resultado operacional da empresa.

8. RESULTADO NÃO OPERACIONAL

Inclui os ganhos ou perdas obtidos com atividades não relacionadas à produção


­principal da empresa, como vendas de ativos ou investimentos.

9. RESULTADO LÍQUIDO

É obtido pela soma do resultado operacional e não operacional.

10. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO

É a alocação do valor adicionado líquido entre acionistas, colaboradores, governo e


reinvestimento na própria empresa.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

A demonstração do valor adicionado fornece informações importantes sobre a


forma como a empresa contribui para a economia e como seu resultado é distri-
buído entre as partes envolvidas. É uma ferramenta que auxilia na transparência
e prestação de contas da empresa.

E U IN D ICO

Recomendo a leitura do artigo “A importância da análise das demonstrações contá-


beis numa perspectiva organizacional” para que você possa verificar como a análi-
se e a interpretação das demonstrações contábeis são importantes para auxiliar no
processo de tomada de decisão, seja pelo usuário interno ou externo da demons-
tração. Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual
de aprendizagem.

NOTAS EXPLICATIVAS

As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicati-


vas, quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias à plena
­avaliação da situação e da evolução patrimonial da empresa.
A lei enumera as notas mínimas necessárias, mas também sugere a a­ mpliação
delas quando necessário para o devido esclarecimento da situação patrimonial e
dos resultados do exercício.

Nesse mínimo, estão incluídos detalhes sobre a base de preparação das


demonstrações financeiras e as práticas contábeis seguidas. Além disso, devem
ser divulgadas informações que são específicas das práticas contábeis adotadas no
Brasil e que não estão apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações
contábeis. Isso abrange a descrição dos critérios anteriores, eventuais reavaliações,
ônus sobre ativos, desagregação das dívidas de longo prazo, estrutura de capital e
investimentos relevantes em outras empresas, bem como detalhes sobre eventos
importantes ocorridos após a data do balanço.

As notas explicativas são um componente importante das informações finan-


ceiras da empresa, sendo incluídas, geralmente, em anexo aos demonstrativos
financeiros. Assim, para cada demonstrativo existe uma nota explicativa que irá
ajudar os leitores a compreender melhor as informações ali apresentadas.

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U N I C ES U M A R

RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO

O Relatório de Administração é um instrumento de prestação de contas da


administração que contribui com informações qualitativas no processo de De-
monstrações Contábeis, dando transparência aos atos administrativos. É docu-
mento obrigatório para análise do Conselho Fiscal.
O relatório da administração não faz parte das demonstrações contábeis
propriamente ditas, mas a lei exige a apresentação desse documento, que deve
evidenciar os negócios sociais e os principais fatos administrativos ocorridos no
exercício e os investimentos em outras empresas, além da política de distribuição
de dividendos e de reinvestimento de lucros.

A P RO F UNDA NDO

No caso das companhias abertas, a CVM dá orientação específica sobre esses e


outros tantos tópicos de relevo para terceiros. Por sua importância, mesmo não
sendo específica, sugere-se que a empresa avalie a Instrução n.º 480/09 da CVM,
emitida em 7 de dezembro de 2009, para preparar seu Relatório de Administração.
As referências à divulgação de riscos são de suma importância.

O relatório da administração é uma publicação que traz informações detalhadas


sobre a atuação da empresa durante determinado tempo. Ele tem por finalidade
prestar esclarecimentos sobre a atividade e os planos futuros para sócios, a­ cionistas,
órgãos governamentais e demais stakeholders relacionados à ­companhia.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema. Recurso de mídia disponível no


conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

NOVOS DESAFIOS
Chegamos ao fim deste Tema de Aprendizagem!
Após a leitura dos conteúdos deste material, recomendo que seja feita a lista
de todos os demonstrativos contábeis estudados, elencando um objetivo para
cada um deles.
Balanço Patrimonial: evidenciar a posição do patrimônio da entidade em
um determinado período.
Demonstração de Resultado: evidenciar o resultado (lucro ou prejuízo) da
entidade em um determinado período.
Demonstração dos Fluxos de Caixa: evidenciar o comportamento do caixa
da empresa em um determinado período.
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido: evidenciar as
­alterações que o patrimônio líquido da entidade sofreu em determinado período.
Demonstração do valor adicionado: evidenciar o valor da riqueza criada
pela empresa e a forma de sua distribuição.

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VAMOS PRATICAR

1. No balanço, devem ser separados os ativos circulantes e ativos não circulantes, assim como
passivos circulantes e não circulantes, por ordem ascendente ou descendente, conforme
previsto na legislação vigente. Sobre isso, até a presente data, prevalece a ordem decres-
cente de liquidez estabelecida pela Lei n.º 6.404/76.

Fonte: BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por
Ações. Brasília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 9 out. 2023.

O ativo circulante se difere do ativo não circulante em função dos prazos de conversibilidade
das contas. Portanto, analise as afirmativas abaixo em função desses prazos:

I - As contas do ativo circulante são aquelas que esperamos realizá-las num período de
até 12 meses.
II - As contas do ativo não circulante são aquelas cujo prazo de conversibilidade é superior
a 12 meses.
III - As contas do ativo são aquelas que representam disponibilidades.

É correto o que se afirmar em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

2. Patrimônio Líquido (PL) é o resíduo dos ativos e passivos reconhecidos conforme a Norma
Contábil. O patrimônio, por si só, não consegue medir a efetiva riqueza de uma empresa,
pois riqueza não se mede pelo patrimônio.

Uma sociedade empresária apresentou, em 31/12/2022, os seguintes saldos:

■ Bancos: R$ 22,9 mil;

■ Caixa: R$ 3,5 mil;

■ Capital subscrito: R$ 225 mil;

■ Depreciação acumulada: R$ 1,3 mil;

■ Estoque de mercadorias: R$ 11,5 mil;

■ Fornecedores: R$ 83,1 mil.

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VAMOS PRATICAR

O valor do Patrimônio Líquido deve ser:

a) R$ 15 mil.
b) R$ 36,6 mil.
c) R$ 83,1 mil.
d) R$ 225 mil.
e) R$ 246,6 mil.

3. A Demonstração de Resultado é o resumo das operações da empresa durante determinado


período, ou exercício social. Na última linha da demonstração de resultado deve aparecer
o lucro líquido ou prejuízo, ou resultado dos acionistas, já que o valor deve ser transferido
para o patrimônio líquido ou constituir passivos para distribuição dos valores devidos aos
sócios e acionistas (investidores).

Uma sociedade empresária registrou as seguintes transações no exercício de 2021:

■ Aquisição de mercadoria ao custo de R$ 100 mil.

■ 
Venda de 80% das mercadorias adquiridas, pelo valor de R$ 160 mil, sendo o custo
dessa mercadoria de R$ 80 mil.

■ Despesas comerciais do período R$ 3 mil.

■ Despesas administrativas do período R$ 10 mil.

■ Ganho por equivalência patrimonial no valor de R$ 5 mil.

■ Receita financeira do período no valor R$ 3 mil.

O resultado líquido das atividades da sociedade, divulgado na Demonstração de Resultado,


é de:

a) R$ 67 mil.
b) R$ 85 mil.
c) R$ 80 mil.
d) R$ 75 mil.
e) R$ 70 mil.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Comissão de Valores Imobiliários. Instrução CVM 480. Dispõe sobre o registro de emis-
sores de valores admitidos à negociação em mercados regulamentados de valores imobiliários.
Brasília, DF: Comissão de Valores Imobiliários, [2021]. Disponível em: https://conteudo.cvm.gov.
br/legislacao/instrucoes/inst480.html. Acesso em: 9 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Bra-
sília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l6404consol.htm. Acesso em: 9 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404,
de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estenda às socieda-
des de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações finan-
ceiras. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 9 out. 2023.

IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1986.

IUDÍCIBUS, S. et al. Manual de contabilidade societária – Fipecafi. São Paulo: Atlas, 2010.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção C. As contas do ativo circulante são aquelas cuja conversibilidade acontece em até 12
meses da data das demonstrações contábeis, e as contas do ativo não circulante são aquelas
cuja conversibilidade se dá após 12 meses das demonstrações contábeis.

2. Opção D. Das contas apresentadas, apenas a de capital subscrito compõe o Patrimônio


Líquido. Portanto, o valor do PL é de R$ 225 mil.

3. Opção D. O resultado líquido do período é de R$ 75 mil, conforme demonstrado a seguir:

Receita de vendas: R$ 160 mil.


(-) Custo da mercadoria vendida: R$ 80 mil.
Receita operacional: R$ 80 mil.
(-) Despesas administrativas: R$ 10 mil.
(-) Despesas comerciais: R$ 3 mil.
(+) Ganho por equivalência patrimonial: R$ 5 mil.
(+) Receita financeira: R$ 3 mil.
= Resultado líquido: R$ 75 mil.

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MEU ESPAÇO

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UNIDADE 5
TEMA DE APRENDIZAGEM 8

MERCADO DE CAPITAIS

MINHAS METAS

Entender as modalidades e os tipos de investimentos.

Compreender a inflação e a deflação.

Entender os índices de preços.

Aprender sobre correção monetária.

Aprender sobre taxa de juros aparente e real.

Compreender a taxa de desconto apropriada.

Entender o que é o fluxo de caixa de um projeto.

Verificar as condições do sistema bancário brasileiro.

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INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante! Seja bem-vindo!
Existem algumas situações na perícia em que precisamos entender conceitos
financeiros mais específicos, inclusive informações sobre o mercado financeiro
e de capitais. O mercado de capitais é um segmento do sistema financeiro
responsável pela negociação de títulos e valores mobiliários, como ações, de-
bêntures, fundos de investimento, entre outros instrumentos de captação e in-
vestimento de recursos.
Esse mercado proporciona a intermediação entre empresas que desejam
captar recursos para financiar projetos e investidores que buscam oportunida-
des de investimento. Mediante emissão de títulos, as empresas obtêm recursos
para expansão, investimentos em infraestrutura, pesquisas, desenvolvimento,
entre outros. Já os investidores têm a possibilidade de aplicar capital em ações de
empresas, títulos de dívida corporativa ou fundos de investimento. Além disso,
a negociação de títulos se dá em bolsas de valores ou mercados de balcão, pro-
porcionando liquidez e transparência nas transações.
Diversificar investimentos, conhecer os riscos envolvidos e acompanhar o de-
sempenho das empresas e os fundos delas são aspectos importantes para quem
deseja investir no mercado de capitais. É recomendado buscar orientações de
profissionais especializados, como assessores financeiros e corretores de valores,
para uma tomada de decisão mais embasada. O mercado de capitais desempenha
um papel fundamental na economia, estimulando o desenvolvimento de empre-
sas, a criação de empregos, a inovação e o crescimento econômico.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Nesse podcast, iremos aprender um pouco sobre o mercado de capitais no Brasil,


principalmente no que tange à inflação e à deflação. Para isso, analisaremos o que
são investimentos e quais as modalidades e tipos de investimentos, custo de capi-
tal e taxa de desconto, entre outros pontos ligados ao mercado financeiro. Recurso
de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 8

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

INVESTIMENTOS

Basicamente, existem três tipos de investimentos: investimentos recorrentes,


investimentos estratégicos e investimentos por solicitação.
Os investimentos recorrentes são aqueles em que a tecnologia envolvida e
o comportamento do mercado já são conhecidos. Neles, a estrutura de custos e
as projeções de receitas são conhecidas e podem ser estimadas com segurança.
Os investimentos estratégicos são típicos de mercados emergentes ou em
setores em que as empresas não possuem experiência. Geralmente, a tecnologia
utilizada é nova ou a empresa não a domina. Em vista disso, os componentes dos
fluxos de caixa futuras são difíceis de serem estimados e seu valor possui maior
volatilidade.
Os investimentos por solicitação são aqueles que devem ser feitos indepen-
dentemente dos valores estimados de fluxos de caixa. Esses fluxos, muitas vezes,
são virtualmente impossíveis de serem estimados, uma vez que os benefícios
provenientes desses investimentos não são quantificáveis. A instalação de ar-
-condicionado em uma empresa é um investimento desse tipo. Seus benefícios
se traduzem na melhoria da qualidade de vida no trabalho.

São exemplos de investimentos: ações, títulos, imóveis, fundos mútuos, Exchange


Traded Funds (ETFs), entre outros.

Modalidades de investimentos

Existem diversas modalidades de investimento disponíveis para os investidores.


Os investimentos podem ser classificados em função da sua modalidade. A se-
guir, descrevemos algumas modalidades de investimento:

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REPOSIÇÃO OU ATUALIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE EQUIPAMENTOS

Investimentos que visam substituir ativos já desgastados ou com eficiência opera-


cional baixa, devido à sua obsolescência. Em alguns setores, como o de informática, o
ritmo de inovação tecnológica é intenso. Por motivos competitivos, as empresas dess-
es setores estão sempre operando com equipamentos de ponta, sob pena de perder
participação no mercado. A substituição de uma mesa de comunicação analógica por
outra digital representa um investimento de atualização tecnológica.

EXPANSÃO DA CAPACIDADE

Investimentos que ampliam a capacidade da corporação ao oferecer mais produtos


ou serviços. Uma empresa que produz determinada quantidade de ferro gusa no
ano, ao instalar novo alto-forno para funcionar em conjunto com os antigos, está
ampliando sua capacidade de produção. A expansão da capacidade deve levar em
conta o estado da arte. Portanto, é considerada frequentemente dentro do escopo da
atualização tecnológica.

DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTO OU PROCESSO

Alguns investimentos são feitos com o objetivo de fazer um produto ou serviço com
diferenciação em relação àqueles produzidos pelos concorrentes. Outros são feitos
para tornar o processo de produção mais moderno e com menos custos operacionais.

DIVERSIFICAÇÃO DE CARTEIRA DE PRODUTO

Uma organização pode implementar investimento para ampliar a quantidade de tipos


de produto ou serviço de seu portfólio. Uma escola que usualmente tem faculdades
de ensino de graduação diversificará sua carteira se implementar investimentos que
viabilizem a oferta de novos cursos de pós-graduação.

DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES

Alguns investimentos são feitos por corporações visando ampliar seu domínio
operacional. Uma empresa pode sair do seu core business atual e diversificar suas
atividades. Ela pode implementar uma integração vertical, investindo na atividade dos
seus fornecedores ou dos seus clientes; ou pode fazer uma diversificação de con-
glomerado, aplicando capital em atividade que não possui relação operacional com o
seu core business.

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Os investimentos podem se dar pela compra de ativos ou pela aquisição de títulos


representativos desses ativos. Ao comprarmos uma ação, estamos comprando
parte dos fluxos de caixa futuros, que serão gerados pelos ativos da empresa
emissora dessas ações.
Entre as diferentes modalidades de investimentos existentes, destacamos:

1. AÇÕES

Investir em ações significa comprar uma parte de uma empresa, visando obter lucro
mediante a valorização do preço das ações ou do recebimento de dividendos.

2. TÍTULOS PÚBLICOS

São emitidos pelo governo e podem ser adquiridos por investidores. Os títulos públi-
cos incluem opções como Tesouro Selic, Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado.

3. FUNDOS DE INVESTIMENTO

São formados por grupos de investidores que juntam seu dinheiro para comprar uma
carteira de ativos (como ações, títulos e imóveis). Existem diferentes tipos de fundos,
como os de renda fixa, multimercado e de ações.

4. MERCADO IMOBILIÁRIO

Investir em imóveis pode ser uma opção rentável a longo prazo. Isso pode incluir a
compra de imóveis para aluguel ou a participação em fundos imobiliários.

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5. CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO (CDB)

É um título emitido pelos bancos para captar recursos. O investidor empresta dinheiro
ao banco e, em troca, recebe juros pelo prazo combinado.

6. TESOURO DIRETO

Permite que os investidores comprem títulos públicos diretamente do Tesouro Na-


cional. É uma forma de emprestar dinheiro ao governo e receber juros em troca.

7. LETRA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO (LCI) E LETRA DE CRÉDITO DO


AGRONEGÓCIO (LCA)

São títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras e são lastreados por em-
préstimos concedidos para o setor imobiliário ou agrícola.

INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO

Numa economia, um processo inflacionário pode ser caracterizado pela eleva-


ção de grande parte dos preços dos fatores de produção e de mercadorias num
dado período de tempo, isto é, uma elevação contínua e persistente. Por sua vez,
a elevação sazonal, como é o caso das oscilações dos preços agrícolas na safra
(queda) e na entressafra (alta), não caracteriza uma inflação.
Por deflação entende-se um processo de queda nos preços dos fatores e das
mercadorias num dado intervalo de tempo. Um processo deflacionário pode ser
tanto ou mais danoso que um processo inflacionário.
A inflação não esperada tende a favorecer os devedores e aqueles que pagam
juros. Quem perde são os credores e aqueles que recebem renda fixa. Uma das
consequências da inflação não prevista é provocar uma transferência de renda
entre credores e devedores. Sofrem perdas também aqueles que têm menos po-
der de negociação, como os assalariados não sindicalizados e as empresas que
operam com matérias-primas fornecidas por setores monopolizados. Se o for-
necedor ou o comprador tiverem um grande poder de negociação, ele imporá
ao outro parceiro ou ao consumidor uma perda. A inflação provoca, então, um
conflito distributivo, atuando como se houvesse um verdadeiro imposto invisível
capaz de massacrar os erros de gestão e as ineficiências na economia.

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AP RO F U N DA NDO

O Brasil tem uma experiência histórica conhecida de inflação crônica, bem doc-
umentada desde 1947. A nossa cultura inflacionária talvez reflita uma tendência
para acomodar os conflitos distributivos e as transferências de renda usando a
própria inflação.
Quanto mais elevada é a taxa de inflação, maior é a necessidade de indicadores
que permitam fazer a correção da perda do valor da moeda.
A América Latina tem-se caracterizado por uma “cultura inflacionária”, em que as
inflações elevadas têm sido mais a norma do que a exceção.

Na hiperinflação, o valor da moeda cai rapidamente, porque a população deixa de


confiar nela. Isto pode ocorrer, por exemplo, se o governo gasta mais do que arreca-
da e passa a emitir moeda para financiar o déficit orçamentário. Pode ser também
que o governo esteja se financiando com títulos, porém, se esses títulos perderem
a credibilidade, a população só aceitará ficar com eles por um prazo muito curto.
Diz-se que um país está em hiperinflação quando a taxa de inflação ultrapassa
a marca dos 50% num mês e fica acima desse percentual por vários meses ­seguidos.

E U IN D ICO

Sugiro assistir ao vídeo indicado (O que é inflação e deflação) compreender melhor


o conteúdo. Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente vir-
tual de aprendizagem.

ÍNDICES DE PREÇOS

Um índice de preços procura medir a mudança que ocorre nos níveis de preço
de um período para outro. Para tanto, calculam-se as variações que ocorreram
num dado conjunto de bens, ponderando-se essas variações pelas quantidades
do período inicial ou final.
Existem várias maneiras de calcular a variação de preços de um período para
outro, como pela variação preço a preço; pelo agregado simples de preços; e pelo
agregado ponderado de preços. Discorreremos sobre cada um deles a seguir.

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Variação preço a preço

A variação de preço refere-se à mudança no valor de um produto ou serviço ao


longo do tempo. É comum que os preços de itens variem de acordo com a oferta e
demanda, os custos de produção, a concorrência, entre outros fatores. A variação
de preço pode ocorrer tanto em termos de aumentos (preço a subir) quanto em
termos de reduções (preço a descer).
Para acompanhar as variações de preço de um produto específico, você pode
usar diferentes estratégias. Algumas opções incluem:

1. PESQUISA DE MERCADO

Verifique regularmente os preços em várias lojas ou sites para monitorar qualquer


alteração nos valores.

2. ASSINATURA DE ALERTAS DE PREÇO

Muitos websites e aplicativos de compras oferecem a opção de se inscrever para rece-


ber notificações por e-mail ou mensagem quando um produto atinge um determinado
preço ou sofre alguma alteração no valor.

3. ACOMPANHAMENTO DE COMPARADORES DE PREÇOS

Existem várias ferramentas on-line que comparam preços entre diferentes varejistas, o
que pode ajudá-lo a encontrar o melhor negócio.

4. UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS DE RASTREAMENTO DE PREÇO

Alguns aplicativos permitem cadastrar produtos específicos e acompanhar suas varia-


ções de preço ao longo do tempo.

Agregado simples de preços

Esse índice avalia como o custo total de adquirir um conjunto de produtos, in-
cluindo uma unidade de cada um deles, muda ao longo do tempo. Assim, ele
apresenta o inconveniente de depender da unidade de medida.
Para obter o agregado simples de preços, basta somar os preços dos dois
períodos e dividir as somas.

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Por exemplo: se tivermos os seguintes preços de determinados produtos.

Ano 1: Produto A R$ 100 e Produto B R$80

Ano 2: Produto A R$ 150 e Produto B R$160

P = 150 + 160 = 1,72222 100 + 80

Esse resultado indica um aumento de 72,22% a.a. no nível geral de preços do


grupo de produtos analisados.

Agregado ponderado de preços

O agregado ponderado de preços é um cálculo que leva em consideração a pon-


deração dos diferentes preços de produtos ou serviços para obter uma média ge-
ral. Para calcular o agregado ponderado, você precisa seguir os seguintes passos:
1. Determine os preços dos diferentes produtos ou serviços que deseja in-
cluir no cálculo do agregado ponderado.
2. Atribua um peso ou uma ponderação a cada um dos preços, dependendo
da importância relativa de cada elemento no agregado ponderado. Os

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pesos podem ser expressos como uma porcentagem ou em termos de


outra unidade de medida, dependendo do contexto.
3. Multiplique cada preço pela correspondente ponderação atribuída.
4. Some os resultados obtidos para cada produto ou serviço para obter a
soma ponderada.
5. Some todas as ponderações atribuídas para encontrar o peso total.
6. Divida a soma ponderada pelo peso total.

A fórmula para calcular o agregado ponderado de preços é:

Agregado Ponderado = (Preço 1 × Ponderação 1 + Preço 2 × Ponderação 2 + ...

+ Preço N × Ponderação N) / Peso total

Isso resultará em uma média ponderada dos preços, em que os preços com
maior peso terão mais influência no cálculo final.

CORREÇÃO MONETÁRIA

A correção monetária, ou indexação, foi introduzida no Brasil pela equipe eco-


nômica do governo em 1964. A ideia era de corrigir ou minorar as distorções
que a inflação provoca na economia e, com isso, garantir a colocação de títulos da
dívida pública. A introdução da correção monetária, foi, então, um instrumento
auxiliar na estratégia gradualista de combate à inflação. Porque, segundo se dizia,
uma política ortodoxa de combate à inflação (tratamento de choque) seria uma
política inviável para a nossa economia na época.
Primeiramente foram criadas as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacio-
nal (ORTN) que desempenharam um papel importante no financiamento não
inflacionário do déficit federal, pois foi restabelecida a confiança nos títulos da
dívida pública. Depois, foram estabelecidas normas para a correção monetária
dos débitos fiscais, do ativo imobilizado, das depreciações, do capital de giro, dos
títulos da dívida pública etc.
A correção monetária, também conhecida como atualização monetária, é
um ajuste aplicado sobre uma quantia para repor a sua perda de valor devido à
inflação ao longo do tempo.

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A P RO F UNDA NDO

A Lei Federal n.º 6.899/1981 estabelece a aplicação da correção monetária da


seguinte forma:
“Art. 1º - A correção monetária incide sobre qualquer débito resultante de decisão
judicial, inclusive sobre custas e honorários advocatícios.
§ 1º - Nas execuções de títulos de dívida líquida e certa, a correção será calculada
a contar do respectivo vencimento.
§ 2º - Nos demais casos, o cálculo far-se-á a partir do ajuizamento da ação” (BRA-
SIL, 1981).

TAXA DE JUROS APARENTE E REAL

Por taxa de juros aparente entende-se aquela que vigora nas operações cor-
rentes. Quando temos um regime inflacionário, devemos distinguir, na taxa
aparente, duas componentes: uma parte é devida à inflação e outra, aos juros
realmente recebidos ou pagos.
Taxa de juros real é o indicador que representa o verdadeiro ganho em um
investimento, pois subtrai do rendimento os impactos da inflação. Dessa forma,
o investidor pode analisar o potencial de um ativo ao olhar a taxa nominal in-
formada na contratação e a projeção de inflação para o período.
Para definirmos a diferença entre a taxa aparente e a taxa real, devemos utili-
zar a inflação medida durante a operação financeira. A taxa aparente é o retorno
sobre o capital empregado em moeda corrente. Já a taxa real representa a remu-
neração do capital em unidades de poder aquisitivo. Portanto, a taxa de inflação
ocorrida durante a operação financeira é a diferença entre elas.

E U IN D ICO

O vídeo do professor Flávio Motta, sobre Taxa real e aparente, nos mostra uma
comparação da taxa real com a taxa aparente. Assim, é-nos apresentado o re-
flexo da inflação sobre valores de consumo e valores reais de poder de compra
do cidadão. Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente vir-
tual de aprendizagem.

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TAXA DE DESCONTO APROPRIADA

A taxa de desconto apropriada é uma ferramenta essencial para análise de inves-


timentos. Muitos analistas dão outros nomes a essa taxa, como: custo do projeto,
custo de oportunidade do investimento, taxa mínima de atratividade ou custo
médio ponderado do capital. Sua determinação depende da maneira como os
projetos são financiados.
O custo de capital é uma das métricas financeiras mais importantes para as
empresas, pois representa o valor que a empresa incorre para obter financia-
mento. Essa métrica é calculada com base no custo das fontes de financiamento
utilizadas pela empresa, como empréstimos, ações e títulos.
O custo do capital pode ser representado pela taxa de juros que as empresas
usam para calcular, descontando ou compondo, o valor do dinheiro no tempo.
Normalmente, a taxa de desconto do projeto tem dois componentes: o custo
do capital do credor e o custo do capital do acionista.
O custo do capital do credor é formado pela taxa básica de juros da economia,
somado a um diferencial (spread) determinado pelo credor, em função do risco
de inadimplência. A taxa básica é frequentemente chamada de “taxa livre de
risco”. Seu valor equivale à taxa de retorno de um título de renda fixa emitido
pelo governo. Assume-se que esse título é o de menor risco, entre todos aqueles
existentes no mercado financeiro.

FLUXO DE CAIXA DE PROJETO

O fluxo de caixa consiste no resultado do confronto entre entradas e saídas espe-


radas de recursos de determinado investimento. Todos os seus componentes são
expectacionais. O investimento ainda não existe. Só existe seu projeto. Trata-se,
portanto, de fluxos de caixa esperados ou fluxos de caixa projetados.
Quando um investimento está em fase de execução, os fluxos de caixa passam
a ser reais e são levantados enquanto as diversas decisões estratégicas e operacio-
nais são tomadas durante sua vida útil.
O fluxo de caixa de um projeto de investimento tem os seguintes componentes:

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Receita bruta operacional


(-) Deduções
Receita líquida operacional
(-) Custos e despesas operacionais
Lucro bruto
(-) Depreciação
Lucro bruto operacional (LBO)
(-) Impostos sobre o lucro
+ Depreciação
(-) Investimento bruto
(-) Variações na necessidade de capital de giro
+ Valor residual
= Fluxo de caixa do projeto
Detalhando cada item do fluxo de caixa:

RECEITA BRUTA OPERACIONAL

Compreende a linha mais importante do fluxo de caixa, pois é ela que atua no sentido
de fazer crescer o valor do investimento. Além do mais, a incerteza inerente ao futuro é
quase toda “descarregada” nessa linha. Aqui devem ser incluídas todas as entradas de
caixa provenientes de vendas de serviços produtos oriundos do investimento.

DEDUÇÕES

Aqui são computados todos os tributos incidentes sobre a receita bruta.

RECEITA LÍQUIDA OPERACIONAL

É a diferença entre a receita bruta e as deduções.

CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS

Incluem todos os itens de desembolso necessários para levar adiante o projeto.


Aqui estão incluídos os custos com operação (matérias-primas, transformação,
manutenção), as despesas com vendas e marketing, as despesas de administração
e outras despesas gerais. Uma classificação interessante desses custos envolve a
separação dos itens em variáveis e fixos. Os custos e despesas fixos são aqueles que
se estabelecem independentemente do nível de produção e vendas.

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DEPRECIAÇÃO

A depreciação não é um item de fluxo de caixa, pois não representa um desembolso


efetivo. Ela está incluída na “cascata” do fluxo, já que reduz o valor do lucro, promov-
endo um benefício fiscal para o projeto. Esse benefício é efetivamente uma entrada
de caixa relevante. Daí sua inclusão como despesa antes da apuração do lucro e sua
devolução após a realização cálculo do imposto. A depreciação é a redução do valor
do bem no tempo.

LUCRO BRUTO OPERACIONAL

Representa o resultado operacional do investimento. Está relacionado à primeira linha


de resultado do fluxo de caixa. Projetos geram grandes montantes de lucro bruto
operacional em relação ao capital investido.

IMPOSTOS SOBRE O LUCRO

Os impostos sobre o lucro devem ser calculados com base no lucro bruto operacional.
É só aplicar a alíquota do imposto sobre o valor desse lucro. Se o projeto incluir pre-
juízos operacionais em alguns períodos, o que pode ser normal nos períodos iniciais,
ocorrerá benefício fiscal proporcionado por esse prejuízo, que é apropriado pelo proje-
to nos três períodos seguintes, respeitando os limites estabelecidos em lei.

INVESTIMENTOS BRUTOS

Os investimentos brutos compreendem os desembolsos na compra e na instalação


de equipamentos e outros ativos fixos que deverão ser adquiridos no projeto. Estão
também incluídos nessa linha os custos com frete, seguro e treinamento.

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

É um componente peculiar do fluxo de caixa. Ela pode ser estimada a partir das
contas do balanço projetado do projeto. Assim, a necessidade de capital de giro
consiste na diferença entre as contas operacionais do ativo (representadas pelas
contas a receber de clientes e pelos estoques) e aquelas do passivo (contas a pagar
a fornecedores, salários e contribuições a pagar, impostos sobre operações a pagar,
fretes a ­pagar etc.).

VALOR RESIDUAL

Compreende a diferença entre o valor contábil do projeto no último ano e o valor de


mercado do empreendimento.

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SISTEMA BANCÁRIO BRASILEIRO

O sistema bancário brasileiro difere de outros países, especialmente dos desen-


volvidos. Para entender melhor o sistema brasileiro, abordaremos três grandes
tópicos: spread bancário, taxa de juros brasileira e concentração dos grandes
bancos nacionais privados de varejo.

Spread bancário

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central do


Brasil, o Brasil apresenta o maior spread do mundo, sem, no entanto, apresentar
explicação para suas razões.
A forma mais usada para se calcular o spread é pela diferença entre as taxas
de aplicação e captação. De acordo com essa metodologia, um estudo do FMI,
referente a 2003, aponta o Brasil como o spread de crédito mais elevado do mun-
do, 12 vezes mais o que spread chileno e mais de 60 vezes que o spread mexicano.
O Banco Central utiliza a mesma metodologia de diferença de pontos percen-
tuais, porém o spread de crédito por ele encontrado é bem inferior ao valor calcu-
lado pelo FMI. Essa diferença ocorre devido a comparações de taxas diferentes,
mas conduz à mesma conclusão: o Brasil apresenta o maior spread do mundo.
De forma resumida, o spread bancário é a diferença percentual entre a taxa
de juros cobrada pelos bancos nos empréstimos e a taxa de juros paga nos inves-
timentos. Em outras palavras, é a diferença entre os juros que o banco paga para
captar recursos e os juros cobrados para emprestar dinheiro.

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Taxa de juros e setor bancário no Brasil

No Brasil, a taxa de spread apresenta elevada correlação com a taxa de juros.


Assim, os spreads são mantidos elevados pelas elevadas taxas de juros. A taxa de
juros real no Brasil é a maior do mundo, com diferenças significativas especial-
mente em relação aos países desenvolvidos.
Antes do Plano Real, o governo cobria seu déficit com a emissão monetária,
provocando os elevados níveis inflacionários que conhecemos. Nesse período,
os bancos auferiram seus ganhos por floating, isto é, pela aplicação de recursos
sem remuneração a taxas elevadas de correção monetária. O Plano Real alterou
a forma de financiamento do déficit público: em vez de financiá-lo via emissão
de dinheiro, passou a fazê-lo pela emissão de dívida.
Ao alterar a forma de financiamento do déficit, o plano conduziu o setor
bancário à bancarrota, razão pela qual passou-se a conceder uma taxa de juros
elevada na emissão da dívida e, em consequência, nas operações de crédito. Os
juros passaram a ser elevados na carteira de títulos e nas operações de crédito
para compensar o setor bancário pela perda do floating.
Uma política monetária centrada em elevadas taxas de juros teve de ser adotada
para dar sustentabilidade ao setor bancário brasileiro, permitindo-lhe elevados
spreads para suprimento, principalmente de suas despesas estruturais e resultados.

E U IN D ICO

As taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras em cada modalidade


de crédito podem ser consultadas no site do Banco Central do Brasil. Recursos
de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

Concentração dos grandes bancos nacionais


privados de varejo

A busca por resultados, somada à elevação das despesas estruturais e ao pequeno


mercado de crédito no Brasil, tem conduzido a uma maior concentração no setor
bancário brasileiro.

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Em 1995, de acordo com o Banco Central, havia 11 bancos considerados de


grande porte nacionais privados de varejo. No entanto, em dezembro de 2005,
havia apenas quatro bancos com essa classificação, o que indica a forte concen-
tração de grandes bancos nacionais no setor privado de varejo.
A receita de intermediação financeira aumentou muito mais que as despesas
de pessoal e outras nos últimos anos. Esse aumento pode ser resultado de um
possível ganho de escala pelos bancos e também pelas maiores taxas praticadas
por essas instituições financeiras, especialmente para pessoas físicas. Isso indica
que as elevadas taxas de juros proporcionaram elevados spreads, que mantiveram
o pagamento do crescimento das despesas estruturais.

De acordo com pesquisa realizada pela Mobills em 2022, os dez maiores bancos
do Brasil são:

■ Itaú Unibanco;

■ Bradesco;

■ Banco do Brasil;

■ Santander Brasil;

■ BTG Pactual;

■ Nubank;

■ Banco Inter;

■ Banco PAN;

■ Sofisa Direto;

■ Banco de Brasília.

Para entender um pouco mais sobre a concentração dos grandes bancos no Brasil,
indico a leitura do trabalho de monografia apresentado a seguir.

E U IN D ICO

No artigo “A concentração bancária no Brasil a partir da década de 90”, você pode


conhecer mais sobre o assunto. Recurso de mídia disponível no conteúdo digital
no ambiente virtual de aprendizagem.

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U N I C ES U M A R

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema.


Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Chegamos ao fim deste Tema de Aprendizagem!
Após os conceitos auferidos, imagine que uma empresa do ramo de infor-
mática pretende fazer investimento relevante em pesquisa e desenvolvimento,
visando diversificar suas atividades para comercialização de aplicativos.
Para atender ao objetivo da diversificação das atividades da empresa, foram
apresentadas algumas alternativas:
1. Contratar a atividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) por tempo
preestabelecido de cinco anos.
2. Criar um departamento de P&D com atribuições estatutárias ­permanentes.

Mediante as duas alternativas, espera-se obter receitas líquidas de cerca de R$


100 mil anuais, seja qual for a alternativa a ser escolhida.
A terceirização envolve pagamento anual de R$ 35 mil. Essa despesa é plena-
mente dedutível do imposto de renda, cuja alíquota é de 34%.
Já a opção de implantar o departamento P&D deverá implicar despesas da
ordem de 40% do valor da receita líquida operacional. Os equipamentos a serem
adquiridos custam cerca de R$ 25 mil e podem ser depreciados em, no mínimo,
cinco anos. O projeto possui vida útil de dez anos.
Acredita-se que ao fim desses dez anos, os equipamentos possam ser vendidos
por cerca de 20% do valor de aquisição.
Qual a alternativa é mais interessante para a empresa?
Resposta: Ambos os projetos são viáveis. Entretanto, a alternativa 1 se mostra
mais eficaz em termos de criação de valor. Como os projetos são mutuamente ex-
cludentes, a escolha pelo valor presente líquido (VPL) dá ao analista mais respaldo.
Para essa decisão, faz-se necessária a construção dos fluxos de caixa de cada
alternativa.

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CUSTOS E IMPOSTOS LBO X (1 FLUXO DE


ANO RLO LBO
DESPESAS (34%) - T) CAIXA

0 0

1 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

2 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

3 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

4 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

5 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

6 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

7 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

8 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

9 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

10 100 -35 65 22,10 42,90 42,90

Quadro 1 – Fluxo de caixa da alternativa 1: terceirização / Fonte: A autora.

CUSTOS E DEPRE- IMPOS- LBO X FLUXO


ANO RLO LBO
DESPESAS CIAÇÃO TOS (34%) (1 - T) DE CAIXA

0 0

1 100 -40 -5 55 18,70 36,30 36,30

2 100 -40 -5 55 18,70 36,30 36,30

3 100 -40 -5 55 18,70 36,30 36,30

4 100 -40 -5 55 18,70 36,30 36,30

5 100 -40 -5 55 18,70 36,30 36,30

6 100 -40 60 20,40 39,60 39,60

7 100 -40 60 20,40 39,60 39,60

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CUSTOS E DEPRE- IMPOS- LBO X FLUXO


ANO RLO LBO
DESPESAS CIAÇÃO TOS (34%) (1 - T) DE CAIXA

8 100 -40 60 20,40 39,60 39,60

9 100 -40 60 20,40 39,60 39,60

10 100 -40 60 20,40 39,60 39,60

Quadro 2 – Fluxo de caixa da alternativa 2: P&D interno / Fonte: A autora.

Observe que, nesta opção, a empresa, ao fim dos dez anos, deverá pagar 34% de
imposto sobre o valor de venda dos equipamentos.
Valor da venda dos ativos = 20% x R$ 25 mil
(-) valor contábil dos ativos = R$ 0
(-) despesas de vendas dos ativos = R$ 0
= Ganho de capital = R$ 5 mil
(-) Impostos sobre Ganho de Capital = 34% x R$ 5 mil
= Valor Residual = R$ 3,30 mil.

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VAMOS PRATICAR

1. O Brasil tem uma experiência histórica conhecida de inflação crônica, bem documentada
desde 1947. A nossa cultura inflacionária talvez reflita uma tendência para acomodar os
conflitos distributivos e as transferências de renda usando a própria inflação. Quanto mais
elevada é a taxa de inflação, maior é a necessidade de indicadores que permitam fazer a
correção da perda do valor da moeda.

Na hiperinflação, o valor da moeda cai rapidamente, pois a população perde a confiança


naquela. Isto pode ocorrer por alguns motivos. Entre eles, pode-se citar:

a) O governo gasta mais do que arrecada e passa a emitir moeda para financiar o déficit
orçamentário.
b) O trabalhador gasta mais do que ganha e acaba buscando financiamento com recursos
do governo.
c) As empresas têm mais despesas que receitas e acabam utilizando recursos do governo
para se financiarem.
d) Os títulos do governo são colocados no mercado com preços muito mais baixos do que
realmente valem.
e) A população aceita comprar os títulos do governo por valores mais altos para ajudar a
financiar as atividades do governo.

2. A variação de preço refere-se à mudança no valor de um produto ou serviço ao longo do


tempo. É comum que os preços de itens variem de acordo com a oferta e demanda, os custos
de produção, a concorrência, entre outros fatores. A variação de preço pode ocorrer tanto
em termos de aumentos (preço a subir) quanto em termos de reduções (preço a descer).

Para acompanhar as variações de preço de um produto específico, podemos usar várias


estratégias, como

I - Pesquisa de mercado.
II - Utilização de aplicativos de rastreamento de preço.
III - Variações pelas quantidades.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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VAMOS PRATICAR

3. A diferença entre a taxa de juros real e aparente é medida pela inflação durante a operação
financeira. A taxa aparente é o retorno sobre o capital empregado em moeda corrente, ao
passo que a taxa real representa a remuneração do capital em unidades de poder aquisitivo.

Assim, assinale a alternativa que apresenta a taxa aparente anual que deve cobrar uma
financeira para que ganhe 8% ao ano de juros reais numa situação de inflação de 5% ao ano.

a) 15,5% a.a.
b) 29,6% a.a.
c) 18.6% a.a.
d) 11,2% a.a.
e) 13,4% a.a.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. (Constituição [1981]). Lei nº 6.899, de 08 de abril de 1981. Determina a aplicação da


correção monetária nos débitos oriundos de decisão judicial e dá outras providências. Brasília,
DF: Presidência da República, 1981. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6899.htm. Acesso em: 9 out. 2023.

BRASIL, H. G. Avaliação moderna de investimentos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

MATHIAS, W.; GOMES, J. M. Matemática financeira. São Paulo: Atlas, 2012.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. Opção A. Na hiperinflação, o valor da moeda cai rapidamente porque a população perde a


confiança nela. Isso pode ocorrer, por exemplo, se o governo gasta mais do que arrecada e
passa a emitir moeda para financiar o déficit orçamentário.

2. Opção C. Para acompanhar as variações de preço de um produto específico, você pode usar
diferentes estratégias. Algumas opções incluem:

1. Pesquisa de mercado: verifique regularmente os preços em várias lojas ou sites para mo-
nitorar qualquer alteração nos valores.
2. Assinatura de alertas de preço: muitos websites e aplicativos de compras oferecem a op-
ção de se inscrever para receber notificações por e-mail ou mensagem quando um produto
atinge um determinado preço ou sofre alguma alteração no valor.
3. Acompanhamento de comparadores de preços: existem várias ferramentas on-line que
comparam preços entre diferentes varejistas para ajudá-lo a encontrar o melhor negócio.
4. Utilização de aplicativos de rastreamento de preço: alguns aplicativos permitem cadastrar
produtos específicos e acompanhar suas variações de preço ao longo do tempo.

3. Opção E. Para cálculo da taxa de aparente, utilizamos a fórmula:

(1 + i) = (1 + j)(1 + r)
(1 + i) = (1 + 0,05)(1 + 0,08)
(1 + i) = 1,134
i = 0,134 ou 13,4% a.a.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 9

CRIMES DE FRAUDE

MINHAS METAS

Compreender o que são crimes de fraude.

Compreender o que são crimes contra o sistema financeiro Nacional.

Compreender o que são crimes contra a economia popular.

Compreender o que são crimes falimentares.

Compreender o que são crimes contra previdência social.

Compreender o que são crimes contra a Propriedade Intelectual.

Compreender o que são crimes de sonegação fiscal.

Compreender o que são crimes do colarinho branco.

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U N I C ES U M A R

INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante! Seja bem-vindo!
Existem vários tipos de crimes de fraudes. Dentre eles, estão: vazamento de
informações; uso de dados falsos; fraude financeira; fraude de identidade; fraude
contra o patrimônio público e privado; fraude contra o sistema financeiro nacio-
nal; fraude contra a economia popular; fra udes em empresas privadas forjando
situação de falência; fraudes contra o sistema previdenciário nacional, dentre
outros tipos de crimes de fraudes.
A fraude é um ato ardiloso, enganoso e de má-fé, que tem o objetivo de lesar
ou ludibriar outrem, a fim de obter algum tipo de vantagem, geralmente financei-
ra. Por isso, a fraude abrange um universo complexo, de diferentes naturezas de
crimes e penas, previstas no artigo 171 do Código Penal Brasileiro, uma vez que
ela pode causar danos irreparáveis à vítima, sejam eles financeiros, psicológicos
ou até mesmo de imagem.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Nesse podcast, veremos vários tipos de crimes de fraudes praticados no Brasil e


suas consequências para quem os pratica. Veremos também como o perito pode
atuar para tentar elucidar situações controversas em processos judiciais que en-
volvam crimes dessa natureza. Recurso de mídia disponível no conteúdo digital
no ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

CRIMES DE FRAUDE

Quem comete fraude comete crime de estelionato. Nesse sentido, de acordo


com o Código Penal em seu artigo 171, estelionato é obter, para si ou para
outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Quem
comete esse crime está sujeito a pena de reclusão de um a cinco anos, e multa.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

A fraude é um crime em que o autor busca ob-


A fraude é um
ter vantagem sobre a vítima. Na maioria das vezes,
crime em que o
as abordagens por parte dos fraudadores é feita por
autor busca obter
meio de táticas de sedução e de persuasão para con- vantagem sobre
vencer a vítima a entregar o que eles precisam. O que a vítima
eles mais buscam obter são: dados pessoais, objetos,
senhas, dentre outros.
Os crimes de fraude, também conhecidos como crimes financeiros, en-
volvem a manipulação ou engano intencional para obter ganhos financeiros
ilegítimos. Existem diferentes formas de fraude, cada uma cobrindo diferentes
aspectos e setores: fraudes bancárias, fraudes corporativas, fraudes de seguros,
fraude eletrônica, fraude de investimento, dentre outros tipos.
É importante ficar atento para as possibilidades de fraudes e denunciar qual-
quer suspeita às autoridades competentes, como polícia local, órgãos reguladores
ou instituições financeiras. A prevenção é fundamental, por isso, fique atento a
transações suspeitas, proteja suas informações pessoais e esteja ciente das táticas
usadas pelos fraudadores para evitar cair em golpes.

CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Os crimes contra o sistema financeiro nacional são infrações cometidas contra


as leis e regulamentos que regem o funcionamento das instituições financeiras

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de um país. Esses crimes têm a intenção de afetar negativamente a estabilidade


e a integridade do sistema financeiro como um todo.
O sistema financeiro nacional visa promover o desenvolvimento equili-
brado do País e servir aos interesses da coletividade. Sendo o sistema finan-
ceiro no Brasil regulado por meio de Lei Complementar que dispõe sobre:
autorização para o funcionamento das instituições financeiras; autorização e
funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e capitalização;
condições para a participação do capital estrangeiro nas instituições; orga-
nização, funcionamento e as atribuições do Banco Central e demais institui-
ções financeiras públicas e privadas; tudo conforme previsto no art. 192 da
Constituição Federal.

Alguns exemplos de crimes contra o sistema financeiro nacional são: lavagem de


dinheiro; evasão fiscal; operações ilegais de câmbio; fraudes financeiras; crimes
cibernéticos financeiros.

É fundamental que qualquer suspeita ou conhecimento de crimes contra o sis-


tema financeiro nacional seja denunciado para autoridades competentes, como
a polícia, a Receita Federal, o Banco Central ou órgãos reguladores financeiros.
Nesse sentido, a colaboração entre instituições, assim como a adoção de medi-
das de segurança e conformidade por parte das instituições financeiras, é essen-
cial para combater esses crimes e proteger a integridade do sistema financeiro.
A Lei nº. 7.492, promulgada em 16 de junho de 1986, estipula as infrações
relacionadas ao sistema financeiro nacional e estabelece que aqueles que pro-
duzirem, copiarem ou de qualquer maneira criarem e distribuírem certificados,
cautelas ou quaisquer documentos que representem títulos ou valores mobi-
liários sem a devida autorização por escrito da instituição emissora podem
ser condenados a penas de reclusão de dois a oito anos, além de multas. Por
outro lado, a divulgação de informação falsa ou prejudicial sobre instituição
financeira, conforme previsto no art. 3º da lei nº. 7.492/86 gera pena de
reclusão de dois a seis anos e multa. Já para quem gere de forma fraudulenta
uma instituição financeira a pena prevista no art. 4º da Lei nº. 7.492/86 é de
três a doze anos de reclusão e multa e caso a gestão seja temerária a pena é de
dois a oito anos de reclusão e multa.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

E U IN D ICO

A leitura do artigo a seguir te ajudará a entender mais sobre fraudes contábeis, a


fim de evitar que esses atos possam interferir nos relatórios contábeis e, conse-
quentemente, nas decisões dos usuários das demonstrações contábeis.
Acessar o artigo “Fraude Contábil: Estudos e Contribuições da Academia para Mit-
igar esse Risco”! Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente
virtual de aprendizagem.

CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR

Crimes contra a economia popular são práticas ile-


Práticas ilegais
gais que prejudicam a economia de um país ou co-
que prejudicam a
munidade, afetando especialmente os setores mais
economia de um
vulneráveis da população. Esses crimes podem in- país ou comunidade
cluir atividades como pirâmides financeiras, agiota-
gem, venda de produtos falsificados, sonegação fiscal, entre outros.
A Lei Federal nº. 1521 de 26 de dezembro de 1951 regula o julgamento dos cri-
mes contra a economia popular, e a mesma lei classifica como crime as seguintes ações:


I - recusar individualmente em estabelecimento comercial a pres-
tação de serviços essenciais à subsistência; sonegar mercadoria
ou recusar vendê-la a quem esteja em condições de comprar a
pronto pagamento;
II - favorecer ou preferir comprador ou freguês em detrimento de
outro, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermé-
dio de distribuidores ou revendedores;
III - expor à venda ou vender mercadoria ou produto alimentício,
cujo fabrico haja desatendido a determinações oficiais, quanto ao
peso e composição;
IV - negar ou deixar o fornecedor de serviços essenciais de entregar
ao freguês a nota relativa à prestação de serviço, desde que a impor-
tância exceda de quinze cruzeiros, e com a indicação do preço, do
nome e endereço do estabelecimento, do nome da firma ou respon-
sável, da data e local da transação e do nome e residência do freguês;

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V - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, expô-


-los à venda ou vendê-los, como puros; misturar gêneros e merca-
dorias de qualidades desiguais para expô-los à venda ou vendê-los
por preço marcado para os de mais alto custo;
VI - transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de
serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao público
ou vender tais gêneros, mercadorias ou serviços, por preço superior
ao tabelado, assim como não manter afixadas, em lugar visível e de
fácil leitura, as tabelas de preços aprovadas pelos ó­ rgãos ­competentes;
VII - negar ou deixar o vendedor de fornecer nota ou caderno de
venda de gêneros de primeira necessidade, seja à vista ou a prazo, e
cuja importância exceda de dez cruzeiros, ou de especificar na nota
ou caderno - que serão isentos de selo - o preço da mercadoria ven-
dida, o nome e o endereço do estabelecimento, a firma ou o respon-
sável, a data e local da transação e o nome e residência do freguês;
VIII - celebrar ajuste para impor determinado preço de revenda ou
exigir do comprador que não compre de outro vendedor;
IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo
ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações
ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, “pichardismo”
e quaisquer outros equivalentes);
X - violar contrato de venda a prestações, fraudando sorteios ou
deixando de entregar a coisa vendida, sem devolução das prestações
pagas, ou descontar destas, nas vendas com reserva de domínio,
quando o contrato for rescindido por culpa do comprador, quantia
maior do que a correspondente à depreciação do objeto.
XI - fraudar pesos ou medidas padronizados em lei ou regula-
mentos; possuí-los ou detê-los, para efeitos de comércio, sabendo
estarem fraudados.

Esses crimes podem ser agravados de acordo com diferentes situações previstas
na lei supracitada.

Nos dias de hoje, um crime que se popularizou é a venda de produtos “fantasmas”


pela internet. Muitas vezes os anúncios de produtos são de empresas que nem
existem. Portanto, é muito importante verificar se a empresa realmente existe, se

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tem CNPJ e se esse está ativo junto à Receita Federa. Além disso, é importante
checar se o ramo de atividade da organização condiz com o que ela está ofere-
cendo de produto ou serviço, evitar realizar pagamentos antecipados para não
cair em golpes que são caracterizados como crime contra a economia popular.
Portanto, caso suspeite de algum crime contra a economia popular, é
­importante denunciar as atividades ilegais às autoridades competentes, como a
Polícia Federal, Polícia Civil, Receita Federal ou órgãos de defesa do consumidor.
Além disso, é sempre aconselhável buscar informações sobre empresas,
produtos e serviços antes de realizar qualquer transação, verificando a repu-
tação do fornecedor e evitando ofertas suspeitas ou muito vantajosas. Manter-
-se bem ­informado sobre seus direitos e deveres como consumidor também é
­fundamental para evitar possíveis crimes contra a economia popular.

CRIMES FALIMENTARES

Os crimes falimentares, também conhecidos como crimes empresariais ou crimes


contra a ordem econômica, são ações ilegais comuns em processos de falência de
empresas. Esses crimes podem incluir a prestação de informações falsas em docu-
mentos contábeis, ocultação de bens de uma empresa que está em dificuldades finan-
ceiras, fraude em processos de falência e apropriação indébita de valores da empresa.
Essas práticas criminosas são sérias e podem ter consequências graves para
os envolvidos. Em alguns casos, os responsáveis podem ser punidos com mul-
tas, penas privativas de liberdade ou até mesmo com a proibição de atuarem no
mercado empresarial. Por isso, é fundamental que as empresas atuem de forma
ética e transparente, evitando se envolver em práticas ilegais e se antecipando
às dificuldades financeiras para evitar a falência.
O crime falimentar abrange qualquer conduta fraudulenta praticada em sede
de recuperação extrajudicial, judicial ou falência que são regulados pela Lei nº
11.101 de 09 de fevereiro de 2005. Nesse contexto, são tipificados como delitos
de natureza falimentar as condutas fraudulentas perpetradas por devedores ou
terceiros em detrimento dos credores de empresas insolventes, com o intuito de
favorecer companhias em processo de falência, aquelas que obtiveram aprovação
para recuperação judicial, ou ainda, as organizações que passaram por homolo-
gação de recuperação extrajudicial.

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Existem três crimes tipificados na Lei nº. 11.101: sonegar, omitir ou prestar informação
falsa no processo de falência, ou seja, deixar de prestar informações sobre a real situ-
ação financeira da empresa em um pedido de falência é considerado crime de son-
egação, omissão ou informação falsa e pode gerar penalidades de acordo com a Lei.

Para entender os crimes falimentares é importante entendermos o que é falência


e recuperação judicial, que antes era conhecida como concordata.

Falência

No direito empresarial, a falência é um processo legal que ocorre quando existe


impossibilidade no pagamento das dívidas de uma empresa ou pessoa. A falência
oferece ao devedor a oportunidade de finalizar suas atividades causando o
menor prejuízo possível a seus credores.
O pedido de falência tem como princípio a satisfação de todos os credores,
de modo que cada um receba proporcionalmente parte do patrimônio restante,
conforme o montante em dívida.
Este princípio, conhecido por princípio da paridade, é usado no direito como
regra para a divisão dos credores sem que algum destes seja mais beneficiado ou

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prejudicado que os outros. Além disso, este processo ajuda a estruturar as relações
comerciais enquanto empresas passam por este cenário dentro da economia.
De acordo com o art. 6º da Lei nº 11.101:


a decretação de falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as
ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credo-
res particulares do sócio solidário (BRASIL, 1988, s.p.).

A falência é destinada a empresários e sociedades empresárias, que entram com


um pedido por meio de uma petição inicial comprovando a impossibilidade de
continuar o negócio. Essa fase é conhecida como a fase inicial ou declaratória no
processo de falência. Além disso, esse processo só pode ser decretado por pessoa
física ou jurídica de direito privado, de modo que empresa pública não decreta
falência, pois está vedada conforme art. 2º. da Lei nº. 11.101.
A falência pode ser requisitada pelos credores da empresa, sócios cotistas de
sociedades limitadas, acionistas de sociedades anônimas ou cônjuge do empre-
sário. Após a fase de declaração o processo passa pela sindicância, processo em
que devem ser apurados os motivos da falência, bem como analisar os ativos e
passivos do negócio.

Recuperação Judicial

O plano de recuperação judicial se assemelha ao que era chamado anteriormente


de concordata e consiste em um recurso utilizado como última opção para que
determinada organização seja capaz de arcar com suas dívidas, alinhando as
expectativas com seus credores e estabelecendo uma estratégia viável para que a
mesma mantenha as portas abertas.
Quando uma empresa promove uma recuperação judicial bem executada, o
Estado, por consequência, também desfruta de benefícios, afinal, isso ajuda a me-
lhorar os números gerais de aspectos como economia e nível de desemprego no país.
O plano de recuperação judicial se mostra como o último recurso de uma
empresa para tentar evitar a falência, e é conveniente tanto para os credores quan-
to para os empregados.

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O plano de recuperação judicial se inicia quando a empresa entra com o pedido


de recuperação judicial. Se o pedido for autorizado, o plano de recuperação é
apresentado e, se for autorizado pelos credores o processo, é executado. Caso o
plano de recuperação apresentado não seja aceito e autorizado pelos credores, a
empresa decreta falência. Caso o plano de recuperação judicial não seja autoriza-
do, o processo é arquivado.

Para elaborar esse plano de recuperação judicial, é possível utilizar alguns mé-
todos que podem aumentar a chance de sucesso do projeto. Desse modo, cada
cenário deve ser considerado de maneira independente, pois a recuperação ju-
dicial pode contemplar casos das mais diferentes realidades.

CRIMES CONTRA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Os crimes contra a Previdência Social são aqueles que envolvem fraude ou irre-
gularidades na obtenção ou concessão de benefícios previdenciários, assim como
na contribuição para o sistema previdenciário.
Entre esses crimes, podemos citar: a falsificação de documentos para ob-
tenção de benefícios; a não declaração de rendimentos para evitar o pagamento
de contribuições previdenciárias; a contribuição com informações falsas ou in-
completas; apropriação indébita previdenciária; sonegação fiscal previdenciária;
falsificação de documentos públicos; inserção de dados falsos em sistema de
informações; divulgação de informações sigilosas ou reservadas e estelionato.
O crime de falsificação de documentos para obtenção de benefícios pode acon-
tecer porque a Constituição Federal em seu artigo 201 determina vários planos
de previdência social, de modo que qualquer pessoa pode participar dos benefícios
da previdência social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários.
No artigo 203, a Constituição ainda prevê assistência social a quem necessitar,
independente de contribuição à seguridade social. Por isso, existem tantos crimes
de falsificação de documentos dentre outros para ­beneficiar uma ou mais pessoas.
A apropriação indébita previdenciária está prevista no art. 168 do Código
Penal brasileiro, em que é descrita a reclusão de dois a cinco anos, e a multa para

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o dirigente ou empregado responsável de instituição financeira ou bancária ou


de agente arrecadador ou recebedor que deixar de repassar à Previdência Social
as contribuições que recolher dos contribuintes.

Essas práticas prejudicam o sistema previdenciário como um todo, afetando a


capacidade de pagamento de benefícios e causando prejuízos financeiros para o
país e para os próprios trabalhadores. Por isso, é importante que esse tipo de crime
seja investigado e punido adequadamente.

CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL

Os crimes contra a propriedade intelectual envolvem violações aos direitos de


autor, patentes, marcas e outros ativos intangíveis protegidos por lei.
São considerados como ativos intangíveis os direitos que tenham por objeto
bens incorpóreos destinados à manutenção da empresa ou exercidos com essa
finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
Nesse sentido, Ludícibus (2010) fala sobre os ativos intangíveis como uma
questão singular que emerge naturalmente. Para o autor, essa questão é suscitada
quando se questiona o porquê de a contabilidade não admitir o reconhecimen-
to de um fundo de comércio (ou goodwill) do capital humano, dentre outros,
quando estes não forem adquiridos de terceiros independentes. Já outros ativos
intangíveis, como marcas e patentes e direitos autorais são reconhecidos mesmo
quando desenvolvidos internamente pela empresa.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Ao falarmos de marcas e patentes, sabemos que esses itens do intangível têm


valores pequenos perto dos demais itens do ativo de uma empresa, pois envolve
apenas os gastos com registro de marca, nome, invenções próprias, além de de-
sembolsos a terceiros por contratos de uso de marcas, patentes ou processos de
fabricação (tecnologia). Portanto, independente do valor registrado referente às
marcas e patentes, o importante é que elas estejam devidamente registradas e
o uso indevido delas por pessoas ligadas direta ou indiretamente à empresa ou
pessoas não ligadas à empresa caracteriza crime contra a propriedade intelectual,
conforme previsto no Código Penal Brasileiro.

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O artigo 184 do Código Penal trata dos crimes contra a propriedade intelectual,
e considera como criminosa a violação de direito autoral e a usurpação de nome
ou pseudônimo alheio. A conduta incriminada no artigo 184 do Código Penal
consiste em violar direitos de autor e os que são conexos. Nesse cenário, os direi-
tos de autor consistem no interesse patrimonial ou moral, que a lei reconhece ao
autor de obra intelectual nacional ou estrangeira, no campo literário, científico ou
artístico. O trabalho dos intérpretes ou executantes e dos produtores fonográficos
e das empresas de radiodifusão decorre da anterior criação do autor. Esse direito
se trata, portanto, da representação que envolve a faculdade de reproduzir sua
obra intelectual.
O delito se consuma com a publicação abusiva, com a exposição ao público,
ou, ainda, com a execução ou com a representação da obra intelectual, indepen-
dente de qualquer proveito ou benefício para o agente.
O art. 184 supramencionado prevê pena de detenção de 03 (três) meses a
01 (um) ano, ou multa, para quem viole direitos de autor e os que lhe são cone-
xos. Para as formas qualificadas a pena prevista é de reclusão, de 02 (dois) a 04
­(quatro) anos, e multa.

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CRIMES DE SONEGAÇÃO FISCAL

A sonegação fiscal é um crime que ocorre quando uma pessoa ou empresa não
cumpre com suas obrigações fiscais. Isso pode incluir as ações de não declarar
todos os rendimentos recebidos, não pagar os impostos devidos ou fornecer
informações falsas ou enganosas para a receita federal.
As consequências da sonegação fiscal podem ser graves e variam de acor-
do com o valor sonegado. Além disso, suas penas incluem multas, juros e até
­mesmo prisão.
Como assistente, minha recomendação é sempre estar em dia com as obriga-
ções fiscais, declarando todos os rendimentos e pagando os impostos devidos. Em
caso de dúvida, é sempre recomendável buscar a orientação de um profissional
contábil ou de um advogado especializado em direito tributário.
A Lei nº 4.729/65 define o crime de sonegação fiscal em nosso país e, dentre
as situações que caracterizam crime de sonegação fiscal, estão previstas em seu
artigo 1º as ações de: prestar declaração falsa ou omitir informações necessá-
rias ao Fisco; alterar ou fraudar livros exigidos pelas leis fiscais; alterar fatura ou
documentos relativos a operações mercantis; e aumentar despesas para obter.
Dentre as penalidades previstas para os crimes de sonegação fiscal, a Lei nº
4729/65 prevê: detenção de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vezes
o valor devido do tributo.

CRIMES DO COLARINHO BRANCO

Os crimes do colarinho branco, ou White Collar Crimes, são assim denominados


por possuírem, em seu pólo ativo, indivíduos de classes sociais privilegiadas que
gozam de prestígio social e até de fé pública, seja por sua profissão de alto escalão
no mercado de trabalho ou por algum cargo público de renome. O crime do
colarinho branco se refere ao crime não-violento, financeiramente motivado,
cometido por profissionais de negócios e do governo.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, não há crime sem lei anterior que
o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Portanto, crime do colarinho
brando é todo e qualquer crime previsto no código penal, porém, é praticado por
profissionais de negócios ou profissionais do governo.

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Os crimes sobre o sistema financeiro nacional previstos na Lei nº. 7.492/86


podem ser inseridos como crimes do colarinho branco, pois são crimes ­cometidos
pelo alto escalão de uma empresa, seja ela pública ou privada.

E U IN D ICO

Compartilho com vocês o vídeo “Fraudes Contábeis e Compliance” com o Profes-


sor Luiz Fernando Nóbrega Vice Presidente de Fiscalização Ética.
O vídeo indicado traz algumas práticas de fraudes contábeis que assombram o
nosso País, e mostra que os profissionais devem ficar atentos para não cometer
nenhum ato fraudulento. Além disso, o vídeo também mostra que os peritos de-
vem ficar atentos para detectar possíveis fraudes desenvolvidas por pessoas mal
intencionadas. Recurso de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual
de aprendizagem.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema.

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NOVOS DESAFIOS
Chegamos ao fim deste Tema de Aprendizagem!
Diante todas as situações de crimes apresentadas nesse tema, verificamos
que existem muitas opções e possibilidades para atuação do perito contador em
vários processos criminais, especialmente nos casos que envolvem fraudes de
ordem econômica, financeira, previdenciária, sonegação fiscal, falimentar, fraude
processual, dentre outros.
Pensando sobre a ótica do Perito Contador, questione-se: como seria a atua-
ção do Perito no caso que segue? O exemplo a seguir trata da questão da Violação
de Direitos Autorais, onde não há evidência que comprove a falsificação dos
fonogramas, resultando na absolvição do acusado. O Procurador de Justiça em
seu parecer discorre sobre a materialidade do delito de violação do direito autoral,
lamentavelmente, não resta positivada à suficiência nos autos. Embora se jun-
tem documentos noticiando a apreensão de 373 fitas cassete no e­ stabelecimento
comercial pertencente a R. e a destruição dos referidos objetos, verdade é que
não está atestada a inautenticidade dos fonogramas encontrados em poder do
apelante. Com efeito, o exame pericial não foi realizado acerca das fitas casse-
te apreendidas, medida exigida, inclusive para o recebimento da denúncia…
Mesmo se não fosse o caso, é essencial examinar o testemunho da única pessoa
interrogada, mas esse depoimento não fornece evidências sólidas o suficiente
para compensar a falta de prova técnica. O policial civil não fez observações
detalhadas sobre os fonogramas apreendidos que pudessem dissipar as dúvidas
quanto à autenticidade da cópia ilegal.
O exemplo a seguir trata da violação de direito autoral, tratando de
crimes com autoria comprovada. Como salientou o magistrado, após analisar a
prova, para condenar os recorrentes pela prática de delito de violação de direito
autoral, “tais elementos de convencimento indicam, com segurança a prática
delitiva por parte dos acusados na imputação constante da inicial acusatória,
uma vez que foram flagrados transportando 317 CDs falsos, ditos piratas e cuja
finalidade era revendê-los na cidade de Cruz Alta, conforme confessado em Juí-
zo pelo acusado G. e também referido pelo acusado P., quando ouvido ainda na
fase policial.

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A argumentação apresentada pela defesa de G., que afirma ter comprado os


CDs acreditando que eram originais, não pode ser aceita, pois fica evidente, em
todo o comportamento dos acusados, que eles tinham pleno conhecimento de que
se tratavam de CDs piratas. Isso porque eles adquiriram os CDs de uma pessoa des-
conhecida (que se identificou apenas pelo primeiro nome e apelido), em um local
pré-determinado, durante a noite e sem a emissão de nota fiscal, pagando apenas
R$3,00 por unidade. Obviamente que, um comerciante que lida com burocracias
fiscais (tinha restaurante em Cruz Alta) sabia que caso se tratasse de CD´s originais,
tal forma de aquisição não seria como se efetivou. Portanto, os criminosos tinham
prévio conhecimento de que tais CD´s eram cópias falsificadas dos originais, cujo
comércio viola o bem jurídico a ser protegido, no caso, o direito do autor, o direito
do artista intérprete ou executante ou o direito do produtor de fonograma. Não
pode ser aceita, também, a tese aventada de desconhecimento da ilicitude uma
vez que não se trata de mero camelô, mas de comerciante que trafega em carro
importado e que faz de tal atividade objetivo de lucro.
Você foi nomeado pelo Juiz do caso como Perito Oficial para verificação da
legalidade da empresa que revendeu os CD´s falsificados e quantificar o valor
do dano causado em função das vendas realizadas. Você aceitaria o encargo?
Como iria agir?
O Perito se sentindo apto a realizar a verificação solicitada deve aceitar o
encargo e apresentar sua proposta de honorários. Após a aprovação do valor
proposto para os honorários, o perito deve então solicitar os documentos para
verificação do fato em questão, como: o Ato de registro inicial da empresa e suas
alterações, o Comprovante de registro do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica) e notas fiscais de vendas, se houver.
De posse dos documentos solicitados, o perito deve realizar os levantamen-
tos necessários e emitir Laudo Pericial Contábil devidamente assinado pelo
­Perito Contador.

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VAMOS PRATICAR

1. Existem vários tipos de crimes de fraudes, dentre eles, vazamento de informações, uso de
dados falsos, fraude financeira, fraude de identidade, fraude contra o patrimônio público
e privado, fraude contra o sistema financeiro nacional, fraude contra a economia popular,
fraudes em empresas privadas forjando situação de falência, fraudes contra o sistema
previdenciário nacional, dentre outros tipos de crimes de fraudes.

A fraude é um ato ardiloso, enganoso e de má-fé e abrange um universo complexo, de


diferentes naturezas de crimes e penas, previstas no artigo 171 do Código Penal Brasileiro.
Ela pode causar danos irreparáveis à vítima, sejam eles financeiros, psicológicos ou até
mesmo de imagem.

Qual o objetivo principal da fraude e do fraudador?

2. As demonstrações contábeis são documentos importantes para a análise da situação eco-


nômica e financeira da empresa e são importantes instrumentos para auxiliar no processo
de tomada de decisão por seus usuários externos e internos.

Fonte: IUDÍCIBUS, S. Manual de Contabilidade Societária. FIPECAFI, SP: Atlas: 2010.

As demonstrações contábeis que são obrigatórias a todas as empresas são, EXCETO:

a) Balanço Patrimonial.
b) Demonstração de Resultado.
c) Demonstração dos fluxos de caixa.
d) Demonstração do valor agregado.
e) Notas Explicativas para cada demonstração apresentad.a

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VAMOS PRATICAR

3. O sistema financeiro nacional visa promover o desenvolvimento equilibrado do País e ser-


vir aos interesses da coletividade. No Brasil, o sistema financeiro é regulado por meio de
Lei Complementar que dispõe sobre: autorização para o funcionamento das instituições
financeiras; autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e
capitalização; condições para a participação do capital estrangeiro nas instituições; orga-
nização, funcionamento e as atribuições do Banco Central e demais instituições financeiras
públicas e privadas. Tudo deve estar conforme previsto no art. 192 da ­Constituição Federal.

É importante que essa Lei Complementar, amparada pelo artigo 192 da Constituição Federal,
disponha sobre diversos pontos, EXCETO:

a) Autorização para o funcionamento das instituições financeiras.


b) Autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro.
c) Autorização e funcionamento dos estabelecimentos de previdência.
d) Autorização e funcionamento dos estabelecimentos de capitalização.
e) Autorização e funcionamento dos estabelecimentos de comércio.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal:
Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. (Constituição [1940]). Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal.


Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez., 1940. Disponível em: https://www2.camara.leg.
br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2848-7-dezembro-1940-412868-publicacaoorigi-
nal-1-pe.html. Acesso em: 8 nov. 2023.

BRASIL, Lei Nº 1521, de 26 de dezembro de 1951. Altera dispositivos da legislação vigente so-
bre crimes contra a economia popular. Brasília, DF: Presidência da República/Casa Civil, 1951.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l1521.htm. Acesso em: 8 nov. 2023.

BRASIL, (Constituição [1988]). Lei Nº. 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Regula a recupera-
ção judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Brasília, DF:
Presidência da República/Secretaria-Geral, 2005. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm. Acesso em: 8 nov. 2023.

IUDÍCIBUS, S. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas: 2010.

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CONFIRA SUAS RESPOSTAS

1. O objetivo principal da fraude é lesar ou ludibriar outrem para trazer algum tipo de vanta-
gem, geralmente financeira, ao fraudador sobre a vítima. O fraudador, normalmente, será
­beneficiado pela fraude cometida, na maioria das vezes com vantagem financeira.

2. Opção D. As principais demonstrações financeiras da empresa são: Balanço Patrimonial,


Demonstração de Resultado, Demonstração dos fluxos de caixa e Notas Explicativas, que
são os demonstrativos obrigatórios para todas as empresas. A demonstração do valor agre-
gado é obrigatória apenas para as empresas de grande porte, de capital aberto, obrigadas
à ­publicação de demonstrativos contábeis.

3. Opção E. O sistema financeiro no Brasil é regulado por meio de Lei Complementar que
dispõe sobre: autorização para o funcionamento das instituições financeiras; autorização
e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e capitalização; condições
para a participação do capital estrangeiro nas instituições; organização, funcionamento e
as atribuições do Banco Central e demais instituições financeiras públicas e privadas. Tudo
deve estar conforme previsto no art. 192 da Constituição Federal.

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MEU ESPAÇO

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