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ECONOMIA E

MERCADO

ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT


DANIELA CARLA
SIDINEI SILVÉRIO DA SILVA

ACESSE AQUI ESTE


MATERIAL DIGITAL!
EXPEDIENTE

Coordenador(a) de Conteúdo
Carla Eunice Gomes Correa
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli Silva
Revisão Textual
Carolina Guimaraes Branco
Elias Jose Lascoski
Fotos
Shutterstock, Freepik e Envato

FICHA CATALOGRÁFICA

N964 Núcleo de Educação a Distância. BOECHAT, Andréia Moreira da


Fonseca; CARLA, Daniela Carla; SILVA, Sidinei Silvério.
Economia e mercado / Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Daniela
Carla, Sidinei Silvério da Silva. - Florianópolis, SC: Arqué, 2023.

208 p.

ISBN papel 978-65-6083-488-0


ISBN digital 978-65-6083-487-3

1. Economia 2. Mercado 3. EaD. I. Título.

CDD - 330

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
GFI14
RECURSOS DE IMERSÃO

P E N SA N D O JU NTO S APROFU NDANDO

Este item corresponde a uma proposta Utilizado para temas, assuntos ou con-
de reflexão que pode ser apresentada por ceitos avançados, levando ao aprofun-
meio de uma frase, um trecho breve ou damento do que está sendo trabalhado
uma pergunta. naquele momento do texto.

ZOOM NO CONHECIMENTO

PRODUTOS AUDIOVISUAIS Utilizado para desmistificar pontos


Os elementos abaixo possuem recursos que possam gerar confusão sobre o
audiovisuais. Recursos de mídia dispo- tema. Após o texto trazer a explicação,
níveis no conteúdo digital do ambiente essa interlocução pode trazer pontos
virtual de aprendizagem.
adicionais que contribuam para que
o estudante não fique com dúvidas
sobre o tema.

P L AY N O CO NH E C I M E NTO

Professores especialistas e con-


INDICAÇÃO DE FIL ME
vidados, ampliando as discus-
sões sobre os temas por meio de
Uma dose extra de
fantásticos podcasts.
conhecimento é sempre
bem-vinda. Aqui você
terá indicações de filmes
E U I ND I CO
que se conectam com o
Utilizado para agregar um con- tema do conteúdo.
teúdo externo.

INDICAÇÃO DE L IVRO
E M FO CO

Utilizado para aprofundar o Uma dose extra de

conhecimento em conteúdos conhecimento é sempre

relevantes utilizando uma lingua- bem-vinda. Aqui você

gem audiovisual. terá indicações de livros


que agregarão muito na
sua vida profissional.

4
SUMÁRIO

7UNIDADE 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DE ECONOMIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

CLASSIFICAÇÃO DE BENS
E SERVIÇOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

75UNIDADE 2

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA: EQUILÍBRIO DE MERCADO . . . . . . . . . . . . . . 76

TEORIA DA MACROECONOMIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

POLÍTICAS ECONÔMICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

143
UNIDADE 3

INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144

ECONOMIA E GLOBALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164

ECONOMIA E MEIO AMBIENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182

5
UNIDADE 1
TEMA DE APRENDIZAGEM 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DE ECONOMIA

MINHAS METAS

Estudar o significado de economia.

Citar conceitos econômicos fundamentais.

Definir conceitos como recursos, oferta, demanda e outros.

Descrever o significado de economia.

Explicar os conceitos econômicos fundamentais.

Compreender os fundamentos econômicos.

Refletir sobre os papéis da Economia.

8
U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Estudante, este é um tema muito importante para o entendimento da disciplina,
pois nele você conhecerá os fundamentos econômicos que darão suporte às to-
madas de decisão que fazem parte do dia a dia de todos os profissionais.
Para isso, iremos estudar o significado de economia, em outras palavras, o
que, de fato, as ciências econômicas estudam. Tenho certeza de que muitos irão se
surpreender, pois muitas pessoas acreditam que economia ensina a economizar
ou mesmo a investir na bolsa de valores, o que não é real.
A economia envolve muito mais do que simples variáveis, ela é a grande
responsável por alocar, ou seja, distribuir, os recursos, que são limitados, entre
as pessoas. Ainda no primeiro tópico veremos os princípios básicos que a regem.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, escute nosso podcast. Recur-
sos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

SIGNIFICADO DE ECONOMIA

Começaremos nossa disciplina entendendo o significado de economia. Você certa-


mente já se deparou com algumas situações econômicas em seu dia a dia e ficou curio-
so para entender um pouco mais dos motivos pelos quais determinados fenômenos
ocorrem e as possíveis soluções para cada um dos problemas. Problemas como:

• variações na demanda;
• redução na oferta;
• desemprego;
• inflação;
• alterações na taxa de câmbio;
• carga tributária;
• aumento da taxa de juros.

9
T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

Esses são alguns problemas que a economia estuda. Agora que você já relem-
brou algumas questões econômicas, deve estar se perguntando: mas o que de
fato é economia?
Em termos etimológicos, a palavra economia
oikós (casa) +
vem do grego: oikós (casa) + nomos (norma, lei) =
nomos (norma, lei) =
“administração da casa”. É isso mesmo, a economia
“administração
funciona da mesma maneira que a nossa casa: tra- da casa”
balhamos para receber um salário, dividimos nossa
renda para pagar as contas, procuramos viver na maior harmonia possível, caso
não tenhamos dinheiro para todas as contas, pegamos empréstimos, se sobrar
dinheiro, fazemos investimentos etc. Da mesma forma que ocorre em uma em-
presa e em um país.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

O que difere é que na economia estudamos os diferentes tipos de sistemas


econômicos que administram seus recursos, com a finalidade de produzir bens
e serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades da população (PASSOS;
NOGAMI, 2012). Então, podemos definir economia como sendo uma ciência social
que trata do estudo da alocação dos recursos escassos na produção de bens e
serviços para a satisfação das necessidades ilimitadas ou desejos humanos.

A partir da definição de economia, não podemos deixar de fazer duas observa-


ções: você percebeu que as palavras “recursos escassos” e “necessidades ilimita-
das” estão em negrito? Isso porque são dois conceitos que precisam ficar muito
claros para o entendimento da economia. As palavras recursos escassos estão em
negrito, pois a escassez, que pode ser definida como a situação em que os recursos
são limitados, é a escassez variável culpada por todos os problemas econômicos.
Então, podemos afirmar que a economia tem como objeto de estudo a escas-
sez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia, ou se as necessidades
da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que todas as
necessidades seriam satisfeitas. Assim, só existe a economia porque precisamos
distribuir os recursos produtivos escassos ou limitados, de forma que satisfaça
todas ou a maior parte possível das necessidades humanas.

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U N I AS S E LVI

P E N SA N DO J UNTO S

É importante observar que a escassez está relacionada a diversas variáveis, como


tempo, dinheiro, espaço físico, matéria-prima, mão de obra, seja especializada ou
não, dentre outras; por esse motivo, está presente em todas as economias, seja
em países ricos, como os Estados Unidos — que é a maior economia do mundo
—, seja em países em desenvolvimento, como os países do continente africano.
Por exemplo, talvez no Brasil não tenhamos escassez de espaço para produção
de bens agrícolas, mas no Japão tem; por outro lado, no Brasil falta tecnologia e
no Japão não. Compreendeu o funcionamento da escassez? Espero que sim, pois
esta é a base de todo o estudo da economia.

As necessidades ilimitadas estão destacadas, pois, diferente da escassez, os de-


sejos humanos são ilimitados, ou seja, nunca terminam. Por exemplo, temos R$
50,00 para ir ao shopping comprar uma blusa. Chegando lá, compramos uma
blusa, mas logo desejamos uma calça ou uma bolsa e assim sucessivamente. Sem
falar nas necessidades básicas, como alimentação e moradia. Lembre-se que a
economia estuda o todo/agregada, assim, mesmo que uma pessoa não tenha,
individualmente, desejos ilimitados ou que todas suas necessidades sejam satis-
feitas, na economia como um todo não é assim que funciona. Resumindo, temos
um sério problema quando:

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

Recursos Escassos X Necessidades Humanas Ilimitadas

Escassez de bens

Problema!
Figura 1 - Fluxograma / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um fluxograma por meio de setas. O fluxograma começa com R
­ ecursos escas-
sos X Necessidades humanas ilimitadas, gerando escassez de bens e, em consequência, problema. Fim da descrição.

Mais uma vez, caso os recursos forem escassos, mas as necessidades humanas
fossem limitadas, não teríamos problema, ou se os recursos fossem ilimitados e
as necessidades humanas também, não haveria problema. O grande problema é
quando os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas.

“A economia é a ciência da escassez ou das escolhas".


(Judas Tadeu Grassi Mendes)

Com base no que discutimos até agora, é possível perceber que a Ciência Econô-
mica procura responder, mesmo que de forma parcial, questões como:
■ Como os preços são determinados?
■ Como reduzir a inflação?
■ Como melhorar a distribuição de renda de um país?
■ Como fazer com que aumente o número de empregos?
■ Quais são as funções do governo?
■ Por que uma crise internacional afeta a economia nacional?

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U N I AS S E LVI

PRINCÍPIOS DE ECONOMIA

Você já conhece o significado de economia e seu objeto de estudo, que é a escas-


sez. Agora, discutiremos as dez ideias centrais que regem a economia. Mankiw
(2012) dividiu os dez princípios da economia em três grupos: como as pessoas
tomam decisões, como as pessoas interagem e como a economia funciona.

Grupo 1: como as pessoas tomam decisões

O comportamento da economia reflete o comportamento das pessoas que


dela fazem parte. Por essa razão, temos quatro princípios de tomada de deci-
são ­individual.
Princípio 1: as pessoas enfrentam trade-offs.
Para começarmos a discutir o primeiro princípio, é importante que você saiba
o que a expressão trade-off significa para a economia. Tra-deoff é uma situação
de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação tem como objetivo resolver um
determinado problema e acaba acarretando outros; por exemplo: uma forma de
fazer com que um país cresça é aquecendo a demanda, porém, ao aumentar a
demanda, os preços sobem e geram inflação.

Então, o objetivo inicial, que era fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB)
aumentasse, acabou por fazer com que a taxa de inflação também aumentasse.
Nesse caso, existe um trade-off entre crescimento e inflação.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

A situação apresentada anteriormente reflete a tomada de decisão, ou seja, “nada


é de graça”, como diz o provérbio. Na economia, nada é de graça também, pois
sempre que queremos alguma coisa, precisamos abrir mão de outra coisa que
gostamos. Assim, precisamos tomar decisões, fazer escolhas e renunciar a algo
em decorrência de outro objetivo.

P E N SA N D O J UNTO S

Neste momento, por exemplo, você dedicou, digamos, duas horas do seu dia para
estudar a disciplina Economia e Sociedade, para isso, você teve que abrir mão de out-
ra atividade, como ver televisão, porém você tem outra escolha, você pode dividir as
duas horas entre estudar e ver televisão, neste caso, você estará abrindo mão de uma
hora de estudo para assistir uma hora do seu programa favorito. Essa foi sua escolha.

Diariamente, ou melhor, a toda hora, temos trade-offs e precisamos fazer escolhas.


O governo e as empresas também precisam tomar decisões a toda hora.
Princípio 2: o custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la.
Como enfrentamos diversos trade-offs, ao tomar decisão é necessário compa-
rar os custos com os benefícios gerados para cada alternativa possível, porém nem
sempre o custo de uma ação é muito claro, mas, mesmo assim, precisa ser avaliado.

AP RO F U N DA NDO

A situação apresentada é chamada de custo de oportunidade, que é definido


por Mankiw (2012) como aquilo de que você abre mão para obter outro item.
Nesse exemplo, você abriu mão de parte do seu salário, de hoje, para pagar
a mensalidade e de parte do seu dia, para estudar, em função de cursar uma
graduação para ter, futuramente, aumento salarial, novas oportunidades de em-
prego e aumento de seu conhecimento.

Então, como você percebeu, o custo de oportunidade está presente em todas as


situações de escolha. Nós sempre precisamos levar em consideração, ao tomar
uma decisão, do que estamos abrindo mão, ou seja, custos e benefícios daquela
ação, bem como a empresa e o governo que também precisam analisar o custo
de oportunidade sempre.

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U N I AS S E LVI

Princípio 3: as pessoas racionais pensam na margem.


Para a economia, as pessoas são racionais, ou seja, são capazes de fazer o
máximo para alcançar seus objetivos, sempre de forma direta e sistemática, a
partir das oportunidades que surgem, porém uma pessoa racional sabe que
imprevistos surgem e, como são racionais, são capazes de fazer pequenos ajus-
tes em seu plano de ação, o que é chamado de mudança marginal. Então, uma
pessoa racional compara, ao tomar decisão, o custo marginal com o benefício
marginal daquela ação.

P E N SA N DO J UNTO S

Neste momento, você deve estar achando que não compreendeu muito bem os
princípios até aqui explicados, mas com um exemplo ficará mais fácil. Imagine uma
empresa aérea que tem um avião de 200 lugares e o voo custa à empresa 100 mil
reais. O custo médio de cada poltrona é de 100 mil divididos por 200 lugares, o que
dá 500 reais; ou seja, o valor mínimo da passagem deve ser de R$ 500,00, porém, a
poucas horas de decolar, esse avião está com dez lugares vagos e os passageiros
potenciais estão dispostos a pagar R$ 300,00 pela passagem.

A empresa venderá a este valor, pois o custo marginal desses dez passageiros é
muito pequeno, quase insignificante e esses passageiros irão consumir alimentos
a bordo, o que mostra o custo marginal.
Princípio 4: as pessoas reagem a incentivos.
Dado que pessoas racionais tomam decisões comparando o custo com o
benefício daquela ação, o incentivo exerce papel fundamental para essa escolha,
pois o incentivo é algo que faz com que uma pessoa racional aja; por exemplo
quando o preço da alface aumenta, as pessoas irão reduzir o consumo dessa
verdura e substituí-la por outra, como a chicória.
A mesma situação acontece quando o governo implementa uma política pú-
blica. A nova política pública, por exemplo, o aumento da taxa de juros, irá alterar
o comportamento das pessoas e isso deve ser levado em consideração.
Terminamos aqui nossa discussão sobre o primeiro grupo de princípios bá-
sicos da economia e você, agora, já sabe como as pessoas tomam suas decisões.
Esses princípios são importantes em nossa disciplina, já que estamos falando em
tomada de decisão.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

VOCÊ SABE RESPONDER?


Qual foi um trade-off importante que você enfrentou recentemente na sua vida
profissional? Sua escolha foi racional? Você levou em consideração os custos e
benefícios da sua ação?

Grupo 2: como as pessoas interagem


Vimos de que forma as pessoas tomam decisões, porém sabemos que, muitas
vezes, uma decisão nossa afeta a vida de outras pessoas, ou seja, nós interagimos
com os demais. Neste grupo, discutiremos três princípios que dão suporte a como
as pessoas interagem.
Princípio 5: o comércio pode ser bom para todos.
A visão de que dois países que produzem o mesmo tipo de bem são con-
correntes é equivocada, pois, apesar de as empresas concorrerem por clientes,
o comércio entre os países é bom para todos. Isso acontece em razão de o país
A se especializar em um determinado bem, exportar este bem e importar ou-
tro bem que necessita, mas que não é especialista. Então, os países dependem
uns dos outros.

Princípio 6: os mercados são, geralmente, uma boa maneira de organizar a


­atividade econômica.
Hoje, sabemos que a forma mais eficiente de organizar a atividade econômica
é por meio do próprio mercado, ou seja, da chamada economia de mercado. Esta

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U N I AS S E LVI

é definida por Mankiw (2012) como uma economia que aloca recursos por meio
das decisões descentralizadas das empresas e famílias, quando estas interagem
nos mercados de bens e serviços.
Nesse caso, a economia é controlada via pre-
Nesse caso,
ços. O comprador verifica o preço ao determinar
a economia é
a demanda por bens e serviços e os vendedores
controlada via
analisam o preço ao decidir a oferta. O preço for- preços
mado pela relação entre demanda e oferta reflete
o preço de mercado por bens, serviços e o custo da manufatura, no entanto
é importante observar que o governo pode e deve, em muitos casos, tomar
medidas de forma a impedir que o mercado se ajuste sozinho. Medidas essas
como impostos, subsídios, dentre outras.
Princípio 7: às vezes, os governos podem melhorar os resultados
dos ­mercados.
Como discutido no Princípio 6, os mercados procuram se estabilizar por
meio dos preços, porém o governo tem papel importante, mesmo em eco-
nomias de mercado. O papel do governo é fazer com que as regras sejam
cumpridas, garantindo o chamado direito de propriedade, essa garantia se
dá mediante as instituições. Direito de propriedade é definido por Mankiw
(2012) como a habilidade de um indivíduo de possuir e exercer controle sobre
­recursos escassos.

O direito de propriedade é um incentivo para empresas e famílias produzirem.


Além de garantir o direito de propriedade, o governo deve intervir na economia
de mercado, para garantir a eficiência e promover a igualdade, já que o mercado
sozinho nem sempre consegue fazer.

Com relação à eficiência, os mercados nem sempre conseguem alocar os


recursos de forma eficiente, gerando as chamadas falhas de mercado. As falhas
de mercado acontecem em razão das externalidades e do poder de mercado.
Externalidade é quando a ação de um indivíduo afeta o bem-estar de outros.
Já o poder de mercado é a capacidade de um ou um grupo de agentes eco-
nômicos influenciar os preços de mercado de forma significativa. Com relação à
igualdade, é dever do governo promover políticas públicas que procuram dar as
mesmas condições a todos os agentes econômicos.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

Grupo 3: como a economia funciona.


Os dois grupos de princípios da economia, que discutimos juntos, formam o
terceiro grupo,“como a economia funciona”, pois o modo como os agentes tomam
decisões e interagem formam a economia.
Princípio 8: o padrão de vida de um país depende de sua capacidade de
produzir bens e serviços.

AP RO F U N DA NDO

Sabemos que existe grande diferença no padrão de vida dos países e essas mu-
danças no padrão de vida, ao longo do tempo, também variam. Esse fato é ex-
plicado pela produtividade, ou melhor, pela diferença entre a produtividade dos
países. Por produtividade entende-se a quantidade de bens e serviços produzidos
por unidade de insumo de mão de obra (MANKIW, 2012).

Então, em países em que a produtividade é maior, o padrão de vida também é


maior. Países com produtividade baixa tendem a ter um padrão de vida menor.
Neste caso, cabe ao governo implementar políticas públicas que procuram au-
mentar a produtividade do país.
Princípio 9: os preços sobem quando o governo emite moeda demais.
Inflação é definida como o aumento contínuo
Inflação é definida
e generalizado de preços. Dessa forma, quando o
como o aumento
governo emite moeda, teremos mais moeda em cir-
contínuo e
culação, dando a impressão, para a população, de generalizado de
aumento do poder aquisitivo. Com isso, as pessoas preços
demandarão mais bens e serviços, fazendo com que
os preços subam.
Além disso, quando o governo emite moeda o valor dela diminui, gerando
aumento de preços, lembre-se que a moeda é um bem como outro qualquer.
Princípio 10: a sociedade enfrenta um trade-off de curto prazo entre inflação
e desemprego.
O aumento da quantidade de moeda em circulação estimula o nível geral de
consumo e, assim, há aumento na demanda por bens e serviços. O aumento da
demanda pode fazer com que as empresas aumentem os preços dos seus bens e
serviços, gerando inflação.

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U N I AS S E LVI

CONCEITOS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS

Neste subtema, iremos discutir alguns conceitos econômicos básicos e funda-


mentais para o entender da disciplina e da economia como um todo. Você irá
perceber que são conceitos fáceis de compreensão e que fazem parte do nosso
dia a dia, porém não esqueça que todos os conceitos que iremos discutir estão
relacionados com os princípios básicos da economia. Vamos lá?

As questões econômicas fundamentais

Após entender o conceito e o objeto de estudo da economia, podemos afirmar


que qualquer economia, independentemente de ser rica ou pobre, capitalista ou
socialista, industrializada ou em processo de industrialização, procura responder
às seguintes perguntas:
■ O que produzir?
■ Quanto produzir?
■ Para quem produzir?
■ Como produzir?
Vamos entender cada uma dessas perguntas?

“O QUE PRODUZIR?”

Significa definir quais bens e serviços a economia irá fabricar. Esta não é uma decisão
fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não podemos produzir
tudo que desejamos ou que precisamos, em outras palavras, aumentar a produção de
um determinado bem significa reduzir a quantidade produzida de outros bens.
Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem de ser definida a ­quantidade
do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-alvo do produto.

“PARA QUEM PRODUZIR?”

É a renda desse consumidor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de merca-
dorias que ele poderá adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram, que quem irá
influenciar a decisão da empresa/país são os consumidores.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

“COMO PRODUZIR?”

A empresa/país define o melhor processo produtivo, ou seja, como fabricar o bem na


quantidade escolhida, da forma mais eficiente possível. Dado que os recursos produ-
tivos são escassos, a empresa deverá escolher a combinação desses recursos com o
menor custo possível para fabricar bens e serviços.

Curva de possibilidade de produção e custo de oportunidade

Como discutimos, a economia está ligada ao problema da escolha, já que os recur-


sos produtivos são limitados e as necessidades humanas são ilimitadas, em outras
palavras, é imposta aos agentes econômicos uma escolha para a produção/consu-
mo de diversos tipos de bens e serviços. Para entender melhor como a escolha é
feita, vamos supor a seguinte situação hipotética para uma determinada economia:

A) UMA ECONOMIA SÓ PRODUZ DOIS BENS

Bem X e bem Y, que você pode, por exemplo, chamar de roupas e alimentos.

B) A QUANTIDADE E A QUALIDADE

A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são fixas, ou seja, independente


de produzir o bem X ou o bem Y, a quantidade e a qualidade dos recursos produtivos
serão as mesmas.

C) PLENO EMPREGO

Existe pleno emprego, ou seja, essa economia produz o máximo que ela pode, dada a
quantidade de recursos produtivos que ela tem disponível.

D) TECNOLÓGICO

A tecnologia é constante, já que o uso da tecnologia é uma forma de aumentar a pro-


dução, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção disponíveis.

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U N I AS S E LVI

Após apresentar os pressupostos da economia hipotética, podemos verificar a


quantidade de cada bem que poderá ser produzido dado os recursos produtivos
que temos disponíveis. Isso pode ser visto no Quadro 1:

BEM QUANTIDADE

X (roupas) 180 160 150 130 100 60

Y (alimentos) 10 20 30 40 50 60

Ponto 1 2 3 4 5 6

Quadro 1 - Quantidade de cada bem que pode ser produzido dada a quantidade de fatores de produção
disponível / Fonte: a autora.

Caso a economia queira produzir tanto o bem X quanto o bem Y, ela deverá “abrir
mão” de determinada quantidade de um bem para produzir o outro. Por exemplo,
para produzir 20 unidades de Y, a empresa deverá deixar de produzir 20 unidades
de X, ou, para 30 unidades de Y, deverá deixar de produzir 20 unidades de X. Para
ficar mais fácil, vamos visualizar essa situação por meio da Figura 2.

Figura 2 - Curva das possibilidades de produção ou curva de transformação da situação hipotética


­apresentada / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: o gráfico mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá produzir
dados os fatores de produção limitados. Isso é conhecido como curva das possibilidades de produção ou curva
de transformação. Fim da descrição.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

Então, qualquer ponto sobre a curva mostra que a quantidade de bens X e Y que a
economia poderá produzir nessa situação está em pleno emprego.

Agora, qualquer ponto baixo da curva, como o Ponto 7, que pode ser visto na
Figura 3, a economia poderá produzir, porém, caso produza no Ponto 7, a econo-
mia é ineficiente e não está em pleno emprego, pois haverá recursos produtivos
para produzir mais, em outras palavras, haverá capacidade ociosa.

Figura 3 - Pontos de produção que estão fora da curva das possibilidades de produção / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem traz um gráfico X e Y, no qual X é roupas (milhares) e Y, alimentos (toneladas).
O gráfico realça os pontos de produção que estão fora da curva das possibilidades de produção. Fim da descrição.

Ainda, analisando a Figura 3, podemos verificar que tem o Ponto 8. Dada a tec-
nologia constante, produzir no Ponto 8 é impossível, pois não temos recursos
produtivos suficientes, porém existe uma forma de a economia chegar ao Ponto
8, que é por meio da tecnologia.

A P RO F UNDA NDO

A tecnologia é um fator que desloca a curva das possibilidades de produção, pois,


como já discutimos, podemos produzir mais, dados os mesmos fatores de pro-
dução disponíveis, ou seja, aumenta a capacidade produtiva da empresa.

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U N I AS S E LVI

Essa situação pode ser vista na Figura 4.

Figura 4 - Deslocamento da curva das possibilidades de produção dada uma mudança tecnológica /
Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico X e Y, no qual X é roupas (milhares) e Y, alimentos (tone-
ladas). Neste gráfico, a curva das possibilidades de produção está deslocada, devido uma mudança tecnológica.
Fim da descrição.

No mundo real, pode acontecer de a curva das possibilidades de produção se


deslocar mais em direção a um bem do que a outro, isso acontece em razão de
os bens não possuírem exatamente o mesmo processo produtivo ou as mesmas
quantidades de todos os fatores de produção. Então, o recurso produtivo que seja
mais afetado pela tecnologia tende a deslocar mais a curva de transformação.
Tudo o que discutimos sobre curva das possibilidades de produção também
nos mostra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o
custo de oportunidade, no qual a empresa teve de “abrir mão” de certa quantidade
produzida do bem Y em função da produção do bem X.

Então, o custo de oportunidade pode ser definido como o sacrifício de se transferir


os recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um bem ou
serviço que se deve renunciar para obter outro.

É importante observar que só existe custo de oportunidade se a economia esti-


ver funcionando em pleno emprego, ou seja, se os recursos forem plenamente
utilizados, como os Pontos de 1 a 6 da Figura 1.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

E U IN D ICO

O termo custo de oportunidade é muito utilizado na economia, mas por não ser
facilmente quantificável, é, muitas vezes, difícil para profissionais de outras áreas
compreender. Por este motivo, sugiro o texto Custo de Oportunidade: Oculto na
Contabilidade, Nebuloso na Mente dos Contadores.
Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema.


Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Agora, você já sabe exatamente o que é economia e o que essa ciência tão fabulosa
estuda. Vimos que a economia vai muito além da ciência que estuda o dinheiro
ou como as pessoas fazem investimento. As ciências econômicas têm como foco
as escolhas dos agentes econômicos, sempre com o objetivo de gerar bem-estar
social, essa escolha é feita porque os recursos produtivos são escassos e as neces-
sidades humanas são ilimitadas.
Por este motivo, a economia é uma ciência social, e não uma ciência exata, já
que, apesar de utilizar alguns instrumentos matemáticos e estatísticos, ela estuda
a melhor forma de satisfazer as necessidades da sociedade. Discutimos, também,
alguns conceitos econômicos fundamentais que o ajudarão a compreender o fun-
cionamento da economia no mundo real, além disso, falamos dos dez princípios
econômicos e um pouco sobre os teóricos e seus modelos.

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AUTOATIVIDADE

1. Economia é uma palavra originária da língua grega, sendo a junção de duas outras palavras
(oikós, que significa casa e nomos, que pode ser traduzida como norma/lei), então, literal-
mente, economia é a “administração da casa”.

Com relação ao conceito de economia, assinale a alternativa correta:

a) É uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos escassos, na produção
de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos.
b) É uma ciência exata que trata do estudo da alocação dos recursos escassos, na produção
de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos.
c) É uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos ilimitados, na ­produção
de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos.
d) É uma ciência exata que trata do estudo da alocação dos recursos ilimitados, na ­produção
de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos.
e) É uma ciência social que trata do estudo da matemática para alocar os recursos ilimita-
dos, na produção de bens e serviços, para a geração máxima de lucro.

2. Estudamos alguns conceitos básicos de economia, incluindo seu significado.

Com relação ao que foi discutido, podemos afirmar que todos os problemas estudados em
economia são originários de uma variável ou situação, que é:

a) Desigualdade da distribuição de renda.


b) Pouca produção nacional.
c) Da escassez de recursos produtivos.
d) Da corrupção dos agentes econômicos.
e) Da abundância dos recursos produtivos.

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AUTOATIVIDADE

3. Dado que os recursos são escassos, ou seja, são limitados, e as necessidades humanas são
ilimitadas, todas as economias, independente do seu grau de desenvolvimento econômico,
procuram responder a quatro perguntas básicas.

Com relação a essas perguntas, relacione a primeira com a segunda coluna:

I - O que produzir? a. Público-alvo.


II - Quanto produzir? b. Variedade de bens e serviços.
III - Como produzir? c. Quantidade.
IV - Para quem produzir? d. Processo produtivo.

Marque a alternativa que relaciona corretamente as colunas.

a) Ia; IIb; IIIc; IVd.


b) Ib; IIa; IIId; IVc.
c) Ic; IId; IIIb; IVa.
d) Ib; IIc; IIId; IVa.
e) Id; IIc; IIIa; IVb.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS

MANKIW, N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2012.

MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2004.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

VASCONCELOS, A. S.; GARCIA, M. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008.

VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. D. Introdução à economia. 10. ed. São Paulo: Frase Editora, 2010.

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GABARITO

1. Opção A.

2. Opção C.

3. Opção D.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 2

CLASSIFICAÇÃO DE BENS
E SERVIÇOS

MINHAS METAS

Estudar bens e consumo.

Conhecer um pouco de economia política.

Aprofundar conceitos referentes à economia política.

Aprender conceitos e temas do sistema capitalistas.

Compreender conceitos como empresa, consumidor e outros.

Aprofundar conceitos econômicos fundamentais.

Conceituar brevemente a microeconomia.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Faremos uma discussão inicial e básica sobre a economia política. Esta seção é importante
para a compreensão dos fundamentos teóricos e ideológicos das ciências econômicas.
Ao final deste tema de aprendizagem, você será capaz de compreender con-
ceitos econômicos fundamentais que influenciam a sociedade como um todo,
seja governo, empresas, consumidores e os outros países.
Além disso, você vai conhecer como funcionam as classificações de bens e servi-
ços, suas características e os agentes econômicos que influenciam o s­ istema capitalista.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, escute nosso podcast. Recur-
sos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS E SERVIÇOS

Bens e serviços podem ser definidos como tudo


com relação a sua
aquilo capaz de atender uma necessidade humana.
raridade e com
Lembrando que as necessidades humanas são ilimi- relação a quem os
tadas e que cada pessoa tem a sua necessidade. Os oferta
bens podem ser classificados de duas formas prin-
cipais: com relação a sua raridade e com relação a quem os oferta. No que diz
respeito à raridade, os bens e serviços podem ser:

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

LIVRES

São aqueles bens em que a quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum
esforço humano, por esse motivo não têm preço, e a economia não se preocupa com
eles, por exemplo, mar, rio, lagoa, oxigênio, dentre outros.

ECONÔMICOS

São bens e serviços limitados (escassos), têm valor de mercado e precisam de esforço
humano para produzi-los, por exemplo, carro, computador, caneta, dentre outros. Os
bens e serviços econômicos são os bens estudados pela economia.

Os bens econômicos podem ser classificados, quanto a sua natureza, em:

a) M
 ateriais – são bens tangíveis e que podem ser estocados. Por exemplo,
computador, sapato, roupa etc. Podem ser:
• Consumo – bens duráveis e de consumo imediato. Exemplo: roupa.
• Intermediário – necessários para fabricação de bens de consumo. Exemplo:
matéria-prima.
• Capital – permitem produzir bens. Exemplo: máquinas.

b) I materiais ou serviços – são intangíveis, não podem ser estocados e, assim que são
consumidos, acabam, como uma consulta médica, uma aula ou uma consultoria.

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U N I AS S E LVI

VOCÊ SABE RESPONDER?


A partir do que foi discutido sobre bens econômicos materiais e imateriais, farei uma
pergunta para você: uma passagem de metrô é um bem material ou um serviço?

O ticket do metrô é um bem material, pois conseguimos estocar, porém a via-


gem feita é um serviço, assim que descemos do metrô, o bem acabou. Os bens e
serviços também podem ser classificados de outra forma em relação a quem os
oferta. Nesse caso, podem ser:

Públicos

São bens ou serviços ofertados pelo


governo e têm como características serem
não exclusivos e não disputáveis, ou seja,
independentemente de quem paga por eles,
no caso, por meio de impostos, todos poderão
consumir, e o consumo de uma pessoa não
exclui o consumo de outra. Por exemplo, a
segurança pública e o corpo de bombeiros.

Privados

São bens ou serviços ofertados pelas


empresas e têm como características serem
disputáveis e exclusivos, ou seja, só quem
pagar pelo bem poderá levá-lo para casa e
o consumo de uma pessoa exclui o consumo
da outra, como uma roupa ou um alimento.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

Veja no Quadro 1 a classificação dos bens quanto a quem os oferta.

CARACTERÍSTICA BEM PÚBLICO BEM PRIVADO

É rival Não Sim

É excludente Não Sim

Quadro 1 - Comparação entre bem público e bem privado / Fonte: a autora.

Conforme podemos ver no Quadro 1, se um determinado bem é não rival e não


excludente, ele é um bem público. Caso contrário, é um bem privado. Para ilustrar
essa situação, vamos pensar em dois bens, iluminação pública e carro. Primei-
ro, sabemos que o mesmo carro não pode ser consumido, no caso, comprado,
por duas pessoas diferentes. Neste caso, o seu consumo é rival.
Em segundo lugar, o consumo do carro é excludente, pois, se a pessoa não
pagar pelo carro, a empresa não venderá. Já no caso da iluminação pública, não
é possível uma pessoa ter e a outra, na mesma rua, não ter, e nem o consumo por
parte de um indivíduo excluir o consumo do outro.

Agentes econômicos no sistema capitalista

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U N I AS S E LVI

Para fabricar bens e serviços, comprar produtos, pagar tributos, regular a econo-
mia, dentre outros, ou seja, para fazer com que a economia gire, são necessários
os agentes econômicos, que podem ser definidos como sendo pessoa de natureza
física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribui para o funcionamento
do sistema econômico. Esses agentes podem ser classificados em:

A) EMPRESAS

Também são conhecidas como unidades produtivas, são responsáveis pela produção
e comercialização dos bens e serviços. As empresas combinam os fatores de pro-
dução da forma mais eficiente possível para fabricar bens e serviços, de modo a obter
o máximo de lucro.

B) FAMÍLIA

Conhecida como consumidores, incluem, segundo Passos e Nogami (2012), todos


os indivíduos e unidades familiares da economia; têm como função adquirir bens
e serviços, além disso, são proprietários do fator de produção trabalho, em outras
­palavras, trabalhamos para receber salários para poder comprar bens e serviços.

C) GOVERNO

São as organizações que estão, direta ou indiretamente, sob o domínio do Estado e


que atuam no sistema econômico. Temos o Governo Federal, Estadual e Municipal,
além das leis e regulações. O governo pode intervir na economia de duas formas,
segundo Passos e Nogami (2012), atuando como empresários e produzindo bens e
serviços por meio das empresas estatais ou contratando serviços, comprando mate-
riais, equipamentos etc. O governo pode intervir, também, por meio de regulações,
tendo como objetivo controlar o mercado, para este se tornar eficiente.

D) SETOR EXTERNO

São os demais países que, ao fazer comércio com o Brasil, acabam influenciando a
economia, sendo, também, influenciados. Assim, o setor externo é composto por todas
as instituições que mantêm relações econômicas com o país/economia que se está
analisando e que tenham sua estrutura física fora das fronteiras geográficas deste.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

Assim, visando desenvolver e/ou fazer crescer as atividades econômicas, cabe a


toda economia o estabelecimento de suas normas. Normas estas que devem ser
respeitadas/cumpridas por todos os agentes. Por exemplo, as unidades produtivas
devem ter autorizações específicas, entre elas, o alvará de ­funcionamento para
atuar, ou seja, para produzir e comercializar seus produtos.
Essa é apenas uma das normas que compõem as inúmeras existentes nas
economias. Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familia-
res, bem como com os setores públicos e externos, formam o que chamamos
de sistema econômico. Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o
capitalismo e o socialismo.

A P RO F UN DA NDO

Aqui, trataremos apenas do capitalismo, haja vista que o sistema econômico em


questão é o sistema no qual a maioria das economias estão inseridas. O referi-
do sistema econômico depende das forças de demanda (consumidores) e de
oferta (produtores) para determinar preços, alocar recursos e distribuir a renda e
a produção, ao passo que o governo pouco se envolve na tomada de decisões
(MENDES, 2004).

Determinados a obter lucros cada vez maiores, os proprietários dos fatores de


produção ou recursos produtivos (os fatores de produção ou recursos produ-
tivos são de propriedade privada) tomam as decisões de produção.
Destaca-se que os lucros e prejuízos que porventura ocorram são resultados
das referidas decisões. Tais decisões tendem a afetar diretamente consumidores e
produtores, ao passo que os consumidores — dado seu nível de renda — buscam
maximizar suas satisfações, e os produtores — dados os seus fatores de produção
ou recursos produtivos — buscam maximizar seus lucros.
Nesse ínterim, os preços de mercado são os responsáveis por nortear as de-
cisões das firmas e dos indivíduos no quesito produção, distribuição e consumo,
contudo vale ressaltar que, neste tipo de sistema econômico, em todos os tipos
de atividades e segmentos, a concorrência é extremamente acirrada.
Em síntese, conforme nos mostra o Quadro 2, as principais características
do sistema econômico capitalista são:

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U N I AS S E LVI

PROPRIEDADE Dos fatores de produção, dos bens de consumo (duráveis e


PRIVADA não duráveis) e do dinheiro.

Responsável pelo controle do funcionamento da economia:


seleção de bens e quantidades a serem produzidos; com-
SISTEMA DE
binação e distribuição dos fatores de produção; seleção de
PREÇOS
técnicas e métodos de produção/organização e distribuição
dos bens entre membros da sociedade.

Incentivo à produção. Diferença entre Receita Total e Custo


LUCRO
Total de produção.

De grande importância. Entre as empresas e os proprietários


COMPETIÇÃO dos recursos, apesar da constante/crescente presença de
oligopólios e monopólios nos mercados.

Papel limitado, apesar da elevada participação do governo


GOVERNO
nas atividades econômicas atualmente.

Quadro 2 - Principais características do sistema capitalista / Fonte: Mendes (2004, p. 17-18).

Ainda que sejam inúmeras as críticas apontadas ao modo de produção em ques-


tão, esse tipo de sistema econômico, até então, tem-se revelado a opção mais
eficaz a título de organização da atividade econômica.

Segundo Mendes (2004, p. 18-19), estudiosos do assunto apontam o “a) antagonismo


entre o capital e o trabalho; b) a presença de elementos monopolísticos e c) a não
solução da justiça social” como as mais relevantes falhas do sistema.

Em contrapartida, apontam a alocação dos fatores de produção de modo eficiente


como a mais relevante qualidade do sistema em questão, ao passo que promove
ganhos de produção e bem-estar social. A eficiência na alocação dos recursos
produtivos é consequência da constante busca pelo aperfeiçoamento, em função
da acirrada competição existente e da incitação ao lucro.

Fatores de produção ou recursos produtivos

Podemos definir fatores de produção ou recursos produtivos como elementos limita-


dos que são utilizados no processo de fabricação de bens e serviços, que irão satisfazer
as necessidades humanas. Os fatores de produção têm como características serem

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

escassos, como você já deve ter percebido, versáteis, ou seja, podem ser utilizados para
diferentes fins, dito de outro modo, os fatores de produção fabricam diversos bens, e
podem ser combinados em proporções para produzir bens e serviços.
Após definir fatores de produção, é importante classificá-los. Os recursos
produtivos são:

A) RECURSOS NATURAIS OU TERRA

É a origem de todo processo produtivo, como terra, água, minerais, matérias-primas etc.

B) RECURSOS HUMANOS

É a contribuição do ser humano na produção. Podem ser físicos ou intelectuais. Como


trabalho físico, temos o trabalho de um agricultor no campo. Uma consulta médica é
considerada um trabalho intelectual.

C) CAPITAL

São bens utilizados no processo produtivo, como máquinas, construções,


­infraestrutura, dentre outros.

Atualmente, além dos três fatores de produção clássicos que citamos anterior-
mente, ainda temos a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fato-
res de produção, pois é fundamental a tomada de decisão dos empresários quanto
à utilização dos recursos produtivos.
A tecnologia também pode ser considerada um fator de produção. Para melhor
compreensão dos fatores de produção tradicionais, vamos analisar o ­Quadro 3.

Incluem toda a atividade humana (esforço físico e/ou


mental) utilizada na produção de bens e serviços, como:
os serviços técnicos do advogado, do médico, do eco-
nomista, do engenheiro, ou a mão de obra do eletricista,
MÃO DE OBRA
do encanador. Há economistas que consideram o capital
OU TRABALHO
humano um quarto tipo de fator de produção. Por capital
humano, considera-se o conhecimento e as habilidades
que as pessoas obtêm por meio da educação e da expe-
riência em atividades produtivas.

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U N I AS S E LVI

Consistem em todos os bens econômicos utilizados na


produção e que são obtidos diretamente da natureza,
como os solos (urbanos e agrícolas), os minerais, as águas
TERRA OU RECURSOS (dos rios, dos lagos, dos mares, dos oceanos e do subsolo),
NATURAIS a fauna, a flora, o sol e o vento (como fontes de energia),
dentre outros. Esses recursos são um presente da natu-
reza. Para se referir a todos os tipos de recursos naturais,
alguns economistas utilizam o termo “terra”.

O fator de produção capital corresponde aos conjuntos


dos edifícios, máquinas, equipamentos e instalações que à
sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto é
denominado de estoque de capital da economia.
Quanto mais bens de capital dispuser a economia, mais
produtiva ela será (ou seja, mais bens e serviços poderá
CAPITAL
produzir). Observe que o conceito de capital como fator de
produção é um pouco diferente da palavra capital usada
na linguagem comum, quando é utilizada para designar
uma quantia em dinheiro (ou outro ativo financeiro) que
­determinada pessoa possui para iniciar um determina-
do ­negócio.

Quadro 3 - Fatores de produção / Fonte: Mendes (2004, p. 5).

Em suma, os fatores de produção ou recursos produtivos (inputs), isto é, os


solos, os minerais, as águas, a fauna, a flora, o sol, o vento, os serviços técnicos
especializados, a mão de obra do operário, os conjuntos dos edifícios, as má-
quinas, os equipamentos, as instalações, dentre outros, dadas suas principais
características (escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis),
quando alocados, promovem ao longo do processo produtivo uma expressiva
produção (outputs), ou seja, promovem uma ampla gama de bens e serviços.

Setores econômicos

Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos


os fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão
de obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004).

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de


produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um
dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções
diferentes. Em outras palavras, temos atividades de produção ou setores da
economia que são intensivos em terra ou recursos naturais, outros em mão de
obra ou ­tra­balho e, ainda, outros que são intensivos em capital.

O autor nos explica, ainda, que a intensidade/proporção de uso/emprego dos


fatores de produção ou recursos produtivos classifica as atividades de produ-
ção ou setores da economia em atividades primárias, secundárias e terciárias de
­produção. Vamos entender cada uma delas?

A) ATIVIDADES PRIMÁRIAS DE PRODUÇÃO OU SETOR PRIMÁRIO

Agricultura (lavouras permanentes, temporárias, horticultura, floricultura); pecuária


(criação e abate de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração vegetal (produção
florestal: silvicultura e reflorestamento).

B) ATIVIDADES SECUNDÁRIAS DE PRODUÇÃO OU SETOR SECUNDÁRIO

Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e não metálicos); indústria de transfor-


mação (produtos alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química,
fiação e tecelagem, vestuário, calçados, material elétrico, de telecomunicações e de
transporte, produtos de matérias plásticas, bebidas, fumos), indústria da construção
(obras públicas e construções privadas).

C) ATIVIDADES TERCIÁRIAS DE PRODUÇÃO OU SETOR TERCIÁRIO

Comércio (atacadista e varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e


aeroviários); comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiodifusão
e TV); intermediação financeira (bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras
de ­valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e
locação); hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes);
reparação e manutenção (máquinas, veículos e equipamentos); serviços pessoais
(cabeleireiros, barbeiros); outros serviços (assistência à saúde, educação, cultura, lazer,
culto ­religioso) e governo (federal, estaduais e municipais).

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U N I AS S E LVI

Funcionamento do sistema capitalista

As bases de um sistema econômico capitalista podem ser mais bem discutidas


por meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações
com o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo. Ob-
serve que as instituições familiares e produtivas, nesse modelo, interagem em
apenas dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado
de fatores de produção (MENDES, 2004).

A P RO F UNDA NDO

Nessa direção, as unidades familiares oferecem, no mercado de fatores de pro-


dução, recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem no
mercado de bens e serviços sua produção. Por outro lado, as unidades familiares
demandam no mercado de bens e serviços a produção das empresas, ao pas-
so que as unidades produtivas demandam no mercado de fatores de produção
os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados é
chamada de fluxo real da economia.

Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é empregada para
remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem como para o pagamen-
to dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se um fluxo monetário. A união
dos fluxos real e monetário da economia origina o que chamamos de Fluxo Circular
de renda. O Quadro 4 descreve sucintamente as interações que compõem esse fluxo.

MERCADO DE BENS MERCADO DE FATORES


ATIVIDADE
E SERVIÇOS DE PRODUÇÃO
Produtos das empresas para Os principais fatores de produção
Fluxo Real satisfazer as necessidades são: Terra ou Recurso Natural, Mão
dos consumidores. de obra ou Trabalho e Capital.

As empresas remuneram as famílias


pelo uso dos fatores, por meio de:
As famílias transferem
Salários (trabalho).
Fluxo parte de suas rendas às
Dividendos (Capital).
­Monetário empresas, ao adquirirem
Juros (Capital).
seus produtos.
Lucros (Capital).
Aluguel (Tou RN).

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

MERCADO DE BENS MERCADO DE FATORES


ATIVIDADE
E SERVIÇOS DE PRODUÇÃO

Exercida pelas Exercida pelas instituições


Oferta
instituições produtivas. ­familiares.

Exercida pelas Exercida pelas


Demanda
instituições familiares. instituições ­produtivas.

Por meio dos preços


Interação Por meio dos preços dos f­ atores.
dos produtos.

Quadro 4 - Interações entre famílias e empresas nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção
Fonte: Mendes (2004, p. 22).

Destaca-se que, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado dos


fatores de produção, visando determinar os preços, as forças da oferta e da de-
manda atuam em conjunto. Assim, no mercado de bens e serviços essa intera-
ção forma os preços dos produtos, ao revés do mercado de fatores de produção,
que forma os preços dos recursos produtivos.

Por fim, vale ressaltar que as interações entre famílias e empresas, nesses mercados,
são limitadas pela escassez; em outras palavras, as famílias, embora tenham desejos
ilimitados, possuem rendas limitadas ao passo que empresas, devido a recursos
produtivos finitos, incorrem em restrições de produção (MENDES, 2004).

Divisão da Ciência Econômica

Devido a fins metodológicos para estudos econômicos, divide-se a ciência eco-


nômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroecono-
mia. A microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 9), “é o ramo da
teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado
produto ou grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre
compradores e vendedores em determinados mercados, como no mercado de
produtos alimentícios.

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U N I AS S E LVI

Assim, o estudo da microeconomia está voltado, dentre outros, para: a) institui-


ções individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos; b) comporta-
mento dos consumidores; c) comportamento das empresas; d) estruturas e meca-
nismos de funcionamento dos mercados; e) funções e imperfeições dos mercados;
f) remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda nacional e g)
preços que as empresas recebem por suas produções ­(ROSSETTI, 2008).

AP RO F U NDA NDO

A macroeconomia, por sua vez,

[...] é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia


como um todo, procurando identificar e medir inúmeras variáveis tais como:
nível de produção total, investimento agregado, poupança agregada, nível de
emprego, nível geral de preços etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 9).

Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, dentre outros, para:

a) a economia em seu conjunto;


b) o desempenho total da economia, dado as causas e os mecanismos de
correção das flutuações;
c) os agregados macroeco­nômicos, tais como PIB e RN;
d) as relações entre macrovariáveis, tais como investimento e nível de emprego;
e) as medidas de tendência central, tais como taxas de juros e de câmbio;
f) as trocas internacionais; e
g) o crescimento e desenvolvimento das economias (ROSSETTI, 2008).

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

IN D ICAÇÃO DE LI V RO

O Livro da Economia
Escrito, por professores e estudiosos, de maneira simples e
acessível, este é um livro completo e atualizado sobre econo-
mia. Nele, há breves biografias de economistas, citações dos
grandes pensadores, linha do tempo com os principais acon-
tecimentos, dentre outros.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema.


Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Acredito que você deve ter se surpreendido com a complexidade da economia, e
tenho certeza de que você ficará cada vez mais surpreso e encantado com o estudo
das ciências econômicas, uma vez que a economia está no nosso dia a dia, já que
vivemos economia desde o nosso nascimento até a nossa morte.
Qualquer decisão do governo afeta nossas vidas, qualquer decisão de um
membro da nossa família afeta a família como um todo, principalmente se essas
decisões forem econômicas. Assim, esperamos ter conseguido despertar em você
a curiosidade pela Ciência Econômica.

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AUTOATIVIDADE

1. Bens e serviços são tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana e podem ser
classificados em econômicos materiais ou serviços.

Com relação aos bens econômicos materiais, analise as afirmativas a seguir:

I - São bens tangíveis e estocáveis.


II - Podem ser de consumo final, consumo intermediário e de capital.
III - O lançamento de uma campanha política é um exemplo de bem de consumo.
IV - Os insumos, de uma forma geral, são exemplos de bens intermediários.

Marque a alternativa correta:

a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.


b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

2. A economia é dividida em duas grandes áreas: microeconomia e macroeconomia e cada


um desses ramos é responsável pelo estudo de determinadas variáveis.

Com relação à divisão da ciência econômica, marque a alternativa correta:

a) Tanto a microeconomia quanto a macroeconomia estudam o país como um todo.


b) A microeconomia é responsável por questões como a alta do dólar e a macroeconomia
pela relação entre oferta e demanda.
c) A microeconomia estuda os grupos, isoladamente, e a macroeconomia estuda a eco-
nomia como um todo.
d) Tanto a microeconomia quanto a macroeconomia estudam os grupos isolados.
e) A microeconomia estuda questões que não trazem grandes problemas para o país e a
macroeconomia estuda os grandes problemas econômicos.

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AUTOATIVIDADE

3. Demanda pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que um consumidor
deseja adquirir.

Com relação à demanda, analise as afirmativas a seguir:

I - Está relacionada à utilidade total.


II - Não é uma compra efetiva.
III - Depende da renda.
IV - Varia com o tempo.

Está correto o que se afirma em:

a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.


b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS

MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2004.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. D. Introdução à economia. 10. ed. São Paulo: Frase Editora, 2010.

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GABARITO

1. Opção D.

2. Opção C.

3. Opção E.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 3

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

MINHAS METAS

Apresentar os fundamentos da teoria do consumidor.

Refletir sobre a teoria do consumidor.

Entender a teoria da demanda.

Compreender a teoria da oferta.

Analisar questões importantes para a teoria da oferta.

Explicar a teoria da produção.

Descrever as estruturas de mercado.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante! Neste tema de aprendizagem você vai conhecer como os agentes
econômicos “família” e “empresa” tomam suas decisões de compra e venda de
bens e serviços e como o preço e quantidade são formados. Para atingir o objetivo
principal, o tema de aprendizado está dividido em cinco subtemas.

A P RO F UNDA NDO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, escute nosso podcast. Recur-
sos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

FUNDAMENTOS DA TEORIA DO CONSUMIDOR

Os consumidores possuem algumas características na relação entre a renda dis-


ponível e a escolha por bens e serviços.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

VOCÊ SABE RESPONDER?


Você saberia dizer quais são estas características?

Você, por exemplo, como escolhe um determinado bem ou serviço?


As características que a maioria dos consumidores tem são, segundo
­Mendes (2009):

• excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e


serviços;
• os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou seja,
possuem cestas de bens, que veremos mais para frente;
• como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas, por este motivo;
• consumidores, raramente, estão satisfeitos com a quantidade de produtos
comprados;
• os consumidores procuram maximizar a satisfação total, dado sua renda e os
preços dos bens.

A partir dessas características, sabemos que as pessoas têm preferência por alguns
bens e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores, também conheci-
dos como famílias, são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem,
de acordo com suas preferências.
Quando mencionamos uma cesta de bens e serviços, queremos dizer um
conjunto de quantidades de determinados bens e serviços. Para ficar mais didá-
tico, essas cestas serão compostas por quantidades, somente, de dois bens e ou
serviços. Esta situação pode ser representada a seguir:

C = (Q1, Q2).
Em que: C – cesta de bens e serviços.
Q1 - quantidade do bem ou Serviço 1.
Q2 – quantidade do bem ou Serviço 2.

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Como esta escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha
que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a
outras é feita a partir de três pressupostos:

PRESSUPOSTO 1

Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quantidades a


­menores.

PRESSUPOSTO 2

A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar duas ou mais


cestas de bens e serviços e escolher a que mais o agrada.

PRESSUPOSTO 3

A preferência é transitiva – dados três cestas, A, B e C, e comparando duas cestas por vez,
entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o consumidor prefere a cesta B.

Então, entre A e C, o consumidor irá preferir a cesta A. Esta situação pode ser
vista no esquema a seguir.

A>B
B > C então, A > C
Observe e imagine:
Cesta A = (2 canetas, 3 borrachas).
Cesta B = (1 caneta, 2 lápis).
Cesta C = (1 lápis e 2 borrachas).

Entre a cesta A e a cesta B, José prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ele
escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compa-
rarmos as cestas A e C, José preferirá a A.

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Utilidade

Os pressupostos da teoria do consumidor mostram as preferências de um deter-


minado consumidor por meio de uma função, a chamada função utilidade, que
é definida por Mendes (2009), como o benefício ou satisfação que o consumo
de um bem ou serviço pode gerar a uma pessoa. A função utilidade pode ser
representada como sendo:
U = f (Q1, Q2)

U – utilidade.
f – uma representação matemática que significa “em função de que”.
Q 1 – quantidade do Bem 1.
Q 2 – quantidade do Bem 2.

Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satis-


fação completa (total) pelo consumo de todas as quantidades consumidas de
um determinado bem ou serviço. A utilidade total é crescente até certo ponto, o
chamado ponto de saturação, após este ponto, ela vai decrescendo. Diferente da
utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo consumo de uma
unidade a mais de um determinado bem ou serviço.
Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Men-
des (2009) apresenta um exemplo que iremos utilizar, porém fazendo algumas alte-
rações. Imagine José, nosso consumidor, no deserto do Saara, morrendo de sede.
Ele encontra um vendedor de água e como está com sede e tem dinheiro,
comprará copos de água. Para o primeiro copo, José está disposto a pagar um
valor muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de satisfação que
o consumo desse copo é muito alto. Já no segundo copo, José está disposto a
pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro copo,
por exemplo, 50 reais; e assim sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no
qual José não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o décimo copo não
trará mais benefícios ao nosso consumidor.
Se continuarmos analisando cada possível copo consumido, chegaremos a
um valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do décimo primeiro copo
gera uma repulsa. Observe essa situação na Tabela 1.

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U N I AS S E LVI

QUANTIDADE DE COPOS
UTILIDADE TOTAL UTILIDADE MARGINAL
DE ÁGUA

0 0 -

1 70 70

2 120 50

3 165 45

4 190 25

5 210 20

6 225 15

7 235 10

8 240 5

9 242 2

10 243 1

Tabela 1 - Utilidades total e marginal do consumo de copos de água por José


Fonte: adaptada de Mendes (2009).

A Tabela 1 representa as utilidades total e marginal de José ao consumir os copos


de água. Como você vê, o valor que José está disposto a pagar por cada copo reduz
à medida que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais e o décimo
copo, apenas um real. Então, você percebeu que a utilidade marginal foi caindo,
ou seja, o grau de satisfação do José por cada copo de água reduz ao longo do
consumo. Já a utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para
melhor visualizar esta situação, vamos visualizar a Figura 1.

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Figura 1 - Representação das curvas de utilidades total e marginal / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico representando duas curvas em um plano cartesiano U, sendo Y, e Q, sendo X. As
curvas são nomeadas como Utilidade Total e Utilidade Marginal. Fim da descrição.

A Figura 1 confirmou o que estávamos afirmando até agora acerca da função


utilidade: a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida
de um determinado bem ou serviço e a utilidade marginal decresce à medida que
aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço.

Na prática, esta situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por exemplo.


Quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que o primeiro pedaço
de pizza gera um grau de satisfação enorme, porém, conforme vamos comendo,
nossa fome vai acabando e a satisfação gerada vai reduzindo, até chegar ao ponto
que não querermos mais pizza e pedir ao garçom para não oferecer mais pizza
(utilidade marginal negativa).

Como a utilidade é a satisfação gerada pelo consumo de bem ou serviço, não é


fácil quantificar, pois o grau de satisfação é diferente para cada pessoa. Então,
utilidade não é medida por meio de números, mas sim de grau de satisfação.

Curva de indiferença

Outra curva importante, que deve ser analisada antes de estudarmos a teoria da de-
manda de fato, é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumidor con-
sidera indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir.

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Vamos supor que José consome refrigerantes e pipoca que, dado sua renda e o
preço destes bens, existem quatro cestas disponíveis.

QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE
CESTA
REFRIGERANTES PIPOCAS

C1 (1,4) 1 4

C2 (2,3) 2 3

C3 (3,2) 3 2

C4 (4,1) 4 1

Tabela 2 - Cestas de José compostas por refrigerantes e pipocas / Fonte: a autora.

A Tabela 2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas, que José
pode adquirir dado a sua renda e o preço dos bens. Observe a representação da
Tabela 2 em gráfico, na Figura 2, para melhor visualização:

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Figura 2 - Curva de indiferença de José para refrigerantes e pipocas / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico representando uma curva de indiferença dividida em C1, C2, C3 e C4. O gráfico
que está sob um plano cartesiano, no qual o eixo y é denominado Refrigerantes, e o eixo y, denominado pipocas.
A curva de indiferença é negativamente inclinada. Fim da descrição.

O motivo é que, de acordo com os pressupostos da teoria do consumidor, “mais


é melhor do que menos”.

TEORIA DA DEMANDA

A teoria da demanda tem como objetivo tratar das


tratar das
necessidades dos consumidores, ou seja, procura ex-
necessidades dos
plicar o comportamento do consumidor ao escolher
consumidores
bens e serviços.

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U N I AS S E LVI

VOCÊ SABE RESPONDER?


O que é demanda?

Passos e Nogami (2012) definem demanda como a quantidade de um determi-


nado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado a comprar,
por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a demanda é
uma intenção de compra e não a compra efetiva.
Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la grafica-
mente? A curva de demanda é representada conforme Figura 3.

Figura 3 - Representação da curva de demanda / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico representando uma curva de demanda. Embora receba este nome, o que há, de
fato, é uma linha reta. O gráfico que está sob um plano cartesiano P e Q. Fim da descrição.

Conforme visto na Figura 3, a curva de demanda (D) é a relação entre preço (P)
e quantidade (Q), e é negativamente inclinada. Você sabe me responder por que
a curva de demanda é negativamente inclinada?
A curva de demanda é negativamente inclinada, porque conforme o preço
aumenta, a quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz,
pois se o preço aumentar os consumidores irão substituir o consumo do bem
pelo seu substituto. Este efeito é chamado de efeito substituição.
José, nosso consumidor, deseja ir ao cinema ver os filmes que acabaram de ser
lançados. Neste exemplo, cinema é nosso bem. Dependendo do preço do ingresso,
José está disposto a ir mais de uma vez ao mês ao cinema, conforme Tabela 3.

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PREÇO DO INGRESSO QUANTIDADES DE IDA AO TEATRO

15 1

12 2

10 3

7 4

5 5

Tabela 3 - Demanda por ingressos para cinema de José / Fonte: a autora.

Analisando a Tabela 3 e a representando graficamente, podemos ver que, confor-


me o preço do ingresso para o cinema reduz a quantidade demandada, ou seja,
a quantidade de vezes que José está disposto a ir ao cinema aumenta, o que faz
com que a curva de demanda seja negativamente inclinada.

Figura 4 - Representação da curva de demanda de José para ingressos de cinema / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico representando uma curva referente à situação problema do personagem José.
Neste gráfico, entre os eixos P e Q, sendo, respectivamente X e Y, está a curva, que, embora tenha este nome,
apresenta uma reta, neste caso. Fim da descrição.

Claro que representamos a curva de demanda de apenas um consumidor, mas


também temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de
demanda individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um
determinado preço. Independentemente de ser curva de demanda individual
ou de mercado, ela será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que
já explicamos.

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Fatores que afetam a curva de demanda

Após entender o conceito de demanda e que de fato, significa para a ciência


econômica, vou apresentar alguns fatores que afetam a curva de demanda, tanto
positiva quanto negativamente, ou seja, fatores que fazem a demanda aumentar
ou diminuir um fator que determina a demanda.

Assim, não há um deslocamento da curva de demanda, apenas os pontos sobre


a curva que deslocam, nós chamamos isso de alteração na quantidade deman-
dada e não alteração na demanda. Já os fatores que afetam e, portanto, deslocam
a curva de demanda para a direita ou para a esquerda são diversos, e iremos
apresentar a você alguns deles:
a) Renda
A renda é um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de
acordo com a renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos
disponíveis irá demandar. A partir da variação da renda e do impacto que esta
variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classificados em:

NORMAL

Quando há um aumento de renda, a quantidade demandada do bem ou serviço aumenta.

INFERIOR

Quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos daquele bem. Por
exemplo, se José, nosso consumidor, tiver um aumento de salário, ele passará a con-
sumir mais carne de primeira.

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CONSUMO SACIADO

Independentemente da renda, a quantidade demandada será a mesma, ou seja, mes-


mo que José passe a receber um salário maior ou o preço do bem reduzir, e não irá
demandar mais ou menos quantidades, por exemplo, de sal.

b) Preço dos bens complementares


Bens complementares são os bens que são consumidos juntos, por exemplo,
café e açúcar, arroz e feijão, pão e manteiga etc. Então, se o preço de um bem
aumentar (café), a quantidade demanda de café e do seu complementar, que é o
açúcar, reduzirá, deslocando a curva de demanda para a esquerda.
c) Preço dos bens substitutos
Bens substitutos são aqueles bens que tem, praticamente, as mesmas caracte-
rísticas e por este motivo podem ser substituídos uns pelos outros. Por exemplo,
bolo de chocolate e bolo de coco; manteiga e margarina; pão francês e pão de
forma, dentre outros.

Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por
exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantidade
demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará.

Neste caso, a curva de demanda de manteiga se desloca para a esquerda, ou seja,


para baixo e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.
d) Propaganda/Marketing
A propaganda/marketing cria uma necessidade de consumo. Então, é um
instrumento muito utilizado para aumentar a quantidade demandada de deter-
minados bens e serviços, deslocando a curva de demanda para a direita.
e) Expectativa sobre o futuro
Outro fator que afeta a curva de demanda é a expectativa que o consumi-
dor tem em relação ao futuro. Se José acredita que receberá um aumento daqui
a noventa dias, a demanda dele, hoje, aumentará, caso contrário, se ele está em
aviso prévio, a demanda dele, hoje, reduzirá.

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f) Fatores climáticos
O clima é outro fator
O clima é outro fator que afeta a curva de de-
que afeta a curva de
manda. No inverno, a demanda por biquínis reduz,
demanda.
enquanto a demanda por calças aumenta.
g) Hábitos/costumes
A demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costume da região. Por
exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina é quase
nula, enquanto, no Brasil, é alta. Em compensação, qualquer fator que reduz a
demanda, desloca a curva de demanda para a esquerda.

Figura 5 – Deslocamento da curva de demanda para a direita / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele,
está representado o deslocamento da curva de demanda para direita. Fim da descrição.

A Figura 5 mostra o deslocamento da curva de demanda para direita, ou seja,


quando algum dos fatores estudados anteriormente aumenta a demanda, por
exemplo, aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc.

Figura 6 – Deslocamento da curva de demanda para a esquerda / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele
está representado o deslocamento da curva de demanda para esquerda. Fim da descrição.

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A Figura 6 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja,


quando algum dos fatores, que estudados anteriormente, reduz a demanda, por
exemplo, redução da renda, redução do preço do bem complementar etc.

Não podemos deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na


quantidade demandada em função de uma variação no preço do próprio bem,
a curva de demanda não se desloca, alterando, apenas, os pontos sobre a curva.

Elasticidades

Outro conceito muito importante para estudar na teoria do consumidor é a


elasticidade, que pode ser definida, segundo Mendes (2009), como uma medida
de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma
mudança percentual em outra variável.
Por exemplo, sabemos que a redução do preço de um bem aumenta sua de-
manda, mas não sabemos exatamente quanto, é este impacto que a elasticidade
mostra. Existem três tipos de elasticidades:
a) Elasticidade preço
A elasticidade preço mostra o impacto da variação do preço na quantidade
da demanda de um determinado bem ou serviço.

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ELÁSTICOS

Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que um. Isso significa que con-
forme o preço aumenta, a quantidade demandada reduz. Em geral, bens não muito
essenciais são elásticos, como lazer e vestuário.

INELÁSTICOS

Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que um. Em geral, os bens mais
essenciais são inelásticos, como combustível e alimentos.

ELASTICIDADE UNITÁRIA

Elasticidade unitária, quando a elasticidade preço for igual a um. Isto significa que um
aumento no preço reduz a quantidade demandada na mesma proporção, ou seja, um
aumento de 1% no preço, acarreta uma redução de 1% na quantidade demandada. Um
exemplo é o sal.

TEORIA DA OFERTA

Sintetizando, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos incentivos de


mercado, incentivos, estes, relacionados à quantidade demandada, custos, incen-
tivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção etc.

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VOCÊ SABE RESPONDER?


O que é oferta?

Vimos na teoria da demanda, que a demanda altera com o tempo. A oferta tem o
mesmo funcionamento, com o tempo poderá ser alterada. Como a curva de oferta
é representada? A curva de oferta é representada conforme Figura 7.

Figura 7 - Representação da curva de oferta / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele,
há está representada a curva de oferta. Fim da descrição.

Figura 8 - Gráfico representativo da curva de oferta para empresa hipotética de sanduíches congelados /
Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele,
há está representada a curva de oferta. Fim da descrição.

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A Figura 8 confirma o que a Tabela 3 mostrou, conforme o preço do sanduíche


congelado reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também dimi-
nuiu, chegando ao ponto que a R$ 1,00 a empresa não está disposta a vender
nenhum sanduíche.

Fatores que afetam a curva de oferta

Assim como na demanda, o preço do bem ou do serviço afeta a curva de oferta,


mas não a desloca. Quanto maior for o preço, maior será a quantidade ofertada.
Caso contrário, se o preço diminuiu, a quantidade ofertada também diminuiu. Já os
fatores que afetam e deslocam a curva de demanda, segundo Mendes (2009), são:
■ preço dos insumos;
■ tecnologia;
■ preço dos produtos competitivos;
■ políticas do governo;
■ influências especiais.

Como vimos, alguns fatores afetam e deslocam a curva de oferta para a direita ou
para a esquerda. Qualquer fator que reduza custos é um incentivo para a empresa
aumentar a produção deslocando a curva de oferta para a direita. Essa situação
pode ser vista na Figura 9.

Figura 9 - Deslocamento da curva de oferta para a direita / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele,
está representada a curva de oferta para a direita. Fim da descrição.

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Agora qualquer fator que aumente o custo ou que reduza o lucro é um incentivo
para a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a esquerda,
conforme Figura 10.

Figura 10 - Deslocamento da curva de oferta para a esquerda / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: gráfico sob um plano cartesiano, no qual Q e P são, respectivamente, os eixos X e Y. Nele,
está representada a curva de oferta para a direita. Fim da descrição.

Não posso deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quan-
tidade ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva
de oferta, assim como a curva de demanda, não se desloca.

IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Microeconomia: Princípios Básicos


Este livro discute, de forma quantitativa, os fundamentos mi-
croeconômicos. É uma excelente maneira de aprofundar os
conhecimentos com relação ao assunto.

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema.


Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

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U N I AS S E LVI

NOVOS DESAFIOS
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu um pouco dos fundamentos
da teoria do consumidor e a teoria da demanda, que procuram explicar os
motivos que fazem com que os consumidores, ou melhor, as famílias, de-
mandem/procurem por determinados bens e serviços ao invés de outros.
Vimos os motivos que incentivam as empresas a aumentarem sua produção
e, portanto, a oferta.
Após entender demanda e oferta, você viu que o objetivo do produtor e do
consumidor são totalmente diferentes, diria, opostos. Enquanto o consumidor
deseja adquirir bens e serviços em grande quantidade a preços baixos, e por-
que não dizer, com excelente qualidade, as empresas desejam maximizar seu
lucro e, por isso, desejam vender seus produtos a um preço mais alto possível
com custo bem baixo.

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AUTOATIVIDADE

1. As pessoas possuem preferências por alguns bens em relação a outro, sendo capazes de
ordenar quais bens ou serviços geram mais satisfação pessoal. Para isto, os consumidores
possuem algumas características.

Leia as afirmativas a seguir, quanto às características dos consumidores:

I - Gastam toda sua renda em bens e serviços.


II - Adquirem diversos bens ou serviços.
III - Raramente adquirem tudo que desejam.
IV - Procuram maximizar a satisfação total.

Está correto o que se afirma em:

a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.


b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

2. Oferta é definida por Passos e Nogami (2012) como a quantidade de um bem ou serviço que
uma determinada empresa deseja vender por unidade de tempo. E sabemos que alguns
fatores afetam a curva de oferta, deslocando-a para a direita ou para a esquerda, e um
destes fatores é a tecnologia.

Com relação à tecnologia, leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa que mostra o
impacto da tecnologia na curva de oferta:

a) A tecnologia é uma ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma quantidade


de fatores de produção, reduzindo os custos e aumentando a oferta.
b) A tecnologia é uma ótima forma de reduzir a produção, utilizando a mesma quantidade
de fatores de produção, aumentando os custos e reduzindo a oferta.
c) A tecnologia só irá afetar a curva de oferta se o governo elaborar política cambial de
redução da taxa de câmbio.
d) A tecnologia desloca a curva de oferta para a esquerda, aumentando a produção e
os custos.
e) A tecnologia não afeta a curva de oferta.

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AUTOATIVIDADE

3. Vimos que alguns fatores, como renda, preço dos bens substitutos e complementares,
marketing, dentre outros, afetam a curva de demanda.

Leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta quanto ao impacto que o aumento
de renda causa da curva de demanda:

a) O aumento de renda desloca a curva de demanda para a direita.


b) O aumento de renda desloca a curva de demanda para a esquerda.
c) O aumento da renda não afeta a demanda.
d) O aumento da renda reduz a demanda.
e) O aumento da renda afeta a curva de demanda, mas não de forma significativa.

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REFERÊNCIAS

BAGNOLI, V.; MADI, M. F. RDC, Brasília, DF, v. 4, n. 2, p. 121-139, nov. 2016. Disponível em: http://
revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia/article/view/283. Acesso em: 4
out. 2023.

MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2009.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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GABARITO

1. Opção E.

2. Opção A.

3. Opção A.

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UNIDADE 2
TEMA DE APRENDIZAGEM 4

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA:
EQUILÍBRIO DE MERCADO

MINHAS METAS

Apresentar os fundamentos da teoria macroeconômica.

Diferenciar crescimento econômico.

Diferenciar desenvolvimento econômico e suas respectivas fontes.

Estudar o mercado de trabalho.

Compreender as variáveis pertencentes ao mercado de trabalho.

Entender as principais políticas macroeconômicas.

Compreender estas políticas como sendo monetária, fiscal e cambial.

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INICIE SUA JORNADA


Neste tema de aprendizagem, estudaremos o outro lado da relação, ou seja, a lei
da oferta. Aqui será apresentado o lado da empresa e o que faz com que a firma
aumente ou reduza a quantidade que ela deseja produzir e vender. Para finalizar,
veremos as curvas de demanda e de oferta atuando conjuntamente, É nesta rela-
ção que o preço e quantidade que conhecemos são formados.
Neste tema, falaremos sucintamente sobre os principais custos econômicos,
alguns, certamente, você já ouviu falar e/ou estudou em outras disciplinas. Para
finalizar a unidade e o estudo da microeconomia, descreveremos as quatro es-
truturas de mercados, monopólio, concorrência perfeita, concorrência monopo-
lística e oligopólio, e como o preço se comporta em cada uma delas.
Bons estudos!

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

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DESENVOLVA SEU POTENCIAL

EQUILÍBRIO DE MERCADO

Sabemos que, no
mundo real, a oferta
e a demanda atuam
conjuntamente, e o
preço e a quantidade
que são vendidos no
mercado se dão quan-
do as duas curvas
(oferta e demanda) se
interceptam.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

Agora vamos conhecer o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja, mercados


que são formados por um grande número de compradores e vendedores. Fiz a
observação que o equilíbrio discutido aqui é em mercados competitivos, pois
temos outros mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, nos
quais o equilíbrio se dá em outro ponto.
O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 - Equilíbrio em um mercado competitivo / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de uma curva de demanda para um produto. O eixo P repre-
senta o preço do produto, e o eixo Q representa a quantidade do produto. O ponto onde as curvas de oferta (O) e
demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E) e este ponto mostra o preço e quantidade negociados no
mercado, P’ e Q’, respectivamente. Fim da descrição.

Analisando a Figura 1, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta


(O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E) e este ponto mostra
o preço e quantidade negociados no mercado, P’ e Q’, respectivamente.

Qualquer preço acima de P’ significa que haverá mais oferta do que demanda, ou
seja, teremos um excesso de oferta e, pela lei da oferta e da demanda, oferta maior
que demanda, o preço tende a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que
sobrem produtos no mercado e o preço, automaticamente, reduzirá.

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U N I AS S E LVI

De outra forma, qualquer ponto abaixo de P’, significa que teremos um excesso
de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do que
empresas dispostas a vender. Nesse caso, o preço aumentará, de modo a chegar
ao ponto E, que é o ponto de equilíbrio.
Todos os fatores estudados nos temas anteriores, que afetam as curvas de
demanda, como renda, preço dos produtos complementares e substitutos, ex-
pectativa sobre o futuro, dentre outros, e todos os fatores que vimos que afetam a
curva de oferta, como tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferência
governamental etc., afetam o ponto de equilíbrio.
O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio, por meio de:

FIXAÇÃO DE PREÇOS MÍNIMOS

Acontece quando o governo fixa o preço mínimo que seria vendido no mercado. Este
instrumento tem como objetivo beneficiar o produtor, de forma a garantir um nível de
preço superior ao preço de equilíbrio.

FIXAÇÃO PREÇOS MÁXIMOS

Acontece quando o preço vendido no mercado está muito alto e o governo, com o
objetivo de defender o consumidor, estabelece um preço máximo que as empresas
podem vender seus produtos. O preço máximo será sempre menor do que o preço de
equilíbrio, ou seja, abaixo de P’.

SUBSÍDIOS

Neste caso, o governo, com o objetivo de desenvolver determinados setores, paga uma
parte dos custos produtivos da empresa, assim, a empresa terá incentivo para aumen-
tar a quantidade ofertada e/ou reduzir preço. Com subsídio, o preço fica abaixo de P’.

CONGELAMENTO E TABELAMENTO DE PREÇOS

Utilizado na década de 1980 e no início da década de 1990, para combater a inflação.


O governo congela preços e/ou salários, de forma a definir o P’.

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TEORIA DA PRODUÇÃO

Após compreendermos a teoria da demanda e a teoria da oferta, conheceremos


os conceitos que fazem parte da chamada Teoria da Produção.

Os custos de produção

Sabemos que o principal objetivo das empresas é o lucro. O lucro é a diferença


entre receita total e custo total. Então, para uma empresa ter lucro, é importante
gerenciar os custos de produção de forma a tentar reduzi-los o máximo possível.
A partir do exposto, é importante que você, estudante, entenda os custos básicos
da produção.
Temos os custos explícitos, que são os gastos monetários, como despesa com
salário, aluguel, compra de matéria-prima etc., e os custos implícitos, que são os
custos de oportunidade. Os custos são:

CUSTOS FIXOS (CF)

São as despesas que a empresa terá que pagar, independente da produção. Exem-
plos: certos impostos, aluguel, seguro, salários etc.

CUSTOS VARIÁVEIS (CV)

São as despesas que a empresa tem ao produzir. Quanto mais ela produzir, maiores
serão os custos variáveis. Exemplo: matéria-prima, energia elétrica etc.

CUSTO TOTAL (CT)

É a soma dos custos fixos com os custos variáveis.

CUSTO FIXO MÉDIO

(CFme) – É o custo fixo dividido pela quantidade produzida (Q).


CFme = CF / Q
É importante observar que o custo fixo médio reduz quando a produção aumenta.

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CUSTO VARIÁVEL MÉDIO

(CVme) – É o custo variável dividido pela quantidade produzida.


CVme = CV / Q
Diferente do custo fixo médio, o custo variável médio aumenta conforme a quantidade
produzida aumenta.

CUSTO MÉDIO

(Cme) – É o custo total dividido pela quantidade produzida.


Cme = CT / Q

ESTRUTURAS DE MERCADO

A interação entre oferta e demanda acontece no mercado e forma o preço. Esta


interação muda para cada estrutura do mercado. Então Mendes (2009, p. 103)
define estrutura de mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às
características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração,
grau de diferenciação do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada”.

Como você viu na definição de Mendes (2009), a estrutura de mercado engloba


três características. Vamos entender cada uma delas?

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a) Grau de concentração
É o tamanho do mercado, em outras palavras, nú-
Uma forma de medir
mero de vendedores e compradores que fazem parte
é pelos índices de
daquele mercado. Dependendo da quantidade de em- mercado.
presas e consumidores, dizemos que o mercado é con-
centração ou competitivo. Uma forma de medir é pelos índices de mercado. Quando
as quatro maiores empresas que fazem parte desse mercado detêm, pelo menos, 75%
da quantidade comercializada, dizemos que é um mercado altamente concentrado.
Um dos maiores problemas de mercado muito concentrado é que as empresas
conseguem definir o preço que será vendido seu produto e esse preço, em geral,
é mais alto do que em mercados competitivos. Outros problemas podem ser
em relação à quantidade e à qualidade do produto.
b) Grau de diferenciação do produto
O grau de diferenciação do produto refere-se a quanto um bem ou serviço
que está sendo negociados no mercado é diferente. Pela visão da economia, quan-
to mais heterogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente o bem for, menos
produtos substitutos teremos para este produto e, portanto, mais inelástico ele
será, em outras palavras, mesmo que o preço de um bem ou serviço heterogêneo
aumentar a quantidade demandada não muda, pois não há substitutos próximos.
A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita in-
gredientes de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais — como
entrega delivery e embalagens especiais — como formas da empresa diferenciar
seu produto e, portanto, aumentar seu preço.

P E N SA N D O J UNTO S

Você saberia dar um exemplo de um produto homogêneo e um diferenciado?


Em geral, produtos agropecuários, como soja e milho in natura são produtos ho-
mogêneos, pois a soja do produtor A é igual a soja do produtor B. Como produtos
diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados e os industrial-
izados, como comida congelada, roupas, sapatos etc.

c) Barreiras à entrada
Barreiras à entrada pode ser definida como o grau de dificuldade que uma
nova empresa tem em fazer parte do mercado. E podem ser:

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U N I AS S E LVI

ECONOMIA DE ESCALA

Acontece quando a empresa aumenta a quantidade produzida e consegue reduzir seu


custo médio no longo prazo. Existem diversas formas de conseguir gerar economia
de escala, como especialização da mão de obra, utilização de tecnologia, compra de
fatores de produção em grandes quantidades, dentre outros.

DESVANTAGENS DE CUSTO

Quando a empresa que deseja fazer parte do mercado tem alguma desvantagem em
custo, como pouca experiência no setor, pouco domínio tecnológico ou ainda grande
necessidade de propaganda.

Com base no que foi discutido, os mercados podem ser classificados, quanto à
competitividade, em:
■ competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística;
■ pouco competitivos – oligopólio;
■ sem competição – monopólio.

O Quadro 1 mostra, de forma simplificada, como os mercados podem ser classi-


ficados quanto ao número de empresas e ao tipo de produto, ou seja, nas carac-
terísticas que discutimos anteriormente.

NÚMERO DE EMPRESAS TIPO DE PRODUTO ESTRUTURA DE MERCADO

Muitas Homogêneo Concorrência perfeita

Muitas Diferenciados Concorrência monopolística

Homogêneo ou
Poucas Oligopólio
diferenciado

Uma Diferenciado Monopólio

Quadro 1 - Classificação dos mercados / Fonte: adaptado de Mendes (2009).

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Conforme podemos visualizar no Quadro 1, quando existe um grande número de


empresas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, este mer-
cado é de concorrência perfeita. Agora, se forem muitas empresas que vendem
produtos diferenciados, o mercado é de concorrência monopolística.

Concorrência perfeita ou pura

Para iniciar nossos estudos acerca das estruturas de mercado, discutire-


mos, inicialmente, a concorrência perfeita ou também como é conhecida, a
­concorrência pura.
Está é, com absoluta certeza, a estrutura de mercado menos real, pois,
como você verá pelas características, é muito difícil achar um setor ou uma
empresa que apresente todas as características para que possa ser incluída na
­concorrência perfeita.

P E N SA N D O J UNTO S

Depois dessa declaração, você deve estar se perguntando, então, qual o motivo
de apresentar, a você, a concorrência perfeita? É importante estudarmos essa es-
trutura de mercado, pois é considerada, apesar de não muito real, a estrutura ideal,
em termos de concorrência.

Um mercado em concorrência perfeita ou pura tem como características:

GRANDE NÚMERO DE COMPRADORES E VENDEDORES

O número de vendedores e compradores, neste mercado, é tão grande que as de-


cisões individuais não influenciam o preço. Então, dizemos que, na concorrência per-
feita, o preço é determinado, no mercado, pela oferta e demanda que é praticamente
o mesmo para todos os vendedores.

PRODUTOS HOMOGÊNEOS

Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A é


substituto perfeito do bem do vendedor B. Por esta razão que o preço é praticamente
constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor aumentar seu
preço, os consumidores irão comprar no outro produtor.

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AUSÊNCIA DE RESTRIÇÕES ARTIFICIAIS (LIVRE MERCADO)

Dizemos que, na concorrência perfeita ou pura, o governo não deve intervir no merca-
do, por exemplo por congelamentos e tabelamentos de preços; em outras palavras, o
mercado deve funcionar livremente.

AUSÊNCIA DE BARREIRAS À ENTRADA

Como já discutimos, barreiras à entrada são o grau de dificuldade que uma nova em-
presa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura não há barreiras à
entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem maiores custos
ou dificuldades.

PERFEITO CONHECIMENTO

Como os produtos são homogêneos uma empresa conhece todas as informações dos
seus concorrentes, como preços, processos produtivos etc.

Monopólio

O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extrema, mas


real. Situação esta indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não
temos concorrência. As características do monopólio são:

UMA ÚNICA EMPRESA

Como o próprio nome já diz, no monopólio só temos uma única empresa.

PRODUTOS ALTAMENTE DIFERENCIADOS

Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos. Neste caso, o consumi-
dor não consegue substituí-lo por outro.

NÃO HÁ CONCORRÊNCIA

Se só temos uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista.

CONSIDERÁVEL CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA

A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela con-
segue controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. Por essa razão que o
governo se preocupa com as práticas dos monopolistas.

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De acordo com Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de


duas formas:
a) Controle de preço – o governo pode exigir que o monopolista produza
até que custo marginal seja igual preço. Esta é uma prática difícil, pois o
governo precisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa.
b) Política de taxação – o governo pode taxar o monopolista de forma a
reduzir seu lucro.

AP RO F U N DA NDO

É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o monopolista


quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. Uma es-
tratégia utilizada pelo monopolista para vender mais é pela política de discrimi-
nação de preços.

Esta é uma prática que ocorre quando um monopolista vende o mesmo produto
para consumidores diferentes e a preços diferentes. Podemos citar como exemplo
de prática de discriminação de preços:

• tarifa de energia elétrica residencial, comercial, industrial e rural;

• ligação telefônica de dia e a noite;

• passagens aéreas em baixa e alta temporada;

• “meia entrada” em cinemas, teatros, shows para estudantes e idosos;

• dentre outros.

Então você percebeu, pelos exemplos, que não é somente uma empresa mono-
polística que pratica a discriminação de preços, esta é uma prática comum em
outras estruturas de mercado também.
■ Altas barreiras à entrada
A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada. O grau
de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é muito

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grande e, muitas vezes, não é economicamente viável


A última
termos uma concorrente, como é o caso que aconte-
característica
ce nos monopólios naturais. Então, os monopólios do monopólio
surgem por diversas razões, dentre elas, regulamen- são as altas
tações do governo e pelos processo de produção. barreiras à entrada

A P RO F UNDA NDO

O maior problema do monopólio é que, como não há concorrentes, a empresa


pode cobrar um preço muito alto ou ofertar uma quantidade baixa. Além de não
se preocupar com a qualidade. Por esses motivos, o governo, sempre, acompanha
e regula as empresas pertencentes ao monopólio.

Claro que o monopólio é essencial em alguns setores, pois não é economicamente


viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e saneamento
básico. Neste caso, chamamos o monopólio de monopólio natural, já que é mais
viável ter apenas uma empresa ofertando aquele produto.

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA

Entre a concorrência perfeita e o monopólio, temos uma estrutura de mercado


conhecida como concorrência monopolística, que é uma mistura das duas es-
truturas, estudadas anteriormente, e tem como características:

Grande número de empresas

Temos no mercado um grande número de pequenas empresas, pequenas se com-


pararmos com o tamanho do mercado.

Produtos diferenciados

Os produtos são sempre diferenciados. A diferenciação pode vir por um ingre-


diente de qualidade superior, serviços, embalagens especiais etc.

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Pequeno controle de preço por parte da empresa

Como são muitas empresas que fazem parte do mercado, a concorrência é enor-
me, então, a empresa consegue controlar (definir), um pouco, seu preço em razão
dos produtos serem diferenciados, mas este controle é pequeno.

Concorrência acontece via marcas,


serviços especiais e propaganda

A concorrência é, principalmente, extra preços, ou seja, via diferenciação do pro-


duto. Quanto maior for a diferença do bem, maior será o preço. É importante ob-
servar a importância da propaganda/marketing na concorrência monopolística.

Baixas barreiras à entrada

O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte deste mercado
é baixo, ou seja, existe uma barreira para entrada, mas ela é bem baixa. A maioria
das empresas, no mundo real, pertencem a essa estrutura de mercado. Podemos
citar restaurantes, padarias, lojas de roupas, lanchonetes, dentre outros.

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OLIGOPÓLIO

Outra estrutura de mercado intermediária, ou seja, que é um mercado pouco


competitivo, é o oligopólio, que tem como características:

PEQUENO NÚMERO DE EMPRESAS

São poucas empresas que fazem parte do mercado, podemos contá-las. Não existe
um número exato que define se um setor faz parte do oligopólio ou não, apenas sabe-
mos que são poucas empresas que ofertam produto naquele mercado.

AS EMPRESAS SÃO INTERDEPENDENTES

Como são poucas empresas, elas são interdependentes, ou seja, a decisão de uma
afeta diretamente a decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços.

Então, se uma empresa variar seu preço, as demais vão reagir de duas formas:
■ Aumento de preço faz com que as firmas concorrentes não aumentem
o preço e a empresa perderá mercado.
■ Redução de preços faz com que as formas concorrentes também redu-
zam os preços e a parcela de mercado de todas as empresas fica pratica-
mente constante. Neste caso, somente o consumidor é beneficiado.

Pelas possíveis reações citadas, que os preços de todas as empresas oligopolis-


tas são praticamente os mesmos e não são alterados, de forma significativa, ao
longo do tempo. Podemos citar um exemplo bem real desta situação que são as
empresas aéreas. Todas as vezes que uma empresa aérea faz uma promoção, as
suas concorrentes também fazem.

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Em outras palavras, como são poucas empresas neste mercado, quando o preço
de uma delas variar, as demais irão reagir rapidamente. Por exemplo, vamos supor
um mercado composto por três empresas, A, B e C, e que a empresa A resolveu,
como estratégia, abaixar seu preço em 10%. Como são poucas empresas no mer-
cado, imediatamente as empresas B e C irão abaixar também seu preço, e a parcela
de mercado continuará a mesma para todas as três.
Agora, se a empresa A resolver aumentar seu preço em 10%, as empresas B
e C não aumentarão e a empresa A perderá mercado. Por estes motivos que o
preço no oligopólio é constante e parecido para todas as empresas.

MÉDIAS BARREIRAS À ENTRADA

O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é
médio, em outras palavras, existe um certo grau de dificuldade, mas não chega a ser
tão alto como no caso do monopólio.

OS PRODUTOS PODEM OU NÃO SER DIFERENCIADOS

No oligopólio os produtos podem ser homogêneos, como no caso o combustível ou


diferenciados, por exemplo, os automóveis.

A CONCORRÊNCIA É VIA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO

Como temos poucas empresas e elas são interdependentes, a concorrência não será
via preços, pois, como discutimos, se uma empresa alterar seus preços, as demais
vão reagir.

Pense também que a concorrência é extrapreços, ou seja, via diferenciação do


produto. Podemos citar como exemplos de empresas oligopolistas os setores de
telecomunicações, planos de saúde, aéreo e distribuição de combustível.
O Quadro 2 mostra, de forma resumida, as características de cada estrutura
de mercado.

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CONCORRÊN-
CARACTERÍS- CONCORRÊN-
CIA MONOPO- OLIGOPÓLIO MONOPÓLIO
TICAS CIA PERFEITA
LÍSTICA

Nº de
Muitas Muitas Pouca Uma
empresas

Homogêneo
Tipo de Altamente
Homogêneo Diferenciado ou
produto diferenciado
diferenciado

Controle de
Nenhum Pequeno Considerável Muito
preços

Condição de Sem Baixa Médias Altas


entrada barreiras barreira barreiras barreiras

Restauran-
Produtos Automóveis, Água, ener-
Exemplos tes, lojas de
agrícolas aviação gia elétrica
varejo

Quadro 2 - Características das quatro estruturas de mercado / Fonte: adaptado de Mendes (2009).

Como você pode visualizar no Quadro 2, temos quatro estruturas de mercado


(concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio) e
cada estrutura possui características que as diferenciam.

POLÍTICAS PÚBLICAS QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS

Como são poucas as empresas no oligopólio, não é difícil ter acordos de preços
e quantidades, acordos que são indesejáveis aos consumidores e devem ser evi-
tados. São indesejáveis, pois levam a uma produção baixa e a preços altos, ou
seja, nesta situação, as empresas se comportam como no monopólio. Por isso, o
governo deve coibir acordos entre empresas; no Brasil, temos uma lei específica
para isto, que é a lei antitruste.
Algumas práticas empresariais que são proibidas pelo governo brasileiro:
a) Cartel – empresas fazem acordos de preços e quantidades, aumentando
o preço e ou reduzindo a quantidade ofertada. De qualquer forma prejudica o
consumidor final.

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E U IN D ICO

Cartel é um tema bem atual e polêmico na literatura econômica e legislativa. Para


aprofundar seus conhecimentos nesta prática, e como as autoridades antitruste se
comportam frente a uma formação de cartel, leia o artigo “Prática de cartel no Bra-
sil: um estudo acerca das decisões do CADE e o perfil das condenações por cartel”.

b) Fixação de preço de revenda – acontece quando uma empresa produ-


tora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a um preço
fixado por ela. Vale lembrar que preço sugerido não é proibido, pois a empresa
só está sugerindo um preço e não obrigando aos estabelecimento vender o bem
com aquele preço pré-definido.
c) Preços predatórios – é uma situação que uma grande empresa define seus
preços abaixo do custo de produção, para eliminar a concorrente, que em geral
é uma empresa menor, do mercado e depois aumentar seus preços.
d) Vendas casadas – situação na qual dois produtos só são vendidos juntos,
ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens separadamente. Lembran-
do que promoções e produtos tipo combo (TV por assinatura + internet banda
larga) não são considerados venda casada, pois o consumidor pode adquirir os
produtos/serviços separadamente, mesmo que a um preço maior.

IN D ICAÇÃO DE FI LM E

Roger & Eu
Um documentário muito interessante que mostra o impacto do
desemprego na relação entre oferta e demanda de toda uma
comunidade. Este é um documentário sobre o fechamento de
11 fábricas da GM, em Flit, no estado do Michigan, nos EUA, na
década de 1980, o que gerou 30 mil desempregos e afetou a
vida econômica da cidade.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema.


Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

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NOVOS DESAFIOS
Sabemos que na “vida real” a vontade do consumidor, bem como a da empresa
não é satisfeita, mas existe um acordo não formal entre consumidores e empresas
para formar o preço e a quantidade os bens e serviços que serão de fato negocia-
das. Esta situação chama-se equilíbrio de mercado, que é alterado a toda hora
por diversos fatores que foram abordados nesta unidade.
Além da famosa lei oferta e demanda, discutimos alguns custos de produção,
e finalizamos a unidade compreendendo as quatro estruturas de mercado. Assim,
você entende melhor porque o preço da alface é bem inferior ao preço de uma
blusa e da gasolina, por exemplo.

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AUTOATIVIDADE

1. O governo, por meio da lei antitruste, tenta coibir algumas práticas que possam preju-
dicar a concorrência, como cartel, vendas casadas, fixação de preço de revenda e pre-
ços ­predatórios.

Com relação a estas práticas proibidas por lei, analise as afirmativas a seguir:

I - Cartel é prejudicial ao consumidor pois as empresas agirão como em um monopólio.


II - “Combos” de internet, TV por assinatura e telefone são exemplos de venda casada.
III - Um exemplo de preços predatórios são as promoções de final de estoque.
IV - Preços sugeridos são uma prática de fixação de preços de revenda.

Está correto o que se afirma em:

a) Somente a afirmativa I está correta.


b) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

2. Qual das alternativas a seguir é uma característica de um mercado oligopolizado?

a) Livre entrada e saída de empresas.


b) Preços baixos e produtos de qualidade.
c) Domínio do mercado por poucas empresas.
d) Grande concorrência entre empresas.
e) Preços e quantidades determinadas pelo governo.

3. Qual das alternativas a seguir NÃO é uma característica da concorrência monopolística?

a) Existência de um grande número de empresas.


b) Os produtos são diferenciados.
c) As empresas têm algum poder de mercado.
d) Há liberdade de entrada e saída do mercado.
e) Os preços são determinados pela interação da oferta e da demanda.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS

BAGNOLI, V.; MADI, M. F. RDC, Brasília, DF, v. 4, n. 2, p. 121-139, nov. 2016. Disponível em: http://
revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia/article/view/283. Acesso em: 4
out. 2023.

MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2009.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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GABARITO

1. Opção A.

2. Opção C.

3. Opção A.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 5

TEORIA DA MACROECONOMIA

MINHAS METAS

Apresentar os fundamentos da teoria macroeconômica.

Diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento econômico e suas


respectivas fontes.

Estudar o mercado de trabalho e as variáveis pertencentes a ele.

Entender as principais políticas macroeconômicas: monetária, fiscal e cambial.

Estudar os Fundamentos da Teoria Macroeconômica.

Compreender o crescimento Econômico e Desenvolvimento Econômico.

Refletir sobre o mercado de trabalho e as políticas econômicas: monetária,


fiscal e cambial.

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INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante! Agora, iremos discutir a outra área de estudo da economia, que
é a macroeconomia. Antes de iniciarmos, você precisa saber que os conceitos
microeconômicos são fundamentais para a compreensão da macroeconomia,
pois a moeda, por exemplo, funciona com a mesma ideia de outro bem qualquer.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso
podcast e saber mais!
Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de da-
dos (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital
do ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

FUNDAMENTOS DA TEORIA MACROECONÔMICA

Nesta seção, iniciaremos o estudo da segunda grande área de estudo da economia,


a macroeconomia. Você, certamente, já ouviu/leu em jornais, revistas, telejornais,
internet, dentre outros, as seguintes manchetes:

• A taxa de inflação ultrapassou a meta e governo aumenta a taxa SELIC.


• Trabalhamos 150 dias para pagar impostos.
• O dólar fechou em alta.
• Balança comercial brasileira foi superavitária no mês de outubro.

Ao final deste tema de aprendizado, você compreenderá cada uma das manchetes
citadas, dentre outros temas relacionados e os motivos que o governo aumenta,
por exemplo, a taxa de juros, ou injeta dólar no mercado ou corta gastos.

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O estudo da macroeconomia é algo relativamente novo. Se pensarmos em


economistas clássicos como Adam Smith e David Ricardo, que fizeram seus
­estudos mais ou menos entre os anos 1700 e 1800, a macroeconomia é muito
jovem. A macroeconomia tem como seu principal expoente o economista Jhon
Maynard Keynes que, por muitos, é chamado de pai da macroeconomia ­moderna.

AP RO F U N DA NDO

Keynes escreveu sua principal obra em 1936, num contexto em que a economia
norte-americana estava devastada após a Grande Depressão, ou a chamada crise
de 1929. Nesse período, a economia dos Estados Unidos estava sofrendo, passan-
do por uma grande crise, na qual o nível de desemprego era muito alto.

Na visão de Keynes, se o governo participasse mais dessa economia, a crise não


teria sido tão profunda.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Mas o que significa o governo participar mais da economia?

Muito bem, o governo participar mais da economia significa ele não cuidar somente
de suas funções básicas e, sim, atuar como um agente econômico. Para entender-
mos essa questão, precisamos verificar quais são as funções básicas do governo.
De acordo com Giambiagi e Além (2011) o governo tem as funções: Estabi-
lizadora, Distributiva e Alocativa. Vamos compreender cada uma delas?

FUNÇÃO ESTABILIZADORA

O governo ter a função estabilizadora significa que ele precisa manter a economia
estabilizada. Você pode verificar, por exemplo, que o governo tem estado bastante
preocupado com os níveis de preços na economia, ou seja, o governo tem se preocu-
pado com o nível da inflação.

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FUNÇÃO DISTRIBUTIVA

Essa função do Estado é exatamente o que o nome dela diz, ou seja, distribuir melhor
os recursos, tentar retirar de quem tem muito para oferecer a quem não tem nada ou
pouco tem.

FUNÇÃO ALOCATIVA

Significa que o Estado deve atuar em áreas da economia na qual o setor privado não
tem muito interesse em atuar, ou seja, o governo irá alocar recursos em áreas que, se
ele não atuar, não ofertarão os serviços necessários, já que o setor privado não fará
essa oferta de serviços.

Então, diante das funções do governo, é importante definirmos os bens públicos,


que são bens de uso coletivo cuja principal característica é a impossibilidade de
excluir determinados indivíduos de seu consumo, uma vez delimitado o volume à
disposição do público. Exemplo disto é: meteorologia, defesa nacional e serviços
de despoluição.
De acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), o governo, ao utilizar a política
macroeconômica, deve ter como objetivos:

• Alto nível de emprego.


• Estabilidade de preços.
• Distribuição de renda socialmente justa.
• Crescimento econômico.

Isto é, o governo deve buscar esses quatro objetivos listados. É importante res-
saltarmos que, conforme Vasconcellos e Garcia (2008), os objetivos de alto
nível de emprego e de estabilidade de preços são de curto prazo ou conjun-
turais, são objetivos que o governo tenta atingir mais rapidamente, pensando
na conjuntura atual.
Já os objetivos de distribuir renda e de crescimento econômico são objetivos
de longo prazo, ou chamados de objetivos estruturais, que fazem parte da estru-
tura econômica, e, para serem alcançados, é necessário um tempo maior. Vamos
discutir um pouquinho cada um desses objetivos da política macroeconômica.

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ALTO NÍVEL DE EMPREGO

De acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), e conforme já discutido inicialmente, foi


a partir da década de 1930 que o governo passou a pensar mais profundamente na
macroeconomia; até esse período, a questão do emprego não gerava preocupação
por parte dos governos. Mais especificamente, foi somente a partir da crise de 1929
que essa questão passou a ser pensada e/ou discutida.

ESTABILIDADE DE PREÇOS

A estabilidade de preços, em outras palavras, é a inflação. Essa questão já foi bem


mais problemática para o Brasil do que é atualmente. Embora haja uma grande pre-
ocupação com a estabilidade de preços, hoje em dia, se conversarmos com alguém
que viveu na década de 1980 e início da década de 1990 (até 1994), com certeza, essa
pessoa nos dirá que, hoje, a inflação não chega a ser um problema se comparada com
o período citado quando os preços eram remarcados diariamente, e, às vezes, mais do
que uma vez no dia.

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA SOCIALMENTE JUSTA

A literatura traz argumentos de que a distribuição de renda no Brasil piorou muito


quando o governo adotou como regra a chamada “teoria do bolo”. Conforme essa
regra, primeiro deveríamos esperar aumentar a riqueza no país, e, depois, redistribuí-la.

CRESCIMENTO ECONÔMICO

Crescimento econômico, conforme Vasconcellos e Garcia (2008), é o mesmo que


aumento da renda nacional per capita. Para que isso ocorra, o aumento da produção
de bens e serviços deve, necessariamente, ser superior ao crescimento populacional,
pois somente assim haverá aumento da renda per capita.

Os objetivos da macroeconomia não são independentes uns dos outros, po-


dendo, inclusive, acontecer ao mesmo tempo, ou seja, uma meta pode ajudar a
alcançar outras. Para você compreender melhor, o crescimento pode facilitar a
solução dos problemas de pobreza, já que é possível amenizar os conflitos sociais
quando a renda cresce e é repartida entre as classes.
Porém, é possível, também, que os objetivos da
quando a procura macroeconomia sejam conflitantes. Por exemplo, a
é maior do que a meta pode ser fazer com que o país cresça, mas ao
oferta, os preços crescer, a demanda é aquecida e de acordo com a lei
sobem de oferta e demanda: quando a procura é maior do

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que a oferta, os preços sobem. Se o aumento de preços for generalizado, a inflação


surge. Com isso, a estabilidade da economia fica de lado.
Outro exemplo é apresentado por Vasconcellos (2011), uma política de esta-
bilização da inflação pode levar ao aumento de desemprego, pois tais políticas
retraem a demanda de bens e serviços, fazendo com que tenha queda da atividade
econômica, e, portanto, do emprego.

Essa relação inversa entre duas variáveis, como emprego e crescimento econômico
apresentados no exemplo, chama-se trade-off, e é um conceito muito presente
da economia.

Agora, como a macroeconomia está estruturada?

MERCADOS VARIÁVEIS DETERMINADAS

Parte Real da Mercados de Bens e


Produto Nacional
Economia Serviços

Parte Real da
Mercado de Trabalho Nível Geral de Preços
Economia

Parte Monetária Mercado Financeiro (mo- Taxa de Juros


da Economia netário e títulos) Estoque de Moeda

Taxa de Câmbio
Mercado de Dívidas
Estoque de Reservas Cambiais

Quadro 1 - Estrutura da análise macroeconômica / Fonte: Vasconcellos (2011, p. 198).

A macroeconomia analisa a economia como se ela fosse constituída por duas


partes, uma real e outra monetária, e quatro mercados: de bens e serviços, de
trabalho, financeiro e cambial.

AP RO F U NDA NDO

Então, ao analisar o comportamento do mercado de bens e serviços, somam-se


todos os bens e serviços produzidos pela economia em um determinado período
de tempo, o resultado será o produto nacional e o preço praticado nesse mercado
é o nível geral de preços.

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Da mesma forma é o mercado de trabalho, só que ele é composto por trabalho,


e é determinado o nível de emprego e taxa salarial. Já no mercado monetário, a
análise será verificada pela troca por moeda, e serão determinadas as taxas de
juros e a quantidade de moeda necessária.

E, por último, temos o mercado cambial, já que um país como o Brasil realiza
transações comerciais e financeiras com outros países. Porém, para que essas
transações sejam possíveis, é preciso transformar, ou melhor, converter o preço
dos bens negociados em relação ao preço do outro país. Para isso, é utilizada a
taxa de câmbio.

CRESCIMENTO ECONÔMICO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O conceito de desenvolvimento econômico é mais amplo, e está relacionado


ao aumento da capacidade produtiva do país, mas com melhorias no padrão de
vida da população e com alterações fundamentais na sua estrutura.
Portanto, para os teóricos que associam crescimento com desenvolvimento,
um país é considerado como subdesenvolvido quando o PIB cresce menos do
que o dos desenvolvidos, mesmo com disponibilidade de capital, terra e mão de
obra. Nessa linha, o crescimento econômico distribui diretamente a renda entre
os proprietários dos fatores de produção, levando, automaticamente, a melhorias
dos padrões de vida e, por consequência, ao desenvolvimento econômico.

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Assim, o crescimento econômico não necessariamente vai beneficiar todo o


conjunto da população. Por exemplo, mesmo que um país cresça, o desemprego
pode não estar diminuindo em um ritmo necessário, em razão, por exemplo, do
processo de robotização e informatização da cadeia de produção.
Além disso, podemos citar outros fatores que explicam que um país pode
crescer sem se desenvolver:

• a saída de capitais internos para outros países, que reduz a capacidade de


importar e realizar investimentos;
• a apropriação desigual da renda, levando à concentração de renda e da riqueza;
• baixos salários, que limitam o crescimento de diversos setores, principalmente
no mercado doméstico.

A segunda corrente entende o crescimento econômico como uma simples va-


riação quantitativa do produto (PIB), ou seja, o aumento da capacidade produtiva
da economia e, portanto, da produção de bens e serviços. Para essa corrente, o
desenvolvimento econômico envolve mudanças qualitativas no modo de vida das
pessoas, das instituições, das estruturas produtivas e do meio ambiente.
O desenvolvimento econômico constitui um dos objetivos do governo, que é a
contínua melhoria de sua qualidade de vida. Porém, isso só é possível no momen-
to em que as necessidades e os desejos passam a ser atendidos ­adequadamente.

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ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Com base no exposto, podemos resumir que um país pode ser rico, como os pro-
dutores de petróleo que ganham muito dinheiro exportando o produto, mas pode
não conseguir, por diversas razões, distribuir essa riqueza entre seus habitantes,
que seguem, em sua maioria, vivendo em condições precárias. Ou seja, qualitati-
vamente, é pobre ou não desenvolvido.

Como o desenvolvimento econômico engloba melhorias na qualidade de vida da


população, uma das variáveis que melhoram a vida das pessoas é a preservação
ambiental. E você saberia dizer o motivo? Com o tempo, o crescimento da eco-
nomia tende a esgotar os recursos produtivos, que, como você sabe, são escassos,
ou seja, limitados. A situação irá ocorrer se o uso dos recursos for indiscriminado,
e não pelo país crescer.

A atividade agrícola tende a ocupar vastas áreas de terras onde se encontravam


florestas. Pode, também, poluir os mananciais de água, infestar o ar atmosférico,
interferindo no próprio clima e no regime de chuvas, o que afeta a saúde da po-
pulação. Dito de outra forma, o desenvolvimento sustentável é o que preserva o
meio ambiente, sobretudo os recursos naturais não renováveis.

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VOCÊ SABE RESPONDER?


Vivemos falando em desenvolvimento econômico, mas como definir que uma
economia é subdesenvolvida? Quais fatores nós levamos em consideração?

Alguns autores, como Celso Furtado, afirmam que o subdesenvolvimento é um


desequilíbrio na absorção dos avanços tecnológicos produzidos pelo capitalismo
industrial a favor das inovações que incidem diretamente sobre o estilo de vida.
A raiz do subdesenvolvimento reside na desarticulação entre esses dois pro-
cessos causada pela modernização. O desenvolvimento econômico de uma nação
ocorre, em processo evolutivo, em cinco etapas, que são:

• sociedade tradicional;
• pré-requisito para o arranco;
• arranco ou decolagem;
• crescimento autossustentável;
• idade do consumo de massa.

Por outro lado, existem inúmeros fatores que são apontados como responsáveis
pelo subdesenvolvimento dos países.

Indicadores de desenvolvimento e de crescimento econômico

Para medir o crescimento econômico, utilizamos os indicadores PIB e PIB per


capita. Por exemplo, se um país estiver aumentando sua renda per capita, pode-
mos dizer que está ocorrendo crescimento, desde que esse aumento seja menor do
que o crescimento populacional. Para que ocorra o desenvolvimento, precisamos
que outras questões sejam atendidas.
Nesse sentido, há na teoria econômica diversos modelos que estudam e medem o ta-
manho do desenvolvimento econômico de determinado país. Dentre esses modelos, Sou-
za (2011) cita os neoclássicos de Meade, de Solow e a teoria do crescimento endógeno.

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PIB PER CAPITA

Esse é um indicador bastante utilizado que busca mostrar/medir o crescimento de


um país. No seu cálculo, divide-se o PIB pela população. Assim podemos, facilmente,
perceber que ele é um dado numérico e que não nos dá uma dimensão de qualidade
de vida, de como a renda está distribuída. Enfim, ele mostra apenas uma média.

IDH – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

Uma variável utilizada para se tentar captar o desenvolvimento econômico é o IDH –


Índice de Desenvolvimento Humano. Esse índice é relativamente novo e tenta captar
quão desenvolvida é uma nação, um povo. O IDH é composto por três subíndices:
a) Um índice que mede a renda. Aqui se utiliza o PIB per capita.
b) Um índice que mede a saúde das pessoas. Utiliza-se a expectativa de vida
ao n
­ ascer.
c) Um índice que mostre a educação. Nesse caso, utiliza-se a taxa de alfabetização
de adultos e a taxa de matrícula nos ensinos fundamental, médio e superior.

O IDH varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, melhor, ou seja,
quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. Esse índice vem sendo
divulgado a partir da década de 1990. A ONU o divulga para cerca de 170 países
que são ranqueados a partir desse índice conforme critérios a seguir:

IDH GRAU DE DESENVOLVIMENTO

Acima de 0,8 Alto

Entre 0,5 e 0,8 Médio

Abaixo de 0,5 Baixo

Quadro 2 - Grau de desenvolvimento conforme critério do IDH / Fonte: adaptado de Gremaud et al. (2008).

De acordo com dados da PNUD, para o ano de 2012,


nosso IDH é
o Brasil ficou na 85ª colocação no ranking do IDH.
considerado médio
Nesse ranking, constam 186 países. O Valor do IDH
brasileiro é 0,730, ou seja, nosso IDH é considerado
médio. O país melhor colocado é a Noruega, com um IDH de 0,955, acompanha-
da pela Austrália, com 0,938. O último colocado é Níger, com um índice de 0,304.

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Índice de Gini

O índice de Gini é um índice que mede a desigualdade ou concentração da renda.


Ele varia entre 0 e 1, sendo que 0 representa a completa igualdade (todos teriam
a mesma renda) e 1 a completa desigualdade. Assim, ao pensarmos no índice de
Gini, desejamos que ele seja o menor possível.

O MERCADO DE TRABALHO

O mercado de trabalho é um dos cinco mercados em que a macroeconomia,


normalmente, divide o estudo da economia. Nesse mercado é determinada a
quantidade utilizada de trabalho, que representamos com a letra “N” e o salário
nominal do trabalhador, representado por “W”.
Então, como afirma Souza (2011), uma definição mais completa do desem-
prego exige o conhecimento sobre os critérios pelos quais uma pessoa que é
considerada economicamente ativa não está trabalhando.

Assim, inicialmente, vamos discutir algumas características nas quais as pessoas


podem se enquadrar, e que são levadas em consideração pelas pesquisas que pro-
curaram examinar o mercado de trabalho. Nesse sentido, Bacha e Lima (2006)
definem alguns conceitos fundamentais para entender o funcionamento do
mercado de trabalho, que são:

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■ População residente
É o total de pessoas vivendo em certo país em determinado momento do tem-
po, independentemente de sua idade e se está ou não trabalhando, procurando
trabalho ou apenas ocioso. A população residente se divide em população eco-
nomicamente ativa (PEA), população não economicamente ativa e pessoas
incapacitadas ao trabalho.
■ População economicamente ativa (PEA)
São as pessoas acima de certa idade (por exemplo, com 10 ou mais anos de
idade) que são aptas e desejam trabalhar, independentemente de estarem ou não
trabalhando. Segundo Souza (2011), essa categoria se divide em:

POPULAÇÃO OCUPADA

São aquelas pessoas que trabalham para um empregador, normalmente obrigadas


a cumprirem a jornada de trabalho, e recebem em troca uma remuneração. Exem-
plo: militares, funcionários públicos, estagiários, empregados domésticos, jovens
aprendizes, vendedores, professores, dentre outros.

TRABALHADORES POR CONTA PRÓPRIA

São as pessoas que exploram seu próprio empreendimento, sozinhos ou com sócios,
mas não têm empregados. Exemplo: um pintor que trabalha por conta própria.

EMPREGADORES

São as pessoas que exploram seu próprio empreendimento, sozinhos ou com sócios,
mas que possuem, pelo menos, um empregado. Exemplo: empresários.

TRABALHADORES NÃO REMUNERADOS

São as pessoas que trabalham sem remuneração no empreendimento da família.


Exemplo: um menino que ajuda seus pais na padaria, mas não recebe por isso.

POPULAÇÃO NÃO ECONOMICAMENTE ATIVA

São as pessoas aptas a trabalhar, mas que não estão trabalhando e nem procurando
emprego.

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PESSOAS INCAPACITADAS AO TRABALHO

São aquelas abaixo de certa idade (por exemplo, 10 anos), as inválidas física e/ou
mentalmente para trabalhar, idosos, réus e outros não classificados na PEA ou na
população não economicamente ativa.

PESSOAS DESEMPREGADAS OU POPULAÇÃO DESOCUPADA

São as pessoas procurando emprego há 30 dias, e que não estão trabalhando na


semana. Nesse sentido, temos a chamada taxa de desemprego, que é definida como
a percentagem da força de trabalho que está desocupada e procurando emprego.

Nesse sentido, Sandroni (2003) acrescenta que o desemprego é uma situação de


ociosidade involuntária em que uma pessoa se encontra. Passos e Nogami (2012)
observam que desempregada é aquela pessoa que está procurando emprego.

IN D ICAÇ ÃO DE LI V RO

Para conhecer um pouco mais sobre a evolução do mercado de trabalho e o impac-


to do aumento do desemprego no desenvolvimento econômico, leia o artigo Estag-
nação da economia, abertura e crise do emprego urbano disponível no link: https://
periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643188/10732.

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Causas do desemprego

Apesar de parecer lógico que em crises econômicas o desemprego aumenta, já


que as empresas irão vender menos e, por esse motivo, irão cortar custos, e, uma
das formas é demitindo funcionários, a crise não é o único motivo para o de-
semprego.

Nesse sentido, Souza (2011) afirma que os economistas, basicamente, separam


o desemprego em três tipos, de acordo com as causas, que são: friccional, estru-
tural e conjuntural, que também é chamado de cíclico. Os dois primeiros estão
relacionados à chamada taxa natural de desemprego.
Os economistas da corrente clássica afirmam que a lei natural da oferta e
demanda equilibram o mercado, ou seja, a oferta cria sua própria demanda. Em
outras palavras, tudo que é produzido será consumido ao preço do mercado.

Assim, existe uma mão invisível que corrige todas as distorções que podem ser
geradas, sem que o Estado intervenha. Logo, para os economistas clássicos, o
pleno emprego sempre ocorre, inclusive no mercado de trabalho. Por esse motivo,
não existe desemprego involuntário, apenas o voluntário, que é aquele em que a
pessoa, por algum motivo, não deseja trabalhar.

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Vamos conhecer as causas do desemprego?

Desemprego estrutural

O desemprego estrutural pode ser decorrente de mudanças estruturais na eco-


nomia, como mudança tecnológica, padrão de demanda dos consumidores, que
no longo prazo alteram o mercado de mercado, eliminando alguns postos de
trabalho e criando outros.

Desemprego Friccional

É caracterizado por pessoas que estão desempregadas momentaneamente, decorrentes,


por exemplo, de mudança voluntária de emprego ou demissão ou primeiro emprego.
Resumindo, o desemprego friccional é um “desemprego de adaptação, típico
de economia em transformação” (SOUZA, 2011, p. 77), mas esse tipo de desem-
prego pode se tornar em desemprego estrutural no médio prazo.

Desemprego conjuntural ou cíclico

Também chamado de desemprego involuntário, acontece em fases de recessão


da economia. Nessas fases, o governo reduz o gasto, o que afeta diretamente a
demanda, diminuindo a produção e gerando desemprego.
Além desses tipos, alguns autores ainda incluem mais uma categoria do de-
semprego, que é o desemprego sazonal que acontece em determinadas épocas,
por exemplo, baixa temporada ou entre safras. Esse tipo é muito comum na agri-
cultura e no turismo.

Taxa de desemprego

Mas como é calculada a taxa de desemprego? A taxa de desemprego é, segundo


Passos e Nogami (2012), o percentual de pessoas desocupadas/desempregadas
na semana de referência da pesquisa com procura no período de referência de
30 dias em relação à população economicamente ativa (PEA) na semana de re-
ferência. Ficou complicado, certo? Vamos visualizar pela fórmula:

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Taxa de desemprego = (população desocupada)/(População economicamente


ativa) x 100.
O valor encontrado mostra a relação, percentual, de pessoas que estão procurando
trabalho nos últimos 30 dias e que não exerceram atividade remunerada nos últimos 7
dias. Por exemplo, se a taxa de desemprego for de 7%, isso significa que 7% da população
economicamente ativa não está trabalhando, mas está procurando emprego.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Mas como sabemos esse percentual?

No Brasil, temos três principais pesquisas que verificam o mercado de trabalho,


como a Pesquisa Mensal de Empregos (PME), Pesquisa de Emprego e De-
semprego (PED) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),
sendo a última mais utilizada no meio acadêmico dos pesquisadores sobre mer-
cado de trabalho. Cada pesquisa tem uma metodologia própria.

Movimentos no mercado de trabalho

Os movimentos do mercado de trabalho relacionados à oferta e demanda por


trabalhadores dependem de três fatores, que são:

SALÁRIO MÍNIMO

Na maioria dos países, incluindo o Brasil, existem legislações que proíbem que os
empregadores paguem menos do que um salário mínimo a qualquer categoria profis-
sional ou gênero ou, ainda, a idades diferentes. O salário mínimo é definido pelo gover-
no de tempos em tempos.

SINDICATOS

Segundo Souza (2011), os sindicatos são entidades que defendem os direitos dos tra-
balhadores. Dentre esses direitos, estão a irredutibilidade dos salários e a manutenção
dos salários reais, ou seja, do poder aquisitivo da população.

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SALÁRIO-EFICIÊNCIA

Um empresário pode estar certo que existe mais oferta do que demanda por
trabalhadores em um determinado setor, mas ele pode não desejar, por questão
estratégica, por exemplo, reduzir o salário. Nesse caso, o empresário estaria evitando
rotatividade e assegurando a qualidade do trabalho.

Blanchard (2011) afirma que a fixação de salários é feita de várias formas, tais
como determinado pelos empregadores ou por acordos bilaterais entre o empre-
gador e o empregado nas chamadas negociações.
Assim, muitos trabalhadores empregados têm algum poder de barganha,
e esse nível do poder de barganha de um trabalhador depende claramente da
natureza do seu trabalho, além disso, as condições de trabalho também afetam
o poder de barganha dos trabalhadores.
Especificamente sobre o mercado de trabalho, o aumento do desemprego
estrutural pode ser apontado como um dos aspectos perversos da globaliza-
ção. Ademais, implantado pela globalização, o novo paradigma tecnológico
requer mão de obra qualificada, marginalizando, assim, parcela significativa
de ­trabalhadores.

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo


digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Neste tema de aprendizado, discutimos uma das grandes áreas de estudo que
é a macroeconomia. Vimos que a macroeconomia analisa os agregados ma-
croeconômicos, ou seja, a economia como um todo, e não unidades produ-
toras ­individuais.

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AUTOATIVIDADE

1. O governo deve ter alguns objetivos ao adotar políticas macroeconômicas.

A respeito desses objetivos é correto afirmar que:

I - Todos os objetivos a serem alcançados são de longo prazo.


II - Alto nível de emprego, historicamente, é um objetivo dos governos.
III - Todos os objetivos a serem alcançados são de curto prazo.

a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.


b) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
c) Somente a afirmativa I está correta.
d) Todas as afirmativas estão corretas.
e) Nenhuma afirmativa está correta.

2. O governo tem algumas funções chamadas, por alguns autores, de funções básicas, a saber:
estabilizadora, distributiva e alocativa.

Sobre a função estabilizadora é correto afirmar que:

a) Preocupa-se com a melhor distribuição dos recursos.


b) Está focada em áreas que não são atraentes ao capital privado.
c) Preocupa-se com os preços da economia.
d) Podemos adotar como exemplo dessa função o investimento em saneamento básico.
e) Preocupa-se com a distribuição de renda justa.

3. Os conceitos de desenvolvimento e crescimento econômicos são próximos. Porém, é im-


portante conhecermos bem suas diferenças.

A respeito dessas diferenças é correto afirmarmos que:

a) No crescimento, devemos prestar mais atenção ao nível de escolaridade.


b) A distribuição de rendas é mais considerada quando discutimos crescimento do que
quando discutimos desenvolvimento.
c) Estudar desenvolvimento econômico implica pensar em qualidade de vida.
d) O PIB (Produto Interno Bruto) per capita é uma excelente medida para o desenvolvimento
econômico.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS

BACHA, C. J. C.; LIMA, R. A. S. Macroeconomia: teorias e aplicações à economia brasileira. Cam-


pinas: Átomo, 2006.

BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2011.

GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil. Rio de Janeiro: Campus,
2011.

GREMAUD, A. P. et al. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2008.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

SANDRONI, P. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 2003.

SOUZA, J. M. de. Economia brasileira. São Paulo: Pearson, 2011.

VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011.

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GABARITO

1. Opção E.

2. Opção C.

3. Opção C.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 6

POLÍTICAS ECONÔMICAS

MINHAS METAS

Apresentar os fundamentos da teoria macroeconômica.

Diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento econômico e suas


­respectivas fontes.

Estudar o mercado de trabalho e as variáveis pertencentes a ele.

Entender as principais políticas macroeconômicas: monetária, fiscal e cambial.

Compreender o crescimento econômico e desenvolvimento econômico.

Explicar o mercado de trabalho.

Aprofundar-se em políticas econômicas.

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INICIE SUA JORNADA


Estudante, seja bem-vindo a este tema de aprendizagem. Este é mais um tema
importante para você conhecer e se aprofundar um pouco mais nas Políticas
Econômicas que são as Monetárias, Fiscais e Cambiais. Aqui, vamos conhecer
cada uma delas, suas características e como elas influenciam e afetam a economia.
Além disso, você também irá compreender o que são impostos e de que forma
eles se dividem. Nesse sentido, continue seus estudos para saber o porquê desses
assuntos serem tão relevantes para o seu conhecimento. Vamos lá?!

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso
podcast e saber mais clicando aqui!
Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de
dados (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

POLÍTICAS ECONÔMICAS: MONETÁRIA, FISCAL E CAMBIAL

Podemos definir, de forma bem genérica, que uma política econômica é a atua-
ção do governo para atingir um determinado objetivo. Temos três principais
políticas econômicas, que são a monetária, fiscal e cambial. Vamos entender
cada uma delas?

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 6

Política monetária

A política monetária refere-se à quantidade de


refere-se à
moeda disponível na economia, ao crédito disponível
quantidade de
na economia e às taxas de juros, ou, ainda, conforme
moeda disponível
Gremaud et al. (2008), por política monetária, en- na economia
tende-se a atuação do Banco Central para definir as
condições de liquidez da economia: quantidade ofertada de moeda, nível de taxa
de juros, dentre outros. Por meio da definição apresentada, percebemos que essa
política influencia nossa vida diariamente e, muitas vezes, não nos damos conta
disso. Você já havia pensado nisso?

Vamos verificar, agora, quais são as funções da moeda. De acordo com Souza
(2011), as funções da moeda podem ser divididas em: meio de troca, reserva de
valor, medida de valor e padrão para pagamento diferido no tempo. Vejamos
cada uma dessas funções.

A função chamada meio de troca está relacionada à possibilidade que temos de


trocar moeda por produtos e serviços que demandamos, ou seja, a moeda nos
ajuda muito por nos facilitar as trocas e, embora não pensemos muito nisso, nem
sempre foi assim, já tivemos muitas mercadorias que foram utilizadas como moeda.

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A moeda serve como reserva de valor por ter a máxima liquidez e por ter um
poder de compra. Assim, essa função está, intimamente, relacionada à função
de meio de troca. A medida de valor é porque, por meio da moeda, classificamos
quanto vale determinada mercadoria. E a função de padrão para pagamento
diferido no tempo é uma função que nos permite negociar algo (produto, serviço)
em uma data e o seu pagamento ser feito no futuro, ou seja, por conta da existên-
cia da moeda é que podemos combinar um preço hoje, para alguma negociação,
e esse pagamento ser feito daqui a 30 dias, ou 60, e assim por diante.
E por que nós demandamos moeda? Sei que você está assustado com essa
pergunta e deve ter respondido: é óbvio que sabemos. Mas sabemos na prática.
Vejamos, na teoria, quais são os motivos que nos levam a demandar moeda:

ESPECULAÇÃO

Você quer manter seus recursos em moeda para poder utilizá-los em algo que seja
vantajoso para você, mas aqui estamos falando de aplicações financeiras rápidas.

TRANSAÇÃO

O motivo transação é que mantemos moeda para as transações necessárias em


determinado período. Por exemplo, ao receber o salário, você guarda certa quantia em
dinheiro para poder pagar suas contas mensais como água, telefone etc.

PRECAUÇÃO

Nesse caso, as pessoas guardam dinheiro para um imprevisto. Quem não tem um avô
ou uma avó que diz: “nunca se sabe o que vai ser amanhã, é melhor prevenir”? Por
esse motivo, essas pessoas acabam guardando dinheiro em espécie.

Aqui, após verificarmos quais são as funções da moeda, já podemos fazer uma
importante reflexão. Conforme Souza (2011), a demanda por moeda vai depender
diretamente de qual é a renda do agente econômico e inversamente da taxa de juros.
Explico, quanto maior a renda, maior a demanda por moeda, e quanto maior
a taxa de juros, menor a demanda, pois se a taxa de juros estiver muito alta, será
mais interessante deixar o dinheiro aplicado.
Sabendo quais são as funções da moeda e porque os agentes econômicos a
demandam, vamos ver, então, quais são os instrumentos que o governo tem e
utiliza para provocar o aumento ou redução de demanda por moeda.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 6

Instrumentos da política monetária

Pensemos, agora, na open market. As operações de open market, ou mercado


aberto, são aquelas em que o governo compra ou vende títulos públicos, ou seja,
digamos que o governo pretende irrigar a economia com mais dinheiro, utili-
zando essa ferramenta de mercado aberto. Ele vai entrar no mercado comprando
títulos públicos.

Depósitos compulsórios: representam parte dos recursos que os bancos “ar-


recadam” no mercado sob a forma de depósitos. Essa parte é a que fica retida
junto ao Banco Central. Na prática, os bancos ficam impedidos de usarem esses
recursos para novos empréstimos.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Então, por que os depósitos compulsórios são um dos instrumentos da
política monetária?

Se a intenção do governo é fazer uma política restritiva, ele irá elevar o depósito
compulsório, dessa forma, sobrarão menos recursos para os bancos emprestarem
(ou reemprestarem).

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Taxa de redesconto: também chamada de em-


Taxa de redesconto:
préstimos de liquidez por alguns autores, a taxa de
também chamado
redesconto é a taxa que os bancos comerciais pagam
de empréstimos de
ao Banco Central quando precisam de dinheiro em- liquidez
prestado. Por exemplo, digamos que um banco co-
mercial precisa de recursos. Ele pode conseguir esses recursos em outros bancos,
mas, em última instância, se ele não conseguir empréstimos com seus pares, ele
recorrerá ao Banco Central.

A P RO F UNDA NDO

A taxa de juros cobrada pelo Banco Central dos bancos comerciais é a chamada
taxa de redesconto. Se o governo deseja que haja uma elevação da quantidade de
dinheiro em circulação, ele irá diminuir o valor dessa taxa. Em contrapartida, se quiser
que tenha uma redução na quantidade de dinheiro na economia, ele eleva essa taxa.

Até aqui, falamos da política monetária focando na moeda, suas funções e os


instrumentos da política monetária. Porém, há outra variável que está intima-
mente ligada à política monetária, e essa está sempre presente nos noticiários,
como evidenciado na introdução: a famosa taxa de juros.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Podemos entender por juros o preço do uso do dinheiro. Por que pagamos juros
de um empréstimo?

Quando não temos os recursos no momento, e, mesmo assim, o utilizamos, ar-


camos com os juros. Então, a taxa de juros é o pagamento por essa utilização
do dinheiro. A definição da taxa de juros está atrelada à política monetária. De
acordo com Gremaud et al. (2008), taxa de juros é o que se ganha pela aplicação
de recursos durante determinado período de tempo, ou, alternativamente, aqui-
lo que se paga pela obtenção de recursos de terceiros (tomada de empréstimo)
durante determinado período de tempo.

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Verificando a definição de taxa de juros, já é possível inferir que essa é uma variável
das mais importantes em qualquer economia, visto que, a partir dela, muitas decisões
são tomadas. Por exemplo, se um empresário deseja fazer um investimento, uma
das variáveis que ele levará em consideração é a taxa de juros. Se uma pessoa física
pretende comprar um produto e vai pagá-lo à prestação, quanto ele pagará de juros
vai afetar diretamente sua decisão de compra.

Então, sabendo o que é e como é importante a taxa de juros, verifiquemos como


ela é formada. No Brasil, a chamada taxa básica de juros é a Selic – Serviço
Especial de Liquidação e Custódia. Ela é básica porque a partir dela é que as
demais taxas são estabelecidas. Muitas vezes, você vê o valor da Selic e diz: mas no
cheque especial estou pagando muito mais do que isso! Ou no cartão de crédito
ou no financiamento, dentre outros.
Volto a dizer, a Selic serve de base para as demais taxas de juros, é como se fosse
um indicador de tendência ou um sinalizador que o governo usa para mostrar aos
demais agentes econômicos o que ele quer no futuro próximo ou no curto prazo.
A definição da Selic é feita pelo Copom – Comitê de Política Monetária do
Bacen – Banco Central, por meio de suas reuniões mensais que, provavelmente, você
já deve ter ouvido ou lido alguma notícia a respeito. Sempre que a definição da Selic
acontece (uma vez por mês, em uma quarta-feira) essa informação é bastante divulgada,
justamente como vimos anteriormente. A intenção do governo é informar o que ele
deseja dos agentes econômicos pela sua decisão de elevar, manter ou reduzir a Selic.

Como a política monetária afeta a economia?

Agora que já estudamos um pouco sobre moeda, e as variáveis que envolvem a


política monetária, vamos discutir como o governo faz política monetária e quais
os resultados que pretende com ela.
Em geral, dizemos, tecnicamente, que a política monetária pode ser con-
tracionista ou expansionista. E o que quer dizer isso? Uma política monetária
contracionista é feita se o governo deseja frear a economia. Melhor dizendo, se,
na visão do governo, a economia está muito aquecida, as pessoas/empresas estão
utilizando muito a moeda para as mais diversas funções, e ele deseja que isso seja
reduzido, ele praticou política monetária contracionista.

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P E N SAN DO J UNTO S

Aí, você pode me dizer: mas quando o governo vai querer desaquecer a economia?
Quando, por exemplo, a inflação estiver muito elevada. E como se faz essa políti-
ca? A ferramenta mais utilizada, no Brasil, é a taxa de juros, mas todos os instru-
mentos de política monetária citados anteriormente são e podem ser u
­ tilizados.

Já a política monetária expansionista funciona no sentido inverso - se o gover-


no acha que a economia está desaquecida e pretende estimular essa economia, ele
poderá reduzir a taxa de juros, o que levará os agentes econômicos a reaquecerem
a economia.

Figura 1 - O Mecanismo de Transmissão da Política Monetária / Fonte: Harrison et al. (2005 apud PIRES, 2008).

Descrição da Imagem: a figura traz um fluxograma que vai desde a taxa de juros até a inflação. Fim da descrição.

Veja, com base na Figura 1, o que se espera a partir de uma mudança na taxa
de juros: que ela afete as taxas de mercado que estão ligadas às expectativas dos
agentes e que, juntamente com os preços dos ativos, irão influenciar a demanda
que é o que determinará a inflação. Por outro lado, a taxa de juros também está
ligada à taxa de câmbio que determina o preço das importações que influencia
a inflação. Esse é o modelo utilizado pela Inglaterra.
Na Figura 2, podemos verificar um esquema parecido com o da Figura 1, mas
este foi construído para ilustrar o que ocorre no Brasil.

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Figura 2 - O Mecanismo de Transmissão da Política Monetária - Brasil / Fonte: adaptada de Gontijo (2007).

Descrição da Imagem: a figura ilustra o desencadear da política monetária partindo de um dos mecanismos
tradicionais, nesse caso, especificamente, para o Brasil. Podemos verificar que todos eles afetam, em última
instância, o nível geral de preços, mas também influenciam o produto da economia (o PIB) e, em especial a taxa
de juros influencia a taxa de câmbio. Fim da descrição.

Política fiscal

A política fiscal trata, basicamente, do orçamento, gastos e arrecadação do go-


verno. Então, quando o governo gasta ou investe algum recurso, ele está fazendo
política fiscal. Quando o governo eleva ou reduz algum imposto, ele também
está fazendo política fiscal. Normalmente, ouvimos ou lemos a manchete: “Bra-
sil fecha período com superávit primário” ou “Brasil fecha período com déficit
primário”. E o que isso quer dizer?

A P RO F UNDA NDO

Déficit ou superávit primário, de acordo com Gremaud et al. (2008, p. 194) “é


a diferença entre as receitas não financeiras e os gastos não financeiros. Se o
governo gastou mais do que arrecadou, ele tem déficit, e se ele gastou menos
do que arrecadou, ele tem superávit”.

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Já quando o governo tem déficit em suas contas, ou seja, ele gastou mais do que
arrecadou, podemos dizer que ele está fazendo uma política fiscal expansionis-
ta, isso porque, se o governo gasta mais do que arrecada, ele está estimulando a
economia pela injeção de recursos. Aqui cabe uma observação bastante impor-
tante: e a qualidade desses gastos? Muitas vezes, apenas gastar para injetar dinhei-
ro na economia não é uma boa estratégia, é preciso saber em que se está gastando.
A função da política fiscal é a de ajudar o governo a atingir seus objetivos
para uma nação e, para isso, o governo utiliza as variáveis gastos e arrecadação.
A maior parte das arrecadações do governo brasileiro se dá pelos impostos. De
acordo com Gremaud et al. (2008), o Brasil sempre utilizou a estrutura tributária
para estimular setores da economia.

Como a política é bastante utilizada pelo governo brasileiro e sua arrecadação


vem principalmente dos impostos, vamos discutir um pouco sobre esses im-
postos. De acordo com Gremaud et al. (2008), a forma como são estruturados
os sistemas tributários determina o impacto dos impostos tanto sobre o nível de
renda como sobre a organização econômica, a distribuição de renda, a compe-
titividade da economia, dentre outros fatores. Nesse sentido, podemos analisar
vários aspectos.

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IMPOSTOS DIRETOS

Os principais impostos diretos no Brasil são o Imposto de renda – IR pessoa física e


jurídica, o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, o IPTU – Im-
posto Predial e Territorial Urbano, o ITR – Imposto Territorial Rural, dentre outros. Esses
impostos são todos diretos, o que significa que eles incidem sobre a renda do cidadão
ou da empresa, ou sobre a propriedade de algo.

IMPOSTOS INDIRETOS

Os principais impostos indiretos no Brasil são o ICMS – Imposto Sobre a Circulação de


Mercadorias e Serviços, o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, ISS – Imposto
sobre Serviços de Qualquer Natureza, o II – Imposto de Importação, dentre outros. A
característica que esses impostos têm em comum é que todos incidem sobre o con-
sumo e, por isso, são classificados como diretos.

IMPOSTOS NEUTROS

Dizemos que o sistema de cobranças de impostos é neutro quando a sua participação


na renda das pessoas é a mesma, independentemente do nível de renda.

IMPOSTOS REGRESSIVOS

Chamamos de sistema regressivo quando a participação dos impostos na renda das


pessoas diminui conforme a renda aumenta, ou seja, quem ganha menos, paga mais.

IMPOSTOS PROGRESSIVOS

Damos o nome de sistema progressivo quando a participação dos impostos na renda


das pessoas aumenta conforme a renda aumenta, ou seja, quem ganha mais, paga mais.

E, por último, podemos analisar os impostos em relação à eficiência econômica


e ao fomento da economia. Nesse sentido, devemos analisar se o governo está
interferindo no mercado no sentido de sobretaxar determinados bens e serviços,
desincentivando sua produção, ou o contrário.
Em suma, os impostos fazem com que um produto ou serviço se torne mais
caro ou mais barato, independentemente da eficiência de quem o oferta, e o
governo deve estar atento a esse efeito dos impostos.

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Instrumentos da política fiscal

Conforme vimos na definição do que é política fiscal, ela trata dos gastos e arre-
cadação do governo. Assim, para “fazer” política fiscal, o governo utiliza seu gasto
e/ou sua arrecadação objetivando, sempre, alcançar algo com sua ação.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Vimos lá no início deste capítulo que as políticas macroeconômicas têm quatro
objetivos, e esses objetivos podem ser buscados utilizando a política fiscal. E como
executar essa política?

O governo pode decidir, e decide, como, quando e para que utilizará seus recur-
sos. Essa é uma maneira de fazer política fiscal. O governo decide, também, sobre
as alíquotas de impostos, e isso é política fiscal. Vamos ver um exemplo prático:

Exemplo: no ano de 2008, houve uma crise internacional mais localizada, a princípio
nos Estados Unidos, batizada de crise das hipotecas. Com ela houve, de modo geral,
uma redução no consumo mundial, e o Brasil acabou passando a vender menos
para o resto do mundo, já que este estava em crise.

Um dos mecanismos utilizados pelo então Presidente Lula foi o de reduzir o IPI dos
automóveis, objetivando reduzir seu preço e elevar sua demanda. Consequência:
com a redução no preço dos carros, ocorreu uma elevação da demanda e um aque-
cimento da economia brasileira, mais especificamente do setor automobilístico. A
indústria automobilística não reduziu sua produção e nem precisou demitir pessoal.

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Esse mesmo mecanismo foi utilizado com os produtos de linha branca, como ge-
ladeiras e fogões. A esse tipo de política fiscal damos o nome de expansionista,
na qual o objetivo do governo é expandir, fazer crescer a economia. Se o objetivo
fosse contrair a economia, o governo poderia, por exemplo, ter elevado o IPI desses
produtos. Assim, as pessoas demandam menos, e a economia se retrai.

Como a política fiscal afeta a economia?

É dentro da política fiscal que o governo decide onde fará seus investimentos.
Dessa forma, ela influencia diretamente os cidadãos. Além disso, é por meio dessa
política que verificamos se o governo está endividado ou não, de onde estão vindo
e pra onde estão indo seus recursos.
Como já falamos anteriormente, a política fiscal pode ser utilizada para in-
centivar ou desincentivar a indústria (produção) de algum produto. Vejamos a
respeito de quanto de impostos está embutido em determinados produtos:

PRODUTO %

Batatinha (in natura) 11,22

Frango congelado 16,80

Ovos de galinha 20,59

Fubá 25,28

Água Mineral 44,55

Cerveja (garrafa ou lata) 55,60

Sapato 36,17

Gasolina 53,03

Fralda descartável 34,21

Livros 15,52

Tabela 1 - Percentual de tributos embutidos no preço final de produtos / Fonte: adaptada de Impostôme-
tro (c2023).

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Política cambial

A política cambial é aquela que busca manter, atingir uma taxa de câmbio que
seja considerada boa para a economia. Junto à política cambial, alguns autores
trabalham a chamada política comercial, que se refere a mecanismos de incentivo
ou desincentivo às exportações e as importações.
Ao estudarmos teoria econômica, devemos ter em mente que esta tem uma
gama imensa de variáveis, mas quando falamos em economia, é muito difícil que
ninguém se manifeste e comente sobre o Dólar.

Acredito que, para falarmos de política cambial, instigar você na questão da


moeda Norte Americana seja uma boa estratégia, afinal de contas, quem nunca
sonhou com uma viagem internacional, ou com um produto importado, e, de
repente, se lembrou: mas tenho que pagar em dólares? Esse, simplificadamente,
é o “mundo” da política cambial.

P E N SA N DO J UNTO S

Como vimos anteriormente, o governo tem alguns objetivos nas suas políticas
macroeconômicas, e dentro da política cambial, o que é que o governo pode
ou poderia fazer? Vamos começar por entender um pouquinho sobre o câmbio.
Câmbio é uma palavra de origem espanhola que significa troca. Então, quando
pensamos no dólar, na verdade, estamos pensando quanto vai custar esse dólar,
ou seja, de quantos reais eu preciso para comprar ou trocar por um dólar.

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Nas palavras de Gremaud et al. (2008) a taxa de câmbio é o valor que uma moe-
da nacional possui em termos de outra moeda nacional. Dessa forma, podemos
comparar o Real ao Dólar, ao Euro, e assim por diante. Bem como podemos
comparar Euro ao Dólar, Euro ao Franco.
Um país pode adotar regimes cambiais diferentes. No caso do Brasil, você sabe
qual é o regime cambial adotado atualmente? Vejamos quais são os regimes que
a literatura traz e, depois, você nos responde em qual desses o Brasil se encaixa.

Regime de câmbio fixo

Nesse regime cambial, mantém-se a taxa de câmbio em um mesmo valor, ou


seja, não há oscilação no preço da moeda em relação a outras moedas. As leis
da oferta de demanda irão determinar preços, mas, no caso do câmbio fixo, isso
não ocorrerá, quer dizer, não será o mercado que determinará o preço da moeda
e, sim, o Governo.
Para manter o câmbio fixo, é preciso que o país tenha uma boa quantidade de
Reservas Internacionais, ou seja, moeda internacional, pois o Banco Central do país
é quem administrará o câmbio e, para isso, precisará trabalhar com essas Reservas.
Você deve estar se perguntando: como? Entenda o esquema montado na Figura 3.

Figura 3 - Modificação do preço da moeda nos regimes de câmbio fixo e flutuante / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um fluxograma sobre a modificação do preço das moedas nos regimes
de câmbio fixo e câmbio flutuante.

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Quando temos taxa de câmbio fixo e o mercado demanda muita moeda estran-
geira, o Banco Central entra no mercado cambial ofertando moeda internacional
para que o preço dela não suba (não haja alteração na taxa cambial).

Regime de câmbio flutuante

Nesse regime cambial, é permitido que o preço da moeda oscile de acordo com as
condições de oferta e demanda do mercado. Nesse caso, o Banco Central também
compra e vende moeda estrangeira, no entanto, faz isso apenas pela necessidade
que tem de utilizar essa moeda, ele não entra no mercado para influenciar ou
determinar o seu preço.
No caso de câmbio flutuante, o preço da moeda será determinado pelas leis
da oferta e demanda. Se houver maior demanda pela moeda, seu preço se elevará,
e se a demanda cair, seu preço também cairá.

VOCÊ SABE RESPONDER?


E por que o câmbio é uma variável importante?

Qualquer transação que seja realizada com o exterior é influenciada pela taxa de
câmbio. Pensando dessa maneira, podemos entender que governos possam se utilizar
desse artifício ou dessa política, buscando atingir algum objetivo para sua economia.
Vamos tratar do nosso caso específico, do mercado brasileiro. Quem de-
manda dólar? Quem oferta dólar? Em outras palavras, quem compra e quem
vende dólares?
Os demandantes de dólares:
■ turistas que viajam para o exterior;
■ pessoas ou empresas que importam produtos (compram produtos
do ­exterior);
■ pessoas ou empresas que contraíram dívidas no exterior e preci-
sam ­saldá-las;
■ filiais de empresas cujas sedes são no exterior (ao remeterem lucros e
dividendos).

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Os ofertantes de dólares:
■ pessoas ou empresas que exportam seus produtos;
■ turistas estrangeiros que vêm ao Brasil;
■ investidores estrangeiros que investem no Brasil;
■ quem faz empréstimos no exterior.
Levando em conta quem são os ofertantes e demandantes de dólares, po-
demos afirmar que o preço dessa mercadoria, ou seja, a taxa de câmbio é uma
variável muito importante para a economia. Com certeza, a taxa de câmbio in-
fluenciará as relações comerciais de residentes com os não residentes.

CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLUTUANTE

Banco Central fixa a taxa O mercado (oferta e demanda


de câmbio. de divisas) determina a taxa de
Características O Banco Central é obri- câmbio.
gado a disponibilizar as O Banco Central não é obrigado a
reservas cambiais. disponibilizar as reservas cambiais.

Política monetária mais indepen-


Maior controle da infla-
dente do câmbio.
Vantagens ção (custos das importa-
Reservas cambiais mais protegidas
ções estáveis).
de ataques especulativos.

Reservas cambiais
A taxa de câmbio fica muito depen-
vulneráveis a ataques
dente da volatilidade do mercado
especulativos.
financeiro nacional e internacional.
Desvantagens A política monetária (taxa
Maior dificuldade de controle das
de juros) fica dependen-
pressões inflacionárias, devido às
te do volume de reservas
desvalorizações cambiais.
cambiais.

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens dos regimes cambiais / Fonte: adaptado de Vasconcellos (2011).

No quadro, Vasconcellos (2011) resumiu bem as vantagens e desvantagens de


cada regime cambial. Cabe à autoridade econômica (e política) escolher o que
melhor se adequa à realidade do seu país. No caso do Brasil, você já consegue
responder a pergunta que fizemos no início desse tópico, ou seja, qual é o regime
cambial adotado aqui? Adotamos o regime de câmbio flutuante!

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IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Título: Princípios de Macroeconomia


Comentário do autor: o estudo de economia é um dos mais
fascinantes e complexos de todas as ciências. Constitui-se,
portanto, em estimulante desafio para o domínio dos seus
princípios fundamentais, conjugados com a necessidade do
entendimento das inúmeras dificuldades com que a econo-
mia global vem se defrontando. Para melhor compreender
o mundo e poder participar ativamente dele, é preciso ter à
mão um manual completo e atualizado. Esta obra, além dos
ferramentais consagrados, dispõe também das mais recentes
descobertas da economia e dos instrumentos de política
econômica para utilizá-la.

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo


digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Discutimos as três principais políticas macroeconômicas, que são a monetária
- que está relacionada à taxa de juros e à quantidade de moeda em circulação, e,
consequentemente, o crédito - a política fiscal - que são os gastos e arrecadação
do governo - e, por fim, a cambial - que trabalha com a variável taxa de câmbio
- e a forma de impacto dessa variável da economia.
Agora, você conseguirá compreender um pouco melhor as manchetes eco-
nômicas e as ações do governo em termos econômicos. Espero que eu tenha
conseguido despertar em você a paixão pela macroeconomia e pela economia
como um todo.

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AUTOATIVIDADE

1. Crescimento econômico é um dos objetivos que o governo procura alcançar, sendo, portan-
to, tema de estudo da macroeconomia. Assim, crescimento econômico pode ser definido
como o aumento da capacidade produtiva da economia, ou seja, é a riqueza de um país.
Para que uma nação gere riqueza, são utilizados recursos disponíveis, que são limitados.

Com base no exposto, assinale V para verdadeiro e F para falso quanto às fontes/aos ins-
trumentos de crescimento econômico:

( ) Aumento da capacidade produtiva.


( ) Mão de obra qualificada.
( ) Geração de emprego.
( ) Melhorias na qualidade de vida da população.

Assinale a alternativa correta:

a) V, V, V, F.
b) F, F, V, V.
c) F, V, V, F.
d) F, V, F, V.
e) V, F, F, V.

2. Uma desvalorização cambial significa que é necessário mais da moeda nacional, no caso,
Real, para comprar moeda estrangeira. Vamos supor que, inicialmente, a taxa de câmbio
era de R$ 3,00.

Comparando essa taxa com os valores seguir, marque a alternativa que significa que houve
uma desvalorização cambial:

I - R$ 3,01.
II - R$ 3,00.
III - R$ 2,99.
IV - R$ 3,02.

a) I, II e III estão corretas.


b) II e III estão corretas.
c) I, II e IV estão corretas.
d) I e IV estão corretas.
e) Todas estão corretas.

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AUTOATIVIDADE

3. Podemos dizer que tudo que o governo gasta e arrecada pode ser utilizado como política
fiscal.

Assim, quando o governo reduz algum imposto, é correto dizermos que:

a) Está fazendo política fiscal contracionista.


b) Está desincentivando a produção do bem no qual aquele imposto incide.
c) Está incentivando a produção do bem no qual aquele imposto incide.
d) Está aumentando, diretamente, sua arrecadação.
e) Está reduzindo a taxa de juros no longo prazo.

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REFERÊNCIAS

GONTIJO, C. Os mecanismos de transmissão da política monetária: uma abordagem teórica.


Texto para Discussão nº 321. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2007.

GREMAUD, A. P. et al. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2008.

IMPOSTÔMETRO. Página inicial. c2023. Disponível em: https://impostometro.com.br/. Acesso


em: 16 jun. 2017.

PIRES, M. C. C. A dívida pública e a eficácia da política monetária no Brasil. 2008. Monografia


agraciada com menção honrosa no XIII Prêmio Tesouro Nacional – 2008. Política Fiscal e Dívida
Pública. Brasília: ESAF, 2008.

SOUZA, J. M. de. Economia brasileira. São Paulo: Pearson, 2011.

VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011.

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GABARITO

1. Opção A.

2. Opção D.

3. Opção C.

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UNIDADE 3
TEMA DE APRENDIZAGEM 7

INTRODUÇÃO À ECONOMIA
INTERNACIONAL

MINHAS METAS

Discutir o setor externo.

Compreender os fundamentos do comércio internacional.

Entender os regimes cambiais e o comércio internacional.

Conhecer a estrutura do balanço de pagamento.

Estudar o processo de globalização.

Analisar questões do ponto de vista da economia brasileira.

Entender importação e exportação.

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INICIE SUA JORNADA


Olá, estudante, tudo bem com você? Seja muito bem-vindo ao tema de aprendi-
zagem do livro Economia e Sociedade. Aqui, iremos discutir o setor externo, que
é tão importante para a economia brasileira, já que, do ponto de vista econômico,
vivemos em um mundo que está cada dia mais interligado, seja por meio de fluxos
comerciais ou fluxos financeiros. Por esse motivo, a chamada economia inter-
nacional - que é um ramo de estudo dentro da teoria econômica - se destacou.
Assim, o tema de aprendizagem está dividido em quatro tópicos: iniciare-
mos nossas discussões falando da teoria das vantagens comparativas de David
Ricardo, que procura explicar os benefícios do comércio internacional para os
países, e, portanto, em quais produtos as nações devem se especializar e exportar.
No segundo tópico, retornaremos aos regimes cambiais que discutimos no
tema passado, mas com foco no comércio internacional, ou seja, como a taxa de
câmbio influencia as exportações e importações. No próximo tópico, o tema será
Balanço de Pagamentos, no qual todas as transações entre países são registradas.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso
podcast e saber mais clicando aqui!
Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de
dados (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo dig-
ital do ambiente virtual de aprendizagem.

FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

Vamos iniciar nossas discussões com uma pergunta: o que leva um país a comer-
cializar com outras nações? Para responder a esse questionamento, diversas ex-
plicações podem ser levantadas, como a disparidade nas condições de produção
ou, ainda, na obtenção que certos países têm em obter as chamadas economias
de escala ao produzir e vender ao mercado internacional.

Economia de escala acontece quando é possível aumentar a quantidade produzida


sem aumentar, na mesma proporção, o custo.

Os economistas da escola clássica explicam os motivos por que os países comer-


cializam entre si por meio da teoria básica do comércio internacional, o chamado
Princípio ou Teoria das Vantagens Comparativas, que foi formulada por David
Ricardo em 1817.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Para a teoria das vantagens comparativas, como afirma Vasconcellos (2011), cada
país deve se especializar na produção do bem em que é relativamente mais efi-
ciente ou cujo custo seja menor, e exportar este bem. Por outro lado, esse mesmo
país deve importar as mercadorias cuja produção implica um custo maior ou que
ele seja menos eficiente. Assim, a especialização dos países na produção de bens
distintos é a base do processo de troca entre as nações.

Para ficar mais fácil a compreensão, vamos imaginar que existam somente dois
países, Inglaterra e Portugal; dois produtos, vinho e tecido; e um fator de produ-
ção, que é a mão de obra. Com base no trabalho, a produção de cada país pode
ser vista na Tabela 1.

PAÍS/PRODUTO TECIDO VINHO

Inglaterra 100 120

Portugal 90 80

Tabela 1 - Teoria das Vantagens Comparativas / Fonte: Vasconcellos (2011, p. 367).

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Analisando a Tabela 1, podemos ver que Portugal é mais eficiente na produção


tanto de tecido quanto de vinho, comparando com a Inglaterra. Isso acontece
porque o custo que os portugueses têm em produzir os bens é mais baixo do
que o dos ingleses.
Porém, em termos relativos, o custo de produção de tecidos em Portugal é
90, enquanto na Inglaterra é 120. Já o tecido, o custo é de 90 em Portugal e 100
na Inglaterra. Com base na teoria, Portugal tem vantagem relativa na produção
de vinho, e a Inglaterra, na produção de tecidos. Assim, os dois países irão se
beneficiar ao se especializarem na produção do bem que tenha vantagem com-
parativa, exportando esse bem e importando o outro bem.

P E N SA N DO J UNTO S

Agora, vamos entender os benefícios da especialização e do comércio comparan-


do duas situações distintas: uma sem o comércio internacional e outra com o
comércio internacional. Vamos lá?

Voltando à situação apresentada anteriormente, na Inglaterra, são necessárias


100 horas de trabalho para a produção de uma unidade de tecido e 120 horas
para a produção de vinho. Assim, uma unidade de vinho custa 1,2 unidades de
tecido, pois 120/100 é igual a 1,2. E em Portugal? A unidade de vinho custará
0,89 (80/90). Com o comércio internacional, a Inglaterra importa uma unidade
de vinho a um preço inferior a 1,2 unidade de tecido e Portugal importa mais do
que 0,89 de tecido vendendo uma unidade de vinho.
Assim, se a relação de troca entre vinho e tecido for de um para um, ambos
os países se beneficiarão. Por exemplo, a Inglaterra gastará 120 horas de trabalho
para obter uma unidade de vinho, negociando com Portugal poderá importar o
vinho com apenas 100 horas de trabalho. Em outras palavras, a Inglaterra produ-
zirá uma unidade de tecido com 100 horas de trabalho e trocará por uma unidade
de vinho, que caso ela produzisse, seriam gastas 120 horas.

E a mesma situação é com Portugal, que irá trocar uma unidade de vinho que gasta
80 horas para produzir por uma unidade de tecido inglês, que caso Portugal fosse
produzir, seriam gastas 90 horas.

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Com base no exposto, podemos concluir que a Inglaterra deve se especializar na


produção de tecidos e exportar o produto, e importar vinho. Já para Portugal, o
benefício será exportando vinho e importando tecido. Assim, todos os dois países
obterão ganhos via comércio internacional.

IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Para conhecer a aplicabilidade da Teoria das Vantagens Comparativas, leia o artigo


Evolução das vantagens comparativas do Brasil no comércio mundial de soja, que tem
como objetivo analisar a evolução das vantagens comparativas do Brasil nos seg-
mentos de soja em grão, farelo e óleo, no período de 1990 a 2002. Para saber mais, o
artigo se encontra disponível ­clicando aqui! .

De acordo com Vasconcellos (2011), a teoria das vantagens comparativas explica


os movimentos de mercadorias no comércio internacional, baseada no lado da
oferta ou dos custos de produção existentes nos países. Assim, os países expor-
tarão e se especializarão na produção dos bens que os custos forem menores em
relação aos existentes nos países exportadores.
Porém, de acordo com o mesmo autor, a Teoria das Vantagens Compara-
tivas tem algumas limitações, principalmente que ela é estática, ou seja, não leva
em consideração a evolução da oferta e da demanda, e nem as relações de preços
entre os produtos negociados.

Por exemplo, se a renda crescer, a demanda por tecidos aumentará mais do que,
proporcionalmente, a demanda de vinhos, já que tecido é um bem mais elástico e,
com isso, existirá uma deterioração da relação de trocas entre Portugal e Inglaterra,
e os ingleses terão mais benefícios.

Diferentemente ocorre com produtos primários, que possuem a elasticidade


renda da demanda menor do que 1. Então, mesmo com o aumento da renda
mundial, a demanda não aumentará proporcionalmente. Caso tenha ficado com
alguma dúvida quanto ao conceito de elasticidade, por favor, releia o referido
tema do nosso livro didático.
Falamos sobre a Teoria Clássica do Comércio Internacional, mas temos uma
teoria mais moderna, que tem como base o modelo de Heckscher-Ohlin, o qual,

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como afirma Vasconcellos (2011), postula que as vantagens comparativas e a di-


reção do comércio estarão dadas pela escassez ou abundância relativa de fatores
de produção.
Por exemplo, um país como o nosso pode ter mão de obra abundante, o que
faz com que o preço do trabalho, no caso o salário, seja menor, assegurando que o
Brasil tenha vantagens comparativas e, por isso, deve se especializar na produção
de bens que necessitam muito de trabalho. Por outro lado, os bens que precisam
muito de capital, o país deverá importar, pois terá um custo relativamente menor.

REGIMES CAMBIAIS E O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Ao falarmos sobre a política cambial neste tema de aprendizagem, trabalhamos


com o conceito de taxa de câmbio e dos regimes cambiais. Porém, nesta seção,
retornaremos as nossas discussões sobre esses conceitos, mas agora pensando no
impacto no comércio internacional.
Para isso, vamos nos lembrar do que é taxa de câmbio, que pode ser definida
como o preço da moeda estrangeira, que também podemos chamar de divisas,
em relação à moeda nacional. Por exemplo, se a taxa de câmbio dólar/real for de
R$ 3,00 significa que precisamos de três reais para comprar um dólar.

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Com base no que já foi exposto, podemos concluir que, quanto maior for a
oferta de divisas em relação à demanda, menor será a taxa de câmbio, já que tere-
mos mais dólar no mercado interno, o que faz com que o preço do dólar reduza.
Com isso, o Real sofre uma valorização cambial. Por outro lado, se aumentar a
demanda por dólares dada a oferta, a taxa de câmbio será maior, já que o dólar
estará mais caro. Assim, o Real sofre uma desvalorização cambial.
Além desses dois regimes cambiais, que são os mais utilizados, ainda temos
os casos intermediários entre o flexível e o fixo. Dentre esses regimes interme-
diários, podemos citar a flutuação suja, na qual o país adota o regime flutuante,
mas com o Banco Central intervindo o todo inteiro para manter a taxa de câmbio
em níveis adequados, sem muitas oscilações.
Agora que ficou bem clara a taxa de câmbio, vamos compreender o efeito das
variações na taxa de câmbio sobre algumas situações.

Taxa de câmbio sobre exportações e importações

Com a desvalorização cambial, os compradores estrangeiros conseguem comprar


mais produtos importados do Brasil e, com isso, há um aumento na exportação
do nosso país. Por outro lado, fica mais caro para os brasileiros importarem, pois
o dólar estará mais caro e, portanto, os produtos importados também. Assim, a
desvalorização cambial estimula as exportações e desestimula as importações.

Situação oposta ocorre quando temos uma valorização cambial: os nossos produtos
ficarão muito caros no mercado internacional, e os produtos estrangeiros, baratos.
Assim, uma valorização cambial estimulará as importações e desestimulará as
exportações.

Taxa de câmbio sobre a taxa de inflação

Um dos instrumentos de controle da inflação é a taxa de câmbio, o que pode


ser feito por meio da valorização cambial, que, nesse caso, é chamada de âncora
cambial. Ocorre a seguinte situação: a taxa de câmbio é valorizada, o que torna
a moeda nacional mais forte. Isso irá estimular a importação, fazendo com que
a concorrência aumente no mercado nacional, e como você sabe, concorrência
maior, preços menores e, portanto, a inflação reduz.

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P E N SA N DO J UNTO S

Certamente você deve estar pensando que achamos a solução para os aumentos de
preços, mas não, pois com a moeda valorizada, teremos outros problemas, como a re-
dução das exportações, aumento na dependência externa e tantos outros problemas.

Então, o nível da taxa de câmbio deve ser relativamente alto para estimular as
exportações e relativamente baixo para não encarecer demasiadas as importações
e pressionar a inflação, como afirma Vasconcellos (2011).

Variação nominal e variação real do câmbio

Existe uma grande diferença entre variáveis nominais e reais. Por exemplo, o
salário que vem no seu holerite ou contracheque é o salário nominal, já que
poder de compra é o salário real. Agora que você já compreendeu a diferença,
vamos analisar a taxa de câmbio nominal e real. Para isso, vamos a um exemplo:
uma desvalorização cambial de 10% é nominal, se a inflação for 10%, não houve
desvalorização nominal.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Então, por que essa diferença é tão importante?

O conceito de desvalorização ou valorização cambial real é utilizado para averi-


guar a competitividade dos produtos nacionais frente aos importados. Por exem-
plo, se a desvalorização nominal for maior do que a inflação, a competitividade
dos produtos nacionais aumentou.
Pode acontecer uma situação que a variação cambial e a variação dos preços
sejam nulas, mas a inflação dos outros países foi positiva. Essa situação acarreta
uma desvalorização real da moeda nacional, aumentando a competitividade dos
nossos produtos.
Segundo Vasconcellos (2011), existem duas formas de definir a taxa de
­câmbio real:

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ABORDAGEM DE DEMANDA

A taxa de câmbio real é a razão entre o nível geral de preços externos e o nível geral
de preços internos:
R = eP ∙ / P
No qual: R – taxa de câmbio real
e- taxa de câmbio nominal
P* - preço externo
P – preço interno

ABORDAGEM DE OFERTA

A taxa de câmbio real é a razão entre o preço dos bens comercializáveis e o preço dos
bens não comercializáveis.
R = PT / PNT
No qual: R – taxa de câmbio real
PT – preço dos bens comercializáveis
PNT – preço dos bens não comercializáveis
Taxa de câmbio sobre a dívida externa do país

Ao desvalorizar a moeda, o estoque da dívida externa em reais aumenta, mas


não afeta o saldo em dólares. No médio prazo, estimular as exportações e deses-
timular as importações pode aumentar a oferta de dólares, o que faz com que a
moeda nacional valorize e a dívida externa em dólares reduza.
Por outro lado, uma valorização cambial reduz o valor da dívida externa em
reais no curto prazo, mas aumenta futuramente, já que temos uma estimulação das
importações, o que levará à desvalorização cambial e ao aumento da dívida em reais.

ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO

Balanço de pagamento é definido por Vasconcellos (2011) como o registro con-


tábil de todas as transações de um país com o resto do mundo. Essas transações
são de bens e serviços, de capitais e financeiras.
Então, podemos afirmar que o balanço de pagamento registra o comércio
internacional, que são as exportações e importações, os serviços internacionais,
(como pagamento de juros, royalties, remessa de lucro, turismo, fretes etc.), o
movimento de capitais internacionais (como investimento direto estrangeiro,
empréstimos e financiamentos), dentre outros.

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Com a afirmação anterior, você pode perceber que sempre que estamos nos re-
ferindo a balanço de pagamentos, estamos falando em transações entre países,
portanto, as transações feitas no mercado interno não são contabilizadas no
balanço de pagamento, somente aquela do Brasil com qualquer outro país, seja
por pessoas físicas ou jurídicas.

E a ideia do balanço de pagamento é muito parecida com a do balanço patrimonial


das empresas, pois as normas gerais das transações no balanço de pagamentos
são oriundas da contabilidade, mais exatamente o método das partidas dobradas.

Nesse sentido, Vasconcellos (2011) observa que, no caso das transações externas,
não existe uma conta caixa, mas utiliza-se uma conta compensatória chamada
variação de reservas.

POSITIVO

Se o sinal da conta variação de reservas for positivo, significa que o saldo é credor, o
que acarreta uma redução nos haveres monetários, que são as reservas internacionais,
ou, ainda, pode aumentar as obrigações do país com o resto do mundo.

NEGATIVO

Caso contrário, se o sinal for negativo, há um aumento das reservas internacionais.

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Agora que você conheceu o conceito de Balanço de Pagamento, vamos com-


preender como ele é estruturado. Para isso, vamos analisar.
Eu irei apresentar cada conta, mostrar para você o valor e composição da
referida conta na economia brasileira para o ano 2000 e um gráfico que mostra
a evolução da conta. Vamos lá?

Figura 1 - Gráfico referente a evolução do saldo comercial / Fonte: adaptada de MDIC (c2023).

Descrição da Imagem: gráfico mostrando a evolução do saldo comercial de 2006 a 2014, com queda na maioria
dos anos e pico de subida em 2011.

a) Balança comercial
A conta balança comercial é composta pelo comércio internacional de bens,
tanto as exportações quanto as importações de produtos. Por exemplo, se o Brasil
exporta grãos para a China, o valor será contabilizado nessa conta em exporta-
ções. Caso o Brasil importe tecnologia do Japão, o valor também é contabilizado
na balança comercial, mas em importações. É importante observar que as transa-
ções feitas são do tipo FOB, que significa free on board, ou seja, isentas de fretes
e seguros, tanto as importações quanto as exportações.
b) Serviços e Rendas
Você percebeu que, diferentemente da conta balança comercial, aqui, so-
mente os serviços são contabilizados? E quais são esses serviços? Fretes, seguros,
lucros, juros, royalties, assistência técnica, viagens internacionais, dentre outros.

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Porém, é importante observar que os serviços que representam remunera-


ção a fatores de produção, como juros, lucros, royalties e assistência técnica são
chamados de serviços ou renda de fatores, e é a renda líquida de fatores externos
(diferença entre o Produto Interno Bruto e o Produto Nacional Bruto).

VALOR
BALANÇO DE SERVIÇOS
-7.162

Transportes -2.896

Viagens internacionais -2.084

Seguros -4

Serviços financeiros -294

Computação e informação -1.111

Royalties e licenças -1.289

Aluguel de equipamentos 1.311

Serviços Governamentais -549

Comunicações 4

Construção 227

Serviços relativos ao comércio 194

Serviços empresariais, profissionais e técnicos 2.251

Serviços pessoais, culturais e recreação -300

Serviços diversos 0

Tabela 2 - Balanço de serviços no Brasil em 2000 (milhões de dólares) / Fonte: Feijó et al. (2013, p. 170).

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Podemos ver que o saldo foi negativo. E a evolução do balanço de serviços?

Figura 2 - Evolução do saldo do Balanço de Serviços e Rendas / Fonte: adaptada de MDIC (c2023).

Descrição da Imagem: gráfico mostrando o saldo do balanço de serviços e rendas de 2006 a 2014, com queda
maioria dos anos e leve subida em 2009 e 2012.

c) Transferências Unilaterais Correntes


Na conta transferências unilaterais correntes, também chamada de conta de
donativos, como o próprio nome já diz, são registradas as doações que são feitas
ou recebidas de outros países. Essas doações podem ser feitas em dinheiro ou
em mercadoria

VALOR

Total 1.521
Transferências recebidas 1.828
Transferências enviadas -307

Tabela 3 - Conta transferências unilaterais líquidas de renda para o Brasil, em 2000 (por milhões de
­dólares) / Fonte: Feijó et al. (2013, p. 172).

Conforme podemos ver na figura, o saldo em conta transferências unilaterais foi


positivo, ou seja, recebemos mais doações do que enviamos em 2000.

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Figura 3 - Gráfico da evolução do saldo em conta transferências unilaterais


Fonte: adaptada de MDIC (c2023).

Descrição da Imagem: gráfico demonstrando a evolução do saldo em conta transferências unilaterais de 2006
a 2014, com queda na maioria dos anos e subida em 2008 e 2013.

d) Transações correntes
A soma das contas balança comercial, balança de serviços e rendas e trans-
ferências unilaterais resultam do saldo em conta corrente, também chamado de
saldo em transações correntes. Se o saldo for positivo, significa que temos um
superávit em transações correntes, o que mostra que o Brasil envia mais bens e
serviços a outros países do que recebe.
Por outro lado, se o saldo for negativo, teremos um déficit em conta corrente, o
que significa que o Brasil recebeu mais do que enviou bens e serviços, e isso mostra
que o país aumentou sua dívida externa em termos financeiros. E como você já
sabe, o ideal é sempre que tenhamos um saldo positivo, assim como é em nossa casa.
e) Conta Capital e Financeira
A conta capital e financeira era chamada de conta movimento de capitais
ou balanço de capitais, mas mudou de nome recentemente. Assim, essa conta
é composta pelas transações que irão produzir variações no ativo e no passivo
externo do país e que irão, portanto, alterar a posição do Brasil em termos de
credor ou devedor, frente aos demais países.
Assim, são registrados os investimentos diretos de empresas multinacionais,
de empréstimos e investimentos para projetos de desenvolvimento do país e de
capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional.
Por exemplo, as transações financeiras puras, como as ações empréstimos em
moeda, quota-partes, dentre outras, são contabilizadas nessa conta.

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f) Erros e Omissões
Erros e omissões são utilizados para contabilizar a diferença entre o saldo
do Balanço de Pagamentos e a Variação de Reservas, ou seja, pode ter aconteci-
do durante o processo de contabilização que alguma transação não tenha sido
contabilizada e, portanto, haverá uma diferença entre o saldo do Balanço de
Pagamentos e o quanto as reservas variaram. Para solucionar essa diferença, o
valor é colocado na conta erros e omissões.
Essa não é uma prática errada, ou corrupta, tanto que é aceito no mercado
internacional um erro de até 5% da soma das exportações e importações (VAS-
CONCELLOS, 2011).
g) Saldo do Balanço de Pagamentos
Da soma dos saldos das contas anteriores; saldo em conta corrente, saldo na
conta capital e financeira e erros e omissões, obtém-se o saldo do Balanço de
Pagamentos, que pode ser superavitário quando o sinal é positivo ou deficitário
quando o sinal é negativo.
h) Variação de Reservas
O superávit ou déficit no balanço de Pagamentos corresponde a um valor
igual, mas com sinal contrário na conta variação de reservas, já que estamos
trabalhando com o método de partidas dobradas.

Por exemplo, se o saldo do Balanço de Pagamentos for igual a US$ - 10,00, a conta
variação de reservas será US$ + 10,00. Por outro lado, se o saldo do Balanço de
Pagamentos for de US$ + 15,00 a conta variação de reservas será US$ - 15,00.

É importante observar que as reservas também podem ser chamadas de haveres


monetários, que são definidos por Feijó et al. (2013) como os ativos de reserva
internacional, que estão disponíveis diretamente sob
reservas também
o controle do governo para financiamento e regula-
podem ser
ção de desequilíbrios.
chamadas de
Os haveres monetários são compostos por: ouro haveres monetários
monetário, direitos especiais de saque; posições de
reservas no FMI; reservas em moeda estrangeira; outros ativos.
Agora que você compreendeu cada uma das contas que fazem parte do ba-
lanço de pagamentos, vou citar alguns exemplos de transações internacionais
e como elas são contabilizadas. Vamos lá?

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EXEMPLO 1

Exportação de bens no valor de $ 100, com recebimento integral em moeda es-


trangeira: crédito de $ 100 em exportações e débito de $ 100 em haveres monetários.

EXEMPLO 2

Importação de $ 230, sendo $ 130 pagos em dinheiro e $ 100 financiados pelo pro-
dutor da mercadoria: crédito de $ 130 em haveres monetários, crédito de $ 100 em
outros investimentos e débito de $ 230 em importação.

EXEMPLO 3

Doação de medicamentos para o exterior no valor de $50: crédito de $50 em expor-


tação e débito de $ 50 em transferências unilaterais correntes.

EXEMPLO 4

Empréstimo de uma empresa brasileira para sua filial no exterior no valor de $ 110:
crédito de $ 110 em haveres e débito de $ 110 em investimentos diretos.

EXEMPLO 5

Perda de $ 50, por parte de investidores brasileiros, em operações de derivativos no


exterior: crédito de $ 50 em haveres e débito de $ 50 em conta de derivativos.

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo


digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Neste tema de aprendizado, fizemos uma introdução à economia internacional,
que é uma área de estudo da economia.
Como estamos discutindo a economia internacional, não podíamos deixar
de entender o famoso Balanço de Pagamento, que segue uma lógica muito pró-
xima do balanço patrimonial das empresas, mas, nesse caso, as transações que
são contabilizadas são as do Brasil com os demais países.

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AUTOATIVIDADE

1. Vamos supor que o governo elabore uma política cambial de valorização da moeda nacional
em relação à moeda internacional.

Nesse caso, o que governo visa? Marque a alternativa correta:

a) Aumentar as exportações e reduzir as importações.


b) Reduzir as exportações e aumentar as importações.
c) Manter exportações e importações inalteradas.
d) Facilitar a entrada de capitais oficiais compensatórios no país.
e) Facilidade à entrada de capital estrangeiro de risco no país.

2. Analise a tabela que mostra os saldos fictícios das contas que compõem do Balanço de
Pagamentos de uma certa economia no ano de 2015:

VALOR SINAL

Transferências unilaterais 3.000 +

Exportação 73.000

Importação 48.000

Despesa com rendas 22.000 -

Receitas com serviços 10.500

Conta capital 500 +

Investimento direto 10.000 +

Despesas com serviços 15.000 -

Receita com rendas 3.500

Derivativos 10.000 -

Erros e omissões 1.000 -

Investimento em carteira 5.500 +

Obs.: a coluna Sinal indica se houve entrada (+) ou saída (-) líquida de divisas.

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AUTOATIVIDADE

Agora, discrimine:

I - Saldo da Balança Comercial.


II - Saldo da Balança de Serviços e Rendas.
III - Saldo em Transações Correntes.
IV - Saldo da Conta Capital e Financeira.
V - Resultado do Balanço de Pagamentos.

3. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o antigo Banco Interamericano de


Desenvolvimento para a Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), foram criados no mesmo
ano durante uma conferência.

Com relação à criação das duas instituições citadas, marque a alternativa correta:

a) Conferência de Yalta (Crimeia), em 1945.


b) Conferência de Nova Iorque (EUA), em 1944.
c) Conferência de Bretton Woods (EUA), em 1944.
d) Conferência de Potsdam (Berlim), em 1945.
e) Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972.

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REFERÊNCIAS

AMANN, J. C. et al. Brasil e Mercosul: aspectos econômicos e a relevância do bloco para o país.
Revista Estudos do CEPE, Santa Cruz do Sul, n. 39, p.107-138, jan/jun. 2014.

FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais. Rio de Janeiro:
Elsevir, 2013.

MDIC - Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio e Serviços. Estatísticas de Co-


mércio Exterior. c2023. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-
-de-comercio-exterior/balanca-comercial-brasileira-semanal. Acesso em: 22 jun. 2017.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011.

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GABARITO

1. Opção B.

2.

I. 25.000
II. – 23.000
III. 5.000
IV. 6.500
V. 12.500

3. Opção C.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 8

ECONOMIA E GLOBALIZAÇÃO

MINHAS METAS

Refletir sobre a economia internacional.

Conhecer os benefícios da economia internacional.

Justificar interesses econômicos.

Compreender conceitos e processos da Globalização.

Estudar o processo de Globalização.

Discutir conceitos ligados à Globalização.

Discorrer sobre a Organização da Nações Unidas.

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INICIE SUA JORNADA


Certamente você está pensando: mas, afinal, economia internacional faz parte da
microeconomia ou da macroeconomia? Na realidade, a economia internacional
é dividida em dois blocos, um que estuda os aspectos microeconômicos, como a
teoria do comércio internacional - que procura analisar e justificar os benefícios
que o comércio internacional gera para os países - e o outro grupo dos aspectos
macroeconômicos - que são relativos à taxa de câmbio - que falamos um pouco
no tema anterior, e ao Balanço de Pagamento.
Para finalizar, o quarto tópico discutirá um tema de suma importância para
todos os agentes econômicos, que é a globalização.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, você pode acessar o nosso
podcast e saber mais clicando aqui!
Conteúdo de áudio/vídeo não patrocinado. Esse recurso utilizará seu pacote de
dados (ou wi-fi) para ser exibido. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo dig-
ital do ambiente virtual de aprendizagem.

O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

Com o mundo globalizado, o comércio internacional está ganhando cada vez mais
importância, pois é uma forma de transformar economias pequenas e em desenvolvi-
mento em potências econômicas. E, no caso do Brasil, o comércio exterior contribui,
e muito, para que nossa economia cresça por meio da maior competitividade, ou
seja, o comércio permitiu que as indústrias produzissem mais do que a capacidade
do mercado interno, como o setor primário da economia brasileira (como você sabe,
somos um dos maiores exportadores de produtos primários - grãos).

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Apesar de toda a importância, as exportações brasileiras, em termos de valores


monetários, ainda são pequenas se compararmos a países do mesmo porte do
nosso. Esse fato demonstra a necessidade de estudarmos os problemas relaciona-
dos com a economia internacional e com o comércio exterior, ou seja, é preciso
compreender as relações entre os países.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Mas o que é globalização?

A globalização designa o fim das economias nacionais e a integração cada vez


maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos transportes. Um dos exem-
plos mais interessantes do processo de globalização é o abastecimento de uma
empresa por meio de fornecedores que se encontram em várias partes do mundo,
cada um produzindo e oferecendo as melhores condições de preço e qualidade
naqueles produtos que têm maiores vantagens comparativas.
Vasconcellos (2011) entende por globalização produtiva a produção e distribui-
ção de valores dentro de redes em escala mundial, com o acirramento da concor-
rência entre grandes grupos de multinacionais. Por seu turno, entende-se por glo-
balização financeira a negociação entre os diversos mercados de capitais do mundo.

A P RO F UNDA NDO

A crescente integração financeira e o significativo aumento no número de crises


cambiais levantam outra questão, que é como a crise de um país afeta outros
países, o chamado efeito contágio, em que os efeitos das crises cambiais em um
país se espalham para outros países. Essa possibilidade decorre da chamada “glo-
balização financeira”.

Agora que você compreendeu o conceito de globalização e sabe o quanto o mun-


do hoje é “um só”, precisamos conhecer alguns organismos internacionais que
regem as relações entre países. Essas organizações são conhecidas como orga-
nismos internacionais.

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Assim, para iniciarmos nossas discussões acerca dos organismos que regem
a economia e o comércio internacional, é fundamental compreender o papel de
uma das principais instituições internacionais do mundo, que é a Organização
das Nações Unidas (ONU), que tem como objetivos principais assegurar a paz
mundial e o desenvolvimento dos países membros.
Além da ONU, outros organismos regem as relações internacionais e estão
diretamente ligados à ONU, que são a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), que como o próprio nome diz, é uma Instituição voltada para as leis mun-
diais do trabalho; o famoso e polêmico Fundo Monetário Internacional (FMI),
que, dentre outras funções, estabelece a cooperação econômica, e, seguindo a
mesma linha do FMI, temos o Banco Internacional para Reconstrução e De-
senvolvimento (Bird), também chamado de Banco Mundial. Iremos compreen-
der a Organização Mundial do Comércio (OMC), que procura supervisionar
e liberar o comércio internacional. Vamos discutir cada um deles?

Organização das Nações Unidas (ONU)

A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização internacional for-


mada por nações/países voluntários que trabalham em prol da paz e do desenvol-
vimento mundial, sendo criada na Conferência de San Francisco após o término
da segunda guerra mundial, mais exatamente em 24 de outubro de 1945, para
que a paz mundial fosse mantida.
Porém, a ONU não surgiu de um dia para o outro, foram anos de planejamento.
Para você ter uma ideia, o nome Nações Unidas foi criado pelo presidente dos Estados
Unidos Franklin Roosevelt, sendo utilizado pela primeira vez três anos antes da criação
da ONU, em 1942, durante a Declaração das Nações Unidas, na qual foram reunidos
26 países que assumiram o compromisso de que a luta contra os países que formavam
o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), na Segunda Guerra Mundial, continuaria.

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Em junho de 1945, foi criada a chamada Carta das Nações Unidas, elaborada
por 50 países durante a Conferência sobre Organização Internacional, que ocor-
reu entre 25 de abril de 1945 e 26 de junho do mesmo ano. Apesar disso, somente
em outubro de 1945, oficialmente, a ONU foi criada, com a ratificação da carta
pelos Estados Unidos, China, França, Reino Unido e a antiga União Soviética.

AP RO F U N DA NDO

Nessa época, a ONU era composta, inicialmente, por 51 Estados-membros (países)


e tinha como objetivo principal garantir a paz mundial. Atualmente, são 193 nações
que fazem parte da organização, e os objetivos são diversos, tais como criar e
implementar mecanismos que possibilitem o desenvolvimento econômico, a se-
gurança nacional, definição de leis internacionais, assegurar os direitos humanos e
o progresso social dos países.

Segundo o site da ONU (c2023, on-line), para atingir os objetivos, as Nações


Unidas são regidas por propósitos e princípios básicos aceitos por todos os paí-
ses-membros da Organização, que são:
■ manter a paz e a segurança internacionais;
■ desenvolver relações amistosas entre as nações;
■ realizar cooperação internacional para resolver os problemas mundiais;
■ ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para consecução
dos objetivos comuns.

Com relação aos princípios que regem as Nações Unidas podemos citar a igual-
dade soberana, cumprimento dos compromissos, Resolução pacífica das con-
trovérsias internacionais, não pode recorrer a ameaça contra outros Estados,
assistência à ONU, dentre outros.
É importante observar que para desempenhar os propósitos e princípios da forma
mais imparcial possível, todos os membros da ONU se reúnem em Assembleia Geral, uma
espécie de parlamento/senado mundial, e cada país, independentemente do tamanho ou
da riqueza que possui, tem direito a um voto apenas.As decisões tomadas em Assembleia,
apesar de não serem obrigatórias, exercem pressão da comunidade internacional.
A sede atual da ONU fica na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, po-
rém, o terreno e prédio em que está instalada não são considerados norte-ameri-

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canos, e, sim, um território internacional. A sede da ONU na Europa fica na Suíça,


em Genebra, além de existir escritório em Viena, e Comissões Regionais no Líbano,
Tailândia, Chile e Etiópia.
A independência da Organização é tanta que eles possuem uma própria
bandeira, correios e selos postais. Além disso, desde sua criação, em 1945, são seis
as línguas oficiais (árabe, chinês, espanhol, russo, francês e inglês), sendo que as
mais utilizadas são o francês e o inglês.

Organização Internacional do Trabalho (OIT)

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência especiali-


zada que está diretamente ligada ao Conselho Econômico e Social da Organi-
zação das Nações Unidas. O principal objetivo da OIT é promover o acesso às
pessoas, tanto homens quanto mulheres, ao trabalho produtivo e decente em
condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade, independentemente
da sua ­nacionalidade.

O que chama muito a atenção quando falamos na Organização Internacional


do Trabalho é o conceito de trabalho decente, que merece ser discutido. O con-
ceito foi formalizado em 1999, e resume a missão histórica da OIT em promover
oportunidades, para homens e mulheres, de ter um trabalho de qualidade, em

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condições dignas, sendo esse trabalho, o decente, uma condição essencial para
superar a pobreza, reduzir as desigualdades sociais, garantir a governabilidade
democrática e o desenvolvimento sustentável.
O trabalho decente é interligado com os objetivos
O trabalho decente
da OIT, que são a (1) liberdade sindical e reconheci-
é interligado com os
mento efetivo do direito de negociação coletiva; (2)
objetivos da OIT
eliminação de todas as formas de trabalho forçado;
(3) abolição efetiva do trabalho infantil; (4) eliminação de todas as formas de
discriminação em matéria de emprego e ocupação, a promoção do emprego pro-
dutivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo
social (OIT, c2023, on-line).

Fundo Monetário Internacional (FMI)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional


criada em 1944 durante a Conferência de Bretton Woods, nos Estados Unidos,
que tinha como objetivo controlar as finanças internacionais via cooperação, para
evitar problemas econômicos, como a Grande Depressão de 1929.

AP RO F U N DA NDO

Atualmente, o FMI possui 188 países-membros, incluindo o Brasil, que depositam


parte das reservas internacionais criando um fundo. Esses recursos são utilizados
para empréstimos a países que estão com algum desequilíbrio no balanço de pa-
gamentos. O empréstimo pode ser feito mediante cumprimento de alguns requisi-
tos/normas que são estabelecidos durante a negociação que o país faz com o FMI.

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U N I AS S E LVI

O FMI, além de emprestar dinheiro aos países que precisam, acompanha a po-
lítica econômica de todos os membros e faz algumas recomendações, sempre
de acordo com as pesquisas, levantamentos estatísticos e previsões mundiais,
regionais e nacionais, que são elaboradas pelo secretário e sua equipe.
Assim, os objetivos declarados do FMI podem ser resumidos da seguinte
forma: promover a cooperação econômica internacional, o comércio interna-
cional, o emprego e a estabilidade cambial, inclusive mediante a disponibilização
de recursos financeiros para os países-membros para ajudar no equilíbrio de suas
balanças de pagamentos (ITAMARATY c2023, on-line).

P E N SAN DO J UNTO S

A existência e, principalmente, as ações do Fundo Monetário Internacional são


polêmicas, já que a instituição exige que os países que precisam de ajuda finan-
ceira tomem medidas de cunho extremamente liberal. Diante desse contexto, para
você, qual é a importância, ou não, do FMI para os países, principalmente o Brasil?

É importante observar, também, que os países que mais contribuem financeira-


mente podem contrair maiores empréstimos, e seus votos têm maior peso nas
decisões internas na instituição.

Essa é uma diferença do FMI com as demais instituições internacionais, ou seja, o


FMI segue o chamado modelo corporativo de tomada de decisão, no qual o voto de
cada país é de acordo com a quota. Para você ter uma ideia, em 2017, os Estados
Unidos possuíam 25% dos votos, já que tinham a maior quota.

A distribuição de quotas é feita de tempos em tempos, o que constitui uma


oportunidade para que cada país aumente sua participação nas decisões
da ­organização.

VAMOS RECORDAR?
Você certamente está pensando como é a estrutura organizacional do FMI, correto?

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 8

O FMI é composto pela Assembleia de Governadores,


O FMI é composto
que é a responsável pela tomada de decisão e por eleger
pela Assembleia de
o Conselho de Diretores, que é composto por 24 dire-
Governadores
tores que representam um país ou um grupo de países.
Nesse último caso, são os chamados constituency.
As políticas da instituição são definidas em reuniões do Conselho de As-
suntos Financeiros e Monetários que acontecem duas vezes ao ano, em geral,
nos meses de abril e outubro.

Banco Mundial

O Banco Mundial surgiu em 1944 durante a Conferência de Bretton Woods,


com o nome Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird).
Na época da sua criação, o objetivo era atender às necessidades de financiamento
de reconstrução dos países que foram devastados durante a Segunda Guerra
Mundial, de forma a desenvolver tais países.
Em 1956, a estrutura organizacional se tornou complexa, e outras instituições
surgiram para suprir as demandas que não eram atendidas pelo Bird, formando o
que chamamos, atualmente, de grupo Banco Mundial. O grupo é formado, den-
tre outras instituições, pela Corporação Financeira Internacional (CEI) para
expandir o investimento privado nos países em desenvolvimento; e a Associa-
ção Internacional de Desenvolvimento (AID), que concede empréstimos aos
países menos desenvolvidos que não conseguem atender às condições do Bird.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Para aumentar os investimentos estrangeiros, foram criados o Centro Internacional


para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (Ciadi), e a Agência Multilateral
de Garantia de Investimentos (AMGI). Assim, o Banco Mundial se tornou uma im-
portante referência internacional para o processo de desenvolvimento e pode ser
definido como uma agência especializada do sistema das Nações Unidas, sendo
a maior fonte mundial de assistência voltada para o desenvolvimento. É composto
por 188 países-membros.

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U N I AS S E LVI

Em termos de estrutura organizacional, o Banco Mundial é parecido com o FMI,


no qual existe uma Assembleia de Governadores com poder de voto, e esse voto é
de acordo com o capital do Banco; e um Conselho composto por 25 diretores eleitos
pelos 188 países. As reuniões acontecem duas vezes ao ano (abril e outubro) e faz
parte da reunião o Conselho de Diretores, composto por 25 membros.

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Das organizações que discutimos nesta seção, a Organização Mundial do Comér-


cio (OMC) é a mais nova, tendo sido criada em 1995, e desde seu surgimento,
atua como a principal instância do sistema de comércio internacional.
A P RO F UNDA NDO

A OMC tem como objetivo estabelecer um marco institucional comum para regular
as relações comerciais entre os diversos membros que a compõem, estabelecer um
mecanismo de solução pacífica das controvérsias comerciais, tendo como base os
acordos comerciais atualmente em vigor, e criar um ambiente que permita a nego-
ciação de novos acordos comerciais entre os Membros (ITAMARATY, c2023, on-line).

Em 2017, a OMC era composta por 160 membros, e o nosso país é um dos funda-
dores. A sede é em Genebra, na Suíça, e são três as línguas oficiais na organização,
que são o espanhol, o francês e o inglês.
Apesar de ser uma organização nova, a origem da OMC é de 1947, com o
Acordo Geral sobre as Tarifas e Comércio (GATT), do qual herdou o conjunto
de princípios que são os fundamentos da regulação do comércio. Dentre eles,
podemos citar de acordo com o Itamaraty (c2023, on-line):

NAÇÃO MAIS FAVORECIDA

Os membros devem estender aos parceiros comerciais todos os benefícios concedi-


dos a outro membro.

TRATAMENTO NACIONAL

Um produto importado deve receber o mesmo tratamento que o produto similar no


território do membro importador.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 8

CONSOLIDAÇÃO DOS COMPROMISSOS

Um membro deve conferir aos demais o mesmo tratamento aos estabelecidos na lista
de compromisso.

TRANSPARÊNCIA

Os membros devem dar publicidade às leis, regulamentos e decisões de aplicação do


comércio internacional.

Os órgãos que compõem a OMC são a Conferência Ministerial, instância máxima


da organização composta pelos Ministros das Relações Exteriores ou de Comércio
Exterior dos Membros; o Conselho Geral, órgão composto pelos representantes
permanentes dos Membros em Genebra, que ora se reúne como Órgão de Solução
de Controvérsias (OSC) e ora como Órgão de Revisão de Política Comercial; o
Conselho para o Comércio de Bens; o Conselho para o Comércio de Serviços; o
Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados
ao Comércio; os diversos Comitês e, dentre eles, os Comitês de Acesso a Mercados
Agrícola e de Subsídios, dentre outros; e o Secretariado, que tem por função apoiar
as atividades da organização e é composto por cerca de 700 funcionários, dirigidos
pelo Diretor-Geral da OMC (ITAMARATY, c2023, on-line).

Grupo dos Sete (G7) e Grupo dos Vinte (G20)

Existem dois grupos econômicos internacionais, informais, que englobam países


com certas características em comum, que são o grupo dos sete (G7) e o grupo
dos vinte (G20). O primeiro reúne as sete nações mais industrializadas e desen-
volvidas do planeta, que são os Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França,
Itália, Japão e Reino Unido.

Já o Grupo dos Vinte (G20) é composto por países industrializados, como os que
fazem parte do G7, a União Europeia e os países emergentes, como o Brasil. Este
grupo é informal, mas juntos procuram discutir a estabilidade econômica global, as
políticas nacionais e internacionais relacionadas às instituições econômicas.

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Certamente, você deve estar se perguntando qual é a origem do G7 e G20, corre-


to? Para compreendermos a origem, precisamos nos reportar à França de 1975,
quando as seis maiores economias da época se reuniram com o objetivo de esta-
belecer a cooperação entre si. Esse grupo ficou conhecido como G6, e, em 1976,
com a entrada do Canadá, tornou-se o chamado G7, ou Grupo dos Sete.

Diversas mudanças ocorreram no final do século XX, tais como a unificação da


Alemanha e o fim da União Soviética. Essas mudanças alteraram a realidade inter-
nacional. Com isso, a Rússia se tornou uma economia capitalista, fazendo com que
o país fosse reconhecido e, no final da década de 1990, o G7 se transforma em G8.

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Porém, com a nova realidade, e com o crescimento de termos econômicos e de


importância das economias emergentes, surgiu a necessidade de uma maior coope-
ração dos países industrializados com as economias emergentes a partir da década
de 1990; essa importância foi maior ainda durante a crise de 2008. Assim, em no-
vembro de 2008, George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, convidou
os líderes das vinte economias mais importantes em termos mundiais para uma
reunião em Washington. Essa reunião tinha como objetivo inicial dar uma resposta
consistente para a crise financeira de 2008 que teve início nos Estados Unidos.
Nesse contexto, surge o chamado Grupo dos Vinte (G20), e os países que
nele se enquadram passaram a se reunir duas vezes ao ano, sendo um encontro
entre os Ministros da Fazenda e os presidentes do Banco Central de cada país, e
o outro entre os chefes de Estados.
Em 2017, o G20 conta com a participação de chefes
de estado, ministros de finanças e presidentes de Bancos Em 2017, o G20
conta com a
Centrais de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia
participação de
Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Co- chefes de estado
reia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia,
Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. A União Europeia também faz
parte do grupo, representada pela presidência rotativa do Conselho da União Euro-
peia e pelo Banco Central Europeu (BANCO CENTRAL, c2023, on-line).
Diferente das organizações internacionais formais, como o Fundo Monetário
Internacional e o Banco Mundial, o G20 não tem capital humano permanente, a
presidência do grupo é alterada todos os anos, assim como os secretários.
Durante o ano de exercício, o país que está na presidência do grupo estabelece
um cronograma de trabalho com os assuntos que já foram discutidos, podendo
adicionar novas pautas.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Você sabe em qual ano o Brasil presidiu o G20?

Em 2008, desenvolveu os trabalhos voltados a temas como competição no setor


financeiro, biocombustíveis e espaço fiscal.

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BRICS

Você certamente já ouviu falar nos Brics, mas você sabe dizer o motivo deles
serem tão importantes, principalmente para nosso país? Brics é um termo criado
em 2001 que se refere a quatro países emergentes, que são o Brasil, Rússia, Índia
e China e, a partir de abril de 2011, África do Sul.

Assim, você pode perceber que o termo Brics é a junção da primeira letra do
nome em inglês de cada um dos países que dele fazem parte.

A P RO F UNDA NDO

Os países que fazem parte dos Brics possuem características em comum. Dentre
elas, podemos citar: estabilidade econômica recente; mão de obra abundante e se
qualificando; produção e exportação em crescimento; reservas de recursos mine-
rais; investimento em infraestrutura; melhoria nos indicadores sociais; redução len-
ta das desigualdades sociais; investimentos estrangeiros; população com acesso
ao sistema de comunicação.

Apesar das características, os Brics não formam um bloco econômico, e sim uma
aliança que tem como objetivo geral ganhar força no cenário político e econô-
mico mundial e, assim, defender os interesses em comum.
Assim, de acordo com o Itamaraty (c2023, on-line), os Brics vêm expandin-
do as suas atividades em duas linhas principais, que são: (1) a coordenação em
reuniões e organismos internacionais; (2) a construção de uma agenda de coo-
peração multissetorial entre seus membros.

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IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Título: Economia Internacional e Comércio Exterior


Comentário do autor: Este livro constitui um manual de ori-
entação e consulta para os que pretendem um envolvimen-
to maior com o comércio exterior. Mostra os alicerces básicos
da economia internacional (importação, exportação, receitas e
despesas de serviços e operações financeiras) e aborda diver-
sos aspectos da Economia Nacional.

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo


digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Finalizamos este tema de aprendizagem com o tema globalização, que é o pro-
cesso mundial que interliga os países do mundo inteiro, seja pelo comércio,
por meio de exportação e importação de bens, seja pelas transações de capitais
ou ­financeiras.
Também entendemos alguns organismos internacionais que procuram es-
tabelecer normas de conduta dos países, que são, por exemplo, as Organizações
das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Organização Internacional
do Trabalho e o Banco Mundial.
E claro, como o mundo está globalizado, os países tendem a se juntar para
poderem fazer frente a tantas mudanças, daí que surgem os grupos e blocos
econômicos. Um forte abraço, e até o próximo tema!

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AUTOATIVIDADE

1. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o antigo Banco Interamericano de


Desenvolvimento para a Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), foram criados no mesmo
ano e durante uma conferência.

Com relação à criação das duas instituições citadas, marque a alternativa correta:

a) Conferência de Yalta (Crimeia), em 1945.


b) Conferência de Nova Iorque (EUA), em 1944.
c) Conferência de Bretton Woods (EUA), em 1944.
d) Conferência de Potsdam (Berlim), em 1945.
e) Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972.

2. Quando estudamos a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um termo está muito pre-
sente, que é o “trabalho decente”, ou seja, é esse tipo de trabalho que a OIT ­procura promover.

Marque a alternativa que apresenta uma explicação para o termo trabalho decente utilizado
pela organização:

a) É uma condição essencial para superar a pobreza.


b) É uma condição básica para aumentar o comércio internacional.
c) É uma condição para aumentar a produtividade do trabalho.
d) É uma condição para gerar crescimento econômico.
e) É uma condição fundamental para aumentar a competitividade.

3. Os Brics formam um grupo internacional relativamente novo, e são formados pelas cinco
economias emergentes.

Com relação aos Brics, marque a alternativa correta:

a) Formam o maior bloco econômico da atualidade.


b) O Brics é um acordo internacional dos países emergentes.
c) O “S” dos Brics significa que são vários países.
d) Os Brics fazem parte da União Europeia.
e) O Brasil foi o último a entrar para os Brics.

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REFERÊNCIAS

AMANN, J. C. et al. Brasil e Mercosul: aspectos econômicos e a relevância do bloco para o país.
Revista Estudos do CEPE, Santa Cruz do Sul, n. 39, p.107-138, jan./jun. 2014.

BANCO CENTRAL. Página Inicial. c2023. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?g20. Acesso


em: 19 jun. 2017.

FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais. Rio de Janeiro:
Elsevir, 2013.

ITAMARATY. Política externa. c2023. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/poli-


tica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/119-fundo-monetario-internacio-
nal. Acesso em: 19 jun. 2017.

OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. c2023. Disponível em: https://www.
ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/lang--pt/index.htm. Acesso em: 19 jun. 2017.

ONU - Organização das Nações Unidas. Sobre a ONU. c2023. Disponível em: https://www.
un.org/en/about-us. Acesso em: 19 jun. 2017.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011.

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GABARITO

1. C

2. A.

3. B.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 9

ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

MINHAS METAS

Estudar conceitos econômicos.

Apreender conceitos ambientais.

Compreender a relação entre economia e o meio ambiente.

Discutir a teoria do desenvolvimento sustentável.

Debater cenários e questões que relacionem economia e meio ambiente.

Entender a contribuição dos recursos naturais para o crescimento econômico.

Estudar a eficiência econômica e os mercados.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Neste tema de aprendizagem, iremos discutir um assunto bem atual, o meio am-
biente, mas, claro, iremos tratar da relação entre a economia e os recursos naturais.
Em outras palavras, o enfoque neste tema será nas questões ambientais de-
correntes do uso indiscriminado dos recursos. Os recursos produtivos ou fatores
de produção são escassos, ou seja, limitados, só que as necessidades humanas não
têm limite, as pessoas desejam muitas coisas. O problema é que, se não cuidarmos
do meio ambiente hoje, no futuro não teremos mais como produzir os recursos
que hoje são escassos, consequentemente, estes vão acabar de vez. Assim, é fun-
damental pensarmos em desenvolvimento sustentável.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de começarmos a nos aprofundar neste tema, ouça nosso podcast! Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

Estamos vivendo um momento no qual é preciso que a sociedade entenda e


aceite que a natureza deve ser protegida, e os recursos oriundos da terra preser-
vados, para assim poder continuar se desenvolvendo economicamente, porém
a adequação das pessoas na nova forma de se relacionar com a natureza não é
uma tarefa rápida e fácil. Infelizmente, ainda estamos aprendendo sobre o meio
ambiente e o comportamento do mercado e, principalmente, na relação entre
os dois elementos.
A contribuição das ciências econômicas para o processo de aprendizagem
é prover ferramentas analíticas que ajudam a explicar as interações entre econo-
mia/mercado e meio ambiente. Além disso, cabe à economia explicar as impli-
cações dessa relação e as oportunidades de soluções reais.
“A realidade suprema do nosso tempo é a vulnerabilidade do nosso planeta”
(KENNEDY, 1963 apud CALLAN; THOMAS, 2016, p. 3). Um dos maiores en-
cantamentos da teoria econômica é que ela consegue explicar, de forma lógica, o
que vemos no mundo real. Por exemplo, a microeconomia explica o compor-
tamento dos consumidores e empresas, e as decisões que definem o mercado
e essa mesma lógica de análise são utilizadas para compreender os problemas
ambientais, os motivos que tais problemas acontecem e o que pode ser feito para
amenizar ou solucionar os impactos.
Um grande problema ambiental é a poluição que
Um grande
surge das decisões dos consumidores e das empresas
problema ambiental
sobre consumo e produção. Em outras palavras, ao
é a poluição
produzir e ao consumir, os agentes econômicos uti-
lizam os recursos naturais oferecidos pelo planeta, e essas atividades geram os
chamados subprodutos que, muitas vezes, contaminam o meio ambiente.

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Com essa explicação, você pode inferir que as decisões fundamentais que
orientam a atividade econômica estão diretamente conectadas aos proble-
mas ambientais (CALLAN; THOMAS, 2016). Para ilustrar melhor a relação,
Callan e Thomas (2016) apresentam um modelo elementar de atividade
econômica, que é o modelo do fluxo circular, o qual podemos visualizar
na Figura 1.

Figura 1 - Modelo de fluxo circular / Fonte: Callan e Thomas (2016, p. 15).

Descrição da Imagem: a figura é um fluxo circular simples, composto por dois agentes econômicos — que
são as famílias e as empresas — e dois mercados — o mercado de produtos e o mercado de fatores. Fim
da descrição.

As famílias ofertam recursos (mão de obra) no mercado de fatores e recebem


receita, que são os salários. Com os salários compram bens e serviços no mercado
de produtos e, em troca, recebem as mercadorias compradas.
O modelo não mostra, explicitamente, a relação entre a atividade econômica
que vimos e o meio ambiente. Para compreender essa relação, precisamos analisar
o chamado fluxo do balanço de materiais na Figura 2, que insere o modelo do
fluxo circular em um esquema amplo, e interliga a tomada de decisão econômica
com o meio ambiente.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

Figura 2 - Modelo do Balanço de Materiais / Fonte: Callan e Thomas (2016, p. 17).

Descrição da Imagem: na figura, existe um único elemento a mais do que no fluxo circular, que é a natureza na parte
de cima da figura, com esse elemento a mais, novas conexões são feitas por meio do fluxo de materiais ou de recursos
naturais que irão se deslocar da natureza para a economia (parte de baixo da figura). Este fluxo demonstra como a ativi-
dade econômica explora o estoque de recursos naturais, tais como solo, água, minerais, dentre outros. Fim da descrição.

Essa é a ideia da chamada economia dos recursos naturais, que discutiremos


mais para frente.

A P RO F UNDA NDO

A segunda conexão é oposta, a relação é da economia para o meio ambiente, ou


seja, o que a natureza recebe da atividade produtiva. Este retorno é feito via sub-
produtos ou resíduos, por exemplo, gases liberados na atmosfera.

O que inicialmente não há problema, pois a natureza absorve esses gases pela capa-
cidade de assimilação ambiental, porém, no longo prazo, a natureza perde essa
capacidade. Esta é uma preocupação da economia ambiental, que discutiremos
mais para frente.

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VOCÊ SABE RESPONDER?


Agora, é possível atrasar o lançamento dos resíduos ao meio ambiente?

Sim, é possível por meio de três instrumentos: recuperação,


­recuperação, reciclagem e reutilização. ­Certamente reciclagem e
você já ouviu cada um deles, mas vamos ­relembrá-los. reutilização

Recuperação, como o próprio nome diz, é a ação de recuperar um produto para que
possa ser novamente utilizado com a mesma função de antes. Já a reciclagem está rela-
cionada a transformar um resíduo em produto novo; como exemplo temos papel, vi-
dros e plásticos, que passam por novos processos e se transformam em outros produtos.
Por último, a reutilização é quando o produto passa a ter outro uso, mas
sem se transformar em outro produto, como papel usado para impressão pode
se transformar em rascunho do lado que não foi utilizado.

P E N SA N DO J UNTO S

Você e sua família tem o hábito de separar o lixo? Por quê?


Em outras palavras, uma matéria prima utilizada na atividade econômica será con-
vertida em outro tipo de matéria e energia como emissão de monóxido de car-
bono e, assim, nada é perdido, apenas transformado.

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Segundo Callan e Thomas (2016), é preciso reconhecer que todo e qualquer


recurso transformado pela atividade econômica termina em resíduo e tem po-
tencial para degradar o meio ambiente. Esse processo pode até ser retardado via
recuperação dos materiais, mas não será interrompido. Além disso, a natureza
nem sempre conseguirá converter recursos em outras formas de matéria e ener-
gia. Com essas conclusões, chegamos às causas dos problemas ambientais.

Os danos ambientais

Quando discutimos a inter-relação entre economia e o meio ambiente, não po-


demos deixar de falar nos danos causados por essa combinação, que são danos
ambientais. Assim, a economia ambiental procura identificar e resolver os pro-
blemas dos danos ambientais, ou, como podemos resumir, da poluição, que é o
principal dano ambiental associado ao fluxo de resíduos.

VOCÊ SABE RESPONDER?


O que é poluição?!

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Poluição pode ser definida de diversas formas, mas Callan e Thomas (2016)
afirmam que, genericamente, poluição é a presença de matéria ou energia cuja
natureza, localização ou quantidade causam efeitos considerados indesejados
ao meio ambiente.

Assim, os danos ambientais podem ser causados por poluentes naturais, que
são aqueles originários na própria natureza, como é o caso de partículas de erup-
ções vulcânicas, névoa salina e pólen; e por poluentes antropogênicos, que são
resultantes da ação do homem, além de todos os resíduos associados ao consumo
e à produção (resíduos químicos gerados a partir de certos processos industriais).

P E N SA N DO J UNTO S

Qual dos dois tipos de poluentes, naturais ou antropogênicos, são os mais preocu-
pantes para a economia ambiental?

Após a identificação do dano ambiental, é preciso determinar as fontes respon-


sáveis pelo dano, já que podem ser lançadas de diversas formas, por exemplo, dos
automóveis, aterros sanitários, área agrícola, dentre outros. Como as fontes são
inúmeras, precisamos classificá-las por categorias amplas.
Essa classificação dependerá do ambiente, ou seja, água, ar ou solo, e, assim,
podemos agrupar as fontes de poluição em dois tipos: de acordo com sua mobili-
dade, que é subdividida em estacionária e móvel, ou pela sua identificabilidade,
que será pontual ou não pontual.

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Podemos discutir sobre a extensão dos danos ambientais, pois, apesar da degra-
dação ambiental estar presente no mundo inteiro, existem alguns tipos de poluição
que têm efeitos limitados a um único local, enquanto outros afetam uma área maior.
Assim, Callan e Thomas (2016) classificam a extensão dos danos ambientais em:
■ Local – refere-se à degradação ambiental que não se expande a grandes
distâncias da fonte poluidora, impactando apenas uma pequena área,
porém, apesar da extensão ser pequena, o dano pode ser enorme, por
exemplo, o chamado smog urbano, que é a mistura da umidade do ar com
poluição atmosférica, que visivelmente é uma nuvem amarela espessa e
está presente em cidades como Pequim, Los Angeles, Cidade do México e
na cidade de São Paulo. Para você ter uma ideia do tamanho do problema,
vamos analisar a Figura 3.

Figuras 3 - Poluentes que contribuem com a poluição urbana do ar nas grandes metrópoles
Fonte: Callan e Thomas (2016, p. 21).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico de barras que compara os níveis de três poluentes
atmosféricos em onze grandes cidades do mundo (Nova York-Newark, Los Angeles, Londres, Madri, Cidade do
México, Tóquio, Berlim, Paris, Pequim, Toronto e São Paulo). Os poluentes são dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido
de enxofre (SO2) e material particulado (MP). O gráfico mostra que as cidades com os níveis mais altos de NO2
são Pequim, Nova York-Newark e Los Angeles. As cidades com os níveis mais altos de SO2 são Pequim, Cidade
do México e Londres. As cidades com os níveis mais altos de MP são Pequim, Cidade do México e São Paulo. O
gráfico também mostra que os níveis de NO2 e SO2 são geralmente mais altos nas cidades da Ásia e da América
do Norte. Os níveis de MP são geralmente mais altos nas cidades da Ásia e da América Latina. Fim da descrição.

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■ Outro exemplo de poluição local é a poluição com resíduos sólidos,


que é a poluição oriunda de práticas inadequadas de manejo dos resí-
duos como chumbo e mercúrio, que podem poluir o solo e os mananciais
de água.
■ Regional – são as poluições que estão distantes da fonte geradora, como
a deposição ácida ou chuva ácida, que surgem dos componentes ácidos
que se misturam com outras partículas e caem no solo como neblinas,
neve ou chuva.
■ Global – são as poluições que afetam uma
o aquecimento
enorme extensão e é bem difícil de controlar,
global ou efeito
pois os riscos estão distribuídos e é necessária
estufa e a redução
uma cooperação internacional que encontre da camada de
soluções. Dois exemplos desse tipo de dano ozônio.
ambiental são o aquecimento global ou efeito
estufa e a redução da camada de ozônio. O primeiro ocorre quando a
irradiação solar, ao retornar ao ar, carrega os gases do efeito estufa, como
o dióxido de carbono. Para melhor compreensão dessa afirmativa, analise
a Figura 4.

Figura 4 - Esquema do funcionamento do efeito estufa / Fonte: Mozeto (2001, p. 46).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama do efeito estufa. O diagrama é dividido em duas partes:
a parte superior mostra a radiação solar chegando à Terra em duas formas: luz visível e radiação infravermelha.
A luz visível é refletida pela atmosfera e atinge a superfície da Terra, onde é absorvida e convertida em calor.
A radiação infravermelha é absorvida pela atmosfera e pelos gases de efeito estufa, e a parte inferior mostra a
retenção do calor pela atmosfera. Fim da descrição.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Os principais impactos do efeito estufa são as mudanças climáticas drásticas,


quando áreas frias se tornam quentes e áreas úmidas se tornam secas; aumen-
to significativo na incidência de grandes tempestades, furacões e tornados; re-
dução de espécies de fauna e flora; elevação global de temperatura e do nível
dos oceanos em decorrência do derretimento das calotas de gelo.

A camada de ozônio protege o planeta Terra dos


A camada de ozônio
raios ultravioletas, quando ela é reduzida há en-
protege o planeta
fraquecimento do sistema imunológico humano,
Terra dos raios
aumenta o risco de câncer de pele e atinge todo o ultravioletas
ecossistema, sendo causada pelos produtos quími-
cos que contém clorofluorcarbonetos, que são utilizados em ar-condicionado,
embalagens, isolantes etc.

IN D ICAÇÃO DE LI V RO

O meio ambiente impacta em todos os mercados econômicos, incluindo do mercado


de trabalho. Assim, leia o artigo “Desenvolvimento sustentável e meio ambiente: análise
dos impactos no mercado de trabalho no Brasil (1995-2001)”, o qual tem dois objetivos.
O primeiro é apresentar os limites e impactos da promoção do desenvolvimento sus-
tentável sobre o meio ambiente e o sobre o mercado de trabalho, e o segundo será
discutir a dinâmica do emprego vinculada às questões ambientais no Brasil.

Com base em todas as nossas discussões até agora, podemos afirmar que, como
esses problemas ambientais estão presentes em todos os países do mundo, alguns
objetivos ambientais precisam ser muito bem definidos e debatidos.
Assim, segundo Callan e Thomas (2016), atualmente existem três objetivos
ambientais globais, que são: qualidade ambiental, que está relacionada à re-
dução da contaminação antropogênica a um nível aceitável; desenvolvimento
sustentável, que é a gestão dos recursos planetários de forma que qualidade e
abundância sejam asseguradas para as futuras gerações; e biodiversidade, que se
refere à variedade de espécies distintas, sua variabilidade genética e a diversidade
dos ecossistemas que habitam.

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U N I AS S E LVI

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Existem duas linhas principais que procuram definir e estudar o desenvolvimento


econômico. A primeira linha dos economistas clássicos afirma que crescimento
e desenvolvimento econômico são conceitos similares, e uma nação, ao crescer
economicamente, irá, automaticamente, se desenvolver. A segunda linha de pen-
samento não concorda e defende que um país pode crescer economicamente, mas
sem se desenvolver, como o “mundo real” mostra, porém, para esses pensadores,
o crescimento é uma condição essencial, mas não suficiente para haver desen-
volvimento econômico.

P E N SA N DO J UNTO S

Mas por quê? Como afirmam Callan e Thomas (2016), embora crescimento
econômico seja um resultado favorável, no longo prazo há implicações, como
sugere o modelo do balanço de materiais. Assim, encontrar o equilíbrio entre
crescimento econômico e preservação dos recursos naturais não é uma tarefa
fácil, mas é o objetivo do desenvolvimento sustentável.

Segundo Romeiro (2010), desenvolvimento sustentável é um conceito relativa-


mente novo que surgiu no início da década de 1970 com o nome de ecodesenvol-
vimento. No trade-off entre crescimento econômico e meio ambiente, ele pode
surgir de discussões sobre o reconhecimento do progresso técnico como uma
condição para eliminar a pobreza e as diferenças sociais.

VOCÊ SABE RESPONDER?


O que é desenvolvimento sustentável?

Desenvolvimento sustentável é aquele que atinge as necessidades atuais sem


comprometer as necessidades das futuras gerações. Pela definição usual, você
conseguiu perceber que a ideia do desenvolvimento sustentável considera o de-
ver com relação às gerações futuras, sempre respeitando os limites da natureza.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

Podemos definir desenvolvimento sustentável de outra maneira, que é a satis-


fação das presentes necessidades e aspirações do homem sem que se reduza a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas necessidades. Outra defi-
nição de desenvolvimento sustentável pode ser aquela que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem
suas necessidades.

P E N SA N D O J UNTO S

Como você viu, as definições de desenvolvimento sustentável são muito pare-


cidas, sempre levam em consideração as necessidades das futuras gerações,
porém surgem algumas dúvidas que não tem respostas corretas, tais como:
quais seriam as carências da geração atual? Com certeza diferencia-se por
nação, religiosidade, classe social, região de moradia etc.

Com base em nossas discussões até aqui, podemos afirmar que existem dois eixos
fundamentais para o desenvolvimento sustentável, que são: a conquista de um
modelo de bem-estar econômico-social coerente e adequado, equitativamente
distribuído; e usufruir do capital natural de forma a garantir a integridade eco-
lógica, o que constitui seu uso racional intertemporal.
No âmbito econômico os processos de produção e consumo envolvem a
questão do desenvolvimento econômico. Na questão social, a preocupação é
com o bem-estar humano e a qualidade de vida; por último, temos a área am-
biental, em que a preocupação central é deteriorar o mínimo possível a natureza
e seus recursos.

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U N I AS S E LVI

O debate econômico do meio ambiente surge em duas correntes, que são a eco-
nomia ambiental e a economia ecológica ou do meio ambiente. A primeira re-
fere-se ao chamado mainstream neoclássico, que acredita que os recursos naturais
não representam, a longo prazo, um limite para a economia, ou seja, inicialmente os
recursos naturais não são considerados nas representações analíticas da realidade
econômica e a função de produção é composta apenas por capital e trabalho.

A P RO F UNDA NDO

O foco da economia ambiental é a externalidade negativa da produção sobre o


capital natural. Para analisar a externalidade, é preciso considerar o valor mone-
tário da externalidade, que está relacionado à produção sacrificada, disposição
a pagar e à política macroeconômica para atingir o ótimo de poluição e social.

Já a visão ecológica leva em consideração os recursos naturais e afirma que, assim


como o capital, são elementos essenciais e complementares para a produção.
Além disso, o progresso técnico é fundamental para melhorar a eficiência na
utilização dos recursos naturais, renováveis e não renováveis.
A utilização dos recursos naturais renováveis não deve ser superior a taxa de
reposição desses recursos no meio ambiente. Assim, os recursos não renováveis
deverão ser utilizados a uma taxa inferior a sua reposição por recursos renováveis
no meio ambiente, de forma que a geração e o despejo de resíduos não excedam
a capacidade de suporte do capital natural.

NO PRIMEIRO MOMENTO

A esquerda existe apenas na economia, que funciona sem os recursos naturais, já que
os bens são livres e poderiam ser interpretados como um presente da natureza.

NO MOMENTO DOIS

Os recursos naturais começam a aparecer nas representações gráficas da função


produção, com preocupação com bens públicos e questões sociais, porém o sistema
econômico é visto como algo grandioso e, mesmo que faltem recursos naturais, não
haveria impacto no sistema, já que ele é maior do que a natureza, portanto é o que
defende a economia ambiental.

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NO TERCEIRO MOMENTO

A visão ecológica, na qual podem ver que a economia depende dos recursos naturais,
tanto que as setas estão em direção dos recursos naturais para a economia, e não ao
contrário, como no momento anterior.

Assim, há limite para o crescimento econômico, que são os recursos naturais e,


por esse motivo, é preciso que a sociedade mude a postura frente aos recursos
naturais de forma a evitar os impactos ambientais.

Sustentabilidade

Ao discutirmos desenvolvimento sustentável é fundamental discutir o tema sus-


tentabilidade. Nesse sentido, Cavalcanti (2001) afirma que existem dois paradigmas
principais de sustentabilidade, que são o desenvolvimento na visão econômica, que
classifica a natureza como um bem de capital e, portanto, a sustentabilidade é algo
ambiental; e o outro paradigma que procura romper com a dominação do discurso
econômico e defende a sustentabilidade como algo ético.

Apesar das correntes econômicas auxiliarem os modelos matemáticos que gerem


os recursos naturais, a prática da sustentabilidade não é fácil, e ainda é um grande
desafio para a sociedade mundial.

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U N I AS S E LVI

VOCÊ SABE RESPONDER?


O que é sustentabilidade?

Sustentável é algo que pode ser mantido, ou seja, é a capacidade que o ecossistema
tem para enfrentar os desequilíbrios externos sem comprometer suas funções. De
outra forma, sustentável é aquilo que tende a ser preservado. No estudo da eco-
logia, o ecossistema possui algum grau de sustentabilidade, que é a disposição do
ecossistema de confrontar distúrbios externos sem danificar seu funcionamento.

A P RO F UNDA NDO

Em termos econômicos, a sustentabilidade surge do debate sobre sustentar o


crescimento no longo prazo, considerando que na função de produção capital e
recursos naturais. Assim, existem os chamados princípios da sustentabilidade,
que são a energia solar, a biodiversidade e a ciclagem química. Interligados, estes
três princípios da sustentabilidade auxiliam no conhecimento da natureza e sus-
tentam uma grande heterogeneidade de vida na terra por bilhões de anos.

Assim, a questão da sustentabilidade aparece no de-


a questão da
bate econômico, em como promover o crescimento
sustentabilidade
econômico quando a produção depende do capital
aparece no debate
e o capital natural. Nesse sentido, os economistas econômico
neoclássicos defendem que, para existir integrida-
de e equidade entre as futuras gerações, o consumo por pessoa necessitaria ser
constante ou crescente a longo prazo e o acúmulo de capital deve ser constante.
Diferente da corrente da economia ecológica que afirma que existe uma “con-
trovérsia do capital”, que são a sustentabilidade fraca e a ­sustentabilidade forte.
Assim, o capital possui três finalidades que são: prover recursos ao sistema
produtivo, absorver os detritos causados pelo consumo e produção, fornecer
as condições necessárias que possibilitam a vida no planeta, tais como o clima e
o oxigênio. Então, conversar sobre os recursos naturais é muito importante, pois
eles são fundamentais para a manutenção da vida.

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CONTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS PARA O


CRESCIMENTO ECONÔMICO

Até agora nossas discussões giraram em torno da compreensão da relação en-


tre a economia e o meio ambiente e, também, da teoria do desenvolvimento
sustentável, ou seja, falamos muito nos recursos naturais como entrave ou não,
dependendo da corrente de desenvolvimento sustentável a ser seguida para o
crescimento econômico.

Agora iremos entender a contribuição dos recursos naturais para esse crescimen-
to econômico que é um dos principais objetivos da economia de uma nação e
também porque estudar a relação entre os recursos naturais e a economia é de
suma importância, pois estamos discutindo a sustentabilidade. Para isso, é preci-
so compreender os recursos naturais, o que são e como podem ser classificados.

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AP RO F U NDA NDO

Em um passado bem distante, a natureza exercia papel principal e essencial para o


homem, pois era ela que fornecia os alimentos, assim, as pessoas somente extraiam os
alimentos fornecidos, não haviam modificação do ecossistema. Quando o fogo passou
a ser controlado pelo homem, o ecossistema passou a ser manejado, mas não alterado.

Até que a agricultura foi inventada e o ecossistema original foi sendo modi-
ficado, mas não ao ponto de prejudicar a natureza ou acabar com os recursos
naturais. Só que no século XVIII, mais exatamente a partir de 1760, novos pro-
cessos de manufaturas surgiram, dando início à chamada Revolução Industrial
e ao processo dos grandes danos ambientais.

Recursos Naturais

Os recursos naturais são, na maior parte, bens livres, e podem ser definidos como
tudo aquilo que é necessário para as pessoas e estão disponíveis na natureza. Os
recursos naturais podem ser classificados em dois tipos, segundo a capacidade
de recomposição de um recurso ao longo do tempo, que são:

a) Recursos naturais renováveis – são compatíveis com o horizonte de


vida do homem, ou seja, os recursos renováveis se atualizam com o tempo
e, teoricamente, não acabam. Teoricamente porque, se forem utilizados
de forma indiscriminada, podem se tornar não renováveis e, por isso,
precisam ser preservados e utilizados com muito cuidado. Solo, ar, água,
fauna e flora são exemplos de recursos renováveis.
b) Recursos naturais não renováveis – necessitam de muito tempo (eras
geológicas) para se formarem, ou seja, somente nossos tataranetos irão
ter acesso novamente a este tipo de recurso.

Em outras palavras, os recursos não renováveis, que também são chamados de


exauríveis, podem ser esgotados ou limitados muito facilmente, pois o processo
de renovação é muito lento. Petróleo, gás natural e carvão mineral são exemplos
de recursos não renováveis.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

A P RO F UNDA NDO

Para compreender na prática como os recursos naturais podem impulsionar o


crescimento econômico de uma nação, leia o artigo “Crescimento econômico
impulsionado por recursos naturais: uma nota sobre a experiência de Botsuana”.
O artigo apresenta como Botsuana conseguiu disparar o crescimento econômico
graças aos recursos naturais disponíveis.

EFICIÊNCIA ECONÔMICA E MERCADOS

De acordo com o modelo do balanço de materiais, os problemas ambientais estão


ligados à forma como o mercado funciona, ou seja, as decisões dos consumido-
res e empresas afetam a quantidade e qualidade dos recursos naturais. Assim, é
preciso compreender como as atividades de mercado geram resíduos poluentes
que afetam o mercado e como podemos solucionar tais problemas ambientais.
Como nosso foco neste tema de aprendizagem é a eficiência econômica,
precisamos compreender a eficiência. Um dos critérios da análise econômica,
que trata da alocação apropriada de recursos entre usos alternativos, chama-se
eficiência alocativa, e outro critério que está preocupado com a economia dos
recursos usados na produção chama-se eficiência técnica.
Vamos conhecer cada um deles?
a) Eficiência alocativa – o modelo de balanço de materiais ilustra que a
forma como o mercado utiliza os recursos é crítico tanto da produção e do con-
sumo quanto para o meio ambiente, porém, para avaliar a alocação de recursos, é
preciso utilizar, segundo Callan e Thomas (2016), um procedimento que envolve
dois elementos, a avaliação de custos e benefícios e o uso de análise marginal.
Para compreender estes dois, vamos analisá-los juntos na sequência.
Os preços, ao longo da curva de demanda, são medidos de benefício margi-
nal, ou seja, cada preço de demanda mostra o valor que os consumidores dão a
uma unidade a mais de um produto qualquer, que é termo “marginal”.

De acordo com Callan e Thomas (2016), no equilíbrio competitivo, o valor que a


sociedade atribui ao bem é igual ao valor dos recursos sacrificados na produção
desse mesmo bem. Isto é, benefício marginal é igual ao custo marginal e essa
igualdade assegura que a eficiência alocativa seja atingida.

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U N I AS S E LVI

Sabendo que lucro é a receita total menos custo total,


lucro é a
e que a receita total é a multiplicação do preço com
receita total menos
a quantidade, e o custo total é todo o custo fixo e va-
custo total
riável da produção, as empresas procuram encontrar
a quantidade que gere o maior lucro possível e, para
isso, as empresas tomam suas decisões considerando os benefícios e os custos da
produção de cada unidade a mais de produto.

IN D ICAÇ ÃO DE LI V RO

Economia Ambiental: aplicações, política e teoria


O livro possui grande enfoque em políticas e questões ambi-
entais do mundo contemporâneo. Com ele, o leitor terá acesso
às diversas teorias econômico-ambientais em uma abordagem
prática e estimulante.

E M FO CO

Confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo


digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Neste tema de aprendizagem, discutimos um tema bem atual e de grande preo-
cupação das sociedades e dos governos de todos ou, pelo menos, da maioria dos
países, que é a preservação do meio ambiente.

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AUTOATIVIDADE

1. O termo meio ambiente inclui dimensões econômicas, culturais e de segurança, além do


ambiente físico e ecológico, porém, à medida que a sociedade se transformou e novos
padrões de consumo surgiram, um novo desafio surgiu, que foi?

Marque a alternativa correta:

a) Como se desenvolver economicamente e preservar o meio ambiente.


b) Como crescer e gerar renda sem prejudicar a geração atual.
c) Como crescer e se desenvolver economicamente e ser competitivo.
d) Como ser competitivo no mercado internacional, dado os insumos nacionais.
e) Como produzir menos utilizando a mesma tecnologia e aumentar a renda.

2. Podemos definir meio ambiente como um conjunto de unidades ecológicas, que estão
incluídos os animais, vegetais, micro-organismos, solo, rocha, ar, dentre outros, que inte-
ragem no sistema natural. Assim, meio ambiente e sistema econômico, principalmente o
capitalista, entram em constante conflito, já que os recursos naturais são escassos e não
se pode produzir tudo que a população deseja.

Com base no exposto, podemos afirmar que duas variáveis são alteradas constantemente
na economia e, com isso, influenciam a relação com o meio ambiente. As variáveis a que o
enunciado se refere são?

a) Produção e consumo.
b) Oferta e demanda.
c) Recursos produtivos e insumos.
d) Trabalho e processo produtivo.
e) Concorrência e direito de propriedade.

3. De acordo com Romeiro (2010), o desenvolvimento sustentável é um conceito normativo


que surgiu na década de 1970 com o nome de ecossistema. Ainda, pode ser definido como
aquele que atinge as necessidades do presente, não comprometendo as necessidades
das gerações futuras.

Para que se tenha desenvolvimento sustentável, é preciso considerar três dimensões, as


quais são?

a) Social, cultural e ambiental.


b) Econômico, político e religioso.
c) Nacional, monetário e educacional.
d) Educação, saúde e segurança.
e) Social, ambiental e econômico.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS

CALLAN, S. J.; THOMAS, J. M. Economia ambiental: aplicações, políticas e teoria. São Paulo:
Cengage Learning, 2016.

CAVALCANTI, C. Sustentabilidade da economia: paradigmas alternativos de realização econô-


mica. In: CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e a natureza: estudos para uma sociedade susten-
tável. São Paulo: Cortez, 2001. p. 153-176.

LAZARO, L. L. B.; GREMAUD, A. P. Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos projetos


de mecanismo de desenvolvimento limpo na América Latina. O&S, Salvador, v. 24, n. 80, p. 53-72,
jan./mar. 2016.

MILLER, G. T.; SPOOLMAN, E. S. Ecologia e sustentabilidade. 6. ed. São Paulo: Cengage Lear-
ning, 2012.

MOZETO, A. A. Química atmosférica: a química sobre nossas cabeças. Cadernos Temáticos de


Química Nova na Escola, São Paulo, n. 1, p. 41-49, maio 2001. Disponível em: http://qnesc.sbq.
org.br/online/cadernos/01/atmosfera.pdf. Acesso em: 5 out. 2023.

ROMEIRO, A. R. Economia ou economia política da sustentabilidade. In: MAY, P. Economia do


meio ambiente: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 3-32.

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GABARITO

1. Opção A.

2. Opção A.

3. Opção E.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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MINHAS ANOTAÇÕES

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MINHAS ANOTAÇÕES

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