Sanfona_2018
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[Nome
[Títulocompleto
da Tese] do autor]
[Habilitações Académicas]
Júri:
[Nome completo do autor]
Presidente: Doutora Maria Teresa G. Santana, Professora Auxiliar,
[Habilitações Académicas]
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
Outubro, 2018
Aplicação de Geomembranas de PVC em Barragens: Influência da Temperatura no
Controlo das Soldaduras
Copyright © Pedro Miguel Gomes dos Santos Sereno Sanfona, Faculdade de Ciências e
Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa.
A realização desta dissertação não teria sido possível sem o contributo de várias pessoas e
entidades, às quais expresso todo o meu agradecimento.
Aos meus amigos, agradeço todos os momentos de amizade e partilha, ao longo de todo
este percurso.
A toda a minha família, agradeço todo o apoio e incentivo ao longo de todos estes anos de
percurso académico. Em especial à minha avó, pelo seu carinho e preocupação, e ao meu
cunhado Etienne por toda a disponibilidade em ajudar numa fase delicada desta dissertação.
À Flávia, agradeço o fato de estar sempre ao meu lado, tornando a minha vida sempre
melhor. Agradeço-lhe toda a compreensão, apoio e incentivo ao longo de todo o meu percurso
académico.
À minha irmã Carolina, agradeço por ser um exemplo para mim e por nunca duvidar do
meu valor. A ela o meu sincero agradecimento por estar sempre disponível para me apoiar.
Por fim, e mais importante, agradeço ao meu pai Carlos e à minha mãe Palmira, por toda
o amor, dedicação, compreensão e principalmente por todo o esforço durante os últimos anos.
Foram ensaiadas três geomembranas (1,5, 2,0 e 3,0 mm de espessura) ao arranque, com
soldadura por termofusão, uma simples e duas duplas, de acordo com a norma ASTM D 6392, a
temperaturas variando entre os 5ºC e os 41 ºC.
Analisou-se, igualmente, o tipo de rotura, tendo sido difícil a sua classificação com base
na norma, o que levanta questões relativamente à sua utilidade nos critérios de
aceitação/rejeição para soldaduras em geomembranas de PVC.
i
Abstract
The PVC geomembranes are the most common used for dams. The success of a
waterproofing system with geomembranes depends on the quality with which the seams are
made. The seams have to be evaluated in terms of continuity/watertightness and mechanical
strength, the latter being assessed by peel and shear tests.
In this work, the influence of the temperature on the peel strength of the PVC
geomembrane seams is studied. This issue is important because, sometimes in the field, it is not
possible to carry out the tests at the standard temperature of 23ºC (± 2ºC), raising questions on
their acceptance / rejection.
Three geomembranes (1.5, 2.0 and 3.0 mm thickness), one with a single and two with a
double thermo-fusion seams, were evaluated by peel tests according to ASTM D 6392 standard,
at temperatures ranging from 5ºC to 41 ºC.
Results showed that the peel strength of the PVC geomembrane seams did not change
significantly (maximum 4 kN/m), suggesting that the temperature has small influence on the
strength value. This behavior can be attributed to the amorphous molecular structure of the
PVC, which exhibits a relatively constant modulus of elasticity at temperatures above the glass
transition temperature of the material, ranging from ˗ 20ºC to ˗ 25 ° C.
The results obtained were also compared with results reported in the literature for
HDPE geomembranes. The latter show a clear decrease in the peel strength of the welds with
increasing temperature. The differences found seem to be related with the differences on
molecular structure of these type of geomembranes.
The locus-of-break codes of the seams, according the ASTM standard, were also
studied. Mode of specimens rupture obtained are not included in the standard, raising questions
about its usefulness within the acceptance/rejection criteria for PVC geomembranes.
iii
Conteúdo
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.1 ENQUADRAMENTO .............................................................................................. 1
1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO .............................................................................. 2
1.3 METODOLOGIA E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................ 2
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 87
5.1 PRINCIPAIS CONCLUSÕES .................................................................................. 87
5.2 TRABALHOS FUTUROS ....................................................................................... 89
ANEXOS…..... ........................................................................................................................... 97
ANEXO A1 – GEOSSINTÉTICOS .................................................................................................. 97
Anexo A1.1 - Geossintéticos em barragens ............................................................................ 101
Anexo A1.2 - Tipos de geossintéticos ...................................................................................... 97
Anexo A1.3 - Funções dos geossintéticos .............................................................................. 103
ANEXO A2 – TIPOS DE BARRAGENS ........................................................................................ 105
Anexo A2.1 - Barragens de aterro .......................................................................................... 105
Anexo A2.2 - Barragens de betão ........................................................................................... 107
Anexo A2.3 - Barragens de BCC (Betão Compactado com Cilindros) .................................. 109
ANEXO A3 – RESULTADOS DOS ENSAIOS REALIZADOS.......................................................... 111
vi
Lista de Figuras
FIGURA 2.19 - GEOMEMBRANA INTERNA QUASI - VERTICAL COM ZIG ZAG DE MENORES
DIMENSÕES (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ............................................................................... 28
vii
FIGURA 2.20 - GEOMEMBRANA NA REABILITAÇÃO DE UMA BARRAGEM DE ENROCAMENTO COM
CORTINA DE BETÃO A MONTANTE (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ............................................ 30
FIGURA 2.22 - SISTEMA WATERSTOP (ADAPTADO DE CAZZUFFI ET AL., 2010). ....................... 322
FIGURA 2.23 - ANCORAGEM SUPERFICIAL EM LINHA (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ............... 33
FIGURA 2.24 - ANCORAGEM MECÂNICA USADA EM REABILITAÇÃO DE BARRAGENS DE BETÃO
(ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ................................................................................................... 34
FIGURA 2.25 - SELO PERIFÉRICO APLICADO DE FORMA SUBMERSÍVEL (ADAPTADO DE ICOLD,
2010)............................................................................................................................................ 35
FIGURA 2.26 - SOLDADURA POR TERMOFUSÃO (ADAPTADO DE BARROSO & LOPES, 2008). ..... 37
FIGURA 2.27 - SOLDADURA POR EXTRUSÃO (ADAPTADO DE BARROSO & LOPES, 2008). .......... 37
FIGURA 2.28 - ENSAIO DE CONTINUIDADE DE PRESSÃO DE AR (ADAPTADO DE BARROSO &
LOPES, 2008). .............................................................................................................................. 38
FIGURA 2.29- ENSAIOS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA AO ARRANQUE E AO CORTE (ADAPTADO DE
BARROSO & LOPES, 2008). .......................................................................................................... 39
FIGURA 2.30 - GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). .................... 40
FIGURA 2.31- GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS DE ATERRO (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). 411
FIGURA 2.32 - GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS DE BETÃO (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ... 41
FIGURA 2.33 - GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS DE BCC (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ...... 41
FIGURA 3.1 - DOBRA (ADAPTADO DE CHAPPEL ET AL., 2008). ................................................... 61
FIGURA 3.2 - EQUILÍBRIO E GEOMETRIA DE UMA DOBRA (ADAPATADO DE GIROUD, 2005)....... 62
FIGURA 3.3 - QUANTIFICAÇÃO DE DOBRAS ATRAVÉS DO MÉTODO DE FOTOGRAFIA AÉREA A
BAIXA ALTITUDE E PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (ADAPTADO DE TAKE ET AL., 2007).
..................................................................................................................................................... 64
FIGURA 4.1 – GEOMEMBRANAS UTILIZADAS. ............................................................................. 73
FIGURA 4.2 - PROVETES UTILIZADOS. ......................................................................................... 74
FIGURA 4.3 - ENSAIO DE ARRANQUE. .......................................................................................... 75
FIGURA 4.4 – TIPOS DE ROTURA (ASTM D 6392). ...................................................................... 76
FIGURA 4.5 - GEOMEMBRANA A: RELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS E
A TEMPERATURA.......................................................................................................................... 77
viii
FIGURA 4.8 - INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO MÓDULO DE ELASTICIDADE DE POLÍMEROS
AMORFOS E SEMICRISTALINOS .................................................................................................... 79
ix
Lista de Tabelas
TABELA 3.3 - PREVISÃO DO TEMPO DE VIDA DE GEOMEMBRANAS EXPOSTAS, A 20ºC, COM BASE
NA PERDA DE 50% DE PROPRIEDADES MECÂNICAS (ADAPTADO DE KOERNER ET AL., 2017). .... 51
xi
TABELA A3.2 - GEOMEMBRANA A: FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS EXTERIORES A
DIFERENTES TEMPERATURAS………………………………………………………......…........111
xii
Abreviaturas
EN – European Norm
NP – Norma Portuguesa
PP – Polipropileno
xiii
xiv
1
1. Introdução
1.1 Enquadramento
As alterações climáticas são uma das maiores ameaças ambientais do século XXI com
consequências profundas em várias áreas da sociedade, como por exemplo, a escassez de água
potável que, segundo dados do Pacific Institute, representa apenas 0,6% de toda a água
disponível no planeta.
1
influência da temperatura ambiente na resistência mecânica das soldaduras, cuja qualidade é
determinante para um adequado desempenho do SIGM, sendo, por isso, objeto de estudo na
presente dissertação.
2
requisitos de instalação, nomeadamente as soldaduras, as dobras e as condições da superfície de
apoio.
3
2
2. Aspetos relevantes sobre geomembranas
em barragens
2.1 Introdução
A construção e exploração de uma barragem compreende questões ambientais, decisões
políticas e apresenta vantagens e inconvenientes, tanto a nível social, como económico, pelo que
têm sido feitos imensos esforços de forma a otimizar o projeto e o desempenho destas estruturas
(Figueira, 2014). Nesse sentido, a otimização dos seus sistemas de impermeabilização assume-
se como uma das principais questões, para a qual os desenvolvimentos alcançados na área dos
geossintéticos têm contribuído.
5
utilização quer na construção de novas barragens, quer em ações de reabilitação de estruturas
existentes são também abordados neste capítulo.
6
fusão específico, devido às diferenças no seu peso molecular, grau de cristalinidade e à
ramificação das suas cadeias moleculares, situando-se entre os 120ºC e os 140ºC (Malpass,
2010).
Polietileno* PE
Termoplástico Polipropileno PP
*Dependendo da densidade, o polietileno pode ser classificado como mais rígido (Polietileno de
alta densidade – PEAD) ou menos rígido (Polietileno linear de baixa densidade – PELBD).
**CSPE pode ser considerado como borracha termoplástica, um material de transição entre o
termoplástico e o termoendurecível com a particularidade de apresentar um comportamento termoplástico
inicialmente, mas com o passar do tempo se tornar termoendurecível.
Para além da sua deformabilidade, os polímeros podem ainda ser classificados quanto à
sua estrutura molecular como amorfos ou cristalinos.
7
organização tridimensional, segundo uma “malha” bem definida, então o material apresenta
uma estrutura cristalina.
Materiais como o PE incluem zonas cristalinas e zonas amorfas, sendo designados por
semi-cristalinos. A proporção entre as zonas cristalinas (cristalitos) e as zonas amorfas confere
ao polímero o seu grau de cristalinidade que é tanto maior quanto maior for a quantidade de
zonas cristalinas relativamente às zonas amorfas (Reis, 2016). Segundo Greenwood et al.
(2012), a proporção de cristalitos afeta as propriedades físicas, mecânicas e a durabilidade dos
polímeros.
8
Homogénea Multicamada Reforço no interior Reforço acoplado
Para além dos polímeros, as geomembranas incluem também na sua constituição aditivos
com as mais variadas finalidades. Estes são misturados com os polímeros, de forma a produzir
geomembranas poliméricas, através de um de três processos possíveis: extrusão, calandragem
ou espalhamento superficial.
9
• Outros: pigmentos, lubrificantes, retardadores de chama, estabilizadores
de chama, fungicidas, estabilizadores de temperatura, entre outros.
Tabela 2.2 - Formulação de alguns tipos de geomembranas (Adaptado de Koerner & Hsuan, 2003).
10
solicitações a que é exposta durante a sua vida útil (Colmanetti, 2006). No caso de aplicação de
geomembranas em barragens, os ensaios de comportamento mais utilizados são relativos a
propriedades hidráulicas do material como a permeabilidade; a propriedades mecânicas como a
resistência à tração, ao punçoamento, ao rasgamento e ao rebentamento, a resistência das
soldaduras e a resistência ao corte entre interfaces; a propriedades térmicas como a flexibilidade
a baixas temperaturas; e a propriedades de durabilidade como a resistência ao envelhecimento
devido ao clima, microbiológica, à oxidação, entre outras.
11
Tabela 2.3 - Propriedades das geomembranas e normas de ensaio (Adaptado de Neves et al, 2015).
12
Nas próximas secções serão descritas, de forma geral as principais propriedades acima
indicadas (Tabela 2.3), de acordo com Colmanetti (2006).
Segundo Lopes & Lopes (2010), importantes indicações sobre o custo das
geomembranas, bem como sobre a uniformidade dos produtos podem ser indicados, com base
nesta propriedade, quando utilizada na avaliação do controlo de qualidade durante o processo de
fabrico.
Espessura
Massa volúmica
Dureza
13
um durômetro. A dureza é medida após 15 ± 1 s após a aplicação de pressão nos provetes em
seis pontos diferentes distanciados entre si menos de 6 mm.
Extensão (%)
15
Resistência ao punçoamento dinâmico
Resistência ao rasgamento
16
Resistência ao rebentamento
17
Figura 2.7 - Medidas e considerações geométricas (cm) (Adaptado de Colmanetti, 2006).
18
2.3.3 Propriedades hidráulicas
O principal propósito funcional das geomembranas é a impermeabilização, como tal, a
propriedade hidráulica mais importante a avaliar é a permeabilidade à água.
19
Figura 2.9 - Equipamento para determinação da flexibilidade a baixas temperaturas (Adaptado de
Colmanetti, 2006).
20
importante das mencionadas anteriormente, uma vez que as geomembranas de PVC são bastante
utilizadas na impermeabilização deste tipo de estruturas.
Importa referir que, ao longo deste trabalho se utiliza o termo PVC, o qual inclui, por
uma questão de simplicidade, o PVC-P (plastificado).
21
juntamente com o solvente éter etílico, iniciando a extração que dura aproximadamente 8 horas.
São realizadas três determinações do teor de plastificante da geomembrana.
22
Tabela 2.4 - Localização das geomembranas no corpo de uma barragem.
Tipo de intervenção
• Verticais
• Quasi-verticais
(zig zag)
• Expostas
• Cobertas
A cobertura de geomembranas, pode ser realizada por vários materiais (ICOLD, 2010):
24
1 – Geomembrana
2 – Cobertura total
3 – Camada de drenagem
4 – Plinto e cortina de injeções
1 – Geomembrana
2 – Cobertura parcial
3 – Camada de drenagem
4 – Galeria de drenagem e
cortina de injeções
25
1 – Painel pré-fabricado de partida
2 – Geomembrana
3 – Painéis de betão pré-fabricados
4 – Geocompósito
5–Tiras soldadas de geomembrana
6 – Barras de ancoragem
7 – BCC
8 – Tubo de ventilação
9 – Selagem periférica
Figura 2.13 - Exemplo de geomembrana coberta numa barragem de BCC (Adaptado de ICOLD,
2010).
As geomembranas utilizadas de forma exposta estão, durante a sua vida útil, bastante
mais vulneráveis às solicitações que lhe vão sendo impostas, como por exemplo, a degradação
pelos raios UV, do que as geomembranas utilizadas de forma coberta, o que pode reduzir
bastante o seu tempo de vida útil. No entanto, o acesso à geomembrana é mais fácil, no caso de
a reparação ou substituição ser necessária.
Este tipo de solução, tal como referido anteriormente, pode ser utilizado no paramento de
montante de barragens de aterro (Figura 2.14) e de barragens de BCC (Figura 2.15).
1 – Geomembrana
2 – Camada drenante
3 – Galeria de drenagem e
de injeções
Figura 2.14- Geomembrana exposta numa barragem de aterro (Adaptado de ICOLD, 2010).
26
1 – Selagem periférica
2 – Tubo de ventilação
3 – Geomembrana
4 – BCC
5 – Espaço de ar para drenagem
6 – Recolha da drenagem
Figura 2.15 - Geomembrana exposta numa barragem de BCC (Adaptado de ICOLD, 2010).
1 – Geomembrana
2 – Dreno chaminé
3 –Cortina de injeções
27
1 – Geomembrana
2 – Dreno vertical
3 –Cortina de injeções
1 – Geomembrana
2 – Dreno
3 –Cortina de injeções
1 – Geomembrana
2 – Dreno
3 –Cortina de injeções
Figura 2.19 - Geomembrana interna quasi - vertical com zig zag de menores dimensões (Adaptado
de ICOLD, 2010).
28
2.5.3 Vantagens e inconvenientes das diferentes localizações
Existem vantagens, tanto na colocação das geomembranas no paramento de montante
como na sua colocação de forma interna. Estas são abordadas na Tabela 2.5.
A construção de uma barragem com uma O levantamento das geomembranas pela ação do
geomembrana vertical ou quasi-vertical é mais vento é, obviamente, prevenido;
difícil que a construção de uma barragem com
uma geomembrana na face de montante;
29
2.6 Geomembranas na reabilitação de barragens
As ações de reabilitação em barragens, com recurso a geomembranas constituem,
segundo a ICOLD (2010), cerca de 40% das intervenções em barragens. Estas procedem-se em
todos os tipos de barragens, podendo, de acordo com a Tabela 2.4, passar pela colocação de
geomembranas em estruturas inicialmente construídas sem recurso a este tipo de material, como
é o caso das barragens de betão, ou pela reparação das soluções inicialmente utilizadas.
Cobertura:
C2 – Betão
C1 – Geotêxtil
SIGM:
G – Geomembrana
S2 – Geotêxtil
S1 – Georrede
D2 – Cortina de betão existente
D1 - Enrocamento
30
Em barragens de betão, as intervenções de reabilitação, com recurso a sistemas de
impermeabilização, assumem extrema importância, por se tratarem das principais intervenções,
e únicas referidas neste trabalho, realizadas neste tipo de estruturas. Estas, como mostra a
Tabela 2.4, consistem na colocação de geomembranas, deixadas expostas, em todo o paramento
de montante, de forma a devolver a impermeabilidade perdida ao longo do tempo. A aplicação
das geomembranas, pressupõe a execução de hidrodecapagem para remoção de todo o material
degradado. Na Figura 2.21, observa-se um exemplo da constituição de um sistema exposto
utilizado para reabilitação de barragens de betão.
1 – Betão saturado
2 – Betão não saturado
3 – Geocompósito
4 – Espaço de ar para a drenagem
5 – Selagem periférica
6 –Selagem periférica impermeável
7 – Abertura para ventilação
Figura 2.21 - Exemplo de uma geomembrana exposta para reabilitação de barragens (Adaptado de
ICOLD, 2010).
31
Geomembrana
Selo periférico
impermeável
Camada de drenagem
Camada de suporte Camada anti-punçoamento
2.7 Ancoragens
Conforme abordado anteriormente, as geomembranas são utilizadas no paramento de
montante de uma barragem, de forma a impermeabilizá-lo. Para tal, existe a necessidade de
garantir que estas se mantêm no sítio correto, impedindo o seu deslocamento devido à ação do
vento, das ondas ou da gravidade, especialmente no caso de utilização de forma exposta. Dessa
forma, são utilizados sistemas de ancoragem de modo a fixá-las ao paramento, bem como
selantes para garantir, como o próprio nome indica, a selagem das ligações e juntas. Os sistemas
de ancoragem podem variar consoante o tipo de barragem, conforme abordado de seguida.
32
• Mecânicos:
o Rede de pontos ao longo da superfície, com um espaçamento dependente
das solicitações (normalmente muito pequeno e menor na parte superior
que na parte inferior, devido à intensidade da ação do vento). As
ancoragens de aço em pontos específicos têm que ser fixadas na camada
de suporte, o que implica uma camada de suporte com resistência
suficiente para suportar a forças das ancoragens;
33
Em barragens de betão, a ancoragem utilizada é sempre mecânica, realizada através de
um sistema de tensão, constituída por dois perfis verticais de aço inoxidável: um primeiro,
interno, em forma de U, fixado na face de montante da barragem, e um segundo, externo, em
forma de ómega, instalado sobre a geomembrana. A geometria dos dois perfis é tal que, quando
estes estão corretamente ligados, exercem na geomembrana uma pré-tensão que a segura contra
o paramento de montante, de forma tensionada, impedindo assim a formação de dobras ou
folgas. A tensão pré exercida contribui muito para a segurança e durabilidade dos sistemas, uma
vez que, ao impedir a formação de dobras ou folgas se impede a formação de locais onde
ocorreriam mais facilmente concentração de tensões que, posteriormente, levariam ao seu mais
rápido envelhecimento. O espaçamento entre os perfis verticais é ditado pelas condições de
carga e a largura dos rolos das geomembranas (espaçamento típico é de 1,80 m, 3,7 m ou 5,7
m). Para além da ancoragem, os perfis verticais, criam canais que contribuem para o aumento da
capacidade de drenagem do sistema. Na Figura 2.24, observa-se o sistema de ancoragem
utilizado na reabilitação de barragens de betão.
1 – Geomembrana
2 – Perfil de tensão em Ω
3 – Conector de perfis
4 – Perfil de tensão em U
5 – Georrede (drenagem)
6 – Parafuso de ancoragem
A ancoragem apenas fica completa com a aplicação de selos periféricos que impedem a
infiltração de água por trás das geomembranas. Estes são realizados por compressão das
geomembranas sobre o betão através de tiras em aço inoxidável com uniões apropriadas. Os
selos foram concebidos para serem estanques contra a pressão da água, pelo que podem ser
aplicados de forma submersível, como se pode observar na Figura 2.25.
34
1 –Camada de regularização
2 – Georrede (drenagem)
3 – Geomembrana
4 – Parafuso de ancoragem
5 – Juntas de borracha
6 – Tira de aço inoxidável
Figura 2.25 - Selo periférico aplicado de forma submersível (Adaptado de ICOLD, 2010).
2.8 Soldaduras
As soldaduras assumem-se como um dos aspetos de instalação mais importantes, uma vez
que a sua qualidade de execução determina em grande parte a qualidade de um sistema de
impermeabilização. Uma execução deficiente das soldaduras pode originar a perda de
estanquidade e integridade de um sistema dado que estas constituem zonas vulneráveis durante
a sua execução, o que as torna em pontos privilegiados para a ocorrência de fugas.
Existem vários métodos de soldadura, sendo que nem todos são aplicáveis a todas as
geomembranas. A Tabela 2.6 apresenta os métodos existentes e a sua aplicabilidade para
diferentes geomembranas.
35
Tabela 2.6 – Aplicabilidade dos métodos de soldadura para diferentes geomembranas (ICOLD,
2010).
Método de Geomembrana
Termofusão a. a. a. a. a.
A soldadura por termofusão consiste na união das geomembranas superior e inferior por
aquecimento, através de uma cunha metálica quente ou por insuflação de ar quente, com o
auxílio de uma pressão mecânica de rolos compressores sobre as geomembranas aquecidas. As
soldaduras podem ser simples ou duplas, consoante se tenham um ou dois rolos compressores
ou uma ou duas cunhas quentes. As duplas têm a vantagem de permitir a realização de ensaios
para verificação da sua continuidade (estanquidade), através da injeção de ar sob pressão no
canal existente entre as duas zonas de soldadura.
A soldadura química consiste na união dos painéis mediante “ataque” químico das
superfícies, provocado por um solvente volátil que leva à fusão das geomembranas superior e
inferior, com o auxílio de uma pressão mecânica de um rolo. Estas soldaduras implicam que a
camada subjacente esteja perfeitamente plana, só podendo realizar-se se a humidade ambiente
for inferior a 70% e a temperatura da geomembrana superior a 15ºC.
36
Nas Figuras 2.26 e 2.27, observam-se as técnicas de soldadura mais comuns: por
termofusão e por extrusão, respetivamente.
Figura 2.26 - Soldadura por termofusão (Adaptado de Barroso & Lopes, 2008).
Figura 2.27 - Soldadura por extrusão (Adaptado de Barroso & Lopes, 2008).
37
Tabela 2.7 - Ensaios de continuidade de soldaduras e respetivas normas para geomembranas de
PVC e PEAD.
Geomembrana
Tipo de soldadura Ensaio
PVC PEAD
Vácuo
Simples - ASTM D 5641
“vacuum chambers”
Termofusão
Pressão de ar
Dupla ASTM D 7177 ASTM D 5820
“air test channel”
Fio de cobre
Extrusão - ASTM D 6365
“spark test”
Jato de ar
Colagem; Química ASTM D 4437 -
“air lance test”
Figura 2.28 - Ensaio de continuidade de pressão de ar (Adaptado de Barroso & Lopes, 2008).
38
2.8.2 Resistência mecânica das soldaduras
A resistência mecânica das soldaduras é avaliada através de ensaios de campo ou em
laboratório de resistência ao arranque (peel test) e ao corte (shear test). O ensaio de arranque
permite avaliar a qualidade da ligação (Peggs & Little, 1985), enquanto o ensaio de corte
permite avaliar de que forma o processo de soldadura afeta a resistência da geomembrana
adjacente à zona soldada (Peggs, 1990). O princípio dos ensaios consiste na tração, a uma
velocidade preconizada, de cada amostra de geomembrana, conforme exemplificado na Figura
2.29, respetivamente para o ensaio de arranque e corte.
Figura 2.29 - Ensaios de resistência mecânica ao arranque e ao corte (adaptado de Barroso &
Lopes, 2008).
A avaliação da resistência mecânica das soldaduras será objeto de estudo neste trabalho,
nomeadamente, através da realização de um trabalho experimental, apresentado no capítulo 4
39
deste trabalho que estuda o impacto da temperatura na força de arranque de soldaduras por
termofusão (ar quente) em geomembranas de PVC.
O tipo de geomembrana utilizado é também influenciado pelo tipo de barragem, tal como
ilustrado nas Figuras 2.31, 2.32 e 2.33, para barragens de aterro, de betão ou de BCC,
respetivamente. No entanto, as geomembranas de PVC são sempre as mais utilizadas.
40
Figura 2.31- Geomembranas em barragens de aterro (Adaptado de ICOLD, 2010).
41
A maior utilização de geomembranas de PVC em barragens, de acordo com Cazzuffi et
al. (2010), prende-se com a elevada flexibilidade deste material. A elevada flexibilidade confere
ao material uma maior adaptabilidade ao corpo da estrutura, diminuindo os riscos de danos
causados na geomembrana tais como rasgos ou perfurações. Segundo Neves et al., (2015),
contribuem também para a elevada utilização do PVC, a elevada extensão na rotura, suportando
bem as ações de punçoamento, e os deslocamentos que possam ocorrer nas barragens. Outro
aspeto importante reside na maior trabalhabilidade oferecida pelas geomembranas de PVC em
comparação com outros materiais como o PE ou o PP, o que proporciona maior facilidade na
execução das soldaduras, as quais são consideradas como um dos aspetos de instalação mais
importantes na impermeabilização de barragens com recurso a geomembranas. O custo mais
reduzido deste tipo de geomembranas é também umas das razões para a sua elevada utilização.
De um modo global, as geomembranas de PVC são das mais utilizadas como barreira em
barragens. Contudo, outros tipo de geomembranas podem ser usadas, tais como as de PEAD,
muito estudadas devido à sua elevada utilização em aterros sanitários, onde são sujeitas a
condições bastante exigentes. Na Tabela 2.8 apresenta-se as vantagens e inconvenientes
associados a estes dois tipos de geomembranas.
Stress cracking
42
2.10 Considerações finais
Neste capítulo apresentaram-se os vários tipos de geomembranas, de acordo com a
matéria prima utilizada no seu fabrico, com destaque para as poliméricas sobre as quais se
apresentam os diferentes tipos de polímeros utilizados na sua produção, bem como alguns
aditivos que podem ser utilizados.
43
3
3. Principais desenvolvimentos sobre a
aplicação de geomembranas em barragens
3.1 Introdução
As geomembranas são utilizadas em barragens desde a década de 60. A aplicação de
geomembranas em barragens trouxe novos desafios à engenharia, tendo sido realizados vários
estudos com o objetivo de identificar os principais aspetos que podem influenciar o desempenho
das geomembranas neste tipo de obras.
3.2 Durabilidade
A durabilidade das geomembranas aplicadas nos diferentes sistemas de
impermeabilização constitui-se como uma das questões mais relevantes para a avaliação do
desempenho destes materiais.
45
De um modo geral, a durabilidade de uma geomembrana depende da sua resistência às
solicitações a que vai estando sujeita em condições de serviço. Solicitações como pressões
hidrostáticas, temperaturas extremas, radiação UV, oxidação, queda de materiais, ação do vento
e das ondas, vandalismo, fauna e flora, etc., são algumas das que mais contribuem para a sua
deterioração, tal como referido por Cazzuffi et al. (2010). Os autores sublinham que a
durabilidade depende, também, da composição e do processo de fabrico da geomembrana, pelo
que é muito importante uma seleção criteriosa sobre o tipo de geomembrana a aplicar em cada
obra.
Tal como referido por Rowe et al. (2009) e Cazzuffi et al. (2010), a forma ideal de avaliar
a durabilidade de uma geomembrana é com base em resultados obtidos sobre amostras
envelhecidas naturalmente (recolhidas in situ), contudo a obtenção de resultados, neste caso,
pode ser muito morosa. Dessa forma, os estudos sobre durabilidade têm também recaído sobre
amostras envelhecidas aceleradamente em laboratório.
Em qualquer dos casos, os resultados têm sido usados para estimar o tempo de vida útil
de uma geomembrana. O tempo de vida útil (ou meia vida, como é designado na indústria dos
polímeros) corresponde ao tempo necessário para que ocorra um decréscimo de 50 % no valor
das propriedades, relativamente a um determinado valor alvo. Para Hsuan & Koerner (1998), o
valor alvo corresponde ao valor inicial da propriedade, enquanto, para Rowe et al. (2009),
corresponde ao seu valor especificado no projeto, o qual pode resultar do dimensionamento com
base em critérios de desempenho ou ser definido por regulamentos técnicos, como é o caso do
GRI-GM 13, para geomembranas de PEAD.
Este tipo de metodologia foi adotado em Itália, por Cazzuffi (1987 e 1996), onde o autor
utilizou os dados obtidos em várias barragens reabilitadas com geocompósitos de PVC
(geomembrana de PVC + geotêxtil). A aplicação mais antiga de geomembranas expostas de
PVC em barragens remonta à década de 70, sendo que desde essa altura muitas barragens foram
reabilitadas com recurso a este tipo de material, permitindo a comparação entre os resultados.
46
Muitas dessas barragens reabilitadas estavam localizadas a elevadas altitudes (superiores a
2000m), onde a radiação UV é intensa e as condições climáticas bastante severas, condições
também verificadas nas várias barragens cujos dados foram utilizados por Cazzuffi (1987 e
1996).
A partir dos dados obtidos por Cazzuffi (1987 e 1996), Hsuan et al. (2008) concluíram
que a vida útil de geomembranas de PVC num ambiente tão severo, seria superior a 50 anos.
A avaliação das propriedades das geomembranas, como já referido, pode dar indicação
sobre o seu desempenho ao longo do tempo. Através dos resultados obtidos em ensaios
realizados sobre amostras removidas de geomembranas em condições de serviço, é possível
analisar as propriedades que podem ser condicionantes para o desempenho da geomembrana
durante a sua vida útil. Esse trabalho foi efetuado por Cazzuffi (2014), ao realizar um conjunto
de ensaios (Tabela 3.1) sobre amostras recolhidas nas mesmas barragens onde tinham sido
recolhidas amostras em 1987 e 1996, permitindo uma análise comparativa por um periodo de 20
anos.
47
Tabela 3.1 - Ensaios laboratoriais e respetivas normas (Adaptado de Cazzuffi, 2014).
Ensaio Norma
48
evolução de algumas propriedades, tais como: o teor de plastificantes, a flexibilidade a baixas
temperaturas, a resistência à tração, a resistência ao punçoamento, a resistência das soldaduras e
o resultado de análises microscópicas às superficies das geomembranas.
Blanco et al. (2018) referiram que a durabilidade das geomembranas de PVC pode ser
avaliada com base em propriedades chave, nomeadamente o teor de plastificantes e a
flexibilidade a baixas temperaturas. De acordo com os autores, a evolução destas propriedades,
ao longo do tempo, pode ser um bom indicador sobre o desempenho do material durante a sua
vida útil. Esta proposta corroborra a anteriormente apresentada por Cazzuffi (2014),
relativamente ao teor de plastificantes.
A aplicação do conceito de avaliação da vida útil propostos por Hsuan & Koerner (1998)
e Rowe et al. (2009) em propriedades chave, como é o caso do teor de plastificantes, podem
ajudar a prever qual a durabilidade de uma geomembrana de PVC.
Blanco et al. (2018) comentaram a adequabilidade dos conceitos de vida útil referidos por
Hsuan & Koerner (1998) e por Rowe et al. (2009), afirmando que ambos são bastante
restritivos, uma vez que a experiência em campo tem mostrado diversos casos em que os
materiais já ultrapassaram os limites referidos continuando, no entanto, a cumprir a sua
principal função, a de barreira. Os autores alertaram que segundo a proposta de Rowe et al.
(2009) o teor de plastificantes não pode ser considerado uma propriedade chave pois qualquer
fabricante pode transformar PVC rígido em flexível utilizando diferentes métodos, entre eles a
plastificação interna. Dessa forma, apenas consideraram o teor de plastificantes uma
49
propriedade chave tendo em conta a proposta de Hsuan & Koerner (1998) para o seu estudo
sobre durabilidade de geomembranas de PVC, no qual constataram que várias geomembranas
apresentavam decréscimos do teor de plastificantes bastante superiores a 50% em relação ao seu
valor inicial, continuando, no entanto, as mesmas a desempenhar a sua principal função de
forma satisfatória.
Blanco et al. (2018), alertaram para a necessidade de maior discussão sobre a questão da
avaliação da durabilidade de geomembranas de PVC com base em decréscimos dos valores de
propriedades consideradas como chave, nomeadamente o teor de plastificantes.
Embora as geomembranas de PVC sejam as mais utilizadas em barragens, tem sido para
geomembranas de PEAD que as questões de durabilidade têm sido mais estudadas.
Dada a importância que tais desenvolvimentos poderão ter para o conhecimento do desempenho
do material sob a influência de determinadas condições, nomeadamente da forma de exposição
do material (coberta ou exposta), da temperatura, da radiação UV, ou da oxidação, entre outros,
e não tanto para o tipo de estrutura onde é aplicado, estes não podem deixar de ser mencionados.
Os autores extrapolaram o tempo de vida útil para temperaturas entre 20 e 40ºC, tendo
obtido valores entre 445 e 69 anos, conforme pode ver-se na Tabela 3.2.
50
Tabela 3.2 - Previsão do tempo de vida de geomembranas de PEAD cobertas, em função da
temperatura (Adaptado de Koerner et al., 2017).
20 445
25 265
30 166
35 106
40 69
Pelos resultados apresentados na Tabela 3.2, é possível obeservar que a temperatura tem
bastante influência na durabilidade de uma geomembrana de PEAD coberta, sendo que quanto
mais elevada for a temperatura a que uma geomembrana é sujeita, menor será a sua
durabilidade.
Tabela 3.3 - Previsão do tempo de vida de geomembranas expostas, a 20ºC, com base na perda de
50% de propriedades mecânicas (Adaptado de Koerner et al., 2017).
PEAD 1,5 76 69
PELBD 1,0 49 46
PP 1,0 50 41
PVC 2,5 54 54
51
Segundo os dados da Tabela 3.3, em condições expostas (sujeitas à ação da temperatura,
UV e oxigénio), é possível evidenciar a maior previsão de durabilidade para geomembranas de
PEAD em relação a geomembranas de PVC, inclusive de espessura bastante superior.
Koerner et al. (2017) propuseram um indicador, definido como a razão entre os tempos
de vida útil das geomembranas de PEAD cobertas e expostas, para avaliar a influência das
condições de exposição na durabilidade, tendo verificado que o valor deste indicador era 7
vezes superior no caso das geomembranas cobertas.
52
3.3 Fugas
As geomembranas, devido ao seu baixo coeficiente de permeabilidade, são geralmente
consideradas como impermeáveis. Contudo, pensar que a inexistência de fugas está, por isso,
garantida em sistemas de impermeabilização com recurso a este tipo de material é falso, pois tal
como referido por Giroud (2016), é prudente contar com a existência de fugas em todos os tipos
de sistemas de impermeabilização. Estas são responsáveis pela deterioração das condições
geotécnicas (erosão, instabilidade, etc) e pela perda de integridade dos próprios sistemas de
impermeabilização.
Do ponto de vista da deteção, Giroud (1984 e 2016) referiu que a maneira mais prática de
promover a qualidade de um sistema de impermeabilização, em particular, encontrar danos nas
geomembranas é através da implementação de ações que contribuam para a garantia de
qualidade de construção.
Segundo Giroud (2016), a implementação dessas atividades pode ser suficiente, no caso
de projetos de barragens, uma vez que estes são considerados projetos de primeira categoria, ou
seja, dotados de elevada qualidade de mão de obra e de condições de trabalho. No entanto, para
projetos considerados mais comuns, como é o caso de aterros de resíduos e reservatórios, essas
ações não são consideradas suficientes para a deteção de danos, recorrendo-se, adicionalmente,
à deteção com métodos elétricos, cujo princípio de funcionamento foi abordado por Barroso &
Lopes (2008).
53
Durante a realização deste trabalho não foram encontradas quaisquer referências à
aplicação desta técnica em geomembranas instaladas em barragens. Dessa forma, recomenda-se
que, no futuro, seja estudada a sua aplicabilidade neste tipo de sistema de impermeabilização,
em complemento às ações típicas de garantia de qualidade de construção, uma vez que, apesar
de estes serem projetos considerados de 1º categoria, tal como referido por Giroud (2016), as
atividades típicas “apenas” podem ser suficientes na deteção de danos nas geomembranas.
Com vista à redução do número de danos e consequente diminuição das fugas, para além
da importância da deteção dos mesmos, através da implementação de atividades que contribuam
para a garantia de qualidade de construção e da utilização de técnicas complementares (deteção
elétrica) em projetos mais usuais (aterros e barragens), Giroud (2016) propôs a aplicação de
outras medidas, durante a fase de construção, ao nível do projeto, nomeadamente, a utilização
de geocompósitos. Segundo o autor, este tipo de solução, na qual a geomembrana é protegida
por um geotêxtil, pode apresentar 2 a 4 vezes menos danos na geomembrana que um sistema
constituído apenas por uma geomembrana como elemento de impermeabilização.
De acordo com Giroud (2016), outra solução pode passar pelo recurso a sistemas de
impermeabilização duplos, constituídos por duas geomembranas separadas por um sistema de
drenagem. Neste tipo de solução, o fluxo através dos orifícios existentes na primeira
geomembrana é recolhido pelo sistema de drenagem, minimizando o fluxo que atinge a segunda
geomembrana.
Weber & Zorneberg (2007) alertaram para o fato de as ferramentas empíricas disponíveis
serem limitadas para o uso em projetos onde a carga hidráulica era baixa, o que tipicamente
ocorre em aterros de resíduos. Assim, os autores desenvolveram um programa de ensaios
experimentais destinado a quantificar o fluxo através de orifícios existentes numa geomembrana
(ocorridos quer durante a instalação quer durante a sua vida útil) quando instalada sob carga
hidráulica elevada, condições que ocorrem em barragens. Os resultados experimentais obtidos
resultaram numa equação empírica simplificada (Equação 1), a qual serve de base preliminar
54
para a quantificação do fluxo através de geomembranas instaladas em condições representativas
de barragens.
A eficiência das geomembranas no controlo das fugas foi discutida por Giroud (2016),
através da utilização de dados sobre a reabilitação de 8 barragens com recurso a geocompósitos,
nas quais, obteve o rácio entre os fluxos antes e depois das intervenções. Os resultados
demonstraram a existência de variações nos fluxos através de danos nas geomembranas
compreendidos entre os 4 e os 1200. O autor referiu que as relações típicas devem variam entre
10 e 100, devendo-se, possivelmente, a diferença para os rácios obtidos, às condições existentes
na periferia das geomembranas analisadas.
Giroud (2016) apontou para a redução significativa dos fluxos através de danos nas
geomembranas sempre que estas são usadas no paramento de montante de uma barragem, o que
prova a sua eficiência. Esta é também a conclusão de Cazzuffi et al. (2010), os quais destacaram
55
os reduzidos fluxos através de danos existentes nas geomembranas, na ordem de poucos l/s para
superfícies de 10000 a 30000 m2, típicos de geomembranas aplicadas em barragens.
3.4.1 Soldaduras
Um bom dimensionamento e a utilização de materiais de elevada qualidade não são
suficientes para garantir o sucesso de um sistema de impermeabilização. A qualidade de
instalação deve ser considerada tão ou mais importante que os fatores mencionados
anteriormente, pois de nada interessa dimensionar da melhor forma ou recorrer aos melhores
materiais se no terreno não forem implementados requisitos que garantam a instalação com
qualidade. Um dos requisitos mais importantes deverá ser a qualidade com que são executadas
as soldaduras das geomembranas, consideradas como pontos chave para o sucesso do
funcionamento de um sistema de impermeabilização (Scheirs, 2009 e Peggs et al., 2014).
Rollin et al. (1999) relataram que 55% dos danos em geomembranas expostas, ocorrem
nas soldaduras, comprometendo a sua integridade e impermeabilidade. Tal como relatado por
56
Nosko & Touze-Foltz (2000), soldaduras de fraca qualidade são uma das principais causas para
a ocorrência de fugas em sistemas de impermeabilização.
A qualidade das soldaduras deve ser avaliada em termos das suas propriedades mecânicas
e da sua continuidade. Relativamente às propriedades mecânicas, têm sido realizados vários
estudos com vista a avaliar a influência da temperatura ambiente (Lopes et al. (2006)), a
influência das condições climáticas (Barroso et al. (2012)) e a influência dos parâmetros de
soldadura (Zhang et al. (2017)), todos eles centrados nas geomembranas de PEAD.
Lopes et al. (2006) verificaram a influência da temperatura (4ºC aos 36ºC) na resistência
ao arranque de soldaduras duplas, por termofusão, determinada de acordo com a norma ASTM
D 6392. Segundo as autoras, esta diminui com o aumento da temperatura, apresentando um
comportamento linear. Relataram que o trabalho realizado permitiu obter uma equação que pode
ser útil para a avaliação da resistência ao arranque de uma soldadura, quando esta é ensaiada em
campo a uma temperatura diferente da normalizada.
57
Os autores indicaram que a monitorização da redução da espessura das geomembranas
após o processo de soldadura pode dar uma indicação preliminar sobre a qualidade das
soldaduras. A redução de espessura aumenta a concentração de tensões na zona de fusão das
geomembranas, originando a existência de menos material capaz de resistir às solicitações
impostas (Scheirs, 2009). Segundo Scheirs (2009), a redução da espessura na zona de fusão das
geomembranas é dada pela seguinte expressão (Equação 2):
Zhang et al. (2017) concluíram que a redução da espessura aumenta com o aumento da
temperatura de soldadura. Dada a redução da espessura poder apresentar influência no
desempenho da soldadura, nomeadamente em termos de resistência e impermeabilidade, Luders
(2000) e Muller (2007) indicaram a necessidade de definir um intervalo de valores aceitável
para essa redução. Nesse sentido, a norma alemã DVS 2225 indica, para geomembranas de
PEAD com espessuras compreendidas entre os 1,5 e os 2 mm, uma redução de espessura
aceitável, compreendida entre 0,2 e 0,8 mm.
Com base nesses limites, Zhang et al. (2017) concluíram que as soldaduras S (Standard) e CF
(Cold and Fast) foram aceitáveis, uma vez que apresentaram reduções de 0,66 e 0,23 mm,
respetivamente, ao contrário da soldadura HS (Hot and Slow) que apresentou uma redução de
1,22 mm.
Zhang et al. (2017) registaram larguras do canal de ar de 4,33, 6,83 e 12,33 mm para as
soldaduras HS (Hot and Slow), S (Standard) e CF (Cold and Fast), respetivamente, concluindo
que, a utilização de temperaturas mais elevadas conduz a canais de ar de menores dimensões.
58
(1994, 1996). Segundo este autor, o ensaio de corte fornece apenas informação sobre a
qualidade da geomembrana na zona adjacente à soldadura. Por outro lado, os resultados dos
ensaios de arranque indicaram que as soldaduras realizadas a uma temperatura considerada
como insuficiente e a elevada velocidade (soldaduras CF), apresentavam menor qualidade,
ocorrendo separação das geomembranas na zona da soldadura, o que não se verificou nas
restantes (S e HS).
Thomas et al. (2003) e Stark et al. (2004) apresentaram uma relação entre a temperatura
da geomembrana, a pressão necessária para causar o rebentamento e a força de arranque da
soldadura para temperaturas entre os 5,3ºC e os 46,7ºC, sendo esta posteriormente revista por
Stark & Pazmino (2011) para incluir temperaturas mais elevadas (até 62,8ºC). O trabalho
iniciado em 2003 e alargado em 2011 culminou no desenvolvimento de uma equação
polinomial (Equação 3) que permite converter a temperatura de uma geomembrana na pressão
de ar necessária imprimir ao canal, de forma a assegurar uma força de arranque igual ou
superior à especificada. Essa equação é apresentada de seguida.
59
Segundo Stark e Pazmino (2011), a relação obtida (Equação 3) pode ser utilizada para
geomembranas com espessura de 0,75 mm ou superior. Em alternativa, podem também ser
utilizados os valores da Tabela 3.5, para geomembranas de 0,75 mm de espessura.
Tabela 3.5 - Pressão de ar necessária no canal para garantir a força de arranque especificada para
geomembranas de PVC de 0,75 mm.
5,3 412,7 30
9,7 361,1 30
14,8 285,7 30
22,8 240,7 30
35 159,5 30
46,7 120,9 30
54,4 98 30
60 85,6 30
62,8 80,2 30
Com base no exposto, verifica-se que os estudos sobre soldaduras se têm debruçado
sobretudo em geomembranas de PEAD, onde é investigada a influência da temperatura
ambiente, das condições climáticas e dos parâmetros de soldadura sobre as propriedades
mecânicas das mesmas. Dado que em barragens as geomembranas mais usadas são as de PVC,
seria de grande utilidade aprofundar o conhecimento sobre as soldaduras deste tipo de
geomembranas, em particular estender o trabalho realizado por Lopes et al. (2006). Nesse
âmbito, no capítulo 4, apresenta-se o trabalho experimental realizado com vista a estudar a
60
influência da temperatura ambiente sobre a resistência mecânica das soldaduras em
geomembranas de PVC.
3.4.2 Dobras
Outro importante requisito para a promoção da qualidade na instalação de um sistema de
impermeabilização é a minimização da formação de dobras nas geomembranas pois, de acordo
com Rowe (1998, 2005, 2012), o fluxo através de danos em geomembranas, é muito maior
quando estes estão localizados em zonas coincidentes com a formação de dobras ou próximas
destas.
61
Sw
As duas forças F, devem ser equilibradas por forças externas, opostas e aplicadas nos
pontos da geomembrana em contacto com o solo. Estas são a soma das forças de corte, τ,
resultantes do peso da geomembrana e do atrito na interface com o solo, sendo por isso,
proporcionais à massa por unidade de área da geomembrana, à distância entre dobras e ao
coeficiente de atrito na interface solo/geomembrana. Para os autores, a geometria de uma dobra,
como mostra a Figura 3.2(b), é dada pela sua altura, Hw; largura, Ww; e distância entre os
centros de dobras adjacentes, Sw. Esta é função da distância entre as dobras adjacentes, do
coeficiente de expansão térmica do material e da diferença de temperatura a que a
geomembrana foi submetida desde a última vez em que foi colocada plana.
Sobre a influência do tipo de geomembrana, da sua cor e da condição da sua superfície (lisa ou
texturada) para a formação de dobras (Tabela 3.6), Giroud & Morel (1992) apresentaram as
seguintes conclusões:
62
• A textura de uma geomembrana tem influência quer na altura quer no
espaçamento entre dobras. Geomembranas texturadas, têm dobras menores e
menos espaçadas do que geomembranas com superfície lisa.
Tabela 3.6 - Influência do tipo, cor e textura de uma geomembrana na formação de dobras
(Adaptado de Giroud, 2005).
Texturada 40 5 10
PVC 10 1 2
Giroud & Morel (1992) sugeriram quais as propriedades do material mais relevantes a
ter em consideração na previsão da formação de dobras. Estes referiram que para além do
coeficiente de expansibilidade térmica, o módulo de elasticidade também deve ser analisado,
sendo recomendável optar-se por uma geomembrana com baixo módulo de elasticidade, de
forma a minimizar a formação de dobras.
Chappel et al. (2007) e Take et al. (2007) apresentaram um método para quantificação
das dobras ocorridas em geomembranas expostas baseado na captura de fotografias aéreas a
baixa altitude e no processamento digital de imagens (Figura 3.3). Este assumiu-se como uma
ferramenta útil e eficaz na quantificação de dobras a larga escala, considerando-as como ondas,
aproximadamente lineares, nas quais existe um espaço de ar entre a geomembrana e o material
63
subjacente que exceda os 3 cm de altura. O método permitiu ainda a avaliação do comprimento
de potenciais caminhos para os fluxos provenientes de fugas através da consideração da
existência de conectividade hidráulica suficiente entre dobras que a leve a considera-las como
uma só de maior comprimento.
Componentes
de controlo à
distância
Câmara digital
Figura 3.3 - Quantificação de dobras através do método de fotografia aérea a baixa altitude e
processamento digital de imagens (Adaptado de Take et al., 2007).
Os autores destacaram que com a utilização do método era possível quantificar o número
de dobras existente a uma determinada hora, num determinado dia e local, a condições
climáticas específicas, bem como avaliar a sua conectividade, de uma forma mais simplificada.
Nesse sentido, Take et al. (2007) apresentaram resultados para uma geomembrana de 1,5 mm,
os quais demonstraram que para um determinado dia (17/08/2006), a uma determinada hora
(16.00h), existiam 100 dobras com mais de 3 cm de altura e que 90% das mesmas eram
hidraulicamente conectáveis, originando um comprimento de 520 m. Os autores referem que a
utilização desta ferramenta permite investigar a influência de determinados fatores no processo
da formação de dobras, nomeadamente, o efeito da temperatura da geomembrana, dos materiais
e das técnicas de instalação.
64
medida que a noite se aproximou. Às 08.45h o número de dobras representava 3% da área total,
às 12.45h representava 20% e às 17.15h representava 7%. O comprimento máximo de dobras
conectadas registado foi de 600m/ha registado às 13.45h enquanto o mínimo foi de 150m/ha às
8.45h. Os resultados apresentados permitiram concluir que a formação de dobras está
fortemente relacionada com a temperatura da geomembrana, que por sua vez é influenciada pela
radiação solar. Quanto maior for a radiação solar a que uma geomembrana é sujeita, maior será
a sua temperatura e consequentemente mais dobras se formam.
65
Tabela 3.7 - Métodos de promoção de maior contato entre a geomembrana e o material subjacente
(Adaptado de GSI, 2013).
Dispendioso; Baixa
Promover a cobertura Baixa utilidade
produtividade
Colocação do material
sobrejacente nas horas em Aproveitar condições Produtividade limitada;
que a temperatura é mais climatéricas favoráveis Segurança
baixa (manhã/noite)
O impacto da cor das geomembranas sobre a formação de dobras foi estudado por
Rentz et al. (2017). Os autores quantificaram e comparam as dobras formadas em
geomembranas expostas de PEAD de 1,5 mm de espessura de cor branca e de cor preta durante
dois dias de verão, nos quais, registaram temperaturas máximas atingidas pela geomembrana de
cor branca de 21 a 23 ° C, bastante mais baixas que as registadas para a geomembrana de cor
negra. A geomembrana de cor branca apresentou dobras que se formaram ao final da manhã,
desaparecendo estas mais cedo no período noturno, em relação ás geomembranas de cor negra,
e sendo menos frequentes na parte mais quente do dia (aproximadamente 12 versus 24% da
área). A conectividade entre as dobras ocorridas nas geomembranas de cor branca ocorria num
comprimento mais curto, cerca de 21% do que para as dobras ocorridas nas geomembranas de
cor negra.
Rentz et al. (2017) concluíram que a aplicação de geomembranas de cor branca pode
ser uma boa estratégia para a redução da formação de dobras.
66
Ping Yang et al. (2017) investigaram a viabilidade da utilização de modelos numéricos
para a reprodução de dobras em geomembranas de PEAD com 2 mm de espessura expostas à
radiação solar. Os autores relatam que a relação entre a temperatura da geomembrana (T em ºC)
e o coeficiente de expansão térmica (α) pode ser dado pela Equação 4:
Onde h é a altura da dobra (cm), w a largura da dobra (cm), h m a altura máxima da dobra (cm),
wm a largura máxima da dobra (cm), L o comprimento da geomembrana (cm) e ΔT a diferença
inicial de temperatura (ºC). Ainda, ph1 = 1,04; ph2 = -105,63; pw1 = 0,99 e pw2 = 466,92.
67
bem como a forte influência da temperatura e da cor do material na sua formação. Métodos para
promover um maior contacto entre o material e o solo subjacente foram apresentados,
estudando-se ainda a viabilidade da aplicação de modelos numéricos para a previsão da
formação de dobras. Contudo, todos os desenvolvimentos referidos apresentaram como foco a
utilização de geomembranas de PEAD aplicadas em condições características de aterros de
resíduos.
Segundo Müller & Wöhlecke (2017) existem critérios técnicos e geométricos para a
seleção dos materiais da superfície de apoio de uma geomembrana. Esses critérios do Federal
Institute for Materials and Testing (BAM) têm sido aplicados na construção de aterros na
Alemanha, com recurso a geomembranas de PEAD.
De uma forma geral, com base nas recomendações do BAM e do FGI, a superfície de
apoio deve ser plana, estável, homogénea, firme, sem depressões, livre de qualquer presença de
água, lamas, vegetação, detritos ou outros materiais nocivos. A dimensão dos agregados deve
ser inferior a 10 mm, devendo proceder-se à remoção das partículas com dimensões superiores a
este valor. No caso de geomembranas de PVC reforçadas com geotêxtil (geocompósitos), as
68
dimensões dos agregados presentes na superfície poderão ser superiores, embora não excedendo
os 100 mm.
No que diz respeito aos principais requisitos de instalação, constatou-se que a qualidade
das soldaduras duplas em geomembranas de PVC em termos de resistência mecânica pode ser
controlada através do ensaio de pressão de ar, realizado segundo a norma ASTM D 7177, em
substituição do ensaio destrutivo de arranque. A questão da avaliação da qualidade das
soldaduras em geomembranas de PVC carece ainda de investigação.
69
geomembranas de cor branca relativamente a geomembranas de cor negra. As geomembranas
texturadas apresentam dobras menores e com menor espaçamento do que geomembranas lisas.
Por último, verificou-se que a superfície de apoio deve ser plana, estável, homogénea,
firme, sem depressões, livre de qualquer presença de água, lamas, vegetação, detritos ou outros
materiais nocivos, e que a dimensão dos agregados deve ser inferior a 10 mm. No caso de
geomembranas de PVC reforçadas com geotêxtil (geocompósitos), as dimensões dos agregados
presentes na superfície poderão ser superiores, embora não excedendo os 100 mm.
70
4
4. Trabalho experimental
4.1 Introdução
As geomembranas de PVC são as mais utilizadas na impermeabilização de barragens. As
soldaduras neste tipo de material são normalmente executadas através de métodos térmicos e a
sua resistência mecânica deve ser avaliada através de ensaios destrutivos, de corte e de
arranque, os quais conduzidos em laboratório e em campo, segundo a norma ASTM D 6392. No
ensaio de arranque avalia-se a qualidade de ligação entre dois painéis de geomembrana (Peggs
& Little, 1985), enquanto no ensaio de corte se avalia de que forma o processo de soldadura
afeta a resistência da geomembrana adjacente à soldadura (Peggs, 1990; Haxo & Kamp, 1990).
Os ensaios, de acordo com a norma ASTM D 6392, devem ser realizados à temperatura
de 23ºC (± 2ºC). Contudo, em campo, por vezes não é possível assegurar tal condição, o que
pode levantar questões sobre a aceitação/rejeição de soldaduras. É, por isso, bastante importante
verificar a influência da temperatura nos resultados dos ensaios mecânicos às soldaduras de
geomembranas, no sentido de perceber qual o impacto da sua realização a temperaturas
diferentes da indicada pela norma. Esse trabalho foi realizado por Lopes et al. (2006) para
geomembranas de PEAD, afigurando-se como útil o seu aprofundamento para outro tipo de
geomembranas, designadamente para as mais usadas em barragens.
71
4.2 Materiais
Foram utilizadas três geomembranas de PVC, com espessuras diferentes, designadas por
geomembranas A, B e C, cujas características, segundo a ficha técnica disponibilizada pelo
fabricante, são apresentadas na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Características das geomembranas usadas, de acordo com as fichas técnicas.
30
Resistência à tração 30
22,5 (EN ISO 527-1 e 3,
na rotura (EN ISO 527-4,
(EN 12311-2) provete tipo 5,
(kN/m) 100mm/min)
100mm/min)
250
250
Extensão na rotura 300 (EN ISO 527-1 e 3,
(EN ISO 527-4,
(%) (EN 12311-2) provete tipo 5,
100mm/min)
100mm/min)
Resistência ao ≥ 45 ≥ 130
rasgamento - (ISO 34, método B, fig.2, (ISO 34, método B,
(kN/m) 500mm/min) fig.2, 500mm/min)
72
De cada geomembrana, foi preparada, pelo fabricante, uma amostra de soldadura por
termofusão, através da utilização de ar quente, com recurso a equipamento próprio. As
geomembranas A e B apresentavam soldaduras duplas (c/canal de ar), ao contrário da
geomembrana C que apresentava soldadura simples (s/canal de ar), conforme se pode ver na
Figura 4.1.
C (3,0 mm)
4.3 Método
De cada amostra de geomembrana, foram cortados provetes, com a soldadura localizada a
meio (Figura 4.2). Foram realizados ensaios de resistência mecânica das soldaduras, em
laboratório, de acordo com a norma ASTM D 6392, a condições de temperatura diferentes.
73
condicionamento foi controlado ao longo das 40 horas para cada uma das temperaturas
pretendidas, verificando-se através da colocação de termómetros dentro das próprias câmaras
climáticas, se a temperatura pretendida para a realização dos ensaios se mantinha constante.
As amostras foram ensaiadas às seguintes temperaturas: 5, 7, 10, 14, 16, 20, 23, 27, 30,
33, 37 e 41ºC, sendo 23ºC a temperatura normalizada, a qual servirá de referência.
74
Os resultados dos ensaios, segundo a referida norma, devem ser apresentados em termos
de resistência ao arranque e ao corte, tipo de rotura, separação (ensaio de arranque) e extensão
(ensaio de corte). Relativamente aos últimos dois verificou-se que não foi possível a sua
determinação no ensaio de arranque porque não ocorreu separação na zona soldada e os ensaios
de corte não foram realizados.
O ensaio foi realizado para ambos os lados das soldaduras duplas das amostras das
geomembranas A e B, como indicado pela norma ASTM D 6392, registando-se, para cada um
dos lados, a força de arranque em kN/m (resultado do quociente entre a força fornecida pelo
equipamento, em Newton e a largura do provete de 25,4 mm). Para a geomembrana C, apenas
se registou um valor para a força de arranque, uma vez se tratar de uma amostra de soldadura
simples.
75
Para além da força de arranque foram, igualmente, registados os tipos de rotura para as
três amostras, de acordo com o preconizado na norma ASTM D 6392 e apresentado na Figura
4.4.
76
Figura 4.5 - Geomembrana A: relação entre a força de arranque das soldaduras e a temperatura.
Figura 4.6 - Geomembrana B: relação entre a força de arranque das soldaduras e a temperatura.
77
Figura 4.7 - Geomembrana C: relação entre a força de arranque das soldaduras e a temperatura.
Para a geomembrana C, a força de arranque está compreendida entre 10,8 kN/m (30,3ºC)
e 14,4 kN/m (23,2ºC), de acordo com a Figura 4.7.
78
propriedades mecânicas do material. Sob efeito da temperatura, os polímeros amorfos, tal como
o PVC, exibem um módulo de elasticidade relativamente constantes num intervalo de
temperaturas considerável, apresentando alterações apenas à medida que esta se aproxima da
sua temperatura de transição vítrea (Tg), tal como observado na Figura 4.8.
79
soldaduras com o aumento da temperatura está relacionado com estrutura amorfa das
geomembranas de PVC.
Como era de esperar, observa-se que a espessura das geomembranas tem influência na
força de arranque das soldaduras. Verifica-se que a força de arranque aumenta à medida que a
espessura da geomembrana aumenta. Por exemplo, à temperatura de 19,5ºC, a força de arranque
das soldaduras é de 12,2 kN/m, para a geomembrana de 3,0 mm, 8,9 kN/m, para a
geomembrana de 2,0 mm, e de 7,9 kN/m, para a geomembrana de 1,5 mm.
80
Tal como referido anteriormente, as características das soldaduras em termos de
resistência mecânica dependem das características da própria geomembrana. Uma vez que o
aumento da resistência mecânica da geomembrana aumenta com o aumento da espessura é de
esperar maior resistência mecânica oferecida pelas soldaduras em geomembranas mais espessas.
Para a geomembrana A, observou-se que a rotura ocorre pela interface entre as duas
camadas que constituem a mesma geomembrana, identificáveis com cores diferentes, amarelo e
preto, tal como se pode observar na Figura 4.10, e não pela soldadura propriamente dita. Este
tipo de rotura não é indicado na norma ASTM D 6392.
81
Figura 4.11 - Tipo de rotura obtido para a geomembrana B.
82
Em termos gerais, as soldaduras são aceites quando cumprem os valores especificados e
rejeitadas caso contrário. Relativamente à resistência mecânica, Haxo & Kamp (1990) indicam
que a resistência das soldaduras deve ser 80 a 90 % da resistência da geomembrana, sendo que
no caso do PVC, esse valor é definido no projeto não correspondendo à resistência à rotura. Esta
abordagem é diferente da praticada, no caso das geomembranas de PEAD, porque o valor não é
referente à resistência à rotura, mas sim à cedência, tipicamente o valor indicado na ficha
técnica.
83
40,0
35,0
25,0
5,0
0,0
0 10 20 30 40 50
Temperatura (˚C)
Figura 4.13 - Força de arranque das soldaduras a diferentes temperaturas para geomembranas de
PVC e PEAD (Lopes et al., 2006).
Como é possível observar na Figura 4.13, Lopes et al. (2006) concluíram que a força de
arranque das soldaduras em geomembranas de PEAD apresentam uma relação linear com a
temperatura, ou seja, à medida que aumenta a temperatura, a força de arranque das soldaduras
diminuí. Os autores atribuíram a diminuição da força de arranque das soldaduras com o
aumento da temperatura a alterações no movimento interno das macromoléculas, que aumenta
de forma a absorverem a energia a que são expostas. Esse movimento acelerado provoca o
enfraquecimento das ligações intermoleculares e consequentemente diminui a resistência
mecânica. Por outro lado, a redução da temperatura reduz os movimentos internos das
macromoléculas dos polímeros fortalecendo as ligações intermoleculares e tornando o material
mais rígido e mais resistente mecanicamente.
84
estrutura molecular semicristalina com módulo de elasticidade decrescente para temperaturas
superiores à Tg (Figura 4.8).
Para além da resistência mecânica das soldaduras, foram analisados os tipos de rotura
obtidos para as diferentes temperaturas. No trabalho de Lopes et al. (2006) o tipo de rotura
predominante foi o SE1, enquanto neste trabalho, para geomembranas de PVC, não foi evidente
a classificação dos mesmos de acordo com a norma, questionando-se a sua adequabilidade para
a avaliação da qualidade das soldaduras neste tipo de geomembranas.
Relativamente ao tipo de rotura, foi difícil a sua classificação com base na norma ASTM
D 6392, especialmente no caso das geomembranas A e B, o que levanta questões relativamente
à utilidade da inclusão do tipo de rotura nos critérios de aceitação/rejeição, no caso de
geomembranas de PVC.
85
Neste capítulo foram também abordados os critérios de aceitação/rejeição das soldaduras,
os quais servem de comparação para os resultados obtidos, no sentido de avaliar a qualidade das
soldaduras.
Os resultados obtidos neste estudo foram comparados com resultados relatados para
geomembranas de PEAD, constatando-se diferenças notórias entre a influência da temperatura
na força de arranque das soldaduras dos dois tipos de geomembranas. Se no caso de soldaduras
em geomembranas de PVC a influência da temperatura se revelou pouco significativa, no caso
de soldaduras em geomembranas de PEAD a força de arranque diminui com o aumento da
temperatura. As diferenças de comportamento da força de arranque das soldaduras em
geomembranas de PVC e PEAD em função da temperatura foram atribuídas às diferenças
existentes na estrutura molecular dos dois materiais.
86
5
5. Conclusões
Relativamente ao tipo de rotura, foi difícil a sua classificação com base na norma ASTM
D 6392, especialmente no caso das geomembranas A e B, o que levanta questões relativamente
à utilidade da inclusão do tipo de rotura nos critérios de aceitação/rejeição, no caso de
geomembranas de PVC.
No que se refere ao segundo objetivo deste trabalho, realizou-se uma compilação dos
principais desenvolvimentos sobre a durabilidade, as fugas e os principais requisitos de
instalação, como as soldaduras, as dobras e as condições da superfície de apoio.
No que diz respeito aos principais requisitos de instalação, constatou-se que a qualidade
das soldaduras duplas em geomembranas de PVC em termos de resistência mecânica pode ser
88
controlada através do ensaio de pressão de ar, realizado segundo a norma ASTM D 7177, em
substituição do ensaio destrutivo de arranque. A questão da avaliação da qualidade das
soldaduras em geomembranas de PVC carece ainda de investigação.
Por último, verificou-se que a superfície de apoio deve ser plana, estável, homogénea,
firme, sem depressões, livre de qualquer presença de água, lamas, vegetação, detritos ou outros
materiais nocivos, e que a dimensão máxima dos agregados deve ser inferior a 10 mm. No caso
de geomembranas de PVC reforçadas com geotêxtil (geocompósitos), as dimensões dos
agregados presentes na superfície poderão ser superiores, embora não excedendo os 100 mm.
89
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http://www.spgeotecnia.pt/upload/docs/Documentos%20IGS/FOLHETOS/Classificacao%20dos%20Geo
ssinteticos.pdf (Acesso em 27/03/2018)
http://www.spgeotecnia.pt/upload/docs/Documentos%20IGS/FOLHETOS/Funcoes%20dos%20Geossint
%C3%A9ticos.pdf (Acesso em 27/03/2018)
96
A
Anexos
Anexo A1 – Geossintéticos
Os materiais geossintéticos, ao longo dos últimos anos, têm sido muito aplicados nas
mais diversas obras de construção civil, tais como, aeroportos, aterros, rodovias, ferrovias,
barragens, etc.
Existem diferentes tipos de geossintéticos que são classificados, de acordo com a norma
NP EN ISO 10318 (2005). Estes podem ser classificados em produtos permeáveis e barreiras,
como se pode observar na Figura A1.1. Os produtos permeáveis incluem os geotêxteis e os
materiais relacionados como as georredes, as geogrelhas, as geocélulas, entre outros. Por outro
97
lado, as barreiras dividem-se em argilosas e poliméricas, sendo as últimas mais conhecidas por
geomembranas. Importa referir que a associação de diferentes geossintéticos dá origem aos
geocompósitos.
Geotêxteis: são materiais poliméricos planos (Figura A1.2) e permeáveis, podendo ser
divididos, de acordo com o processo de fabrico, em tecidos, não tecidos ou tricotados. São
usados em diversas aplicações, desempenhando sempre, pelo menos, uma das seguintes
funções: proteção, reforço, separação, filtragem ou drenagem.
98
Figura A1.2 – Exemplo de Geotêxtil tecido (https://www.ntcbrasil.com.br/geotextil-tecido/).
Geogrelhas: são materiais poliméricos planos com uma estrutura aberta de elementos
ligados e cruzados entre si (Figura A1.4). As geogrelhas desempenham quase sempre funções
de reforço.
99
Georredes: são materiais poliméricos planos com uma malha densa (Figura A1.5) e
regular (possuem uma estrutura aberta como as geogrelhas). A diferença entre as georredes e as
geogrelhas tem a ver com a função que desempenham. As georredes são normalmente usadas
para funções de drenagem de líquidos ou de gases.
100
Figura A1.7 – Exemplo de Geocompósito drenante (http://ambitela.pt/produtos/geocomposto-
drenante).
101
recolhida, impedindo a instabilidade do sistema pelo equilíbrio das pressões
nessa zona.
1 – Geomembrana
2 – Camada de suporte
3 – Camada de drenagem
Figura A1.8 - Constituição genérica de um sistema exposto numa barragem de aterro (Adaptado de
ICOLD, 2010).
Os SIGM estão menos dependentes da qualidade da sua construção, fazendo com que a
sua reduzida permeabilidade e durabilidade sejam menos afetados pela experiência e
competência dos intervenientes na sua instalação, exigindo, no entanto, mão-de-obra
especializada e cuidados especiais de instalação.
O tempo total de construção das barragens e as suas condicionantes podem ser reduzidos
com estes sistemas, devido à possibilidade de a instalação ser executada em função do
planeamento da construção, uma vez que a sua esta é muito pouco afetada pelas condições
climatéricas, o que não acontece em sistemas tradicionais (Figueira, 2014).
102
Anexo A1.3 - Funções dos geossintéticos
Os geossintéticos distinguem-se pelo desempenho de uma ou mais funções em
simultâneo. Destas destacam-se: drenagem, filtragem, proteção, reforço, separação controlo de
erosão superficial e barreira de fluidos.
Apresenta-se, de seguida, com base na norma NP EN 10318 (2005), uma breve descrição
das funções dos geossintéticos.
103
e continuidade, devendo ainda estes ser suficientemente resistentes aos ataques químicos
causados pelos fluidos.
Na Figura A1.9 podem observar-se esquemas ilustrativos das funções exercidas pelos
geossintéticos e descritas anteriormente.
Figura A1.9 - Funções dos geossintéticos (a) Drenagem; (b) Filtragem; (c) Proteção; (d) Reforço; (e)
Separação; (f) Controlo da erosão superficial; (g) Barreira de fluídos (norma NP EN ISO 10318
(2005)).
104
Anexo A2 – Tipos de barragens
Anexo A2.1 - Barragens de aterro
Segundo a ICOLD, cerca de 77% das barragens existentes são de aterro. Estas são
constituídas essencialmente por solo e por enrocamento, sendo classificadas como barragens de
terra, de enrocamento ou de terra enrocamento, consoante o material predominante. Os
materiais são normalmente escavados ou extraídos de locais próximos.
Figura A2.1 - Barragem de perfil homogéneo do Salgueiro, Portugal (Adaptado de Melo, 2016).
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Figura A2.2 - Barragem de perfil zonado de Alijó, Portugal (Adaptado de Melo, 2016).
Figura A2.3 - Barragem de enrocamento do Pego do Altar, Portugal (Adaptado de Melo, 2016).
Figura A2.4 - Barragem de terra e enrocamento do Vale do Gaio, Portugal (Adaptado de Melo,
2016).
Devido aos materiais que constituem as barragens de aterro, são conferidas à sua estrutura
características de grande ductilidade, podendo estas sofrer grandes deformações sem que a
rotura ocorra. Estas, possuem ainda uma grande relação base/altura quando comparadas com os
outros tipos de barragens, o que lhes confere maior estabilidade relativamente ao deslizamento.
106
Assim, pelas razões anteriores, as barragens de aterro são as mais recomendadas no caso de
terrenos de fundação de características brandas, permeáveis ou compressíveis. Estas são
recomendadas também quando os vales são mais abertos ou largos e quando o custo de
materiais como o betão é muito mais elevado (Caldeira & Ramos, 2001).
Existem diferentes tipos de barragens de betão com interesse para este trabalho:
• Barragens gravidade: são constituídas por paredões de betão que resistem á
impulsão hidrostática devido ao seu peso próprio, o que faz com que este tipo de
barragens esteja completamente dependente do seu peso no que diz respeito á
estabilidade. O seu perfil gravitacional é essencialmente triangular para garantir a
estabilidade e evitar o tensionamento excessivo da barragem ou da sua fundação.
Algumas barragens de gravidade são suavemente curvadas no plano por razões,
essencialmente estéticas. Estas podem ser de alvenaria de pedra, betão ciclópico
(tipo de betão que recorre ao uso de enrocamento de grandes dimensões colocado
á mão) ou betão armado;
• Barragens abóbada: são construídas em vales apertados, o que permite que a
altura seja por vezes maior que o comprimento do corpo da barragem. Têm uma
considerável curvatura a montante, funcionando estruturalmente como um arco
horizontal, transmitindo a maior parte da carga lateralmente, para os pilares ou
para as margens do vale. São, estruturalmente, mais eficientes que as barragens
de gravidade ou as barragens de contrafortes, o que reduz bastante as quantidades
de betão empregues. Para a sua construção é necessário existirem condições
naturais favoráveis como as margens e o fundo do rio serem constituídos por
rocha resistente e sã. Podem ser de betão e/ou betão armado;
• Barragens de contrafortes: consistem numa face contínua a montante
suportada, em intervalos regulares, a jusante, por contrafortes. As barragens de
contrafortes maciços são a variante mais moderna no que diz respeito a barragens
de betão, podendo ser consideradas como uma versão mais leve das barragens de
gravidade;
107
• Barragens de abóbadas múltiplas: são como uma mistura entre as barragens de
abóboda e as de gravidade, diferindo apenas na espessura que é menor. Essa
limita os esforços de tração, a fim de evitar fissuração. São construídas em betão
ciclópico.
108
Figura A2.7 - Barragem de contrafortes da Pracana, Portugal
(http://quintadoribeirinho.pt/en/barragem-da-pracana/).
(http://www.edia.pt/folder/imprensa/ficheiro/1856.jpg).
110
Anexo A3 – Resultados dos ensaios realizados
111
Tabela A3.3 - Geomembrana B: força de arranque das soldaduras interiores a diferentes
temperaturas.
112
Tabela A3.5 - Geomembrana C: força de arranque das soldaduras a diferentes temperaturas.
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