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Sanfona_2018

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Pedro Miguel Gomes dos Santos Sereno Sanfona

Licenciado em Ciências da Engenharia Civil

[Nome completo do autor]


[Habilitações Académicas]

[Nome completo do autor]


[Habilitações Académicas]

Aplicação de Geomembranas de PVC em Barragens:


[Nome completo do autor]
Influência
[Habilitações da Temperatura
Académicas] no Controlo das Soldaduras.
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil- Perfil Construção

[Nome
[Títulocompleto
da Tese] do autor]
[Habilitações Académicas]

Orientadora: Doutora Madalena Barroso, Investigadora Auxiliar, LNEC


Co-orientadora: Doutora Simona Fontul, Professora Auxiliar Convidada, FCT/UNL
[Nome completo do autor]
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
[Habilitações Académicas]
[Engenharia Informática]

Júri:
[Nome completo do autor]
Presidente: Doutora Maria Teresa G. Santana, Professora Auxiliar,
[Habilitações Académicas]
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

Arguente: Doutora Maria da Graça Lopes, Professora Coordenadora


[Nome completo doPrincipal,
autor] Instituto Superior de Engenharia de Lisboa
[Habilitações Académicas]
Vogal: Doutora Simona Fontul, Professora Auxiliar, Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

Outubro, 2018
Aplicação de Geomembranas de PVC em Barragens: Influência da Temperatura no
Controlo das Soldaduras

Copyright © Pedro Miguel Gomes dos Santos Sereno Sanfona, Faculdade de Ciências e
Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa.

A Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo


e sem limites geográficos, de arquivar e publicar esta dissertação através de exemplares
impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou
que venha a ser inventado, e de a divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua
cópia e distribuição com objetivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que
seja dado crédito ao autor e editor.
Agradecimentos

A realização desta dissertação não teria sido possível sem o contributo de várias pessoas e
entidades, às quais expresso todo o meu agradecimento.

Ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), agradeço o fato de me ter


acolhido e dado todas as condições para realizar este trabalho.

Às empresas Sotecnisol e Carpi, agradeço a cedência do material utilizado na componente


experimental desta dissertação.

O meu forte agradecimento às minhas orientadoras, as Engenheiras Madalena Barroso e


Simona Fontul, por toda a orientação, disponibilidade, compreensão e amizade, durante a
realização deste trabalho. Agradeço-lhes, também, a oportunidade de ter realizado esta
dissertação no LNEC.

Aos técnicos de laboratório do LNEC, Valter Nascimento e Carlos Martins, agradeço


todo o auxílio na componente experimental desta dissertação.

Aos meus amigos, agradeço todos os momentos de amizade e partilha, ao longo de todo
este percurso.

A toda a minha família, agradeço todo o apoio e incentivo ao longo de todos estes anos de
percurso académico. Em especial à minha avó, pelo seu carinho e preocupação, e ao meu
cunhado Etienne por toda a disponibilidade em ajudar numa fase delicada desta dissertação.

À Flávia, agradeço o fato de estar sempre ao meu lado, tornando a minha vida sempre
melhor. Agradeço-lhe toda a compreensão, apoio e incentivo ao longo de todo o meu percurso
académico.

À minha irmã Carolina, agradeço por ser um exemplo para mim e por nunca duvidar do
meu valor. A ela o meu sincero agradecimento por estar sempre disponível para me apoiar.

Por fim, e mais importante, agradeço ao meu pai Carlos e à minha mãe Palmira, por toda
o amor, dedicação, compreensão e principalmente por todo o esforço durante os últimos anos.

A todos, do fundo do coração, MUITO OBRIGADO.


Resumo

As geomembranas de PVC são as mais utilizadas na impermeabilização de barragens. O


sucesso de um sistema de impermeabilização com geomembranas depende muito da qualidade
com que as soldaduras são executadas. Estas devem ser avaliadas em termos de
continuidade/estanqueidade e de resistência mecânica, sendo a última através de ensaios de
arranque e de corte.

Neste trabalho, avaliou-se a influência da temperatura na força de arranque das


soldaduras de geomembranas de PVC. Este aspeto é importante porque, por vezes, em campo,
não é possível assegurar a realização dos ensaios à temperatura normalizada de 23ºC (±2ºC),
levantando questões sobre a aceitação/rejeição das mesmas.

Foram ensaiadas três geomembranas (1,5, 2,0 e 3,0 mm de espessura) ao arranque, com
soldadura por termofusão, uma simples e duas duplas, de acordo com a norma ASTM D 6392, a
temperaturas variando entre os 5ºC e os 41 ºC.

Verificou-se que a força de arranque das soldaduras de geomembranas de PVC não


variou significativamente, no máximo 4 kN/m, sugerindo que a temperatura tem reduzida
influência no valor desta força. Este comportamento poderá residir na estrutura molecular
amorfa do PVC, o qual apresenta um módulo de elasticidade relativamente constante para
temperaturas superiores à temperatura de transição vítrea do material, compreendida entre os
˗ 20ºC e os ˗ 25ºC.

Os resultados obtidos foram, também, comparados com resultados relatados na


bibliografia para geomembranas de PEAD, as quais apresentam uma notória diminuição da
força de arranque das soldaduras com o aumento da temperatura. As diferenças observadas
parecem estar relacionadas com a estrutura molecular dos dois tipos de geomembranas.

Analisou-se, igualmente, o tipo de rotura, tendo sido difícil a sua classificação com base
na norma, o que levanta questões relativamente à sua utilidade nos critérios de
aceitação/rejeição para soldaduras em geomembranas de PVC.

Termos-chave: barragens, sistemas de impermeabilização, geomembranas de PVC, soldaduras,


força de arranque, temperatura.

i
Abstract

The PVC geomembranes are the most common used for dams. The success of a
waterproofing system with geomembranes depends on the quality with which the seams are
made. The seams have to be evaluated in terms of continuity/watertightness and mechanical
strength, the latter being assessed by peel and shear tests.

In this work, the influence of the temperature on the peel strength of the PVC
geomembrane seams is studied. This issue is important because, sometimes in the field, it is not
possible to carry out the tests at the standard temperature of 23ºC (± 2ºC), raising questions on
their acceptance / rejection.

Three geomembranes (1.5, 2.0 and 3.0 mm thickness), one with a single and two with a
double thermo-fusion seams, were evaluated by peel tests according to ASTM D 6392 standard,
at temperatures ranging from 5ºC to 41 ºC.

Results showed that the peel strength of the PVC geomembrane seams did not change
significantly (maximum 4 kN/m), suggesting that the temperature has small influence on the
strength value. This behavior can be attributed to the amorphous molecular structure of the
PVC, which exhibits a relatively constant modulus of elasticity at temperatures above the glass
transition temperature of the material, ranging from ˗ 20ºC to ˗ 25 ° C.

The results obtained were also compared with results reported in the literature for
HDPE geomembranes. The latter show a clear decrease in the peel strength of the welds with
increasing temperature. The differences found seem to be related with the differences on
molecular structure of these type of geomembranes.

The locus-of-break codes of the seams, according the ASTM standard, were also
studied. Mode of specimens rupture obtained are not included in the standard, raising questions
about its usefulness within the acceptance/rejection criteria for PVC geomembranes.

Keywords: dams, waterproofing systems, PVC geomembranes, seams, peel strength,


temperature.

iii
Conteúdo

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.1 ENQUADRAMENTO .............................................................................................. 1
1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO .............................................................................. 2
1.3 METODOLOGIA E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................ 2

2. ASPETOS RELEVANTES SOBRE GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS ................ 5


2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 5
2.2 TIPOS DE GEOMEMBRANAS ................................................................................. 6
2.3 PROPRIEDADES DAS GEOMEMBRANAS .............................................................. 10
2.3.1 Propriedades físicas .................................................................................. 13
2.3.2 Propriedades mecânicas............................................................................ 14
2.3.3 Propriedades hidráulicas........................................................................... 19
2.3.4 Propriedades térmicas............................................................................... 19
2.3.5 Propriedades relativas à durabilidade ....................................................... 20
2.4 LOCALIZAÇÃO DAS GEOMEMBRANAS NO CORPO DE UMA BARRAGEM ............. 22
2.5 GEOMEMBRANAS NA CONSTRUÇÃO DE NOVAS BARRAGENS ............................ 23
2.5.1 Geomembranas no paramento de montante ............................................. 23
2.5.2 Geomembranas colocadas internamente no corpo da barragem............... 27
2.5.3 Vantagens e inconvenientes das diferentes localizações .......................... 29
2.6 GEOMEMBRANAS NA REABILITAÇÃO DE BARRAGENS ...................................... 30
2.7 ANCORAGENS .................................................................................................... 32
2.8 SOLDADURAS .................................................................................................... 35
2.8.1 Continuidade/estanquidade das soldaduras .............................................. 37
2.8.2 Resistência mecânica das soldaduras ....................................................... 39
2.9 GEOMEMBRANAS MAIS USADAS EM BARRAGENS ............................................. 40
2.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 43

3. PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS SOBRE A APLICAÇÃO DE


GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS ................................................................................ 45
3.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 45
3.2 DURABILIDADE ................................................................................................. 45
3.3 FUGAS................................................................................................................ 53
3.4 REQUISITOS DE INSTALAÇÃO ............................................................................ 56
3.4.1 Soldaduras ................................................................................................ 56
v
3.4.2 Dobras....................................................................................................... 61
3.4.3 Condições da superfície de apoio ............................................................. 68
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 69

4. TRABALHO EXPERIMENTAL ........................................................................................ 71


4.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 71
4.2 MATERIAIS ........................................................................................................ 72
4.3 MÉTODO ............................................................................................................ 73
4.4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................. 76
4.4.1 Influência da temperatura na força de arranque das soldaduras ............... 76
4.4.2 Influência da espessura na força de arranque das soldaduras ................... 80
4.4.3 Análise dos tipos de rotura ....................................................................... 81
4.4.4 Critérios de aceitação/rejeição das soldaduras ......................................... 82
4.4.5 Comparação entre as geomembranas de PVC e PEAD ............................ 83
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 85

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 87
5.1 PRINCIPAIS CONCLUSÕES .................................................................................. 87
5.2 TRABALHOS FUTUROS ....................................................................................... 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 90

ANEXOS…..... ........................................................................................................................... 97
ANEXO A1 – GEOSSINTÉTICOS .................................................................................................. 97
Anexo A1.1 - Geossintéticos em barragens ............................................................................ 101
Anexo A1.2 - Tipos de geossintéticos ...................................................................................... 97
Anexo A1.3 - Funções dos geossintéticos .............................................................................. 103
ANEXO A2 – TIPOS DE BARRAGENS ........................................................................................ 105
Anexo A2.1 - Barragens de aterro .......................................................................................... 105
Anexo A2.2 - Barragens de betão ........................................................................................... 107
Anexo A2.3 - Barragens de BCC (Betão Compactado com Cilindros) .................................. 109
ANEXO A3 – RESULTADOS DOS ENSAIOS REALIZADOS.......................................................... 111

vi
Lista de Figuras

FIGURA 2.1 - TIPOS DE GEOMEMBRANAS. ..................................................................................... 6


FIGURA 2.2 - CONFIGURAÇÕES DAS GEOMEMBRANAS POLIMÉRICAS NA IMPERMEABILIZAÇÃO DE
BARRAGENS (ICOLD, 2010).......................................................................................................... 9

FIGURA 2.3 - CURVAS TENSÃO - DEFORMAÇÃO DE GEOMEMBRANAS (ADAPTADO DE CARNEIRO,


2009). .......................................................................................................................................... 14
FIGURA 2.4 - ENSAIO DE PUNÇOAMENTO ESTÁTICO (ADAPTADO DE COLMANETTI, 2006). ....... 15
FIGURA 2.5 - PROVETE PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA INICIAL AO RASGAMENTO
(ADAPATDO DE COLMANETTI, 2006). ......................................................................................... 16
FIGURA 2.6- EQUIPAMENTO PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO REBENTAMENTO
(ADAPTADO DE COLMANETTI, 2006). ......................................................................................... 17
FIGURA 2.7 - MEDIDAS E CONSIDERAÇÕES GEOMÉTRICAS (CM) (ADAPTADO DE COLMANETTI,
2006). .......................................................................................................................................... 18
FIGURA 2.8 - ESQUEMA DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA AO CORTE (ADAPTADO DE COLMANETTI,
2006). .......................................................................................................................................... 18
FIGURA 2.9 - EQUIPAMENTO PARA DETERMINAÇÃO DA FLEXIBILIDADE A BAIXAS
TEMPERATURAS (ADAPTADO DE COLMANETTI, 2006). .............................................................. 20

FIGURA 2.10 - EXTRATOR SOXHLET (ADAPTADO DE COLMANETTI, 2006). ............................... 21


FIGURA 2.11 - GEOMEMBRANA TOTALMENTE COBERTA (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ......... 25
FIGURA 2.12 - GEOMEMBRANA PARCIALMENTE COBERTA (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ...... 25
FIGURA 2.13 - EXEMPLO DE GEOMEMBRANA COBERTA NUMA BARRAGEM DE BCC (ADAPTADO
DE ICOLD, 2010). ....................................................................................................................... 26

FIGURA 2.14- GEOMEMBRANA EXPOSTA NUMA BARRAGEM DE ATERRO (ADAPTADO DE ICOLD,


2010). .......................................................................................................................................... 26
FIGURA 2.15 - GEOMEMBRANA EXPOSTA NUMA BARRAGEM DE BCC (ADAPTADO DE ICOLD,
2010). .......................................................................................................................................... 27
FIGURA 2.16 - GEOMEMBRANA INTERNA INCLINADA (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). .............. 27
FIGURA 2.17 - GEOMEMBRANA INTERNA VERTICAL (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ................ 28
FIGURA 2.18 - GEOMEMBRANA INTERNA QUASI-VERTICAL DE MAIORES DIMENSÕES (ADAPTADO
DE ICOLD, 2010). ....................................................................................................................... 28

FIGURA 2.19 - GEOMEMBRANA INTERNA QUASI - VERTICAL COM ZIG ZAG DE MENORES
DIMENSÕES (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ............................................................................... 28

vii
FIGURA 2.20 - GEOMEMBRANA NA REABILITAÇÃO DE UMA BARRAGEM DE ENROCAMENTO COM
CORTINA DE BETÃO A MONTANTE (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ............................................ 30

FIGURA 2.21 - EXEMPLO DE UMA GEOMEMBRANA EXPOSTA PARA REABILITAÇÃO DE


BARRAGENS (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). .............................................................................. 31

FIGURA 2.22 - SISTEMA WATERSTOP (ADAPTADO DE CAZZUFFI ET AL., 2010). ....................... 322
FIGURA 2.23 - ANCORAGEM SUPERFICIAL EM LINHA (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ............... 33
FIGURA 2.24 - ANCORAGEM MECÂNICA USADA EM REABILITAÇÃO DE BARRAGENS DE BETÃO
(ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ................................................................................................... 34
FIGURA 2.25 - SELO PERIFÉRICO APLICADO DE FORMA SUBMERSÍVEL (ADAPTADO DE ICOLD,
2010)............................................................................................................................................ 35
FIGURA 2.26 - SOLDADURA POR TERMOFUSÃO (ADAPTADO DE BARROSO & LOPES, 2008). ..... 37
FIGURA 2.27 - SOLDADURA POR EXTRUSÃO (ADAPTADO DE BARROSO & LOPES, 2008). .......... 37
FIGURA 2.28 - ENSAIO DE CONTINUIDADE DE PRESSÃO DE AR (ADAPTADO DE BARROSO &
LOPES, 2008). .............................................................................................................................. 38
FIGURA 2.29- ENSAIOS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA AO ARRANQUE E AO CORTE (ADAPTADO DE
BARROSO & LOPES, 2008). .......................................................................................................... 39
FIGURA 2.30 - GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). .................... 40
FIGURA 2.31- GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS DE ATERRO (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). 411
FIGURA 2.32 - GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS DE BETÃO (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ... 41
FIGURA 2.33 - GEOMEMBRANAS EM BARRAGENS DE BCC (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ...... 41
FIGURA 3.1 - DOBRA (ADAPTADO DE CHAPPEL ET AL., 2008). ................................................... 61
FIGURA 3.2 - EQUILÍBRIO E GEOMETRIA DE UMA DOBRA (ADAPATADO DE GIROUD, 2005)....... 62
FIGURA 3.3 - QUANTIFICAÇÃO DE DOBRAS ATRAVÉS DO MÉTODO DE FOTOGRAFIA AÉREA A
BAIXA ALTITUDE E PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (ADAPTADO DE TAKE ET AL., 2007).

..................................................................................................................................................... 64
FIGURA 4.1 – GEOMEMBRANAS UTILIZADAS. ............................................................................. 73
FIGURA 4.2 - PROVETES UTILIZADOS. ......................................................................................... 74
FIGURA 4.3 - ENSAIO DE ARRANQUE. .......................................................................................... 75
FIGURA 4.4 – TIPOS DE ROTURA (ASTM D 6392). ...................................................................... 76
FIGURA 4.5 - GEOMEMBRANA A: RELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS E
A TEMPERATURA.......................................................................................................................... 77

FIGURA 4.6 - GEOMEMBRANA B: RELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS E


A TEMPERATURA.......................................................................................................................... 77

FIGURA 4.7 - GEOMEMBRANA C: RELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS E


A TEMPERATURA.......................................................................................................................... 78

viii
FIGURA 4.8 - INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO MÓDULO DE ELASTICIDADE DE POLÍMEROS
AMORFOS E SEMICRISTALINOS .................................................................................................... 79

FIGURA 4.9 - FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS DAS GEOMEMBRANAS A, B E C –


INFLUÊNCIA DA ESPESSURA. ....................................................................................................... 80
FIGURA 4.10 – TIPO DE ROTURA OBTIDO PARA A GEOMEMBRANA A. ........................................ 81
FIGURA 4.11 - TIPO DE ROTURA OBTIDO PARA A GEOMEMBRANA B. ......................................... 82
FIGURA 4.12 - TIPO DE ROTURA OBTIDO PARA A GEOMEMBRANA C. ......................................... 82
FIGURA 4.13 - FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS A DIFERENTES TEMPERATURAS PARA
GEOMEMBRANAS DE PVC E PEAD (LOPES ET AL., 2006)........................................................... 84

FIGURA A1.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS GEOSSINTÉTICOS SEGUNDO A EN ISO 10318…………....98


FIGURA A1.2 – EXEMPLO DE GEOTÊXTIL TECIDO……………………………….…………......99
FIGURA A1.3 – EXEMPLO DE GEOMEMBRANA DE PEAD……………………….………….......99
FIGURA A1.4 – EXEMPLO DE GEOGRELHA…………………………………………..………....99
FIGURA A1.5 – EXEMPLO DE GEORREDE…………………………………………………..….100
FIGURA A1.6 – EXEMPLO DE GEOCÉLULAS…………………………………………………...100
FIGURA A1.7 – EXEMPLO DE GEOCOMPÓSITO DRENANTE………………………………..…..101
FIGURA A1.8 - CONSTITUIÇÃO GENÉRICA DE UM SISTEMA EXPOSTO NUMA BARRAGEM DE
ATERRO (ADAPTADO DE ICOLD, 2010)……………………………………………………… 102

FIGURA A1.9 - FUNÇÕES DOS GEOSSINTÉTICOS (NORMA NP EN ISO 10318)………………...104


FIGURA A2.1 - BARRAGEM DE PERFIL HOMOGÉNEO DO SALGUEIRO, PORTUGAL (ADAPTADO
DE MELO, 2016)…………………………………………………………………………….....105

FIGURA A2.2 - BARRAGEM DE PERFIL ZONADO DE ALIJÓ, PORTUGAL (ADAPTADO DE MELO,


2016)……………………………………………………..………………………………….…106
FIGURA A2.3 - BARRAGEM DE ENROCAMENTO DO PEGO DO ALTAR, PORTUGAL (ADAPTADO DE
MELO,2016)……………………………………………………………….…………………...106
FIGURA A2.4 - BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO DO VALE DO GAIO, PORTUGAL
(ADAPTADO DE MELO, 2016)……………………………………………………………….…106
FIGURA A2.5 – BARRAGEM GRAVIDADE DO TORRÃO, PORTUGAL…………………….......….108
FIGURA A2.6 - BARRAGEM ABÓBADA DA CANIÇADA, PORTUGAL………………………...….108
FIGURA A2.7 - BARRAGEM DE CONTRAFORTES DA PRACANA, PORTUGAL……………..…….109
FIGURA A2.8 - BARRAGEM DE ABÓBADAS MÚLTIPLAS DA AGUIEIRA, PORTUGAL………..….109
FIGURA A2.9 - BARRAGEM DE BCC DE PEDROGÃO, PORTUGAL…………………………...…110

ix
Lista de Tabelas

TABELA 2.1 - PRINCIPAIS POLÍMEROS UTILIZADOS EM GEOMEMBRANAS (ADAPTADO DE ICOLD,


2010). ............................................................................................................................................ 7
TABELA 2.2 - FORMULAÇÃO DE ALGUNS TIPOS DE GEOMEMBRANAS (ADAPTADO DE KOERNER
& HSUAN, 2003). ......................................................................................................................... 10
TABELA 2.3 - PROPRIEDADES DAS GEOMEMBRANAS E NORMAS DE ENSAIO (ADAPTADO DE
NEVES ET AL, 2015). .................................................................................................................... 12
TABELA 2.4 - LOCALIZAÇÃO DAS GEOMEMBRANAS NO CORPO DE UMA BARRAGEM. ................ 23
TABELA 2.5 – VANTAGENS NA APLICAÇÃO DE GEOMEMBRANAS NO PARAMENTO DE MONTANTE
E DE GEOMEMBRANAS INTERNAS (ADAPTADO DE ICOLD, 2010). ............................................. 29

TABELA 2.6– APLICABILIDADE DOS MÉTODOS DE SOLDADURA PARA DIFERENTES


GEOMEMBRANAS (ICOLD, 2010)................................................................................................ 36

TABELA 2.7 - ENSAIOS DE CONTINUIDADE DE SOLDADURAS E RESPETIVAS NORMAS PARA


GEOMEMBRANAS DE PVC E PEAD. ............................................................................................ 38

TABELA 2.8 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE GEOMEMBRANAS


(ADAPTADO DE VERTEMATTI, J. C., 2004).................................................................................. 42
TABELA 3.1 - ENSAIOS LABORATORIAIS E RESPETIVAS NORMAS (ADAPTADO DE CAZZUFFI,
2014)………………………………………………………………………………………….....48
TABELA 3.2 - PREVISÃO DO TEMPO DE VIDA DE GEOMEMBRANAS DE PEAD COBERTAS, EM
FUNÇÃO DA TEMPERATURA (ADAPTADO DE KOERNER ET AL., 2017). ....................................... 51

TABELA 3.3 - PREVISÃO DO TEMPO DE VIDA DE GEOMEMBRANAS EXPOSTAS, A 20ºC, COM BASE
NA PERDA DE 50% DE PROPRIEDADES MECÂNICAS (ADAPTADO DE KOERNER ET AL., 2017). .... 51

TABELA 3.4 - CONDIÇÕES DE SOLDADURA (ADAPTADO DE ZHANG ET AL., 2017). .................... 57


TABELA 3.5 - PRESSÃO DE AR NECESSÁRIA NO CANAL PARA GARANTIR A FORÇA DE ARRANQUE
ESPECIFICADA PARA GEOMEMBRANAS DE PVC DE 0,75 MM. ..................................................... 60

TABELA 3.6 - INFLUÊNCIA DO TIPO, COR E TEXTURA DE UMA GEOMEMBRANA NA FORMAÇÃO DE


DOBRAS (ADAPTADO DE GIROUD, 2005)..................................................................................... 63

TABELA 3.7 - MÉTODOS DE PROMOÇÃO DE MAIOR CONTATO ENTRE A GEOMEMBRANA E O


MATERIAL SUBJACENTE (ADAPTADO DE GSI WHITE PAPER #27, 2013). .................................... 66

TABELA 4.1 - CARACTERÍSTICAS DAS GEOMEMBRANAS USADAS, DE ACORDO COM AS FICHAS


TÉCNICAS. .................................................................................................................................... 72

TABELA A3.1 - GEOMEMBRANA A: FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS INTERIORES A


DIFERENTES TEMPERATURAS…………………………………………………………..…........111

xi
TABELA A3.2 - GEOMEMBRANA A: FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS EXTERIORES A
DIFERENTES TEMPERATURAS………………………………………………………......…........111

TABELA A3.3 - GEOMEMBRANA B: FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS INTERIORES A


DIFERENTES TEMPERATURAS……………………………………………………..…………....112

TABELA A3.4 - GEOMEMBRANA B: FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS EXTERIORES A


DIFERENTES TEMPERATURAS…………………………………………………..……………....112

TABELA A3.5 - GEOMEMBRANA C: FORÇA DE ARRANQUE DAS SOLDADURAS A DIFERENTES


TEMPERATURAS……………………………………………….....…………………………….113

xii
Abreviaturas

ASTM – American Society for Testing Materials

BAM - Federal Institute for Materials and Testing

BCC- Betão Compactado com Cilindros

CEN – European Commitee of Standardization

CSPE - Polietileno clorosulfonado

EN – European Norm

EPDM - Copolímero de etileno-propileno-monómero

FGI – Fabricated Geomembrane Institute

GSI – Geosynthetic Institute

ICOLD – International Commission on Large Dams

IGS – International Geosynthetics Society

ISO – International Organization for Standardization

MARM – Ministério de Medio Ambiente y Medio Rural e Marino

NP – Norma Portuguesa

NSF – National Sanitation Foundation

PEAD – Polietileno de alta densidade

PEBD – Polietileno de baixa densidade

PELBD – Polietileno linear de baixa densidade

PP – Polipropileno

PVC – Policloreto de vinilo

SIGM – Sistema de Impermeabilização com Geomembranas

xiii
xiv
1
1. Introdução

1.1 Enquadramento
As alterações climáticas são uma das maiores ameaças ambientais do século XXI com
consequências profundas em várias áreas da sociedade, como por exemplo, a escassez de água
potável que, segundo dados do Pacific Institute, representa apenas 0,6% de toda a água
disponível no planeta.

Existe a necessidade urgente de encontrar alternativas para o uso sustentável deste


recurso que caminha para o seu limite de exploração, sendo fundamental o seu armazenamento
sem desperdícios e para o qual a eficiente impermeabilização de barragens pode contribuir.

Atualmente, a impermeabilização de barragens pode ser conseguida através do recurso a


sistemas de impermeabilização com geomembranas (SIGM). Estes sistemas incluem um
conjunto de geossintéticos, cada um com uma função específica, dos quais se destaca a
geomembrana com a função de barreira. Informações mais detalhadas sobre os tipos de
geossintéticos e os SIGM podem ser encontradas no Anexo A1.1. e A1.2, respetivamente.

A utilização de geomembranas como barreira em barragens tem sido uma tecnologia em


crescimento, levando à substituição de materiais tradicionais, como a argila, o betão ou o betão
betuminoso. De acordo com Koerner (2005), a rápida evolução na aplicação destes materiais
deve-se à sua rapidez de instalação, à existência de controlo de qualidade apertado na produção
e ao facto de os custos serem competitivos em relação a outros materiais de construção.

O comportamento das geomembranas em barragens tem sido alvo de diversos estudos,


em diferentes domínios como, por exemplo, a durabilidade, a ocorrência de fugas, a formação
de dobras, etc. Contudo outros aspetos importantes carecem de investigação, nomeadamente, a

1
influência da temperatura ambiente na resistência mecânica das soldaduras, cuja qualidade é
determinante para um adequado desempenho do SIGM, sendo, por isso, objeto de estudo na
presente dissertação.

1.2 Objetivos da dissertação


O principal objetivo desta dissertação consiste na avaliação da influência da temperatura
ambiente na resistência mecânica das soldaduras de geomembranas de PVC. Este aspeto é
estudado neste trabalho, uma vez que, em campo, por vezes, não é possível assegurar a
realização dos ensaios de resistência mecânica de controlo de qualidade das soldaduras à
temperatura normalizada, levantando questões sobre a aceitação/rejeição das mesmas.

Outro objetivo desta dissertação consiste em compilar os principais desenvolvimentos


sobre a aplicação de geomembranas em barragens, visando compreender o estado atual do
conhecimento sobre a aplicação destes materiais e identificar os principais desafios que se
colocam à sua utilização.

1.3 Metodologia e estrutura da dissertação


Numa fase inicial, procede-se à análise da bibliografia existente sobre a aplicação de
geomembranas em barragens.

Numa segunda fase, realiza-se um trabalho experimental, com vista a concretizar o


principal objetivo desta dissertação.

A dissertação organiza-se em vários capítulos. O presente capítulo enquadra o tema da


dissertação, apresenta os seus objetivos e a metodologia de trabalho e a sua organização.

No segundo capítulo apresentam-se os tipos de geomembranas, bem como as suas


principais propriedades. Abordam-se, também, as diferentes localizações que uma
geomembrana pode assumir no corpo de uma barragem, bem como a sua utilização em novas
estruturas ou na reabilitação de estruturas existentes. Finalmente apresentam-se aspetos bastante
importantes para o bom desempenho das geomembranas instaladas em barragens,
nomeadamente as ancoragens e as soldaduras.

O terceiro capítulo engloba os principais desenvolvimentos sobre a aplicação de


geomembranas em barragens, particularmente sobre durabilidade, ocorrência de fugas e

2
requisitos de instalação, nomeadamente as soldaduras, as dobras e as condições da superfície de
apoio.

O quarto capítulo é dedicado ao trabalho experimental. Descrevem-se os materiais e os


métodos utilizados, apresentam-se e discutem-se os resultados obtidos, bem como as principais
conclusões.

Por fim, no quinto capítulo apresentam-se as principais conclusões obtidas com a


realização desta dissertação, bem como sugestões de futuros trabalhos relacionados com o tema
abordado.

3
2
2. Aspetos relevantes sobre geomembranas
em barragens

2.1 Introdução
A construção e exploração de uma barragem compreende questões ambientais, decisões
políticas e apresenta vantagens e inconvenientes, tanto a nível social, como económico, pelo que
têm sido feitos imensos esforços de forma a otimizar o projeto e o desempenho destas estruturas
(Figueira, 2014). Nesse sentido, a otimização dos seus sistemas de impermeabilização assume-
se como uma das principais questões, para a qual os desenvolvimentos alcançados na área dos
geossintéticos têm contribuído.

Existem diferentes tipos de geossintéticos, entre eles as geomembranas, os geotêxteis, as


georredes, as geogrelhas, os geotubos, os geocompósitos, etc. (ver Anexo A1.1). Estes materiais
podem desempenhar diferentes funções: barreira, drenagem, filtragem, reforço, separação ou
controlo de erosão. Detalhes sobre as funções dos geossintéticos são apresentados no Anexo e
A1.3.

Neste trabalho, destacam-se as geomembranas, cuja função é a de barreira. Estes


materiais podem ser usados em todos os tipos de barragens, designadamente de aterro, de betão
e de betão compactado com cilindros (BCC). Podem ser usadas tanto em novas barragens, como
na reabilitação de barragens existente, em diversas localizações no corpo destas estruturas.

Neste capítulo, apresentam-se os principais tipos de geomembranas usadas em barragens,


bem como as principais propriedades a ter em conta neste tipo de aplicação. As diferentes
localizações que as geomembranas podem assumir no corpo de uma barragem, bem como a sua

5
utilização quer na construção de novas barragens, quer em ações de reabilitação de estruturas
existentes são também abordados neste capítulo.

Aspetos determinantes para o bom desempenho das geomembranas instaladas em


barragens são apresentados, neste capítulo, nomeadamente as ancoragens e as soldaduras.

2.2 Tipos de geomembranas


De acordo com a matéria prima utilizada no seu fabrico, é possível classificar as
geomembranas como poliméricas ou betuminosas, tal como mostra a Figura 2.1. As
geomembranas poliméricas utilizam polímeros sintéticos como matéria prima enquanto as
betuminosas resultam da impregnação de geotêxteis com materiais betuminosos. Este trabalho
centra-se, sobretudo, na utilização de geomembranas poliméricas que constituem cerca de 91%
de toda a utilização de geomembranas em barragens (ICOLD, 2010).

As geomembranas poliméricas, por sua vez, podem ainda ser classificadas em


termoplásticas ou termoendurecíveis, de acordo com a deformabilidade dos polímeros que as
constituem (Figura 2.1).

Figura 2.1 - Tipos de geomembranas.

Os polímeros termoplásticos caracterizam-se pelo fato de puderem ser repetidamente


aquecidos até ao seu ponto de fusão, possibilitando a sua moldagem. Este processo é reversível,
uma vez que depois de arrefecidos voltam à forma inicial. Estes não apresentam um ponto de

6
fusão específico, devido às diferenças no seu peso molecular, grau de cristalinidade e à
ramificação das suas cadeias moleculares, situando-se entre os 120ºC e os 140ºC (Malpass,
2010).

Os polímeros termoendurecíveis uma vez deformados depois de aquecidos adquirem uma


forma permanente não reversível. Estes têm ainda a particularidade de se degradarem quando
sujeitos novamente a altas temperaturas (Reis, 2016).

A Tabela 2.1 mostra os principais polímeros frequentemente utilizados no fabrico de


geomembranas.

Tabela 2.1 - Principais polímeros utilizados em geomembranas (adaptado de ICOLD, 2010).

Tipo Polímero Abreviatura

Polietileno* PE

Policloreto de Vinilo PVC

Termoplástico Polipropileno PP

Polietileno clorosulfonado** CSPE

Polietileno clorado CPE

Copolímero de etileno-propileno-monómero EPDM

Termoendurecível Borracha butílica IIR

Borracha nitrílica NBR

*Dependendo da densidade, o polietileno pode ser classificado como mais rígido (Polietileno de
alta densidade – PEAD) ou menos rígido (Polietileno linear de baixa densidade – PELBD).

**CSPE pode ser considerado como borracha termoplástica, um material de transição entre o
termoplástico e o termoendurecível com a particularidade de apresentar um comportamento termoplástico
inicialmente, mas com o passar do tempo se tornar termoendurecível.

Para além da sua deformabilidade, os polímeros podem ainda ser classificados quanto à
sua estrutura molecular como amorfos ou cristalinos.

Se as macromoléculas se distribuírem aleatoriamente, sem qualquer tipo de organização,


diz-se que a estrutura desse polímero é amorfa. Por outro lado, se as moléculas apresentarem

7
organização tridimensional, segundo uma “malha” bem definida, então o material apresenta
uma estrutura cristalina.

Materiais como o PE incluem zonas cristalinas e zonas amorfas, sendo designados por
semi-cristalinos. A proporção entre as zonas cristalinas (cristalitos) e as zonas amorfas confere
ao polímero o seu grau de cristalinidade que é tanto maior quanto maior for a quantidade de
zonas cristalinas relativamente às zonas amorfas (Reis, 2016). Segundo Greenwood et al.
(2012), a proporção de cristalitos afeta as propriedades físicas, mecânicas e a durabilidade dos
polímeros.

Também é possível classificar as geomembranas poliméricas quanto à incorporação ou


não de reforço (ICOLD, 2010):

• Geomembranas não reforçadas:


o Geomembranas homogéneas: constituídas exclusivamente pelos
materiais poliméricos e os respetivos aditivos;
o Geomembranas multicamada: formadas por série de camadas do
mesmo ou de diferentes materiais. Esta forma é utilizada para reduzir os
custos das geomembranas bem como melhorar algumas propriedades
(mecânicas, proteção aos UV). É importante a camada exterior ser
bastante resistente á radiação UV;
• Geomembranas reforçadas:
o Geomembranas com reforço no interior: reforças com fibras
sintéticas, como por exemplo fibras de vidro, de forma a melhorar as
propriedades mecânicas ou a estabilidade dimensional das
geomembranas, dependendo dos casos;
o Geomembranas com reforço acoplado: reforçadas exteriormente, por
exemplo através da aplicação de um geotêxtil sob a geomembrana, de
forma a evitar o aparecimento de tensões resultantes do seu processo de
fabrico e/ou aumentar a sua resistência mecânica.

A Figura 2.2 representa as várias configurações possíveis de geomembranas poliméricas


abordadas anteriormente.

8
Homogénea Multicamada Reforço no interior Reforço acoplado

Figura 2.2 - Configurações das geomembranas poliméricas na impermeabilização de barragens


(ICOLD, 2010).

Para além dos polímeros, as geomembranas incluem também na sua constituição aditivos
com as mais variadas finalidades. Estes são misturados com os polímeros, de forma a produzir
geomembranas poliméricas, através de um de três processos possíveis: extrusão, calandragem
ou espalhamento superficial.

Os aditivos, mais comuns, utilizados na produção de geomembranas, de acordo com a


ICOLD (2010) são:

• Plastificantes: utilizados no fabrico do PVC para conferir flexibilidade ao


material; A perda de plastificantes por extração, ou fundamentalmente, por
migração, conduz à degradação progressiva das geomembranas pela
radiação solar ou pela presença de água, dependendo da natureza dos
plastificantes;
• Cargas: aditivos sólidos, incorporados de forma a modificar as
propriedades físicas do polímero, especialmente as mecânicas. O dióxido
de titânio é um exemplo de carga utilizada em geomembranas de PVC;
• Absorvedores de radiação UV: utilizados para impedir o rápido
envelhecimento das geomembranas; um dos mais utilizados é o negro de
carbono, que é misturado com a resina em cerca de 2 a 3% no caso dos
polietilenos. Estes aditivos devem estar repartidos de forma homogénea ao
longo de toda a geomembrana, de forma a não alterar as suas
características de uns pontos para outros;
• Antioxidantes: utilizados para protegerem o material das altas
temperaturas durante o processo de fabrico (por extrusão) e das baixas
temperaturas que causam a degradação dos polímeros. A sua importância é
extrema, pois enquanto existirem antioxidantes na composição de um
polímero, não pode ocorrer o seu envelhecimento; desempenham um papel
muito importante nas geomembranas de PEAD;

9
• Outros: pigmentos, lubrificantes, retardadores de chama, estabilizadores
de chama, fungicidas, estabilizadores de temperatura, entre outros.

Na Tabela 2.2 é possível observar alguns exemplos da constituição de geomembranas.

Tabela 2.2 - Formulação de alguns tipos de geomembranas (Adaptado de Koerner & Hsuan, 2003).

Tipo Resina (%) Plastificante Cargas Negro de carbono Aditivos


(%) (%) (%) (%)

PEAD 95-98 0 0 2-3 0.25-1

PELBD 94-96 0 0 1-3 0.25-4

fPP 85-98 0 0-13 2-4 0.25-2

PVC 50-70 25-35 0-10 2-5 2-5

CSPE 40-60 0 40-50 5-10 5-15

EPDM 25-30 0 20-40 20-40 1-5

2.3 Propriedades das geomembranas


As propriedades são avaliadas com base em ensaios que podem ser de dois tipos: ensaios
índice ou ensaios de comportamento. Os ensaios índice são mais utlizados na identificação, pois
permitem avaliar se as características do material estão de acordo com as especificações
técnicas fornecidas pelo fabricante. Por outro lado, os ensaios de comportamento são
concebidos com o objetivo de determinar as propriedades funcionais do material, de forma a
obter parâmetros de projeto para efeitos de dimensionamento (Neves et al., 2015). No caso das
geomembranas, os ensaios índice mais utilizados são os relativos às propriedades físicas do
material, como a determinação da sua espessura, densidade, dureza e massa surfácica. Os
ensaios de comportamento devem ter em consideração três aspetos importantes: o
comportamento da geomembrana, das suas soldaduras e a sua durabilidade. Estes devem avaliar
a capacidade de impermeabilização da geomembrana quer durante a instalação quer durante o
seu tempo de serviço. Os ensaios às soldaduras devem avaliar a sua qualidade de execução
enquanto os ensaios de durabilidade devem estimar o comportamento da geomembrana face às

10
solicitações a que é exposta durante a sua vida útil (Colmanetti, 2006). No caso de aplicação de
geomembranas em barragens, os ensaios de comportamento mais utilizados são relativos a
propriedades hidráulicas do material como a permeabilidade; a propriedades mecânicas como a
resistência à tração, ao punçoamento, ao rasgamento e ao rebentamento, a resistência das
soldaduras e a resistência ao corte entre interfaces; a propriedades térmicas como a flexibilidade
a baixas temperaturas; e a propriedades de durabilidade como a resistência ao envelhecimento
devido ao clima, microbiológica, à oxidação, entre outras.

Existem normas de ensaio desenvolvidas por diferentes organismos internacionais de


normalização, entre os quais o International Organization for Standardization (ISO), o
European Committee of Standardization (CEN) e a American Society for Testing Materials
(ASTM), para a avaliação das propriedades das geomembranas. Em Portugal, sempre que
existentes, utilizam-se as normas europeias desenvolvidas pelo CEN.

De um modo geral, as propriedades das geomembranas podem ser divididas em físicas,


mecânicas, hidráulicas, químicas, térmicas e relativas à durabilidade. Na Tabela 2.3 apresentam-
se as principais propriedades das geomembranas que usualmente são tidas em conta na sua
aplicação em barragens, bem como as respetivas normas de ensaio mais utilizadas.

11
Tabela 2.3 - Propriedades das geomembranas e normas de ensaio (Adaptado de Neves et al, 2015).

Propriedade Norma de ensaio

Massa surfácica EN 1849-2


Físicas Espessura EN 1849-2
Massa volúmica ISO 1183
Dureza ISO 868

Resistência à tração ISO R 527/ EN 12311-2


Resistência ao punçoamento (estático) EN ISO 12236
Resistência ao punçoamento DIN 16726/ NF P 84-506/
(dinâmico) UNI 8202/12
Mecânicas Resistência ao rasgamento ISO 34-1
Resistência ao rebentamento EN 14151
Resistência ao corte EN ISO 12957
Resistência das soldaduras ASTM D 6392

Hidráulicas Permeabilidade à água EN 14150


Transmissão de vapor de água EN 12311-2

Químicas Composição química (análise Termogravimétrica) EN ISO 11358

Flexibilidade a baixas temperaturas EN 495-5


Térmicas Estabilidade dimensional ao calor EN 1107-2

Resistência ao envelhecimento devido ao clima EN 12224


Resistência à oxidação EN 14575
Relativas á Resistência microbiológica EN 12225
durabilidade
Resistência à penetração por raízes CEN TS14416 / EN 13948
Resistência à lixiviação (solubilidade na água) EN 14415
Extração de plastificantes ISO 6427

12
Nas próximas secções serão descritas, de forma geral as principais propriedades acima
indicadas (Tabela 2.3), de acordo com Colmanetti (2006).

2.3.1 Propriedades físicas


Massa surfácica

Esta propriedade é determinada com recurso à norma EN 1849-2. A massa surfácica ou


massa por unidade de área é expressa em g/m2 e consiste na determinação da massa de provetes
com área conhecida.

Segundo Lopes & Lopes (2010), importantes indicações sobre o custo das
geomembranas, bem como sobre a uniformidade dos produtos podem ser indicados, com base
nesta propriedade, quando utilizada na avaliação do controlo de qualidade durante o processo de
fabrico.

Espessura

A espessura de uma geomembrana consiste na distância, expressa em mm, entre as suas


superfícies inferior e superior. A espessura de uma geomembrana é medida em provetes
circulares de 100 cm2 de área com o auxílio de um micrómetro com precisão de 0,01 mm, fixo a
um suporte rígido. Os valores de espessura são retirados após 5 s quando a pressão atinge 20 ±
0,2 kPa, os quais permitem avaliar a compressibilidade do material. A determinação da
espessura de uma geomembrana é feita de acordo a norma EN 1849-2.

Massa volúmica

A densidade (ρ) de uma geomembrana é expressa em g/cm3 e consiste no quociente


entre a massa (m) do material, em gramas, e o volume (V) do mesmo, em cm3. A determinação
da massa volúmica é obtida de acordo com a norma ISO 1183.

Dureza

A dureza de uma geomembrana é avaliada pela sua capacidade em resistir à perfuração


de uma pequena sonda com forma e dimensões específicas. Esta propriedade deve ser avaliada
de acordo com a norma ISO 868, em provetes circulares de 100 cm2 de aérea com o auxílio de

13
um durômetro. A dureza é medida após 15 ± 1 s após a aplicação de pressão nos provetes em
seis pontos diferentes distanciados entre si menos de 6 mm.

2.3.2 Propriedades mecânicas


Resistência à tração

A resposta das geomembranas sujeitas a tração é, geralmente, caracterizada pela curva


que relaciona a tensão (em MPa), ou seja, a força por unidade de área (em kN/m2) com as
extensões/deformações (em percentagem/ em mm). Os ensaios de resistência à tração devem ser
realizados de acordo com a norma ISO R 527. Os provetes utilizados são normalmente em
forma de “halter”, indicando a norma outros tipos que também podem ser utilizados, como por
exemplo, retangulares. Os ensaios são realizados tanto na direção longitudinal (direção de
produção) com na direção transversal da geomembrana, utilizando-se um extensómetro para
medir as deformações obtidas nos provetes tracionados a 100 mm/min. Na Figura 2.3,
comparam-se as curvas tensão – deformação das geomembranas mais comuns.

Extensão (%)

Figura 2.3 - Curvas tensão - extensão de geomembranas (Adaptado de Carneiro, 2009).

Na Figura 2.3, observa-se que em resposta ao aumento de tensão, as geomembranas de


PEAD, sendo mais rígidas, apresentam um comportamento elastoplástico, com um ponto de
14
cedência bastante pronunciado (aproximadamente 15%), a partir do qual a tensão diminui
progressivamente para valores de extensão superiores a 500%, onde ocorre a rotura.

As geomembranas de PVC, são mais flexíveis, apresentam um comportamento


aproximadamente elástico linear, deformando-se gradualmente em resposta ao aumento de
tensão, atingindo a rotura aos 480% de extensão, aproximadamente.

De forma semelhante, as geomembranas de PELBD também apresentam uma


deformação gradual em resposta ao aumento de tensão, mas para valores mais baixos que no
caso do PVC. A sua rotura ocorre para uma extensão superior a 500%.

Resistência ao punçoamento estático – Método CBR

A resistência das geomembranas ao punçoamento estático é dada pela força necessária


para perfurar a geomembrana, a qual é apresentada como um indicador da capacidade do
material em suportar sobre ele um cilindro padrão. A resistência ao punçoamento estático por
parte de uma geomembrana é determinada, segundo a norma EN ISO 12236, a qual fornece
indicações para a avaliação da resistência da geomembrana à perfuração por parte de um
cilindro de diâmetro 50 ± 5 mm, como o observado na Figura 2.4. O ensaio é conduzido em 5
provetes circulares de diâmetro superior a 150 mm, sobre os quais é aplicada força (prensa de
200 kN) a uma velocidade de 50 ± 10 mm/min. Como resultado do ensaio resulta um gráfico
que relaciona a força aplicada (kN) com o deslocamento até à rotura da geomembrana.
Geomembranas de PVC apresentam, normalmente, valores de resistência ao punçoamento
estático compreendidos entre os 700 N e os 2000 N, para geomembranas não reforçadas, e entre
os 1500 N e os 5000 N, para geomembranas com geotêxtil acoplado.

Figura 2.4 - Ensaio de punçoamento estático (Adaptado de Colmanetti, 2006).

15
Resistência ao punçoamento dinâmico

A resistência das geomembranas ao punçoamento dinâmico pode ser determinada de


acordo com a norma alemã DIN 16726, de acordo com a norma francesa NF P 84-506 ou de
acordo com a norma italiana UNI 8202/12. De acordo com a norma italiana UNI 8202/12, a
resistência de uma geomembrana ao punçoamento dinâmico é obtida em 12 provetes circulares
de diâmetro 250 mm, os quais são apoiados num suporte rígido e sujeitos a dois golpes de
punçoamento (energia de impacto de 5 Nm), verificando-se a existência ou não de perfuração.
No caso de não se observar qualquer perfuração, os provetes são submetidos a um ensaio de
capacidade de retenção de água à pressão de 1 kPa, durante 24 horas. Se existir passagem de
água o ensaio é repetido para energias de impacto inferiores (3 e 2 Nm), classificando-se,
finalmente, o material de acordo com a maior energia de impacto suportada, sem ocorrência de
fugas.

Resistência ao rasgamento

A resistência das geomembranas ao rasgamento pode ser determinada por vários


métodos, dependendo o procedimento de ensaio utilizado e o tamanho do provete ensaiado da
natureza do material. Para geomembranas poliméricas, a resistência ao rasgamento pode ser
avaliada considerando o inicio do rasgamento ou a sua propagação. O método B da norma ISO
34-1 indica as condições de ensaio para a determinação da resistência inicial ao rasgamento em
provetes como o indicado na Figura 2.5. O ensaio deve ser realizado em 10 provetes (5
longitudinais e 5 transversais) a uma velocidade de 500 mm /min.

Figura 2.5 - Provete para determinação da resistência inicial ao rasgamento (Adapatdo de


Colmanetti, 2006).

16
Resistência ao rebentamento

A resistência das geomembranas ao rebentamento é avaliada segundo a norma EN 14151,


a qual exige a preparação de três provetes de ensaio de forma circular e diâmetro de 26 cm.
Cada provete é sujeito à aplicação gradual de pressão hidráulica até à rotura. As deformações a
um volume controlado de 3 ± 0,5 cm3/s, são medidas a cada 5 s. Os provetes são previamente
perfurados para serem fixados ao equipamento sendo colocados entre os flanges do cilindro
superior e o tanque metálico inferior. A haste metálica colocada sobre a geomembrana é dotada
de um marco para leitura do deslocamento vertical à medida que a água contida no tanque
inferior é pressionada contra a geomembrana, tal como observado na Figura 2.6. Como
resultado do ensaio obtém-se uma relação entre a deflexão no centro do provete (a cada 5 s, em
mm) e a pressão de injeção de água (em bar). O final do ensaio é caracterizado pela diminuição
da pressão de injeção de água, sendo este expresso pelos valores máximos de tensão e de
deformação, obtidos de acordo com cálculos a partir de medidas efetuadas e das considerações
geométricas observadas na Figura 2.7.

Figura 2.6- Equipamento para determinação da resistência ao rebentamento (Adaptado de


Colmanetti, 2006).

17
Figura 2.7 - Medidas e considerações geométricas (cm) (Adaptado de Colmanetti, 2006).

Resistência ao corte (entre interfaces)

As características de atrito de uma geomembrana podem ser avaliadas segundo dois


ensaios, de acordo com a norma EN ISO 12957: o ensaio de corte direto, segundo a norma EN
ISO 12957-1 ou o ensaio do plano inclinado, segundo a norma EN ISO 12957-2. O ensaio de
corte direto é o mais utilizado, no qual são colocados em contacto dois materiais diferentes num
equipamento que os sujeita a carga normal e a uma força de corte tangencial (T), como se pode
observar na Figura 2.8.

Figura 2.8 - Esquema do ensaio de resistência ao corte (Adaptado de Colmanetti, 2006).

Resistência das soldaduras

A resistência mecânica das soldaduras é avaliada com base em ensaios de corte e


arranque, tal como abordado na secção “Soldaduras” deste capítulo.

18
2.3.3 Propriedades hidráulicas
O principal propósito funcional das geomembranas é a impermeabilização, como tal, a
propriedade hidráulica mais importante a avaliar é a permeabilidade à água.

A permeabilidade à água de uma geomembrana é determinada de acordo com a norma


EN 14150, a qual indica a realização de um ensaio que consiste na medição do fluxo que passa
através da geomembrana mediante a aplicação de uma pressão hidráulica diferenciada entre as
duas faces da mesma. Durante o ensaio a pressão é mantida nos 100kPa, sendo ajustada a
montante e a jusante a 150 kPa e a 50 kPa, respetivamente. O fluxo que atravessa a
geomembrana é calculado a partir das variações de líquido medido em cada lado da
geomembrana.

2.3.4 Propriedades térmicas


Flexibilidade a baixas temperaturas

A flexibilidade das geomembranas a baixas temperaturas é determinada pela norma EN


495-5. O objetivo do ensaio consiste em avaliar a suscetibilidade do material às temperaturas a
que estará sujeito ao longo da sua vida útil. Para a sua realização são acondicionados 8 provetes
(4 longitudinais e 4 transversais) retangulares (50 mm de largura e 100 mm de comprimento) à
temperatura de 23 ± 2 ºC e humidade relativa 50 ± 5 %, durante 24 horas. Na Figura 2.9, é
possível observar o equipamento utilizado na determinação da flexibilidade das geomembranas
a baixas temperaturas. O equipamento e os provetes devem ser colocados durante 5 horas numa
câmara fria. Após esse período, os provetes são colocados sobre o cilindro central, como mostra
a Figura 2.9, dentro da própria câmara fria, durante 3 s. A primeira determinação é feita para
5ºC e, caso não ocorra rotura ou fissuração da geomembrana, a temperatura é reduzida para 0ºC
e assim sucessivamente em intervalos de redução de 5ºC até que se atinga a temperatura à qual a
geomembrana apresente rotura ou fissuração. O resultado do ensaio é dado pela temperatura
mínima à qual a geomembrana foi dobrada pelo cilindro sem apresentar rotura ou fissuração.
Geomembranas de PVC, tipicamente não apresentam “problemas” de flexibilidade até
temperaturas de -20ºC.

19
Figura 2.9 - Equipamento para determinação da flexibilidade a baixas temperaturas (Adaptado de
Colmanetti, 2006).

Estabilidade dimensional ao calor

A estabilidade dimensional ao calor por parte das geomembranas é avaliada de acordo


com a norma EN 1107-2, através da realização de um ensaio que consiste na medição das
dimensões longitudinais e transversais de três provetes quadrados com 250 mm de lado, antes e
após o seu acondicionamento à temperatura de 80 ± 2 ºC. Os provetes são previamente
mantidos, no mínimo durante 20 horas a uma atmosfera padrão de temperatura 23 ± 2 ºC e
humidade relativa de 50 ± 5 %. Depois são acondicionados em estufa com ventilação durante 6
horas (± 15 min). As leituras das dimensões iniciais e finais são efetuadas com precisão de 0,1
mm. As dimensões finais são obtidas após o acondicionamento em estufa e o
recondicionamento na atmosfera padrão durante 60 min. Os resultados são dados pela variação
das dimensões longitudinais e transversais, podendo ser positivos ou negativos e expressando a
percentagem em relação às dimensões iniciais.

2.3.5 Propriedades relativas à durabilidade


Conforme se pode observar na Tabela 2.3, as principais propriedades relativas à
durabilidade são a resistência ao envelhecimento devido ao clima, à oxidação, microbiológica, à
penetração por raízes e à lixiviação e a extração de plastificantes, no caso de geomembranas de
PVC.

No caso da aplicação de geomembranas em barragens, a extração de plastificantes


(aditivos para aumentar a flexibilidade da geomembrana) assume-se como a propriedade mais

20
importante das mencionadas anteriormente, uma vez que as geomembranas de PVC são bastante
utilizadas na impermeabilização deste tipo de estruturas.

Importa referir que, ao longo deste trabalho se utiliza o termo PVC, o qual inclui, por
uma questão de simplicidade, o PVC-P (plastificado).

O comportamento a longo prazo de uma geomembrana de PVC é bastante influenciado


pela perda de plastificantes causada pela exposição a temperaturas elevadas e às radiações UV.
A perda de plastificantes traduz-se, por um lado, pelo aumento da rigidez e da resistência à
tração da geomembrana, e por outro lado, pela diminuição da sua extensão na rotura à tração, o
que compromete a adaptabilidade do material ao corpo da estrutura, agravando os riscos de
danos na geomembrana causados pelo punçoamento, rasgamento ou deslocamentos da própria
estrutura. Dessa forma, é bastante importante determinar o teor de plastificantes de uma
geomembrana de forma a prever a sua durabilidade. O teor de plastificantes pode ser
determinado por diferentes métodos, sendo o mais utilizado o método da extração, no qual, de
acordo com a norma ISO 6427, a geomembrana é colocada em contacto com um solvente
adequado que não dissolva o polímero base. Para a extração de plastificantes é utilizado um
extrator Soxhlet, como o observado na Figura 2.10.

Figura 2.10 - Extrator Soxhlet (Adaptado de Colmanetti, 2006).

O recipiente de armazenamento dos provetes é colocado, previamente, em estufa


durante 1 hora à temperatura de 60ºC. De seguida, o conjunto é arrefecido à temperatura
ambiente e pesado. Aproximadamente 3g de geomembrana são colocados no extrator,

21
juntamente com o solvente éter etílico, iniciando a extração que dura aproximadamente 8 horas.
São realizadas três determinações do teor de plastificante da geomembrana.

2.4 Localização das geomembranas no corpo de uma


barragem
As geomembranas podem ser usadas em barragens de aterro, de betão e de betão
compactado com cilindros (BCC). No Anexo A2, descrevem-se sumariamente os tipos de
barragens abordados. Podem ser usadas tanto em novas barragens, como na reabilitação de
barragens existentes, em diversas localizações no corpo das estruturas.

Em barragens de aterro podem localizar-se no paramento de montante, de forma exposta


ou coberta, bem como internamente no corpo da barragem.

Nas barragens de betão, são usadas apenas na reabilitação, localizando-se no paramento


de montante, de forma exposta.

Em barragens de BCC, localizam-se sempre no paramento de montante, expostas ou


cobertas, em novas barragens, e integrando os waterstops, na reabilitação.

Na Tabela 2.4 apresentam-se, de forma resumida, as diferentes localizações que as


geomembranas podem assumir no corpo de uma barragem consoante o tipo de estrutura e tipo
de intervenção.

22
Tabela 2.4 - Localização das geomembranas no corpo de uma barragem.

Tipo de intervenção

Tipo de barragem Novas barragens Reabilitação

No paramento de No paramento de montante:


montante:
• Expostas
• Expostas
• Cobertas

Barragem de Aterro • Cobertas


(reparação total ou parcial)
Internas:
(substituição ou sobreposição)
• Inclinadas

• Verticais

• Quasi-verticais
(zig zag)

Barragem de Betão No paramento de montante:

• Expostas

No paramento de No paramento de montante:


montante:
Barragem de BCC • Waterstops (para
• Expostas reparação de fissuras)

• Cobertas

2.5 Geomembranas na construção de novas barragens

2.5.1 Geomembranas no paramento de montante

2.5.1.1 Geomembranas cobertas

A utilização de cobertura para as geomembranas, apesar de dificultar o acesso às mesmas,


no caso de ser necessária reparação ou substituição, confere ao material maior proteção às
solicitações que lhe vão sendo impostas durante o seu tempo de serviço, prolongando a sua vida
útil. Segundo Cazzuffi et al. (2010) existem diversas razões que justificam a utilização de
proteção para as geomembranas:
23
• Proteção contra danos mecânicos causados pelo gelo, pela queda de pedras, por
animais, por vandalismo, tráfego, etc.;
• Proteção contra danos causados pelos agentes climáticos (calor, radiação UV,
oxigénio) que causam o envelhecimento e degradação da geomembrana;
• Prevenir deslocamentos causados pela ação do vento, da gravidade e das ondas.

A cobertura de geomembranas, pode ser realizada por vários materiais (ICOLD, 2010):

• Blocos de betão pré-fabricados: travados entre si ou articulados. A sua


utilização em estruturas hidráulicas e estradas é elevada, no entanto apresenta
demasiados movimentos relativos e consequentemente leva ao destacamento, o
que levou à diminuição da sua utilização;
• Lajes de betão: pré-fabricadas ou executadas “in situ”. A sua utilização
apresenta problemas de durabilidade e rigidez, devendo-se usar betão simples ou
reforçado com fibras de polipropileno, com juntas que permitam tornar mais
flexível a solução e minimizar a fissuração. Tipo de cobertura que pode ser mais
leve ou mais pesada;
• Betão projetado: camada de cobertura leve, flexível e contínua de betão
projetado de 40 a 80 mm de espessura, podendo ser reforçada com um geotêxtil,
uma geogrelhas ou fibras de aço;
• Geocélulas ou geocolchões: soluções leves com incorporação de betão ou
argamassa;
• Enrocamento ou riprap: cobertura pesada com boa deformabilidade. Exige a
utilização de um geotêxtil como camada de transição. Esta não deve ser utilizada
em face muito inclinadas devido a problemas de estabilidade;
• Camada betuminosa: camada de granulometria extensa com agregados de
espessura suficiente para resistir às solicitações da cobertura. Deve ter-se a sua
compatibilidade com o sistema, avaliando a necessidade de uma camada de
separação.

Em barragens de aterro, a colocação de geomembranas de forma coberta assume


predominância, representando, segundo a ICOLD (2010), cerca de 70% das aplicações. Existe
ainda a possibilidade de instalar geomembranas total ou parcialmente cobertas, como é possível
observar nas Figuras 2.11 e 2.12, respetivamente.

24
1 – Geomembrana
2 – Cobertura total
3 – Camada de drenagem
4 – Plinto e cortina de injeções

Figura 2.11 - Geomembrana totalmente coberta (Adaptado de ICOLD, 2010).

1 – Geomembrana
2 – Cobertura parcial
3 – Camada de drenagem
4 – Galeria de drenagem e
cortina de injeções

Figura 2.12 - Geomembrana parcialmente coberta (Adaptado de ICOLD, 2010).

Em barragens de BCC, as geomembranas colocadas de forma coberta são unidas a


painéis de betão pré-fabricados, que servirão de cofragem permanente na construção da
barragem. Os painéis têm a face de betão voltada para a água e a face onde as geomembranas
foram unidas voltadas para os “degraus” de BCC. As geomembranas ficam assim instaladas
entre os painéis de betão e o corpo da barragem. A ancoragem dos painéis de betão ao corpo da
estrutura é realizada com recurso a barras de ancoragem colocadas entre os “degraus” de BCC.
O fato de as geomembranas permanecerem completamente embebidas no betão, protege-as
permanentemente contra degradações mecânicas, químicas, ambientais, entre outras. Contudo,
deve existir um elevado controlo de qualidade na garantia de que as geomembranas não são
danificadas durante as operações de colocação do BCC (Cazzuffi et al., 2010). Na Figura 2.13
observa-se um exemplo de um sistema coberto aplicado numa barragem de BCC.

25
1 – Painel pré-fabricado de partida
2 – Geomembrana
3 – Painéis de betão pré-fabricados
4 – Geocompósito
5–Tiras soldadas de geomembrana
6 – Barras de ancoragem
7 – BCC
8 – Tubo de ventilação
9 – Selagem periférica

Figura 2.13 - Exemplo de geomembrana coberta numa barragem de BCC (Adaptado de ICOLD,
2010).

2.5.1.2 Geomembranas expostas

As geomembranas utilizadas de forma exposta estão, durante a sua vida útil, bastante
mais vulneráveis às solicitações que lhe vão sendo impostas, como por exemplo, a degradação
pelos raios UV, do que as geomembranas utilizadas de forma coberta, o que pode reduzir
bastante o seu tempo de vida útil. No entanto, o acesso à geomembrana é mais fácil, no caso de
a reparação ou substituição ser necessária.

Este tipo de solução, tal como referido anteriormente, pode ser utilizado no paramento de
montante de barragens de aterro (Figura 2.14) e de barragens de BCC (Figura 2.15).

1 – Geomembrana
2 – Camada drenante
3 – Galeria de drenagem e
de injeções

Figura 2.14- Geomembrana exposta numa barragem de aterro (Adaptado de ICOLD, 2010).

26
1 – Selagem periférica
2 – Tubo de ventilação
3 – Geomembrana
4 – BCC
5 – Espaço de ar para drenagem
6 – Recolha da drenagem

Figura 2.15 - Geomembrana exposta numa barragem de BCC (Adaptado de ICOLD, 2010).

2.5.2 Geomembranas colocadas internamente no corpo da barragem


Em barragens de aterro, como referido anteriormente, as geomembranas podem ser
colocadas internamente no corpo da estrutura, podendo assumir vários tipos de configurações:
inclinadas (Figura 2.16), verticais (Figura 2.17) ou quasi – verticais, em forma de zig zag, de
maiores dimensões (Figura 2.18) e menores dimensões (Figura 2.19).

1 – Geomembrana
2 – Dreno chaminé
3 –Cortina de injeções

Figura 2.16 - Geomembrana interna inclinada (Adaptado de ICOLD, 2010).

27
1 – Geomembrana
2 – Dreno vertical
3 –Cortina de injeções

Figura 2.17 - Geomembrana interna vertical (Adaptado de ICOLD, 2010).

1 – Geomembrana
2 – Dreno
3 –Cortina de injeções

Figura 2.18 - Geomembrana interna quasi-vertical de maiores dimensões (Adaptado de ICOLD,


2010).

1 – Geomembrana
2 – Dreno
3 –Cortina de injeções

Figura 2.19 - Geomembrana interna quasi - vertical com zig zag de menores dimensões (Adaptado
de ICOLD, 2010).

28
2.5.3 Vantagens e inconvenientes das diferentes localizações
Existem vantagens, tanto na colocação das geomembranas no paramento de montante
como na sua colocação de forma interna. Estas são abordadas na Tabela 2.5.

Tabela 2.5 – Vantagens na aplicação de geomembranas no paramento de montante e de


geomembranas internas (Adaptado de ICOLD, 2010).

Geomembranas no paramento de montante Geomembranas internas

A componente vertical da resultante da pressão As geomembranas podem ser associadas a uma


da água e o peso total da barragem contribuem camada de solo de baixa permeabilidade (argila),
para a estabilidade da estrutura; formando um revestimento composto que reduz a
infiltração no caso de defeitos na geomembrana;

O risco de deslizamento é maior se a As geomembranas encontram-se bem protegidas


geomembrana for instalada de forma vertical contra as ações mecânicas externas, a degradação
ou quasi - vertical; por exposição aos agentes climáticos, aos
microorganismos, etc. Isto, assumindo que a
colocação dos materiais adjacentes foi executada
com cuidado, sem danificar a geomembrana;

A construção de uma barragem com uma O levantamento das geomembranas pela ação do
geomembrana vertical ou quasi-vertical é mais vento é, obviamente, prevenido;
difícil que a construção de uma barragem com
uma geomembrana na face de montante;

Os tempos de construção, uma vez que a A quantidade de geomembrana colocada é menor,


instalação da geomembrana é apenas nos casos das configurações inclinadas e verticais;
ligeiramente influenciada pelas condições
climatéricas, podem ser mais reduzidos;

Sendo um sistema superficial, a sua eventual As ancoragens são dispensadas, pois as


reparação ou substituição é mais prática que a geomembranas são mantidas sempre no lugar;
de um sistema interno.

A configuração em forma de zig zag é muito


pouco sensível a assentamentos.

29
2.6 Geomembranas na reabilitação de barragens
As ações de reabilitação em barragens, com recurso a geomembranas constituem,
segundo a ICOLD (2010), cerca de 40% das intervenções em barragens. Estas procedem-se em
todos os tipos de barragens, podendo, de acordo com a Tabela 2.4, passar pela colocação de
geomembranas em estruturas inicialmente construídas sem recurso a este tipo de material, como
é o caso das barragens de betão, ou pela reparação das soluções inicialmente utilizadas.

Em barragens de aterro, as geomembranas têm sido muito utilizadas na reabilitação de


barragens de enrocamento com cortina de betão ou betão betuminoso a montante. As
intervenções podem passar pela aplicação de um sistema em determinadas zonas da barragem
ou pela sua reparação. Quando a intervenção consiste na aplicação de uma geomembrana, esta
pode ser aplicada em todo o paramento de montante ou apenas nos locais mais degradados, no
revestimento da barragem ou ainda na fundação como cortina impermeabilizante. Por outro
lado, se a intervenção passa pela reparação da própria geomembrana, a solução pode passar pela
colocação de uma nova barreira sobre a existente (necessidade de uma camada com grande
capacidade de drenagem- georrede) ou pela sua total substituição (Figueira, 2014). Na Figura
2.20, observa-se um exemplo de um sistema de impermeabilização utilizado na reabilitação de
uma barragem de enrocamento com cortina de betão a montante.

Cobertura:
C2 – Betão
C1 – Geotêxtil
SIGM:
G – Geomembrana
S2 – Geotêxtil
S1 – Georrede
D2 – Cortina de betão existente
D1 - Enrocamento

Figura 2.20 - Geomembrana na reabilitação de uma barragem de enrocamento com cortina de


betão a montante (Adaptado de ICOLD, 2010).

30
Em barragens de betão, as intervenções de reabilitação, com recurso a sistemas de
impermeabilização, assumem extrema importância, por se tratarem das principais intervenções,
e únicas referidas neste trabalho, realizadas neste tipo de estruturas. Estas, como mostra a
Tabela 2.4, consistem na colocação de geomembranas, deixadas expostas, em todo o paramento
de montante, de forma a devolver a impermeabilidade perdida ao longo do tempo. A aplicação
das geomembranas, pressupõe a execução de hidrodecapagem para remoção de todo o material
degradado. Na Figura 2.21, observa-se um exemplo da constituição de um sistema exposto
utilizado para reabilitação de barragens de betão.

1 – Betão saturado
2 – Betão não saturado
3 – Geocompósito
4 – Espaço de ar para a drenagem
5 – Selagem periférica
6 –Selagem periférica impermeável
7 – Abertura para ventilação

Figura 2.21 - Exemplo de uma geomembrana exposta para reabilitação de barragens (Adaptado de
ICOLD, 2010).

Em barragens de BCC, o recurso a sistemas de impermeabilização com geomembranas,


em ações de reabilitação passa, essencialmente, pela reparação de fissuras utilizando sistemas
waterstop, de acordo com a Tabela 2.4. Estas intervenções consistem na colocação de faixas de
geomembrana sobre as fissuras. As faixas, de forma a impedir que entrem na fissura, são
suportadas por uma estrutura, composta por diferentes camadas, de acordo com a pressão da
água e com as solicitações previstas. A Figura 2.22, mostra a constituição de um waterstop.

31
Geomembrana
Selo periférico
impermeável

Camada de drenagem
Camada de suporte Camada anti-punçoamento

Figura 2.22 - Sistema waterstop (Adaptado de Cazzuffi et al., 2010).

Devido ao fato da construção de barragens em BCC ser relativamente recente, a


experiência na reabilitação deste tipo de estruturas é ainda bastante reduzida, datando a primeira
intervenção do género apenas do ano 2000 (ICOLD, 2010).

2.7 Ancoragens
Conforme abordado anteriormente, as geomembranas são utilizadas no paramento de
montante de uma barragem, de forma a impermeabilizá-lo. Para tal, existe a necessidade de
garantir que estas se mantêm no sítio correto, impedindo o seu deslocamento devido à ação do
vento, das ondas ou da gravidade, especialmente no caso de utilização de forma exposta. Dessa
forma, são utilizados sistemas de ancoragem de modo a fixá-las ao paramento, bem como
selantes para garantir, como o próprio nome indica, a selagem das ligações e juntas. Os sistemas
de ancoragem podem variar consoante o tipo de barragem, conforme abordado de seguida.

Em barragens de aterro, de todas as ações, anteriormente enumeradas, a ação do vento


sobre a geomembrana (elevação da geomembrana) é aquela que envolve maior risco. De acordo
com Giroud et al. (1995), a tensão gerada pelo vento nas geomembranas é proporcional ao
quadrado da velocidade do vento e à distância entre as ancoragens, por isso, se a velocidade do
vento e a altura da barragem estiverem limitados é possível realizar ancoragens apenas na
periferia ao longo da face de montante. Se as condições anteriores não se verificarem, como é
prática mais comum, é necessário projetar sistemas de ancoragens ao longo de toda a face de
montante, podendo estes, de acordo com a ICOLD (2010), ser:

32
• Mecânicos:
o Rede de pontos ao longo da superfície, com um espaçamento dependente
das solicitações (normalmente muito pequeno e menor na parte superior
que na parte inferior, devido à intensidade da ação do vento). As
ancoragens de aço em pontos específicos têm que ser fixadas na camada
de suporte, o que implica uma camada de suporte com resistência
suficiente para suportar a forças das ancoragens;

o Linhas paralelas com o coroamento (recomendado). As ancoragens em


linha podem ser feitas com o embutimento da geomembrana no corpo da
barragem, sendo posteriormente soldadas (Figura 2.23). Existem outras
opções de ancoragens em linha feitas de geomembrana presas a faixas de
aço inoxidável em valas verticais, posteriormente soldadas com o sistema
final.

• Por colagem: em reabilitação de barragens de aterro com cortina de betão a


montante é possível colar a geomembrana à face de betão através de resina
epoxídica. A colagem em toda a superfície não é recomendada por motivos de
drenagem. Este tipo de ancoragem não é comum nem recomendada devido à sua
questionável durabilidade e ao difícil controlo de qualidade.

Figura 2.23 - Ancoragem superficial em linha (Adaptado de ICOLD, 2010).

33
Em barragens de betão, a ancoragem utilizada é sempre mecânica, realizada através de
um sistema de tensão, constituída por dois perfis verticais de aço inoxidável: um primeiro,
interno, em forma de U, fixado na face de montante da barragem, e um segundo, externo, em
forma de ómega, instalado sobre a geomembrana. A geometria dos dois perfis é tal que, quando
estes estão corretamente ligados, exercem na geomembrana uma pré-tensão que a segura contra
o paramento de montante, de forma tensionada, impedindo assim a formação de dobras ou
folgas. A tensão pré exercida contribui muito para a segurança e durabilidade dos sistemas, uma
vez que, ao impedir a formação de dobras ou folgas se impede a formação de locais onde
ocorreriam mais facilmente concentração de tensões que, posteriormente, levariam ao seu mais
rápido envelhecimento. O espaçamento entre os perfis verticais é ditado pelas condições de
carga e a largura dos rolos das geomembranas (espaçamento típico é de 1,80 m, 3,7 m ou 5,7
m). Para além da ancoragem, os perfis verticais, criam canais que contribuem para o aumento da
capacidade de drenagem do sistema. Na Figura 2.24, observa-se o sistema de ancoragem
utilizado na reabilitação de barragens de betão.

1 – Geomembrana
2 – Perfil de tensão em Ω
3 – Conector de perfis
4 – Perfil de tensão em U
5 – Georrede (drenagem)
6 – Parafuso de ancoragem

Figura 2.24 - Ancoragem mecânica usada em reabilitação de barragens de betão (Adaptado de


ICOLD, 2010).

A ancoragem apenas fica completa com a aplicação de selos periféricos que impedem a
infiltração de água por trás das geomembranas. Estes são realizados por compressão das
geomembranas sobre o betão através de tiras em aço inoxidável com uniões apropriadas. Os
selos foram concebidos para serem estanques contra a pressão da água, pelo que podem ser
aplicados de forma submersível, como se pode observar na Figura 2.25.

34
1 –Camada de regularização
2 – Georrede (drenagem)
3 – Geomembrana
4 – Parafuso de ancoragem
5 – Juntas de borracha
6 – Tira de aço inoxidável

Figura 2.25 - Selo periférico aplicado de forma submersível (Adaptado de ICOLD, 2010).

Em barragens de BCC, a fixação é feita, tal como em barragens de betão, através de um


sistema de ancoragem mecânico, completado pela selagem periférica. Contudo, em barragens de
BCC, o sistema de tensão pode ser aplicado de duas formas possíveis: o perfil em U pode ser
embebido no betão durante a construção da barragem ou pode ser instalado após a sua
construção. Ambas são equivalentes tecnicamente, sendo a opção externa menos exigente em
termos de controlo de qualidade durante os trabalhos de aplicação do betão.

2.8 Soldaduras
As soldaduras assumem-se como um dos aspetos de instalação mais importantes, uma vez
que a sua qualidade de execução determina em grande parte a qualidade de um sistema de
impermeabilização. Uma execução deficiente das soldaduras pode originar a perda de
estanquidade e integridade de um sistema dado que estas constituem zonas vulneráveis durante
a sua execução, o que as torna em pontos privilegiados para a ocorrência de fugas.

As soldaduras consistem no processo de união entre painéis de geomembranas. Estas


pressupõem a sobreposição entre os painéis numa largura que depende do método de soldadura
utilizado, bem como do tipo de geomembrana. Por exemplo, para geomembranas de PVC, a
sobreposição deve ser feita numa largura de 0,1 a 0,3 m.

Existem vários métodos de soldadura, sendo que nem todos são aplicáveis a todas as
geomembranas. A Tabela 2.6 apresenta os métodos existentes e a sua aplicabilidade para
diferentes geomembranas.

35
Tabela 2.6 – Aplicabilidade dos métodos de soldadura para diferentes geomembranas (ICOLD,
2010).

Método de Geomembrana

soldadura PVC PELBD PEAD PP CSPE

Termofusão a. a. a. a. a.

Extrusão n.a. a. a. a. n.a.

Colagem a. n.a. n.a. n.a. a.

Química a. n.a. n.a. n.a. a.

[a. – aplicável] [n.a. – não aplicável]

A soldadura por termofusão consiste na união das geomembranas superior e inferior por
aquecimento, através de uma cunha metálica quente ou por insuflação de ar quente, com o
auxílio de uma pressão mecânica de rolos compressores sobre as geomembranas aquecidas. As
soldaduras podem ser simples ou duplas, consoante se tenham um ou dois rolos compressores
ou uma ou duas cunhas quentes. As duplas têm a vantagem de permitir a realização de ensaios
para verificação da sua continuidade (estanquidade), através da injeção de ar sob pressão no
canal existente entre as duas zonas de soldadura.

A soldadura por extrusão consiste na deposição de material, obtido através da extrusão


de um cordão de mesmo polímero da geomembrana, a temperatura elevada, na borda do painel
da geomembrana superior. Esta técnica não é aplicável a geomembranas de PVC.

A soldadura por colagem consiste na união dos painéis mediante a incorporação de um


adesivo na zona de sobreposição dos mesmos.

A soldadura química consiste na união dos painéis mediante “ataque” químico das
superfícies, provocado por um solvente volátil que leva à fusão das geomembranas superior e
inferior, com o auxílio de uma pressão mecânica de um rolo. Estas soldaduras implicam que a
camada subjacente esteja perfeitamente plana, só podendo realizar-se se a humidade ambiente
for inferior a 70% e a temperatura da geomembrana superior a 15ºC.

36
Nas Figuras 2.26 e 2.27, observam-se as técnicas de soldadura mais comuns: por
termofusão e por extrusão, respetivamente.

Figura 2.26 - Soldadura por termofusão (Adaptado de Barroso & Lopes, 2008).

Figura 2.27 - Soldadura por extrusão (Adaptado de Barroso & Lopes, 2008).

A qualidade de execução das soldaduras deve sempre ser verificada em termos de


continuidade/estanqueidade e de resistência mecânica.

2.8.1 Continuidade/estanquidade das soldaduras


A verificação da continuidade é realizada através de ensaios de campo, dependendo do
tipo de soldadura e de geomembrana. Na Tabela 2.7, observam-se os tipos de ensaios de
continuidade a realizar para geomembranas de PVC e PEAD, bem como as respetivas normas a
seguir.

37
Tabela 2.7 - Ensaios de continuidade de soldaduras e respetivas normas para geomembranas de
PVC e PEAD.

Geomembrana
Tipo de soldadura Ensaio
PVC PEAD
Vácuo
Simples - ASTM D 5641
“vacuum chambers”
Termofusão
Pressão de ar
Dupla ASTM D 7177 ASTM D 5820
“air test channel”
Fio de cobre
Extrusão - ASTM D 6365
“spark test”
Jato de ar
Colagem; Química ASTM D 4437 -
“air lance test”

O ensaio de pressão de ar é o mais utilizado e, por isso, o único detalhado neste


trabalho. Este é o ensaio de continuidade efetuado em soldaduras duplas por termofusão para
todos os tipos de geomembranas.

A realização do ensaio consiste na pressurização do canal central da soldadura, após


selagem das duas extremidades da junta, mediante a injeção de ar a uma determinada pressão. A
pressão aplicada depende da espessura da geomembrana. O objetivo do ensaio é verificar se o
valor da pressão permanece estável, durante um determinado intervalo de tempo, ou se, pelo
contrário diminui, evidenciando a existência de uma fuga. A Figura 2.28 representa o ensaio.

Figura 2.28 - Ensaio de continuidade de pressão de ar (Adaptado de Barroso & Lopes, 2008).

38
2.8.2 Resistência mecânica das soldaduras
A resistência mecânica das soldaduras é avaliada através de ensaios de campo ou em
laboratório de resistência ao arranque (peel test) e ao corte (shear test). O ensaio de arranque
permite avaliar a qualidade da ligação (Peggs & Little, 1985), enquanto o ensaio de corte
permite avaliar de que forma o processo de soldadura afeta a resistência da geomembrana
adjacente à zona soldada (Peggs, 1990). O princípio dos ensaios consiste na tração, a uma
velocidade preconizada, de cada amostra de geomembrana, conforme exemplificado na Figura
2.29, respetivamente para o ensaio de arranque e corte.

Figura 2.29 - Ensaios de resistência mecânica ao arranque e ao corte (adaptado de Barroso &
Lopes, 2008).

Os ensaios de resistência mecânica das soldaduras devem realizar-se segundo normas


específicas consoante o método de soldadura utilizado seja de natureza química ou térmica. Para
soldaduras de natureza química, os ensaios de resistência devem ser realizados de acordo como
a norma ASTM D 6214, enquanto para as de natureza térmica a norma a utilizar deve ser a
ASTM D 6392.

No caso de soldaduras em geomembranas de PVC com espessuras compreendidas entre


os 0,25 e os 1,52 mm, a norma ASTM D 7408 poderá ser também utilizada, independentemente
de a natureza das soldaduras ser térmica, química ou realizada por colagem. Contudo o
procedimento de ensaio para soldaduras de origem térmica não difere do utilizado na norma
anteriormente menciona (ASTM D 6392).

A avaliação da resistência mecânica das soldaduras será objeto de estudo neste trabalho,
nomeadamente, através da realização de um trabalho experimental, apresentado no capítulo 4

39
deste trabalho que estuda o impacto da temperatura na força de arranque de soldaduras por
termofusão (ar quente) em geomembranas de PVC.

2.9 Geomembranas mais usadas em barragens


Existe uma grande variedade de geomembranas utilizadas na impermeabilização de
barragens. A Figura 2.30, mostra os tipos de geomembranas utilizados e qual a sua expressão
em termos de quantidade.

Figura 2.30 - Geomembranas em barragens (Adaptado de ICOLD, 2010).

Verifica-se que as geomembranas mais utilizadas em barragens são as de PVC,


constituindo cerca de 60% da totalidade das aplicações.

A utilização de outros tipos de geomembranas em barragens para além das poliméricas,


como é o caso das geomembranas betuminosas tem vindo a diminuir com o desenvolvimento na
área dos geossintéticos e a experiência adquirida neste tipo de estruturas, representando,
atualmente, apenas uma pequena percentagem do total utilizado (Figura 2.30).

O tipo de geomembrana utilizado é também influenciado pelo tipo de barragem, tal como
ilustrado nas Figuras 2.31, 2.32 e 2.33, para barragens de aterro, de betão ou de BCC,
respetivamente. No entanto, as geomembranas de PVC são sempre as mais utilizadas.

40
Figura 2.31- Geomembranas em barragens de aterro (Adaptado de ICOLD, 2010).

Figura 2.32 - Geomembranas em barragens de betão (Adaptado de ICOLD, 2010).

Figura 2.33 - Geomembranas em barragens de BCC (Adaptado de ICOLD, 2010).

41
A maior utilização de geomembranas de PVC em barragens, de acordo com Cazzuffi et
al. (2010), prende-se com a elevada flexibilidade deste material. A elevada flexibilidade confere
ao material uma maior adaptabilidade ao corpo da estrutura, diminuindo os riscos de danos
causados na geomembrana tais como rasgos ou perfurações. Segundo Neves et al., (2015),
contribuem também para a elevada utilização do PVC, a elevada extensão na rotura, suportando
bem as ações de punçoamento, e os deslocamentos que possam ocorrer nas barragens. Outro
aspeto importante reside na maior trabalhabilidade oferecida pelas geomembranas de PVC em
comparação com outros materiais como o PE ou o PP, o que proporciona maior facilidade na
execução das soldaduras, as quais são consideradas como um dos aspetos de instalação mais
importantes na impermeabilização de barragens com recurso a geomembranas. O custo mais
reduzido deste tipo de geomembranas é também umas das razões para a sua elevada utilização.

De um modo global, as geomembranas de PVC são das mais utilizadas como barreira em
barragens. Contudo, outros tipo de geomembranas podem ser usadas, tais como as de PEAD,
muito estudadas devido à sua elevada utilização em aterros sanitários, onde são sujeitas a
condições bastante exigentes. Na Tabela 2.8 apresenta-se as vantagens e inconvenientes
associados a estes dois tipos de geomembranas.

Tabela 2.8 - Vantagens e desvantagens dos principais tipos de geomembranas (Adaptado de


Vertematti, J. C., 2004).

Tipo de geomembrana Vantagens Desvantagens

Boa trabalhabilidade Baixa resistência aos raios


(flexível); UV e intempéries;

Facilidade de soldadura; Fraco desempenho a


PVC
temperaturas altas e baixas;
Bom atrito mesmo com
(policloreto de vinilo)
superfície lisa; Baixa resistência química

Boa resistência mecânica

Boa resistência contra Baixo atrito com superfície


agentes químicos; lisa;
PEAD
Boa resistência mecânica; Difícil adaptabilidade;
(Polietileno de alta
densidade) Bom desempenho a baixas Baixa resistência ao
temperaturas punçoamento;

Stress cracking

42
2.10 Considerações finais
Neste capítulo apresentaram-se os vários tipos de geomembranas, de acordo com a
matéria prima utilizada no seu fabrico, com destaque para as poliméricas sobre as quais se
apresentam os diferentes tipos de polímeros utilizados na sua produção, bem como alguns
aditivos que podem ser utilizados.

Apresentaram-se, neste capítulo, as principais propriedades que normalmente são tidas


em conta na aplicação de geomembranas em barragens.

As diferentes localizações que as geomembranas podem assumir no corpo de uma


barragem, bem como a sua utilização quer na construção de novas barragens, quer em ações de
reabilitação de estruturas existentes foram igualmente abordados neste capítulo.

Aspetos bastante importantes para o bom desempenho das geomembranas instaladas em


barragens foram apresentados, nomeadamente as ancoragens e as soldaduras.

As geomembranas de PVC são, em larga maioria, as mais utilizadas como barreira em


barragens. A sua elevada flexibilidade permite-lhe apresentar uma maior adaptabilidade ao
corpo da estrutura e assim diminuir o risco de danos causados por ações de punçoamento ou
deslocamentos da própria estrutura.

43
3
3. Principais desenvolvimentos sobre a
aplicação de geomembranas em barragens

3.1 Introdução
As geomembranas são utilizadas em barragens desde a década de 60. A aplicação de
geomembranas em barragens trouxe novos desafios à engenharia, tendo sido realizados vários
estudos com o objetivo de identificar os principais aspetos que podem influenciar o desempenho
das geomembranas neste tipo de obras.

Zornberg e Weber (2003) sublinharam a necessidade de investigação no domínio das


barragens, identificando como principais tópicos a estudar os seguintes: durabilidade, fugas,
dimensionamento, requisitos em termos de instalação, adequada seleção do material, controlo
de qualidade de construção e garantia de qualidade de construção (CQC/CQA).

Neste capítulo, apresentam-se os principais avanços alcançados nos principais tópicos,


identificados por Zorneberg & Weber (2003), para a aplicação de geomembranas em barragens,
nomeadamente: a durabilidade, as fugas e os requisitos de instalação, com destaque para as
soldaduras, as dobras e as condições da superfície de apoio.

3.2 Durabilidade
A durabilidade das geomembranas aplicadas nos diferentes sistemas de
impermeabilização constitui-se como uma das questões mais relevantes para a avaliação do
desempenho destes materiais.

45
De um modo geral, a durabilidade de uma geomembrana depende da sua resistência às
solicitações a que vai estando sujeita em condições de serviço. Solicitações como pressões
hidrostáticas, temperaturas extremas, radiação UV, oxidação, queda de materiais, ação do vento
e das ondas, vandalismo, fauna e flora, etc., são algumas das que mais contribuem para a sua
deterioração, tal como referido por Cazzuffi et al. (2010). Os autores sublinham que a
durabilidade depende, também, da composição e do processo de fabrico da geomembrana, pelo
que é muito importante uma seleção criteriosa sobre o tipo de geomembrana a aplicar em cada
obra.

Tal como referido por Rowe et al. (2009) e Cazzuffi et al. (2010), a forma ideal de avaliar
a durabilidade de uma geomembrana é com base em resultados obtidos sobre amostras
envelhecidas naturalmente (recolhidas in situ), contudo a obtenção de resultados, neste caso,
pode ser muito morosa. Dessa forma, os estudos sobre durabilidade têm também recaído sobre
amostras envelhecidas aceleradamente em laboratório.

Em qualquer dos casos, os resultados têm sido usados para estimar o tempo de vida útil
de uma geomembrana. O tempo de vida útil (ou meia vida, como é designado na indústria dos
polímeros) corresponde ao tempo necessário para que ocorra um decréscimo de 50 % no valor
das propriedades, relativamente a um determinado valor alvo. Para Hsuan & Koerner (1998), o
valor alvo corresponde ao valor inicial da propriedade, enquanto, para Rowe et al. (2009),
corresponde ao seu valor especificado no projeto, o qual pode resultar do dimensionamento com
base em critérios de desempenho ou ser definido por regulamentos técnicos, como é o caso do
GRI-GM 13, para geomembranas de PEAD.

Para geomembranas aplicadas em barragens, segundo Cazzuffi et al. (2010), a maneira


mais prática de avaliar a durabilidade de uma geomembrana, ou seja, verificar se esta, a longo
prazo, irá resistir às solicitações previstas em condições de serviço é recolher amostras (in situ)
do mesmo tipo de geomembrana que já estiveram instaladas, num ambiente e tipo de projeto
semelhantes, por um período de tempo o maior possível, e proceder à realização de ensaios às
propriedades do material. Dessa forma é possível determinar se, no momento dos ensaios, os
resultados obtidos estão dentro de limites considerados como aceitáveis e ainda determinar a
restante vida útil esperada para a geomembrana através da extrapolação dos mesmos.

Este tipo de metodologia foi adotado em Itália, por Cazzuffi (1987 e 1996), onde o autor
utilizou os dados obtidos em várias barragens reabilitadas com geocompósitos de PVC
(geomembrana de PVC + geotêxtil). A aplicação mais antiga de geomembranas expostas de
PVC em barragens remonta à década de 70, sendo que desde essa altura muitas barragens foram
reabilitadas com recurso a este tipo de material, permitindo a comparação entre os resultados.
46
Muitas dessas barragens reabilitadas estavam localizadas a elevadas altitudes (superiores a
2000m), onde a radiação UV é intensa e as condições climáticas bastante severas, condições
também verificadas nas várias barragens cujos dados foram utilizados por Cazzuffi (1987 e
1996).

A partir dos dados obtidos por Cazzuffi (1987 e 1996), Hsuan et al. (2008) concluíram
que a vida útil de geomembranas de PVC num ambiente tão severo, seria superior a 50 anos.

Cazzuffi et al. (2010) referem que a durabilidade das geomembranas instaladas


atualmente, devido à qualidade superior dos materiais instalados, pode ser superior aos 50 anos
previstos em 2008. Os autores sugerem que a metodologia descrita anteriormente, para
geomembranas de PVC, deve ser utilizada para outros tipos de geomembranas, de forma a
prever a sua durabilidade e se esta é adequada para o uso em barragens.

A avaliação das propriedades das geomembranas, como já referido, pode dar indicação
sobre o seu desempenho ao longo do tempo. Através dos resultados obtidos em ensaios
realizados sobre amostras removidas de geomembranas em condições de serviço, é possível
analisar as propriedades que podem ser condicionantes para o desempenho da geomembrana
durante a sua vida útil. Esse trabalho foi efetuado por Cazzuffi (2014), ao realizar um conjunto
de ensaios (Tabela 3.1) sobre amostras recolhidas nas mesmas barragens onde tinham sido
recolhidas amostras em 1987 e 1996, permitindo uma análise comparativa por um periodo de 20
anos.

Segundo o autor, antes da realização dos ensaios, procedeu-se à separação do


geocompósito, ensaiando apenas a geomembrana de PVC, de forma a obter resultados sobre o
material na sua condição homogénea.

Cazzuffi (2014), verificou a ocorrência de uma diminuição do teor de plastificantes e da


espessura nominal da geomembrana.

O ensaio de flexibilidade a baixas temperaturas, demonstrou que, com o passar do


tempo, o material deixou de suportar temperaturas mais baixas sem evidenciar danos, existindo
apenas ausência dos mesmos para temperaturas cada vez mais elevadas.

A estabilidade dimensional aumentou longitudinalmente mas diminuiu transversalmente,


uma vez que depende das condições de aplicação do sistema de impermeabilização.

A resistência à tração aumentou e a correspondente extensão diminuiu, indicando que a


geomembrana ficou mais rigida ao longo do tempo.

47
Tabela 3.1 - Ensaios laboratoriais e respetivas normas (Adaptado de Cazzuffi, 2014).

Ensaio Norma

Extração de palstificantes ISO 6427

Espessura nominal EN 1849-2

Massa volúmica EN ISO 1183

Dureza EN ISO 868

Flexibilidade a baixas temperaturas EN 1109

Estabilidade dimensional EN 1107-2

Propriedades de tração EN 12311-2

Transmissão de vapor de água EN 1931

Cazzuffi (2014) referiu que a propriedade que apresentou um comportamento mais


estável, ao longo do tempo, foi o teor de plastificantes, podendo este ser um bom indicador
sobre o tempo de vida útil previsto para uma geomembranba de PVC.

O autor referiu ainda que o decréscimo nas propriedades mecânicas (elasticidade,


flexibilidade, entre outras.) pode, também, fornecer indicações sobre a durabilidade. A
monitorização constante e a recolha frequente de amostras expostas in situ é importante para
identificar sinais de deterioração.

Outros trabalhos sobre a evolução das propriedades das geomembranas ao longo do


tempo têm sido publicados, nomeadamente alguns trabalhos sobre a evolução das propriedades
das geomembranas instaladas em reservatórios (Blanco & Aguiar (1993), Aguiar &
Blanco,(1995), Blanco & Zaragoza (2003), Blanco et al. (2002, 2008, 2010, 2012, 2013, 2016 e
2018), Noval (2015), entre outros).

Dado que, neste tipo de obras, as geomembranas estão sujeitas a solicitações


semelhantes às observadas em barragens, apresentam-se seguidamente os desenvolvimentos
mais recentes, nomeadamente os relatados por Blanco et al. (2018).

Os autores analisaram a durabilidade de geomembranas de PVC reforçadas instaladas em


seis reservatórios ao longo de um periodo variável entre 18 e 31 anos. Para tal, avaliaram a

48
evolução de algumas propriedades, tais como: o teor de plastificantes, a flexibilidade a baixas
temperaturas, a resistência à tração, a resistência ao punçoamento, a resistência das soldaduras e
o resultado de análises microscópicas às superficies das geomembranas.

Os resultados obtidos revelaram que, ao longo do tempo, as propriedades mecânicas dos


materiais superavam os valores requeridos pelo regulamento técnico produzido pelo Ministerio
de Medio Ambiente y Medio Rural e Marino (MARM 2010).

A resistência à tração continuava elevada com o passar do tempo, apresentando valores


duas vezes superiores aos minimos requeridos pelo MARM (2010). Esse fato é atribuido, pelos
autores, à presença do geotêxtil de reforço. No entanto, foram registadas perdas de plastificante
superiores a 70% e sinais de deterioração da superficie exposta aos UV, como fissuras e
quebras.

As análises microscópicas revelaram uma boa condição da superficie coberta em


oposição ao elevado estado de deterioração da superficie exposta.

Os autores concluiram que a elevada durabilidade das geomembranas instaladas nos


reservatórios analisados se deve ao bom comportamento do reforço sintético presente nas
geomembranas.

Blanco et al. (2018) referiram que a durabilidade das geomembranas de PVC pode ser
avaliada com base em propriedades chave, nomeadamente o teor de plastificantes e a
flexibilidade a baixas temperaturas. De acordo com os autores, a evolução destas propriedades,
ao longo do tempo, pode ser um bom indicador sobre o desempenho do material durante a sua
vida útil. Esta proposta corroborra a anteriormente apresentada por Cazzuffi (2014),
relativamente ao teor de plastificantes.

A aplicação do conceito de avaliação da vida útil propostos por Hsuan & Koerner (1998)
e Rowe et al. (2009) em propriedades chave, como é o caso do teor de plastificantes, podem
ajudar a prever qual a durabilidade de uma geomembrana de PVC.

Blanco et al. (2018) comentaram a adequabilidade dos conceitos de vida útil referidos por
Hsuan & Koerner (1998) e por Rowe et al. (2009), afirmando que ambos são bastante
restritivos, uma vez que a experiência em campo tem mostrado diversos casos em que os
materiais já ultrapassaram os limites referidos continuando, no entanto, a cumprir a sua
principal função, a de barreira. Os autores alertaram que segundo a proposta de Rowe et al.
(2009) o teor de plastificantes não pode ser considerado uma propriedade chave pois qualquer
fabricante pode transformar PVC rígido em flexível utilizando diferentes métodos, entre eles a
plastificação interna. Dessa forma, apenas consideraram o teor de plastificantes uma
49
propriedade chave tendo em conta a proposta de Hsuan & Koerner (1998) para o seu estudo
sobre durabilidade de geomembranas de PVC, no qual constataram que várias geomembranas
apresentavam decréscimos do teor de plastificantes bastante superiores a 50% em relação ao seu
valor inicial, continuando, no entanto, as mesmas a desempenhar a sua principal função de
forma satisfatória.

Blanco et al. (2018), alertaram para a necessidade de maior discussão sobre a questão da
avaliação da durabilidade de geomembranas de PVC com base em decréscimos dos valores de
propriedades consideradas como chave, nomeadamente o teor de plastificantes.

Embora as geomembranas de PVC sejam as mais utilizadas em barragens, tem sido para
geomembranas de PEAD que as questões de durabilidade têm sido mais estudadas.

Dada a importância que tais desenvolvimentos poderão ter para o conhecimento do desempenho
do material sob a influência de determinadas condições, nomeadamente da forma de exposição
do material (coberta ou exposta), da temperatura, da radiação UV, ou da oxidação, entre outros,
e não tanto para o tipo de estrutura onde é aplicado, estes não podem deixar de ser mencionados.

As geomembranas de PEAD, dada a sua elevada resistência química, são


maioritariamente aplicadas em aterros de resíduos. As questões de durabilidade neste tipo de
material e aplicação têm sido avaliadas, ao contrário das geomembranas de PVC aplicadas em
barragens, com base em amostras envelhecidas aceleradamente em laboratório. Esta foi a
metodologia utilizada por vários autores, entre os quais Rowe & Sangam (2002); Sangam &
Rowe (2002), Rowe et al. (2003, 2009); Hsuan et al. (2008), Koerner & Koerner (2014) e
Koerner et al. (2017). Dado não ser objeto do presente trabalho as geomembranas aplicadas em
condições de aterro de resíduos, destacam-se, de seguida, apenas os resultados recentemente
apresentados por Koerner et al. (2017) obtidos sobre geomembranas colocadas em células de
incubação semelhantes a aterros (geomembranas não expostas), a 4 temperaturas diferentes (85,
75, 65 e 55ºC), até apresentarem um decréscimo de 50 % nos valores da resistência à tração e da
correspondente extensão em relação ao seu valor original.

Os autores extrapolaram o tempo de vida útil para temperaturas entre 20 e 40ºC, tendo
obtido valores entre 445 e 69 anos, conforme pode ver-se na Tabela 3.2.

50
Tabela 3.2 - Previsão do tempo de vida de geomembranas de PEAD cobertas, em função da
temperatura (Adaptado de Koerner et al., 2017).

Temperatura em serviço (ºC) Previsão do tempo de vida útil (anos)

20 445

25 265

30 166

35 106

40 69

Pelos resultados apresentados na Tabela 3.2, é possível obeservar que a temperatura tem
bastante influência na durabilidade de uma geomembrana de PEAD coberta, sendo que quanto
mais elevada for a temperatura a que uma geomembrana é sujeita, menor será a sua
durabilidade.

Koerner et al. (2017) estimaram também o tempo de vida útil de diferentes


geomembranas (PEAD, PELBD, PP, PVC) expostas, acrescentado à metodologia de incubação
anteriormente referida, as solicitação dos UVs e do oxigénio, para simular as condições de
exposição. Os autores obtiveram os valores indicados na Tabela 3.3, calculados com base na
resistência à tração e na extensão, para uma temperatura de 20ºC.

Tabela 3.3 - Previsão do tempo de vida de geomembranas expostas, a 20ºC, com base na perda de
50% de propriedades mecânicas (Adaptado de Koerner et al., 2017).

Previsão do tempo de vida (anos)

Geomembrana Espessura (mm) Resistência à tração Extensão

PEAD 1,5 76 69

PELBD 1,0 49 46

PP 1,0 50 41

PVC 2,5 54 54

51
Segundo os dados da Tabela 3.3, em condições expostas (sujeitas à ação da temperatura,
UV e oxigénio), é possível evidenciar a maior previsão de durabilidade para geomembranas de
PEAD em relação a geomembranas de PVC, inclusive de espessura bastante superior.

Koerner et al. (2017) propuseram um indicador, definido como a razão entre os tempos
de vida útil das geomembranas de PEAD cobertas e expostas, para avaliar a influência das
condições de exposição na durabilidade, tendo verificado que o valor deste indicador era 7
vezes superior no caso das geomembranas cobertas.

Em resumo, a durabilidade de uma geomembrana é afetada pelas condições a que o


material é sujeito durante o seu periodo de utilização, tais como pressões hidrostáticas,
temperaturas extremas, radiação UV, ação do vento e das ondas, entre outras, bem como pela
sua composição e processo de fabrico. Quanto mais resistente for o material às solicitações que
lhe vão sendo impostas em condições de serviço, mais durável este será e melhor será também o
seu desempenho. Como tal deve existir uma selação criteriosa do material a utilizar em cada
situação, de forma a aumentar as probabilidades de sucesso. Contudo, mesmo aplicando os
materiais mais adequados para cada situação, não deixa de ser importante tentar prever qual o
tempo de vida útil que uma geomembrana irá apresentar quando sujeita a determinadas
codições. Para isso, têm sido utilizadas duas metodologias baseadas na realização de ensaios
laboratoriais e posterior comparação com limites definidos como aceitáveis (avaliação da vida
útil), quer para amostras recolhidas in situ, quer para amostras envelhecidas de forma acelerada.
A utilização de amostras envelhecidas naturalmente e recolhidas in situ tem sido utilizada para a
obtenção da previsão do tempo de vida útil de geomembranas instaladas em barragens, tendo-se
obtido previsões bastante superiores a 50 anos para geomembranas de PVC. Por outro lado,
amostras envelhecidas aceleradamente são utilizadas para a obtenção mais rápida de resultados
sendo este tipo de metodologia mais centrado em geomembranas instaladas em aterros de
resíduos. Nestas, os estudos mais recentes indicam previsões para tempo de vida útil das
geomembranas entre os 69 e os 445 anos consoante determinadas condições como o tipo de
geomembrana, a temperatura ou a utilização de cobertura.

52
3.3 Fugas
As geomembranas, devido ao seu baixo coeficiente de permeabilidade, são geralmente
consideradas como impermeáveis. Contudo, pensar que a inexistência de fugas está, por isso,
garantida em sistemas de impermeabilização com recurso a este tipo de material é falso, pois tal
como referido por Giroud (2016), é prudente contar com a existência de fugas em todos os tipos
de sistemas de impermeabilização. Estas são responsáveis pela deterioração das condições
geotécnicas (erosão, instabilidade, etc) e pela perda de integridade dos próprios sistemas de
impermeabilização.

Segundo Giroud (2016), as fugas ocorrem essencialmente através de orifícios existentes


nas geomembranas, os quais ocorrem, maioritariamente, durante a fase de construção. Durante a
instalação, a formação de orifícios pode resultar de ações de rasgamento e punçoamento nas
geomembranas, causadas pelos trabalhadores, ou pela fraca qualidade das suas soldaduras.
Podem ainda ocorrer danos causados pela colocação de materiais sobre a geomembrana, como
por exemplo, ações de punçoamento dos materiais utilizados como camada de cobertura para
geomembranas cobertas.

O estudo das fugas em geomembranas tem-se dividido em duas grandes vertentes: a


deteção e a quantificação do fluxo que atravessa os orifícios.

Do ponto de vista da deteção, Giroud (1984 e 2016) referiu que a maneira mais prática de
promover a qualidade de um sistema de impermeabilização, em particular, encontrar danos nas
geomembranas é através da implementação de ações que contribuam para a garantia de
qualidade de construção.

Contribuir para a garantia da qualidade de construção, durante a instalação de um sistema


de impermeabilização, consiste na realização de um conjunto de atividades de garantia de
qualidade por parte de uma entidade independente. Essas atividades devem incluir a realização
de inspeções e ensaios, entre os quais, ensaios de continuidade das soldaduras.

Segundo Giroud (2016), a implementação dessas atividades pode ser suficiente, no caso
de projetos de barragens, uma vez que estes são considerados projetos de primeira categoria, ou
seja, dotados de elevada qualidade de mão de obra e de condições de trabalho. No entanto, para
projetos considerados mais comuns, como é o caso de aterros de resíduos e reservatórios, essas
ações não são consideradas suficientes para a deteção de danos, recorrendo-se, adicionalmente,
à deteção com métodos elétricos, cujo princípio de funcionamento foi abordado por Barroso &
Lopes (2008).

53
Durante a realização deste trabalho não foram encontradas quaisquer referências à
aplicação desta técnica em geomembranas instaladas em barragens. Dessa forma, recomenda-se
que, no futuro, seja estudada a sua aplicabilidade neste tipo de sistema de impermeabilização,
em complemento às ações típicas de garantia de qualidade de construção, uma vez que, apesar
de estes serem projetos considerados de 1º categoria, tal como referido por Giroud (2016), as
atividades típicas “apenas” podem ser suficientes na deteção de danos nas geomembranas.

Com vista à redução do número de danos e consequente diminuição das fugas, para além
da importância da deteção dos mesmos, através da implementação de atividades que contribuam
para a garantia de qualidade de construção e da utilização de técnicas complementares (deteção
elétrica) em projetos mais usuais (aterros e barragens), Giroud (2016) propôs a aplicação de
outras medidas, durante a fase de construção, ao nível do projeto, nomeadamente, a utilização
de geocompósitos. Segundo o autor, este tipo de solução, na qual a geomembrana é protegida
por um geotêxtil, pode apresentar 2 a 4 vezes menos danos na geomembrana que um sistema
constituído apenas por uma geomembrana como elemento de impermeabilização.

De acordo com Giroud (2016), outra solução pode passar pelo recurso a sistemas de
impermeabilização duplos, constituídos por duas geomembranas separadas por um sistema de
drenagem. Neste tipo de solução, o fluxo através dos orifícios existentes na primeira
geomembrana é recolhido pelo sistema de drenagem, minimizando o fluxo que atinge a segunda
geomembrana.

No que se refere quantificação do fluxo que atravessa os orifícios presentes nas


geomembranas, Barroso et al. (2006) forneceram um importante resumo sobre as ferramentas
disponíveis para o cálculo do mesmo com base num conjunto de equações analíticas e empíricas
disponíveis.

Weber & Zorneberg (2007) alertaram para o fato de as ferramentas empíricas disponíveis
serem limitadas para o uso em projetos onde a carga hidráulica era baixa, o que tipicamente
ocorre em aterros de resíduos. Assim, os autores desenvolveram um programa de ensaios
experimentais destinado a quantificar o fluxo através de orifícios existentes numa geomembrana
(ocorridos quer durante a instalação quer durante a sua vida útil) quando instalada sob carga
hidráulica elevada, condições que ocorrem em barragens. Os resultados experimentais obtidos
resultaram numa equação empírica simplificada (Equação 1), a qual serve de base preliminar

54
para a quantificação do fluxo através de geomembranas instaladas em condições representativas
de barragens.

Onde Q é o fluxo, em m3/s, a é a área do orifício, em m2, hw é a carga hidráulica (unitária), is é o


gradiente hidráulico (adimensional) e ks é a condutividade hidráulica do solo, em m/s.

Os autores salientaram a importância de a equação obtida requerer investigação, no


sentido de verificar a sua validade noutras condições, nomeadamente, a dimensão dos orifícios e
a condutividade hidráulica do solo.

Giroud (2016) em resposta à questão: “Quão eficazes são as geomembranas no controlo


de fugas?” começou por sublinhar que o objetivo do controlo das fugas numa barragem não é o
mesmo que em outros projetos mais usuais (aterros ou reservatórios), uma vez que, em
barragens existe um fluxo mínimo de água que deve ser emitido para jusante, por questões
ambientais. Por essa razão, a existência de fluxo através dos orifícios existentes nas
geomembranas superior ao registado no caso de aterros de resíduos ou reservatórios, não é
relevante, devendo, no entanto, este ser controlado de forma a prevenir a deterioração do corpo
da barragem, através de mecanismos como a erosão interna (em barragens de aterro), a
lixiviação (em barragens de betão) ou a pressão da água nos poros que poderão levar à sua
instabilidade.

A eficiência das geomembranas no controlo das fugas foi discutida por Giroud (2016),
através da utilização de dados sobre a reabilitação de 8 barragens com recurso a geocompósitos,
nas quais, obteve o rácio entre os fluxos antes e depois das intervenções. Os resultados
demonstraram a existência de variações nos fluxos através de danos nas geomembranas
compreendidos entre os 4 e os 1200. O autor referiu que as relações típicas devem variam entre
10 e 100, devendo-se, possivelmente, a diferença para os rácios obtidos, às condições existentes
na periferia das geomembranas analisadas.

Giroud (2016) apontou para a redução significativa dos fluxos através de danos nas
geomembranas sempre que estas são usadas no paramento de montante de uma barragem, o que
prova a sua eficiência. Esta é também a conclusão de Cazzuffi et al. (2010), os quais destacaram

55
os reduzidos fluxos através de danos existentes nas geomembranas, na ordem de poucos l/s para
superfícies de 10000 a 30000 m2, típicos de geomembranas aplicadas em barragens.

Em resumo, em qualquer sistema de impermeabilização com geomembranas, a ocorrência


de fugas deve ser tida em atenção. Estas decorrem de danos causados na geomembrana,
sobretudo, durante a fase de construção.

Os estudos sobre fugas em geomembranas têm-se dividido, principalmente em duas


vertentes: a deteção de danos e a quantificação do fluxo que ocorre através dos mesmos.

Em relação à deteção de danos nas geomembranas, a implementação de atividades que


contribuam para a garantia de qualidade de construção, nomeadamente a inspeção visual e a
realização de ensaios de continuidade das soldaduras, tem merecido destaque. A implementação
destas atividades, em projetos considerados de 1ª categoria, como é o caso das barragens, pode
ser suficiente para a deteção da grande maioria dos danos existentes nas geomembranas.
Noutros projetos, como aterros e reservatórios, essas atividades devem ser complementadas com
a utilização da técnica de deteção elétrica.

Em relação à quantificação do fluxo através de danos existentes nas geomembranas,


destaca-se o desenvolvimento de uma equação empírica para o cálculo do fluxo em condições
representativas de uma barragem, ou seja, sob carga hidráulica elevada.

3.4 Requisitos de instalação

3.4.1 Soldaduras
Um bom dimensionamento e a utilização de materiais de elevada qualidade não são
suficientes para garantir o sucesso de um sistema de impermeabilização. A qualidade de
instalação deve ser considerada tão ou mais importante que os fatores mencionados
anteriormente, pois de nada interessa dimensionar da melhor forma ou recorrer aos melhores
materiais se no terreno não forem implementados requisitos que garantam a instalação com
qualidade. Um dos requisitos mais importantes deverá ser a qualidade com que são executadas
as soldaduras das geomembranas, consideradas como pontos chave para o sucesso do
funcionamento de um sistema de impermeabilização (Scheirs, 2009 e Peggs et al., 2014).

Rollin et al. (1999) relataram que 55% dos danos em geomembranas expostas, ocorrem
nas soldaduras, comprometendo a sua integridade e impermeabilidade. Tal como relatado por

56
Nosko & Touze-Foltz (2000), soldaduras de fraca qualidade são uma das principais causas para
a ocorrência de fugas em sistemas de impermeabilização.

A qualidade das soldaduras deve ser avaliada em termos das suas propriedades mecânicas
e da sua continuidade. Relativamente às propriedades mecânicas, têm sido realizados vários
estudos com vista a avaliar a influência da temperatura ambiente (Lopes et al. (2006)), a
influência das condições climáticas (Barroso et al. (2012)) e a influência dos parâmetros de
soldadura (Zhang et al. (2017)), todos eles centrados nas geomembranas de PEAD.

Lopes et al. (2006) verificaram a influência da temperatura (4ºC aos 36ºC) na resistência
ao arranque de soldaduras duplas, por termofusão, determinada de acordo com a norma ASTM
D 6392. Segundo as autoras, esta diminui com o aumento da temperatura, apresentando um
comportamento linear. Relataram que o trabalho realizado permitiu obter uma equação que pode
ser útil para a avaliação da resistência ao arranque de uma soldadura, quando esta é ensaiada em
campo a uma temperatura diferente da normalizada.

Barroso et al. (2012) verificaram a resistência ao arranque e a resistência ao corte (norma


ASTM D6392), de soldaduras duplas por termofusão, expostas às condições climática em
Portugal, não sofreram alterações significativas após 10 anos de exposição. Os resultados
obtidos foram também comparados com os valores da especificação GRI-GM 19 (2002), tendo
verificado que cumpriam os valores daquela especificação.

Zhang et al. (2017) verificaram a influência da temperatura e da velocidade imprimidas


ao equipamento de soldar durante o processo de realização das soldaduras, nas suas
propriedades físicas, mecânicas e químicas. Os autores prepararam soldaduras duplas
(termofusão), usando diferentes temperaturas e velocidade, apresentadas na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 - Condições de soldadura (Adaptado de Zhang et al., 2017).

Condições da Temperatura Velocidade


soldadura (ºC) (m/min)

Hot and Slow (HS) 450 1

Standard (S) 435 1,5

Cold and Fast (CF) 390 2

57
Os autores indicaram que a monitorização da redução da espessura das geomembranas
após o processo de soldadura pode dar uma indicação preliminar sobre a qualidade das
soldaduras. A redução de espessura aumenta a concentração de tensões na zona de fusão das
geomembranas, originando a existência de menos material capaz de resistir às solicitações
impostas (Scheirs, 2009). Segundo Scheirs (2009), a redução da espessura na zona de fusão das
geomembranas é dada pela seguinte expressão (Equação 2):

Onde Tr é a redução de espessura, Tt é a espessura da geomembrana superior, Tb, a espessura


da geomembrana inferior e Tw a espessura da soldadura.

Zhang et al. (2017) concluíram que a redução da espessura aumenta com o aumento da
temperatura de soldadura. Dada a redução da espessura poder apresentar influência no
desempenho da soldadura, nomeadamente em termos de resistência e impermeabilidade, Luders
(2000) e Muller (2007) indicaram a necessidade de definir um intervalo de valores aceitável
para essa redução. Nesse sentido, a norma alemã DVS 2225 indica, para geomembranas de
PEAD com espessuras compreendidas entre os 1,5 e os 2 mm, uma redução de espessura
aceitável, compreendida entre 0,2 e 0,8 mm.

Com base nesses limites, Zhang et al. (2017) concluíram que as soldaduras S (Standard) e CF
(Cold and Fast) foram aceitáveis, uma vez que apresentaram reduções de 0,66 e 0,23 mm,
respetivamente, ao contrário da soldadura HS (Hot and Slow) que apresentou uma redução de
1,22 mm.

Para além da redução de espessura, a largura do canal de ar de soldadura duplas,


também pode dar indicação sobre a qualidade das soldaduras.

Zhang et al. (2017) registaram larguras do canal de ar de 4,33, 6,83 e 12,33 mm para as
soldaduras HS (Hot and Slow), S (Standard) e CF (Cold and Fast), respetivamente, concluindo
que, a utilização de temperaturas mais elevadas conduz a canais de ar de menores dimensões.

As propriedades mecânicas das soldaduras foram também avaliadas pelos autores,


através da realização de ensaios de corte e arranque, segundo a norma ASTM D 6392,
verificando que para os ensaios de corte, os resultados foram semelhantes, não dando nenhuma
indicação sobre a qualidade das soldaduras, o que é consistente com o preconizado por Peggs

58
(1994, 1996). Segundo este autor, o ensaio de corte fornece apenas informação sobre a
qualidade da geomembrana na zona adjacente à soldadura. Por outro lado, os resultados dos
ensaios de arranque indicaram que as soldaduras realizadas a uma temperatura considerada
como insuficiente e a elevada velocidade (soldaduras CF), apresentavam menor qualidade,
ocorrendo separação das geomembranas na zona da soldadura, o que não se verificou nas
restantes (S e HS).

Através de ensaios de medição do tempo de indução da oxidação, Zhang et al. (2017)


concluíram que os parâmetros de soldadura estudados não apresentaram um impacto
significativo na degradação química (perda de antioxidantes) das geomembranas após o
processo de soldadura.

As soldaduras em geomembranas de PVC têm sido menos estudadas, destacando-se o


trabalho de Thomas & Stark (2003), no qual propuseram que o ensaio de pressão de ar,
realizado segundo a norma ASTM D 7177, fosse usado no controlo de qualidade de soldaduras
duplas por termofusão, em substituição do ensaio destrutivo de arranque. Para tal, referiram a
necessidade de desenvolver uma relação entre a temperatura da geomembrana, a pressão
necessária impor no canal de ar da soldadura para causar rebentamento e a força de arranque da
soldadura, que permitisse, em campo, determinar a pressão de ar requerida no canal com base
na temperatura da geomembrana, de forma a garantir um determinado valor para a força de
arranque. Essa relação foi desenvolvida por Thomas et al. (2003) e Stark et al. (2004) para
geomembranas de 0,75 mm a 1,5 mm de espessura, que segundo a norma ASTM D 7408 e o
Fabricated Geomembrane Institute (FGI, 2004) devem apresentar soldaduras com uma força de
arranque de 2,6 N/mm, no mínimo.

Thomas et al. (2003) e Stark et al. (2004) apresentaram uma relação entre a temperatura
da geomembrana, a pressão necessária para causar o rebentamento e a força de arranque da
soldadura para temperaturas entre os 5,3ºC e os 46,7ºC, sendo esta posteriormente revista por
Stark & Pazmino (2011) para incluir temperaturas mais elevadas (até 62,8ºC). O trabalho
iniciado em 2003 e alargado em 2011 culminou no desenvolvimento de uma equação
polinomial (Equação 3) que permite converter a temperatura de uma geomembrana na pressão
de ar necessária imprimir ao canal, de forma a assegurar uma força de arranque igual ou
superior à especificada. Essa equação é apresentada de seguida.

59
Segundo Stark e Pazmino (2011), a relação obtida (Equação 3) pode ser utilizada para
geomembranas com espessura de 0,75 mm ou superior. Em alternativa, podem também ser
utilizados os valores da Tabela 3.5, para geomembranas de 0,75 mm de espessura.

Tabela 3.5 - Pressão de ar necessária no canal para garantir a força de arranque especificada para
geomembranas de PVC de 0,75 mm.

Temperatura da geomembrana Pressão de ar (kPa) Tempo no qual a pressão se


(ºC) deve manter (s)

5,3 412,7 30

9,7 361,1 30

14,8 285,7 30

22,8 240,7 30

35 159,5 30

46,7 120,9 30

54,4 98 30

60 85,6 30

62,8 80,2 30

Com base no exposto, verifica-se que os estudos sobre soldaduras se têm debruçado
sobretudo em geomembranas de PEAD, onde é investigada a influência da temperatura
ambiente, das condições climáticas e dos parâmetros de soldadura sobre as propriedades
mecânicas das mesmas. Dado que em barragens as geomembranas mais usadas são as de PVC,
seria de grande utilidade aprofundar o conhecimento sobre as soldaduras deste tipo de
geomembranas, em particular estender o trabalho realizado por Lopes et al. (2006). Nesse
âmbito, no capítulo 4, apresenta-se o trabalho experimental realizado com vista a estudar a

60
influência da temperatura ambiente sobre a resistência mecânica das soldaduras em
geomembranas de PVC.

3.4.2 Dobras
Outro importante requisito para a promoção da qualidade na instalação de um sistema de
impermeabilização é a minimização da formação de dobras nas geomembranas pois, de acordo
com Rowe (1998, 2005, 2012), o fluxo através de danos em geomembranas, é muito maior
quando estes estão localizados em zonas coincidentes com a formação de dobras ou próximas
destas.

As geomembranas expostas à radiação solar podem atingir temperaturas bastante


elevadas, proporcionando a sua expansão térmica, tanto maior quanto maior for o seu
coeficiente de expansibilidade térmica. A existência de limitações no plano de expansão impede
o “crescimento das geomembranas” originando nas mesmas a formação de dobras, que podem
entender-se como a separação física (espaço de ar) entre a geomembrana e o material
subjacente, como mostra a Figura 3.1.

Figura 3.1 - Dobra (Adaptado de Chappel et al., 2008).

Figura 3.1 - Dobra (Adaptado de Chappel et al., 2008).

A formação de dobras em geomembranas tem sido estudada ao longo dos tempos,


destacando-se como um dos primeiros e mais importantes trabalhos sobre o assunto o de Giroud
& Morel (1992), no qual, os autores teceram considerações teóricas sobre dobras e analisaram a
influência do tipo, da cor e da textura da geomembrana para a sua formação. Os autores referem
que existem duas forças, F, opostas na base de uma dobra, como mostra a Figura 3.2(a). Estas
são proporcionais ao módulo de elasticidade do material e à 3º potência da sua espessura, sendo
também função do tamanho e da forma das dobras.

61
Sw

Figura 3.2 - Equilíbrio e geometria de uma dobra (Adapatado de Giroud, 2005).

As duas forças F, devem ser equilibradas por forças externas, opostas e aplicadas nos
pontos da geomembrana em contacto com o solo. Estas são a soma das forças de corte, τ,
resultantes do peso da geomembrana e do atrito na interface com o solo, sendo por isso,
proporcionais à massa por unidade de área da geomembrana, à distância entre dobras e ao
coeficiente de atrito na interface solo/geomembrana. Para os autores, a geometria de uma dobra,
como mostra a Figura 3.2(b), é dada pela sua altura, Hw; largura, Ww; e distância entre os
centros de dobras adjacentes, Sw. Esta é função da distância entre as dobras adjacentes, do
coeficiente de expansão térmica do material e da diferença de temperatura a que a
geomembrana foi submetida desde a última vez em que foi colocada plana.

Sobre a influência do tipo de geomembrana, da sua cor e da condição da sua superfície (lisa ou
texturada) para a formação de dobras (Tabela 3.6), Giroud & Morel (1992) apresentaram as
seguintes conclusões:

• As geomembranas de PVC apresentam dobras bastante mais pequenas e


espaçadas entre si que as geomembranas de PEAD; A justificação está no módulo
de elasticidade mais reduzido do PVC, o que permite que as forças F sejam
pequenas e que apenas um curto espaço entre dobras seja suficiente para gerar
atrito na interface com o solo de modo a equilibra-las;
• A cor tem uma influência reduzida na altura das dobras, mas bastante elevada no
seu espaçamento. O dobro do espaçamento é obtido para geomembranas de cor
branca em relação a geomembranas de cor negra;

62
• A textura de uma geomembrana tem influência quer na altura quer no
espaçamento entre dobras. Geomembranas texturadas, têm dobras menores e
menos espaçadas do que geomembranas com superfície lisa.

Tabela 3.6 - Influência do tipo, cor e textura de uma geomembrana na formação de dobras
(Adaptado de Giroud, 2005).

Tipo de geomembrana e Altura da Espaço entre dobras (m)


dobra (mm)
condição da superfície Preta Branca

PEAD Lisa 60 7.5 15

Texturada 40 5 10

PVC 10 1 2

Giroud & Morel (1992) sugeriram quais as propriedades do material mais relevantes a
ter em consideração na previsão da formação de dobras. Estes referiram que para além do
coeficiente de expansibilidade térmica, o módulo de elasticidade também deve ser analisado,
sendo recomendável optar-se por uma geomembrana com baixo módulo de elasticidade, de
forma a minimizar a formação de dobras.

Outros trabalhos têm sido realizados, concentrando-se, sobretudo, na utilização de


geomembranas de PEAD instaladas em aterros de resíduos, nos quais, os principais
desenvolvimentos passaram pela implementação de um método de campo destinado a facilitar a
análise e quantificação das dobras (Chappel et al. (2007) e Take et al. (2007)), pela análise da
influência da temperatura na sua formação (Chappel et al. (2012) e Rowe et. al (2012)) e pela
definição de métodos para a promoção de maior contacto entre as geomembranas e o material
subjacente (GSI, 2013).

Chappel et al. (2007) e Take et al. (2007) apresentaram um método para quantificação
das dobras ocorridas em geomembranas expostas baseado na captura de fotografias aéreas a
baixa altitude e no processamento digital de imagens (Figura 3.3). Este assumiu-se como uma
ferramenta útil e eficaz na quantificação de dobras a larga escala, considerando-as como ondas,
aproximadamente lineares, nas quais existe um espaço de ar entre a geomembrana e o material
63
subjacente que exceda os 3 cm de altura. O método permitiu ainda a avaliação do comprimento
de potenciais caminhos para os fluxos provenientes de fugas através da consideração da
existência de conectividade hidráulica suficiente entre dobras que a leve a considera-las como
uma só de maior comprimento.

Componentes
de controlo à
distância

Câmara digital

Figura 3.3 - Quantificação de dobras através do método de fotografia aérea a baixa altitude e
processamento digital de imagens (Adaptado de Take et al., 2007).

Os autores destacaram que com a utilização do método era possível quantificar o número
de dobras existente a uma determinada hora, num determinado dia e local, a condições
climáticas específicas, bem como avaliar a sua conectividade, de uma forma mais simplificada.
Nesse sentido, Take et al. (2007) apresentaram resultados para uma geomembrana de 1,5 mm,
os quais demonstraram que para um determinado dia (17/08/2006), a uma determinada hora
(16.00h), existiam 100 dobras com mais de 3 cm de altura e que 90% das mesmas eram
hidraulicamente conectáveis, originando um comprimento de 520 m. Os autores referem que a
utilização desta ferramenta permite investigar a influência de determinados fatores no processo
da formação de dobras, nomeadamente, o efeito da temperatura da geomembrana, dos materiais
e das técnicas de instalação.

O efeito da temperatura na formação de dobras em geomembranas foi analisado por


Rowe et al. (2012) e Chappel et al. (2012) através da sua quantificação ao longo do período de
um dia, no verão, na América do Norte, Canadá. Segundo os autores, o número de dobras
aumentou ao longo da manhã, apresentando o seu máximo após as 12h, diminuindo depois à

64
medida que a noite se aproximou. Às 08.45h o número de dobras representava 3% da área total,
às 12.45h representava 20% e às 17.15h representava 7%. O comprimento máximo de dobras
conectadas registado foi de 600m/ha registado às 13.45h enquanto o mínimo foi de 150m/ha às
8.45h. Os resultados apresentados permitiram concluir que a formação de dobras está
fortemente relacionada com a temperatura da geomembrana, que por sua vez é influenciada pela
radiação solar. Quanto maior for a radiação solar a que uma geomembrana é sujeita, maior será
a sua temperatura e consequentemente mais dobras se formam.

Como referido anteriormente, a formação de dobras nas geomembranas é prejudicial pelo


fato de estas constituírem caminhos preferências para os fluxos. Contudo, esta não é a única
consequência a ter em conta, uma vez que o aumento das tensões em determinadas zonas da
geomembrana, provocada pela formação de dobras, sujeita o material ao fenómeno de stress
cracking, no caso de geomembranas de PEAD, originando a formação de fissuras que
comprometem a integridade e a durabilidade do revestimento de impermeabilização. Como tal,
a promoção de ações que previnam a formação de dobras nas geomembranas torna-se bastante
importante durante a sua instalação. Nesse sentido, o Geosynthetic Institute (GSI) publicou o
documento GSI White Paper #27 (2013), no qual são apresentados cinco métodos para a
instalação de geomembranas com o fim de evitar a formação de dobras, promovendo um maior
contacto entre a geomembrana e o material subjacente (“intimate contact”). A Tabela 3.7
apresenta-os, bem como às suas respetivas vantagens desvantagens.

65
Tabela 3.7 - Métodos de promoção de maior contato entre a geomembrana e o material subjacente
(Adaptado de GSI, 2013).

Método Vantagens Desvantagens

Folga adequada dos painéis


Potencial realização de
(remoção do material em Rápido e barato
soldaduras por extrusão
excesso)

Fixação das extremidades


Elevada utilidade Lento e dispendioso
adequada

Geomembranas ou Potencial formação de dobras


Rápido e fácil
geotêxteis de cor clara de pequenas dimensões

Dispendioso; Baixa
Promover a cobertura Baixa utilidade
produtividade

Colocação do material
sobrejacente nas horas em Aproveitar condições Produtividade limitada;
que a temperatura é mais climatéricas favoráveis Segurança
baixa (manhã/noite)

O impacto da cor das geomembranas sobre a formação de dobras foi estudado por
Rentz et al. (2017). Os autores quantificaram e comparam as dobras formadas em
geomembranas expostas de PEAD de 1,5 mm de espessura de cor branca e de cor preta durante
dois dias de verão, nos quais, registaram temperaturas máximas atingidas pela geomembrana de
cor branca de 21 a 23 ° C, bastante mais baixas que as registadas para a geomembrana de cor
negra. A geomembrana de cor branca apresentou dobras que se formaram ao final da manhã,
desaparecendo estas mais cedo no período noturno, em relação ás geomembranas de cor negra,
e sendo menos frequentes na parte mais quente do dia (aproximadamente 12 versus 24% da
área). A conectividade entre as dobras ocorridas nas geomembranas de cor branca ocorria num
comprimento mais curto, cerca de 21% do que para as dobras ocorridas nas geomembranas de
cor negra.

Rentz et al. (2017) concluíram que a aplicação de geomembranas de cor branca pode
ser uma boa estratégia para a redução da formação de dobras.

66
Ping Yang et al. (2017) investigaram a viabilidade da utilização de modelos numéricos
para a reprodução de dobras em geomembranas de PEAD com 2 mm de espessura expostas à
radiação solar. Os autores relatam que a relação entre a temperatura da geomembrana (T em ºC)
e o coeficiente de expansão térmica (α) pode ser dado pela Equação 4:

O coeficiente de expansão térmica é utilizado, em conjunto com o módulo de elasticidade do


material, dependendo da temperatura, como dados de partida para a reprodução numérica de
dobras em geomembranas quando sujeitas ao aquecimento pela exposição solar. Ping Yang et
al. (2017) relatam que, mesmo não tendo uma relação linear, a altura e a largura das dobras
aumentam e diminuem no mesmo sentido que a temperatura e podem ser expressas pelas
Equações empíricas 5 e 6:

Onde h é a altura da dobra (cm), w a largura da dobra (cm), h m a altura máxima da dobra (cm),
wm a largura máxima da dobra (cm), L o comprimento da geomembrana (cm) e ΔT a diferença
inicial de temperatura (ºC). Ainda, ph1 = 1,04; ph2 = -105,63; pw1 = 0,99 e pw2 = 466,92.

Segundo os autores os resultados obtidos pelas equações 5 e 6, para a altura e para a


largura de dobras em geomembranas de PEAD de 2 mm, não são muito diferentes dos
alcançados em campo, apresentando erros na ordem dos 5 a 6 %, o que mostrou que a simulação
numérica para a reprodução de dobras pode ser um método eficaz, contudo, necessitando ainda
de maior investigação para outras espessuras e tipos de material.

Face ao exposto, constatou-se que os desenvolvimentos sobre a formação de dobras em


geomembranas permitiram conhecer métodos mais simples e eficazes para a sua quantificação,

67
bem como a forte influência da temperatura e da cor do material na sua formação. Métodos para
promover um maior contacto entre o material e o solo subjacente foram apresentados,
estudando-se ainda a viabilidade da aplicação de modelos numéricos para a previsão da
formação de dobras. Contudo, todos os desenvolvimentos referidos apresentaram como foco a
utilização de geomembranas de PEAD aplicadas em condições características de aterros de
resíduos.

Relativamente a outras aplicações das geomembranas, nomeadamente sobre


geomembranas aplicadas em barragens, não foram encontrados desenvolvimentos acerca da
formação de dobras. Esse fato alerta para a necessidade de maior investigação sobre o assunto,
no futuro, para diferentes tipos de material e condições de instalação, como por exemplo, para
geomembranas de PVC instaladas em barragens.

3.4.3 Condições da superfície de apoio


A qualidade da superfície de apoio para uma geomembrana é definida pela forma como a
sua preparação é executada, devendo este ser um requisito de instalação com o objetivo de
promover a qualidade de um sistema de impermeabilização.

Preparar a superfície de apoio de uma geomembrana implica a seleção, de forma


criteriosa, dos materiais que a constituem quanto à forma, tamanho e distribuição, no sentido de
impedir a ocorrência, quer durante a construção, quer durante o tempo de serviço, de danos na
geomembrana que propiciem a ocorrência de fluxos através de danos existentes nas mesmas.

Segundo Müller & Wöhlecke (2017) existem critérios técnicos e geométricos para a
seleção dos materiais da superfície de apoio de uma geomembrana. Esses critérios do Federal
Institute for Materials and Testing (BAM) têm sido aplicados na construção de aterros na
Alemanha, com recurso a geomembranas de PEAD.

Também para geomembranas de PVC existem critérios relativos à promoção da


qualidade da superfície de apoio elaborados, em 2010, pelo Fabricated Geomembrane Institute
(FGI).

De uma forma geral, com base nas recomendações do BAM e do FGI, a superfície de
apoio deve ser plana, estável, homogénea, firme, sem depressões, livre de qualquer presença de
água, lamas, vegetação, detritos ou outros materiais nocivos. A dimensão dos agregados deve
ser inferior a 10 mm, devendo proceder-se à remoção das partículas com dimensões superiores a
este valor. No caso de geomembranas de PVC reforçadas com geotêxtil (geocompósitos), as

68
dimensões dos agregados presentes na superfície poderão ser superiores, embora não excedendo
os 100 mm.

3.5 Considerações finais


Neste capítulo apresentaram-se os principais desenvolvimentos alcançados sobre a
utilização de sistemas de impermeabilização com geomembranas em barragens, nomeadamente,
a sua durabilidade, a ocorrência de fugas e os requisitos de instalação mais importantes, como as
soldaduras, as dobras e as condições da superfície de apoio.

A durabilidade de uma geomembrana é afetada pelas solicitações impostas ao material


durante o seu periodo de utilização, bem como pela sua composição e processo de fabrico, pelo
que é importante avaliar o tempo de vida útil de uma geomembrana. A previsão da vida útil de
uma geomembrana tem sido realizada com base em resultados obtidos em ensaios laboratoriais
sobre amostras recolhidas in situ ou amostras envelhecidas de forma acelerada. Para
geomembranas de PVC, o tempo de vida útil estimado é superir a 50 anos.

Os desenvolvimentos sobre a ocorrência de fugas permitiram constatar que a frequente


implementação de atividades de garantia de qualidade de construção contribuem para a redução
do número de danos nas geomembranas, minimizando o fluxo através dos mesmos. Verificou-
se, também, a existência de várias ferramentas para o cálculo do fluxo através de orifícios nas
geomembrana, destacando-se, uma equação empírica especialmente desenvolvida para
condições representativas de uma barragem.

No que diz respeito aos principais requisitos de instalação, constatou-se que a qualidade
das soldaduras duplas em geomembranas de PVC em termos de resistência mecânica pode ser
controlada através do ensaio de pressão de ar, realizado segundo a norma ASTM D 7177, em
substituição do ensaio destrutivo de arranque. A questão da avaliação da qualidade das
soldaduras em geomembranas de PVC carece ainda de investigação.

Quanto às dobras, verificou-se que o coeficiente de expansibilidade térmica e o módulo


de elasticidade da geomembrana são as propriedades do material com maior influência na sua
formação. O tipo de geomembrana, a cor e a textura são também determinantes na formação de
dobras. As geomembranas de PVC apresentam dobras bastante mais pequenas e espaçadas
entre si que as geomembranas de PEAD. A cor tem uma influência reduzida na altura das
dobras, mas bastante elevada no seu espaçamento, verificando-se o dobro do espaçamento para

69
geomembranas de cor branca relativamente a geomembranas de cor negra. As geomembranas
texturadas apresentam dobras menores e com menor espaçamento do que geomembranas lisas.

Por último, verificou-se que a superfície de apoio deve ser plana, estável, homogénea,
firme, sem depressões, livre de qualquer presença de água, lamas, vegetação, detritos ou outros
materiais nocivos, e que a dimensão dos agregados deve ser inferior a 10 mm. No caso de
geomembranas de PVC reforçadas com geotêxtil (geocompósitos), as dimensões dos agregados
presentes na superfície poderão ser superiores, embora não excedendo os 100 mm.

70
4
4. Trabalho experimental

4.1 Introdução
As geomembranas de PVC são as mais utilizadas na impermeabilização de barragens. As
soldaduras neste tipo de material são normalmente executadas através de métodos térmicos e a
sua resistência mecânica deve ser avaliada através de ensaios destrutivos, de corte e de
arranque, os quais conduzidos em laboratório e em campo, segundo a norma ASTM D 6392. No
ensaio de arranque avalia-se a qualidade de ligação entre dois painéis de geomembrana (Peggs
& Little, 1985), enquanto no ensaio de corte se avalia de que forma o processo de soldadura
afeta a resistência da geomembrana adjacente à soldadura (Peggs, 1990; Haxo & Kamp, 1990).

Os ensaios, de acordo com a norma ASTM D 6392, devem ser realizados à temperatura
de 23ºC (± 2ºC). Contudo, em campo, por vezes não é possível assegurar tal condição, o que
pode levantar questões sobre a aceitação/rejeição de soldaduras. É, por isso, bastante importante
verificar a influência da temperatura nos resultados dos ensaios mecânicos às soldaduras de
geomembranas, no sentido de perceber qual o impacto da sua realização a temperaturas
diferentes da indicada pela norma. Esse trabalho foi realizado por Lopes et al. (2006) para
geomembranas de PEAD, afigurando-se como útil o seu aprofundamento para outro tipo de
geomembranas, designadamente para as mais usadas em barragens.

Neste capítulo, apresenta-se o trabalho experimental realizado com vista a estudar o


impacto da temperatura sobre a resistência mecânica das soldaduras de geomembranas de PVC.
Em primeiro lugar, descrevem-se os materiais e método de ensaio utilizados. Seguidamente,
apresentam-se e discutem-se os resultados obtidos e, por último, as principais conclusões
alcançadas.

71
4.2 Materiais
Foram utilizadas três geomembranas de PVC, com espessuras diferentes, designadas por
geomembranas A, B e C, cujas características, segundo a ficha técnica disponibilizada pelo
fabricante, são apresentadas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Características das geomembranas usadas, de acordo com as fichas técnicas.

Propriedades Geomembrana A Geomembrana B Geomembrana C


Cor
(superior/inferior) Amarela/Preta Laranja/Preta Cinzenta

Espessura 1,5 2,0 3,0


(mm) (EN 1849-2) (EN 1849-2) (EN 1849-2)

Massa surfácica 1950 2740


-
(g/m2) (EN 1849-2) (EN 1849-2)

Massa volúmica 1,25


- -
(g/m3) (EN ISO 1183-1)

30
Resistência à tração 30
22,5 (EN ISO 527-1 e 3,
na rotura (EN ISO 527-4,
(EN 12311-2) provete tipo 5,
(kN/m) 100mm/min)
100mm/min)

250
250
Extensão na rotura 300 (EN ISO 527-1 e 3,
(EN ISO 527-4,
(%) (EN 12311-2) provete tipo 5,
100mm/min)
100mm/min)

Resistência ao ≥ 45 ≥ 130
rasgamento - (ISO 34, método B, fig.2, (ISO 34, método B,
(kN/m) 500mm/min) fig.2, 500mm/min)

S/quebras ou fissuras a - S/quebras ou


Flexibilidade a
- 25ºC fissuras a -30ºC
baixas temperaturas
(EN 495-5) (EN495-5)

72
De cada geomembrana, foi preparada, pelo fabricante, uma amostra de soldadura por
termofusão, através da utilização de ar quente, com recurso a equipamento próprio. As
geomembranas A e B apresentavam soldaduras duplas (c/canal de ar), ao contrário da
geomembrana C que apresentava soldadura simples (s/canal de ar), conforme se pode ver na
Figura 4.1.

A amostra da geomembrana C continha um geotêxtil acoplado na geomembrana inferior,


o qual se optou por retirar, de forma a que todas as amostras se encontrassem nas mesmas
condições.

A (1,5 mm) B (2,0 mm)

C (3,0 mm)

Figura 4.1 – Geomembranas utilizadas.

4.3 Método
De cada amostra de geomembrana, foram cortados provetes, com a soldadura localizada a
meio (Figura 4.2). Foram realizados ensaios de resistência mecânica das soldaduras, em
laboratório, de acordo com a norma ASTM D 6392, a condições de temperatura diferentes.

As diferentes condições de temperatura foram alcançadas através da colocação dos


provetes em ambientes condicionados a uma determinada temperatura, durante, no mínimo 40
horas, tal como indicado na norma ASTM D 6392. Foram ensaiados provetes das três amostras
a doze temperaturas diferentes, as quais foram alcançadas recorrendo à utilização de duas
câmaras climáticas (uma para temperaturas mais baixas e outra para temperaturas mais altas). O

73
condicionamento foi controlado ao longo das 40 horas para cada uma das temperaturas
pretendidas, verificando-se através da colocação de termómetros dentro das próprias câmaras
climáticas, se a temperatura pretendida para a realização dos ensaios se mantinha constante.

Figura 4.2 - Provetes utilizados.

Para além da temperatura ambiente foram medidas individualmente as temperaturas de


cada provete através de um termómetro a laser de infravermelhos, verificando-se que não
existiam diferenças significativas. Optou-se, assim, por usar os valores da temperatura
ambiente.

As amostras foram ensaiadas às seguintes temperaturas: 5, 7, 10, 14, 16, 20, 23, 27, 30,
33, 37 e 41ºC, sendo 23ºC a temperatura normalizada, a qual servirá de referência.

Embora a norma ASTM D 6392 preconize a realização de ensaios de arranque e de corte


aos provetes, neste trabalho apenas se procedeu à realização do ensaio de arranque para cada
uma das três amostras. A realização do ensaio de corte não foi concretizada devido a limitações
no equipamento de tração utilizado, uma vez que a norma ASTM D 6392 recomenda que os
provetes sejam submetidos a uma força de tração (corte) com uma velocidade de 500mm/min, a
qual não é permitida pelo aparelho utilizado que apenas permite uma velocidade máxima de
300mm/min. Desta forma, optou-se por não realizar o ensaio fora das recomendações
apresentadas pela norma.

74
Os resultados dos ensaios, segundo a referida norma, devem ser apresentados em termos
de resistência ao arranque e ao corte, tipo de rotura, separação (ensaio de arranque) e extensão
(ensaio de corte). Relativamente aos últimos dois verificou-se que não foi possível a sua
determinação no ensaio de arranque porque não ocorreu separação na zona soldada e os ensaios
de corte não foram realizados.

No ensaio de arranque, para cada temperatura, foram ensaiados 5 provetes, com 25 mm


de largura e 150 mm de comprimento, os quais foram ensaiados num equipamento de tração –
Leister EXAMO 300F. No equipamento, os provetes foram fixados por umas garras de 25 mm
de largura, distanciadas inicialmente 25 mm. Foram, seguidamente, submetidos a força de
tração (arranque) com uma velocidade de 50 mm/min até à rotura (Figura 4.3).

Figura 4.3 - Ensaio de arranque.

O ensaio foi realizado para ambos os lados das soldaduras duplas das amostras das
geomembranas A e B, como indicado pela norma ASTM D 6392, registando-se, para cada um
dos lados, a força de arranque em kN/m (resultado do quociente entre a força fornecida pelo
equipamento, em Newton e a largura do provete de 25,4 mm). Para a geomembrana C, apenas
se registou um valor para a força de arranque, uma vez se tratar de uma amostra de soldadura
simples.

75
Para além da força de arranque foram, igualmente, registados os tipos de rotura para as
três amostras, de acordo com o preconizado na norma ASTM D 6392 e apresentado na Figura
4.4.

Figura 4.4 – Tipos de rotura (ASTM D 6392).

4.4 Apresentação e discussão dos resultados

4.4.1 Influência da temperatura na força de arranque das soldaduras


A força de arranque obtida a diferentes temperaturas para as geomembranas A, B e C,
pode ser observada nas Figuras 4.5, 4.6 e 4.7, respetivamente. Para as geomembranas A e B os
resultados são apresentados para as soldaduras interior e exterior, enquanto, para a
geomembrana C, devido à soldadura ser simples, os resultados dizem respeito apenas a uma
soldadura.

Os valores de força de arranque apresentadas correspondem à média dos cinco provetes


ensaiados. Os gráficos incluem ainda as barras de erro correspondentes ao desvio-padrão. Os
resultados individuais, para cada provete a cada temperatura considerada, são apresentados no
Anexo A3 nas Tabelas A3.1 a A3.5, para as geomembranas A, B e C.

76
Figura 4.5 - Geomembrana A: relação entre a força de arranque das soldaduras e a temperatura.

Figura 4.6 - Geomembrana B: relação entre a força de arranque das soldaduras e a temperatura.

77
Figura 4.7 - Geomembrana C: relação entre a força de arranque das soldaduras e a temperatura.

No que se refere à geomembrana A (Figura 4.5), verifica-se que a força de arranque


oscila entre 7,3 kN/m (40,9 ºC) e 10,8 kN/m (23,2ºC), para a soldadura interior, e entre 7,8
kN/m (40,9 ºC) e 11,1 kN/m (23,2ºC), para soldadura exterior. Para a geomembrana B (Figura
4.6), a força de arranque varia entre 8,3 kN/m (40,9ºC) e 11,6 kN/m (23,2 e 36,6ºC), para a
soldadura interior, e entre 7,7 kN/m (40,9ºC) e 11,3 kN/m (23,2 e 36,6ºC), para a soldadura
exterior. Observa-se que existe um comportamento semelhante entre as soldaduras interior e
exterior das geomembranas A e B.

Para a geomembrana C, a força de arranque está compreendida entre 10,8 kN/m (30,3ºC)
e 14,4 kN/m (23,2ºC), de acordo com a Figura 4.7.

Em termos gerais, os valores obtidos para a força de arranque foram relativamente


constantes para as diferentes temperaturas, tendo em conta o desvio padrão calculado
(representado pelas barras de erro). A variação máxima registada foi 4 kN/m, o que sugere que a
temperatura não influência significativamente a resistência mecânica das soldaduras. No
entanto, observa-se que a força de arranque apresenta maior dispersão para temperaturas
superiores à normalizada (23±2ºC), não sendo evidente a causa deste comportamento.

A reduzida influência da temperatura sobre a força de arranque pode estar relacionada


com a estrutura molecular do PVC. Segundo Jansen (2016), a estrutura molecular influência as

78
propriedades mecânicas do material. Sob efeito da temperatura, os polímeros amorfos, tal como
o PVC, exibem um módulo de elasticidade relativamente constantes num intervalo de
temperaturas considerável, apresentando alterações apenas à medida que esta se aproxima da
sua temperatura de transição vítrea (Tg), tal como observado na Figura 4.8.

Figura 4.8 - Influência da temperatura no módulo de elasticidade de polímeros amorfos e


semicristalinos. (https://www.azom.com/article.aspx?ArticleID=83)

A Tg marca a zona de transição do estado vítreo (característico de baixas temperaturas –


vibração das moléculas com baixa energia) para o estado “maleável” (característico de altas
temperaturas – vibração das moléculas a elevada velocidade), podendo ser representada por um
valor específico ou por um intervalo de valores de temperaturas. No caso do PVC, sem aditivos,
a Tg é aproximadamente 80ºC. Este valor sofre alterações consoante a quantidade de
plastificante utilizados na composição da geomembrana. Os plastificantes são adicionados com
vista a tornar o material mais flexível. Por exemplo, para geomembranas com cerca de 30% de
plastificantes na sua composição, como as tipicamente utilizadas em barragens (ver Tabela 2.2),
a Tg decresce para valores compreendidos entre -20ºC a -25ºC (Colmanetti, 2006).

Sendo a resistência mecânica das soldaduras dependente da resistência da própria


geomembrana, conforme referido pelo Comité Française de Géosynthétiques (2017), o facto da
resistência da geomembrana ser relativamente constante acima da Tg (em consonância com a
Figura 4.8) pode justificar a reduzida influência que o aumento da temperatura entre 5 e 41ºC
teve sobre a resistência das soldaduras. Assim, os resultados obtidos neste estudo são
consistentes com a hipótese de que o impacto pouco significativo na resistência mecânica das

79
soldaduras com o aumento da temperatura está relacionado com estrutura amorfa das
geomembranas de PVC.

4.4.2 Influência da espessura na força de arranque das soldaduras


Na Figura 4.9 apresentam-se a força de arranque para geomembranas A, B e C, com
espessuras de 1,5, 2,0 e 3,0 mm, respetivamente. Salienta-se que a soldadura da geomembrana
C era simples, pelo que os valores obtidos para a mesma são comparados apenas com a
soldadura exterior das outras amostras, por uma questão de simplicidade. Recorda-se que os
resultados obtidos para as soldaduras interior e exterior das geomembranas A e B foram
semelhantes.

Figura 4.9 - Força de arranque das soldaduras das geomembranas A, B e C – Influência da


espessura.

Como era de esperar, observa-se que a espessura das geomembranas tem influência na
força de arranque das soldaduras. Verifica-se que a força de arranque aumenta à medida que a
espessura da geomembrana aumenta. Por exemplo, à temperatura de 19,5ºC, a força de arranque
das soldaduras é de 12,2 kN/m, para a geomembrana de 3,0 mm, 8,9 kN/m, para a
geomembrana de 2,0 mm, e de 7,9 kN/m, para a geomembrana de 1,5 mm.

80
Tal como referido anteriormente, as características das soldaduras em termos de
resistência mecânica dependem das características da própria geomembrana. Uma vez que o
aumento da resistência mecânica da geomembrana aumenta com o aumento da espessura é de
esperar maior resistência mecânica oferecida pelas soldaduras em geomembranas mais espessas.

4.4.3 Análise dos tipos de rotura


A análise dos tipos de rotura foi feita de acordo com a Figura 4.4, tendo-se revelado
difícil a sua classificação, para todas as geomembranas.

Para a geomembrana A, observou-se que a rotura ocorre pela interface entre as duas
camadas que constituem a mesma geomembrana, identificáveis com cores diferentes, amarelo e
preto, tal como se pode observar na Figura 4.10, e não pela soldadura propriamente dita. Este
tipo de rotura não é indicado na norma ASTM D 6392.

Na geomembrana B, observou-se que a rotura ocorre pela soldadura, sem existir


descolagem. Como se pode observar na Figura 4.11, a permanência de pequenas quantidades de
geomembrana na zona soldada, indica que a rotura ocorreu pelas próprias geomembranas, o que
sugere que a zona menos resistente não é a soldadura.

Para a geomembrana C, constituída apenas por uma soldadura, verifica-se que as


roturas ocorreram na zona da soldadura (Figura 4.12), as quais poderiam ser classificadas, de
acordo com a Figura 4.4, como AD-BRK.

Figura 4.10 – Tipo de rotura obtido para a geomembrana A.

81
Figura 4.11 - Tipo de rotura obtido para a geomembrana B.

Figura 4.12 - Tipo de rotura obtido para a geomembrana C.

4.4.4 Critérios de aceitação/rejeição das soldaduras


A avaliação da qualidade das soldaduras requer que os resultados obtidos sejam
posteriormente comparados com valores definidos, nas especificações de projeto, como critérios
de aceitação/rejeição.

82
Em termos gerais, as soldaduras são aceites quando cumprem os valores especificados e
rejeitadas caso contrário. Relativamente à resistência mecânica, Haxo & Kamp (1990) indicam
que a resistência das soldaduras deve ser 80 a 90 % da resistência da geomembrana, sendo que
no caso do PVC, esse valor é definido no projeto não correspondendo à resistência à rotura. Esta
abordagem é diferente da praticada, no caso das geomembranas de PEAD, porque o valor não é
referente à resistência à rotura, mas sim à cedência, tipicamente o valor indicado na ficha
técnica.

Para geomembranas de PVC com espessura superior a 1 mm, as primeiras


especificações desenvolvidas pelo National Sanitation Foundation (NSF 54) e relatadas por
Haxo & Kamp (1990), propunham que a força de arranque das soldaduras deveria ser no
mínimo de 2,6 kN/m. Atualmente, esse valor é ainda recomendado pela especificação mais
recente, a FGI 1117 (2017).

Relativamente ao tipo de rotura, durante a realização deste trabalho, não foram


encontrados, para geomembranas de PVC, critérios de aceitação/rejeição, tal como acontece,
por exemplo, para geomembranas de PEAD (GRI-GM 19). Dada a dificuldade relatada na seção
anterior em classificar os tipos de rotura obtidos para as geomembranas de PVC, de acordo com
a norma, seria útil realizar maior investigação, no sentido de avaliar a adequabilidade do tipo de
rotura, bem como a sua utilidade como critério de aceitação/rejeição, neste tipo de
geomembranas.

4.4.5 Comparação entre as geomembranas de PVC e PEAD


Na Figura 4.13 comparam-se os resultados obtidos no presente estudo com os resultados
obtidos por Lopes et al. (2006) para geomembranas de PEAD. A figura inclui apenas os
resultados para a geomembrana A, soldadura exterior, de 2mm de espessura, por terem sido as
condições também estudadas pelos referidos autores.

83
40,0
35,0

Força de arranque (kN/m) 30,0

25,0

20,0 Geomembrana PVC (2mm)

15,0 Geomembrana PEAD (1) (2mm)

10,0 Geomembrana PEAD (2) (2mm)

5,0

0,0
0 10 20 30 40 50
Temperatura (˚C)

Figura 4.13 - Força de arranque das soldaduras a diferentes temperaturas para geomembranas de
PVC e PEAD (Lopes et al., 2006).

Como é possível observar na Figura 4.13, Lopes et al. (2006) concluíram que a força de
arranque das soldaduras em geomembranas de PEAD apresentam uma relação linear com a
temperatura, ou seja, à medida que aumenta a temperatura, a força de arranque das soldaduras
diminuí. Os autores atribuíram a diminuição da força de arranque das soldaduras com o
aumento da temperatura a alterações no movimento interno das macromoléculas, que aumenta
de forma a absorverem a energia a que são expostas. Esse movimento acelerado provoca o
enfraquecimento das ligações intermoleculares e consequentemente diminui a resistência
mecânica. Por outro lado, a redução da temperatura reduz os movimentos internos das
macromoléculas dos polímeros fortalecendo as ligações intermoleculares e tornando o material
mais rígido e mais resistente mecanicamente.

No caso das soldaduras em geomembranas de PVC, estudadas neste trabalho, a


temperatura não influencia significativamente a força de arranque. A diferença entre os
comportamentos observados neste trabalho e no trabalho relatado por Lopes et al. (2006) pode
ser justificada pelo fato de os materiais possuírem uma estrutura molecular bastante diferente, o
que, como já abordado, influência as propriedades mecânicas do material. Se por um lado o
PVC é um polímero de estrutura molecular amorfa, com módulo de elasticidade relativamente
constante para temperaturas superiores à Tg, o PEAD, por outro lado, é um polímero de

84
estrutura molecular semicristalina com módulo de elasticidade decrescente para temperaturas
superiores à Tg (Figura 4.8).

Para além da resistência mecânica das soldaduras, foram analisados os tipos de rotura
obtidos para as diferentes temperaturas. No trabalho de Lopes et al. (2006) o tipo de rotura
predominante foi o SE1, enquanto neste trabalho, para geomembranas de PVC, não foi evidente
a classificação dos mesmos de acordo com a norma, questionando-se a sua adequabilidade para
a avaliação da qualidade das soldaduras neste tipo de geomembranas.

4.5 Considerações finais


Neste capítulo apresentou-se o trabalho experimental desenvolvido com o intuito de
avaliar a influência da temperatura sobre a resistência mecânica de soldaduras por termofusão
(duplas e simples) de geomembranas de PVC com diferentes espessuras (1,5, 2,0 e 3,0 mm).
Foram realizados ensaios de arranque, segundo a norma ASTM D 6392, considerando 12
temperaturas distintas, compreendidas entre 5ºC e 41ºC.

Apresentaram-se os materiais e os métodos de ensaio utilizados na sua realização bem


como os resultados obtidos.

Os resultados foram analisados em termos de resistência ao arranque e tipo de rotura.

Relativamente à resistência ao arranque, verificou-se que a influência da temperatura na


força de arranque das soldaduras (simples e duplas por termofusão) foi reduzida, uma vez que
os valores obtidos para diferentes temperaturas foram relativamente constantes. A justificação
para a reduzida variação nos valores obtidos parece estar relacionada com a estrutura molecular
amorfa do PVC, o qual apresenta um módulo de elasticidade relativamente constante para
temperaturas superiores à Tg.

A influência da espessura na força de arranque das soldaduras foi também avaliada,


constatando-se que quanto maior a espessura de geomembranas utilizada maior a resistência das
soldaduras.

Relativamente ao tipo de rotura, foi difícil a sua classificação com base na norma ASTM
D 6392, especialmente no caso das geomembranas A e B, o que levanta questões relativamente
à utilidade da inclusão do tipo de rotura nos critérios de aceitação/rejeição, no caso de
geomembranas de PVC.

85
Neste capítulo foram também abordados os critérios de aceitação/rejeição das soldaduras,
os quais servem de comparação para os resultados obtidos, no sentido de avaliar a qualidade das
soldaduras.

Os resultados obtidos neste estudo foram comparados com resultados relatados para
geomembranas de PEAD, constatando-se diferenças notórias entre a influência da temperatura
na força de arranque das soldaduras dos dois tipos de geomembranas. Se no caso de soldaduras
em geomembranas de PVC a influência da temperatura se revelou pouco significativa, no caso
de soldaduras em geomembranas de PEAD a força de arranque diminui com o aumento da
temperatura. As diferenças de comportamento da força de arranque das soldaduras em
geomembranas de PVC e PEAD em função da temperatura foram atribuídas às diferenças
existentes na estrutura molecular dos dois materiais.

86
5
5. Conclusões

5.1 Principais conclusões


Esta dissertação centrou-se na aplicação de geomembranas em barragens, tendo como
principal objetivo avaliar a influência da temperatura ambiente na resistência mecânica das
soldaduras simples e duplas por termofusão, de geomembranas de PVC com diferentes
espessuras (1,5, 2,0 e 3,0 mm). Este aspeto é importante porque, por vezes, em campo, não é
possível assegurar a realização dos ensaios de resistência mecânica de controlo de qualidade das
soldaduras à temperatura normalizada, levantando questões sobre a aceitação/rejeição das
mesmas. Outro objetivo deste trabalho passou pela compilação dos principais desenvolvimentos
sobre a aplicação de geomembranas em barragens, com vista a estudar o estado atual do
conhecimento sobre a aplicação destes materiais e identificar os principais desafios na sua
utilização.

Para o cumprimento do primeiro objetivo, foram realizados ensaios de arranque, segundo


a norma ASTM D 6392, considerando 12 temperaturas distintas, compreendidas entre 5ºC e
41ºC. Os materiais e os métodos de ensaio utilizados foram apresentados, assim como como os
resultados obtidos, os quais foram analisados em termos de resistência ao arranque e tipo de
rotura.

Relativamente à resistência ao arranque, verificou-se que a influência da temperatura na


força de arranque das soldaduras, simples e duplas por termofusão, é reduzida, uma vez que os
valores obtidos para diferentes temperaturas foram relativamente constantes. A justificação para
a reduzida variação nos valores obtidos reside na estrutura molecular amorfa do PVC, o qual
apresenta um módulo de elasticidade relativamente constante para temperaturas superiores à
temperatura de transição vítrea, na ordem dos -20ºC a -25ºC, para este tipo de geomembranas.
87
A influência da espessura na força de arranque das soldaduras foi também avaliada,
constatando-se que quanto maior a espessura de geomembranas utilizada maior a resistência das
soldaduras.

Relativamente ao tipo de rotura, foi difícil a sua classificação com base na norma ASTM
D 6392, especialmente no caso das geomembranas A e B, o que levanta questões relativamente
à utilidade da inclusão do tipo de rotura nos critérios de aceitação/rejeição, no caso de
geomembranas de PVC.

Os resultados obtidos foram, também, comparados com resultados relatados para


geomembranas de PEAD, constatando-se diferenças notórias entre a influência da temperatura
na força de arranque das soldaduras dos dois tipos de geomembranas. No caso das soldaduras de
geomembranas de PVC, a influência da temperatura revelou-se pouco significativa,
contrariamente ao que acontece nas soldaduras de geomembranas de PEAD. As diferenças de
comportamento da força de arranque das soldaduras em geomembranas de PVC e PEAD em
função da temperatura parecem estar relacionadas com as diferenças na estrutura molecular dos
dois materiais.

No que se refere ao segundo objetivo deste trabalho, realizou-se uma compilação dos
principais desenvolvimentos sobre a durabilidade, as fugas e os principais requisitos de
instalação, como as soldaduras, as dobras e as condições da superfície de apoio.

Verificou-se que a durabilidade de uma geomembrana é afetada pelas solicitações


impostas ao material durante o seu periodo de utilização, bem como pela sua composição e
processo de fabrico pelo que é importante avaliar o tempo de vida útil de uma geomembrana.
A previsão da vida útil de uma geomembrana tem sido realizada com base em resultados
obtidos em ensaios laboratoriais sobre amostras recolhidas in situ ou amostras envelhecidas de
forma acelerada. Para geomembranas de PVC, o tempo de vida útil estimado é superior a 50
anos.

Os desenvolvimentos sobre a ocorrência de fugas permitiram constatar que a frequente


implementação de atividades de garantia de qualidade de construção contribuem para a redução
do número de danos nas geomembranas, minimizando o fluxo através dos mesmos. Verificou-
se, também, a existência de várias ferramentas para o cálculo do fluxo através de orifícios nas
geomembrana, destacando-se, uma equação empírica especialmente desenvolvida para
condições representativas de uma barragem.

No que diz respeito aos principais requisitos de instalação, constatou-se que a qualidade
das soldaduras duplas em geomembranas de PVC em termos de resistência mecânica pode ser

88
controlada através do ensaio de pressão de ar, realizado segundo a norma ASTM D 7177, em
substituição do ensaio destrutivo de arranque. A questão da avaliação da qualidade das
soldaduras em geomembranas de PVC carece ainda de investigação.

Quanto às dobras, verificou-se que o coeficiente de expansibilidade térmica e o módulo


de elasticidade da geomembrana são as propriedades do material com maior influência na sua
formação. O tipo de geomembrana, a cor e a textura são também determinantes na formação de
dobras. As geomembranas de PVC apresentam dobras bastante mais pequenas e espaçadas
entre si que as geomembranas de PEAD. A cor tem uma influência reduzida na altura das
dobras, mas bastante elevada no seu espaçamento, verificando-se o dobro do espaçamento para
geomembranas de cor branca relativamente a geomembranas de cor negra. As geomembranas
texturadas apresentam dobras menores e com menor espaçamento do que geomembranas lisas.

Por último, verificou-se que a superfície de apoio deve ser plana, estável, homogénea,
firme, sem depressões, livre de qualquer presença de água, lamas, vegetação, detritos ou outros
materiais nocivos, e que a dimensão máxima dos agregados deve ser inferior a 10 mm. No caso
de geomembranas de PVC reforçadas com geotêxtil (geocompósitos), as dimensões dos
agregados presentes na superfície poderão ser superiores, embora não excedendo os 100 mm.

5.2 Trabalhos futuros


Como trabalhos futuros surgere-se a realização de ensaios de corte às soldaduras,
utilizando equipamento de tração adequado, de forma a completar a avaliação da influência da
temperatura na resistência mecânica das soldaduras, com base na norma ASTM D 6392.

Outra sugestão consiste na realização do trabalho experimental numa gama mais


alargada, que inclua diferentes tipos de geomembranas, com várias espessuras e tipos de
soldadura, com vista a contribuir para o desenvolvimento de critérios de aceitação/rejeição mais
robustos. Estes critérios deverão ter em conta a definição de valores mínimos de resistência
mecânica, bem como a verificação da utilidade do tipo de rotura como resultado relevante na
avaliação da qualidade de uma soldadura de PVC.

O estudo do comportamento, ao longo do tempo, das soldaduras em geomembranas de


PVC, sujeitas ás solicitações climáticas características de Portugal seria, também, importante de
realizar.

89
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96
A
Anexos

Anexo A1 – Geossintéticos

Anexo A1.1 - Tipos de geossintéticos


Segundo a Sociedade Internacional de Geossinteticos (IGS – Portugal, 2018), um
geossintético consiste, de uma forma geral, num material polimérico (sintético ou natural)
plano, usado em contato com materiais naturais (solos ou rochas) ou com qualquer outro
material geotécnico, em aplicações de Engenharia Civil.

As matérias-primas usadas para o fabrico de geossintéticos podem ser naturais (lã,


algodão, seda, entre outros) ou sintéticas.

Os materiais geossintéticos, ao longo dos últimos anos, têm sido muito aplicados nas
mais diversas obras de construção civil, tais como, aeroportos, aterros, rodovias, ferrovias,
barragens, etc.

As principais razões do sucesso no uso dos geossintéticos incluem vantagens técnicas,


como a rapidez e simplicidade de aplicação, bem como a existência de uma grande gama de
produtos para os mais variados fins; económicas, como o baixo custo; e ambientais, como o
baixo impacto ambiental. Estas constituem os geossintéticos como uma excelente alternativa
aos materiais de construção tradicionais (Carneiro, 2009).

Existem diferentes tipos de geossintéticos que são classificados, de acordo com a norma
NP EN ISO 10318 (2005). Estes podem ser classificados em produtos permeáveis e barreiras,
como se pode observar na Figura A1.1. Os produtos permeáveis incluem os geotêxteis e os
materiais relacionados como as georredes, as geogrelhas, as geocélulas, entre outros. Por outro

97
lado, as barreiras dividem-se em argilosas e poliméricas, sendo as últimas mais conhecidas por
geomembranas. Importa referir que a associação de diferentes geossintéticos dá origem aos
geocompósitos.

Figura A1.1 - Classificação dos geossintéticos segundo a EN ISO 10318.

Apresenta-se, de seguida uma breve descrição dos principais tipos de geossintéticos, de


acordo com a norma NP EN 10318 (2005).

Geotêxteis: são materiais poliméricos planos (Figura A1.2) e permeáveis, podendo ser
divididos, de acordo com o processo de fabrico, em tecidos, não tecidos ou tricotados. São
usados em diversas aplicações, desempenhando sempre, pelo menos, uma das seguintes
funções: proteção, reforço, separação, filtragem ou drenagem.

98
Figura A1.2 – Exemplo de Geotêxtil tecido (https://www.ntcbrasil.com.br/geotextil-tecido/).

Geomembranas: são materiais poliméricos planos de superfície lisa (Figura A1.3) ou


rugosa. A principal função das geomembranas é a contenção de líquidos ou gases. Este tipo de
geossintético, perfila-se como sendo o principal objeto deste trabalho.

Figura A1.3 – Exemplo de Geomembrana de PEAD (http://ambitela.pt/produtos/geomembranas).

Geogrelhas: são materiais poliméricos planos com uma estrutura aberta de elementos
ligados e cruzados entre si (Figura A1.4). As geogrelhas desempenham quase sempre funções
de reforço.

Figura A1.4 – Exemplo de Geogrelha (http://ambitela.pt/produtos/geogrelha-de-reforco).

99
Georredes: são materiais poliméricos planos com uma malha densa (Figura A1.5) e
regular (possuem uma estrutura aberta como as geogrelhas). A diferença entre as georredes e as
geogrelhas tem a ver com a função que desempenham. As georredes são normalmente usadas
para funções de drenagem de líquidos ou de gases.

Figura A1.5 – Exemplo de Georrede (http://ambitela.pt/produtos/georede).

Geocélulas: são redes tridimensionais, relativamente espessas, construídas a partir de


tiras poliméricas ligadas de modo a formar células interligadas que são preenchidas com solo
(Figura A1.6), ou com betão (IGS – Portugal, 2018). As geocélulas desempenham funções de
reforço.

Figura A1.6 – Exemplo de Geocélulas (http://ecosalix.pt/produto/geocelulas/).

Geocompósitos: são formados pela associação de diferentes materiais (Figura A1.7), em


que, pelo menos, um deles é um geossintético. A combinação de inúmeros materiais pode dar
origem a uma grande variedade de geocompósitos, utilizados nas mais diversas aplicações e
desempenhando funções de acordo com a estrutura dos materiais envolvidos (Carneiro,2009).
Podem assim, existir diferentes tipos de geocompósitos, como por exemplo, geocompósitos
drenantes, geocompósitos de reforço ou geocompósitos argilosos.

100
Figura A1.7 – Exemplo de Geocompósito drenante (http://ambitela.pt/produtos/geocomposto-
drenante).

Anexo A1.2 - Geossintéticos em barragens


O grande desenvolvimento na área dos geossintéticos possibilitou a sua utilização, com
sucesso, em diversas áreas da engenharia. A impermeabilização de barragens com recurso a
estes materiais tem aumentado ao longo do tempo, tanto em construção nova como em
reabilitação. Atualmente, a solução passa pelo recurso a sistemas de impermeabilização com
geomembranas (SIGM), que consistem na utilização destas em conjunto com outros
geossintéticos cujos objetivos passam por garantir um bom funcionamento do sistema,
assegurando a proteção das geomembranas, bem como uma drenagem e ventilação adequadas.
Para tal são utilizados geotêxteis e por vezes também georredes.

A constituição de um SIGM depende muito das características da barragem em que este é


aplicado, das solicitações impostas e do tipo de sistema utilizado. Assim, de forma abrangente,
um SIGM deve conter as seguintes camadas na sua constituição:

• Camada de impermeabilização: constituída por geomembranas, unidas de


modo a formar um plano continuo;
• Camada de suporte: constituída por geotêxteis, localizados sob as
geomembranas, como forma de proteção contra o punçoamento. Existe a
possibilidade de utilização de um geocompósito (geomembrana e geotêxtil);
• Camada de proteção: constituída por geotêxteis, localizados sobre as
geomembranas, apenas em sistemas cobertos, como forma de proteção aos
materiais utilizados como cobertura;
• Camada de drenagem: constituída por georredes ou geotêxteis, cuja função
passa pela drenagem da água, atrás da camada impermeável, posteriormente

101
recolhida, impedindo a instabilidade do sistema pelo equilíbrio das pressões
nessa zona.

Na Figura A1.8, observa-se a constituição genérica de um sistema exposto numa


barragem de aterro.

1 – Geomembrana
2 – Camada de suporte
3 – Camada de drenagem

Figura A1.8 - Constituição genérica de um sistema exposto numa barragem de aterro (Adaptado de
ICOLD, 2010).

A utilização dos SIGM prevê a integração de vários geossintéticos em simultâneo, sendo


que no caso das barragens se utilizam, as geomembranas, os geotêxteis e as georredes.

Os SIGM apresentam vantagens em relação aos sistemas de impermeabilização


tradicionais (núcleos de argila, cortinas de betão armado, entre outros). Desde logo, o custo
destes sistemas pode ser bem mais reduzido.

Os SIGM estão menos dependentes da qualidade da sua construção, fazendo com que a
sua reduzida permeabilidade e durabilidade sejam menos afetados pela experiência e
competência dos intervenientes na sua instalação, exigindo, no entanto, mão-de-obra
especializada e cuidados especiais de instalação.

O tempo total de construção das barragens e as suas condicionantes podem ser reduzidos
com estes sistemas, devido à possibilidade de a instalação ser executada em função do
planeamento da construção, uma vez que a sua esta é muito pouco afetada pelas condições
climatéricas, o que não acontece em sistemas tradicionais (Figueira, 2014).

102
Anexo A1.3 - Funções dos geossintéticos
Os geossintéticos distinguem-se pelo desempenho de uma ou mais funções em
simultâneo. Destas destacam-se: drenagem, filtragem, proteção, reforço, separação controlo de
erosão superficial e barreira de fluidos.

Apresenta-se, de seguida, com base na norma NP EN 10318 (2005), uma breve descrição
das funções dos geossintéticos.

Drenagem: consiste na recolha e no transporte de líquidos ao longo do plano de um


geossintético. Este deve permitir a circulação de líquidos, através de aberturas com dimensões
tais que impeçam a passagem de partículas sólidas para o interior dos drenos.

Filtragem: consiste no movimento de líquidos através dos geossintéticos com retenção


simultânea do solo no sentido do fluxo. Os geossintéticos devem ter uma estrutura tal, que
permita a passagem dos líquidos e, ao mesmo tempo, impeça a passagem de partículas sólidas.
Estes devem, ainda, possuir uma boa flexibilidade de forma a existir um bom ajuste com o solo
envolvente.

Proteção: consiste no recurso a um geossintético de forma a evitar ou limitar a


ocorrência de danificação de um determinado elemento ou material.

Reforço: consiste na instalação de geossintéticos de forma a melhorar as propriedades


mecânicas de um solo ou de outro material de construção. A função de reforço é exercida
essencialmente em duas situações: (1) geossintéticos colocados entre duas camadas sujeitas a
pressões diferentes, a sua tensão equilibra a diferença de pressão entre essas camadas,
conduzindo ao reforço global; (2) geossintéticos colocados no interior de maciços para suportar
tensões de tração, aumentando a capacidade global da estrutura para resistir a esforços deste
tipo. O reforço é uma função que requer dos geossintéticos propriedades mecânicas adequadas
(Carneiro, 2009).

Separação: consiste na colocação de um geossintético entre dois materiais adjacentes


com características diferentes de forma a evitar a sua mistura, que poderia comprometer a
integridade e o correto funcionamento dos materiais.

Controlo de erosão superficial: consiste na utilização de um geossintético para evitar ou


limitar os movimentos do solo ou de outras partículas à superfície de, por exemplo, um talude.

Barreira de fluidos: consiste no uso de um geossintético de forma a evitar ou limitar a


migração de fluidos (líquidos ou gases). Esta função, exige dos geossintéticos impermeabilidade

103
e continuidade, devendo ainda estes ser suficientemente resistentes aos ataques químicos
causados pelos fluidos.

Na Figura A1.9 podem observar-se esquemas ilustrativos das funções exercidas pelos
geossintéticos e descritas anteriormente.

Figura A1.9 - Funções dos geossintéticos (a) Drenagem; (b) Filtragem; (c) Proteção; (d) Reforço; (e)
Separação; (f) Controlo da erosão superficial; (g) Barreira de fluídos (norma NP EN ISO 10318
(2005)).

104
Anexo A2 – Tipos de barragens
Anexo A2.1 - Barragens de aterro
Segundo a ICOLD, cerca de 77% das barragens existentes são de aterro. Estas são
constituídas essencialmente por solo e por enrocamento, sendo classificadas como barragens de
terra, de enrocamento ou de terra enrocamento, consoante o material predominante. Os
materiais são normalmente escavados ou extraídos de locais próximos.

As barragens de terra podem ser de perfil homogéneo ou de perfil zonado. As de perfil


homogéneo são constituídas, essencialmente, por um material (argilas, misturas de argilas,
areias argilosas, argilas arenosas, etc.) servindo toda a estrutura para o controlo da percolação.
As de perfil zonado são constituídas por um núcleo de solos de características de
permeabilidade adequadas e maciços estabilizadores constituídos por materiais de boa
resistência (Figueira, 2014). Na Figura A2.1, observa-se a barragem de terra com perfil
homogéneo do Salgueiro, enquanto a Figura A2.2, mostra a barragem de terra com perfil
zonado de Alijó. As barragens de enrocamento são constituídas por material grosseiro, contendo
uma quantidade muito pequena de finos, o que leva a que tenham uma grande capacidade
drenante, não existindo qualquer desenvolvimento de pressões intersticiais. As barragens de
terra e enrocamento apresentam, como o próprio nome indica, dois maciços diferenciados, um
de terra e outro de enrocamento (Figueira, 2014). Nas Figuras A2.3 e A2.4 é possível observar a
barragem de enrocamento do Pego do Altar e a barragem de terra e enrocamento de Vale do
Gaio, respetivamente.

Figura A2.1 - Barragem de perfil homogéneo do Salgueiro, Portugal (Adaptado de Melo, 2016).

105
Figura A2.2 - Barragem de perfil zonado de Alijó, Portugal (Adaptado de Melo, 2016).

Figura A2.3 - Barragem de enrocamento do Pego do Altar, Portugal (Adaptado de Melo, 2016).

Figura A2.4 - Barragem de terra e enrocamento do Vale do Gaio, Portugal (Adaptado de Melo,
2016).

Devido aos materiais que constituem as barragens de aterro, são conferidas à sua estrutura
características de grande ductilidade, podendo estas sofrer grandes deformações sem que a
rotura ocorra. Estas, possuem ainda uma grande relação base/altura quando comparadas com os
outros tipos de barragens, o que lhes confere maior estabilidade relativamente ao deslizamento.

106
Assim, pelas razões anteriores, as barragens de aterro são as mais recomendadas no caso de
terrenos de fundação de características brandas, permeáveis ou compressíveis. Estas são
recomendadas também quando os vales são mais abertos ou largos e quando o custo de
materiais como o betão é muito mais elevado (Caldeira & Ramos, 2001).

Anexo A2.2 - Barragens de betão


As barragens de betão são bastante resistentes devido à sua constituição, mas podem ser
vulneráveis no caso de ocorrência de fendilhação, o que leva à sua construção em zonas de vales
encaixantes.

Existem diferentes tipos de barragens de betão com interesse para este trabalho:
• Barragens gravidade: são constituídas por paredões de betão que resistem á
impulsão hidrostática devido ao seu peso próprio, o que faz com que este tipo de
barragens esteja completamente dependente do seu peso no que diz respeito á
estabilidade. O seu perfil gravitacional é essencialmente triangular para garantir a
estabilidade e evitar o tensionamento excessivo da barragem ou da sua fundação.
Algumas barragens de gravidade são suavemente curvadas no plano por razões,
essencialmente estéticas. Estas podem ser de alvenaria de pedra, betão ciclópico
(tipo de betão que recorre ao uso de enrocamento de grandes dimensões colocado
á mão) ou betão armado;
• Barragens abóbada: são construídas em vales apertados, o que permite que a
altura seja por vezes maior que o comprimento do corpo da barragem. Têm uma
considerável curvatura a montante, funcionando estruturalmente como um arco
horizontal, transmitindo a maior parte da carga lateralmente, para os pilares ou
para as margens do vale. São, estruturalmente, mais eficientes que as barragens
de gravidade ou as barragens de contrafortes, o que reduz bastante as quantidades
de betão empregues. Para a sua construção é necessário existirem condições
naturais favoráveis como as margens e o fundo do rio serem constituídos por
rocha resistente e sã. Podem ser de betão e/ou betão armado;
• Barragens de contrafortes: consistem numa face contínua a montante
suportada, em intervalos regulares, a jusante, por contrafortes. As barragens de
contrafortes maciços são a variante mais moderna no que diz respeito a barragens
de betão, podendo ser consideradas como uma versão mais leve das barragens de
gravidade;

107
• Barragens de abóbadas múltiplas: são como uma mistura entre as barragens de
abóboda e as de gravidade, diferindo apenas na espessura que é menor. Essa
limita os esforços de tração, a fim de evitar fissuração. São construídas em betão
ciclópico.

Nas Figuras A2.5 e A2.6, observam-se a barragem gravidade do Torrão e a barragem


abóbada da Caniçada, respetivamente. A Figura A2.7, mostra a barragem de contrafortes de
Pracana. Por fim, a Figura A2.8, mostra a barragem de abóbadas múltiplas da Aguieira.

Figura A2.5 – Barragem gravidade do Torrão, Portugal


(http://www.baixotamega.pt/pages/441/?geo_article_id=1147).

Figura A2.6 - Barragem abóbada da Caniçada, Portugal


(http://bomdia.eu/quem-quer-um-terreno-na-barragem-da-caniada/).

108
Figura A2.7 - Barragem de contrafortes da Pracana, Portugal
(http://quintadoribeirinho.pt/en/barragem-da-pracana/).

Figura A2.8 - Barragem de abóbadas múltiplas da Aguieira, Portugal


(http://portugalfotografiaaerea.blogspot.pt/2011/08/barragem-da-aguieira.html).

Anexo A2.3 - Barragens de BCC (Betão Compactado com Cilindros)


As barragens construídas com BCC apresentam propriedades estruturais semelhantes às
construídas com recurso a betão convencional. O seu método construtivo consiste na colocação
de betão, com reduzida dosagem de cimento e fraca consistência (tipo terra húmida), ao longo
de camadas horizontais de pequena espessura, compactando-o com cilindros, como se de um
solo se tratasse. Este, dada a sua simplicidade e facilidade de execução, permite obter elevados
ritmos de construção bem como poupanças significativas em termos de custos (25% a 50%),
quando comparando com a construção de barragens utilizando betão convencional. Por outro
lado, a rápida colocação de elevados volumes de betão requerer a execução de análise térmica
ao BCC.

A existência de um elevado número de juntas horizontais pode afetar a estabilidade da


estrutura e prejudicar o tempo de vida da obra, tornando-a mais suscetível à ocorrência de
109
percolação. É de notar a difícil execução do método construtivo em espaços reduzidos, bem
como o maior impacto na construção aquando da ocorrência de imprevistos. Na Figura A2.9,
observa-se a barragem de BCC de Pedrogão.

Figura A2.9 - Barragem de BCC de Pedrogão, Portugal

(http://www.edia.pt/folder/imprensa/ficheiro/1856.jpg).

110
Anexo A3 – Resultados dos ensaios realizados

Tabela A3.1 - Geomembrana A: força de arranque das soldaduras interiores a diferentes


temperaturas.

Geomembrana A Força de arranque - Soldadura interior (kN/m)


4,8 8,9 8,7 8,8 8,7 8,5
7,1 8,7 7,3 9,1 8,7 8,7
10 8,1 10,0 10,2 8,2 10,0
13,9 9,3 9,5 8,7 8,2 9,3
Temperatura (˚C)

15,9 9,1 10,0 8,9 8,5 8,5


19,5 6,9 7,8 7,4 8,0 7,4
23,2 10,4 10,6 11,3 11,0 10,8
26,8 8,5 8,9 8,0 8,0 8,0
30,3 8,0 8,2 8,0 8,0 7,8
32,7 7,1 9,5 9,5 9,7 9,5
36,6 10,6 10,2 10,2 10,8 10,6
40,9 6,9 7,6 7,4 7,4 7,4
Provetes P1 P2 P3 P4 P5

Tabela A3.2 - Geomembrana A: força de arranque das soldaduras exteriores a diferentes


temperaturas.

Geomembrana A Força de arranque - Soldadura exterior (kN/m)


4,8 8,4 9,3 9,5 9,5 8,4
7,1 9,5 8,9 8,9 8,0 10,0
10 8,9 9,1 9,5 9,3 10,0
13,9 9,3 9,3 8,4 9,7 9,3
Temperatura (˚C)

15,9 9,3 9,1 10,0 8,5 8,5


19,5 8,4 8,0 7,6 7,6 7,8
23,2 11,5 11,4 10,6 10,8 11,3
26,8 8,2 8,9 8,2 8,2 8,5
30,3 7,4 8,9 10,0 8,4 9,7
32,7 9,7 10,2 10,4 10,2 10,6
36,6 10,6 10,2 10,2 10,0 10,2
40,9 7,6 8,0 8,2 7,4 8,0
Provetes P1 P2 P3 P4 P5

111
Tabela A3.3 - Geomembrana B: força de arranque das soldaduras interiores a diferentes
temperaturas.

Geomembrana B Força de arranque - Soldadura interior(kN/m)


4,8 10,0 8,2 11,0 10,4 10,8
7,1 10,6 10,8 10,2 9,5 8,9
10 10,4 8,9 10,4 11,2 10,4
13,9 9,1 9,5 10,0 10,2 10,6
Temperatura (˚C)

15,9 8,5 8,7 9,3 8,9 8,9


19,5 9,3 10,2 10,4 9,5 10,2
23,2 11,9 11,5 11,7 11,7 11,0
26,8 10,2 8,2 8,4 8,9 8,9
30,3 9,5 8,2 8,5 9,1 9,3
32,7 11,7 10,8 10,6 10,8 10,8
36,6 10,8 12,8 11,5 11,3 11,5
40,9 7,8 7,8 8,9 8,9 8,0
Provetes P1 P2 P3 P4 P5

Tabela A3.4 - Geomembrana B: força de arranque das soldaduras exteriores a diferentes


temperaturas.

Geomembrana B Força de arranque - Soldadura exterior(kN/m)


4,8 11,1 10,0 10,6 10,2 11,7
7,1 9,1 10,4 9,8 10,4 10,6
10 10,8 10,3 9,8 10,2 9,5
13,9 8,9 8,4 9,3 9,3 10,2
Temperatura (˚C)

15,9 10,1 9,3 10,6 9,1 10,0


19,5 8,7 8,2 8,9 9,3 9,5
23,2 11,0 11,3 11,9 11,3 11,0
26,8 8,2 8,7 8,7 8,7 9,1
30,3 7,8 8,2 10,0 9,5 8,0
32,7 11,7 11,5 11,5 10,4 11,5
36,6 10,4 10,6 11,0 10,4 11,3
40,9 8,7 6,9 8,7 6,9 7,2
Provetes P1 P2 P3 P4 P5

112
Tabela A3.5 - Geomembrana C: força de arranque das soldaduras a diferentes temperaturas.

Geomembrana C Força de arranque (kN/m)


4,8 12,6 13,0 12,1 12,8 13,0
7,1 12,1 13,4 11,3 11,1 11,9
10 12,8 12,8 12,8 12,8 12,8
13,9 12,8 14,5 12,3 12,8 13,2
Temperatura (˚C)

15,9 12,8 12,6 13,2 12,8 12,8


19,5 11,3 12,4 11,9 12,3 13,0
23,2 14,3 14,5 14,5 14,5 14,3
26,8 12,2 12,4 13,8 13,9 12,6
30,3 11,3 10,8 10,8 10,4 10,8
32,7 14,1 13,9 14,5 14,5 14,5
36,6 13,4 12,8 13,6 13,2 13,0
40,9 11,3 10,8 10,8 10,6 10,8
Provetes P1 P2 P3 P4 P5

113

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