Filosofia 10º - Ação Humana e Liberdade
Filosofia 10º - Ação Humana e Liberdade
Filosofia 10º - Ação Humana e Liberdade
O problema da Liberdade
Agente
Ponderar/pesar pós e contra Optar por uma alternativa Agir/realizar o que se decidiu
Voluntária
Intencional
A Acção Humana Consciente
Racional
Responsável
E…. LIVRE???
A Acção Humana é livre?
O que é a
Liberdade?
“Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra
o direito de outrem. Condição do homem ou da nação que goza de liberdade”
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
www.infopedia.pt:
Condicionantes Histórico-Culturais
LIBERTISMO
COMPATILIBISMO
O que é o Determinismo?
Ciência: O universo forma uma imensa cadeia causal na qual cada efeito está determinado
pelas causas que o antecedem.
Marquês de Laplace (Século XIX): “Se uma inteligência, em determinado instante, pudesse
conhecer todas as forças que governam o mundo natural e as posições de cada ser que o compõem;
se, além disso, essa inteligência fosse suficientemente grande para submeter essas informações a
análise... Para essa inteligência, nada seria incerto, e o futuro, tanto quanto o passado, se faria
presente diante de seus olhos.”
Assim, em 1814, próximo ao sucesso da física newtoniana, surge a ideia de que o Universo era
completamente determinista. O determinismo parece bastante óbvio neste caso, mas Laplace foi
mais longe, admitindo que havia leis semelhantes que governavam tudo o mais, incluindo o
comportamento humano.
A doutrina do determinismo científico recebeu forte oposição de muitas pessoas, que achavam que
ela infringia a liberdade de Deus intervir no Mundo, mas manteve-se como suposição-padrão da
ciência até aos primeiros anos do Século XX.
Críticas ao Determinismo Radical:
O libertista argumenta que não podemos evitar vermo-nos como seres dotados de livre-arbítrio. No próprio acto de
tomar uma decisão, exercemos o livre-arbítrio. Não é possível aceitar realmente que as nossas decisões estão todas
determinadas por acontecimentos anteriores. A ideia de que a ciência provou que todos os acontecimentos estão
determinados é posta em causa pelo libertismo. Afinal, a ciência em causa é a física, a química e outras ciências
relacionadas, que não têm qualquer capacidade para prever o comportamento humano. Portanto, tudo o que essas
ciências podem provar é que, à excepção da acção humana, todos os acontecimentos estão determinados. Do facto de
sermos parte de um universo determinista não se segue que as nossas acções estejam determinadas como os outros
acontecimentos não intencionais
O libertista defende que, para que sejam verdadeiramente livres, as nossas escolhas e acções não
podem estar determinadas por acontecimentos anteriores.
Crítica ao Libertismo:
Se as nossas acções não são determinadas por acontecimentos anteriores, com que base tomamos
decições?
Se optar por qualquer acção na nossa vida for completamente indiferente então limitamo-nos a
realizar acções sem qualquer deliberação. Isto não é um acto livre: é apenas um acto aleatório,
uma coisa feita ao acaso, «ao calhas».
Mas a liberdade não pode ser aleatoriedade. Assim, a grande dificuldade do libertismo é conseguir
conceber um acto genuinamente livre que não seja determinado por acontecimentos anteriores e
que não seja aleatório.
COMPATIBILISMO
Um compatibilista pode defender que nem tudo está determinado, mas defender ao
mesmo tempo que teríamos livre-arbítrio mesmo que tudo estivesse determinado. Vamos
estudar, contudo, uma forma mais comum de compatibilismo, que defende que tudo está
determinado e que temos livre-arbítrio.
Os compatibilistas defendem que agimos livremente quando as nossas acções resultam
do que desejamos fazer. Se escolhermos fazer algo e se nada nos impede de o fazermos,
então ao fazê-lo estamos a agir livremente: estamos a exercer o nosso livre-arbítrio.
Por exemplo, imagine-se que o João está a planear o seu domingo. Está a decidir se irá
ficar em casa a estudar filosofia, se vai ao cinema ou se vai passear com os amigos. Depois
de ter pensado sobre o assunto, decide ir ao cinema. Assim, ao ir ao cinema, o João está
a agir livremente: está a agir de acordo com a sua escolha, e nada o impede de o fazer.
A sua escolha é o resultado causal de ter certas crenças e desejos que lhe surgiram por
um processo natural. É o que determina a sua escolha e não algo que não lhe possa ser
atribuído (como uma doença, o controlo artificial por parte de outra pessoa ou a coacção).
O facto de o João estar determinado a querer ir ao cinema não significa que a sua acção
não tenha sido livre: ele fez aquilo que queria fazer, mesmo que não pudesse querer fazer
outra coisa, dadas as crenças e desejos que tinha.
Compare-se agora com a situação na qual os pais do João não querem que ele vá ao
cinema e obrigam-no a ficar em casa a estudar. Neste caso, o João não agiu livremente,
pois não fez aquilo que queria fazer, que era ir ao cinema.
O João ficou em casa a estudar, não porque assim o desejava, mas porque foi forçado a fazê-lo. A
sua acção não foi causada pelas crenças e desejos que formou normalmente, mas sim por crenças e
desejos formados sob coacção.
Os compatibilistas defendem que, no primeiro caso, o João agiu livremente, dado que fez aquilo
que queria fazer.
E apesar de a escolha de ir ao cinema estar determinada por acontecimentos anteriores, isso não
significa que não tenha sido livre: afinal, ninguém o obrigou a escolher ir ao cinema. Só no segundo
caso é que a escolha do João não foi livre, dado que fez o que o obrigaram a fazer, e não o que
queria fazer.
Uma vez que o João fez o que desejava quando foi ao cinema, a sua acção foi livre, defendem
os compatibilistas. A sua escolha foi determinada pela sua personalidade e esta acontecimentos
anteriores; mas o facto de a sua personalidade, inclinações e desejos estarem determinados por
acontecimentos anteriores ao seu nascimento não lhe tira o livre-arbítrio.
O compatibilista defende que somos livres quando o que escolhemos e o modo
como agimos resulta causalmente do que queremos, e o que queremos não resulta
de qualquer coacção, doença ou controlo artificial.
O compatibilismo defende que desde que não sejamos obrigados ou forçados a escolher
algo, e desde que a nossa personalidade seja formada de maneira natural, a nossa escolha é livre.
Crítica ao Compatibilismo:
Os compatibilistas argumentam que somos livres quando agimos sem constrangimentos ou obstáculos,
internos ou externos, que nos impeçam de fazer o que desejamos.
Ora, se aquilo que desejamos fazer se encontra determinado por acontecimentos anteriores,
então, nestes casos, as nossas acções estão igualmente constrangidas por acontecimentos
anteriores. A única diferença é que não temos consciência de que estamos constrangidos.
O compatibilista defende que na situação 1 a acção do João é livre porque nada o obrigou a
escolher uma coisa em vez de outra. Mas defende que na situação 2 a escolha do João não foi
livre, porque foi obrigado pelos pais a ficar em casa.
O compatibilista teria de explicar por que razão ser constrangido pelos acontecimentos
anteriores é um acto livre, ao passo que ser constrangido por alguém já não é um acto livre.
Qual é a diferença que faz a diferença? Os críticos do compatibilismo afirmam que não há
qualquer diferença que faça a diferença.
Imaginemos que os pais do João lhe trancaram a porta do quarto, para o impedir de sair.
Mas o João não sabe disso, e decide ficar no quarto. O compatibilista diria que, nesta
situação, o João é livre, dado que não sente qualquer constrangimento.
Contudo, esta resposta é implausível:
o João não é livre, apesar de não ter consciência de que está preso no quarto.
Imaginemos outra circunstância ainda. Digamos que os pais do João são cientistas e
que, em vez de lhe darem uma ordem ou de o fecharem no quarto, se limitam a usar um
dispositivo electrónico que influencia os desejos do João. Eles carregam num botão e
subitamente o João sente que ficar em casa a estudar é o melhor que há a fazer.
Nem mesmo os compatibilistas diriam que a decisão do João foi livre, neste caso. Mas que
diferença faz se o que determina a escolha do João são acontecimentos anteriores naturais, ou o
acontecimento anterior artificial provocado pelo dispositivo electrónico inventado pelos pais do
João? Aparentemente, o João é tão pouco livre num caso como no outro.
Por outro lado, não podemos igualmente aceitar o determinismo radical e declarar que
não temos livre-arbítrio. Não podemos fazê-lo porque a experiência da liberdade é constitutiva da
experiência de agir. Agir é pressupor o livre-arbítrio.
Negar que temos livre-arbítrio é uma contradição performativa.